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Semiologia do Recém-Nascido
Pediatria (MICA)
- aula 2 (05/04) - Adauto
 Gabriela Bon - MedUFF 122
 
Anamnese
· VISÃO GERAL
É realizada em quatro etapas: inspeção, palpação, percussão e ausculta.
A queixa em neonatologia é coletada com os pais/responsáveis.
A história materna é o mais importante, pois isso que irá refletir na história neonatal (a HM se confunde com a HPP).
· HISTÓRIA MATERNA
1. Passado das gestações: como foram as anteriores, o tipo de parto, complicações, número.
2. História ginecológica: analisar se teve alguma doença ginecológica que possa influenciar no desenvolvimento do feto (ISTs).
3. História Cirúrgica Obstétrica e Abdominal: saber de cirurgias anteriores no abdômen (cesariana).
4. História médica de HAS, diabetes, endocrinopatia, infecções, ISTs: pré-eclâmpsia e outras complicações.
5. Hospitalizações, medicações de controle, doenças imunopreveníveis passadas ou vacinação: quimioterapia durante ou antes da gravidez pode influenciar, por exemplo.
6. Uso abusivo de drogas: principalmente cocaína, mas também cigarro (a nicotina causa vasoconstrição dos vasos placentários, fazendo com que os nutrientes passem em menor quantidade para o feto - redução de aporte de nutrientes).
7. Hereditariedade: casos de doenças genéticas.
8. Ocupação profissional social.
· FATORES DE RISCO DO RN
1. Ausência de pré-natal: no mínimo 6 consultas.
2. Idade materna extrema: gravidez aos 10 anos de idade está relacionada a risco por falta de adaptação anatômica; o outro extremo também é verdade, pois o risco da mãe acima dos 40 anos apresentar uma síndrome genética é maior.
Obs.: Síndrome de Down tem maior frequência em gravidez de mulheres acima dos 35 anos.
3. Infecção Materna no Momento do Parto: pode facilitar a passagem do microorganismo para infectar o feto, podendo abrir um quadro de sepse.
4. Diabetes Materno: está relacionado ao nascimento de bebês grandes, além de aumentar a possibilidade de fazer hipoglicemia severa.
5. HAS: quando uma mulher hipertensa fica grávida, a hipertensão fica mais grave ainda.
Obs.: Isso causa hipertensão hiperajuntada.
6. Pré-eclâmpsia: toda mulher que tem aumento da pressão durante a gravidez.
7. Oligodramnia e Polidramnia: quantidade de líquido dentro da bolsa amniótica - se for de menos, pode causar ruptura da bolsa durante a gravidez (deixando o bebe exposto a um tipo de infecção); se for de mais, pode estar relacionado à obstrução do TGI do recém-nascido (o bebê “engole” o líquido amniótico intra-útero).
8. Ruptura prolongada de membranas: quando é maior que 18h, deve-se rastrear infecções na criança.
9. Isoimunização Rh: cuidados no parto; se não cuidado, o bebê pode desenvolver quadro grave de icterícia.
10. Prematuridade: bebês nascidos antes das 37 semanas.
11. Pós-maturidade: bebês nascidos a partir da 41a semana.
12. Discrepância do Peso e Idade Gestacional.
Exame Físico
· VISÃO GERAL
Deve-se analisar:
· ectoscopia;
· crânio;
· tórax;
· abdome e genitália;
· membros.
· INSPEÇÃO
A posição de conforto do bebê é: braços e pernas fletidos.
CLASSIFICAÇÃO DO RN
1. Quanto à idade gestacional:
· pré-termo: < 37 semanas;
· a termo: 37 - 41 semanas e 6 dias;
· pós-termo: > 42 semanas.
2. Quanto ao peso a nascer:
· extremo baixo-peso: < 1kg;
· muito baixo peso: < 1,5kg;
· baixo peso: < 2,5kg - indício de nutrição afetada intra-útero;
· normal: 3kg.
3. Com base nos parâmetros padrões de crescimento (estatura):
· Apropriado (AIG): adequado para idade gestacional - entre os percentil 10 e 90 na curva.
· Pequeno (PIG): pequeno para idade gestacional - abaixo do percentil 10; geralmente resulta de uma síndrome de insuficiência placentária crônica com desnutrição intra-uterina.
· Grande (GIG): grande para a idade gestacional - acima do percentil 90.
Obs.: Avaliação da idade gestacional
Os principais métodos antes do nascimento são: DUM (data da última menstruação) e USG (ultrassom).
Após o nascimento, os principais métodos são:
· Capurro: pode ser somático ou somático-neurológico e realizado nas primeiras 12h para crianças com idade gestacional maior que 28 semanas;
· New Ballard: maturidades neuromuscular e física.
INSPEÇÃO GERAL
O exame de cabeça e pescoço deve ser realizado em ambiente claro.
O bebê hipotônico indica algo errado: sustenta pelo menos um pouco.
1. FÁSCIES
Estado orgânico e/ou psíquico do paciente naquele momento.
Normalmente, podem se relacionar a síndromes ou comorbidades.
Ex.1: Síndrome de Pierre-Robin
Bebê apresenta retrognatismo e se mostra cianótico ao parto devido a glossopitose (a língua não se sustenta e cai, não deixando passar o ar).
Ex.2: Olhar em sol poente
Bebê apresenta hipertensão intracraniana.
Utiliza-se a válvula ventrículo-peritoneal para reduzir a quantidade de líquor, eliminando para o peritônio - mantém o tamanho intracraniano.
Ex.3: Lúpus eritematoso sistêmico
Tem como característica uma máscara ao redor dos olhos + testa.
Ex.4: Síndrome de Down
Ex.5: Riso sardônico
Relacionado ao tétano neonatal.
Ex.6: Paralisia facial
No RN normalmente são causadas por traumatismo durante o parto, por exemplo, com o uso de fórceps.
Normalmente é transitória.
Ex.7: Icterícia
Bebê se mostra amarelado, com sentido de evolução crânio-caudal.
Qualquer icterícia que apareça com menos de 24h é considerada patológica.
2. POSIÇÃO E MOBILIDADE
A posição da cabeça depende das estruturas do pescoço.
Devem ser analisadas alterações em grupos musculares, como paralisa, tumorações, etc.
Ex.: Trissomia do 18 
Ocorre fusão da cabeça com o pescoço.
3. INSPEÇÃO DA CABEÇA
PERÍMETRO CEFÁLICO
O perímetro cefálico (PC) deve ser avaliado desde o nascimento e sequencialmente.
Até os 2 anos de idade, o cérebro cresce mais do que em todo o resto da vida. Alcança 50 a 75% do tamanho final adulto aos 9 meses e 2 anos de idade, respectivamente.
Por isso as crianças desnutridas antes dos dois anos tem desenvolvimento cognitivo pior.
Geralmente, utilizam-se gráficos para notar se o PC acompanha o crescimento.
No RN a termo, a PC é 34 para meninas e 35 para meninos.
Aumenta cerca de 12cm no primeiro ano de vida, sendo:
· 6cm no primeiro trimestre;
· 3cm no segundo trimestre;
· 3 cm no terceiro trimestre.
Quando o PC é muito grande, tem-se macrocefalia e quando pequeno, microcefalia.
Macrocefalia: 
Aumento da circunferência acima de 2DP, acima da média para o peso e idade.
Pode ser observada em:
· hidrocefalia;
· hidranencefalia: ausência de calota craniana;
· megalencefalia: hiperplasia.
Microcefalia:
Muito mais comum em síndromes genéticas e em doenças infecciosas intra-uterinas.
SUTURAS E FONTANELAS
A fontanela, principalmente a anterior, pode permanecer aberta. Deve fechar, mas pode ficar aberta até 18 meses.
A posterior pode já estar fechada ao nascer, mas pode fechar também ate os 12 meses.
As suturas fecham entre 6 e 12 meses.
O fechamento em tempo diferente das suturas pode causar diferentes alterações:
· dolicocefalia;
· trigonocefalia;
· plagiocefalia.
O fechamento prematuro das suturas causa craniossinostose, com consequente hipertensão intracraniana (o crânio não consegue crescer completamente).
COURO CABELUDO E FACE
Podem ter tumefacoes, caput sucedaneum e céfalo-hematoma.
Nos dois últimos, não se faz nada para resolver, pois resolve sozinho.
Obs.: Há uma lesão causada por gluconato de cálcio, com necrose. Não pode ser feita no músculo.
A maioria das lesões não tem tratamento, como o eritema tóxico, entre outros.
ANORMALIDADES DA BOCA
Os mais comuns são lábio leporino e fenda palatina.
ORELHAS
A implantação baixa é considerado um achado normal, apesar de ser muito frequente nas síndromes.
OLHOS
Analisa-se:
· hemorragias: traumáticas e espontâneas;
· edema: inflamatório (conjuntivite, etc);
· blefarite;
· dacrocistite;
· entrópio;
· ectrópio;
· ptose;
· epicanto.
Na ictiose congênita, nota-se o ectrópio e ecolábio.
O hipertelorismo ocular cursa com filtrum largo, comum em síndromes de alcoolismo fetal.A conjuntivite gonocócica é tratada já ao nascer com nitrato (crederização).
A dacriocistite é uma obstrução do canal lacrimal. Cursa com epífora: lacrimejamento constante.
4. INSPEÇÃO DO TORAX
A FC dos RN está entre 100 e 140bpm e a FR entre 35 e 45 irpm.
Existem várias anomalias de tórax: pectus escavatum e outras síndromes.
5. INSPEÇÃO DE ABDÔMEN
O abdômen escavado indica uma hérnia diafragmática: o conteúdo vai todo para dentro do tórax.
A gastroesquise e a onfalocele também são alterações significativas.
6. INSPEÇÃO DOS MEMBROS
Edema de mãos e pés em RN é sugestivo de síndrome de Turner.
A criança pós-matura apresenta pele das mãos e pés secas.
Na paralisia braquial (traumatismo comum no parto normal), o reflexo de Moro (do abraço) está prejudicado.
6. INSPEÇÃO DE GENITÁLIAS 
A ausência de ânus é uma condição preocupante.
Pode haver fístula escrotal com o ânus, por onde saem as fezes com mecônio nos primeiros dias.
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