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Prática dos recursos às Cortes Superiores
Prof. Felipe Varela Mello
Descrição Você vai estudar os aspectos teóricos e práticos relativos aos recursos
direcionados às Cortes Superiores, especificamente: recurso especial,
recurso extraordinário, agravo em recurso especial, agravo em recurso
extraordinário e embargos de divergência.
Propósito O estudo dos recursos às Cortes Superiores é imprescindível para o dia
a dia dos profissionais do direito, considerando a frequência com que
são utilizados na prática. Além disso, trata-se de remédio processual
apto a provocar o reexame da decisão impugnada pelo Superior Tribunal
de Justiça e/ou Supremo Tribunal Federal (órgãos que possuirão a
última palavra sobre o caso a ser julgado).
Preparação Tenha em mãos o Código de Processo Civil e a Constituição Federal de
1988 para a consulta dos dispositivos legais que serão mencionados.
Objetivos
Módulo 1
Recurso especial
Analisar os principais aspectos teóricos e
práticos relacionados ao recurso especial.
Módulo 2
Recurso
extraordinário
Identificar os principais aspectos teóricos e
práticos relacionados ao recurso
extraordinário.
Módulo 3
Agravo em recursos
especial e
extraordinário e
embargos de
divergência
Reconhecer os principais aspectos teóricos
e práticos relacionados a agravo em recurso
especial, agravo em recurso extraordinário e
embargos de divergência.
Introdução
Neste conteúdo, analisaremos os principais aspectos teóricos e práticos
relativos aos recursos direcionados às Cortes Superiores, quais sejam:
recurso especial, recurso extraordinário, agravo em recurso especial,
agravo em recurso extraordinário e embargos de divergência.

Vamos compreender as principais características e o procedimento que
envolve cada um dos recursos mencionados, além de ajudar na construção
das peças recursais encaminhadas ao Superior Tribunal de Justiça e
Supremo Tribunal Federal.
Assim, teremos as ferramentas necessárias para identificar os recursos
cíveis à disposição, findo o julgamento do caso em segunda instância,
assim como elaborá-los, considerando os requisitos de cada um deles.
Material para download
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1 - Recurso especial
javascript:CriaPDF()
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar os principais aspectos teóricos
e práticos relacionados ao recurso especial.
Considerações gerais sobre o
recurso especial
Assista ao vídeo e aprenda sobre o recurso especial e os seus primeiros
aspectos, além de seu posicionamento dentro do sistema recursal brasileiro.
A partir da Constituição Federal de 1988, houve uma restruturação dos órgãos de
cúpula do Poder Judiciário. Diante do número crescente de recursos
extraordinários interpostos perante o Supremo Tribunal Federal, surgiu a
necessidade de criação do Superior Tribunal de Justiça e de um recurso a ele
direcionado, no caso, o recurso especial.
O recurso especial é fruto da divisão das hipóteses de cabimento do recurso
extraordinário direcionado ao Supremo Tribunal Federal, que já existia antes da
Constituição Federal como meio de impugnação da decisão judicial por violação
à Constituição Federal e à legislação federal. A partir da criação do Superior
Tribunal de Justiça pela Constituição Federal, as hipóteses de cabimento do
antigo recurso extraordinário foram repartidas entre o Supremo Tribunal Federal
e o Superior Tribunal de Justiça (Didier Jr., 2016).
A finalidade do recurso especial é a
manutenção da autoridade e unidade
da lei federal, tendo em vista que
existem diversos organismos
judiciários no Brasil que são
encarregados de aplicar o direito
positivo elaborado pela União
(Theodoro JR., 2020). O objetivo desse
recurso direcionado ao Superior
Superior Tribunal de Justiça.
Tribunal de Justiça, portanto, é
resguardar o direito positivo federal,
garantindo sua uniformidade,
estabilidade e segurança.
O recurso especial é interposto perante o presidente ou vice-presidente do
tribunal recorrido, devendo o recorrente na referida peça: expor fatos e direito,
apontar o seu cabimento e demonstrar as razões do pedido de reforma ou de
invalidação da decisão recorrida, nos termos do art. 1.029 do Código de
Processo Civil (CPC). Ainda, o recurso especial tem suas hipóteses de
cabimento previstas no art. 105, III, da Constituição Federal.
Ademais, trata-se de recurso que não possui efeito suspensivo automático,
como ocorre na apelação, em que basta sua interposição para que a sentença
não produza efeitos, e assim permaneça até o julgamento do recurso de
apelação, nos termos do art. 1.012 do CPC.
Comentário
No caso do recurso especial, caso a parte tenha interesse em suspender os
efeitos do acórdão recorrido, é preciso que formule formalmente em sua peça
requerimento de efeito suspensivo, nos termos do art. 995 do CPC.
Segundo o art. 995, em seu parágrafo único, o legislador estabelece que “a
eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da
imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou
impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do
recurso”.
Recomenda-se que o pedido de efeito suspensivo tenha capítulo próprio na peça,
de preferência ao seu final, no qual o recorrente deverá demonstrar que seu
recurso preenche os requisitos do fumus boni iuris (probabilidade do direito) e do
periculum in mora (perigo da demora ou risco ao resultado útil do processo).
Vejamos o que nos traz o art. 1.029, §5º, do CPC!
o pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso
especial poderá ser formulado por requerimento
dirigido:
I – ao tribunal superior respectivo, no período
compreendido entre a publicação da decisão de
admissão do recurso e sua distribuição, ficando o
relator designado para seu exame prevento para julgá-
lo;
II – ao relator, se já distribuído o recurso;
III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal
recorrido, no período compreendido entre a
interposição do recurso e a publicação da decisão de
admissão do recurso, assim como no caso de o
recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.
(Lei nº 13.105/2015)
O recurso especial tem fundamentação vinculada; ou seja, para a sua admissão,
a lei limita críticas que podem ser feitas à decisão recorrida. Para sua
interposição, é preciso que haja algum dos questionamentos previstos nas
alíneas do inciso III do art. 105 da Constituição Federal.
Também pode ser considerado o recurso especial um recurso excepcional, visto
que não autoriza debate sobre matéria de fato, apenas sobre questão de direito,
sendo vedado o reexame de provas. A doutrina costuma apontar que, nesse
recurso, o objetivo é viabilizar uma melhor aplicação da norma federal. Ou seja,
busca-se não a proteção do direito subjetivo da parte, mas a proteção do direito
objetivo.
Por essa razão, é importante ter atenção, quando da elaboração da peça
recursal, para que ela não esbarre no enunciado de Súmula 7 do Superior
Tribunal de Justiça, segundo o qual “a pretensão de simples reexame de prova
não enseja recurso especial”.
Pessoas discutindo detalhes do contrato.
De igual modo, não cabe recurso
especial que objetiva reexaminar
cláusula contratual, na forma do
enunciado de Súmula 5 do Superior
Tribunal de Justiça, que prevê que “a
simples interpretação de cláusula
contratual não enseja recurso
especial”. A ratio desse enunciado é
impedir que, quando do exame do
sentido e alcance da cláusula do
contrato, tenha o órgão julgador da
Corte Superior que averiguar a
intenção dos contraentes, a partir da
análise das matérias de fato da
disputa.
Como todo e qualquer recurso, o recurso especial tem requisitos intrínsecos e
extrínsecos de admissibilidade. Os requisitos intrínsecos têm relação com a
existência do direito de recorrer (cabimento, legitimação, interesse e inexistência
de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer)e os requisitos extrínsecos
referem-se ao modo de exercício do direito de recorrer (preparo, tempestividade
e regularidade formal).
Quando da elaboração da peça, portanto, é importante que cada um desses
requisitos seja observado pelo recorrente.
Recomendação
Confira, em especial, o capítulo próprio para tempestividade, logo no início da
peça, na qual o recorrente comprova que interpôs o recurso de forma
tempestiva, dentro do prazo de 15 dias úteis, na forma prevista no art. 1.003, §5º,
do CPC.
Caso o recorrente se utilize de feriado local para garantir mais um ou mais dias
de prazo para interposição do recurso, é preciso que comprove tal feriado no ato
de interposição do recurso, nos termos do art. 1.003, §6º, do CPC.
De igual modo, é importante que se comprove o recolhimento de custas do
recurso especial. É o chamado “preparo”. Nos termos do art. 1.007 do CPC, “no
ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela
legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de
retorno, sob pena de deserção”.
Para além desses requisitos tradicionais, o texto constitucional condiciona a
admissibilidade do recurso especial a outros requisitos (requisitos cumulativos e
alternativos), que se encontram previstos: (I) no art. 105, inciso III; (II) nas alíneas
‘a’, ‘b’ e ‘c’ do inciso III do art. 105; e (III) no §2º do art. 105, todos da Constituição
Federal.
No que diz respeito à elaboração de um recurso especial, confira a seguir um
exemplo de estrutura de recurso.
Na primeira página, importante ter o endereçamento da peça, qualificação
das partes, indicação do recurso que está sendo interposto e contra qual
decisão; indicação do preparo do recurso; data, local e advogados
signatários.
Capítulo de tempestividade.
Capítulo de resumo fático da demanda e descrição do acórdão recorrido.
Capítulo de defesa pela admissibilidade do recurso, com especial destaque
para demonstração da relevância da questão federal tratada discutida no
caso.
Capítulo para demonstrar a violação de lei federal ou tratado pelo acórdão
recorrido.
Capítulo de pedido pela admissão e provimento do recurso especial, com
local, data e advogados signatários ao final.
Requisitos cumulativos do
recurso especial
Conheça, neste vídeo, os requisitos para interpor um recurso especial, sobretudo
a decisão de última instância, a relevância e o prequestionamento.
Os requisitos cumulativos do recurso especial encontram-se previstos no art.
105, inciso III, e §2º, da Constituição Federal.
Segundo o referido inciso III, compete ao Superior Tribunal de Justiça “julgar, em
recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos
tribunais regionais federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou
negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de
lei federal; c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído
outro tribunal”.
Além disso, conforme consta no §2º, “No recurso especial, o recorrente deve
demonstrar a relevância das questões de direito federal infraconstitucional
discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que a admissão do recurso seja
examinada pelo Tribunal, o qual somente pode dele não conhecer com base
nesse motivo pela manifestação de 2/3 (dois terços) dos membros do órgão
competente para o julgamento”.
Nesse sentido, para ser admitido o recurso especial, conforme o inciso, ele deve
ser interposto:
Além disso, deve a parte demonstrar a relevância das questões de direito federal
infraconstitucional discutidas no caso.
Decisão em única ou última instância –
recurso especial
Inicialmente, para que seja admitido o recurso especial, deve ser ele interposto
contra decisão proferida em única ou última instância. Isso significa dizer que
apenas cabe recurso especial se o recorrente tiver esgotado as vias ordinárias
de impugnação; isto é, interpõe-se o recurso especial se não couber mais
nenhum recurso ordinário contra aquela decisão.
Então, por exemplo, contra uma decisão monocrática proferida por relator em
segunda instância, não cabe recurso especial. É preciso que a parte, antes,
esgote os recursos ordinários, com a interposição de agravo interno, que é
 Contra causas decididas.
 Em única ou última instância.
 Pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais dos
estados, do Distrito Federal e dos territórios.
cabível contra decisão monocrática e que será julgado pelo órgão colegiado. De
igual modo, contra uma sentença proferida por juiz de primeira instância, não se
pode admitir recurso especial, pois deve-se interpor antes o recurso de apelação,
nos termos do art. 1.009 do CPC.
Sobre o assunto, prevê o enunciado de Súmula 281 do Supremo Tribunal Federal:
“É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber, na Justiça de origem,
recurso ordinário da decisão impugnada”.
Decisão proferida por tribunal – recurso
especial
O segundo requisito para admissibilidade do recurso especial previsto no art.
105, III, da Constituição Federal é que ele seja interposto contra decisão
proferida “pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais dos estados, do
Distrito Federal e territórios”.
É irrelevante se a decisão recorrida é
proferida em grau recursal (última
instância) ou em ação de competência
originária do tribunal (única instância).
O que exige a norma constitucional é
que o recurso especial seja interposto
contra decisão de tribunal de segunda
instância (i.e. Tribunal de Justiça
Estadual, Distrito Federal e Territórios,
ou Tribunal Regional Federal).
Juiz segurando martelo durante sentença no
tribunal.
Por essa razão, inclusive, que “não cabe recurso especial contra decisão
proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais”, na forma do
enunciado de Súmula n. 203 do Superior Tribunal de Justiça. Afinal, as turmas
recursais, responsáveis por julgar os recursos inominados dos juizados
especiais, são formadas por juízes de primeiro grau e não possuem natureza de
tribunal.
De igual modo, contra decisão dos embargos infringentes previstos no art. 34 da
Lei nº 6.830/1980 (Lei de Execução Fiscal), não cabe recurso especial, visto que
o recurso é julgado pelo próprio juízo sentenciante, que igualmente não
representa um tribunal.
Prequestionamento – recurso especial
O terceiro requisito para admissibilidade do recurso especial previsto no art. 105,
III, da Constituição Federal é que seja ele interposto contra “causas decididas”
pelos tribunais de segunda instância. Tem-se aí o chamado requisito do
prequestionamento.
O prequestionamento é a exigência de que o recurso especial verse sobre a
matéria que tenha sido enfrentada pela decisão recorrida. Ou seja, o recurso
especial só pode tratar sobre assunto que tenha sido efetivamente decidido pelo
tribunal, não cabendo ao recorrente inovar ou suscitar matérias não tratadas na
decisão recorrida. Tal requisito reforça a atuação do Superior Tribunal de Justiça
como órgão revisor do que já fora decidido pelo tribunal de segunda instância.
O objetivo, portanto, é que não haja matéria no recurso especial que não tenha
sido objeto de análise prévia na decisão recorrida, de modo a impedir que o
Superior Tribunal de Justiça examine assunto de forma originária. Vejamos um
exemplo a partir de Câmara!
Pense-se, por exemplo, em um processo em que não
tenha sido suscitada, nas instâncias ordinárias, a
prescrição. Não obstante a existência de dispositivo
legal a estabelecer que a prescrição pode ser
deduzida em qualquer grau de jurisdição (art. 193 do
CC), deve-se compreender tal disposição no sentido
de que essa matéria pode ser deduzida
originariamente a qualquer tempo nas instâncias
ordinárias. Não tendo sido a matéria submetida ao
debate em contraditório nas instâncias ordinárias,
porém, não será possível deduzi-la originariamente
em grau de recursoextraordinário ou especial, por não
se tratar de matéria "decidida", ou seja, por faltar
prequestionamento.
(Câmara, 2015, p. 539)
Conforme compreende o Superior Tribunal de Justiça, “para que se configure o
prequestionamento da matéria, há que se extrair do acórdão recorrido
pronunciamento sobre as teses jurídicas em torno dos dispositivos legais tidos
como violados, a fim de que se possa, na instância especial, abrir discussão
sobre determinada questão de direito, definindo-se, por conseguinte, a correta
interpretação da legislação federal” (AgInt no AREsp n. 2.290.930/RJ, Relator
Ministro Herman Benjamin, DJe de 30.6.2023).
Na hipótese de proferido acórdão omisso quanto à matéria que se pretende
impugnar no recurso especial, deve a parte opor embargos de declaração para
sanar tal vício e obrigar o tribunal a se pronunciar expressamente sobre aquela
matéria.
Ainda que inadmitido ou rejeitados os embargos de declaração, considera-se,
com a oposição dos embargos de declaração, que a parte preencheu o requisito
do prequestionamento. É o chamado prequestionamento ficto.
A respeito do assunto, confira o que diz o art. 1.025 do CPC!
Consideram-se incluídos no acórdão os elementos
que o embargante suscitou, para fins de pré-
questionamento, ainda que os embargos de
declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o
tribunal superior considere existentes erro, omissão,
contradição ou obscuridade.
(Lei nº 13.105/2015)
É preciso salientar, contudo, que a admissão do prequestionamento ficto do art.
1.025 do CPC exige que a parte indique no recurso especial violação ao art.
1.022 do CPC, para que possibilite ao órgão julgador verificar a existência do
vício inquinado no acórdão, o qual, uma vez constatado, poderá dar ensejo à
supressão de grau facultada pelo dispositivo de lei (REsp 1.639.314/MG, Rel.
Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJe 10.4.2017).
Relevância da questão de direito
infraconstitucional discutida
O quarto e último requisito cumulativo do recurso especial é aquele que consta
no §2º do art. 105 da Constituição Federal, segundo o qual no recurso especial,
“o recorrente deve demonstrar a relevância das questões de direito federal
infraconstitucional discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que a
admissão do recurso seja examinada pelo Tribunal, o qual somente pode dele
não conhecer com base nesse motivo pela manifestação de 2/3 (dois terços)
dos membros do órgão competente para o julgamento”.
O referido requisito de relevância foi criado a partir da Emenda Constitucional
125/2022, com o objetivo de:
I. Racionalizar a prestação jurisdicional, permitindo que a corte se debruce
sobre um volume menor de recursos e, assim, aprimore a prestação
jurisdicional.
II. Fortalecer o sistema de precedentes.
III. Prestigiar a duração razoável do processo, com a redução do volume de
recursos a serem julgados pelo tribunal e, dessa forma, permitir que sejam
julgados mais rapidamente (HILL, 2023).
Cabe ao recorrente, portanto, quando da elaboração da peça, demonstrar a
importância da questão de direito federal infraconstitucional que é discutida no
seu caso.
Sobre o tema, observe que o §3º do art. 105 da Constituição Federal prevê
hipóteses em que se presume a relevância da questão de direito federal no caso
concreto. Vamos entender melhor!
Haverá a relevância de que trata o § 2º deste artigo
nos seguintes casos:
I - ações penais;
II - ações de improbidade administrativa;
III - ações cujo valor da causa ultrapasse 500
(quinhentos) salários mínimos;
IV - ações que possam gerar inelegibilidade;
V - hipóteses em que o acórdão recorrido contrariar
jurisprudência dominante do Superior Tribunal de
Justiça;
VI - outras hipóteses previstas em lei.
(Constituição da República Federativa do Brasil, 1988)
Requisitos alternativos do
recurso especial
Assista ao vídeo e conheça as três hipóteses de cabimento do recurso especial
previstas no art. 105, III, da Constituição. Acompanhe!
Preenchidos os requisitos cumulativos que constam no inciso III e §2º do art.
105 da Constituição Federal, passa-se a tratar das alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do inciso III.
Confira!
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas,
em única ou última instância, pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do
Distrito Federal e Territórios, quando a decisão
recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes
vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em
face de lei federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe
haja atribuído outro tribunal.
(Constituição da República Federativa do Brasil, 1988)
Cabimento com fundamento no art. 105,
III, ‘a’, da CF/88
Segundo o art. 105, III, ‘a’, da
Constituição Federal, compete ao
Superior Tribunal de Justiça julgar, em
recurso especial, as causas decididas,
em única ou última instância, pelos
tribunais regionais federais ou pelos
tribunais dos estados, do Distrito
Federal e territórios, quando a decisão
recorrida: “a) contrariar tratado ou lei
federal, ou negar-lhe vigência”. Trata-
se da alínea mais utilizada para a
interposição de recursos especiais.
Advogada discursando no Tribunal de Justiça.
Embora de sentidos semelhantes, a doutrina majoritária compreende que o
termo “contrariar” e “negar vigência” à lei federal não são sinônimos.
Contrariar é mais abrangente que negar vigência. Contrariar lei federal significa
decidir de forma diversa do que resulta da interpretação da lei ou tratado –
deixando de aplicá-la quando deveria, aplicando de forma equivocada ou a
interpretando erroneamente. Negar vigência à lei federal, por sua vez, significa
deixar de aplicar, de forma expressa, a norma ao caso concreto. Dito isso, o
termo “contrariar”, em verdade, contém “negar vigência”.
Por lei federal, compreende-se:
Lei ordinária federal
Lei complementar federal
Lei delegada federal
Decreto-lei federal
Decreto autônomo
Medida provisória federal (tem a mesma força normativa, embora não seja
uma lei)
Nesse sentido, com base na alínea ‘a’, não cabe recurso especial contra decisão
que contraria ou nega vigência a leis municipais ou estaduais, portarias,
resoluções, regimentos internos ou jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça.
Cabimento com fundamento no art. 105,
III, ‘b’, da CF/88
Segundo o art. 105, III, ‘b’, da Constituição Federal, compete ao Superior Tribunal
de Justiça julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última
instância, pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais dos estados, do
Distrito Federal e territórios, quando a decisão recorrida: “b) julgar válido ato de
governo local contestado em face de lei federal”.
Nesse sentido, cabe recurso especial contra decisão que julgou válido ato de
governo local em detrimento de lei federal, que foi violada. Há, assim, um
contraste entre o ato do governo local, considerado válido pelo acórdão
recorrido, e a lei federal que restou afrontada.
Interpõe-se o recurso, pois entende-se que o ato de governo local, na condição
de ato administrativo, está violando a lei federal, norma hierarquicamente
superior.
Exemplo
Como ato de governo local, podemos citar um decreto do prefeito do munícipio
ou do governador do estado.
Cabimento fundamentado no art. 105, III,
‘c’, da CF/88
Segundo o art. 105, III, ‘c’, da
Constituição Federal, compete ao
Superior Tribunal de Justiça julgar, em
recurso especial, as causas decididas,
em única ou última instância, pelos
tribunais regionais federais ou pelos
tribunais dos estados, do Distrito
Federal e territórios, quando a decisão
recorrida: “c) der a lei federal
interpretação divergente da que lhe
haja atribuído outro tribunal”.
Juiz proferindo uma sentença.
Assim, cabe recurso especial quando dois tribunais divergirem de entendimento
em relação à interpretação de uma lei federal.
A função constitucional do SuperiorTribunal de Justiça é promover a unidade do
direito e uniformizar a jurisprudência do país. Por essa razão, em casos que
exista divergência jurisprudencial entre tribunais diferentes, que, para casos
semelhantes, estão encontrando normas gerais diversas, cabe interpor recurso
especial para que o Superior Tribunal de Justiça, tribunal hierarquicamente
superior, uniformize o entendimento e aponte a correta interpretação da lei
federal.
Divergências internas de um mesmo tribunal não são objeto de recurso especial.
O requisito para interposição do recurso especial com base na alínea ‘c’ do inciso
III do art. 105 da Constituição Federal é que a divergência de interpretação da lei
federal ocorra entre tribunais diversos:
Tribunais de justiça de estados diferentes
Tribunais regionais de diferentes regiões
Tribunal de justiça e tribunal federal regional
Tribunal de segundo grau
Superior Tribunal de Justiça
Para elaborar a peça de recurso especial, é importante que se comprove a
divergência entre o acórdão recorrido e o acórdão paradigma. Para comprovar tal
divergência, que deve ser atual, costuma-se fazer o chamado cotejo analítico
entre ambos os acórdãos. Nesse sentido, é interessante que o recorrente
transcreva trechos tanto do relatório como da fundamentação dos acórdãos
para demonstrar que os casos têm base fática semelhante, embora tenham sido
resolvidos juridicamente de forma diversa.
Deve, ainda, o recorrente comprovar a existência do acórdão paradigma, o que
pode ocorrer de quatro formas: via (I) certidão do tribunal; (II) cópia autenticada;
(III) citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciada, inclusive em
mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente; ou (IV)
reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, com
indicação da respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as
circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados (art.
1.029, §1º, do CPC).
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Em 03.08.2023, foi publicado acórdão de apelação proferido por certa Câmara
Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, contra o qual Rafael
pretende interpor recurso especial. O prazo de 15 dias úteis para interposição
do recurso encerrava-se em 24.08.2023. Supondo a ocorrência fictícia de
feriado local no Rio de Janeiro em 10 de agosto, Rafael poderia postergar a
interposição do seu recurso para 25.08.2023, que passaria a ser o último dia
do prazo legal. Ocorre que interposto o recurso especial no referido dia 25,
Rafael deixou de juntar o comprovante do feriado local em seu recurso, o que
apenas fez em manifestação protocolada dias depois, em 29.08.2023. Diante
desse cenário, o recurso de Rafael será considerado tempestivo pelo Superior
Tribunal de Justiça? Por quê?
Digite sua resposta aqui
Exibir solução
Conforme dispõe o art. 1.006, §6º, do CPC, “o recorrente
comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição
do recurso”. Considerando que, no caso concreto, Rafael não
comprovou o feriado local no ato de interposição do recurso, o
Superior Tribunal de Justiça irá inadmitir seu recurso por
intempestividade. Registra-se que a juntada posterior à
interposição do recurso do comprovante do feriado local não é
suficiente para sanar o vício da intempestividade. Em tese
jurídica vinculante definida em 2017, o Superior Tribunal de
Justiça decidiu que “a jurisprudência construída pelo STJ à luz do
CPC/73 não subsiste ao CPC/15: ou se comprova o feriado local
no ato da interposição do respectivo recurso, ou se considera
intempestivo o recurso, operando-se, em consequência, a coisa
julgada” (AgInt no AREsp 957.821/MS, Rela. Mina. Nancy
Andrighi).
2 - Recurso extraordinário
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os principais aspectos
teóricos e práticos relacionados ao recurso extraordinário.
Considerações gerais sobre o
recurso extraordinário
Assista ao vídeo para conhecer o recurso extraordinário e o seu respectivo papel
no processo civil brasileiro.
A finalidade do recurso extraordinário é tutelar à autoridade e integridade da
Constituição Federal. Trata-se de recurso interposto perante o presidente ou vice-
presidente do tribunal recorrido, no qual o recorrente deve na referida peça:
expor os fatos e direito, apontar o seu cabimento e demonstrar as razões do
pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida, nos termos do art.
1.029 do CPC.
Além disso, o recurso extraordinário tem suas hipóteses de cabimento previstas
no art. 102, III, da Constituição Federal. Veja o que consta no referido dispositivo
legal!
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,
precipuamente, a guarda da Constituição Federal,
cabendo-lhe:
III – julgar, mediante recurso extraordinário, as causas
decididas em única ou última instância, quando a
decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado
em face desta Constituição;
d) julgar válida lei local contestada em face de lei
federal.
(Lei nº 13.105/2015)
Trata-se de recurso que não possui efeito suspensivo automático, como ocorre
na apelação, em que basta sua interposição para que a sentença não produza
efeitos, e assim permaneça até o julgamento do recurso de apelação, nos
termos do art. 1.012 do CPC.
No caso do recurso extraordinário, caso a parte tenha interesse em suspender
os efeitos do acórdão recorrido, é preciso que formule em sua peça
requerimento de efeito suspensivo, nos termos do art. 995 do CPC.
Segundo o art. 995, caput, em seu parágrafo único, o legislador estabelece que “a
eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da
imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou
impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do
recurso”.
Recomendação
É importante que o pedido de efeito suspensivo tenha capítulo próprio na peça,
de preferência ao seu final, no qual o recorrente deverá demonstrar que seu
recurso preenche os requisitos do fumus boni iuris(probabilidade do direito) e do
periculum in mora (perigo da demora ou risco ao resultado útil do processo).
Nos termos do art. 1.029, §5º, do CPC, o pedido de concessão de efeito
suspensivo a recurso extraordinário poderá ser formulado por requerimento
dirigido:
I. Ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a
publicação da decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando
o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo.
II. Ao relator, se já distribuído o recurso.
III. Ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período
compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão
de admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido
sobrestado, nos termos do art. 1.037.
O recurso extraordinário, ainda, tem fundamentação vinculada, ou seja, para a
sua admissão, a lei limita críticas que podem ser feitas à decisão recorrida. Para
sua interposição, é preciso que haja algum dos questionamentos relativos à
norma constitucional previstos no art. 102, III, da Constituição Federal.
Também pode se considerar o recurso extraordinário um recurso excepcional,
visto que não autoriza debate sobre matéria de fato, apenas sobre questão de
direito, sendo vedado o reexame de provas. A doutrina costuma apontar que,
nesses recursos, o objetivo é viabilizar uma melhor aplicação da norma
constitucional. Ou seja, busca-se não a proteção do direito subjetivo da parte,
mas a proteção do direito objetivo.
Por essa razão, é importante ter atenção, quando da elaboração da peça
recursal, para que ela não esbarre no enunciado de Súmula 279 do Supremo
Tribunal Federal, segundo o qual “para simples reexame de prova não cabe
recurso extraordinário”.
Advogado examinandocontrato.
De igual modo, não cabe recurso
extraordinário que objetiva reexaminar
cláusula contratual, na forma do
enunciado de Súmula 454 do Supremo
Tribunal Federal, que prevê que
“simples interpretação de cláusulas
contratuais não dá lugar a recurso
extraordinário”. A ratio desse
enunciado é impedir que, quando do
exame do sentido e alcance da
cláusula do contrato, tenha o órgão
julgador da Corte Superior que
averiguar a intenção dos contraentes,
a partir da análise das matérias de
fato da disputa.
Como todo e qualquer recurso, o recurso extraordinário tem requisitos
intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade. Os requisitos intrínsecos têm
relação com a existência do direito de recorrer (cabimento, legitimação,
interesse e inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer) e os
requisitos extrínsecos referem-se ao modo de exercício do direito de recorrer
(preparo, tempestividade e regularidade formal).
Quando da elaboração da peça, portanto, é importante que cada um desses
requisitos seja observado pelo recorrente.
Recomendação
É importante que se tenha um capítulo próprio para tempestividade, logo no
início da peça, na qual o recorrente comprova que interpôs o recurso de forma
tempestiva, dentro do prazo de 15 dias úteis, na forma prevista no art. 1.003, §5º,
do CPC.
Caso o recorrente se utilize de feriado local para garantir mais um ou mais dias
de prazo para interposição do recurso, é preciso que comprove tal feriado no ato
de interposição do recurso, nos termos do art. 1.003, §6º, do CPC.
De igual modo, é importante que se comprove o recolhimento de custas do
recurso especial. É o chamado preparo. Nos termos do art. 1.007 do CPC, “no
ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela
legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de
retorno, sob pena de deserção”.
Para além desses requisitos tradicionais, o texto constitucional condiciona a
admissibilidade do recurso extraordinário a outros requisitos (cumulativos e
alternativos), que se encontram previstos no (I) art. 102, inciso III; (II) nas alíneas
‘a’, ‘b’ e ‘c’ do inciso III do art. 102; e (III) no §3º do art. 102 – todos da
Constituição Federal.
No que diz respeito à elaboração de um recurso extraordinário, faz-se a seguir
um exemplo de estrutura de recurso, confira!
Na primeira página, é importante ter o endereçamento da peça,
qualificação das partes, indicação do recurso que está sendo interposto e
contra qual decisão; indicação do preparo do recurso; data, local e
advogados signatários.
Capítulo de tempestividade.
Capítulo de resumo fático da demanda e indicação da decisão recorrida.
Capítulo de defesa da admissibilidade do recurso, com especial destaque
para demonstração da repercussão geral do caso concreto.
Capítulo para demonstrar a contrariedade à norma constitucional pelo
acórdão recorrido.
Capítulo de pedido pela admissão e provimento do recurso extraordinário,
com local, data e advogados signatários ao final.
Requisitos cumulativos do
recurso extraordinário
Assista ao vídeo e aprenda sobre os requisitos para a admissão do recurso
extraordinário, sobretudo a decisão de única ou última instância, a repercussão
geral e o prequestionamento.
Os requisitos cumulativos do recurso extraordinário encontram-se previstos no
art. 102, III e §3º da Constituição Federal.
Segundo o inciso III do art. 102,
compete ao Supremo Tribunal Federal,
“julgar, mediante recurso
extraordinário, as causas decididas
em única ou última instância, quando
a decisão recorrida: a) contrariar
tratado ou lei federal, ou negar-lhes
vigência; b) julgar válido ato de
governo local contestado em face de
lei federal; c) der a lei federal
interpretação divergente da que lhe
haja atribuído outro tribunal”.
Advogado fazendo discurso no tribunal.
No §3º do art. 102, por sua vez, resta estabelecido que “no recurso extraordinário
o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal
examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação
de dois terços de seus membros”.
Para ser admitido o recurso extraordinário, ele deve ser interposto contra
“causas decididas” e “em única ou última instância”, cabendo ao recorrente,
demonstrar repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso.
Decisão em única ou última instância –
recurso extraordinário
De forma semelhante ao recurso especial, para que seja admitido o recurso
extraordinário, ele deve ser interposto contra decisão proferida em única ou
última instância. Isso significa dizer que apenas cabe recurso extraordinário se o
recorrente tiver esgotado as vias ordinárias de impugnação; isto é, interpõe-se o
recurso extraordinário se não couber mais nenhum recurso ordinário contra
aquela decisão.
Exemplo
Não cabe recurso extraordinário contra uma decisão interlocutória agravável por
instrumento proferida por juiz de primeira instância. É preciso que a parte, antes,
esgote os recursos ordinários, com a interposição de agravo instrumento que é
cabível na forma no art. 1.015 do CPC.
Sobre o assunto, prevê o enunciado nº 281 do Supremo Tribunal Federal: “É
inadmissível o recurso extraordinário, quando couber, na Justiça de origem,
recurso ordinário da decisão impugnada”.
Há uma diferença principal entre o cabimento do recurso extraordinário e o
recurso especial. Isso porque o texto constitucional não exige para os recursos
extraordinários, tal como prevê para o recurso especial, que a decisão recorrida
seja proferida “pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e Território” (art. 105, III, da Constituição Federal).
Quer dizer, não é preciso para a interposição do recurso extraordinário que a
decisão recorrida seja de tribunal. O texto constitucional não faz essa menção
no inciso III do art. 102.
Admite-se recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz nos casos em
que atuam como instância ordinária única, a exemplo das decisões que julgam
embargos infringentes nas execuções fiscais de pequeno valor, na forma do art.
34 da Lei de Execuções Fiscais (Enunciado de Súmula 640 do STF). Igualmente,
cabe recurso extraordinário contra decisão proferida por turma recursal no
âmbito dos Juizados Especiais.
Prequestionamento – recurso
extraordinário
O segundo requisito para admissibilidade do recurso extraordinário previsto no
art. 102, III, da Constituição Federal é que ele seja interposto contra “causas
decididas” em única ou última instância. Tem-se aí o chamado
prequestionamento, requisito de admissibilidade que existe tanto no recurso
especial como no recurso extraordinário.
O prequestionamento é a exigência de que o recurso extraordinário verse sobre
matéria que tenha sido enfrentada pela decisão recorrida. Ou seja, o recurso
extraordinário só pode tratar sobre assunto que tenha sido efetivamente
decidido pelo tribunal, não cabendo ao recorrente inovar e suscitar matérias não
tratadas na decisão recorrida.
O objetivo, portanto, é que não haja matéria no recurso extraordinário que não
tenha sido objeto de análise prévia na decisão recorrida, impedindo que o
Supremo Tribunal Federal examine assunto de forma originária.
Na hipótese de proferido acórdão omisso quanto à matéria que se pretende
impugnar no recurso extraordinário, deve a parte opor embargos de declaração
para sanar tal vício e obrigar o tribunal a se pronunciar expressamente sobre
aquela matéria.
Atenção!
Diferentemente do Superior Tribunal de Justiça, o Supremo Tribunal Federal
“somente considera prequestionada a questão constitucional quando tenha sido
enfrentada, de modo expresso, pelo tribunal a quo. A mera oposição de
embargos declaratórios não basta para tanto. Logo, as modalidades ditas
implícita e ficta de prequestionamento não ensejam o conhecimento do apelo
extremo” (ARE 707221,Primeira Turma, Ministra Relatora Rosa Weber).
Por fim, na forma do enunciado de Súmula 356 do Supremo Tribunal Federal: “O
ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos
declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito
do prequestionamento”.
Repercussão geral – recurso
extraordinário
O terceiro requisito para que o recurso extraordinário seja admitido é demonstrar
a repercussão geral da questão constitucional posta no recurso.
É o que prevê o §3º do art. 102 da
Constituição Federal: “no recurso
extraordinário o recorrente deverá
demonstrar a repercussão geral das
questões constitucionais discutidas
no caso, nos termos da lei, a fim de
que o Tribunal examine a admissão do
recurso, somente podendo recusá-lo
pela manifestação de dois terços de
seus membros”.
Constituição Federal.
A apreciação da repercussão geral é feita exclusivamente pelo Supremo Tribunal
Federal, nos termos do art. 1.035, §2º, do CPC. O órgão que prolatou a decisão
impugnada não pode fazer juízo de admissibilidade sobre tal repercussão.
Por questão com repercussão geral, entende-se “questões relevantes do ponto
de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses
subjetivos do processo” (art. 1.035, §1º, do CPC).
A ideia do legislador, quando criou a repercussão geral – a partir da Emenda
Constitucional 45/2004, e posteriormente regulada pelos arts. 543-A e 543-B do
CPC de 1973 e pela Emenda Regimental 21/2007 –, foi impedir que demandas
de menor significância chegassem ao Supremo Tribunal Federal, Corte que deve
julgar causas apenas de extrema relevância ou de significativa transcendência.
Sobre o tema, confira as palavras do professor Alexandre Câmara!
[...] só se admite o recurso extraordinário se a questão
constitucional nele discutida tiver transcendência do
ponto de vista subjetivo, interessando sua solução
não só às partes do processo em que a matéria tenha
sido suscitada, mas sendo capaz de alcançar a
sociedade como um todo (ou parcela relevante e
significativa dela).
Assim é, por exemplo, que se reconhece a
repercussão geral da questão constitucional em
recurso extraordinário em que se discute o direito dos
pais de educar seus filhos em casa, sem matriculá-los
em colégios (RE 888815) ou sobre a legitimidade da
cobrança de multa moratória de 30% pelo não
pagamento de ISS (RE 882461).
(Câmara, 2015, p. 540)
Nos casos previstos no art. 1.035, §3º, do CPC, o legislador presume de forma
absoluta que haverá repercussão geral, são eles: quando o recurso impugna
acórdão que (I) contraria súmula ou jurisprudência dominante do Supremo
Tribunal Federal; e (II) tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou
de lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal.
Diante da importância desse requisito, deve o recorrente elaborar capítulo
específico para demonstrar que seu caso envolve questão constitucional com
repercussão geral.
Inclusive, a respeito do assunto, compreende o STF que “Os recursos
extraordinários interpostos contra acórdãos publicados a partir de 3/5/07 devem
demonstrar, em tópico devidamente fundamentado, a existência da repercussão
geral das questões discutidas no apelo extremo (AI nº 664.567/RS-QO), não
havendo falar em repercussão geral implícita ou presumida” (ARE 1211007, Min.
Relator Dias Toffoli, j. em 23.08.2019).
Requisitos alternativos do
recurso extraordinário
Assista ao vídeo e confira cada uma das quatro hipóteses de cabimento do
recurso extraordinário previstas na Constituição Federal.
Preenchidos os requisitos cumulativos que constam no inciso III do art. 102 da
Constituição Federal, passa-se a tratar das alíneas ‘a’, ‘b’, ‘c’ e ‘d’ do referido
inciso.
Apenas para recapitular, veja novamente o que preveem as alíneas seguintes.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-
lhe:
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas
decididas em única ou última instância, quando a
decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado
em face desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei
federal.
(Constituição da República Federativa do Brasil, 1988)
Cabimento fundamentado no art. 102, III,
‘a’, da CF/88
Segundo o art. 102, III, ‘a’, da Constituição Federal, compete ao Supremo Tribunal
Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe julgar, mediante
recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância,
quando a decisão recorrida “a) contrariar dispositivo desta Constituição Federal”.
Nesse sentido, para que o recurso extraordinário seja admitido, o recorrente deve
alegar contrariedade ou negativa de vigência à Constituição Federal.
Afirma-se que o recorrente deve alegar violação, pois, ao menos no juízo de
admissibilidade do recurso, não cabe à Corte Suprema examinar se houve
propriamente violação à norma constitucional, tendo em vista que fazer tal
exame seria adentrar o juízo de mérito do recurso. Com efeito, em um primeiro
momento, para ser admitido o recurso extraordinário, basta que a parte alegue
violação da Constituição Federal.
Atenção!
Só é admissível recurso extraordinário quando a decisão recorrida viola
diretamente norma constitucional, não podendo o exame da matéria depender
da apreciação de violação à norma infraconstitucional. Isto é, não se admite a
chamada ofensa indireta ou reflexa à norma constitucional; se a decisão ofende
norma infraconstitucional e apenas de forma indireta atinge a Constituição
Federal, não cabe recurso extraordinário.
Não por outra razão, estabelece o enunciado 636 do Supremo Tribunal Federal o
seguinte: “Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio
constitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a
intepretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão recorrida”.
Na sequência, confira um exemplo!
Marina tem o seu recurso de apelação julgado em sessão de julgamento
perante o Tribunal de Justiça sem que seu advogado tenha sido
devidamente cientificado do ato processual, em nítida ofensa ao princípio
do contraditório (ao não ser intimado da sessão de julgamento
(informação) não pode realizar a sustentação oral que planejara (reação).
Apesar de o princípio do contraditório estar expressamente previsto no
art. 5º, LV, da CF, não é cabível o recurso extraordinário porque a ausência
de intimação violou o art. 934, caput, do Novo CPC, sendo a ofensa à
Constituição Federal meramente reflexa. Tratando-se de violação à norma
Exemplo 
federal, o recurso cabível é o recurso especial; se fosse estadual ou
municipal, Marina não teria recurso cabível para levar o processo aos
órgãos de superposição.
Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição
afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de
lei federal ou de tratado, deve ele remeter o recurso ao Superior Tribunal de
Justiça para julgamento como recurso especial, nos termos do art. 1.033 do
CPC. Nessa hipótese, antes de remeter o recurso ao Superior Tribunal de Justiça,
caberá a Suprema Corte intimar o recorrente para adaptar o seu recurso e se
manifestar sobre a questão infraconstitucional; ato contínuo, o recorrido será
intimado para complementar suas contrarrazões.
Cabimento fundamentado no art. 102, III,
‘b’, da CF/88
Segundo o art. 102, III, ‘b’, da Constituição Federal, compete ao Supremo Tribunal
Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe julgar, mediante
recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância,
quando a decisão recorrida “b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
federal”.
Nesse sentido, para que o recurso extraordinário seja admitido, deve o recorrente
apontar que adecisão recorrida declarou inconstitucional tratado ou lei federal,
cabendo ao Supremo Tribunal Federal dar a última palavra sobre a
inconstitucionalidade daquele ato normativo.
Registra-se que a inconstitucionalidade, em controle difuso, de tratado ou lei
federal, deve ser apreciada e eventualmente declarada pelo plenário ou órgão
especial daquele tribunal de segundo grau, por força da cláusula de reserva de
plenário. Nesse sentido, é apenas depois do reconhecimento da
inconstitucionalidade da norma pelo plenário ou órgão especial que os autos
retornarão ao órgão fracionário (turma ou câmara) para julgamento do caso
concreto, tendo por base o que foi decidido pelo plenário ou órgão especial.
Atenção!
Para o cabimento do recurso extraordinário com base na alínea ‘b’, deve o
recorrente interpor o referido recurso especificamente contra a decisão final
proferida pelo órgão fracionário. Entendido?
Caso não seja respeitada a cláusula de reserva de plenário e declarada a
inconstitucionalidade da norma pelo próprio órgão fracionário, contra tal decisão
caberá recurso extraordinário, mas com base na alínea ‘a’, em razão da violação
ao art. 97 da Constituição Federal.
Cabimento fundamentado no art. 102, III,
‘c’ e ‘d’ da CF/88
Segundo o art. 102, III, ‘c’, da
Constituição Federal, compete ao
Supremo Tribunal Federal,
precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe julgar,
mediante recurso extraordinário, as
causas decididas em única ou última
instância, quando a decisão recorrida
“c) julgar válida lei ou ato de governo
local contestado em face desta
Constituição”.
Trata-se da hipótese do recurso extraordinário interposto contra decisão
recorrida que privilegiou lei ou ato de governo local em detrimento da
Constituição Federal. Isto é, julgou como válido ato do governo local (v.g. decreto
ou portaria praticado por agente público) ou lei local (v.g. lei emanada por
munícipio ou estado) em face de norma constitucional, de modo que há, assim,
uma possível ofensa à Constituição Federal a ser examinada pelo Supremo
Tribunal Federal.
Já o art. 102, III, ‘d’, da Constituição Federal prevê que compete ao Supremo
Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe julgar,
mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última
instância, quando a decisão recorrida “d) julgar válida lei local contestada em
face de lei federal”.
Nesse caso, há uma contraposição entre a lei federal e a lei estadual, municipal
ou distrital, cabendo ao Supremo Tribunal Federal decidir quem invadiu a
competência legislativa de quem, com base nas regras constitucionais que
tratam de competência legislativa (arts. 22 a 24 da Constituição Federal).
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Certa Câmara do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo negou
provimento a uma apelação interposta pela parte autora contra sentença que
julgou improcedente seus pedidos formulados na petição inicial. Ato contínuo
contra o acórdão proferido pela Câmara, a autora apelante interpôs recurso
extraordinário. Ao examinar o recurso, contudo, a Presidência do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo negou seguimento ao recurso extraordinário,
pois entendeu que o acórdão estava em conformidade com entendimento do
Supremo Tribunal Federal exarado em certo julgamento de recurso repetitivo.
Considerando a hipótese narrada, qual o recurso cabível contra a decisão
proferida pela Presidência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo?
Indique os dispositivos legais pertinentes.
Digite sua resposta aqui
Exibir solução
Nos termos do art. 1.030, I, ‘b’, do CPC, o presidente do tribunal
recorrido deve negar seguimento ao recurso extraordinário
interposto, quando entender que o acórdão recorrido estava em
conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal
exarado em certo julgamento de recurso repetitivo. Contra
referida decisão que nega seguimento ao recurso, cabe à parte
interpor agravo interno, nos termos do art. 1.030, §2º, do CPC.
3 - Agravo em recursos especial e extraordinário e
embargos de divergência
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os principais aspectos
teóricos e práticos relacionados a agravo em recurso especial, agravo em recurso
extraordinário e embargos de divergência.
Agravo em recurso especial e
agravo em recurso extraordinário
Assista ao vídeo e entenda melhor o cabimento dos agravos em recurso especial
e em recurso extraordinário.
Quando o recorrente interpõe recurso especial ou extraordinário perante o
presidente ou vice-presidente do Tribunal de origem, a parte contrária é intimada
para apresentar contrarrazões (art. 1.030, caput, do CPC). Ato contínuo, tem-se o
juízo provisório de admissibilidade feito pelo próprio presidente ou vice-
presidente.
A decisão de admissão do recurso especial ou extraordinário feita pelo
presidente ou vice-presidente do tribunal é irrecorrível. Uma vez proferida tal
decisão, o recurso é encaminhado para o tribunal superior, que fará o juízo
definitivo de admissibilidade do recurso, sem se vincular ao que fora decidido no
tribunal de origem. Há, portanto, um duplo juízo de admissibilidade dos recursos
especiais e extraordinários, feito em dois momentos e órgãos distintos.
Caso, contudo, a decisão proferida pelo presidente ou vice-presidente do tribunal
seja pela inadmissão do recurso, caberá à parte interpor agravo em recurso
especial (se o recurso inadmitido for especial) e agravo em recurso
extraordinário (se o recurso inadmitido for o extraordinário).
A esse respeito, confira o que dispõe o art. 1.042 do CPC!
Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-
presidente do tribunal recorrido que inadmitir recurso
extraordinário ou recurso especial, salvo quando
fundada na aplicação de entendimento firmado em
regime de repercussão geral ou em julgamento de
recursos repetitivos.
(Lei nº 13.105/2015)
Ponto relevante de destacar é que contra certas decisões do presidente ou vice-
presidente, o recurso cabível é o agravo interno (art. 1.030, 2º, do CPC), e não o
agravo em recurso especial ou extraordinário. Vamos entender melhor!
I. Decisão que nega seguimento:
I.I. A recurso extraordinário que discuta questão constitucional à
qual o Supremo Tribunal Federal não tenha reconhecido a
existência de repercussão geral ou a recurso extraordinário
interposto contra acórdão que esteja em conformidade com
entendimento do Supremo Tribunal Federal exarado no regime de
repercussão geral.
I.II. A recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra
acórdão que esteja em conformidade com entendimento do
Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça,
respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos
repetitivos (art. 1.030, I, ‘a’ e ‘b’, do CPC).
II. Decisão que obstará o recurso que versar sobre controvérsia de
caráter repetitivo ainda não decidida pelo Supremo Tribunal Federal
ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate de matéria
constitucional ou infraconstitucional (art. 1.030, III, do CPC).
Portanto, tenha atenção para interpor o recurso correto. Agravo em recurso
especial e extraordinário são voltados sempre contra decisões de inadmissão.
É possível que a parte interponha simultaneamente agravo em recurso especial e
agravo em recurso extraordinário. Os recursos devem ser feitos de forma
individual, um agravo para cada recurso não admitido (art. 1.042, §6º, do CPC).
Uma vez interposto o agravo em recurso especial e/ou agravo em recurso
extraordinário, a parte contrária será intimada para contrarrazões (art. 1.042, §3º,
do CPC). Em seguida, não havendo retratação do presidente ou vice-presidente,
os autos serão remetidos ao tribunal superior competente (art. 1.042, §4º, do
CPC).
Em termos de encaminhamento, se a parte tiver interposto apenas um agravo, o
recurso será remetido ao tribunal competente; contudo, havendo interposição
conjunta,os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça (art. 1.042,
§7º, do CPC). Concluído o julgamento do agravo pelo Superior Tribunal de
Justiça e, se for o caso, do recurso especial, independentemente de pedido, os
autos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para apreciação do agravo a
ele dirigido, salvo se estiver prejudicado (art. 1.042, §8º, do CPC).
Atenção!
O principal objetivo do agravo em recurso especial e agravo em recurso
extraordinário é convencer o tribunal superior que a decisão de inadmissão
proferida pelo presidente ou vice-presidente do tribunal de origem é equivocada.
Cabe ao recorrente, portanto, refutar tal decisão e defender na peça de agravo
que seu recurso especial ou extraordinário, o qual fora inadmitido, na verdade
preenche todos os requisitos de admissibilidade existentes.
Embargos de divergência
Confira, neste vídeo, uma abordagem sobre o cabimento dos embargos de
divergência, com explicações sobre suas características, destrinchando o que
caracteriza a divergência para fins de embargos.
Os embargos de divergência são um recurso cujo objetivo é uniformizar a
jurisprudência interna do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de
Justiça. É, assim, interposto a fim de eliminar divergências de entendimento
internas no âmbito desses tribunais, contribuindo para que eles cumpram com
seu dever de uniformidade jurisprudencial.
Na forma do art. 1.043 do CPC, considera-se embargável o acórdão de órgão
fracionário que:
I. Em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do
julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os
acórdãos, embargado e paradigma, de mérito (inciso I).
II. Em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do
julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um
acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso,
embora tenha apreciado a controvérsia (inciso III).
Salienta-se, desde já, que o acórdão recorrido se chama acórdão embargado, ao
passo que o acórdão paradigma é o acórdão do mesmo tribunal que adotou o
entendimento diverso.
A partir do art. 1.043, nota-se que cabem embargos de divergência quando
houver divergência de entendimento entre órgãos do mesmo tribunal e de
acórdãos que julgam recurso especial ou recurso extraordinário.
Não cabem embargos contra acórdão que julga agravo em recurso especial ou
agravo em recurso extraordinário, tudo bem?
Para que caibam os embargos, é
preciso que o acórdão embargado
tenha sido proferido por órgão
fracionário do Superior Tribunal de
Justiça (seção ou turma) ou órgão
fracionário do Supremo Tribunal
Federal (turma). Não cabem embargos
contra decisão proferida pela Corte
Especial do Superior Tribunal de
Justiça ou pelo Plenário do Supremo
Tribunal Federal, tendo em vista que
esses órgãos já representam a
totalidade da composição de cada
Corte.
Superior Tribunal Federal.
É possível que o acórdão recorrido e paradigma sejam proferidos pela mesma
turma, desde que sua composição tenha sofrido alteração em mais da metade
de seus membros (art. 1.043, §3º, do CPC).
O mesmo art. 1.043 do CPC também estabelece que a divergência deve ser:
Entre acórdãos de mérito (inciso I).
Entre um acórdão de mérito e outro que não conhece do recurso, embora
tenha apreciado a controvérsia (inciso III).
A referida divergência pode ocorrer na aplicação do direito material ou do direito
processual (art. 1.043, §2º, do CPC). Ainda, as teses jurídicas confrontadas
podem estar contidas em julgamento de recursos e de ações de competência
originária (art. 1.043, §1º, do CPC).
Contra decisões isoladas de relator do Supremo Tribunal Federal ou Superior
Tribunal de Justiça, não cabem embargos de divergência.
Quando da elaboração da peça de embargos, é importante que o embargante
demonstre similitude fática entre o caso a ser julgado e o caso paradigma.
Nesse sentido, confira o que dispõe o §4º do art. 1.043 do CPC.
O recorrente provará a divergência com certidão,
cópia ou citação de repositório oficial ou credenciado
de jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica, onde
foi publicado o acórdão divergente, ou com a
reprodução de julgado disponível na rede mundial de
computadores, indicando a respectiva fonte, e
mencionará as circunstâncias que identificam ou
assemelham os casos confrontados.
(Lei nº 13.105/2015)
Cabe ao embargante, assim, fazer o confronto analítico entre o acórdão recorrido
e o paradigma (comparativo entre relatórios e fundamentações de cada
acórdão), de modo similar ao que ocorre nos recursos especiais, quando
interposto por divergência jurisprudencial (art. 105, III, ‘c’, da Constituição
Federal; e art. 1.029, §1º, do CPC).
A divergência entre os acórdãos deve ser atual. Conforme dispõe o enunciado de
Súmula 168 do Superior Tribunal de Justiça: “Não cabem embargos de
divergência, quando a jurisprudência do tribunal se firmou no mesmo sentido do
acórdão embargado”. De forma semelhante, prevê o enunciado de Súmula 247
do Supremo Tribunal Federal, que versa o seguinte: “O relator não admitirá os
embargos da Lei n. 623, de 19.02.1949, nem deles conhecerá o Supremo
Tribunal Federal, quando houver jurisprudência firme do Plenário no mesmo
sentido da decisão embargada”.
No recurso de embargos de divergência, será observado o procedimento
estabelecido no regimento interno do respectivo tribunal superior (art. 1.044,
caput, do CPC). Os embargos de divergência estão previstos nos arts. 266 a 267
do regimento interno do Superior Tribunal de Justiça e nos arts. 330 a 336 do
regimento interno do Supremo Tribunal Federal.
Comentário
A interposição de embargos de divergência no Superior Tribunal de Justiça
interrompe o prazo para interposição de recurso extraordinário por qualquer das
partes (art. 1.044, §1º, do CPC). Em outros termos, o prazo para interposição do
recuso extraordinário só se inicia a partir da intimação das partes acerca do
resultado dos embargos de divergência.
Por fim, salienta-se que, se os embargos de divergência forem desprovidos ou
não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso extraordinário
interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de
divergência será processado e julgado independentemente de ratificação (art.
1.044, §2º, do CPC).
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
João é advogado regularmente inscrito na OAB/RJ e, em causa própria,
ajuizou ação indenizatória contra certa companhia aérea, requerendo sua
condenação ao pagamento de R$ 20.000,00 por danos morais, tendo em vista
que seu voo com destino a São Paulo atrasou por cerca de 30 horas do
horário inicial previsto. O valor da causa foi fixado em R$ 20.000,00.
Em primeiro grau, foi proferida sentença que julgou procedente o pedido de
indenização formulado por João e condenou a companhia aérea ao
pagamento de R$ 20.000,00, fixados honorários de sucumbência em 10%
sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85, §2º, do CPC.
Interposta apelação pela companhia aérea, o Tribunal de Justiça do Estado do
Rio de Janeiro negou provimento à apelação no que tange ao valor de sua
condenação, mas reformou trecho da sentença relativo aos honorários de
sucumbência, para condenar a companhia ao pagamento de honorários por
equidade no valor de R$ 500,00, nos termos do art. 85, 8º, do CPC.
Elabore a peça processual que João deve interpor contra o acórdão proferido
pelo Tribunal de Justiça.
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Na forma do art. 105, III, ‘a’, da Constituição Federal, a peça
cabível no caso concreto é o recurso especial, eis que se trata de
causa decidida em última instância pelo Tribunal de Justiça do
Estado do Rio de Janeiro, que violou o art. 85, §8º, do CPC, norma
federal infraconstitucional.
Na primeira página do recurso, o endereçamento da peça de
recurso especial deve ser voltado para a terceira vice-presidência
do Tribunal de Justiça do Estado doRio de Janeiro, órgão
competente no referido Estado para examinar a admissibilidade
do recurso especial (art. 1.029 do CPC).
Ainda na primeira página, João deve qualificar ele e a parte
contrária, apontar o recurso que está interpondo (recurso
especial) e contra qual decisão (acórdão proferido pelo tribunal),
bem como indicar o recolhimento do preparo recursal (art. 1.007
do CPC), data, local e assinar ao final da página como seu próprio
advogado.
Em seguida, será feito capítulo de tempestividade, no qual se
deve indicar a data em que foi publicado o acórdão recorrido e a
data em que foi interposto o recurso, de modo a comprovar que a
interposição ocorreu dentro do prazo de 15 dias úteis, na forma
como previsto no art. 1.003, 5º, do CPC.
O próximo capítulo será um resumo fático da demanda, bem
como do acórdão recorrido. Posteriormente, o recorrente deve
elaborar capítulo demonstrando que seu recurso especial deve
ser admitido, com especial destaque para demonstração da
relevância da questão federal tratada no caso concreto.
O capítulo seguinte é aquele em que o recorrente demonstra que
o art. 85, §8º, do CPC foi utilizado de forma equivocada, devendo
ser mantida a condenação em 10% sobre o valor da condenação
utilizada na sentença, na forma do art. 85, §2º, do CPC.
Por fim, o recorrente deve pedir ao final o conhecimento e
provimento de seu recurso especial, com a reforma do acórdão
no que tange a honorários de sucumbência fixados, os quais
devem se manter em 10% sobre o valor da condenação, tal como
fixado pela sentença. Ao final, o recorrente deve colocar local,
data e assinar como seu próprio advogado.
Considerações �nais
O recurso especial tem por finalidade a manutenção da autoridade e unidade da
lei federal. Suas hipóteses de cabimento encontram-se previstas no art. 105, III,
da Constituição Federal. Trata-se de recurso que não possui efeito suspensivo
automático. Além disso, tem fundamentação vinculada; ou seja, para sua
admissão, a lei limita críticas que podem ser feitas à decisão recorrida, sendo
preciso que se faça algum dos questionamentos previstos nas alíneas do inciso
III do art. 105 da Constituição Federal.
Para além dos requisitos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade de todo
recurso, o recurso especial possui outros requisitos, cumulativos e alternativos,
que precisam ser preenchidos e se encontram previstos no art. 105, III; no art.
105, §2º; e no art. 105, III, alíneas ‘a’, ‘b’ ou ‘c’, da Constituição Federal.
O recurso extraordinário, por sua vez, tem por finalidade tutelar a autoridade e a
integridade da Constituição Federal. Suas hipóteses de cabimento encontram-se
previstas no art. 102, III, da Constituição Federal. De forma semelhante ao
recurso especial, não possui efeito suspensivo automático e tem
fundamentação vinculada.
Ainda, para além dos requisitos que todo e qualquer recurso precisa preencher, o
recurso extraordinário possui outros, cumulativos e alternativos, que se
encontram previstos no art. 102, III; no art. 102, §3º; e no art. 102, III, alíneas ‘a’,
‘b’, ‘c’ ou ‘d’ da Constituição Federal.
O agravo em recurso especial e o agravo em recurso extraordinário estão
previstos no art. 1.042 do CPC e detalhados nos seus respectivos parágrafos.
São recursos previstos contra decisão do presidente ou do vice-presidente do
tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial.
Os embargos de divergência, por fim, são um recurso cujo objetivo é uniformizar
a jurisprudência interna do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de
Justiça. Encontra-se previsto no art. 1.043 e 1.044 do CPC.
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Confira as indicações de leitura que separamos para você!
Leia:
O funil mais estreito para o recurso especial, de Teresa Arruda Alvim,
Carolina Uzeda e Ernani Meyer, publicado em 2022 pelo Migalhas.
Os embargos de divergência no STJ segundo o novo CPC (com as
alterações da lei 13.256/16), de Osmar Mendes Paixão Cortes, publicado
em 2015 pelo Migalhas.
Embargos de declaração com fim de pré-questionamento: o art. 1.025 e
os riscos para a advocacia, de Carolina Uzeda, publicado por grandes
processualistas.
Referências
CÂMARA, A. F. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Atlas, 2015.
DIDIER JR., F. Curso de Direito Processual civil. v. 3. 13.ed. Salvador: JusPodivm,
2016.
HILL, F. P. A relevância da questão federal no recurso especial: Quando menos é
mais. Migalhas, 2023.
NEVES, D. A. A. Manual de direito processual civil. Salvador: JusPodivm, 2017.
THEODORO JR., H. Curso de Direito Processual Civil. 53 ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2020.
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