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Legislação e Previdência APRESENTAÇÃO Um dos pilares do sistema jurídico brasileiro diz respeito à hierarquia das normas, ou seja: temo s algumas leis que se sobrepõe à outras, sendo que o topo desta pirâmide é ocupado pela Constit uição Federal. Nesta Unidade de Aprendizagem, vamos discutir sobre legislação, especificamente sobre vigê ncia e hierarquia da lei, normas infraconstitucionais, integração e interpretação da lei. Ta mbém será objeto de estudo a previdência, apresentando o conceito, os beneficiários, as espé cies de prestações, o financiamento da Previdência Social, o seguro de acidente de trabalh o, a restituição, a compensação e o reembolso de contribuições. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Indicar a vigência da lei no Brasil e no exterior.• Classificar as leis quanto à hierarquia.• Diferenciar um beneficiário obrigatório de um beneficiário facultativo.• DESAFIO Recentemente você foi admitido como associado em um prestigiado escritório de direito previde nciário. Após algumas semanas, um dos diretores o chama em sua sala e lhe passa um complica do caso que chegou às suas mãos. Após ler atentamente os autos, você consegue resumir os pont os que devem ser detalhados e discutidos. Eles gravitam basicamente ao redor de 5 personagens: Maria da Luz tem 16 anos e é estudante. José da Lua é empregado da Empresa Forquilha Ltda., há dez anos. Maria Madalena é religiosa, membro da Congregação das Carmelitas. Benvindo do s Anjos foi contratado no Brasil para prestar serviços na Sucursal da Empresa Jornalística Forqu ilha S/A em Lyon na França. Jeremias da Silva é pescador artesanal e vive da pesca. As questões que devem ser demonstradas ao juízo são as seguintes: 1. Quais dos citados acima são segurados empregados da Previdência Social? Justifique in dicando o artigo (inciso e alínea, se for o caso) e a lei. 2. Quais dos citados acima é contribuinte individual da Previdência Social? 3. Qual dos citados acima é segurado especial da Previdência Social? 4. Qual dos citados acima é contribuinte facultativo da Previdência Social? INFOGRÁFICO Você sabia que as regras do seguro-desemprego foram alteradas pela Lei 13.134/2015? Para fica r por dentro das alterações, veja o infográfico a seguir. CONTEÚDO DO LIVRO Legislação e Previdência Social são dois temas bastante instigantes. Conhecer como a lei é aplic ada, qual é a hierarquia das leis, como funciona a vigência da lei, em que momento é revogada, quando inicia sua vigência, o que é integração das leis, enfim, conhecer essas nuanças nos dá se gurança para exigir nossos direitos. Já no que diz respeito a Previdência Social, trata-se de políticas elaboradas pelo Ministério da Pr evidência Social e executadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social, autarquia federal a ele v inculada. Possui caráter contributivo e de filiação obrigatória. Para melhor compreender as leis e a Previdência Social, leia com atenção o texto retirado da apo stila Direito do Trabalho e Legislação Social, de Ione de Faria Belo, que serve de referência par a nosso estudo. Boa leitura! Direito do Trabalho e Legislação Social Ione de Faria Belo BELO, Ione de Faria. Direito do Trabalho e Legislação Social. 1ª ed. – Cursos de graduação. 197 p. Bibliografia 1. Direito 2. Direito do Trabalho 3. Título. Todos os direitos em relação ao design deste material didático são reservados à SAGAH. Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material didático são reservados ao autor. Todos os direitos de Copyright deste material didático são reservados à SAGAH. 133UNIDADE 4 Legislação e Previdência Conceito Segundo os ensinamentos de Ibrahim (2013, pág. 143) legislação previdenciária é entendida como “o conjunto de leis e atos administrativos referentes ao funcionamento do sistema securitário”. Infere que a legislação previdenciária cuida da previdência social, assistência social e da saúde do brasileiro. Aplicação das normas previdenciárias Aplicar a lei significa incluir determinada situação concreta na situação genérica prevista em lei. Embora sendo regra do direito, apresenta um leque de possibilidades interpretativas. Portanto, a interpretação da lei para sua aplicação é de fundamental importância. Vigência da lei Vigência é o momento em que a lei entra em vigor até o momento em que é revogada. Em regra geral a lei começa a vigorar quarenta e cinco dias após a publicação no órgão oficial, em MÓDULO 01 conformidade com o disposto no artigo 1º, da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, que traz: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”. Diferentemente, ocorre, nos Estados, estrangeiros, quando admitida, a obrigatoriedade da lei brasileira, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. Da hierarquia da lei Hierarquia é a ordem de graduação entre as normas jurídicas, de forma que a superior é o fundamento de validade da inferior, sendo que a Lei Maior é a Constituição Brasileira. Contudo, se as normas estiverem no mesmo nível hierárquico, observa-se a lei ou norma específica que prevalece sobre a geral e, persistindo a dúvida deve ser utilizada a lei mais benéfica à parte mais fraca. Em geral a classificação hierárquica das é: • Normas Constitucionais 1. Constituição Federal 2. Emendas Constitucionais, 3. Tratados sobre direitos humanos Direito do Trabalho e Legislação Social 134 UNIDADE 4 (Desde que aprovado pelo congresso, em dois turnos e em ambos os turnos aprovação por 3/5 senadores e deputados). • Normas Infraconstitucionais 1. Leis complementares, 2. Leis ordinárias, 3. Leis delegadas, 4. Medidas provisórias, 5. Decretos legislativos, 6. Resolução, 7. Tratados e convenções internacionais (Após ratificação ou adesão pelo parlamento e promulgação por decreto presidencial). • Normas Infra legais 1. Decretos, 2. Portarias 3. Instrução Normativa Da interpretação da lei A interpretação da lei ou norma jurídica tem por objetivo extrair o verdadeiro significado do regramento jurídico. Os métodos mais comumente utilizados são a Gramatical (mediante análise do significado das palavras utilizadas pelo legislador), Sistemática (busca a compatibilidade da lei com outros diplomas legais e princípios de direito envolvido), Histórica (busca a análise do momento histórico da aprovação da lei), e Teleológica (também conhecido como Finalístico busca o fim almejado pelo legislador). Da integração da lei É denominada integração da lei a busca de outra norma para adaptação ao caso concreto quando houver lacuna da lei. Haja vista o juiz não poder deixar de resolver uma lide proposta alegando inexistência de lei. Neste caso, prevê o artigo 4º do Decreto-Lei 4.657/42 que: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”. Regime geral da previdência social Conceito O Ministério da Previdência Social conceitua o Regime Geral de Previdência Social como políticas elaboradas pelo Ministério da Previdência Social e 135UNIDADE 4 executadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social, autarquia federal a ele vinculada. Possui caráter contributivo e de filiação obrigatória. Dentre os contribuintes, encontram-se os empregadores, empregados assalariados, domésticos, autônomos, contribuintes individuais e trabalhadores rurais. Trazendo o artigo 1º da Lei 8.213/91 que a finalidade da Previdência Social, mediante contribuição é assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. Assim, tem-se que previdência social cuidaexclusivamente do trabalhador que contribui. Beneficiários Beneficiário é todo aquele que pode ser contemplado com um benefício previdenciário, abrangendo os segurados e os dependentes. Em conformidade com o Lei 8.213/91 e Lei 8.212/91 os segurados se subdividem em: obrigatórios e facultativos. São segurados obrigatórios: • I - Como empregado: 1. O que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração; 2. O contratado por empresa de trabalho temporário, que presta serviço para atender à necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas; 3. O brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior; 4. Quem presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o estrangeiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro quando protegido pela legislação previdenciária do país para o qual presta os serviços; 5. O brasileiro civil que trabalha para a União, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais, fora do país, mesmo residente e contratado no estrangeiro, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio; Direito do Trabalho e Legislação Social 136 UNIDADE 4 6. O contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja o controle do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional; 7. O servidor público sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, até mesmo em regime especial, e Fundações Públicas Federais, quando ocupante de cargo em comissão. 8. O ocupante de mandato eletivo desde que não vinculado a regime próprio de previdência social, nas esferas: federal, estadual ou municipal; 9. O funcionário de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, quando descoberto por regime próprio de previdência social; 10. O que exerce mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; • II - O empregado doméstico: entendido como aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos; • III - O contribuinte individual: 1. Pessoa física que explore atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a quatro módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a quatro módulos fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos; ou nas hipóteses dos §§ 9o e 10 do artigo 11 da Lei 8.213/91; 2. A pessoa física que explora atividade de extração mineral - garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; 3. O ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa; 4. O brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; 5. O titular de firma individual 137UNIDADE 4 urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração; 6. O prestador de serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; 7. Pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não. • IV - Como trabalhador avulso: 1. Aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural definidos no Regulamento a diversas empresas, sem vínculo empregatício. • V- O segurado especial: pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de: 1. Produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: Agropecuária em área de até quatro módulos fiscais; De seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2º da Lei nº 9.985/2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida. 2. Pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; 3. Cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de dezesseis anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b, artigo 11, inciso VII, Lei 8.213/91, que trabalhem com o grupo familiar respectivo. Regime de economia familiar é a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, Direito do Trabalho e Legislação Social 138 UNIDADE 4 sem a utilização de empregados permanentes. Todo aquele que exercer, simultaneamente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência Social é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma delas. O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para fins de custeio da Seguridade Social. O dirigente sindical mantém, durante o exercício do mandato eletivo, o mesmo enquadramento no Regime Geral de Previdência Social-RGPS de antes da investidura. Aplica-se o disposto na alínea g do inciso I do artigo 11 da Lei 8.213/91 ao ocupante de cargo de Ministro de Estado, de Secretário Estadual, Distrital ou Municipal, sem vínculo efetivo com a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, ainda que em regime especial, e fundações. O cônjuge ou companheiro e os filhos maiores de dezesseis anos ou os a estes equiparados, para serem considerados segurados especiais deverão ter participação ativa nas atividades rurais do grupo familiar. São segurados facultativos: Todas as pessoas com mais de 16 anos que não têm renda própria, mas decidem contribuir para a Previdência Social. Por exemplo: donas-de-casa, estudantes, síndicos de condomínio não-remunerados, desempregados, presidiários não-remunerados e estudantes bolsistas etc. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: • O cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou o maior inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; • Os pais; • O irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; 139UNIDADE 4 Das espécies de prestaçõesDispõe o artigo 18 da Lei 8.213/91 que compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços: • I - Quanto ao segurado: 1. Aposentadoria por invalidez; 2. Aposentadoria por idade; 3. Aposentadoria por tempo de contribuição; 4. Aposentadoria especial; 5. Auxílio-doença; 6. Salário-família; 7. Salário-maternidade; 8. Auxílio-acidente; • II - Quanto ao dependente: 1. Pensão por morte; 2. Pensão Especial (aos portadores da Síndrome da Talidomida); 3. Auxílio-reclusão. • III - Quanto ao segurado e dependente: 1. Serviço social; 2. Reabilitação profissional. Financiamento da previdência social Traz o artigo 195 da Constituição Federal que “A seguridade social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de contribuições sociais dos”: Um dos pontos de grande repercussão da EC 103\19 repousa na supressão da aposentadoria por tempo de contribuição. Esta modalidade não é mais uma opção para os segurados que iniciaram a sua contribuição após a promulgação da mencionada reforma. Para os demais, serão aplicáveis regras de transição que não possuem um modelo único. Direito do Trabalho e Legislação Social 140 UNIDADE 4 IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (...) § 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no Art. 154, I. § 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. [...] § 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. Prevê, também, o parágrafo único do artigo 16 da lei 8.212/91 que nos casos de eventuais insuficiências financeiras da Seguridade Social, quando decorrentes do pagamento de benefícios de prestação continuada da Previdência Social, na forma da Lei Orçamentária Anual, será de responsabilidade da União. Curiosidade: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; (COFINS) c) o lucro; (CSLL) II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o Art. 201; III - sobre a receita de concursos de prognósticos; 141UNIDADE 4 Dispondo, ainda o artigo 21 da Lei 8213/91 que determinados infortúnios equiparam ao acidente de trabalho, a saber: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; Seguro de acidentes do trabalho Primeiramente é oportuno trazer à baila a definição de acidente de trabalho pela legislação vigente. Traz o artigo 19 da Lei 8.213/91 que: “Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.” Considera-se, também, acidente de trabalho as seguintes entidade mórbidas, nos termos do artigo 20 da referida Lei: I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. Direito do Trabalho e Legislação Social 142 UNIDADE 4 § 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às consequências do anterior. Prevê o artigo 7º, XXVIII, da Carta Magna que são direito dos trabalhadores o “seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa”. Portanto, Seguro de Acidente do Trabalho é um direito do trabalhador previsto Constitucionalmente, sendo de responsabilidade do empregador o seu recolhimento mediante pagamento de um adicional sobre a folha de salários de seus empregados com alíquotas variadas dependendo da atividade principal da empresa. Ficando a cargo da Previdência Social a administração. O Fator Acidentário de Prevenção é um multiplicador, que varia de 0,5 a dois pontos, a ser aplicado às alíquotas de 1%, 2% ou 3% da tarifação coletiva por subclasse econômica, incidentes sobre a folha de salários das empresas para custear aposentadorias especiais e benefícios decorrentes de acidentes de trabalho (Lei 10.666/2003 e Resolução CNPS 1.316/2010). Valendo ressaltar, também, que o Fator Acidentário de Prevenção varia III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a)) na execução de dem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b)) na estação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c)) em viagem a serviço da em esa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d)) no p curso da residência para o local de trabalho ou deste par aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. § 1º Nos períodos destinados refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. 143UNIDADE 4 Reembolso é o instituto que permite aos empregadores reaver os valores de benefícios previdenciários pagos diretamente aos segurados e compensar estes valores com os valores devidos a Previdência Social. Hoje, são permitidos os reembolsos do salário família (Lei nº 8.213/91, art. 68) e salário maternidade (art. 72, § 1º, da Lei nº 8.213/91). anualmente e, é calculado para cada empresa sempre sobre os dois últimos anos de todo o histórico sobre acidentes ocorridos. Contudo, o método não é aplicado à contribuição das pequenas e microempresas, haja vista recolhem os tributos pelo Simples Nacional. Restituição e compensação e reembolso de contribuições Sempre que o segurado ou empresa veri- ficar o recolhimentoindevido tem direito à compensação ou restituição destes valores. Na compensação o procedimento para o essarcimento dos valores pagos indevidamente são deduzidos das contribuições devidas a Previdência Social. Inferindo a necessidade de comprovação do recolhimento indevido ou a maior do valor a ser compensado. Portanto, aqui empregado ou empresa e Previdência Social são ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, extinguindo as duas obrigações até onde se compensarem. Restituição é o processo administrativo mediante o qual o sujeito passivo (segurado ou empresa) é ressarcido pela Receita Federal das importâncias recolhidas indevidamente a título de contribuição previdenciária. Assim, a restituição ocorre quando apenas o contribuinte é credor, e pretende a devolução da quantia paga indevidamente ou a maior. DICA DO PROFESSOR Assista ao vídeo a seguir e compreenda melhor a aplicação da lei, a hierarquia da lei, quais são a s normas constitucionais, infraconstitucionais e infralegais. Saiba também o que é e qual a finali dade do regime da Previdência Social, e quais são os beneficiários obrigatórios e facultativos. C onfira! Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. EXERCÍCIOS 1) (FCC, 2011). O artigo 201 da Constituição Federal brasileira dispõe que a Previdênci a Social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de fili ação obrigatória, observados os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atua rial, nos termos da lei, e atenderá a: I. Cobertura de eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada. II. Cobertura integral por eventos resultantes de acidentes do trabalho. III. Proteção ao trabalhador em situação de desemprego voluntário. IV. Salário-família e auxílio reclusão para os dependentes dos segurados de baixa ren da. V. Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiros e dependentes. Está CORRETO APENAS o que se afirma em: A) I, II e III. B) II, III e V. C) III, IV e V. D) I, III e IV. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/966ce54375c16f6fe38817dbe3c7e00e E) I, IV e V. 2) (FUNIVERSA, 2010). A seguridade social no Brasil, conforme a Constituição Federal de 1988, compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públi cos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos a: A) saúde, previdência e assistência social. B) previdência, indígenas e trabalhadores. C) saúde, previdência e educação. D) saúde, cultura e desporto. E) saúde, segurança pública e meio ambiente. 3) (ESAF, 2012). Com relação ao direito intertemporal, nos termos da lei de Introdução ao Código Civil, é CORRETO afirmar que: A) nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, inicia-se 45 dias depois de oficialmente publicada. B) para que a lei posterior revogue a anterior, é imprescindível a revogação expressa. C) a repristinação é a regra no ordenamento brasileiro. D) as correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. E) alguns podem escusar-se de cumprir a lei, alegando que não a conhece. 4) (FUNIVERSA, 2010 - adaptada). Considerando a Lei de Introdução às normas do Di reito Brasileiro salvo disposição em contrário, a lei ordinária entrará em vigor: A) na data da publicação, tanto no Brasil quanto no exterior, pois para a legislação ordinária n ão há vacatio legis (vacância da lei). B) 45 dias após a publicação, no Brasil, e, no exterior, três meses após a publicação. C) 60 dias após a publicação, tanto no Brasil quanto no exterior. D) 30 após a publicação, no Brasil, e, no exterior, três meses após a publicação. E) 45 dias após a publicação, tanto no Brasil quanto no exterior. 5) (TRE/PR, 2012). Em conformidade com a Lei de Introdução às normas do Direito Br asileiro, não se destinando à vigência temporária, é CORRETO afirmar que a lei: A) terá vigor até que outra a modifique ou revogue. B) vigorará enquanto não cair em desuso. C) só poderá ser revogada pela superveniência de nova ordem constitucional. D) somente vigorará, até que outra lei expressamente a revogue. E) não poderá ser revogada. NA PRÁTICA José dos Anzóis trabalha no departamento de Recursos Humanos da Empresa Areias Brancas Lt da. Ouviu falar que a Lei 8.213/91 foi modificada no que diz respeito a pensões. Para se inteirar melhor das mudanças, conversou com alguns colegas e cada um dava uma versão diferente sobr e as mudanças. Alguns disseram que a pensão por morte agora só paga 50% do valor do benefíci o. Outros disseram que as alterações foram somente em relação ao tempo exigido de filiação. E outros disseram que a pensão por morte agora é paga somente por quatro meses. Para dirimir as dúvidas, José dos Anzóis procurou a Chefe do Setor para esclarecer, a qual informou o artigo 77 da Lei 8.213/91, que dispõe sobre a pensão por morte, foi alterado pela Lei 13.135/2015, e solici tou que o funcionário José dos Anzóis fizesse uma pesquisa sobre essas alterações e divulgasse para os colegas. SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo r: Lacunas no direito Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. Guia oficial da Previdência Social Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. Informações sobre o auxílio doença https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/lacunas-no-direito/ http://sa.previdencia.gov.br/site/2012/11/Guia-da-Previd%C3%AAncia-Social.pdf Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. Origem da Previdência Você conhece a origem da previdência social? No Brasil, a constituição de 1891 foi a primeira a tratar expressamente deste tema. Saiba mais sobre como este assunto no vídeo abaixo, produzid o pela Advocacia Geral da União. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. https://www.jornalcontabil.com.br/auxilio-doenca-2020-um-guia-completo-com-as-novas-regras-da-reforma-da-previdencia/ https://youtu.be/_B3tsAhMx4U
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