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INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO ➢ Principais conceitos Quando falamos em Direito do Trabalho, logo pensamos em questões judiciais, Justiça do Trabalho, acerto de contas com o patrão (empregador), 13º salário, férias, seguro-desemprego e por aí vai... Mas o Direito do Trabalho é muito mais que isso! Para estudar esse ramo do Direito, precisamos conhecer de antemão, alguns conceitos essenciais, considerados cruciais para o entendimento das relações trabalhistas. A Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT é composta de alguns conceitos básicos: ➢ Empregador: de acordo com o art. 2º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), “considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços”. No âmbito do Direito do Trabalho, a CLT expressamente estabelece a exigência de que a empresa assuma os riscos do negócio. Assim, ela deve assumir tanto os resultados positivos quanto os negativos do empreendimento, não podendo estes últimos serem transferidos ao empregado. ➢ Empregado: a CLT, em seu art. 3º, dispõe que “considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”. A doutrina jurídica acrescenta a essa definição um outro requisito: a prestação pessoal do serviço. Assim, podemos conceituar empregado como a pessoa física que presta pessoalmente a outrem serviços não eventuais, subordinados e assalariados. Contrato individual de trabalho: a CLT no seu art. 442 dispõe que “Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego”. CURSO DISCIPLINA TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO ASPECTOS LEGAIS DA ADMINISTRAÇÃO PROFESSOR: MARK PEREIRA DOS ANJOS IMPORTANTE: visar o lucro não é uma condição absoluta para caracterizar o empregador. São equiparados os profissionais liberais, instituições beneficentes, associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. As características do contrato de trabalho são as seguintes: • é bilateral, pois produz direito e obrigações para ambos (empregado e empregador); • é oneroso, pois a remuneração (pagamento) é requisito essencial; • é comutativo, pois as prestações de ambas as partes apresentam relativa equivalência, sendo conhecidas no momento da celebração do ajuste contratual; • é consensual, pois a lei não impõe forma especial para a sua celebração, bastando anuência (concordância) das partes; • é, via de regra, um contrato de adesão, pois um dos contratantes, o empregado, limita-se a aceitar as cláusulas e condições previamente estabelecidas pelo empregador; • é pessoal, pois a pessoa do empregado é considerada pelo empregador como elemento determinante da contratação, não podendo aquele se fazer substituir na prestação laboral sem o consentimento do empregador; • é de execução continuada, pois a execução do contrato não se acaba numa única prestação, prolongando-se no tempo. Duração do contrato de trabalho: quanto à sua duração, os contratos podem ser celebrados por prazo determinado ou indeterminado. A CLT fixa o prazo máximo de 2 anos para os contratos a prazo determinado em geral, e de noventa dias para o contrato de experiência (art. 445 e 451). Admite -se uma única prorrogação, que deve ser feita dentro dos prazos que a lei fixou. Havendo uma segunda prorrogação, ainda que dentro do prazo legal, o contrato passará a ser considerado por prazo indeterminado. Contrato individual de trabalho TÁCITO: aquele que não é físico, que não está registrado EXPRESSO: aquele que está redigido ou formalizado Contrato individual de trabalho bilateral oneroso comutativo consensual via de regra, contrato de adesão pessoal e execução continuada Além dos conceitos acima destacados, existem outras definições importantes a serem citadas: Empregado Doméstico: o empregado doméstico não é regido pela CLT, mas sim por lei especial nº 5.859/73, regulamentada pelo Decreto nº 73.626/74. Tivemos uma alteração legal relativa à Lei de empregados domésticos, através da Lei Complementar nº 150 de 1º de junho de 2015. Empregado doméstico é “aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial desta, por mais de (2) dois dias por semana”. São exemplos de trabalhadores domésticos: o mordomo, a cozinheira, a copeira, a governanta, o jardineiro, o motorista particular, etc. Salário: é a contraprestação devida e paga diretamente pelo empregador a todo empregado. Ele pode ser pago mensal, quinzenal ou mensalmente de acordo com o piso salarial da categoria profissional. Piso Salarial: valor mínimo atribuído como salário pela prestação de certo serviço ou pelo exercício de dada função, tendo em conta a extensão e a complexidade do trabalho de acordo com o sindicato da categoria. Sindicato: Associação de empregadores, de empregados de trabalhadores autônomos ou profissionais liberais que exercem a mesma atividade, profissão atividades ou profissões similares e conexas, para fins de estudo dos direitos e deveres dos empregados e empresas. É por meio dos sindicatos que podemos ser representados coletivamente. O sindicato é lembrado por ser a organização que defende políticas coletivas e que luta pelo progresso dos trabalhadores. Contribuição Sindical: cota única e anual, devida aos sindicatos pelos que participam das respectivas categorias econômicas ou profissionais, ou das profissões liberais representadas pelas respectivas entidades. Férias: dias destinados ao descanso do trabalho. Pela CLT, todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remuneração. Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: I - 30 dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 vezes; II - 24 dias corridos, quando houver tido de 6 a 14 faltas; III - 18 dias corridos, quando houver tido de 15 a 23 faltas; IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas. § 1º - É vedado descontar, do período de férias, as faltas do empregado ao serviço. § 2º - O período de férias será computado, para todos os efeitos, como tempo de serviço. OBSERVAÇÃO: algumas pessoas tem o hábito de dizer que o contrato de experiência é de 3 meses. Do ponto de vista do Direito do Trabalho, a definição correta é 90 dias, pois três meses corridos podem não corresponder a 90 dias! REFORMA TRABALHISTA: ocorrida em 2017 promoveu algumas mudanças na legislação brasileira em matéria de Direito do trabalho. Em se tratando de férias é possível parcela-las em até três vezes. A nova lei exige apenas que um dos períodos seja de, no mínimo, 14 dias corridos e os demais de pelo menos cinco dias corridos. Décimo Terceiro Salário: o 13º ou gratificação natalina é devido a todos os trabalhadores. A Constituição determina que seu valor seja pago com base na remuneração integral do salário do trabalhador proporcional ou integralmente por ano civil. Seu pagamento é realizado em 2 parcelas: a 1ª entre os meses de fevereiro a novembro e a 2ª até o dia 20 de dezembro do ano vigente. ➢ Princípios do Direito do Trabalho Os princípios são elementos formadores do Direito. Como qualquer ramo do Direito, o Direito do Trabalho possui princípios próprios que irão orientar as relações de trabalho. Destacamos aqui, os principais princípios do Direito do Trabalho: Irrenunciabilidade dos direitos: Fica vedado, por meio deste princípio, todo ato destinado a desvirtuar ou ignorar a norma trabalhista, causando, por conseguinte, a não-observação de um direito a ser atribuídoa determinado interessado. Condição mais benéfica: Estabelece tal princípio que uma condição mais vantajosa já conquistada na relação de emprego não deve ser reduzida, garantido as conquistas conquistadas ao longo do tempo. Princípio da norma mais favorável ao trabalhador: caso surja obscuridade, conflito hierárquico entre normas ou simples dúvida na elaboração ou interpretação de normas jurídicas, este princípio estabelece que deve prevalecer sempre a interpretação mais favorável ao trabalhador. Princípios constitucionais específicos: temos vários espalhados pela Constituição, a saber: liberdade sindical (artigo oitavo); não interferência do Estado na organização sindical (artigo oitavo); direito de greve (artigo nono); representação dos trabalhadores na empresa (artigo 11); reconhecimento de convenções e acordos coletivos (artigo sétimo, inciso 27), entre tantos outros. Direitos e garantias fundamentais: são os princípios gerais do direito, aplicado ao direito do trabalho, contidos no Título I da Constituição Federal. Tais princípios podem ser encontrados no artigo 5º da CF/88 e, principalmente no artigo 7º da CF/88 que explicita os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais; Função diretiva dos princípios: tal princípio determina que princípios constitucionais não podem ser contrariados por norma infraconstitucional, ou seja, norma que esteja abaixo da Constituição e submissa à ela; Função integrativa dos princípios segundo a CLT: na falta de qualquer lei específica, as autoridades trabalhistas deverão decidir uma questão utilizando, conforme o caso, a jurisprudência, a analogia, a equidade, e outros princípios e normas gerais de direito, em especial os do trabalho. Visite o site do Planalto e tenha acesso à íntegra da CLT: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm REFORMA TRABALHISTA: o site canaltech disponibiliza os 10 principais pontos da reforma trabalhista. Vale a pena conferir: https://canaltech.com.br/carreira/as-10-mudancas-mais- importantes-da-reforma-trabalhista-97628/ https://canaltech.com.br/carreira/as-10-mudancas-mais-importantes-da-reforma-trabalhista-97628/ https://canaltech.com.br/carreira/as-10-mudancas-mais-importantes-da-reforma-trabalhista-97628/ ➢ Conclusão No mundo moderno e cada vez mais tecnológico, as relações de trabalho estão em constante mudança. A manutenção das garantias trabalhistas é fator importante e determinante para o desenvolvimento justo de uma determinada sociedade. O Direito do Trabalho, consubstanciado na Constituição Federal de 1988 solidifica os princípios trabalhistas e confirma a necessidade de se proteger as conquistas até então alcançadas através de duros e dolorosos embates entre a classe operária e empregadora. Reconhecer e conhecer os Direitos trabalhistas é uma garantia para o empregado, que se apropria do conhecimento relativo aos seus direitos e deveres. LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA Sem dúvida, um dos assuntos mais discutidos no país em 2019 foi a Reforma da Previdência! Após longo período de discussão, adequações políticas e econômicas, a reforma foi aprovada (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019). A reforma da Previdência altera as regras para que aposentadorias possam ser pedidas pelos trabalhadores. A principal alteração consiste na fixação de uma idade mínima para que se possa pedir o benefício e a unificação de regras entre quem trabalha com carteira assinada e está vinculado ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e servidores públicos. O tema previdenciário está inserido no capítulo de Seguridade Social na Constituição brasileira e tem por finalidade assegurar, à população, proteção contra as denominadas contingências sociais, materializadas em situações que impedem (ou dificultam) ao indivíduo a manutenção de seu próprio sustento e de seus dependentes. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 (CF/88) expressamente consagrou o sistema de Seguridade Social no Capítulo II do Título VIII (“Da Ordem Social”), especialmente nos artigos 194 a 204. Trata-se de inovação da Constituição de 1988 também chamada de Constituição- cidadã, pois é esta a primeira vez em que o regime de Seguridade resta positivado pelo texto constitucional brasileiro. Vejamos alguns aspectos essenciais do art. 194 da Constituição Federal de 1988, que contempla o conceito da Seguridade Social: Art. 194, CF/88. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social • Objetivo da Seguridade Social, como dito, é fazer frente às contingências sociais. • As ações voltadas à Seguridade Social têm caráter integrado: são promovidas não apenas pelos Poderes Públicos, mas também pela sociedade. • A Seguridade Social contempla três esferas de atuação, a saber: a) Saúde (arts. 196 a 200 da CF/88 + Lei 8080/90) b) Previdência Social c) Assistência Social (arts. 203 e 204 da CF/88 + Lei 8.742/93) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc103.htm#art1 A Previdência Social compreende três regimes diversos: a) RGPS (Regime Geral da Previdência Social): regime obrigatório, destinado a todos os trabalhadores não abarcados por regime próprio (especialmente do setor privado), e gerido pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Suas normas são estudadas pelo Direito Previdenciário. Legislação: Leis nº 8.212 e 8.213/91 + Decreto 3048/99 + Art. 201 da CF/88. b) RPPS (Regime Próprio de Previdência Social): regime obrigatório, destinado aos servidores públicos da União, Estados, Distrito Federal, Municípios, autarquias e fundações públicas. Gerido pelos órgãos da Administração Pública, tem suas regras gerais previstas pelo art. 40 da CF/88. Suas normas são estudadas pelo Direito Administrativo. c) Regime complementar (Previdência Privada): regime facultativo, de natureza complementar aos regimes obrigatórios acima mencionados. Pode ser público ou privado (que será aberto, se administrado por instituições financeiras, ou fechado, se administrado por uma empresa ou grupo de empresas). É previsto pelas leis complementares nº 108 e 109/2001 + art. 202 da CF/88 + art. 40, §§14 a 16 da CF/88. Estudado pelo Direito Comercial (Direito dos Seguros Privados). Dessa maneira, temos a seguinte estrutura do Regime de Previdência Social no Brasil: PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO Tal como os outros ramos do Direito, a Seguridade Social é dotada de princípios, ou seja, proposições teóricas que orientam a aplicação e a interpretação de seu sistema de normas. Segundo a CF/88, trata-se dos OBJETIVOS da Seguridade Social – porém, em termos técnicos, são verdadeiros PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS, já que orientam as atividades e ditam as finalidades do sistema de Seguridade Social. Assim, o disposto no artigo 194 da Constituição Federal diz o seguinte: Seguridade Social Saúde Previdência Social Assistência Social Previdência Social Regime Geral de Previdência Social Regime Próprio de Previdência Social Regime complementar Art. 194 Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I - universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; V - equidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência social; (Redaçãodada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019); VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. Tais princípios constitucionais servirão de guia para orientar as decisões e a formação da legislação complementar orientadora do Direito Previdenciário brasileiro. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS) Segurados são pessoas físicas que exercem ou não atividade, remunerada ou não, efetiva ou eventual, com ou sem vínculo empregatício, que contribuem para a Previdência Social e, por tal razão, podem usufruir dos benefícios por ela geridos. ➢ Idade mínima do segurado: 16 anos (art. 7º, XXXIII, CF/88); exceto aprendiz (14 anos). Porém, se, porventura, o trabalhador tiver menos de 14 anos, terá direito à contagem de tempo de serviço para fins previdenciários, pois não pode ser prejudicado pelo regramento constitucional. Do ponto de vista didático e da estrutura do regime é preciso fazer a seguinte classificação: ➢ 1. Segurados obrigatórios a) Segurados obrigatórios comuns (empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso) b) Segurados obrigatórios individuais (contribuintes individuais, empresários e autônomos) c) Segurados obrigatórios especiais (especiais em relação à faixa de contribuição (alíquota) e benefícios a que tem direito) Somente a título de complementação, o conceito de segurado especial encontra-se regulado na própria CF/88, no art. 195, §8º, complementado pelo Decreto 3048/99: “Art. 195, §8º. O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei”. ➢ 2. Segurados facultativos O segurado facultativo é a pessoa física que, embora não sendo segurada obrigatória da Previdência Social, contribui para o RGPS, no intuito de utilizar-se dos benefícios por ele http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc103.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc103.htm#art1 assegurados (art. 9º, §12 do RPS). Para ser facultativo, o segurado não pode estar incluído entre os segurados obrigatórios do RGPS. FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO NO RGPS É importante esclarecer a diferença entre os conceitos de filiação e inscrição no RGPS. Filiação é o vínculo que se estabelece entre os contribuintes e a Previdência Social, do qual decorrem direitos e obrigações. Inscrição é o ato administrativo formal por meio do qual o segurado procede a seu registro e de seus dependentes no sistema do INSS. O segurado obrigatório filia-se automaticamente, no momento em que passa a exercer atividade remunerada abrangida pelo RGPS – trata-se de hipótese de filiação obrigatória. No caso de este exercer duas atividades remuneradas, há uma filiação para cada atividade, tendo que contribuir nas duas atividades (até o teto do INSS). Por seu turno, o segurado facultativo filia-se a partir da respectiva inscrição no regime previdenciário – é, portanto, caso de filiação facultativa. A filiação do segurado facultativo necessita de inscrição no sistema e só se confirma com o pagamento da primeira contribuição, voluntária e sem atraso. DEPENDENTES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL Dependente é beneficiário da Previdência Social por força de determinado vínculo estabelecido com o segurado (beneficiário indireto das prestações da Seguridade Social). Os dependentes da Previdência Social, nos termos do artigo 16 do PBPS, podem ser divididos em três classes: a) Classe 1: O cônjuge, o(a) companheiro(a) (em união estável – pessoa que não seja casada – art. 16, §3º, RPS) e o filho não emancipado, de qualquer condição (legítimo, adotivo, etc – art. 227, §6º da CF/88), menor de 21 anos ou inválido (constatada mediante perícia) ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; b) Classe 2: Os pais c) Classe 3: O irmão, não emancipado de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente. EXEMPLOS DE BENEFÍCIOS DA SEGURIDADE SOCIAL ➢ AUXÍLIO-DOENÇA Conceito: Trata-se de benefício devido ao segurado que fica temporariamente incapacitado ao trabalho. Destina-se a tutelar incapacidades temporárias, já que a incapacidade permanente enseja percepção de aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente. Até o 15º dia de afastamento do empregado, o empregador responde pelo salário e encargos decorrentes da relação de emprego; porém, a partir do 16º dia de licença, o contrato de trabalho fica suspenso, passando o segurado a ter direito ao auxílio doença pago pelo INSS. ➢ APOSENTADORIA POR INVALIDEZ Conceito: Trata-se de benefício devido ao segurado que, em gozo ou não do auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência. Desde 1995, não é mais vitalício. A incapacidade será atestada por perícia a cargo da Previdência Social, podendo o segurado fazer-se acompanhar de médico de sua confiança, às suas expensas. ➢ AUXÍLIO-RECLUSÃO Conceito: Benefício concedido aos dependentes do segurado no caso de reclusão deste, com o intuito de substituir os meios de subsistência daqueles que dependem economicamente do recluso. Beneficiários: Dependentes do segurado recluso de baixa renda cujo último salário -de- contribuição (vigente na data do recolhimento à prisão ou na data do afastamento do trabalho ou cessação das contribuições), seja igual ou inferior aos limites previstos em lei. ➢ SALÁRIO-FAMÍLIA Conceito: Benefício pago, ao segurado de baixa renda, por dependente (filho ou equiparado) de até 14 anos ou inválido de qualquer idade, desde que apresentada certidão de nascimento, comprovante de vacinação (até 6 anos de idade) e atestado de frequência à escola (a partir de 7 anos). Beneficiários: empregado (urbano e rural), inclusive o doméstico, e trabalhador avulso que aufiram salário nos limites estabelecidos pelo INSS. Também têm direito: a) Empregado e trabalhador avulso aposentados por invalidez ou em gozo de auxílio-doença; b) Trabalhador rural e demais empregados aposentados por idade. ➢ PENSÃO POR MORTE Conceito: benefício previdenciário pago ao(s) dependente(s) do segurado em caso de falecimento do mesmo ou em caso de desaparecimento tendo sua morte decretada judicialmente. Com a reforma da Previdência, o benefício terá mudanças na regra de cálculo. Ao invés de 100% do valor de salário de benefício do segurado morto, a família terá direito a um percentual que varia conforme o número de dependentes: parte de 50% mais 10% por cada dependente, sendo o percentual mínimo de 60% e o máximo de 100%. Além disso, a reforma restringe o acúmulo de aposentadoria e pensão por morte. IMPORTANTE: Apesar da aprovação da reforma da previdência, há ainda alguns pontos em discussão que não estão pacificados e algumas movimentações de entidades de representação que estão recorrendo ao STF (Supremo Tribunal Federal) e, consequentemente, ainda pode haver mudanças na redação do texto reformado. CONCLUSÃO O Direito Previdenciário, enquanto regulador dos direitos sociais relativos à Seguridade Social é considerado por alguns operadores do Direito como um dos ramos mais técnicos e bastante delicados das ciências jurídicas. Trata-se de um ramo altamente regulamentado, com bastante alterações legais e particularidades. A Seguridade Social e o Regime de PrevidênciaSocial são uma ferramenta pública importantíssima no combate à pobreza, desigualdades sociais e atendimento aos cidadãos em momentos e situações adversas e na velhice dos trabalhadores. Assim, as ações conjuntas devem ser promovidas e estimuladas pelo Poder Público, atuando de forma ativa nas políticas públicas de orçamento destinado à manutenção do Sistema de Seguridade e também conscientizando e promovendo ao trabalhador as condições reais de contribuição para financiar a Seguridade Social no Brasil. Referências bibliográficas: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm. Acesso em: 20/11/2019. ______. Consolidação das Leis do trabalho. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 20/11/2019. FARIA, Danielle Parolaria; GRAMANI, Vanessa. Noções Básicas de Direito para Administradores e Gestores. 2. ed. Campinas: Alínea, 2013. PLÁCIDO E SILVA, De. (Org.), Dicionário Jurídico. São Paulo, Saraiva, 2007. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm