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----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância Ensino à distância Apostila do Curso Nutrição na Concepção. Gestação e Lactação ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância Nota: Esta cartilha foi elaborada a partir de conteúdos que foram históricos na Nutrição da Gestação, Nutriz e Aleitamento materno. Material complementar: 10 artigos A gestação é um período singular, onde praticamente todos os sistemas e órgãos do organismo são afetados. É a fase de maior demanda nutricional do ciclo de vida da mulher, uma vez que envolve rápida divisão celular e desenvolvimento de novos órgãos e tecidos. O estado nutricional pregresso e atual da gestante, bem como seu ganho ponderal durante a gestação são fatores decisivos para o desfecho da gravidez. Este capítulo tem como objetivo principal oferecer ao nutricionista instrumentos reconhecidos e atualizados para a avaliação e a orientação nutricionais da gestante. Para tanto, vamos discorrer sobre as principais adaptações fisiológicas que ocorrem durante a gestação, como é feita a avaliação nutricional, quais as recomendações nutricionais para a gestante e qual o manejo dietético nas principais complicações da gravidez. A duração de uma gestação normal é de 37 a 42 semanas, sendo a data do parto estimada 40 semanas a partir da data da última menstruação (DUM). Grandes mudanças e adaptações na anatomia, na fisiologia e no metabolismo maternos são necessárias para uma gravidez saudável, quando praticamente todos os sistemas e órgãos do nosso organismo são de alguma maneira afetados. Os principais ajustes fisiológicos que ocorrem na gestação estão descritos a seguir. Vale salientar que as mudanças ocorridas no início da gravidez devem-se às demandas metabólicas do feto, placenta e útero, e também ao aumento dos níveis hormonais. Já os ajustes mais tardios, que ocorrem a partir da metade do período gestacional, são geralmente de consequência anatômica, causadas pela expansão uterina. Papel da Placenta e Principais Hormônios A placenta é um órgão temporário, que se origina na gestação, tem formato discoidal, imensa irrigação sanguínea e pode chegar a pesar 650g no final do período gestacional. É responsável pela transferência de oxigênio e nutrientes da mãe para o bebê e pela eliminação de resíduos do feto em desenvolvimento. Além disso, a placenta produz hormônios responsáveis pela maioria dos ajustes fisiológicos que ocorrem na gestação, produção diretamente influenciada pelo estado nutricional da gestante. São hormônios placentários a gonadotrofina coriônica humana (hCG), a progesterona e o estrógeno. O hCG atua intensamente no início da gestação e pode ser detectado na circulação oito dias após a fecundação. Já a progesterona está diretamente envolvida nas alterações do metabolismo dos nutrientes, participa do desenvolvimento das glândulas mamárias (processo chamado de mamogênese), promove o aumento da excreção renal de sódio e ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância a deposição de gordura materna, além de causar relaxamento da musculatura intestinal, favorecendo o quadro de constipação. O estrógeno também participa da mamogênese, além de causar redução das proteínas séricas e interferir no metabolismo do ácido fólico. Além dos três principais hormônios placentários citados acima, na gestação há ainda produção de tireotropina coriônica humana (hCT), que estimula a produção dos hormônios tireoideanos e de lactogênio placentário humano (hPL) ou somatomamotrofina coriônica humana (hCS), que tem ação sobre as rotas metabólicas dos lipídios e carboidratos e contribui para a mamogênese e lactogênese (produção de leite materno).1 Hormônios não-placentários como os secretados pelos rins, pâncreas e tireóide também exercem papel fundamental durante a gestação, promovendo equilíbrio metabólico, principalmente através da regulação da absorção de glicose e micronutrientes. Exemplos destes hormônios são a tiroxina, que regula a velocidade de oxidação celular e a insulina, que tem papel regulador sobre a glicemia e atua na produção energética e síntese de gordura. Metabolismo O aumento na demanda de energia e nutrientes pelos tecidos da mãe e do feto somado à grandes adaptações fisiológicas, resultam no aumento da taxa de metabolismo basal (TMB) da gestante, que encontra-se de 15 a 20% maior no final da gestação.3 Aproximadamente 60% deste aumento ocorre na segunda metade da gravidez, quando o custo energético da síntese de tecidos fetais é maior. Há mudanças no metabolismo dos carboidratos, ocasionadas pelo aumento na produção de insulina combinada com a resistência à ação deste hormônio.5 Como conseqüência, a gestante tende a apresentar tolerância reduzida à glicose.6 Nota-se uma diminuição dos níveis de glicemia maternos, uma vez que o feto precisa constantemente de glicose como fonte de energia. As mudanças no metabolismo dos lipídios promovem o aumento do estoque de gordura materna no início e na metade da gravidez e aumentam a mobilização de gordura no final da gestação.6 O depósito de tecido adiposo materno (aproximadamente 3,3kg de gordura) acontece principalmente entre a 10ª e a 30ª semana de gestação, antes da demanda energética fetal atingir seu ponto máximo. A maior utilização de gordura corporal para produção de energia pode elevar os níveis séricos de lipídios da gestante. As concentrações de triglicerídeos, ácidos graxos, colesterol e fosfolipídios tendem a diminuir nas primeiras oito semanas de gestação, havendo aumento significativo a partir da 9ª semana até o final da gravidez. Pode ocorrer quadro de hipertrigliceridemia, uma vez que há maior concentração de estrógeno e maior resistência à insulina. Os níveis de HDL (high density lipoprotein) aumentam na 12ª semana de gestação em resposta ao estrógeno e permanecem altos durante toda a gestação. Concentrações de LDL (low density lipoprotein) e colesterol total inicialmente diminuem e depois aumentam no 2º e 3º trimestres. No início da gestação há acúmulo de proteínas no organismo da mãe e, mais tarde, há depósito protéico para ambos mãe e feto, o que acarreta ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância mudanças no metabolismo do nitrogênio. A síntese de proteínas é estimulada pela insulina, mas os níveis séricos de aminoácidos e proteínas, principalmente de albumina, estão diminuídos devido à diluição sangüínea típica da gravidez. Alterações Fisiológicas na Gestação Aumento da Volemia Ocorre na gestação normal um aumento de 50% de expansão do volume sanguíneo, resultando na diminuição dos níveis de Hemoglobina, albumina sérica. A diminuição de níveis séricos de albumina para um acúmulo de água extracelular ou edema. Aumento do Débito Cardíaco e Função Pulmonar O débito cardíaco aumenta durante a gestação. A Pressão Arterial Diastólica diminui durante os dois primeiros trimestre em decorrência da vaso dilatação periférica, mas retorna aos níveis pré gravídicos no último trimestre da gestação. As necessidades de oxigênio aumentam conforme diminui o limiar para o dióxido de carbono, fazendo com que a mãe sinta dispnéia, e conforme vai aumentando o útero, o diafragma é empurradopara cima, aumentando a dispnéia. O corpo compensa por meio da troca pulmonar de gases mais eficientes. Aumento na Função Renal A taxa de filtração glomerular (TFG) aumenta 50% durante a gestação. O volume sanguíneo aumenta em razão da maior taxa de filtração glomerular, com menores concentrações séricas de creatinina e nitrogênio da uréia sanguínea. A reabsorção tubular renal é menos eficiente do que era antes da gestação, podendo desenvolver glicosúria, além de uma excreção maior de vitaminas hidrossolúveis. Náuseas e vômitos São freqüentes no primeiro trimestre, e tendem a parar na décima terceira a décima quarta semana de gestação. Orientações dietéticas podem reduzir o desconforto como aumentar o fracionamento das refeições e diminuir o volume, bem como ingerir alimentos secos, os carboidratos simples de fácil digestão. Normalmente as gorduras não são bem toleradas, preferir alimentos com baixo teor de gordura. O consumo de biscoito salgado e gengibre tendem a auxiliar. O ideal é que a gestante ingira os alimentos nutritivos nos períodos que não apresente náuseas para que tenha o suporte de macro e micronutrientes necessários e requeridos pela gestação. Azia É decorrente do refluxo gastro-esofágico, com freqüência ocorre a noite. Na maioria dos casos tende a ser um efeito da pressão do útero aumentado sobre os intestinos e estômago e em combinação com o relaxamento do esfíncter esofágico pode resultar na azia severa e até mesmo na regurgitação. Algumas orientações nutricionais são importantes para a diminuição do sintoma, como aumentar o fracionamento das refeições, e diminuir o volume, comer devagar, mastigar bem os alimentos, evitar estresse durante a alimentação, não ingerir água junto com as refeições, somente nos intervalos, não ingerir grande quantidade de alimentos antes de deitar. Não é necessária a restrição de alimentos ácidos. ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância Constipação intestinal A constipação é um problema digestivo muito comum, sendo bastante freqüente no período gestacional. Para melhorar a caracterização, foram estabelecidos critérios que facilitam o diagnóstico, que incluem: ritmo intestinal com menos de três evacuações por semana, sensação de dificuldade para evacuar, fezes pequenas e endurecidas e sensação de evacuação incompleta. Considera-se constipado o paciente que apresenta dois ou mais desses sintomas por um período mínimo de três meses ao longo do ano. As manifestações clínicas das alterações funcionais do tubo digestivo são freqüentes na gestação, mas poucos trabalhos avançam além da notificação dos sintomas e de quando ocorrem. Entre estas alterações citam-se diminuição da pressão cardíaca, estase biliar, e diminuição da velocidade do trânsito do intestino delgado. Em linhas gerais ocorre motilidade reduzida do cólon, tempo de trânsito prolongado, propiciando aumento de absorção de água. As fezes tornam-se menos volumosas, por menor concentração de água, contribuindo para a constipação. A explicação para estes eventos relaciona-se com a diminuição da concentração plasmática de motilina, por influência da progesterona na gravidez, um polipeptídeo intestinal que estimula a concentração das fibras lisas do intestino. Parece haver também um papel para a somatostatinana regulação da motilidade na gestação. Outros fatores devem ser considerados na gênese ou agravamento dos sintomas. Entre eles inclui-se o programa alimentar, nível de atividade física, ingestão de água, e quantidade adequada de fibras, embora algumas gestantes com constipação grave possam piorar os sintomas ingerindo fibras em excesso. Além disso, em vista do prolongamento do tempo de trânsito, há maior absorção de água e isso resseca as fezes. A gestação é seguida de constipação em aproximadamente uma em cada quatro grávidas. Na maior parte o quadro se instala já no início, no primeiro trimestre. Para evitar a constipação, o ideal é a ingestão de 28g de fibras diárias. Deve-se orientar a gestante a ingerir grãos integrais, verduras e legumes, frutas, bem como frutas secas como ameixas, damascos e figos secos, e aumentando a ingestão hídrica. Recomendações Dietéticas na Gestação A gestação é um período de maior demanda nutricional do ciclo de vida da mulher, uma vez que envolve rápida divisão celular e desenvolvimento de novos tecidos e órgãos. Os complexos processos que ocorrem no organismo durante a gestação demandam uma oferta maior de energia, proteínas, vitaminas e minerais para suprir as necessidades básicas e formar reservas energéticas para mãe e feto. Energia ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância Durante a gestação, a mulher necessita de uma quantidade maior de calorias para suprir o elevado gasto energético ocasionado pelo aumento da TMB e para formar os depósitos de energia dos tecidos materno e fetal.1 A energia é o principal nutriente determinante no ganho de peso gestacional, apesar de deficiência de alguns micronutrientes restringirem o ganho de peso. Em 1980, Hytte, estimou que o custo energético de uma gestação fosse de 85.000 kcal ou 300 kcal/dia, considerando-se 40 semanas de gestação, ganho de peso materno de 12,5 kg, assumindo um recém nascido com peso entre 3 a 4 kg, depósito de 0,9 kg de proteína e 3,8 kg de gordura e, finalmente, um aumento na taxa do metabolismo basal. Para calcularmos as necessidades energéticas da gestante é necessária uma avaliação nutricional individualizada, conforme descrito anteriormente. Uma vez obtido o IMC pré-gestacional, devemos calcular o valor energético total (VET) diário, baseado na TMB e no fator atividade física (FA), somando a energia extra convencionada em 300kcal/dia a partir do 2º trimestre de gestação.2 A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda um acréscimo de 250kcal/dia por todo o período da gestação.3 Este acréscimo de calorias baseia-se nos custos energéticos do estoque de energia do feto, útero e tecido mamário, no depósito de gordura materno e no gasto energético adicional somado ao metabolismo basal dos novos tecidos que estão sendo sintetizados.4 Então temos: Para gestantes eutróficas, o peso adotado no cálculo acima deve ser o pré-gestacional e para as de baixo peso adota-se o peso desejável, utilizando um IMC de 20,8kg/m2 para o cálculo. Para gestantes com sobrepeso ou obesas, o ideal é utilizarmos o peso pré-gestacional para evitar a perda ponderal durante a gestação.5 Um método prático para cálculo do VET recomendado para a gestante adulta baseia-se na indicação de 36kcal/kg de peso ideal pré-gestacional.26 Sugere-se o seguinte cálculo: ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância Então temos: Para gestantes gemelares, ainda não há consenso nas recomendações energéticas, mas alguns autores indicam um acréscimo de 450kcal/dia a partir do 2º trimestre de gestação. Os autores reforçam a idéia de que o principal mesmo é a monitorização do ganho de peso destas gestantes conforme o recomendado.6 O IOM (2005) 7recomenda ainda um cálculo de requerimento energético estimado (EER), onde há acréscimo de energia de acordo com a IG. Para gestantes entre 19 e 50 anos temos o seguinte cálculo do EER: Há ainda muita controvérsia em relação às necessidades energéticas durante a gestação. A maioria das recomendações de calorias baseia-se no aumento da TMB e nos depósitos de energia dos tecidos materno e fetal, mas ignoraas mudanças nos níveis de atividade física e o efeito termogênico dos alimentos ingeridos. Há também dados conflitantes sobre a real deposição de gordura nos tecidos maternos e a suposta diminuição na atividade física da gestante com o avançar da gestação.8 Macronutrientes, Vitaminas, Minerais e Suplementos Em se tratando de macronutrientes, existe a recomendação de que aproximadamente 55 a 75% do VET diário sejam na forma de carboidratos, sendo o limite recomendado para a ingestão de açúcares simples menos que 10% desses valores. O consumo de gorduras deve ficar entre 15 a 30% do total do VET, sendo menos de 10% na forma de gorduras saturadas. A indicação de ácidos graxos polinsaturados (PUFAs) n-6 é de13g/dia e de n-3 PUFAs de 1,4g/dia.9,10 As proteínas, envolvidas na síntese de novos tecidos e garantindo a melhor absorção dos lipídios e carboidratos, devem estar presente numa média de 60g/dia durante a gravidez, devendo 50% ser de alto valor biológico.11 Em se tratando de micronutrientes, sabe-se que o consumo inadequado de vitaminas e minerais está associado a desfechos gestacionais ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância desfavoráveis. A carência de micronutrientes é um dos principais problemas de saúde pública no Brasil, por isso devemos ter atenção redobrada na hora de avaliar a presença destes elementos na dieta da gestante, em especial o cálcio, o ferro, o ácido fólico, o zinco e as vitaminas A, C e D. A tabela 7 mostra as recomendações de micronutrientes para gestantes de 19 a 50 anos.9 Recomendações de micronutrientes para gestantes entre 19 e 50 anos (adaptado de IOM ,20049) Vit A 770μg/dia Crômio 30μg/dia Vit C 85mg/dia Cobre 1000μg/dia Vit D 5μg/dia Flúor 3mg/dia Vit E 15mg/dia Iodo 220μg/dia Vit K 90μg/dia Ferro 27mg/dia Tiamina 1,4mg/dia Magnésio 350mg/dia Riboflavina 1,4mg/dia Manganês 2mg/dia Niacina 18mg/dia Molibdênio 50μg/dia Vit B6 1,10mg/dia Fósforo 700mg/dia Ác Fólico 600μg/dia Selênio 60μg/dia Vit B12 2,6μg/dia Zinco 11mg/dia Ác Pantotênico 6mg/dia Potássio 4,7g/dia Biotina 30μg/dia Sódio 1,5g/dia Colina 450mg/dia Cloro 2,3g/dia Cálcio 1000mg/dia Recomenda-se a ingestão de 1300mg/dia de cálcio para gestantes adolescentes (<18 anos) e de 1000mg/dia para gestantes entre 19 e 30 anos.32 A baixa ingestão deste mineral, presente principalmente em leite e derivados, está relacionada a cãibras e perdas ósseas na mãe, bem como distúrbios de natureza óssea no bebê que perduram por toda a vida. Vale lembrar que as reservas de cálcio do feto são formadas principalmente no 3º trimestre da gestação.6 O último trimestre é também quando ocorre o maior requerimento de ferro pela gestante, em virtude do aumento das necessidades de oxigênio do binômio mãe e bebê. A carência de ferro durante a gestação pode levar à anemia, que aumenta o risco de parto prematuro e morte perinatal. Pode haver também conseqüências para toda a vida do bebê, como a diminuição da capacidade cognitiva, de aprendizagem e de concentração. Para evitar estes efeitos deletérios, recomenda-se a ingestão de 27mg/dia de ferro no 2º e 3º trimestres da gestação,12 sendo a suplementação medicamentosa uma medida profilática recomendada pela OMS. Deve-se concomitantemente recomendar o aumento na ingestão de ferro na dieta juntamente com alimentos ricos em vitamina C. É comum a ingestão oral de ferro ocasionar efeitos colaterais gastrointestinais, como náuseas, constipação e dor epigástrica.13 A deficiência de ácido fólico está associada a condições sócio- econômicas desfavoráveis e pode trazer uma série de complicações, como prematuridade, baixo peso ao nascer e defeitos do tubo neural. Durante a gestação, recomenda-se a ingestão de 600μg/dia, o que requer suplementação ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância medicamentosa, uma vez que fica difícil alcançar esta indicação através da dieta habitual.14 No Brasil, em 2002, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) instituiu a adição de 100μg de ácido fólico para cada 100 gramas de farinha de trigo e milho, além dos produtos derivados do milho comercializados no Brasil. Uma combinação de dieta rica folato e a suplementação de ácido fólico seria a recomendação adequada para prevenir a deficiência deste nutriente, e suas conseqüências, na gestação.15 A vitamina A é essencial para diversos processos metabólicos, como a diferenciação celular, o ciclo visual, o crescimento, a reprodução, e para os sistemas antioxidante e imunológico. A recomendação de vitamina A é de 770μg/dia.32 No Brasil, o Ministério da Saúde (2005) adotou, em 2005, o “Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A”, para controlar a deficiência deste nutriente em crianças e mulheres no pós-parto imediato, principalmente em áreas consideradas de risco (Nordeste, região norte de Minas Gerais, Vale do Jequitinhonha, Vale do Murici, e Vale do Ribeira em São Paulo).16 As mulheres recebem dose única de 200.000UI de vitamina A, ainda na maternidade, e para crianças com idade entre 6 e 59 meses, a suplementação é realizada de acordo com a idade, a cada seis meses.13 Em relação à vitamina C, recomenda-se a ingestão diária de 85mg para gestantes entre 19 e 50 anos,17 que é facilmente alcançável através da alimentação. A quantidade máxima tolerada desta vitamina é de 2g/dia. Deficiência de vitamina C na gestação já foi associada à parto prematuro, pré- eclâmpsia e aumento no risco de infecções.6 A recomendação de vitamina D para mulheres, gestantes ou não, é de 5μg/dia,41 sendo que mulheres com exposição regular aos raios solares não necessitam de suplementação. A deficiência de vitamina D já foi associada à distúrbios da homeostase óssea na criança, redução da mineralização óssea e aumento no risco de fraturas.6 O zinco é necessário à reprodução, diferenciação celular, crescimento, desenvolvimento, reparação tecidual e imunidade. A deficiência deste mineral na gestação está relacionada com aborto espontâneo, retardo do crescimento intra-uterino (RCIU), prematuridade e pré-eclâmpsia, entre outros. Uma dieta rica em alimentos integrais e fitatos, bem como a ingestão elevada de ferro, o tabagismo e o alcoolismo diminuem a concentração plasmática materna de zinco, reduzindo sua disponibilidade para o feto. Nestes casos há indicação de suplementação de 25mg/dia de zinco, para minimizar o risco de complicações associadas à carência deste mineral.13 A literatura não estabelece quantidades, mas há indicação de suplementação diária de vitaminas e minerais para gestantes gemelares a partir do 2º trimestre de gestação, já que supõe-se que os requerimentos destes estejam aumentados.6 Do mesmo modo, há indicação de suplementos multivitamínicos e minerais para mulheres com dietas de baixa qualidade ou para as que consomem pouco ou nenhum produto de origem animal. Para gestantes vegetarianas é indicada a suplementação de vitamina B12 em particular, para evitar retardos no crescimento e desenvolvimento do feto.18 ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância Toxoplasmose e Listeriose Deve-se dar atenção à possibilidade, que apesar de rara é extremamente comprometedora, de ocorrência de infecção como toxoplasmose e listeriose. Devem ser evitados, portanto, pelas gestantes, alimentos crus ou mal cozidos como carnes, ovos, leite e seus derivados. A adequada higienização dos alimentos também é muito importante nesta etapa da vida.Listeria monocytogenes A Listeria spp. É um microorganismo que se encontra amplamente disseminado na natureza e tem sido isolado do solo, de fezes humanas e animais. Todas as espécies de Listeria são encontradas na natureza e podem, eventualmente contaminar os alimentos, porém somente a Listeria monocytogenes é patogênica para o homem, tornando-se o principal patógeno nas doenças transmitidas pelos alimentos. A Listeria monocytogenes é uma bactéria gram-positiva, co motilidade, que é um freqüente patógeno veterinário, causando aborto e meningoencefalite em vacas e ovelhas, porém a relatos em várias espécies animais. A infecção no homem não é comum, mas ocorre mais freqüentemente no período neonatal, durante a gravidez. A gravidade da doença depende das condições imunológicas do hospedeiro e do tipo de infecção. 19 Desta forma, a listeriose torna-se importante entre gestantes e parturientes que se enquadram nas chamadas situações de risco. Segundo a organização americana Food and Drug Administration (FDA), um terço das infecções ocorre durante a gestação e pode provocar aborto ou doenças sérias no recém-nascido. As mulheres grávidas infectadas podem apresentar sintomas de um resfriado e transmitir a doença ao feto através da placenta causando aborto, parto prematuro ou meningite após o nascimento. O feto pode infectar-se no útero através da via hematógena ou da via ascendente a partir do trato genital materno apresentando sinais de pneumonia e apnéia; pústulas na face e no corpo; granulomas no fígado, baço e cérebro. A gestante deverá ser orientada pelo nutricionista sobre a gravidade da contaminação e ter cuidado pela procedência e origem dos alimentos, principalmente o leite cru, frutos do mar defumados, salsichas, patês, queijos moles, cortes de frios de balcão e carnes mal passadas são prováveis fontes das bactérias do gênero Listeria. 19 Toxoplasmose O Toxoplasma gondii pode ocasionar infecção fetal através de passagem transplacentária, quando a mãe adquire a infecção durante a gestação ou, menos comumente, quando mulheres cronicamente infectadas têm um imunocrompometimento importante.20 Vários estudos determinam que o principal fator de risco para a infecção em gestantes é o consumo de carnes inadequadamente cozida, que contribuiu com 30 a 63% dos casos; outra 6 a 17% das infecções foram atribuídas ao solo contaminado. Num estudo da Noruega, Kapperud et al., observaram, que os casos tiveram contato diário com gatos mais freqüentemente do que os controles (OR = 3,6), e que aquelas que menos freqüentemente lavavam a faca de cozinha tiveram risco de infecção cinco vezes maior. Outro estudo destes ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância autores mostrou que a prevalência de anticorpos IgG em gestantes aumentou significativamente em mulheres acima de 34 anos de idade. Apesar de a maioria dos recém-nascidos infectados não apresentar sintomas, quase todos desenvolverão seqüelas após o nascimento, incluindo a coriorretinite, o retardo mental e uma moderada perda de audição. A prevalência de soropositividade em gestantes varia conforme regiões geográficas, características climáticas, fatores culturais e hábitos alimentares. Num estudo realizado em Belo Horizonte, 24% das 163 mulheres suscetíveis alegaram ter recebido orientações quanto a três fatores de risco pesquisados e considerados mais importantes para aquisição da toxoplasmose, como o contato com gatos, a ingestão ou manipulação de carne crua durante a gestação e o consumo de hortaliças cruas. E, por mais numerosos estudos tenham demonstrado que o contato com gato seja um fator de risco secundário na transmissão da toxoplasmose, ao contrario da ingestão de carne crua, foi observado que a proporção de mulheres informadas em relação ao gato (95%) foi muito superior ao número de informadas sobre o risco de consumo de carne crua (70%) e hortaliças cruas inadequadamente lavadas (53%). Estudos prévios realizados nos Estados Unidos também apontaram o contato com gatos como fonte de infecção mais citada entre os médicos.20 Outros cuidados Importantes na gestação Cafeína É um alcalóide farmacologicamente ativo que atua como estimulante do sistema nervoso central e está presente em uma grande quantidade de alimentos (cerca de 60 espécies de plantas, no mundo, contêm compostos do tipo metilxantina), como café, guaraná, refrigerantes à base de cola, cacau, chocolate, chás e também nos remédios do tipo analgésicos, medicamentos contra gripe e inibidores de apetite. Esse alcalóide é o estimulante mais comum atualmente, é barato e facilmente encontrado, o que contribui para seu elevado consumo. No que diz respeito às gestantes, freqüentemente, ocorre aversão aos produtos cafeinados, particularmente ao café, no primeiro trimestre de gestação, levando a interrupção ou redução do consumo de cafeína ao longo da gravidez. Desde os anos 70, alguns estudos têm sugerido associação entre o consumo materno de cafeína e desfechos fetais, tais como: redução do crescimento fetal, prematuridade, restrição de crescimento intra-uterino, baixo peso ao nascer, aborto espontâneo e malformações, levando à recomendação para a diminuição do consumo de cafeína no período gestacional. A FDA aconselhou as mulheres grávidas a evitarem, sempre que possível, alimentos e drogas contendo cafeína ou, pelo menos, manterem, durante a gravidez, o consumo abaixo de 200mg/dia. Outros pesquisadores definem o limite de consumo para gestantes em 300mg diários. Uma vez que a prevalência de exposição à cafeína é relativamente presente durante a gestação, e que o baixo peso ao nascer e a prematuridade estão associados à maior morbi-mortalidade infantis, a influência da cafeína sobre o crescimento fetal é vista como uma importante questão de Saúde Publica. ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância Uso de Álcool O consumo de álcool durante a gestação tem sido tema de pesquisa razoavelmente bem documentado, embora ainda, muitas das conseqüências do mesmo sobre o desenvolvimento infantil em filhos de mães alcoolistas sejam pouco conhecidas em sua extensão e gravidade. Certo é que o uso de álcool durante a gestação é uma das principais causas evitáveis de defeitos ao nascimento bem como alteração no desenvolvimento da criança. Estima-se que aproximadamente 20% das mulheres façam uso de álcool durante a gravidez. E, apesar de variar, em forma e intensidade, o uso freqüente (sete ou mais drinques por semana, ou cinco ou mais drinques por ocasião) tem aumentado significativamente nos últimos anos. Em decorrência disso, tem-se observado o aumento da evidência dos efeitos negativos do chamado consumo “baixo a moderado”, durante a gestação. Apesar de existir a diminuição do consumo do álcool durante a gravidez, cada vez mais aumenta o consumo pela população feminina e, em conseqüência disso, grande parcela das mulheres e seus fetos são expostos a doses variáveis desse agente. Estima-se que o uso freqüente seja inferior a 4% ao final da gravidez. As bebedoras moderadas têm maior chance de parar ou reduzir seu consumo durante o período da gestação, porém, entre as bebedoras pesadas, dois terços diminuem o consumo e um terço continuam a abusar de álcool durante toda a gestação. O álcool quando ingerido pela gestante, atravessa a barreira placentária e faz com que o feto receba as mesmas concentrações da substância que a futura mãe. Porém, a exposição fetal é maior, devido ao fato de que o metabolismo e eliminação são mais lentos, fazendo com que o líquido amniótico permaneça impregnado de álcool não modificadoem acetaldeído. Essa situação é ocasionada pela ausência de enzimas em quantidade necessária para a degradação de tais substâncias. Entre as complicações pré-natais, provocadas pelo consumo de álcool, identificam-se anomalias físicas e disformismo no primeiro trimestre, aumento de duas a quatro vezes na incidência de abortamento espontâneo no segundo trimestre, fatores comprometedores durante o parto, como risco de infecções, deslocamento prematuro da placenta, hipertonia uterina, trabalho de parto prematuro e liquido amniótico meconial. Dentre as conseqüências decorrentes do uso de álcool por gestantes, a mais conhecida é a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), caracterizada por baixo peso ao nascer, hipotonia, incoordenação, irritabilidade, retardo do desenvolvimento, anormalidades craniofaciais e cardiovasculares, retardo mental leve e moderado, hiperatividade e baixo rendimento escolar. O uso de Adoçantes na Gestação Sacarina A sacarina atravessa a placenta de forma limitada e alcança todos os tecidos fetais, exceto o sistema nervoso central. Um estudo envolvendo seis gestantes diabéticas que consumiam entre 25 – 100 mg de sacarina por dia demonstrou que a substância cruza a barreira placentária, sendo identificada no sangue do cordão umbilical obtido imediatamente após o parto. Não existem indícios de que a sacarina seja teratogênica em animais e não há relatos de ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância aumento na incidência de malformações em abortos espontâneos de mulheres que consumiram sacarina durante a gestação. 20 As preocupações quanto ao seu uso na gestação surgiram devido ao seu potencial carcinogênico (câncer de bexiga) em algumas espécies animais, na segunda geração nascida após a exposição intra-útero. Porém, até o momento, esta associação não foi confirmada em humanos. Apesar de os estudos indicarem que não existe associação em humanos entre a exposição à sacarina durante a vida fetal e o surgimento de câncer até os 35 anos de idade, argumenta-se que seria necessário prolongar a observação, uma vez que o câncer de bexiga tende a se manifestar em adultos mais velhos. Devido às limitadas informações disponíveis quanto aos riscos da sacarina para fetos humanos, o uso deste adoçante deve ser evitado durante a gestação. Ciclamato Não existem estudos controlados sobre os possíveis efeitos do ciclamato sobre o feto. A droga cruza a placenta e os níveis sanguíneos fetais chagam a 25% do nível plasmático materno. Suspeita-se que o ciclamato possa causar efeitos citogenéticos sobre linfócitos humanos. Alguns investigadores tentaram associar esses efeitos com aumento na incidência de malformações e problemas comportamentais nos fetos expostos, porém não conseguiram estabelecer uma relação causal. O uso deste adoçante deve ser evitado durante a gestação. Aspartame Para provocar intoxicação, são necessários no mínimo 2.000 mg/kg de aspartame. Essa dose equivaleria, para um indivíduo de 70 kg, à ingestão diária de 140.000 envelopes ou 350.000 gotas do adoçante ou 2.545 litros de refrigerante dietético, o que seria praticamente impossível. Além disso, a quantidade de metanol produzida a partir da ingestão de refrigerantes dietéticos (cerca de 55 mg/L) é menor que a produzida a partir da ingestão de sucos de frutas naturais ricos em aspartame (cerca de 140 mg/L). Baseado nesses dados considera-se não haver possibilidade de dano fetal atribuível ao metanol produzido pela ingestão de aspartame. A segunda preocupação quanto à toxicidade do aspartame na gravidez se deve ao acúmulo de aspartato, outro dos seus metabólitos. Em ratos, a ingestão maciça de aspartato produz necrose neural hipotalâmica. Porém, a administração de grandes doses dessas mesmas substâncias a primatas não produziu lesões cerebrais. Além disso, o aspartato, ao contrário da maioria dos aminoácidos, não se acumula nos tecidos fetais. Portanto, em humanos, não existem evidências de toxicidade fetal devido ao aspartato decorrente da ingestão materna de aspartame. A terceira preocupação é em relação ao seu uso por pessoas com fenilcetonúria (PKU), tanto doentes (homozigóticos) como portadores assintomáticos (heterozigóticos). Indivíduos com forma homozigótica da PKU têm uma deficiência de enzima hepática fenilalanina-hidroxilase e são incapazes de converter a fenilallanina (aminoácido essencial) em tirosina (aminoácido não essencial), o que resulta no acúmulo de fenilalanina, potencialmente tóxica para o tecido cerebral. Sem tratamento, esses indivíduos ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância apresentam atraso mental, microcefalia, mielinização deficiente dos nervos, reflexos hiperativos a menor expectativa de vida. Com o diagnóstico precoce e abstenção de fenilalanina, esses indivíduos terão vida normal. Para evitar danos a sua própria saúde, as mulheres com PKU (forma homozigótica), assim como todos os indivíduos portadores desta doença, devem controlar constantemente o consumo de qualquer produto que contenha fenilalanina e, conseqüentemente, devem evitar o aspartame, uma vez que um de seus metabólitos é a fenilalanina, inclusive durante a gestação. Acessulfame-K Este adoçante foi descoberto acidentalmente na Alemanha por Clauss e Jensen, em 1967. É um sal de potássio sintético derivado do ácido acético, isento de calorias, que adoça 200 vezes mais do que o açúcar e que pode ser levado ao fogo sem perder a doçura. De sabor agradável, no começo da degustação é intensamente doce, sensação que desaparece depressa, mas sem deixar resíduo ruim na boca. A substância não é metabolizada, sendo excretada integralmente pela urina. Foi aprovado pelo FDA em 1998 e, atualmente, é encontrado em milhares de produtos alimentares. O acessulfame-K é usado em centenas de produtos industrializados, desde alimentos e bebidas até produtos de higiene oral e medicamentos em mais de 90 países, incluindo os Estados Unidos. Nesse país, o acessulfame-K foi liberado para uso geral em dezembro de 2003, e é encontrado em produtos como chicletes, sucos, gelatinas e pudins, numerosos produtos assados e laticínios, além de xaropes e pastilhas para a garganta. Uso na gravidez Não é tóxico, carcinogênico ou mutagênico em animais. Não existem estudos controlados em humanos. Não existem dados disponíveis para recomendar seu uso durante a lactação. Estévia Estudos em animais e humanos indicam que esse adoçante possui propriedades anti-hipertensivas. A estévia reduz a glicemia pós-prandial de pacientes com diabetes tipo 2. O uso de estévia pode modificar o resultado de testes de tolerância á glicose, reduzindo significativamente os níveis de glicemia. Portanto, a estévia deve ser evitada antes de realizar exames de rastreamento ou diagnóstico de diabetes durante a gestação. Esse duplo efeito (anti-hipertensivo e anti-hiperglicêmico) torna a estévia particularmente indicada no tratamento de pacientes obesas com síndrome metabólica. Ao contrário de todos os estudos anteriores, em uma publicação recente, não foram observadas mudanças significativas na pressão arterial ou nos níveis glicêmicos de dez voluntários saudáveis que receberam estévia via oral por três dias. A estévia pode ser usada em pacientes com fenilcetonúria e não foram descritas reações alérgicas até o momento. Uso na gravidez Em animais, a estévia não produziu efeitos adversos sobre a gestação, porém não existem estudos quanto ao seu uso durante a gestação em humanos. Baseado nesse perfil, a estévia seria classificada como risco B, ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância porém, por não ser comercializada nos Estados Unidos, este adoçante não foi oficialmente classificado pela FDA quanto ao risco na gravidez. Não existem dados disponíveis para seu uso durante a lactação. O uso de adoçantes durante a gestação deve ser reservado para pacientes que precisam controlar o seu ganho de peso e para as diabéticas. Baseado nas evidências atualmente disponíveis, deve se dar preferência ao aspartame, sucralose, acessulfame-K e a estévia.20 Avaliação do Estado Nutricional da Gestante A gestação é um período crítico durante o qual a nutrição materna é fator essencial na determinação da saúde da mãe e do bebê. Há mais de 15 anos foi publicada uma teoria que afirmava que as doenças dos adultos teriam sua origem durante a vida intra-uterina.10 Desde então, estudos epidemiológicos têm comprovado, cada vez mais, que a saúde do adulto reflete o ambiente ao qual ele foi exposto quando ainda era um feto. No que diz respeito à nutrição, pensava-se que apenas situações extremas, como por exemplo a desnutrição severa, causariam impacto sobre a saúde do feto; hoje, no entanto, está cada vez mais evidente que até mesmo pequenos “erros” alimentares maternos têm impacto significativo e duradouro na vida do bebê.10 A fim de detectar e corrigir estes erros, a avaliação nutricional da gestante faz-se essencial. Dependendo do contexto profissional em que o nutricionista se encontra, ou seja, se ele possui tempo hábil e ferramentas suficientes para realizá-la, essa avaliação pode ser mais ou menos detalhada, como sugere a tabela 1, publicada pelo American Journal of Public Health, em 1973.22 Avaliação Clínica Apesar da habilidade em realizar uma boa avaliação clínica ser aperfeiçoada à medida que aumenta a experiência e a prática clínica do observador, mesmo os profissionais menos treinados podem obter valiosas observações a partir da avaliação de sinais subjetivos da gestante. O aspecto geral e psicológico, bem como o da pele e mucosas, são indicadores úteis para avaliarmos o estado nutricional materno. Através deles podem ser identificadas carências nutricionais, como, por exemplo, a anemia (palidez conjuntival, fraqueza), carência de iodo (aumento da tireóide), carência de vitamina C (gengivas que sangram com facilidade), excesso de ingestão de açúcares (cáries), entre outros.23 Na tabela 2 encontram-se alguns sinais clínicos que esperamos encontrar na gestante em bom estado nutricional. Sinais clínicos de boa nutrição na gestante (adaptado de Worthington- Roberts e Vermeersch, 1985 24) Aspecto geral e psicológico Atenta, responsiva, reflexos normais Pele, mucosas, olhos e cabelos Pele e mucosas íntegras e coradas, olhos e cabelos brilhantes Pernas e pés Com boa coloração, sem dor ou edema Função cardiovascular Batimentos cardíacos e pressão arterial normais Função gastrointestinal Apetite preservado, digestão normal, eliminações ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância regulares Anamnese Nutricional Para uma avaliação nutricional ser completa, é fundamental a realização de uma anamnese nutricional detalhada. Esta se baseia em informações como história clínica, familiar, social, e principalmente dietética da paciente, e na identificação de fatores de risco para a gestação. Do ponto de vista social e familiar é necessário conhecer pelo menos um pouco do ambiente doméstico, da situação sócio-econômica, o tipo de moradia, o estilo de vida e o número de membros na família da gestante, a fim de adequar tanto a avaliação quanto as recomendações nutricionais a serem feitas. Em se tratando do histórico clínico e dietético, é preciso questionar a gestante sobre doenças atuais e prévias à gestação, uso de drogas, álcool, uso de medicamentos e suplementos alimentares, alergias, aversões ou intolerâncias alimentares, práticas étnicas e culturais de alimentação, taboos, dietas ou práticas especiais (vegetarianismo, por exemplo) sendo importante coletar estes dados referentes à paciente e aos seus familiares próximos.24 Apesar de não existir um padrão-ouro na investigação do consumo alimentar,25 o nutricionista dispõe de diversos métodos para avaliar os hábitos alimentares da gestante. O inquérito recordatório de 24 horas, por exemplo, método quantitativo onde a paciente reporta todo o alimento (líquido ou sólido) consumido nas 24h prévias à entrevista, é um método bem aceito, pois o tempo de administração é curto e é de baixo custo, apesar de não representar a ingestão habitual da paciente e depender da memória da entrevistada e da destreza do entrevistador.26 Outro método é o questionário de freqüência de consumo alimentar (QFCA), método qualitativo constituído por uma lista de alimentos e bebidas cuja freqüência do consumo é perguntada à paciente, podendo-se utilizar fotos ou modelos alimentares para facilitar o preenchimento. É um método relativamente rápido e de baixo custo, que tem sido amplamente utilizado em estudos epidemiológicos. Por vezes pode ser pouco exato e requer a memória de hábitos do passado da entrevistada. O ideal é que o questionário seja o mais conciso possível no sentido de detectar deficiência ou excesso de nutrientes específicos que estão sendo investigados, sem se tornar cansativo para preenchimento.26 Já o inquérito por registro consiste na paciente registrar o tipo e a quantidade de alimentos e bebidas ingeridos durante um período de tempo pré- determinado, sendo o registro feito na hora em que o alimento é consumido. É um método que diminui a probabilidade da omissão de registros e é mais fidedigno quantitativamente. É necessário que a paciente seja alfabetizada e esteja altamente motivada para que este método seja eficaz, não devendo o período de registro ser muito longo (ideal menos de sete dias).26 Medidas Antropométricas A aferição das medidas antropométricas é vital na avaliação nutricional da gestante. É o método não invasivo mais rápido e acessível de avaliação e ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância seus resultados são capazes de predizer desfechos da gestação, entre eles o peso do bebê ao nascer.27 Através de alguns métodos já bem estabelecidos, é possível classificar o estado nutricional da gestante de acordo com a idade gestacional (IG). Em relação ao ganho de peso na gestação, espera-se que no primeiro trimestre possa haver tanto manutenção do peso corporal, quanto o ganho de 2kg ou a perda de até 3kg, sem causar comprometimento à saúde da mãe e do bebê. No 2º e 3º trimestres, a recomendação do ganho de peso baseia-se no índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional e a adequação desse ganho está associada com desfechos gestacionais favoráveis para a mãe (menos complicações no parto e retenção de peso no puerpério) e para o bebê (peso adequado ao nascer). É importante salientar que os pontos de corte do IMC para gestantes são diferentes daqueles preconizados para a população adulta em geral. A tabela 3 mostra o ganho de peso recomendado pelo Institute of Medicine (IOM) dos Estados Unidos,28 com base no IMC pré-gestacional. Ganho de peso recomendado na gestação (adaptado de IOM, 199228) IMC pré-gestacional (kg/m2) Ganho de peso semanal (g/semana) Ganho total (kg) Baixo peso (<19,8) 500 a partir do 2º trimestre 12,5 - 18 Normalidade (19,8 - 26) 400 a partir do 2º trimestre 11,5 - 16 Sobrepeso (>26 - 29) 300 a partir do 2º trimestre 7 - 11,5 Obesidade (>29) 200 a partir do 2º trimestre 7 - 9,1 O cálculo do IMC pré-gestacionalda gestante é feito da seguinte forma: No caso de gestantes gemelares, Luke e colaboradores (2003) propuseram valores diferenciados de ganho de peso por IG para que ocorra um adequado crescimento fetal e peso ao nascer dentro da normalidade.29 Ganho de peso semanal em gestantes gemelares (adaptado de Luke e cols.,200329) Idade Gestacional Baixo peso Eutrofia Sobrepeso 0 - 20 semanas 0,57 a 0,79kg 0,45 a 0,68kg 0,38 a 0,45kg 20 - 28 semanas 0,68 a 0,79kg 0,57 a 0,79kg 0,34 a 0,57kg > 28 semanas 0,57kg 0,45kg 0,34kg O ganho de peso na gestação é oriundo não apenas do ganho ponderal do feto e da presença de edema, comum na gestação, mas é também proveniente das mudanças que ocorrem no organismo da mãe. Alguns dos ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância fatores que contribuem para o aumento de peso na gravidez estão listados na tabela 5.30 Distribuição do ganho de peso durante a gestação (adaptado de Fagen, 200230) Feto 2,8 a 3,2kg Placenta e cordão umbilical 0,5kg Útero 0,7kg Líquido amniótico 0,6kg Estoque materno de nutrientes 2,8kg Mamas 0,4kg Diversos instrumentos de avaliação utilizam como base as medidas antropométricas da gestante. Um exemplo destes instrumentos é o nomograma de Rosso31 , que expressa, para cada IG, percentuais de peso em relação ao peso ideal para a altura (P/A), classificando a gestante em faixas de risco A, B, C ou D. Esta curva baseia-se na idéia de que o ganho ponderal de 20% ao final da gestação, em relação ao peso ideal para a estatura pré-gestacional, asseguraria um crescimento fetal ótimo.32 Nomograma de Rosso ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância Fonte: ROSSO, P. A new chart to monitor weight gain during pregnancy. Am J Clin Nutr, v.41, p.644-51, 1985. De acordo com a curva de Rosso ,a gestante que se encontrar na classe A do nomograma (relação P/A e IG <95% no início e <120% no final da gestação) é classificada como baixo peso. A classe B refere-se à normalidade (>95% e <110% no início e >120% e <130% no final da gestação). A classe C classifica a gestante como sobrepeso (relação P/A e IG >110% e <120% no início e >130% e <135% no final da gestação). Por fim, a classe D refere-se à obesidade (relação P/A >120% no início e >135% no final da gestação). Utiliza- ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância se uma régua para achar o ponto de corte na linha de porcentagem de P/A do nomograma e depois olha-se o gráfico identificado com as letras. Curva de Rosso Fonte: ROSSO, P. A new chart to monitor weight gain during pregnancy. Am J Clin Nutr, v.41, p.644-51, 1985. Este método foi adotado pelo Ministério da Saúde do Brasil durante muitos anos. Ele apresenta desvantagens, tais como o uso restrito à gestantes com altura entre 140 e 175cm, com peso entre 30 e 100kg e com IG > 10 semanas. Foi demonstrado também que este método superestima a prevalência de desnutrição e excesso de peso, levando a falsas classificações.27 ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância Já a tabela proposta por Atalah e colaboradores em 1997 (anexos III e IV) avalia o ganho de peso de acordo com a IG, baseada no cálculo do IMC atual da gestante.33 Esta tabela baseou-se em dados do Ministério da Saúde do Chile. Naquela época, foi observada uma redução significativa na prevalência da desnutrição materna e na incidência de baixo peso ao nascer, bem como o aumento da obesidade. Com estas mudanças significativas no perfil da população chilena, os autores identificaram a necessidade de um instrumento de avaliação nutricional mais preciso e assim surgiu a tão difundida “curva de Atalah”.32 Esta curva é atualmente utilizada e indicada pelo Ministério da Saúde como ferramenta de avaliação do estado nutricional da gestante.34 Curva de Atalah ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância Fonte: ATALAH, S.E.; CASTILLO, C.L.; CASTRO, R.S. Propuesta de um nuevo estandar de evaluación nutricional en embarazadas. Rev Med Chile, v.125, p.1429-36, 1997. Critério para classificar o estado nutricional da gestante segundo o Índice de Massa Corporal (IMC) elaborado por Atalah,33 1997 e adaptado pelo Ministério da saúde. Semana Gestacional Baixo peso (BP) IMC Adequado (A) IMC entre Sobrepeso(S) IMC entre Obesidade IMC 6 19,9 20 24,9 25 30 30,1 8 20,1 20,2 25 25,1 30,1 30,2 10 20,2 20,3 25,2 25,3 30,2 30,3 11 20,3 20,4 25,3 25,4 30,3 30,4 12 20,4 20,5 25,4 25,5 30,3 30,4 13 20,6 20,7 25,6 25,7 30,4 30,5 14 20,7 20,8 25,7 25,8 30,5 30,6 15 20,8 20,9 25,8 25,9 30,6 30,7 16 21 21,1 25,9 26,0 30,7 30,8 17 21,1 21,2 26,0 26,1 30,8 30,9 18 21,2 21,3 26,1 26,2 30,9 31,0 19 21,4 21,5 26,2 26,2 30,9 31,0 20 21,5 21,6 26,3 26,4 31,0 31,1 21 21,7 21,8 26,4 26,5 31,1 31,2 22 21,8 21,9 26,6 26,7 31,2 31,3 23 22,0 22,1 26,8 26,9 31,3 31,4 24 22,2 22,3 26,9 27,0 31,5 31,6 25 22,4 22,5 27,0 27,1 31,6 31,7 26 22,6 22,7 27,2 27,3 31,7 31,8 27 22,7 22,8 27,3 27,4 31,8 31,9 28 22,9 23,0 27,5 27,6 31,9 32,0 29 23,1 23,2 27,6 27,7 32,0 32,1 30 23,3 23,4 27,8 27,9 32,1 32,2 31 23,4 23,5 27,9 28,0 32,2 32,3 32 23,6 23,7 28,0 28,1 32,3 32,4 33 23,8 23,9 28,1 28,2 32,4 32,5 34 23,9 24,0 28,3 28,4 32,5 32,6 35 24,1 24,2 28,4 28,5 32,6 32,7 36 24,2 24,3 28,5 28,6 32,7 32,8 37 24,2 24,5 28,7 28,8 32,8 32,9 38 24,5 24,6 28,8 28,9 32,9 33,0 39 24,7 24,8 28,9 29,0 33,0 33,1 40 24,9 25,0 29,1 29,2 33,1 33,2 41 25,0 25,1 29,2 29,3 33,2 33,3 ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância 42 24,0 25,1 29,2 29,3 33,2 33,3 Outro parâmetro para a avaliação nutricional da gestante é a circunferência do braço (CB), ou perímetro braquial. Alguns estudos mostram que este é um bom indicador do estado nutricional da gestante, apontando uma estreita relação entre o mesmo e o peso corporal materno. A CB parece ser também um ótimo indicador preditivo do peso ao nascer: a cada centímetro adicional na medida da CB pode ser esperado um aumento de 45g no peso ao nascer do bebê. Um estudo feito na Guatemala demonstrou que um ponto de corte de 23,5cm na CB mostrou alta sensibilidade e especificidade como indicador de baixo peso ao nascer.35 Outra medida antropométrica, a dobra cutânea do tríceps (DCT), é um ótimo indicador para a deposição de gordura corporal. A aferição desta deve serrealizada, idealmente, no 2º trimestre da gestação, quando os estoques de gordura materno começam a se formar para atender às demandas da gravidez. Foi demonstrado que gestantes que não apresentam aumento deste parâmetro no 2º trimestre da gestação estão em maior risco de dar à luz bebês com baixo peso ao nascer.36 Parâmetros Bioquímicos A análise dos resultados de exames laboratoriais da gestante permite avaliar possíveis deficiências nutricionais e corrigi-las através de um plano alimentar individualizado. É importante observar que, devido às adaptações fisiológicas que ocorrem na gravidez, alguns marcadores bioquímicos apresentam-se naturalmente alterados, sem que isso seja motivo de preocupação. Dos exames pré-natais rotineiros, os principais parâmetros a serem observados, sob o ponto de vista nutricional, incluem dosagem de hemoglobina (Hb) e níveis de hematócrito (Ht), que podem indicar a anemia. Outro parâmetro importante é a determinação da albumina plasmática, que pode indicar a deficiência de proteínas. Uma vez que a carência de vitamina A é um problema de saúde pública no Brasil e este influencia no quadro de morbimortalidade materno-infantil, o retinol sérico também deve ser observado, principalmente em pacientes de baixa renda.37 Principais valores laboratoriais normais para gestantes (adaptado de Vítolo, 200838) ACTH 20 - 100pg/ml Albumina 2,5 - 4,5g/dl Aldosterona (plasma) <20ng/dl Aldosterona (urina) 15 - 40μg/24h Bilirrubina total 0,3 - 1mg/dl Cálcio total 8,1 - 9,5mg/dl Colesterol 180 - 280mg/dl ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância Cortisol (plasma) 15 - 35μg/dl Creatitina <1,0mg/dl Ferritina 5 - 150ng/ml Ferro 90μg/dl Fosfatase alcalina 60 - 200mU/ml Glicose (jejum) 60 - 105mg/dl Hematócrito (Ht) 33 - 44% Hemoglobina (Hb) 10,5 - 14g/dl Insulina (jejum) 8 - 30μU/ml Nitrogênio uréico sanguíneo 5 - 12mg/dl Proteína plasmática total 4,5 - 7g/dl Proteínas urinárias 250 - 300mg/24h Sódio 130 - 140mEq/l TGO 0 - 35U/l TGP 0 - 35U/l Tiroxina (T4) 10 - 17μg/dl Triglicerídeos <260mg/dl Triiodotironina (T3) 100 - 220ng/dl TSH 4 - 5μU/ml O pré natal monitorado, juntamente com todas as recomendações nutricionais, e uma boa avaliação nutricional, fazem com que possamos incentivar cada vez mais que o binômio mãe e bebê tenham além de saúde a prevenção de morbi- mortalidade infantil e materna. Nutrição na Lactação Assim como na gestação, no período da lactação ocorre aumento significativo na demanda nutricional pelos tecidos maternos. O ganho ponderal que ocorre na gestação fornece nutrientes para o crescimento e desenvolvimento adequados do feto e também faz com que a mãe acumule reservas energéticas para a fase do aleitamento, quando seu bebê dependerá do leite materno para continuar crescendo e se desenvolvendo. O leite materno oferece ao recém-nascido um alimento completo, ideal em termos de qualidade e quantidade de nutrientes, fornecendo aporte nutricional e imunológico adequados para um crescimento e desenvolvimento ótimos. Neste capítulo, falaremos sobre a fisiologia da lactação, sobre a composição do leite materno e suas vantagens para mãe e bebê, bem como sobre a avaliação e as recomendações nutricionais para a nutriz. Por fim, ressaltaremos a importância do incentivo ao aleitamento materno e o papel fundamental que o nutricionista exerce neste processo. Fisiologia da Lactação A lactação é um processo fisiológico estabelecido e mantido a partir de uma glândula mamária íntegra e através da presença de mecanismos fisiológicos adequados que permitem a produção e a liberação de leite. ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância As mamas situam-se na parte anterior do tórax e sua forma varia conforme características genéticas e individuais, e de acordo com idade e paridade da mulher. A glândula mamária começa sua maturação com o desenvolvimento do sistema de ductos alveolares e das células lactíferas para que a mama esteja pronta para produzir o leite materno com a chegada do bebê. Esse processo começa na vida intra-uterina e após o nascimento permanece latente até o início da puberdade, quando a ação dos hormônios, principalmente estrógeno e progesterona, promove o alongamento e a proliferação dos canais mamários, o desenvolvimento dos lóbulos, a formação de tecido fibroso e gorduroso, o crescimento do mamilo e a pigmentação aumentada da aréola (figura 1). Figura 1. Estrutura da glândula mamária (adaptado de MedlinePlus <www.nlm.nih.gov>) A maturação da glândula mamária atinge seu ápice durante o período gestacional e principalmente no período da lactação. Entre a 5ª e a 8ª semana de gravidez já ocorre aumento significativo no volume dos seios, com dilatação das veias superficiais e aumento da pigmentação da aréola e do mamilo. No puerpério, as mamas aumentam ainda mais de volume, ocorrendo também aumento do fluxo sanguíneo e da sensibilidade e a produção de colostro. A lactação completa não acontece logo após o parto, pois complexos mecanismos neuroendócrinos estão envolvidos no início e na manutenção desse processo. A produção do leite materno passa basicamente por dois estágios: a síntese e secreção do leite e a propulsão ou ejeção do leite. O principal hormônio envolvido na síntese de leite é a prolactina. Durante a gestação, a presença de altos níveis de estrógenos inibe sua ação. No puerpério, com a queda dos hormônios da gravidez e pelo estímulo da sucção, ocorre um rápido aumento na secreção de prolactina pela hipófise anterior, situada na base do cérebro, que vai agir sobre as células alveolares mamárias estimulando a produção e liberação de leite. O estímulo da sucção faz com que impulsos nervosos sensoriais do mamilo sejam levados ao hipotálamo, estimulando a liberação do hormônio ocitocina, secretado pela hipófise posterior, que impulsiona o leite para os seios lactíferos. A ejeção do leite está relacionada à fatores emocionais e psicológicos da mãe, podendo ser iniciada quando a mãe vê ou ouve o choro do bebê. A ocitocina também é responsável pela redução do sangramento e pela involução uterina no pós-parto. Composição do Leite Materno ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância O leite materno oferece ao recém-nascido um alimento completo, ideal em termos de qualidade e quantidade de nutrientes, fornecendo aporte nutricional e imunológico adequados para um crescimento e desenvolvimento ótimos. A características bioquímicas do leite materno variam de mãe para mãe, em diferentes horas do dia, nas distintas etapas da amamentação e até durante uma mesma mamada. No pós-parto imediato e até cerca de uma semana, as glândulas mamárias secretam o colostro, um fluido amarelado e espesso, rico em proteínas, com menor teor de lactose e gordura em comparação ao leite maduro. O colostro tem cerca de 67kcal para cada 100ml, apresentando volume de dois a 20ml por mamada. Possui altas concentrações de vitaminas A, E, carotenóides, além de imunoglobulinas IgA, IgG e IgE, que conferem proteção contra vírus e bactérias. A ingestão de colostro permite que o bebê elimine o mecônio, suas primeiras fezes. O colostro possui ainda fator bífido, responsável pelo crescimento da microbiota intestinal caracterizada pela presença de Lactobacillus bifidus. O leite produzido do 7º dia de puerpério até aproximadamente o 14º dia é chamado de leite de transição, e apresentaaumento significativo de volume e estabilização de sua composição no final desse período. Inicia-se então, a partir do 15º após o parto, aproximadamente, a produção do leite maduro. As variações na composição do leite materno durante as diferentes fases da lactação estão expostas na tabela 10. . Composição do leite humano (adaptado de WHO, 2002) Idade (mese s) Energi a (kcal/g ) Proteín a (g/l) Vitamina A (μmol/l) Vitamina D (ng/l) Vitamina B6 (mg/l) Cálcio (mg/l) Ferro (mg/l) Zinco (mg/l) 1 0,67 11 1,7 645 0,13 266 0,5 2,1 2 0,67 9 1,7 645 0,13 259 0,4 2 3 0,67 9 1,7 645 0,13 253 0,4 1,5 4 0,67 8 1,7 645 0,13 247 0,35 1,2 5 0,67 8 1,7 645 0,13 241 0,35 1 6 0,67 8 1,7 645 0,13 234 0,3 1 7 0,67 8 1,7 645 0,13 228 0,3 0,75 8 0,67 8 1,7 645 0,13 222 0,3 0,75 9 0,67 8 1,7 645 0,13 215 0,3 0,75 10 0,67 8 1,7 645 0,13 209 0,3 0,5 11 0,67 8 1,7 645 0,13 203 0,3 0,5 12 0,67 8 1,7 645 0,13 197 0,3 0,5 O leite produzido por mães de recém-nascidos pré-termo (antes de 37 semanas de gestação), contém mais proteínas e lipídios e menos lactose, além de teores mais elevados de lactoferrina e IgA. Quanto aos nutrientes que compõe o leite humano, salientamos algumas considerações: ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância As proteínas do leite materno podem ser classificadas como caseínas e proteínas do soro, sintetizadas pelas glândulas mamárias. Outras proteínas, como albumina, enzimas e hormônios, presentes no leite materno, são provenientes do plasma. Há ainda presença de aminoácidos, peptídeos, uréia e nucleotídeos. Não há evidências de que a composição corporal ou os hábitos alimentares maternos influenciem a concentração de proteína do leite materno, mesmo em mulheres desnutridas. A principal fonte de energia do leite materno é proveniente de gordura, principalmente de triglicerídeos (cerca de 98%). Há também gliceróis, ácidos graxos livres, fosfolipídios, esfingolipídios e esteróis. Também são encontrados ácidos graxos de cadeia longa, tais como araquidônico (AA; n-6) e docosahexaenóico (DHA; n-3), derivados dos ácidos graxos essenciais, que são fundamentais para a função retitniana e participam da mielinização e da proliferação celular.42 O tipo de lipídio consumido pela mãe influencia diretamente a composição de ácidos graxos do leite materno, mas não a de colesterol e fosfolipídios. O estoque de gordura corporal materna também parece influenciar a concentração de gordura no leite. O principal carboidrato do leite humano é a lactose, presente na concentração aproximada de 70g por litro. A lactose é fundamental no processo de absorção de minerais como o cálcio, zinco, ferro e manganês e sua concentração no leite materno parece não sofrer influência da dieta materna. Os minerais presentes no leite humano apresentam-se em uma forma altamente biodisponível, principalmente se compararmos com o leite de vaca ou com fórmulas infantis. A concentração de minerais, tais como cálcio, ferro, zinco, cobre, magnésio, e de eletrólitos, como sódio, potássio e cloro no leite materno não é afetada pela alimentação da mãe. As concentrações médias de cálcio, fósforo e magnésio no leite maduro são de aproximadamente 280, 140 e 35mg por litro, respectivamente. No que se refere às vitaminas, temos presentes no leite humano: vitaminas A, do complexo B, vitaminas C, D, E e K. O estoque de vitaminas no organismo materno influencia diretamente o conteúdo destas no leite da mãe, por isso a importância de uma dieta variada e balanceada durante a lactação. Além disso, o leite materno possui todas as classes de imunoglobulinas, sendo 90% delas na forma de IgA. Constituem mecanismo de defesa contra vírus e bactérias, juntamente com as enzimas lactoferrina e lisozima. Perda de peso esperada no puerpério (adaptado de Carmo e cols., 2005) Perda de peso normal: 0,5 a 1kg/mês (1 mês após o parto) Perda de peso nas nutrizes com sobrepeso: Aproximadamente 1kg/mês Perda de peso rápida e indesejada: >2kg/mês (nutrizes com IMC pré-gestacional normal) >3kg/mês (nutrizes com sobrepeso ou obesidade pré-gestacional) Estudos sobre a associação entre aleitamento e perda de peso da mulher no pós-parto, ou retorno ao peso pré-gestacional, tem obtido resultados contraditórios e, portanto, não há consenso. ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância Num estudo realizado com uma coorte de mulheres brasileiras, foi demonstrado que amamentar por um longo período estava associado à menor retenção de peso no pós-parto, mas este fato foi observado somente em nutrizes com 30% ou menos de gordura corporal, não sendo observado em mulheres obesas.44 No entanto, outros autores afirmam que a lactação influencia o padrão de retenção de peso no puerpério, mas não a ponto de enfatizarmos esta prática como forma de minimizar a retenção ponderal no pós-parto. Foi observado que mulheres que amamentavam apresentaram maior perda de peso no pós-parto imediato e mais rápido retorno ao peso pré- gestacional quando comparado às que não amamentavam. Já para aquelas com maior ganho ponderal na gestação e com mais idade, houve menor probabilidade de retorno ao peso pré-gravídico. A inconsistência das evidências relacionadas a este tema (aleitamento vs. peso corporal no pós-parto) deve-se principalmente à diversidade da metodologia utilizada nos estudos disponíveis, como por exemplo duração da lactação, momento da coleta dos dados (pós-parto imediato ou não), duração do acompanhamento dos sujeitos da pesquisa, variação nas definições de aleitamento e tamanho das amostras. Em relação ao IMC, a Organização Mundial de Saúde recomenda um ideal de 20,3kg/m2 cerca de 30 dias após o parto. Além disso, é aconselhável que a nutriz não fique abaixo do limite mínimo do IMC para mulheres adultas eutróficas, que é de 18,5kg/m2 . Alguns estudos apontam a dobra cutânea supra-ilíaca como um bom indicador para a avaliação nutricional no pós-parto, ao passo que outros autores referem dificuldade em analisar mudanças no estado nutricional da nutriz através dessa medida. Os estoques de energia mobilizados durante a lactação parecem ser, inicialmente da região supra-ilíaca e após, da região subescapular. Já a dobra cutânea tricipital por si só parece não ser um parâmetro de muita valia na avaliação nutricional da nutriz. Alguns estudos mostram um aumento neste parâmetro três meses após o parto, seguido de uma diminuição até os seis meses, o que sugere uma redistribuição temporária da gordura corporal à medida que mais gordura central é mobilizada para suprir as demandas da lactação. Recomendações Nutricionais na Lactação O ganho ponderal que ocorre na gestação fornece nutrientes para o crescimento e desenvolvimento adequados do feto e também faz com que a mãe acumule reservas energéticas para a fase da lactação, quando seu bebê dependerá do leite materno para continuar crescendo e se desenvolvendo. As demandas nutricionais impostas pela lactação dependem primordialmente das quantidades de nutrientes transferidas da mãe para o bebê pelo leite. As necessidades energéticas são baseadas no gasto energético total da mãe, na quantidade de energia necessária para a síntese de leite e na mobilização das reservas teciduais maternas. Vale salientar que observa-se na nutriz um aumento de 4 a 5 % na TMB. ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância Energia, Macro e Micronutrientes Ovolume diário de leite materno secretado é de aproximadamente 750 a 850ml, produzidos com cerca de 80 a 90% de eficiência (conversão do leite em energia láctea). Para calcularmos o VET estimado para a nutriz, devemos utilizar o cálculo da TMB previamente descrito na seção 9.1.4. No caso de nutrizes que encontravam-se eutróficas ou com baixo peso pré-gestacional, utiliza-se um adicional energético de 500kcal/dia para aquelas com ganho ponderal adequado na gestação e 700kcal/dia para aquelas em que o ganho foi insuficiente. Para nutrizes que encontravam-se obesas ou com sobrepeso antes da gestação, soma-se 500kcal à TMB, independente do ganho de peso durante a gestação. As necessidades protéicas também estão aumentadas na lactação. A OMS recomenda um acréscimo nas necessidades diárias de 16g/dia de proteína durante o 1º semestre, 12g/dia durante o 2º semestre de lactação e do 2º ano de lactação em diante 11g/dia. Há mudanças nos requerimentos de micronutrientes durante o período de aleitamento, com conseqüente aumento nas recomendações dos mesmos. A deficiência de micronutrientes nesta fase pode causar uma redução significativa na concentração de alguns destes nutrientes no leite, com consequente depleção dos mesmos no organismo do bebê. Recomendações de ingestão de micronutrientes para lactantes entre 19 e 50 anos (adaptado de IOM , 2004) Vit A 1300μg/dia Crômio 45μg/dia Vit C 120mg/dia Cobre 1300μg/dia Vit D 5μg/dia Flúor 3mg/dia Vit E 19mg/dia Iodo 290μg/dia Vit K 90μg/dia Ferro 9mg/dia Tiamina 1,4mg/dia Magnésio 310mg/dia Riboflavina 1,6mg/dia Manganês 2,6mg/dia Niacina 17mg/dia Molibdênio 50μg/dia Vit B6 2mg/dia Fósforo 700mg/dia Ác Fólico 500μg/dia Selênio 70μg/dia Vit B12 2,8μg/dia Zinco 12mg/dia Ác Pantotênico 7mg/dia Potássio 5,1g/dia Biotina 35μg/dia Sódio 1,5g/dia Colina 550mg/dia Cloro 2,3g/dia Cálcio 1000mg/dia Devemos prestar maior atenção à vitamina A, vitaminas B6 e B12, tiamina, riboflavina, selênio e iodo, já que o baixo consumo ou baixo estoque maternos durante a lactação podem ser prejudiciais ao bebê. A presença destes nutrientes no organismo do bebê depende do fornecimento através do leite da mãe, uma vez que suas reservas são rapidamente depletadas. A concentração dos mesmos no leite materno, porém, pode ser rapidamente restabelecida através da suplementação materna. Outras Recomendações ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância Em relação aos edulcorantes, constata-se para as lactantes as mesmas indicações descritas para a fase da gestação, com maior cautela no consumo de alimentos contendo sacarina e ciclamato. O excesso de produtos contendo cafeína na alimentação também deve ser evitado, uma vez que esta substância é estimulante e pode influenciar no teor de ferro do leite humano e consequentemente na reserva hepática deste nutriente no lactente.80 É necessário também ter cautela na orientação quanto ao consumo de chás durante a lactação, principalmente os de plantas medicinais, cuja ingestão nunca é totalmente inócua. A presença de álcool no leite humano pode alterar o sono e o desenvolvimento motor do lactente. Não há consenso na literatura quanto à quantidade de álcool permitida na lactação, mas deve-se desencorajar o consumo de bebidas alcoólicas, uma vez que estas podem também interferir no reflexo de ejeção do leite. No entanto, alguns autores afirmam que a ingestão de 240ml de vinho, 75ml de licor ou ainda duas latas de cerveja por dia, não sendo próxima do horário da mamada, não causaria efeitos deletérios. É fundamental também que a nutriz mantenha a ingestão de líquidos aumentada e regular, principalmente de água pura, para garantir uma boa hidratação e substrato para a síntese de leite. A Adequate Intake (AI) de água total para o período da lactação é de 3,8 litros por dia, o que inclui água pura, outras líquidos e a água contida nos alimentos.32 O aumento na ingestão de fibras na dieta da gestante também é importante, sendo a recomendação para ingestão de fibras totais durante a lactação de 29g/dia. Almeida e Novak (2004) afirmam que “a amamentação, além de biologicamente determinada, é socioculturalmente condicionada, tratando-se, portanto, de um ato impregnado de ideologias e determinantes que resultam das condições concretas de vida”. De fato, crenças e taboos influenciam a alimentação materna durante a lactação. Uma vez que o processo de aleitamento envolve questões biopsicosociais, as crenças alimentares da nutriz referentes a esse período devem ser respeitadas, pois estas são informações culturalmente aceitas e transmitidas de geração para geração. No entanto, é fundamental que o profissional da saúde enfatize para a lactante que não há evidências científicas de que canjica, cerveja preta, sopas, gema de ovo, leite, sucos e certas frutas, entre outros alimentos, sejam lactotogos, ou seja, aumentem a produção de leite materno. Outras recomendações importantes durante o período da lactação são: aumentar o consumo de alimentos-fonte dos nutrientes citados anteriormente, fazer refeições fracionadas, evitando longos períodos de jejum, manter algum tipo de atividade física, e evitar fazer dietas restritivas ou radicais durante este período. Uso de Fármacos Durante a Lactação É freqüente o uso de medicamentos durante a amamentação. A associação entre o uso destes e o desmame chama a atenção para a importância da discussão deste tema. A tabela 13 mostra os fármacos classificados como potencialmente perigosos para uso durante a lactação. . Alguns fármacos potencialmente perigosos para uso durante a lactação (adaptado de Chaves e cols., 2007) ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância Classe Farmacológica Fármaco Analgésicos e antiinflamatórios Colchicina, naxopremo Anti-histamínicos Clemastina, doxilamina, tripelenamina Descongestionantes nasais Efedrina, pseudoefedrina Anti-hipertensivos Bepridil, doxazosin, flunarizina, fosinopril, nadolol, prazosin, quinapril, reserpina, telmisartan, terazosin, valsartan Antieméticos e antivertiginosos Trimetobenzamida Antibióticos Ácido nalidíxico, cloranfenicol, dapsona, grepafloxacin, trovafloxacin Antivirais Foscarnet, ribavirina Antidepressivos Lítio, nefazodone, tioridazida, tiotixeno Relaxantes musculares Dantrolene, tizanidina As mudanças na composição do leite humano influenciam na extensão da transferência dos fármacos do plasma para o leite, o que causa variações na concentração dos mesmos no leite materno. Há evidências de que os fármacos transferem-se mais facilmente para o leite humano quando este ainda apresenta-se na forma de colostro. É fato também que os prematuros e recém- nascidos estão mais sujeitos aos efeitos adversos do uso de medicamentos pela mãe do que os bebês maiores. Fármacos que alteram a produção de leite materno (adaptado de Chaves e cols., 2007) Efeito sobre o volume de leite Fármacos Aumento Domperidona, metoclopramida, sulpiride, clorpromazina, hormônio de crescimento, hormônio secretor de tireotropina, fenogreco Redução Estrógenos, bromocriptina, cabergolide, ergotamina, ergometrina, lisurida, levodopa, pseudoefedrina, álcool, nicotina, brupropiona, diuréticos, testosterona Importância do Aleitamento Materno O aleitamento materno é a melhor maneira de oferecer ao bebê todos os nutrientes necessários para que ele cresça e se desenvolva com saúde. Toda mãe é capaz de amamentar e, para isso, ela precisa estar informada sobre os benefícios da amamentação, além de receber suporte familiar e governamental. A OMS recomenda que a amamentaçãodeve ter início dentro da primeira hora após o parto. O aleitamento materno deve ser exclusivo até o 6º mês de vida da criança e após, deve-se manter o aleitamento acrescido de alimentos complementares até os dois anos de vida ou mais. Entende-se por aleitamento exclusivo quando a criança recebe somente leite materno, sem nenhum outro alimento sólido ou líquido. O aleitamento materno predominante ocorre quando, além do leite materno, a criança recebe água, chás e sucos. Por fim, o aleitamento complementado ocorre quando o lactente recebe o leite materno e também leite não-humano e alimentos semi-sólidos. Dentre as vantagens já bem documentadas que o aleitamento materno oferece ao bebê estão a diminuição da incidência de diarréia, infecções respiratórias, asma, enterocolite necrosante, infecção do trato urinário, otite média, diabetes, linfomas, leucemia, excesso de peso, hipercolesterolemia e morte súbita. Parece existir ainda uma associação entre aleitamento e melhor ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância desempenho cognitivo dos bebês.91 Sem contar o fortalecimento do vínculo mãe-bebê, alguns estudos mostram uma tendência do aleitamento em proteger também contra o aparecimento de doenças alérgicas (dermatite atópica, asma, rinite, alergias alimentares). Na tentativa de estimular ainda mais o aleitamento materno, a OMS, juntamente com a UNICEF (United Nations Children’s Fund), estipularam os dez passos necessários para o aleitamento materno bem-sucedido ainda na maternidade. Estas diretrizes, descritas na tabela 15, constituem a base da iniciativa “Hospital Amigo da Criança” também criada por estes órgãos. . Os 10 passos para o aleitamento materno bem-sucedido (adaptado de WHO, 1998) 1. Ter uma política por escrito sobre aleitamento materno e comunicá-la rotineiramente à equipe de saúde 2. Treinar a equipe de saúde para que possam implementar esta política 3. Informar todas as gestantes sobre os benefícios e o manejo do aleitamento 4. Auxiliar as puérperas a iniciar o aleitamento dentro de meia hora após o parto 5. Mostrar às mães como amamentar e como manter a amamentação mesmo quando longe de seus bebês 6. Oferecer ao recém-nascido somente leite materno, sem outros alimentos sólidos ou líquidos, a não ser por indicação médica 7. Praticar o alojamento conjunto, permitindo que mães e filhos estejam juntos 24 horas por dia 8. Encorajar o aleitamento materno sob livre demanda 9. Não oferecer bicos artificiais ou chupetas à crianças amamentadas ao seio 10. Estimular a formação de grupos de apoio ao aleitamento e encaminhar as mães aos mesmos no momento da alta Manejo Clínico das Principais Complicações na Amamentação As complicações encontradas durante a lactação têm sua origem no esvaziamento inadequado da mama causadas principalmente por má técnica de amamentação, mamadas pouco freqüentes e em horários pré- determinados, uso de chupetas e complementos alimentares. Dentre os exemplos mais comuns destes problemas estão o ingurgitamento mamário, os traumas mamilares, a mastite e a baixa produção de leite. O ingurgitamento mamário é caracterizado pelo acúmulo de leite e edema decorrentes da retenção e obstrução da drenagem do sistema linfático. Para preveni-lo, recomenda-se amamentar sob livre demanda, iniciando a amamentação o mais cedo possível. O tratamento consiste em ordenhar manualmente um pouco de leite antes da mamada, fazer massagens delicadas nas mamas, usar analgésicos ou antiinflamatórios sob orientação médica, usar suporte para as mamas o tempo todo, fazer compressas mornas para ajudar na liberação do leite e frias após ou nos intervalos das mamadas. Quando houver dor ou trauma mamilar deve-se recomendar iniciar a mamada pela mama menos afetada, ordenhar um pouco de leite antes da mamada, alternar diferentes posições e utilizar protetores de seios entre as mamadas para evitar atrito com a roupa. Já a mastite é um processo inflamatório que pode ou não progredir para uma infecção bacteriana, e ocorre mais frequentemente na 2ª e 3ª semanas após o parto. É fundamental nestes casos o esvaziamento adequado da mama através da amamentação, apesar da presença de bactérias no leite, ou pela expressão manual após as mamadas. Muitas vezes o uso de antibióticos faz-se necessário. Deve-se ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância recomendar repouso da mãe, além da utilização de compressas frias após as mamadas ou nos intervalos para aliviar os sintomas. Se houver relato de baixa produção de leite, deve-se investigar se a amamentação está sendo efetiva, ou seja, se a criança está sendo posicionada corretamente e se a mesma apresenta uma boa pega. Pode-se sugerir à nutriz que aumente a frequência das mamadas, que ofereça as duas mamas em cada mamada e que alterne de seio várias vezes numa mamada, sempre evitando o uso de mamadeiras, chupetas e protetores de mamilos. Outras medidas importantes são ter uma dieta balanceada, garantir uma ingestão de líquidos adequada e repousar/relaxar. Vale salientar que para todas as complicações da lactação citadas acima, é fundamental que seja oferecido apoio psicológico e emocional à nutriz, uma vez que o processo da amamentação está intimamente ligado à fatores psicosociais. Como conclusão, é importante que saibamos que todos os profissionais de saúde têm a responsabilidade de promover e apoiar o aleitamento materno, fornecendo informações precisas e apropriadas sobre a condução da lactação. O nutricionista tem papel fundamental neste processo, uma vez que este profissional está apto a educar a mãe sobre as vantagens da amamentação exclusiva, orientar técnicas corretas de amamentação, garantir à gestante que seu leite é suficiente para o bebê e que não existe leite fraco, conscientizar a família sobre a importância de apoiar a mulher que amamenta, além de realizar avaliação nutricional completa da nutriz, orientando adequações alimentares individualizadas e acompanhando seu estado nutricional, bem como o do bebê. ----------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- Apostila do curso: Nutrição na Concepção, Gestação e Lactação. Ensino à distância BIBLIOGRAFIA 1 BUTTE, N.F et al. Energy requirements during pregnancy based on total energy expenditure and energy deposition. Am J Clin Nutr, v.79, p.1078-87, 2004. 2 RECOMMENDED DIETARY ALLOWANCES (RDA). 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