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PORTUGUÊS
DESCOMPLICADO
PARA CONCURSOS
Professora Yara Coeli
PORTUGUÊS DESCOMPLICADO
PARA CONCURSOS
Profª Yara Coeli
LOJA DO CONCURSEIRO - 2
PROGRAMA: Ortografia oficial. Acentuação gráfica.
Pronomes: emprego, formas de tratamento e
colocação. Conjunção. Emprego de tempos e modos
verbais. Vozes do verbo. Concordância nominal e
verbal. Flexão nominal e verbal. Regência nominal e
verbal. Ocorrência de crase. Pontuação. Redação:
confronto e reconhecimento de frases corretas e
incorretas. Intelecção de texto
INTELECÇÃO DO TEXTO
É muito comum, entre os candidatos a um cargo
público, a preocupação com a interpretação de
textos. Isso acontece porque lhes faltam
informações específicas a respeito dessa tarefa
constante em provas relacionadas a concursos
públicos.
Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão
ajudar no momento de responder às questões
relacionadas a textos.
TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e
relacionadas entre si, formando um todo
significativo capaz de produzir INTERAÇÃO
COMUNICATIVA (capacidade de CODIFICAR E
DECODIFICAR).
CONTEXTO – um texto é constituído por diversas
frases. Em cada uma delas, há uma certa
informação que a faz ligar-se com a anterior e/ou
com a posterior, criando condições para a
estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa
interligação dá-se o nome de CONTEXTO. Nota-se
que o relacionamento entre as frases é tão grande,
que, se uma frase for retirada de seu contexto
original e analisada separadamente, poderá ter um
significado diferente daquele inicial.
INTERTEXTO - comumente, os textos apresentam
referências diretas ou indiretas a outros autores
através de citações. Esse tipo de recurso denomina-
se INTERTEXTO.
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - o primeiro objetivo de
uma interpretação de um texto é a identificação de sua
ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias
secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou
explicações, que levem ao esclarecimento das questões
apresentadas na prova.
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:
1. IDENTIFICAR – é reconhecer os elementos
fundamentais de uma argumentação, de um processo,
de uma época (neste caso, procuram-se os verbos e os
advérbios, os quais definem o tempo).
2. COMPARAR – é descobrir as relações de semelhança
ou de diferenças entre as situações do texto.
3. COMENTAR - é relacionar o conteúdo apresentado
com uma realidade, opinando a respeito.
4. RESUMIR – é concentrar as ideias centrais e/ou
secundárias em um só parágrafo.
5. PARAFRASEAR – é reescrever o texto com outras
palavras.
EXEMPLO
TÍTULO DO TEXTO PARÁFRASES
"O HOMEM UNIDO"
A INTEGRAÇÃO DO MUNDO
A INTEGRAÇÃO DA
HUMANIDADE
A UNIÃO DO HOMEM
HOMEM + HOMEM = MUNDO
A MACACADA SE UNIU (SÁTIRA)
ORIENTAÇÃO:
Com a finalidade de auxiliar o raciocínio de quem deve
responder a questões de compreensão de textos,
observe o seguinte:
1) Atenha-se exclusivamente ao texto.
2) Proceda através de eliminação de hipóteses.
3) Compare o sentido das palavras; às vezes, uma
palavra decide a melhor alternativa.
4) Tente encontrar o tópico frasal, ou seja, a frase que
melhor sintetiza o texto
LÍNGUA
PORTUGUESA
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LOJA DO CONCURSEIRO - 3
CONDIÇÕES BÁSICAS PARA INTERPRETAR
Fazem-se necessários:
a) Conhecimento Histórico – literário (escolas e
gêneros literários, estrutura do texto), leitura e
prática;
b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades
do texto) e semântico;
OBSERVAÇÃO – na semântica (significado das
palavras) incluem-se: homônimos e parônimos,
denotação e conotação, sinonímia e antonímia,
polissemia, figuras de linguagem, entre outros.
c) Capacidade de observação e de síntese e
d) Capacidade de raciocínio.
INTERPRETAR x COMPREENDER
INTERPRETAR
SIGNIFICA
COMPREENDER
SIGNIFICA
-EXPLICAR, COMENTAR,
JULGAR, TIRAR
CONCLUSÕES, DEDUZIR.
-TIPOS DE ENUNCIADOS
•Através do texto,
INFERE-SE que...
•É possível DEDUZIR
que...
•O autor permite
CONCLUIR que...
•Qual é a INTENÇÃO do
autor ao afirmar que...
-INTELECÇÃO,
ENTENDIMENTO,
ATENÇÃO AO QUE
REALMENTE ESTÁ
ESCRITO.
-TIPOS DE ENUNCIADOS:
•O texto DIZ que...
•É SUGERIDO pelo autor
que...
•De acordo com o texto,
é CORRETA ou ERRADA a
afirmação...
•O narrador AFIRMA...
ERROS DE INTERPRETAÇÃO
É muito comum, mais do que se imagina, a
ocorrência de erros de interpretação. Os mais
frequentes são:
a) Extrapolação (viagem)
Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado
ideias que não estão no texto, quer por
conhecimento prévio do tema quer pela
imaginação.
b) Redução
É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a
um aspecto, esquecendo que um texto é um
conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para
o total do entendimento do tema desenvolvido.
c) Contradição
Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do
candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e,
consequentemente, errando a questão.
OBSERVAÇÃO - Muitos pensam que há a ótica do
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas
numa prova de concurso qualquer, o que deve ser
levado em consideração é o que o AUTOR DIZ e nada
mais.
COESÃO- é o emprego de mecanismo de sintaxe que
relacionam palavras, orações, frases e/ou parágrafos
entre si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando,
através de um pronome relativo, uma conjunção
(NEXOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma
relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi
dito.
Para interpretar bem
1) Aumente o seu vocabulário: Os dicionários são
amigos que precisamos consultar. Faça exercícios de
sinônimos e antônimos.
2) Não se deixe levar pela primeira impressão. Há
textos que metem medo. Abra sua mente e seu
coração para o que o texto lhe transmite, na
qualidade de um amigo silencioso.
3) Ao fazer uma prova qualquer, leia o texto duas ou
três vezes, atentamente, antes de tentar responder
a qualquer pergunta. Primeiro, é preciso captar sua
mensagem, entendê-lo como um todo, e isso não
pode ser alcançado com uma simples leitura. Dessa
forma, leia-o algumas vezes. A cada leitura, novas
ideias serão assimiladas. Tenha a paciência
necessária para agir assim. Só depois tente resolver
as questões propostas.
4) As questões de interpretação podem ser localizadas
(por exemplo, voltadas só para um determinado
trecho) ou referir-se ao conjunto, às ideias gerais do
texto. No primeiro caso, leia não apenas o trecho
(às vezes uma linha) referido, mas todo o parágrafo
em que ele se situa. Lembre-se: quanto mais você
ler, mais entenderá o texto. Tudo é uma questão de
costume, e você vai acostumar-se a agir dessa
forma.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 4
5) Há questões que pedem conhecimento fora do
texto. Por exemplo, ele pode aludir a uma
determinada personalidade da história ou da
atualidade, e ser cobrado do aluno ou candidato
o nome dessa pessoa ou algo que ela tenha
feito. Por isso, é importante desenvolver o
hábito da leitura, como já foi dito. Procure estar
atualizado, lendo jornais e revistas
especializadas.
Paráfrase: é a reescritura de um texto sem
alteração de sentido. Questões de interpretação
com frequência se baseiam nessa técnica. Vários
recursos podem ser utilizados para parafrasear um
texto.
1) Emprego de sinônimos
Ex.: Embora voltasse cedo, deixava os pais
preocupados.
Conquanto retomasse cedo, deixava os genitores
preocupados.
2) Emprego de antônimos, com palavra negativa.
Ex.: Ele era fraco. = Ele não era forte.
3) Utilização de termos anafóricos, isto é, que
remetem a outros já citados no texto.
Ex.: Paulo e Antônio já saíram. Paulo foi ao colégio;
Antônio, ao cinema.
Paulo e Antônio já saíram. Aquele foi ao colégio;
este, ao cinema.
Aquele = Paulo este = Antônio4) Troca de termo verbal por nominal, e vice-
versa.
Ex.: É necessário que todos colaborem.
É necessária a colaboração de todos.
5) Omissão de termos facilmente subentendidos.
Ex.: Nós desejávamos uma missão mais delicada,
mais importante.
Desejávamos missão mais delicada e importante.
6) Mudança de ordem dos termos no período.
Ex.: Lendo o jornal, cheguei à conclusão de que tudo
aquilo seria esquecido após três ou quatro meses de
investigação.
Cheguei à conclusão, lendo o jornal, de que tudo
aquilo, após três ou quatro meses de pesquisa, seria
esquecido.
7) Mudança de voz verbal
Ex.: A mulher plantou uma roseira em seu jardim. (voz
ativa)
Uma roseira foi plantada pela mulher em seu jardim.
(voz passiva)
Obs.: Se o sujeito for indeterminado (verbo na 3a
pessoa do plural), haverá duas mudanças possíveis.
Ex.: Plantaram uma roseira. (voz ativa)
Uma roseira foi plantada. (voz passiva analítica)
Plantou-se uma roseira. (voz passiva sintética)
8) Troca de discurso
Ex.: Pedro disse: - Cortarei a grama sozinho. (discurso
direto)
Pedro disse que cortaria a grama sozinho. (discurso
indireto)
9) Troca de palavras por expressões perifrásticas e
vice-versa
Ex.: Castro Alves visitou Paris naquele ano.
O poeta dos escravos visitou a cidade luz naquele
ano.
10) Troca de locuções por palavras e vice-versa:
Ex.: O homem da cidade não conhece a linguagem do
céu.
O homem urbano não conhece a linguagem celeste.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 5
OS TIPOS DE TEXTO
Basicamente existem três tipos de texto:
Texto narrativo;
Texto descritivo;
Texto dissertativo.
Cada um desses textos possui características
próprias de construção.
DESCRIÇÃO
Descrever é explicar com palavras o que se
viu e se observou. A descrição é estática, sem
movimento, desprovida de ação. Na descrição o ser,
o objeto ou ambiente são importantes, ocupando
lugar de destaque na frase o substantivo e o
adjetivo.
O emissor capta e transmite a realidade
através de seus sentidos, fazendo uso de recursos
linguísticos, tal que o receptor a identifique. A
caracterização é indispensável, por isso existe uma
grande quantidade de adjetivos no texto.
Há duas descrições:
Descrição denotativa
Descrição conotativa.
DESCRIÇÃO DENOTATIVA
Quando a linguagem representativa do
objeto é objetiva, direta sem metáforas ou outras
figuras literárias, chamamos de descrição
denotativa. Na descrição denotativa as palavras são
utilizadas no seu sentido real, único de acordo com
a definição do dicionário.
Exemplo:
Saímos do campus universitário às 14 horas
com destino ao agreste pernambucano. À esquerda
fica a reitoria e alguns pontos comerciais. À direita o
término da construção de um novo centro
tecnológico. Seguiremos pela BR-232 onde
encontraremos várias formas de relevo e vegetação.
No início da viagem observamos uma típica
agricultura de subsistência bem à margem da BR-
232. Isso provavelmente facilitará o transporte
desse cultivo a um grande centro de distribuição de
alimentos a CEAGEPE.
DESCRIÇÃO CONOTATIVA
Em tal descrição as palavras são tomadas em
sentido figurado, ricas em polivalência.
Exemplo:
João estava tão gordo que as pernas da cadeira
estavam bambas do peso que carregava. Era notório o
sofrimento daquele pobre objeto.
Hoje o sol amanheceu sorridente; brilhava
incansável, no céu alegre, leve e repleto de nuvens
brancas. Os pássaros felizes cantarolavam pelo ar.
NARRAÇÃO
Narrar é falar sobre os fatos. É contar. Consiste
na elaboração de um texto inserindo episódios,
acontecimentos.
A narração difere da descrição. A primeira é
totalmente dinâmica, enquanto a segunda é estática e
sem movimento. Os verbos são predominantes num
texto narrativo.
O indispensável da ficção é a narrativa,
respondendo os seus elementos a uma série de
perguntas:
Quem participa nos acontecimentos?
(personagens);
O que acontece? (enredo);
Onde e como acontece? (ambiente e situação
dos fatos).
Fazemos um texto narrativo com base em alguns
elementos:
O quê? - Fato narrado;
Quem? – personagem principal e o anti-herói;
Como? – o modo que os fatos aconteceram;
Quando? – o tempo dos acontecimentos;
Onde? – local onde se desenrolou o
acontecimento;
Por quê? – a razão, motivo do fato;
Por isso: - a consequência dos fatos.
No texto narrativo, o fato é o ponto central da
ação, sendo o verbo o elemento principal. É importante
só uma ação centralizadora para envolver as
personagens.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 6
Deve haver um centro de conflito, um núcleo
do enredo.
A seguir um exemplo de texto narrativo:
Toda a gente tinha achado estranha a
maneira como o Capitão Rodrigo Camborá entrara
na vida de Santa Fé. Um dia chegou a cavalo, vindo
ninguém sabia de onde, com o chapéu de
barbicacho puxado para a nuca, a bela cabeça de
macho altivamente erguida e aquele seu olhar de
gavião que irritava e ao mesmo tempo fascinava as
pessoas. Devia andar lá pelo meio da casa dos
trinta, montava num alazão, trazia bombachas
claras, botas com chilenas de prata e o busto
musculoso apertado num dólmã militar azul, com
gola vermelha e botões de metal.
(Um certo capitão Rodrigo – Érico Veríssimo)
A relação verbal emissor – receptor efetiva-
se por intermédio do que chamamos discurso. A
narrativa se vale de tal recurso, efetivando o ponto
de vista ou foco narrativo.
Quando o narrador participa dos
acontecimentos diz-se que é narrador-personagem.
Isto constitui o foco narrativo da 1ª pessoa.
Exemplo:
Parei para conversar com o meu compadre
que há muito não falava. Eu notei uma tristeza no
seu olhar e perguntei:
- Compadre por que tanta tristeza?
Ele me respondeu:
- Compadre minha senhora morreu há pouco
tempo. Por isso, estou tão triste.
Há tanto tempo sem nos falarmos e
justamente num momento tão triste nos
encontramos. Terá sido o destino?
Já o narrador-observador é aquele que serve
de intermediário entre o fato e o leitor. É o foco
narrativo de 3ª pessoa.
Exemplo:
O jogo estava empatado e os torcedores
pulavam e torciam sem parar. Os minutos finais
eram decisivos, ambos precisavam da vitória,
quando de repente o juiz apitou uma penalidade
máxima.
O técnico chamou Neco para bater o pênalti, já
que ele era considerado o melhor batedor do time.
Neco dirigiu-se até a marca do pênalti e bateu
com grande perfeição. O goleiro não teve chance. O
estádio quase veio abaixo de tanta alegria da torcida.
Aos quarenta e sete minutos do segundo tempo
o juiz finalmente apontou para o centro do campo e
encerrou a partida.
Há ainda outros tipos de textos:
O Texto Injuntivo, também chamado
prescritivo, não é só uma ordem. Pode ser
também uma sugestão, conselho, alerta,
pedido, convite, instrução, súplica, dependendo
do contexto e do tom, mas sempre objetivará
que o receptor/leitor/ouvinte, realize ou não o
que o emissor/falante está "prescrevendo",
indicando.
Veja alguns exemplos:
- Cuidado com o cão! Afaste-se!
- Se preferir, acrescente coco ralado à mistura.
- Dobre a primeira à direita e depois siga em frente até
o final da rua.
- Venha para a minha festa de aniversário. Estou
aguardando.
- Pode esfriar à noite. Leve mais este casaco.
- Certifique-se de que a peça foi colocada
O Texto expositivo apresenta informações
sobre um objeto ou fato específico, sua
descrição, a enumeração de suas
características. Esse deve permitir que o leitor
identifique, claramente, o tema central do
texto.
Um fato importante é a apresentação de bastante
informação, caso se trate de algo novo esse se faz
imprescindível.
Quando se trata de temas polêmicos a apresentação de
argumentos se faz necessário para que o autor informeaos leitores sobre as possibilidades de análise do
assunto.
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O texto expositivo deve ser abrangente, deve
permitir que seja compreendido por diferentes
tipos de pessoas.
A fábula é uma narrativa figurada, na qual
as personagens são geralmente animais que
possuem características humanas. Pode ser
escrita em prosa ou em verso e é
sustentada sempre por uma lição de moral,
constatada na conclusão da história.
A fábula está presente em nosso meio há
muito tempo e, desde então, é utilizada com fins
educacionais. Muitos provérbios populares vieram
da moral contida nesta narrativa alegórica, como
por exemplo: “A pressa é inimiga da perfeição” em
“A lebre e a tartaruga” e “Um amigo na hora da
necessidade é um amigo de verdade” em “A cigarra
e as formigas”.
Portanto, sempre que redigir uma fábula
lembre-se de ter um ensinamento em mente. Além
disso, o diálogo deve estar presente, uma vez que
trata-se de uma narrativa.
Por ser exposta também oralmente, a
fábula apresenta diversas versões de uma mesma
história e, por este motivo, dá-se ênfase em um
princípio ou outro, dependendo da intenção do
escritor ou interlocutor.
É um gênero textual muito versátil, pois
permite diversas situações e maneiras de se
explorar um assunto. É interessante, principalmente
para as crianças, pois permite que elas sejam
instruídas dentro de preceitos morais sem que
percebam.
E outra motivação que o escritor pode ter
ao escolher a fábula na aula, no vestibular ou em
um concurso que tenha essa modalidade de escrita
como opção é que é divertida de se escrever. Pode-
se utilizar da ironia, da sátira, da emoção, etc.
Lembrando-se sempre de escolher personagens
inanimados e/ou animais e uma moral que norteará
todo o enredo.
A Crônica é uma reflexão sobre o
acontecido.
A crônica é um gênero que tem relação com
a ideia de tempo e consiste no registro de fatos do
cotidiano em linguagem literária, conotativa.
A origem da palavra crônica é grega, vem de
chronos (tempo), é por isso que uma das características
desse tipo de texto é o caráter contemporâneo.
A crônica difere da notícia, e da reportagem
porque, embora utilizando o jornal ou a revista como
meio de comunicação, não tem por finalidade principal
informar o destinatário, mas refletir sobre o acontecido.
Desta finalidade resulta que, neste tipo de texto,
podemos ler a visão subjetiva do cronista sobre o
universo narrado. Assim, o foco narrativo situa-se
invariavelmente na 1ª pessoa.
Poeta do quotidiano, como alguém chamou ao
cronista dos nossos dias, apresenta um discurso que se
move entre a reportagem e a literatura, entre o oral e o
literário, entre a narração impessoal dos
acontecimentos e a força da imaginação. Diálogo e
monólogo; diálogo com o leitor, monólogo com o
sujeito da enunciação. A subjetividade percorre todo o
discurso.
A crônica não morre depressa, como acontece
com a notícia, mas morre, e aqui se afasta
irremediavelmente do texto literário, embora se vista,
por vezes, das suas roupagens, como a metáfora, a
ambiguidade, a antítese, a conotação, etc.
A sua estrutura assemelha-se à de um conto,
apresentando uma introdução, um desenvolvimento e
uma conclusão.
DISCURSO
Os personagens que participam da história
evidentemente falam. É o que se conhece como
discurso, que pode ser:
1) Direto
O narrador apresenta a fala do personagem,
integra, palavra por palavra. Geralmente se usam dois
pontos e travessão.
Ex.: o funcionário disse ao patrão:
- Espero voltar no final do expediente.
Rui perguntou ao amigo:
- Posso chegar mais tarde?
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LOJA DO CONCURSEIRO - 8
2) Indireto
O narrador incorpora à sua fala a fala do
personagem. O sentido é o mesmo do discurso
direto, porém é utilizada uma conjunção integrante
(que ou se) para fazer a ligação.
Ex.: O funcionário disse ao patrão que esperava
voltar no final do expediente.
Rui perguntou ao amigo se poderia chegar mais
tarde.
Obs.: O conhecimento desse assunto é
muito importante para as questões que envolvem
as paráfrases. Cuidado, pois, com o sentido.
Procure ver se está sendo respeitada a correlação
entre os tempos verbais e entre determinados
pronomes. Abaixo, outro exemplo, bem elucidativo.
Minha colega me afirmou:
- Estarei aqui, se você precisar de mim.
Minha colega me afirmou que estaria lá se eu
precisasse dela.
O sentido é, rigorosamente, o mesmo. Foi
necessário fazer inúmeras adaptações.
3) Indireto livre
É praticamente uma fusão dos dois
anteriores. Percebe-se a fala do personagem,
porém sem os recursos do discurso direto (dois
pontos e travessão) nem do discurso indireto
(conjunções que ou se).
Ex.: Ele caminhava preocupado pela avenida
deserta. Será que vai chover, logo hoje, com todos
esses compromissos!?
ORTOGRAFIA OFICIAL
Ortografia é o sistema correto de representar
na escrita os fonemas e as formas da língua. Ela trata da
representação escrita dos sons que formam os
vocábulos, por meio dos símbolos denominados letras.
Uso do S
1. Nas palavras derivadas de uma primitiva em que já
existe S:
pesquisa pesquisador, pesquisado
casa casinha, casebre, casarão
camisa camisinha, camisola, camisolão
análise analisar, analista, analisando
2. Nos sufixos:
-ês, -esa (na indicação de título de nobreza,
origem, nacionalidade)
marquês marquesa; burguês burguesa;
camponês camponesa; milanês milanesa
-ense (indicador de procedência, origem)
santanense, manuaense, paranaense
-isa (indicador feminino de profissão,
ocupação)
diaconisa, sacerdotisa, papisa, profetisa
-oso, -osa (indicadores de adjetivos,
formadores de estado pleno, abundância)
manhoso, carinhoso, horrorosa, suntuosa
3. Após ditongos:
Cleusa, causa, náusea, maisena
4. Na conjugação dos verbos pôr (e derivados) e querer:
repus, repusera, repusesse, pus, pusera,
pusesse, quis, quisera, quisesse, quiséssemos
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Uso do Z
1. Nas palavras derivadas de uma primitiva em que
já existe Z :
raiz enraizar
baliza abalizado, balizador, balizado
rapaz rapazola, rapazinho, rapazote
2. Nas terminações –ez, -eza, formadores de
substantivos abstratos derivados de adjetivos:
real realeza
grande grandeza
cru crueza
certo certeza
3. Nas terminações –izar (formador de verbos) e –
ização (formador de substantivos)
canal canalizar canalização
humano humanizar humanização
atual atualizar atualização
global globalizar globalização
Uso do X
1. Depois de ditongo:
ameixa, baixo, caixa, feixe, paixão
2. Depois da sílaba inicial en-:
enxaqueca, enxadrista, enxame, enxuto
Fazem exceção: encher e derivados; enchova; e
palavras iniciadas com ch que ganharam prefixo
em-, como enchouriçar (em + chouriço + ar).
3. Depois da sílaba inicial me -:
mexerica, mexicano, mexilhão, mexer
Exceção: mecha (substantivo) e derivados
escrevem-se com ch.
4. Em palavras de origem africana e indígena:
abacaxi, capixaba, macaxeira, morubixaba,
pixaim, xará, xinxim, xique-xique
5. Palavras aportuguesadas do inglês trocam o sh
original por x:
xampu (de shampoo), xerife (de sheriff)
Escrevem-se com x:
almoxarife, bexiga, bruxa, capixaba, caxemira, caxumba,
coaxar, coxo, elixir, enxada, engraxate, enxurrada,
esdrúxulo, faxina, lagartixa, laxante, lixa, luxo, maxixe,
mexer, mexerico, morubixaba, muxoxo, orixá, Oxalá,
praxe, pixaim, puxar, relaxar, rixa, taxa (impostos,
tributo), vexame, xale, xampu, xarope, xavante, xaxim,
xereta, xerife, xícara, xingar.
Escrevem-se com ch :
apetrecho,archote, bochecha, boliche, crochê, cachaça,
cachimbo, chá, chamariz, chamego, chafariz,
cartucheira, charco, cheque, chimarrão, chimpanzé,
chuchu, chucrute, chumaço, chutar, cacho, cochicho,
cocho, colcha, colchão, comichão, coqueluche, fachada,
ficha, flecha, galocha, inchar, macho, machado,
machucar, mancha, nicho, pachorra, pichar, pechincha,
piche, rachar, recheio, salsicha, sanduíche, tacha
(prego), tacheiro, tacho, tocha.
Uso do E e do I
1. Todos os verbos terminados em –uir, -air, -oer
escrevem-se com a letra i na segunda e terceira pessoas
do singular do presente do indicativo.
contribuir contribuis, contribui
cair cais, cai
doer dói
influir influis, influi
sair sais, sai
roer róis, rói
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LOJA DO CONCURSEIRO - 10
2. Todos os verbos terminados em –ir escrevem-se
com a letra e na segunda e terceira pessoas do
presente do indicativo.
acudir acodes, acode
fugir foges, foge
decidir decides, decide
3. Todos os verbos terminados em –uar ou em –oar
escrevem-se com a letra e na primeira, segunda e
terceira pessoas do presente do subjuntivo.
perdoar perdoe, perdoes, perdoe
atuar atue, atues, atue
caçoar caçoe, caçoes, caçoe
jejuar jejue, jejues, jejue
4. Prefixos ante- e anti-
ante – (prefixo) significa “antes” (indica
posição anterior)
antecâmara, antemão, antepasto,
anteontem, antebraço
antediluviano, antever
anti - (prefixo) significa “contra” (indica
posição contrária)
antiacadêmico, antialcoólico,
anticoncepcional, anticlerical
antídoto, antiaéreo, anticonjugal,
antifascista
5. Prefixos em /en e im/in:
emporcalhar
engraxar
empossar
entorpecer
imputar
incomodar
impugnar
infalível
6. Prefixos des e dis:
desgarrar discernir
desinfetar dispensar
desmedido dislexia
Escrevem-se com e:
Abaeté, acareação, acreano, aldeola, alheado,
antecipar, antedatar, anteprojeto, área (medida de uma
superfície), barbárie, cadeado, candeeiro, caranguejo,
cardeal, cereal, cumeada, cumeeira, decreto, deferido,
deferir, descortino, descrição (exposição), descriminar
(absolver de crime), despensa (lugar para guardar
mantimentos), destilação, emergir, emigrar, eminência,
eminente, empecilho, encabular, enteado, engolir,
enxada, estropear, falsear, geada, grandessíssimo,
himeneu, inquerição, lêndea, lenimento, meada,
memoridade, mestiço, mexerica, murmúreo, níveo,
óleo, parêntese, passeata, peão, petróleo, quase,
quepe, recheado, reencanar, revalidar, róseo, senão,
sequer, seringa, subentender, terráqueo, vadear,
violáceo, vítreo.
Escrevem-se com i:
aborígine, adiantar, adiante, adivinho, amiúde,
anticristo, ária (cantiga), azuis, camoniano, casimira,
corrimão, crânio, crioulo, dentifrício, diante, diferido,
discente (que aprende), discrição (que é discreto),
disparate, dispêndio, dispensa (licença), imbuia,
imigração, iminente, invés (contrário), miúdo, pardieiro,
pátio, pião, privilegiado, privilegiar, recriação, (ato de
recriar), réstia, siar, vadiar, vadiação
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LOJA DO CONCURSEIRO - 11
Uso do O e do U
Às vezes se confundem usos do u e do o na
grafia de algumas palavras. Compare as listas
abaixo:
com O com U
Abolir acudir
Boteco bueiro
botequim burburinho
comprido cumprido (de cumprir)
comprimento (extensão) cumprimento (saudação)
Cortiça cúpula
Cobrir curtume
Engolir embutir
explodir entupir
Focinho escapulir
Goela jabuti
lombriga jabuticaba
mágoa lóbulo
mochila mucama
moleque pirulito
Névoa rebuliço
Nódoa suar (transpirar)
Poleiro supetão
Polenta tábua
sortir (abastecer) tabuleiro
Sotaque tabuleta
Zoeira trégua
Uso de C, Ç, S, SS, SC, XC
1. Nos vocábulos de origem árabe, tupi e africana,
usam-se c e ç :
açaí, araçá, araçoia, caiçara, caçula,
cacimba, canguçu, criciúma, Ceci.
Iguaçu, Juçara, miçanga, Moçoró, muçum,
muçurana, paçoca, Paraguaçu, Turiaçu
2. Depois de ditongos, grafam-se c e ç :
beiço, caução, coice, feição, foice, louça,
refeição, traição
3. Nos substantivos e adjetivos derivados de verbos
terminados em –nder e –ndir usa-se s:
pretender pretensão
pender pensão, pênsil
tender tensão, tenso
ascender ascensão, ascensor
expandir expansão, expansivo
fundir fusão
difundir difusão
confundir confusão, confuso
suspender suspensão, suspensório
4. Nos substantivos derivados de verbos terminados em
–der, -dir, -tir e –mir usa-se s (depois de n ou r) ou ss :
aceder acesso
regredir regressão, regresso
repercutir repercussão
descomprimir descompressão
ascender ascensão
interceder intercessão
agredir agressão
admitir admissão
reprimir repressão
compreender compreensão
5. Por razões etimológicas usa-se entre vogais sc e xc:
apascentar, ascender (subir), convalescer,
crescer, descente (que desce), discernir, efervescente,
enrubescer, fascínio, florescer, incandescer, intumescer,
lascivo, miscelânea, nascer, néscio, obsceno, oscilar,
piscina, prescindir, recrudescer, rescindir, suscitar,
tumescer, vísceras, excelência, excêntrico, exceto,
excesso, exceder
PORTUGUÊS DESCOMPLICADO
PARA CONCURSOS
Profª Yara Coeli
LOJA DO CONCURSEIRO - 12
OBSERVE AS SEGUINTES GRAFIAS
Escrevem-se com s :
aliás, alisar, análise, após, asa, atrás, atraso, através,
aviso, bisar, brasa, casulo, catalisar, cisão, colisão,
cós, crase, crise, despesa, detrás, deusa, diálise,
empresa, fase, fusão, gás, gasolina, gasômetro,
groselha, hesitante, hidrólise, ileso, inclusive,
infusão, invés, jus, lapiseira, lisonjeiro, lisura,
mariposa, marselhês, mês, mosaico, nasal,
obséquio, obus, paisagem, pêsames, rasura, revés,
síntese, sinusite, surpresa, tosar, três, uso, usina,
visar.
Escrevem-se com z :
abalizar, aduzir, ajuizar, alcaçuz, alcoolizar, algoz,
amizade, anarquizar, apaziguar, aprazível, aprendiz,
arborizar, arroz, assaz, atriz, atroz, audaz, azar, azia,
baliza, bazar, bizarro, buzina, cafuzo, capaz, capuz,
capuz, carbonizar, cartaz, chafariz, coriza, cruz,
cuscuz, delicadeza, deslize, desprezo, eficaz,
enfezado, esvaziar, falaz, feroz, fertilizar, fugaz,
gaze, giz, gentileza, horizonte, impureza, jaez,
jazigo, lambuzar, lazer, lhaneza, luz, magazine,
meretriz, morbidez, nariz, nudez, obstetriz, ozônio,
palidez, perspicaz, petiz, pobreza, prazer, prazo,
profetizar, rapaz, rezar, rodízio, sagaz, sazonal,
talvez, tenaz, tez, trapézio, trezentos, vazio, veloz,
verniz, voraz, xadrez
Uso do G
1. Nas palavras terminadas em –ágio, -égio, -ígio, -
ógio, -úgio.
adágio, colégio, litígio, relógio, refúgio
2. Nas palavras terminadas em –gem.
ferrugem, selvagem, massagem, mixagem
3. Nas palavras derivadas de outras, já grafadas com
g.
tingir tingido tingimento
fingir fingido fingimento
Escrevem-se com g :
abordagem, algibeira, algemar, angélico, aterragem,
auge, cingir, constrangir, doge, estrangeiro, falange,
ferrugem, gengibre, gengiva, gergelim, geringonça, giba,
gibi, gíria, herege, impingem, logístico, margear,
megera, monge, mugido, ogiva, pungente, rabugento,
regurgitar, tangerina, tigela, vagem, vertigem, viagem
(subst.)
Uso do J
1. Nas palavras de origem tupi (indígena) e africana:
biju (variante de beiju), canjarana, canjica,
jabuticaba, jacaré, jenipapo, jerimum, jiboia, jirau, pajé.
(Exceção: Sergipe.)
2. Nos verbos terminados em –jar ou –jear:
arranjar, despejar, sujar, viajar, ultrajar,
granjear, gorjear, lisonjear
3. Nas palavras derivadas de outras já grafadas com j:
granja granjeiro
lisonja lisonjeiro
laje lajeado
majestade majestoso
Escrevem-se com j :ajeitar, alforje, berinjela, cafajeste, canjerê, canjica,
cerejeira, desajeitar, enjeitar, gorjear, gorjeta, granjear,
hoje, intrujice, jeca, jeito, jejum, jenipapo, jérsei, jiboia,
jiló, jiu-jítsu, laje, laranjeira, lisonjeiro, majestade,
majestoso, manjedoura, manjericão, ojeriza, pajé,
pajem, pegajoso, sarjeta, sabujice, traje, trejeito,
ultraje, varejo, varejista, viaje, viagem (do verbo viajar)
PORTUGUÊS DESCOMPLICADO
PARA CONCURSOS
Profª Yara Coeli
LOJA DO CONCURSEIRO - 13
ALGUNS USOS ORTOGRÁFICOS ESPECIAIS
Por que / por quê / porque / porquê
POR QUE (separado e sem acento)
É usado:
em interrogações diretas, onde o que equivale
a qual motivo.
Por que regressamos?
(Por qual motivo regressamos ?)
Por que não vieram os computadores ? (Por qual
motivo não vieram ?)
em interrogações indiretas, onde o que
equivale a qual razão ou qual motivo.
Perguntei-lhe por que faltara à aula.
(por qual motivo).
Não sabemos por que ele faleceu.
(por qual razão).
Como um equivalente a pelo qual / pela qual /
pelos quais / pelas quais.
Ignoro o motivo por que ele se demitiu.
(pelo qual).
Eis as causas por que não venceremos.
(pelas quais).
Estranhei a forma por que o estudante reagiu.
(pela qual).
Como um equivalente a motivo pelo qual ou
razão pela qual.
Não há por que chorar.
(motivo pelo qual).
Viajamos sem roteiro: eis por que nos atrasamos.
(a razão pela qual).
PORQUE
É usado introduzindo:
- Explicação.
Ex.: Não reclames, porque é pior.
- Causa.
Ex.: Faltou à aula porque estava doente.
POR QUÊ
É usado ao final da frase interrogativa ou quando
estiver sozinho.
Ex.: Você fez isso, por quê?
Por quê?
PORQUÊ
É usado como substantivo; é sinônimo de motivo,
razão.
Ex.: Não sei o porquê disso.
ONDE E AONDE
A tendência no português atual é considerar a
seguinte distinção: aonde indica a ideia de
movimento ou aproximação (com verbos que
exigem a preposição “A”), opondo-se a donde que
exprime afastamento (com verbos eu exigem a
preposição “DE”). Costuma referir-se a verbos de
movimento.
Aonde você vai?
Aonde querem chegar com essas atitudes?
Aonde devo dirigir-me para obter esclarecimentos?
Não sei aonde ir.
Donde você veio?
Onde indica o lugar em que se está ou em que se
passa algum fato. Normalmente refere-se a verbos
que exprimem estado ou permanência, ou seja,
verbos que exigem a preposição “EM”.
Onde você está?
Onde você vai ficar nas próximas férias?
Não sei onde começar a procurar.
PORTUGUÊS DESCOMPLICADO
PARA CONCURSOS
Profª Yara Coeli
LOJA DO CONCURSEIRO - 14
MAIS e MAS
Mas é uma conjunção adversativa, equivalendo
a porém, contudo, entretanto.
Não conseguiu, mas tentou.
Mais é pronome ou advérbio de intensidade,
opondo-se normalmente a menos.
Ele foi quem mais tentou, ainda assim não
conseguiu.
É um dos países mais miseráveis do planeta.
NA MEDIDA EM QUE E À MEDIDA QUE
Na medida em que exprime relação de causa e
equivale a “porque”, “já que”, “uma vez que”.
Na medida em que os projetos foram
abandonados, a população carente ficou
entregue à própria sorte.
À medida que indica proporção,
desenvolvimento simultâneo e gradual. Equivale
a “à proporção que”.
A ansiedade aumentava à medida que o prazo
ia chegando ao fim.
MAL E MAU
Mal pode ser advérbio ou substantivo. Como
advérbio significa “irregularmente”,
“erradamente”, “de forma inconveniente ou
desagradável”. Opõe-se a bem.
Era previsível que ele se comportaria mal. Era
evidente que ele estava mal-intencionado
porque suas opiniões haviam repercutido mal
na reunião anterior.
Como substantivo, mal pode significar
“doença”, “moléstia”, em alguns casos significa
“aquilo que é prejudicial ou nocivo”.
A febre amarela é um mal que atormenta as
populações pobres.
O mal é que não se toma nenhuma atitude
definitiva.
O substantivo mal também pode designar um
conceito moral, ligado à ideia de maldade,
nesse sentido a palavra também opõe-se a bem.
Há uma frase de que a visão da realidade nos faz
muitas vezes duvidar: “O mal não compensa”
Mau é adjetivo. Significa “ruim”, “de má índole”,
“de má qualidade”. Opõe-se a bom e apresenta a
forma feminina má.
Não é mau sujeito.
Trata-se de um mau administrador.
Tem um coração mau.
A PAR e AO PAR
A par tem o sentido de “bem-informado”, “ciente”.
Mantenha-me a par de tudo o que acontecer.
É importante manter-se a par das decisões
parlamentares.
Ao par é uma expressão usada para indicar relação
de equivalência ou igualdade entre valores
financeiros (geralmente em operações cambiais):
As moedas fortes mantém o câmbio praticamente
ao par.
AO ENCONTRO DE E DE ENCONTRO A
Ao encontro de indica “ser favorável a”, aproximar-
se de”.
Ainda bem que sua posição vai ao encontro da
minha.
Quando a viu foi ao seu encontro e abraçou-a.
De encontro a indica oposição, choque, colisão.
Veja.
Suas opiniões sempre vieram de encontro às
minhas, pertencemos a mundos diferentes.
O caminhão foi de encontro ao muro, derrubando-
o.
PORTUGUÊS DESCOMPLICADO
PARA CONCURSOS
Profª Yara Coeli
LOJA DO CONCURSEIRO - 15
A E HÁ NA EXPRESSÃO DE TEMPO
O verbo haver é usado em expressões que
indicam tempo já transcorrido:
Tais fatos aconteceram há dez anos.
Nesse sentido, equivale ao verbo fazer:
Tudo aconteceu faz dez anos.
A preposição a surge em expressões em que a
substituição pelo verbo fazer é impossível:
O lançamento do satélite ocorrerá daqui a
duas semanas.
Eles partirão daqui a duas horas.
ACERCA DE E HÁ CERCA DE
Acerca de significa “sobre”, “a respeito de”:
Haverá uma palestra acerca das
consequências das queimadas.
Há cerca de indica um período aproximado de
tempo já transcorrido ou equivale ao verbo
existir + aproximadamente:
Os primeiros colonizadores surgiram há
cerca de quinhentos anos.
Há cerca de dez pessoas te procurando
AFIM E A FIM
Afim é um adjetivo que significa “igual”,
“semelhante”. Relaciona-se com a ideia de
afinidade:
Tiveram ideias afins durante o trabalho.
São espíritos afins.
A fim surge na locução a fim de, que significa
“para” e indica ideia de finalidade:
Trouxe algumas flores a fim de nos agradar.
DEMAIS E DE MAIS
Demais pode ser advérbio de intensidade, com o
sentido de “muito”, aparece intensificando verbos,
adjetivos ou outros advérbios:
Aborreceram-nos demais: isso nos deixou
indignados demais.
Estou até bem demais.
Demais também pode ser pronome indefinido,
equivalendo a “outros”, “restantes”:
Não coma todo o pudim. Deixe um pouco para
os demais.
De mais opõe-se a de menos. Refere-se sempre a
um substantivo ou pronome:
Não vejo nada de mais em sua atitude.
O concurso foi suspenso porque surgiram
candidatos de mais.
SENÃO E SE NÃO
Senão equivale a “caso contrário” ou “a não ser”:
É bom que colabore, senão não haverá como
ajuda-lo.
Se não surge em orações condicionais. Equivale a
“caso não”:
Se não houver aula, iremos ao cinema.
PORTUGUÊS DESCOMPLICADO
PARA CONCURSOS
Profª Yara Coeli
LOJA DO CONCURSEIRO - 16
TONICIDADE
Na Língua Portuguesa, todas as palavras possuem
uma sílaba tônica - a que recebe a maior inflexão de
voz. Nem todas, porém, são marcadas pelo acento
gráfico. E em que palavras usar o acento agudo ou o
acento circunflexo? Ainda existe o trema? Vamos às
respostas.
A sílaba tônica é a mais forte da palavra. Só existe
uma sílaba tônica em cada palavra.
Ex. Guaraná - A sílaba tônica é a última, é oxítona.
Táxi - A sílaba tônica é a penúltima, é paroxítona.
Própolis - A sílaba tônica é a antepenúltima, é
proparoxítona.
A sílaba tônica semprese encontra em uma destas
três sílabas: última, penúltima e antepenúltima.
Quando a palavra possuir uma sílaba só, será
denominada monossílaba.
Os monossílabos podem ser átonos e tônicos. Os
tônicos são aqueles que têm força para serem
usados sozinhos em uma sílaba; os átonos, não.
Portanto serão monossílabos tônicos os
substantivos, os adjetivos, os advérbios, os
numerais e os verbos.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
1. Acentuam-se monossílabos tônicos terminados
em:
A(S), E(S), O(S)
Pá, fé, só, três, trás, nós, vês...
2. Acentuam-se oxítonas terminadas em:
A(S), E(S), O(S), EM(ENS)
Vatapá, café, cipó, alguém, parabéns, cajás,
marajás, Bené, chulé, mantém, refém...
3. Acentuam-se paroxítonas terminadas em:
I(S), U(S),
R, X, N, L,
PS, UM(UNS), Ã(S),
DITONGO
Júri, lápis, ônus, vírus,
cadáver, tórax, hífen, móvel,
bíceps, álbum, álbuns, órfã(s),
história, móveis, órgão...
NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO: ôo perde o acento,
fica oo
Antes ---------------------------------agora
Vôo Voo
Enjôo Enjoo
Obs.: paroxítonas com a mesma terminação das
oxítonas (a, e, o, em, ens) não são acentuadas.
Mala, vara, pente, mestre, item, homem, hifens,
homens, nuvens, jovens...
PORTUGUÊS DESCOMPLICADO
PARA CONCURSOS
Profª Yara Coeli
LOJA DO CONCURSEIRO - 17
4. Acentuam-se todas as proparoxítonas
Mágico, fósforo, paralelepípedo, antítese...
REGRAS ESPECIAIS
5. Acentuam-se I e U na 2ª vogal do hiato,
quando
sozinhas (ou + S) na sílaba;
não seguidas de NH.
Graúdo, saída, açaí, Itaú, saúde, constituído,
Janaína, juízes, Luíza...
NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO: I e U perdem o
acento se paroxítonas, depois de ditongo:
Antes ---------------------------------agora
Baiúca baiuca
Bocaiúva bocaiuva
boiúna boiuna
feiúra feiura
6. Acentuam-se ditongos abertos ÉI, ÉU e ÓI se
vierem no final da palavra (seguido ou não de
S):
Coronéis, chapéu, corrói, dói, anéis, fiéis, troféu,
herói (o ditongo vem no final, mantêm o acento)
NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO: éi, éu, ói
perdem o acento se forem paroxítonas:
Todos os eia(s) e oia(s) perderam o acento
Antes ---------------------------------agora
Idéia ideia
Estréia estreia
assembléia assembleia
jibóia jiboia
Tróia Troia
Jóia Joia
7. Grupos QUE, QUI, GUE, GUI, O U recebia:
Trema se fosse pronunciado de forma átona:
freqüentes.
Acento agudo se pronunciado de forma tônica:
apazigúe.
NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO: Hoje o U
pronunciado desses grupos perdeu o trema e o
acento agudo, mas a pronúncia continua a mesma:
Antes ---------------------------------agora
freqüentes frequentes
cinqüenta cinquenta
tranqüilo tranquilo
averigúe averigue
apazigúe apazigue
8. Acento diferencial: era usado para diferenciar a
classe das palavras:
PÁRA (v.) ≠ PARA (prep.)
PÔR (v.) ≠ POR (prep.)
NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO: hoje caíram os
acentos diferenciais, só permaneceram os acentos
de pôr(verbo) e de pôde (passado).
Antes ---------------------------------agora
Pára (verbo) para (verbo)
Pêra (subst.) pera (subst.)
Pelo (subst.) pelo (subst.)
Pólo (subst.) polo (subst.)
9. Os verbos crer, dar, ler, ver (e verbos derivados)
dobram o “E” no plural:
Na 3ª pessoa do sing. Na 3ª pessoa do plural
Ê EE
Ele lê/vê – eles leem/veem
PORTUGUÊS DESCOMPLICADO
PARA CONCURSOS
Profª Yara Coeli
LOJA DO CONCURSEIRO - 18
NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO: êem perde o
acento, fica eem:
Antes ---------------------------------agora
lêem leem
vêem veem
dêem deem
crêem creem
10. Acentuam-se os verbos ter e vir ( e todos os
verbos derivados) na 3ª pessoa do plural.
Na 3ª pessoa do sing. Na 3ª pessoa do plural
E Ê
Ele vem/tem – eles vêm/têm
Ele retém – eles retêm
Muitos verbos produzem formas oxítonas
ou monossilábicas que devem ser acentuadas.
Observe:
Cortar + a = cortá-la Pôs + os = pô-los
Fazer + o = fazê-lo Fez + o = fê-lo
Sinais diacríticos: sinais gráficos com os quais se
distingue a modulação das vogais ou a pronúncia de
certas palavras, para evitar confusões com outras.
transito – trânsito
ate – até
veiculo – veículo
secretaria – secretária
sabia – sábia – sabiá...
SEMÂNTICA
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
DENOTAÇÃO: o sentido literal, real das palavras.
CONOTAÇÃO: sentido figurado das palavras.
Fenômenos Semânticos
1. POLISSEMIA
(Polys, do grego, significa “muito”) é a capacidade que
uma palavra tem de assumir diferentes significações ou
sentido.
a) O sol é uma estrela de quinta grandeza.
b) Clarissa é a estrela de sua turma.
c) Fernanda Montenegro é uma estrela nacional.
d) Não desanime, meu filho, confie em sua estrela.
2. SINÔNIMOS
São palavras que apresentam, entre si, o mesmo
significado.
triste = melancólico.
resgatar = recuperar
maciço = compacto
ratificar = confirmar
retificar = corrigir
aguentar = aturar
afastado = distante
alegre = divertido
3. ANTÔNIMOS
São palavras que apresentam, entre si, sentidos
contrários.
bom x mau
bem x mal
condenar x absolver
feio x bonito
subir x descer
amigo x inimigo
vida x morte
PORTUGUÊS DESCOMPLICADO
PARA CONCURSOS
Profª Yara Coeli
LOJA DO CONCURSEIRO - 19
4. HOMÔNIMOS
São palavras iguais na forma e diferentes na
significação. Há três tipos de homônimos:
4.1. HOMÔNIMOS HOMÓFONOS
Têm o mesmo som e grafias diferentes.
sessão (reunião),
seção (repartição)
e cessão (ato de ceder);
cela (cubículo) e
sela (arreio)
concerto (harmonia)
e conserto (remendo).
4.2. HOMÔNIMOS HOMÓGRAFOS
Têm a mesma grafia e sons diferentes.
almoço (refeição) e
almoço (verbo almoçar);
sede (vontade de beber) e
sede (residência).
4.3. HOMÔNIMOS PERFEITOS
Têm a mesma grafia e o mesmo som.
cedo (advérbio) e
cedo (verbo ceder);
meio (numeral),
meio (adjetivo) e
meio (substantivo).
5. PARÔNIMOS
São palavras de significação diferente, mas de
forma parecida.
retificar e ratificar;
emergir e imergir.
comprimento e cumprimento
cavaleiro e cavalheiro
6. AMBIGUIDADE
Ocorre a ambiguidade quando o leitor vacila diante de
mais de uma possibilidade de entendimento do que foi
expresso.
Uma série de causas estruturais pode causar
ambiguidade.
a) Pedro e Paulo vão desquitar-se. (Mau uso da
coordenação)
b) O aluno enjoado saiu da sala. (Má colocação de
palavra)
c) João encontrou Maria e lhe disse que sua prima
estava doente. (Mau uso de possessivos)
Eis uma lista com alguns homônimos e parônimos:
acender = atear fogo
ascender = subir
amoral = indiferente à moral
imoral = contra a moral, libertino, devasso
apreçar = marcar o preço
apressar = acelerar
arrear = pôr arreios
arriar = abaixar
bucho = estômago de ruminantes
buxo = arbusto ornamental
caçar = abater a caça
cassar = anular
cela = aposento
sela = arreio
censo = recenseamento
PORTUGUÊS DESCOMPLICADO
PARA CONCURSOS
Profª Yara Coeli
LOJA DO CONCURSEIRO - 20
senso = juízo
cessão = ato de doar
seção ou secção = corte, divisão
sessão = reunião
chá = bebida
xá = título de soberano no Oriente
chalé = casa campestre
xale = cobertura para os ombros
cheque = ordem de pagamento
xeque = lance do jogo de xadrez, contratempo
comprimento = extensão
cumprimento = saudação
concertar = harmonizar, combinar
consertar = remendar, reparar
conjetura = suposição,hipótese
conjuntura = situação, circunstância
coser = costurar
cozer = cozinhar
deferir = conceder
diferir = adiar
descrição = representação
discrição = ato de ser discreto
descriminar = inocentar
discriminar = diferençar, distinguir
despensa = compartimento
dispensa = desobrigação
despercebido = sem atenção, desatento
desapercebido = desprevenido
discente = relativo a alunos
docente = relativo a professores
emergir = vir à tona
imergir = mergulhar
eminente = nobre, alto, excelente
iminente = prestes a acontecer
esperto = ativo, inteligente, vivo
experto = perito, entendido
espiar = olhar sorrateiramente
expiar = sofrer pena ou castigo
estada = permanência de pessoa
estadia = permanência de veículo
flagrante = evidente
fragrante = aromático
fuzil = carabina
fusível = resistência de fusibilidade calibrada
incerto = duvidoso
inserto = inserido, incluso
incipiente = iniciante
insipiente = ignorante
indefesso = incansável
indefeso = sem defesa
infligir = aplicar pena ou castigo
infringir = transgredir, violar, desrespeitar
intemerato = puro, íntegro, incorrupto
intimorato = destemido, valente, corajoso
intercessão = súplica, rogo
interse(c)ção= ponto de encontro de duas linhas
laço = laçada
lasso = cansado, frouxo
ratificar = confirmar
retificar = corrigir
soar = produzir som
suar = transpirar
sortir = abastecer
surtir = originar
sustar = suspender
suster = sustentar
tacha = brocha, pequeno prego
taxa = tributo
tachar = censurar, notar defeito em
taxar = estabelecer o preço
vultoso = volumoso
vultuoso = atacado de vultuosidade (congestão na face)
PORTUGUÊS DESCOMPLICADO
PARA CONCURSOS
Profª Yara Coeli
LOJA DO CONCURSEIRO - 21
CLASSES DE PALAVRAS
VERBO
É a palavra variável que exprime ação, estado,
mudança de estado e fenômeno, situando-se no
tempo.
Ex.: O garoto corre muito.
Sou poeta.
O ouro virou terra.
Chove muito aqui.
FLEXÃO DO VERBO
1 - NÚMERO E PESSOA
1ª pessoa do singular
2ª pessoa do singular
3ª pessoa do singular
1ª pessoa do plural
2ª pessoa do plural
3ª pessoa do plural
2 - MODO
Indicativo: certeza diante do fato.
Ex.: Ela corria na frente.
Subjuntivo: dúvida diante do fato.
Ex.: Talvez ela corra na frente.
Imperativo: ordem, conselho, pedido.
Ex.: Corra na frente.
3 - TEMPO
Presente: a ação ocorre no momento em que se
fala.
Ex.: Fecho os olhos, agito a cabeça.
Pretérito: a ação transcorreu num momento
anterior àquele em que se fala.
Ex.: Fechei os olhos, agitei a cabeça.
Futuro: a ação poderá ocorrer após o momento em
que se fala.
Ex.: Fecharei os olhos, agitarei a cabeça.
4 - CONJUGAÇÃO
Três são as conjugações em português:
1ª conjugação: ar
Ex.: andar, lavar, cortar.
2ª conjugação: er
Ex.: vender, saber, ler.
3ª conjugação: ir
Ex.: dormir, reunir, sair.
5 - FORMAS NOMINAIS
Existem três formas verbais que não apresentam
flexão de tempo e modo, perdendo, desta forma, as
características exclusivas do verbo. Como
desempenham funções próprias dos nomes
(substantivo, adjetivo e advérbio), são denominadas
formas nominais. São elas: infinitivo, particípio e
gerúndio.
a. infinitivo: indica o processo propriamente dito, sem
situá-lo no tempo; desempenha, assim, função
semelhante à do substantivo:
É preciso recuperar os valores éticos.
O infinitivo pode apresentar flexão de pessoa,
originando duas formas: o infinitivo impessoal (não
se flexiona) e o infinitivo pessoal (flexionado).
b. particípio: indica uma ação já acabada,
desempenhando função semelhante á do adjetivo.
O particípio flexiona-se em gênero e número,
concordando com o substantivo a que se refere:
Preservada a natureza, sobreviveremos.
Preservado o meio ambiente, sobreviveremos.
PORTUGUÊS DESCOMPLICADO
PARA CONCURSOS
Profª Yara Coeli
LOJA DO CONCURSEIRO - 22
c. gerúndio: indica um processo verbal em curso,
desempenhando função semelhante à do
adjetivo e á do advérbio. O gerúndio não
apresenta flexão.
“Caminhando e cantando e seguindo a canção,
Somos todos iguais, braços dados ou não”
(Geraldo Vandré)
6 - LOCUÇÃO VERBAL
É formada de um verbo auxiliar seguido de um
verbo principal.
Ex.: Vamos sair hoje cedo.
Fiquei a observar tudo,
Podemos ter sido aprovados.
7 - VOZ
Ativa: sujeito pratica a ação.
Ex.: O carroceiro disse um palavrão.
Passiva: sujeito sofre a ação.
Ex.: Um palavrão foi dito pelo carroceiro.
(analítica)
Vende-se uma casa. (sintética)
Reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação.
Ex.: O carroceiro machucou-se.
Os noivos se olharam.
CLASSIFICAÇÃO DO VERBO
1. Quanto à flexão
Quanto à flexão, os verbos classificam-se
regulares; irregulares; defectivos; abundantes.
a) regulares – são aqueles que seguem o
paradigma, isto é, o modelo da conjugação.
Quando um verbo é regular, o radical se
mantém em todas as formas e as terminações são as
mesmas.
Em alguns casos, podemos encontrar alterações
radicais de verbos regulares; é necessário observar
essa alteração é apenas um caso de acomodação
gráfica para manter a identidade fonética. É o que
ocorre, por exemplo, com os verbos ficar (fico,
fiquei), fingir (finjo, finges) e vencer (venço, vences)
b) irregulares – são aqueles que se afastam modelo da
conjugação, apresentando alteração ou no radical
ou nas desinências.
eu peço tu pedes
eu estou tu estás
c) defectivos – são verbos de conjugação incompleta,
ou seja, não apresentam algumas formas. São
exemplos os verbos falir e abolir no presente do
indicativo.
falir abolir
eu
tu aboles
ele abole
nós falimos abolimos
vós falis abolis
eles abolem
Consideram-se defectivos os chamados verbos
unipessoais:
verbos que exprimem fenômenos da natureza
(chover, ventar, anoitecer, etc.) só se empregam
na terceira pessoa do singular.
Nevou na serra gaúcha.
Neste momento, chove em Belém.
verbos que exprimem vozes de animais (latir, miar,
urrar, coaxar, etc.) só se empregam na terceira
pessoa do singular e na terceira pessoa do plural.
Capeto latiu a noite toda.
Os cães latiram a noite toda.
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d) abundantes – são aqueles que possuem duas ou
mais formas de idênticos valor. A abundância
ocorre com maior frequência no particípio de
alguns verbos, que, além da forma regular
(desinência –do), apresentam outra forma,
denominada irregular ou abundante.
infinitivo particípio
regular
particípio
irregular
Aceitar aceitado aceito
Acender acendido aceso
Benzer benzido bento
exprimir exprimido expresso
expulsar expulsado expulso
enxugar enxugado enxuto
prender prendido preso
Quando o verbo apresenta duplo particípio,
deve-se usar a forma regular com os auxiliares
ter e haver e a forma irregular com os auxiliares
ser e estar.
Tinham aceitado o pedido.
Haviam aceitado o pedido.
O pedido foi aceito.
O pedido estava aceito.
Alguns verbos apresentam tão-somente o
particípio irregular.
Infinitivo particípio irregular
dizer dito
fazer feito
escrever escrito
abrir aberto
Na linguagem atual, os verbos pagar, gastar e
ganhar são usados apenas no particípio
irregular, com qualquer auxiliar.
Ele havia pago a conta.
Tinham gasto muitos presentes no aniversário.
3 - QUANTO À EXISTÊNCIA OU NÃO DO SUJEITO:
Pessoais: são aqueles que se referem a qualquer
sujeito implícito ou explícito. Quase
todos os verbos são pessoais.
Ex.: O rapaz apareceu na porta.
Impessoais: são aqueles que não se referem a
qualquer sujeito implícito ou explícito.
São utilizados sempre na 3ª pessoa.
Ex.: Há alunos na sala.
Faz frio aqui.
Em Belém chove muito.EMPREGO DOS MODOS E TEMPOS VERBAIS
Modo indicativo
1. presente – exprime um fato que ocorre no
momento em que se fala:
Vejo um pássaro na janela.
O presente do indicativo também é usado para:
a) exprimir uma verdade científica, um axioma:
A Terra é redonda.
Por um ponto passam infinitas retas.
b) exprimir uma ação habitual:
Aos domingos não saio de casa.
c) dar atualidade a fatos ocorridos no passado:
Cabral chega ao Brasil em 1500.
d) indicar fato futuro bastante próximo, quando se
tem certeza de que ele ocorrerá:
Amanhã faço os exercícios.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 24
2. pretérito perfeito – exprime um fato já
concluído anteriormente ao momento em que
se fala.
Ontem eu reguei as plantas do jardim.
3. pretérito imperfeito – exprime um fato
anterior ao momento em que se fala, mas não
o toma como concluído, acabado. Revela, pois,
o fato em seu curso, em sua duração.
Ele falava muito durante as aulas.
4. pretérito mais-que-perfeito – indica um fato
passado que já foi concluído, em relação a
outro fato também passado.
Quando você resolveu o problema, eu já o
resolvera.
Na linguagem atual tem-se usado com mais
frequência o pretérito mais-que-perfeito composto.
Quando você resolveu o problema, eu já o
tinha resolvido.
O mais-que-perfeito é, em alguns casos, usado
no lugar do futuro do pretérito ou do imperfeito do
subjuntivo.
“...Mais servira, se não fora
Para tão logo amor tão curta a vida!”
(Camões)
(servira = serviria; fora = fosse)
5. futuro do presente – exprime um fato posterior
ao momento em que se fala, tido como certo.
Amanhã chegarão os meus pais.
As aulas começarão segunda-feira.
O futuro do presente pode ser empregado para
exprimir ideia de incerteza, de dúvida.
Serei eu o único culpado?
6. futuro do pretérito – exprime um fato futuro
tomado em relação a um fato passado.
Ontem você me disse que viria à escola.
O futuro do pretérito também pode ser usado para
indicar incerteza, dúvida.
Seriam mais ou menos dez horas quando ele
chegou.
Usa-se ainda o futuro do pretérito, em vez do
presente do indicativo ou do imperativo, como forma
de cortesia, de boa educação.
Você me faria um favor?
MODO SUBJUNTIVO
O subjuntivo apresenta o fato de modo incerto,
impreciso, duvidoso. Normalmente é empregado em
orações que dependem de outras (subordinadas).
Viajaríamos se fizesse calor.
1. Presente – é empregado nas orações subordinadas
para expressar fatos presentes ou futuros.
É justo que eles fiquem. (presente)
Desejo que todos compareçam. (futuro)
Em orações independentes, é utilizado para
exprimir desejo.
Deus me proteja.
Que a terra lhes seja leve!
2. pretérito imperfeito – indica uma ação passada,
presente ou futura em relação ao verbo da oração
principal.
Se neste momento eu tivesse coragem, contaria a
verdade. (presente)
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LOJA DO CONCURSEIRO - 25
Mesmo que saísse antes, não teria chegado a
tempo. (passado)
Ficaria feliz se ele fosse à minha casa. (futuro)
3. futuro – é empregado em orações
subordinadas para indicar eventualidade no
futuro.
Farei o trabalho se tiver tempo.
MODO IMPERATIVO
O imperativo exprime uma atitude de ordem,
solicitação, convite ou conselho. É empregado em
orações absolutas, principais ou coordenadas.
Como o imperativo pode exprimir várias
atitudes do falante, a entoação da frase será
fundamental para veicular a ideia pretendida.
No imperativo, o falante sempre se dirige a um
interlocutor; por isso, esse modo verbal só possui as
formas que admitem um interlocutor (segundas e
terceiras pessoas; primeira pessoa do plural).
Prestem atenção! (ordem)
Empreste-me o livro, por favor. (solicitação)
Venha à festa do meu aniversário. Será lá em
casa. (convite)
Não guarde rancor, pode lhe dar uma gastrite.
(conselho)
Emprego do infinitivo
Além do infinitivo impessoal, nossa língua
apresenta também o infinitivo pessoal (ou
flexionado). Não há propriamente regras que
determinem o emprego do infinitivo; o que se
observa são tendências e usos consagrados por
competentes usuários do português.
Infinitivo impessoal
Emprega-se o infinitivo impessoal:
- quando ele não estiver se referindo a sujeito
algum.
É preciso sair.
- na função de complemento nominal (virá regido
de preposição):
Esses exercícios eram fáceis de resolver.
- quando ele faz parte de uma locução verbal:
Eles deviam ir ao cinema.
- quando, dependente dos verbos deixar, fazer,
ouvir, sentir, mandar, ver, tiver por sujeito um
pronome oblíquo:
Mandei-os sair Deixei-as falar.
- quando ele tem valor de imperativo:
Fazer silêncio, por favor.
Infinitivo pessoal
Emprega-se o infinitivo pessoal quando ele tiver
sujeito próprio (expresso ou implícito), diferente do
sujeito da oração principal.
O remédio era ficarmos em casa.
O costume é os jovens falarem e os velhos
ouvirem.
No primeiro exemplo, o sujeito do infinitivo
ficarmos é nós (implícito), diferente do sujeito da
oração principal, que é o remédio. No segundo, os
infinitivos falarem e ouvirem apresentam como sujeito,
os jovens e os velhos (expressos), diferentes do sujeito
da oração principal, que é o costume.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 26
PRONOME
É a palavra que substitui ou determina o nome.
De acordo com essas funções, o pronome
pode ser classificado em pronome substantivo ou
pronome adjetivo.
PRONOME SUBSTANTIVO - É aquele que
substitui o substantivo.
Ex.: A casa é tua?
Ele foi embora.
PRONOME ADJETIVO - É aquele que
acompanha o substantivo, determinando-o.
Ex.: Meu irmão viajou e levou minha mochila.
Os pronomes classificam-se em:
PESSOAIS, POSSESSIVOS, DEMONSTRATIVOS,
INDEFINIDOS, INTERROGATIVOS E RELATIVOS.
1. PRONOMES PESSOAIS
Substituem as três pessoas gramaticais
RETOS OBLÍQUOS
eu
tu
ele, ela
nós
vós
eles, elas
me, mim, comigo
te, ti, contigo
se, lhe, o, a, si, consigo, ele, ela
nos, conosco
vos, convosco
se, lhes, os, as, si, consigo, eles,
elas
OS PRONOMES OBLÍQUOS PODEM SER: ÁTONOS E
TÔNICOS
PRONOME OBLÍQUO REFLEXIVO - É o pronome
oblíquo da mesma pessoa do pronome reto,
significando a mim mesmo, a ti mesmo, etc.
Ex.: Eu me vesti rapidamente.
PRONOME OBLÍQUO RECÍPROCO - É representado
pelos pronomes nos, vos, se, quando traduzem a ideia
de um ou outro, reciprocamente.
Ex.: Nós nos cumprimentamos.
Eles se abraçaram.
EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS
Os pronomes oblíquos o, a, os, as, podem assumir
as seguintes formas:
a) lo, los, la, las, depois de verbos terminados em
r, s, z
Ex.: Os habitantes resolveram matá-lo
Fizemo-lo sair.
Meu filho brincava. Fi-lo estudar.
b) no, nos, na, nas, depois de verbos terminados
em ditongo nasal (am, em, ão, õe)
Ex.: Ouçam-na.
Peguem-no.
Eles não vendem o produto. Dão-no aos
pobres.
Eles não têm certeza dessas resoluções.
Supõe-nas.
c) As formas tônicas dos pronomes oblíquos
sempre vêm precedidas de preposição.
Ex.: Não houve nada entre mim e ti.
Obs.: Se houver um verbo acompanhando o pronome,
este será pessoal do caso reto.
Ex.: Empreste o livro para eu ler.
Disseram que é para tu viajares.
d) As formas conosco e convosco serão
substituídas por com nós e com vós se vierem seguidas
de numeral ou de palavra como: todos, outros,
mesmos, próprios, ambos.
Ex.: Deixaram o recado com nós mesmos.
Falei também com vós todos.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 27
e) A forma consigo só se utiliza quando o
sujeito da frase for uma 3ª pessoae o pronome
referir-se a esse mesmo sujeito.
Ex.: Ela trazia a prova consigo.
f) Se a palavra até tiver o valor de mesmo,
também, inclusive, usa-se a forma reta do
pronome. Ex.: Até eu tive problemas
com essa empresa.
g) Os pronomes oblíquos podem ser usados
como possessivos.
Ex.: Não lhe entendo a intenção. (lhe = sua)
h) Os pronomes o(s), a(s) são usados como
objeto direto e o pronome lhe(s) como objeto
indireto.
Ex.: Isto o compromete.
Isto lhe convém.
i) Os pronomes pessoais do caso reto de 3ª
pessoa podem contrair-se com as preposições de
ou em.
Ex.: Ninguém cuida de melhorar a sorte dele.
j) Quando esses pronomes exercem a função
de sujeitos, essa contração não deve haver.
Ex.: É capaz de ele não poder chegar.
k) Na linguagem coloquial, o pronome nós é
frequentemente substituído por a gente. O verbo
deverá ficar na 3ª pessoa do singular.
Ex.: É verdade que a gente está só.
PRONOMES DE TRATAMENTO
Você v. tratamento
familiar
Vossa Alteza V.A príncipes ,
duques
Vossa Eminência V.Em.ª cardeais
Vossa Excelência V.Ex.ª altas autoridades
Vossa Magnificência V.Mag.ª reitores
Vossa Majestade V.M. reis, imperadores
Vossa Meritíssima juizes de direito
Vossa Onipotência Deus
Vossa
Reverendíssima
V.Rev.ª sacerdotes
Vossa Senhoria V.S.ª altas autoridades
Vossa Santidade V.S. papa
Emprega-se vossa quando 2ª pessoa, isto é, em
relação a quem falamos.
Emprega-se sua quando 3ª pessoa, isto é, em
relação à de quem falamos.
2. PRONOMES POSSESSIVOS
Indicam aquilo que pertence a cada uma das
pessoas gramaticais.
1ª: meu(s), minha(s), nosso(s), nossa(s)
2ª: teu(s), tua(s), vosso(s), vossa(s)
3ª: seu(s), sua(s)
Esses pronomes nem sempre indicam posse.
Podem indicar afetividade, cortesia, cálculo
aproximado, valor indefinido.
Ex.: Meu caro amigo.
Não se incomode, meu filho.
Ana, com seus três anos, não era nenhum
anjo.
Ela tem lá suas manias.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 28
Os pronomes seu(s), sua(s) podem referir-se à
2ª e à 3ª pessoas. Por isso, seu emprego pode gerar
ambiguidade.
Ex.: Ele saiu com sua namorada.
A forma seu não é um possessivo quando
resultar da alteração fonética da palavra senhor:
Ex.: Muito obrigado, seu Eduardo.
3. PRONOMES DEMONSTRATIVOS
São pronomes que situam o ser no espaço e no
tempo, tomando como ponto de referência as três
pessoas gramaticais.
Variáveis Invariáveis
este(s), esta(s)
esse(s), essa(s)
aquele(s), aquela(s)
isto
isso
aquilo
As palavras o, a, os, as, mesmo, próprio,
semelhante e tal podem ser pronomes
demonstrativos.
Ex.: Hoje o que vejo é muita violência. (o =
aquilo)
Eles viram tal grandeza.
Nunca ouvi semelhante besteira.
Este, esta, isto, indicam o tempo presente em
relação ao falante.
Ex.: Esta noite está bonita.
Esse, essa, isso indicam o tempo passado ou o
futuro pouco distante.
Ex.: Procurei Frederico essa noite.
Aquele, aquela, aquilo indicam tempo muito
distante em relação ao falante.
Ex.: Naquele tempo não havia noite.
Para situar o que já foi anteriormente expresso:
esse, essa, isso.
Ex.: Encontramos várias soluções. Essas
soluções são boas.
Para situar o que vai ser expresso, utiliza-se este,
esta, isto.
Ex.: O fato é este: estamos sem dinheiro.
O pronome este retoma o elemento anterior mais
próximo e aquele retoma o mais distante.
Ex.: Jogarão hoje Alemanha e Brasil, este com
um futebol mais criativo e aquele com um
mais calculado.
4. PRONOMES INDEFINIDOS
Referem-se à 3ª pessoa gramatical de modo vago,
indeterminado.
Variáveis Invariáveis
algum(a), alguns, algumas
nenhum(a), nenhuns,
nenhumas
bastante, bastantes
todo(s), toda(s)
outro(s), outra(s)
muito(s), muita(s)
pouco(s), pouca(s)
certo(s), certa(s)
vário(s), vária(s)
tanto(s), tanta(s)
quanto(s), quanta(s)
qualquer, quaisquer
alguém
ninguém
tudo
outrem
nada
cada
algo
quem
menos
mais
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LOJA DO CONCURSEIRO - 29
5. PRONOMES INTERROGATIVOS
São aqueles empregados na formulação de
perguntas.
Ex..: Quem chegou?
Os pronomes interrogativos são que, quem,
quanto, como, onde e qual.
6. PRONOMES RELATIVOS
Referem-se a termos já expressos e, ao mesmo
tempo, introduzem uma oração dependente.
Ex.: Esta é a pessoa que eu amo.
Variáveis Invariáveis
o qual, a qual, os quais, as quais
cujo(s), cuja(s)
quanto(s), quanta(s)
que
quem
onde
CONJUNÇÃO
Conjunções são palavras invariáveis que unem
termos de uma oração ou unem orações. As
conjunções podem relacionar termos de mesmo
valor sintático ou orações sintaticamente
equivalentes - as chamadas orações coordenadas -
ou podem relacionar uma oração com outra que
nela desempenha função sintática -
respectivamente, uma oração principal e uma
oração subordinada.
Ex.: Nossa realidade social é precária e nefasta.
A situação social do país é precária, mas
ainda existem aqueles que só buscam
privilégios pessoais.
Não se pode deixar de perceber que a
situação social do país é precária.
São chamados locuções conjuntivas os
conjuntos de palavras que atuam como conjunções.
Essas locuções geralmente terminam em que: visto
que, desde que, ainda que, por mais que, à medida que,
à proporção que, etc.
Os mesmos critérios de classificação aplicados às
conjunções simples são aplicados às locuções
conjuntivas.
CLASSIFICAÇÃO
As conjunções são primeiramente classificadas em
coordenativas e subordinativas, de acordo com o tipo
de relação que estabelecem. As conjunções
coordenativas ligam termos ou orações sintaticamente
equivalentes. As conjunções subordinativas ligam uma
oração a outra que nela desempenha função sintática;
em outras palavras, ligam uma oração principal a uma
oração que lhe é subordinada.
De acordo com o sentido das relações que
estabelecem, as conjunções coordenativas são
classificadas em:
a) Aditivas (exprimem adição, soma): e, nem, não só...
mas também, etc.;
b) Adversativas (exprimem oposição, contraste): mas,
porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto,
não obstante, etc.;
c) Alternativas (exprimem alternância ou exclusão):
ou, ou... ou..., ora..., ora, já... já, etc;
d) Conclusivas (exprimem conclusão): logo, portanto,
por conseguinte, pois (posposto ao verbo), etc.;
e) Explicativas (exprimem explicação): pois (anteposto
ao verbo), que, porque, porquanto.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 30
Já as conjunções subordinativas são
classificadas em:
a) Integrantes (introduzem orações subordinadas
substantivas): que, se, como;
b) Causais (exprimem causa): porque, como, uma
vez que, visto que, já que, etc.;
c) Concessivas (exprimem concessão): embora,
ainda que, mesmo que, conquanto, apesar de
quê, etc.;
d) Condicionais (exprimem condição ou hipótese):
se, caso, desde que, contanto que, etc.;
e) Conformativas (exprimem conformidade):
conforme, consoante, segundo, como, etc.;
f) Comparativas (estabelecem comparação):
como, mais... (do) que, menos... (do) que, etc.;
g) Consecutivas (exprimem consequência): que, de
sorte que, de forma que, etc.;
h) Finais (exprimem finalidade): para que, a fim de
que, que, porque, etc.;
i) Proporcionais (estabelecem proporção): à
medida que, à proporção que, ao passo que,
quanto mais..., menos..., etc.;
j) Temporais (indicam tempo): quando, enquanto,
antes que, depois que, desde que, logo que,
assim que, etc.
INTERJEIÇÃO
Interjeições são palavras invariáveis que exprimem
emoções, sensações, estados de espírito,ou que
procuram agir sobre o interlocutor, levando-o a adotar
determinados comportamentos sem que se faça uso de
estruturas linguísticas mais elaboradas.
Observe:
Ah! pode exprimir prazer, deslumbramento,
decepção;
Psiu! pode indicar que se está querendo atrair a
atenção do interlocutor ou que se quer que ele faça
silêncio.
Em alguns casos, há um conjunto de palavras que
atua como uma interjeição: são as locuções
interjectivas, como Valha-me Deus! ou Macacos me
mordam!
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LOJA DO CONCURSEIRO - 31
VOZES DO VERBO
VOZ ATIVA: sujeito pratica a ação do verbo.
Maria pintou o quarto.
VOZ PASSIVA: sujeito sofre a ação do verbo. Só
V.T.D.
Maria foi agredida pelo noivo.
Comeu-se o bolo
VOZ REFLEXIVA: sujeito pratica e sofre a ação do
verbo.
Maria se pintou.
Os noivos se beijaram.
A VOZ PASSIVA PODE SER:
1. Analítica (Verbal): com locução verbal
v. SER + v. principal no particípio (-ADO/-IDO).
Sujeito sofre a ação; o agente da passiva pratica.
O texto será corrigido por um professor.
OU
2. Sintética (Pronominal): com pronome
apassivador
V.T.D.+ SE (pron. apassivador).
Perdeu-se a oportunidade. (= A oportunidade foi
perdida)
TRANSFORMAÇÃO DE VOZ VERBAL
Como passar da voz ativa para a passiva
Lembre-se: só passa para a voz passiva VTD.
1º. Transforme o Objeto Direto em sujeito da
passiva;
2º. Transforme o verbo da oração em locução
verbal, acrescentando verbo auxiliar SER antes
do principal (no particípio: –ADO/-IDO), sempre
respeitando o mesmo tempo utilizado na ativa;
3º. Transforme o sujeito em agente da passiva,
introduzido por preposição (POR/DE).
Fixação
Transformação para a passiva das frases abaixo.
A menina colheu a flor. (voz ativa)
=
A flor foi colhida pela menina. (voz passiva)
A menina havia colhido a flor. (voz ativa)
=
A flor havia sido colhida pela menina. (voz passiva)
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LOJA DO CONCURSEIRO - 32
V
A
R
IÁ
V
EI
S
IN
V
A
R
IÁ
V
EI
S
Como passar da voz passiva para a ativa
1º. Transforme o agente da passiva em sujeito;
2º. Transforme a locução verbal em VTD,
retirando o verbo auxiliar SER, sempre
respeitando o mesmo tempo utilizado na
passiva.
3º. Transforme o sujeito em OD da ativa.
Obs.: se não houver agente da passiva, o verbo
(na passagem para a ativa) ficará na 3ª pessoa
do plural, indicando indeterminação do sujeito.
Fixação
Transformação para a ativa das frases abaixo.
O cão fora atropelado pelo guarda. (voz passiva)
=
O guarda atropelara o cão. (voz ativa)
A carta tinha sido entregue. (voz passiva)
=
Tinham entregado a carta. (voz ativa)
Exemplos da transformação de vozes verbais
Colheram as flores. (voz ativa)
O.D.
=
Colheram-se as flores. (voz passiva sintética)
SUJEITO
=
As flores foram colhidas. (voz passiva analítica)
SUJEITO
MORFOSSINTAXE
1. Substantivo: palavra nuclear
2. Artigo
3. Numeral
PALAVRAS ADJETIVAS
4. Adjetivo referem-se a substantivo
e concordam com ele
5. Pronome
Refere-se ao sujeito|=|
6. Verbo
Se incompleto,
pede complemento |OD, OI, AP|
verbo
7. Advérbio refere-se a adjetivo
(modificando) advérbio.
não concorda
8. Preposição: liga termos, introduz orações reduzidas.
a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em,
entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás.
9. Conjunção: liga orações. As coordenativas (e, nem,
ou...) também ligam termos
10. Interjeição: exprime sentimento repentino, indica
saudação, apelo. Ai! Oh! Oi. Bom dia! Pelo amor da
vaca preta!
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LOJA DO CONCURSEIRO - 33
V
A
R
IÁ
V
E
IS
N
Ã
O
-E
X
P
R
ES
SO
SINTAXE
TERMOS DA ORAÇÃO
SUJEITO É o termo ao qual o verbo se refere e
com que deve concordar.
TIPOS DE SUJEITO
1. INEXISTENTE: com verbos impessoais.
2. SIMPLES: um único núcleo.
Núcleo: palavra fundamental
Uma grande mesa de mármore sumiu.
3. COMPOSTO: mais de um núcleo.
O pai da noiva e o noivo choravam.
4. OCULTO/ELÍPTICO/DESINENCIAL
Fomos à feira. (nós)
Desce daí. (tu)
5. INDETERMINADO:
Verbo na 3ª pessoa do plural, sem sujeito
expresso ou subentendido. (Tocaram a
campainha)
Verbo na 3ª pessoa do singular (menos o
VTD/VTDI) com o índice de indeterminação
do sujeito SE. (Vive-se pouco. Aqui se
trabalha.)
PREDICAÇÃO DO VERBO
OS VERBOS PODEM SER:
NÃO-NOCIONAIS
Verbo auxiliar (só tem função sintática)
Verbo de ligação
NOCIONAIS (DE AÇÃO)
Verbo intransitivo
Verbo transitivo direto
Verbo transitivo indireto
Verbo transitivo direto e indireto
DE LIGAÇÃO: liga sujeito a predicativo (característica do
sujeito).
Ser, estar, ficar e sinônimos.
Predicativo: exprime estado ou qualidade.
Eu fiquei triste. Mauro anda cansado.
Ela continua séria.
INTRANSITIVO: não pede complemento substantivo
(mas pode pedir complemento adverbial).
A menina cresceu. A cidade dormia. Moro em Belém.
TRANSITIVO: pede complemento substantivo.
Conhecia Paris. O livro pertence a mim.
DIRETO: não exige preposição. Complemento: O.D.
Carlos encontrou um troféu.
Descobri a fórmula.
INDIRETO: exige preposição. Complemento: O.I.
Preposições: a, ante, após, até, com, contra, de,
desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob,
sobre e trás.
Acredita em nós. A vitória dependia de sorte.
DIRETO e INDIRETO: complementos: O.D. e O.I.
Devo favores a papai. Ofereci comida ao mendigo.
EX
P
R
ES
SO
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Profª Yara Coeli
LOJA DO CONCURSEIRO - 34
TE
R
M
O
S
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A
V
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B
O
SINTAXE DA ORAÇÃO
1. SUJEITO(substantivo) termo essencial
2. OBJETO DIRETO (substantivo) completa
sentido de VTD sem preposição, não ocorre
na voz passiva. (O.D. se transforma em
sujeito na VOZ PASSIVA)
3. OBJETO INDIRETO (substantivo)
completa VTI c/ preposição.
4. AGENTE DA PASSIVA (substantivo)
completa locução verbal, pratica a ação na
voz passiva, é introduzido por preposição
por ou de.
5. ADJUNTO ADVERBIAL (advérbio – sem
preposição - ou locução adverbial – com
preposição) indica circunstância de tempo,
modo, lugar, instrumento...
6. ADJUNTO ADNOMINAL artigo, numeral,
pronome, adjetivo ou locução adjetiva,
juntos do nome. Indicam característica
própria. (=É)
7. PREDICATIVO (adjetivo)
DO SUJEITO é separado do nome por verbo
ou vírgula, indica uma característica não-
própria. (=ESTAVA)
DO OBJETO fica junto do nome, mas fica
implícita a expressão “como sendo” e indica
característica atribuída ao objeto pelo
sujeito.
8. APOSTO substantivo esclarece um
termo anteriormente citado, geralmente
com pontuação.
9. COMPLEMENTO NOMINAL (substantivo)
completa o sentido de um nome incompleto
que exige esse complemento
preposicionado (regência nominal).
10. VOCATIVO (substantivo)
chamamento, indica com quem se fala, vem
separado por vírgula.
TERMOS QUE SE REFEREM A VERBO
1. OBJETO DIRETO: complemento verbal sem
preposição.
Poucas pessoas já leram esse livro.
VTD OD
O objeto direto caracteriza-se pelo seguinte:
Frase com OD pode ser transpostapara a voz
passiva.
Eu aplaudi o cantor. (voz ativa)
VTD OD
=
O cantor foi aplaudido por mim. (v. passiva)
SUJEITO
O OD da voz ativa torna-se o sujeito da voz passiva.
Objeto direto preposicionado: a preposição, no
entanto, não é exigida pelo verbo e pode até ser
eliminada.
A notícia surpreendeu a todos.
SUJEITO VTD OD PREP.
2. OBJETO INDIRETO: é o complemento verbal que,
obrigatoriamente, vem iniciado por uma
preposição.
Muitos já desconfiavam de você.
V.T.I. OBJ. IND.
3. AGENTE DA PASSIVA: pratica a ação verbal na voz
passiva, corresponde ao sujeito da ativa e sempre se
inicia pela preposição POR/PELO e DE.
Muitas árvores foram destruídas pelo vento.
suj paciente ag. da passiva
4. ADJUNTO ADVERBIAL: termo que se relaciona ao
verbo para acrescentar uma circunstância qualquer
(tempo, modo, negação, causa, lugar, dúvida etc.).
Talvez ele não vá à cidade hoje.
adj. adv. adj. adv. adj. adv. adj. adv.
de dúvida de negação de lugar de tempo
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LOJA DO CONCURSEIRO - 35
TERMOS QUE SE REFEREM A NOME
1. ADJUNTO ADNOMINAL: se relaciona a um
nome (substantivo) para detalhar melhor esse
nome. Pode ser artigo, numeral, pronome ou
adjetivo.
Pequenos flocos de espuma boiavam.
adj. adn. nome adj, adn.
2. PREDICATIVO: (adjetivo) termo que expressa
uma característica, um estado, um modo de ser
do nome. O predicativo relaciona-se ao nome
sempre através de um verbo de ligação
(expresso ou subtendido).
O predicativo pode ser:
Predicativo do sujeito: quando a característica
é atribuída ao sujeito da oração.
Os jogadores estavam nervosos.
suj. v. lig. predicat. do suj.
Predicativo do objeto: quando a característica é
atribuída ao objeto da oração.
Ninguém considerou certa sua atitude.
suj. v.t.d. predicat. do obj. obj. dir.
Observe que o verbo de ligação está subtendido:
Ninguém considerou (como sendo) certa sua
atitude.
3. COMPLEMENTO NOMINAL: relaciona-se a
nomes de sentido incompleto a fim de
completá-los. Assemelha-se ao objeto indireto,
mas o objeto indireto inicia-se por uma
preposição e completa o sentido de verbos,
enquanto o complemento nominal completa o
sentido de nomes.
A população ficou revoltada com as mudanças.
nome incomp. (adjetivo) compl. nom.
4. APOSTO: explica melhor um termo anteriormente
citado, esclarecendo-lhe o sentido.
Explicativo:
O veículo, um caminhão velho e torto, desapareceu.
Denominativo
A professora Genoveva chegou.
VOCATIVO
O vocativo é um termo usado para chamar a
atenção da pessoa com quem se fala. O vocativo não
pertence nem ao sujeito, nem ao predicado da oração.
A vida, meu pai, está triste agora.
suj. vocativo predicado
CLASSIFICAÇÃO DO PREDICADO
A classificação do predicado depende do tipo de verbo
que ele contém.
1. VERBAL: sem predicativo.
Núcleo: verbo (de ação)
O homem partiu cedo.
2. NOMINAL: com verbo de ligação.
Núcleo: predicativo do sujeito.
O homem estava furioso.
3. VERBO-NOMINAL: com verbo intransitivo ou
transitivo + predicativo.
Núcleos: verbo e predicativo.
O homem partiu furioso.
Achei minha cidade diferente
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LOJA DO CONCURSEIRO - 36
DICAS
PRONOMES OBLÍQUOS COMO OBJETOS
O, A, OS, AS sempre OD.
Todos O criticaram.
OD VTD
LHE, LHESsempre OI.
Sempre LHE obedeço.
OI VTI
ME, TE, SE, NOS, VOS a classificação depende do
verbo.
Eu TE conheço.
OD VTD
Eu TE obedeço.
OI VTI
Os pronomes átonos me, te, nos, vos e lhe que
assumem valor possessivo (=meu, teu, nosso,
vosso, seu), classificam-se, em tais situações, como
adjuntos adnominais.
Corte-me o cabelo (=meu)
Analisei-lhe a questão (=sua)
Termo preposicionado referindo-se a nome
pode ser:
ADJUNTO ADNOMINAL ou COMPLEMENTO NOMINAL
Para distinguir um do outro:
Analise o nome ao qual o termo preposicionado se
refere:
Se o nome for substantivo concreto, o termo
preposicionado é Adjunto Adnominal.
Ruas de terra
Se o nome for adjetivo ou advérbio, o termo
preposicionado é Complemento Nominal.
Ele é rico de coceira
Moro perto da igreja
Se o nome for um substantivo abstrato que indicar
uma ação, se o termo preposicionado PRATICAR a
ação expressa pelo nome, é Adjunto Adnominal; se
RECEBER a ação, é Complemento Nominal
A conquista do atleta
Adjunto adnominal – pratica a ação do nome
“conquista”
A conquista da medalha
Complemento nominal – recebe a ação do nome
“conquista”
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LOJA DO CONCURSEIRO - 37
COESÃO E COERÊNCIA. CONECTORES
Coesão e coerência
O texto é um conjunto harmônico de
elementos, associados entre si por processos de
coordenação ou subordinação. Os fonemas (sons da
fala), representados graficamente pelas letras, se
unem constituindo as palavras. Estas, por sua vez,
ligam-se para formar as orações, que passam a se
agrupar constituindo os períodos. A reunião de
períodos dá origem aos parágrafos. Estes também
se unem, e temos então o conjunto final, que é o
texto.
No meio de tudo isso, há certos elementos
que permitem que o texto seja inteligível, com suas
partes devidamente relacionadas. Se a ligação entre
as partes do texto não for bem feita, o sentido
lógico será prejudicado. Observe atentamente o
trecho seguinte.
Levantamos muito cedo. Fazia frio e a água
havia congelado nas torneiras.
Até os animais, acostumados com baixas
temperaturas, permaneciam, preguiçosamente, em
suas tocas. Apesar disso, deixamos de fazer nossa
caminhada matinal com as crianças.
O trecho é composto por vários períodos,
agrupados em dois segmentos distintos. No
primeiro, fala-se do frio intenso e suas
consequências; no segundo, a decisão de não fazer
a caminhada matinal. O que aparece para fazer a
ligação entre esses dois segmentos? A locução
apesar disso. Ora, esse termo tem valor concessivo,
liga duas coisas contraditórias, opostas; mas o que
segue a ele é uma consequência do frio que fazia
naquela manhã. Dessa forma, no lugar de apesar
disso, deveríamos usar por isso, por causa disso, em
virtude disso etc.
Conclui-se o seguinte: as partes do texto
não estavam devidamente ligadas. Diz-se então que
faltou coesão textual.
Consequentemente, o trecho ficou sem
coerência, isto é, sem sentido lógico.
Resumindo, podemos dizer que a coesão é a
ligação, a união entre partes de um texto; coerência
é o sentido lógico, o nexo.
Elementos conectores
Qualquer vínculo estabelecido entre as palavras, as
orações, os períodos ou os parágrafos podemos chamar
de coesão. Toda palavra ou expressão que se refere a
coisas passadas no texto, ou mesmo às que ainda virão,são elementos conectores. Os termos a que eles se
referem podem ser chamados de referentes. Eis os
conectores mais importantes:
1) Pronomes pessoais, retos ou oblíquos
Ex.: Meu filho está na escola. Ele tem uma prova hoje.
Ele = meu filho (referente)
Carlos trouxe o memorando e o entregou ao chefe.
o = memorando (referente)
2) Pronomes possessivos
Ex.: Pedro, chegou a sua maior oportunidade.
Sua = Pedro (de Pedro)
3) Pronomes demonstrativos
Os demonstrativos estão entre os mais
importantes conectores da língua portuguesa.
Frequentemente se criam questões de interpretação ou
compreensão com base em seu emprego. Veja os casos
seguintes.
a) O filho está demorando, e isso preocupa a mãe.
Isso = O filho está demorando.
b) Isto preocupa a mãe: o filho está demorando.
Isto = o filho está demorando.
Isso (esse, esses, essa, essas) é usado para fazer
referência a coisas ou fatos já citados no texto. Isto
(este, estes, esta, estas) refere-se a coisas ou fatos que
ainda serão citados no texto.
c) O homem e a mulher estavam sorrindo. Aquele
porque foi promovido; esta por ter recebido um
presente.
Aquele = homem esta = mulher
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LOJA DO CONCURSEIRO - 38
Temos aqui uma situação especial de
coesão: evitar a repetição de termos por meio do
emprego de este (estes, esta, estas) e aquele
(aqueles, aquela, aquelas). Não se usa, aqui, o
pronome esse (esses, essa, essas). Com relação ao
exemplo, a palavra aquele refere-se ao termo mais
afastado (homem), enquanto esta, ao mais próximo
(mulher).
4) Pronomes indefinidos
Ex.: Naquela época, os homens, as mulheres, as
crianças, todos acreditavam na vitória.
todos = homens, mulheres, crianças
5) Pronomes relativos
Ex.: Havia ali pessoas que me ajudavam.
(que= as quais)
que = pessoas
No caso do pronome relativo, o seu referente
costuma ser chamado de antecedente.
6) Pronomes interrogativos
Ex.: Quem será responsabilizado? O rapaz do
almoxarifado, por não ter conferido os materiais.
Quem = rapaz do almoxarifado
7) Substantivos
Ex.: José e Helena chegaram de férias. Crianças
ainda, não entendem o que aconteceu com o
professor.
Crianças = José e Helena
8) Advérbios
Ex.: A faculdade ensinou-o a viver. Lá se tornou um
homem.
Lá = faculdade
9) Preposições: ligam palavras dentro de uma mesma
oração. Em casos excepcionais, ligam duas orações. Elas
não possuem referentes no texto, simplesmente
estabelecem vínculos.
Ex.: Preciso de ajuda.
Morreu de frio.
Nas duas frases, a preposição liga um verbo a
um substantivo. Na primeira, em que introduz um
objeto indireto (complemento verbal com preposição
exigida pelo verbo), ela é destituída de significado. Diz-
se que tem apenas valor relacional. Na segunda, em
que introduz adjunto adverbial, ela possui valor
semântico ou nocional, uma vez que a expressão que
ela inicia tem um valor de causa. Veja, a seguir, os
principais valores semânticos das preposições.
• De causa :Perdemos tudo com a seca.
• De matéria: Trouxe copos de papel.
• De assunto: Falavam de política.
• De fim ou finalidade: Vivia para o estudo.
• De meio: Falaram por telefone.
• De instrumento: Feriu-se com a tesoura.
• De condição: Ele não vive sem feijão.
• De posse: Achei o livro de André.
• De modo: Agiu com tranquilidade.
• De tempo: Retomaram de manhã.
• De companhia: Passeou com a irmã.
• De afirmação: Irei com certeza.
• De lugar : Ele veio de casa
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LOJA DO CONCURSEIRO - 39
SINTAXE DO PERÍODO
CONCEITO
a) FRASE: enunciado de sentido completo:
Fogo! Fogo! Fogo!
b) ORAÇÃO: enunciado construído em torno de
um verbo ou locução verbal:
A noite estava linda. Maria estava
dormindo.
c) PERÍODO: enunciado de sentido completo
construído em torno de uma ou mais orações:
Maria disse que viria.
d) PERÍODO SIMPLES: contém uma só oração:
A rua estava iluminada.
e) PERÍODO COMPOSTO: frase com mais de uma
oração .
"Matamos o tempo: o tempo nos enterra." (M. A.)
1ª ORAÇÃO 2ª ORAÇÃO
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES
ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS
Podem ser substituídas pela palavra ISSO.
Disse que viria . (=Disse isso)
Têm as funções próprias do substantivo e são
introduzidas pelas conjunções integrantes que e se.
1) SUBJETIVA - funciona como sujeito.
Ex.: É necessário que você fale a verdade.
Sabe-se que o jornal mentiu.
2) OBJETIVA DIRETA - funciona como objeto direto.
Ex.: Espero que ele volte.
Não sabemos se ele veio.
3) OBJETIVA INDIRETA - funciona como objeto
indireto.
Ex.: Ele necessitava de que você o ajudasse.
4) COMPLETIVA NOMINAL - funciona como
complemento nominal.
Ex.: Tínhamos dúvida de que daria certo.
5) PREDICATIVA - funciona como predicativo do
sujeito. Aparece verbo de ligação na oração
principal.
Ex.: Nossa esperança é que os povos vivam em
paz.
6) APOSITIVA - funciona como aposto.
Ex.: Queremos somente isto: que a distribuição de
renda seja mais justa.
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Têm o valor e a função próprios do adjetivo. São
introduzidas por pronomes relativos: que, o qual (e
variações), quem, onde, cujo (e variações).
Ex.: Há situações que não desejamos nunca.
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS
ADJETIVAS:
1) restritivas - são aquelas que restringem o sentido do
termo a que se referem.
Ex.: Os homens que são honestos merecem nosso
diálogo.
2) explicativas - são aquelas que tomam o termo a que
se referem no seu sentido amplo, destacando sua
característica principal ou esclarecendo melhor sua
significação.
Ex.: Os homens, que são seres racionais, merecem
nosso diálogo.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 40
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
Funcionam como adjuntos adverbiais da
oração principal. Aparecem introduzidas por
conjunções subordinativas, com exceção das
integrantes.
1) temporais - exprimem ideia de tempo: quando,
logo que, até que, sempre que, enquanto, assim
que...
Ex.: Quando os gatos saem, os ratos fazem a
festa.
2) causais - exprimem ideia de causa: porque, já
que, visto que, como, uma vez que...
Ex.: Como era doente, poucos queriam o seu
trabalho.
3) condicionais - exprimem ideia de condição: se,
caso, desde que, contanto que...
Ex.: Caso ele venha cedo, iremos ao cinema.
4) proporcionais - exprimem ideia de proporção: à
medida que, à proporção que, quanto mais,
quanto menos...
Ex.: À medida que chovia, a população ia
deixando suas casas.
5) finais - exprimem ideia de finalidade: para que, a
fim de que...
Ex.: Fiz uma festa bonita, a fim de que todos
gostassem.
6) consecutivas - exprimem ideia de consequência:
que (precedido de tal, tão, tanto, tamanho)...
Ex.: Chorou tanto que a família se
surpreendeu.
7) conformativas - exprimem ideia de
conformidade: como, segundo, conforme...
Ex.: O livro foi publicado como nós pedimos.
8) concessivas - exprimem ideia contrária ao fato
expresso na oração principal: embora, ainda que, se
bem que...
Ex.: Embora chovesse, fomos à praia.
9) comparativas - exprimem ideia de comparação:
como, mais...que, menos...que...
Ex.: O ciclista era tão rápido quanto o
pensamento.
ORAÇÃO REDUZIDA: Oração subordinada com verbo
em forma nominal. Sem conectivo.
1) De infinitivo - substantiva, adjetiva ou adverbial.
Eu era o único homem a sorrir. (adjetiva restritiva)
2) De gerúndio - adjetiva ou adverbial.
Chegando à cidade, receberás a carta. (adverbial
temporal)
3) De particípio – adjetiva e adverbial.Concedido o aumento, voltaremos. (adverbial
condicional)
CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS
São as que iniciam as orações subordinadas. Podem ser:
1) INTEGRANTES: são as únicas desprovidas de valor
semântico; iniciam orações que completam o sentido
da outra; tais orações são chamadas de subordinadas
substantivas (= ISSO).
São apenas duas: que e se
Ex.: É bom que o problema seja logo resolvido.
Veja se ele já chegou.
Obs.: As palavras que e se, nos exemplos acima, iniciam
orações que funcionam, respectivamente, como sujeito
e objeto direto da oração principal.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 41
2) CAUSAIS: iniciam orações que indicam a causa do
que está expresso na oração principal.
Principais conjunções: porque, pois, que,
porquanto, já que, uma vez que, como, visto que,
visto como.
Ex.: O gato miou porque pisei seu rabo.
Estava feliz pois encontrou a bola.
Já que me pediram, vou continuar.
Visto que vai chover, sairemos agora mesmo.
Como fazia frio, pegou o agasalho.
3) CONDICIONAIS: introduzem orações que
estabelecem uma condição para que ocorra o que
está expresso na oração principal.
Principais conjunções: se, caso, desde que, a menos
que, salvo se, sem que, contanto que, dado que,
uma vez que.
Ex.: Explicarei a situação, se isso for importante
para todos.
Caso me solicitem, escreverei uma nova carta.
Você será aprovado, desde que se esforce mais.
Contanto que todos participem da reunião, os
projetos serão apresentados.
Uma vez que ele tente, poderá alcançar o objetivo.
4) CONCESSIVAS: começam orações com valor de
concessão, isto é, ideia contrária à da oração
principal.
Principais conjunções: embora, ainda que, mesmo
que, conquanto, posto que, se bem que, por mais
que, suposto que, apesar de que, sem que, que,
nem que.
Ex.: Embora gritasse, não foi atendido.
Perderia a condução mesmo que acordasse cedo.
Conquanto estivesse com dores, esperou
pacientemente.
Posto que me tenham convidado bastante, não quis
participar.
Por mais que tentem explicar, o caso continua
confuso.
Sem que tenha grandes virtudes, é adorado por todos.
Doente que estivesse, participaria da maratona.
Fale, nem que seja por um minuto apenas.
5) COMPARATIVAS: introduzem orações com valor de
comparação.
Principais conjunções: como, (do) que, qual, quanto,
feito, que nem.
Ex.: Ele sempre foi ágil como o pai.
Maria estuda mais que a irmã. (ou do que)
Estava parado feito uma estátua.
Ele agiu tal qual eu lhe pedira.
Observações
a) Geralmente o verbo da oração comparativa é o
mesmo da principal e fica subentendido. É o que ocorre
nos cinco primeiros exemplos.
b) As conjunções feito e que nem são de emprego
coloquial.
6) CONFORMATIVAS: principiam orações com valor de
acordo em relação à principal.
Principais conjunções: conforme, segundo, consoante,
como.
Ex.: Fiz tudo conforme me solicitaram.
Segundo nos contaram, o jogo foi anulado.
Pedro tomou uma decisão consoante determinava a sua
consciência.
Carlos é inteligente como os pais sempre afirmaram.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 42
7) CONSECUTIVAS: iniciam orações com valor de
consequência.
Principais conjunções: que (depois de tão, tal,
tanto, tamanho, claros ou ocultos), de sorte que,
de maneira que, de modo que, de forma que.
Ex.: Falou tão alto que acordou o vizinho.
Gritava que era uma barbaridade. (Gritava tanto ... )
Eu lhe expliquei tudo, de modo que não há motivos
para discussão.
8) PROPORCIONAIS: começam orações que
estabelecem uma proporção.
Principais conjunções: à proporção que, à medida
que, ao passo que, quanto (em correlações do tipo
quanto mais ... mais, quanto menos ... menos,
quanto mais ... menos, quanto menos ... mais,
quanto maior...maior, quanto menor...menor).
Ex.: Seremos todos felizes à proporção que
amarmos.
À medida que o tempo passava, crescia a nossa
expectativa.
O ar se tornava rarefeito ao passo que subíamos a
montanha.
Quanto mais nos preocuparmos, mais ficaremos
nervosos.
Quanto menos estudamos, menos progredimos.
Quanto maior for o preparo, maior será a
oportunidade.
9) FINAIS: introduzem orações com valor de
finalidade.
Principais conjunções: para que, a fim de que, que,
porque.
Ex. : Fechou a porta para que os animais não
entrassem.
Trarei minhas anotações a fim de que você me
ajude.
Faço votos que sejas feliz. (= para que)
Esforcei-me porque tudo desse certo. (= para que)
10) TEMPORAIS: introduzem orações com valor de
tempo.
Principais conjunções: quando, assim que, logo que,
antes que, depois que, mal, apenas, que, desde que,
enquanto.
Ex.: Cheguei quando eles estavam saindo.
Assim que anoiteceu, fomos para casa.
Mal a casa foi reformada, a família se mudou.
Estávamos lá desde que ele começou a lecionar.
Enquanto o filho estudava, a mãe fazia comida.
Observações finais
a) Apesar de e em que pese a são locuções prepositivas
com valor de concessão. Ligam palavras dentro de uma
mesma oração ou introduzem orações reduzidas de
infinitivo.
Ex.: Apesar do aviso de perigo, ele resolveu escalar a
montanha.
Apesar de ventar muito, fomos para a pracinha.
Em que pese a vários pedidos do chefe, o caixa não fez
serão.
Em que pese a ter treinado bem, foi colocado na
reserva.
b) Algumas conjunções coordenativas às vezes ligam
palavras dentro de uma mesma oração.
Ex. Carlos e Rodrigo são irmãos.
Não encontrei Sérgio nem Regina.
Comprarei uma casa ou um apartamento.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 43
ORAÇÕES COORDENADAS
São independentes, não exercem função sintática
umas em relação às outras. Podem ser:
1) ASSINDÉTICAS - são as orações não ligadas por
conectivo, conjunção.
Ex.: Chegou, gostou, ficou para sempre.
2) SINDÉTICAS - são as orações ligadas por
conectivos, conjunções.
Ex.: Olho e sinto falta de alguma coisa nesta
sala.
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES COORDENADAS
SINDÉTICAS
1) ADITIVAS - ideia de soma: e, nem, mas também,
como também.
Ex.: Não veio nem telefonou.
2) ADVERSATIVAS - ideia de contraste: mas, porém,
todavia, contudo, no entanto, entretanto.
Ex.: A população quis falar ao prefeito, mas não
foi atendida.
3) ALTERNATIVAS - ideia de alternância: ou;
ou...ou; ora...ora; já...já; quer...quer.
Ex.: Ora chama pela mãe, ora procura o pai.
4) EXPLICATIVAS - expressam motivo: porque, que,
pois (antes do verbo)
Ex.: Cubatão é uma vergonha nacional, pois é a
cidade mais poluída do país.
5) CONCLUSIVAS - ideia de conclusão: logo,
portanto, por conseguinte, pois (depois do
verbo).
Ex.: Falta carne no mercado; conheça, pois, a
comida vegetariana.
CONJUNÇÕES E LOCUÇÕES CONJUNTIVAS
Conjunções coordenativas
São as que iniciam orações coordenadas.
Podem ser:
1) ADITIVAS: estabelecem uma adição, somam coisas
ou orações de mesmo valor.
Principais conjunções: e, nem, (não só) mas também,
(não só) como também, senão também, como, bem
como, quanto, tampouco.
Ex. : Fechou a porta e foi tomar café.
Não trabalha nem estuda.
Tanto lê como escreve.
Não só pintava, mas também fazia versos.
2) ADVERSATIVAS: estabelecem ideias opostas,
contrastantes.
Principais conjunções: mas, porém, contudo, todavia,
entretanto, no entanto, não obstante, senão, que.
Ex.: Correu muito, mas não se cansou.
As árvores cresceram, porém não estão bonitas.
Falou alto, todavia ninguém escutou.
Peça isso a outra pessoa, que não a mim.
Obs.: Às vezes, a palavra e, normalmente aditiva,
assume valor adversativo.
Ex.: Fiz muito esforço e nada consegui, (mas nada
consegui)3) CONCLUSIVAS: estabelecem conclusões a partir do
que foi dito inicialmente.
Principais conjunções: logo, portanto, por conseguinte,
pois (colocada depois do verbo), por isso, então,
assim, em vista disso.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 44
Ex.: Chegou muito cedo, logo não perdeu o início do
espetáculo.
É bastante cuidadoso; consegue, pois, bons
resultados.
Estava desanimado, por conseguinte deixou a
empresa.
4) ALTERNATIVAS: ligam ideias que se alternam ou
mesmo se excluem.
Principais conjunções: ou, ou ... ou, ora ... ora, já ..
.já, quer...quer, seja... seja.
Ex.: Faça sua parte, ou procure outro emprego.
Ora narrava, ora comentava.
"Já atravessa as florestas, já chega aos campos do
Ipu. " (J.A.)
5) EXPLICATIVAS: justificam o que se diz na 1ª
oração.
Principais conjunções: porque, pois, que,
porquanto.
Ex.: Chorou muito, porque os olhos estão inchados.
Choveu durante a madrugada, pois o chão está
alagado.
Volte logo, que vai chover.
Era uma criança estudiosa, porquanto tirava boas
notas.
Obs.: Depois de imperativo, elas só podem ser
coordenativas explicativas, como no terceiro
exemplo.
CONJUNÇÕES COM MAIS DE UM VALOR
Mas pode ser:
a) Coordenativa adversativa (=porém)
b) Coordenativa aditiva (seguida de também; equivale a
como)
E pode ser:
a) Coordenativa aditiva
b) Coordenativa adversativa (= mas)
c) Coordenativa conclusiva. (=portanto)
Pois pode ser:
a) Coordenativa explicativa/causal (=porque)
b) Coordenativa conclusiva (=portanto)
Porque pode ser:
a) Coordenativa explicativa/causal
b) Subordinativa final (= para que)
Uma Vez Que pode ser:
a) Subordinativa causal (= porque)
b) Subordinativa condicional (=se = caso)
Como pode ser:
a) Coordenativa aditiva (= e)
b) Subordinativa causal (= Porque)
c) Subordinativa comparativa (=tal qual)
d) Subordinativa conformativa (=conforme)
Se pode ser:
a) Subordinativa condicional (= caso)
b) Subordinativa integrante (oração = ISSO)
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LOJA DO CONCURSEIRO - 45
Desde Que pode ser:
a) Subordinada condicional (=se = caso)
b) Subordinativa temporal (=momento)
Sem Que pode ser:
a) Subordinativa condicional (=se = caso)
b) Subordinativa concessiva (=embora)
Quanto pode ser:
a) Coordenativa aditiva
b) Subordinativa comparativa
c) Subordinativa proporcional
Porquanto é sempre igual a Porque
Conquanto é sempre igual a Embora
FUNÇÕES DA PALAVRA SE
1. CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA CONDICIONAL
(= CASO)
Se não chover, partiremos à tarde.
2. CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA INTEGRANTE
(ORAÇÃO=ISSO)
Ninguém sabe se ele venceu a partida
3. PRONOME REFLEXIVO
(=A SI MESMO)
Sujeito pratica e sofre a ação
O lenhador machucou-se com a foice.
(=machucou a si mesmo)
4. PRONOME REFLEXIVO RECÍPROCO
(= UM AO OUTRO)
Ação mútua
Pai e filho abraçaram-se emocionados.
(=abraçaram um ao outro)
5. PARTE INTEGRANTE DO VERBO
Com verbos pronominais. Arrepender-se,
apaixonar-se, referir-se, suicidar-se.
Os atletas queixaram-se do tratamento recebido.
6. PARTÍCULA EXPLETIVA (OU DE REALCE)
Usada para enfatizar a ação verbal. com V.I.: ir-se.
Lá se vai mais um caminhão de verduras.
7. PRONOME APASSIVADOR
(VTD + SE)
Usado para indicar que o sujeito recebe a ação
verbal. A frase pode passar para a voz passiva analítica .
Reformam-se móveis.
=
(Móveis são reformados)
8. ÍNDICE DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO
Indetermina o sujeito da oração. Esse tipo de
oração não admite a passagem para a voz passiva
analítica e o verbo estará sempre na 3ª pessoa do
singular.
Vive-se bem naquele país.
Precisava-se de mais funcionários.
FUNÇÕES DO “QUÊ”
1. SUBSTANTIVO: antecedido por artigo, pronome
adjetivo ou numeral, é sempre acentuada (quê).
Ex. A decisão do tribunal teve um quê de corrupção.
2. PRONOME ADJETIVO: aparece antes de
substantivos, apenas modificando-o .
Ex. Que mulher linda!!
3. ADVÉRBIO: intensifica adjetivos e advérbios. Pode
ser substituído por quão ou muito; é usado em
frases exclamativas.
Ex. Que linda essa garota!
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LOJA DO CONCURSEIRO - 46
4. PREPOSIÇÃO: equivale à preposição de em
locuções verbais que tenham, como auxiliares,
ter ou haver.
Ex. Temos que estudar bastante.
Tive que trazer tudo.
5. INTERJEIÇÃO: exprime emoção, estado de
espírito; é sempre exclamativa e acentuada
(quê).
Ex. Quê?! Você não viajou??
6. PARTÍCULA EXPLETIVA OU DE REALCE:
empregado para realce ou ênfase; sua retirada
não altera o sentido da frase. Pode ser usado
com o verbo ser, na locução é que.
Ex. Nós é que precisamos de ajuda.
Eles que o procuraram.
7. PRONOME INTERROGATIVO: empregado em
frases interrogativas.
Ex. Vocês farão o quê?
8. PRONOME INDEFINIDO: aparece antes de
substantivos em frases geralmente
exclamativas. Pode ser substituído por
quanto(s), quanta(s).
Ex. Que sujeira!!
9. PRONOME RELATIVO: aparece após
substantivos, podendo ser substituído por o(a)
qual, os(as) quais.
Ex. É belíssima a garota que (= a qual) me
apresentaste.
10. CONJUNÇÃO COORDENATIVA ADITIVA: inicia
oração coordenada sindética aditiva; (=e).
Ex. Estudava que estudava, mas não assimilava
a matéria.
11. CONJUNÇÃO COORDENATIVA EXPLICATIVA: inicia
oração coordenada sindética explicativa. (=pois ou
porque)
Ex. Venha até aqui, que precisamos conversar.
12. CONJUNÇÃO COORDENATIVA ADVERSATIVA: inicia
oração coordenada sindética adversativa. Indica
oposição, ressalva, apresentando valor equivalente
a mas.
Ex. Outra pessoa, que não eu, deveria cumprir essa
tarefa.
13. CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA INTEGRANTE: inicia
oração subordinada substantiva (=ISSO).
Ex. Julgo que sua ascensão foi rápida.
Julgo ISSO
14. CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA CONSECUTIVA:
inicia oração subordinada adverbial consecutiva;
aparece, em geral, nas expressões tão... que,
tanto... que, tamanho... que e tal... que.
Ex. Esforçou-se tanto, que desmaiou.
15. CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA COMPARATIVA:
inicia oração subordinada adverbial comparativa;
aparece nas expressões mais... que, menos... que.
Ex. Ele é mais chato que o tio.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 47
PONTUAÇÃO
1. PONTO ( . )
É usado para finalizar uma frase declarativa ou
imperativa.
Ex.: A noite está bonita.
Estude bastante.
2. DOIS PONTOS ( : )
São usados:
a) para indicar a fala das personagens.
Ex.: E o vizinho disse:
Preciso conversar com ele.
b) antes de uma citação.
Ex.: O trabalhador gritou: "Avante, Brasil!"
c) nas enumerações
Ex.: Isto é tudo o que eu quero da vida: o
saber e o amor.
d) para anunciar uma explicação.
Ex.: Duas coisas são vitais para um mundo
melhor: honestidade e paz.
3. TRAVESSÃO ( )
É usado:
a) para indicar a fala da personagem num
diálogo.
Ex.: Quantos quilos você trouxe?
Dois quilos. E você?
b) para destacar ou intercalar palavras,
expressões, frases, equivalendo aos parênteses:
Ex.: Fica na moita disse baixinho o
camarada e não espalha.
c) para ligar palavras em cadeia de um itinerário.
Ex.: Fiz uma viagem CuritibaFoz do
Iguaçu.
4. PONTO DE INTERROGAÇÃO ( ? )
Usado nas frases interrogativas diretas.
Ex.: Quem disse isso?
5. PONTO DE EXCLAMAÇÃO ( ! )
Empregado nas frases exclamativas e imperativas.
Ex.: Que dia maravilhoso!
Não diga nada!
6. PONTO E VÍRGULA ( ; )
É usado :
a) para indicar pausa maior que a da vírgula.Ex.: A prece do pobre é um pedido; a do rico, um
recibo
b) separar partes de períodos que já apresentam
divisões assinaladas por vírgulas.
Ex.: A terra é redonda; meu pai, quadrado.
c) separar os itens de enunciados enumerativos.
Ex.: Compramos três filhotes: o primeiro, macho, de
capa preta; o segundo, também macho,
predominantemente marrom; o terceiro, uma
fêmea, brincalhona e de olhinhos carentes.
d) separar orações coordenadas extensas.
Ex.: Cheguei a supor que fosse uma cilada; mas
adverti logo que havia outros meios de capturar-me
7. ASPAS (" ")
São usadas:
a) nas citações ou transcrições
Ex.: Como disse Fernando Pessoa: "O poeta é um
fingidor."
b) na referência a títulos de livros.
Ex.: Machado de Assis escreveu "Dom
Casmurro."
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LOJA DO CONCURSEIRO - 48
c) para destacar palavras que representam
estrangeirismo, vulgarismo, ironia, gíria.
Ex.: Este salão está um "show".
"Lindo"! Você estragou a surpresa.
d) quando a palavra é escrita, de propósito, de
forma incorreta.
Ex.: Onde está meu "fiu", "muié"?
8. RETICÊNCIAS (...)
São usadas para indicar:
a) interrupção do pensamento.
Ex.: Mas assim, nada feito...
b) hesitação
Ex.: Bem... não sei bem por quê ...
c) prolongamento de uma ideia.
Ex.: Poxa! Como é bom sonhar, sonhar...
9. VÍRGULA ( , )
Observação: Não se admite, no interior de
orações, o uso da vírgula para separar o sujeito do
predicado verbal, o verbo do seu complemento, o
núcleo substantivo de um adjunto adnominal ou de
um complemento nominal.
USA-SE A VÍRGULA NO INTERIOR DE ORAÇÕES
PARA:
1. separar termos coordenados, que compõem
uma enumeração, termos com mesma função
sintática.
Tivera pai, mãe, marido, dois filhos. Todos
tinham morrido.
Nota: Não se deve usar vírgula, no entanto, se
constituintes sintáticos idênticos vêm relacionados
pelas conjunções "e", "nem" e "ou" (a menos que
essas conjunções estejam repetidas).
2. isolar o aposto.
Vitória, capital do Espírito Santo, é uma ilha.
3. isolar o vocativo.
Saci, Seu Pedrinho, é uma coisa que eu juro que
existe.
4. indicar adjunto adverbial deslocado.
No Brasil, os corruptos ficam soltos.
5. indicar que complementos nominais ou verbais
foram deslocados para o início da oração.
De sua terra natal, ele sente saudades.
6. Indicar predicativo do sujeito deslocado (antes do
verbo) Cansado, o homem seguia sua jornada.
7. indicar conjunções intercaladas:
A ferida foi tratada. É preciso, porém, cuidar dela.
8. isolar nomes de lugares, quando se transcrevem
datas. Campinas, 18 de dezembro de 1997.
9. intercalar expressões explicativas, como "em
suma", "isto é", "ou seja", "vale dizer", "a
propósito".
Viajarei amanhã, ou seja, domingo.
10. indicar que uma palavra foi suprimida
(elipse/zeugma).
A terra é redonda; meu pai, quadrado. (A vírgula
está indicando a supressão do verbo "é".)
USA-SE A VÍRGULA ENTRE ORAÇÕES PARA:
1. separar oração subordinada substantiva (=ISSO)
apositiva da oração principal.
Maria só quer uma coisa: que você volte logo.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 49
2. separar a oração subordinada adverbial
deslocada (antes ou no meio da principal);
Caso a subordinada adverbial venha depois da
principal, a virgula será facultativa.
Logo que o filho nasceu, o pai correu para a
maternidade.
O pai correu para a maternidade(,) logo que o
filho nasceu.
3. separar a oração subordinada adjetiva
explicativa da oração principal.
As frutas, que estavam maduras, caíram no
chão.
4. separar orações coordenadas assindéticas.
Cheguei, peguei o livro, voltei correndo para o
colégio.
5. separar orações coordenadas sindéticas.
Há os que se esforçam muito, porém nunca são
premiados.
Observação: Não se usa a vírgula para separar
orações coordenadas sindéticas ligadas pela
conjunção e, exceto quando os sujeitos forem
diferentes ou quando essa conjunção aparecer
repetida:
Elas sairão de férias, e eu tomarei conta da
casa.
"Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua."
Olavo Bilac
6. para separar orações intercaladas.
E o ladrão, perguntei eu, foi condenado ou não?
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Colocação dos termos na oração
1. ordem direta (sujeito + verbo + complemento+
circunstância)
O festival de música popular brasileira reunirá
grandes artistas, hoje, no Rio de janeiro.
2. ordem indireta
Reunirá hoje, no Rio de Janeiro, o festival de música
popular brasileira, grandes artistas.
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES PESSOAIS OBLÍQUOS
ÁTONOS
EMPREGO DA PRÓCLISE
1. com partícula negativa:
Não se queixe de mim.
2. com pronome indefinido:
Nada me surpreende mais.
3. com advérbio:
já o havia visto.
Como nos achou?
4. com gerúndio regido pela preposição em:
Em se exaltando, olhou-me fixo.
5. com pronome interrogativo:
Qual é a sua opinião?
6. com conjunção subordinativa ou pronome relativo:
Julgo que a amavas.
Os livros que me pediram estão aqui.
7. nas orações optativas:
Que Deus te faça feliz.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 50
EMPREGO DA ÊNCLISE:
1. em frase iniciada por verbo:
Portou-se bem comigo.
3. com o imperativo afirmativo:
Erga-te daí!
4. como gerúndio sem a proposição em:
Deitou-se, fingindo-se de morta.
5. com infinitivo impessoal:
Podes passar-me o adoçante
EMPREGO DA MESÓCLISE
1. com o futuro do presente. quando não for
obrigatória a próclise:
Ver-me-ás um dia, talvez.
3. com futuro do pretérito, quando não for caso
obrigatório de próclise:
Contar-te-ia a verdade depois.
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES OBLÍQUOS EM
LOCUÇÕES VERBAIS
1. verbo auxiliar+ gerúndio:
Vai-se aproximando o final do ano.
Vai aproximando-se o final do ano.
2. verbo auxiliar + infinitivo:
Pôs-se a rir da anedota.
Pôs a rir-se da anedota.
4. verbo auxiliar + particípio:
O soldado tinha-se apresentado ao
comandante.
O soldado se tinha apresentado ao
comandante.
CONCORDÂNCIA NOMINAL
1. Com apenas um substantivo
O adjetivo concordará com o substantivo a que se
refere.
Bonita música.
2. Com mais de um substantivo
a) antepostos ao adjetivo
O adjetivo concordará com o substantivo mais
próximo ou com todos os substantivos
Tinha o braço e a perna desengonçada.
Trouxe da feira pera e maçã estragadas.
OBS: Quando os substantivos forem antônimos o
adjetivo irá para o plural e quando forem
sinônimos concordará com o mais próximo.
Dia e noite frios.
Fé e esperança plena.
b) Pospostos ao adjetivo
Concordará apenas com o substantivo mais próximo.
Comprei maduro abacate e pera.
OBS: Se o adjetivo referir-se a nome próprio, grau de
parentesco ou a títulos, ele concordará com os
substantivos.
Conhecemos ilustres barão e baronesa.
3. Dois ou mais adjetivos referindo-se a um só
substantivo
Há duas concordâncias possíveis:
- Os jogadores brasileiros derrotaram a seleção
italiana e a alemã.
- Os jogadores brasileiros derrotaram as seleções
italiana e alemã.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 51
4. Casos particulares
a) Anexo/obrigado/mesmo/incluso/quite/ leso
Essas palavras são adjetivos. Devem, portanto,
concordar com o nome a que se referem.
Arquive os documentos anexos.
Muito obrigadas, disseram elas.
Os documentos em anexo devem ser
arquivados.
As fotos estão inclusas no envelope.
Cometeu um crime de lesa-pátria.
b) Alerta/menos
São palavras invariáveis.
Fiquem alerta. Há menos vagas
aqui.
c) Só/sós/a sós
A palavra só como adjetivoconcordará em
número com o termo a que se refere. Como
advérbio, significa apenas, somente e é
invariável. A expressão a sós é invariável.
Fiquei só.
Ficamos a sós.
Só eles ficaram.
d) Bastante/caro/barato/meio/longe
Quando funcionam como advérbios, essas
palavras são invariáveis. Quando funcionam
como adjetivos, pronomes adjetivos ou
numerais, concordam com o nome a que se
referem.
Trata-se de questões bastante difíceis.
Havia bastantes questões.
Essas casas custam caro.
As casas estão baratas.
Juliana parece meio esquisita.
Comprei meia fruta.
Nosso colégio fica longe daqui.
Já andamos por longes terras.
e) É proibido/é necessário/é bom/é preciso etc.
Se, nessas expressões, o sujeito não vier antecipado
de artigo, tanto o verbo como o adjetivo ficam
invariáveis.
É proibido entrada.
Pimenta é bom.
É preciso cautela.
É necessário prudência.
f) O mais... possível/ os mais possíveis
Nas expressões do tipo o mais...possível, o
menos...possível, a palavra possível concorda com o
artigo que indica a expressão.
Encontrou argumentos os mais fáceis
possíveis.
5. Silepse ou concordância ideológica
a) Silepse de gênero
Senhor prefeito, V.Ex.ª está equivocado.
b) Silepse de número
A molecada corria pelas ruas e atiravam
pedras nas vidraças.
c) Silepse de pessoa
Os brasileiros gostamos de futebol.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 52
CONCORDÂNCIA VERBAL
1. Sujeito simples
O verbo concorda com o sujeito em número e
pessoa.
Ex.: Desapareceram no meio da mata os
fugitivos.
2. Sujeito composto anteposto ao verbo
a) O verbo vai para o plural:
Ex.: A secretária e o diretor chegaram.
b) Admite-se também o verbo no singular:
- Se os núcleos forem sinônimos.
Ex.: A sinceridade e a franqueza é uma virtude
rara.
- Se os núcleos aparecerem em sequência
gradativa.
Ex.: A solidão, a angústia levou meu amigo à
loucura.
c) O verbo ficará no singular:
- Se os núcleos aparecerem resumidos por tudo,
nada, ninguém.
Ex.: Papel, lápis, caneta, tudo era instrumento
de trabalho.
3. Sujeito composto posposto ao verbo
a) O verbo vai para o plural.
Ex.: Cambaleavam na rua Romeu e Maria das
Dores.
b) Admite-se também a concordância do verbo
com o núcleo mais próximo.
Ex.: Em um ano ocorreu a condenação do irmão
e a perda da esposa.
4. Sujeito composto de pessoas diferentes
- a 1ª pessoa prevalece sobre a 2ª e a 3ª.
Ex.: Eu, tu e ele faremos a proposta.
- 2ª + 3ª = 2ª pessoa ou 3ª pessoa.
Ex.: Tu e ele fareis o trabalho.
Tu e Maria receberão a indenização.
5. Sujeito representado por um coletivo.
a) Quando o sujeito é formado de um coletivo, o verbo
concorda com ele.
Ex.: O cardume escapou da rede.
b) Quando o sujeito é formado de um coletivo singular
seguido de adjunto adnominal plural, admitem-se
duas concordâncias:
Ex.: O bando de andorinhas contrastava
(contrastavam) com o céu azul.
6. Sujeito constituído de pronome de tratamento.
O verbo vai para a 3ª pessoa.
Ex.: Vossa Excelência entrou em casa.
7. Sujeito constituído de nomes próprios que só têm
plural.
- Se o nome não for precedido de artigo, o verbo
fica no singular.
Ex.: Minas Gerais não possui mar.
- Se o nome for precedido de artigo o verbo para o
plural.
Ex.: As Minas Gerais produzem excelentes
escritores.
OBS.: Quando se trata de títulos de obras, admite-se o
plural ou o singular.
Ex.: Os Lusíadas são (é) um grande poema de
Camões.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 53
8. Sujeito constituído pelos pronomes relativos
que e quem.
a) Se o sujeito for constituído pelo pronome
relativo que, o verbo concordará em número e
pessoa com o antecedente desse pronome.
Ex.: Fui eu que paguei a conta.
b) Se o sujeito for constituído pelo pronome
relativo quem o verbo irá para a 3ª pessoa do
singular ou concordará com o antecedente.
Ex.: Fui eu quem pagou (paguei) a conta.
9. Verbo com o pronome SE (apassivador).
Quando o verbo for transitivo direto ou
transitivo direto e indireto aparece apassivado
pelo pronome SE, concorda com o sujeito.
Ex.: Analisou-se o plano de reforma agrária.
Entregou-se uma flor à mulher.
10. Verbo com o pronome SE (índice de
indeterminação do sujeito).
O verbo fica na 3ª pessoa do singular quando a
indeterminação do sujeito é marcada pelo
pronome SE com verbo transitivo indireto, verbo
intransitivo e verbo de ligação.
Ex.: Precisa-se de homens corajosos.
Descansa-se muito aqui.
11. Sujeito formado por expressões.
a) Um ou outro - o verbo fica no singular.
Ex.: Um ou outro merece atenção.
b) Um e outro, nem um nem outro, nem... nem... -
o verbo vai, de preferência, para o plural
Ex.: Um e outro esculpiam a madeira.
c) Um dos que , uma das que - verbo singular ou
plural.
Ex.: Era uma das que mais brincava.
d) Mais de, menos de - o verbo concorda com o
numeral que segue a expressão.
Ex.: Mais de um tenista representou o Brasil.
e) A maior parte de (uma porção de, grande número
de, a maioria de) verbo fica no singular ou plural.
Ex.: A maioria dos casos ocorre aqui.
f) Quais de vós, quantos de nós, alguns de nós -
admitem as seguintes concordâncias:
- O verbo concorda com o pronome indefinido ou
interrogativo, ficando na 3ª pessoa do plural.
Ex.: Quais de vós são humildes?
- O verbo concorda com o pronome pessoal.
Ex.: Quais de vós sois humildes?
12. Verbo ser
a) com o sujeito e predicativo sendo nome de coisas, o
verbo ser concorda com o sujeito, se este for plural e
com o predicativo, se este for plural.
Ex.: Estas vaidades são o teu segredo.
Tua vida são ilusões.
b) com o sujeito ou predicativo sendo nome de
pessoas, o verbo ser concorda com o nome que se
refere a pessoas.
Ex.: Você é a alegria de sua mãe.
Suas preocupações era a filha.
c) na indicação de hora, data, distância, o verbo ser
concorda com o predicativo.
Ex.: É uma hora. São três horas.
É 15 de agosto.
São 15 de agosto.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 54
13. Verbos impessoais
Ficam sempre na 3ª pessoa do singular.
Principais verbos impessoais:
a) haver no sentido de existir e indicando tempo.
Ex.: Havia alunos na escola.
Deve haver alunos na escola.
Há três dias ele viajou.
Obs.: O verbo existir concorda com o sujeito.
Ex.: Existem alunos na escola.
Devem existir alunos na escola.
b) fazer indicando tempo e temperatura.
Ex.: Faz três dias hoje.
Deve fazer três dias hoje.
Faz 30º em Belém.
c) verbos que indicam fenômenos da natureza:
chover, trovejar, anoitecer, amanhecer, etc.
Ex.: Choveu ontem.
14. Haja vista
A palavra vista é invariável.
Ex.: Haja vista os problemas.
Hajam vista os problemas.
15. Verbos dar, soar e bater
Concordam com o número de horas.
Ex.: Soou uma hora.
Bateram cinco horas no relógio.
Obs.: Os verbos dar, soar e bater concordarão
com o sujeito (relógio, sino, despertador...)
Ex.: O relógio bateu cinco horas.
REGÊNCIA VERBAL
Regência Verbal é a relação de dependência que se
estabelece entre o verbo e o termo por ele regido.
Leia os exemplos:
O professor ensina a matéria para o aluno.
verbo transitivo objeto direto objeto indireto
O professor ensina a matéria.
verbo transitivo direto objeto direto
O professor ensina para o aluno.
verbo transitivo indireto objeto indiretoO professor ensina bem.
verbo intransitivo adjunto adverbial de modo
Em cada uma das frases acima, o verbo ensinar
apresenta uma regência diferente ligando-o aos seus
complementos. Na última frase ele não pede
complemento, porque é intransitivo.
Dependendo da regência, os verbos podem
modificar o seu significado. Confira:
1. agradar
transitivo direto — contentar, mimar, acariciar:
Agradou a namorada com um presente. / A mãe
agradava o filho no berço.
transitivo indireto — satisfazer:
O grupo Legião Urbana agrada aos jovens.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 55
2. aspirar
transitivo direto — sorver, inalar, absorver:
Aspirou o perfume da rosa.
transitivo indireto — desejar, almejar,
ambicionar:
Ele aspirava ao cargo político.
* Com essa transitividade e significado, esse
verbo não aceita o pronome lhe(s), mas apenas
as formas retas ele(s), ela(s), regidas de
preposição: A glória, muitos aspiram a ela.
3. assistir
transitivo direto - socorrer, ajudar, prestar
assistência.
A enfermeira assistiu a criança.
transitivo indireto - ver presenciar:
Os anjos assistiam ao jogo.
* Com essa transitividade e significado, esse
verbo não aceita o pronome lhe(s), mas apenas
as formas retas ele(s), ela(s), regidas por
preposição: O filme é ótimo. Todos querem
assistir a ele.
transitivo indireto - caber, competir:
Não lhe assiste este dever.
intransitivo - morar, residir:
O presidente assiste em Brasília.
4. atender
transitivo direto — colher com atenção, acatar:
A recepcionista atendeu o cliente.
transitivo indireto — considerar, dar atenção:
Ela atendeu ao meu pedido.
5. chamar
transitivo direto — convocar:
O juiz chamou o réu à sua presença.
transitivo direto ou transitivo indireto —
denominar, apelidar (admite mais de uma
construção, podendo vir ou não preposicionado):
Chamou-o covarde (transitivo direto).
Chamou-lhe covarde (transitivo indireto).
Chamou-o de covarde (transitivo direto).
Chamou-lhe de covarde (transitivo indireto).
transitivo indireto — invocar (seguido da preposição
por):
Chamou por Deus naquele momento difícil.
6. chegar
intransitivo — atingir data ou local:
Chegou ao aeroporto atrasada.
intransitivo — hesitar, ser suficiente:
Chegou há poucos minutos.
transitivo direto e intransitivo — aproximar:
Cheguei-me a ele.
7. custar
transitivo direto — valer:
O carro custou quarenta mil reais.
transitivo indireto — ser difícil. É conjugado como
verbo reflexivo, na terceira pessoa do singular, e o
seu sujeito é uma oração reduzida de infinitivo:
Custou-me aceitar suas desculpas. (Neste caso,
constituiria erro dizer: Custei a aceitar suas
desculpas.)
8. ensinar
intransitivo — doutrinar, pregar:
Júlio ensina na faculdade.
transitivo direto — educar:
Nem todos ensinam as crianças.
transitivo direto e indireto — fazer conhecer, dar
PORTUGUÊS DESCOMPLICADO
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Profª Yara Coeli
LOJA DO CONCURSEIRO - 56
instrução sobre:
Ensinou os exercícios ao colega.
9. esquecer
Pode ter duas regências, no sentido de “não ter
lembrança ou memória”:
transitivo direto — (não é pronominal):
Ele esqueceu o dinheiro.
transitivo indireto — (como verbo pronominal):
Ele esqueceu-se do dinheiro.
Atenção: O pronome pessoal átono se,
conjugado com o verbo, não tem função de
objeto.
10. implicar
transitivo direto — embaraçar:
O vizinho implicou-o no caso.
transitivo direto — causar, envolver:
Sua participação não implica nenhuma
consequência.
transitivo indireto — antipatizar:
O cliente implicou com o vendedor.
11. informar
transitivo direto e indireto — dar
esclarecimentos:
Informei-o sobre o curso. Ou
Informei-lhe o curso.
(Pode ser transitivo direto para pessoa e
transitivo Indireto para coisa, ou vice-versa.)
transitivo indireto (como verbo pronominal) —
inteirar-se, pôr-se a par:
Informou-se das mudanças logo cedo.
12. investir
transitivo indireto — atacar, arremeter:
O touro investiu contra (ou para) o toureiro.
transitivo direto e indireto — empossar:
Investiram-no na função de gerente.
13. lembrar
No sentido de "ter lembrança ou memória”,
apresenta duas regências:
transitivo direto (não pronominal):
Lembrou o seu nome.
transitivo indireto (pronominal):
Lembrou-se do seu nome.
transitivo direto e indireto — fazer recordar,
advertir:
Lembrei a ela a data do exame.
transitivo direto ou transitivo indireto — carecer,
precisar:
Necessitava o seu apoio. / Necessitava de seu
apoio.
14. necessitar
transitivo direto ou transitivo indireto — carecer,
precisar:
Necessitava o seu apoio. / Necessitava de seu
apoio.
15. obedecer/desobedecer
transitivo indireto - submeter-se, cumprir ordens:
Obedecia a seus instintos. / Não desobedeça às leis
de trânsito.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 57
16. pagar
transitivo direto — saldar compromisso
(referindo-se em geral a coisas):
Pagou as promissórias corretamente.
transitivo indireto — remunerar (referindo-se,
normalmente, a pessoas):
O lojista pagou ao funcionário.
17. perdoar
transitivo direto — desculpar (referindo-se a
pessoas):
Perdoei a ofensa.
transitivo indireto — conceder perdão
(referindo-se a pessoas):
Perdoei ao garoto.
transitivo direto e indireto — desculpar falta a
alguém:
A mãe perdoou a mentira ao filho.
18. precisar
transitivo direto — indicar com certeza:
Ele precisou o lugar do encontro.
transitivo indireto — ter necessidade:
Os presos precisam de melhores condições de
tratamento.
19. preferir
transitivo direto — ter preferência (sem sugerir
a escolha):
O menino preferia chocolate.
transitivo direto e Indireto — ter preferência
(sugerindo a escolha):
O menino prefere chocolate a doce de leite.
O verbo preferir não admite este tipo de
construção: Preferia mais vinho do que cerveja.
O correto é: Preferia vinho a cerveja.
20. querer
transitivo direto — desejar:
Quero o livro de Carlos Drummond.
transitivo indireto — gostar, ter afeto:
O filho queria bem ao pai.
21. responder
transitivo direto ou transitivo Indireto — dar
resposta:
O aluno já respondeu a questão. / A balconista
respondeu à cliente.
22. visar
transitivo direto — apontar ou pôr o visto:
O homem visou o pássaro. /A professora visa os
cadernos.
transitivo indireto — desejar, pretender:
Todos visam ao reconhecimento de seus esforços.
* Com essa transitividade e significado o verbo visar:
a) não aceita o pronome lhe (s), mas apenas a formas
retas ele (s), ela(s), regidas de preposição: O mais
importante era a aprovação. Todos visavam a ela.
b) quando seguido de verbo no infinitivo, pode ser
empregado sem preposição:
O trabalho visava divulgar os cursos oferecidos pela
empresa.
ATENÇÃO
Não se devem misturar verbos cujas regências são
diferentes:
Ela procurou e pediu ao vendedor a nota fiscal.
O verbo procurar é transitivo direto, portanto a frase
correta é:
Ela procurou o vendedor e pediu-lhe a nota fiscal.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 58
REGÊNCIA NOMINAL
Muitos nomes (substantivos e adjetivos)
admitem mais de uma regência e, assim como
ocorre com certos verbos, o sentido de uma frase
pode ser modificado com a simples troca da
preposição que acompanha o termo regente.
Para orientá-lo, apresentamos a seguir uma
breve relação de substantivos e adjetivos com suas
regências mais usuais.
01. acostumado (a, com)39. fecundo (de, em)
02. afável (a, com, para
com)
40. fértil (de, em)
03. aflito (com, por) 41. fiel (a, em, para com)
04. alheio (a, de) 42. gosto (a, de, em, para,
por)
05. amor (a, para com,
por)
43. habituado (a, com)
06. ansioso (de, para,
por)
44. horror (a, de, por)
07. antipatia (a, com,
contra, por)
45. hostil (a, contra, para
com)
08. apegado (a) 46. idêntico (a, em)
09. apto (a, para) 47. imune (a, de)
10. assíduo (a, em) 48. inclinação (a, por, para)
11. atenção (a, com,
para, para com, sobre)
49. ingrato (a, com, para,
para com)
12. atencioso (a, com,
para com)
50. insensível (a)
13. atento (a, em) 51. intransigente (com,
em)
14. aversão (a, para,
por)
52. inveja (a, de)
15. avesso (a) 53. medo (a, de)
16. bom (a, com, de,
em, para, para com)
54. nocivo (a)
17. capacidade (de,
para)
55. obediência, obediente
(a)
18. capaz (de) 56. ódio (a, contra, entre,
para com)
19. cego (a, para, por) 57. ojeriza (a, com, contra,
por)
20. compaixão (de, para,
para com, por)
58. orgulhoso (com, de,
em, por)
21. comum (a, entre) 59. peculiar (a, de)
22. confiança (com, em) 60. predileção (para com,
por)
23. conforme (a, com) 61. preferência (por,
sobre)
24. consideração (a,
acerca de, a respeito de,
de, sobre, com, por)
62. preferível (a)
25. contente (com, em,
de, por)
63. pronto (a, em, para)
26. contrário (a) 64. próprio (a, de, para)
27. cruel (com, para,
para com)
65. próximo (a, de)
28. curioso (de, por) 66. relacionado (com)
29. desejoso (de) 67. respeito (a, de, para
com, por)
30. desprezo (a, de,
para, para com, por)
68. satisfeito (com, de, em,
por)
31. devoto (a, de) 69. simpatia (com, para
com, por)
32. digno (de) 70. surdo (a)
33. empenho (de, em,
por)
71. suspeito (a, de)
34. equivalente (a, de) 72. último (a, de, em)
35. estima (a, de, por) 73. união (a, com, de,
entre)
36. fácil (a, de, em, para) 74. único (a, entre)
37. fanático (de, por) 75. vazio (de)
38. farto (de, em) 76. vizinho (a, com, de)
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LOJA DO CONCURSEIRO - 59
CRASE
É a fusão de dois sons idênticos.
O acento indicador da crase é o acento grave (`)
O ACENTO GRAVE DEVE SER USADO:
a) Diante de palavras femininas definidas.
Ex.: Ele foi à aula.
b) Em locuções femininas.
Ex.: Saímos às escondidas.
c) Quando vierem subentendidas as expressões
moda, moda de, maneira de.
Ex.: Eles comeram tutu à mineira.
d) Diante de nomes de cidades que aceitem o
artigo feminino.
Ex.: Vamos à Itália.
e) Nas indicações de número de horas.
Ex.: Saímos às 10 horas.
f) Diante das palavras casa, terra e distância
quando estiverem determinada.
Ex.: Vamos à casa de Fábio.
Ex.: Voltarei à terra de nossos antepassados.
Ex.: Fiquei à distância de dois metros.
g) Diante dos pronomes demonstrativos aquele(s),
aquela(s), aquilo.
Ex.: Ele dirigiu-se àquele lugar.
NÃO PODEMOS USAR ACENTO GRAVE:
a) Diante de palavras masculinas.
Ex.: Vende-se a prazo.
Caminhamos a pé.
b) Diante de verbo.
Ex.: Começou a chover.
Chegaram a falar.
c) Diante de pronomes pessoais.
Ex.: Obedeceu a mim.
Disse a ele.
d) Diante de pronomes de tratamento.
Ex.: Faço a V.S.ª este pedido.
Exceções: Senhora, Senhorita e Dona
e) Diante de palavras de sentido indefinido.
Ex.: Matéria referente a pesquisas.
f) Com expressões formadas por palavras repetidas.
Ex.: Ele ficou face a face diante do medo.
g) Diante de artigo indefinido, pronome indefinido e
pronomes demonstrativos esta e essa.
Ex.: Dirigiu-se a uma pessoa.
CASOS FACULTATIVOS:
a) Diante de pronomes possessivos femininos.
Ex.: Ele fez referência a (à) sua irmã.
b) Depois da preposição até.
Ex.: Ele foi até a (à) janela.
c) Diante de nomes próprios femininos de pessoa.
Ex.: Escrevi a (à) Cristina.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 60
EXERCÍCIOS
INTELECÇÃO DO TEXTO
Leia o texto abaixo e responda às questões 01 e 02.
Vaidade do humanismo
A vaidade, desde sua etimologia latina
vanitas, aponta para o vazio, para o sentimento que
habita o vão. Mas é possível tratar dela com mais
condescendência do que os moralistas rigorosos
que costumam condená-la inapelavelmente. Pode-
se compreendê-la como uma contingência humana
que talvez seja preciso antes reconhecer com
naturalidade do que descartar como um vício
abominável. Como se sabe, a vaidade está em todos
nós em graus e com naturezas diferentes, e há uma
vaidade que devemos aceitar: aquela que
corresponde não a um mérito abstrato da pessoa, a
um dom da natureza que nos tornasse filhos
prediletos do céu, mas a algum trabalho que
efetivamente tenhamos realizado, a uma razão
objetiva que enraíza a vaidade no mesmo chão que
foi marcado pelo nosso melhor esforço, pelo nosso
trabalho de humanistas.
Na condição de humanistas, temos interesse
pelo estudo das formações sociais, dos direitos
constituídos e do papel dos indivíduos, pela
liberdade do pensamento filosófico que se pensa a
si mesmo para pensar o mundo, pela arte literária
que projeta e dá forma em linguagem simbólica aos
desejos mais íntimos; por todas as formas, enfim,
de conhecimento que ainda tomam o homem como
medida das coisas. Talvez nosso principal desafio,
neste tempo de vertiginoso avanço tecnológico,
esteja em fazer da tecnologia uma aliada preciosa
em nossa busca do conhecimento real, da beleza
consistente e de um mundo mais justo - todas estas
dimensões de maior peso do que qualquer
virtualidade.
O grande professor e intelectual palestino
Edward Said, num livro cujo título já é inspiração
para uma plataforma de trabalho - Humanismo e
crítica democrática - afirma a certa altura: “como
humanistas, é da linguagem que partimos”; “o ato
de ler é o ato de colocar-se na posição do autor,
para quem escrever é uma série de decisões e escolhas
expressas em palavras”.
Nesse sentido, toda leitura é o compartilhamento
do sujeito leitor com o sujeito escritor -
compartilhamento justificado não necessariamente por
adesão a um ponto de vista, mas pelo interesse no
reconhecimento e na avaliação do ponto de vista do
outro. Que seja este um nosso compromisso
fundamental. Que seja esta a nossa vaidade de
humanistas.
(Derval Mendes Sapucaia, inédito)
01. (FCC - 2014 - TRF - 4ª REGIÃO - Analista Judiciário)
Ao se definir a condição de humanistas, no segundo
parágrafo do texto, contempla-se a atividade específica
de um ............................ quando se fala em .................. .
Preenchem, adequada e respectivamente, as lacunas da
frase acima:
a) jurista - papel dos indivíduos
b) filósofo - pensamento que se pensa a si mesmo para
pensar o mundo
c) tecnocrata - estudo das formações sociais
d) antropólogo - arte literária que projeta e dá forma
em linguagem simbólica aos desejos mais íntimos
e) historiador - direitos constituídos
02. (FCC - 2014 - TRF - 4ª REGIÃO - Analista Judiciário -
Área Judiciária) O sentimento da vaidade, ao longo do
primeiro parágrafo do texto, é considerado e
qualificado com alguma condescendência:
a) quando sua razão de ser se deve à generosidade
mesma com que a natureza recompensa os indivíduos
por seus méritos pessoais.
b) pelo fato de constituir um vício tolerável, já que a
vaidade decorre de alguma razão objetiva pela qual o
sujeito deve se orgulhar.
c) pelo fato de ser um defeito natural, de que as
pessoas não conseguem livrar-se e contra o qual é inútil
lutar.
d) quando sua razão de ser deriva de alguma efetiva
conquista que alcançamos em virtude do nosso
trabalho.
e) pelo fato de que os moralistas, sendo
inapelavelmente rigorosos, não conseguem divisar os
méritos espirituais de quem os detém.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 61
03. (FCC - 2014 - TRT - 16ª REGIÃO (MA) - Analista
Judiciário)
[Do espírito das leis]
Falta muito para que o mundo inteligente seja tão
bem governado quanto o mundo físico, pois ainda
que o mundo inteligente possua também leis que
por sua natureza são invariáveis, não as segue
constantemente como o mundo físico segue as
suas. A razão disso reside no fato de estarem os
seres particulares inteligentes limitados por sua
natureza e, consequentemente, sujeitos a erro; e,
por outro lado, é próprio de sua natureza agirem
por si mesmos. (...)
O homem, como ser físico, tal como os outros
corpos da natureza, é governado por leis
invariáveis. Como ser inteligente, viola
incessantemente as leis que Deus estabeleceu e
modifica as que ele próprio estabeleceu. Tal ser
poderia, a todo instante, esquecer seu criador -
Deus, pelas leis da religião, chamou-o a si; um tal
ser poderia, a todo instante, esquecer-se de si
mesmo − os filósofos advertiram-no pelas leis da
moral.
(Montesquieu − Os Pensadores. São Paulo:
Abril Cultural, 1973, p. 33 e 34)
As leis humanas são falíveis, os homens
desrespeitam as leis humanas e destituem as leis
humanas do sentido de uma profunda equidade
que deveria reger as leis humanas.
Evitam-se as viciosas repetições do período acima
substituindo-se os elementos sublinhados, na
ordem dada, por:
a) desrespeitam a elas - destituem-nas - deveria
reger-lhes
b) desrespeitam-lhes - as destituem - deveria regê-
las
c) desrespeitam-nas - lhes destituem - lhes deveria
reger
d) lhes desrespeitam - destituem-lhes - deveria
regê-las
e) desrespeitam-nas - destituem-nas - as deveria
reger
04. (FCC - 2014 - TRT - 16ª REGIÃO (MA) - Analista
Judiciário)
Da utilidade dos prefácios
Li outro dia em algum lugar que os prefácios são
textos inúteis, já que em 100% dos casos o prefaciador
é convocado com o compromisso exclusivo de falar
bem do autor e da obra em questão. Garantido o tom
elogioso, o prefácio ainda aponta características
evidentes do texto que virá, que o leitor poderia ter
muito prazer em descobrir sozinho. Nos casos mais
graves, o prefácio adianta elementos da história a ser
narrada (quando se trata de ficção), ou antecipa
estrofes inteiras (quando poesia), ou elenca os
argumentos de base a serem desenvolvidos (quando
estudos ou ensaios). Quer dizer: mais do que inútil, o
prefácio seria um estraga-prazeres.
Pois vou na contramão dessa crítica mal-
humorada aos prefácios e prefaciadores, embora
concorde que muitas vezes ela proceda - o que não
justifica a generalização devastadora. Meu argumento é
simples e pessoal: em muitos livros que li, a melhor
coisa era o prefácio - fosse pelo estilo do prefaciador,
muito melhor do que o do autor da obra, fosse pela
consistência das ideias defendidas, muito mais sólidas
do que as expostas no texto principal. Há casos célebres
de bibliografias que indicam apenas o prefácio de uma
obra, ficando claro que o restante é desnecessário.
E ninguém controla a possibilidade, por
exemplo, de o prefaciador ser muito mais espirituoso e
inteligente do que o amigo cujo texto ele apresenta.
Mas como argumento final vou glosar uma observação
de Machado de Assis: quando o prefácio e o texto
principal são ruins, o primeiro sempre terá sobre o
segundo a vantagem de ser bem mais curto.
Há muito tempo me deparei com o prefácio que
um grande poeta, dos maiores do Brasil, escreveu para
um livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem,
linda e famosa modelo. Pois o velho poeta tratava a
moça como se fosse uma Cecília Meireles (que, aliás,
além de grande escritora era também linda). Não havia
dúvida: o poeta, embevecido, estava mesmo era
prefaciando o poder de sedução da jovem, linda e nada
talentosa poetisa. Mas ele conseguiu inventar tantas
qualidades para os poemas da moça que o prefácio
acabou sendo, sozinho, mais uma prova da imaginação
de um grande gênio poético.
(Aderbal Siqueira Justo, inédito)
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LOJA DO CONCURSEIRO - 62
O primeiro e o segundo parágrafos estabelecem
entre si uma relação de:
a) causa e efeito, uma vez que das convicções
expressas no primeiro resultam, como
consequência natural, as expostas no segundo.
b) de complementaridade, pois o que se afirma no
segundo ajuda a compreender a mesma tese
defendida e desenvolvida no primeiro.
c) inteira independência, pois o tema do primeiro
não se espelha no segundo, já que o autor do texto
quer apenas enumerar diferentes estilos.
d) contraposição, pois a perspectiva de valor
adotada no primeiro é confrontada com outra que a
relativiza e nega no segundo.
e) similitude, pois são ligeiras as variações do
argumento central que ambos sustentam em
relação à utilidade e à necessidade dos prefácios.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
05. (FCC - 2013 - PGE-BA - Assistente de
Procuradoria) Todas as palavras estão acentuadas
de acordo com as normas oficiais em:
a) Aquí também se observam as preferencias
musicais dos jovens que usam o transporte público.
b) As raizes da falta de educação dos jóvens se
devem também à falta de educação dos pais.
c) Os ônibus contem uma verdadeira platéia
ouvindo musicas altas nem sempre de carater muito
agradável.
d) Os passageiros não têm como evitar o terrível
som do ruído das falas, ao celular, dentro dos
ônibus.
e) Alguem falando alto ao telefone, numa forma
pouco rápida, revela um comportamento publico
repreensível.
06. (FCC - 2012 - TST - Analista Judiciário) Segundo os
preceitos da gramática normativa do português do
Brasil, a única palavra dentre as citadas abaixo que NÃO
deve ser pronunciada com o acento tônico recaindo em
posição idêntica àquela em que recai na palavra avaro
é:
a) mister.
b) filantropo.
c) gratuito.
d) maquinaria.
e) ibero.
07. (FCC - 2011 - TRE-AP - Técnico Judiciário) Entre as
frases que seguem, a única correta é:
a) Ele se esqueceu de que?
b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para
distribui-lo entre os presentes.
c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas
críticas.
d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações
dos funcionários.
e) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
08. (FCC - 2010 - TRE-RS - Técnico Judiciário) A frase
totalmente correta do ponto de vista da grafia e/ou da
acentuação é:
a) É o caso de se por em discussão se ele realmente crê
na veracidade dos dados.
b) Referiu-se àquilo que todos esperavam - sua
ascensão na empresa -, com um misto de humildade e
prepotência.
c) Enquanto construimos esta ala, eles constroem a
reservada aos aparelhos de rejuvenecimento.
d) Ele é sempre muito cortês, mas não pode evitar que
sua ogeriza à ela transpareça.
e) Assinou o cheque, mas ninguém advinha o valor
registrado, porisso foi devolvido pelo banco.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 63
ORTOGRAFIA OFICIAL
09. (FCC - 2013 - PGE-BA - Assistente de
Procuradoria)
Considere:
No Brasil, a falta de educação entre as pessoas vem
aumentando. Por uma ......, ainda que superficial,
podemos ...... com ...... a falta de um ...... de
discrição dos ...... de pais despreparados para
educá-los.
As palavras que preenchem, respectivamente, as
lacunas do texto acima estão corretamente grafadas
em:
a) análise - enxergar - clareza - gesto - discípulos
b) análise - enchergar - claresa - gesto - dicipulos
c) análise - enchegar - clareza - jesto - disípulos
d) análize - enxergar - clareza - jesto - discípulos
e) análize - enxergar - claresa - gesto – dissípulos
10. (FCC - 2012 - TRE-SP – Técnico)
Para cada uma dessas questões, assinale a
alternativa que preenche corretamente, na ordem,
as lacunas da frase apresentada.Os ...... para a conclusão da pesquisa estavam
próximos e exigiam ...... na ...... dos dados já
obtidos.
a) prazos - rapidês - análize
b) prazos - rapidez - análise
c) prazos - rapidez - análize
d) prasos - rapidez - análise
e) prasos - rapidês - análise
11. (FCC - 2012 - TJ-RJ - Analista Judiciário)
Entre a palavra e o ouvido
Nossos ouvidos nos traem, muitas vezes, sobretudo
quando decifram (ou acham que decifram) palavras ou
expressões pela pura sonoridade. Menino pequeno,
gostava de ouvir uma canção dedicada a uma mulher
misteriosa, dona Ondirá. Um dia pedi que alguém a
cantasse, disse não saber, dei a deixa: “Tão longe, de
mim distante, Ondirá, Ondirá, teu pensamento?”
Ganhei uma gargalhada em resposta. Um dileto amigo
achava esquisito o grande Nat King Cole cantar seu
amor por uma misteriosa espanhola, uma tal de dona
Quiçás... O ator Ney Latorraca afirma já ter sido tratado
por seu Neila. Neila Torraca, é claro. Agora me diga,
leitor amigo: você nunca foi apresentado a um velhinho
chamado Fulano Detal?
(Armando Fuad. Inédito)
É preciso corrigir, por falhas diversas, a seguinte frase:
a) Quem ouve mal não tem necessariamente mau
ouvido; pode ter sido afetado pelo desconhecimento de
um contexto determinado.
b) Quem não destorce o que ouviu de modo torto acaba
por permanecer longe do caminho reto da
compreensão.
c) Pelos sons exóticos das palavras, nos impregnamos
da melodia poética a cujo encanto se rendem,
imantados, os nossos ouvidos.
d) Há sons indiscrimináveis, como os que se apanha do
rádio mau sintonizado ou de uma conversa aliatória,
entre terceiros.
e) É possível elaborar-se uma longa lista de palavras e
expressões em cuja recepção sonora verificam-se os
mais curiosos equívocos.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 64
12. (FCC - 2012 - Prefeitura de São Paulo - SP -
Auditor Fiscal do Município)
A frase em que a ortografia está adequada ao
padrão culto escrito é:
a) À mínima contrariedade, exarcebava-se de tal
maneira que seus excessos verbais eram já
conhecidos de todos.
b) A expontaneidade com que se referiu ao local
como "impesteado" fez que todo o auditório
explodisse em risos.
c) Quanto à infraestrutura, será necessário
reconstrui-la em prazo curto, mas sem que haja
qualquer tipo de displiscência.
d) O docente não viu como retaliação a rasura no
cartaz que afixara, mas sua intenção era advertir
quanto ao desleixo com a coisa pública.
e) A obra faraônica será uma excressência naquela
paisagem bucólica, mas ninguém teve hêsito em
convencer os responsáveis da necessidade de
revisão do projeto.
PONTUAÇÃO
13. (FCC - 2014 - AL-PE - Analista Legislativo)
A frase em que as ideias estão expressas de modo
claro e correto é:
a) Toda pessoa que paga imposto tem o direito de
externar sua opinião sobre o modo como o governo
trata os munícipes, mas se a pessoa está vinculada
ao trabalho no setor da vida pública quando critica
corrompe com a ética profissional.
b) No que se refere aos meios de comunicação, o
brasileiro vive um período complexo: na medida
que a mídia cai em descrédito com o grande público
- o tratamento é abusivo das notícias ou grave peso
ideológico - os novos veículos da informática
ganham cada vez mais credibilidade.
c) A liberdade de expressão do cidadão que é
funcionário do Estado em certa função encontra
alguns condicionamentos em face de seu vínculo
institucional, mas tal excessiva limitação não pode
se interpretar a ponto de comprometer aquele
direito.
d) Numa democracia, até mesmo, ou principalmente, a
imprensa é meio que não se pode prescindir para a
liberdade de expressão, e por isso da evolução
democrática, motivo pelo qual há o sigilo da fonte,
garantido pela lei vigente quando ocorre uma denúncia.
e) Ainda que seja legítimo o conceito de que é direito
da pessoa expressar-se livremente - sobre qualquer
assunto que lhe diga respeito ou lhe aprouver - e de
que o sistema jurídico do país tem o dever de garantir
esse bem da democracia, é leviano dissociá-lo da
responsabilidade inerente ao gesto cidadão de
manifestar-se.
14. (FCC - 2014 - METRÔ-SP - Analista Desenvolvimento
Gestão Júnior)
Viagens
Viagens de avião e de metrô podem guardar certa
semelhança. Entre nuvens carregadas, ou tendo o azul
como horizonte infinito, o passageiro não sente que
está em percurso; no interior dos túneis, diante das
velozes e uniformes paredes de concreto, o passageiro
tampouco sabe da viagem. Em ambos os casos, vai de
um ponto a outro como se alguém o levantasse de um
lugar para pô-lo em outro, mais adiante.
Nesses casos, praticamente se impõe uma viagem
interior. As nuvens, o azul ou o concreto escuro
hipnotizam-nos, deixam-nos a sós com nossas imagens
e nossos pensamentos, que também sabem mover-se
com rapidez. Confesso que gosto desses momentos
que, sendo velozes, são, paradoxalmente, de letargia:
os olhos abertos veem para dentro, nosso cinema
interior se abre para uma profusão de cenas vividas ou
de expectativas abertas. Em tais viagens, estamos
surpreendentemente sós - uma experiência rara em
nossos dias, concordam?
Que ninguém se socorra do celular ou de qualquer
engenhoca eletrônica, por favor: que enfrente o vital
desafio de um colóquio consigo mesmo, de uma viagem
em que somos ao mesmo tempo passageiros e
condutores, roteiristas do nosso trajeto, produtores do
nosso sentido. Não é pouco: nesses minutos de íntima
peregrinação, o único compromisso é o de não resistir à
súbita liberdade que nossa imaginação ganhou.
Chegando à nossa estação ou ao nosso aeroporto,
retomaremos a rotina e nos curvaremos à fatalidade de
que as obrigações mundanas rejam o nosso destino.
Navegar é preciso, viver não é preciso, diziam os antigos
marinheiros. É verdade: há viagens em que o menos
importante é chegar.
(Ulisses Rebonato, inédito)
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LOJA DO CONCURSEIRO - 65
Atente para as seguintes frases:
I. Numa viagem de metrô, sentimos que o próprio
tempo parece acelerar.
II. Ele prefere evitar o metrô, por conta de sua
tendência claustrofóbica.
III. Ele optou pelo horário do metrô, que lhe parece
mais conveniente.
A supressão da(s) vírgula(s) altera o sentido do que
está APENAS em :
a) I e II.
b) II e III.
c) I e III.
d) II.
e) III.
15. (FCC - 2014 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Analista
Judiciário)
Sobre a publicação de livros
Muito se tem discutido, recentemente, sobre
direitos e restrições na publicação de livros. Veja-se
o que dizia o filósofo Voltaire, em 1777:
“Não vos parece, senhores, que em se tratando de
livros, só se deve recorrer aos tribunais e soberanos
do Estado quando o Estado estiver sendo
comprometido nesses livros? Quem quiser falar
com todos os seus compatriotas só poderá fazê-lo
por meio de livros: que os imprima, então, mas que
responda por sua obra. Se ela for ruim, será
desprezada; se for provocadora, terá sua réplica; se
for criminosa, o autor será punido; se for boa, será
aproveitada, mais cedo ou mais tarde.”
(Voltaire, O preço da justiça. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São
Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 56)
Quanto à colocação das vírgulas, a frase
inteiramente correta é:
a) Num de seus textos, a que deu o título de “Do
justo e do injusto”, Voltaire aborda, com a
propriedade de sempre, a questão da natureza
mesma do sentimento da justiça, que, segundo ele,
foi-nos concedido por Deus, que também nos deu
um cérebro para contrabalançar os impulsos do
coração.
b) Num de seus textos, a que deu o título de “Do justo e
do injusto” Voltaire aborda, com a propriedade de
sempre a questão da natureza mesma do sentimento
da justiça, que segundo ele foi-nos concedido por Deus
que, também, nos deu um cérebro para contrabalançaros impulsos do coração.
c) Num de seus textos a que deu o título de “Do justo e
do injusto”, Voltaire aborda com a propriedade de
sempre, a questão da natureza mesma do sentimento
da justiça, que segundo ele foi-nos concedido por Deus,
que também nos deu um cérebro, para contrabalançar,
os impulsos do coração.
d) Num de seus textos, a que deu o título de “Do justo e
do injusto”, Voltaire aborda, com a propriedade de
sempre, a questão da natureza mesma, do sentimento
da justiça, que segundo ele foi-nos concedido por Deus
que, também nos deu um cérebro, para contrabalançar
os impulsos do coração.
e) Num de seus textos a que deu o título de “Do justo e
do injusto”, Voltaire aborda com a propriedade de
sempre, a questão da natureza mesma do sentimento
da justiça que, segundo ele, foi-nos concedido por Deus
que também nos deu um cérebro para contrabalançar
os impulsos do coração.
CONJUNÇÃO
16. (FCC - 2014 - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário)
A dor, juntamente com a morte, é sem dúvida a
experiência humana mais bem repartida: nenhum
privilegiado reivindica ignorância em relação a ela ou se
vangloria de conhecê-la melhor que qualquer outro.
Violência nascida no próprio âmago do indivíduo, ela
dilacera sua presença e o esgota, dissolve-o no abismo
que nele se abriu, esmaga-o no sentimento de um
imediato sem nenhuma perspectiva. Rompe-se a
evidência da relação do indivíduo consigo e com o
mundo.
A dor quebra a unidade vivida do homem,
transparente para si mesmo enquanto goza de boa
saúde, confiante em seus recursos, esquecido do
enraizamento físico de sua existência, desde que
nenhum obstáculo se interponha entre seus projetos e
o mundo. De fato, na vida cotidiana o corpo se faz
invisível, flexível; sua espessura é apagada pelas
ritualidades sociais e pela repetição incansável de
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situações próximas umas das outras. Aliás, esse
ocultar o corpo da atenção do indivíduo leva René
Leriche a definir a saúde como “a vida no silêncio
dos órgãos”. Georges Canguilhem acrescenta que
ela é um estado de “inconsciência em que o sujeito
é de seu corpo”.
(Adaptado de: BRETON, David Le. Antropologia da Dor,
São Paulo, Editora Fap-Unifesp, 2013, p. 25-6)
... esse ocultar o corpo da atenção do indivíduo... ...
definir a saúde como “a vida no silêncio dos
órgãos”. (final do texto)
Os segmentos acima expressam, respectivamente,
a) consequência e finalidade.
b) condição e necessidade.
c) consequência e condição.
d) causa e finalidade.
e) causa e decorrência.
17. (FCC - 2014 - TRT - 19ª Região (AL) - Analista
Judiciário)
O MAQUINISTA empurra a manopla do
acelerador. O trem cargueiro começa a avançar
pelos vastos e desertos prados do Cazaquistão,
deixando para trás a fronteira com a China.
O trem segue mais ou menos o mesmo
percurso da lendária Rota da Seda, antigo caminho
que ligava a China à Europa e era usado para o
transporte de especiarias, pedras preciosas e,
evidentemente, seda, até cair em desuso, seis
séculos atrás.
Hoje, a rota está sendo retomada para
transportar uma carga igualmente preciosa: laptops
e acessórios de informática fabricados na China e
enviados por trem expresso para Londres, Paris,
Berlim e Roma.
A Rota da Seda nunca foi uma rota única, mas
sim uma teia de caminhos trilhados por caravanas
de camelos e cavalos a partir de 120 a.C., quando
Xi'an - cidade do centro-oeste chinês, mais
conhecida por seus guerreiros de terracota - era a
capital da China.
As caravanas começavam cruzando os desertos
do oeste da China, viajavam por cordilheiras que
acompanham as fronteiras ocidentais chinesas e então
percorriam as pouco povoadas estepes da Ásia Central
até o mar Cáspio e além.
Esses caminhos floresceram durante os
primórdios da Idade Média. Mas, à medida que a
navegação marítima se expandiu e que o centro político
da China se deslocou para Pequim, a atividade
econômica do país migrou na direção da costa.
Hoje, a geografia econômica está mudando outra
vez. Os custos trabalhistas nas cidades do leste da China
dispararam na última década. Por isso as indústrias
estão transferindo sua produção para o interior do país.
O envio de produtos por caminhão das fábricas
do interior para os portos de Shenzhen ou Xangai - e de
lá por navios que contornam a Índia e cruzam o canal
de Suez - é algo que leva cinco semanas. O trem da Rota
da Seda reduz esse tempo para três semanas. A rota
marítima ainda é mais barata do que o trem, mas o
custo do tempo agregado por mar é considerável.
Inicialmente, a experiência foi realizada nos
meses de verão, mas agora algumas empresas planejam
usar o frete ferroviário no próximo inverno boreal. Para
isso adotam complexas providências para proteger a
carga das temperaturas que podem atingir 40 °C
negativos.
(Adaptado de: www1.folhauol.com.br /FSP /
newyorktimes/ 122473)
Há relação de causa e consequência, respectivamente,
entre:
a) o aumento dos custos trabalhistas no leste da China e
a atual transferência da produção industrial para o
interior do país.
b) a redução de tempo no atual transporte por trem na
Rota da Seda e a aceleração da venda de produtos de
informática.
c) o uso de caminhões para o transporte de carga e a
atual mudança da geografia econômica da China.
d) a retomada do transporte de mercadorias pela Rota
da Seda e o aumento nos custos do transporte
marítimo.
e) a suspensão do uso da Rota da Seda no fim da Idade
Média e a diminuição na demanda do Ocidente por
especiarias e seda.
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18. (FCC - 2013 - TRT - 15ª Região - Analista
Judiciário)
Todos os dias, acompanhamos na televisão,
nos jornais e revistas as catástrofes climáticas e as
mudanças que estão ocorrendo, rapidamente, no
clima mundial. Nunca se viram mudanças tão
rápidas e com efeitos devastadores como têm
ocorrido nos últimos anos.
Pesquisadores do clima mundial afirmam que
este aquecimento global está ocorrendo em função
do aumento da emissão de gases poluentes,
principalmente derivados da queima de
combustíveis fósseis (gasolina, diesel etc.) na
atmosfera. Esses gases (ozônio, dióxido de carbono,
metano, óxido nitroso e monóxido de carbono)
formam uma camada de poluentes de difícil
dispersão, causando o famoso efeito estufa. Esse
fenômeno ocorre, porque esses gases absorvem
grande parte da radiação infravermelha emitida
pela Terra, dificultando a dispersão do calor.
O desmatamento e a queimada de florestas e
matas também colaboram para esse processo. Os
raios do Sol atingem o solo e irradiam calor na
atmosfera. Como esta camada de poluentes
dificulta a dispersão do calor, o resultado é o
aumento da temperatura global. Embora este
fenômeno ocorra de forma mais evidente nas
grandes cidades, já se verificam suas consequências
no aquecimento global.
Como esta camada de poluentes dificulta a
dispersão do calor, o resultado é o aumento da
temperatura global.
Na frase acima, o conectivo como tem o valor de
................., podendo ser substituído sem prejuízo
do sentido e da correção por ............... .
As lacunas são completadas corretamente em:
a) comparação – tanto que
b) causa – porque
c) conformidade – por que
d) comparação – porque
e) causa – tanto que
PRONOMES
19. (FCC - 2014 - METRÔ-SP - Técnico Sistemas)
Nascido no bairro do Pari, em uma São Paulo em
construção após o levante constitucionalista de 1932,
Germano Mathias compõe a santíssima trindade do
samba paulistano, ...... Adoniran Barbosa e Geraldo
Filme.
(Adaptado de: DINIZ, André, op. cit.)
Preencha corretamente a lacuna da frase acima:
a) em face à
b) lado a lado
c) ao lado de
d) lado à lado com
e) junto à
20. (FCC - 2014 - SABESP - Técnicoem Gestão)
As filmagens de Vidas Secas foram no sertão, em
Palmeira dos Índios (AL), cidade ..................... o escritor
morou e .................. foi prefeito.
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
ordem dada:
a) a qual - que
b) em que - da qual
c) no qual - onde
d) onde - cuja
e) que - a que
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CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
21. (FCC - 2014 - TRT - 16ª REGIÃO (MA) - Analista
Judiciário)
[Do espírito das leis]
Falta muito para que o mundo inteligente
seja tão bem governado quanto o mundo físico, pois
ainda que o mundo inteligente possua também leis
que por sua natureza são invariáveis, não as segue
constantemente como o mundo físico segue as
suas. A razão disso reside no fato de estarem os
seres particulares inteligentes limitados por sua
natureza e, consequentemente, sujeitos a erro; e,
por outro lado, é próprio de sua natureza agirem
por si mesmos. (...)
O homem, como ser físico, tal como os outros
corpos da natureza, é governado por leis
invariáveis. Como ser inteligente, viola
incessantemente as leis que Deus estabeleceu e
modifica as que ele próprio estabeleceu. Tal ser
poderia, a todo instante, esquecer seu criador -
Deus, pelas leis da religião, chamou-o a si; um tal
ser poderia, a todo instante, esquecer-se de si
mesmo - os filósofos advertiram-no pelas leis da
moral.
(Montesquieu - Os Pensadores. São Paulo: Abril
Cultural, 1973, p. 33 e 34)
O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-
se no plural para preencher corretamente a lacuna
da seguinte frase:
a) ...... (ganhar) proeminência, entre as convicções
de Montesquieu, a de que Deus nunca se afasta em
definitivo de suas criaturas, ainda quando estas o
esqueçam.
b) Às leis imutáveis do mundo físico não se ......
(ater) a legislação dos homens, caracterizada muitas
vezes pela inconstância e pela dificuldade de
cumprimento.
c) Dado que não ...... (competir) aos homens
governar o mundo natural, deveriam eles buscar
governar a si mesmos do modo mais justo e mais
eficiente possível.
d) Montesquieu lembra que ...... (dever) caber aos
filósofos alertar os homens para não se esquecerem
das leis morais que devem ser cumpridas.
e) ...... (atuar) claramente nesse texto, onde tão
bem se representa o pensamento de Montesquieu,
os conceitos fundamentais de mundo físico e
mundo inteligente.
22. (FCC - 2014 - TRT - 16ª REGIÃO (MA) - Analista
Judiciário)
Da utilidade dos prefácios
Li outro dia em algum lugar que os prefácios são
textos inúteis, já que em 100% dos casos o prefaciador
é convocado com o compromisso exclusivo de falar
bem do autor e da obra em questão. Garantido o tom
elogioso, o prefácio ainda aponta características
evidentes do texto que virá, que o leitor poderia ter
muito prazer em descobrir sozinho. Nos casos mais
graves, o prefácio adianta elementos da história a ser
narrada (quando se trata de ficção), ou antecipa
estrofes inteiras (quando poesia), ou elenca os
argumentos de base a serem desenvolvidos (quando
estudos ou ensaios). Quer dizer: mais do que inútil, o
prefácio seria um estraga-prazeres.
Pois vou na contramão dessa crítica mal-humorada
aos prefácios e prefaciadores, embora concorde que
muitas vezes ela proceda - o que não justifica a
generalização devastadora. Meu argumento é simples e
pessoal: em muitos livros que li, a melhor coisa era o
prefácio - fosse pelo estilo do prefaciador, muito
melhor do que o do autor da obra, fosse pela
consistência das ideias defendidas, muito mais sólidas
do que as expostas no texto principal. Há casos célebres
de bibliografias que in- dicam apenas o prefácio de uma
obra, ficando claro que o res- tante é desnecessário. E
ninguém controla a possibilidade, por exemplo, de o
prefaciador ser muito mais espirituoso e in- teligente do
que o amigo cujo texto ele apresenta. Mas como
argumento final vou glosar uma observação de
Machado de Assis: quando o prefácio e o texto principal
são ruins, o primeiro sempre terá sobre o segundo a
vantagem de ser bem mais curto.
Há muito tempo me deparei com o prefácio que
um grande poeta, dos maiores do Brasil, escreveu para
um livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem,
linda e famosa modelo. Pois o velho poeta tratava a
moça como se fosse uma Cecília Meireles (que, aliás,
além de grande escritora era também linda). Não havia
dúvida: o poeta, embevecido, estava mesmo era
prefaciando o poder de sedução da jovem, linda e nada
talentosa poetisa. Mas ele conseguiu inventar tantas
qualidades para os poemas da moça que o prefácio
acabou sendo, sozinho, mais uma prova da imaginação
de um grande gênio poético.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 69
Considerando-se o contexto, traduz-se
adequadamente o sentido de um segmento em:
a) Garantido o tom elogioso (1º parágrafo) =
assumido o teor argumentativo
b) generalização devastadora (2º parágrafo) =
interação improdutiva
c) glosar uma observação (2º parágrafo) = variar
uma consideração
d) ninguém controla a possibilidade (2º parágrafo) =
não se pode esboçar a hipótese
e) consistência das ideias defendidas (2º parágrafo)
= subserviência às teses propaladas
23. (FCC - 2014 - METRÔ-SP - Analista
Desenvolvimento Gestão Júnior)
Delicadezas colhidas com mão leve
Era sábado e estávamos os dois na redação
vazia da revista. Esparramado na cadeira, Guilherme
roía o que lhe restava das unhas, levantava-se,
andava de um lado para outro, folheava um jornal
velho, suspirava. Aí me veio com esta:
- Meu texto é melhor que eu.
A frase me fez rir, devolveu a alegria a meu
amigo e poderia render uma discussão sobre quem
era melhor, Guilherme Cunha Pinto ou o texto do
Guilherme Cunha Pinto. Os que foram apenas
leitores desse jornalista tão especial, morto já faz
tempo, não teriam problema em escolher as
matérias que ele assinava, que me enchiam de uma
inveja benigna.
Inveja, por exemplo, da mão leve com que ele
ia buscar e punha em palavras as coisas mais
incorpóreas e delicadas. Não era com ele,
definitivamente, a simplificação grosseira que o
jornalismo tantas vezes se concede, com a desculpa
dos espaços e horários curtos, e que acaba fazendo
do mundo algo chapado, previsível, sem graça.
Guilherme não aceitava ser um mero recolhedor de
aspas, nas entrevistas, nem sair à rua para ajustar os
fatos a uma pauta. Tinha a capacidade infelizmente
rara de se deixar tocar pelas coisas e pessoas sobre
as quais ia escrever, sem ideias prontas nem pé
atrás. Pois gostava de coisas e de pessoas, e
permitia que elas o surpreendessem. Olhava-as com
amorosa curiosidade - donde os detalhes que faziam o
singular encanto de suas matérias. O personagem mais
batido se desdobrava em ângulos inéditos quando o
repórter era ele. Com suavidade descia ao fundo da
alma de seus entrevistados, sem jamais pendurá-los no
pau de arara do jornalismo inquisitorial. Deu forma a
textos memoráveis e produziu um título desde então
citado e recitado nas redações paulistanas: “Picasso
morreu, se é que Picasso morre”.
(Adaptado de: WERNECK Humberto. Esse inferno vai acabar. Porto
Alegre: Arquipélago, 2001. p.45 e 46)
As normas de concordância verbal estão plenamente
observadas na frase:
a) Os textos memoráveis que, com a arte desse
jornalista, apresentava sempre uma perspectiva
especial, encantavam a todos os seus fiéis leitores.
b) Com a maioria dos jornalistas acontecem,
frequentemente, que se submetam às fáceis
acomodações dessa desafiadora profissão.
c) Aos leitores dos grandes jornalistas cabem não
apenas ler com prazer suas matérias, mas encantar- se
com o ângulo criativo pelo qual trata suas matérias.
d) Quem, entre os muitos jornalistas de hoje, habilita-se
a desafiar os rígidos paradigmas que lhes impinge a
direçãode um jornal?
e) Ainda haveriam, numa época de tanta pressa e tanta
precipitação, jornalistas capazes de surpreender o leitor
com uma linguagem de fato criativa?
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REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
24. (FCC - 2014 - TRT - 16ª REGIÃO (MA) - Técnico
Judiciário)
O elemento em destaque está empregado
corretamente em:
a) Mais que o luxo do produto, é a aparência de
luxo de que conta para os consumidores.
b) Os produtos e as marcas permitem com que as
pessoas adquiram a visibilidade desejada.
c) A visibilidade é uma das características pelas
quais se estrutura a sociedade de consumo.
d) Quanto mais se tem a impressão em que se é
visto com os novos produtos, mais se quer adotá-
los.
e) Nas sociedades por cuja ordem social é abalada
com guerras, a ostentação é particularmente visível.
25. (FCC - 2013 - TRT - 5ª Região (BA) - Técnico
Judiciário)
A ocupação da região da Chapada Diamantina,
inicialmente habitada pelos índios Maracás,
remonta aos anos áureos da exploração de jazidas e
minérios, por volta de 1700, quando foi encontrado
ouro próximo ao Rio de Contas Pequeno, marcando
o início da chegada dos bandeirantes e
exploradores. Em 1844, a colonização é
impulsionada pela descoberta de diamantes
valiosos nos arredores do Rio Mucugê, e os
comerciantes, colonos, jesuítas e estrangeiros se
espalham pelas vilas, controladas e reguladas pela
força da riqueza. A atividade agropecuária tomba
diante da opulência do garimpo.
Reduto de belezas naturais, a Chapada abarca uma
diversidade grande de fauna e flora. São mais de 50
tipos de orquídeas, bromélias e trepadeiras, além
de espécies animais raras, como o tamanduá-
bandeira. O Parque Nacional da Chapada
Diamantina, criado na década de 80 do séc. XX, atua
como órgão protetor de toda essa exuberância.
(Adaptado de: www.bahia.com.br)
... remonta aos anos áureos da exploração de jazidas e
minérios...
Considerando-se a regência do verbo remontar, no
contexto, o segmento sublinhado pode ser
corretamente substituído por:
a) nos dias áureos.
b) as fases áureas.
c) o período áureo.
d) os momentos áureos.
e) à época áurea.
CRASE
26. (FUNCAB - 2014 - PRODAM-AM - Auxiliar de
Motorista)
A outra noite
Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite,
uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui.
Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o
trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima,
além das nuvens, estava um luar lindo, de lua cheia; e
que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas
de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma
paisagem irreal.
Depois que o meu amigo desceu do carro, o
chofer aproveitou um sinal fechado para voltar-se para
mim:
- O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir
sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e
enlamaçada e torpe havia uma outra - pura, perfeita e
linda.
-Mas que coisa...
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para
olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou
guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser
aviador ou pensava em outra coisa.
-Ora, sim senhor...
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse
um “boa noite” e um“ muito obrigado ao senhor” tão
sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito
um presente de rei.
(BRAGA, Rubem. Para gostar de ler, vol. 2,
crônicas. São Paulo, Ática.) Para gostar de ler.
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LOJA DO CONCURSEIRO - 71
Apenas uma das frases abaixo está correta quanto à
colocação do acento indicativo de crase. Assinale-a.
a) O rapaz foi levado à presença do diretor.
b) Ele preferiu voltar para casa à pé.
c) Os dois motoristas infratores ficaram frente à
frente.
d) Chegamos à um cruzamento e paramos o veículo.
e) Ele começou à perceber que não tinha razão.
27. (VUNESP - 2014 - SAAE-SP – Biólogo)
Leia o texto para responder à questão.
O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
do Adolescente, ligado______Presidência da
República, aprovou resolução que, na prática,
proíbe propaganda voltada___________menores
de idade no Brasil. O texto, que o órgão considera
ter força de lei, torna abusivo o direcionamento de
publicidade___________esse público,
com________intenção de persuadi-lo “para o
consumo de qualquer produto ou serviço”.
(http://www1.folha.uol.com.br. Acesso
em 24.03.2014. Adaptado)
Considerando-se o uso do acento indicativo de
crase, de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa, as lacunas do texto devem ser
preenchidas, respectivamente, com:
a) a ... à ... à ... à
b) à ... a ... a ... a
c) a ... à ... a ... à
d) à ... a ... à ... a
e) à ... a ... à ... à
28. (FCC - 2014 - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário)
Em nossa cultura, ...... experiências ...... passamos
soma-se ...... dor, considerada como um elemento
formador do caráter, contexto ...... pathos pode
converter-se em éthos.
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
ordem dada:
a) às - por que - a - no qual
b) as - por que - a - do qual
c) às - porque - a - em que
d) às - pelas quais - à - de que
e) as - que - à - com que
GABARITO
01. B 11. D 21. E
02. D 12. D 22. C
03. E 13. E 23. D
04. D 14. E 24. C
05. D 15. A 25. E
06. A 16. E 26. A
07. E 17. A 27. B
08. B 18. B 28. A
09. A 19. C
10. B 20. B