Prévia do material em texto
Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Fisiologia Endócrina Sistema Simpático e Parassimpático Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Loreana Sanches Silveira Revisão Textual: Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Introdução; • Organização Geral do Sistema Nervoso Autônomo; • Mecanismos de Ação; • Atuação do SNA sobre Órgãos que são mais Estimulados pelo Exercício Físico; • Medula da Suprarrenal; • Papel Metabólico da Ativação do SNS; • Papel do SNS no Exercício Físico; • Efeito Ergogênico da Cafeína e outros Simpatomiméticos. Fonte: Getty Im ages Objetivos • Abordar a organização geral do sistema nervoso autônomo, com características básicas da função simpática e parassimpática; • Entender como o exercício físico agudo e o treinamento físico são capazes de modular a reposta simpática. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Sistema Simpático e Parassimpático UNIDADE Sistema Simpático e Parassimpático Contextualização O sistema nervoso autônomo é muito importante na regulação da resposta ao estresse . O exercício físico pode ser um potencial estressor para o indivíduo, já que a necessidade energética pode ser alterada bruscamente. Para que haja a possibilidade da produção de energia e excreção de metabólitos de maneira eficiente e rápida, o organismo precisa rapidamente se adaptar, gerando assim um aumento da ativação do sistema nervoso simpático, o que provoca aumento da frequência cardíaca, frequência respiratória, con- trole da temperatura corporal e sudorese, além do fornecimento do substrato, sendo que este sistema tem ação efetiva sobre essas diferentes variáveis. Além disso, muitos dos efeitos benéficos do treinamento se dão pela adaptação ao estresse, já que com a prática constante do desafio que se dá pelo exercício físico, o corpo passa a apresentar adaptações que facilitam a disponibilidade de substrato e oxigênio, assim como a melhor retirada de metabólitos que devem ser excretados, facilitando com isso esses processos durante o repouso, o que permite assim, por exemplo, uma diminuição da frequência cardíaca (bradicardia) em indivíduos altamente treinados para exercício aeróbio. 6 7 Introdução Inicialmente, devemos observar que o sistema nervoso autônomo (SNA), que controla a atividade simpática e parassimpática, é um excelente exemplo da interação neuro- -endócrina mediada pela medula da adrenal e a produção de epinefrina e norepine- frina. Importante relembrar que epinefrina é sinônimo de adrenalina e norepinefrina é o mesmo que noradrenalina. O SNA é o responsável pelo controle da pressão arterial, sudorese, temperatura cor- poral, além da motilidade e secreções gastrintestinais, atuando sobre o funcionamento das células imunológicas, regulação da frequência cardíaca e respiratória. É subdividido entre o sistema nervoso simpático (SNS), que é responsável pela ativação da resposta a diferentes estressores, e o sistema nervoso parassimpático (SNP), que é capaz de atuar de maneira oposta, levando à diminuição da atividade simpática. O exercício físico é um potente estressor: se formos pensar, ao partirmos do repouso para uma corrida em alta intensidade de esforço, como em um tiro de 400 metros rasos, nossa frequência cardíaca será aumentada mais de três vezes em pouquíssimos segun- dos, isso mostra o grau estressor de uma atividade assim. Essa regulação muito rápida que conseguimos realizar em resposta ao estresse se dá exatamente pela ativação muito rápida do SNS. Além disso, logo após terminarmos o esforço, em segundos, haverá uma diminuição muito rápida na frequência cardíaca, que em poucos minutos estará semelhante ao pré-esforço, portanto a ativação do SNP também é muito rápida após o término do agente estressor. A rapidez com que o SNA age, certamente não serve apenas para a regulação da frequência cardíaca, mas também para todas as outras atividades que são reguladas por este sistema. Como exemplo, podemos citar ainda a capacidade de regular, em segundos , a pressão arterial, a sudorese, o esvaziamento da bexiga que, se necessário, pode ser esvaziada de maneira involuntária quando o indivíduo se submete a um estresse muito forte (HALL, 2017). Como curiosidade, o polígrafo (também conhecido como detector de mentiras) é um equipamento capaz de observar as variações no nível de estresse do sujeito. Portanto, quanto maior for o desconforto gerado pelo questionamento , maior vai ser a oscilação do polígrafo (HALL, 2017). Organização Geral do Sistema Nervoso Autônomo O SNA, como o próprio nome diz, é ativado independentemente da resposta vo- luntária. Os centros de controle estão localizados na medula espinhal, tronco cerebral e hipotálamo, mas algumas regiões do córtex cerebral, principalmente o córtex límbi- co, são capazes de influenciar o controle do SNA. O SNA é dividido em dois grandes grupos : o SNS e o SNP, que serão elucidados a seguir. 7 UNIDADE Sistema Simpático e Parassimpático Na organização geral do SNS, os neurônios que partem da medula até o órgão inervado são formados por neurônios pré-ganglionares e pós-ganglionares. Se formos comparar com a estrutura geral do sistema músculo esquelético, relembraremos que na organização neuro-muscular existe um único moto-neurônio que fica com seu cor- po celular na medula e um longuíssimo axônio que inervará a musculatura esquelética determinada. A localização do corpo celular do neurônio pré-ganglionar se dá na ponta intermediolateral da medula espinhal e seu terminal axônico passa pela raiz ventral até o nervo espinhal correspondente (HALL, 2017). Após a saída do nervo espinhal da coluna medular, as fibras simpáticas pré-gan- glionares se dirigem para um dos gânglios da cadeia simpática, ramificando-se em três caminhos possíveis: 1. Podem realizar a sinapse com neurônios pós-ganglionares já no gânglio onde estes chegam; 2. Ao invés de realizarem a sinapse neste gânglio, podem subir ou descer pela cadeia ganglionar, realizando a sinapse em outro gânglio; 3. Por último, são capazes de sair por um dos nervos simpáticos que emergem dessa cadeia ganglionar, indo terminar em um dos gânglios pré-vertebrais. Assim sendo, os neurônios pós-ganglionares se situam nos gânglios da cadeia simpá- tica, ou em um dos gânglios pré-vertebrais, partindo então em direção aos órgãos que são inervados por essas fibras. Os nervos que compõe o SNS saem da medula espinhal nos segmentos T-1 a L-2, seguindo posteriormente pela cadeia ganglionar simpática e finalmente chegando aos tecidos alvos. Interessante notar que existe um arranjo especial para a inervação das células secre- toras que se localizam na medula da supra-renal e produzem epinefrina e norepinefrina. Para a inervação da medula da adrenal, as fibras nervosas pré-ganglionares simpáticas passam sem fazer sinapse por todo o percurso entre as células intermediolateral da medula espinhal, atravessam a cadeia ganglionar e os nervos esplênicos até chegar a medulada supra-renal. Realizando assim sinapse com células neuronais modificadas, que secretam a adrenalina e a noradrenalina (HALL, 2017). Já o SNP apresenta fibras nervosas que saem pelos nervos cranianos e nervos espi- nhais sacrais. A grande maioria das fibras parassimpáticas transitam pelo nervo vago, atingindo todas as regiões abdominais e torácicas. Assim como no SNS, o arranjo neural se dá através de neurônios pré e pós-ganglionares. No entanto, ao contrário do obser- vado no sistema nervoso simpático, as fibras pré-ganglionares são longas, passando de maneira ininterrupta até o órgão que essas fibras vão controlar. Na parede desses órgãos é que ficam situados os neurônios pós-ganglionares que apresentam assim um axônio bem pequeno. Se formos comparar, o SNS não apresenta neurônios com corpos celula- res nos órgãos ou tecidos inervados, e apresenta um neurônio pós-ganglionar com axô- nio longo. Já o oposto é observado no SNP, onde os corpos celulares encontram-se em gânglios localizados nos órgãos ou tecidos e apresentam um neurônio pós-ganglionar com axônio curto. 8 9 As fibras nervosas que compõe o SNA apresentam como característica a secreção de dois neurotransmissores, a acetilcolina e a noradrenalina. As fibras nervosas que secre- tam a acetilcolina são chamadas de colinérgicas, enquanto as que liberam noradrenalina são chamadas de adrenérgicas. As fibras nervosas pré-ganglionares, independentemente de fazerem parte do SNS ou SNP, secretam acetilcolina, ou seja, são colinérgicas. Já as fibras pós-ganglionares do SNP são todas colinérgicas, enquanto no SNS a maioria das fibras nervosas pós-ganglionares são adrenérgicas. É importante ressaltar, contudo, que algumas fibras do SNS, que inervam as glândulas sudoríparas e os músculos eretores do pelo, por exemplo, liberam acetilcolina. Ambos neurotransmissores são estruturas proteicas e, portanto, atuam por receptor específico que se encontra na membrana celular, traduzindo o sinal por uma cascata de sinalização dependente de segundo mensageiro. A acetilcolina, assim como a noradre- nalina, fica conectada ao seu receptor por segundos apenas. Mecanismos de Ação Como dito acima, tanto a acetilcolina, como a noradrenalina e adrenalina vão atuar pela interação com receptores de membrana que são proteínas transmembrana, ou seja, esses receptores atravessam completamente a membrana plasmática, servindo para sinalizar alterações que acontecem no ambiente externo para o ambiente interno. Os receptores para acetilcolina são de duas classes diferentes, já que apresentam os receptores muscarínicos e nicotínicos. Os receptores muscarínicos são os encontrados nas células efetoras, enquanto os nicotínicos são encontrados nos neurônios pós-gan- glionares tanto do SNP como do SNS. Já os receptores adrenérgicos podem ser subdivididos em duas grandes subclasses, os receptores betas e os alfa-adrenérgicos. Essas classes, por sua vez, podem ser sub- divididas, já que encontramos receptores beta1, beta2, beta3, alfa1 e alfa2. É muito importante aqui ressaltar que, muitas vezes se consideram efeitos similares entre a noradrenalina e a adrenalina, no entanto, a noradrenalina tem potencial efeito sobre os receptores alfa-adrenérgicos e efeitos mais moderados sobre os beta-adrenérgicos, enquanto a adrenalina tem efeito intenso sobre ambos tipos de receptores (NELSON & COX, 2018). Atuação do SNA sobre Órgãos que são mais Estimulados pelo Exercício Físico Como já dito anteriormente, muitos são os órgãos e tecidos controlados pelo SNA. Portanto, ressaltaremos o controle do SNA sobre órgãos que sofrem alterações intensas controladas pelo SNA durante o exercício físico. 9 UNIDADE Sistema Simpático e Parassimpático As glândulas sudoríparas são essenciais na manutenção da temperatura corporal durante o exercício físico e são altamente inervadas pelo sistema nervoso simpático, como podemos observar em situações em que ficamos estressados, quando há um profundo aumento da sudorese. Observa-se isso, por exemplo, com aqueles que têm dificuldade de falar em público, o indivíduo fica tão estressado com aumento da atividade do SNS e, por conseguinte, há um profundo aumento da sudorese. É interessante notar que, apesar de serem inervadas em grande quantidade pelo SNS, as glândulas sudoríparas pertencem à classe das exceções, já que seus neurônios pós-ganglionares produzem acetilcolina. O coração é outro órgão que precisa se adaptar rapidamente à sobrecarga provocada pelo exercício físico. Em geral, a estimulação via SNS induz um grande aumento da frequência cardíaca e da força de contração, aumentando o volume de ejeção. Enquanto isso, a estimulação SNP produz o efeito oposto. No que tange aos vasos sanguíneos, a maior parte desses apresenta uma contração da sua luz com a atividade simpática, com pouco ou quase nenhum efeito sobre a esti- mulação parassimpática. Já sobre a pressão arterial (PA), o SNA é um importante fator de controle dessa vari- ável. Esta é determinada por dois fatores preferencialmente, a propulsão de sangue pelo coração e a resistência periférica dos vasos sanguíneos. A estimulação simpática aumen- ta muito a pressão arterial, já que a ativação induz aumento do bombeamento de sangue associado ao aumento da resistência vascular, já o SNP tem maior efeito inibitório sobre o coração, ainda que quase não tenha efeito sobre a resistência periférica, apresentando efeito moderado sobre a diminuição da PA. Sendo assim, podemos determinar que, durante o exercício físico, há um aumento do tônus simpático, o que leva a muitas das mudanças observadas durante o exercício, como aumento da frequência cardíaca e volume de ejeção, aumento da frequência res- piratória e aumento da PA durante o exercício físico. É muito interessante notar que atletas de alto nível, que realizam competições em distância curta, como corredores de 100, 200 e 400 metros rasos, assim como nadadores velocistas, principalmente dos 50 metros rasos, treinam o que nós chamamos de reação antecipatória, na qual os atletas tem um aumento do tônus simpático antes da largada, permitindo assim uma velocidade de reação maior ao estímulo da largada (MCARDLE et al., 2016). As competições que exigem habilidade oposta, com aumento do tônus parassimpáti- co, são as atividades com alto grau de precisão, e baixo esforço físico. O maior exemplo disso são as competições de tiro esportivo e arco e flecha, em que a precisão é funda- mental e, portanto, o melhor é um aumento do tônus vagal. Medula da Suprarrenal Na Figura 1, apresentamos a localização anatômica das glândulas adrenais, ou suprar- renais, que se localizam sobre o rim, assim como o corte histológico que mostra a área interna, também chamada de região medular, responsável pela produção dos hormônios adrenalina e noradrenalina. 10 11 Como já mostramos mais acima, a medula da adrenal sofre inervação simpática e sua estimulação faz com que haja a liberação de adrenalina e noradrenalina por células que são derivadas e muito semelhantes aos neurônios pós-ganglionares. A liberação desses hormônios pela medula da adrenal para o sangue aumenta rapidamente a concentração plasmática de adrenalina e noradrenalina e esses hormônios alcançam o corpo todo. Em humanos, temos uma razão maior de liberação de adrenalina se comparada a nora- drenalina, ou seja, existe a liberação de 4 vezes mais adrenalina do que noradrenalina na circulação. As principais diferenças que nós temos na liberação desses hormônios pela adrenal, em comparação à estimulação simpática direta, é que por serem liberados no sangue, alcançam o corpo todo e, além disso, seus efeitos duram mais, por sua remoção plasmática ser mais lenta. Já os efeitos encontrados sobre os diferentes órgãos são os mesmos da ativação simpática direta (NELSON & COX, 2018). Como os dois sistemas de inervação autônoma ou de secreção endócrina da adre- nalina e noradrenalina funcionam? Na verdade, os dois sistemas funcionam se retro-alimentando positivamente. Poderíamos questionar, então: por que isso acontece? Provavelmente a resposta ao estresse é tão importante para a resposta compensatória do organismo, que os dois sistemas fazem parte quase que de um sistema de backup. Tanto que pessoas que precisam remover as glândulas suprarrenais não apresentam prejuízo na resposta simpática, já que a inervação direta dos órgãos consegue realizar esse papel, e vice-versa, mesmo que a inervação periférica falhe, é possível sobreviver apenas com o funcionamento endócrino das suprarrenais. Figura 1 Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons Por fim, concluindo esta apresentação de conhecimentos básicos sobre a regulação do SNS, vamos resumir quais são os principais resultados da reação ao estresse, provo- cados pela ativação do SNS, principalmente pela liberação dos hormônios adrenérgicos provenientes da medula da adrenal, já que estes apresentam os efeitos sistêmicos. Com o aumento dos hormônios adrenalina e noradrenalina na circulação, o sujeito apresentará elevação da pressão arterial, aumento do fluxo sanguíneo para a musculatura esqueléti- ca, concomitantemente à vasoconstrição central, aumento da atividade metabólica (ire- mos detalhar melhor as funções metabólicas da adrenalina e noradrenalina mais abaixo, quando as correlacionarmos ao exercício), maior geração de força muscular, tanto do músculo estriado esquelético, como do músculo estriado cardíaco, maior fluxo sanguíneo e da atividade cerebral e aumento da capacidade de coagulação. 11 UNIDADE Sistema Simpático e Parassimpático Papel Metabólico da Ativação do SNS Como já mostrado acima, o exercício físico é um estresse muito intenso, e nosso cor- po necessita rapidamente se adequar a ele. Sem dúvida nenhuma, a resposta simpática é essencial para as adaptações do organismo durante a realização do exercício físico. Já vimos como a ativação do SNS é capaz de direcionar o fluxo de substrato e oxigênio para a musculatura esquelética, além de aumentar a demanda cardiopulmonar. Além desses efeitos fisiológicos, a adrenalina e noradrenalina aumentam a mobilização de diferentes substratos energéticos, propiciando um aumento de glicose e lipídios que podem ser oxidados para a musculatura esquelética, essenciais para a produção de ATP pela musculatura exercitada. Assim, esses hormônios aumentam a glicogenólise muscular e hepática, além de induzir a lipólise no tecido adiposo. Isso acontece pela ligação da adrenalina e noradrenalina com os receptores beta- -adrenérgicos. A partir desse momento, há a ativação da enzima adenilatociclase, que por sua vez gera AMPcíclico (AMPc) a partir de ATP, ativando a proteína quinase A (PKA), que leva a ativação da glicogênio fosforilase. Essa enzima cliva o glicogênio e adiciona um radical fosfato ao primeiro carbono, formando assim a glicose-1-fosfato que, por sua vez, é rapidamente convertida em glicose-6-fosfato. Se a glicogenólise estiver ocorrendo no músculo esquelético, essa glicose-6-fosfato segue para a via glico- lítica, e se essa glicose-6-fosfato for oriunda da glicogenólise hepática, ela é convertida em glicose e liberada na corrente sanguínea para evitar a queda da glicemia. Além desses efeitos sobre o metabolismo da glicose, as catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) também apresentam uma resposta inibitória sobre as células beta- -pancreáticas. Ou seja, pela ativação de receptores alfa-adrenérgicos nessas células, esses hormônios inibem a produção de insulina, auxiliando também na manutenção da glicemia (NELSON & COX, 2018). Outro efeito muito importante na mobilização de substratos é a ação que as cateco- laminas apresentam sobre o tecido adiposo. Esse tecido é um importante reservatório energético, já que os lipídeos são moléculas que conseguem fornecer uma grande quan- tidade de energia após a oxidação completa dos ácidos graxos. O tecido adiposo possui um grande número de receptores beta-adrenérgicos que, quando ativados, aumentam a atividade da adenilatociclase, o que aumenta o AMPc intracelular, ativa a PKA que fosforila em resíduo estimulatório a enzima chamada de lipase hormônio sensível (HSL), que promove a quebra do diacilglicerol em monoacilglicerol+ ácido graxo livre, que será exportado para a corrente sanguínea para ser utilizado como fonte de energia pelas células musculares (NELSON & COX, 2018). É importante ressaltarmos um conceito atual, que é como ocorre a ativação e quebra do triacilglicerol que fica estocado na gotícula lipídica. Essas gotículas ficam envoltas por uma proteína chamada perilipina. Vamos lembrar que o citosol é um meio aquoso e os lipídios são hidrofóbicos. As perilipinas são proteínas anfipáticas, ou seja, apresentam um resíduo hidrofóbico que se associa à gotícula lipídica, e um hidrofílico que permite que ela fique no meio aquoso do citosol. As catecolaminas têm um papel fundamental, já que a PKA fosforila a perilipina que, por sua vez, 12 13 libera o triacilglicerol que será clivado por uma enzima constitutivamente expressa no tecido adiposo, conhecida como lipase de triglicerídeo do tecido adiposo (ATGL). Essa enzima é capaz de se ligar ao triacilglicerol iniciando o primeiro passo da lipólise, com a quebra do triacilglicerol em diacilglicerol+ ácido graxo livre. Esse diacilglicerol será então quebrado em monoacilglicerol+ ácido graxo livre pela HSL, que também é ativada pela PKA, e teve seu mecanismo mostrado mais acima e, por fim, a lipase de monoacilglicerol (MGL) realizará a reação de monoacilglicerol para glicerol + ácido graxo livre. Essa cascata de ativações enzimáticas está apresentada na Figura 2a, enquanto a quebra do triacilglicerol na Figura 2b. Condição basal Receptor beta adren Adenilato ciclase PKA Ina va HSL ina va ATGL Perilipina Triacilglicerol G l i c e r o l Ácidos graxos Receptor beta adren Condição es mulada G l i c e r o l Ácidos graxos PKA a va HSL a va ATGL Triacilglicerol Adenilato ciclase Figura 2a – Mostra uma gotícula lipídica totalmente circundada por proteínas chamadas de perilipina (círculos em azul) que impedem a ação das enzimas lipases. Com a ativação da PKA em condição estimulada, esta enzima fosforila as perilipinas que deixam de circundar a gotícula lipídica, permitindo assim a interação das lipases com as gotículas lipídicas Fonte: Acervo do Conteudista Ácidos graxos HSL a�va ATGL Triacilglicerol Diacilglicerol monoacilglicerol glicerol Ácido graxo livre MAGL + + + Figura 2b – Mostra a atividade das diferentes lipases. A ATGL cliva o triacilglicerol, a HSL cliva o diacilglicerol e a MAGL libera o monoacilglicerol formado do glicerol Fonte: Acervo do Conteudista 13 UNIDADE Sistema Simpático e Parassimpático Além de atuarem sobre a lipólise, hoje sabemos que as catecolaminas apresentam um papel importante na diferenciação do tecido adiposo branco em tecido adiposo bege. O que seria isso, e qual a importância fisiológica desse processo? Existem dois tipos de tecido adiposo bem caracterizados, o tecido adiposo branco (TAB), que possui maior característica de estoque de lipídeos neutros na forma de triacilglicerol, exercendo im- portante papel endócrino, pela produção de hormônios como a leptina e adiponectina . O TAB apresenta uma única gotícula lipídica e o núcleo bem periférico, além disso, possui poucas mitocôndrias. O tecido adiposo marrom (TAM) apresenta características opostas ao TAB, possuindo muitas gotículas lipídicas bem menores em seu interior, além disso apresenta um grande número de mitocôndrias, já que sua principal função é termogênica, produzindo calor a partir da oxidação de ácidos graxos. O TAM é encontrado em grande quantidade em mamíferos que hibernam, já que esses precisam manter a sua temperatura corporal no período de hibernação. Em humanos, acreditava-se até pouco tempo, que apenas bebês apresentavam quantidade significativa de TAM. No entanto, com o desenvolvimento nos métodos de diagnóstico por imagens,observa-se que adultos apresentam quantidade significativa de TAM na região supra- -escapular. Interessantemente, obesos apresentam redução significativa nesse estoque, enquanto atletas apresentam um aumento desse tipo de depósito de gordura. Evoluti- vamente podemos entender esse mecanismo, uma vez que obesos apresentando maior acúmulo de TAB, este se torna um isolante térmico e a necessidade de produção calórica é menor. Já o atleta que possui menor porcentagem de gordura, apresenta uma neces- sidade maior na produção de calor endógeno e, por isso, apresenta mais TAM. Recentemente pesquisadores descobriram que os diferentes depósitos de TAB podem sofrer alterações estruturais, acumulando gotículas lipídicas menores e aumentando a concentração de mitocôndrias. A esse fenômeno os pesquisadores deram o nome de amarronzamento do tecido adiposo, que pode ser definido como um TAB que passa a ter característica mais semelhantes ao TAM. Não podemos chamar esse tecido adiposo bege de TAM porque a origem embrionária entre o TAB e o TAM são diferentes, inclusive o TAM tem uma origem embrionária mais parecida com o músculo esquelético. Esse processo de amarronzamento do TAB tem efeito fisiológico importante, já que esse TAB tem menor infiltrado de células inflamatórias e uma sensibilidade à insulina muito melhor. Portanto, pessoas que apresentam mais tecido adiposo bege tem menores níveis de fatores inflamatórios circulantes e melhor resposta glicêmica. Assim, podemos afir- mar que o aumento de tecido adiposo bege pode contra regular os principais malefícios locais provocados no TAB pelo grande acúmulo de lipídeos. O principal fator endógeno que é capaz de levar ao amarronzamento do TAB é exatamente a ativação deste pelas catecolaminas, em especial, a adrenalina (NELSON & COX, 2018). Papel do SNS no Exercício Físico Como vimos, a resposta simpática é essencial para as respostas fisiológica e metabó- lica necessárias para a adaptação do organismo às exigências do exercício. A liberação plasmática de adrenalina e noradrenalina, e, portanto, a liberação de catecolaminas 14 15 pela medula da adrenal é dependente da intensidade do exercício e pouco alterada pelo volume ou tempo de duração. Em ciclistas, por exemplo, foi observado que o aumento de noradrenalina na circulação ocorre quando o exercício é realizado a partir da intensi- dade de 50% Vo2 máximo. Já a adrenalina só aumenta quando a intensidade ultrapassa os 75%. Esse aumento se torna proporcional ao aumento da intensidade, chegando a ser seis vezes maior a concentração de noradrenalina plasmática em exercícios supra máximos (MCARDLE et al., 2016). Por essa razão, fica evidente que atletas que desempenham tarefas que exigem maior velocidade-potência apresentam maior ativação simpato-adrenérgica se comparados a atletas que realizam exercícios preferencialmente aeróbios. É interessante notar que, quanto mais treinado é o indivíduo, como já dito anteriormente , mais rápida é a liberação desses hormônios, inclusive apresentando uma capacidade ante- cipatória, o que aumenta a concentração circulante deles antes mesmo da largada. A ativação do SNS é dependente do sexo, já que mulheres apresentam um aumento menor na concentração circulante de catecolaminas se comparado a homens da mesma idade, percentual de gordura e nível de treinamento, independentemente do tipo, intensi- dade e duração do exercício. O que é aparentemente estranho é que as mulheres, apesar disso, apresentam maior produção energética a partir da utilização de lipídeos provenien- tes da lipólise do tecido adiposo branco, fato que pode ser considerado contraditório. No entanto, uma hipótese muito aceita é que o estrógeno é capaz de inibir a res- posta adrenérgica no fígado, por isso, mulheres têm menor estímulo para a produção de glicose endógena e, ao mesmo tempo, o estrógeno facilita a ação das catecolaminas pela ativação beta-adrenérgica no tecido adiposo. Essa hipótese ganha força, já que atle- tas que apresentam amenorreia, por diminuição severa na produção de estrógeno, têm concentrações circulantes semelhantes de catecolaminas a indivíduos do sexo masculino quando realizam o exercício físico. Isto demonstra impactos importantes que devem ser levados em conta na prescrição do treino e suplementação nutricional, que deve ser diferente entre homens e mulheres, para atingir o mesmo objetivo. Aqui deixo a dica de leitura de um artigo de revisão muito bom para quem atua na área: DEVRIES, MC. Sex-based differences in endurance exercise muscle metabolism: impact on exercise and nutritional strategies to optimize health and performance in women. Disponível em: https://goo.gl/vVMbPZ. Acesso em: 11/02/19. Outro fator interessante é que grande parte do efeito do exercício físico sobre o sistema nervoso central, e portanto, sobre a prevenção das doenças neurodegenerativas e desordens psíquicas, que são evidentes quando observamos estudos de longo prazo, que associam o nível de atividade física a um envelhecimento com melhor qualidade de vida, está relacionado à liberação e ativação cerebral pelas catecolaminas liberadas du- rante estimulação do SNS (MCARDLE et al., 2016). Hoje sabemos que o exercício físico é capaz de estimular a neurogênese. Importante: não podemos esquecer que a capacidade de formação de novos neurônios em indiví- duos adultos é realmente pequena, no entanto, existe sim uma pequena capacidade 15 UNIDADE Sistema Simpático e Parassimpático de geração de novos neurônios, mesmo que seja um número pequeno. Além disso, o exercício físico é capaz de melhorar a vascularização cerebral, a plasticidade neuronal e diminuir a concentração de fatores inflamatórios que provocam neurodegeneração. Cabe ressaltar que esse efeito via SNS, induzido pelo exercício físico, é capaz de melhorar a memória de curto e longo prazo, além da atenção e da capacidade cognitiva. Vale a pena ressaltar que diversos estudos mostraram a capacidade do exercício físico em melhorar a capacidade de tomada de decisão. Este ponto é central para o aumento da produtividade dos indivíduos. Esta capacidade relacionada ao exercício pode ser uma importante ferramenta, inclusive para uma melhoria profissional, já que o desenvolvi- mento na capacidade de tomada de decisão é fundamental. Por sua vez, o supertreinamento, ou overtraining, pode afetar o conteúdo de cateco- laminas, tanto em estado basal como após o esforço. A Síndrome do Supertreinamento se caracteriza pelo descanso inadequado ao volume e intensidade a que o atleta foi exposto na sua periodização de treino. Muitas consequências ocorrem em decorrência dessa síndrome, alteração dos marcadores inflamatórios, alteração de humor, compor- tamento depressivo, aumento do número de infecções oportunistas, alteração no con- teúdo plasmático de diversos hormônios, depressão do glicogênio hepático e muscular, alterações no sono, perda de peso e queda de rendimento. Independentemente do tipo de exercício, se ele é de curta ou longa duração, se é de força, velocidade ou aeróbio, individual ou coletivo, acredita-se que aproximadamente 60-70% dos atletas de alto rendimento apresentarão ao menos uma vez essa síndrome. No entanto, atletas ama- dores também apresentam com frequência o desenvolvimento do supertreinamento. Quando revisamos a literatura, percebemos que indivíduos com essa síndrome podem apresentar concentrações normais ou elevadas de catecolaminas em estado basal e, pós-esforço, podem apresentar concentrações diminuídas ou normais de adrenalina e noradrenalina. Mas, em geral, o SNA é afetado pelo overtraining. Outro fator que pode influenciar a liberação das catecolaminas pelo exercício, além do sexo e estado do treinamento é a obesidade. Indivíduos obesos apresentam uma redução nas concentrações circulantes de epinefrina e norepinefrina durante o exercício físico se comparados a indivíduos eutróficos. Além disso, uma informação importante é que o tecido adiposo visceralapresenta mais receptores beta-adrenérgicos e estes são mais sensíveis a lipólise do que a gordura subcutânea que apresenta um maior número de receptores alfa-adrenérgicos. No caso dos obesos, há uma redução da capacidade lipolítica induzida pelas catecolaminas, acreditando-se que isso se deva a uma menor expressão dos receptores beta-adrenérgicos e menor transdução de sinal. Um fator que pode auxiliar nessa diminuição da atividade das catecolaminas sobre o TAB, como já vimos anteriormente, é exatamente a concentração de estrógeno que se encontra elevada em sujeitos obesos (MCARDLE et al., 2016). Este pode ser um fator determinante para o emagrecimento, já que a lipólise estimu- lada pelos receptores adrenérgicos é inibida. Com isso, o indivíduo obeso vai apresentar uma resistência à lipólise e menor utilização de ácidos graxos do tecido adiposo como fonte energética. Outro fato que pode justificar metabolicamente essa inibição da lipólise no TAB é que indivíduos obesos, assim como diabéticos, apresentam maior conteúdo de lipídio intramuscular, utilizando essa fonte para a produção energética antes de começar a usar as fontes mais distantes de mobilização de ácidos graxos. Claro que isto pode 16 17 dificultar e minimizar os efeitos iniciais na perda de massa gorda estocada no TAB, no entanto, a utilização e diminuição da reserva de lipídio intramuscular é essencial para melhorar a sensibilidade à insulina, como poderemos ver com mais detalhes na unidade seguinte. Infelizmente, nenhum estudo avaliou a quantidade circulante de catecolaminas em indivíduos obesos que realizaram um programa de treinamento, mas se mantiveram obesos, para verificarmos possíveis efeitos do treinamento sobre a regularização dos níveis de catecolaminas circulantes, assim como da própria lipólise. Efeito Ergogênico da Cafeína e outros Simpatomiméticos Substâncias simpatomiméticas são aquelas que atuam sobre os receptores adrenér- gicos, em especial os beta-adrenérgicos e, portanto, tem efeito semelhante à ativação do SNS. Sem dúvida nenhuma, a cafeína é a substância consumida para potencializar o desempenho físico mais utilizada na prática esportiva. A cafeína pode ser encontrada comercialmente em forma de cápsulas, que são razoavelmente concentradas (aproxi- madamente 100-200mg de cafeína por cápsula), assim como a utilização conjunta com outro suplemento, como géis de carboidrato, que possuem entre 30-50 mg de cafeína por unidade. Mesmo sendo a substância ergogênica mais utilizada no esporte, usar a suplemen- tação de cafeína é eficaz e seguro? Esta é uma pergunta corriqueira para aqueles que trabalham com a suplementação esportiva. Inicialmente, é importante frisar que mais de 90% da população mundial ingere cafe- ína no seu cotidiano, principalmente nas suas fontes naturais, como café, chás e choco- lates. Os efeitos esperados e contraindicados da cafeína apresentam uma individualidade importante, já que depende da genética, ritmo circadiano, desenvolvimento de tolerân- cia à cafeína e competição com outras drogas (SALINERO et al., 2018). Quanto à segurança do uso da cafeína, encontramos como principais efeitos colaterais a piora na qualidade do sono e insônia. Esses efeitos adversos podem reduzir a capaci- dade de recuperação no período de descanso do atleta. Além disso, altas doses de cafeína podem aumentar a ativação simpática, sendo capaz de promover aumento da pressão arterial e da sobrecarga cardíaca. Portanto, o uso crônico de altas doses de cafeína pode- ria afetar prejudicialmente o sistema cardiovascular. No entanto, não há evidências cien- tíficas que apontem com exatidão doses que possam prejudicar o sistema cardiovascular, e não há relatos na literatura de intoxicação aguda que tenha levado à morte por cafeína. Desta maneira, a cafeína é considerada um recurso ergogênico relativamente seguro. Quais são os efeitos cientificamente comprovados da cafeína? O mais claro na litera- tura, sem dúvida nenhuma, trata da diminuição da percepção de esforço; para as mais di- versas modalidades, quando os atletas se submetem ao teste específico, eles apresentam menor percepção de esforço, pela escala de Borg, se comparados à sessão sem suple- mentação. Claro que este fator é um importante fator para a melhora da performance (SHABIR et al., 2018). 17 UNIDADE Sistema Simpático e Parassimpático Outros aspectos ligados ao humor e cognição também estão positivamente associados ao consumo de cafeína. Inclusive para o aprendizado de tarefas desportivas complexas, como habilidades específicas encontradas nos esportes coletivos, o aprendizado de nova tarefa é facilitado pela utilização prévia de cafeína. Ainda ligado ao sistema nervoso central, outro efeito da suplementação de cafeína é a diminuição da sensação de dor muscular. Os efeitos positivos da cafeína têm sido amplamente analisados e discutidos em meta- -análises, mostrando que a utilização da cafeína é capaz de melhorar a produção de força e potência em exercícios resistidos, além disso, a melhora no desempenho aeróbio. Recentemente, foi observado que a utilização ergogênica da cafeína aumentou a altura do salto, tanto em um único salto, como após uma sessão de múltiplos saltos. Aumentou a velocidade de sprint e reduziu o tempo na realização de testes de agilidade. Quando utilizada durante as competições de esporte coletivo, aumentou a distância total percorrida, o número e a velocidade dos sprints. Como é prescrita a suplementação da cafeína? Lembrando o que foi dito acima, a dose ideal de cafeína é muito pessoal, dependendo do hábito de utilização diária de alimentos ricos em cafeína, e consequente aumento da tolerabilidade, a genética, a idade e o sexo. Ainda assim, a dose mais referida na literatura varia entre 3-9 mg/kg de peso de cafeína, que deve ser ingerida entre 45-90 minutos antes do treino ou prova alvo. Lembrando que pouquíssimos casos de intoxicação grave com cafeína são descritos na literatura, geralmente mostrando que doses acima de 5 gramas podem levar a um aumento no risco de morte súbita. O principal mecanismo de ação da cafeína é a amplificação da resposta simpática. Apesar desta substância ser capaz de se ligar aos receptores adrenérgicos, o maior efei- to se dá pela inibição dos adenorreceptores (ADR). Como o próprio nome diz, esses receptores são ativados pelo aumento de adenosina, e este aumento se dá pela quebra do ATP no músculo exercitado. Assim, esta diminuição da ativação dos ADRs é capaz de postergar a fadiga muscular, já que os ADRs bloqueiam a sinalização da noradrenalina. Assim, indiretamente, a ativação do SNS é amplificada. Há outras drogas que são simpatomiméticas, como exemplo, a efedrina e pseudo- -efedrina. A efedrina é uma amina derivada da planta efedra, tem-se usado uma subs- tância análoga, produzida quimicamente, que é a pseudo-efedrina. O uso farmacológico da pseudo-efedrina é amplamente recorrente em descongestionantes nasais. Contudo, seu uso é proibido pela agência internacional antidopagem (WADA). Isso porque esses simpatomiméticos apresentam fator ergogênico. No entanto, atualmente discute-se que baixas doses, como as que são encontradas nos descongestionantes nasais (60 mg) não têm potencial efeito sobre a performance. Apesar da proibição pela WADA, atletas amadores utilizam esse recurso, e o princi- pal efeito colateral é que a ativação do SNS é muito alta, causando a sobrecarga sobre o sistema cardiovascular. Ainda assim, faltam estudos que apresentem a dose segura para pessoas saudáveis do uso de pseudo-efedrina (GHEORGHIEV et al., 2018). 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Fisiologia do Sistema Nervoso Autônomo Simpático e Parassimpático – VideoAula 103 https://youtu.be/VHaGzXtJxYs Lipólise e Oxidação de Gorduras Este vídeo nos ensina de maneira didática os mecanismos da lipólise. https://youtu.be/qYbE8nfWby4 Leitura Sex-based differencesin endurance exercise muscle metabolism: impact on exercise and nutritiona l strategies to optimize health and performance in women A leitura deste artigo auxília a entender as diferenças entre homens e mulheres e suas respostas endócrinas ao treinamento, inclusive a utilização de gordura como fonte energética. DEVRIES, MC. Sex-based differences in endurance exercise muscle metabolism: impact on exercise and nutritional strategies to optimize health and performance in women. Acesso em: 11/02/19. https://goo.gl/vVMbPZ Bioquímica do exercício A leitura do material auxília na compreensão da integração entre a ativação simpática do exercício e seus efeitos metabólicos. https://goo.gl/THV8y7 19 UNIDADE Sistema Simpático e Parassimpático Referências GHEORGHIEV, M. D.; HOSSEINI, F.; MORAN, J. et al. Effects of pseudoephedrine on parameters affecting exercise performance: a meta-analysis. Sports Med Open, v. 4, n. 1, p. 44, 2018. HALL, J. E.; GUYTON, A. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2017. MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I..KATCH, V. L. Fisiologia do exercício. Rio de Janeiro : Grupo Gen-Guanabara Koogan, 2016. NELSON, D. L..COX, M. M. Princípios de Bioquímica de Lehninger-7. Porto Alegre: Artmed Editora, 2018. POWERS, S. K..HOWLEY, E. T. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condi- cionamento e ao desempenho. São Paulo: Manole, 2000. SALINERO, J. J.; LARA, B..DEL COSO, J. Effects of acute ingestion of caffeine on team sports performance: a systematic review and meta-analysis. Res Sports Med, p. 1-19, 2018. SHABIR, A.; HOOTON, A.; TALLIS, J. et al. The Influence of Caffeine Expectancies on Sport, Exercise, and Cognitive Performance. Nutrients, v. 10, n. 10, 2018. 20