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Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA Resumo – Direito Processual Civil – Prof. Treviso – 3° Bimestre * Ação de Alienação Judicial: artigos 720 a 725 e 730 do CPC. É a transferência do domínio de bens móveis ou imóveis para terceiros, por meio da venda feita em processo judicial próprio, pode ser feita: a) Como medida cautelar: quando o bem apreendido judicialmente (sequestro, arresto, penhora, busca e apreensão etc.) for de fácil deterioração, estiver avariado ou exigir grandes despesas para sua guarda (ex.: semoventes). Objetivo: evitar o perigo da demora (periculum in mora), pois quanto mais demorar, mais prejuízo pode ocorrer. A seu pedido, o juiz pode antecipar a venda judicial para evitar o prejuízo. Tem que provar que a manutenção da penhora gerará muitas despesas. Isso não ocorre se uma das partes concordar com as despesas (assumir o encargo e responder pelas despesas respectivas). A venda é feita nos próprios autos onde ocorreu a apreensão judicial. b) Para preservação dos interesses de incapazes: crianças, adolescentes, órfãos ou interditos. OBS: O órfão de pai e mãe precisa de tutor decretado judicialmente. Se for órfão de apenas mãe ou pai, não há tutela decretada judicialmente, pois o que está vivo será o tutor. OBS: O interdito é aquele que sofre ação de interdição. Geralmente possui incapacidade mental que não permite seus atos da vida civil. Qualquer pessoa pode ter sua interdição decretada. O curador é a pessoa que pratica os atos de vontade do interdito. Art. 1.750, CC: Os imóveis pertencentes aos menores sob tutela somente podem ser vendidos quando houver manifesta vantagem, mediante prévia avaliação judicial e aprovação do juiz. Para que venda um bem que está no nome do incapaz, tem que fazer um pedido dentro do processo de interdição. A venda se dará por meio de leilão. Também há intervenção do MP. REGRA: Art. 891, parágrafo único: Considera-se vil o preço inferior ao mínimo estipulado pelo juiz e constante do edital, e, não tendo sido fixado preço mínimo, considera-se vil o preço inferior a cinquenta por cento do valor da avaliação. É o juiz que determina o lance mínimo no edital do leilão, mas se não estiver no edital, a lei determina que esse lance mínimo será de 50%. EXCEÇÃO: Art. 896, CPC: Quando o imóvel de incapaz não alcançar em leilão pelo menos oitenta por cento do valor da avaliação, o juiz o confiará à guarda e à administração de depositário idôneo, adiando a alienação por prazo não superior a 1 (um) ano. A venda do imóvel do incapaz pode se dar por qualquer valor, desde que igual ou superior a 80% do preço da avaliação. Outra venda será tentada, se não houver lance neste valor. Portanto, a venda em leilão tem preço mínimo fixado pelo juiz no edital. Se ele não fixar, será de no mínimo 50% para bens em geral e de 80% para bens de incapazes. Isso serve para proteger os interesses dos incapazes. A venda só é possível em juízo por meio de leilão e independentemente do bem (móvel, imóvel, direitos). Já no caso de menores sob o pátrio poder – ou poder familiar - a alienação necessita apenas de prévia autorização judicial (alvará). Não precisa de leilão. c) para extinção do condomínio sobre as coisas indivisíveis: usada para colocar fim ao condomínio. Art. 1.320, CC: A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum, respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da divisão. Se houver possibilidade de divisão física do imóvel, faz de forma natural (sem a ação de alienação judicial), pois a partilha física da coisa comum constitui a extinção normal do condomínio. Art. 1.322, CC: Quando a coisa for indivisível, e os consortes não quiserem adjudicá-la a um só, indenizando os outros, será vendida e repartido o apurado, preferindo-se, na venda, em condições iguais de oferta, o condômino ao estranho, e entre os condôminos aquele que tiver na coisa benfeitorias mais valiosas, e, não as havendo, o de quinhão maior. Já se não for possível a divisão física do imóvel (coisa indivisível) e um dos condôminos queira extinguir o condomínio, surgem três opções aos coproprietários: 1) adjudicação em favor de um deles, que pagará o valor das cotas dos demais, o que pode ser feito por escritura pública ou judicialmente. Nesse caso, um condômino compra a parte do outro. 2) venda extrajudicial a terceiro: os condôminos, por consenso e escritura ou contrato, alienam as suas frações ideais a um terceiro e, assim, colocam fim ao condomínio. Nesse caso, os condôminos vendem suas respectivas partes a um terceiro e o imóvel que pertencia a mais de uma pessoa passa a pertencer somente a uma. 3) alienação judicial: se houver litígio entre os condôminos e, portanto, impossibilidade de extinção do condomínio pelas hipóteses anteriores. Nesse caso, se não for possível adjudicação e nem venda extrajudicial, deve fazer ingresso da ação de extinção de condomínio (ação de alienação judicial). * Processo de alienação judicial ou extinção de condomínio: · Inicial: requisitos do artigo 319 do CPC → procuração → prova do domínio e respectiva cota no condomínio → pedido para a extinção do condomínio por leilão. · Legitimidade ativa e passiva: condôminos e respectivos cônjuges ou conviventes, se casados ou em união estável. Art. 73, CPC: O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens. OBS: Tem que colocar o nome do cônjuge/companheiro no processo também, pois mesmo que se trate de jurisdição voluntária, é uma ação real imobiliária e, portanto, os cônjuges são litisconsortes necessários. Também não há condenação em honorários advocatícios (mesmo no caso de contestação), por ser procedimento característico de jurisdição voluntária. · Competência: foro de situação da coisa em condomínio. Art. 47, CPC: Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. OBS: Competência absoluta. - Procedimento: Art. 721, CPC: Serão citados todos os interessados, bem como intimado o Ministério Público, nos casos do art. 178 , para que se manifestem, querendo, no prazo de 15 (quinze) dias. A defesa deve ser citada e apresentar sua manifestação em 15 dias. Sua defesa só será aceita pelo juiz se tratar especificamente do condomínio, pois qualquer outra matéria não será aceita. A defesa não pode alegar o que quiser. O juiz determina a produção de provas, se necessário. Se a ação for julgada procedente, o juiz profere sentença de procedência, determinando a extinção do condomínio pela venda do bem em juízo por meio do leilão. Ademais, estabelece que o produto da venda, após o abatimento das despesas processuais (inclusive salários do avaliador), será distribuído entre os excondôminos consoante a quota parte de cada um. A venda pode se dar por preço inferior ao da avaliação, desde que não seja vil (degradante, indigno), insuficiente para a satisfação de parte razoável do crédito (nas execuções em geral) ou da parte ideal do condômino. Deve constar do edital qual o lance mínimo que será aceito pelo Juízo. Se nada constar, este lance será igual ou superior a 50% do preço da avaliação. - Características: a) A extinção de condomínio pode ser requerida a qualquer tempo. É uma norma de ordem pública, por isso o direito de extinguir o condomínio não está sujeito à prescrição (imprescritível), à decadência (não caduca) e nem à renúncia (irrenunciável). b) É potestativo o direito do condômino à extinção do condomínio, portanto, prevalece sobre os interesses próprios de um ou de outro condômino, e que não dizem respeito diretamente ao condomínio. OBS: Direito potestativo: a vontade do condômino de colocar fim ao condomínio não pode ser impedida. c) Nada impede a extinção de condomínio se as partes possuem apenas direitos sobre o imóvel. Portanto, também é possível a extinção quando não houver domínio do bem, mas apenas direito. Ex: formalde partilha ou contrato de compromisso de compra e venda sem registro, portanto, sem a titularidade do domínio. Neste caso o adquirente, para registrar a carta de arrematação, deverá, antes, promover o registro do formal ou do contrato, sob pena de quebra do princípio da continuidade. d) Se o imóvel está financiado, pode haver a extinção de condomínio dos direitos do contrato pertencentes às partes. Concretizada a venda, o preço da arrematação servirá, antes, para o pagamento do credor financeiro, e o que sobrar será dividido entre as partes. e) Embora seja possível o pedido de usucapião entre condôminos, para a aquisição da propriedade é imprescindível a demonstração de posse exclusiva sobre o imóvel, com vontade de ser dono, pelo prazo previsto na lei e com a exclusão total da posse do outro condômino. De todo modo, na alienação judicial cabe alegar usucapião apenas como matéria de defesa. Para a sua obtenção, é necessário o ingresso de ação própria. Ou seja, um condomínio pode pedir a usucapião em relação ao condomínio se cumpridos os requisitos, sendo que a ação de extinção fica suspensa até resolver a usucapião em ação própria. f) O condômino pode cumular os pedidos de extinção do condomínio e cobrança de aluguéis, contra aquele que ocupa com exclusividade o imóvel condominial. Neste caso, uma vez identificado o valor da locação (por declarações de imobiliárias ou perícia), o aluguel será devido desde a data da citação até a efetiva extinção do condomínio, e será pago na fase de cumprimento de sentença, sem prejuízo da venda judicial do imóvel. g) Os condôminos, desde que capazes, podem dispensar a hasta pública e promover a venda, se houver consenso, de outra forma, como por alienação, por corretor escolhido ou nomeado pelo Juiz ou por iniciativa de qualquer dos condôminos. h) A arrematação será considerada perfeita, acabada e irretratável depois de assinado o respectivo auto pelo juiz, arrematante e serventuário da justiça, podendo ser considerada sem efeito (invalidada, ineficaz ou resolvida) apenas nas hipóteses do Art. 903, § 1º, CPC: Ressalvadas outras situações previstas neste Código, a arrematação poderá, no entanto, ser: I - invalidada, quando realizada por preço vil ou com outro vício; II - considerada ineficaz, se não observado o disposto no art. 804; III - resolvida, se não for pago o preço ou se não for prestada a caução. Ou seja, a arrematação termina quando o juiz assinar ou auto de arrematação. i) Na venda judicial devem ser observadas as regras de preferência. Art. 843, § 1º, CPC: É reservada ao coproprietário ou ao cônjuge não executado a preferência na arrematação do bem em igualdade de condições. j) Todos os condôminos são intimados do dia, hora e local da venda, e o lance oferecido pelo condômino, para exercer o seu direito de preferência, deve ser pelo menos igual ao do terceiro. k) No leilão físico, o direito de preferência deveria ser exercido até o encerramento do leilão. Já no leilão eletrônico, não há previsão legal, mas é razoável aceitar o seu exercício até a assinatura do auto de arrematação pelo juiz, leiloeiro e serventuário. Da Curatela dos interditos e Tutela dos órfãos arts. 1728 a 1783 CC – arts. 747 a 763 CPC – Lei 13.146/2013. A interdição ou curatela é uma medida de amparo criada pela legislação civil, sendo assim a interdição significa proibição/impedimento. Por um processo judicial a pessoa é declarada civilmente incapaz, total ou parcialmente, para a prática dos atos da vida civil, seja eles de caráter patrimonial e negocial. A pessoa declarada civilmente incapaz (chamada interdito) deve ser representada ou assistida por outra pessoa civilmente capaz (chamada curador). Porém, nada impede que o interdito pratique atos da vida civil, pois ele pode praticar todos, mas alguns só podem ser praticados se houver representação do curador. · É ação de jurisdição voluntária, ainda que exista contestação. Legitimidade ativa: Art. 747, CPC: A interdição pode ser promovida: I - pelo cônjuge ou companheiro; II - pelos parentes ou tutores; III - pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando; IV - pelo Ministério Público. a) Cônjuge ou companheiro: o casamento e a união estável são equiparados. Nesse caso, há a preservação do interesse legítimo do cônjuge de promover a interdição e exercer a curatela do outro. Não importa o regime de bens. Art. 1.775, CC: O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito. É necessária a vigência de fato do casamento ou da união estável para a legitimação, ou seja, se os cônjuges/companheiros estiverem separados, divorciados ou forem ex-conviventes, não têm legitimidade para ajuizar a ação, nem para exercer a Curadoria. O cônjuge interditado é citado no processo. OBS: O regime adotado na união estável é o da comunhão parcial e se quiserem adotar outro regime devem fazer pacto antenupcial. b) Parentes: independentemente do grau de parentesco, será nomeado curador aquele que tiver as melhores condições de exercer a curatela. Art. 1.775, CC: §1o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto. § 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos. O mais próximo exclui o mais remoto. Ex: se Joana for incapaz, seu pai ou mãe devem pedir a interdição; se não tiver pai ou mãe ou estes não quiserem ser curador, tem que ir chamando o parente mais próximo; se mais de um quiser ser o curador, tem que ser o mais próximo. c) Tutores: só pode requerer a interdição do órfão de mais de 16 anos ou do tutelado que atingiu 18 anos, aquele que é menor, geralmente é amparado pelos pais. Tutelado é o órfão de pai e mãe. A tutela se extingue automaticamente com a maioridade civil. Depois de completada a maioridade, o juiz pode estender a tutela por mais dois anos. Por conta da incapacidade, o tutor passa a ser curador. d) Representante de entidade que dá abrigo ao interditando: incluso com o Estatuto do Idoso. (INSS) Há presunção de que a entidade, por seu representante, está em melhores condições para cuidar dos interesses do interditando. Essa legitimidade está condicionada à falta ou ao desinteresse dos legitimados anteriores. EX: HOSPITAL PSIQUIATRICO e) Ministério Público: possui legitimidade subsidiária (só ingressa com o pedido na inércia/inexistência dos anteriores, ou, se existentes, forem menores ou incapazes) e residual (legitimidade apenas em caso de deficiência mental ou intelectual, pois nesses casos a interdição é total. Não pode pedir a interdição de ébrio habitual, toxicômano, psicopata e pródigo). Nos demais casos, quando a interdição for requerida por um dos legitimados anteriores, o MP atua como defensor (fiscal) do interditando. f) Auto interdição: o próprio incapaz pode pedir a sua interdição se o cônjuge, companheiro, parente ou tutor não o fizerem. Neste caso, o MP será convocado para atuar no processo como curador do requerente. Pode pedir a própria interdição os ébrios habituais, toxicômanos, psicopatas e pródigos, excetuados os que possuem anomalia psíquica. (Quando sentir-se “ curado” o interditando pode suspender sua interdição”) Legitimidade passiva: a) Enfermo ou deficiente psíquico sem discernimento (sem juízo, entendimento ou critério) maior de 18 anos, podendo alcançar também aqueles entre 16 e 18 anos, pois sendo relativamente incapazes, podem praticar atos jurídicos. Portanto, aquele que tem anomalia que retira sua capacidade. Pode ser os maiores de 16 ou menores de 16, desde que exerçam atos de comércio e neste último caso, sejam representados. b) ébrios habituais, toxicômanos, psicopatas e os pródigos. Competência: foro do domicílio do representante do incapaz ou da residência do idoso. Art. 50, CPC: A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente. Art. 53, CPC: É competente o foro: III - do lugar: e) de residência do idoso,para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto. É competência relativa e prorrogável, se não houver exceção. O tribunal torna-se competente desde que não haja exceção. Petição inicial: a) requisitos do art. 319 do C.P.C. (inclusive requerimento para citação do interditando). b) exposição dos fatos reveladores da anomalia, da incapacidade do interditando para administrar os seus bens ou praticar atos da vida civil, e o momento no qual a incapacidade se revelou (se não tiver essa prova não precisa colocar), pois se trata de sentença constitutiva, e pode ser oposta contra eventuais atos realizados pelo interditando quando não mais gozava da plena higidez mental. c) prova da legitimidade do requerente (certidão de nascimento, casamento, etc.). d) prova da anomalia (atestado ou laudo pericial fornecido pelo I.N.S.S.). Sem esta prova, o processo pode prosseguir, mas não será nomeado curador provisório. Pode nomear a mãe, o laudo pode conter a data de início da anomalia, para que os atos do interditando possam ser averiguados. Se os atos cometidos mesmo com anomalia, podem ser nulos. A perícia é obrigatória para atestar se há incapacidade e qual o grau de incapacidade. OBS: O INSS paga um auxílio/benefício para as pessoas deficientes e interditadas, porém só paga se houver curador nomeado, ainda que provisoriamente. e) pedido de nomeação de curador provisório em caso de urgência e de procedência para colocar o interditando “sob curatela”, com a nomeação de curador. O juiz só nomeia o curador se houver princípio de prova da incapacidade (atestado médico). Se for por conta de recebimento de INSS, o curador provisório é ´nomeado e receber com urgência. Procedimento: distribuição → deferimento inicial → designação audiência de “entrevista” ( EXTREMAMENTE NECESSARIA) → citação do interditando, sempre pessoal, jamais por edital ou por hora certa → realização da audiência (no Fórum, ou onde o interditando estiver). O processo é distribuído para a vara da família se houver varas especializadas na comarca. Depois de distribuída, o juiz designa audiência, cita o interditando e nomeia curador. A participação do MP é sempre obrigatória para garantir os interesses do interdito. A entrevista é uma audiência que, em regra, acontece no fórum, mas se não for possível, o juiz vai até o local em que o interdito está. Essa entrevista serve para o juiz conhecer o interditando e saber de sua vida, negócios, bens, vontades, preferências, laços familiares e afetivos, o que constará do termo. Alguns entendem que se essa entrevista não ocorrer há nulidade do processo, pois é uma solenidade obrigatória e indispensável à validade da ação. Mas há controvérsias. Em 15 dias contados da data da audiência de entrevista ou da juntada do mandado de citação, o interditando pode: a) ficar inerte: não há revelia nem confissão. Nesse caso, o juiz nomeia curador especial (defensoria) para fazer impugnação por negação geral ( quando nega um fato em geral, sem especificar). Realiza a perícia. Decreta sentença. b) impugnar: defesa ampla, podendo arguir todas as exceções. Realiza a perícia. Faz a instrução. Julgamento. A audiência de instrução e julgamento somente é realizada caso haja a contestação. OBS: 1- A perícia é ato essencial e sua ausência causa nulidade processual. O laudo deverá atestar o grau de incapacidade (parcial ou total) e, sendo parcial, para quais atos é necessária a curatela. O perito é médico especialista. 2- O julgamento conforme o estado do processo (depois da perícia) é possível e muito comum. A audiência de instrução e julgamento não é obrigatória. Sentença de procedência: O juiz fixará os limites da curatela, podendo ser parcial no caso de ébrios habituais, de toxicômanos, psicopatas e os pródigos, quando então o juiz estabelecerá quais os atos que o interdito não poderá praticar sem a representação do curador. Art. 1.782, CC: A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração. Esse artigo se estende aos demais interditos. Ademais, serão totais os poderes da curatela nos casos de alienações mentais (não pode praticar ato algum sem a representação do curador). Há a nomeação do curador (aquele que melhor possa atender aos interesses do interdito), podendo ser o próprio autor ou um terceiro de confiança do juiz. Ordem de preferência do Art. 1775 CC, não é absoluta. Cabe apelação recebida só no efeito devolutivo. Efeitos imediatos da Sentença: ainda que pendente de julgamento da apelação: a) nomeação do curador e compromisso (geralmente, o curador definitivo é aquele que foi nomeado curador provisório), a partir de quando assume a administração dos bens do interdito; b) inscrição da sentença no Cartório de Registro Civil c) publicação de editais no sítio do TJ e na plataforma de editais do CNJ durante 6 meses e uma vez no jornal local e 3 vezes no oficial, com intervalo de 10 dias. Essa publicação serve para divulgar que aquela pessoa é interdita e só pode praticar determinados atos com o curador, sendo que ninguém pode alegar que não sabia. Eficácia da Sentença: a partir da sentença o interditando só poderá praticar atos jurídicos por intermédio do curador. Sem esta representação os atos são nulos. Art. 166, CC: É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz. A sentença não tem efeito retroativo, só gera efeitos da sentença em diante. Os atos anteriores à sentença, praticados pelo interdito sem a representação do curador, são anuláveis por ação própria, mas não com base apenas no processo. Não há coisa julgada material. A ação julgada improcedente pode ser renovada com base em novas provas e novos fatos. Levantamento da Interdição: Art. 754, CPC: Apresentado o laudo, produzidas as demais provas e ouvidos os interessados, o juiz proferirá sentença. É uma ação. Hipótese: quando cessar a causa que a determinou, o interdito prova que não é mais interdito. Só pode ocorrer em caso de ébrios habituais, toxicômanos, psicopatas ou pródigos, pois os que sofrem de anomalia mental não podem pedir levantamento a não ser que provem que cessou a doença. Esse levantamento pode ser total ou parcial (quando demonstrada a capacidade do interdito para a prática de alguns atos civis). Legitimidade ativa: interdito, curador ou Ministério Público. Art. 756, CPC: Levantar-se-á a curatela quando cessar a causa que a determinou. § 1º O pedido de levantamento da curatela poderá ser feito pelo interdito, pelo curador ou pelo Ministério Público e será apensado aos autos da interdição. Procedimento: semelhante ao da interdição. É ação de distribuição por dependência, pois o juiz da interdição atrai para si todos os processos daquele interdito. Efeitos da sentença de levantamento não são imediatos, pois dependem do trânsito em julgado. Art. 756, § 3º, CPC: Acolhido o pedido, o juiz decretará o levantamento da interdição e determinará a publicação da sentença, após o trânsito em julgado, na forma do art. 755, § 3º , ou, não sendo possível, na imprensa local e no órgão oficial, por 3 (três) vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, seguindo-se a averbação no registro de pessoas naturais Depois do trânsito, publicação de editais e averbação da sentença no Registro Civil. Remoção de Curador: é uma ação. Hipóteses: Art. 1.735, CC. Art. 1.766, CC. Mais comum nos casos em que o curador infringe seus deveres, será removido na mesma sentença, a nomeação de outro curador. Legitimidade do MP ou de quem tenha legítimo interesse (deve demonstrar na inicial). Processa-se no juízo da interdição. O curador é citado para contestar em 05 dias e segue o procedimento comum. Instrução e sentença: se procedente, juiz nomeia um substituto para exercer a curatela. Portanto, na própria sentença o juiz remove o curador e nomeia outro. Sendo extremamente grave a situação do interdito ou curatelado, antesmesmo da sentença o Juiz pode suspender o curador e nomear um substituto interino. Art. 762, CPC: Em caso de extrema gravidade, o juiz poderá suspender o tutor ou o curador do exercício de suas funções, nomeando substituto interino. Quem exerce a curadoria do interdito também exerce a curadoria dos menores e incapazes que estejam sob a guarda e responsabilidade do interdito. * Separação: · Para a maioria da doutrina e jurisprudência, a separação judicial (separação feita por processo judicial) deixou de existir no ordenamento jurídico brasileiro desde 2010 com a aprovação da EC 66/2010. Art. 226, CF, § 6º: O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos. → Essa redação foi revogada com a EC 66/2010. Atualmente, o Art. 226, tem a seguinte redação: § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. Portanto, podem os cônjuges casar e se divorciar quantas vezes quiserem. · De todo modo, os Tabelionatos, com anuência das Normas de Serviço da Corregedoria Geral de São Paulo, podem lavrar escrituras sobre separação extrajudicial. Contudo, o novo CPC continua a se referir à separação - Seção IV, artigos 731 a 733. · Admite que o casamento anterior seja reestabelecido. É diferente do divórcio, pois neste não pode haver reestabelecimento, tendo que casar de novo. No divórcio, o casamento anterior é finalizado e se quiserem voltar, tem que casar de novo. * Divórcio: - Características principais: a) tanto o divórcio quanto a morte e a anulação do casamento dissolvem o vínculo conjugal. OBS: A anulação, geralmente, envolve erro quanto à pessoa com quem casou. O prazo para ajuizamento dessa ação de anulação é de um ano. b) põe fim aos deveres do casamento previstos no Art. 1.566, CC: São deveres de ambos os cônjuges: I - fidelidade recíproca; II - vida em comum, no domicílio conjugal; III - mútua assistência; IV - sustento, guarda e educação dos filhos; V - respeito e consideração mútuos. Porém, de todos os deveres, ainda são mantidos apenas o regime de guarda, sustento e educação dos filhos. c) extingue o dever de mútua assistência, pois a solidariedade familiar deixa de existir e os cônjuges não são parentes entre si. A pensão alimentícia é admitida no casamento em razão desse dever de mutua assistência, ou seja, um cônjuge pode pedir alimentos do outros. Porém, isso só é possível enquanto forem cônjuges. Se forem divorciados, não existe mais a solidariedade familiar. Ademais, é possível por acordo um cônjuge aceitar pagar alimentos ao outro, enquanto perdurar o estado de impossibilidade de obter o próprio sustento. Se não fizer esse acordo antes de divorciar, depois do divórcio não adianta mais pedir. Essa obrigação perdura até que a pessoa beneficiada tenha capacidade de ter renda própria, ou até ela perdurar nova união ou, de acordo com o STJ, até completar 10 anos (tempo suficiente para o cônjuge conseguir se estabelecer no mercado de trabalho), mas tem que observar o caso concreto. Para extinguir a obrigação alimentar, é necessário ajuizar a ação de exoneração de obrigação alimentar. Não adianta anexar junto ao processo do divórcio, pois tem que ingressar com ação própria. OBS: O mesmo ocorre com a obrigação alimentar dos filhos, pois não acaba automaticamente ao completar os 18 anos, pois tem que entrar com ação de exoneração. d) acaba com o regime de bens e autoriza a partilha dos bens comuns, nos próprios autos ou por escritura ou por ação própria e posterior. No divórcio não é exigido que os cônjuges realizem a partilha de bens, pois a partilha não é condição para obter o divórcio. Se não fizer, pode fazer a partilha depois em uma ação de partilha. - Natureza jurídica: é um tipo de contrato bilateral. Ou seja, é autêntico negócio jurídico bilateral, cujas partes são exclusivamente os cônjuges. Como o casamento decorre de um acordo de vontades, a dissolução também pode ser obtida em sentido contrário. A intervenção do Juiz no divórcio judicial é apenas administrativa (não decide nada; quem decide são as partes) e serve para cooperar à constituição de um estado jurídico novo (antes casados, agora divorciados). OBS: No divórcio litigioso (quando um cônjuge quer divorciar e o outro não), se um entrar com a ação de divórcio vai ter, mesmo que o outro na queira. Não tem nem que explicar a razão pela qual quer divorciar, basta entrar com a ação. Portanto, o pedido de divórcio não tem como contestar. Na contestação pode contestar as outras questões, como guarda e alimentos, mas não o divórcio. A) Divórcio Extrajudicial: de acordo com a Lei 11.441/2007, admite-se o divórcio por meio de escritura pública realizada nos cartórios. É uma opção que facilita a realização do divórcio pela via administrativa, por escritura pública. É facultativo, ou seja, se os cônjuges possuem os requisitos para ingressar com o divórcio extrajudicial eles podem entrar com divórcio extrajudicial OU judicial. Art. 733, CPC: O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições de que trata o art. 731. Todavia, há juízes que não entendem assim, mas entendem que se tiver tais requisitos, devem fazer o divórcio extrajudicial. - Requisitos: a) Regra: inexistência de filhos menores não emancipados ou incapazes. Exceção: admite o divorcio extrajudicial de pessoas que tenham filhos menores ou não emancipados desde que todos os assuntos referentes aos menores (guarda, visitas e alimentos) já estejam resolvidos previamente por meio judicial. b) escritura pública lavrada por tabelião de notas, de livre escolha, que pode estar localizado fora do domicílio dos cônjuges, e o ato ser praticado fora do horário do expediente. Ou seja, o tabelionato é de livre escolha dos cônjuges, podendo até ser feito o divórcio em outra comarca e fora do expediente. c) tem que ter assistência de advogados comuns ou próprios (de cada um dos cônjuges) ou defensor público (caso não haja condições financeiras de contratar um advogado). Todavia, é desnecessária a outorga de procuração específica, mas o nome e o número da OAB devem constar na escritura. d) ambos os cônjuges (ou um deles, se o caso) podem ser representados por procuradores. Como o casamento pode ser celebrado por meio de procuração, o divórcio também pode. Porém, é necessário que a procuração pública tenha poderes específicos e haja a declaração das cláusulas essenciais. Validade da procuração é de 30 dias. e) é vedada a acumulação de funções de procurador e assistente (de advogado das partes). Ou seja, não pode o assistente ser também o procurador, pois tais funções devem recair em pessoas diferentes. f) referência ao pagamento ou à renúncia aos alimentos entre os cônjuges. Se for estabelecido o pagamento de pensão alimentícia, tem que dizer na escritura como será pago, quanto, onde, etc. E se caso não for fixada a pensão tem que dizer que foi renunciado tal direito. g) descrição e valor dos bens comuns, com referência aos documentos comprobatórios do domínio destes bens, e a partilha deles (a partilha pode ser deixada para depois, extra ou judicialmente, se em relação a ela não houver consenso); h) definição quanto ao nome do cônjuge que adotou o apelido de família do outro, ou seja, se mantém ou retorna ao nome de solteiro. A opção é do cônjuge, sem intervenção do outro. Ou seja, se o cônjuge não se opôs ao outro usar seu nome no casamento, não pode se opor no divórcio. O cônjuge que optou por manter o nome de casado pode, também por escritura pública e assistência de advogado, lavrar escritura de retificação e voltar a usar o nome de solteiro, a qualquer tempo. i) prova do casamento, pacto antenupcial (se houver), prova da existência de filhos, maiores e capazes, e documentos de identidade dos cônjuges. j) cônjugesseparados podem converter a separação judicial ou extrajudicial em divórcio por escritura pública, mantendo as mesmas condições ou as alterando. l) não há sigilo nas escrituras públicas e qualquer pessoa tem acesso. O processo tem sigilo, mas a escritura pública não. · Efeitos imediatos: dispensa a homologação judicial. Ou seja, fez a escritura, está divorciado. Tudo é feito extrajudicialmente (não tem a presença do juiz). O traslado da escritura serve à averbação no registro civil e no registro imobiliário, como também no Detran, Junta Comercial, Registro Civil de Pessoas Jurídicas, instituições financeiras, companhias telefônicas etc. · B) Divórcio Judicial: · Competência: foro do domicílio do guardião do filho incapaz. Se houver mais de um filho incapaz e cada um estiver com um dos cônjuges, qualquer um dos domicílios é competente. Se não houver filhos incapazes, é o foro do último domicílio dos cônjuges. Se não existirem filhos incapazes, é o foro do domicílio do réu. Se entrar com a ação em foro incompetente, tem que arguir a exceção de incompetência como preliminar na contestação e se não alegar, o foro passa a ser competente (prorrogação de competência). Competência relativa. · Legitimação: apenas os cônjuges podem requerer o divórcio consensual (amigável) ou litigioso (um contra o outro). Em caso de incapacidade de um deles, será representado por curador, ascendente ou irmão. Art. 1.582, CC: O pedido de divórcio somente competirá aos cônjuges. Parágrafo único. Se o cônjuge for incapaz para propor a ação ou defender-se, poderá fazê-lo o curador, o ascendente ou o irmão. · A jurisprudência dominante autoriza a que um dos cônjuges esteja representado por procurador no divórcio. Ambos os cônjuges não, dado o caráter personalíssimo do divórcio e a necessidade de se averiguar de pelo menos um deles a manifestação do desejo de extinguir o vínculo conjugal. O CPC exige a assinatura dos cônjuges na petição inicial. B.1) Divórcio Judicial Consensual: pode ser requerido em juízo, ainda que os cônjuges possam celebrar o divórcio extrajudicial. - A inicial deve conter: a) requisitos do Art. 319, CPC. Deve colher a assinatura de ambos os cônjuges (ou procurador) que querem se divorciar e do advogado comum, mas se um deles tiver advogado próprio, também precisa da assinatura do advogado. Se não souberem ou não puderem assinar, utiliza-se instrumento público ou assinatura a rogo (outra pessoa assina em seu ligar e tem que colher a impressão digital). No CPC de 73, estas assinaturas deveriam ser colocadas na presença do juiz ou reconhecidas por tabelião. Porém, isto é desnecessário no CPC atual. b) juntada de documentos indispensáveis, como pacto antenupcial (se existir), certidão de casamento e certidões de nascimento dos filhos, se houver. Juntar os documentos dos filhos incapazes. c) descrição dos bens comuns. Isso é essencial na preservação de direitos, ainda que as partes não façam acordo sobre a partilha. A partilha é desnecessária para adquirir o divórcio, mas como este acaba com o regime de bens, a descrição dos bens comuns é uma garantia para evitar problemas futuros. d) a partilha do acervo comum, caso os cônjuges queiram partilhar, se dá de acordo com o regime de bens adotado no casamento para saber quais se comunicam. OBS: São 4 regimes: comunhão parcial (regime legal - adotado independentemente de pacto antenupcial); comunhão universal; participação final nos aquestos e separação de bens. Pacto antenupcial: feito sempre por escritura pública. e) regulamentação de guarda (unilateral, alternada ou compartilhada) e visita dos filhos menores ou incapazes. A guarda preferencialmente será compartilhada. Se não houver acordo, não há divórcio amigável, mas sim litigioso e, nesse caso, cabe ao juiz definir a guarda da criança, sempre considerando o que melhor atende os interesses da criança. Ao final, o juiz pode dar a guarda para terceiros (que não são os pais) parentes ou terceiros considerando os interesses dos filhos e, preferencialmente, ouvindo os filhos quando possível (a partir de oito anos). Sugere-se que irmãos fiquem juntos com um dos cônjuges se a guarda for unilateral e que as visitas sejam livres (é do filho o direito de ver o pai ou a mãe em cuja companhia não está). Quem não tem a guarda, ainda assim conserva o poder familiar. A visita é um direito-dever dos filhos em relação aos pais, e vice-versa. f) pensão alimentícia dos genitores aos filhos menores ou incapazes. Aquele que não detém a guarda tem o dever de pagar pensão alimentícia de acordo com o que ganha. O juiz se baseia na necessidade de quem pede e na possibilidade de quem paga (binômio que deve ser observado e provado). Portanto, o juiz usa o critério da proporcionalidade e fixa o valor (ou %), dia de pagamento, forma de pagamento, período e índice de reajuste, percentual para a hipótese de emprego e de desemprego (não é obrigatório). Não pode fazer pagamento direto, sendo que a melhor forma é por meio de depósito em conta. OBS: Não é obrigatório fixar um percentual de pensão alimentícia para quando estiver trabalhando e quando estiver desempregado. Seja qual for o motivo, a pensão alimentícia só deixará de ser obrigatória com decisão judicial de procedência. Ou seja, se completou 18 anos, não é automático que já pode parar de pagar pensão, pois precisa de sentença. g) pensão alimentícia entre os cônjuges: instituída por acordo ou por sentença (exceção e só ocorrerá se houver prova da dependência financeira de um cônjuge em relação ao outro, ou a carência de assistência alheia). O alimentante pagará pensão ao cônjuge alimentando até que este constitua nova sociedade conjugal, ou possa subsistir com o seu próprio esforço, ou, enfim, tenha comportamento indigno em relação ao ex-cônjuge. Se a obrigação não constar da inicial, entende-se que pode ser pleiteada depois, uma vez provada a impossibilidade de obter a subsistência com o próprio esforço. OBS: Se fixada a obrigação alimentar no divórcio, tem o beneficiário o direito à “pensão por morte” do ex-cônjuge (alimentante), cujo valor deve ser limitado ao valor da pensão que era paga. h) deve constar da inicial o nome a ser adotado após o casamento, mesmo que não haja exigência expressa no CPC. A manutenção ou não do nome é opção de quem alterou. Regra: volta a assinar o nome de solteiro. Exceções: a) evidente prejuízo à sua identificação; b) distinção entre o seu nome de família e o nome dos filhos; c) dano grave ou tratar-se de pessoa pública e de notoriedade assim identificada. · O entendimento jurisprudencial dominante informa que com a separação de fato cessa a comunicação dos bens. O entendimento majoritário é de que embora a sentença do divórcio coloque fim ao regime de bens, essa sentença retroage até a data da separação de fato. Isso é relevante, pois entre a data da separação de fato e a data do divórcio, o cônjuge pode ter comprado algum bem e, nesse caso, o outro não tem direito a essa bem pelo regime antes estabelecido. · A falta de acordo para a partilha não é empecilho para a homologação do divórcio. Art. 731, CPC, Parágrafo único: Se os cônjuges não acordarem sobre a partilha dos bens, far-se-á esta depois de homologado o divórcio, na forma estabelecida nos arts. 647 a 658. Se não houver acordo, a partilha pode ser realizada depois, nos próprios autos da separação ou do divórcio, ou por escritura pública, ou por ação própria. Portanto, a partilha pode se dar a qualquer tempo. · A partilha, se dividida igualmente entre as partes, não há tributação. Se for desigual (pode um dos cônjuges abrir mão de uma parcela, ou de toda a sua parte no patrimônio comum em favor do outro), incidirá o imposto de transmissão (ITBI ou ITCMD) sobre a parte excedente, que corresponderá à venda ou doação de um a outro cônjuge. Incidirá o ITBI se aquele que recebeu a parte mais valiosa do bem entregar a diferença de valor ao outro ou um bem de valor equivalente, pois, nesse caso, é considerado compra e venda. Já incidirá o ITCMD se aquele que ficoucom a parte menos valiosa abrir mão da diferença em favor do outro, pois nesse caso considera como doação. · É permitida no divórcio a doação de imóvel aos filhos, com ou sem reserva de usufruto. Ou seja, a partilha pode ser feita em favor dos filhos com ou sem reserva de usufruto. Nesses casos, como a s sentença homologatória é documento público, supre a necessidade da escritura pública, mas ao final expede-se uma carta de sentença que deve ser levada ao Registro Imobiliário, juntamente com a guia do ITCMD. O imóvel passará para o nome do filho quando registrar a carta de sentença. · Imóvel financiado não pertence aos cônjuges, mas sim ao agente financeiro. Se na partilha deixar imóvel financiado para um dos cônjuges, tem que avisar o agente financeiro para que este dê autorização expressando concordância, pois se não for feito com sua anuência, qualquer problema atingirá ambos os cônjuges e não só aquele que ficou com o bem. Portanto, a promessa relacionada a imóvel com financiamento não vale perante o credor imobiliário, se este com ela não anuiu. - Procedimento: há a distribuição da ação para vara especializada ou vara cível cumulativa. A petição é encaminhada ao Ministério Público para manifestação, se houver filho menor ou incapaz (se não houver, desnecessária a intervenção do MP). Se concordar com o pedido e com as suas cláusulas, segue para a homologação do Juiz. Se discordar, os cônjuges se manifestam e o Juiz decide. O juiz determina a emenda da inicial (se vislumbrar erro ou discordância do MP) e depois decide ou homologa por sentença o pedido, e determina a expedição de mandado ao Registro Civil, e, se o caso, de carta de sentença ao Registro Imobiliário. Os cônjuges não precisam comparecer ao Fórum, bastando que assinem a petição inicial. Se o Juiz detectar falha ou eventual prejuízo para cônjuges, filhos ou terceiros, em alguma cláusula do acordo, ele pode marcar audiência para a oitiva dos cônjuges. OBS: Os efeitos da sociedade conjugal cessam no momento em que a sentença homologatória transita em julgado. A partilha amigável, todavia, só se torna oponível a terceiros depois de registrada. Em outras palavras, o transito em julgado da sentença homologatória ocorre no mesmo dia da publicação da sentença e a partir desse transito em julgado já estão divorciados. Porém, em relação a terceiros, só gera efeitos depois de registrada a carta de sentença no cartório. Para os cônjuges gera efeitos imediatos. B.2) Divórcio Judicial Litigioso: · Para obter o divórcio, é necessário provar a culpa do outro cônjuge? R: Não. Após a EC 66/2010 basta o ingresso da ação (manifestação livre da vontade de um dos cônjuges) para se constatar o fim do afeto, da comunhão de vidas que autoriza dissolver o casamento. Antes da EC 66/10 precisava alegar e provar a razão do término; hoje basta pedir o divórcio, não tendo mais que justificar. Se um dos cônjuges não quiser o divórcio, este será decretado independentemente de sua vontade. · Se não é possível contrariar o pedido, então, porque contestar a ação? R: Para enfrentar os demais pedidos (guarda, visitas, alimentos, bens comuns, partilha, nome do cônjuge etc.) e, inclusive, contrariar eventual alegação de culpa do réu, caso também exista pedido de reparação de algum dano (material ou moral) do cônjuge/autor. · Pode-se cumular, no mesmo processo, o pedido inicial de divórcio com o pedido de indenização do dano sofrido pelo cônjuge inocente, seja ele material ou moral, pois entre os dois pedidos há identidade na causa de pedir e, portanto, cabe cumulação. Ou seja, há identidade na causa de pedir, tanto remota (o casamento), como próxima (ofensa física, moral ou infração de um dever do casamento). Art. 327, CPC: É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão. § 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que: I - os pedidos sejam compatíveis entre si; II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. Tem que dizer qual o dano sofrido, qual ilícito cometido e qual o valor da indenização que quer receber. Tem que obedecer aos princípios da celeridade e da economia, sobretudo, quando há litígio também no tocante à guarda, visitas, alimentos, partilha dos bens comuns, nome etc. A ação é ajuizada na Vara de Família, pois a competência da Vara de Família atrai a competência da Vara Comum quando houver cumulação. Porém, se não houver cumulação (ingressa com ações separadas), ou seja, se a ação for só de indenização, ainda que o fato danoso tenha ocorrido na relação de casamento, a competência é exclusiva do Juízo Cível, e não o de Família. - Inicial: a) atendimento aos requisitos do artigo 319 do CPC; b) procuração; c) documentos de identidade dos cônjuges e dos filhos (se houver), prova do casamento e do domínio dos bens comuns. OBS: Se está pedindo o divórcio tem que provar o casamento. d) se cumulado com indenização tem que expor os fatos que identificam a conduta culposa do outro cônjuge (tem que provar o ilícito cometido). Ex: insuportabilidade da vida em comum em razão da prática de crimes, maus tratos, homossexualidade, embriaguez habitual etc., devido à violação de qualquer dos deveres do casamento, como coabitação, fidelidade ou assistência mútua. Se o pedido for só de divórcio, basta expor que a parte deseja extinguir a sociedade conjugal, não tendo que dizer o motivo. e) pedido para o decreto do divórcio (a motivação é implícita ao ingresso da ação), guarda dos filhos, visitas, alimentos (entre os cônjuges e/ou aos filhos), partilha de bens (dispensável) e nome (mantém o do casamento ou retorno ao de solteiro). f) pedido de tutela de urgência para guarda dos filhos, visitas e alimentos provisórios para a prole e/ou ao cônjuge, se o caso. Se não especificar na inicial como quer que fique em relação ao filho, o juiz vai ficar de acordo com a regra geral prevista em lei. - Procedimento: é uma ação de conhecimento com rito comum diferenciado. Há o despacho da inicial. Designa audiência de conciliação, manda citar e decide pedido de tutela antecipada, caso requerido. A audiência é feita na presença de ambas as partes. Se houver acordo, converte-se o pedido judicial em consensual na própria audiência, as partes ratificam o pedido na própria ata, e seguem a sentença homologatória e a ordem de expedição do mandado de averbação ao Registro Civil. Nesse caso, o divórcio litigioso passa a ser amigável e o juiz apenas homologa o acordo, mandando para registro. Se não houver acordo aguarda-se o prazo da contestação de 15 dias úteis a partir do dia útil seguinte à audiência de conciliação. A defesa do réu é ampla (contestação, reconvenção e exceções). Se não contestar pode decretar a revelia, pois o divórcio é um direito disponível, e julga procedente de acordo com o pedido na inicial. Porém, há opiniões de que não pode decretar a revelia, pois se trata de ação de interesse de estado. Cabe julgamento antecipado, ou saneador, instrução e sentença que decretará o divórcio, decidirá as questões de guarda, visita, obrigação alimentar para os filhos e entre os cônjuges, e o nome daquele que acrescentou ao seu, o sobrenome do outro, partilha de bens etc., e determinará a averbação no Registro Civil competente. Portanto, cabe julgamento antecipado se não houver pedido de indenização. OBS: Os cônjuges já são considerados divorciados da data do trânsito em julgado da sentença, não precisando de averbação para produzir efeitos. Pode haver julgamento parcial do mérito, pelo menos no tocante ao divórcio reservando-se as demais questões (guarda, visitas, alimentos, partilha, nome etc.) para a sentença final. A sentença parcial de mérito possui status de decisão interlocutória e dela cabe recurso de agravo de instrumento. * União Estável: - União estável é a que transparece à sociedade todas as características de um casamento; o desejo de duas pessoas de formar uma família. É um institutoequiparado ao casamento, mas não é a mesma coisa (não são institutos iguais). Ademais, é possível converter a união estável em casamento, mas não é possível converter o casamento em união estável, sendo que se quiser fazer isso tem que divorciar e depois passar a viver junto como união estável. - Requisitos: a) convivência pública: caracterizada pela frequência aos mesmos lugares, pelo tratamento mútuo como se fossem casados (todos acreditam que são marido e mulher, pois se comportam como se tal fossem), pela demonstração de afeto e a indicação de um relacionamento estável. Relações eventuais, clandestinas, mantidas às escondidas por pessoas impedidas (pelo menos uma delas) de se casar, não configuram união estável e, portanto, não merecem proteção legal. Art. 1.727, CC: As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. As relações não eventuais (frequentes) podem constituir concubinato. O concubinato tem proteção legal, pois é considerada sociedade de fato entre pessoas, diferentemente da união estável, pois esta é considerada entidade familiar. Na partilha, se houver bens adquiridos onerosamente, vai declarar proporcionalmente o que cada um contribuiu para a aquisição desse bem. Se não houver bem, é como se o concubinato não existisse (não há interesse legal/jurídico). b) relação contínua, duradoura, objetivando constituir família: não há prazo para a caracterização/reconhecimento da união estável. O que interessa é a comunhão de vidas, a convivência marital, a existência da affectio maritalis como sinal diferenciador de um simples namoro. O nascimento de filho não é requisito para o reconhecimento da união estável nem do casamento. Ademais, não se exige coabitação (é dever do casamento, mas não da união estável). · Impedimentos: Art. 1.521, CC: Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Enquanto estiver casad não pode contrair união estável. Os mesmos impedimentos do casamento se aplicam para a união estável. EXCEÇÃO: no caso de pessoas separadas de fato ou judicialmente, a impossibilidade de se casar é momentânea e pode ser suplantada a qualquer tempo. Em outras palavras, as pessoas separadas de fato podem pedir o divórcio a qualquer tempo e, por isso, também podem manter união estável, pois não há impedimento. OBS: Não impedem a caracterização da união estável, as causas suspensivas do Art. 1523, do CC. · Deveres: equiparados aos do casamento (Art. 1566, do CC): lealdade, respeito, assistência e guarda, sustento e educação dos filhos. De todos os deveres do casamento, o único que não se aplica à união estável é a coabitação (vida em comum, no domicílio conjugal). · Regime de bens: comunhão parcial se não houver contrato ou escritura pública fixando outro regime. Podem as partes, por contrato escrito ou escritura pública, estabelecer qualquer outro regime convencional (comunhão universal, separação de bens e participação final nos aquestos). Art. 1.725, CC: Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. É desnecessário levar contrato ou escritura ao registro imobiliário. No que tange ao regime da separação obrigatória de bens, o que vale para o casamento, também vale para a união estável. Seja qual for o regime de bens, o convivente sobrevivente tem direito real de habitação sobre o imóvel especialmente usado como moradia do casal, ainda que não seja comum e existam outros imóveis. · Conversão da união estável em casamento: Características: a) pode se dar a qualquer tempo; b) a declaração dos conviventes quanto à existência da união estável será feita diretamente ao Registro Civil do domicílio deles, ou por prévia escritura pública; c) o pedido de conversão está sujeito ao mesmo procedimento da habilitação para o casamento; d) concluída a habilitação, a certidão de casamento é entregue independentemente de qualquer ato de celebração. Ou seja, não há celebração perante o juiz de paz e nem testemunhas; e) no assento de conversão não constará a data da celebração nem o nome do juiz de casamento, muito menos se exigirá assinatura dos conviventes e das testemunhas; f) em nenhuma hipótese constará do assento de casamento convertido, a data do início, período ou duração da união estável. · Constituição, reconhecimento e dissolução da união estável: pode se dar por escritura pública (quando há consenso entre os conviventes, mas não existem filhos menores ou incapazes) ou por sentença (quando houver litígio). Há escritura e sentença, porém, não serão averbadas ou registradas, senão apenas no tocante à partilha dos bens comuns. A ação segue o rito comum. A função judicial é de administração: declara a existência da união estável se presentes os requisitos que a caracterizam, fixa os marcos da vida em comum (ou seja, a sentença declara o início e o término da união estável), e estabelece as consequências jurídicas (guarda, visitas e pensão aos filhos, partilha dos bens comuns). Competência: foro do domicílio do guardião do filho incapaz. Se não houver, do último domicílio dos cônjuges. Se não existir, do domicílio do réu. É uma competência relativa (territorial), modificável se houver exceção como preliminar da contestação. Se não, haverá a prorrogação de competência (o juízo que, a princípio, não era competente, passa a ter competência). Legitimidade: dos conviventes, do Espólio (os herdeiros podem ingressar como litisconsortes facultativos), ou dos herdeiros quando já decidida a partilha no inventário. OBS: Quem vive em união estável é chamado de convivente. OBS: 1- Há distribuição para uma Vara Especializada de Família (ou Cível cumulativa). A ação segue o rito comum. 2- A prática de infração aos deveres do artigo 1724, do CC é indiferente, pois a dissolução da união estável independe de culpa. 3- Qual o estado civil de quem vive em união estável? Não há regulamentação legal, mas o STJ já determinou que no assento de óbito fosse inserida no estado civil a expressão “solteira com união estável”. 4- Aplica-se à união homoafetiva tudo o que se aplica a respeito da união heteroafetiva.