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DIREITO DO NASCITURO E A QUESTÃO DO FETO EUGENIO Adriane Damian Pereira[footnoteRef:1] [1: A orientadora é Mestra em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul-RS (UNISC), área de concentração: Direitos Sociais e Políticas Públicas, tendo obtido nota máxima na dissertação (2007). Possui Especialização em Direito, lato sensu, pela FADISA-RS (1997). Graduada em Direito pela Universidade da Região da Campanha (1995). Advoga desde 1996. Professora titular das disciplinas de Direito Penal, Juizados Especiais e Biodireito e Coordenadora do Curso de Direito da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões -URI, câmpus de Santiago-RS. E-mail: adriane@urisantiago.br. ] Jonas De Bastos Santos[footnoteRef:2] [2: O autor desse trabalho é acadêmico do quinto semestre do curso de Direito pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Câmpos de Santiago, RS. Email: jonasbs1996@gmail.com] RESUMO: O presente artigo aborda a temática referente aos pontos relevantes do direito do nascituro, no entanto abordando a questão do aborto e em quando for o feto anencefalo, focando no sentido da vida em diferentes aspectos e em definidas ocasiões, a partir de diferentes conceitos; e verificar o impacto da legalização do aborto eugênico na sociedade. Palavras-Chave: Nascituro; Vida; Aborto eugenio. Comment by Jonas Santos: Da pra colocar mais duas palavras chaves, se quiser 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Deste modo, este trabalho busca refletir sobre a seguinte questão do direito do nascituro, com enfase do aborto eugenico, sendo da valorização do direito do nascituro na Constituição Brasileira onde abrange toda proteção ao nascituro, no entanto existem muitos casos de necessidade de aborto, quando for o feto anencéfalo, ou seja, onde não existe a menor chance de sobrevivência Dessa forma, além de constatar como se dá o comportamento da sociedade, diante dos casos nela abordados, também nasce uma conscientização à frente de um grande avanço científico e por conseguinte sua importância para o Direito tambem. É possivel afirmar, que o entendimento tens a discutir em relação ao aborto dos fetos anencéfalos, em uma sociedade relativamente nova, onde os valores morais estão em constantes mudanças e o sentimento conservador está aos poucos sendo substituído, pelo bom senso, essa trabalho se faz necessário para a formulação de uma síntese a respeito do tema 2 O NASCITURI NO ARTIGO 2º DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO DE 2002 Assim sendo temos o artigo, a seguir dizendo: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. (Artigo 2º do CC/02). No código aborda do começo da personalidade, bem como traz a questão formando por duas orações, em primeiro lugar trás no começo em sua parte segue a teoria natalista, ou seja, o nascimento com vida para garantir os direitos do nascituro e em seguida em sua parte final tem a teoria concepcionista, que é usada atualmente pela nação brasileira; que traz o seguinte: “Põe a salvo desde a concepção os direitos do nascituro”. Ressaltando aqui, se a lei põe a salvo desde o começo da concepção os direitos do nascituro, na qual parecendo evidente que ela garante o mais importante direito, sendo o direito à vida em que outros direitos dependem dele para existir. Além disso, obviamente seria contraditório onde a lei falava que todos os direitos do nascituro estão a salvo menos o direito à vida. Pelos fatos expostos anteriormente concluímos, que tais direitos são pertencentes ao este concebido, se bem que ele ainda não se encontra nascido, mas desde a concepção adquire de direitos personalíssimos. Em primeiro o artigo adere à teoria natalista “nascimento com vida”, e em seguida traz sua parte final à teoria concepcionista, como tendo como resultado trazendo seus direitos materiais, morais, patrimoniais, desde a concepção. Conforme o autor Sergio Abdla Semião , trás o seguinte: Os direitos do nascituro, para não afrontarem o caráter universal dos direitos do nascido, para não contradizerem a 1ª parte do Artigo 2º do CC., e para protegerem seus prováveis interesses durante o período da gestação, restringem-se e limitam-se àqueles que são especificamente previsto na lei. É taxatividade dos direitos do nascituro... [footnoteRef:3] [3: SEMIÃO2000, p. 68.] Em vista disso, a respeito dos direitos salvaguardados ao nascituro, e que não é depender somente do direito de vida e sim o estado da gestante em manter o nascituro de forma mais saudáveis possível, de como, por exemplo, a integridade física, a saúde e principalmente direito alimentícios, sendo direito absoluto, pelos fatos já mencionados concluímos que o nascituro ainda não encontrar-se nascido, contudo desde a concepção adquire direitos personalíssimos, como que já foi dito anteriormente. Teorias quanto aos direitos do nascituro 2.1 Teoria Natalista Conforme a Doutrina Natalista, alega que a aquisição da personalidade somente acontece a partir do nascimento com vida, na qual, somente mera expectativa de pessoa, ou seja, meras expectativas de direitos. Dos múltiplos aderentes a essa corrente, citada e denfendida por Pontes de Miranda, em sua obra, trazendo o seguinte ensinamento: No útero, a criança não é pessoa, se não nasce viva, nunca adquiriu direitos, nunca oi sujeito de direitos, (...) Todavia, entre a concepção e o nascimento, o ser vivo pode achar-se em situação tal que se tem de esperar o nascimento para saber se tem algum direito, pretensão, ação ou exceção lhe deveria ter tido. Quando o nascimento se costuma, a personalidade começa... [footnoteRef:4] [4: MIRANDA, 2000, p.42] Dando por continuidade é essa a teoria natalista que fundamenta o artigo 2º do código civil, sendo assim tratando especificamente do nascituro, pensar excessivamente acerca de que a lei não lhe concede personalidade, sendo que só lhe será conferida no caso se nascer com vida, contudo, como provavelmente vir ao mundo com vida, na qual o ordenamento jurídico conserva seus interesses futuro. 2.2 Teoria Concepcionista Com essa teoria a personalidade civil do homem começa a dar início desde a concepção, em que o nascituro tem direitos, e, além disso, deve ser considerado pessoa e de modo consequente sujeito de direitos; só a pessoa possui personalidade jurídica, ou seja, tendo direitos próprios protegidos pela lei, já com o seu surgimento. 3 O DIREITO DE NASCER De acordo com a nobre autora e defensora da incriminação da prática abortiva Maria Helena Diniz, em sua conhecida obra no qual fala do estado atual do biodireito no capitulo especifico sobre o direito do nascituro, trazendo os seguintes ensinamentos: Se o embrião ou feto, desde a concepção, é uma pessoa, tem direito à vida, (...). Se o feto pudesse falar, perguntaria: porque não tenho o direito de nascer? Urge que a humanidade progrida, caminhando na direção de princípios que permitam ao homem, vendo respeitando o seu direito fundamental intocável e inalienável à vida e consequentemente o seu direito de nascer. [footnoteRef:5] [5: DINIZ, 2001, p.29] Sendo assim, tem que o nascituro é pessoa desde a concepção, tendo assim o mesmo direito de viver, do mesmo modo que todos os outros direitos a ele garantidos pela teoria concepcionista. Dando por continuidade, ao analisar o direito a vida, na relação que tem a gestante quanto o direito à vida, em que o mundo jurídico não é dominante em uma opinião, no entanto, o que valorizar com toda certeza, sendo em que há risco a gestante, ela deve ser cuidada; tratando de uma preservação de uma vida onde gera outra vida, quando uma gestação que trará como consequências resultando perigos à vida, são nesses casos onde se permite o aborto necessário, na qual o Código Penal, no seu artigo 128 dispõe: Art.128 – Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Ainda que, há uma condição muito importante referente ao aborto necessário em que a gestante tem que encontrar-seciente do procedimento, e ainda estar de acordo com tal ato. Como tendo em vista, esse entendimento, se conclui que o direito de nascer e a questão do aborto faz com que gera bastante polemica no mundo jurídico, como tendo de maneira que se encontre uma solução geral, verdadeira, justa e compatível com dignidade humana. 4 A PROBLEMATICA ÉTICA JURIDICA DO ABORTO Temos aqui primeiramente o Código Penal, na qual, que considera crime o aborto: Comment by Jonas Santos: Se colocar outra coisa, se aumentar, dá pra excluir isso, pois isso coloquei só para encher linguiça, pois teu cravado as 10 pag. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art. 124 – Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena – detenção, de um a três anos. Aborto provocado por terceiro Art.125 – Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena – reclusão, de três a dez anos Art.126 – Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena – reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. Forma qualificada Art.127 – As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se , em consequência do aborto ou dos meios empregados para provoca-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza greve; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Ao analisar os artigos do Código Penal, dá para constatar que criminaliza qualquer tipo de aborto, pois é a vida do ser humano em formação, sendo que o objeto material do crime é o feto humano vivo. Uma pequena observação, que é conhecida uma hipótese de permissão bem como no caso do feto necessário, se não existir outra maneira de salvar a gestante, como já citado anteriormente, e além disso, incluindo aqui outra questão bem importante quando a gravidez resulta de estupro que é permitido pelo nosso código penal. 5 PESQUISA FEITA SOBRE O ABORTO NO BRASIL Segundo a pesquisa, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que mais de 8,7 milhões de brasileira com a idade entre os 18 e 49 anos já realizaram pelo menos um aborto em sua vida, de modo que 1,1 milhão de abortos foram gerados. O artigo 124 do Código Penal, como já citado anteriormente, tem prisão de um a três anos para quem aborta por vontade própria, somente tem três acontecimentos, quando não há maneira de salvar a vida da gestante, quando a gravidez é resultado de estupro e quando o feto é anencéfalo. Em virtude que o IBGE nota-se que tem uma grande quantidade de casos não apresentados na pesquisa. No aborto temos a cor e a renda. A região nordestina tem a percentagem de mulheres sem instrução que cometeram o aborto (37% do total de abortos) sendo que é sete vezes maior de mulheres com curso superior completo com (5%). Em meio as mulheres pretas, a quantidade de aborto provocado é de (3,5% das mulheres) é duas vezes daquele verificado entre as brancas (1,7% das mulheres). 6 A GRANDE POLEMICA NA QUESTÃO DA ANENCEFALIA A discussão acerca da anencefalia, veio com os propósitos com os avanços tecnológicos da medicina em descobrir a doença ainda no começo do da evolução embrionária, mas não ocorreu apenas com nascimento, este avanço gerou muita discussão e incertezas entre os doutrinadores e operadores de direito, em debatendo a questão da interrupção da gravidez de feto anencéfalo quanto ao aborto. É fundamental importante observar, que a gravidez quando o feto for anencéfalo, tem um modo de risco maior do que uma gravidez normal, por conseguinte trazendo graves danos saúde mental da mulher, causando dor e sofrimento. Numa reportagem no Jornal a Folha de Loudrina, falando sobre o assunto dilema ético na anencefalia e também o direito á vida, na qual o jornalista Paulo Costa Bonini na entrevista com o médico e Doutor em Ciências Biológicas Thomas Rafael Gollp, com o oferecimento do seguinte esclarecimento. A questão da paternidade e da maternidade está dentro do direito individual e nós não consideramos que o Estado deve tutelar quanto filhos a pessoa deve ter. A educação e a criação dos filhos está dentro da esfera individual ou no máximo da esfera da família. No caso de anencéfalos é um extremo. Não estamos falando de uma criança saudável e sim de uma concepção completamente inviável. (...) não estamos falando em vida humana e sim em ausência de sobrevivência. A Anencefalia é incompatível com a vida.[footnoteRef:6] [6: BONINI, 2009, p.3] Nesse argumento, perante da discrição, da ausência da legislação especifica sobre o assunto, chega-se na conclusão, onde que a vida começa com a concepção e que desde está o feto tem garantidos seus direitos; no entanto, como no caso desse tipo de gestação não está originando vida, porque não é uma gravidez normal e saudável, já que todos os fetos são letais. Tendo em vista da continuação desta gestação, gera um risco desnecessário, devendo não garantir exclusivamente a saúde da mãe, como também sua integridade física . De tal modo que, não devemos refletir apenas no feto, como também na gestante, nas posturas psicológicas que englobam o saber sobre a anencefalia, além de sua saúde da gestante. Em muitos acontecimentos que ocorreram nota-se que a ocorrência da anencefalia prejudica a saúde da gestante. Acrescentando aqui, sob o ponto de vista do médico e também no ponto de vista físico, no caso de anencefalia pode aumentar consideradamente os riscos da gravidez e também do parto para a gestante, onde há várias complicações ao decorrer da gestação e a saúde da mulher. 6 A DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ARQUIÇÃO DO DESCUMPRIMENTO DO PRECEITO FUNDAMENTAL Nº 54 ADPF Nº 54) Recentemente, o processo jurídico, sobre a revisão da atitude do aborto de feto anencéfalo, vem gerando muita discussão, não só no âmbito jurídico, como também ético e moral, visto que é um tema que devemos ser cuidadosos, portanto, envolve vários conceitos éticos da sociedade, e no padrão tens muitas opiniões. Salientando que ainda, esta decisão do aborto para o feto anencéfalo gerou um grande impacto a comunidade, com ideias em todas as classes sociais e profissionais. Por isso que a ampla alteração em nosso ordenamento jurídico, bem como veio pelo meio dos votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal que disponham sobre o assunto, depois de um longo período de discussões. Foi uma decisão mais complicada durante toda história, que aconteceu o julgamento em abril de 2012 foram oito ministros a favor e somente dois contra a interrupção do feto anencéfalo, para alguns deles não se tratavam de aborto, pois não há possibilidade de vida do feto fora do útero. Com isso o presidente do STF começou seu discurso da antecipação do parto de feto anencéfalo ocorre a ser livre, a opção da gestante, ao se manifestar na interrupção e ao levar adiante a gestação até o final. Ao pelo escolher na interrupção da gravidez poderá requerer o serviço gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sem havendo necessidade de autorização judicial, desde que comprove a tal anomalia. Diante disso tudo, podemos concluir que cabe a gestante, e não ao Estado Democrático de Direito em escolher sobre a interrupção da gravidez, e esta levara em conta suas necessidades e direitos a respeito do aborto. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base em que tudo foi dito, do assunto apresentado é bem delicado, pois envolve vidas e um tema muito polêmico que envolve em mais divergente ponto de vista das diversas áreas. Com base do artigo 2º do Código Civil, concede que o nascituro tenha direito de nascer, além de ter uma gestação digna, como também da sua mãe, que não se pode conforme o Código Penal eliminar o feto. Em virtudes dos fatos por mais que existem discussões, e diante da temática apresentada com relação ao aborto, onde se tem a possibilidade de escolha da interrupção do feto anencéfalo, no caso da situação de necessidade, ou seja, quando há risco para a saúde da mãe, como no caso daanencefalia ela pode optar para aborta o feto. 8 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BONINI, Paulo Costa. Anencefalia e o direito á vida. Folha de Londrina, Londrina, 8 nov. 2009. Folha Opinião BRASIL, Lei 10.406, de 10 de Janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 16 jun. 2018. BRASIL. Código Penal. Dos crimes contra a vida. Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para assuntos Jurídicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm > . Acesso em: 16 jun. 2018 BRASIL, Huffpost Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Brasil, 21 ago. 2015 Disponível em: <http://www.brasilpost.com.br/2015/08/21/estados-aborto-no-brasil-_n_8022824.html>. Acesso em: 17 jun. 2018. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acordão da decisão da interrupção da gravidez de feto anencéfalo. Arguição do descumprimento do preceito fundamental Nº 54 ADPF Nº 54/DF, rel. Min. Marcos Aurélio. 11 e 12. Mai. 2012. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo661.htm>. Acesso em: 17 jun. 2018. DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. São Paulo: Saraiva, 2001. MIRANDA, Pontes de. Tratado de direito privado. 2ª ed. Rio de Janeiro: Borsoi, 2000. SEMIÃO, Sergio Abdalla. Os direitos do nascituro: aspectos cíveis, criminais e do biodireito. 2 ed. Ver e atual. e ampla. Belo Horizonte: Dey Rey, 2000. 4