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MODALIDADES COERCITIVAS – EXECUÇÃO TRABALHISTA 1. PENHORA DE PORCENTAGEM DO FATURAMENTO DA EMPRESA “O art. 866 do CPC, aplicável subsidiariamente ao Processo do Trabalho, admite a penhora incidente sobre créditos ou faturamento da empresa. No mesmo sentido vemos a jurisprudência consolidada do C. TST: OJ 93 SDI 1 TST: PENHORA SOBRE PARTE DA RENDA DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL. POSSIBILIDADE. (alterada em decorrência do CPC de 2015) - Res. 220/2017, DEJT divulgado em 21, 22 e 25.09.2017. Nos termos do art. 866 do CPC de 2015, é admissível a penhora sobre a renda mensal ou faturamento de empresa, limitada a percentual, que não comprometa o desenvolvimento regular de suas atividades, desde que não haja outros bens penhoráveis ou, havendo outros bens, eles sejam de difícil alienação ou insuficientes para satisfazer o crédito executado. Na hipótese dos autos, o exequente requereu a penhora sobre 30% do faturamento da empresa executada (fl. 1718/1719, Id. 16cca4a). Contudo, o juízo a quo rejeitou tal pedido, sob o fundamento de que não restaram preenchidas as condições exigidas para a efetividade da medida pretendida, pois "a penhora do faturamento é medida excepcional, sendo indispensáveis o preenchimento de três requisitos, quais sejam: a) o devedor não possua bens ou, se os tiver, sejam esses de difícil execução ou insuficientes a saldar o crédito demandado; b) haja indicação de administrador e plano de pagamento; c) o percentual penhorado não torne inviável o exercício da atividade empresarial" e "não há indícios de regular escrituração contábil do patrimônio da executada e tampouco viabilidade em se nomear o próprio sócio como depositário de valores em espécie" (fl. 1732, Id. 1ed4d85) Contudo, a ausência de escrituração contábil regular não constitui fato impeditivo da penhora requerida, pois ausente previsão legal estabelecendo tal vedação. De igual modo, não há que se nomear o sócio da executada como depositário da quantia penhorada, uma vez que, com fundamento no § 2º do art. 866 do CPC, o magistrado pode nomear como administrador-depositário terceiro estranho à lide, a quem caberá submeter à aprovação judicial a sua forma de atuação e prestar contas mensalmente, entregando em juízo as quantias recebidas, com os respectivos balancetes mensais, para que sejam imputadas no pagamento da dívida. A ordem prevista no art. 835 do CPC é, de fato, preferencial, mas não taxativa, devendo observar os demais princípios norteadores da execução, sendo cabível a determinação de apresentação do faturamento da empresa, para eventual penhora, diante da ausência de outros meios aceitáveis para a garantia do juízo. No caso sob exame, não foram encontrados bens livres e desembaraçados aptos a garantir a execução, nem foram estes oferecidos pela executada, situação que autoriza a penhora do faturamento da empresa executada, como requerida. Quanto à alegação de que a execução trará prejuízos à reclamada, não há nos autos quaisquer indícios de prova de que a penhora sobre créditos inviabilizará o exercício de sua atividade empresarial ou provocará danos irreparáveis à empresa, não podendo ser presumido sua eventual ocorrência. Inclusive, cabe pontuar que a exequente comprovou, através dos documentos de fls. 1656/1717 e 1720/1731, que a executada permanece em funcionamento, tendo sido sua unidade de São Paulo-SP reinaugurada e também inaugurada filial da empresa em Brasília-DF, com a pretensão de contratação de novos empregados, o que indica uma saudável condição financeira. Nesse contexto, considerando que, até o momento, o autor não obteve a satisfação do seu crédito, nem a executada não ofereceu bens livres e desembaraçados suficientes para quitar a execução, dou provimento ao apelo, determinando a realização da penhora sobre 30% do faturamento da empresa executada”. (TRT da 2ª Região; Processo: 1000919-25.2017.5.02.0024; Data: 19-06-2024; Órgão Julgador: 18ª Turma - Cadeira 1 - 18ª Turma; Relator(a): RENATA DE PAULA EDUARDO BENETI) RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PENHORA SOBRE FATURAMENTO DA EMPRESA. POSSIBILIDADE. DIRETRIZ CONSAGRADA NA OJ 93 DA SBDI-2. 1. Cuida-se de mandado de segurança impetrado contra decisão em que determinada a penhora sobre o faturamento da Impetrante. A Corte Regional concedeu parcialmente a segurança, reduzindo a constrição para 30%. 2. Na forma do art. 866, caput e § 1º, do CPC e diretriz da OJ 93 da SDI-2 do TST, "é admissível a penhora sobre a renda mensal ou faturamento de empresa, limitada a percentual, que não comprometa o desenvolvimento regular de suas atividades, desde que não haja outros bens penhoráveis ou, havendo outros bens, eles sejam de difícil alienação ou insuficientes para satisfazer o crédito executado". 3. A atividade executiva efetivada pelo Poder Judiciário, no Estado Democrático de Direito, não se confunde com ato de vingança contra o devedor, devendo, por isso, ser conduzida com estrita observância do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV), observando-se os meios menos gravosos (CPC/1973, art. 620 e art. 805 do CPC/2015), o princípio da preservação da empresa (art. 47 da Lei 11.101/2005) e a própria ordem legal de preferência de bens passíveis de apreensão (CPC/1973, art. 655; art. 835 do CPC/2015). 4. Se, de um lado, não se pode perder de vista o propósito de conferir máxima efetividade à tutela judicial, especialmente quando envolvidos créditos de natureza alimentar, de outro, faz-se necessário observar as regras legais que possibilitam, com justiça e equilíbrio, que os atos de execução sejam ultimados sem ruptura dos valores acolhidos pela própria ordem jurídica. 5. Na hipótese da penhora de faturamento da empresa, por exemplo, se não forem considerados limites razoáveis e proporcionais, o resultado da ação estatal pode conduzir à própria inviabilização da atividade empresarial, afrontando o valor constitucional da livre iniciativa. 6. No caso, configurada a ausência de patrimônio da Impetrante apto a garantir e satisfazer a execução, em consonância com a previsão legal inscrita no art. 866 e § 1º do CPC de 2015, não há falar em reforma do acórdão regional, em que já reduzida a penhora. RECURSO ADESIVO DO LITISCONSORTE. LIMITE DA PENHORA. DESCUMPRIMENTO DA ORDEM. 1. O Litisconsorte interpõe recurso adesivo para impugnar o limite fixado no acórdão regional, bem como para trazer fatos novos, alegando descumprimento da ordem judicial por parte da Impetrante. 2. Correto o acórdão regional quando limitou a penhora a 30% do faturamento mensal da devedora, até a integral garantia do juízo, levando em conta a necessidade de preservação da atividade empresarial. 3. No que concerne às alegações relacionadas com o descumprimento da ordem judicial, os fatos novos mencionados nas razões de recurso devem ser levados ao conhecimento do juízo natural da execução, escapando ao âmbito de cognição restrito deste mandado de segurança, cujo rito, como cediço, é incompatível com a dilação probatória correspondente. Recursos conhecidos e não providos. (RO-1001478-20.2018.5.02.0000, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 03/12/2021) AGRAVO DE PETIÇÃO. PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO. PENHORA SOBRE FATURAMENTO DA EMPRESA. Sendo infrutíferas as diligências adotadas para a localização de bens da reclamada, não há razão para indeferir o pedido de prosseguimento da execução com a penhora do faturamento da empresa. Tal medida, conquanto gravosa, é admitida pelo ordenamento jurídico (art. 866, e §§ do NCPC e Orientação Jurisprudencial 93 da E. SDI-2, do C. TST), cumprindo ao magistrado apenas agir com cautela, atentando-se às peculiaridades do caso concreto a fim de que a penhora, de um lado, incida sobre percentual que propicie a satisfação da dívida em tempo razoável, e, de outro, não torne inviável o prosseguimento da atividade. Agravo de petição da reclamante a que se dá provimento. (TRT da 2ª Região; Processo: 1001380-65.2022.5.02.0462; Data: 13-06-2024; Órgão Julgador: 3ª Turma - Cadeira 1 - 3ª Turma; Relator(a):PAULO EDUARDO VIEIRA DE OLIVEIRA) PENHORA SOBRE PARTE DA RENDA OU FATURAMENTO DA EMPRESA. POSSIBILIDADE. OJ 93, DA SDI-2, DO C. TST. RECLAMADA QUE SOFRE OUTRAS EXECUÇÕES. SITUAÇÃO ESPECIFICA QUE RECOMENDA REDUÇÃO DO PERCENTUAL INTELIGENCIA DO ART. 866, §1, CLT. A penhora de percentual do faturamento da empresa devedora constitui modalidade de constrição em moeda corrente perfeitamente legítima e que não comporta maiores discussões nesta Justiça, conforme artigo 866 do CPC, aplicável subsidiariamente ao Processo Trabalhista. Por certo, no processo comum a execução deverá ocorrer de modo menos oneroso para o devedor. Todavia, no âmbito do processo trabalhista essa óptica é mais restrita e está condicionada à observância da regra maior de que à execução se faz no Interesse do credor, e bem assim, da própria Justiça, à quem Incumbe velar pela efetividade de suas decisões e cuidar para que a satisfação da obrigação se faça o quanto antes e da forma mais fácil. Ainda que se aceite, em tese, a incidência no processo trabalhista do princípio da menor onerosidade, não se justifica a penhora de outros bens quando o devedor dispõe de dinheiro. A execução menos gravosa para o devedor, na situação sub judice somente poderia ser debatida se estivesse em jogo à constrição de bens de mesma classe. Outrossim, a menor onerosidade ao devedor não pode implicar prejuízo para o credor. Nas lides trabalhistas, a execução deve processar-se da forma mais rápida e objetiva com vistas à satisfação do crédito do trabalhador, e não para a proteção do patrimônio do devedor inadimplente. Ainda que desconsiderados todos esses fundamentos, o certo é que o procedimento adotado para a constrição judicial, no caso vertente, observou o princípio da menor onerosidade ao devedor, posto que a constrição sobre bens móveis ou imóveis acabariam por gerar custos adicionais, tornando a execução ainda mais gravosa para o executado. Desse modo, conquanto compatível com o processo do trabalho, o princípio do menor gravame não pode sobrepor-se ao interesse do credor, ante a natureza alimentar dos créditos perseguidos, e nem contrapor-se à atuação da Justiça porque a esta interessa ver o quanto antes cumprido o comando sancionatório contido em suas decisões. Por outro lado, nos termos do art. 866, §1º do CPC, necessário ressaltar que a constrição sobre os rendimentos da empresa há de observar a continuidade do empreendimento, conforme norma constitucional atinente à sua função social. Ao encontro, é o que se extrai do entendimento consubstanciado na OJ 93 da SDI-2 do C. TST: "MANDADO DE SEGURANÇA, POSSIBILIDADE DA PENHORA SOBRE PARTE DA RENDA DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL. Daí porque é admissível a penhora sobre a renda mensal ou faturamento de empresa, todavia limitada a determinado percentual, desde que não comprometa o desenvolvimento regular de suas atividades. E a jurisprudência consagrou em 30% o percentual limite para essa modalidade de constrição. Embora seja este o percentual fixado na origem, a situação da executada, que já enfrenta outras execuções, recomenda adequação do percentual da penhora sobre o faturamento da reclamada para 10%. Agravo de petição ao qual se dá parcial provimento. (TRT da 2ª Região; Processo: 1002133-04.2016.5.02.0051; Data: 12-06-2024; Órgão Julgador: 4ª Turma - Cadeira 4 - 4ª Turma; Relator(a): RICARDO ARTUR COSTA E TRIGUEIROS) 2. PENHORA CARTÃO DE CRÉDITO