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L E T ÍC IA M IR E L L A F IS C H E R C A M P O S M O D E L O S D E G E S T à O Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6684-1 9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 8 4 1 Código Logístico 59569 Modelos de Gestão Letícia Mirella Fischer Campos IESDE BRASIL 2020 © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: BoykoPictures/ Envato Elements Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ C214m Campos, Letícia Mirella Fischer Modelos de gestão / Letícia Mirella Fischer Campos. - 1. ed. - Curiti- ba [PR] : IESDE, 2020. 152 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6684-1 1. Administração de empresas. 2. Planejamento empresarial. I. Título. 20-65759 CDD: 658 CDU: 005 Letícia Mirella Fischer Campos Mestre em Engenharia de Produção e Sistemas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Bacharel em Administração pela FAE Centro Universitário. Professora de cursos presenciais e a distância em instituições de ensino superior. Atuou como coordenadora de curso de ensino superior em faculdades particulares. Tem mais de dez livros publicados em diversas áreas de gestão. Atualmente, é consultora independente, produtora de conteúdos e aulas para EaD, palestrante e empreendedora. SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! 1 Compreensão da organização empresarial 9 1.1 Evolução das organizações 9 1.2 Conceitos sobre organização 15 1.3 Áreas funcionais e níveis de gestão 20 1.4 Modelos de estruturas organizacionais tradicionais 31 1.5 Novos modelos de organização 38 2 Diagnóstico de processos organizacionais 47 2.1 Conceitos de processos 47 2.2 Gestão de processos e por processos 50 2.3 Fluxos e visão sistêmica 53 2.4 Análise de indicadores de desempenho 57 2.5 Organizações como sistemas abertos 60 3 Gestão estratégica nas organizações 64 3.1 Planejamento estratégico 65 3.2 Estratégias nas organizações 74 3.3 Desenvolvimento organizacional 81 4 Aplicação de modelos de gestão nas organizações 86 4.1 Modelo de gestão por resultados 87 4.2 Modelo de gestão por processos 93 4.3 Modelo de gestão participativa 97 4.4 Funções, habilidades e competências gerenciais 101 5 Gerência de processos organizacionais 109 5.1 Modelagem, análise e desenho de processos 109 5.2 Gerenciamento de desempenho 120 5.3 Sistemas para gerência de processos nas organizações 123 5.4 Cibernética e administração 126 6 Resolução de problemas da gestão organizacional 130 6.1 Metodologias da qualidade para resolução de problemas 131 6.2 Sistemas de informação para apoio à resolução de problemas 138 6.3 Mudanças organizacionais e novas abordagens 145 Esta obra busca trazer alguns conceitos tradicionais da administração, sua evolução e as principais escolas e abordagens estratégicas, com uma visão para o presente e o futuro. O objetivo principal de estudarmos os modelos de gestão sob essa ótica é compreender que as organizações estão em constante evolução e, por isso, precisam estar atentas para obter os melhores resultados, buscando na teoria e em casos práticos possibilidades de desenvolvimento. Assim, são abordadas neste livro as novas estruturas organizacionais que fazem frente às necessidades do mercado mais competitivo, de uma sociedade consciente e de consumidores cada vez mais exigentes. No primeiro capítulo vamos compreender a organização empresarial, iniciando com a evolução das organizações no decorrer dos anos, desde a Revolução Industrial até os modelos mais atuais. Abordaremos os principais modelos de gestão praticados nessa evolução, com ênfase em desenvolvimento organizacional, sistemas e contingencial. Além disso, vamos conceituar organização e diferenciar seus principais tipos (pública, privada e sem fins lucrativos), compreendendo suas características e funções departamentais. Ainda, veremos os mais importantes níveis das estruturas organizacionais – estratégico, tático e operacional. Partindo dessas compreensões, trabalharemos as estruturas tradicionais das organizações e quais os novos formatos que as empresas têm adotado na atualidade. No segundo capítulo vamos realizar um diagnóstico dos processos organizacionais, iniciando com a conceituação do que são processos dentro das organizações e quais as suas divisões. Faremos a diferenciação da gestão de processos para a gestão por processos, para que se possa compreender a estrutura adotada em ambas e como controlam os fluxos das atividades internas e daquelas que ultrapassam as barreiras setoriais e organizacionais. Abordaremos também a visão sistêmica dos processos e a importância dos indicadores e dos chamados KPI (Key Process Indicators), ou indicadores-chave de processo, para entender como esses influenciam a melhoria da organização. APRESENTAÇÃO Vídeo No terceiro capítulo trataremos sobre os fatores que afetam a gestão estratégica das organizações, incluindo as análises dos ambientes interno e externo, para que seja possível compreender quais aspectos interferem na gestão e como se constrói um planejamento estratégico. Ainda, nesse capítulo, faremos a distinção entre as estratégias corporativa, de negócios e funcional, caracterizando cada uma dessas abordagens. Por fim, considerando o conteúdo abordado, conheceremos os conceitos sobre desenvolvimento organizacional. No quarto capítulo vamos apresentar os requisitos para a aplicação dos modelos de gestão nas organizações, gestão por resultados e por processos e gestão participativa. A proposta desse capítulo é entendermos o papel da administração em cada modelo, por meio dos requisitos de cada um e de suas funções, competências e habilidades requeridas. Já no quinto capítulo abordaremos a gerência de processos organizacionais, subdividindo-o nas fases da gestão de processos – levantamento, modelagem, análise e desenho dos processos – e como essas podem ser desenvolvidas para melhorar o desempenho organizacional. Também demonstraremos como os sistemas de informação e de gestão podem ser utilizados para a gestão de processos. Por fim, trazemos os conceitos de cibernética aplicados à administração e construção de modelos de gestão. No sexto capítulo vamos abranger a resolução de problemas da gestão organizacional, com enfoque nas principais metodologias da gestão da qualidade. Além disso, estudaremos os principais sistemas de informação para apoio à resolução de problemas e as novas abordagens para a mudança organizacional. Dessa forma, a organização deste livro foi minuciosamente pensada para despertar seu interesse e promover seu conhecimento de maneira didática e prática, a fim de que possa aplicar os conceitos na sua trajetória acadêmica e profissional. Bons estudos! Compreensão da organização empresarial 9 1 Compreensão daorganização empresarial Compreender as organizações é mais do que fazer uma es- pécie de radiografia da sua estrutura e processos. É abordar os diversos aspectos de sua evolução e conceitos, até conse- guirmos coordenar suas funções e compreender os principais modelos que são eficientes para a gestão. Assim como a sociedade, as organizações, o mercado e os clientes evoluíram muito com o passar do tempo. Não pode- mos mais considerar que os estudos sobre gestão elaborados há décadas são integralmente válidos para as organizações contemporâneas. Dessa maneira, precisamos estudar essa evolução e compreender quais são os novos modelos organi- zacionais mais adequados para a atual realidade. Desse modo, neste capítulo abordaremos a evolução das organizações sob a ótica das diversas teorias e estudos que antecederam o período atual. Além disso, conheceremos os principais conceitos e modelos ainda vigentes e quais são as ten- dências de adaptação e de inovação na gestão organizacional. 1.1 Evolução das organizações Vídeo As organizações tradicionais são estudadas há décadas. Desde os modelos mais rudimentares de empresas, buscamos compreender quais são os papéis que elas desempenham na sociedade. As organizações cresceram tanto em capacidade de produção quan- to em tecnologia e complexidade. As primeiras empresas estudadas eram familiares, com produção artesanal e praticamente sem nenhu- ma tecnologia, além de utilizarem ferramentas rudimentares. 10 Modelos de Gestão Com o aumento da demanda de produção e a migração das pessoas para as cidades, pequenas fábri- cas começaram a ser instaladas e a procura por produtos melhores também surgiu. Temos como gran- de marco da mudança desse cená- rio para o de uma produção fabril, a Revolução Industrial que ocorreu no início do século XX. As indústrias que surgiram nessa fase aumentaram a comple- xidade de todo o processo produtivo, assim como a necessidade de coordenação das atividades, das pessoas e das máquinas. Es- ses dois últimos recursos eram vistos quase que de maneira simi- lar e explorados, muitas vezes, à exaustão, para que se atingisse uma maior produtividade e, consequentemente, mais lucro para os proprietários. A gestão das fábricas, nessa época, acontecia ainda de maneira empírica, tendo como espelhos de organização as estruturas mili- tar e eclesiástica 1 . Os gestores das companhias não tinham estudos teóricos para aumentar a produtividade e muito menos de como lidar com as pessoas que trabalhavam em seu chão de fábrica. Na sequência, surgiram estudos científicos para melhorar a pro- dução, considerando a realidade das fábricas da época. Os primei- ros estudos importantes que surgiram foram divididos sob duas grandes vertentes, a de Frederick W. Taylor – com a obra Teoria da administração científica – e J. Henri Fayol – com o livro Teoria da ad- ministração geral. Cada um desses pioneiros no estudo da adminis- tração e das organizações priorizou determinado tema como central dos seus estudos. O foco dos estudos de Taylor era a tarefa; cada tarefa era estudada medindo-se os tempos e verificando qual era a melhor maneira de executá-la. Já os estudos de Fayol eram direcio- nados à organização, dividindo-a em atividades de previsão, plane- jamento, organização, coordenação e controle. Essas duas abordagens da administração, influenciadas pelo pen- samento clássico da época, foram fundamentais para o que atualmen- te entendemos como o alicerce da gestão, porém muita coisa evoluiu W ik im ed ia C om m on s Frederick Winslow Taylor (1856-1915) nasceu na Filadélfia, Pensilvânia, EUA. Engenheiro mecânico por formação, ficou co- nhecido como o pai da administração científica por seus estudos para promover a organi- zação científica do trabalho nas indústrias. Seu modelo de gestão industrial foi precursor no desenvolvimento de muitas práticas na ges- tão das organizações. Biografia empírico: baseado na expe- riência e/ou na observação. Glossário Everett Collection/Shutterstock Compreensão da organização empresarial 11 desde então. Vários seguidores dessas teorias surgiram e se aprofun- daram em outros estudos da organização, como o casal Gilbreth (Lilian e Frank), Elton Mayo, Henry Ford, Gantt entre outros, principalmente com enfoque nas relações humanas. Esses estudos tiveram grande ênfase no operário, o qual até então era visto como mais um recurso do processo. Ele passou a ser visto sob a ótica da psicologia e da sociologia, sendo, consequentemente, considerado um sujeito com necessidades e de desejos, bem como in- tegrante de um grupo social. Nessa fase (década de 1940), as organizações adaptaram suas es- truturas para atender da melhor maneira seus operadores, buscando oferecer condições de trabalho adequadas (estudos de ergonomia), as- sim como fatores relacionados à motivação, liderança, comunicação, políticas de salários e incentivos. Outro conceito fundamental para podermos entender a evolução das organizações é o da burocracia, o qual, diferente da ideia que mui- tos têm no conceito popular (engessamento e lentidão dos processos), trata-se de uma forma de organização com base na racionalidade, que busca a máxima eficiência dos processos para atingir os objetivos. Esse conceito foi formulado por Max Weber, que apresenta como principais características da organização burocrática: o atendimento às normas, aos regulamentos e aos procedimentos; a divisão do trabalho; a hierarquia dos cargos, considerando a competência técnica; e a espe- cialização da administração. Segundo Motta e Vasconcelos (2006), a burocracia pretendia orga- nizar, de modo estável, a cooperação entre os indivíduos, separando as esferas sociais da esfera do trabalho, buscando, assim, uma maior racionalidade nas atividades desempenhadas, bem como no recruta- mento, na remuneração e nas promoções. Na década de 1950, iniciou-se o movimento behaviorista, também co- nhecido como a teoria comportamental, que compreende a organização como um sistema de decisões compartilhadas entre todos os trabalhadores. Na teoria da administração, também temos a administração por objetivos, que promove, à organização, uma revisão dos conceitos clássicos da administração sob uma nova ótica, mais ampla e fle- xível, adaptada à realidade daquela época, mas com enfoque nos objetivos e resultados como forma de avaliação do desempenho. Modelo eclesiástico refere-se ao modelo de gestão utilizado pela Igreja, com hierarquia rígida, pa- péis bem definidos e unidade de comando. Assim como a estrutura militar, também utilizada como re- ferência de estrutura das primeiras organizações industriais 1 W ik im ed ia C om m on s Henri Fayol (1841-1925) nasceu em Estambul, Turquia, mas fez carreira na França, onde realizou seus estudos e ficou conhecido por ser o criador da teoria clássica da administração. Ao terminar a faculdade de engenharia de minas, conseguiu um emprego em um importante grupo de mineração e metalur- gia, no qual fez carreira até a direção. Entre suas grandes contribuições estão a definição das 5 principais funções da administração: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar e os 14 princípios da administração. Biografia 12 Modelos de Gestão Muitas organizações ainda utilizam modelos de gestão adaptados das teorias mais tradicionais, porém, hoje há enfoques mais moder- nos recomendados às empresas, os quais observam outros fatores no seu gerenciamento, além dos recursos e elementos internos. As novas teorias têm como principal direcionamento considerar que as organi- zações não são modelos de gestão estáticos e isolados do ambiente, e que essa relação interfere na adaptação da empresa para se manter competitiva. Vejamos, na sequência, duas teorias principais que fazem essa abordagem mais atual. 1.1.1 Teoria geral de sistemas A evolução dos estudos clássicos chegou a outro patamar de enten- dimento da organização quando surgiu, na década de 1960,a teoria do pensamento sistêmico, tendo como precursor os estudos do bió- logo Ludwig von Bertalanffy. Essa teoria concebia que a organização deveria ser vista como um organismo vivo em um sistema aberto, com interações constantes de material, informações e energia com o meio ambiente no qual está integrada. Segundo Maximiano (2008), o enfoque sistêmico vê as organizações como resultado das interações de sistemas independentes e que ne- cessitam estar em troca constante com o ambiente externo. A organi- zação, sob a ótica da teoria geral de sistemas, não está mais centrada no máximo desempenho interno, mas sim na preservação do equilíbrio da organização mediante as alterações ambientais. A organização, entendida como um sistema aberto em relação com o meio ambiente, é constituída de subsistemas que cumprem e repre- sentam as funções dela, conforme listados a seguir. • Produção: diretamente relacionado à transformação dos insu- mos em bens e serviços. • Suporte: tem a função de apoio e de adaptação entre os demais subsistemas. • Manutenção: responsável pelo processamento, relaciona as pessoas com o sistema por meio de recompensas ou punições. • Adaptativo: traduz as mudanças no ambiente para dentro da organização. • Administrativo: atividades organizadas para controle, coordena- ção e direção dos demais subsistemas. Subdivide-se em: estrutu- ras reguladoras e tomadoras de decisão. Com base em quais estudos as organizações deixaram de considerar apenas sua estrutura física como responsável pela eficiência dos processos? Justifique sua resposta. Atividade 1 Compreensão da organização empresarial 13 Motta e Vasconcelos (2006) organizam as principais características das organizações de ponto de vista de um sistema aberto, conforme o Quadro 1 a seguir. Quadro 1 Características das organizações em um sistema aberto Característica Descrição Importação de energia Recebe insumos do meio ambiente. Processamento Processa os insumos para transformá-los em produtos. Exportação de energia A colocação dos produtos no meio ambiente. Ciclo de eventos A energia retorna à organização para ser reprocessada. Entropia negativa Processo reativo à homogeneização e futura possibili- dade de morte. Informação e retroalimentação Permitem que a organização corrija seus desvios como reação ao ambiente. Estado estável e homeostase dinâmica Referem-se à estabilidade e crescimento da organização. Diferenciação Multiplicação e elaboração de funções. Equifinalidade Pressupõe a existência de mais de uma maneira para se atingir um estado estável. Fonte: Motta; Vasconcelos, 2006, p. 187. As organizações abertas, devido à sua interação com o meio am- biente de maneira cíclica e constante - recebendo, repassando infor- mações e reagindo às mudanças de cenário -, tornam-se muito mais adaptativas e preparadas para atender às necessidades dos clientes na forma de produtos e serviços. Nesse contexto, as empresas têm condições de alterar seus ob- jetivos, caso seja necessário, para corrigir possíveis desvios, o que é necessário para sua adaptação. Assim, quando se estabilizam, têm pos- sibilidade de crescer de maneira mais harmônica e constante, buscan- do o equilíbrio entre o ambiente interno e externo. 1.1.2 Teoria da contingência A teoria da contingência considera que uma mesma organização pode atuar de diferentes formas em diferentes condições ambientais, ou seja, a organização não alcança sua máxima eficiência com apenas um modelo de gestão, ela deve se adaptar para se ajustar às mudanças que ocorrem no meio. 14 Modelos de Gestão A teoria da contingência aponta a existência muitos fatores inter- nos e externos que podem influenciar a estrutura organizacional ideal. Esses fatores incluem o tamanho da organização, a tecnologia em uso, o estilo de liderança e como a organização pode se adaptar às mudan- ças na estratégia. Para Motta e Vasconcelos (2006), a teoria contingencial aborda os aspectos de estrutura – os considerados visíveis e explícitos (como nor- mas, regras e a própria estrutura organizacional) – e o ambiente ex- terno. Essa abordagem considera que não existe o one-best-way (único melhor caminho) para a gestão, e sim que as organizações devem ana- lisar suas características específicas de negócio, considerando a orien- tação para seus objetivos. Nesse sentido, a premissa básica da teoria da contingência é a de que não há uma maneira melhor de liderar uma organização. Existem muitas restrições externas e internas que alterarão as con- dições de gerenciar uma determinada situação. Os principais impac- tos que operam nessa adaptação das organizações são a tecnologia e o ambiente, os quais implicam nas diferenças de estrutura. Os estilos de gerenciamento, segundo esses estudos, dependem das situações que uma organização enfrenta. As principais contingên- cias no nível corporativo incluem fatores como tecnologia, sociedade, fornecedores, clientes, concorrentes, governo e sindicatos. Outro fa- tor de análise é o tamanho da organização, pois o estilo de gerencia- mento de uma empresa de grande porte é muito diferente do de uma microempresa. As tomadas de decisão, em todos os níveis da empresa, estão su- jeitas a contingências e não existe uma fórmula que um gerente possa usar para chegar a uma resposta absolutamente correta, assim como uma mesma fórmula não poderá ser inteiramente utilizada por outros departamentos ou empresas. Um dos fatores a ser analisado é a quan- tidade de informações disponíveis que podem auxiliar na tomada de decisão. Quanto mais informações relevantes, mais subsídios um ges- tor pode ter para tomar decisões. Um importante enfoque dessa teoria é na importância da figura do líder, pois compreende-se que a tomada de decisões de um gestor no cenário de contingências é fortemente influenciada pelo grupo que ele lidera. O relacionamento entre o líder e a sua equipe de trabalho de- terminará a probabilidade de o grupo aceitar suas opiniões e decisões. Desacordos e desentendimentos entre a equipe são considerados no- vas fontes de contingência para serem resolvidas pela gestão. Compreensão da organização empresarial 15 A teoria contingencial considera que os líderes poderão exercer mais influência se tiverem um bom relacionamento com os funcioná- rios. Além disso, o gerenciamento da teoria da contingência sustenta que nas organizações, nas quais as tarefas são descritas em detalhes, o líder exerce mais influência sobre os funcionários do que nas orga- nizações sem tarefas estruturadas. Podemos considerar três variáveis relacionadas à liderança nessa teoria: • o nível de aceitação do líder pelos funcionários; • o grau de detalhamento na descrição das tarefas dos funcionários; • a autoridade que o líder possui, considerando sua posição no organograma da organização. As formas modernas da teoria da contingência se concentram mais em fatores externos que afetam a tomada de decisões em deter- minadas situações, como mudanças econômicas ou no cenário mer- cadológico. Também consideram a importância do líder na condução dos processos, pois ele é peça-chave na orientação das equipes e agi- lidade na resposta às novas demandas. Existem novos estudos nessa perspectiva, os quais surgem para compreender as organizações. Entre esses, destaca-se a corrente do pensamento da complexidade, a qual assume a empresa em cons- tante transformação. Vamos, então, dar sequência ao estudo conhe- cendo os principais conceitos sobre organização, para que possamos entender em que cenário essas mudanças estão acontecendo. 1.2 Conceitos sobre organização Vídeo As organizações estão no centro de qualquer estudo sobre ges- tão e evoluíram muito com o passar do tempo. Há a necessidade de compreender suas atividades e como elas se constituem para que possamos estudá-las. Vejamos três definições iniciais para organizar- mos nossos conceitos. Segundo Maximiano (2008, p. 92), “as organizações são grupos so- ciais deliberadamente orientadospara a realização de objetivos, que, de modo geral, se traduzem no fornecimento de produtos e serviços”. 16 Modelos de Gestão Lacombe (2009, p. 8) define que “as organizações são feitas por pessoas. São elas que agem, que tomam as decisões. Nada acontece em uma organização até que as pessoas tomem decisões e ajam em seu nome”. Pagliuso, Cardoso e Spiegel (2010, p. 27) definem as organizações como “constructos sociais em que são importantes as instalações fí- sicas, as relações interpessoais, a natureza humana e as relações externas”. Nesses conceitos, assim como nos de vários outros autores, pode- mos destacar três elementos que estão presentes nas definições de organização: pessoas, objetivos e instalações. Uma maneira de or- ganizarmos esses elementos na definição da organização é entendê-la sob duas abordagens: estática e dinâmica. Sob o ponto de vista estático, compreendemos que a organização é definida por sua estrutura formal. Podemos considerar nessa definição elementos como: porte, atividade econômica principal, história, marca, missão, tecnologias, instalações e outras características que a classifi- quem. Essa definição não está errada, porém não descreve como são seus processos internos, filosofia de trabalho e cultura. Quando consideramos uma abordagem dinâmica, o termo organiza- ção ganha uma conotação com o enfoque no movimento das pessoas, nos processos e nas suas relações internas e externas. Essa entidade é considerada como um sistema social aberto, em constante ajuste, de acordo com os objetivos e com o ambiente com o qual interage. O enfoque estático é mais fácil de ser identificado, pois sua classificação é tangível e quantitativa. Mas as duas abordagens são complementares, pois a organização tanto é considerada por sua ver- são estrutural quanto social, isto é, um fluxo de processos que depen- de de pessoas, materiais, sistemas e trocas com o ambiente por meio de produtos e serviços para atingir seus objetivos. Vale ressaltar, antes de abordarmos os principais elementos consti- tuintes da classificação dinâmica de uma organização, que abordamos nesta obra as organizações formais, ou seja, organizações produtoras de bens e serviços formalmente constituídas para esse fim. Sendo assim, vamos analisar a seguir os dois principais elementos que estão presentes nos conceitos da organização. Compreensão da organização empresarial 17 Pessoas As relações entre as pessoas em uma organização consideram que estas não são elementos aleatórios formadores da força de trabalho, mas sim indivíduos inter-relacionados. Essa relação considera os papéis e as atividades de cada um e o que se espera dos grupos formados para atingir determinados objetivos. Uma organização depende de relacionamentos cooperativos entre vários membros do grupo. As pessoas que fazem parte da organização se relacionam de maneira vertical (liderança – subordinado – liderança) e horizontal entre os membros dos departamentos e com outras orga- nizações e pessoas. Um aspecto importante na estrutura da organização é que ela deve ser projetada para motivar as pessoas a se relacionarem cooperativa- mente em equipe e facilitar a comunicação entre seus colaboradores com o propósito de atingir os objetivos. Alcance dos objetivos Podemos assumir que a organização é constituída de maneira consciente e propositada para alcançar objetivos. Toda organização deve ter claros seus propósitos e metas a serem buscados para sua manutenção e crescimento no mercado. Para estabelecer os obje- tivos em seu planejamento, de maneira que todos compreendam sua importância, deve-se considerá-los por setores, níveis e espaço de tempo. Uma das maneiras de se consolidar essa formação é por meio da divisão do trabalho entre as pessoas e os departamentos, para que possam buscar propósitos dentro das suas atividades de ma- neira coordenada, a fim de atingir os objetivos da organização. A coordenação de várias atividades, por meio do planejamento, é tão essencial quanto sua divisão. Dividir as atividades facilita a integração, evita redundância de esforços, ajusta e evita possíveis 18 Modelos de Gestão falhas e atrasos. Isso é necessário, pois várias funções em uma or- ganização dependem umas das outras para sua realização e o de- sempenho de uma influencia diretamente a outra. Outros fatores que comumente são utilizados para conceituar as organizações consideram critérios como flexibilidade e comple- xidade. Sobre o critério de flexibilidade, as organizações considera- das mais flexíveis são as que tendem ao estilo adhocrático, as quais são consideradas capazes de reconhecer, entender e resolver pro- blemas em ambientes altamente complexos e turbulentos. O estilo de organização adhocrático pode ser definido como um “sistema temporário, rapidamente variável, adaptativo, organizado em torno de problemas a serem resolvidos por grupos de pessoas relativamente estranhas, dotadas de habilidades diversas” (CURY, 2000, p. 114). As empresas que adotam esse estilo conseguem ajustar rapidamente seus processos, de modo a minimizar impac- tos em virtude de mudanças que ocorram no ambiente. Em contraponto, existem as organizações menos flexíveis, as quais adotam o modelo burocrático e têm como predominância a coordenação de suas atividades por meio de regras, procedimen- tos e rotinas. A escolha do modelo organizacional varia de acordo com o am- biente de negócios em que uma empresa atua. Apesar de ser con- siderada obsoleta para alguns modelos de negócios, a burocracia ainda tem mérito em ambientes altamente regulamentados e com segurança em primeiro lugar. A organização burocrática apresenta alto grau de formalidade na maneira como atua. Organogramas geralmente existem para to- dos os departamentos e as decisões são tomadas por meio de um processo organizado. Uma estrutura estrita de comando e controle está presente o tempo todo. As burocracias devem ser ordenadas, justas e altamente eficientes. No Quadro 2, Maximiano (2008) organiza os principais elemen- tos que, segundo Weber, constituem qualquer organização formal do mundo real. Apesar de o conceito de adhocracia ter sido for- mulado por Alvin Toffler, o livro Adhocracia: o poder para mudar, de Robert Waterman, popularizou suas ideias considerando o conceito das “ondas” evolutivas da sociedade (agrícola, industrial e tecnológica) e que, nesta última onda, a qual esta- mos vivendo atualmente, não há mais espaço para organizações lentas para a mudança, como preco- niza o modelo burocráti- co de gestão. WATERMAN JR., R. H. Trad. de: Carlos Afonso Malferrari. São Paulo: Pioneira, 1992. Livro Compreensão da organização empresarial 19 Quadro 2 Elementos da organização formal segundo Weber Formalidade São sistemas de normas, procedimentos e regras explícitos. Estabelece a racionali- dade e a coerência entre o meio e o fim. Impessoalidade As pessoas devem obedecer à lei e às figuras de autoridade que a representam. Profissionalismo As empresas burocráticas são formadas por funcionários que trabalham com a finalidade de buscar sua subsistência. Fonte: Adaptado de Maximiano, 2008, p. 95. As estruturas organizacionais burocráticas possuem muitos níveis de gerenciamento, com a autoridade centralizada no topo, e geralmen- te têm as informações fluindo de cima para baixo. Outra classificação para definir as organizações é quanto à sua com- plexidade. Esse critério não está diretamente relacionado ao tamanho da organização, pois organizações de pequeno porte, dependendo do setor em que atuam, como startups de tecnologia, podem ser conside- radas complexas. Assim, o nível de complexidade pode ser dividido em três níveis: as empresas tradicionais, as com um pouco mais de com- plexidade e as que utilizam tecnologia avançada. Empresas tradicionais podem ser consideradas as menos comple- xas. São aquelas com linha de produção simples e rotineira, com pouca utilização de tecnologia e que operam em um ambiente praticamenteestável. Esse modelo de organização prioriza a sua produção de bens como direcionador de sua estratégia. No segundo nível, temos as empresas um pouco mais complexas, as quais assumem essa classificação seja pelas tecnologias utilizadas, pela sua produção diferenciada ou mesmo pela instabilidade do ambiente. A ênfase das organizações nesse nível está na busca por estratégias de mo- tivação dos colaboradores para atingir os objetivos. O terceiro nível de complexidade traz as empresas que utilizam tecnologias avançadas, as quais operam em ambiente de muita incerte- za e produção altamente diferenciada. Esse tipo de organização busca ênfase no grupo, nas equipes de trabalho, objetivando mais autonomia e participação de todos e estruturas internas voltadas à agilidade na tomada de decisões. As organizações também podem ser conceituadas de acordo com sua estrutura funcional e níveis de gestão, o que veremos na sequência. 20 Modelos de Gestão 1.3 Áreas funcionais e níveis de gestão Vídeo Para que possam atingir seus objetivos, as organizações devem se estruturar de maneira a adequar as pessoas e os fluxos de traba- lho. Uma das maneiras mais tradicionais de organizar sua estrutura é a divisão em áreas funcionais. Essas áreas, também denominadas departamentos ou setores, têm por finalidade classificar os processos e dividir as tarefas e as pessoas dentro da empresa conforme suas operações. Esse modelo de estrutura da organização em divisão por áreas é muito antigo, se formos considerar as primeiras classificações da in- dústria, feitas por Fayol, na época da teoria clássica da administração. Fayol (1994), em sua obra Administração industrial e geral, organizou as operações nas seguintes divisões: Quadro 3 Principais atividades da organização segundo Fayol Operações Principais atividades. Técnicas Compreendem as atividades relacionadas com a transformação e a produção dos bens da empresa. Comerciais Atividades de compra e venda. Financeiras Transações financeiras e obtenção de capital. Contábeis Registros das movimentações de capital da empresa. Segurança Preservação e proteção dos bens e pessoas da empresa. Administrativas Prever, organizar, comandar, coordenar e controlar as demais operações da empresa. Fonte: Adaptado de Fayol, 1994. Até a atualidade, muitas organizações seguem essa mesma estru- tura básica, com acréscimo de alguns novos departamentos ou sub- divisões de operações, como as funções técnicas, que atualmente são denominadas setor de produção ou operações, e podem agregar novas atividades como a pesquisa e desenvolvimento e a gestão da qualidade. Vejamos quais são as principais áreas que hoje fazem parte das organizações. Compreensão da organização empresarial 21 1.3.1 Gestão de pessoas Perceba que, na divisão de Fayol (1994), essa área não era considera- da, pois a análise era na estrutura da empresa para melhorar a produti- vidade e as pessoas preenchiam os papéis dentro dessa lógica, mas não eram estratégicas para os negócios, apenas um recurso a ser alocado. Ainda hoje, algumas empresas denominam essa área como RH (Re- cursos Humanos), visão muito ultrapassada considerando todas as atividades que são desempenhadas por esse setor, atualmente consi- derado estratégico nas empresas por coordenar as atividades relacio- nadas às pessoas. Além da função de recrutamento, esse setor também é responsável pelas atividades destacadas a seguir: M aD ed ee /S hu tte rs to ck Planos de cargos e salários Segurança e bem-estar dos funcionários Treinamento e desenvolvimento Relações trabalhistas e sindicais Avaliação de desempenho Planejamento e desenvolvimento de carreira dos colaboradores 1.3.2 Contabilidade e finanças Essas duas áreas podem atuar em um mesmo departamento ou ser desmembradas de acordo com o tamanho da organização ou comple- xidade das operações. As responsabilidades principais das áreas de contabilidade e finan- ças têm a ver com o dinheiro que entra (contas a receber) e o dinheiro que sai (contas a pagar) da organização. Esses setores também são res- ponsáveis – em conjunto com área de gestão de pessoas – pela folha de pagamento, garantindo que todos os funcionários sejam pagos com precisão e dentro do prazo. Incluem-se ainda as relações com os governos – de pagamento de taxas, impostos e tributos – como responsabilidades desse setor. 22 Modelos de Gestão A seguir, podemos observar as principais decisões tomadas por essa área. Pu re Im ag in at io n/ Sh ut te rs to ck sobre investimentos Seleção de ativos para investimentos pela empresa: imobilizado e circulante. de financiamento Verificar opções, volume, taxas, condições de pagamento etc. Decisões de dividendos Quanto do lucro total será distribuído entre os acionistas como dividendo e quanto será retido pelos negócios como reserva para atender aos requisitos futuros dos negócios. 1.3.3 Marketing Função que antes era realizada pelo setor de vendas, hoje é um departamento estratégico dentro das organizações. Em um ambiente cada vez mais competitivo, as empresas precisam se destacar com ações efetivas para manter seus clientes e conquis- tar novos consumidores, investindo em campanhas de marketing e publicidade. Os objetivos principais da área de marketing devem ser o de garan- tir a satisfação do consumidor e de melhorar a imagem da empresa. Para atingir esses fins, esse setor atua em diversas atividades, confor- me destacamos a seguir. Quais áreas funcionais desempe- nham papel estratégico para as organizações? Atividade 2 Compreensão da organização empresarial 23 Elaboração do composto mercadológico (mix de marketing ou 4 Ps – produto, preço, praça e promoção). Pesquisas de mercado com o objetivo de estudar concorrentes, clientes, potenciais mercados. Elaboração de preço de venda competitivo. Estruturação de canais de venda e distribuição. Desenvolvimento de embalagens. Criação de estratégias de promoção e divulgação. Pós-venda e relacionamento com os clientes. Dependendo da empresa, as responsabilidades desse departamen- to também podem incluir um ou mais dos itens elencados a seguir. Gerenciamento de marca Gestão e monitoramento de mídias sociais Criação de conteúdo para site e redes sociais Relações públicas Produção de materiais para comunicações internas (endomarketing) para seus funcionários seamuss/Shutterstock 24 Modelos de Gestão 1.3.4 Produção ou operações É uma área funcional, responsável por transformar insumos (matérias-primas) em produtos, no caso de empresas produtoras de bens tangíveis, ou, ainda, transformar informações e até consumi- dores, dependendo da área de atuação da organização. Por exem- plo, um hotel tem como operação a acomodação de pessoas, já um banco faz o processamento de dinheiro. Além das funções de transformação, esse setor é responsável por garantir que os produtos ou serviços, os quais serão entregues aos seus clientes, sejam de boa qualidade e livres de defeitos. Assim, além da função tradicional de processar insumos, as atividades de controle de qualidade fazem parte do setor de operações. As funções desse departamento, devido à variedade e à comple- xidade dos processos, variam de empresa para empresa. No entan- to, seus objetivos são geralmente os mesmos: ser mais produtivo utilizando menos recursos. São ainda funções desse departamento: 1 Pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e processos. 4 Arranjo físico e fluxo de processos. 6 Gestão da qualidade. 7 Fornecimento de informações sobre materiais, para departamento de compras, e de mudanças de produtos, para os setores de marketing e vendas. 5 Controle de estoques – juntamente com o setor de compras. 2 Planejamento e controle da produção. 3 Manutenção de máquinas e equipamentos. Para garantir que os negócios estejam funcionando de maneira eficiente, um departamento de operações bem administrado faz o máximo possível, usando o mínimode recursos e de tempo, sempre que possível. Os departamentos de operações também têm como objetivo fornecer produtos ou serviços da mais alta qualidade. Compreensão da organização empresarial 25 1.3.5 Compras Esse departamento é o responsável pela aquisição de matérias-pri- mas, máquinas, equipamentos e suprimentos. Suas tarefas também variam dependendo do tipo de negócio. Em uma empresa de manu- fatura, por exemplo, esse setor cuidará de obter todos os materiais necessários para a produção. O setor de compras também regulamenta políticas para contratação de fornecedores, de acordo com os critérios estipulados pela empresa. Também faz com que os materiais necessários sejam da quantidade e do preço certos e estejam disponíveis no momento correto. Destacamos a seguir as principais competências desse departamento. Classificar e credenciar fornecedores. Estudar melhores políticas de compras considerando prazos, preços e outros fatores potencialmente críticos para o negócio. Gerenciar o estoque juntamente com o departamento de produção. Garantir a qualidade dos produtos adquiridos. bs d/ Sh ut te rs to ck 1.3.6 Vendas A área de vendas dentro de uma organização deve ser a res- ponsável pelas atividades de recrutamento e seleção de vendedo- res, treinamento, supervisão, motivação e a avaliação da execução do trabalho. Essas atividades devem ser desempenhadas em con- junto com a área de gestão de pessoas, no entanto, o gerente de vendas é o principal responsável, principalmente se a empresa opera com vendedores externos, os quais devem ficar sob sua supervisão e controle. Os objetivos dessa área incluem a formulação de planos, políticas e programas de vendas e o desenvolvimento de técnicas de vendas 26 Modelos de Gestão simples e eficazes para o negócio. A área de vendas também gerencia e desenvolve tarefas de promoção de vendas e publicidade com o de- partamento de marketing. 1.3.7 Administrativo Essa é a área que desempenha as operações mais complexas na organização, pois estas englobam a coordenação de todas as demais áreas da empresa. Estão sob sua gestão a administração (gerência) da empresa e as atividades de planejamento estratégico. Podemos considerar que o departamento administrativo é o responsável por direcionar e controlar todas as atividades, veri- ficar desempenhos, orientações e implementação de políticas. As atividades desse setor incluem: Proporcionar um ambiente adequado para as atividades. Criar canais para uma comunicação eficaz entre todos os níveis e setores. Estabelecer metas e objetivos com os demais setores para o planejamento estratégico. Elaborar e fazer acontecer o planejamento estratégico. Compreender o fluxo das atividades e melhorar a integração entre os processos. Coordenar as operações dos diferentes departamentos. Acompanhar o desempenho da organização interna e externamente. bb gr eg /S hu tte rs to ck 1.3.8 Tecnologia Empresas com operações complexas ou de grande porte podem ter dentro de sua estrutura um setor voltado à tecnologia da informação (TI), cujas responsabilidades vão desde a manutenção de equipamen- tos até decisões de aquisição ou desenvolvimento de softwares e siste- mas de informação para coordenar as demais operações da empresa. Compreensão da organização empresarial 27 Esse setor, assim como o jurídico, pode fazer parte do organogra- ma da empresa ou ser uma atividade considerada de apoio, execu- tada por empresas terceirizadas que desempenham essas funções. 1.3.9 Departamento jurídico Pode trabalhar internamente ou ser terceirizado, de acordo com o tamanho e estrutura da empresa. Ele é responsável por fornecer serviços e consultoria jurídi- ca à empresa, seus departamentos e funcionários. O departamento jurídico atua como representante oficial ou formal, em nome da empresa ou do proprietário, e lida com questões jurídicas relacionadas à empresa, incluindo as mencionadas na figura ao lado. 1.3.10 Níveis de gestão Nos itens anteriores, verificamos quais são as principais áreas dentro de uma organização, contudo, cabe destacar que de- pendendo do tamanho da empresa, bem como do volume e comple- xidade dos negócios, as responsabilidades podem ser agrupadas em menos áreas ou ainda expandidas para departamentos mais específi- cos de acordo com cada necessidade. O modelo de estrutura da empresa também irá definir qual é o melhor ajuste para coordenar as operações, de acordo com a cul- tura da empresa e com o desenho de seus processos. Esse tipo de posicionamento também se reflete na quantidade de níveis de ges- tão que uma organização terá. Ela pode ser uma empresa com vá- rios níveis, considerando uma estrutura mais verticalizada, ou ainda uma empresa mais enxuta, com menos níveis de supervisão e mais autonomia nas operações. Nesse sentido, consideramos que dentro da organização existem diferentes níveis de gestão dentro das operações ou funções da em- presa. Esses níveis coordenam atividades de acordo com a amplitude de cada responsabilidade. Algumas visões consideram a disposição hierárquica das responsabilidades como a uma organização piramidal. Desenvol- vimento de negócios Gestão de contratos com clientes e fornecedo- res Atendimento às leis traba- lhistas mamanamsai/Shutterstock 28 Modelos de Gestão ac id m it/ Sh ut te rs to ck A representação piramidal também é utilizada para a estrutura or- ganizacional mais tradicional, a funcional, que veremos no tópico a se- guir. Porém, neste momento, vamos considerá-la para compreender os níveis de uma organização. As estruturas organizacionais podem ser descritas pelo número de níveis de hierarquia – aquelas com muitos níveis são chamadas de organizações verticalizadas. Nesse modelo existem vários níveis de gerência intermediária, isto é, cada gerente supervisiona um pequeno número de funcionários ou outros gerentes e há um pequeno espaço de controle para cada área. No entanto, há alguns anos existe uma tendência de que as organizações sejam mais horizontalizadas, ou seja, com menos níveis de gerenciamento intermediário e cada ge- rente com um controle muito maior. Essa tendência ocorre pelo fato de que muitas organizações querem ser mais ágeis para responder cada vez mais rapidamen- te aos ambientes complexos. Com essa constituição mais plana, as organizações também se tornam menos centralizadas, permitindo tomadas de decisões e autoridade nos seus níveis mais baixos. As organizações simples que fazem uso da descentralização costumam responder com mais eficiência às necessidades dos clientes e às mu- danças no ambiente competitivo. Compreensão da organização empresarial 29 Vamos verificar as responsabilidades em cada um dos níveis. Para tanto, é importante entender que quanto menos desses níveis estiverem presentes na empresa, maior será sua tendência ao modelo de organi- zação considerado flexível. Começando no topo da pirâmide, temos o primeiro nível, considerado o com mais responsabilidades. Essa função não apenas é responsável pela coordenação de todas as operações que estão abaixo de sua supervisão, mas também pelo planejamento de lon- go prazo. Esse nível é chamado estratégico, pois ele é responsável por definir as ações da organização e direcioná-la ao futuro. As denominações dos cargos variam entre as empresas, mas as posições mais comuns são: presidente, diretor e CEO (sigla em inglês para diretor executivo – Chief Executive Officer), exemplos de cargos de alto nível. A empresa ainda pode não ter uma só pessoa nessa posição e sim um chamado conselho administrativo, o qual é formado por um grupo de líderes que tomam as decisões da organização. Os gestores de nível estratégico são responsáveis por controlar e supervisionar toda a organização. Eles desenvolvem metas, planos e políticas da empresa, tomam decisões sobre a direção dos negócios, mobilizam recursos externos, além de responderem administrativae juridicamente pela empresa. Esses gestores são responsáveis perante os acionistas e o público em geral. Estão sob sua responsabilidade as atividades de: • formular as políticas da empresa; • decidir sobre investimentos financeiros; • fechar alianças estratégicas; • tomar decisões de alto risco; • ampliar ou reduzir a estrutura; • modificar as operações da empresa, entre outras que causem im- pacto em toda a organização. Os níveis intermediários, que podem ser mais ou menos abrangen- tes, costumam ser divididos em departamentos, áreas ou processos, e são considerados o nível tático da organização. Esse nível ainda tem muitas responsabilidades, pois existem pessoas sob sua subordinação e muitas tarefas que necessitam ser coordenadas para a realização do que foi planejado em conjunto com o nível estratégico. A visão desse nível é considerada de médio prazo. 30 Modelos de Gestão As denominações mais comuns que encontramos nas empresas para os responsáveis nesse nível médio são: gerente geral, gerente de filial, gerente de departamento ou de conta ou ainda gerente de projeto. Esses gerentes dedicam mais tempo às funções organizacionais do que os gerentes de nível superior, sendo os responsáveis pelas ações da área que lhe compete. Seus papéis podem ser enfatizados como: • executar planos organizacionais em conformidade com as políti- cas da empresa e com s objetivos definidos no nível estratégico; • definir e discutir informações e tarefas em cooperação com os demais gestores do mesmo nível; • inspirar, fornecer orientação e coordenar as pessoas que estão sob sua liderança para melhorar o desempenho. São algumas de suas funções, em relação à sua equipe: • conceber e implementar sistemas eficazes de trabalho e informação; • definir e monitorar indicadores de desempenho; • diagnosticar e resolver problemas. Abaixo desse nível, existe a função de supervisão ou baixa liderança, no qual o enfoque é a execução de uma tarefa organizacional específi- ca dentro de áreas funcionais. Os gerentes funcionais têm um alto nível de conhecimento e habilidades técnicas em relação à área que geren- ciam, e concentram seus esforços em alcançar as melhores práticas. Estão entre as responsabilidades desses gerentes: • atribuir tarefas aos funcionários; • orientar e supervisionar os funcionários nas atividades do dia a dia; • garantir a qualidade e o volume de produção estipulados; • dar feedbacks sobre o desempenho; • resolver problemas pontuais dos funcionários (como brigas, re- clamações, baixo desempenho etc.). As pessoas que estão nesse nível possuem a visão do curto prazo e limitada à sua função e tarefas. Normalmente, não possuem uma vi- são holística da organização, tendo, na maioria das vezes, apenas uma compreensão do seu setor ou das pessoas com as quais se relaciona. Compreensão da organização empresarial 31 Para compreender melhor como ocorre a distribuição desses níveis dentro da organização, vamos estudar a seguir os principais modelos de estruturas organizacionais. 1.4 Modelos de estruturas organizacionais tradicionais Vídeo Uma estrutura organizacional é um sistema que descreve como de- terminadas atividades são coordenadas para atingir os objetivos de uma organização. Essas atividades incluem as funções, os cargos e as responsabilidades dos colaboradores. As estruturas organizacionais têm como função determinar qual é o melhor mecanismo de trabalho, considerando as relações entre as tarefas, os colaboradores, o seu tipo de atividade e como fun- ciona a relação de hierarquia. Ela deve definir claramente qual é o papel de cada um dentro da estrutura para atingir os objetivos. A estrutura em questão também precisa considerar o fluxo de in- formações entre os níveis dentro da empresa. Por exemplo, uma or- ganização pode ter uma estrutura mais centralizadora, na qual o fluxo de comunicação e as decisões fluem de cima para baixo. Já em uma es- trutura descentralizada, podemos verificar menos níveis hierárquicos e comunicação em todas as direções. Seja qual for o modelo utilizado na empresa, uma boa estrutura é aquela que tem a produtividade e a melhor gestão organizacional como foco. Uma estrutura bem planejada permite estipular e acom- panhar indicadores de desempenho dos colaboradores, coletar e analisar dados de mercado, faturamento, vendas, estoques e outros necessários para a gestão. A estrutura organizacional serve à área de gestão de pessoas, a qual deve designar as pessoas corretas para as funções adequa- das, e à administração da empresa, para realizar os demais acom- panhamentos considerando os objetivos organizacionais do seu planejamento. As estruturas podem ser desenhadas graficamente, assim se percebe mais nitidamente as relações entre as pessoas, o nível de 32 Modelos de Gestão verticalização/horizontalização, as relações de hierarquia e a de- partamentalização ou setorização da empresa. Vamos conhecer as principais estruturas que encontramos nas organizações. 1.4.1 Estrutura linear A estrutura mais simples que existe em uma empre- sa, utilizada principalmente por organizações de peque- no a médio porte, é a estrutura linear. Essa estrutura é caracterizada pelo fato de que, na chefia de cada unida- de, há um líder responsável por todas as funções geren- ciais, o qual realiza a gestão exclusiva dos funcionários que estão sob a sua subordinação. Nesse modelo é claro o princípio da unidade de comando, o qual pressupõe que os subordinados cumpram determinações de um diretor ou gerente, de- pendendo da denominação utilizada na empresa. A estrutura de gerenciamento linear é utilizada por empresas que realizam produção simples, ou seja, sem com- plexidade de produtos ou mercado. Pelo tamanho da organização e por trabalhar com produtos com pouca diferenciação, ainda não existe uma divisão clara de setores, mas sim apenas das atividades que são executadas por cada pessoa. Não há, por exemplo, um setor comercial, mas sim uma pessoa designada para essa função e que responde diretamente à posição acima da sua, de acordo com a es- trutura hierárquica. A essência dessa estrutura é que o líder é o chefe de seus subordi- nados em todos os assuntos relacionados às suas atividades. O pró- prio chefe está na mesma subordinação a um líder de cargo mais alto e, portanto, à pessoa de posição mais alta da organização. A estrutura linear forma uma hierarquia clara e coerente, como funciona na es- trutura militar, em que existem indivíduos em posições de comando de algumas pessoas e ao mesmo tempo em subordinação à outra. As vantagens dessa estrutura são: • organização da estrutura de empresas de pequeno porte; bs d/ Sh ut te rs to ck Compreensão da organização empresarial 33 • clareza na unidade de comando; • rapidez no tempo de resposta; • responsabilidade pessoal do gerente pelos resultados finais das atividades dos subordinados. Algumas desvantagens da estrutura linear são: • inadequação para organizações maiores ou com produção mais complexa; • alta demanda para os gerentes, que devem conhecer quase todos os aspectos das atividades dos subordinados; • sobrecarga da alta gestão, que acumula a supervisão de todos; Dificilmente encontramos empresas maiores que utilizam essa estrutura, ela é observada apenas nos níveis mais baixos das forças armadas, bem como nos pequenos negócios. Quando as empresas aumentam sua produção, mas acabam mantendo esse formato pira- midal, elas passam à estrutura funcional. 1.4.2 Estrutura funcional A estrutura funcional é a mais tradicional encontrada nas empresas de médio a grande porte. Esse modelo de estrutura é representado por um organograma, que reúne as pessoas em grupos menores, com tarefas ou funções específicas, de acordo com departamen- tos ou áreas da organização, respeitando a mesma unidade de comando. Cada departamento tem um supervisor (gerente ou di- retor, de acordo com o porte da organização), o qual responde aum nível superior na hierarquia (por exemplo, um diretor ou presidente). Na figura ao lado podemos verificar um mo- delo de organograma, em que as pessoas são agrupadas em posições e existe o conceito de subordinação bem claro, tanto acima quanto abaixo na estrutura, assim como existia na linear, porém agora com mais departamentos ou funções. Zentangle/Shutterstock 34 Modelos de Gestão Apesar de muitas organizações modernas considerarem essa es- trutura ultrapassada – pois não promove uma visão holística da orga- nização como um todo, ao não considerar, por exemplo, as relações interdepartamentais –, ela ainda tem vantagens, como as listadas a seguir. • A comunicação dentro dos departamentos é facilitada, pois todos conhecem os objetivos, necessidades e desafios daquela área, buscando um maior rendimento do seu setor. • Esse tipo de estrutura valoriza a especialização. Profissionais altamente qualificados em certa área podem desempenhar de maneira mais efetiva as suas competências. Por exemplo, um profissional com formação técnica em determinado processo, pode ser mais efetivo se atuar nas áreas de sua especialidade. • A estrutura funcional permite que os colaboradores conheçam os graus de hierarquia que devem respeitar e, no plano de cargos e salários, eles conseguem compreender quais atributos devem adquirir para ascensão de cargos na empresa. 1.4.3 Estrutura Linha-Staff A estrutura de linha-staff é uma combinação das estruturas linear e funcional. Nesse modelo, as atividades especializadas e de apoio são anexadas à linha de comando, nomeando supervisores da equipe e especialistas de staff, os quais estão vinculados à autoridade da linha. Existe uma grande variedade de posições dentro de uma organiza- ção de linha-staff. Consideramos que as posições organizadas como a estrutura funcional são as primárias para o alcance dos objetivos da empresa, enquanto as outras – chamadas de staff – são consideradas secundárias, as quais atuam como apoio ou suporte e contribuem indiretamente. Fazem parte da estrutura de linha os funcionários das áreas de produção, compras, financeiro, vendas etc. Já nas funções considera- das de staff estariam alocadas consultoria de pesquisa de mercado, assessoria jurídica, de tecnologia da informação, controle da qualida- de, entre outras. Staff pode ser traduzido como equipe ou pessoal, porém, no modelo de estrutura em questão, ele se refere às atividades de apoio, suporte ou assessoria. Atenção Compreensão da organização empresarial 35 Uma diferença importante entre o pessoal da linha e do staff é a autoridade. O pessoal da linha tem autoridade formal para tomar deci- sões operacionais e políticas. Já o pessoal de staff tem autoridade para aconselhar o pessoal da linha e fazer sugestões que possam influenciar essas decisões, mas eles próprios não podem fazer alterações no an- damento da organização. Algumas das principais características desse tipo de estrutura são: • há a figura da autoridade centralizadora: as atividades de linha e de staff se reportam a uma única autoridade; • há uma separação clara entre as atividades de linha e as de staff – que operam função de suporte ou assessoria para o funciona- mento das operações; • existem linhas formais e diretas de comunicação ao mesmo tempo. Vejamos na Figura 1como se distribuem as funções na linha e a lo- calização da função de staff na estrutura. Figura 1 Exemplo de estrutura linha-staff Diretoria Pesquisa de mercado Gerência de marketing Equipe de marketing Gerência financeira Gerência de produção Gerência de compras Assessoria jurídica Fonte: Elaborada pela autora. Nesse exemplo de estrutura de linha-staff, podemos verificar as posições consideradas de staff: assessoria jurídica e pesquisa de mercado. Elas estão dentro da estrutura, porém não estão associa- das diretamente a uma linha de comando com a equipe. 36 Modelos de Gestão Algumas vantagens desse tipo de estrutura são: • especialização planejada; • autoridade e responsabilidade bem definidas – a linha de coman- do é mantida; • há uma oportunidade de aprendizado, considerando o apoio das funções de staff. São desvantagens desse modelo: • grandes chances de os funcionários da linha e do staff diver- girem nas opiniões, resultando em conflitos de interesse e desentendimentos; • o pessoal do staff, por não ter autoridade formal, pode se sentir desmotivado quando não puder contribuir diretamente em algu- ma posição; • os gerentes de linha podem considerar que não são capacitados ou competentes o suficiente para tomar decisões para seu setor sem apoio de outra área. 1.4.4 Estrutura divisional Esse tipo de estrutura fornece à organização maior capacidade de separar grandes áreas de negócios em divisões praticamente autôno- mas. Ela é mais recomendada para empresas de grande porte e que atuam em mercados variados com diferentes carteiras de clientes. Cada divisão na organização é responsável por determinado produto ou segmento. As organizações podem ser estruturadas de várias ma- neiras, com cada estrutura definindo o modo pelo qual elas operam e executam. Trata-se de várias estruturas completas dentro de uma só, como po- demos observar na Figura 2, que apresenta um exemplo de uma estru- tura divisional por produtos: Compreensão da organização empresarial 37 Figura 2 Exemplo de estrutura divisional por produtos Diretoria Produto 2 Marketing Produto 2 Produção Produto 2 Finanças Produto 2 Diretoria Produto 1 Marketing Produto 1 Produção Produto 1 Finanças Produto 1 Diretoria Produto 3 Marketing Produto 3 Produção Produto 3 Finanças Produto 3 Presidência Diretoria Produto n Marketing Produto n Produção Produto n Finanças Produto n Fonte: Elaborada pela autora. Além dessa divisão na estrutura por tipos de produtos ou serviços, ela também pode ser organizada considerando outros atributos, como: • clientes: empresas que trabalham, por exemplo, com produtos para diferentes faixas etárias: público infantil, juvenil e adulto; • localização geográfica: uma empresa que atua em mais de uma região pode estruturar as suas divisões considerando a localiza- ção. Por exemplo, região sul, norte, nordeste, ou ainda, América do Sul, Europa, África etc. Como em todos os tipos de estrutura organizacional, a estrutu- ra divisional possui vantagens e desvantagens. De modo geral, esse modelo funciona melhor para empresas com grande variação nas ofertas de produtos ou que atendem a diversas regiões geográficas. As maiores vantagens de se utilizar esse tipo de estrutura são: • Independência e autonomia para cada uma das unidades, pois al- gumas ações eficientes para um determinado segmento podem não ser para outro. • As ações do marketing são estruturadas de acordo com o seg- mento. Uma mesma organização que atue, por exemplo, em lo- calizações geográficas diferentes deve ter uma linguagem clara e adaptada a cada região. Uma campanha publicitária que é consi- derada criativa em um país, pode ser ofensiva em outro. • Tomadas de decisão descentralizadas são mais eficientes. Quando a empresa é segmentada por projetos, por exemplo, 38 Modelos de Gestão e acontece um problema ou demanda adicional de cliente, é muito mais vantajoso o coordenador desse projeto tomar as decisões do que envolver toda a organização. Assim, torna- -se possível responder mais rapidamente, proporcionando agilidade. Apesar das vantagens que esse modelo de estrutura proporciona às organizações, algumas desvantagens podem fazer com que ela não seja viável para muitas empresas. Vejamos algumas a seguir: • Uma estrutura considerada onerosa para a organização, por- que cada unidade é considerada como uma organização com- pleta, exigindo recursos independentes para cada uma delas. • A mensuração de resultados é mais difícil. Áreas geográficas diferentes podem resultar em volumes de venda diferentes, mesmo que os recursos investidos sejamsemelhantes, já que fatores regionais, econômicos e sociais podem impactar nas vendas. Esse tipo de situação pode gerar competitividade en- tre as áreas, porque pode provocar as seguintes dúvidas: em quem deve ser priorizado possíveis investimentos? Naquele que está trazendo resultados hoje ou que está passando por dificuldades provisórias? 1.5 Novos modelos de organização Vídeo As organizações, as quais estão em ambientes cada vez mais ágeis e com mercados mais exigentes, precisam acompanhar as tendências na estrutura organizacional para motivar seus colabo- radores e satisfazer seus clientes e acionistas. Uma estrutura que funcionava no passado não necessariamente será a melhor para enfrentar as demandas atuais e futuras, por isso, existem estudos para o redesenho completo das estruturas e processos de negó- cios, a fim de melhorar as operações. A seguir elencamos algumas das principais tendências dessa mudança. • Hierarquia se transformando em rede: a estrutura das em- presas do futuro certamente não é organizada verticalmente de acordo com uma hierarquia, mas horizontalmente, como Compreensão da organização empresarial 39 uma rede. Princípios como o da cooperação interna e externa se tornarão um fator de sucesso. • Sentimento de pertencimento sobressaindo ao lucro: no passado, os funcionários costumavam permanecer na em- presa por razões financeiras ou por estabilidade. A tendência é que esse significado seja ampliado, também considerando a cultura e os objetivos da empresa. Assim, as organizações deverão rever suas estruturas para motivar os funcionários, demonstrando seus valores na prática. • Substituição do controle pelo empowerment (empodera- mento): as organizações também estão revendo a maneira de medir o desempenho das suas equipes. As novas estruturas deverão permitir designar funcionários com mais responsabi- lidades, para que eles possam tomar suas próprias decisões e agir. Além disso, também promover a capacitação e o desen- volvimento pessoal por meio de aprendizado contínuo. • Uso intensivo da tecnologia: a mudança nas estruturas tam- bém deverá considerar que muitas tarefas estão sendo au- tomatizadas com a ajuda da tecnologia. A tendência é que a colaboração entre humano e máquina aumente cada vez mais, e funções, hoje no organograma, sejam substituídas. Vejamos na sequência algumas dessas tendências nas novas es- truturas organizacionais para atender essas demandas e mudanças. 1.5.1 Estrutura em rede As organizações estão em busca de encontrar novas estruturas or- ganizacionais e uma alternativa, que está se tornando cada vez mais predominante, é a corporação virtual. Essa estrutura se trata de uma rede de empresas independentes, conectadas por tecnologia da in- formação, para compartilhar habilidades, custos e acesso aos mer- cados. Além da utilização desse modelo de conexão entre empresas, as próprias organizações estão se estruturando internamente dessa maneira. Esse tipo de estrutura permite que seus funcionários não estejam fisicamente presentes dentro do organograma da empresa e muito menos dentro de sua infraestrutura física. 40 Modelos de Gestão As equipes desse modelo de organização podem ser formadas temporariamente para determinados projetos, outra característica são as decisões descentralizadas e tomadas pelas equipes respon- sáveis por cada projeto. A dissolução das estruturas tradicionais incentiva a colaboração interdisciplinar entre especialistas. Essa nova estrutura não apenas rompe as divisões tradicionais da em- presa, mas também torna as fronteiras da empresa mais abertas. A estrutura em rede pode agregar colaboradores que trabalham em home office, atuando remotamente em diversas áreas geográ- ficas. Os gerentes desse modelo de estrutura desempenham um papel vital na coordenação das pessoas e das atividades, pois eles controlam os relacionamentos internos e externos. A empresa que opera nesse modelo pode optar por terceirizar ou subcontratar muitos ou a maioria de seus principais processos, para separar e coordenar suas atividades de uma pequena estrutura de gestão. Esse modelo de estrutura, que tem como princípios a terceiri- zação ou a subcontratação, tornou-se uma estratégia importante para muitas empresas e foi reconhecido nos finais dos anos 1980 e 1990, em parte devido a uma pressão crescente em direção ao downsizing 2 e a um reconhecimento crescente das possíveis vanta- gens das relações cooperativas entre empresas. Além disso, essa estrutura de rede permite às empresas se flexibilizarem para explorar oportunidades que mudam rapida- mente. Até as tarefas realizadas por um funcionário dentro de uma equipe são flexíveis, pois, dependendo da experiência, um funcionário pode liderar uma equipe do projeto e ser liderado em outra, isso faz com que as melhores pessoas estejam à frente do negócio no momento certo. Os principais atributos de uma corporação virtual são: • uso intensivo de tecnologia da informação; • senso de oportunidade para formação de alianças estratégi- cas quando necessárias; • busca pela excelência – como não há limite geográfico para se buscar os melhores parceiros, consegue-se localizar e atrair competências adequadas para buscar maior qualidade em to- das as áreas funcionais e aumentar a vantagem competitiva; Downsinzing é a prática de reduzir os níveis organizacio- nais dentro de uma empresa, achatando sua estrutura piramidal. 2 Compreensão da organização empresarial 41 • relacionamento de parceria e não de exploração – esse mode- lo de estrutura cria uma dependência nas relações de troca, fortalecendo o relacionamento com os parceiros; • não há fronteiras nem limites de atuação – essa estrutura ex- pande os limites tradicionais de uma organização. O modelo de estrutura em rede pode ser utilizado por peque- nas empresas e até por empresas multinacionais, permitindo uma maior competitividade global, pois seus recursos, por exemplo, po- dem estar em uma área do planeta e seus fornecedores em outra. Dj em /S hu tte rst oc k O modelo traz como vantagens: • competitividade global; • não necessidade de ter uma grande estrutura de colaborado- res. Podem contratar conforme a demanda e buscar pessoas mais qualificadas em outras regiões; • custos administrativos baixos – como a empresa não tem os seus colaboradores presentes fisicamente no escritório, não há a necessidade de um espaço físico grande nem bem localizado; • essa estrutura possui poucos níveis hierárquicos, gerando mais agilidade na tomada de decisões e na comunicação. São algumas desvantagens desse modelo de estrutura: 42 Modelos de Gestão • por não existir uma cultura corporativa e remota interação entre as pessoas, é possível que não se consiga comprometi- mento dos colaboradores; • como há grande dependência do uso de tecnologia, falhas téc- nicas, como uma queda de energia ou a manutenção do serviço de fornecimento de internet, podem prejudicar uma operação; • o distanciamento físico também pode limitar um controle imediato das operações da empresa; • caso seja realizada a contratação de alguma empresa para tra- balhar na rede, se não houver clausula de exclusividade, pode acontecer de a terceirizada também trabalhar para empresas concorrentes, correndo o risco de vazamento de informações. 1.5.2 Estrutura matricial Outra estrutura utilizada pelas organizações é a matricial, a qual mes- cla atributos das estruturas funcional e divisional, consideradas tradicio- nais. Porém, ela confere mais confiabilidade aos processos complexos das organizações, utilizando o que há de melhor em cada um dos mo- delos tradicionais. Nesse tipo de estrutura, ainda há a figura de chefe do departamento no qual os funcionários estão alocados – como na estru- tura funcional, esse chefe é o líder do projeto, responsável provisoria- mente pelas pessoas que estão trabalhando sob sua supervisão. A estrutura matricial é inerentemente complexa e versátil, o que a tornamais apropriada para grandes empresas que operam em dife- rentes setores ou regiões. Consideramos essa estrutura mais dinâmica que a funcional, pois permite aos membros da equipe que comparti- lhem informações mais rapidamente e também possibilita maior espe- cialização nas tarefas. Essa estrutura tem como proposta satisfazer as necessidades de especialização e de coordenação, proporcionando à empresa maior flexibilidade e agilidade para lidar com as incertezas e as mudanças no ambiente. Conseguimos entender como é organizada a estrutura matricial em uma empresa ao observarmos a Figura 3. Compreensão da organização empresarial 43 Figura 3 Estrutura Matricial Equipe Equipe Equipe Equipe Gerente de projetos Gerência de produção Equipe Gerência de marketing Equipe Gerência de compras Equipe Diretoria Gerência financeira Equipe Gerência geral de projetos Gerente de projetos Fonte: Elaborada pela autora. Nesse modelo de estrutura, podemos perceber que existem as ge- rências funcionais, como as de marketing, produção, compras, finan- ceira e outras, que normalmente existem nas organizações tradicionais e outra gerência geral de projetos, a qual está subordinada à diretoria. Essa gerência é responsável pelo acompanhamento e supervisão dos projetos que estão em execução na organização, como seria em uma estrutura divisional. O que há de diferente (na última linha) são as equipes que estão subordinadas às gerências funcionais (na vertical) e também a um ge- rente de projetos (na horizontal). São vantagens desse modelo: • maior participação dos funcionários, pois eles estão em constante integração com pessoas de outras áreas em função dos projetos; • maior controle dos resultados; • estrutura menos custosa do que a divisional, pois áreas opera- cionais não consideradas estratégicas para um segmento podem ser compartilhadas entre todos, como gestão de pessoas, produ- ção, financeiro etc. Algumas desvantagens desse tipo de estrutura são: 44 Modelos de Gestão • dupla subordinação: os colaboradores têm que se reportar aos gestores funcionais e essa divisão pode gerar conflitos de interesses; • dificuldade de adaptação de alguns funcionários: os colaborado- res muito especializados em determinada operação podem se sentir menos produtivos quando trocados de função frequente- mente; eles também podem demorar em se adaptar a uma nova equipe e processos; • possibilidade de criar um impasse na tomada de decisão se um gerente em uma área da matriz discordar de outro gerente, re- duzindo a agilidade nesse processo e na resolução de conflitos. Geralmente, as estruturas matriciais só devem ser usadas quando a complexidade operacional da organização exigir. Uma empresa que opera em várias regiões, com vários produtos, pode exigir interação entre equipes de desenvolvimento de produtos e especialistas em marketing geográfico – sugerindo que uma matriz pode ser aplicável. 1.5.3 Estrutura por projetos Assemelha-se, em parte, à estrutura divisional, pois possui uma es- trutura completa para cada projeto, porém é estabelecida de maneira provisória conforme demanda. É normalmente utilizada por empresas de ramos específicos, como construtoras, escritórios de arquitetura, empresas de organização de eventos e outros que tenham produtos ou serviços com prazo de realização definido. A estrutura por projetos é constituída de maneira temporária, pro- jetada para alcançar resultados específicos, usando equipes de espe- cialistas de diferentes áreas funcionais da organização. A equipe do projeto concentra todas as suas energias, recursos e resultados no projeto designado. Após a conclusão do projeto, os membros da equi- pe de vários departamentos multifuncionais podem voltar às posições anteriores ou ser designados para um novo projeto. As vantagens desse tipo de estrutura são: • o gerente de projetos tem total autonomia de decisão sobre as ações em sua dependência; • como cada projeto tem uma estrutura organizada para a sua rea- lização, o gerente consegue ter uma visão holística; Compreensão da organização empresarial 45 • as demandas de projeto (modificações de alguma parte, por exemplo) podem ser rapidamente ajustadas e atendidas; • como uma equipe de projetos compreende grande número de especialistas, pode conseguir resultados mais positivos. São algumas desvantagens dessa estrutura: • em momentos de baixa demanda, pode haver ociosidade dos recursos; • vários fatores externos podem impactar na conclusão de um pro- jeto. Por exemplo, um projeto de construção em área externa depende de fatores climáticos que podem ser previstos no cro- nograma, porém nunca há uma certeza exata. Para saber mais sobre estruturas adaptáveis na sociedade do conhecimen- to, leia o artigo A organização baseada no conhecimento: novas estruturas, estratégias e redes de relacionamento, publicado pela revista Ciência da Informação, em 2008. Nesse artigo, os autores apresentam as mudanças nas estruturas, estratégias de negócios e formas de gestão que estão acon- tecendo nas organizações, sob a abordagem da sociedade do conhecimen- to. O artigo aborda as estruturas em rede e a importância da colaboração nesse novo cenário. Acesso em: 11 ago. 2020. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-19652008000100006 Artigo A tendência é que as organizações busquem a melhor forma de se estruturarem de modo a se ajustar e a atender rapidamente às mudan- ças que ocorrem no ambiente. As organizações buscam projetar suas estruturas consi- derando quais tendências? Atividade 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio deste capítulo, buscamos fazer uma análise evolutiva da ges- tão e das organizações. É fundamental entender que muitos modelos adotados no passado precisam ser revistos, considerando as necessida- des atuais da sociedade e o comportamento de mercado. Muitas organizações ainda utilizam modelos de estrutura e gestão que foram úteis, porém, se não houver uma mudança na forma de trabalho e nas relações entre as pessoas e as empresas, essas organizações ficarão ultrapassadas. Existem vários estudos sobre a evolução da administração e buscamos trazer uma abordagem sucinta sobre ela, pois conhecer o que foi eficiente em cada época nos permite compreender melhor o presente e pro- jetar o futuro. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-19652008000100006 46 Modelos de Gestão REFERÊNCIAS CURY, A. Organização e métodos: uma visão holística. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2000. FAYOL, H. Administração industrial e geral. São Paulo: Atlas, 1994. LACOMBE, F. J. M. Teoria geral da administração. São Paulo: Saraiva, 2009. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. São Paulo: Atlas, 2008. MOTTA, F. C. P.; VASCONCELOS, I. G. Teoria geral da administração. 3. ed. São Paulo: Thomson Learning, 2006. PAGLIUSO, A. T.; CARDOSO, R.; SPIEGEL, T. Gestão organizacional. São Paulo: Saraiva, 2010. GABARITO 1. As organizações deixaram de considerar apenas sua estrutura física como responsá- vel pela eficiência dos processos quando passaram a considerar os estudos das rela- ções humanas, no qual o trabalhador passa a ser o centro de interesse dos estudos sobre a organização e não mais apenas sua estrutura física e processos. 2. As áreas de gestão de pessoas e marketing, em especial, podem ser consideradas estratégicas para as empresas. A primeira por trabalhar com os principais respon- sáveis pelo bom andamento de uma organização (seus colaboradores), e a segunda por estar em constante troca com o mercado (recebendo informações de tendências, desejos e necessidades dos consumidores) e abastecendo este com campanhas, pro- dutos e serviços que se destaquem dos demais. 3. As principais tendências estão relacionadas ao estabelecimento de estruturas em rede descentralizadas e com poucos níveis hierárquicos, à cooperação entre organizações, à agilidade no tempo de resposta e à utilização intensiva de tecnologia da informação.Diagnóstico de processos organizacionais 47 2 Diagnóstico de processos organizacionais Para podermos entender o gerenciamento dos processos e realizar o diagnóstico de maneira efetiva a fim de melhorar a pro- dutividade das organizações, precisamos antes entender o que são os processos e como eles são gerenciados dentro das empresas. As empresas que buscam a melhoria dos seus processos de- vem estar em constante troca com o ambiente, buscando organizar seus objetivos para atender rapidamente às mudanças externas. A empresa não pode mais se fechar em seu planejamento interno, ela necessita da troca com o ambiente de modo orgânico para es- truturar suas operações e ser mais competitiva e eficiente. Neste capítulo, portanto, vamos analisar quais são as variáveis que interferem nos processos, compreendendo seus fluxos inter- nos e externos e como a visão sistêmica pode ajudar na gestão das empresas, fornecendo maior amplitude para o planejamento estratégico. É fundamental que a empresa conheça quais são os melhores indicadores de controle e gestão para poder gerenciá-los em busca de maior produtividade. 2.1 Conceitos de processos Vídeo Utilizamos o termo processo em nosso cotidiano em várias frentes. No âmbito jurídico, para indicar uma ação: processo trabalhista; no âmbito escolar e acadêmico, para explicar os métodos de avaliação: processo avaliativo; e no cenário organizacional utilizamos para repre- sentar a sequência de atividades encadeadas de modo a atingir o obje- tivo de entregar produtos e serviços ao mercado. 48 Modelos de Gestão Dentre as características que melhor identificam os processos, po- demos destacar que estes são rotineiros e cíclicos e processam insumos transformando-os em resultados, os quais serão enviados aos clientes (ARAÚJO; GARCIA; MARTINEZ, 2011), ou seja, os processos são conjun- tos sequenciais de atividades que ocorrem na organização desde a en- trada dos insumos até a entrega dos produtos finais. Eles se repetem todas as vezes em que essas atividades forem executadas, e seu estudo objetiva a organização de recursos, pessoas e atividades em seu fluxo. Os processos em uma organização podem ser considerados como a sequência de tarefas que analisam e agregam valor a algumas variáveis. Essa sequência tem como objetivo gerar resultado na entrega do produ- to ou do serviço final aos seus clientes e sociedade. Mas quais são essas variáveis e como podemos agregar valor a elas? Vejamos algumas das mais impactantes em qualidade e em custos nos processos. • Insumos: a qualidade das matérias-primas utilizadas impacta di- retamente no produto final. As etapas de especificação e de com- pras devem ocorrer de modo a garantir insumos de acordo com o que se espera ao final do processo. • Dados e informação: a empresa necessita utilizar ferramentas favoráveis à busca e a utilização de dados que impactem positiva- mente nos processos tanto internos quanto externos. • Funcionários: atividades de capacitação, treinamento, motivação e recompensa impactam nos processos. • Máquinas e equipamentos: manutenção preventiva, calibração e ajustes devem ser realizados periodicamente nos equipamen- tos e nas máquinas para garantir produtos dentro do padrão e sem atrasos. • Fornecedores e distribuidores: além de garantir os processos in- ternos, a empresa também precisa se associar a fornecedores e a distribuidores que tenham as mesmas mentalidade e cultura, para evitar desacordos e redução da qualidade na entrega ao cliente. • Normas e procedimentos: devem ser revistos periodicamente visando acompanhar tendências de mercado e políticas regulató- rias, além de aplicar melhorias contínuas. Os funcionários devem estar cientes das normas da organização. O objetivo de levantar essas variáveis é buscar o seu aperfeiçoamen- to e também a melhor relação entre elas, verificando quais precisam ser Diagnóstico de processos organizacionais 49 revistas e atualizadas. Quando a empresa tem conhecimento dos seus processos e das atividades e tarefas envolvidas ao longo de sua cadeia, fica mais claro direcionar os esforços para melhoria de ações que estão consumindo mais recursos (tempo, pessoal, dinheiro etc.) O conhecimento dos processos fornece possibilidades de uma me- lhor organização das tarefas e das atividades dentro de uma empresa, desde a entrada dos recursos até a saída do produto final. As principais razões para analisarmos os processos são: • identificar claramente as etapas; • melhorar a eficiência por meio da estruturação de processos otimizados; • aprimorar a comunicação entre as pessoas nas diversas etapas; • reduzir tempo e outros recursos na entrega dos produtos e dos serviços aos clientes; • evitar operações redundantes ou desnecessárias por desconhecimento; • padronizar as operações e consequentemente os produtos. Para a organização posicionar suas etapas e suas atividades, utiliza-se a representação dos processos como fluxos (sequências), interligando as atividades que acontecem ao longo do seu percurso. As pessoas que estão envolvidas e quais os recursos demandados em cada uma das etapas também devem ser considerados. Figura 1 Exemplo de desenho de fluxo de um processo de aquisição de insumos Compra de insumos Conferência e armazenamento Recebimento dos materiais Registro de dados no sistema para atualização de estoque Fonte: Elaborada pela autora A princípio, o desenho do fluxo de processos é uma tarefa simples, pois a organização já executa essas operações em determinada sequên- cia, envolvendo recursos já conhecidos em cada etapa. O problema aparece quando a organização não possui um padrão para seu contro- le, ou ainda desconhece quais etapas e pessoas são necessárias desde o recebimento de um pedido de um cliente até a entrega do produto ou do serviço acabado. Nesse caso, a empresa não sabe responder: quais são as etapas que aconteceram previamente? Quais são as atividades 50 Modelos de Gestão críticas para o processo? Quais são os recursos necessários para que essas etapas sejam executadas de maneira eficiente? Para que possamos organizar e gerir os processos dentro de uma empresa em busca de melhores resultados, devemos seguir algumas etapas fundamentais. Podemos dizer que todas as operações em uma empresa passam por processos. Desde a aquisição das matérias-primas até a realização de uma ação de pós-venda devem ser realizados processos testados e aprovados para buscar maior eficiência. Se isso é tão claro, por que então algumas empresas ignoram essa ne- cessidade e não organizam suas atividades por meio de uma gestão por processos? É sobre isso que estudaremos na próxima seção deste capítulo. 2.2 Gestão de processos e por processos Vídeo Muitas pessoas se confundem quando utilizam as expressões ges- tão de processos e por processos, as quais são empregadas, muitas ve- zes, como sinônimos; no entanto, elas possuem diferentes abordagens no contexto gerencial. A gestão de processos é a que gerencia, organiza e controla os pro- cessos de uma empresa. Segundo Araujo (2011), esse tipo de gestão consiste nas atividades de planejar, organizar, dirigir e controlar os pro- cessos existentes para melhorar seu desempenho. Essas ações estão or- ganizadas dentro do fluxo produtivo para transformar matérias-primas, gerir informações e/ou pessoas, a fim de gerar uma saída (bem físico ou serviço). Essa cadeia de atividades inter-relacionadas dentro da organiza- ção necessita de uma estruturação, que se trata da gestão de processos. A gestão ou o gerenciamento de processos tem sua origem na sim- plificação dos processos das fábricas para aumentar a produtividade. Porém, atualmente seus conceitos são aplicados em todos os tipos de organizações para melhorar e agilizar os fluxos internos, como garan- tir segurança, qualidade, diminuição de tempo de ciclo, aumento da produtividade, entrega pontual etc., além de melhorar os resultados financeiros e operacionais, minimizandofalhas, otimizando recursos e evitando reclamações. Se fizermos um resgate histórico, Taylor, em seus estudos sobre os princípios da administração científica, adotou conceitos de engenharia industrial com o objetivo de reduzir o tempo de ciclos conhecendo os Assista ao vídeo Afinal, o que é um processo?, publicado no canal da Dheka Consultoria, para adquirir mais conheci- mentos sobre o assunto. Essa empresa presta consultoria na área de BPM e possui vídeos e e-books gratuitos para conceituar processos, sua gestão e a metodologia de gerenciamento. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=mlYrXUSN_gU. Acesso em: 21 set. 2020. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=mlYrXUSN_gU https://www.youtube.com/watch?v=mlYrXUSN_gU https://www.youtube.com/watch?v=mlYrXUSN_gU processos e assim melhorar a produtividade. Pesquisas sobre tempos e movi- mentos também tinham como enfoque os processos e buscavam maneiras de aumentar a produtividade, avaliando, por exemplo, quanto tempo levou para realizar cada tarefa em um processo e a melhor maneira de realizar cada tarefa. Esses estudos não são recentes se considerarmos essa evolução, o que mudou foi a forma de fazer a gestão deles. A atual gestão de processos tem como principais características: • compreender e propor melhorias nos fluxos de trabalho; • levantar os processos atuais e então realizar sua arquitetura (desenho); • cuidar da implantação de novos processos, buscando capacitar as equipes com treinamentos técnicos e comportamentais que serão as responsáveis por esse novo modelo; • corrigir e buscar melhorar os processos sempre com o objetivo de atender melhor às necessidades dos consumidores; • eliminar processos que não suportam seus objetivos por meio da do- cumentação das atividades e da compreensão de sua sequência, a or- ganização pode descobrir quais processos podem ser eliminados ou aqueles que devem ser otimizados. A gestão de processos dentro de uma organização objetiva alinhar as atividades da organização em busca de melhores resultados e atender aos objetivos estratégicos. Ela faz isso estruturada em 3 pilares: rp ris ar n/ Sh ut te rs to ck Racionalidade do trabalho Deve compreender e estruturar as atividades respeitando o ciclo e otimizando os recursos do fluxo. Visão sistêmica Quando se possui a visão de todos os processos, de como são encadeados e dos resultados esperados ao final do fluxo, fica mais fácil realizar a sua gestão. Melhoria contínua Os processos necessitam ser revistos com frequência objetivando o aprimoramento. A melhoria contínua deve ser um dos objetivos da organização quando se faz a gestão dos seus processos. Diagnóstico de processos organizacionais 51 52 Modelos de Gestão Quando a organização pratica esses pilares, ela conquista mais benefícios para sua gestão com foco nos resultados, consegue res- postas rápidas às contingências e às mudanças externas e promove um clima interno voltado à inovação entre seus colaboradores. Esse ambiente favorece a mudança da estratégia organizacional, que pode ser estruturada como uma gestão por processos. A gestão por processos é mais abrangente, pois ela coordena a or- ganização como um todo. Assim como existem as abordagens da ges- tão funcional, departamental ou por projeto, a organização que adota a gestão por processos passa a conduzir seus negócios sob essa ótica, considerando os fluxos por onde passam o produto e não as divisões organizacionais tradicionais. Na gestão por processos, todas as atividades e o organograma da empresa são estruturados pelos processos que nela ocorrem. A or- ganização não faz a gestão dos seus processos ainda considerando áreas e departamentos, pois essa estrutura não existe mais, o foco agora são as atividades seguindo o fluxo de cada processo. Não é uma transição fácil, pois as empresas, em sua maioria, estão estruturadas por funções, mas aquelas que decidem reestruturar suas operações devem fazer um planejamento e optar por alguma metodologia que facilite a mudança. Para implantar a gestão por processos em uma organização, pode- mos utilizar a metodologia do BPM (Business Process Management), ge- renciamento de processos de negócios que compreende ferramentas, técnicas e métodos, os quais ajudam no design, na administração e na análise de processos dentro das empresas. Essa abordagem su- gere que toda a gestão da organização (estratégias, objetivos e pla- nejamento) se baseia nos principais processos da empresa e não na estrutura funcional ou departamental. O gerenciamento de processos de negócios é uma disciplina organizacional em que a empresa dá um passo atrás e analisa to- dos esses processos, no total e individualmente. Ele analisa o estado atual e identifica áreas de melhoria para criar uma organização mais eficiente e eficaz, dessa maneira esta pode considerar realizar o seu gerenciamento por processos, pois compreende todas as etapas de maneira ampla e sistêmica. O livro Mapeamento e gestão por processos – BPM aborda a implantação da gestão por processos em organizações públicas e privadas, com a metodolo- gia BPM, orientada à entre- ga por meio de objetos. PAVANI JR., O.; SCUCUGLIA, R. São Paulo: MBooks, 2011. Livro Diagnóstico de processos organizacionais 53 O BPM utiliza dados e informações importantes sobre as ações realizadas para a melhoria dos processos, sendo um instrumento fundamental à implantação de um modelo de gestão por processos em qualquer tipo de organização, agregando valor e reduzindo custos desnecessários. Com a sua utilização, a empresa tem condições de monitorar os processos existentes e de verificar o que pode ser feito para aprimorar os processos que causam impacto na percepção de benefícios entregues aos clientes. Para estruturarmos os processos e desenvolvermos a organização voltada à sua gestão por processos, precisamos construir uma visão sistêmica de tudo o que acontece dentro e fora da empresa, com- preendendo os fluxos de atividades e quais deles devem ser construí- dos, revistos ou aprimorados, conforme veremos seguir. A gestão por processos é uma estrutura organizacional que tem enfoque na satisfação dos clientes. Por que as organizações não priorizam esse modelo? Atividade 1 2.3 Fluxos e visão sistêmica Vídeo Aprendemos que os processos de negócios dizem respeito ao mo- delo para organizar as atividades executadas dentro de uma organiza- ção. Para criar processos de negócios consistentes, claros e adaptáveis, primeiramente é necessário elaborar um diagrama de fluxo visual de modo a compreender o que acontece com os insumos ou dados à medi- da que passam de uma tarefa para a seguinte e assim sucessivamente. Ao formular uma representação visual de um processo de negócios antes de realmente criá-lo, é possível se ter uma ideia muito melhor de como ele será executado e aperfeiçoá-lo ainda mais para torná-lo mais eficiente. Assim desenhamos um fluxo com as atividades e verificamos suas associações e sequências. O diagrama do fluxo de um processo, ou fluxograma, é a represen- tação sequencial cujo principal objetivo é simplificar processos de ne- gócios complexos para melhor entendimento. Os diagramas de fluxo de processo geralmente são executados da esquerda para a direita, mas, às vezes, podem ser definidos na sequência de cima para bai- xo ou mesmo da direita para a esquerda. Por exemplo, se em dado momento o material precisar retornar a uma etapa anterior para reprocessamento, os fluxos poderão apontar para trás. 54 Modelos de Gestão Figura 2 Representação de fluxos Ja no s Le ve nt e/ Sh ut te rs to ck Os fluxogramas possuem diferentes elementos que os compõem para a representação de cada uma das atividades e das etapas. Pode- mos observar os mais utilizados no quadro a seguir. Quadro 1 Representação das etapas e atividades Início ou fim Processo Decisão Documento Conector Direção do fluxo Fonte: Elaborado pela autora.Diagnóstico de processos organizacionais 55 O fluxograma é desenhado na busca de criar um fluxo de processos ideal, com menores interrupções e retrabalhos. A organização deve fazer uma lista de todas as tarefas, atividades, pessoas e recursos necessários envolvidos desde o seu início até a etapa de conclusão. É um trabalho que, apesar de envolver muitas pessoas e tempo para sua versão definitiva, pro- porciona vários benefícios à empresa, como os listados a seguir. • Melhor visibilidade e transparência: é possível entender facil- mente a sequência das atividades e os recursos envolvidos, tam- bém há maior transparência que pode oferecer aos membros da equipe uma melhor compreensão dos processos e das responsa- bilidades de cada um. • Maior produtividade: com o desenho dos fluxos, as empre- sas conseguem determinar como um processo funcionaria sob condições específicas e ajustá-lo para alcançar os melhores re- sultados. É possível identificar redundâncias e reduzir falhas, me- lhorando a produtividade geral. • Conformidade e segurança: como cada tarefa em um processo de negócios é claramente mapeada com fluxos de trabalho deta- lhados, as organizações podem garantir que todos os registros e documentação necessários estejam no local para atender aos padrões de conformidade exigidos. Esse desenho dos fluxos e sua compreensão ajudam na constru- ção de uma visão sistêmica nas organizações. O pensamento sistêmico adota uma abordagem holística de como as diferentes partes de um processo se inter-relacionam. Na análise tradicional, a gestão olhava apenas os elementos separados em um sistema, agrupados por áreas, departamentos ou funções. A organização, observando o fluxo como um todo, entende os pro- cessos de equilíbrio e de reforço que causam o comportamento do sistema. Segundo Motta (2001), a perspectiva sistêmica compreende a harmonia entre os elementos visando ao equilíbrio do sistema como um todo. No ambiente organizacional, entendemos esses elementos como pessoas, máquinas, tecnologias e outros recursos envolvidos. Além disso, quando a metodologia sistêmica é implementada, ocor- re uma mudança substancial no foco da empresa, que passa a priorizar mais o cliente, pois conhece seus desejos e necessidades. A visão da organização se torna mais ampla, compreendendo além do que ape- 56 Modelos de Gestão nas o produto ou o serviço, mas também como eles são criados, como melhorar os processos de negócios. Ao fazer isso, a empresa pode ofe- recer ao cliente um produto ou um serviço com mais valor agregado e benefícios, de maneira mais rápida e barata. Assim, ela economiza re- cursos dentro do seu fluxo de processos, pois reconhece as atividades que não agregam valor. A visão sistêmica observa não apenas os fluxos internos da organi- zação, mas a sua interação com o meio ambiente, os processos entre os fornecedores e a empresa (entradas), e a saída de produtos e serviços com seus distribuidores e consumidores finais. Dessa maneira, cons- trói-se o encadeamento completo dos processos, permitindo à gestão atingir seus objetivos, principalmente considerando a análise dos indi- cadores internos e externos, os quais proporcionam informações ade- quadas à melhoria dos processos. A seguir elencamos os benefícios que a organização conquista com essa visão: • Solução mais eficaz de problemas: a compreensão clara do quadro geral de uma organização e do mercado promove maior agilidade na identificação da raiz do problema e, consequente- mente, de como solucioná-lo. • Liderança mais eficaz: uma visão sistêmica leva os líderes a real- mente entender as estruturas e as dinâmicas gerais da organiza- ção e o que deve ser feito para orientar a empresa em direção à visão e aos objetivos estratégicos. • Comunicação mais clara e assertiva: quando uma organização propõe as suas equipes de trabalhadores uma visão clara e aber- ta de todas as atividades e como elas se relacionam, a comuni- cação é facilitada, pois é possível reconhecer cada envolvido no processo e suas responsabilidades. • Melhor planejamento estratégico: é possível identificar mais nitidamente quais são os resultados desejados (metas e objeti- vos), e quais atividades estão envolvidas para alcançá-los. • Design mais eficaz de produtos e serviços: com uma visão ampla, conseguimos atender mais eficientemente às necessidades e aos de- sejos dos consumidores e entendemos como traduzi-los nos produ- tos e nos serviços, envolvendo todas as etapas necessárias para isso. Essa visão é fundamental na gestão dos processos organizacionais, pois envolve todos que de alguma maneira acrescentam importância Indicamos duas entrevis- tas com o administrador Idalberto Chiavenato, disponíveis no YouTube. A primeira, para o canal do CFA (Conselho Federal de Administração), abor- da a importância de se praticar a visão sistêmica, observando o todo para compreender as etapas dos processos. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=YcD_tIvLlG0. Acesso em: 22 out. 2020. A segunda, para o canal Sevilha Contabilidade, é sobre o futuro da gestão de empresas. Destaca- mos a parte compreen- dida entre os minutos 40 e 46 em que se aborda a visão sistêmica e a importância do seu conhecimento para as organizações. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=gScWnaGizrY. Acesso em: 22 out. 2020. Vídeos https://www.youtube.com/watch?v=YcD_tIvLlG0 https://www.youtube.com/watch?v=YcD_tIvLlG0 https://www.youtube.com/watch?v=YcD_tIvLlG0 https://www.youtube.com/watch?v=gScWnaGizrY https://www.youtube.com/watch?v=gScWnaGizrY https://www.youtube.com/watch?v=gScWnaGizrY Diagnóstico de processos organizacionais 57 às atividades da organização. Com uma visão ampla, a empresa pode ter melhores condições de analisar seus indicadores de desempenho, de comparar suas metas e objetivos internos entre o planejado e o exe- cutado e de perceber como ela está posicionada no mercado. Qual é a importância da utiliza- ção dos fluxogramas na gestão de processos? Atividade 2 2.4 Análise de indicadores de desempenho Vídeo Para que uma empresa possa traçar seus objetivos e acompanhar a evolução do seu planejamento, é necessária a adoção de indicadores que demonstrem aos gestores como a organização está se comportan- do diante do estabelecido e para confrontar com dados de mercado (concorrentes, crescimento econômico, social etc.). Uma maneira de realizar esse acompanhamento é a utilização de indicadores de desem- penho que devem medir a eficácia e a eficiência dos processos. 2.4.1 Eficácia dos processos A organização busca, por meio de indicadores, analisar a eficácia dos seus processos, ou seja, a relação entre os resultados reais e os re- sultados esperados. Com essa diferença ela pode fazer uma avaliação do seu desempenho. A eficácia dos processos comumente pode ser avaliada pela combi- nação dos três indicadores descritos a seguir. cs _s to ck ph ot o/ Sh ut te rs to ck Custo Qual volume de recursos é usado para concluir o processo? Qualidade Qual é o percentual de saídas (produtos/serviços) não conformes sobre as saídas totais? Tempo Quanto tempo leva o processo? 58 Modelos de Gestão De posse desses valores, a gestão deve compará-los com os resul- tados esperados, geralmente calculados como parte de um modelo de gerenciamento de processos de negócios (BPM). A proporção ob- tida é considerada como um indicador da eficácia desse processo. 2.4.2 Eficiência dos processos Enquanto a eficácia faz o comparativo entre o resultados espera- dos e os obtidos, a eficiência busca relacionar estes por um processo e os recursos consumidos por ele. Em outras palavras, quanto foi gasto em determinada quantidade de produto. Esses gastos consi- deram insumos, tempo, pessoas alocadas etc. Geralmente, podem ser calculados com uma fórmula simples: recursos consumidos (energia, mão de obra, insumos etc.) dividido pela quantidade pro- duzida em determinado período. A métrica da eficiência tem comoobjetivo fornecer indicadores do desperdício envolvido em cada etapa do processo, permitindo à empresa identificar mais rapidamente mecanismos para encontrar e reduzir esse desperdício. Outro indicador a ser analisado é o de conformidade do processo, que pode ser observado interna e externamente nas empresas. Na análise interna, a empresa deve monitorar a porcentagem de produtos não conformes que estão sendo produzidos. Observan- do essa métrica e os processos responsáveis, a gestão pode obter informações sobre possíveis causas de resultados negativos e assim buscar melhorias. Externamente, o monitoramento da conformidade do processo ajudará a rastreá-la de suas instalações, transportes, relações com parceiros e com os regulamentos governamentais que afetam seu setor. Com essas métricas, a empresa pode se estruturar melhor e se precaver, por exemplo, de multas ou de outras punições devido à falta de conformidade. Para os gestores de uma organização, a definição de metas de ne- gócios é fundamental para o planejamento. Além dos indicadores de Diagnóstico de processos organizacionais 59 eficácia, eficiência e conformidade, a empresa pode utilizar os cha- mados indicadores-chave de processo ou KPI (Key Process Indicators), que são uma maneira importante de ajudá-la a determinar se seus principais objetivos estão sendo alcançados. Além disso, eles permi- tem identificar pontos fracos ou problemas que podem estar contri- buindo para algumas dificuldades da organização. Os KPI analisam e medem o desempenho de processos especí- ficos da empresa e fornecem às equipes de gerenciamento infor- mações valiosas sobre o seu desempenho. Os indicadores-chave concentram-se em como a tarefa está sendo executada medindo o desempenho e se as metas individuais estão sendo alcançadas. Esse indicador deve ser medido por uma razão que retrata o progresso do processo como um todo ou em parte. As métricas de desempenho do processo estratégico servem para evidenciar se a organização está atingindo os objetivos esta- belecidos pela gerência sênior, os chamados objetivos estratégicos. São algumas métricas de desempenho do processo, além da efi- ciência, da eficácia e da conformidade, os indicadores de: • capacidade: proporção entre a quantidade que pode ser pro- duzida e o tempo para que isso ocorra; • produtividade: proporção entre as saídas geradas por um tra- balho e os recursos usados para fazê-lo; • qualidade: relação de peças produzidas e aquelas com quali- dade esperada; • lucratividade: relação percentual entre lucro e vendas totais; • competitividade: participação de mercado comparativo à quantidade de concorrentes. O uso de KPI pode ajudar a organização a atingir suas metas es- tratégicas e também pessoais dos funcionários, fornecendo-lhe ma- neiras de medir o progresso em relação a elas. Eles são uma ótima maneira de fornecer métricas significativas para as operações que podem ser aprimoradas em seus processos de negócios. O livro Indicadores de desempenho foca na importância de se esta- belecer os objetivos para então se traçar quais indicadores devem ser utilizados para medir o desempenho de maneira eficaz. Também apre- senta a importância de se definir poucos e bons indicadores para conquis- tar melhores resultados. FRANCISCHINI, A. S. N; FRANCISCHINI, P. G. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017. Livro 60 Modelos de Gestão 2.5 Organizações como sistemas abertos Vídeo Aprendemos neste capítulo a importância de a organização ter a visão sistêmica de seus processos, compreendendo de manei- ra holística as interações deles com o meio. Essa perspectiva inicia a construção da abordagem da organização como um sistema aberto, ou seja, que interage com o meio absorvendo e fornecendo dados, informações, produtos e serviços de maneira constante. Essa teoria do sistema aberto foi desenvolvida inicialmente pelo biólogo Ludwig von Bertanlanffy, mas é amplamente utilizada em di- versas disciplinas. Ele definiu que os sistemas são caracterizados por um conjunto de partes cujas relações os tornam interdependentes. À medida que se passa de uma estrutura mecânica ou mecanicista para uma orgânica, as interações entre as partes do sistema se tornam mais complexas e variáveis. As empresas que enfrentam um ambiente dinâmico e incerto podem precisar desenvolver ou manter uma estrutura organizacional orgânica, enquanto aquelas operantes em um ambiente estável podem se beneficiar do desenvolvimento ou da manutenção de uma estrutura organizacional mecanicista. As empresas com estruturas orgânicas têm condições de processar informações e de responder às mudanças no ambiente mais rapida- mente. Já os sistemas mecanicistas podem atuar como uma estrutura organizacional eficaz e eficiente para organizações que operam em um ambiente mais estável. A estrutura mecanicista tem como características: • atuação em ambiente estável; • baixa diferenciação de tarefas; • pouca integração entre os departamentos e as áreas funcionais; • tomada de decisão centralizada na alta direção; • tarefas que tendem a ser padronizadas e formalizadas. Já a empresa com estrutura orgânica tem como características: • atuação em ambiente dinâmico e incerto; • alta diferenciação de tarefas; Diagnóstico de processos organizacionais 61 • elevada integração e comunicação entre os departamentos e áreas funcionais; • tomada de decisão descentralizada, envolvendo inclusive os ní- veis mais baixos da hierarquia; • pouca padronização e formalização, pois as tarefas mudam rapidamente. As estruturas orgânicas são as que mais interagem com o meio, pois há a necessidade de constante troca de informações para ajustar seus objetivos e metas. O modelo de estrutura mecanicista – mesmo que ainda se mantenha em alguns setores, como nos serviços públicos, nas produções com pouca oscilação de mercado e sem monopólios ou com pouquíssimos concorrentes (fornecimento de energia, água, aço, entre outros) – é cada vez mais difícil de ser observado, pois são necessários ajustes frequentes no planejamento das empresas para que elas se adaptem às demandas do mercado. Um sistema aberto troca regularmente informações e feedbacks com o ambiente externo, fazendo ajustes internos em processos, objetivos e produtos, conforme for preciso para atingir os resultados do sistema e depois transmite as informações necessárias de volta ao ambiente. O ambiente externo inclui uma ampla variedade de necessidades e de demandas as quais podem impactar nos processos internos, mas que a organização não tem controle. Essas influências podem ser de naturezas política, econômica, ecológica, social e tecnológica. As orga- nizações adaptadas a essa interação buscam, por meio de indicadores, de pesquisas e de análises ambientais, antecipar-se com ajustes inter- nos nos processos e não ser surpreendidas com ações tardiamente. Essas organizações também estão preparadas para buscar meios de influenciar seu ambiente externo, por exemplo, com relações públicas, promoções, acordos comerciais e políticos. As empresas que operam em sistemas fechados são inflexíveis e ten- dem a ser estagnadas no seu crescimento. Nessas organizações, o impor- tante é seguir os procedimentos, gerar e entregar relatórios e participar de reuniões, muitas vezes improdutivas. Em uma organização de sistema aberto, o resultado importa mais que o processo; se a abordagem padrão não obtiver resultados, não há problema em mudar. Para saber mais sobre sistemas abertos, conheça a página da Red Hat. Essa empresa entrou no mercado como fornecedora do sistema operacional Linux e possui uma cultura de organização aberta, que interage diretamente com o mercado para a criação de produtos e solução de problemas e de necessidades dos usuários. Um exemplo fantástico de relação aberta e de empresa adaptada. Disponível em: https://www. redhat.com/pt-br/. Acesso em: 23 out. 2020. Site https://www.redhat.com/pt-br/about/our-culturehttps://www.redhat.com/pt-br/about/our-culture 62 Modelos de Gestão Essa abordagem da organização como um sistema aberto encerra nosso capítulo sobre o diagnóstico dos processos, atestando que apenas uma visão ampla, a qual troca constantemente informações e aprendi- zagem com o ambiente, consegue estruturar seus processos de maneira satisfatória. Essa visão leva em consideração o ambiente, proporcionan- do uma imagem mais realista dos desempenhos da organização e do quanto ela precisa trabalhar para se tornar mais produtiva e eficiente. CONSIDERAÇÕES FINAIS As organizações estão em constante troca com o meio para definir seus processos e estruturar seus objetivos. Para se manter competitiva em um cenário em que os clientes estão mais exigentes e a concorrência cada vez acirrada, a empresa necessita verificar quais fatores podem ser determinantes de seu sucesso. A compreensão de como se estruturar os processos e de quais podem ser significativos para a redução de custos e de tempo, melhor aproveita- mento de recursos e produtos com mais qualidade é um dos desafios da organização. Dessa maneira, ela deve fazer a gestão dos seus processos, utilizando metodologias e ferramentas próprias. Em vez de aplicar estruturas mais rígidas como a funcional – ainda mui- to comum nas organizações, mas que engessa a visão focada no cliente e no mercado –, é uma melhor opção para a organização aplicar a estrutura de gestão por processos, pois ela propicia trocas com o ambiente e rápida adaptação às contengências que apareçam. REFERÊNCIAS ARAUJO, L. C. G. de; GARCIA, A. A.; MARTINES, S. Gestão de processos: melhores resultados e excelência organizacional. São Paulo: Atlas, 2011. ARAUJO, L. C. G. de. Organização, sistemas e métodos: e as tecnologias de gestão organizacional. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MOTTA, F. C. P. Teoria das Organizações: evolução e crítica. 2. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001. As organizações vistas como sistemas abertos podem ser consideradas uma inovação nos modelos de gestão? Justifique sua resposta Atividade 3 Diagnóstico de processos organizacionais 63 GABARITO 1. A constituição da estrutura das empresas, desde o início dos seus estudos, foi organi- zada pelo modelo funcional ou departamental, aquele cuja estrutura é dividida em se- tores e departamentos. A mudança para uma estrutura por processos envolve, além de tempo e outros recursos, uma mudança de cultura nas organizações. 2. Os processos devem ser constituídos por atividades organizadas no decorrer de um fluxo. Quando desenhamos um diagrama, também chamado fluxograma, consegui- mos mais facilmente localizar atividades redundantes ou desnecessárias e buscar oti- mizar esse percurso. 3. Os estudos sobre os sistemas abertos e a troca entre o sujeito e o ambiente tiveram início na década de 1950, com o biólogo Ludwig Von Bertalanffy, e logo partiram para ouras áreas, como a administração. Porém, muitas empresas ainda deixam de con- siderar essa troca no seu planejamento por falta do uso de indicadores apropriados para a ação. 64 Modelos de Gestão 3 Gestão estratégica nas organizações Para uma organização ser competitiva não basta oferecer bons produtos e serviços, ela precisa estruturar seu planejamen- to estratégico, pois esse servirá como norteador de suas ações. O planejamento deve ser elaborado pelos gestores considerando objetivos, metas, missão, visão e valores para que a empresa pos- sa ser eficiente, se ajustar rapidamente às mudanças de mercado e atender às necessidades dos stakeholders, ou seja, das partes interessadas da organização, principalmente os clientes, os acio- nistas e a sociedade. Para que a organização consiga estruturar seu planejamento, uma das ferramentas utilizadas é a matriz SWOT, que estuda o am- biente interno, por meio das forças e fraquezas da empresa, e o ambiente externo, monitorando oportunidades e ameaças. Com base nesse conhecimento, a organização define em seu planeja- mento qual é a melhor estratégia a ser empregada para atingir seus objetivos, considerando sua forma de trabalhar, seu mercado e o contexto em que está inserida. A gestão estratégica envolve, além do planejamento, a com- preensão de quais são as estratégias mais utilizadas pelas orga- nizações e quais são as mais adequadas ao modelo de gestão de cada empresa, visto que deve considerar os diferentes níveis or- ganizacionais, seu porte e sua estrutura e a natureza dos seus ne- gócios. Dessa forma, neste capítulo, conheceremos os fatores que envolvem a gestão estratégica e como se elabora um planejamento estratégico, a fim de promover o desenvolvimento organizacional. Gestão estratégica nas organizações 65 3.1 Planejamento estratégico Vídeo O planejamento estratégico é um mecanismo da gestão estratégi- ca utilizado para estabelecer o rumo da empresa em direção aos seus objetivos. Por meio dele, a organização define suas prioridades, con- centra energias e recursos, organiza suas operações e orienta os fun- cionários e outras partes interessadas nesse direcionamento. Com as definições do planejamento, a organização tem condições de estabelecer quais são os resultados pretendidos a curto, médio e longo prazo, bem como os indicadores de comparação e avaliação com os re- sultados alcançados durante o seu percurso. Segundo Lacombe (2009, p. 28), o planejamento “é a determinação consciente de cursos de ação e engloba decisões com base em objetivos, em fatos e estimativa do que ocorreria em cada alternativa disponível”. Esse exercício possibilita à or- ganização avaliar frequentemente suas atividades e ajustar rapidamente a sua direção em resposta a um ambiente em mudança. Mas como se define um planejamento estratégico? Para isso, deve- -se elaborar um documento (plano estratégico) com a participação e o envolvimento dos responsáveis pela organização e de outras pes- soas que possam contribuir (funcionários, clientes e fornecedores) e considerar diversos documentos – por exemplo, relatórios de vendas, projeções de crescimento, participação no mercado, estabilidade ou mudanças no mercado, entre outros. Quando mais pessoas são envolvidas na elaboração do plano, possibilita-se que os gerentes e suas equipes deem um passo para trás e examinem onde estão, para onde querem ir e quais são os percursos mais interessantes para atingir seu objetivo. Na ausência de um plano, ou ainda quando esse é compartilhado apenas entre a alta direção da empresa, as atividades rotineiras acontecem de maneira improvisada, realizando-se ajustes conforme os problemas surgem. No entanto, ao contrário do improviso, o planejamento carece de um senso de propó- sito e prioridade, pois os funcionários devem saber claramente o que se espera deles e o que estão buscando com seu trabalho. Desse modo, quais são as vantagens de se elaborar o planejamento estratégico? 66 Modelos de Gestão A empresa que tem definido seu planejamento deixa de adotar es- tratégias relativas às mudanças de cenário e passa a desenvolver ações proativas, antecipando possíveis dificuldades e oportunizando situações que outras não terão tempo hábil de aproveitar, visto que não traçaram objetivos. O próprio processo de elaboração do planejamento estraté- gico contribui significativamente para melhorar o desempenho geral de uma empresa, independentemente do sucesso de uma estratégia espe- cífica, pois reunir as pessoas para traçar os rumos da organização já faz elas pensarem sobre o modo como executam suas operações. A elaboração do planejamento estratégico não é uma ação exclusiva das grandes empresas com envolvimento de diversas áreas e pessoas. O plano estratégico pode ser escrito para uma pequena empresa, mes- mo que de maneira simplificada, para orientá-la no seu crescimento. O importante é que ele seja coerente com o negócio e não uma fórmula pronta, copiada de outras organizações, sem compreender sua realida- de e suas particularidades. Uma das maneiras de facilitar essaelabora- ção é considerar alguns elementos básicos que fazem parte do plano e podem ser adaptados para todas as organizações. São eles: • Declaração de visão: uma declaração de visão descreve o modo como a organização vê seu negócio; ela deve ser clara e capaz de se comunicar com seus funcionários e clientes de uma forma inspiradora. A declaração de visão não é estática e absoluta, ela deve ser revi- sada quando necessário para garantir que sempre esteja alinha- da com as mudanças que a empresa enfrenta. • Declaração de missão: enquanto uma visão descreve a maneira como sua organização projeta seu negócio para seus clientes e stakeholders, a missão tem a função de relatar o que a empresa realiza atualmente. Assim, ela deve ser capaz de descrever o que a empresa faz, para quem e como. Além disso, buscar a realização da missão da empresa no dia a dia deve conduzi-la ao alcance da visão que foi determinada. Uma declaração de missão pode ampliar suas escolhas e/ou restringi-las. • Valores organizacionais: a declaração dos valores de uma orga- nização descreve suas crenças e seus comportamentos. Em seu Stakeholders são chamadas as partes interessadas na orga- nização, não apenas os sócios, mas também clientes, sociedade e governo. Todos os que de alguma maneira são impactados (positiva ou negativamente) pelos resultados da empresa, de maneira direta ou indireta. Glossário Gestão estratégica nas organizações 67 conjunto, os valores de uma empresa constituem a sua cultura, – elemento fundamental no desenvolvimento das atividades da empresa – indicando de que maneira serão conduzidas as ativi- dades e orientados os funcionários para buscar a visão e a mis- são da empresa. • Objetivos e metas de curto, médio e longo prazo: as organiza- ções devem traçar seus objetivos e suas metas para diferentes períodos, proporcionando à gestão os mecanismos de controle de suas operações. Devemos iniciar a definição dos objetivos por aqueles de maior prazo, para um ano, por exemplo, sempre ten- do como alinhamento a missão e visão da empresa. Depois de definidos os objetivos anuais, a empresa pode deta- lhá-los em objetivos menores, como trimestrais, e esses, ainda, em objetivos e metas de curto prazo, com a duração de um mês. Quando a empresa vai descrever seus objetivos, ela pode con- siderar algumas características fundamentais que esses objeti- vos devem abranger e que podem ser resumidas no acrônimo SMART (tradução literal: esperto), descrito a seguir. Ap pl ei ng /s hu tte rs to ck Mensuráveis (Measurable) Específicos (Specific) Alcançáveis (Attainable) Realistas (Realistic) Devem considerar prazos (Time-bound) Considerando essas principais características, a empresa conse- gue definir objetivos claros a todos e facilitar sua análise e seu controle; além disso, a organização precisa definir de que forma irá atingi-los, o que será definido por meio dos planos de ação. • Planos de ação: cada objetivo deve ter um plano que detalha como ele será alcançado. A quantidade de detalhes depende da 68 Modelos de Gestão quantia de flexibilidade que se deseja que os gerentes e a equipe tenham. Quanto mais detalhes fornecidos, menos flexibilidade existe para aqueles que seguem o plano. • Orçamento: de nada adianta a empresa elaborar um planeja- mento detalhado de suas ações, suas operações e seus objetivos se não colocar claramente quanto irá gastar em cada uma dessas atividades. O orçamento deve ser o principal instrumento para a organização saber se conseguirá seguir o seu planejamento de maneira eficaz. Cumprir seus objetivos e suas metas dentro do orçamento deve ser uma prioridade na análise, pois a empresa que não considera o orçamento pode ter a visão enganosa de que está atendendo ao seu planejamento, visto que consegue atingir seus objetivos; porém, isso pode estar acontecendo com um valor muito acima do possível. • Análise SWOT: SWOT ou FOFA, em português, é um acrônimo para quatro elementos que devem ser considerados no plane- jamento estratégico de uma organização: forças, oportunidades, fraquezas e ameaças. A análise SWOT fornece às empresas uma investigação situacional interna e, considerando o ambiente ex- terno, também sobre sua posição no mercado. Em sintese, consi- deramos os seguintes aspectos: pr iz m a/ Sh ut te rs to ck STRENGTHS (FORÇAS): THREATS (AMEAÇAS): OPPORTUNITIES (OPORTUNIDADES): WEAKNESSES (FRAQUEZAS): • vantagens; • capacidades; • recursos. • obstáculos; • efeitos externos; • riscos. • possibilidades; • desenvolvimentos; • benefícios. • desvantagens; • vulnerabilidades; • limitações. Na sequência, veremos como levantar esses aspectos e analisá-los, buscando detalhar no planejamento quais são os elementos que de- vem ser considerados em cada ambiente. O livro Planejamento estratégico reúne alguns artigos de autores re- nomados publicados na revista Harvard Business Review sobre temáticas voltadas ao planejamen- to estratégico e que agregam teoria sobre o assunto. Além disso, são abordados estudos de casos de grandes corporações. HARVARD BUSINESS REVIEW. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002. Livro Quais são os aspectos funda- mentais que o planejamento estratégico de uma organização deve conter para que ela acom- panhe a sua execução? Atividade 1 Gestão estratégica nas organizações 69 3.1.1 Ambiente interno O ambiente interno das empresas é constituído por todas as operações que ocorrem dentro das organizações, como produção, marketing, gestão de pessoas, financeiro, logística e outras. Também devemos considerar os recursos envolvidos nessa análise, por exem- plo, recursos financeiros, tecnológicos, informacionais, físicos e huma- nos. Para que a empresa possa compreender seu ambiente de maneira integral, ela precisa realizar uma análise interna, investigando vários fatores para determinar se eles podem ser considerados como pontos fortes ou fracos. Os principais fatores a serem considerados em uma análise interna são: • situação financeira da empresa; • qualidade do produto e serviço; • cultura da empresa (conservadora, inovativa, colaborativa etc.); • capacidade de marketing; • condições das instalações e dos equipamentos; • inovações na área de pesquisa e desenvolvimento; • qualificação e diferencial dos recursos humanos; • estilo de liderança organizacional; • estrutura (física, tecnológica, de informações etc.) da organização; • objetivos e estratégias passados e presentes. Além de levantar esses fatores, a empresa precisa verificar todas as áreas, ou departamentos, pois elas têm um impacto substancial na sobrevivência a longo prazo. Não adianta, por exemplo, possuir um ex- celente departamento de produção e não ter um setor de vendas com- petente e comprometido na abordagem e entrega dos produtos. Esse tipo de levantamento é fundamental para descobrir os pontos fortes e fracos de uma organização. Para Oliveira (2007), a análise interna deve ser feita com o propósito de identificar as deficiências e qualidades da empresa, ou seja, os seus pontos fortes e fracos considerando o segmento em que ela está inse- rida. A análise interna deve, assim, reconhecer e avaliar os recursos, as capacidades e as competências essenciais na organização. Os recursos são os ativos que uma organização possui para realizar suas atividades e seus processos relativos a sua definição de negócios, missão de ne- 70 Modelos de Gestão gócios e metas e objetivos. Nessa análise se consideram, ainda, as ca- pacidades (de produção, de atendimento ao mercado, de distribuição etc.) e as competências essenciais, que são as principais habilidades de criação de valor da organização. Com essa análise, a organização tem condições de identificar os pontos fortes e fracos do seu negócio (aspectos internos da matriz SWOT) para conduzir-se a uma estratégia de melhor competitividade. Alguns elementos são mais fáceis de serem observados, ou ainda exis- tem relatóriosque comprovem suas operações; já outros demandam tempo e investigação por parte dos gestores para que possam explo- rá-los ao máximo e tirar proveito estratégico (pontos fortes), podendo também eliminá-los ou corrigi-los (pontos fracos). E como as empresas podem realizar esse levantamento? Uma das formas que as organizações utilizam para, primeiramente, levantar seus pontos fortes, ou seja, as atividades que são destaque em suas operações, é buscar responder as seguintes questões: • O que nossa empresa faz bem (em vendas, marketing, operações, gestão etc.)? • Quais são as principais competências da nossa empresa? • O que nos diferencia de nossos concorrentes? • Por que nossos clientes compram de nós? Essas questões devem ser discutidas com as principais pessoas en- volvidas nesses processos. Apesar de serem questões amplas, podem levar a observações de medidas que são destaque e outras que estão sendo negligenciadas pelas equipes envolvidas. Além dessas medidas mais amplas, podemos considerar outras questões de processos internos na empresa que podem ser pontos fortes, como a utilização de sistemas e equipamentos de tecnologia de ponta para realizar seu trabalho, o grau de especialização técnica da mão de obra, uma logística com alto índice de eficiência ou ainda quando as metas financeiras estão sendo cumpridas e os objetivos do planejamento estratégico estão sendo atingidos ou superados. Agora, da mesma maneira que existem os pontos fortes, a organi- zação não deve ignorar aquilo que precisa melhorar, ou seja, os seus pontos fracos internos; estes devem ser levados em consideração para Gestão estratégica nas organizações 71 que ela possa tomar medidas corretivas e evitar que eles atrapalhem a sua situação no mercado. Uma análise interna deve ser capaz de indicar as fraquezas organi- zacionais em atividades ou áreas que precisam de melhorias e os obje- tivos que não estão sendo realizados. Podemos levantar esses pontos fracos da mesma maneira, questionando aos envolvidos sobre as li- mitações que a empresa enfrenta nas suas atividades cotidianas, bem como no cumprimento dos objetivos definidos em seu planejamento estratégico. Para tanto, a empresa pode questionar: • O que impede a entrega de produtos melhores aos clientes? • Onde nossa organização tem insuficiência de recursos? • O que nossa empresa pode fazer melhor? • Onde estamos perdendo dinheiro? • Em que áreas nossos concorrentes têm vantagem? As respostas a essas questões podem trazer reflexões de como a empresa pode melhorar naquilo que é considerado como deficitário ou os pontos fracos. Com base no levantamento das deficiências, a organi- zação pode reunir sua equipe gestora para revisar seu plano estratégi- co com o intuito de melhorar ou eliminar pontos fracos. 3.1.2 Ambiente externo A análise do ambiente externo de uma organização deve conside- rar todos os fatores que acontecem fora da organização e afetam o desempenho do seu planejamento estratégico, ou seja, que não tem interferência direta sobre. Esses fatores podem estar relacionados a mudanças externas e têm como principais variáveis os aspectos des- critos a seguir. • Econômicos: taxas de juros, desemprego, inflação e demanda influenciam diretamente as organizações. Por exemplo, em um cenário com alta inflação, a empresa acaba adquirindo recursos mais caros, o que causa impacto em seus custos e consequente- mente no seu preço de venda. Em um ambiente com elevadas taxas de juros, os consumidores em potencial ficam menos pro- pensos a emprestar dinheiro e a organização deve tomar cuidado com as taxas de parcelamento de seus produtos. 72 Modelos de Gestão • Socioculturais: hábitos, valores e características demográficas da população são fatores externos que impactam o planejamento. Essa dimensão mostra as tendências do ambiente social que po- dem afetar as vendas da empresa, ao considerar variáveis como preferências, idade, sexo, qualidade de vida e hábitos de consumo. • Tecnológicos: afetam a organização quando considerado seu acesso a tecnologias modernas, as quais, por exemplo, facilitam suas operações e reduzem custos e prazos. Também devem ser levados em consideração o desenvolvimento econômico regional e o investimento em pesquisas científicas e inovação. • Políticos e legais: fatores como estabilidade política, interesses políticos em determinados tipos de produtos/serviços para a re- gião, regulamentações legais, mudanças da legislação vigente e políticas internacionais influenciam fortemente as condições so- cioeconômicas prevalecentes nas organizações. • Negociações internacionais: quando relacionadas à dimensão política e legal, no que diz respeito à cooperação e às relações in- ternacionais, afetam diretamente as organizações que têm filiais no exterior ou realizam negociações comerciais com outros países. • Naturais: decorrentes de mudanças climáticas que possam im- pactar os negócios da empresa ou a região onde ela atua. A in- cidência de catástrofes naturais, por exemplo, pode ocasionar alterações necessárias não previstas no planejamento estratégi- co das empresas. Uma maneira de organizar esses fatores no ambiente externo é se- gundo a classificação organizada por Certo e Peter (2005), que consi- deram esses elementos como integrantes de um ambiente geral, no qual todas as empresas estão inseridas. Também existe um ambiente operacional que afeta diretamente algum setor da economia ou deter- minado grupo de empresas, em que são fatores de impacto os clientes, os fornecedores, a mão de obra e os concorrentes diretos. Essas mudanças, considerando sua origem e intensidade, podem ser encaradas como oportunidades ou ameaças para as organizações, de- pendendo da forma como impactam os negócios de uma empresa. Opor- tunidades são situações que existem e podem ser consideradas positivas, mas que devem ser postas em prática para que o negócio se beneficie Gestão estratégica nas organizações 73 delas; caso contrário, outras empresas que estão no mesmo ambiente podem se beneficiar, pois o mercado está disponível para todos. Essas oportunidades e ameaças presentes no ambiente externo po- dem ser classificadas de duas formas: Quando qualquer mudança no ambiente tem um impacto imediato e afeta diretamente o pla- nejamento da organização, por exemplo, um novo concorrente entrando no mercado. Quando as alterações no ambiente têm um efei- to secundário e futuro sobre a organização. Por exemplo, uma mudança na legislação pode ter impacto na empresa, porém existe um prazo para adaptação e todos que estão nesse am- biente deverão fazer os mesmos ajustes. Impacto direto (ambiente operacional) Impacto indireto (ambiente geral) Para que a empresa possa aproveitar as oportunidades, ela precisa identificá-las no ambiente. E o que são as oportunidades? Segundo Hitt et al. (2008, p. 37), “oportunidade é uma condição no ambiente geral que, se explorada, ajuda a empresa a obter competitividade estraté- gica”. Para que possamos identificá-las no ambiente externo e então formular alterações possíveis no planejamento estratégico, devemos, assim como no ambiente interno, fazer algumas perguntas: • Quais são as novas necessidades de clientes que nossa empresa poderia atender? • Quais são as tendências econômicas que beneficiam nossa organização? • Quais são as oportunidades políticas e sociais emergentes? • Quais são os nichos que os concorrentes da nossa empresa perderam? O ambiente externo possui oportunidades para a empresa se be- neficiar caso seja eficiente e consiga se adaptar, mas também existem ameaças. Hitt et al. (2008, p. 37) definem ameaça como “uma condição do ambiente geral que pode impedir os esforços de uma empresa em obter competitividade estratégica”, ou seja, são alterações que podem prejudicar a empresa caso ela não as perceba e não faça os ajustes necessários para minimizar ou eliminar as ameaças às suas operações. Para levantar as ameaças,isto é, as condições externas ou barreiras que podem impedir uma empresa de atingir seus objetivos, a organiza- ção pode realizar os seguintes questionamentos: 74 Modelos de Gestão • Quais são as tendências econômicas negativas para o setor da nossa empresa? • Quais são as tendências políticas e sociais que podem prejudicar a empresa? • Onde os concorrentes estão em vantagem? • Onde nossa empresa está vulnerável? • Em que aspectos nossos clientes estão insatisfeitos com nossos produtos e serviços? Exemplos de ameaças externas incluem regulamentos (novos e existentes), concorrentes (novos e existentes), novas tecnologias que podem tornar seus produtos ou serviços obsoletos, sistemas políticos e jurídicos instáveis em mercados estrangeiros e crises econômicas. Com base nesses questionamentos e em outros que podem ser feitos, a em- presa consegue ter uma visão de ameaças possíveis e, com isso, tenta traçar novos objetivos e metas para alterar seu planejamento e corrigir o rumo antes que sofra um impacto negativo maior. Compreendendo esses fatores que fazem parte do planejamento, a organização consegue delinear sua estratégia para ser competitiva e eficiente no cenário em que atua. Cada estratégia deve ser elabo- rada considerando a realidade da empresa e a maneira como ela está estruturada. Vamos verificar esses aspectos na próxima seção. 3.2 Estratégias nas organizações Vídeo A estratégia organizacional pode ser considerada a soma das ações que uma empresa pretende realizar para atingir os objetivos descritos em seu planejamento estratégico. Para a sua determinação, devem ser seguidas três etapas essenciais que estão no seu planejamento: formu- lação, implementação e avaliação. Vamos entender cada uma delas. Formulação de estratégia Nesse primeiro momento a empresa faz a avaliação de sua situação atual, que pode ser realizada por auditorias, ajudando na elaboração da análise SWOT, como vimos anteriormente. Com o resultado da aná- lise, os gerentes têm subsídios para decidir em quais planos ou mer- Gestão estratégica nas organizações 75 cados devem se concentrar ou quais devem abandonar, como alocar melhor os recursos da empresa e se precisam realizar algumas ações, por exemplo, expandir ou retrair as operações da empresa. As estratégias de negócios têm efeitos de longo prazo no sucesso organizacional. Normalmente, apenas os executivos da alta adminis- tração estão autorizados a atribuir os recursos necessários para sua implementação. Implementação da estratégia Etapa seguinte, na qual a empresa precisa estabelecer metas ou objetivos específicos relacionados a colocar a estratégia em ação e alo- car recursos para a execução dessa estratégia. O sucesso desse estágio pode ser determinado pela habilidade de a alta administração comuni- car claramente a estratégia escolhida em toda a empresa e fazer com que todos os seus funcionários se sintam parte do processo para colo- car a estratégia escolhida em ação. A implementação eficaz da estratégia envolve o desenvolvimento de uma estrutura sólida que sirva para implementar a estratégia, maximizar a utilização dos recursos relevantes e redirecionar os esforços de marketing, alinhando-os com as metas e os objetivos da estratégia. Avaliação da estratégia Não basta a organização implantar a estratégia de maneira eficaz, é necessário verificar como está o seu andamento para possíveis ajustes. Nesse estágio, a empresa deve revisar seus fatores internos e externos, medir o desempenho nos períodos estabelecidos e tomar medidas corretivas a tempo para garantir o sucesso da sua estratégia. Por exemplo, depois de implementar uma estratégia para ampliação de vendas com uma plataforma de e-commerce, a organização precisa avaliar se esse canal está competindo com as suas lojas físicas ou atraindo novos clientes. Com base nessas análises, ela deve adequar seu posicio- namento e sua comunicação para atender melhor os seus consumidores. 76 Modelos de Gestão As etapas para validação da estratégia devem ocorrer nos três níveis hierárquicos: alta administração, gerências e nível operacional. Assim, é imprescindível promover a comunicação e a interação entre colabo- radores e gestores em todos os níveis, de modo a auxiliar a empresa a operar como uma equipe mais funcional e eficaz. A organização precisa ter um direcionamento em sua estratégia, a qual deverá ter sua origem na missão definida, ou seja, na razão pela qual a empresa existe, e considerar os demais elementos do planeja- mento para se fundamentar. Muitos empreendimentos buscam mon- tar uma estratégia organizacional apenas com elementos internos, sem prestar atenção às melhores práticas em torno deles; por isso também abordamos a importância de se conhecer o ambiente externo. O desenvolvimento de uma estratégia organizacional requer recur- sos e tempo; porém, quando essa é bem formulada, auxilia a empresa na busca por um melhor posicionamento no mercado, bem como na compreensão do cenário em que atua e quais as perspectivas futuras. Muitas vezes, as pessoas falam sobre diferentes tipos de estratégias, referindo-se a aquelas que se relacionam apenas a uma parte especí- fica de uma organização. Normalmente existem três níveis diferentes de estratégias: corporativa, de negócios e funcional. A hierarquia delas está representada na Figura 1. Estratégia corporativa Estratégias de negócios Estratégias funcionais Figura 1 Níveis das estratégias Fonte: Elaborada pela autora. Gestão estratégica nas organizações 77 3.2.1 Estratégias corporativas Cosideradas as mais amplas da organização, as estratégias corpora- tivas determinam no planejamento estratégico qual é o posicionamento da empresa a longo prazo e quais ações devem ser priorizadas, com o objetivo de obter vantagem competitiva sobre outros participantes do mercado ao mesmo tempo que cumpre as promessas feitas aos seus clientes. Embora cada empresa deva criar sua estratégia individual, conside- rando a sua realidade particular, esse modelo de estratégia corporativa pode ser classificado basicamente em quatro grupos, descritos a seguir. 3.2.1.1 Estratégia de crescimento Esse tipo de estratégia é adotada por organizações que têm como objetivo expandir os mercados atendidos ou produtos oferecidos, apli- cando-a em seus negócios atuais ou criando novos negócios. Em razão de sua estratégia de crescimento, uma empresa pode aumentar as re- ceitas, o número de funcionários ou a participação no mercado. Dentro dessa estratégia, as organizações podem crescer por meio de concen- tração, diversificação, integração vertical e integração horizontal. Dessa maneira, a estratégia de concentração é utilizada quando uma empresa planeja crescer permanecendo no mercado em que já está operando e oferecendo os mesmos produtos para o mesmo pú- blico, porém aumentando a quantidade ofertada. A diversificação é um tipo de estratégia muito utilizada quando a organização amplia a sua oferta de produtos ou serviços com a intro- dução de novas versões ou, até mesmo, a mudança para produtos no- vos em mercados ainda não atendidos. Já a integração vertical diz respeito a quando a empresa amplia a sua participação em mais etapas da cadeia produtiva, por exemplo, realizando atividades de distribuição ou de fornecedores antes execu- tadas por outras organizações. Por fim, a integração horizontal ocorre quando a empresa au- menta sua oferta de produtos ou serviços no mesmo mercado, seja pela aquisição de concorrentes diretos, ou seja por parcerias com 78 Modelos de Gestão empresas semelhantes em outras áreas geográficas não atendidas anteriormente. 3.2.1.2 Estratégia de estabilidade Como o nome sugere, essa estratégia corporativa é a escolhida por organizações que pretendem se manter no mercado sem grandes alterações no seu comportamento. Essas empresas têm como objeti- vo continuar atendendo os clientes de sempre, oferecendo o mesmo produto ou serviço, mantendo a participaçãono mercado e sustentan- do suas operações de negócios atuais. Nesse caso, a organização não cresce, mas também não reduz as suas operações. Quando uma empresa adota essa estratégia, seu foco pode estar direcionado em obter maior lucratividade com o negócio existente, o que pode acontecer por meio de corte de custos, ajuste de preços e re- dução de perdas, ou simplesmente em permanecer como está, porque considera que a situação atual é satisfatória. 3.2.1.3 Estratégias de retração Como o nome já indica, esse conjunto de estratégias é o oposto das estratégias de crescimento, pois tem como objetivo principal buscar reverter uma trajetória negativa e melhorar a posição da empresa fa- zendo alterações significativas no seu planejamento. As estratégias de retração podem incluir medidas para gestão de crise, as quais podemos citar: reestruturação financeira, redução de produtos, de serviços (quantidade, variedade) e de custos por meio da automação de processos, das jornadas de trabalho etc. A organização também pode ter como estratégia de retração o movi- mento de se desfazer de partes de um negócio, terceirizando ou mesmo vendendo unidades, e optar assim por se concentrar nos negócios prin- cipais (ou naqueles mais lucrativos). Dessa maneira, a empresa consegue gerar capital para reinvestir nas linhas de negócios que decidir manter. 3.2.1.4 Estratégia de reinvenção A estratégia de reinvenção é uma possibilidade para empresas ou- sadas que percebem uma oportunidade, em determinado momento de crise ou alguma mudança de mercado, e decidem reinventar seus Gestão estratégica nas organizações 79 negócios, muitas vezes com o apoio de novas tecnologias. Essa rein- venção pode acontecer de duas maneiras: evolutiva ou revolucionária. As estratégias evolutivas normalmente não mudam o modelo de negócios completamente, mas evoluem a maneira como o serviço é prestado; além disso, as empresas podem atualizar alguma caracterís- tica de seu produto para melhorar sua oferta aos clientes. Um exemplo dessa estratégia foi a utilizada pela Netflix, que locava filmes em DVD e mudou para a prestação de serviços de assinatura de filmes por de- manda, o modelo chamado de streaming. Já as estratégias revolucionárias, também denominadas disruptivas, têm como característica mudar completamente o modelo de negócios, gerando valor para os consumidores já existentes e novos. Essa dinâmi- ca não altera apenas a empresa, mas também leva mudanças significa- tivas a todo o mercado. Um exemplo dessa estratégia foi o da empresa Uber, que reinventou totalmente a forma dos serviços de transporte particular e impactou tanto os motoristas (os novos da plataforma e os de táxi, já existentes) quanto os passageiros. 3.2.2 Estratégias de negócios Como vimos, o foco da estratégia corporativa abrange o planeja- mento de toda a organização. Por meio da sua estratégia, será deter- minado o caminho para a criação de valor para os stakeholders. Quando falamos das estratégias de negócios, elas têm como objetivo definir o caminho a ser seguido para um negócio da empresa ou, ainda, para um grupo de clientes específico. Essas estratégias relacionadas a um tipo de negócio também são conhecidas como estratégias de nível de negócios e são desenvolvidas pelos gerentes gerais, que convertem missão e visão em estratégias concretas a fim de colocar em prática as definições da estratégia corpo- rativa. É como um projeto de todo o negócio, que considera os aspec- tos como lucratividade, sustentabilidade, oferta de produto ou serviço, preços, segmentação de cliente etc. para definir de maneira prática as ações e os objetivos que deverão ser adotados para aquele propósito maior. A complexidade desse nível dependerá da quantidade de negó- cios em que a empresa atua e de como ela está estruturada. Quando são definidas estratégias diferentes para cada unidade de negócios, é A reportagem Originali- dade, posicionamento e di- vulgação: o que você pode aprender com a estratégia da Netflix apresenta os principais pontos da es- tratégia de reinvenção de negócios da Netflix, abor- dando também como outras empresas podem se beneficiar desse tipo de estratégia. Disponível em: https://rockcontent. com/br/blog/estrategia-da-netflix/. Acesso em: 5 nov. 2020. Leitura Uma organização pode adotar diferentes estratégias corporativas de acordo com quais interesses? Justifique sua resposta. Atividade 2 A dissertação Uber: inovação disruptiva e ciclos de intervenção regulatória apresenta a estratégia da empresa Uber, que ex- pandiu seus negócios em todo o mundo; porém, em muitos casos, como no Brasil, no início houve questionamentos sobre a concorrência com as empresas de táxis, que são regulamentadas pe- las prefeituras. O estudo aborda essas questões tanto do ponto de vista da estratégia quanto da regulamentação jurídica. TELÉSFORO, R. L. 2016. Dissertação (Mestrado em direito de regulação) – Escola de Direito do Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro. Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/ dspace/handle/10438/18082. Acesso em: 5 nov. 2020. Leitura https://rockcontent.com/br/blog/estrategia-da-netflix/ https://rockcontent.com/br/blog/estrategia-da-netflix/ https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/18082 https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/18082 80 Modelos de Gestão possível verificar o desempenho de cada uma individualmente e de que forma estão contribuindo para o negócio como um todo. A elaboração de estratégias nesse nível permite que a empresa co- nheça os resultados de cada uma, considerando os custos e resultados de toda unidade. Essas informações são úteis quando a organização necessita escolher entre investimentos ou cortes, pois ela saberá quais são as unidades que trazem maiores resultados para, assim, optar por se concentrar nas áreas que são mais importantes e rentáveis para al- cançar a estratégia corporativa. A estratégia corporativa de expansão, por exemplo, precisa definir quais áreas ou negócios serão ampliados e, então, os gerentes de ne- gócios deverão elaborar os objetivos em seu planejamento para colo- car em prática essa expansão. Quais serão os novos produtos desenvolvidos? Quais serão os no- vos mercados atingidos? Qual será o retorno financeiro esperado com essa ampliação? Essas são algumas das questões a serem respondidas nesse nível da estratégia. 3.2.3 Estratégias funcionais No terceiro nível está a estratégia funcional, que desmembra as estratégias anteriores (corporativa e de negócios) para as funções ou áreas específicas da organização. Essa estratégia é desenvolvida pelos gerentes ou supervisores de primeira linha e envolve a tomada de de- cisões no nível operacional em relação a áreas funcionais específicas, como marketing, produção, recursos humanos, pesquisa e desenvolvi- mento, finanças etc. Desse modo, devemos considerar as mudanças que ocorrerão em cada uma das funções no contexto de toda a estratégia da organização, ou seja, como essa função poderá agregar valor ao resto da empresa. São observados os aspectos como serviços oferecidos, capacidade de produção, disponibilidade de pessoal, qualidade dos serviços presta- dos interna e externamente, logística, entre outros. Alguns questionamentos podem ser feitos pelos supervisores res- ponsáveis por traduzir as estratégias mais amplas para a sua equipe de trabalho e transformá-las em objetivos de curto prazo e planos de ação eficientes: como podemos atender melhor os nossos clientes (internos Gestão estratégica nas organizações 81 e externos)? Como podemos melhorar a qualidade dos produtos e ser- viços prestados? Como podemos reduzir os custos em nosso setor? É importante que a organização considere que esse nível de estra- tégia deve elaborar as medidas e os projetos mais detalhados e certifi- car-se de que as metas estejam alinhadas com as do nível corporativo e de negócios. Por exemplo, em uma estratégia de retração,cada se- tor deve verificar de que maneira pode contribuir para eliminar des- perdícios, retrabalhos, falhas e outros custos que onerem a empresa, elaborando metas claras e de curto prazo para sua redução. Se todos fizerem as atividades internamente, não apenas apontando para ou- tros setores ou vendo os custos macro da empresa, há maior chance de uma rápida recuperação. Na sequência, vamos abordar o desenvolvimento organizacional não apenas do ponto de vista da evolução da forma de gestão, mas considerando o modelo de estratégia de negócios que vimos até então. 3.3 Desenvolvimento organizacional Vídeo O desenvolvimento organizacional (DO) pode ser definido como uma metodologia baseada em objetivos, a qual é usada para iniciar uma mu- dança de sistemas em uma organização. Assim, o DO é alcançado por meio de uma alteração nos processos de comunicação ou em sua es- trutura de suporte. Estudar o comportamento dos funcionários permite que os profissionais examinem e observem o ambiente de trabalho e antecipem mudanças que são efetivadas para alcançar um desenvolvi- mento organizacional sólido. Dessa maneira, o desenvolvimento organizacional trata da melhoria da eficiência e da produtividade nas empresas. Um processo de DO eficaz auxilia as organizações a resolverem problemas e encontrarem maneiras mais eficientes de realizarem suas operações. Trata-se de um processo crítico que ajuda as empresas a construírem sua capacidade de mudar e alcançar maior eficácia, desenvolvendo, melhorando e re- forçando estratégias, estruturas e processos. O DO é um processo estruturado e baseado em fatos. Ele consi- dera as evidências científicas como entradas, constrói por meio delas um processo estruturado e controlado para testar hipóteses e, por fim, 82 Modelos de Gestão testa se os resultados refletem a intenção da intervenção para alcançar maior eficácia. De acordo com Albuquerque e Leite (2009, p. 75), o processo de desenvolvimento organizacional abrange a visão da organização, a formulação e a implementação da estratégia de gestão de pessoas, bem como o feedback contínuo e a avalia- ção dos resultados, com vistas a orientar e empreender as ações organizacionais de natureza estratégica, tática e operacional. Os resultados normalmente buscados com o desenvolvimento or- ganizacional são: melhor desempenho financeiro; busca de vantagem competitiva; aumento na satisfação do cliente; envolvimento dos mem- bros da organização; e maior capacidade de se adaptar e renovar a organização. O DO deve ter como objetivo a mudança de todo um sistema, por exemplo, uma equipe, uma unidade departamental ou mesmo de toda a organização. Faz parte do DO desenvolver, melhorar e reforçar estra- tégias, estruturas e processos nas organizações para conquistar a nova posição esperada. Isso implica uma abordagem de sistemas que consi- dera a empresa como um conjunto de processos integrados interna e externamente e com visão holística do negócio. O desenvolvimento organizacional cria um padrão constante de me- lhoria, no qual as estratégias são desenvolvidas, testadas, implementa- das e avaliadas por resultados e qualidade. Em essência, esse processo cria um ambiente favorável a mudanças internas e externas, incenti- vando a melhoria contínua. A implantação de mudanças normalmente afeta a organização se não for bem conduzida; portanto, para um trabalho de desenvolvimen- to organizacional eficaz, os funcionários devem ser envolvidos e comu- nicados sobre os benefícios que surgirão com as mudanças. A primeira etapa a ser feita no desenvolvimento organizacional é a identificação das áreas em que são necessárias alterações, bem como a descoberta de seus efeitos potenciais. Por exemplo, a empresa pode ter relatórios que constatam que a produtividade dos funcionários do departamento de operações diminui no final da semana – uma hipóte- se é que os funcionários podem estar cansados e mais interessados no fim de semana que se aproxima, podendo comprometer alguns proje- tos que possuem prazos curtos. Indicamos que você assis- ta ao vídeo Série Américo Figueiredo| 3 de 6 | Desen- volvimento organizacional para novos tempos, o qual apresenta uma entrevista com Américo Figueiredo, que foi vice-presidente de RH da Nextel, e fala sobre a importância de integrar as pessoas no desenho estratégico das organizações, principal- mente quando tratamos de mudanças. Disponível em: https://espresso3. com.br/desenvolvimento- organizacional-para-novos- tempos/. Acesso em: 5 nov. 2020. Vídeo https://espresso3.com.br/desenvolvimento-organizacional-para-novos-tempos/ https://espresso3.com.br/desenvolvimento-organizacional-para-novos-tempos/ https://espresso3.com.br/desenvolvimento-organizacional-para-novos-tempos/ https://espresso3.com.br/desenvolvimento-organizacional-para-novos-tempos/ Gestão estratégica nas organizações 83 Uma maneira de evitar que ocorram problemas com prazos é certificar-se de que todos os projetos com prazos importantes tenham vencimento no início da semana, momento em que os funcionários es- tão mais envolvidos com as atividades. Sabendo o que precisa ser modificado, a empresa deve investigar como essas mudanças afetarão os diferentes departamentos e funcio- nários envolvidos. Assim, ela necessita criar cenários considerando os efeitos negativos e positivos que poderão ocorrer com a mudança para acompanhar sua evolução e ajustar os impactos. Os envolvidos podem fazer os seguintes questionamentos: quais serão os impactos da mu- dança? Quais serão os departamentos mais afetados? Independentemente do tamanho da mudança proposta, ela deve ser comunicada a todos aqueles que serão afetados de alguma forma. Os funcionários devem ser ouvidos, pois são as pessoas diretamente envolvidas nos processos e, com isso, podem contribuir com suges- tões. Um sistema de comunicação eficiente alinha os funcionários com as metas, os valores e os objetivos da empresa, que são fundamentais para a gestão estratégica das organizações. Um sistema de comunicação aberto permite que os funcionários en- tendam a importância da mudança em uma empresa. O desenvolvimento organizacional ativo aumenta a comunicação em uma organização, com feedback compartilhado continuamente para incentivar a melhoria. Uma atividade fundamental na implantação do desenvolvimen- to organizacional é a elaboração de um cronograma para identificar claramente as etapas que precisam ser realizadas e os treinamentos necessários para capacitar os funcionários adequadamente. Muitas mudanças exigem programas de desenvolvimento de funcionários para melhorar suas habilidades, a fim de equipá-los com competências mais relevantes para o mercado. Por exemplo, se a mudança implica em no- vas tecnologias, a empresa deve certificar-se de treinar seus funcioná- rios antes da completa substituição para evitar falhas e interrupções. Às vezes, os funcionários encontram certas barreiras quando as mudanças são feitas, que, por exemplo, podem ser problemas com co- legas e/ou outros departamentos ou até mesmo um treinamento ina- dequado. É responsabilidade da administração resolver essas barreiras para que eles possam continuar implementando as mudanças, motiva- dos com os benefícios decorrentes dessa transição. 84 Modelos de Gestão A inovação é um dos principais benefícios do desenvolvimento or- ganizacional e é um importante fator de contribuição para a melhoria de produtos e serviços nas organizações. Por meio de análises compe- titivas, expectativas do consumidor e pesquisas de mercado, o desen- volvimento organizacional promove mudanças que podem impactar os resultados financeiros positivamente. A organização que tem foco nas mudanças para melhorias pode promover um aumento da produtivi- dade e inovação e, assim, aumentar também sua eficiência. O aumento da produtividade e da eficiência de uma organização certamente promove muitos benefícios tanto para a gestão da empre- sa quanto para todos os envolvidos no processode mudança. Dessa maneira, devemos considerar que uma das melhores formas de en- corajar resultados positivos nessas métricas é usar uma estrutura de desenvolvimento organizacional bem pensada. O desenvolvimento organizacional é utilizado para equipar uma organização com as ferra- mentas certas para que ela possa se adaptar e responder positivamen- te às mudanças no mercado. Após o alinhamento dos objetivos de uma organização, ela pode se concentrar inteiramente no desenvolvimento e na qualidade do pro- duto e serviço levando a melhorias na satisfação do cliente, o que faz parte de uma gestão estratégica eficiente e bem estruturada. CONSIDERAÇÕES FINAIS A gestão estratégica das organizações é mais do que um processo de estruturação dos objetivos, das metas e dos propósitos da empresa. Ela deve ser pensada pela administração com o propósito de diferenciar a organização por meio de ações únicas, considerando seus recursos e as avaliações dos ambientes interno e externo. Existem muitas maneiras de a empresa estruturar suas ações de acordo com suas intenções no mercado e perspectivas internas, mas para promover as mudanças de maneira sistematizada e sem improvisos emergenciais, ela precisa conhecer seus processos e planejar a mudança de modo que envolva todos os interessados. Dessa forma, a gestão estratégica não é estática, ela deve ser revista periodicamente em seu planejamento e considerar todos os fatores de análise, os quais incluem indicadores internos e de mercado, bem como feedbacks constantes dos funcionários e clientes com o objetivo de moni- torar a execução e realizar os próximos planejamentos. O desenvolvimento organizacio- nal pode ser descrito como uma gestão de mudanças? Comente. Atividade 3 Gestão estratégica nas organizações 85 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, L. G.; LEITE, N. P. Gestão de pessoas: perspectivas estratégicas. São Paulo: Atlas, 2009. CERTO, S. C.; PETER, J. P. Administração estratégica: planejamento e implantação da estratégia. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. HITT, M. A. et al. Administração estratégica: competitividade e globalização. 2. ed. São Paulo: Thomson Learning, 2008. LACOMBE, Francisco. Teoria geral da Administração. São Paulo: Saraiva, 2009. OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2007. GABARITO 1. O planejamento estratégico deve conter, além de outros elementos, os objetivos, as metas, os planos de ação e o orçamento, pois é por meio deles que a empresa pode acompanhar a implementação e sua evolução e fazer ajustes caso sejam necessários. 2. A opção pela estratégia corporativa mais adequada vai ao encontro com a situação em que a empresa se encontra no mercado e o que foi definido pela sua administra- ção no planejamento. Não adianta uma empresa estar com dificuldades financeiras e buscar estratégias de crescimento nesse momento, por exemplo; nada impede que futuramente ela expanda seus negócios, porém o mais coerente é retrair algumas operações para então investir nas prioridades daquele cenário. 3. A gestão de mudanças faz parte do desenvolvimento organizacional, pois ela procura investigar o que precisa ser melhorado na empresa para depois promover as mudan- ças. No entanto, o DO é mais complexo, pois envolve a compreensão de mais aspectos da empresa (internos e externos), o desenvolvimento de pessoal e o alinhamento com a estratégia, ou seja, não apenas as mudanças para adaptação. 86 Modelos de Gestão 4 Aplicação de modelos de gestão nas organizações As organizações, dependendo do seu contexto e estilo de administração, podem optar por diferentes modelos de gestão. Os modelos apresentados neste capítulo têm suas vantagens e al- gumas dificuldades para serem implantados, por isso é fundamen- tal compreender a cultura da empresa e verificar qual se enquadra melhor em cada organização. Os modelos de gestão por resultados têm a participação de todos os colaboradores na construção dos indicadores visando à busca de objetivos definidos pela empresa. A gestão por processos tem uma abordagem com maior ên- fase na conexão interna entre as diversas etapas do processo, buscando reduzir custos, retrabalhos e redundância nas ativida- des. O enfoque é em como fazer para melhorar e consequente- mente atingir melhores resultados. A gestão participativa é uma forma de administrar com a par- ticipação e contribuição de todos da organização. A busca de mo- tivação e novas ideias é o ponto-chave dessa metodologia, pois, com mais pessoas pensando, novas abordagens podem surgir e a empresa consegue inovar mais rapidamente do que se estivesse usando outros modelos. Nada impede uma empresa de adotar mais de um modelo de gestão, principalmente grandes organizações que têm caracterís- ticas distintas dependendo do seu público-alvo ou das áreas de atuação, o importante é identificar qual abordagem representa mais a cultura da instituição, traz melhores resultados e busca identificar o melhor estilo gerencial. Aplicação de modelos de gestão nas organizações 87 Também tratamos neste capítulo das funções, competências e habilidades necessárias aos gestores da organização, pois cada modelo de gestão irá demandar estilos gerenciais com característi- cas e abordagens diferenciadas. 4.1 Modelo de gestão por resultados Vídeo O modelo de gestão por resultados, também conhecido como gestão por objetivos, é usado para descrever quando a estratégia de uma organização é orientada para os fins em vez de se concentrar nos meios, ou seja, nos processos usados para produzir um produto ou entregar um serviço. Esse modelo visa alcançar melhores resul- tados (produtividade, lucro, aumento da satisfação dos clientes etc.) considerando um planejamento claro e mensurável estabelecido anteriormente. Nesse modelo de gestão gerentes e funcionários trabalham juntos para definir, registrar e monitorar as metas para um período específico. As metas estratégicas e o planejamento fluem de cima para baixo na organização e são traduzidos em metas para as áreas ou os departa- mentos, as quais também como metas pessoais para os membros da organização. A gestão por resultados parte do pressuposto de que os funcionários trabalharão com mais entusiasmo e dedicação caso: Vy ac he sl av ik us /S hu tte rs to ck Receberem feedback de seu desempenho. Souberem claramente o que se espera deles. Estiverem envolvidos no estabelecimento das metas e expectativas. Puderem determinar como irão atender a essas expectativas. Consideramos que essa é uma abordagem estratégica para melho- rar o desempenho de uma organização, em que os objetivos estraté- gicos são definidos e transmitidos pela gestão aos demais membros com a intenção de atingir cada objetivo e cada um saber a parte que 88 Modelos de Gestão lhe compete. Quando os funcionários estão envolvidos na definição de metas e na decisão de seu curso de ação, pressupomos que é mais pro- vável que cumpram suas obrigações, pois eles mesmos as construíram. O termo gestão por resultados foi descrito pela primeira vez por Peter Drucker em seu livro The Practice of Management (1954). Seu principal direcionamento é o de considerar os resultados pretendidos pela em- presa como determinantes para a elaboração dos objetivos em todas as escalas, assim envolvendo todos os colaboradores na definição do que deve ser alcançado. Nesse modelo, é competência do gestor estabelecer metas, deter- minar prioridades e disponibilizar os recursos necessários para a exe- cução das atividades: tempo, dinheiro e estrutura. Em contrapartida, os funcionários oferecem seu trabalho, seus conhecimentos e esta- belecem as condições para que possam entregar o que é esperado, assumindo responsabilidade pessoal por alcançar esses resultados. Segundo Drucker (1975, p. 437), o gestor “deve estabelecer quais de- vem ser as metas em cada área de objetivos e o que deve ser feito para alcançar estes objetivos.E, finalmente, torna esses objetivos e o que deve ser feito comunicando-os às pessoas cujo desempenho se faz necessário para se chegar a eles”. Há um compromisso bilateral de busca desses resultados, os quais podem ser chamados de contratos orientados a resultados. Neles as par- tes têm expectativas iguais de suas metas e podem discutir os resulta- dos entre si, considerando aquele conjunto de características “SMART”. Em outros termos, os resultados devem ser medidos por objetivos es- pecíficos, mensuráveis, atingíveis, relevantes e temporais. Dentro dos limites dos acordos que estão sendo feitos, os funcionários têm a liber- dade de determinar como desejam atingir suas metas. Para que esse modelo de gestão possa ser colocado em operação é necessário cumprirmos as etapas descritas a seguir: Definição dos objetivos da organização1 Faz parte do planejamento estratégico da organização. Dessa for- ma, é necessário traçar o direcionamento da empresa para o longo prazo por meio da construção de objetivos tanto no nível macro quan- to para cada um dos departamentos, áreas ou divisões da organiza- Aplicação de modelos de gestão nas organizações 89 ção. Definir objetivos não é apenas crítico para o sucesso de qualquer empresa, mas também atende a uma variedade de propósitos, como compreender as diferentes necessidades e contribuições de cada setor e como eles estão envolvidos no todo. Esse trabalho deve incluir os gerentes das várias áreas da empresa, considerando as estruturas e as responsabilidades no atendimento aos objetivos macros da organização. Os objetivos definidos pelos super- visores são provisórios, com base na interpretação e na avaliação do que a empresa pode e deve atingir em determinado prazo, bem como devem ser revistos para ajustar o curso. Estabelecimento dos objetivos dos funcionários2 Depois que os funcionários são informados dos objetivos macros, do plano e das estratégias a serem seguidos, os gerentes de cada área devem começar a trabalhar com a sua equipe no estabelecimento de seus objetivos pessoais. Essa será uma discussão individual, em que os funcionários informarão aos gerentes suas metas, quais objetivos po- dem atingir em determinado tempo e com quais recursos. Eles podem compartilhar algumas ideias preliminares sobre quais metas a organi- zação ou o departamento pode considerar viáveis para cada período estabelecido no planejamento, estabelecendo, por exemplo, priorida- des e necessidades de investimentos e capacitações. Em organizações de grande porte o processo pode ocorrer em várias etapas, pois, dependendo da estrutura, podem haver mais subdivisões na hierarquia. Assim, uma vez que a instituição tenha definido seus objetivos, cada área definirá seus objetivos para certo período; na se- quência, se houver subdivisões, estas também definirão seus objetivos e assim sucessivamente. O estabelecimento de metas se espalha por toda a organização, de cima para baixo, até que cada funcionário tenha suas metas para o período. Um ponto importante que devemos destacar nesse modelo de ges- tão é que os objetivos não são impostos aos funcionários, mas sim defi- nidos com a participação deles, considerando objetivos maiores e mais abrangentes. Isso significa que cada colaborador trabalhará com seu gerente para definir seus próprios objetivos. Essa definição acontece observando os objetivos do gerente para assim se analisar como o fun- cionário pode contribuir com essas metas. 90 Modelos de Gestão Monitoramento contínuo de desempenho e progresso3 Embora esse modelo de gestão tenha como estratégia aumentar a eficácia dos gestores pela busca de resultados organizacionais, é igual- mente essencial para monitorar o desempenho e o progresso de cada funcionário da organização. Para que seja possível realizar o monitoramento do desempenho e do progresso diante dos resultados esperados pela organização, é necessário observarmos os seguintes pontos: Identificar programas ineficazes, comparando o desempenho com os objetivos preestabelecidos. Estabelecer métricas claras para medição de resultados individuais e por área. Considerar intervalos para realizar o monitoramento e fazer ajustes, se necessário. Desenhar uma estrutura organizacional sólida, com responsabilidades claras e autoridade de tomada de decisão no nível apropriado. Fornecendo feedback4 Nesse modelo de gestão o feedback entre gerentes e funcionários deve ocorrer de maneira contínua, pois permite aos colaboradores acompanhar e corrigir as suas ações. O feedback contínuo é comple- mentado com reuniões formais de avaliação frequentes, nas quais superiores e sua equipe podem discutir o progresso em relação aos objetivos estabelecidos, aquilo que foi executado com êxito e o que pode ser feito para melhorar. Para saber mais, indi- camos a leitura do livro A arte de dar feedback, da Harvard Business Review. Dar e receber feedbacks é fundamental para ajustar os rumos da equipe e promover melhorias. Porém, nem todas as pessoas gostam de fazê-los, por os consi- derar uma crítica pessoal e não ao trabalho. O livro orienta algumas atitudes assertivas para promover o feedback de maneira profissional e colaborar para os resultados da organização. Rio de Janeiro: Sextante, 2019. Livro Aplicação de modelos de gestão nas organizações 91 Avaliação de desempenho5 As avaliações de desempenho são uma análise de rotina do sucesso dos funcionários em organizações que operam com esse modelo de ges- tão. Elas devem considerar os resultados observados no monitoramen- to e os feedbacks para registrar o ocorrido nos prazos determinados. Segundo Marras (2000, p. 173), “a avaliação de desempenho é um instrumento gerencial que permite ao administrador mensurar os re- sultados obtidos por um empregado ou por um grupo, em período e área específicos (conhecimentos, metas, habilidades etc.)”. A avaliação no contexto da gestão por resultados deve ser realizada com os funcio- nários e com a participação direta dos gerentes envolvidos. 4.1.1 Benefícios da gestão por resultados O modelo de gestão por resultados ajuda os funcionários a avaliar suas funções e responsabilidades no trabalho, pois, como sabem exa- tamente o que se espera deles, têm condições de se organizar para atingir as metas pessoais e da organização. Esse tipo de abordagem geralmente resulta em melhor comunica- ção e trabalho em equipe, uma vez que todos estão cientes de suas responsabilidades bem como das de seu departamento para cumpri- mento dos objetivos organizacionais. A gestão por resultados fornece aos funcionários uma compreen- são clara do que se espera deles. Os supervisores definem metas para cada membro da equipe e cada um recebe uma lista de tarefas exclu- sivas. Portanto, todos se sentem indispensáveis para a organização e eventualmente desenvolvem um senso de lealdade para com ela, ge- rando maior motivação. Por sua vez, os gerentes ajudam a garantir que as metas dos su- bordinados estejam relacionadas aos resultados esperados pela organização. 4.1.2 Limitações da gestão por resultados Como vimos, a gestão por resultados traz vantagens significativas para a organização do ponto de vista que há um grande envolvimento 92 Modelos de Gestão dos colaboradores na definição dos objetivos e na busca de resultados. No entanto, existem algumas limitações que devem ser consideradas pela organização. Uma delas é que muitas vezes esse modelo de gestão ignora as con- dições de trabalho existentes na organização, além de que exige dos colaboradores resultados sem oferecer recursos para a sua obtenção. Pode acontecer uma pressão excessiva para que os funcionários cumpram suas metas, e que o façam apenas com o foco no resulta- do. Também a execução pode não ocorrer da melhor maneira possível, resultando em alcance dos objetivos apenas no curto prazo, mas sem pensar em possíveis consequências negativas para o futuro. Os gerentes às vezes superestimam o estabelecimento de metas emcomparação às questões operacionais como um gerador de sucesso. A busca dos resultados da organização deve considerar as capacidades atuais de maneira realista. Esse modelo pode não dar a importância necessária ao contexto em que os objetivos são definidos. Este abrange tudo, desde a disponibili- dade de recursos e a eficiência até a adesão relativa da liderança e das partes interessadas. Outro fator que pode se tornar um limitador é que há uma tendência de muitos gerentes considerarem a gestão por resultados um sistema total que pode lidar com todos os problemas de gerenciamento, isentando-os de responsabilidades maiores pelas metas dos seus subordinados. No entanto, se o gerenciamento por resultados não for adequada- mente definido e controlado pelas organizações, os trabalhadores ego- cêntricos podem interpretar erroneamente os resultados, retratando equivocadamente a conquista de metas estreitas e de curto prazo. Isso poderia causar conflitos dentro das equipes, em que cada um buscaria apenas os seus resultados individuais. Por fim, o modelo de gestão por resultados pode ser adotado de maneira exclusiva nas organizações ou combinado com outros para atingir os resultados, mas também com foco nos processos. O modelo de gestão por resul- tados é o mais indicado para o desenvolvimento humano, visto que agrega os funcionários na construção de metas e objetivos? Justifique sua resposta. Atividade 1 Aplicação de modelos de gestão nas organizações 93 4.2 Modelo de gestão por processos Vídeo A gestão por resultados parece ser extremamente eficiente para as organizações, então por que elas poderiam optar por outros mo- delos? Algumas abordagens gerenciais costumam combinar a ges- tão orientada a resultados e a gestão por processos em vez de focar apenas uma orientação (processo ou resultado), pois esse foco ele- vado pode não ser suficiente para gerar uma melhoria contínua es- tratégica nas organizações. Quando abordamos a gestão por processos, a prioridade da empre- sa é entender que melhores resultados só podem ser obtidos por meio de processos de trabalho melhorados e eficazes. O pensamento orien- tado a processos concentra-se principalmente em como os processos são executados, por meio da avaliação dos indicadores de desempe- nho gerada pela medição ou observação do fluxo do processo. Já o pensamento orientado para resultados ignora como os processos fluem e funcionam para gerar os fins estabelecidos. Se com- binarmos essas duas formas de gestão, em vez de analisarmos ape- nas os resultados, a organização terá mecanismos para monitorar e avaliar sistematicamente quando os melhores processos gerarem me- lhores resultados. Um exemplo é utilizarmos indicadores de desem- penho, como tempo de produção, proporção de peças defeituosas e quantidade de retrabalho, em comparação com indicadores de desem- penho de resultados, como lucro ou satisfação do cliente. Uma das grandes diferenças entre os dois tipos de modelo de gestão – por resultados e processos – é que o primeiro tem um gran- de envolvimento e uma participação dos funcionários, enquanto o se- gundo é de responsabilidade do gestor. Nós já tratamos da gestão por processos anteriormente; neste momento abordaremos a sua implanta- ção nas organizações, seus benefícios e suas limitações. Para adotar a gestão por processos a empresa deverá analisar como as atividades de vários departamentos e das pessoas se correlacionam entre si e formam a cadeia de valor – desde a primeira tarefa até a en- trega do produto ou serviço aos clientes. Vimos resumidamente como acontece o fluxo de um processo, como uma sequência de tarefas e atividades que envolvem várias pessoas e áreas. Vamos agora analisar os tipos de processo que acontecem em uma organização. 94 Modelos de Gestão Constituem o negócio principal da empresa. São os processos que efetivamente entregam valor aos clientes na forma de produtos e serviços. Eles representam uma cadeia de atividades em que cada etapa deve contribuir com a criação de valor para o cliente. Normalmente, quando a empresa inicia o entendimento dos seus processos, são estes os primeiros a serem mapeados. Processos operacionais ou primários São projetados para fornecer suporte aos processos operacionais. Não estão envolvidos diretamente na produção do bem ou serviço, mas são essenciais para que estes possam acontecer, como os processos da área de recursos humanos (divulgação de vagas, seleção, contratação, treinamento de funcionários). Processos de suporte São aqueles organizados com as funções de medir, monitorar e controlar as atividades dos processos operacionais e de suporte. São usados para aumentar a eficiência dos negócios, como as atividades de gestão estratégica da empresa ou ainda de gestão da qualidade. Processos de gestão Para que a organização possa conhecer seus processos, ela deve fazer uma modelagem ou um mapeamento de processos de negócios. Ou seja, precisa representar graficamente os processos de negócios ou fluxos de trabalho a fim de identificar potenciais melhorias. Isso geral- mente é feito por meio de diferentes meios gráficos, como fluxograma, diagrama de fluxo de dados etc. Essa etapa é fundamental para conhe- cer como os processos estão no momento atual e como se espera que estejam no futuro após serem feitas alterações ou melhorias estuda- das pela empresa. Além da modelagem, a organização precisa se preocupar com o mo- nitoramento e os ajustes necessários para que os processos estejam realmente alcançando os resultados previstos quando foram definidos. No contexto da gestão por processos também precisamos tratar do BPM (Business Process Model), ou Gerenciamento de Processos de Ne- gócios, que é um conjunto de ferramentas e recursos utilizado pelas Aplicação de modelos de gestão nas organizações 95 organizações com a finalidade de analisar, definir, otimizar, monitorar e controlar processos de negócios, bem como de medir e impulsionar os resultados alinhados aos objetivos da organização (BROCKE; ROSE- MANN, 2013). O gerenciamento de processos é uma metodologia que combina pessoas, políticas e tecnologia. Sua execução normalmente segue o fluxo de cima para baixo na escala hierárquica das empresas, po- rém pode ser aplicada em departamentos individuais ou em algu- mas áreas de negócios em que se considere importante esse tipo de modelo de gestão. O BPM pode ser entendido como uma metodologia de constante reavaliação e melhoria de processos que acontece de maneira contínua e intermitente nas organizações. Geralmente a melhoria de processos requer novos comportamentos e tecnologias, por isso o gerencia- mento de mudanças é uma parte crítica da estrutura e dos projetos de gerenciamento de processos individuais. Assim sendo, é necessário investir em treinamento e desenvolvimento dos funcionários e envolvi- mento contínuo com o design do processo entre as partes interessadas e aqueles afetados pelas mudanças para ajudar a garantir que o novo processo seja adotado na implementação. Utilizando-se da metodologia BPM a empresa consegue organizar seus processos para então aplicar o modelo de gestão por processos, modificando sua estrutura fundamentada normalmente em áreas e departamentos para agrupamentos em processos fundamentais para a entrega de valor aos clientes. A gestão por processos considera uma estrutura diferente da departamentalizada, e com essa nova organização tem como benefícios: • concentração de toda a organização na busca da estratégia da empresa; • levantamento de processos de negócios não produtivos; • criação de mentalidade nos colaboradores visando à otimização de atividades e processos; • aumento da eficiência operacional das funções de negócio individuais; • melhoria do fluxo de informação entre as áreas e os funcionários; • estruturas, sistemas e processos visando aumentar a colabora- ção interna; 96 Modelos de Gestão • mais eficiência da liderança na cadeia de comando, poisas pessoas estão diretamente envolvidas nos processos. 4.2.1 Benefícios da gestão por processos Em um cenário competitivo, as organizações são constantemente confrontadas com a necessidade de mudanças, sejam por novas regu- lamentações e demandas do mercado ou pelo surgimento de novos competidores. Quando se trabalha a gestão por processos, há uma maior agilidade e flexibilidade para realizar alterações nos processos com custos mínimos. Conhecer os processos e saber como melhorá-los por meio de uma gestão adequada traz como benefícios identificar e evitar possíveis gargalos assim como redundâncias que não agreguem va- lor. Isso se traduz em aumento de produtividade e redução de des- perdício. A maior visibilidade dos processos permite a concentração nas ineficiências, desse modo, a organização pode mais rapidamen- te economizar seus recursos. Do ponto de vista da mão de obra, entendemos que os funcionários não têm uma participação ativa como acontece na gestão por resulta- dos, mas nesse modelo eles podem se concentrar integralmente em seu trabalho, já que os processos ficam mais ágeis, sem redundâncias e retrabalhos, aumentando a produtividade e proporcionando mais satisfação. Com processos mais enxutos e maior produtividade, os funcioná- rios conseguem se concentrar mais no cliente. Isso resultará em um aumento da capacidade de responder mais rapidamente às propostas, assim como de construir soluções e de personalizar. 4.2.2 Limitações da gestão por processos Os benefícios da gestão por processos serão totalmente perce- bidos apenas se ela for implementada corretamente. Há um grande investimento de recursos, tempo e pessoal para realizar todas as etapas de implantação para então se configurar como uma gestão por processos. Esse tempo que foi dedicado para a mudança deve reverter em resultados significativos para a organização, principal- mente em retorno financeiro. Aplicação de modelos de gestão nas organizações 97 A gestão por processos não é um modelo direcionado à inova- ção, pois a preocupação maior é com organizar as atividades inter- nas a fim de levar mais valor aos clientes do que buscar resultados imediatos. A organização pode se tornar eficiente, porém, com o tempo, se não investir em áreas de inteligência de mercado e mar- keting para redesenhar processos buscando inovações, seus pro- dutos podem ser menos atrativos que outros do mercado. As pessoas compreendem quais são os seus papéis dentro do processo, mas não há espaço para sugestões e busca de metas au- daciosas, coisas que muitas vezes trariam uma motivação extra. Isso pode levar os funcionários a se acomodarem dentro de suas ativi- dades por não serem estimulados a um ambiente mais competitivo e participativo. Sobre esse último aspecto, veremos na sequência o modelo de gestão participativa, que envolve diretamente os colabora- dores na estratégia da organização. O estilo de gestão por processos é o mais complicado de ser implantado nas organizações? Justifique sua resposta. Atividade 2 4.3 Modelo de gestão participativa Vídeo Devido ao aumento da competição global e da complexidade das de- cisões, as organizações precisam evoluir seus processos, buscando obter mais cooperação e participação para melhorar seu desempenho. Nesse sentido, uma boa escolha é o trabalho com a gestão participativa. Trata- -se de um sistema em que os funcionários de uma empresa assumem um papel ativo no processo de tomada de decisão nas operações, am- pliando o nível de motivação e também a quantidade de ideias geradas. Esse modelo é uma prática que os gestores utilizam com o objetivo de satisfazer os funcionários e dessa maneira aumentar a produtivida- de. A gestão participativa envolve mais do que permitir que os colabo- radores participem da tomada de decisões, requer que a administração receba as ideias e sugestões com consideração e respeito, pois não se limita a uma “caixinha de sugestões”, trata-se do real envolvimento do funcionário nas decisões da empresa. Segundo Motta (2004), a partici- pação considera todas as formas e os meios pelos quais os colabora- dores contribuem e têm condições de influenciar na condução do rumo da organização. Esse envolvimento pode acontecer com diferentes graus de par- ticipação do funcionário. Em um extremo, as decisões são tomadas 98 Modelos de Gestão unilateralmente pelos gestores, sem envolvimento de outros colabo- radores; no lado oposto, os funcionários têm autonomia para decidir questões de alta importância na organização. Podemos classificar esse envolvimento da seguinte forma: • Tomada de decisão autocrática: nesse nível não há qualquer participação dos colaboradores. O gestor toma as decisões de maneira individual, sem levantar informações ou consultar a equipe que gerencia. • Compartilhamento de informações: é quando o gestor busca em sua equipe as informações necessárias, porém a tomada de decisão ainda é realizada individualmente por ele. • Tomada de decisão consultiva: esse nível envolve o compar- tilhamento dos problemas enfrentados, a geração de ideias e a busca de sugestões entre gestor e equipe, mas ainda a tomada de decisão envolve apenas o gestor. • Tomada de decisão democrática: é considerado o nível mais participativo, quando o gestor não apenas compartilha o pro- blema com sua equipe e a ouve sugerir, mas juntos analisam o problema e chegam a uma solução de maneira coletiva e democrática. Considerando os níveis com maior participação dos colaborado- res, é importante destacarmos que a satisfação dos clientes de uma organização está diretamente relacionada à qualidade dos produtos e serviços entregados, e isso depende, entre outros fatores, do com- promisso dos colaboradores com a entrega (MAXIMIANO, 2006). Dessa maneira, as organizações que incentivam o envolvimento dos funcioná- rios nas decisões e sua participação efetiva em atividades relevantes, como estabelecimento conjunto de metas e tomadas de decisões, pro- porcionam maior satisfação, o que impacta diretamente naquilo que é produzido. Outras formas de incentivar a colaboração dos funcionários são os círculos de gestão da qualidade e as equipes autogerenciadas, em que o papel da liderança é de orientar e mediar, mas as decisões são toma- das em conjunto com toda a equipe. Apesar de parecer um modelo de gestão moderno por descentrali- zar as decisões e envolver a participação dos funcionários em ativida- des com mais responsabilidade, sua origem remonta aos experimentos Aplicação de modelos de gestão nas organizações 99 de Hawthorne, da década de 1930. Esse período era de início da teoria das relações humanas, quando foram realizados experimentos pelo psicólogo Elton Mayo em pequenos grupos de trabalhadores de uma fábrica. Sua percepção era a de que vários fatores podem gerar maior satisfação e maior produtividade se essas pessoas possuem um am- biente de trabalho favorável. A organização que adota o estilo participativo percebe que os fun- cionários são mais receptivos a mudanças quando estão envolvidos diretamente nelas, estimulando-os a opinar nas decisões e contribuir com elas. Outra mudança que ocorre é na comunicação interna, pois, com o repasse constante de informações, todos os colaboradores rece- bem informações sobre as ações da empresa, evitando ruídos e falsos rumores do andamento dos negócios. Mas como isso pode ser promovido dentro de uma organização, já que muitos funcionários podem se sentir intimidados a participar de ma- neira efetiva de decisões importantes da empresa? Para conduzir esse modelo de gestão sem gerar desgastes, a instituição pode adotar alguns processos para estimular a participação. Eles promovem o envolvimento à medida que os colaboradores dos níveis mais baixos são agregados. Quanto mais para baixo esses processos se movem na estrutura hierár- quica, maior será a tendência de envolvimento dos funcionários. Algumas estratégias que podem ser utilizadas são: • Compartilhamento de informaçõescom todos os colaboradores, principalmente aquelas que eram de conhecimento restrito da alta direção, como a prospecção de novos mercados ou ainda a situação econômica da organização. • Treinamento, pois propicia a elevação do nível de qualificação dos colaboradores e oferece oportunidades de desenvolvimento de novas competências para aplicação em tomadas de decisões mais eficazes. • Incentivo à tomada de decisão pelos funcionários, começando com responsabilidades menores, até envolvê-los em ações como determinação de cronogramas de trabalho, orçamentos, criação e mudança nos processos que participam. • Recompensa com prêmios, os quais devem ser vinculados a sugestões, ideias e performance individual de cada um. Isso busca aumentar o desempenho, motivar os funcionários e dar um reforço positivo para um trabalho de qualidade. Os Experimentos de Hawthorne foram considerados um marco na transição de pensamento das escolas clássicas da administra- ção para a escola das Relações Humanas. Aconteceram na fábrica da Western Eletric Company, no bairro de Hawthorne na cidade de Chicago nos Estados Unidos, comandados pelo psicólogo e sociólogo Elton Mayo com o objetivo de analisar o impacto que a iluminação do ambiente tinha na produtividade das funcionárias da fábrica. O experimento foi dividido em 4 fases, iniciando pela comparação entre ambientes com iluminação diferenciada, que comprovou não ter impacto significativo. Mas o que realmente foi constatado nesse longo estudo é que fatores como as relações sociais entre os funcionários e os aspectos psicológicos têm maior impacto na motivação e na produtividade. Saiba mais 100 Modelos de Gestão 4.3.1 Benefícios da gestão participativa A gestão participativa proporciona muitos benefícios não apenas para a gestão da organização, mas em todos os seus níveis. A sua abor- dagem promove nos colaboradores um senso maior de responsabilida- de, aumentando também a sensação de pertencimento, a autoestima e a realização profissional. Esse modelo favorece um ambiente de trabalho no qual as infor- mações são compartilhadas prontamente com os funcionários, desde projeções financeiras até informações relacionadas ao planejamento estratégico de longo prazo. Quando a empresa promove essa abertura, além de gerar um clima de confiança e transparência, é beneficiada com contribuições e sugestões sob outros pontos de vista, o que pode contribuir com novas ideias e rumos não pensados pela administração. A participação de todos os colaboradores tem o poder de mobilizar a inteligência da organização, valorizando o potencial e possibilitando que todos apresentem suas ideias e seus sentimentos com relação à empresa, o que gera também melhores relações pessoais e organiza- cionais (LEAL FILHO, 2007). Um ambiente de trabalho participativo proporciona treinamento con- tínuo, desenvolvimento de habilidades e enriquecimento profissional para funcionários de todos os níveis. Pelo fato de os colaboradores as- sumirem novas responsabilidades, devem ser capacitados em diferentes áreas para desenvolverem as habilidades requeridas. A gestão participativa busca também orientar os colaboradores so- bre os fundamentos do processo de tomada de decisão. Isso propicia que os funcionários aprimorem continuamente seu conhecimento das operações da empresa e também aprendam novas habilidades, con- tribuindo diretamente com o seu crescimento profissional e de toda a organização. Outro aspecto muito importante que beneficia a empresa é o estí- mulo à criatividade e à inovação, pois contribui com a geração de ideias vindas de pessoas com formações, estilos e conhecimentos diversifica- dos, e essa sinergia amplia as opções de tomadas de decisão. Aplicação de modelos de gestão nas organizações 101 4.3.2 Barreiras à gestão participativa Assim como os maiores beneficiados da gestão participativa são as pessoas, elas também podem ser as principais barreiras para a implan- tação. Exemplos dessas barreiras podem ser: falta de conhecimento ou interesse por parte dos gestores, clima organizacional competitivo e pessoas que não estão dispostas a contribuir com ideias em prol de um negócio que não é delas. A burocracia e o estilo de estrutura (se for muito verticalizado) tam- bém podem criar barreiras ou demora excessiva para que as ideias cheguem até a gestão. Isso pode desmotivar os funcionários que dão ideias que nunca são implantadas a tempo. Quando a empresa não oferece capacitação ou informações sufi- cientes para os funcionários darem suas contribuições, e por falta de conhecimento prévio sobre o que está sendo discutido, há um desestí- mulo por não se sentirem competentes ou informados para participa- rem da tomada de decisões. Outro fator que pode desmotivar os funcionários a contribuírem e participarem ativamente, fazendo com que o modelo não se adéque à organização, é quando ele gera sobrecarga de trabalho ou ainda é moti- vo de estresse e ansiedade por medo da tomada de decisões incorretas. A falta de incentivos à participação também é uma barreira. Quan- do o funcionário percebe que está contribuindo de maneira unilateral, pode sentir-se desmotivado. Boas ideias trazem retornos significativos para uma empresa, portanto ela deve da mesma forma proporcionar benefícios para seus colaboradores. O modelo de gestão participativa pode ser considerado o mais adequado para empresas que buscam a inovação? Justifique sua resposta. Atividade 3 4.4 Funções, habilidades e competências gerenciais Vídeo Independentemente do modelo de gestão adotado pela orga- nização, ou mesmo se ela desenvolve mais de um modelo em sua estrutura devido ao seu porte ou a diferentes realidades em áreas ou unidades distintas, existem habilidades, competências e funções que devem ser exercidas pelos gestores para que benefícios sejam promovidos para a organização. 102 Modelos de Gestão 4.4.1 Funções Para muitos, as funções e as habilidades gerenciais são semelhan- tes. Porém, embora existam alguns aspectos considerados comuns, existem diferenças na operação. As funções gerenciais estão relacio- nadas diretamente à função de trabalho gerencial de uma perspectiva baseada em tarefas, enquanto as habilidades gerenciais referem-se à capacidade do gerente de executar essas funções. As funções gerenciais são as responsabilidades do dia a dia que definem a posição gerencial, aquelas que estão descritas no cargo da pessoa que o ocupa. No caso do nível gerencial, podem incluir ativida- des como: supervisionar uma equipe, controlar os processos sob sua responsabilidade, analisar o desempenho da sua área, comparando-o com os objetivos da organização, resolver conflitos de pessoas sob a sua subordinação, definir metas internas, comunicação com a alta administração da empresa, entre outras. Seja qual for o modelo de gestão praticado pela empresa, as funções gerenciais básicas são praticamente as mesmas, com tarefas e respon- sabilidades inerentes ao cargo. Por exemplo, funções como motivação e coordenação da equipe acontecem em todos os modelos; elas serão tratadas de maneiras diferentes, mas são básicas do cargo gerencial. As funções do cargo gerencial podem ser resumidas em quatro fun- ções básicas de um gestor: planejar, organizar, dirigir e controlar. Atual- mente a expressão liderar pessoas é mais usual do que dirigir pessoas, principalmente quando falamos de modelos de gestão mais participa- tivos e democráticos, como os que estudamos neste capítulo. Vejamos cada uma delas resumidamente, considerando os modelos de gestão: Planejamento: essa etapa envolve como mapear para atingir as metas da organização sob a sua responsabilidade. Desde esse primeiro momento os colaboradores podem ser envolvidos ou não, dependendo do estilo de gestão da empresa. Digamos, por exemplo, que o objetivo é reduzir o tempo de entrega do produto até o cliente final (lead time), o gerente pode definir sozinho essa atividade, considerandoos processos que são utilizados no percurso, ou trabalhar com sua equipe na busca de alternativas mais criativas para resolver o problema. (Continua) Aplicação de modelos de gestão nas organizações 103 Organização: é a etapa posterior ao planejamento, na qual se verificam os recursos necessários para a sua concretização. O gerente deverá organizar sua equipe e os materiais de acordo com seu plano, podendo distribuir as tarefas de maneira unilateral ou verificar quais as melhores competências dentro da sua equipe para assim atribuir trabalho e conceder autoridade na execução. Direção ou liderança: o gestor deve envolver sua equipe na execução das atividades, buscando meios para motivar, comunicar, orientar e encorajar. Também deve ajudar na solução de problemas com os funcionários e resolver eventuais conflitos dentro da equipe. Controle: deve ser feito continuamente, buscando comparar os resultados em relação às metas e tomar todas as ações corretivas necessárias para garantir que os planos permaneçam em dia. O gestor deve ser a pessoa que fará a ponte entre seus funcionários e a alta direção da empresa. É óbvio que existem diversas outras funções dentro da rotina de um gerente se considerarmos as particularidades de cada empresa, como o ramo de atividade, o porte e o estilo de gestão. Mas de maneira geral as funções são as atividades que os gerentes executam. 4.4.2 Habilidades Vimos as principais funções que os gestores devem ter em uma or- ganização, mas para executá-las é necessário considerarmos as habili- dades de cada um para saber os resultados que podem ser esperados. As habilidades de gestão referem-se a certos atributos que um executi- vo deve possuir para cumprir tarefas específicas em uma organização. Incluem a capacidade de desempenhar funções executivas na empre- sa, evitando situações de crise e resolvendo prontamente os problemas quando eles ocorrem. Essas habilidades podem ser desenvolvidas por meio do aprendizado pessoal de cada um e da prática na função. Elas são fundamentais para que os gestores possam promover um bom re- 104 Modelos de Gestão lacionamento com as demais pessoas da organização, sejam colegas de trabalho, superiores ou subordinados. Em diferentes modelos de gestão as habilidades requeridas podem ser mais relacionadas à comunicação interpessoal, por exemplo, ou à orientação ao resultado. Elas devem ser verificadas antes da contrata- ção da pessoa que assumirá o cargo dentro da empresa. Katz (1986) classificou as habilidades em três principais categorias, que são uti- lizadas por várias empresas para determinar o grau de habilidades necessárias para os seus gestores: • Habilidades técnicas: relacionadas à execução de tarefas espe- cíficas, normalmente adquiridas por meio de educação formal e desenvolvidas com a prática. Por exemplo, habilidades técnicas dos contadores, engenheiros e advogados vêm de uma formação específica que os habilita inicialmente para aquele cargo. • Habilidades humanas: demonstram a capacidade de se relacio- nar com outras pessoas. Não estão atreladas diretamente à for- mação, mas sim à empatia do gestor de trabalhar com pessoas com diferentes histórias, culturas e formações. Essas habilidades podem ser natas ou desenvolvidas devido a experiências pessoais, e no local de trabalho devem ser capazes de promover confiança, entusiasmo e envolvimento nas relações interpessoais. • Habilidades conceituais: referem-se à capacidade de pensar analiticamente, ou seja, permitem que os gerentes dividam os problemas em partes menores, relacionem as partes e reco- nheçam as implicações de qualquer problema para os demais. Quanto mais alto o nível do colaborador em uma organização, mais importantes se tornam as habilidades conceituais. Saber extrair da equipe informações para trabalhá-las analiticamente é um diferencial para os gestores e a instituição. Habilidades conceituais podem ser obtidas inicialmente por meio da educa- ção formal e depois desenvolvidas com treinamento e experiên- cia profissional. Segundo Katz (1986, p. 62): Enquanto a habilidade técnica se volta principalmente para o manuseio de coisas (processos ou objetos físicos), a habilida- de humana refere-se às pessoas trabalharem com outras. [...] A habilidade conceitual constituí um ingrediente unificador e coordenador do processo administrativo, sendo de inegável im- portância para o êxito da empresa. Aplicação de modelos de gestão nas organizações 105 As três habilidades devem estar em equilíbrio e são fundamen- tais para os gestores de uma organização. Uma excelente formação técnica sem habilidades humanas, por exemplo, pode ser insuficien- te para gerar empatia em um líder e envolvimento de sua equipe; também um gestor com ótimo relacionamento interpessoal, mas sem capacidades conceituais pode ser insuficiente para gerar resul- tados efetivos para a organização. 4.4.3 Competências Sabemos que os gestores têm em uma organização funções a serem desempenhadas e, para tanto, devem ter habilidades para as executar otimizando recursos e agregando valores à empresa e às pessoas que estão sob sua gestão. Além dessas habilidades, os gestores devem ter competências que melhoram a capacidade de gerenciar e influenciar positivamente o comportamento das equipes e indiretamente os resultados financeiros das empresas. E quais se- riam essas competências? Segundo Ruas (2010), as competências referem-se às capacida- des desenvolvidas pelos gestores que são necessárias para o alcan- ce dos objetivos da organização em diferentes situações do contexto profissional. É comum que grandes empresas tenham as competências exigidas para a função gerencial que estejam alinhadas com os progra- mas de treinamento de desenvolvimento. Sejam competências exigi- das para ingressar na empresa ou para receber uma promoção, elas podem ser aprendidas e desenvolvidas pelas pessoas conforme seu interesse e direcionamento de carreira. Vamos relacionar algumas que são fundamentais para os gestores, independentemente do modelo de gestão utilizado pela empresa: • Supervisão: gerenciar outras pessoas pode ser um desafio para o novo supervisor que não teve experiência em gerencia- mento, principalmente quando ocorre uma promoção interna e a pessoa que antes era colega passa a ser um gestor daquela equipe. Há necessidade de a empresa verificar se o funcionário tem essa competência para não realizar uma promoção frus- trada para todas as partes. • Resolução de conflitos: ter capacidade para gerenciar e resolver conflitos que eventualmente ocorrem em sua equipe, sem privile- 106 Modelos de Gestão giar determinado grupo ou pessoa. Quando o gestor age de ma- neira ética e imparcial, beneficia também a cultura organizacional e a produtividade da empresa. • Inteligência emocional: desde que Daniel Goleman popu- larizou esse conceito nos anos 1995 em seu livro Inteligência Emocional, muitas obras e adaptações surgiram e essa compe- tência tornou-se necessária em muitas organizações, principal- mente para os cargos com maiores responsabilidades. Segundo o próprio autor: As pessoas com prática emocional bem desenvolvida têm mais probabilidade de sentirem-se satisfeitas e serem eficientes em suas vidas, dominando os hábitos mentais que fomentam sua produtividade; as que não conseguem exercer algum controle sobre a vida emocional travam batalhas internas que sabotam sua capacidade de se concentrar no trabalho e pensar com clare- za. (GOLEMAN, 1995, p. 48) Os gestores com inteligência emocional conseguem gerenciar melhor as pessoas, desenvolvendo suas potencialidades com cla- reza e foco nos objetivos. Seja qual for o modelo adotado pela empresa, é uma competência-chave para os negócios, mas prin- cipalmente para a gestão participativa, para a condução dos tra- balhos com maior nível de maturidade profissional. • Formação de equipes: bons líderes precisam ser capazes de construir equipes fortes e unidas em tornoda missão e visão da organização. Mais do que seguir um líder, as pessoas que in- tegram a equipe precisam saber que este dará suporte para o desenvolvimento de cada um. Isso exige competências para de- senvolver equipes, minimizar possíveis conflitos e gerenciar a di- nâmica do grupo. Aliada à formação de equipes, um gestor deve entender a im- portância da delegação, pois delegar contribui com o desen- volvimento dos funcionários, aumentando gradualmente as responsabilidades de cada um pelo sucesso. Aprender a confiar, delegar e desenvolver outras pessoas para realizar tarefas exige muita competência. Ser um agente de mudança é uma competência cada vez mais requisitada nas organizações, principalmente nas que têm sua ges- tão voltada à criatividade e inovação. As empresas estão sendo for- Muitos livros vieram pos- teriormente do próprio Goleman e de outros autores que adaptaram a visão de competências para diversos ramos da gestão. Indicamos este por ser a origem desse pensamento que revo- lucionou o impacto dos gestores dentro de uma organização. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. Livro Aplicação de modelos de gestão nas organizações 107 çadas a pensar e executar melhorias constantes em seus produtos e serviços, buscando entregar mais valor aos clientes e à sociedade. Um bom produto ou serviço hoje não é mais garantia de sucesso; as instituições precisam constantemente buscar a melhoria do que entregam e dos seus processos. Essa construção ou busca de novas ideias não pode estar concen- trada apenas na direção da empresa, que também tem outras respon- sabilidades. Portanto, ter em sua equipe gestores que são agentes de mudança e que lideram iniciativas de mudança contínua é um grande diferencial na agilidade. O gestor precisa também ter habilidades de treinador, ou coach – termo muito popularizado também fora do ambiente organizacional. Esses profissionais devem ter competências para treinar e capacitar outras pessoas em sua equipe ou mesmo para ocupar a sua função em caso de promoção ou transferência. Esse treinamento não benefi- cia apenas o treinado, mas também o gerente que dedica tempo para compartilhar sua experiência, lições aprendidas e conhecimento tácito, pois trabalhar com pessoas igualmente capacitadas torna a delegação de atividades muito mais fácil. O papel desse gestor é ajudar os demais a conhecerem e desenvolverem seus pontos fortes e a melhorarem os pontos fracos, necessários para o crescimento profissional. Muitas outras funções, competências e habilidades podem ser exi- gidas dos gestores considerando a cultura da organização, seu porte e sua estrutura. O fundamental é encontrar pessoas que exerçam es- sas práticas com ética, buscando resultados para a empresa e para as pessoas que estão sob sua gestão. Em determinados estilos de gestão pode haver necessidade de gestores mais democráticos ou outros que precisam desenvolver mais habilidades técnicas, porém todos devem colaborar para a cons- trução de um ambiente organizacional saudável e com foco nos obje- tivos da empresa. CONSIDERAÇÕES FINAIS Compreender os modelos de gestão nos permite perceber que orga- nizações podem adotar diferentes abordagens para se manterem e pros- perarem em um ambiente cada vez mais competitivo. Sejam prestadoras de serviço ou produtoras de bens de consumo, as empresas precisam 108 Modelos de Gestão estruturar sua gestão para construir uma base coerente com sua cultura e missão e para obter melhores resultados para seu negócio. A prática da gestão exige pessoas habilitadas e com conhecimentos técnicos e humanos para envolver e desenvolver as pessoas que fazem parte da organização; assim terão maiores chances de sucesso, funcioná- rios motivados e o caminho para os objetivos bem definido. REFERÊNCIAS BROCKE, J. V.; ROSEMANN, M. Manual de BPM: gestão de processos de negócio. Porto Alegre: Bookman, 2013. DRUCKER, P. F. Administração: tarefas, responsabilidades, práticas. São Paulo: Pioneira, 1975. LEAL FILHO, J. G. Gestão estratégica participativa: teoria e prática para criação de organizações que aprendem. 2. ed. rev. e atu. Curitiba: Juruá, 2007. GOLEMAN, D. Inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. KATZ, R. L. As habilitações de um administrador eficiente. São Paulo: Nova Cultural, 1986. (Coleção Harvard de Administração, v. 1). MARRAS, J. P. Administração de recursos humanos. 3. ed. São Paulo: Futura, 2000. MAXIMIANO, A. C. A. Administração para empreendedores: fundamentos da criação e da gestão de novos negócios. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. MOTTA, P. R. Gestão contemporânea: a ciência e arte de ser dirigente. 15. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. RUAS, R. Desenvolvimento de competências gerenciais e contribuição da aprendizagem organizacional. In: FLEURY, M. T. L.; OLIVEIRA JR., M. de. M. (org.). Gestão estratégica do conhecimento: integrando aprendizagem, conhecimento e competências. São Paulo: Atlas, 2010. GABARITO 1. O modelo mais adequado para o desenvolvimento humano é a gestão participativa, pois considera que para colaborar com a construção de ideias e novos projetos na organização os funcionários devem ser qualificados e capacitados. A gestão por re- sultados envolve os colaboradores na construção dos objetivos, porém muitas vezes ignora as suas necessidades para a concretização do proposto. 2. Independentemente da cultura da empresa, o modelo de gestão por processos acaba sendo o mais demorado por propor uma alteração na estrutura funcional ou departa- mental que a maioria das organizações opera. Ele não altera significativamente o en- volvimento das pessoas nos resultados, mas propõe uma nova maneira de trabalhar em equipes geridas por processos e não mais por áreas funcionais. 3. A gestão participativa possibilita que todos os colaboradores se envolvam nas decisões da empresa, o que permite a geração de ideias novas e visões diferenciadas. Mas não adianta a organização envolver os funcionários e não ter recursos necessários para con- cretizar as sugestões e mudanças em seus processos. Uma instituição inovadora precisa mesclar os diferentes modelos de gestão para encontrar o mais adequado para agilizar seus processos internos, gerar resultados satisfatórios e entregar valor aos consumido- res, tudo isso considerando a motivação de seus funcionários. Não se trata de algo fácil, mas compreender a sua estrutura e o seu planejamento auxilia nessa construção. Gerência de processos organizacionais 109 5 Gerência de processos organizacionais A organização que ainda não considerou realizar uma gestão eficiente de processos está perdendo tempo e oportunidade de compreender efetivamente como entregar mais valor aos seus clientes. Se bem implantada, a gerência dos processos organiza- cionais favorece as empresas na sua organização estratégica. Para que seja possível implantar uma gerência de proces- sos eficiente, é necessário realizar as etapas de análise dos processos atuais e futuros, considerando sempre quais são os objetivos a serem atingidos e quais os resultados esperados. A modelagem por meio da estrutura de diagrama internacional- mente utilizada BPMN (business process modeling & notation) traz confiabilidade e transparência para todos na organização. Se a organização tiver condições de investir em sistemas eficientes para sua gestão de processos, terá mais agilidade e confiabili- dade nos dados e nas informações para o gerenciamento do desempenho da empresa e a tomada de decisão. Finalizaremos este capítulo trazendo os conceitos da cibernéti- ca para a administração, que aborda a complexidade do ambiente organizacional e como ele pode ser trabalhado por gestores após a implantação de um gerenciamento de processos eficiente. 5.1 Modelagem, análise e desenho de processos Vídeo Ainda há resistência em algumas organizações para estruturarem seus processos e implantarem sua gestão de maneira eficiente. Isso pode ocorrer por considerarem que essa missãoserá lenta, demora- da e envolverá muitos recursos e por a considerarem mais burocrática que o tradicional, pois geralmente reduzem a sua amplitude a um de- senho de fluxograma, com tarefas meramente distribuídas de maneira 110 Modelos de Gestão sequencial, ignorando que o processo se trata de uma ferramenta na estratégia da organização. Existem várias maneiras de uma organização desenvolver suas ações para implantação de gerência de processos de negócios, mas certamente a primeira sempre será com o seu planejamento. A gestão da empresa precisa considerar que o planejamento é uma ação estra- tégica, e não uma operação de curto prazo que envolve um ou poucos departamentos. Todos deverão ser envolvidos para que se possa obter os resultados esperados. Com base no planejamento, devemos realizar a análise de proces- sos, a qual se trata de uma revisão dos processos de negócios para se obter uma melhor compreensão deles e da sua efetividade. Essa análise é conceitual; nela, a empresa deve compreender o que será realizado, o que é necessário modificar na gestão atual e o que deve ser feito para corrigir processos existentes e para melhorar os futuros. Já a modelagem e o desenho do processo são lógicos, ou seja, essas atividades irão estruturar como as mudanças necessárias serão feitas, detalhando o que foi levantado na análise do processo. 5.1.1 Análise de processo Para que a organização possa estabelecer um novo processo ou atua- lizar um existente, é necessário um entendimento comum do estado atual do processo e seu alinhamento com os objetivos do negócio. A cria- ção desse entendimento comum é a análise do processo. Nessa primeira fase da gestão de projetos, busca-se uma compreensão dos processos de negócios já planejados, a fim de verificar a eficiência e eficácia deles. A análise de processos acontece com o propósito de aumentar a sua eficiência. Nesse momento, são avaliados os critérios para julgar o quão eficiente é o processo na busca pelo seu objetivo final. A análise do processo identifica e examina cada parte da estrutura, incluindo o próprio processo, as partes participantes, a troca de informações etc. Da mesma forma, pode ajudar a identificar melhorias potenciais den- tro do processo, tornando mais fácil realizar uma iniciativa de reenge- nharia em algum momento no futuro. As principais contribuições dessa fase de análise dos processos são: • encontrar as razões por trás dos atrasos sistemáticos; • definir a maneira correta de fluir os processos; Gerência de processos organizacionais 111 • determinar se o processo está ou não operando na capacidade potencial máxima; • descobrir se o processo deve ser melhorado ou reprojetado. A análise dos processos incorpora diversas metodologias e deve assimilar as informações do planejamento estratégico, os modelos de processos, as medidas de desempenho, mudanças na cultura organi- zacional e outros fatores pertinentes que possam impactar na produti- vidade, de modo a compreender plenamente os processos de negócio no contexto da organização em geral. Devem ser revistos todos os componentes dos processos desde as entradas (recursos humanos, materiais e informativos) e as interações, considerando as tecnologias, os procedimentos e as informações necessários para produzir resulta- dos finais – as saídas do processo. A análise inclui a avaliação de indicadores como: tempo, custo, ca- pacidade e qualidade dos processos. Para realizar a análise de proces- so de maneira adequada, devem ser seguidas algumas etapas. Vamos conhecê-las. Identifique os processos1 A primeira etapa é identificar quais processos precisam ser melho- rados para que as mudanças sejam iniciadas por aqueles que causam maior impacto na organização ou que estão com sua eficiência mais comprometida. Deve-se considerar sempre alinhar esses processos aos objetivos do negócio e priorizar aqueles que mais contribuem para o alcance dos objetivos organizacionais e que agregam mais valor à entrega final dos processos. Uma metodologia fácil de ser aplicada é a sugerida por Drucker (2008), que apresenta cinco perguntas essenciais que toda empresa deve fazer para avaliar a maneira como está conduzindo seus negó- cios. Essas mesmas questões podem indicar quais processos precisam ser aprimorados para atender aos objetivos da organização. São elas: • Qual é a nossa missão? • Quem é nosso cliente? • O que o nosso cliente valoriza? • Quais são os nossos resultados? • Qual é o nosso plano? 112 Modelos de Gestão • Qual é a nossa missão? Já sabemos o que é a missão de uma empresa e como ela deve ser estruturada, pois ela se refere à razão de sua existência. Sem com- preender essa razão de existência da organização, é impossível de- terminar quais processos são fundamentais para que ela cumpra sua missão. Os processos são mutáveis e ajustáveis, mas a missão da em- presa perdura e deve ser alcançada por meio deles. • Quem é nosso cliente? É fundamental que a empresa considere outros atores além do cliente principal para a análise dos processos de negócios, pois, segun- do Drucker (2008), esse cliente é a pessoa cuja vida é mudada por meio do seu produto ou serviço. Não necessariamente são as pessoas que compram o produto que são os principais clientes; estes podem ser bebês ou bichinhos de estimação, por exemplo. Para a empresa aten- der a esses clientes, ela precisa considerar também quem adquire o produto/serviço. Devemos, portanto, identificar os processos que mais agregam va- lor percebido a seus clientes (sejam eles os finais ou aqueles que reali- zam a compra) para então priorizá-los. • O que o nosso cliente valoriza? Para responder a essa pergunta, deve-se realizar uma pesquisa de mercado completa, pois é comum que as organizações façam suposições erradas sobre as necessidades e desejos dos clientes – essas são ques- tões complexas que só podem ser abordadas pelos próprios clientes. Para Drucker (2008), a liderança não deve tentar adivinhar as res- postas, mas deve sempre recorrer aos clientes em uma busca sistemá- tica por essas respostas. Muitas organizações estão tão convencidas de que estão fazendo as coisas certas que passam a ver a instituição como um fim em si mesma, e não no cliente, mas os processos devem ser estruturados para atender às necessidades deles. • Quais são os nossos resultados? A organização precisa verificar quais processos não estão atenden- do às metas estabelecidas e por quais motivos. Em uma organização lu- crativa, uma das medidas de sucesso são, obviamente, os lucros, e são esses resultados que indicarão se a empresa está fazendo seu trabalho da maneira correta. Gerência de processos organizacionais 113 Drucker (2008) considera que a empresa deve olhar para as realiza- ções de curto prazo e as mudanças para o longo prazo. Uma das ques- tões mais importantes para estruturarmos os processos da empresa é ela responder se os resultados que são obtidos são suficientemente notáveis para justificar os recursos investidos na área. • Qual é o nosso plano? O plano começa com a missão e termina com etapas de ação e um orçamento. Também, deve direcionar a organização para a sua me- lhor versão, a qual considera os aspectos levantados nas perguntas anteriores. Esse processo de autoavaliação, proporcionado pela busca aos questionamentos, gera um plano que apresenta os objetivos que a or- ganização quer alcançar e como pretende fazer isso. Como é impossí- vel prever o futuro, o plano e os processos para atendê-lo devem estar em constante avaliação e revisão. O plano é apenas um ponto de parti- da, e não um projeto perfeito. A administração deve refinar, adaptar e aprender continuamente para que o plano funcione. Estabeleça a equipe2 A organização deve definir uma equipe de pessoas competentes para realizar a análise do processo de negócios, incluindo prioritaria- mente aquelas que já trabalham diretamente com os processos, pois já estão ambientadas com suas etapas,informações e objetivos e com- preendem fatores críticos, como as falhas e gargalos do processo. Quando se estabelece a equipe de trabalho, é fundamental agregar pro- fissionais que serão capazes de efetivamente analisar os processos de negó- cios. Entre esses profissionais, a empresa deve recrutar para a sua equipe: • líderes que trabalhem diretamente com processos escolhidos; • funcionários que se dediquem por acreditarem na possível me- lhoria dos processos; • um apoiador da alta administração que fará a capacitação dos demais participantes; • funcionários que trabalhem diretamente com o processo. Feito isso, a empresa deve se concentrar em projetar o novo proces- so aprimorado, aquele que alcançará os objetivos da organização de modo mais eficiente e eficaz. Dessa maneira, o analista deverá projetar Qual a importância de utilizar a metodologia das cinco perguntas de Drucker na análise dos processos? Justifique sua resposta. Atividade 1 114 Modelos de Gestão um novo processo com base na fase de modelagem e desenho de pro- cessos, que veremos na sequência. 5.1.2 Modelagem e desenho de processos A modelagem de processos se refere às atividades envolvidas na criação de representações de um processo já existente, ou de um novo processo, oferecendo uma perspectiva de ponta a ponta de uma orga- nização. Essas atividades são essenciais quando uma organização tem um método de operação que não é padronizado ou consistente. Sem a modelagem, os objetivos da organização talvez estejam sendo alcan- çados, mas de maneira muito aleatória e sem certeza se as operações realizadas estão realmente sendo as mais eficientes. A modelagem é uma das ferramentas do desenho dos processos, que é fundamental para os gestores observarem de maneira clara como as coisas estão sendo feitas atualmente em uma organização e criarem processos melhores, respeitando, por exemplo, as cinco per- guntas de Drucker que vimos anteriormente. Em síntese, a modelagem de processos de negócios é uma técnica para documentar processos de negócios em que cada um de seus ele- mentos é representado por notações gráficas. A representação gráfica resultante de um processo de negócios é conhecida como modelo de processo de negócios. Cada modelo de processo de negócios ilustra: • atividades ordenadas de maneira sequencial e pontos de decisão específicos; • pessoas que realizam essas atividades e suas conexões; • entradas e saídas de cada atividade; • fluxo das informações ao longo do processo de negócios; • regras e regulamentos associados; • indicadores quantitativos, como o número de etapas e o tempo e o custo necessários para concluir determinado processo de negócios. A documentação dos processos em diagramas e a utilização de bre- ves descrições sobre eles facilitam o entendimento de todos sobre as normas e procedimentos, bem como aumentam o conhecimento das partes interessadas sobre os processos. Também têm o propósito de identificar áreas com gargalos ou que precisam de melhorias, facilitan- do aos analistas e gestores redesenhar processos e fazer as modifi- Gerência de processos organizacionais 115 cações necessárias de maneira informada e direcionada, assim como justificar essas mudanças. A visualização de seus processos de negócios por modelagem ajuda as organizações a melhorar a comunicação interna e a chegar a um consenso sobre necessidades de melhorias, investimentos e ajustes, permitindo, desse modo, decisões mais produtivas. Os processos de negócios também preparam sua empresa para esforços futuros de au- tomação e integração. O seu desenho considera essas necessidades para os processos novos e modificados e as especificações do que é necessário de acordo com os objetivos da empresa. Já sabemos que um processo ou fluxo de trabalho é uma sequên- cia de etapas repetidas que um indivíduo ou uma equipe deve realizar para que o negócio opere, atinja os objetivos e mantenha um nível de produtividade. Neste momento, também já conseguimos modelar se- guindo a metodologia do BPMN (a qual veremos em detalhes no tópico a seguir) ou outra técnica para organizar de maneira clara para todos dentro da organização. Depois de criar e modelar seus processos separados, a próxima eta- pa é organizar esses procedimentos de maneira coerente – e isso pode ser complicado, especialmente quando empresas aparentemente sim- ples implementam uma série de processos. Nesse desenho dos pro- cessos de negócios, a organização deve considerar um design lógico, ou seja, quais atividades são realizadas, e um design físico, que indica como as atividades são realizadas. As atividades de desenho de processo se concentram em como as atividades estão organizadas de ponta a ponta a fim de entregar valor aos clientes. A sequência de atividades em que o desenho é executado inclui saber quando e onde será realizada, quem são os participantes do processo e que metodologia está documentada. Dessa maneira, utiliza-se a modelagem para compreender todo o processo e então procurar maneiras de melhorá-los, reduzindo falhas, eliminando etapas desnecessárias e buscando mais eficiência. Com base nesse desenho, toda a organização compreende qual é o fluxo inteiro na organização, as responsabilidades e as particularidades de cada parte do processo. Na sequência, tratamos de um padrão internacional para se realizar a modelagem dos processos que acaba por estruturar também o desenho 116 Modelos de Gestão deles, contribuindo para um melhor entendimento de todos na organi- zação, além de outras vantagens. 5.1.3 BPMN Uma forma de realizarmos a modelagem dos processos se dá por meio da utilização da notação internacional BPMN (Business Process Mmodeling and Notation), que se trata de um diagrama mais detalhado que permite trabalhar com vários processos simultâneos, possibilitan- do tanto a observação de particularidades quanto uma visão holística do processo. O BPMN foi desenvolvido pela BPMI (Business Process Management Initiative) e é mantido pelo OMG (Object Management Group). Em 2005, as duas unidades se fundiram e lançaram atualizações para o padrão BPMN. Segundo Campos (2014), o BPMN representa por meio de seu desenho as situações típicas de um fluxo de trabalho qualquer, indicando esse fluxo e seu término, o caminho percorrido, as decisões entre alternativas, as conexões etc. O objetivo de um diagrama BPMN é representar de maneira esque- mática como um processo ocorre, as etapas e as pessoas envolvidas. A representação por desenho facilita a compreensão por todas as partes interessadas. Mesmo em unidades ou departamentos diferentes, é possí- vel verificar a rede de colaboração e as transações dentro da organização. Além de proporcionar uma linguagem comum a todas as pessoas envolvidas nos processos, minimizando erros de interpretação e comu- nicação, o BPMN também possibilita que a organização: • tenha uma visão clara de todas as atividades envolvidas nos processos; • economize tempo eliminando tarefas desnecessárias; • reduza erros, retrabalhos, gargalos e trabalhos realizados de ma- neira não produtiva. A representação do diagrama BPMN normalmente inicia da esquer- da para a direita, mas também pode ser feita verticalmente – de cima para baixo. Sua composição é organizada em quatro grupos de ele- mentos, que utilizam símbolos para representar as diferentes ações que ocorrem nos processos: objetos de fluxo, objetos de conexão, raias (ou piscina) e artefatos , os quais descrevemos a seguir. Gerência de processos organizacionais 117 5.1.4 Objetos de fluxo Elementos que estão conectados e formam um fluxo de processo; são divididos em atividades, eventos e gateways. • Atividades: são processos de negócios executados, por exemplo, gerar um relatório. As atividades no BPMN são representadas como retângulos de canto arredondado. Dentro das atividades, também pode haver tarefas (normalmente executadas por uma só pessoa) e subprocessos (subdivisão dos processos emações menores). Há representações diferenciadas dentro das atividades: Tarefa Transação Subprocesso • Eventos: são situações que ocorrem dentro dos processos e são representados por círculos. O desenho do círculo pode ser sim- ples (como o início de um processo), com uma linha dupla (que indica um evento intermediário) ou com a borda mais espessa (representando o final). Também são utilizados outros ícones para especificar um evento específico, como quando há um envelope dentro do círculo, que significa que há uma mensagem a ser observada. Início Intermediário Final • Gateways: se uma atividagade precisa passar por diferentes flu- xos de processos de negócios, utiliza-se um símbolo em forma de diamante para representação, o qual conecta essa atividade aos outros fluxos pelos quais poderá ser direcionada. Esses símbolos também apresentam diferentes representações, por exemplo: quando há um X dentro do diamante significa que a partir dele a atividade seguirá apenas um caminho; quando há o 118 Modelos de Gestão sinal + dentro dele significa que mais de um caminho poderá ser seguido pela atividade; e quando há um círculo significa que são permitidos fluxos paralelos. Exclusivo Paralelo Inclusivo A Figura 1 ilustra a representação desses símbolos em um diagrama BPMN. Vl ad im iri x/ Sh ut te rs to ck Figura 1 Diagrama BPMN 5.1.5 Objetos de conexão São as setas que demonstram como os objetos estão conectados uns aos outros e representam coisas que fluem através de um proces- so. Essas setas fazem as ligações entre as atividades, os eventos e os gateways. 5.1.6 Raias e piscina São utilizadas para organizar diferentes aspectos de um processo de negócios em um fluxograma multifuncional. O símbolo da piscina (um retângulo maior) é utilizado para repre- sentar unidades de negócio ou filiais da organização, e as raias são sub- divisões da piscina que representam os departamentos. Gerência de processos organizacionais 119 Figura 2 Diagrama BPMN com piscina e raias AS CH W /S hu tte rs to ck 5.1.7 Artefatos Categorizam atividades e podem ser usados para incluir mais infor- mações sobre um processo no diagrama BPMN. Dados necessários para um processo. Grupo: agrupa diferentes atividades. Anotação de texto: texto que fornece mais informações. Compreendendo como os processos podem ser analisados e es- truturados de maneira compreensível para todos na organização, na próxima seção vamos abordar o gerenciamento do desempenho da organização, pois uma organização bem estruturada consegue ter acesso de maior qualidade às suas informações para tomadas de deci- são e melhorias. Quando consideramos o BPMN, muitas vezes pensamos apenas em grandes organizações, mas a verdade é que ele pode ser utilizado por organizações de qualquer tamanho, segmento ou nível de complexidade. No artigo Mode- lagem de processos com BPMN em pequenas empresas: um estudo de caso, dos autores Cristiano Tolfo, Thiarles Soares Medeiros e Jaline Goncalves Mom- bach, apresentado no 23o Encontro Nacional de Engenharia de Produção, em 2013, é estudada a modelagem por meio do diagrama em uma pequena empresa que produz artesanato em MDF. Acesso em: 10 nov. 2020. http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2013_TN_STO_177_013_22720.pdf Artigo Quais as principais vantagens em adotar o diagrama BPMN para mapear os processos? Atividade 2 http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2013_TN_STO_177_013_22720.pdf 120 Modelos de Gestão 5.2 Gerenciamento de desempenho Vídeo Para determinar quais são as melhorias necessárias e possíveis, a or- ganização deve sempre considerar seus objetivos estratégicos. A empre- sa deve se concentrar em atividades que agregam alto valor percebido ao cliente final para ajustar aquilo que ainda está deficitário do ponto de vista dele. A empresa também deve se concentrar nos gargalos que fazem com que o processo deixe de fluir em certos pontos e estabelecer formas de como evitá-lo. O gerenciamento ou gestão de desempenho é uma abordagem es- tratégica para criar e sustentar a melhoria do desempenho dos fun- cionários, das operações e dos processos, levando a um aumento da eficácia das organizações. Quando abordamos o desempenho da organização com base na perspectiva do desenvolvimento dos funcionários, buscamos alinhar atividades de treinamento e desenvolvimento com os objetivos da em- presa, da equipe e individuais. Dessa maneira, a gestão deve ser capaz de criar um ambiente de trabalho que possibilite que os funcionários e as empresas prosperem. O processo de gerenciamento de desempenho deve ser colabora- tivo e fortemente fundamentado na comunicação, em que os funcio- nários e a administração trabalham juntos para planejar, monitorar e revisar os objetivos do funcionário, as metas de longo prazo, a traje- tória de trabalho e a contribuição abrangente para a empresa. Esse processo é contínuo, com sessões regulares em que a administração e os funcionários têm a oportunidade de dar e receber feedback. Além do desempenho dos colaboradores, a organização precisa ter métodos e instrumentos para avaliar o desempenho de todas as áreas do negócio, pois a melhoria do desempenho operacional tem um efeito direto no desempenho financeiro de qualquer negócio. A organização pre- cisa conhecer seus dados operacionais, que são gerados com base nos processos, vendas, produção, capacidade de máquinas e mão de obra. São diversas informações que devem ser consideradas para o ge- renciamento do desempenho de uma organização. Uma das maneiras de realizá-lo é por meio de sistemas de gerenciamento de desempenho empresarial (Enterprise Performance Management – EPM). O EPM é um termo comumente usado para descrever uma das tarefas de gerencia- Gerência de processos organizacionais 121 mento central de uma empresa. Ele descreve métodos e soluções que são necessários para o gerenciamento corporativo e inclui os seguintes processos de gerenciamento: • orçamento, planejamento, previsão; • modelando a criação de valor de uma empresa; • consolidação dos resultados; • análise de desempenho. O EPM pode ser considerado uma metodologia concebida para aprimorar o desempenho da empresa e permitir que a gestão res- ponda melhor aos desafios apresentados, bem como às oportuni- dades em um projeto, seção, linha operacional, área geográfica e em todo o nível corporativo. Para que possa ser operacionalizado, o EPM utiliza indicadores- -chave de desempenho (Key Performance Indicators – KPI), como ven- das, despesas gerais e custos operacionais, bem como o retorno sobre o investimento (ROI), que são indicadores geralmente usados para planejar, medir e analisar o desempenho de uma empresa. O EPM fornece uma imagem clara sobre o rumo dos negócios, por meio de um ciclo de planejamento, feedback e monitoramento, o qual reve- la informações de que as organizações necessitam para elevar o nível de produtividade. É fundamental que a organização tenha mapeados seus proces- sos e saiba seus objetivos e como relacioná-los, para que possa então implantar um sistema como o EPM, que foi projetado para ajudar as empresas a vincular suas estratégias diretamente à execução de seus planos de negócios. Ele considera todas as dimensões do negócio, per- mitindo reconhecer e resolver as lacunas de desempenho de maneira mais eficiente. O conceito de EPM já existe há décadas, porém cada vez mais estão sendo utilizadas tecnologias baseadas em nuvens nos processos e so- luções de EPM que antes eram gerenciados manualmente por meio de documentos físicos, como planilhas financeiras, de vendas e de produ- ção, antes analisadas e discutidas em reuniões intermináveis. Algumas organizações ainda utilizam planilhas eletrônicas simples para coleta, lançamento e validação de dados, bem como para suas atividades de orçamento, previsão e relatórios. No entanto, esses pro- O livro Indicadores de desempenho: dos objetivos à ação – métodos para elaborar KPIs e obterresul- tados apresenta conceitos básicos, muitas vezes ignorados por gestores e empresários, sobre quais são os reais indicadores importantes para seus negócios. Não basta a organização acumular da- dos, ela precisa descobrir quais são fundamentais para entregar valor aos clientes e gerar rentabili- dade para a organização. FRANCISCHINI, A. S. N.; FRANCISCHINI, P. G. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017. Livro 122 Modelos de Gestão cessos são extremamente demorados e sujeitos a erros, limitando o trabalho dos funcionários apenas para atender às necessidades bási- cas da organização. Não sobra tempo para atividades que agregam va- lor, como previsões mensais, cenários de modelagem e construção de parcerias estratégicas. Quando a empresa tem condições de investir em sistemas mais avançados, estes fornecem recursos de planejamento, orçamento e previsão usando painéis para exibir dados organizacionais importantes. Um software para o gerenciamento de desempenho ajuda as empre- sas a aumentar a eficiência, eliminando processos ineficientes e melho- rando os processos de planejamento e relatório por meio de bancos de dados centralizados, fluxo de trabalho e controle de processo. Com essas funcionalidades, a organização tem condições de alinhar seus objetivos estratégicos, financeiros e operacionais, fornecendo às partes interessadas os dados sempre atualizados que estão disponí- veis para tomadas de decisão com apenas alguns cliques. Certamente, um gerenciamento de desempenho com melhores e mais informações atualizadas leva a melhores decisões de negócios, pois conhecimento é poder, e quanto a mais informações a gestão da organização tiver acesso, mais precisas e bem fundamentadas serão suas decisões. Com o monitoramento frequente usando ferramentas como painéis de de- sempenho e atualizações em tempo real para KPI, o gerenciamento pode identificar riscos e responder de maneira mais oportuna. Como falamos do BPMN na seção anterior, é importante também abordarmos a metodologia do BPM (Business Process Management, ou ge- renciamento dos processos de negócios). O BPM relaciona as melhorias dos processos de negócios aos benefícios entregues aos clientes, agregando valor aos produtos e serviços ofertados pela organização. Segundo Brocke (2013, p. 5), o BPM é “um sistema integrado de gestão de desempenho de negócios voltado para a gestão de processos de negócio ponta a ponta”, cujo principal resultado é oferecer maior valor aos clientes. O gerenciamento dos processos de negócios (BPM) é uma meto- dologia utilizada pelas empresas para conceber, analisar e modificar os seus processos com o objetivo de melhorá-los a fim de atender aos objetivos estratégicos de uma organização, considerando seu estado atual e quais os processos que, se melhorados, mais impactarão na eficiência da empresa. Gerência de processos organizacionais 123 O BPM também necessita de tecnologia para poder analisar os da- dos e entregar os resultados esperados para a gestão da organização. Sua ferramentas geralmente tornam os recursos acessíveis por meio de uma ferramenta visual de modelagem e design de processos (con- forme vimos na seção anterior) que permite que usuários relativamen- te não técnicos projetem e testem processos e fluxos de trabalho. É importante enfatizar que o BPM não é um software, no entanto exis- tem ferramentas BPM disponíveis que auxiliam na implementação de processos de negócios padronizados e automatizados. Falaremos me- lhor sobre esse tema na próxima seção. O gerenciamento do desempenho deve ser realizado apenas pelo nível estratégico da organização? Comente. Atividade 3 5.3 Sistemas para gerência de processos nas organizações Vídeo Gerenciar processos de negócios é um grande desafio na maioria das organizações. O investimento em sistemas eficientes muitas vezes é visto pelos gestores apenas como uma despesa enorme ou que só vale a pena para processos massivos. No entanto, fazer o gerenciamen- to dos processos é importante independentemente do tamanho do ne- gócio, e utilizar sistemas para isso é cada vez mais uma necessidade, pois são inúmeros os dados a serem analisados. A utilização de sistema de gerenciamento de processos é uma parte do BPM que permite planejar e monitorar com eficiência o desempe- nho de várias atividades em um ambiente de negócios. As operações têm tudo a ver com o gerenciamento de processos diferentes, pois são os pilares para garantir fluxos de trabalho simplificados e contribuem para o crescimento de qualquer organização. O BPMS – Business Process Management System, ou sistema de geren- ciamento de processos de negócios – se trata de um conjunto de sistemas (e softwares) conectados aos processos da organização cujo objetivo é acessar as informações e proporcionar melhores condições para que os processos organizacionais sejam mais eficientes. Esse sistema se refere aos vários processos ativos em software de automação de fluxo de trabalho, análise e diagnósticos dos processos e simulações de melhores oportunidades, que cria uma plataforma unificada para os funcionários trabalharem de maneira mais eficien- te. As ferramentas de BPM para gerenciamento dos processos de uma 124 Modelos de Gestão organização incluem uma variedade de recursos para atender a essa função central de fluxo de trabalho. • Gerenciamento de fluxo de trabalho: os usuários podem pro- jetar, testar e executar fluxos de trabalho complexos para geren- ciar as interações entre funcionários, sistemas e dados. • Mecanismo de regras de negócios: os usuários podem criar conjuntos complexos de regras e condições de negócios como parte do desenho e execução do processo, objetivando a medi- ção do desempenho mais interessante para a organização. • Gerador de formulários: os usuários podem criar formulários on-line de maneira simples, mas que informem o que a organi- zação precisa. • Colaboração: o BPM geralmente oferece suporte a tópicos de discussão, gerenciamento de decisões e gerenciamento de ideias. • Analytics: os usuários podem definir métricas, KPI e executar re- latórios padrões e personalizados de acordo com as necessida- des de análise da organização. • Integrações: as principais integrações permitem que as empre- sas usem dados em sistemas e interfaces. Os conjuntos de BPM geralmente são projetados para ajudar a me- lhorar os processos de negócios. A seguir estão alguns exemplos dos benefícios potenciais do uso do BPM, ou BPMS: • reduzir gastos, falhas e ineficiências; • garantir a conformidade regulatória; • aumentar a responsabilidade de todos os envolvidos; • melhorar o envolvimento e a satisfação do cliente; • gerar vantagens competitivas; • simplificar operações, melhorando a agilidade dos negócios. A seguir apresentamos alguns dos sistemas mais completos e utili- zados para gerência dos processos nas organizações, segundo classifi- cação do site The Digital Project Manager 1 . O site Universo BPM pos- sui vários artigos, vídeos e podcasts sobre o tema. Também oferece cursos para quem tem interesse em aprofundar seus co- nhecimentos e trabalhar com esses sistemas ou mesmo saber mais sobre a metodologia do BPM. Disponível em: https://www. universobpm.com.br/blog. Acesso em: 13 out. 2020. Site Disponível em: https://the- digitalprojectmanager.com/ bpms-bpm-software/. Acesso em: 4 nov. 2020. 1 https://www.universobpm.com.br/blog https://www.universobpm.com.br/blog https://thedigitalprojectmanager.com/bpms-bpm-software/ https://thedigitalprojectmanager.com/bpms-bpm-software/ https://thedigitalprojectmanager.com/bpms-bpm-software/ Gerência de processos organizacionais 125 • Monday: https://monday.com/lang/pt/ Permite à organização planejar, executar e otimizar seus processos de negócios em um espaço visual e colaborativo, para obter melhores resultados com mais rapidez. É utilizado por mais de 100 mil empresas em todo o mundo, como: Magazine Luiza, Bosch, Coca-Cola, Visa, IBM e Unilever.• Kissflow: https://kissflow.com/ Com interface amigável e analytics em tempo real, promete simplificar os negócios da organização com o BPM feito sob medida para entrar em ação e aumentar a eficiência e a produtividade em todos os níveis. Principais clientes: Danone, Motorola, Pepsi, Michelin, Domino’s Pizza e outros. • Quixy: https://quixy.com/ Empresa sediada na Índia que desenvolveu uma plataforma poderosa com chama- dos desenvolvedores cidadãos, ou seja, pessoas que não são profissionais e utilizam uma programação usem código, na qual indivíduos sem nenhum conhecimento sobre codificação podem criar um aplicativo totalmente funcional e fácil de usar. Sua apresentação inicial promete automatizar processos e fluxos de trabalho ou criar aplicativos personalizados dez vezes mais rápido e sem código. Seus principais clientes são empresas asiáticas. • Sensus BPM: https://www.sensus-processmanagement.com/ A Sensus BPM Online permite mapear, melhorar e compartilhar todos os processos de uma organização, promovendo uma base sólida por meio da qual a empresa é capaz de responder às oportunidades e ameaças e implementar melhorias. Tem como grande vantagem a integração fácil com o MS Office, o Google, o Power BI e os sistemas da Apple. No Brasil, temos também empresas que oferecem esses serviços em nuvem: https://vianuvem.com.br/ http://www.maestrobpm.com.br/ Vamos agora estudar um modelo de gestão que surgiu na mesma época que a teoria de sistemas, o qual nos traz uma abordagem de complexidade e comunicação e necessita para sua operação a estrutu- ração prévia dos processos em uma empresa. https://monday.com/lang/pt/ https://kissflow.com/ https://quixy.com/ https://www.sensus-processmanagement.com/ https://vianuvem.com.br/ http://www.maestrobpm.com.br/ 126 Modelos de Gestão 5.4 Cibernética e administração Vídeo Os primeiros estudos sobre a cibernética surgiram em meados dos anos 1940, junto com a teoria dos sistemas e os computadores. O es- tudo dessa ciência interdisciplinar (pois relaciona várias ciências) co- meçou com o matemático Norbert Wiener e envolve a comunicação e o controle de sistemas biológicos e mecânicos com foco na sinergia. A gestão cibernética é uma linha de estudos na gestão organizacio- nal que tem como enfoque o gerenciamento do ambiente interno e considera temas como estabelecimento e controle de metas, tomada de decisão participativa, estruturas horizontais e o fluxo adequado de informações e processos. Seu uso na administração foi introduzido pela primeira vez por Stafford Beer nos anos 1950. Sua aplicação nas orga- nizações pode ajudar os gestores a intervir em situações complexas. Mas o que seriam essas situações complexas? A complexidade é inerente aos sistemas dinâmicos, porque seus processos são frequen- temente não lineares e, portanto, mais difíceis de identificar e super- visionar. Por essa razão, é fundamental que as organizações tenham boa compreensão dos seus processos, conhecimento da aplicação dos regulamentos e uma melhor supervisão dos vários sistemas. Quando uma organização domina isso, existe a cibernética gerencial. Antes de aplicar os conceitos de cibernética em uma organização que está nesse ambiente complexo, os gestores precisam observar as seguintes questões: • Se certificar de que todos os processos estão claramente defini- dos, bem interligados e regularmente atualizados. Também deve defender uma informação organizacional eficaz e uma gestão do conhecimento. • Deve haver um esforço para trabalhar a complexidade na orga- nização e ser certificado que o risco seja gerenciado dentro dela, por meio da consideração de probabilidades, do compartilha- mento de riscos etc. • Permitir redundância que pode apoiar a estabilidade organizacio- nal; essa redundância seria como um espelhamento do sistema, garantindo, em caso de falhas, que ele não pare de funcionar. • Promover a responsabilidade individual e conferir às pessoas a autoridade necessária para a tomada de decisões condizentes O livro Cibernética na administração: visão totalmente original de como administrar desde uma pequena empresa até um país apresenta a aplicação dos conceitos originais dos estudos da cibernética na adminis- tração. Seu autor era um renomado consultor de empresas e relata nesse livro situações complexas que necessitam de uma gestão diferenciada para que possam se tornar es- táveis. Apesar de antigo, é um livro interessante e pioneiro para quem quer aprender mais sobre a temática. BEER, S. São Paulo: Ibrasa, 1979. Livro Gerência de processos organizacionais 127 com o seu nível de operação. A gerência deve intervir apenas como uma exceção. • O desafio para a alta administração é iniciar de cima para baixo o movimento em direção à autorregulação e monitorar cuidadosa- mente como o sistema está funcionando em termos de adaptação. • A comunicação efetiva na organização é necessária para promo- ver a flexibilidade e adaptabilidade no ambiente, sendo ambas cruciais para a estabilidade. Por meio de suas interações, a or- ganização deve estar continuamente em movimento e encontrar constantemente o reequilíbrio. • A adoção de uma gestão cibernética não acontece da noite para o dia; a organização deve aceitar as oscilações, pois elas são neces- sárias para o aprendizado da autorregulação do sistema. E como funciona esse pensamento da gestão cibernética na orga- nização? Assumindo que a organização é um sistema complexo, com- preendemos que ela tem muitas partes (processos, departamentos, pessoas) que interagem de modo a produzir resultados que nenhuma das partes sozinha pode produzir; essas partes estão em constante co- municação e troca entre si. Para entender como os processos dentro dessa visão funcionam, vamos usar um exemplo de pensamento pa- drão e aquele que utiliza os conceitos da complexidade nas relações. Pensamento padrão: “quando A faz algo para B, isso resulta em C, que, por sua vez, resulta em D etc.” Com esse modelo de raciocínio, procuramos por respostas que vão buscar estabelecer fatores específicos e as circunstâncias das quais eles dependem. Padrão de pensamento que considera o raciocínio da cibernética para a administração: “quando A faz algo para B, o que A e B farão para chegar a C?” Percebe a diferença? Esse tipo de questionamento está voltado para as relações individuais, a responsabilidade de cada um dentro dos processos e a sua interação para determinar um possível resul- tado. Os gerentes podem se perguntar sobre sua equipe: “o que um funcionário faz em troca do que é feito por aquele funcionário?” As- 128 Modelos de Gestão sim, podem estabelecer as responsabilidades de cada um e a sua con- tribuição ao sistema. O principal enfoque dos estudos das leis naturais da cibernética gerencial em organizações é não procurar simplificar a realidade, pois essa simplicidade não existe. Devemos considerar que a administração tem uma grande ocorrência de situações complexas, as quais só po- dem ser abordadas com, pelo menos, a mesma complexidade. A organização deve mapear e analisar todos os seus processos, pois ao identificar separadamente todos os fatores possíveis dentro de um siste- ma complexo, eles se tornarão claramente reconhecíveis e compreensíveis para todos os envolvidos na organização. Os processos são entendidos como um sistema cíclico, ou seja, um novo processo se inicia quando outro se encerra. É por isso que os processos se tornam visíveis e podem ser descritos com clareza, podendo ser usados dentro de uma organização. Sob essa ótica, entendemos que uma empresa é um sistema emer- gente que faz exatamente o que está definido em seu fluxo de pro- cessos. Assim, as propriedades de uma empresa são definidas pela interação de suas funções operacionais. A cibernética na administração tem condições de fornecer aos gerentes uma imagem clara da abor- dagem de situações e processos complexos. É assim que as organiza- ções podem responder à complexidadede maneira eficaz e adequada, o que criará uma empresa estável, sustentável e flexível. Os sistemas de controle da organização podem ser descritos em ter- mos de mecanismos de detecção de falhas e ciclos de feedback que moni- toram as alterações de níveis aceitáveis de operação e que ativam forças que fazem as instituições voltarem ao seu estado estável anterior. Essas correções para voltar à estabilidade podem ser feitas por meio de ações de liderança e gerenciamento consistentes com os princípios cibernéticos. A principal tarefa de gerenciamento é identificar os parâmetros de fluxo e aperfeiçoar seu alinhamento operacional dentro do contexto de mercado. Nas empresas, esses parâmetros de fluxo são os efeitos das funções operacionais. Dessa maneira, a principal função do administra- dor cibernético é coordenar e equilibrar os vários sistemas dentro da organização para avançar no sentido de otimizar as potencialidades da equipe – por meio de ajustes nos processos e procedimentos adminis- trativos – enunciando metas que estabelecem restrições e enfatizando elementos selecionados da vida organizacional. Do que se trata a complexidade analisada pela cibernética na administração? Comente. Atividade 4 Gerência de processos organizacionais 129 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, abordamos vários temas complexos que tratam da im- portância de conhecer cada vez mais os processos da empresa, tarefa que exige muito estudo, uma boa estrutura organizacional e pessoas partici- pando ativamente da construção de uma organização eficiente e produtiva. A gerência dos processos organizacionais é muito mais do que dese- nhar os processos e buscar melhores resultados, pois existem muitos fa- tores e atividades envolvidos nesse gerenciamento, e é responsabilidade da equipe de gestores compreender as etapas e necessidades de cada uma para construir um modelo de gestão que leve mais valor aos clien- tes. Uma das maneiras de realizar essa construção é pela aplicação da gestão cibernética, que necessita de processos organizados para regular o gerenciamento por meio do entendimento da complexidade e buscar melhores resultados. REFERÊNCIAS BROCKE, J. V.; ROSEMANN, M. Manual de BPM: gestão de processos de negócio. Porto Alegre: Bookman, 2013. CAMPOS, A. L. N. Modelagem de processos com BPMN. 2. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2014. DRUCKER, P. F. As cinco perguntas essenciais que você sempre deverá fazer sobre sua empresa. Rio de Janeiro: Campus, 2008. GABARITO 1. Quando se responde às cinco perguntas de Drucker – Qual é a missão da empresa? Quem é o cliente? O que esse cliente valoriza? Quais são os resultados e qual é o plano da organização? –, a empresa consegue avaliar de maneira mais clara como está con- duzindo os seus negócios de acordo com seus objetivos. 2. Por ter uma classificação internacional, amplamente estudada e divulgada, entende-se que os processos ficam mais claros para todos os envolvidos, utilizando um padrão eficiente para o mapeamento. 3. Não, deve ter o esforço colaborativo de todas as pessoas e estar fortemente funda- mentado na comunicação. Um grupo restrito de pessoas, mesmo com acesso a siste- mas eficientes de gestão, pode desconhecer muitas questões particulares dos proces- sos, que apenas aqueles que estão envolvidos têm condições de responder. 4. A cibernética, não apenas a gerencial, mas de maneira geral, compreende que os sis- temas são complexos por não serem lineares, e sim dinâmicos, ou seja, as situações não se repetem da mesma maneira e exigem flexibilidade nas respostas. Porém, isso não pode ser feito por meio de improviso, e sim por meio processos previamente definidos que são utilizados como reguladores do sistema. 130 Modelos de Gestão 6 Resolução de problemas da gestão organizacional A resolução de problemas organizacionais vai além de uma sim- ples tomada de decisão. Ela inclui diversas etapas fundamentais para otimizar os investimentos naquilo que efetivamente trará resul- tados para a empresa. Muitas vezes, um problema na organização não está relacionado diretamente ao departamento ou à unidade onde ele é identificado. Por exemplo, um problema de reclamação de clientes pode ter sua origem desde a qualidade da matéria-prima utilizada, passando pelo processo de produção, ou ainda ser uma questão de atendimento do setor de vendas. Mas como saber a origem do problema para, então, encontrar a melhor maneira de solucioná-lo? É o que veremos neste capítulo. A organização deve explorar formas de encontrar uma solução apropriada para os problemas, buscando-as nas metodologias de gestão da qualidade que utilizam ferramentas adequadas para iden- tificação, observação e resolução de problemas. A empresa também deve se preocupar em não repetir esses mesmos problemas ou, até mesmo, compensar um setor, pois poderia causar mais problemas em outras áreas. Para evitar esse tipo de complicação a longo prazo, as organizações podem utilizar sistemas de informação para apoio na resolução de problemas e nos registros de dados, a fim de que eles possam ser monitorados, acompanhados e medidos. O processo de solução de problemas organizacionais pode levar muito tempo, considerando que cada uma de suas etapas depende de etapas anteriores. Acelerar essas etapas, economizando recursos por julgar que elas não são representativas, pode levar a organização a gastar mais tempo e dinheiro, pois não despendeu o esforço necessá- rio no início do processo. Por essa razão, também abordaremos neste capítulo as mudanças organizacionais que devem acontecer, bem como as novas abordagens utilizadas para a resolução de problemas. Resolução de problemas da gestão organizacional 131 6.1 Metodologias da qualidade para resolução de problemas Vídeo A gestão da qualidade é uma das ferramentas mais utilizadas pelas organizações para resolução de problemas, principalmente para aque- les relacionados aos produtos. As empresas que nunca investiram em qualidade e necessitam passar por essa mudança, seja por pressão de clientes por melhores produtos, seja por uma concorrência maior ou, ainda, por perdas internas em seus processos – retrabalhos, gargalos, perdas –, veem nessa mudança uma necessidade e urgência para res- ponder rapidamente ao mercado e às partes interessadas (clientes, proprietários, sociedade etc.). Segundo Campos (2004, p. 8): As exigências aos requisitos de qualidade por parte dos clientes têm aumentado com o passar do tempo, essas exigências têm ameaçado até à sobrevivência das empresas, que são orienta- das a buscar a melhoria contínua dos seus produtos e serviços, e são levadas a buscar erradicação dos problemas, levando assim as empresas à busca pela excelência no atendimento aos seus consumidores, sendo esse o objetivo principal de uma empresa. Nesse sentido, veremos nesta seção quais são as principais metodo- logias utilizadas para melhorar a produtividade e eficiência, buscando no incremento da qualidade ferramentas para a resolução de problemas. Sabemos que consumidores e organizações têm uma vasta gama de opções quanto à marca ou fabricante de produtos, às matérias-primas e aos equipamentos à sua disposição; por isso, uma empresa deve sem- pre buscar oferecer o maior valor e a mais alta qualidade possível. Até mesmo organizações que possuem sistemas de qualidade efica- zes muitas vezes não são capazes de prevenir ou detectar problemas antes que eles cheguem aos clientes. Isso pode ocorrer em razão de alguns fatores ou condições importantes que podem ter ocorrido em etapas iniciais não foram considerados como problemas no momento oportuno. Para que os problemas não cheguem ao cliente, a gestão da organização deve ser hábil e sistemática em antecipá-los e resolvê-los à medida que surgem. As metodologias aplicadas para a resolução de problemas buscam encontrar soluções para questões complexas por meio de ferramentas da qualidade, buscando a raiz desse problema para tratá-lo logo no 132 Modelosde Gestão início, com ações corretivas e preventivas, a fim de evitar sua reinci- dência. Um problema detectado inicialmente – além de não chegar aos clientes, causando insatisfação direta e repercussão negativa da marca – tem um custo muito menor para a empresa. A resolução de problemas e a consequente busca pela melhoria dos processos funcionam melhor quando conduzidas como parte de um sis- tema de gestão da qualidade, em que os padrões são desenvolvidos e os indicadores de qualidade são monitorados por uma equipe responsável. Quando a organização possui e aplica metodologias adequadas e tes- tadas, acaba evitando falhas que podem acontecer quando a resolução de problemas não é encarada como prioridade. Essas falhas podem ser: • descrição errada ou insuficiente do problema; • não ter senso de urgência na sua resolução; • dependência de muitas etapas para resolução, ocasionando len- tidão e atrasos de outros processos; • ausência ou insuficiência de estrutura para a resolução de problemas; • falta de acompanhamento para evitar que o problema se repita; • esforço de resolução de problemas ocorrendo de modo acelera- do e pulando etapas do processo; • execução deficiente ou ações corretivas ineficazes. Compreendendo isso, como efetivamente aplicar metodologias da qualidade para a resolução de problemas? Existem algumas etapas que devem ser respeitadas para que a organização evite esses problemas, mesmo que não tenha implantado um sistema de gestão de qualidade. Essas etapas possibilitam aumentar a garantia na entrega de produtos e serviços com maior qualidade aos clientes. A primeira etapa da metodologia de resolução de problemas é a empresa localizar onde está a raiz do problema. Esse pode ser consi- derado o estágio mais difícil, porque muitas vezes a organização ainda não tem parâmetros para identificar o que realmente é o seu problema. Os problemas organizacionais, uma vez encontrados, são geralmente óbvios e evidentes, mas não aparecem logo no início. A empresa tam- bém precisa compreender que, apesar de existirem muitos problemas, ela precisa saber classificar quais desses são considerados críticos, isto é, que necessitam de maior atenção e prioridade nos trabalhos. Resolução de problemas da gestão organizacional 133 O segundo estágio é a descrição do problema de maneira clara para a equipe, visto que, como esse contratempo pode envolver muitas pessoas e áreas de organização, há a necessidade de se criar um en- tendimento compartilhado sobre os problemas que estão acontecendo e o que deve ser feito para melhorar. Na sequência, temos o estágio de tomada de decisão, que envolve a seleção da melhor alternativa dis- ponível para sua solução, considerando as circunstâncias e restrições específicas que cercam o problema. A próxima fase é a implementação da solução que foi levantada no estágio anterior. Ela envolve o planejamento e a implantação efetiva da solução em toda a organização. Assim, busca-se melhorar os en- tendimentos compartilhados entre todos na organização para que seja possível fazer um progresso significativo rumo à qualidade. O quinto estágio é o momento em que se realiza a auditoria e revisão dos resultados da implantação da solução. É hora de monitorar o que está acontecendo em relação aos objetivos definidos para melhora da or- ganização. Nessa etapa pretende-se produzir ações e sugestões para me- lhorar alguns ou todos os quatro estágios anteriores. Além disso, nesse momento é sempre valioso verificar se as soluções de fato funcionaram. Esses estágios são interdependentes, pois só podemos buscar a melhoria organizacional por meio de um processo cauteloso e metó- dico, evitando tomadas de decisões apressadas e que não buscam a raiz do problema. Desse modo, a qualidade da solução é geralmente menos decisiva do que o processo de obtenção da solução e a forma como ela é implementada. Compreendendo essas fases que podem ser utilizadas por organiza- ções de todos os portes, vamos abordar uma metodologia específica da qualidade que pode ser aplicada por empresas que já têm histórico de gestão da qualidade, denominada de Oito Disciplinas (8D). Essa metodo- logia envolve outras ferramentas, como os 5 porquês, 5W2H, diagrama de causa e efeito, entre outras. A metodologia 8D é uma abordagem de solução de problemas normalmente empregada por engenheiros de qualidade. Ela teve sua origem na indústria automotiva na década de 1980, mas atualmente é utilizada em organizações de diversas áreas. Seu objetivo é identificar, corrigir e eliminar problemas recorrentes nos processos organizacionais buscando melhorias para esses problemas, para os produtos e para os serviços entregues aos consumidores. 134 Modelos de Gestão De acordo com Vargas (2017), a metodologia 8D trata-se de uma sequência de ações que devem ser executadas pela organização, iniciando-se com a identificação do problema e avançando até o seu último passo – o reconhecimento dos resultados obtidos pela equipe. Ela estabelece uma ação corretiva permanente com base em análises estatísticas do problema e direciona o foco para a sua origem, buscan- do determinar suas causas raízes. Descrevemos a seguir quais são essas oito disciplinas ou estágios. Criar um planoD0 Elabora-se um plano para resolver o problema e determinar os pré- -requisitos necessários para as ações. Essa etapa foi ampliada do mo- delo original devido à importância de se planejar antes de se iniciar as demais etapas. Selecionar uma equipeD1 A figura do líder é fundamental para o sucesso da equipe, que deve ser formada por pessoas com conhecimento dos processos e do pro- duto e que tenham origem em diferentes áreas/departamentos da em- presa para agregarem conhecimentos multidisciplinares. Descrever o problemaD2 Momento em que se deve especificar o problema, identificando em termos quantificáveis os elementos que o compõem. Uma técnica uti- lizada é o 5W2H, que busca levantar esses elementos por meio das perguntas certas: • O que está acontecendo? • Quem está sendo afetado? • Onde esse problema está ocorrendo? • Quando e com que frequência isso acontece na organização? • Por que esse problema acontece em nossa empresa? • Como esse problema ocorre? • Quanto esse problema custa para a organização? Resolução de problemas da gestão organizacional 135 Desenvolver plano de contençãoD3 Nessa etapa deve-se procurar implementar uma contenção ao pro- blema, verificando ações provisórias, mas rápidas, para isolar o proble- ma de qualquer cliente, até que ações definitivas sejam determinadas pela gestão da empresa. Determinar as causas raízesD4 Nessa fase são identificadas as possíveis origens dos problemas e os pontos de escape. A organização deve também buscar entender por que o problema não foi diagnosticado prontamente quando ocorreu. Algumas ferramentas da qualidade fundamentais para essa etapa são os 5 porquês e o diagrama de causa e efeito (também chamado de diagrama de Ishikawa ou espinha de peixe) para mapear as causas em relação ao efeito ou problema identificado. Figura 1 Diagrama de causa e efeito Efeito - problema Possíveis causas e seus desmembramentos Fonte: Elaborada pela autora. As possíveis causas de um problema em uma organização, de acor- do com o diagrama de Ishikawa, estão relacionados aos chamados 6 M: Método Medida Material Máquina Mão de obra Meio ambiente Além disso, a técnica dos 5 porquês consiste em questionar cinco ve- zes o porquê daquele problema estar acontecendo na organização, bus- cando ir a fundo e encontrar a causa raiz. Veja um exemplo no Quadro 1: 136 Modelos de Gestão Quadro 1 Exemplo de aplicação dos 5 porquês Exemplo: o produto foi entregue faltando um item. Por quê? Não foi realizada a conferência na embalagem. Por quê? A amostragem de conferência ocorre a cada 100 itens. Por quê? Perdia-se muito tempo conferindo e não temos mão de obra suficiente. Por quê? Não foi realizado treinamento para as pessoasque trabalham nessa área. Por quê? O departamento de Recursos Humanos vetou o treinamento por não ter sido especificada a sua necessidade. Fonte: Elaborado pela autora. No exemplo foram realizados cinco questionamentos para buscar en- contrar a causa ou as causas raízes do problema diagnosticado pela or- ganização. Muitas vezes, quando observamos somente o problema, sem nos aprofundarmos nas razões pelas quais ele ocorreu, não conseguimos chegar ao porquê com base apenas em deduções. Planejar as correções permanentes para os problemasD5 Após serem detectadas as causas raízes dos problemas e já testa- das as soluções provisórias, é o momento de planejar como serão de- senvolvidas as ações corretivas definitivas para tratar os problemas e as não conformidades. Implementar e validar as ações corretivas planejadasD6 Momento de colocar à prova o que foi estabelecido na etapa an- terior por meio de testes e metodologia de estabelecimento de ações corretivas. Apesar de ocorrer formalmente nessa etapa, essas ações devem ser monitoradas constantemente; para tanto, pode ser utiliza- do o ciclo PDCA (planejamento, execução, verificação e ação corretiva) disposto na Figura 2. O livro Comece pelo porquê se tornou um best-seller por mostrar de maneira inspiradora quais são as principais atitudes de grandes líderes no agir, comunicar e influenciar pessoas. É classificado como um livro de autoajuda, mas a indicação é justamente pela importância de nos questionarmos sobre as nossas ações, assim como é fundamental a organização se questio- nar sobre o porquê de os erros estarem acontecen- do. O hábito de questio- nar nos faz pensar sobre outros ângulos, trazendo novas perspectivas. SINEK, S. Rio de Janeiro: Sextante, 2018. Livro Resolução de problemas da gestão organizacional 137 Figura 2 Ciclo PDCA an an al in e/ Sh ut te rs to ck As etapas do PDCA, de maneira resumida, estão descritas a seguir. • Plan (planejamento): estabelecer as metas e os objetivos, bem como quais os métodos para alcançá-los. Etapa dividida em fases de: identificação, observação, análise e plano de ação (CAMPOS, 2004). • Do (execução): realizar as atividades que foram previstas na etapa anterior. • Check (verificação): comparar os resultados realizados com os previstos. • Action (ação corretiva): corrigir aquilo que não foi eficiente e ajus- tar os processos para então padronizá-los para etapas futuras. Estabelecer medidas preventivasD7 Verificar a necessidade de modificar os sistemas de gestão, os siste- mas operacionais, as instruções de trabalho e os procedimentos para prevenir a recorrência de um certo problema e de outros similares que possam ser reincidentes. Encerrar e parabenizar a equipeD8 Organização deve reconhecer o esforço coletivo da equipe, enfati- zando a importância do trabalho de todos desde a etapa inicial até a 138 Modelos de Gestão resolução e o controle do problema. A equipe precisa ser agradecida formalmente pela empresa. Após essa sequência, a organização terá condições de conter e re- solver os problemas em suas causas raízes e definir ações corretivas para a solução de problemas. Os principais benefícios que são observa- dos nas empresas após a utilização dessa metodologia são: • contenção de problemas de maneira rápida e com menores chan- ces de o problema e seus efeitos negativos chegarem aos clientes; • a análise de causa raiz permite que os problemas sejam resol- vidos na sua origem, evitando repetições e demais impactos ao longo do processo; • por ser uma metodologia testada e comprovada, ela aumenta as possibilidades de se obter sucesso na resolução de problemas não apenas como uma ação pontual, mas tornando a organiza- ção cada vez mais eficiente a longo prazo e melhorando sua pro- dutividade, entrega de produtos e serviços de qualidade; • com essas melhoras, a empresa também se beneficia pela possibilidade de maior lucratividade. Quando se eliminam os problemas, consequentemente as operações funcionam com mais eficiência e produtividade, gerando menos reclamações e melhores resultados financeiros. Para que a organização possa otimizar a implantação de metodologias da qualidade para a resolução dos seus problemas, podem ser utilizados sistemas de informação para apoio, que registram as etapas, documen- tam os processos e ajudam a empresa na análise dos resultados. 6.2 Sistemas de informação para apoio à resolução de problemas Vídeo A utilização de tecnologia e sistemas de informação são ferramen- tas imprescindíveis para ajudar as organizações na resolução de pro- blemas. Com a utilização dessas ferramentas, a empresa consegue otimizar e ter maior segurança e eficiência nos processos, o que tem início na coleta e análise de dados, prosseguindo até a etapa de apre- sentação de soluções para um problema nos negócios. Os sistemas de informação facilitam a tomada de decisão, pois garantem maior quan- tidade e qualidade de dados e informações para auxiliar a gerência e outros envolvidos nas escolhas para a resolução de problemas. As organizações que possuem sistema de gestão da qualidade estão aptas para utilizá-lo na re- solução de problemas? Justifique sua resposta. Atividade 1 Resolução de problemas da gestão organizacional 139 Quando falamos de sistemas de informação e tecnologias, há atual- mente uma vasta gama de soluções para apoiar desde pequenas em- presas até multinacionais. O que varia certamente são a quantidade de informações que podem ser inseridas em bancos de dados, relatórios e outras facilidades. Porém, pequenas empresas têm cada vez mais op- ções de softwares para atender às suas necessidades a preço acessível. Já grandes corporações utilizam sistemas que integram toda a orga- nização, como Enterprise Resource Planning (ERP), para desenvolver as etapas de resolução de problemas incluindo seus vários departamen- tos e áreas e fazendo análises sistêmicas que considerem todo o fluxo do processo de entrega dos produtos ou serviços aos clientes. Os sistemas de informação utilizam diversas tecnologias para a sua operação na empresa, como hardwares (computadores, celula- res, tablets), softwares (versões padronizadas ou customizadas para a organização), bancos de dados (internos e externos), sistemas espe- cialistas (por exemplo, de contabilidade ou de engenharia) e sistemas de apoio à gestão. Assim, os sistemas de informação são compostos por esse conjun- to de tecnologias e processos, organizados de modo a disponibilizar informações a quem as necessite, em tempo e formato adequados para tomada de decisão. De acordo com Laudon e Laudon (2010), eles são baseados em plataformas de software voltadas para a aquisição, o armazenamento, o processamento e a disseminação da informação. Ainda segundo os autores, cada organização deve considerar não só a tecnologia, mas também as dimensões organizacionais e humanas e ter sua estrutura composta por níveis e especializações. Além de armazenar os dados e informações para tomadas de de- cisões, outra função fundamental dos sistemas de informação é pro- mover o aprendizado organizacional. As empresas estão cada vez mais investindo em condições que possibilitem o aumento da sua vantagem competitiva, inovação e eficácia. Uma das maneiras de promover essa vantagem é por meio de sistemas que permitam à empresa armazenar e gerir seus dados para aprender com eles. A metodologia de resolução de problemas possibilita que a organização registre aquilo que foi tra- balhado em todas as disciplinas a fim de construir, organizar e armaze- nar conhecimento para melhor eficiência organizacional. 140 Modelos de Gestão Uma empresa que busca essa aprendizagem é aquela que proposi- talmente constrói estruturas e ferramentas utilizando sistemas de in- formação para aprimorar e maximizar seu conhecimento. No contexto que estamos estudando, isso se dá por meio da aprendizagem de reso- lução de problemas e busca por mais eficiência. Os sistemas de infor-mação possibilitam à organização estabelecer as formas e os processos necessários para permitir o aprendizado organizacional, contribuindo para a memória organizacional; assim, evita-se que os mesmos erros sejam cometidos futuramente e viabiliza-se que as pessoas aprendam mais facilmente como evitá-los. Além de promover a aprendizagem organizacional, a utilização dos sistemas de informações pode ajudar a resolver problemas relaciona- dos a: • falhas ou atrasos na comunicação interna; • tarefas redundantes ou não produtivas; • etapas ineficientes nos processos; • armazenamento e rastreamento de dados e informações; • questões financeiras – gastos excessivos, investimentos desne- cessários, recursos utilizados em áreas não necessárias; • tomadas de decisão. Para que os sistemas possam ser eficientes, devem ser organiza- dos os dados e as informações que serão cadastrados. Não adianta a empresa possuir um sistema completo se as informações que foram coletadas e inseridas não são completas ou confiáveis; elas precisam também ser classificadas e armazenadas. Uma forma de classificar a informação é de acordo com sua origem, que pode ser do ambiente externo ou do interno. Os dados correspondentes a essas informações são armazena- dos em um sistema, o qual é utilizado para ajudar a organização que possui o sistema de informação correspondente a tomar decisões e resolver problemas. Um sistema muito usado, pois consegue armaze- nar informações complexas de todos os setores, é o ERP, como fala- mos anteriormente. Porém, é importante considerar que nem todas as organizações têm condições de adquirir e manter essas tecnologias, visto que administrar essas operações acaba sendo oneroso tanto para um investimento em imobilizado quanto em pessoal. As empresas Resolução de problemas da gestão organizacional 141 menores podem optar por terceirizar essa função ou trabalhar com ferramentas de acesso remoto (nuvem), as quais armazenam com se- gurança as informações. Vamos abordar, então, dois sistemas de informação que podem ser usados gerando melhores resultados para a organização por resolve- rem problemas específicos e muito comuns das empresas: o Customer Relationship Management (CRM), ou sistemas de relacionamento com os clientes; e o Supply Chain Management (SCM), ou sistema de gestão da cadeia de suprimentos. Segundo Kotler e Armstrong (2007, p. 10), o CRM pode ser consi- derado como uma das ferramentas mais importantes do marketing moderno, por se tratar do “processo geral de construir e manter rela- cionamentos lucrativos com o cliente, entregando-lhe valor superior e satisfação”. Um sistema CRM pode oferecer às empresas muitas van- tagens, desde a automação de vendas até uma melhor experiência do cliente. Quando usada corretamente, uma solução de CRM pode ajudar as empresas a: • organizar e gerenciar as interações do cliente em todos os depar- tamentos da empresa, desde a primeira abordagem ao cliente até a pós-venda; • coletar e armazenar todas as informações sobre os clientes em um local seguro e facilitar o acesso para garantir melhor suporte aos clientes existentes e potenciais; • segmentar os clientes utilizando diferentes parâmetros, como idade, gênero, faixa de renda, gasto médio com o tipo de produto etc., e identificar grupos de maior e menor potencial; • oferecer uma experiência personalizada ao cliente e aumen- tar, consequentemente, sua satisfação devido ao atendimento especial; • aumentar as vendas e referências de clientes atuais visando a uma melhor fidelidade do cliente e ao gerenciamento proativo de solicitações; • monitorar o trabalho dos funcionários (por exemplo, gerentes de vendas e marketing) acompanhando todas as atividades das suas equipes e automatizando o trabalho operacional dos vendedores e atendentes; 142 Modelos de Gestão • melhorar as campanhas de marketing ao permitir análises em tempo real em todo o processo de geração de leads, bem como controlar os gastos com marketing e o ROI; • coletar e avaliar sistematicamente o feedback do cliente, desen- volver serviços e produtos e criar estratégias de vendas e marke- ting de acordo com os objetivos da empresa. Isso possibilita tratar as informações eficientemente e evitar problemas que eventual- mente ocorram nessa relação. Por trabalhar com soluções voltadas ao relacionamento com o clien- te, o CRM é uma das ferramentas mais valiosas para uma empresa; quando bem feito, pode ajudar as organizações a serem mais eficientes e lucrativas. Kotler e Armstrong (2007) afirmam que as atividades de atração e manutenção de clientes são muito complexas, pois os clien- tes possuem cada vez mais alternativas de produtos e serviços. Des- se modo, como a organização pode melhorar esse relacionamento do ponto de vista da resolução de problemas? Vamos ver alguns proble- mas comuns que podem ser resolvidos com um CRM, listados a seguir. • Alta rotatividade e baixa retenção de clientes: o CRM permite fazer o registro completo das compras e interações de um clien- te com a empresa, capacitando os vendedores e as pessoas que estão no atendimento direto ao cliente (SAC, pós-venda) a fim de que personalizem suas abordagens para resolver mais rapida- mente os problemas e, assim, buscar maior satisfação. • Informações desarticuladas e desorganizadas: se a empresa utiliza várias ferramentas, como planilhas, arquivos de e-mail e até mesmo a agenda dos vendedores para registro das informa- ções sobre os clientes, acaba criando um problema, visto que nem todos na equipe trabalham com as mesmas informações. Desse modo, o CRM consolida todos os dados e as interações em um sistema que é sincronizado em toda a organização. • Dificuldade para rastreamento e relatórios complicados: mui- tas vezes, o acompanhamento de um cliente potencial e suas in- terações e abordagens acabam consumindo muito tempo dos representantes comerciais, por serem feitos em equipamentos in- dividuais (notebooks, celulares, agendas). Com a utilização do CRM, fica mais simples cadastrar essas informações em um único lugar e gerar relatórios atualizados, permitindo que a equipe de geren- ciamento analise rapidamente o progresso e a qualquer momento. Resolução de problemas da gestão organizacional 143 • Falta de dados para repassar ao cliente: com o CRM, o vende- dor tem acesso a todas as informações que necessita, indepen- dentemente de estar fisicamente na loja ou no escritório. Basta acessar o banco de dados remoto enquanto atende ao cliente e buscar oferecer a melhor solução para os problemas dele. • Falta de finalização no funil de vendas: sua equipe pode ter um marketing eficiente, porém, na hora de fechar a compra, o cliente opta por buscar outras opções nos concorrentes ou esperar um período para concluir sua compra. Com mais opções de informa- ções à disposição da equipe de vendas para cumprir as metas, dando-lhes a capacidade de permanecer altamente organizados e eficientes, é possível aumentar o fechamento das vendas. O resultado é que uma solução de CRM pode impulsionar as ven- das e ajudar as organizações a crescerem, evitando e antecipando pro- blemas por meio de uma gestão eficiente das informações dos seus clientes e utilizando-as de maneira a melhorar a percepção deles sob a relevância da organização. Outro sistema de informação muito utilizado para melhorar os ne- gócios e evitar problemas relacionados à cadeia de suprimentos é o SCM, que se refere ao tratamento de informações entre determinada organização e seus fornecedores, distribuidores e clientes. Por meio desse sistema, a empresa é capaz de aprimorar sua eficiência, gerar mais lucro, ser mais competitiva e reduzir despesas comerciais, melho- rando suas cadeias de abastecimento. É fundamental para o gerenciamento da cadeia de suprimentos a integração das atividades da empresa em um processo único, com o objetivo de satisfazer às necessidades dos clientes finais. Essa integra- ção deve ocorrer medianteum sistema de informação, evitando redun- dâncias, erros, atrasos e informações desencontradas ou incompletas. Segundo Chopra e Meindl (2003), a informação pode ser considerada o fator mais importante na cadeia de suprimentos, pois sem ela não há como gerenciar corretamente os demais fatores. Com o aumento da competitividade, as melhorias realizadas na ca- deia de suprimentos são determinantes para o sucesso de qualquer empreendimento, buscando agregar mais valor aos produtos e servi- ços para o consumidor final por meio de fatores como: melhor preço fi- nal do produto; redução de paradas de produção, gargalos e estoques; O livro CRM – Customer Relationship Management: marketing de relaciona- mento, fidelização de clientes e pós-venda aborda as tecnologias para buscar melhorar o relacionamento com os clientes e as estratégias que as organizações devem promover para aumentar a fidelização em um cenário altamente competitivo. ZENONE, L. C. São Paulo: Actual, 2019. Livro 144 Modelos de Gestão agilidade na distribuição; ou melhores formas de pagamento. Assim, utilizando o SCM, a organização consegue aprimorar esses fatores ao fazer uma melhor gestão de materiais, logística, estoque e informações. A atividade de compras é o primeiro elemento da cadeia de supri- mentos em uma organização; desse modo, qualquer problema na sua gestão levará a um efeito dominó, causando problemas em toda a ca- deia, os quais podem estar relacionados a: seleção de fornecedores; falta de transparência nos preços e prazos de pagamento; atrasos; e custos elevados de aquisição. Um sistema SCM busca resolver esses problemas fornecendo informações atualizadas de comparação de preços e características de diferentes fornecedores. Ele permite à em- presa gerar orçamentos para compra, usar ferramentas analíticas para classificar documentos enviados por fornecedores e cadastrar e pro- cessar informações essenciais. Um dos problemas que oneram muito uma organização é não ter um bom gerenciamento dos seus estoques – quando estes estão em excesso ou em falta, podem ocasionar prejuízo financeiro para a em- presa. Os estoques são importantes para equilibrar os negócios, pois podem proteger a empresa de incertezas; porém, mantê-los também gera custos de armazenagem e de se tornar obsoleto. Por isso, o vo- lume do estoque ideal é uma estratégia definida por cada organiza- ção, devendo ser gerenciado corretamente para evitar problemas. Com a utilização de um sistema de informação SCM, a empresa tem condições de organizar e rastrear itens de estoque por várias catego- rias e em diferentes localizações no armazém ou mesmo em vários depósitos. Outro aspecto fundamental na gestão da cadeira de suprimentos é a logística; qualquer problema nessa parte pode gerar um impacto bastante negativo em todo o processo. Podem acontecer problemas como danos ou extravios de mercadorias durante o transporte, altís- simos custos que inviabilizam o frete a determinadas regiões e en- tregas de cargas atrasadas ou até mesmo em locais errados. Com a ajuda de um sistema SCM, a empresa tem condições de buscar as me- lhores opções de envio e a rota mais adequada para agilizar a entrega dos seus produtos. A organização também precisa considerar os problemas que po- dem ocorrer no atendimento da demanda a fim de planejar seus re- O livro Relacionamen- tos em nível de cadeias de suprimento supply chain traz conteúdos teóricos e os mescla com estudos de caso para abordar de maneira mais prática a importância do gerenciamento da cadeia de suprimentos nas organizações. STORTI, A. T. Curitiba: Appris, 2019. Livro O livro ERP Sistemas de gestão empresa- rial: metodologia para avaliação, seleção e implantação explana com maior profundidade não apenas os conceitos teóricos sobre o ERP, mas também como ele pode ser operacionalizado nas empresas, buscando co- nhecer os aspectos mais importantes para atender às diferentes necessida- des das organizações. ALBERTÃO, S. E. 2. ed. São Paulo: Iglu, 2005. Livro Resolução de problemas da gestão organizacional 145 cursos de maneira eficaz – não apenas recursos físicos, mas também de pessoal (vendedores, demonstradores, expositores etc.) – para es- tarem em quantidade suficiente, com o intuito de atender aos clientes de modo eficiente. Com a utilização de um sistema de SCM, a empresa tem uma me- lhor previsão dos requisitos e das demandas do cliente. Assim, além de fornecer soluções para gerenciar recursos no inventário e melhorar a utilização da capacidade, o sistema tem condições de prever novas demandas de produtos com base em um histórico para essa finalidade. Esses dois sistemas podem ser integrados com outros, como o PCP (planejamento e controle da produção), MRP (planejamento de recursos materiais), entre outros. Ainda, a organização pode adquirir ou desenvolver um sistema mais completo que abranja todos os depar- tamentos ou áreas, como o ERP, sobre o qual falamos anteriormente. Como as organizações utilizam os sistemas de informação para a resolução de problemas organizacionais? Atividade 2 6.3 Mudanças organizacionais e novas abordagens Vídeo Infelizmente, executivos ocupados costumam despender pouquíssimo esforço nos estágios de descoberta e de formulação de problemas em sua crença – geralmente louvável, mas muitas vezes equivocada – sobre os benefícios de agir de maneira rápida e decisiva. Por exemplo, a resposta a uma queda nas vendas pode levar à decisão de desenvolver um elaborado sistema de incentivos para a equipe de vendas; no entanto, o verdadeiro problema pode ser causado pela má estratégia de preços ou por problemas administrativos que criam atra- sos excessivos no cumprimento de um pedido. Outra questão a ser pensada quando falamos sobre resolução de problemas organizacionais é que não existem soluções finais, pois é um processo cíclico e contínuo em que as soluções encontradas po- dem levar a novos problemas e, depois, a novas soluções. Esse tipo de pensamento acaba, muitas vezes, frustrando os gestores de uma organização. Isso porque eles acham que estão andando em círculos, sempre encontrando novos problemas; no entanto, eles devem olhar para o passado e verificar quantos já foram solucionados. Resolver um problema ou buscar uma oportunidade requer um en- tendimento completo da situação de que se trata, o que implica abor- 146 Modelos de Gestão dar o problema por meio de uma forma sistemática em que os gestores verificam, sob uma nova ótica, a maneira de conduzir as pessoas e as mudanças dentro da organização. Desse modo, busca-se utilizar os métodos de resolução de problemas não apenas para corrigi-los, mas para transformá-los em oportunidades. Esse pensamento deve nortear as mudanças organizacionais para atender, cada vez mais rapidamente e com qualidade, o cliente, sem permitir que isso afete seu relaciona- mento com seus consumidores e o valor percebido por esses. A transformação de problemas em oportunidades altera um cená- rio de clientes insatisfeitos, desconfiança da marca, prejuízo financei- ro e processos lentos e pouco eficientes para uma situação que toda organização quer para seu negócio, isto é, de produtividade, de re- sultados e de lucratividade. Mas como a organização pode fazer essa transformação? Quais são as mudanças organizacionais necessárias para sua adaptação a esse novo cenário organizacional? As mudanças em uma organização podem se referir à transição de pessoas, grupos, produtos e projetos de um estado para outro com o objetivo de atender a demandas externas que pedem novos requisitos ou a internas por necessidade de revisão dos objetivos e da estratégia organizacional. Segundo Silva, Araujo e Vaz (2009), a mudança organi- zacional é resultado de fatores internos e externos que afetam as ope- rações de uma empresa. As mudanças organizacionais normalmente envolvem o funcionamento de toda a empresa – operações, marketing, finanças, recursos humanos ououtros aspectos de um negócio – para melhorar as chances de atingir seus objetivos. A primeira questão a ser pensada é qual a amplitude dessa mu- dança. Assim, as organizações podem trabalhar sob dois paradigmas de mudança conforme sua estrutura e equipe. O primeiro é a busca por mudanças incrementais, geralmente consistindo em iniciativas como redução de custos ou pequenas melhorias no produto ou ser- viço; essa mentalidade é comum em organizações sem uma visão clara de sua estratégia. As melhorias incrementais são relevantes para manter e melhorar as organizações, mas são incapazes de pro- tegê-las contra interrupções e problemas maiores com impacto nos clientes e negócios. O segundo paradigma de mudança é a busca por inovações radi- cais. Essa abordagem é caracterizada por investimentos e demandas Resolução de problemas da gestão organizacional 147 muito maiores em equipes, orçamento e projetos. Pode consistir em fusões, aquisições de novos negócios, utilização de novas tecnologias e revisões de estratégia de negócios. Além disso, envolve várias eta- pas e busca novos caminhos para a organização se reinventar. Se não for bem planejada, pode acabar levando a caminhos indesejados, não atendendo às expectativas das partes interessadas. À medida que cada vez mais organizações estão nessa busca por mudanças, elas começam a procurar alternativas que considerem fato- res mais interessantes e viáveis do que as mudanças incrementais ou radicais, seja pela aquisição de novas infraestruturas digitais, tecnolo- gias e padrões de comunicação, seja por meio de pesquisas de merca- do para sondá-lo, buscando obter vantagem significativa em seu setor de atuação. Com o intuito de buscar o melhor caminho para a mudança, as or- ganizações devem considerar: • métricas financeiras e operacionais mais relevantes e quais são as ferramentas ou os processos que necessitam de atualização de acordo com o desenvolvimento tecnológico do mercado; • testes, pesquisas e ajustes necessários para ajudar a aprimorar habilidades, práticas e modelos de negócios, evitando surpresas negativas no futuro; • realizar o alinhamento e a visão da organização para essa mu- dança, não apenas para se adaptar, mas para moldar mercados para seu crescimento. O processo de mudanças requer tempo, experiência, dedicação e esforços dos gestores e de todos os funcionários para ser colocado em prática de maneira eficiente. Antes de adotar alguma das abordagens que veremos na sequência, uma empresa deve primeiro descobrir por que precisa das mudanças e como elas irão beneficiá-la. Vamos, então, conhecer três abordagens que podem ser aplicadas por qualquer tipo de organização. Independentemente do seu tama- nho ou ramo de negócio, o importante é considerar aquela que mais seja adequada à cultura da sua empresa e aos seus funcionários – pe- ças fundamentais em qualquer mudança – para que esses sintam-se motivados a colaborar e abraçar a mudança para o bem de todos. 148 Modelos de Gestão 6.3.1 Modelo de gestão da mudança de Kurt Lewin Esse modelo é um dos mais populares e eficazes em nos possibi- litar entender a mudança organizacional e estruturada. Foi criado na década de 1950, mas é válido até os dias atuais. Lewin foi um físico e cientista social que explicou a mudança organizacional por meio dos estados mutáveis de um bloco de gelo. Seu modelo consiste em três etapas principais, a saber: • Primeiro estágio – descongelar: a organização deve se preparar para a mudança e para o fato de que essa é crucial e necessária. Essa fase é importante porque a maioria das pessoas tem certa resistência às mudanças, por isso é necessário explicar a elas a necessidade de a organização mudar seus processos. Segundo Robbins, Judge e Sobral (2010), a resistência à mudança pelos fun- cionários não aparece de uma única forma, ela pode ser aberta, implícita, imediata ou protelada e o gestor deve identificá-la para poder evitá-la. Esse momento da etapa também envolve rever seu planejamento e seus objetivos para readequação. • Segundo estágio – mudança: fase em que ocorre efetivamente a transição ou mudança. O processo pode demorar a acontecer, pois as pessoas geralmente levam tempo para se adaptar à nova rotina. É fundamental a figura do líder para orientar e apoiar os funcionários envolvidos no processo. São várias as causas para a resistência e demora na adaptação da nova realidade, por exem- plo: hábitos, segurança, incertezas, falta de entendimento, méto- dos desconhecidos, entre outros. Nesse sentido, o papel do líder também é essencial para minimizar esses bloqueios. • Terceiro estágio – recongelar: a partir do momento em que a mudança foi aceita e implementada, a empresa começa a se tor- nar estável novamente, e essa é a hora que a equipe e os proces- sos se estabilizam, devendo então recongelar. Essa etapa requer a ajuda das pessoas para garantir que as mudanças ocorram con- forme o planejado para alcançar os objetos estabelecidos. Agora, com uma sensação de estabilidade, os funcionários ficam mais à vontade e confiantes nas mudanças que foram realizadas. Resolução de problemas da gestão organizacional 149 6.3.2 Modelo 7S da McKinsey O modelo 7S da McKinsey tem essa denominação por ter sido desen- volvido por consultores que trabalharam para a McKinsey & Company na década de 1980 e apresenta sete etapas ou estágios para o geren- ciamento de mudanças. • Strategy (estratégia): plano criado para superar a concorrência e atingir as metas. Esse é o primeiro estágio de mudança e envolve o desenvolvimento de um procedimento passo a passo ou planejamento futuro. • Structure (estrutura): maneira como a organização está dividida (departamentos ou áreas) ou estrutura utilizada (departamental, funcional ou matriz). • Systems (sistemas): forma como as atividades do dia a dia são conduzidas para que uma tarefa seja realizada. • Shared values (valores compartilhados): o núcleo ou valores principais de uma organização de acordo com os quais ela opera. • Style (estilo): modo como as mudanças e a liderança são adotadas ou implementadas, bem como a cultura organizacional. • Staff (equipe): força de trabalho ou funcionários e suas capacidades de trabalho. • Skills (habilidades): competências e habilidades possuídas pelos funcionários que trabalham na organização. Esse modelo oferece maneiras e métodos para entender uma or- ganização e obter uma visão profunda de como ela funciona, integran- do os vários fatores relacionados à mudança, o que é importante para criar formas de permitir que os funcionários lidem com a transição sem tantas resistências. Além disso, considera todas as partes como impor- tantes na análise para a mudança. 6.3.3 Gestão da mudança de Kotter A abordagem de Kotter para o gerenciamento de mudança é uma das mais populares e adotadas no mundo. Foi desenvolvida por John P. Kotter, professor da Harvard Business School e autor de vários livros sobre o tema, e é dividida em oito estágios, onde cada um deles enfoca 150 Modelos de Gestão um princípio fundamental que está associado à resposta das pessoas à mudança. • Crie senso de urgência: envolver os funcionários com esse senso de urgência na realização para motivá-los a avançar em direção aos objetivos. • Construa uma equipe forte: designar as pessoas certas na equipe, selecionando uma combinação de habilidades, conhecimento e comprometimento. • Crie uma visão orientada para a mudança – criar a visão correta, levando em consideração aspectos como criatividade, conexão emocional e objetivos pessoais e organizacionais. • Promova a comunicação: comunicar as pessoas sobre a mudança e a necessidade desta para o futuro da organização. • Empodere a equipe: para fazer as mudanças andarem, é necessário empoderar os funcionários para se construir uma rede de apoio real, remover os obstáculos e implementar o feedback de maneira construtiva. • Crie metas de curto prazo: focar em metasde curto prazo e dividir a meta final em partes pequenas e alcançáveis é uma boa maneira de incentivar os funcionários a alcançar o sucesso sem muita pressão. • Não reduza o ritmo: persistência é a chave para o sucesso e é importante não desistir enquanto o processo de mudança está em andamento, não importa os desafios que apareçam. • Incorpore a mudança na cultura organizacional: mais importante ainda do que gerenciar a mudança de modo eficaz é reforçá-la e torná-la parte da cultura do local de trabalho. Kotter (2000) afirma que algumas organizações erram na execução da mudança por considerarem que podem pular algumas fases, pois julgam que essas não são importantes para aumentar a velocidade do processo de mudança. No entanto, essa economia de tempo leva a em- presa a não construir uma base sólida para a mudança e, assim, esta não é bem-sucedida. Desse modo, vimos três abordagens que podem ser utilizadas pe- las organizações para que não permaneçam estáticas perante tantas Para sobreviver, as organizações necessitam atualizar a sua forma de agir e reagir ao ambiente, buscando mais flexibilidade, adaptabili- dade para as mudanças e uma cultura que promova o aprendizado e a cooperação. O livro Gestão da mudança e cultura organizacional traz conceitos sobre as iden- tidades das organizações e visões antropológicas e psicanalíticas. Além disso, aborda os processos de mudança, a cultura orga- nizacional e o papel dos gestores nesse processo. JOHANN, S. L. et al. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2015. Livro Quais as principais fontes que desencadeiam um processo de mudança nas empresas? Atividade 3 Resolução de problemas da gestão organizacional 151 mudanças que ocorrem tanto no ambiente organizacional quanto no externo. Assim, as empresas precisam estar atentas para criar suas oportunidades de negócios, melhorar seus produtos e serviços para serem competitivas e se manter em estado de crescimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste último capítulo, abordamos algumas metodologias que as or- ganizações podem aplicar para melhorar seus processos, refletindo em produtos e serviços com melhor qualidade e maior produtividade. Resolver problemas em uma empresa é uma atividade rotineira, indepen- dentemente do nível hierárquico que se ocupe, o que muda é a complexidade e o volume de recursos empregados, mas todos devem estar envolvidos em buscar soluções para resolver esses contratempos. As ferramentas da gestão da qualidade devem ser aplicadas para essa ação e a utilização de sistemas de informação é fundamental para organizar e construir esse processo. As mudanças ocorrem a todo o momento, e as organizações devem buscar a melhor forma de estarem adaptadas a elas. Este livro trouxe di- versos conteúdos sobre a gestão organizacional e, certamente, finalizar com a construção dessa mentalidade de mudança é o início de um novo ciclo para quem concluiu esta etapa e, portanto, poderá aproveitar-se das informações para melhorar a sua prática profissional e acadêmica. REFERÊNCIAS CAMPOS, V. F. TQC: controle da qualidade total no estilo japonês. Minas Gerais: EDG, 2004. CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento e operação. São Paulo: Pearson, 2003. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. KOTTER, J. P. Liderando a mudança. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. LAUDON, K.; LAUDON, J. Sistemas de informação gerenciais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. ROBBINS, S. P.; JUDGE, T. A.; SOBRAL, F. Comportamento organizacional: teoria e prática no contexto brasileiro. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. SILVA, M. A. C. da; ARAUJO, G. C.; VAZ, T. R. D. Gestão por competências como estratégia de mudança organizacional. In: 12º SIMPOI - SIMPÓSIO DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO, LOGÍSTICA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS. Anais [...] São Paulo: FGV, 2009. VARGAS, D. L. Resolução de problemas utilizando a metodologia 8D: estudo de caso de uma indústria do setor sucroalcooleiro. In: 9º SIMPROD - SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DE SERGIPE. Anais [...] Sergipe: UFS, 2017. Disponível em: https://ri.ufs.br/ bitstream/riufs/7672/2/ResolucaoProblemasMetodologia8D.pdf. Acesso em: 10 nov. 2020. 152 Modelos de Gestão GABARITO 1. Não necessariamente um sistema de gestão da qualidade é eficiente isoladamente para resolução de problemas. São inúmeras as vantagens para as organizações im- plantarem um SGQ, mas elas precisam trabalhar com metodologias direcionadas para o tratamento dos problemas organizacionais. 2. Os sistemas de informação permitem que as empresas tenham acesso a dados e informações atualizados de maneira ágil e centralizada. Para tomadas de decisões, essas características são essenciais para que se possa resolver problemas. 3. As origens das mudanças podem ser tanto internas quanto externas. Internamente podem ser necessárias mudanças em virtude de processos lentos ou onerosos para a empresa, ou ainda uma estrutura organizacional ultrapassada, que não consiga aten- der às necessidades do mercado. Externamente, essa mudança pode ser provoca- da por concorrentes mais ativos, demandas de clientes ou mesmo alguma situação político-econômica que obrigue a organização a rever a forma como trabalha. L E T ÍC IA M IR E L L A F IS C H E R C A M P O S M O D E L O S D E G E S T à O Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6684-1 9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 8 4 1 Código Logístico 59569 Página em branco Página em branco