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www.cers.com.br 1 www.cers.com.br 2 PORTUGUÊS JURÍDICO PROF. EDUARDO SABBAG ESTIMADO(A) ALUNO(A): se você quiser receber vários SIMULADOS de LÍNGUA PORTUGUESA, para a evo- lução em seus estudos, envie-me um e-mail no endereço abaixo: ADVJOVEMCERS@PROFESSORSABBAG.COM.BR O BOM PORTUGUÊS É FUNDAMENTAL ÀQUELE QUE MILITA NA ÁREA JURÍDICA? DO PONTO DE VISTA DA CODIFICAÇÃO... ...A RESPOSTA É AFIRMATIVA! Art. 156, CPC: Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do vernáculo. Art. 192, NCPC. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso da língua portuguesa. E mais: Art. 45 do Código de Ética e Disciplina da OAB: "Impõe-se ao advogado lhaneza, emprego da linguagem escorreita e polida, esmero e disciplina na execu- ção dos serviços." Conclusão: Aquele que lida com o Direito em seu dia a dia deve utilizar uma linguagem adequada (diz-se, com rigor, “castiça”), procurando construir um texto conforme com os rigores da norma-padrão. PARA CITAR DISPOSITIVOS LEGAIS: Para citar artigos de lei, comece com os seguintes conectivos de passagens: Segundo o comando inserto no artigo ___, o Autor (...); Consoante a inteligência do artigo ___, o Embargante (...); Conforme se depreende do alcance do artigo ___ (...); Consoante a dicção do artigo ___ (...). É indiscutível que as formas citadas são preferíveis à simplória enunciação: “O artigo tal reza que / dispõe que ...”. Na progressão de raciocínio, há conectores que indicam a retomada da ideia anterior: (...) Nesse sentido, necessário se faz mencionar (...) www.cers.com.br 3 A esse propósito, faz-se mister trazer à colação o entendimento segundo o qual (...) Nesse diapasão, impende destacar o entendimento segundo o qual (...) A corroborar o exposto acima, insta evidenciar que (...) Nesse passo, é de todo oportuno trazer à baila o entendimento (...) Confira na tabela adiante a variedade das expressões que podem ser utilizadas para a finalidade ora estu- dada: : DETALHE IMPORTANTE: A CIRCULARIDADE DO RACIOCÍNIO JURÍDICO. A Linguagem jurídica é marcada por uma circularidade na transmissão das ideias. Isso significa que a reto- mada de pensamento é uma opção retórica bastante comum nas petições e recursos. O texto apresenta “idas e vindas”, as ditas “retomadas”, e isso marca o estilo do texto jurídico. Por essa razão, é praxe verificarmos a introdução de articulados com as seguintes expressões: Ademais, (...); Outrossim, (...); A corroborar o exposto acima, (...); Nessa esteira, (...); A esse propósito, (...); ... entre outras. Aplicando: Além disso, imperioso se faz trazer à colação. (...) Outrossim, merece ser trazido à baila o entendimento (...). Ademais, merece ser trazido a lume o entendimento (...). À guisa de corroboração, necessário se faz trazer à baila o entendimento (...). A ratificar o acima expendido, é de todo oportuno gizar (= delinear) o entendimento (...). PARA CITAR A JURISPRUDÊNCIA (= o entendimento sumular): Seguindo a ordem costumeira dos articulados de uma petição, deverá o escritor citar a jurisprudência (= no nosso caso, a súmula, se houver), logo após a doutrina. “Ademais, a corroborar o posicionamento doutrinário expendido nos tópicos supracitados, impende trazer à colação o entendimento inserto na Súmula nº ____ (...)”. Note que o autor do petitório deve “preparar” o leitor para a apresentação da jurisprudência no texto. Geralmente, utilizam-se “fórmulas” introdutórias, tais como: “É assim que decidem nossos Tribunais: (...)”; ou “A jurisprudência pátria é assente nesse sentido, da qual se depreende que (...)”; entre outras formas. PARA ELABORAR A CONCLUSÃO DO RACIOCÍNIO: www.cers.com.br 4 Para finalizar o texto, devem ser empregados os elementos de ligação vocacionados a concluir o pensa- mento. Por si sós, tais partículas sequenciadoras precisam transparecer ao leitor que o emissor da mensagem está no derradeiro pensar, (...) pronto para proceder ao fecho do raciocínio e arrematar o pensamento com elementos conclusivos. São exemplos de tais conectores: (...) destarte, dessarte, em suma, em remate, por conseguinte, em análise última, concluindo, em derradeiro, por fim, finalmente, ante o exposto, do exposto, pelo exposto, em face do/ao exposto, por todo o exposto, por tudo isso, em razão disso, em síntese, enfim, posto isso, assim, etc. Observe as “fórmulas”: Posto isso, merece a Impetrante a concessão do provimento pleiteado, uma vez que (...). Por derradeiro, logrou a Autora provar a veracidade dos fatos, merecendo a procedência do pedido (...). Em face do exposto, insta mencionar (...) (e não “Face ao exposto, (...)”. Do exposto, é de se destacar que (...). Perante o exposto, evidente se faz a necessidade de procedência... (e não “Perante ao exposto (...). Em suma, não há dúvida de que (...). Desse modo, inexorável a conclusão de que (...). IMPORTANTES QUESTÕES LIGADAS AO DIA A DIA DO CULTOR DO DIREITO: PARA A SUA PRÉVIA ORGANIZAÇÃO, VEJA O QUE APRENDEREMOS NOS PRÓXIMOS SLIDES: 1. A LOCUÇÃO PREPOSITIVA ATRAVÉS DE. 2. USO DO PRONOME RELATIVO ONDE. (...) 3. POSTO ISSO OU ISSO POSTO? 4. COMO SE LEEM E ESCREVEM ARTIGOS E PARÁGRAFOS (LC Nº 95/98). (...) 5. FACE AO EXPOSTO OU EM FACE DO EXPOSTO? (...) Vamos lá... 1. A LOCUÇÃO PREPOSITIVA ATRAVÉS DE www.cers.com.br 5 A locução somente deve ser usada para travessia de algo ou para representar o deslocamento de algo “através” de alguma coisa (no sentido de atravessar): Irei ao outro lado do rio através da ponte. A bala passou através da parede. Vejo o hospital através da janela. Jamais, então: ...vem através do advogado abaixo assinado. ...provado através de testemunhas idôneas... Chegou a um bom termo através do acordo. Isso foi feito através de escritura. 2. COLOCAR “ONDE” ONDE NÃO SE DEVE... ONDE, como pronome relativo, deve apresentar um termo antecedente designativo de lugar: ...cidade onde moro... ...país onde resido... ...prédio onde houve o incêndio... ...escola onde estudo... O uso inadequado apresenta-se nas orações a seguir: A lei viola o art. 5º da Constituição Federal, onde está consagrado .... Este é o instituto da Prescrição Tributária, onde há o prazo.... Este é o processo criminal citado, onde estão as provas. Procedendo à correção, teremos: - A lei viola o art. 5º da Constituição Federal, em que (no qual) está consagrado ...”. - Este é o instituto da Prescrição Tributária, em que (no qual) há o prazo...”. - Este é o processo criminal citado, em que (no qual) estão as provas”. 3. POSTO ISSO ...ou... POSTO ISTO ...ou... ISSO POSTO ...ou... ISTO POSTO ? Trata-se de fórmula comum nas sentenças, hábil a demonstrar que, uma vez posta a fundamentação, o magistrado anunciará o veredito. (...) Entre as quatro possibilidades de escrita da expressão (POSTO ISTO, POSTO ISSO, ISTO POSTO, ISSO POSTO), preferimos POSTO ISSO. Há dois motivos que justificam a escolha. (...) Os pronomes ISSO, ESSE, ESSA destinam-se a indicar o que já foi dito, enquanto os pronomes ISTO, ESTE, ESTA servem para indicar o que será dito. (...) www.cers.com.br 6 POSTO ISSO é uma oração reduzida de particípio e, por conseguinte, nessas orações, o verbo vem antes do sujeito. Exemplo: Encerrada a palestra, fui embora. (não é comum dizer “A palestra encerrada, fui em- bora”). Daí se afirmar que a expressão mais recomendável é POSTO ISSO. (...) Acresça-se o fato de que a forma ISTO POSTO veicula inegável colisão de consoantes fortes na pronuncia- ção, devendo ser (também) por isso evitada. Todavia, não estamos autorizados a tachar de “erro” as outras formas menos recomendáveis. 4. COMO ESCREVER E LER ARTIGOS E PARÁGRAFOS... LCn. 95/98 (art. 10, I e III, da LC nº 95/98) 1. Regra: até o número nono, utilizaremos números ordinais; após, os números cardinais. Art. 9º (nono); Art. 10 (dez); Art. 11 (onze); §9º (nono); §10 (dez). Para incisos (omissão do legislador), recomendamos a mesma regra: Inciso III (terceiro); Inciso VIII (oitavo); Inciso IX (nono); Inciso X (dez); Inciso XXXVI (trinta e seis). ATENÇÃO: à luz do art. 10, III, da LC nº 95/98, parágrafo único se escreve por extenso. Qualquer abreviatura é considerada vício (e contrariedade à indigitada Lei). Formas equivocadas: §ú §único parág. único 5. QUAL A CONSTRUÇÃO CORRETA? FACE AO EXPOSTO OU EM FACE DO EXPOSTO? As locuções prepositivas admitidas são: EM FACE DE e EM FACE A (ambas sinônimas de ANTE, PERANTE, DIANTE DE): Em face do exposto, tomamos a iniciativa. Em face ao exposto, tomamos a iniciativa. E por que não devemos utilizar a expressão “FACE A”? Por se tratar de estrangeirismo (francesismo ou galicismo), o qual corresponde ao uso neológico de pala- vras ou construções próprias de línguas estrangeiras. É claro que poderemos escrever FACE A, se o contexto for peculiar e diverso: 1. Menção a uma FACE A, se houver uma FACE B; 2. Na expressão FACE A FACE; 3. Na expressão FAZER FACE A.... www.cers.com.br 7 CONCLUINDO: as locuções neológicas “face a”, “frente a”, “ante a” e “perante a” devem ser substituídas por EM FACE DE, EM FRENTE DE, ANTE e PERANTE (estas duas últimas, sem a preposição “a”, uma vez que já são preposições). MEMORIZE, PORTANTO, OS ERROS E OS EVITE: FACE ÀS DIFICULDADES... PERANTE AO OCORRIDO, ... PERANTE A ELAS, ... PERANTE AO QUAL ... ANTE A ISSO, ... PROTOCOLAR ou PROTOCOLIZAR VEREDICTO Ou VEREDITO ALUGUEL ou ALUGUER PERCENTAGEM ou PORCENTAGEM PROBLEMAS DE CACOEPIA (ou cacoépia) A cacoepia diz respeito à sonoridade equivocada das palavras: ou por descuido do falante, ou por deslize na grafia. Situa-se no campo da ORTOEPIA (ou ortoépia). SUBSÍDIO PROCRASTINAR BENEFICENTE FRUSTRADO (...) EU IMPUGNO (e não /impugui.../ ) EU DESIGNO (e não /desigui.../ ) ELE ROUBA (e não /rób.../ ) (...) EU OPTO (e não /opi.../ ) EU REQUEIRO (e não /requero/ ) ELA MAQUIA (e não /maque.../) ELE PLAGIA (e não /plage.../) UM POUCO DO ACORDO ORTOGRÁFICO APLICADO AO DIREITO: A PERDA DO HÍFEN EM TODAS AS PALAVRAS COM O PREFIXO CO- COAUTOR(A) (Acordo) CODEVEDOR (Acordo) COOBRIGADO (Acordo) www.cers.com.br 8 CORRESPONSÁVEL (Acordo) CORRÉU (Acordo) CORRÉ (Acordo) COERDEIRO (Acordo) A QUEDA DO HÍFEN: DIA A DIA (subst. E loc. Adverbial) (Acordo) TÃO SOMENTE (Acordo) E atenção com o impacto do Acordo na Acentuação Gráfica! 1. IDEIA (Acordo) 2. CONSEQUÊNCIA (Acordo) 3. POLO ATIVO e POLO PASSIVO (Acordo) O que não mudou... a) JUIZ, JUÍZA, JUÍZO, JUÍZES (sem alteração!) b) RÉU, RÉUS, RÓIS (sem alteração!) c) ELE TEM e ELES TÊM (sem alteração!) d) ELE VEM e ELES VÊM (sem alteração!) e) ELE INTERVÉM e ELES INTERVÊM (sem alteração!) f) ITEM e ITENS (sem alteração!) g) FÓRUM e QUORUM (latinismo) (sem alteração!) h) JÚRI (sem alteração!) ESTIMADO(A) ALUNO(A): se você quiser receber vários SIMULADOS de LÍNGUA PORTUGUESA, para a evo- lução em seus estudos, envie-me um e-mail no endereço abaixo: ADVJOVEMCERS@PROFESSORSABBAG.COM.BR Muito obrigado! #EstudeMais #EstudeSempre Prof. Sabbag mailto:ADVJOVEMCERS@PROFESSORSABBAG.COM.BR www.cers.com.br 9 www.cers.com.br 10