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ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Professor Me. Reginaldo Aparecido Carneiro Professor Esp. Leonardo Silva Paião GRADUAÇÃO Unicesumar Acesse o seu livro também disponível na versão digital. https://apigame.unicesumar.edu.br/getlinkidapp/3/433 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; CARNEIRO, Reginaldo Aparecido; PAIÃO, Leonardo Silva. Administração da Produção. Reginaldo Aparecido Carneiro; Leonardo Silva Paião. Maringá-Pr.: Unicesumar, 2019. Reimpresso em 2022. 240 p. “Graduação - EaD”. 1. Administração. 2. Produção. 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1837-0 CDD - 22 ed. 658.404 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo Coordenador de Conteúdo Patrícia Rodrigues da Silva Designer Educacional Nayara G. Valenciano Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Flávia Thaís Pedroso Qualidade Textual Jaqueline Mayumi Ikeda Loureiro Cindy Mayumi Okamoto Luca Ilustração Rodrigo Barbosa Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Crian- do oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi- ca e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complemen- tando sua formação profissional, desenvolvendo com- petências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhe- cimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fó- runs e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra dis- ponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. CU RR ÍC U LO Professor Me. Reginaldo Aparecido Carneiro Doutor pelo Programa de Engenharia de Produção da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Especialista em EAD e as Tecnologias Educacionais pelo Centro Universitário Cesumar (UNICESUMAR). Graduado em Administração pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Atuou como Head de Polos de Apoio Presencial pelo NEaD (Núcleo de Educação a Distância) da UNICESUMAR (2013-2015). Coordenou os cursos de Bacharelado em Administração, Tecnologia em Processos Gerenciais e Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos pelo NEaD UNICESUMAR (2010-2012). Atualmente é coordenador dos cursos de Bacharelado em Administração e CST - Gestões (modalidade presencial). Atua como professor titular de graduação e pós- graduação do Centro Universitário Cesumar. Consultor empresarial junto ao SEBRAE-PR. Tem experiência em gestão, atuando principalmente nas áreas de gestão de projetos, administração da produção, planejamento estratégico, pesquisa de mercado e marketing de serviços. <http://lattes.cnpq.br/4563129029823161> Professor Esp. Leonardo Silva Paião Concluído e obtido os créditos como aluno não regular na disciplina Governance and incentives in supply chains do Mestrado em Administração da Universidade Estadual de Maringá (2017). Técnico em Logística pelo Instituto de Educação Estadual de Maringá (2016). Pós-graduado em MBA em Tecnologia da Informação pelo Instituto Paranaense (2013). Especialista em Engenharia de Produção pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2010). Possui graduação em Administração pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2005). Atuo como consultor de negócios em indústrias do vestuário, com ênfase no planejamento e controle produtivo. Sou professor formador na modalidade EAD na Unicesumar nos cursos de engenharia de produção, gestão da qualidade, logística. Gosto do que faço, porque faço o que gosto. <http://lattes.cnpq.br/9758766787049726> SEJA BEM-VINDO(A)! Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de Administração da Produção. É com grande satisfação e prazer que iremos compartilhar com você os conhecimentos sobre a administração da produção, uma área da administração empolgante e com mui- tos desafios. Por meio deste livro, pretendemos trazer a grande relevância do fator produção para as organizações, mas não apenas produzir por produzir, e sim administrar a produção. Quando falamos em administrar, nós estamos falando de planejamento, organização, liderança e controle, que são funções essenciais para o gestor da produção. O queproduzir? Quanto produzir? Quando produzir? Como produzir? Essas são algumas perguntas de tantas que serão respondidas por você, futuro(a) gestor(a) de produção, por isso conhecer técnicas, conhecer as dimensões e as características da administração da produção irá te apoiar neste desafio cotidiano. Na Unidade 1, pontuaremos o que é administração da produção, levaremos você a uma breve reflexão e, logo em seguida, será compreendido esse conceito que irá nortear toda a nossa disciplina, sem ignorar o fator histórico. Na Unidade 2, o propósito é demonstrar alguns ambientes de negócios e o seu impacto no gerir da produção, a entrega de valor, os fatores logísticos e os fatores de qualidade que integrados e focados em atender o cliente, fazem toda a diferença. Outro tópico que será abordado são os modelos de produção e as suas classificações. Entender e saber aplicar corretamente os modelos de produção tornam a organização mais produ- tiva, é o fazer mais com menos. Classificar o ambiente de produção é fundamental para determinadas tomadas de decisões produtivas. Na Unidade 3, será trabalhado o programar, o planejar e o controlar a produção. Em muitas empresas industriais, temos aquele departamento intitulado PCP ou PPCP, que é justamente o setor que programa, planeja e controla a produção. Pode até ser um desejo seu, futuramente, gerir esse departamento, se assim for uma dedicação extra se justifica. Concorda? Na Unidade 4, reservou-se um espaço para falarmos brevemente da gestão de estoques e seu impacto na administração da produção. Logo em seguida, mencionar-se-ão atri- butos importantes na produção, como instalações produtivas, layout e lead time. Por fim, concluiremos essa nossa jornada na Unidade 5 que falaremos do outro lado da administração da produção, que é administrar a produção de um serviço, o qual possi- velmente muitos acadêmicos(as) enfrentarão esse desafio, entender o que se espera e o que se vivencia em um serviço é fundamental para essa gestão. Assim, espero que esse livro possa contribuir com sua formação acadêmica e profissio- nal. Seja 110% em seus estudos, se dedique, se empenhe, seja um vencedor. Um grande abraço e ótimos estudos. APRESENTAÇÃO ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 15 Introdução 16 O que é Administração da Produção 21 História da Produção 30 Administração da Produção: Conceitos Introdutórios 45 Administração da Produção: Fator Estratégico 59 Considerações Finais 68 Referências 70 Gabarito UNIDADE II AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO 73 Introdução 74 Ambientes da Entrega de Valor no Processo Produtivo 77 Ambientes da Logística no Processo Produtivo 82 Ambientes da Qualidade no Processo Produtivo 86 Os Modelos de Produção 98 Classificação dos Sistemas de Produção 114 Considerações Finais 125 Referências 126 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE III PROGRAMAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO 129 Introdução 130 O que é Planejamento e seus Tipos 136 Planejamento Estratégico da Produção 139 Planejamento Mestre da Produção 143 Programação e Controle da Produção 148 Considerações Finais 159 Referências 160 Gabarito UNIDADE IV GESTÃO DE ESTOQUE, INSTALAÇÕES, LAYOUT E LEAD TIME PRODUTIVO 163 Introdução 164 Gestão de Estoque: Conceitos Introdutórios 168 Instalações Produtivas 170 Layout no Processo Produtivo 180 Lead Time Produtivo 183 Considerações Finais 192 Referências 193 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE V SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 197 Introdução 198 A Natureza dos Serviços 202 Gerenciando o Serviço como um Produto 205 Dimensões da Qualidade na Prestação do Serviço 223 O Futuro da Administração da Produção 228 A Nova Revolução - Indústria 4.0 230 Considerações Finais 237 Referências 238 Gabarito 239 CONCLUSÃO U N ID A D E I Professor Me. Reginaldo Aparecido Carneiro Professor Esp. Leonardo Silva Paião CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender o que é administração da produção. ■ Apresentar o desenvolvimento histórico da administração da produção. ■ Descrever os conceitos introdutórios da administração da produção, como o processo de transformação, a visão sistêmica e os compostos de bens e serviços. ■ Descrever como a administração da produção pode ser entendida como fator estratégico dentro das organizações. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ O que é administração da produção ■ Histórico da produção ■ Administração da produção: conceitos introdutórios ■ Administração da produção: fator estratégico INTRODUÇÃO Prezado(a) acadêmico(a), nesta primeira unidade, você terá um contato inicial com a disciplina. Iremos propor uma rápida reflexão no primeiro tópico desta unidade sobre o que é administração da produção. Logo em seguida, haverá uma breve introdução sobre a evolução histórica do processo produtivo, a partir dos modelos mundialmente conhecidos: Fordismo e Toyotismo. Nesse sentido, demonstro a importância de um conhecimento sobre toda essa evolução no con- texto da administração da produção. Além disso, faz-se necessário, ainda, uma compreensão sobre o processo de produção de produtos, tendo como referência a abordagem sistêmica: entrada, processo e saída. Toda vez que se aborda esse assunto é inevitável que o aca- dêmico(a) tenha uma visão holística do processo. Eis o motivo pelo qual esse conteúdo é abordado na primeira unidade. A partir dessa essência, busca-se destacar uma análise sobre as estratégias de operações como forma de obtenção de vantagem competitiva para uma indús- tria, diante de um mercado cuja concorrência se apresenta de forma acirrada. Não podemos deixar de compreender tais fatores estratégicos, diante de muitas variáveis relacionadas direta (e indiretamente) a uma organização. Para finalizar, o acadêmico(a) terá informações sobre as funções auxiliares de um administrador da produção. Você entenderá a importância desse profissio- nal ter as informações corretas, no momento oportuno, para que a sua atividade tenha um suporte de informação condizente com as suas ações. Desejo a você um ótimo aproveitamento do conteúdo desta primeira unidade! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 O QUE É ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Caro(a) acadêmico(a), quero iniciar esta nossa jornada, propondo um desafio para você. Sobre essa nossa disciplina, administração da produção, você já parou para refletir sobre o que é administração da produção? Eu convido você, nesse exato momento, a refletir por alguns minutos, sobre sua vivência profissional, acadêmica ou pessoal, sobre o que é administra- ção da produção e, quem sabe até, colocar no papel essa sua reflexão. Topa? Tenho certeza de que você aceitou este desafio e refletiu sobre o que seria, na sua opinião, a administração da produção. O mais comum é que quando refletimos sobre algo da administração da produção, sempre nos vem algo que remeta à indústria ou a algum processo de transformação. Se você escreveu a sua refle- xão dentro deste raciocínio, você está no caminho correto. Mas a administração O que é Administração da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 da produção é bem mais abrangente, podendo ser utilizada até em uma presta- ção de serviço, e veremos isso no decorrer de todo o livro.Espero que, ao final da leitura e com o aprendizado dessa unidade, você volte para sua anotação e faça um exercício, realizando nova reflexão, agora com o que aprendemos e per- ceba se você alteraria algo, ou manteria a sua primeira opinião sobre o que é administração da produção. Posso contar contigo?Para ampliar o nosso conhe- cimento, quando falamos em administração de produção, falamos de uma área das organizações responsável em gerir a produção de bens e serviços. Serviços? Isso mesmo, serviços em que alguns autores, para trazer essa abrangência, utili- zam o termo APO - Administração da Produção e Operação. Em nossos estudos, utilizaremos apenas administração da produção. De maneira breve, a administração da produção é responsável em gerir a produção. Portanto, uma separação da palavra gerir e a palavra produção faz-se necessária. Quando trago a palavra gerir, estou me referindo justamente à admi- nistração cujo administrador ou gestor tem algumas funções básicas que devem ser exercidas, em que aprendemos, na teoria geral da administração, o que é pla- nejar, organizar, dirigir ou liderar e controlar, e essas funções sendo realizadas para a produção de um bem ou serviço. Já a produção não acontece sozinha, é um processo que origina um novo produto, ela necessita de vários recursos que, em ambiente de transformação, gerarão o produto, bem físico ou serviço. Destacaremos alguns desses recursos necessários para a produção: ■ Recursos humanos: pessoas, mão de obra disponível interna ou externa. ■ Recursos físicos ou materiais: matéria-prima, materiais de consumo, estoques, máquinas, equipamentos, entre outros. ■ Recursos financeiros: disponibilidade de caixa e investimento. ■ Recursos mercadológicos: demanda, preferências do consumidor, per- fil do consumidor. ■ Recursos tecnológicos: computadores, redes, sistemas e automação. ■ Recursos informacionais: informações sobre o seguimento em geral. CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 Produzir sem pessoas, sem materiais, sem equipamentos, sem dinheiro, sem demanda, sem tecnologia e sem informação é quase uma missão impossível. A escolha dos recursos de maneira eficiente com sua com- binação adequada faz a empresa ser mais produtiva. Segundo Chiavenato (2007, p. 59), “os recursos são os meios empregados para possibilitar as ações e operações da empresa e proporcionar eficiência e eficácia no alcance dos resultados desejados”. Para consolidar o aprendizado, traremos conceitos de administração da produ- ção de alguns autores: Quadro 1 - Conceitos da administração da produção Para Chiavenato (2005, p. 13): “Administração da Produção e Operações - APO é a área da admi- nistração que utiliza recursos físicos e materiais da empresa que re- alizam o processo produtivo por meio de competências essenciais”. Para Gaither e Frazier (2005, p. 5): “Administração da produção e operações (APO) é a administração do sistema de produção de uma organização, que transforma in- sumos nos produtos e serviços da organização.” Para Moreira (2008, p. 1): “De uma forma geral, a Administração da Produção e Operações diz respeito àquelas atividades orientadas para a produção de um bem físico ou à prestação de um serviço”. Para SLACK et al. (2013, p. 3): “Administração da produção é a atividade de gerenciar recursos que criam e entregam serviços e produtos. A função produção é a parte da organização responsável por essa atividade”. Fonte: os autores. Highlight Highlight O que é Administração da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 Perceba, caro(a) aluno(a), que os autores trazem as atividades e os recursos como sendo essenciais para se gerar o produto ou o serviço da organização. Sobre os recursos, já estudamos e veremos as atividades da administração da produção no decorrer do nosso livro, que é a programação, o planejamento e o controle da produção, a definição de layouts, a atenção com os leads times e tantas outras. Essas atividades podem ser aplicadas tanto na produção de produtos como para serviços? Para responder essa pergunta, recorrerremos a Moreira (2008, p. 2): Por outro lado, para que produtos e serviços sejam oferecidos ao pú- blico, as atividades correspondentes devem ser planejadas, organizadas e controladas, e é aqui que se justifica que ramos tão diferentes na- quilo que colocam à disposição dos clientes possam ser estudados em conjunto. Em ambos os casos, é necessário por exemplo, determinar o tamanho da fábrica, do hospital ou da escola, ou seja, decisões sobre ca- pacidade devem ser tomadas; em ambos os casos, deve-se decidir onde será localizada a fábrica, o hospital ou a escola e, finalmente, são co- muns as atividades de programação da rotina diária e do seu controle. Antes de irmos adiante, disponibilizaremos, a seguir, uma lista das principais siglas e abreviaturas utilizadas na Administração da produção. Quadro 2 - Principais siglas e abreviaturas na administração da produção AGVs: veículos autoguiáveis. Andons: dispositivos sinalizadores. Autonomação: controle autônomo de defeitos. Buffers: estoques protetores. CAD: desenho auxiliado por computador. CCQ: círculos de controle da qualidade. EDI: troca eletrônica de dados (Eletronic Data Interchange). Gargalos: limitações do sistema produtivo. GPS: sistema de localização via satélite (Global Positioning System). Jidoka: autonomação ou controle autônomo dos defeitos. JIT: justo no tempo (Just In Time). Kaizen: melhoramento contínuo. CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 Kanban: sistema puxado de programação e acompanhamento da produção. Layout: instalações industriais, arranjo físico. Lead Time: tempo de passagem ou atravessamento. Linha stop-and-go: linha de velocidade controlada. Mix: variedades. MOD: mão de obra direta. MP: matéria-prima. NQA: nível de qualidade aceitável. OC: ordem de compra. OF: ordem de fabricação. OM: ordem de montagem. OJT: treinamento no chão de fábrica (On The Job Training). P&D: pesquisa e desenvolvimento. PA: produto acabado. PCP: planejamento e controle da produção. PFA: análise do fluxo de produção. PMP: plano-mestre de produção. PO: plano operacional. Poka-yoke: dispositivos a prova de erros. RM: requisição de materiais. Setup: troca de ferramentas ou preparação. Staff: pessoal de apoio. TC: tempo de ciclo. TG: tecnologia de grupo. TQC: controle da qualidade total. TX: taxa de produção. WIP: materiais em processo (Work In Process). Fonte: os autores. Finalizamos este primeiro tópico e, como resultados, recriamos o nosso enten- dimento sobre o conceito da administração da produção. Agora estudaremos, no próximo tópico, a história da produção. História da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 HISTÓRIA DA PRODUÇÃO Não poderia deixar de abordar o assunto “produção” sem mencionar, mesmo que rapidamente, um histórico sobre a produção propriamente dita. Ao longo de sua história, o ser humano sempre produziu bens com a fi- nalidade de atender às suas necessidades e desejos. De início, começou a produzir machados de pedra, pontas de lanças e outros objetos para faci- litar a sua sobrevivência. Posteriormente, ao descobrir o fogo e os metais, pôde fazer instrumentos de trabalho mais aperfeiçoados. A descoberta do ferro e a possibilidade de transformação dessa matéria-prima em objeto representaram para o ser humano grandes avanços no aperfeiçoamento de seus instrumentos de trabalhos: (foices, facões, lanças, machadinhas, correntes...).O aperfeiçoamento dos instrumentos de trabalho deu ao ser humano maior poder sobre a natureza. (ENERGIAS, on-line). Martins e Laugeni (2015, p. 1) afirmam que “quando polia a pedra a fim de trans- formá-la em utensílio mais eficaz, o homem pré-histórico estava executando uma atividade de produção.” Partindo desse ponto, explicaremos a evolução histórica do processo de produção bem como as etapas evolutivas do homem nesse contexto. A evolução começou por volta de 9000 anos a.C. quando o homem vivia da caça e dos alimentos que recolhia. Ele possuía o hábito de ficar agrupado em clãs, com isso iniciou a transformação de domesticar animais e a prática da agricultura. No Ano de 7000 a.C., na cidade de Çatal Hüyük, localizada na Turquia e que pode ter sido uma das primeiras cidades do mundo onde os homens iniciaram uma nova civilização, o processo de construção demonstrava um planejamento fora do comum, pois, nessa cidade, existiam pequenas casas retangulares de tijolos crus, estendendo-se em degraus pela encosta de uma colina, e cada casa tinha suas respec- tivas paredes, formando grandes blocos de habitação. Naquela época, começaram a martelar o cobre, o chumbo e, posteriormente, apareceu a cerâmica. CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 O Império da Babilônia, que teve um papel significativo na história da Mesopotâmia, foi, provavelmente, fundado em 1950 a.C. O povo babilô- nico era muito avançado para a sua época, demonstrando grandes conhe- cimentos em arquitetura, agricultura, astronomia e direito. Iniciou sua era de império sob o amorita Hamurabi, por volta de 1730 a.C., e manteve-se, assim, por pouco mais de mil anos. Hamurabi foi o primei- ro rei conhecido a codificar leis, utilizando no caso, a escrita cuneiforme, escrevendo suas leis em tábuas de barro cozido, o que preservou muitos destes textos até ao presente. Daí, descobriu-se que a cultura babilônica influenciou em muitos aspectos a cultura moderna, como a divisão do dia em 24 horas, da hora em 60 minutos e daí por diante (HISTÓRIA, on-line). A Babilónia possuía apenas dois recursos naturais — um solo fértil e a água do rio. Numa das maiores realizações de todos os tempos, os enge- nheiros da Babilónia desviaram as águas do rio por meio de represas e imensos canais de irrigação. Cruzando grandes distâncias através do vale árido, esses canais despejavam suas águas revigorantes sobre o solo fértil. Isso se coloca entre as primeiras façanhas da engenharia conhecidas na história. Abundantes colheitas foram a recompensa por esse sistema de irrigação que o mundo nunca tinha visto antes.(PÁSCOA, on-line). A economia era baseada na agricultura, principalmente, no cultivo da ce- vada. [...] Eles tinham uma produção de lã que era extensa e era convertida em peças de tecidos, e possuíam uma grande indústria lanicultora. [...] As caravanas de mercadores saíam para vender suas mercadorias e iam à busca de marfim, cobre e estanho. [...] As transições comerciais eram feitas à base de troca, e, em alguns casos, usavam-se barras de ouro e prata. (GONÇALVES, on-line). Por Volta de 3500-2500 a.C., a meta- lurgia surgia em uma cidade no sul da Mesopotâmia, com a fabricação de peças e objetos em bronze. No Egito, aparece- ram ferramentas obtidas a partir do cobre. Nesse período, foi fabricado o vidro, usado como produto nos fornos de olarias. Uma das maiores invenções da humanidade, a roda, teve sua origem na Mesopotâmia. No ano de 2780–2280 a.C., os egípcios impressionaram o mundo pela técnica de construção das pirâmides. História da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 [...] A pirâmide tinha a função de abrigar e proteger o corpo do faraó mumificado e seus pertences (jóias, objetos pessoais e outros bens ma- teriais) dos saqueadores de túmulos. Logo, essas construções tinham de ser bem resistentes, protegidas e de difícil acesso. Os engenheiros, que eram sacrificados após a conclusão da pirâmide para não revelarem os segredos internos, planejavam armadilhas e acessos falsos dentro das construções. Tudo era pensado para que o corpo mumificado do faraó e seus pertences não fossem acessados. As pirâmides foram construídas numa época em que os faraós exer- ciam máximo poder político, social e econômico no Egito Antigo. Quanto maior a pirâmide, maior seu poder e glória. Por isso, os faraós se preocupavam com a grandeza destas construções. Com mão-de-o- bra escrava, elas eram construídas com blocos de pedras que chegavam a pesar até duas toneladas. Para serem finalizadas, demoravam, muitas vezes, mais de 20 anos. Desta forma, ainda em vida, o faraó começava a planejar e executar a construção da pirâmide. A matemática foi muito empregada na construção das pirâmides. Co- nhecedores desta ciência, os arquitetos planejavam as construções de forma a obter o máximo de perfeição possível. As pedras eram corta- das e encaixadas de forma perfeita. Seus quatro lados eram desenhados e construídos de forma simétrica, fatores que explicam a preservação delas até os dias atuais. [...] Eles utilizaram um sistema de produção de matéria-prima, logística de transportes, engenharia e construção. Tam- bém foram excelentes agricultores, cultivando, principalmente, o trigo e a cevada, utilizados na fabricação de pães. A produção do linho usado na fabricação do vestuário era exportada para todo o mundo mediter- râneo. A fabricação de vasos, objetos e utensílios era moldada na cerâ- mica e talhada na madeira, no cobre e no ouro (PIRÂMIDE, on-line). CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 Já, em 450 a.C. – 300 d.C., o mundo pode conhecer as construções arquitetôni- cas do Império Grego e do Império Romano. Um dos símbolos de maior sucesso artístico da Grécia é a sua requintada arquitetura, principalmente, as elegantes colunas de pedra e os frontões triangulares, esculpidos em três “estilos” de arqui- tetura desenvolvida pelos gregos. [...] O estilo dórico é o mais velho e simples, com fortes colunas e fron- tões cobertos com esculturas que, naquela época, poderiam ter sido pintadas de azul ou vermelho para criar impacto. O Parthenon é o me- lhor exemplo existente de templo dórico. Estes estilos foram criados para construir templos para os deuses. Esculpidos em mármore, eles imitavam as técnicas de cortes em madeira das construções originais. [...] O estilo jônico floresceu aproximadamente na mesma época, nas cidades ricas da Ásia Menor. É mais suave e mais decorativo, com finas colunas que apresentam espirais no final do capitel. O estilo atingiu o seu ponto máximo no Templo de Artemisa em Éfeso. [...] O estilo coríntio apresenta intrincadas folhas de acanto esculpi- das no topo das colunas, significando influências do estilo vindas do Oriente Médio. A grandiosidade do estilo coríntio o transformou no tipo de construção favorito da Roma Imperial. Em Atenas, artes mo- numentais como os templos de Atena Pártenos, da Vitória Áptera, do Erectéion e muitos outros, que mostram a grandiosidade de uma épo- ca. (PORTAL, on-line). A engenharia civil romana também merece um grande destaque. Além de construir estradas que ligavam todo o império, os romanos edifica- ram aquedutos que levavam água limpa até as cidades e também desen- volveram complexos sistemas de esgoto para dar vazão à água servida e aos dejetos das casas. A arquitetura romana sofreu uma enorme influência da arquitetura grega, porém, adquiriu algumas características próprias. Os romanos, por exemplo, modificaram a linguagem arquitetônica que receberam dos gregos, uma vez que acrescentaram aos estilos herdados (dórico, jônico e coríntio)duas novas formas de construção: A evolução da ar- quitetura romana reflete-se fundamentalmente em dois âmbitos prin- cipais: o das escolas públicas e o das obras particulares. As primeiras (por exemplo, templos, basílicas, anfiteatros, arcos de triunfo, colunas comemorativas, termas e edifícios administrativos) eram obras que apresentavam dimensões monumentais e quase sempre formavam um conglomerado desordenado em torno do fórum - ou praça pública - das cidades. Por outro lado, as segundas, como os palácios urbanos e as História da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 vilas de veraneio da classe patrícia, se desenvolveram em regiões privi- legiadas das cidades e em seus arredores, com uma decoração faustosa e distribuídas em torno de um jardim. (ARTE, on-line). Em Roma, podemos citar algumas dessas construções colossais: a Basílica de São Pedro, a Fontana Di Trevi, o Phanteon, e a mais impressionante, o Coliseu. Esse último é uma construção grandiosa, feita com enormes pedras e sem a utilização de nenhum tipo de cimento. Os engenheiros utilizavam-se da força das pedras para deixá-las imóvel. Agora, na China, e ainda no mundo antigo, a mais gigantesca e fabulosa cons- trução é a Grande Muralha da China. Essa muralha começou a ser construída pelo Imperador Qin durante a Dinastia Qin, para defender seu reino contra a pilhagem de tribos nô- mades. Sua construção prosseguiu ao longo de sucessivas dinastias. O trecho da Muralha que ainda permanece nos dias de hoje era parte da Rota da Seda, e foi construída durante a Dinastia Ming. Ela se estende por cerca de 6.350 quilômetros. Ao longo dos séculos, a Muralha foi guarnecida por exércitos com o objetivo de alertar ao primeiro sinal de invasão, e também como primeira linha de defesa. Diferente do que se acredita seu propósito não era tanto deter a invasão dos Manchus e das tribos nômades do norte, mas impedi-los de roubar propriedades e fugir da China. [...] O desenho e a construção da Grande Muralha são um reflexo fiel da sa- bedoria dos estrategistas e construtores daqueles tempos. Os muros, corpo principal da obra, construíram, aproveitando os contornos das montanhas e dos vales. Além dos muros, ao longo da muralha levantaram-se torres, passos estratégicos e atalaias que tinham por função servir como um alar- me a possíveis ataques. (PORTAL SÃO FRANCISCO, on-line). CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 O Mundo Antigo teve grande influência na transformação da produção, nos seus mais variados setores, desde a produção de alimentos e roupas até construções magníficas. Já em meados do século XVIII, momento em que outras civilizações já haviam sido formadas e o mundo estava muito mais globalizado, os processos industriais necessitavam de aplicações de sistemas na organização do trabalho para o processo industrial. Na fabricação de produtos, havia funções especia- lizadas em que cada trabalhador executava a tarefa no seu próprio lar, como uma forma de divisão do trabalho. Esse processo gerou a chamada fadiga, pois os trabalhadores concentravam suas atenções sobre uma ou mais operações. As indústrias têxteis eram as que mais utilizavam esses sistemas domésticos. Com isso, ocorreu, na Inglaterra, a chamada Revolução Industrial. Esse avanço envolveu dois elementos principais: a difundida substituição da força humana e da água pela força mecanizada e o estabelecimento do sistema fabril. Em 1764, James Watt inventou a máquina a vapor, que forneceu a forma motriz para as fábricas e estimulou outras invenções da época. A disponibilidade da máquina a vapor e da máquina de produção tornou possível reunir trabalhadores em fábricas dis- tantes dos rios. Além disso, o grande número de trabalhadores congregados em fábricas criou a necessidade de organizá-los de uma maneira lógica para produ- zirem produtos. Anos mais tarde, em 1776, Adam Smith avaliou os benefícios econômicos da divisão do trabalho, conhecida como especialização da mão de obra, que divi- dia a produção em tarefas menores, especializadas. Essas tarefas eram atribuídas aos trabalhadores ao longo de linhas de produção. Desta maneira, as fábricas não só desenvolveram maquinarias de produção mas também maneiras de pla- nejar e controlar os trabalhos. História da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 Em 1785, Cartwright inventou o primeiro tear a força. A partir da aplica- ção dessa invenção na indústria, a atual história política e social da Inglaterra teve seu desenvolvimento. Máquinas começaram a ser agrupadas ao redor de fontes de força disponíveis. A princípio, os engenhos de água e os trabalhadores pararam de cumprir seus trabalhos especializados em suas casas e foram traba- lhar nos engenhos. Como se pode perceber por meio dos parágrafos supracitados, a produção está presente na história desde a origem do homem e é gerada pela necessidade de sobrevivência dos indivíduos que, visando melhor utilizar os recursos dis- poníveis, passaram a produzir artefatos para, com mais eficiência, executarem as atividades do seu dia a dia. Com a evolução do tempo e a concentração da população, formando pequenas cidades, surgem os artesãos, que representam a primeira forma de produção organizada (a qual consistia em uma produção de caráter familiar). Com o aumento da demanda, houve a necessidade de contra- tar ajudantes, que faziam as tarefas mais simples e, com o decorrer do tempo, aprendiam o ofício e passavam a ser artesãos. Particularmente, discorreremos sobre a Revolução Industrial. Como já descrito anteriormente, a Revolução Industrial teve início no século XVIII, na Inglaterra, com a mecanização dos sistemas de produção. Conforme Chiavenato (2001, p. 39), “[...] o artesão e sua pequena oficina patronal desa- parecem para ceder lugar ao operário e às fábricas”. Havendo, nesse período, a introdução da produção em massa, ocorre, assim, a troca do sistema artesanal de produção, tendo início a substituição da força humana pela força da máquina. Para Martins e Laugeni (2015, p. 1): Essa verdadeira revolução na maneira como os produtos eram fabri- cados trouxe consigo algumas exigências, como padronização destes e de seus processos de elaboração; treinamento e habilitação da mão- -de-obra direta; criação e desenvolvimento dos quadros gerenciais e de supervisão; o desenvolvimento de técnicas de planejamento e controles financeiros da produção e de técnicas de vendas. Esses fatores foram evoluindo conforme as exigências do mercado, que buscam atender cada vez mais a normas e necessidades dos clientes, os quais demandam produtos com tecnologia, baixo custo e qualidade. CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 No fim do século XIX, nos Estados Unidos, surgiram os trabalhos de Frederick W. Taylor, considerado o pai da Administração Científica. De acordo com Maximiano (2004, p. 157), “Taylor foi o primeiro autor a sistematizar um modelo de administração, entendendo-se como tal um sistema de idéias ou dou- trinas aliadas a técnicas ou ferramentas.” Essas técnicas e ferramentas foram o estudo dos tempos e movimentos, o qual buscava encontrar: a maneira mais eficiente do operário desenvolver sua atividade, a padronização de ferramentas, a padronização de movimentos, a conveniência de uma área de planejamento, cartões de instrução, sistema de pagamento de acordo com o desempenho e cál- culo de custo. Por meio desses estudos, Taylor visava proporcionar um resultado mais eficaz no sistema de produção das empresas. SegundoPaiva, Carvalho Jr. e Fensterseifer (2004, p. 25), “[...] talvez ninguém tenha seguido tão à risca os con- ceitos da produção em massa e da administração científica quanto Henry Ford”. Para Chiavenato (2001, p. 74), “embora não tenha inventado o automóvel nem mesmo a linha de montagem, Ford inovou na organização do trabalho: a pro- dução do maior número de produtos com a maior garantia de qualidade com menor custo possível”. Ford, com a intenção de tornar o seu carro universalmente aceito e acessível, queria que o seu automóvel pudesse ser comprado pelo operário de sua fábri- ca e isso impunha restrições ao projeto do Modelo T. Entretanto, um princípio básico que garantiu a adesão do cidadão comum ao Modelo T é que ele era de fácil manutenção, o proprietário podia facilmente fazer reparos em caso de problemas. A simplificação do projeto do produto resolvia tanto questões de padronização para a fabricação quanto para a manutenção do automóvel. Fonte: Guerrini (2016). Highlight História da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 Em 1950, nasce o sistema Toyota de produção. Isso acon- teceu após uma visita de Toyoda e Ohno à Ford, nos Estados Unidos, onde constataram o desperdício de recursos exis- tentes nas fábricas da Ford, que estavam instaladas em gigan- tescos espaços, tendo grande volume de materiais em esto- que e alto grau de especialização dos seus funcionários. Conforme Maximiano (2004, p. 209), “[...] o que para os ocidentais era pre- caução e abundância de recursos, porém, parecia desperdício para os japoneses”. Essa visão se dava devido ao fato de que, após a Segunda Guerra Mundial, o país enfrentava escassez de recursos e, para maximizar a utilização desses recursos, era necessário adotar uma estratégia de eliminação dos desperdícios. De acordo com Paiva, Carvalho Jr. e Fensterseifer (2004, p. 29), “a empresa apenas produz o que é demandado, ou seja, a produção é puxada pelo mercado e não mais empur- rada como na produção em massa tradicional”. E o futuro da administração da produção? Você imagina como será? Pare por alguns minutos e faça essa reflexão. Voltaremos a falar sobre esse assunto na unidade V de nosso livro. (O autor). CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO: CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Toda e qualquer empresa depende da manutenção de uma constante interação com o ambiente externo, a sociedade, para produzir. Como principais entradas dos processos produtivos, têm-se os recursos financeiros, os equipamentos, as matérias-primas, os recursos energéticos, as tecnologias e as informações sobre as necessidades e expec- tativas dos consumidores que precisam ser incorporados pela empresa. Cabe ao administrador, no que diz respeito à gestão das entradas, racionalizar o processo de compras; garantir um adequado fluxo de capital; manter o abas- tecimento de recursos energéticos em volumes e condições adequadas; buscar, continuamente, a incorporação de novas tecnologias e sondar, constantemente, o mercado, de modo a garantir que os produtos e serviços da empresa estejam adequados aos requisitos de seus clientes. Outro aspecto que diz respeito à gestão das entradas é a atividade de recrutamento e seleção. Embora os trabalhadores não devam ser vistos como simples recursos captados na sociedade, certo é que, ao contratá-los, a empresa está interagindo com o ambiente externo, buscando captar, nesse ambiente, os talentos que precisam. Administração da Produção: Conceitos Introdutórios Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 O processamento consiste na transformação dos recursos captados no ambiente externo em produtos ou serviços úteis aos clientes. Cabe à empresa integrar de tal modo a capacidade de seus empregados, a tecnologia utilizada e os recursos incorporados, que o produto ou serviço gerado possa caracterizar- -se pela máxima conformidade técnica e adequação aos clientes. Ford e outros pioneiros da gestão industrial criaram uma série de técnicas capazes de elevar ao máximo a eficiência do processo produtivo. As saídas são os produtos e serviços oferecidos, a serem consumidos pela socie- dade. Neles, reside o sentido da existência de qualquer organização. É para eles que deve estar voltada a atenção principal dos administradores. As atividades de gestão das entradas e do processamento são apenas meios para se atingir a finalidade de garantir-se saídas adequadas. Nem só os produtos e serviços comercializados constituem as saídas do pro- cesso produtivo. Outro importante resultado desse processo é a geração de novas tecnologias, que podem ser aproveitadas não só na produção em questão como também para outras finalidades. Um exemplo que pode ser citado são as tecno- logias desenvolvidas a partir dos projetos espaciais da NASA. Embora o produto fundamental daquela organização seja a realização de viagens espaciais, graças aos processos por ela empreendidos, foram descobertas as tecnologias do forno de micro-ondas e do telefone sem fio, dentre outras menos conhecidas. CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 Outro importante tipo de saída é a contribuição oferecida pela organização ao desenvolvimento social e econômico da comunidade onde está inserida. A geração direta e indireta de empregos, trazida pelos investimentos empresariais, apresenta um impacto significativo na economia. Projetos de apoio à comuni- dade têm merecido, também, crescente atenção por parte de muitos empresários, como forma de tornar suas organizações mais efetivas, ou seja, de oferecer uma contribuição socialmente relevante, que torne a relação entre a empresa e seu ambiente externo cada vez mais favorável. O sistema de produção é a forma de como um produto é fabricado. Administração da Produção: Conceitos Introdutórios Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 Adota um sistema de produção para realizar suas operações e produzir seus pro- dutos ou serviços da melhor maneira possível e, com isso, garantir sua eficiência e eficácia. O sistema de produção é a maneira pela qual a empresa organiza seus órgãos e realiza suas operações de produção, adotando uma interdependência lógica entre todas as etapas do processo produtivo, desde o momento em que os materiais e matérias-primas saem do almoxarifado até chegar ao depósito como produto acabado. Na realidade, para que isso aconteça, as entradas e os insumos que vêm dos fornecedores ingressam na empresa por meio do almoxarifado de materiais e matérias-primas, sendo, ali, estocados até a sua eventual utilização pela produ- ção. Essa produção processa e transforma os materiais e matérias-primas em produtos acabados para serem estocados no depósito até a sua entrega aos clien- tes e consumidores. A interdependência entre o almoxarifado, a produção e o depósito é muito grande: qualquer alteração em um deles provoca influências sobre os demais, como se fossem vasos comunicantes. Eles são os três subsiste- mas do sistema de produção intimamente inter-relacionados e interdependentes. Basicamente, esses três subsistemas - o almoxarifado, a produção e o depósito - devem trabalhar de maneira coordenada e serem balanceados e ajustados entre si. Provavelmente se você acadêmico(a) já trabalha ou trabalhou em uma empresa industrial e deve ter tido contato com esses três subsistemas, o almo- xarifado, a produção e o depósito que são essenciais no processo produtivo,em seguida veremos como ocorre o modelo e o processo de transformação. “Há uma regra para industriais que é: Fazer a mercadoria de melhor qualida- de possível, no menor custo possível, pagando o mais alto salário possível”. (Henry Ford) CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 MODELO DE TRANSFORMAÇÃO Qualquer operação produz bens e serviços, ou um misto dos dois. Isso acontece por um processo de transformação. Por transformação, referimo-nos ao uso de recursos para mudar o estado ou condição de algo para produzir outputs. A figura abaixo mostra o modelo de transformação usado para descre- ver a natureza da produção. Essa produção envolve um conjunto de recursos de input, usado para transformar algo ou para ser transformado em outputs de bens e serviços. Consumidores Recursos de entrada a serem transformados Materiais Informação Consumidores Instalações Pessoal Recursos de entrada de transformação Processo de transformação Ambiente Ambiente Recursos de entrada (input) Saídas de produtos e serviços (output) Figura 1 - Qualquer produção envolve os processos input – transformação – output Fonte: Carneiro e Colla (2010, p.15). Administração da Produção: Conceitos Introdutórios Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 INPUTS PARA O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO Os inputs para a produção podem, convenientemente, ser classificados em: ■ Recursos transformados: os que são tratados, transformados ou conver- tidos de alguma forma. ■ Recursos de transformação: os que agem sobre os recursos transformados. O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO Qualquer organização produz bens ou serviços ou, ainda, ambos e faz isso por meio de um processo de transformação. A esse processo damos o nome de fun- ção de Produção. Como nem sempre o que as empresas produzem são bens tangíveis, como os serviços, chamamos também de função (ou Administração) de Produção e Operações. Transformação é o uso de recursos para mudar o estado ou condição de algo, a fim de produzir ou transformar alguma coisa, em algo de maior utili- dade. Então, produção é a transformação de algo - produto, matéria-prima ou serviço - em outro bem ou serviço, de melhor qualidade ou utilidade. A partir desse conceito, já se pode definir alguns itens importantes para a Administração da Produção e Operações, tais como: ■ INPUTS: representa a entrada de recursos. São os insumos ou maté- ria-prima necessários para dar origem ao produto ou serviço que será produzido. ■ OUTPUTS: é o resultado da produção ou transformação. É a saída do produto ou serviço. CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 Existem ainda dois tipos de recursos de transformação: ■ Instalações: prédios, equipamentos, terreno e tecnologia. ■ Funcionários: os que operam, planejam, mantêm e administram a produção. O propósito do processo de transformação das operações está diretamente rela- cionado com a natureza de seus recursos de inputs (entrada). Para tanto, pode-se separar tais recursos em materiais, informações e consumidores, conforme deta- lhado a seguir: ■ Processamento de materiais: a maioria das operações que processam materiais são manufaturas, que transformam as propriedades desses materiais, como forma, características etc. Mas há aquelas que mudam apenas a localização deles, como as empresas de entrega de encomen- das, ou aquelas que apenas mudam a posse do material, que é o caso das empresas de venda a varejo. ■ Processamento de informações: da mesma forma que ocorre com o pro- cessamento de materiais, pode acontecer com as informações, que serão manuseadas das mais diversas formas, como em escritório de contabi- lidade, que, geralmente, transforma a propriedade das informações de inputs, ou uma empresa de pesquisa de mercado, que recolhe e repassa as informações. Existem aquelas que armazenam informações, como as bibliotecas, e as que trabalham com a questão da localização da informa- ção, como no caso das telecomunicações. ■ Processamento de consumidores: as operações que processam consu- midores também podem transformá-los de diversas maneiras como: processamento físico (no caso de cabeleireiros, cirurgiões plásticos), ou estocam consumidores (nos casos de hotéis). As empresas de transporte cuidam da localização das pessoas, mas existem ainda processadores que cuidam da transformação fisiológica (hospitais) e as psicológicas (arte, cultura, educação). Administração da Produção: Conceitos Introdutórios Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 TIPOS DE OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO Mesmo que as operações sejam similares entre si, na forma de transformar seus recursos de input em output de bens e serviços, apresentam diferenças em qua- tro aspectos importantes: ■ Dimensão volume: por meio da dimensão volume, focamos duas questões básicas: a especialização das tarefas, em decorrência do grande volume repetitivo de produção, e a relação custo, a qual expõe que quanto maior o volume, menor o custo de produção. Do ponto de vista do funcionário, a repetição de tarefas pode ser des- motivante, porém, com maior volume e menor custo, a empresa poderá investir em recursos e melhorar sua qualidade de vida no trabalho. Exemplo: cadeia de lanches rápidos. ■ Dimensão variedade: na dimensão variedade, ressaltamos a questão custo elevado, pela opção do cliente, que, mesmo dispondo de produtos ou serviços alternativos, poderá optar por aquele que lhe ofereça melhor variedade de características, estando disposto a pagar mais caro por isso. Exemplo: empresa de táxi X transporte coletivo. CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E38 ■ Dimensão variação: a dimensão variação considera o nível da provável demanda da empresa ou produto, a fim de manter um padrão de demanda e/ou recursos nivelados, de maneira a não perder negócios e não elevar os custos de manutenção. Uma alternativa bastante utilizada por empresas com produtos ou serviços sazonais é a colocação de um produto alterna- tivo na sua contra temporada. Exemplo: hotéis de temporada e sorveterias. ■ Dimensão visibilidade: visibilidade é uma dimensão mais difícil de con- siderar. Significa quanto das suas atividades é percebido pelo consumidor. Em geral, a dimensão visibilidade é observada pelo atendimento de neces- sidade dos clientes, como atendimento cortês e rápido, atendimento pelo produto solicitado, acesso à loja ou empresa, propaganda, acesso às ven- das e propagandas via Internet ao seu público alvo etc. VISÃO SISTÊMICA DO PROCESSO: ENTRADA, PROCESSO E SAÍDA Qualquer sistema pode ser representado como conjunto de elementos interde- pendentes, que se organizam em três partes: Entrada, Processo e Saída (E-P-C). Um exemplo mais prático desse processo são as fábricas, pois elas processam (transformam) entradas, como matéria-primas e mão de obra, para fornecer produtos (saídas). I. Entradas: as entradas (inputs) compreendem os recursos físicos e abs- tratos de que o sistema é feito, incluindo todas as influências e recursos recebidos do meio ambiente. Exemplo: um sistema de produção de veícu- los compreende os seguintes componentes: sistema de projeto do produto; fornecimento de peças intercambiáveis; máquinas e equipamentos; tra- balhadores especializados; procedimentos padronizados de montagem e instalações de montagem. II. Processo: todo sistema tem processos que interligam os componentes e transformam os elementosde entrada em resultados, cada tipo de sis- tema tem um processo de dinâmica própria. O que define a natureza do sistema é o processo, a natureza das relações entre as partes, e não ape- nas as partes, que são muito similares em todos os sistemas. Administração da Produção: Conceitos Introdutórios Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 39 III. Saída: as saídas (outputs) são os resultados do sistema, os objetivos que o sistema pretende atingir ou, efetivamente, atinge. As saídas compre- endem os produtos e serviços para os clientes ou usuários, os salários e impostos que pagam, o lucro de seus acionistas, o aumento das qualifi- cações de sua mão de obra e outros efeitos de sua ação, como a poluição que provoca, ou o nível de renda na cidade em que se localiza. OS COMPOSTOS BENS E SERVIÇOS As pessoas utilizam produtos para satisfazer suas necessidades de natureza eco- nômica. Os produtos, em função de sua tangibilidade (características como dimensões físicas ou poder de serem discerníveis pelos sentidos), podem ser classificados como bens ou serviços. Geralmente, quando as pessoas adquirem produtos, inclusive os bens, estão buscando o serviço que eles podem lhes prestar. De qualquer forma, na prática, os produtos têm agregado uma quantidade crescente de serviços, como forma de criação de diferenciais competitivos de mercado. Por outro lado, os serviços têm, em graus variados, incorporado bens materiais na sua prestação. Semelhantemente aos bens, os serviços podem ser classificados como: ■ Classes de serviços de consumo: compostas por categorias de servi- ços comprados por consumidores para uso pessoal. As classes incluem serviços de conveniência (ônibus, táxi), serviços de compra comparada (dentistas, advogados), especialidades (cabeleleiro, designer de moda) e serviços não procurados (funeral). ■ Classes de serviços industriais: compostas por categorias de serviços comprados por organizações para uso na produção ou operação de seus negócios. As classes incluem projetos, instalações, montagem, manuten- ção, segurança, serviços financeiros e uma grande variedade de serviços prestados por profissionais liberais. CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E40 Em muitos casos, fica difícil distinguir a diferença entre produtos e serviços, pela quantidade que cada um incorpora do outro. Os bens sempre têm algum tipo de serviço incorporado bem como alguns serviços têm uma quantidade razo- ável de bens incorporados. Assim, definem-se bens ou serviços em função da predominância de um em relação ao outro. A ideia de que produtos contêm elementos de ambos: bens e serviços, em graus variados, constitui-se no que se denomina continuum de bens e serviços: em uma extremidade, estariam os produtos sem qualquer tipo de serviço agregado e na outra extremidade, estariam os serviços puros, como seguros, por exemplo. CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO Segundo Kotler (1998, p.12), “um produto é algo que pode ser oferecido a um mercado para sua apreciação, aquisição, uso ou consumo, a fim de satisfazer um desejo ou necessidade”. Assim, os produtos devem ser encarados como algo que vai além de um bem tangível, pois eles, geralmente, são combinações de bens, serviços, ideias, conceitos ou até mesmo pessoas. Dada a complexa composição de muitos produtos, a melhor maneira de abordar suas estratégias é pensar neles como pacotes de atributos físicos, de serviço e simbólicos, planejados para satisfazer as necessidades e desejos dos consumidores. Uma boa estratégia de produto tem como foco todos os elemen- tos supracitados e não apenas um, do pacote do produto. É importante lembrar que, em si mesmos, os produtos têm pouco valor. Seu real valor vem de sua capacidade de oferecer benefícios que melhorem a situação do consumidor ou resolvam o problema dele. Os compradores de um Audi A6 não compram um simples carro, eles compram luxo, status e conforto. Pessoas que frequentam uma boate não estão apenas com vontade de beber, elas que- rem é satisfazer suas necessidades de interação social. Os profissionais da área têm a atenção voltada para o desenvolvimento de produtos, sistemas e processos que identificam e atendem as necessidades do mercado-alvo. Aqueles que assumem como foco interno desenvolver o melhor produto possível, geralmente, seguem o caminho do fracasso, uma vez que esse produto deixa de ser o melhor método de atender uma necessidade. Administração da Produção: Conceitos Introdutórios Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 O conceito de produtos, hoje, baseia-se no fato de que os clientes darão pre- ferência aos que oferecem a melhor qualidade, desempenho e benefícios. Os administradores das organizações orientadas para o produto enfatizam o esforço em produzir bons produtos e melhorá-los ao longo do tempo. Esses produtos são físicos, como: ambulâncias, material cirúrgico e livros. Contudo, também incluem os serviços (algumas vezes designados de produtos-serviços), como: banho e tosa, consertos e férias. Um produto oferecido aos clientes pode ser visto em cinco níveis, conforme mostra a Figura 3, disposta logo abaixo: Benefício Produto Genérico Produto Esperado Produto Ampliado Produto Potencial Figura 2 - O Conceito de Produto Fonte: Kotler (1998, p. 383). O nível mais fundamental é o benefício núcleo, isto é, trata-se do benefício fun- damental que o consumidor está realmente comprando. No segundo nível, a empresa precisa transformar o benefício núcleo em produtos básicos, tais como: cama, banheiro, toalhas, mesa e armário que um hotel oferece a seu cliente. No próximo nível, a empresa prepara um produto esperado, ou seja, um conjunto de atributos e condições mínimas que os compradores normalmente esperam e concordam quando compram esse produto. No quarto nível, a empresa pre- para um produto ampliado, que atenda os desejos dos consumidores além de suas expectativas (um hotel pode ampliar seu produto por meio da conces- são de flores naturais, check-in rápido, jantar e serviços de quarto especiais). CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E42 O produto ampliado é o produto tangível, somado aos diversos serviços que o acompanham, tais como: garantia, instalação, manutenção, entrega gratuita e outros. Por último, o produto potencial envolve todas as ampliações e trans- formações que esse produto deve sofrer no futuro. Condiz com a evolução do produto ampliado e, nesse contexto, empresas mais bem sucedidas acrescentam benefícios a sua oferta que, além de satisfazer aos consumidores, os encantam. Segundo Kotler (1998, p.45), o encantamento é uma forma de acrescentar sur- presas imprevistas à oferta. É importante ressaltar que, no segundo nível, o administrador deverá lidar com algumas informações importantes no que diz respeito à tangibilidade do produto. Eis algumas questões: ■ Qualidade: vários especialistas a definem como “adequação ao uso”, “aten- dimento das exigências”, “liberdade para variações” e assim por diante. Então, trata-se da totalidade de aspectos e características de um pro- duto ou serviço que proporciona a satisfação de necessidades declaradas e implícitas. ■ Design: é a totalidade de características que afetam a aparência e funções de um produto em termos das exigências dos consumidores. À medida que a concorrência se intensifica, o design oferecerá uma potente maneira para diferenciar e posicionar os produtos e serviços de uma empresa. ■ Marca: trata-se de um nome, termo, sinal, símbolo ou combinação destes e que temo propósito de identificar bens ou serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e de diferenciá-los de concorrentes. ■ Rótulo: pode ser uma simples etiqueta afixada ao produto ou um desenho artístico elaborado que faz parte da embalagem. Ele pode conter apenas a marca do produto ou muitas informações. Mesmo que o fabricante pre- fira um rótulo simples, a lei exige informações adicionais. ■ Embalagem: é o conjunto de atividades de design e fabricação de um recipiente ou envoltório para um produto. Tem por função facilitar a armazenagem, proteger e conservar o produto, ajudar a posicioná-lo ou reposicioná-lo, facilitar seu uso e ajudá-lo na venda. Vários fatores têm contribuído para o crescente uso da embalagem como ferramenta de marketing: autosserviço, imagem da empresa e da marca, e oportuni- dade de inovação. Administração da Produção: Conceitos Introdutórios Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 CARACTERÍSTICAS DE SERVIÇOS É importante destacar que esse item será mais discutido na última unidade deste livro. De qualquer forma, seguem algumas considerações importantes na con- textualização da administração da produção: as principais características dos serviços que os distinguem de produtos tangíveis são: intangibilidade, variabi- lidade, inseparabilidade e perecibilidade. ■ Intangibilidade: expressa a noção de que um serviço não tem nenhuma substância física. O que fica de posse do consumidor é o resultado da prestação do serviço. ■ Inseparabilidade: expressa a noção de que um serviço não pode ser sepa- rado de seu provedor. Ao se adquirir um bem, interessa ao consumidor o aspecto, não tendo qualquer significado para esse consumidor a aparên- cia da fábrica ou da pessoa que produziu. ■ Perecibilidade: expressa a noção de que um serviço não pode ser feito com antecedência e armazenado. A produção e o consumo desse serviço se dão no mesmo momento. ■ Variabilidade: expressa a noção de que um serviço pode variar em padrão ou qualidade de um fornecedor para outro ou de uma ocasião para outra. CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E44 Controle do desempenho do aiatema Processamento de dados em informação Entrada de Recursos de dados Saída de produtos de informação Armazenamento de recursos de dados CONTROLE A Comunidade Concorrentes Instituições �nanceiras Sindicatos trabalhistas administração Fo rn ec ed or es Ag ên ci as R eg ul ad or as Ac io ni st as Cl ie nt es Recursos Humanos Usuários �nais e especialistas em si Recursos de Software Programas e procedimentos Re cu rs os d e Ha rd w ar e M áq ui na s e m íd ia s Recursos de D ados Banco de dados e bases de conhecim ento Recursos de Rede Meios de comunicação e suporte de rede ENTRADA Recursos: Pessoas; Dinheiro; Matéria-prima; Máquinas; Terra; Instalações; Energia; Informação. PROCESSAMENTO Processos organizacionais Comercializar, desenvolver; Produzir e entregar; Produtos e serviços; Dar assistência a clientes; Outros processos. SAÍDA Bens e serviços: Produtos; Serviços; Pagamentos; Contribuições; Informações; Outros efeitos. Figura 3 - Sistema de Produção de Serviço Fonte: adaptada de O’Brien (2001, p. 16-20). É importante frisar que a última unidade deste livro abordará, exclusivamente, o tema Sistema de Produção de Serviços. Nesta unidade, destacar-se-á infor- mações importantes, no que diz respeito à sistemática do serviço no contexto da produção. Administração da Produção: Fator Estratégico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO: FATOR ESTRATÉGICO Estratégia, de um modo geral, é “a arte do General”. Em termos, podemos enten- der que é a arte em disposição do general para ele alcançar os seus objetivos postos em vista (PAIVA, CARVALHO, FENSTERSEIFER, 2004, p. 106). Esse ponto de vista é fundamental, quando analisado em uma empresa, perante o mercado, como podemos observar com tópicos que auxiliam essas empresas, em barganhas, economias de mercado, busca de um espaço amplo e competi- tivo e uma flexibilidade adequada. TRÊS NÍVEIS DE ESTRATÉGIAS DA EMPRESA As Estratégias Corporativas têm fatores que podem definir uma organização. Com isso, são definidos três tipos de estratégias: corporativa, de negócios e fun- cional (PAIVA, CARVALHO, FENSTERSEIFER, 2004, p. 57). Com esses níveis de estratégias, podemos observar que, em uma organização, para ter um foco mais CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E46 bem elaborado sobre o mercado, deve-se analisar pontos referentes ao ambiente em que a empresa irá centralizar, no mercado, as formas legais em que deverá se adequar, além de focar a maneira correta para empenhar a função dessa empresa e de todos que a componham. a. Estratégia Corporativa Relaciona-se com o ambiente em que o grupo atua, tendo reconheci- mento de suas forças e os fatores ambientais que possam afetá-la (PAIVA, CARVALHO, FENSTERSEIFER, 2004, p. 58). A estratégia corporativa entrelaça fatores naturais que possam, por motivos futuros ou maiores, afetar na estrutura da organização, no desempenho de seus colabora- dores e até mesmo no mercado no qual ela está focada para se adaptar. Entende-se que esses fatores estão presentes em lugares ao redor da orga- nização, ou seja, não afetam somente uma empresa, mas podem afetar uma economia inteira, podendo acarretar, na cultura, sistemas de infor- mação, economia e fatores que possam interferir diretamente ou mesmo indiretamente em uma organização. b. Estratégia de Negócios Os fatores ambientais, junto com a interação da unidade de negócios (Empresa), criam o chamado caráter. Assim, por meio dos pontos for- tes e fracos, essa unidade de negócios poderá definir sua competência distinta (PAIVA, CARVALHO, FENSTERSEIFER, 2004, p. 59). Com a estratégia de negócios, uma organização poderá estipular uma forma de saber com qual foco irá desenvolver seus processos, políticas e objetivos. Estipula-se, com isso, uma melhor sondagem nas políticas e metas esta- belecidas, as quais desenvolvem uma vantagem referente às concorrentes do ramo, ao criar um modelo competitivo, e com isso englobar ideias aos recursos, adequando uma viabilidade, para que se tenha uma consistên- cia no mercado de trabalho em que irá desempenhar. Administração da Produção: Fator Estratégico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 c. Estratégia de operações Essa definição coincide com os objetivos da organização, ao buscar alcan- çar os objetivos da área de operações, a fim de que sejam identificadas as estratégias genéricas de operações. O reconhecimento da mudança facili- tará a ligação entre os sistemas, ou seja, a identificação de três estratégias genéricas (PAIVA, CARVALHO, FENSTERSEIFER, 2004, p.61). A estratégia de operações é constituída por um simples objetivo, que é a identificação de um projeto na organização. Essa identificação acrescenta para a estratégia um destaque em relação às concorrentes, pois, assim, acontecerá uma facilidade (exposta nas funções exercidas), diminuindo o tempo das operações e enxugando o fluxo inesperado de processos ou ser- viços. Na estratégia de operações, temos três modelos, a Liderança de custo pura, Diferenciação pura e Custo e diferenciação (PAIVA, CARVALHO, FENSTERSEIFER, 2004, p. 63). ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO De acordo com Chase et al. (2006, p. 108), estratégia de produção diz respeito ao estabelecimento de políticase planos para utilizar os recursos de uma empresa, a fim de melhor sustentar sua tática competitiva em longo prazo. Ela é abrangente, por intermédio de sua integração com a estratégia corporativa. Uma estratégia de produção envolve um processo de longo prazo, que precisa adotar as mudan- ças inevitáveis. Envolve decisões que se relacionam ao projeto de um processo e à infraestrutura necessária para sustentar esse processo. Nesse sentido, o projeto inclui a seleção da tecnologia apropriada, a classificação com o passar do tempo, a função do estoque e a localização desse processo. As decisões de infraestru- tura envolvem a lógica associada com os sistemas de planejamento e controle, as abordagens de garantia da qualidade e de controle, as estruturas de pagamento do trabalho e a organização da função de operação. CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E48 A estratégia de produção pode ser vista como parte de um processo de pla- nejamento que coordena os objetivos/metas operacionais com os objetivos mais amplos das organizações. Uma vez que esses objetivos amplos mudam com o tempo, a estratégia de produção precisa ser modelada para antecipar as necessi- dades futuras. A capacidade de produção de uma empresa pode ser vista como um portfólio adequado para se adaptar às necessidades em mudança dos clien- tes da empresa pelos produtos e/ou serviços. A partir da estratégia de produção, do ponto de vista histórico, na era pós-Segunda Guerra Mundial, as empresas americanas, por exemplo, passa- ram por grandes demandas de consumo que haviam sido encerradas durante a guerra. Como resultado, a manufatura, nos Estados Unidos, enfatizou a entrega de grandes volumes. Em contraste, durante o mesmo período, as empresas japo- nesas de manufatura focaram a qualidade de seus produtos. As prioridades para se manterem competitivas eram diferentes em empresas de diferentes países. As chaves para o sucesso, na estratégia da produção, estão na identificação de quais são as escolhas prioritárias, no entendimento das consequências de cada esco- lha e na navegação dos trade-offs resultantes. ■ Dimensões competitivas da produção Sabe-se que manter a competitividade em alta é um desafio permanente para todas as empresas. Uma das “ferramentas” para sustentar essa capacidade é a gestão estratégica, que é um processo e deve ser de responsabilidade da alta admi- nistração. Entretanto, esse processo deve ser compartilhado com outros níveis de gerência, quando houver, buscando o envolvimento e comprometimento de todos para o planejar, o gerenciar, o executar, o acompanhar e o corrigir rumos quando necessário. É um processo macro e essencial para a condução de um negócio marcado, nos dias de hoje, pela necessidade de mudanças (muitas vezes radicais), inúmeras turbulências, entre outras questões. Enfim, nos dias de hoje, a empresa, mais do que nunca, precisa diferenciar- -se de sua concorrência. Para tal, pode-se destacar a importância de se analisar os cinco objetivos de desempenho (estratégias de produção) de uma empresa, na busca de sua competitividade em um mercado cada vez mais turbulento. O quadro abaixo exemplifica bem essa situação: Administração da Produção: Fator Estratégico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 49 Fazer as coisas certas Fazer as coisas com rapidez Fazer as coisas em tempo Mudar o que faz bem Fazer as coisas mais baratas Vantagem em QUALIDADE Vantagem em RAPIDEZ Vantagem em CONFIABILIDADE Vantagem em FLEXIBILIDADE Vantagem em CUSTO Figura 4 - Dimensões competitivas Fonte: Corrêa e Corrêa (2006, p. 55). Dadas as escolhas enfrentadas, hoje, pelos clientes, como eles decidem quais produtos ou serviços serão comprados? Clientes diferentes são atraídos por atri- butos diferentes. Alguns clientes estão, primeiramente, interessados no custo de um produto ou serviço, e, correspondentemente, algumas empresas tentam se posicionar para oferecer o preço mais baixo. As principais dimensões compe- titivas (vide Figura 5) que formam a posição competitiva de uma empresa são as seguintes: Custo: dentro de toda indústria, geralmente, há um segmento de mercado que compra, exclusivamente, com base no custo baixo. Para competir com sucesso, nesse nicho, uma empresa precisa ser um produtor de custo baixo, porém, só esse posicionamento não é garantia de rentabilidade e sucesso. Qualidade: qualidade pode ser dividida em duas categorias: qualidade do produto e qualidade do processo. O nível de qualidade no projeto de um produto irá variar de acordo com o segmento de mercado para o qual ele está destinado. Estabelecer o nível adequado de qualidade exige foco nas exigências do con- sumidor. Os produtos extremamente projetados, com muita qualidade, serão vistos como excessivamente caros. Os produtos que não são muito projetados, por outro lado, perderão clientes para aqueles produtos que custam um pouco mais, mas são vistos pelos consumidores como de maior valor. Highlight Highlight CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E50 Rapidez: a habilidade de uma empresa em entregar os produtos mais rapi- damente do que seus concorrentes pode ser crítica. Uma empresa que consiga oferecer o conserto no local em apenas uma ou duas horas tem uma vantagem significativa sobre a empresa concorrente que garante o serviço apenas dentro de 24 horas. Confiabilidade: trata-se da habilidade da empresa em suprir o produto ou serviço no dia, ou antes, do prazo de entrega. O foco, durante os anos 80 e 90, na redução dos estoques, para ter custos mais baixos, enfatizou bastante a confia- bilidade na entrega como um critério para avaliar os fornecedores alternativos. Flexibilidade: é a habilidade de uma empresa em oferecer uma variedade ampla de produtos para seus clientes. Um elemento importante dessa habilidade é o tempo necessário para uma empresa desenvolver um produto novo e con- verter seus processos para oferecer esse produto. Quadro 3 - Grandes objetivos e subobjetivos de operações GRANDES OBJETIVOS SUBOBJETIVOS DESCRIÇÃO Preço / Custo Custo de produzir Custo de servir Custo de produzir o produto. Custo de entregar e servir o cliente. Rapidez Acesso Atendimento Cotação Entrega Tempo e facilidade para ganhar acesso à operação. Tempo para iniciar o atendimento. Tempo para cotar preço, prazo, especificação. Tempo para entregar o produto. Confiabilidade Pontualidade Integridade Segurança Robustez Cumprimento de prazos acordados. Cumprimento de promessas feitas. Segurança pessoal ou de bens do cliente. Manutenção do atendimento, mesmo que algo dê errado. Qualidade Desempenho Conformidade Consistência Recursos Durabilidade Limpeza Características primárias do produto. Produto conforme as especificações. Produto sempre conforme as especificações. Características acessórias do produto. Tempo de vida útil do produto. Asseio das instalações da operação. Highlight Administração da Produção: Fator Estratégico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 51 GRANDES OBJETIVOS SUBOBJETIVOS DESCRIÇÃO Qualidade Conforto Estética Comunicação Competência Simpatia Atenção Conforto físico do cliente oferecido pelas instalações. Características (instalação e produto) que afetam os sentidos. Clareza, riqueza, precisão e frequência da informação. Grau de capacitação técnica da operação. Educação e cortesia no atendimento. Atendimento atento. Flexibilidade Produtos Mix Entregas Volume Horários Habilidade de introduzir produtos economicamente. Habilidade de modificar o mix produzido economi-camente. Habilidade de mudar datas de entrega economicamente. Habilidade de alterar volumes agregados de produção. Amplitude de horários de atendimento. Fonte: Corrêa e Corrêa (2006, p. 60). CRITÉRIOS COMPETITIVOS E TRADE-OFFS Esses critérios são desenvolvidos para uma empresa ter um espaço no mercado e, assim, poder competir com outra do mesmo seguimento ou mesmo uma con- corrente indireta do ramo em que ela atua. Com isso, poderá ganhar um espaço no mercado, mostrando para os clientes um produto acabado mais adequado e com uma melhor qualidade que aqueles existentes nesse ramo. Assim, terá um melhor rendimento em suas operações e, com isso, irá adquirir clientela consi- derável e ser um grande líder de mercado. Trade-offs, em critérios competitivos conforme custo e flexibilidade, tem como significado que seu aumento poderá acarretar um impacto negativo na outra variável. Isto é, como empresa, muitas ações voltadas para a flexibilidade poderão ser realizadas em detrimento a um provável aumento no custo de tal investimento. Highlight CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E52 Existe o risco que você não pode jamais correr, e existe o risco que você não pode deixar de correr. (Peter Drucker) a. Custo como critério competitivo No mercado que abrange uma empresa, ela deverá ter um controle em suas ope- rações com referência à economia de escala, pois ela deverá analisar o mercado em que está atuando ou irá atuar. Assim, percebe-se que essa empresa poderá englobar pontos que tendem a ter variações, como seus consumidores e a pro- cura por envolvê-los com o produto que a clientela está esperando adquirir. Logo, terá uma melhor visão desse produto, buscando arrematá-lo e ter controle no mercado em que está desenvolvendo o segmento. O custo é um ponto em que uma organização baseia sua demanda e desen- volve o quanto ela irá cobrar para obter um lucro adequado de seus produtos. Assim, essa organização poderá, então, reduzir custos que estão em orçamentos e desenvolver um valor agregado ao produto. Com isso, obterá um preço com- petitivo e, por fim, um avanço na cadeia, ou no segmento de mercado em que está focalizada. b. Qualidade como critério competitivo Ela é abordada como uma estratégia que pode ser abrangente para conquista de mercado, mas focada em oito dimensões (PAIVA, CARVALHO, FENSTERSEIFER, 2004). Ela vem para os processos de seleção de um produto, envolvendo-o para, assim, buscar um público maior. Desse modo, além de crescer conforme o mer- cado, a qualidade, hoje, é um ponto primordial em um seguimento, mas tem vários tipos e modelos com objetivos diferentes. Administração da Produção: Fator Estratégico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 53 Desempenho: com qualidade nos processos e desempenho, poderá trazer para a organização reconhecimento e desenvolvimento. Características secundárias: essas características, hoje, estão desenhadas para focar a diferenciação do produto a qual exerce uma função ou um pro- cedimento. Essas características têm por objetivo dar valor para esse produto. Confiabilidade: essa parte abrange os processos de informação, referentes a máquinas e a equipamentos que exercem função sobre as tarefas, colaborando para um trabalho bem desenvolvido e desempenhado. Conformidade: isso poderá ocorrer quando você estiver em um projeto e um produto poderá ser fabricado sobre encomenda. É nesse ponto que o pro- duto se desenvolve e conforme os pedidos de compra vão acontecendo, deverão conter especificações adequadas e referências que o cliente pedir ou escolher. Durabilidade: o produto, por sua vez, tem durabilidade e ela é desenvolvida conforme especificações e leis. Essas leis são abrangentes para todas as empre- sas que se desenvolvem em um mesmo ramo de atuação. Serviços agregados: são aqueles serviços que agregam ao produto, desen- volvendo a função de somar, para agradar as especificações dos clientes. Muitas vezes, esses serviços agregados servem como transporte, ou seja, uma cadeia desenvolve com o produto um método que chegará em tempo hábil para o cliente, com uma rapidez coerente e eficiente, chegando para o consumidor sem nenhum problema. Além disso, os serviços podem ser uma agregação de recur- sos que facilite na produção do produto. Estética: são especificações do produto com dimensões subjetivas a ele. Se o cheiro adquirido é exatamente igual ao divulgado, se o som do produto de áudio é bom e agradável (além de não prejudicar a saúde do consumidor). Isso leva as empresas a utilizar essa questão como um diferencial para alcançar maiores mercados, desenvolvendo design diferenciado para o consumidor. Trata-se de uma questão fundamental. Qualidade percebida: é aquela por meio da qual apenas com o nome da empresa o consumidor se sente atraído para adquirir o produto. Muitas vezes, são produtos de empresas que estão no mercado há muito tempo e têm, por isso, qualidade conhecida e o conhecimento do mercado, mas, às vezes, esse mer- cado pode ser prejudicado com a formação de novos produtos. Então, podemos CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E54 verificar que mesmo aqueles produtos que já têm um reconhecimento implantado, devem se adequar às especificações que estão por vir no ramo em que atuam. O mercado, de um modo geral, tem como objetivo abrir espaços para inovações. Assim, os consumidores pedem esse espaço para adquirirem conhecimento de outros produtos ou serviços que possam ter um rendimento igual ou superior ao que está no mercado há muito tempo. Sem dúvida, todos os responsáveis por produtos, em um seguimento, devem ter cuidado e não se acomodar, pois pode- rão perder seus clientes e, assim, ficará muito difícil se manterem no mercado. c. Flexibilidade como critério competitivo A flexibilidade é a capacidade de adequação que uma empresa tem ao envolver um produto em vários ambientes, com culturas e até mesmo costumes diferen- tes, sem perder a qualidade, ganhando nome no mercado e agradando a todos que adquirem esse produto. Muitas vezes, essa flexibilidade também afeta o sis- tema interno da empresa, ou seja, a parte em que se desenvolve o produto. Esse critério vem, cada vez mais, assumindo um papel importante nos segmentos, dando, com isso, prioridades competitivas (PAIVA, CARVALHO, FENSTERSEIFER, 2004, p. 77). A flexibilidade está com um espaço no mer- cado. Desse modo, para uma empresa ter destaque convincente, deverá ter um desenvolvimento sobre esse assunto nas organizações. Assim, além de desen- volver uma carteira maior de clientes, a empresa poderá, também, ter aumento no mix de produtos com os quais está trabalhando. Com isso, poderá obter um conhecimento geral e agrupar todo espaço do mercado. Isso já vem acontecendo há algum tempo e, hoje, a flexibilidade já explodiu como um dos recursos mais utilizados por organizações que são os destaques em seus seguimentos. d. Rapidez como critério competitivo Como entendemos, entregar dentro dos prazos estabelecidos, corrigindo qualquer erro em tempo hábil, e, assim, ter uma pontualidade estabelecida, é visto como confiabilidade de entrega (PAIVA, CARVALHO, FENSTERSEIFER, 2004, p.101). Administração da Produção: Fator Estratégico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 55 Desempenho de entrega (rapidez) como um termo competitivo é uma maneira de chegar antes que seu concorrente ao cliente. Ter uma pontualidade com suas responsabilidades é um fato que, para muitos clientes, é uma obrigação. Mas quando esse produto chega no tempocombinado, porém, é observado pelo cliente que veio com algum defeito, o tempo adequado não existe mais. Nesse caso, a empresa deverá ter habilidade de produzir esse produto no tempo indi- cado, utilizando o sistema para reter erros e evitar falhas e entregar tudo conforme prometido. Trata-se de uma vantagem competitiva na qual muitas organizações buscam se aperfeiçoar, para ter um destaque no mercado de atuação. Conforme expõe Paiva (2004), podemos identificar as seguintes situações: a) entrega sem problemas: a empresa não possui nenhum problema de confia- bilidade, nem de velocidade; b) entrega com problemas de velocidade: ela pode até manter certa regularidade, mas não consegue entregar no prazo; c) problema de confiabilidade: a empresa tem um bom gerenciamento na entrega, mas a con- fiabilidade deixa a desejar; d) problemas de confiabilidade e velocidade: esse é o mais crítico, requer ações urgentes, para, com isso, a empresa ter chances de competição. No mercado de atuação, de um modo geral, podemos verificar que muitas empresas ainda têm esses tipos de problemas. E, às vezes, por coisas muitos sim- ples, não agradam aos seus consumidores, agravando, assim, sua situação diante de seu mercado de atuação. e. Os benefícios da confiabilidade de entrega Podemos entender os benefícios da Confiabilidade de entrega como externos e internos. A partir desses benefícios, conforme o recebimento de um produto esteja dentro do prazo, a confiabilidade passa a ser percebida. Assim, surge outro benefício, que é a diminuição das ineficiências (PAIVA, CARVALHO, FENSTERSEIFER, 2004, p.104). Os benefícios internos estão entrelaçados à organização de acordo com os processos internos da empresa que reconhecem os procedimentos e os viabili- zam. Já o reconhecimento externo está entrelaçado aos clientes, que viabilizam e confiam no prazo de entrega dessa empresa, ficando, assim, mais fiéis a ela. CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E56 FUNÇÕES AUXILIARES DO ADMINISTRADOR DA PRODUÇÃO Em linhas gerais, pode-se relatar que o administrador da produção possui algumas funções básicas, sendo elas: a) reunião dos insumos em um plano de produção; b) utilização dos materiais, capacidade e conhecimentos disponíveis, nas instalações de produção; c) programar e controlar todo o trabalho, para produzir os bens e serviços necessários; d) controlar: estoque, qualidade, custos e prazos; e) geren- tes de produção são responsáveis pelo: Planejamento, Organização, Direção e Controle das atividades de produção, as quais interagem com as funções de Pessoal, Finanças, Legal (código de defesa do consumidor), Marketing e Contabilidade. Entretanto, destaca-se a importância de outras funções, que são de extrema utilidade para o administrador da produção: as funções auxiliares do adminis- trador de produção. Elas estão elencadas a seguir. Engenharia de produto: área responsável pela análise de necessidades do mercado, verificação da viabilidade de lançamento de novos produtos, elabo- ração, implementação e acompanhamento da estratégia de comercialização de produtos junto ao mercado. Isso envolve: análise da concorrência, formação de preço, divulgação do produto em eventos nacionais e internacionais, acompa- nhamento do ciclo de vida do produto e customização de produtos importados ao mercado brasileiro. Além disso, essa área é responsável por oferecer o emba- samento técnico necessário para que o vendedor consiga apresentar o produto ao cliente de forma adequada. O objetivo primordial é o de destacar todas as carac- terísticas ou especificações do produto ou serviço a ser fabricado (produzido). É como construir uma casa a partir de uma planta estruturada por um engenheiro. Engenharia de produção: a Engenharia de Produção (também conhecida por Engenharia de Produção Industrial, Engenharia de Gestão Industrial ou Engenharia Industrial) dedica-se à concepção, à melhoria e à implementação de sistemas que envolvem pessoas, materiais, informações, equipamentos, energia e o ambiente. Ela é uma engenharia que está associada às engenharias tradicionais, porém, é a menos tecnológica, na medida em que é mais abrangente e genérica, pois engloba um conjunto maior de conhecimentos e habilidades, para que, utilizando-se desse conhecimento especializado em matemática, física e ciências sociais, em con- junto com análise e projeto de engenharia, ela possa especificar, prever e avaliar Administração da Produção: Fator Estratégico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 57 os resultados obtidos por tais sistemas. De modo geral, a Engenharia de Produção, ao enfatizar as dimensões do produto e do sistema produtivo, encontra-se com as ideias de projetar produtos, viabilizar produtos, projetar sistemas produtivos, via- bilizar sistemas produtivos, planejar a produção, produzir e distribuir produtos que a sociedade valoriza. Essas atividades, tratadas em profundidade e de forma integrada por essa engenharia, são de grande importância para a elevação da com- petitividade do país. A palavra-chave aqui é produtividade. Planejamento e controle da produção: é a área responsável pelo planeja- mento e operacionalização do processo produtivo de um bem ou serviço e todo o seu controle e organização. É um grande concentrador de informações de vários outros departamentos para que consiga planejar e definir a melhor utilização de cada recurso e se tenha o produto fim. Zacarelli (1979, p.73), denomina o PCP como Programação e Controle da Produção, definindo-o como “[...] um conjunto de funções inter-relacionadas que objetivam comandar o processo produtivo e coordená-lo com os demais setores administrativos da empresa”. Para Tubino (2009, p. 2), “o PCP é respon- sável pela coordenação e aplicação dos recursos produtivos de forma a atender de melhor maneira possível aos planos estabelecidos nos níveis estratégicos, tático e operacional”. Na visão de Martins (1993, p.55), “o objetivo principal do PCP é comandar o processo produtivo, transformando informações de vários setores em ordens de produção e ordens de compra - para tanto, exercendo funções de planejamento e controle - de forma a satisfazer os consumidores com produtos e serviços e os acionistas com lucros”. Para atingir esses objetivos, o PCP reúne informações vindas de diversas áreas do sistema de manufatura. Controle da qualidade: um sistema de Controle de Qualidade destaca as políticas e procedimentos necessários para a melhoria e controle das diversas “atividades-chave” e processos desenvolvidos por uma organização. O controle de qualidade deve levar em consideração as expectativas e necessidades dos acio- nistas, funcionários, fornecedores, clientes, comunidades e sociedade em geral. É importante ressaltar que o controle de qualidade em um processo de pro- dução deve estar presente em todas as áreas e não apenas no final do processo. CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E58 Compras: o processo de compra, em uma empresa, condiz com uma função extremamente importante, uma vez que um erro nesse item pode comprometer toda a empresa, principalmente, em se tratando de uma organização de micro e pequeno porte. Bons relacionamentos com os fornecedores é uma condição ideal para que o processo de compra seja bem feito. Atualmente, o que se percebe é que as empresas tendem a diminuir a quantidade de fornecedores de seus produtos, com maiores níveis de fidelidade. Realização de compras, em nível nacional e/ou internacional, também está nas decisões de compra dos responsáveis por essa ação. Manutenção: formalmente, a definição de manutenção é a combinação de açõestécnicas, administrativas e de supervisão, com o objetivo de manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma função requerida, ou seja, fazer o que for preciso para assegurar que um equipamento ou máquina opere dentro de condições mínimas de requerimentos e especifica- ções. As atividades de manutenção existem para evitar a degradação natural ou não de quaisquer equipamentos ou instalações. Esses desgastes se manifestam de diversas formas, desde a má aparência, perdas parciais, até perda total das fun- ções requeridas, causando paradas de produção fabricação, perda da qualidade dos produtos ou serviços, poluição e desastres ambientais. Como essa área tem uma forte relação com os setores produtivos, principal- mente, quanto à qualidade e produtividade, ela acaba por desempenhar um papel estratégico fundamental na melhoria dos resultados operacionais e financeiros dos negócios. Os tipos de manutenção são: manutenção corretiva e manutenção preventiva. Esta, por sua vez, subdivide-se em outras duas: manutenção predi- tiva e manutenção produtiva total. Custos: esses fatores condizem com as questões financeiras envolvidas em um processo de produção, bem como outros quesitos relacionados diretamente com uma linha de produção. A ordem aqui é a de evitar o desperdício, ou seja, recusar toda e qualquer questão que não agregue valor ao produto (ou em um processo de produção). Além disso, outras questões, tais como perda do cliente, excesso de tempo, tempo de espera em demasia, entre outros, são situações que devem ser evitadas, pois são custos. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 59 Pessoal: reflete a importância que o administrador deve ter no que diz res- peito à admissão da pessoa certa na função certa. Em muitas situações, o grande problema de uma indústria pode não estar exatamente na capacidade de sua pro- dução, ou na falta de flexibilidade das máquinas, muito menos na disposição do layout na indústria, mas pode estar condicionado a falta de mão de obra direta, capacitada e treinada para executar a função que lhe é solicitada. Sendo assim, uma boa administração de pessoas é uma tarefa de extrema importância para o admi- nistrador da produção que almeja ter uma equipe produtiva e integrada. “O conhecimento e a informação são os recursos estratégicos para o desen- volvimento de qualquer país. Os portadores desses recursos são as pessoas.” (Peter Drucker) CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) acadêmico(a), iniciamos esta unidade com uma reflexão sobre a administração da produção, você se lembra? Após a compreensão dessa pri- meira unidade a sua opinião sobre o conceito de administração da produção continua o mesmo ou alterou? Foi explicado à evolução histórica da administração da produção, na tenta- tiva de deixar claro que se trata de uma área da administração um tanto quanto antiga. Mais do que isso, expõe que a grande dificuldade nessa área está na ges- tão do processo de produção em si e não na produção pura e simples. As abordagens, em se tratando de conceitos, também se fazem necessárias para que você consiga vislumbrar toda a essência de um processo produtivo. Creio que à medida que a leitura foi fluindo, você conseguiu identificar a compo- sição, em termos de etapas, que perfaz um processo produtivo de uma indústria. CONTEXTO HISTÓRICO, CONCEITOS E ESTRATÉGIAS NA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E60 Ainda, você conseguiu observar que a gestão da produção depende de uma série de informações provenientes de várias áreas da empresa. Há a necessidade de interação, junto aos Recursos Humanos, ao departamento de qualidade, ao engenheiro de produção e de produto, ao departamento de compras e outras tantas áreas que estão presentes em maior ou menor quantidade (cada qual de acordo com o tamanho da empresa). Para finalizar, você ainda teve informações sobre as funções auxiliares de um administrador da produção. Não é difícil perceber a necessidade constante de o administrador da produção ter informações condizentes, para gerenciar de forma produtiva a sua linha de produção, tomando as decisões certas no que diz respeito a várias indagações que se fazem presentes no ato da produção, tais como: o que, como, quanto, onde e para quem produzir? Enfim, esta unidade demonstrou uma ideia geral da complexidade dessa área. Nesse sentido, com certeza, deixou-se mais evidente que a grande dificul- dade de uma empresa não consiste no que produzir, mas sim na gestão daquilo que se produz. Daremos continuidade para os próximos assuntos... 61 1. Produzir algo para vestir, alimentar-se ou se defender sempre foi uma atividade humana tão velha que vem desde os tempos da caverna. Desde a Idade da Pe- dra Polida, o trabalho de produção passou a ocupar o maior tempo do homem pré-histórico, o homo faber. Ao longo de milênios, o ser humano conseguiu produzir cada vez melhor utensílios, instrumentos, ferramentas e armas para seu uso pessoal. (CHIAVENATO, I. Administração de produção: uma abordagem introdutó- ria. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005). Possuímos produtos ou serviços originados do ato de produzir e geridos pela administração da produção. Sobre conceito de administração de produção, as- sinale a alternativa correta. a) Administração da produção é a atividade de gerenciar o que se compra para uma organização. b) Administração da produção é a atividade de gerenciar recursos que criam e entregam serviços e produtos. c) Administração da produção é a atividade de gerenciar a manutenção pro- dutiva da organização. d) Administração da produção é a atividade que visa planejar as compras e as vendas da organização. e) Administração da produção é a atividade que gerencia apenas o estoque da organização. 2. De uma forma geral, a administração da produção e operações diz respeito àquelas atividades orientadas para a produção de um bem físico ou à presta- ção de um serviço. Neste sentido, a palavra “produção” liga-se mais de perto às atividades industriais, enquanto a palavra “operações” se refere às atividades desenvolvidas em empresas de serviços. (MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. 2 ed. São Paulo: Cengage Lerning, 2013). Sobre as atividades da administração da produção, analise, a seguir, as afirma- ções que representam: I. Definição de layouts. II. Programação da produção. III. Atualização de lead time. IV. Planejamento e controle financeiro. V. Planejamento e controle da produção. 62 Assinale a alternativa que apresenta as afirmativas corretas: a) Somente a afirmativa II está correta. b) Somente as afirmativas II e III estão corretas. c) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. d) Somente as afirmativas I, II, III e IV estão corretas. e) Somente as afirmativas I, II, III e V estão corretas. 3. Talvez o taylorismo tivesse sido bem-sucedido, independentemente do está- gio de desenvolvimento da indústria e do contexto ideológico. O taylorismo juntou-se à indústria e à linha de montagem de Henry Ford. O princípio de Ford já era conhecido mesmo antes do nascimento da Administração Científica. Bi- cicletas, armas, peças etc. já tinham sua produção em massa desde a Revolução Industrial, ou seja, a produção em massa de determinados produtos já existia. (SILVA, O. R.; VENANZI, D. Gerenciamento da produção e operações. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013). Ao considerar os estudos sobre a história da produção, distinguem-se alguns precusores, entre eles: Frederick Taylor e Henry Ford. Sobre estes, avalie as afir- mações a seguir e, depois, resgitre (V) para as verdadeiras e (F) para as falsas. I. ( ) Ford avaliou os benefícios econômicos da divisão do trabalho, conhecida como especialização da mão de obra, que dividia a produção em tarefas menores, especializadas.II. ( ) Taylor foi o primeiro a sistematizar um modelo de administração. III. ( ) Taylor desenvolveu técnicas e ferramentas para o estudo dos tempos e movimentos. IV. ( ) Ford inovou na organização do trabalho, trazendo uma garantia da qua- lidade com o menor custo possível e o aumento do número de produtos produzidos. V. ( ) Ford inventou o primeiro tear a força. 63 As afirmações I, II, III, IV e V são respectivamente: a) V, V, V, V e V. b) V, V, V, V e F. c) V, F, F, V e F. d) F, V, V, V e F. e) F, F, V, V e F. 4. Uma determinada indústria de camisas tem como matéria-prima principal o tecido, comprado da Ásia. O restante dos aviamentos, como botões, linha e outros são adquiridos de fornecedores do brasileiros e apresentam extrema qualidade. O seu maquinário, como a mesa de corte automática, é o mais mo- derno. O processo produtivo é realizado por pessoas capacitadas. Todo esse in- vestimento é para que essa indústria atenda o seu principal objetivo: fornecer aos seus clientes uma moda com qualidade. Agora, considere os estudos sobre o modelo de transformação e avalie as afir- mações, a seguir, sobre o estudo do caso hipotético. I. Os inputs da indústria é o tecido, botão, linha e outros. II. Os outputs são os fornecedores do Brasil de extrema qualidade. III. O recurso de transformação é o maquinário, como a mesa de corte auto- mática. IV. O recurso transformado é o maquinário, como a mesa de corte automática. V. O processo de transformação é quando o tecido é cortado e costurado para produzir a camisa. Assinale a alternativa que apresenta as afirmativas corretas: a) Somente as afirmativas I e V estão corretas. b) Somente as afirmativas I, II e V estão corretas. c) Somente as afirmativas I, III e V estão corretas. d) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas. e) Somente as afirmativas I, II, III e V estão corretas. 64 5. Os serviços são atividades especializadas que as empresas oferecem ao mer- cado. São produtos que nem sempre se pode manipular com as mãos. Eles podem assumir uma enorme variedade de características e de especializações. É o caso da propaganda, da advocacia, das consultorias, dos hospitais, dos ban- cos, das financeiras, das escolas e universidades, dos clubes, dos transportes, da segurança, da energia elétrica, das comunicações, do rádio e televisão, dos jornais e revistas etc. Há uma variedade considerável de empresas prestadoras de serviços, cuja missão é oferecer atividades especializadas ao mercado. (CHIAVENATO, I. Administração de produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005). Sobre as principais características dos serviços, assinale a alternativa que as identifica: a) Design; marca; embalagem; qualidade. b) Genérico; esperado ampliado; potencial. c) Interativo; consistente; credibilidade; flexibilidade. d) Tangibilidade; abstrato; acessibilidade; flexibilidade. e) Intangibilidade; inseparabilidade; perecibilidade; variabilidade. 6. A produção procura satisfazer os clientes, desenvolvendo seus cinco objetivos de de- sempenho. Por exemplo, se os clientes, particularmente, valorizam produtos ou ser- viços de preço baixo, a ope- ração dará ênfase em seu desempenho em custo. Alter- nativamente, uma ênfase do cliente em entrega rápida tor- nará a velocidade importante e assim por diante. Esses fato- res que definem as exigências dos clientes são denomina- dos fatores competitivos. (SLACK, N. et al. Princípios de administração da produção. São Paulo: Atlas, 2013). Com base na citação apresentada, redija um texto dissertativo expondo um exemplo prático de um processo produtivo, que contenha no mínimo duas dimensões competitivas. Fazer as coisas certas Fazer as coisas com rapidez Fazer as coisas em tempo Mudar o que faz bem Fazer as coisas mais baratas Vantagem em QUALIDADE Vantagem em RAPIDEZ Vantagem em CONFIABILIDADE Vantagem em FLEXIBILIDADE Vantagem em CUSTO Figura 4 - Dimensões competitivas Fonte: Corrêa (2006, p. 55). 65 Administração Científica na fábrica de Rouge da Ford Em 1908, Ford contratou Walter Flanders, especialista em eficiência industrial, para reor- ganizar sua fábrica de modo que pudesse produzir carros Modelo T. A fábrica foi mon- tada para operar como “um rio e seus afluentes”. Cada seção da fábrica foi mecanizada e acelerada. As peças do Modelo T fluíam numa produção em linha reta, com peças pequenas que se tornavam continuamente maiores. Iniciando pelo departamento de montagem de bobinas de indução e espalhando-se pela fábrica inteira, até o departa- mento de montagem final, as peças e as montagens eram transportadas por correias transportadoras automáticas, e toda tarefa de trabalho era dividida em partes menores e agilizadas. Os resultados foram surpreendentes. Onde, anteriormente, eram necessárias 728 horas de um trabalhador para montar um Modelo T, agora eram necessários somente 93 mi- nutos. Isso aumentou a velocidade de produção, reduziu significativamente o custo de cada Modelo T, aumentando o saldo de caixa da Ford de 2 milhões para 673 milhões de dólares e permitiu a redução do preço do Modelo T de 780 para 360 dólares. O mundo jamais vira igual. Os carros simplesmente pulavam das linhas de montagem. Em sua maturidade, em meados de 1920, a Rouge, localizada na periferia de Detroit, transformava em anões todos os outros complexos industriais. Seus mais de 4 milhões de metros quadrados abrigavam 93 prédios, sendo 23 deles de grande porte. Havia 159,6 quilômetros de ferrovia e 43,5 quilômetros de correias transportadoras. Cerca de 75 mil homens trabalhavam lá, sendo que 5 mil deles estavam encarregados somente da limpeza: usavam 86 toneladas de sabão e 5 mil esfregões por mês! A Rouge tinha sua própria usina siderúrgica e uma fábrica de vidro no local. Fonte: adaptado de Gaither e Fraizen (2005, p. 10 apud HALBERSTAM 1986, p. 79-87). MATERIAL COMPLEMENTAR Estratégia de Produção e de Operações: Conceitos, Melhores Práticas e Visão de Futuro Ely Laureano Paiva, José Mário de Carvalho Jr. e Jaime Evaldo Editora: Bookman Sinopse: a rápida integração dos mercados e o progresso tecnológico estimu- laram, nas organizações industriais e de serviços, o debate sobre a melhor uti- lização de recursos e a forma mais eficaz de estruturar as operações. Esse debate abrange as áreas de produção, suprimentos, desenvolvimento de produtos, distribuição e serviços. Administração da Produção: Uma abordagem introdutória Idalberto Chiavenato Editora: Campus Sinopse: em sua origem, cada empresa nasceu para produzir algo – seja um produto, seja um serviço – e com isto obter o retorno de seu trabalho, garantir sua sobrevivência e criar condições para o seu sucesso e crescimento sustentável. É por meio do fenômeno da produção que se desdobram os demais objetivos da empresa. Este livro se propõe a cobrir os principais conceitos e assuntos básicos de Administração da Produção. Nossa intenção foi escrever um livro introdutório e, simultaneamente, atualizar alguns conceitos básicos dessa disciplina em função do enorme avanço tecnológico, que tem caracterizado esta tão importante área de atividade. Tucker – um homem e seu sonho Ano: 1988 Sinopse: na década de 1940, um americano visionário constrói um carro mui- to avançado para os padrões da época. O projeto ameaça o monopólio esta- belecido. Ford, Chrisley e GM, com a ajuda do governo, boicotam Tucker e o levam à falência. Apenas 50 carros foram produzidos por sua fábrica. Comentário: o vídeo aborda características implícitas na elaboração de um produto (em particular, um veículo automotor). Perceba como se dá a pro- dução de um bem físico e, principalmente, as variáveis ambientais (micro e macro) que são consideradas como um grande desafio. Pode-se encontrar conteúdos associados também aos seguintes temas: logística, cadeia produtiva e supply chain management, inovação e tecnologia, gestão da qualidade, responsabilidade social corporativa, intraempreendedorismo,liderança, trabalho em equipe, recrutamento e seleção. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Um bom planejamento se faz necessário para a alocação correta de recursos, o link irá auxiliar nesse desafio. Web: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/como-planejar-corretamente-a-alocacao-de recursos,7bba6d9cee1ab410VgnVCM1000003b74010aRCRD. O administrador da produção tem que ter a clareza da diferença de eficiência e eficácia e seus resultados estratégicos. Convido você a acessar o link e estudar o assunto. Web: https://www.infoescola.com/administracao_/eficiencia-e-eficacia/. Acessando o link, você terá a possibilidade de assistir um vídeo que apresenta a cadeia produtiva de uma determinada indústria, visualizando e compreendendo algumas das funções auxiliares de um administrador da produção. Web: http://www.youtube.com/watch?v=gB_XPAydGLw. REFERÊNCIAS CHASE, R. B. et al. Administração da Produção para a Vantagem Competitiva. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processos e prática. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. CHIAVENATO, I. Administração de produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração de Produção e Operações – manufa- tura e serviços: uma abordagem estratégica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006. GAITHER, N.; FRAIZER, G. Administração da Produção e Operações. 8. Ed. São Pau- lo: Pioneira, 2005. GAITHER, N.; FRAIZEN, G. In: HALBERSTAM, D. The Reckoning. Nova Iorque, Morrow, 1986, p. 79-87. GUERRINI, F. M.; FILHO, E. E.; ROSSIM, D. Administração para engenheiros. 1 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. KOTLER, P. Administração de Marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1998. MARTINS, Petrônio G; LAUGENI, Fernando P. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. MARQUES, D. S. Muralhas da Babilônia. Joinville: Clube de Autores, 2009. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria Geral da Administração. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. 2. ed. São Paulo: Cenga- ge Learning, 2013. PAIVA, E. L; CARVALHO JR., J. M.; FENSTERSEIFER, J. E. Estratégia de Produção e de Ope- rações: Conceitos, Melhores Práticas e Visão de Futuro. Porto Alegre: Bookman, 2004. SLACK, N.; BRANDON-JONES, A.; JOHNSTON, R. Princípios de administração da produção. São Paulo: Atlas, 2013. TUBINO, D. F. Planejamento e controle da produção: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. ZACCARELLI, S. B. Programação e controle da produção. 8. ed. São Paulo: Pioneira, 1987. REFERÊNCIAS 69 REFERÊNCIAS ON-LINE 1 Em:http://energias-quimica.blogspot.com/2010/11/x-ii-energia-desde-os-povos- -primitivos.html. Acesso em: 26 fev. 2019. 2 Em:http://biografiaecuriosidade.blogspot.com/2014/10/biografia-de-hamurabi. html. Acesso em: 26 fev. 2019. 3 Em:http://bandedue.blogspot.com/2010/05/arquitetura-da-grecia-antiga.html. Acesso em: 27 fev. 2019. 4 Em:http://6a2grupodeestudos2011.blogspot.com/2011/04/arquitetura-da-gre- cia-e-roma-antigas.html. Acesso em: 27 fev. 2019. 5 Em:https://profmarcelahistoria.blogspot.com/2014/09/trabalho-6-ano-china-an- tiga.html. Acesso em: 27 fev. 2019. GABARITO 1. B. 2. E. 3. D. 4. C. 5. E. 6. O(A) acadêmico(a) deverá selecionar, no mínimo, duas dimensões competitivas das cinco listadas: qualidade, rapidez, confiabilidade, flexibilidade e custo. E descrever um caso prático que contenha as duas dimensões competitivas selecionadas. Para exemplificar a resposta, faremos um exemplo que contenha a dimensão compe- titiva da flexibilidade e qualidade, segue o exemplo: Uma indústria de móveis permite o seu consumidor personalizar qualquer tipo de acabamento do mix de seus produtos, como puxadores, cores e detalhes, isso permite uma flexibilidade grande em comparação com seus principais concor- rentes. Outro cuidado dessa indústria é fazer aquisição de materiais de empresas de alto padrão e que tenham certificação de qualidade, isso faz com que seus produtos produzidos tenham padrão e qualidade. U N ID A D E II Professor Me. Reginaldo Aparecido Carneiro Professor Esp. Leonardo Silva Paião AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Objetivos de Aprendizagem ■ Entender que o administrador de produção, em sua gestão, deve atribuir foco na entrega de valor do processo produtivo. ■ Compreender como a logística pode beneficiar o processo produtivo. ■ Perceber o impacto da qualidade e da não qualidade em seu processo produtivo. ■ Assimilar as características inerentes aos modelos de produção. ■ Analisar quais são as principais classificações de um sistema de produção e comparar as suas características. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Ambientes da Entrega de Valor no Processo Produtivo ■ Ambientes da Logística no Processo Produtivo ■ Ambientes da Qualidade no Processo Produtivo ■ Os Modelos de Produção ■ Classificação dos Sistemas de Produção Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 73 INTRODUÇÃO Prezado(a) acadêmico(a), na segunda unidade desta disciplina, você terá con- tato com alguns ambientes de negócios que interferem e integram a gestão da administração da produção, o que, por conseguinte, exigem um cuidado espe- cial. Será, nesse momento, que iremos compreender sobre a entrega de valor, ou seja, a entrega de algo de valor para o nosso cliente ou consumidor, visto que a administração da produção realiza um papel fundamental nesse processo. A complexidade e o dinamismo dos negócios fazem com que o ambiente logístico interaja com a administração da produção e seus processos. Acerca dos ambientes de negócios, traremos sobre a atribuição de atenção do fator produ- tivo com qualidade. Portanto, apresentar esses ambientes de negócios, com o foco na administração da produção, permitirá a sua compreensão sobre as novas estratégias integradas que geram uma melhor eficiência e eficácia nos proces- sos produtivos. A partir do segundo assunto, você passará a entender as características implí- citas dos modelos de produção. Nessa parte da unidade, você terá contato com os modelos de produção comumente abordados nessa área. Em linhas gerais, são eles: processo contínuo, processo repetitivo em massa, processo repetitivo em lote e processo sob encomenda. Para finalizar, ainda de acordo com os modelos de produção, esta unidade destaca as vantagens e desvantagens de tais modelos. É de extrema importân- cia que você, acadêmico(a), tenha uma percepção exata sobre tais informações, para que o processo de tomada de decisão, enquanto profissional da área, seja muito mais acertado. Ao final desta unidade, será disponibilizado um estudo de caso cuja resolução está apresentada na íntegra. O intuito é, justamente, demons- trar o volume de variáveis em uma análise que envolve os modelos de produção apresentados nessa ocasião. Desejo um ótimo aproveitamento do conteúdo desta segunda unidade! AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E74 AMBIENTES DA ENTREGA DE VALOR NO PROCESSO PRODUTIVO Na unidade anterior, iniciamos a nossa jornada, pontuando o que é administra- ção da produção e compreendendo o modelo de transformação. Nesse modelo, temos um conjunto de recursos, que são os inputs, os processos de transforma- ção e os outputs. Os outputs são aquilo que entregamos de bens ou serviços aos nossos clientes e é nessa entrega que muitas organizações deixam a desejar, visto que se esquecem de entregar algo de valor. Vamos nos imaginar em outra posição, ou seja, enquanto consumidores de um produto ou serviço. Medianteessa reflexão, percebemos que, quando vamos adquirir algo, desejamos que as nossas expectativas sejam atingidas perante a qualidade, preço justo, bom funcionamento e algum diferencial. Enfim, espe- ra-se algo de valor. No entanto, o que seria valor, afinal? Segundo Porter (1985), valor refere-se ao que os clientes estão dispostos a pagar por aquilo que uma empresa lhes oferece. Aqui, temos um ponto de conexão importante com a administração da pro- dução: se a administração da produção visa gerir a produção para, assim, entregar algo, essa entrega tem que objetivar o valor. Dessa forma, a administração de produção deixa de ser apenas um setor que faz pedido e passa a ser um setor estratégico para a entrega de valor da empresa. Ambientes da Entrega de Valor no Processo Produtivo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 75 Sabendo o que é valor, você, enquanto futuro administrador da produção, irá se perguntar, agora: como entregar algo de valor? Um bom começo é ana- lisar, de forma crítica, o seu fluxo produtivo, pois tudo aquilo que você estiver realizando ou, algumas vezes, não realizando, poderá ser um desperdício, algo que o cliente não irá pagar. Em um processo de transformação no qual o pro- duto fica aguardando por horas, dias ou até semanas para ser processado, é algo que não agrega valor. Portanto, o cliente não está disposto a pagar qualquer ine- ficiência produtiva. Analisar, de forma crítica, o processo produtivo, é ir até onde as coisas acon- tecem, é observar como os processos estão sendo realizados. Em um ambiente industrial, é ir até o chão de fábrica e eliminar tudo o que não agrega valor. Iremos ilustrar essa análise crítica com a figura a seguir. Ela representa algumas etapas que ocorrem dentro de uma indústria de confecção após o rece- bimento e inspecionamento de materiais até a entrega ao cliente. Perceba que, após os materiais serem inspecionados, estão sendo levados cinco dias para reali- zar a próxima etapa, que é a de cortar o tecido, a qual requer apenas cinco horas, e assim por diante, em todo esse fluxo produtivo. Cliente Não agrega valor (NAV) Agrega valor (AV) Lead time= 10 dias Tempo de valor agregado (AV) = 13 horas Fornecedor Registrar pedido Cortar o tecido Costurar Entregar Separar os Aviamentos Embalar e estocar Receber e Inspecionar materiais Cliente 5 dias 5 horas 3 horas 2 horas 3 horas 2 dias 1dia 1 dia 1 dia Figura 1 - Exemplo de um fluxo produtivo Fonte: os autores. AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E76 No fluxo produtivo da indústria de confecção ilustrada, observa-se muitas opor- tunidades de melhorias. Em outras palavras, de modo geral, seu lead time tem sido de 10 dias, mas o tempo que realmente está agregando valor durante o pro- cesso é de apenas 13 horas. Remover tudo o que não agrega valor ao negócio é uma das funções do administrador da produção. Uma empresa conseguirá um lucro maior, basicamente, em duas situações: pelo valor que os seus clientes atribuem aos bens e serviços adquiridos e se houver uma boa gestão em relação aos seus custos de produção (HILL; JONES, 2012). O que nós fazemos é observar a linha do tempo, do momento em que o cliente solicita um produto até o momento em que ele nos paga. Posterior- mente, reduzimos essa linha do tempo, retirando o que não agrega valor. (Taichi Ohno) Compreendemos que a agregação de valor é estratégica e decisiva para a continui- dade do negócio. Quando empresas do mesmo segmento começam a melhorar a sua entrega de valor ao cliente, pode-se gerar uma revolução em outras empresas, pois as que não mudam serão mudadas, no sentido de desaparecerem do mercado. Entretanto, quando devemos parar de agregar valor ao processo produtivo? A resposta é nunca. O administrador da produção sempre terá algo para melho- rar, devido às novas exigências do cliente, às novas tendências do mercado, às tecnologias emergentes, entre outros motivos. Contudo, o principal deles é se manter como preferência na compra dos clientes. Ambientes da Logística no Processo Produtivo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 77 AMBIENTES DA LOGÍSTICA NO PROCESSO PRODUTIVO O próximo ambiente de negócio que iremos estudar é o ambiente logístico e suas interferências no processo produtivo, visto que a logística é uma grande aliada da administração da produção. Uma logística não gerida corretamente aumenta as chances de que problemas produtivos ocorram, como a falta de matéria prima, excesso de movimentação, armazenagem incorreta e ineficiência na entrega. Isso faz com que dediquemos um espaço em nossos estudos para tratar da logística no processo produtivo. Primeiramente, quando pensamos em logística, é comum que nos remetamos a transporte, mas ela vai muito além disso. Vamos imaginar um exemplo prático para entendermos a abrangência logística: quando se realiza uma compra pela Internet, assim que é confirmado o pagamento ou pedido, vários processos logísticos são acionados, tais como armazenamento, separação, movimentação, conferência e embalagem. Dessa forma, toda uma gestão de estoque é realizada para ocorrer a expedição e, posteriormente, o transporte e a entrega do produto requisitado pela compra na Internet, sem deixar de lado uma logística reversa. Assim, percebe-se a abrangência da logística, que faz parte do “ponta a ponta” do negócio da organização. Para Caxito (2014, p. 4): A logística faz-se presente em todos os momentos, sejam eles profis- sionais ou pessoais, armazenando, transportando, distribuindo objetos, recursos, informações, suprimentos, produtos acabados, semi-acaba- dos, matérias-primas, um simples e-mail ou telefonema. AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E78 Com esse início de tópico, percebe-se o quanto a logística é importante para as empresas e até mesmo para o nosso dia a dia. Vamos, agora, trazer um con- ceito de logística para ampliar o nosso conhecimento. Em Conuncil of Logistics Management, define-se logística como o efetivo relacionado ao fluxo de armaze- nagem de matéria-prima, material em processo e produto acabado, bem como do fluxo de informações, do ponto de origem ao de consumo, com o objetivo de atender às exigências do cliente. Laugeni e Martins (2015, p. 198) explanam que: A antiga visão da logística concentrava-se no transporte e distribuição física. Atualmente, envolve os métodos e modelos que permitem locali- zar estruturas físicas (fábricas, depósitos, armazéns, centros de distribui- ção), gestão dos materiais e dos suprimentos e o planejamento, a progra- mação e controle da produção, além das atividades de distribuição. Esse envolvimento da logística com os pro- cessos da administração da produção é o que mais nos interessa nesse momento. O planejamento da produção, o qual veremos com mais detalhes nas próximas unidades do nosso livro, é uma das atividades que se relaciona com a logística por meio da gestão de estoques. Dessa forma, a logís- tica fornecerá um conjunto de atividades e controles para suprir a necessidade de materiais necessários para a execução daquilo que foi planejado na produção. Outra etapa a qual ocorre dentro da Logística e que se relaciona com os pro- cessos produtivos é o processamento de pedidos. É por meio desse processamento de pedidos que a administração da produ- ção, na etapa de planejamento, controle e produção, terá como mensurar a demanda. Figura 2 - Gestão de estoque da logística relacionado aos processos produtivos Fonte: os autores. Figura 3 - Processamento de pedidos da logística relacionadoaos processos produtivos Fonte: os autores. Ambientes da Logística no Processo Produtivo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 79 A armazenagem, movimentação e distri- buição que ocorre dentro da logística, se geridas de forma eficiente, irão auxiliar nos processos produtivos, a fim de disponibi- lizarem o produto de forma correta, com fácil visualização e diminuição de movi- mentações excessivas. Gestão de valor em equipe da Ford Motors Os gerentes de compras são um elo vital entre a operação e seus fornece- dores. Eles trabalham melhor quando estão em conjunto com os gerentes de operações, os quais sabem do que a operação realmente necessita, es- pecialmente, se assumem, entre eles, o papel de questionar as suposições feitas anteriormente. Essa é a base por trás da abordagem da “gestão de valor em equipe” (Team Value Mangement - TVM). Reputa-se, o início dessa abordagem, ao gerente global de compras da Ford, David Thursifeld, quan- do descobriu que um rack projetado para o capô de um dos carros peque- nos da Ford era feito de UM alumínio coberto de plástico o qual era capaz de suportar uma carga de 100 kg. Isso levantou as seguintes questões: “Por que o rack era coberto de plástico?” e “Por que alguém iria colocar 100 kg sobre o capô de um carro tão pequeno?” Assim, David constatou que ninguém havia se questionado sobre a espe- cificação original. Quando a Ford passou a usar um rack de aço capaz de suportar menos peso, o custo caiu pela metade. “É importante checar se a empresa está conseguindo o melhor preço pelas peças e matérias-primas, e que essas ofereçam o nível de desempenho adequado sem serem muito caras”, afirmou. Fonte: Slack, Brandon-Jones e Johnston (2013). Figura 4 - Armazenagem, movimentação e distribuição da logística em relação aos processos produtivos Fonte: os autores. AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E80 A LOGÍSTICA DE FORMA INTEGRADA Para finalizarmos esse tópico, iremos tratar, agora, da logística integrada, que abrange os fornecedores dos fornecedores e os clientes dos clientes, e é, tam- bém, conhecida como Supply Chain Management (SCM). Venanzi e Silva (2013) explanam que a SCM envolve a integração dos processos de negócios por meio da cadeia de suprimentos, abrangendo a coordenação de atividades e processos não apenas dentro de uma organização isolada, mas entre todas as que com- põem a cadeia de suprimentos. O administrador da produção não pode pensar, de forma isolada, apenas no seu negócio. Uma integração com os fornecedores e clientes minimiza muitos erros de programação da produção e gera uma melhor logística integrada entre os participantes. Para a obtenção de um melhor entendimento, iremos ilustrar, com a figura a seguir, as relações de uma logística integrada: Fornecedor Fornecedor Distribuidor Cliente FinalFábrica/ Montadora Inbound Logística de abastecimento - Sistema de abastecimento - Transporte - Estoques - Etc. Logística interna Logística de distribuição - PCP - Material - Estoques - Etc. - Sistema de distribuição - Transporte - Estoques - Etc. Outbound LOGÍSTICA INTERNA Figura 5 - Logística de forma integrada Fonte: adaptado de Pires (2004). Ambientes da Logística no Processo Produtivo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 81 A logística integrada visa facilitar o fluxo de informação e materiais durante toda a cadeia produtiva dos produtos, desde a sua origem até o consumo pelo cliente final. Para isso, vários elementos ocorrem dentro e fora da organização, assim como foi ilustrado na figura, por meio de uma logística de abastecimento, uma logística interna e uma logística de distribuição. Para Laugeni e Martins (2015), a gestão da cadeia de suprimentos diz respeito às práticas de gestão que são necessárias para que todas as empresas agreguem valor ao cliente, desde a fabricação dos materiais, passando pela produção de bens e serviços, a distribuição e a entrega final. Com esse conceito, faremos uma conexão com o que estudamos no primeiro tópico, que é o ambiente da entrega de valor, com o ambiente da logística: a junção e utilização desses cuidados fará com que os processos da produção se tornem mais eficientes e eficazes, reduzindo custos e aumentando a satisfação do cliente, entregando-lhe o que tem valor. Gemba é uma palavra de origem japonesa e que significa ir até onde as coisas acontecem. Na indústria, isso significa ir até o chão de fábrica para identificar o que está, ou não, agregando valor ao processo, para que seja descartado. AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E82 AMBIENTES DA QUALIDADE NO PROCESSO PRODUTIVO Conforme expõe Paladini (2004), considerando a adequação ao uso como meta da qualidade, pode-se criar uma nova estrutura na empresa. Surge, nesse momento, a necessidade de serem organizados três ambientes básicos da qualidade: in-line, on-line e off-line. Esses são os ambientes nos quais a qualidade, em um processo, é produzida. Vejamos cada um deles. AMBIENTE DA QUALIDADE IN-LINE A qualidade in-line é caracterizada como o ambiente básico de produção da qua- lidade. Esse ambiente enfatiza a qualidade obtida no processo produtivo, nas linhas de produção, e deve ser caracterizado como um conjunto de elementos voltados para o processo de fabricação. Ele enfatiza a ausência de defeitos, seja qual for a sua natureza, uma vez que a ocorrência de um defeito no produto pre- judica a sua perfeita utilização e compromete sua qualidade. Ambientes da Qualidade no Processo Produtivo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 83 É necessário reforçar que defeito é a falta de conformidade que se observa em um produto, quando determinada característica da qualidade é comparada com suas especificações. Um produto é classificado como defeituoso em rela- ção a uma ou mais características da qualidade, se forem identificados um ou mais defeitos a ele associados. Ainda segundo Paladini (2004), eliminar defeitos não significa tornar o processo produtivo apto para produzir qualidade. Para passar de um processo a outro, há vários passos: inicialmente, é necessário observar os padrões de ope- rações atuais do processo. Isso é o que se define como capacidade de produção da empresa, isto é, valores de desempenho que, efetivamente, podem ser obtidos. No esforço de acentuar os aspectos que diferenciam a empresa de seus con- correntes, a qualidade in-line enfatiza as estratégias de operação da empresa, os métodos de trabalho, os materiais e os equipamentos utilizados. Além do mais, investe-se em conhecimentos técnicos que possam melhorar as operações de fabricação e procura-se distribuir tais informações por toda a fábrica, visando gerar um esforço uniforme de melhoria. Esse ambiente observa o produto como o resultado final do conjunto de operações do processo produtivo. A meta é otimizar o processo, com o intuito de desenvolver as operações do modo mais adequado possível. Assim, as ativi- dades típicas desse ambiente referem-se aos projetos de melhoria de operação, programas de redução e racionalização de custos, campanha para eliminar os desperdícios, minimização de perdas da produção por execução inadequada do trabalho, entre outros. Paralelamente, começam-se os esforços para melhorar o uso de todos os recursos utilizados na produção, o que vai ao encontro da fase da produtivi- dade na linha de produção. Com isso, percebe-se, ainda, a preocupação com as especificaçõesdo projeto. Em suma, a qualidade in-line preocupa-se com a efi- ciência de um processo produtivo. AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E84 AMBIENTE DA QUALIDADE OFF-LINE As operações off-line são as ocorridas fora da linha de produção, mas que são inseridas no ambiente em que essa linha de produção se desenvolve. Podem ser feitas referências às operações que, se necessário, podem ser acionadas: no caso da manutenção, por exemplo, pode-se, também, envolver áreas que operam continuamente, sem estar, contudo, desenvolvendo uma operação do processo produtivo. Já caso de almoxarifado, por exemplo, pode-se, ainda, incluir ope- rações as quais afetam a linha de produção, mas que não atuam diretamente na ação de pessoas ou de equipamentos. Em geral, as operações off-line são as que atuam em paralelo com a linha de produção, mas apresentam profunda relação com ela. É o caso da área comer- cial da empresa, que insere, no mercado, os resultados do processo produtivo; da área de recursos humanos, que gerencia um elemento crítico no processo pro- dutivo, ou da área de marketing, que pode criar novos direcionamentos para a operação do processo produtivo e assim por diante. Isto é, o ambiente de quali- dade off-line reúne as chamadas operações de suporte ao processo. O ambiente off-line amplia o conceito de processo produtivo. Além das ope- rações básicas das linhas de produção, passam a ser relevantes, para a qualidade de produtos e serviços, todas as atividades de suporte para essas operações, ou seja, as atividades indiretas de produção. Para elas, também se conferirá uma compreensível importância e ênfase no esforço pela melhoria constante da ade- quação ao uso do resultado final do processo produtivo. Dessa forma, pode-se concluir que o ambiente off-line condiz com tudo aquilo que está fora da linha de produção, mas dentro da fábrica. Destaca-se que é o suporte dado a um processo produtivo, de tal forma que algumas atividades, tais como a própria gestão, marketing, elaboração de projetos e entre outras, as quais influenciam diretamente na produção, estão envolvidas nesse processo. Ambientes da Qualidade no Processo Produtivo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 85 AMBIENTE DA QUALIDADE ON-LINE Além das ênfases dos ambientes in-line e off-line, há a necessidade do desen- volvimento de um ambiente que enfatize e concentre os esforços no mercado consumidor. Isso se deve, porque é exatamente de lá que todo o esforço pela qualidade, desenvolvido na empresa, é efetivamente testado, avaliado e conso- lidado. Com isso, surge a qualidade on-line, que trata das relações da empresa com o mercado. Esse ambiente, por sua vez, procura viabilizar a ênfase que se confere ao cliente no conceito da qualidade. De acordo com Paladini (2004), esse ambiente não opera somente a fim de desenvolver relações da empresa com o mercado, não se fixa apenas na avalia- ção da qualidade do produto por parte de clientes e consumidores, não investe apenas em determinar o que o mercado deseja, tampouco se concentra apenas em definir tendências de consumo. A essência desse ambiente é outra: trata-se do esforço feito pela empresa, para captar possíveis alterações em hábitos, pre- ferências ou comportamentos de consumo, e repassá-los ao processo produtivo, de forma a adaptar, no menor espaço de tempo, o processo a nova realidade de mercado. Cria-se, assim, um produto sempre adequado ao uso do consumi- dor. O ambiente on-line enfatiza a capacidade de reação da empresa diante das mudanças de mercado. Tendo, por base, um mercado dinâmico e com mudanças constantes, há de se esperar que a empresa fique atenta a tais alterações no mercado. Quanto mais rápida for a reação da empresa, mais chance de sobrevivência ela terá. Pode-se afirmar que esse ambiente de qualidade se associa com a seguinte expressão: qualidade ligada (pronta resposta). Em outras palavras, ele condiz com a pronta reação às mudanças, mas não reagindo após a modificação, mas sim, antes dela. O ambiente on-line exige um processo de produção flexível, ágil, de fácil gerenciamento e controle, e que possa viabilizar, em pouco tempo, as alterações as quais devem ser efetuadas no produto. Simultaneamente, esse ambiente requer um modelo de interação permanente com o mercado, viabilizado, em geral, por um sistema de informações sempre em funcionamento, que capta as informa- ções do mercado em tempo real. AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E86 Resumindo, o ambiente on-line opera, primeiro, com as tendências de mer- cado. A partir desse momento, fixa-se no modelo da qualidade do projeto do produto. A seguir, em função das alterações observadas, hoje, no mercado e nas tendências mais consolidadas, o processo produtivo é realimentado com as informações referentes às mudanças que o produto deve portar para ajustar-se à realidade de mercado. É um ambiente que preza pela busca da eficácia, devendo sempre estar conectado ao meio ambiente. Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia. (William Edwards Deming) OS MODELOS DE PRODUÇÃO Considerando que a competitividade das organizações se acirra a cada dia, o modelo de produção faz a diferença competitiva. Isso foi o que ocorreu com a Toyota, quando seus engenheiros desenvolveram o que, hoje, é denominado Just In Time (JIT), levando em consideração os aspectos flexibilidade, lotes unitários e zero ou mínimo estoque. Ainda nesse período, a Ford também desenvolveu as premissas do Just In Case (JIC) e do Sistema Convencional de Produção, produzindo em grandes lotes, com elevados estoques e produção departamental. Diversas empresas, de todos os lugares, adotam um dos dois sistemas e/ou os dois em seus métodos produtivos. Sistema desenvolvido no Japão, o JIT confunde muitos empresários que que- rem adotar o referido sistema sem, antes, conhecê-lo na íntegra, abandonando o Sistema Convencional (JIC). No Brasil, podemos relatar que isso ocorreu no governo Collor, quando as empresas prezavam por não possuir estoque. Como, na época, os recursos que estavam aplicados no banco foram embargados, quem Os Modelos de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 87 não possuía estoques não tinha o que comercializar. Foi assim que muitas empre- sas foram à falência. Outros empresários já são tradicionalistas e possuem a velha filosofia de que a grande quantidade gera grandes lucros. Esses empresários têm o Sistema Convencional (JIC) em suas raízes e, para que haja a mudança de tais hábitos, é preciso uma quebra de paradigmas. A partir do exposto, esse tópico tem, como objetivo, mostrar, rapidamente, os aspectos positivos e negativos dos dois siste- mas, bem como suas características e aplicabilidades nas empresas. CARACTERÍSTICAS DO JUST IN TIME Um sistema de produção que adota a filosofia Just in Time (JIT) deve ter determi- nadas características, as quais formam os aspectos coerentes com seus princípios. Entre várias características, realçamos as seguintes: [...] o sistema Just in Time não se adapta perfeitamente à produção de muitos produtos diferentes, pois, em geral, isto requer extrema flexibi- lidade do sistema produtivo, em dimensões que não são possíveis de se obter com a filosofia Just in Time. Em relação ao layout no processo de produção deve ser adotado o layout celular, dividindo-se os compo- nentes produzidos em famílias com determinada gama de operações de produção, montando-se,desta forma, pequenas linhas de produção (células) de modo a tornar o processo mais eficiente, reduzindo-se a movimentação e o tempo consumido com a preparação das máquinas e equipamentos (CORRÊA; GIANESI, 1993, p. 115). A gestão da linha de produção atribui ênfase na autonomia dos encarregados e no balanceamento da linha, no recusar de erros, paralisando-se a linha, se for necessário, até que os erros sejam eliminados. Assim, a produção deve se basear em grupos de trabalho nos quais os trabalhadores multifuncionais ini- ciam e terminam um ou mais tipos de produtos que serão utilizados pelo grupo seguinte. Para que o sistema funcione, é indispensável que todos os produtos que fluem de um grupo para o outro sejam perfeitos e os erros sejam imediata- mente segregados (os erros são facilmente detectados quando se trabalha com pequenas quantidades). AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E88 Corrêa e Gianesi (1993, p. 123) explicam que: A responsabilidade pela qualidade é transferida para a produção e é dada ênfase ao controle da qualidade na fonte, adotando os princípios de con- trole da qualidade total. A redução de estoques e a resolução de proble- mas de qualidade formam um ciclo positivo de melhoria contínua. Assim, a responsabilidade pela qualidade está na fonte de produção. É dada muita ênfase na redução dos tempos do processo, a fim de se conseguir flexibilidade, visto que os tempos consumidos com atividades que não agregam valor ao pro- duto devem ser eliminados. Já os tempos gastos com atividades que geram valor ao produto devem ser utilizados de forma a maximizar a qualidade dos produ- tos produzidos. O fornecimento de materiais no sistema Just in Time deve ser uma extensão dos princípios aplicados dentro da fábrica, tendo, por objetivo, o fornecimento de lotes de pequenas dimensões, recebimentos frequentes e con- fiáveis, lead times curtos e altos níveis de qualidade: O planejamento da produção do sistema Just in Time deve garantir uma carga de trabalho diária estável, que possibilite o estabelecimen- to de um fluxo contínuo dos materiais. O sistema de programação e controle de produção está baseado no uso de “cartões” (denominado método Kamban) para a transmissão de informações entre os diversos centros produtivos (CORRÊA; GIANESI, 1993, p.131). O Just in Time possui também algumas características de caráter social e que estão relacionadas com a valorização do fator humano. Os grandes responsáveis pelo êxito ou pelo fracasso da implementação de um sistema Just in Time são, em última análise, os responsáveis departamentais e setoriais. A eles, cabe a mis- são de reduzir distâncias hierárquicas e criar um clima de participação efetiva de todos, assegurando o cumprimento dos objetivos em causa. Sem o interesse das pessoas, nenhum sistema, seja ele qual for, funciona. Os Modelos de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 89 VANTAGENS DO JUST IN TIME As vantagens do sistema de gestão Just in Time podem ser mostradas por meio da análise da sua contribuição nas principais estratégias competitivas, con- forme abordadas na Unidade I deste livro. De acordo com Zaccarelli (1986, apud SANTOS, 2014, p. 05), são elas: Custos: dados os preços já pagos pelos equipamentos, materiais e mão de obra, o JIT, busca que os custos de cada um destes fatores sejam reduzidos ao essencialmente necessário. As características do sistema JIT, o planejamento e a responsabilidade dos encarregados da produção pelo refinamento do processo produtivo favorecem a redução de desperdícios. Existe também uma grande redução dos tempos de setup, interno e externo, além da redução dos tempos de movimentação, dentro e fora da empresa. Qualidade: o projeto do sistema evita que os defeitos fluam ao longo do fluxo de produção; o único nível aceitável de defeitos é zero. A pena pela pro- dução de itens defeituosos é alta. Isto motiva a busca das causas dos problemas e das soluções que eliminem as causas fundamentais destes problemas. Os tra- balhadores são treinados em todas as tarefas de suas respectivas áreas, incluindo a verificação da qualidade. Sabem, portanto, o que é uma peça com qualidade e como produzi-la. Se um lote inteiro for gerado de peças defeituosas, o tamanho reduzido dos lotes minimizará o número de peças afetadas. O aprimoramento de qualidade faz parte da responsabilidade dos trabalhadores da produção, estando incluída na descrição de seus cargos. Flexibilidade: o sistema just in time aumenta a flexibilidade de resposta do sistema pela redução dos tempos envolvidos no processo. Embora o sistema não seja flexível com relação à faixa de produtos oferecidos ao mercado, a flexibili- dade dos trabalhadores contribui para que o sistema produtivo seja mais flexível em relação às variações do mix de produtos. Através da manutenção de estoques baixos, um modelo de produto pode ser mudado sem que haja muitos compo- nentes obsoletos. Como o projeto de componentes comprados é, geralmente, feito pelos próprios fornecedores, a partir de especificações funcionais, ao invés de especificações detalhadas e rígidas de projeto, estes podem ser desenvolvidos de maneira consistente com o processo produtivo do fornecedor. AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E90 Velocidade: a flexibilidade, o baixo nível de estoques e a redução dos tem- pos permitem que o ciclo de produção seja curto e o fluxo veloz. A prática de diferenciar os produtos na montagem final, a partir de componentes padroni- zados, de acordo com as técnicas de projeto adequado de manufatura e projeto adequado à montagem, permite entregar os produtos em prazos mais curtos. PONTOS NEGATIVOS DO SISTEMA JIT Uma das principais limitações do JIT está relacionada com a própria flexibilidade de faixa do sistema produtivo, no que tange a variedade de produtos oferecidos e as variações de demanda de curto prazo. Isso, de certa forma, provoca limi- tações no mix. O JIT necessita de uma demanda estável, a fim de que se possa balancear o fluxo. No entanto, é de conhecimento de todos essa impossibilidade, devido às oscilações do mercado (POZO, 2004). O que acontece é que, quanto maior for a instabilidade do mercado, maior será a necessidade de aumentar estoques, o que vai contra a própria filosofia JIT. Outro aspecto importante é que muita variedade de produtos tende a compli- car o roteiro de produção. Há, ainda, o risco de interrupção da produção por falta de estoques, aliado a problemas, tais como quebras, greves e entre outros. Para Corrêa e Gianesi (1993, p. 99): O sistema Kanbam prevê um certo estoque entre os centros de produ- ção, caso a variação de produtos seja muita, o fluxo não será contínuo, mas intermitente, aumentando os níveis de estoques, sendo JIT portan- to contraditório em alguns aspectos. Um ponto negativo de interpretação “[...] é a visão que muitas empresas têm de JIT, usando a filosofia de forma míope apenas para reduzir custos e aumentar lucros” (POZO, 2004, p. 132). Essa visão é enganosa, uma vez que se trata de um processo de longo prazo, dinâmico e que envolve outros fatores, como a qualidade e satisfação do cliente, enquanto visão estratégica, por exemplo. Ao se trabalhar com redução do número de fornecedores, a empresa fica vulnerável a eventuais problemas de forneci- mento de matérias: Os Modelos de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 91 A redução do estoque do sistema pode aumentar o risco de interrup- ção da produção em função de problemas de administração da mão de obra,como greves, por exemplo, tanto na própria fábrica como na de fornecedores. Da mesma forma, o risco de paralisação por quebras de máquinas também é aumentado (CORRÊA; GIANESI, 1993, p. 76). O sistema JIT requer que a demanda seja estável para que se consiga um balan- ceamento adequado dos recursos, possibilitando um fluxo de materiais suave e contínuo. Caso a demanda seja muito instável, há a necessidade de manutenção de estoques de produtos acabados em um nível no qual permita que a demanda, efetivamente sentida pelo sistema produtivo, tenha certa estabilidade. Outro problema resultante da grande variedade de produtos seria a consequente com- plexidade das gamas de produção. O princípio geral de transformação do processo produtivo, em uma linha contínua de fabricação e montagem de produtos, fica prejudicado se um conjunto de gamas de produção não puder ser estabelecido. O SISTEMA JUST IN CASE (SISTEMA CONVENCIONAL) O sistema Just in Case (JIC) ou Sistema Convencional de Produção originou-se juntamente com o fordismo e suas técnicas de produção. O fordismo, que surgiu com a necessidade constante de abastecer o mercado de consumo dos americanos, deu-se como uma forma de organização industrial que permitisse a manufatura de produtos repetitivos em grandes quantidades de produtos iguais, o que, por si só, levaria a uma diluição cada vez maior dos custos de fabricação e, conse- quentemente, a preços cada vez menores. Tudo isso aconteceu com o intuito de que esses produtos se tornassem cada vez mais acessíveis ao mercado emergente. O surgimento de uma nova abordagem de produção em massa proporcionou o desenvolvimento do sistema de manufatura americano que resultou em um maior volume de produção e na incorporação de uma inovação organizacional e técnica: a linha de montagem. A lógica do sistema JIC é a obtenção de redu- ção de custos, via eficiência, na utilização dos recursos, pela produção intensa de itens padronizados. Quanto maior é a demanda e a necessidade de produção em massa, consequentemente, há uma maior diminuição dos custos. AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E92 De acordo com Antunes Júnior, Kliemann Neto e Fensterseifer (1989, p. 61): A adoção do sistema JIC generalizou-se pelo mundo, fruto, inclusi- ve, da influência internacional exercida pelos Estados Unidos, seja nos processos de reconstrução proporcionados no pós-guerra, seja na transferência de tecnologia proporcionada pelas multinacionais norte- -americanas, que se espalharam pelo mundo ao longo do século XX. Assim, o sistema JIC respondeu as exigências da época, o que facilitou sua disseminação e permanência até os dias de hoje. Inicialmente, foram utilizados os principais pressupostos do modelo desenvolvido por Henry Ford. Contudo, ele sofreu muitas adaptações na medida em que se popularizava pelo mundo. A gestão de um negócio, pela ótica do JIC, conduz para que se produza de acordo com a máxima capacidade de produção dos recursos, antecipando a demanda futura sob a forma de estoques. Não se desenvolvem esforços nem para balancear as capacidades, nem para eliminar as variabilidades, pois o interesse é operar o tempo todo, na máxima capacidade. O ritmo de produção é ditado pela capacidade excessiva do primeiro processo, que “empurra” essa produção em direção aos processos sucessivos, resultando em um inventário considera- velmente mais alto do que o necessário: [...] no JIC o estoque é uma forma de proteção e passa-se a ser aceitável, acobertando uma série de problemas intangíveis e de difícil previsão, tais como o desbalanceamento da linha de produção, a ineficiência na manutenção dos equipamentos, as deficiências no processo de aqui- sição de materiais, entre outros (ANTUNES JÚNIOR; KLIEMANN NETO; FENSTERSEIFER, 1989, p. 77). Os estoques se tornam aceitáveis e necessários nos casos em que: i) há entregas atrasadas; ii) as quantidades produzidas são menores; iii) itens com defeitos são encontrados no lote ou no carregamento; iv) um centro de trabalho produza mais lentamente; v) os custos das matérias-primas aumentem no curto prazo; Figura 6 - Henry Ford Os Modelos de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 93 vi) alguma mudança de engenharia gere a necessidade de componentes; vii) algum empregado não tenha vindo trabalhar; viii) o vendedor saia do negócio. Além disso, algumas características são evidenciadas nesse modelo de pro- dução, tais como: ■ Os equipamentos são organizados de forma que as máquinas são agrupa- das pela função que executam ou pela linha de produtos, sendo montadas lado a lado. ■ O planejamento da produção é feito com base em possíveis perdas no pro- cesso produtivo, levando em consideração as variabilidades do processo produtivo. Assim, são necessárias quantidades adicionais de matérias-pri- mas para deixá-las como margem de segurança para a produção. Dentre as perdas citadas, as mais comuns são: ■ Perdas devido à falta de qualidade no processo: pelo fato de que os equi- pamentos não garantem um padrão quantitativo ou qualitativo, é comum que os produtos sejam fabricados fora das especificações, gerando per- das irreparáveis. ■ Perdas devido aos atrasos provocados por quebras de máquinas: em consequência do fato de que a filosofia JIC é a produção empurrada ou em massa, o sistema objetiva que não se quebrem as máquinas, para não atrasar os processos e que os equipamentos fiquem parados. Essas perdas ocorrem, pois a manutenção das máquinas é feita, na maioria das vezes, após a quebra, a chamada manutenção corretiva. ■ Perdas devido à pouca flexibilidade de adaptação às mudanças de pro- gramas: pelo fato de que a produção é em massa e a demanda ainda é desconhecida, à medida que existe pouca flexibilidade, as alterações de programa e o planejamento da produção são feitos, contemplando a neces- sidade de se produzir em quantidades maiores do que será demandado, havendo perdas de produtos que ficam no estoque. Em algumas empre- sas, nas quais esse produto é perecível, a perda é ainda maior. AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E94 ■ Perdas devido à incerteza dos fornecedores: para evitar que o prazo de entrega dos fornecedores prejudique a produção, o planejamento dessa produção estabelece volumes de matérias-primas maiores do que o neces- sário. Isso gera estoques desnecessários e não soluciona os problemas. ■ Perdas devido à necessidade de produzir em grandes lotes: na lógica JIC, produz-se em quantidade maior para atender a demanda ou possí- veis previsões de vendas. No entanto, a viabilidade econômica se resume a diminuição dos custos com estoque e a minimização dos desperdícios. Havendo, pois, a perda, por produzir o que o mercado não consumirá com rapidez, tem-se, custos desnecessários. VANTAGENS DO SISTEMA JIC A lógica da produção em massa é que quanto mais se produz um produto padro- nizado menor será seu custo final, pois são reduzidos os custos, comprando-se matéria-prima acima do planejamento da produção. Outra vantagem de custos é que, independente da demanda, a produção é contínua, não havendo a neces- sidade de horas extras a funcionários, em caso de demanda não esperada. Na filosofia JIC, a produção, normalmente, é de poucos tipos de produtos. Assim, ela segue um padrão de qualidade em todo o seu processo. Em caso de uma não conformidade do produto, o controle de qualidade verificará todo o lote produzido, não havendo margem para os produtos defeituosos. A velocidade nos processos é a principal vantagem desse sistema. Os produ- tos são padronizados, as máquinas são alinhadas em uma linha de produção, a mão de obraé especializada e os leads time são muito baixos, produzindo, assim, grande quantidade com uma velocidade que supre a demanda, caso seja necessário. O JIC utiliza toda sua capacidade produtiva. Assim, os recursos humanos e tecnológicos trabalham com o máximo de suas capacidades quando há a neces- sidade de que o produto esteja pronto. Antunes Júnior, Kliemann Neto e Fensterseifer (1989) explanam que o JIC é, em sua essência, voltado para as grandes produções de produtos discretos, principalmente, as que se repetem quando há poucos produtos diferenciados, Os Modelos de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 95 com uma meta principal, que é a busca da eficiência e a rentabilidade dos meios de produção. No entanto, como o sistema JIC assume que o processo a priori apresenta variabilidades, ele aceita ou considera que, para minimizar o efeito das varia- bilidades sobre o fluxo, o sincronismo e a eficiência na utilização dos recursos, é necessária a manutenção de estoques, que podem aparecer sob as formas de matérias-primas, material em processo (semiacabado) e produtos prontos: Assim, os estoques tendem a acobertar (proteger, segundo a visão tra- dicional) uma série de problemas intangíveis e de difícil previsão, tais como o desbalanceamento da linha de produção, a ineficiência na ma- nutenção dos equipamentos, as deficiências no processo de aquisição de materiais, etc. (ANTUNES JÚNIOR; KLIEMANN NETO; FENS- TERSEIFER, 1989, p. 83). É em detrimento desse fato que, em manufaturas JIC, os estoques passam a ser muito convenientes. É da existência desse perfil organizacional que provém a expressão Just-in- Case, criada mais recentemente para designar a forma tradicional de organização da produção. As fábricas Just-in-Case, em geral, apresentam as seguintes características: Em relação a organização física das instalações, ela é orientada por tipos de equipamentos, cujas máquinas são agrupadas pela função que executam ou por linhas de produtos, sendo posicionadas lado a lado, segundo a sequência de fabricação do produto para o qual foram montadas. Já sobre o planejamento da produção, ele é realizado, levando em consi- deração que uma parte das quantidades programadas será perdida devido às variabilidades do processo. Em outras palavras, as quantidades planejadas de matéria-prima a serem retiradas para abastecer a fábrica são previstas, tendo em vista as quantidades adicionais, como uma margem de segurança para cobrirem as possíveis faltas geradas pelas perdas do processo produtivo. Assim, o lote econômico de fabricação (LEF) será aquele que leve ao menor custo total (CT), o qual, por sua vez, é resultado da soma dos custos de armaze- nagem (CA) e de preparação (CP). No caso das empresas organizadas, segundo o sistema JIC, é comum assumir que as preparações e, consequentemente, seus respectivos custos, são fixos. Logo, o tamanho do LEF será sempre condicionado AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E96 pelos custos de preparação. Para efeito de planejamento dos programas, o que é considerado não é a necessidade colocada na forma de uma previsão de vendas, mas sim a mínima quantidade economicamente viável para a empresa. Quando a quantidade necessária é igual ou múltipla do lote econômico de fabricação, a empresa pode estar minimizando seus estoques. Em outras condições, a tendên- cia é que eles aumentem continuamente. Sobre as perdas devido aos altos tempos de atravessamento (Lead times), eles representam os tempos decorridos entre a colocação dos pedidos pelos clientes e a respectiva entrega desses pedidos. Como existe a tendência de se produzir em grandes lotes e o fato de que a estrutura física da fábrica leva à geração de muitos tempos improdutivos, é normal que esses tempos sejam elevados e, em muitos casos, maior que o período equivalente a um programa de produção: [...] nestas circunstâncias, dado que o programa de produção é elabo- rado a partir de uma previsão de vendas, a cada mudança ou adapta- ção desta previsão torna-se difícil que o programa seja atendido visto o tempo de resposta ser muito lento. Assim, caso um programa seja reajustado, itens que estavam sendo fabricados poderão ser deixados de lado, ter seu processo de fabricação interrompido, e esperar por outra programação futura; ou poderão ser processados até o final e, uma vez transformados em produtos acabados, aguardar uma nova necessidade de vendas [...] (POZO, 2004, p. 235). Por outro lado, os itens que não tinham sido planejados inicialmente, no caso de uma reprogramação, dado os altos leads time, para que possam ser entregues em tempo, necessitarão de um esforço adicional muito grande, como interrom- per a produção de outros itens, promover um elevado número de horas extras ou, em casos extremos, ser entregues com atraso para os clientes, por exemplo. Deve-se considerar, também, nesses casos, o risco de obsolescência dos itens, que costuma ocorrer devido ao elevado tempo de permanência dentro da fábrica. Essa obsolescência costuma aparecer na forma de deterioração (no caso da indústria química ou alimentícia), no caso de aparecimento de oxidações (na indústria metalmecânica), ou até mesmo pelo cancelamento de pedidos por parte dos clientes, devido aos atrasos (caso geral). Uma alternativa criada para permi- tir um gerenciamento mais efetivo da produção e dos materiais foi desenvolvida nos anos 60, como uma forma de minimizar a problemática do planejamento. Os Modelos de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 97 Esta alternativa foi o sistema MRP – Material Requirement Planning –, um método de gestão apoiado por computador, o qual veio para aperfeiçoar os siste- mas tradicionais de planejamento da produção e materiais, até então, realizados de forma eminentemente manual, sujeitas a todas as dificuldades que uma prática dessas possibilita, como demoras, existência de erros e visão compartimentada da empresa, por exemplo. A evolução do sistema MRP foi possibilitar a integração de diversas áreas da empresa, como finanças, suprimentos e RH, surgindo, então, o MRPII, o Manufacturing Resources Planning: MRP II que, a partir do plano mestre, dos estoques de materiais e de componentes dependentes, da lista de materiais, das restrições de mão de obra, disponibilidade de equipamentos e dos lead times, gera as ne- cessidades de compras, ou até mesmo as ordens de compras para os itens fornecidos por terceiros, e, para os de fabricação própria, as or- dens de produção (LAUGENI; MARTINS, 2015, p. 361). Até os anos 80, os sistemas MRP/MRPII foram desenvolvidos para rodarem em computadores de grande porte, tornando sua adoção bastante onerosa para as empresas. Já nos anos 90, com a disseminação dos computadores PC, foram desenvolvidos softwares compatíveis com os computadores de menor porte, representando, assim, menores investimentos para as empresas. Mesmo assim, eles continuam sendo sistemas que possuem um custo associado e algumas dificuldades de implantação, relacionadas, principalmente, aos aspectos de con- fiabilidade dos dados utilizados e disciplina no cumprimento das regras que o sistema MRP/MRPII estabelece como investimentos para as empresas. Segue um quadro com as diferenças marcantes entre o Sistema JIT e o Sistema JIC: Quadro 1 – Sistema Convencional X Sistema Just in time SISTEMA CONVENCIONAL SISTEMA JUST IN TIME 01 Produção em escala 01 Produção focalizada 02 Layout Departamental 02 Layout celular 03 Formação de WIP´s 03 Ausência de WIP´s 04 Trabalhadores Especialistas 04 Trabalhadores polivalentes AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃOReprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E98 SISTEMA CONVENCIONAL SISTEMA JUST IN TIME 05 Presença de Buffers 05 Conceito de TC 06 Grande área de armazenagem 06 Descentralização de estoques 07 Produção “empurrada” (PPCP) 07 Produção “puxada” 08 Software sofisticado 08 Sistema Kanban 09 Qualidade na inspeção final 09 Qualidade durante o processo 10 Manutenção corretiva 10 Manutenção preventiva 11 Grandes lotes 11 Lotes unitários 12 Conceito de “valor adicionado” 12 Conceito de “valor agregado” 13 Alta rotatividade MOD 13 Baixa rotatividade MOD 14 Baixo envolvimento MOD 14 Alto envolvimento MOD 15 Baixa sinergia (departamentos) 15 Sinergia positiva Fonte: o autor. CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO Os sistemas de produção podem ser classificados de diferentes maneiras. As que mais se destacam são: a classi- ficação por grau de padronização dos produtos, pelo tipo de operação que sofrem os produtos e pela natureza dos produtos. Os quadros, abaixo, eviden- ciam essa classificação. Quadro 2 – Grau de padronização TIPO EXEMPLO Padronizados Fast food, bancos etc. Sob medida Alta costura, construção civil, táxi, médico etc. Fonte: o autor. Classificação dos Sistemas de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 99 Quadro 3 – Tipos de operação TIPO EXEMPLO Contínuo Energia elétrica, petróleo etc. Discreto Processo Repetitivo em Massa Automóveis, cerâmicas etc. Processo Repetitivo em Lote Oficinas de reparos, sapatos etc. Processo por Projeto Usinas, aviões, navios etc. Fonte: o autor. Quadro 4 – Natureza do produto TIPO EXEMPLO Produtos Automóveis, motocicletas, eletrodomésticos. Serviços Médico, dentista, seguradora, banco etc. Resíduos Sobras do processo de produção (logística reversa). Fonte: o autor. O sistema de classificação que será abordado com mais ênfase, destacando cada subdivisão, será pelo tipo de operações que sofrem os produtos (processo con- tínuo, em massa, em lote e por projeto), o qual permite identificar qual sistema de produção a empresa utiliza na fabricação de seus produtos. PROCESSO CONTÍNUO Para Tubino (2000, p. 30), “os processos contínuos são empregados quando existe uma alta uniformidade na produção e demanda de bens ou serviços”, ou seja, são produtos altamente padronizados e que possuem elevado consumo, sendo a produção feita de maneira ininterrupta. Para Meredith e Shafer (2002, p. 140), “em alguns casos, esses artigos se tornaram tão padronizados que não existe pra- ticamente diferença entre os produtos de empresas distintas”. Como exemplos desses produtos, podemos citar: energia elétrica, petróleo, produtos químicos, minérios e siderúrgicas. Para Moreira (2004, p. 11), os “processos contínuos tendem a ser altamente automatizados”, o que, para Slack, Chambers, Harland, Harrison e Johnston AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E100 (1997, p. 136), “muitas vezes estão associados à tecnologia relativamente infle- xível, de capital intensivo”. De acordo com Meredith e Shafer (2002, p. 140), “um dos motivos para executar continuamente essas operações é diluir os seus cus- tos unitários”, permitindo, dessa forma, melhorar a competitividade da empresa junto a mercado. PROCESSO REPETITIVO EM MASSA Slack et al. (1997, p. 136) definem que os “processos de produção em massa são os que produzem bens em alto volume, e variedade relativamente estreita”. Para Tubino (2000, p. 30), “são aqueles empregados na produção em grande escala de produtos altamente padronizados”. Por sua vez, Moreira (2004, p. 11) expõe que “[...] alguns fatores devem ser cuidadosamente pesados antes da adoção de um fluxo em linha”. No sistema de produção em massa, a variação entre os tipos de produtos produzidos é muito pequena, tendo uma estrutura produtiva pouco flexível, com componentes padronizados e com uso de uma mão de obra pouco qualificada. São exemplos de um processo repetitivo em massa: automóveis, alguns tipos de móveis, confecção (facção), porcas e arruelas e entre outros. PROCESSO REPETITIVO EM LOTE No processo repetitivo em lote, os produtos são fabricados em uma quantidade específica. Cada operação é feita por completo e, posteriormente, o item segue, a fim de que sejam executados os trabalhos subsequentes, para que se torne um produto acabado. Tubino (2000, p. 31) explana que: Os processos repetitivos em lotes caracterizam-se pela produção de um volume médio de bens ou serviços padronizados em lotes, sendo que cada lote segue uma série de operações que necessita ser programada à medida que as operações anteriores forem realizadas. São processos repetitivos em lote: cerâmica, móveis e entre outros. Classificação dos Sistemas de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 101 PROCESSO POR PROJETO (OU SOB ENCOMENDA) No processo por projeto, os produtos buscam saciar a necessidade que o cliente tem por determinado produto, o qual é fabricado dentro de padrões específicos e, na maioria dos casos, customizados. Para Moreira (2004, p. 12), “cada projeto é um produto único”. Conforme expõe Tubino (2000, p. 31), “os processos por projeto têm como finalidade o atendimento de uma necessidade específica do cliente”, exigindo que esse produto siga as especificações informadas pelo usuá- rio. Assim, uma vez concluído o produto, o sistema produtivo se volta para um novo projeto. No processo por projeto, os recursos produtivos empregados são altamente flexíveis, necessitando de mão de obra especializada. São exemplos: constru- ção civil, alfaiataria, projeto de um navio ou de uma hidrelétrica e entre outros. CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO A tabela 1, a seguir, demonstra as características de cada sistema de produção em relação às variáveis envolvidas, o que diferencia sua aplicação dependendo do produto a ser fabricado. Tabela 1 – Características dos Sistemas de Produção CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA DE PRODUÇÃO CONTÍNUO REPETITIVO EM MASSA REPETITIVO EM LOTES PROJETO Volume de produção Alto Alto Média Baixo Variedade de produtos Baixo Média Alto Baixo Flexibilidade Baixo Média Alto Alto Qualificação da MOD Baixo/médio Média/alto Alto Alto Layout Por produto Por produto Por processo Por processo Capacidade ociosa Baixo Baixo Média Alto Lead Time Baixo Baixo Média Alto Fluxo de informações Baixo Média Alto Alto AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E102 CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA DE PRODUÇÃO CONTÍNUO REPETITIVO EM MASSA REPETITIVO EM LOTES PROJETO Produtos Contínuos Em lotes Em lotes Unitário Setup Baixo Baixo Média Alto Fonte: Tubino (2000, p. 32). O volume de produção significa a quantidade de produtos produzidos. A varie- dade de produtos condiz com a diversidade de produtos que uma indústria fabrica. Já a flexibilidade corresponde à capacidade de adaptar o sistema produ- tivo a diferentes itens e a diferentes quantidades que necessitem ser produzidas. Por sua vez, a qualificação da MOD retrata o nível de preparação da mão de obra para executar as tarefas, isto é, ter profissionais com capacitação para desen- volver os trabalhos mais complexos. O layout refere-se ao arranjo físico de uma linha de produção e a capacidade ociosa está relacionada com o período em que os equipamentos se encontram sem produzir, ou seja, parados. Lead time é o tempo gasto pelo sistema produtivo para transformar a maté- ria-prima em produto acabado. O fluxo de informações significa o volume de informações utilizadas na realização da produção.Já a informação “produtos” condiz com a forma do sistema, ou seja, se é produzido de forma contínua, em lote ou unitário. Por fim, o setup corresponde às etapas de preparação dos equi- pamentos para a produção de um item. Com o intuito de facilitar a compreensão por parte do leitor, segue um exer- cício resolvido. Exercício Resolvido: Tipologia dos Sistemas de Produção Objetivo: este estudo de caso tem, por finalidade, analisar as características dos diferentes tipos de sistemas produtivos (produção em massa, em lotes e sob enco- menda), a partir da simulação de um sistema produtivo genérico em que se pode alterar os dados de demanda, mix de produtos, tamanhos de lotes, número e tipos (capacidade de produção) de máquinas. Por exemplo: para simular um sis- tema de produção em massa que atenda uma demanda alta, com baixa variedade de produtos (geralmente, um único tipo), deve-se escolher estações de traba- lho com máquinas de alta capacidade produtiva. Já para simular um sistema de Classificação dos Sistemas de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 103 produção sob encomenda que atenda um mix variado de produtos (geralmente, com lotes unitários), deve-se escolher estações de trabalho com máquinas mais lentas e com custo fixo menor. Modelo: o sistema produtivo simulado pode produzir cinco produtos dife- rentes (produto 1, produto 2, produto 3, produto 4 e produto 5). O produto 1 tem seu roteiro de fabricação passando pelas estações 1, 2 e 3, nessa ordem. O produto 2 passa pelas estações 1, 3 e 2. Já o produto 3, pelas estações 2, 1 e 3. O produto 4 pelas estações 2, 3 e 1. O produto 5, por sua vez, passa pelas estações 3, 2 e 1. Cada produto pode ter sua demanda em lotes de 1, 10 ou 50 unidades, escolhida como pequena (1 lote/dia), média (5 lotes/dia), grande (50 lotes/dia) ou não ter demanda (zero lotes/dia). As três estações de trabalho (estação 1, esta- ção 2, estação 3) podem ter uma ou mais máquinas com a mesma capacidade produtiva (60 minutos/peça, 6 minutos/peça ou 0,6 minutos/peça). Sempre que um produto entrar na máquina de uma estação e o produto produzido anterior- mente for diferente, ocorrerá um setup de 20 minutos. O sistema produtivo será simulado sempre para um período de seis meses, ou 57600 minutos (480 minu- tos/dia * 20 dias/mês * seis meses). Resultados: ao final de cada simulação, com os parâmetros escolhidos, será apresentado um relatório, que pode ser impresso, com os dados de entrada e os dados de saída referentes ao desempenho do sistema produtivo simulado. Nesse relatório, serão apresentados os lead times médios e as quantidades produzidas de cada produto, o número de setups efetuados em cada estação, a taxa de ocupação média das estações (descontando-se os tempos gastos com setup), a quantidade média de estoques (wip) intermediários nas filas de espera das estações, além dos dados de custo de depreciação efetiva (consumo real das máquinas no perí- odo simulado, admitindo-se que uma máquina se deprecie fisicamente em cinco anos), custo do capital, incluindo o capital investido em estoques intermediá- rios (wip) e o capital investido em máquinas, e o custo unitário final. Para o cálculo dos custos, será admitido que uma máquina grande (0,6 minutos/peça) custa $ 1.000.000, uma máquina média (6 minutos/peça) custa $ 200.000 e uma máquina pequena (60 minutos/peça) custa $ 50.000. O custo unitário de maté- ria-prima e mão-de-obra de cada produto, para o cálculo do capital investido AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E104 em estoques, será de $ 50 e a taxa de mínima atratividade do capital investido será de 15% ao semestre. Alternativas a serem analisadas: para a análise das características dos diferen- tes tipos de sistemas produtivos, será fixada a demanda, em termos de quantidade e tamanho de lote, para cada um dos sistemas produtivos. Tal análise é explorada por meio de simulação e composições de capacidades produtivas com diferen- tes velocidades e quantidades de máquinas nas estações de trabalho. Apesar de o modelo permitir qualquer valor para praticamente todas as variáveis (menos os tamanhos de lotes), serão trabalhadas as seguintes três alternativas: Produção em massa: lotes de 50 unidades com demanda de 50 lotes/dia para o produto 1 apenas. Produção em lotes: lotes de 10 unidades com demanda de cinco lotes/ dia para os produtos 1, 3 e 5. Produção sob encomenda: lotes unitários com demanda de um lote/dia para to- dos os cinco produtos. Seguem, a seguir, as simulações para sua análise e uma posterior questão para resolução: Simulação 1 - Alternativas para o processo repetitivo em massa Fonte: Simulador ARENA. Classificação dos Sistemas de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 105 Simulação 2 - Alternativas para o processo repetitivo em massa Fonte: Simulador ARENA. Simulação 3 - Alternativas para o processo repetitivo em massa Fonte: Simulador ARENA. AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E106 Simulação 4 - Alternativas para o processo repetitivo em massa Fonte: Simulador ARENA. Simulação 5 - Alternativas para o processo repetitivo em massa Fonte: Simulador ARENA. Classificação dos Sistemas de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 107 Simulação 6 - Alternativas para o processo repetitivo em lote Fonte: Simulador ARENA. Simulação 7 - Alternativas para o processo repetitivo em lote Fonte: Simulador ARENA. AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E108 Simulação 8 - Alternativas para o processo repetitivo em lote Fonte: Simulador ARENA. Simulação 9 - Alternativas para o processo repetitivo em lote Fonte: Simulador ARENA. Classificação dos Sistemas de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 109 Simulação 10 - Alternativas para o processo repetitivo em lote Fonte: Simulador ARENA. Simulação 11 - Alternativas para o processo repetitivo sob encomenda (ou por projeto) Fonte: Simulador ARENA. AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E110 Simulação 12 - Alternativas para o processo repetitivo sob encomenda (ou por projeto) Fonte: Simulador ARENA. Simulação 13 - Alternativas para o processo repetitivo sob encomenda (ou por projeto) Fonte: Simulador ARENA. Classificação dos Sistemas de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 111 O estudo de caso em questão propôs demonstrar algumas considerações sobre decisões pertinentes aos processos produtivos adotados por uma empresa. Tal análise é feita a partir de simulações de sistemas produtivos genéricos em que se alocam os dados de demanda, mix de produtos, tamanho dos lotes, quantida- des e tipos de máquinas utilizadas. É por meio de tais simulações que o estudo de caso foi analisado e desenvolvido pelo grupo de estudo. Na primeira parte, destacam-se as estruturas produtivas que trazem os melho- res resultados para a produção de uma empresa. Para se chegar a tais respostas, o grupo de estudo levantou alguns valores dispostos no problema proposto e, mediantecomparações, obteve os resultados que estão dispostos nessa primeira parte do trabalho. Juntamente a ela, algumas tabelas estão dispostas para faci- litar a compreensão do leitor e demais explicações que se fizeram necessárias. A seguir, ressaltam-se as características dos sistemas de produção em massa, em lote e sob encomenda. Nessa parte do trabalho, o grupo de estudo destacou as instalações ideais para cada tipo de processo produtivo. Para se chegar a tais conclusões, alguns comentários complementares foram dispostos, a fim de dar explicações condizentes a tal questão. Finalmente, a última parte desse trabalho relata as características relacionadas a cada um dos três tipos de sistemas produ- tivos que seriam considerados desejáveis em um sistema produtivo moderno. É importante salientar que essa parte também caracteriza a conclusão do trabalho, haja vista que relata a importância dos processos produtivos dentro do contexto da nossa realidade moderna (tópico 8). Por fim, ainda destaca-se que o desenvolvimento desse trabalho se deu mediante utilizações de duas bibliografias básicas (dispostas no final da pesquisa). Essas obras serviram para orientar o trabalho no que tange, principalmente, aos tipos e características dos sistemas produtivos dentro de uma empresa. A divisão desse trabalho foi elaborada dessa forma, a fim de facilitar a compreensão e as tomadas de decisões alcançadas e mencionadas pelo grupo de estudo em questão. As simulações (1 -13) demonstram os dados no problema proposto, uma vez que eles foram tratados pelo grupo de estudos como fundamentais na busca de verificações e demais questões inerentes ao exercício disposto em sala de aula. Após a demonstração das simulações, segue, na sequência, uma análise compa- rativa dos sistemas produtivos em massa, por lote e sob encomenda. AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E112 Questão Única: Quais são as estruturas produtivas que trazem melhores resultados para a produção em massa, em lotes e sob encomenda? Quais valo- res foram obtidos? Compare-os. a. Sistema de Produção em Massa A produção em massa é o processo que possui uma estrutura produtiva mais complexa, por se tratar de um sistema produtivo constante, em que as variáveis, tais como velocidade da produção (máquina), número de máquinas, taxa de ocupação, setups e, principalmente, os WIP (Work In Proccess), são alternados constantemente pelas necessidades do processo ou pela configuração do sistema dimensionado no PCP. Nesse processo, também existe uma necessidade muito grande no controle e processo, pois as perdas poderão ser determinantes e vitais para o sucesso da empresa. O processo produtivo representado pela simulação 5 foi escolhido pelo fato de a empresa estar utilizando máquinas rápidas (0,6 minutos / peça), com a utilização quase total da capacidade dessas máquinas e gerando pouco WIP. Em contrapartida, ainda, verificou-se que a produção é pra- ticamente uma das melhores perante os demais modelos, porém com um custo unitário ligeiramente menor (9,1172). Diante das características do sistema em questão, conclui-se que a opção cinco (em que são fabricados lotes de 50 unidades com demanda de 50 lotes/dia para o produto 1) é a que traz melhores resultados para a pro- dução em massa. b. Sistema de Produção em Lote Esse processo produtivo é entendido como o mais acessível em termos de PCP. Assim como no sistema por encomenda, a exceção para os bons resultados fica limitada aos setups, mas a grande vantagem está em se ter condição de obter a quantidade de WIP igual a zero. Essa condição tam- bém é oferecida na estrutura de produção por encomenda. Em relação ao sistema de produção em lote, optou-se pela simulação 8, haja vista que a empresa está utilizando máquinas relativamente rápidas (6 minutos / peça) para a produção dos produtos em questão. Além disso, tal sistema Classificação dos Sistemas de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 113 de produção permite a aquisição de uma máquina como essa, porque ela não é tão rápida como aquela utilizada na produção em massa e nem tão lenta quanto aquela utilizada na produção sob encomenda. O que pesou perante essa escolha foi justamente o número de máquinas utilizadas (três para cada estação), bem como a capacidade (taxa de ocupação) de cada máquina. Isto é, em caso do aumento da demanda, essa opção estará mais flexível para absorver um provável aumento de produção, haja vista que todas as máquinas estão com sua capacidade boa (62,5%). Outro ponto favorável recai sobre o WIP, ou seja, não existe nenhum tipo de produto em processo (ou estoque em processo), dado que a produção para praticamente todos os modelos é de 18000 peças, o que levou a se optar pela escolha desse modelo. Essa opção é a que traz melhor resul- tado para a produção em lotes. c. Sistema de Produção Sob Encomenda (ou por Projeto) O processo por encomenda, ao contrário do sistema em massa, é bem simples. Esse processo proporciona um PCP totalmente dimensionado e programável, pois a estrutura produtiva será constituída e alternada de acordo com o pedido. A exceção fica por conta dos setups, pois a altera- ção será de acordo com a encomenda. Quanto aos WIP, eles devem ser o menor valor possível, em razão de se ter conhecimento do total de peças a serem produzidas. Diante do sistema de produção sob encomenda, ressalta-se que a escolha se deu em função de algumas questões básicas: a velocidade das máqui- nas e o custo unitário gerado por elas. Em outras palavras, por meio de análises, verificou-se que a opção escolhida (simulação 13) é a que mais está de acordo com as características do sistema produtivo sob enco- menda. Isso se deve, pois se trabalha com poucas máquinas e, apesar do alto número de setups (característico nesse sistema), a empresa está uti- lizando uma grande capacidade de seus maquinários. Além disso, apesar da existência do WIP, a produção mediante esse modelo traz uma redu- ção do custo unitário de até 1417%. AMBIENTES DE NEGÓCIOS E MODELOS DE PRODUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E114 d. Conclusão Comparativa entre os Sistemas de Produção Ao se concluir a análise, observa-se que existem processos práticos, rentá- veis e menos exigentes quanto ao PCP. No entanto, é importante destacar que os processos produtivos sempre terão bons resultados e com um bom dimensionamento (velocidade, número de máquinas, taxa de ocupação etc.), já que essas medidas bem-sucedidas proporcionarão uma melhor produtividade, menor perda e menor custo unitário. Destaca-se, também, que o menor custo unitário de peça foi conseguido pela produção em massa. Isso aconteceu pelo fato de se ter obtido uma grande produção com a mesma estrutura produtiva dos outros sistemas. Esse resultado está diretamente ligado a uma diminuição do custo fixo de produção. CONSIDERAÇÕES FINAIS No contexto atual, você, acadêmico(a), pôde perceber que as indústrias bus- cam modificações processuais que lhes permitam ser mais competitivas. Dentre tais mudanças, um dos caminhos adotados é a modernização de seus sistemas, tanto os gerenciais quanto os produtivos. Aliado a isso, muitas técnicas produ- tivas são utilizadas, a fim de se obter um aumento na produtividade, melhoria da qualidade e a redução das operações que não agregam valores aos produtos. Isso se deve, pois é necessário realizar a entrega de valor ao cliente, a qual fará com que o negócio tenha sustentabilidade e sobreviva nesse ambiente de com- petição organizacional. Dessa forma, conhecer os ambientes de negócios e como eles interagem com o processo produtivo é fundamental para o trabalho do ges- tor de produção.Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 115 Esta unidade teve, como objetivo, demonstrar a importância da implanta- ção da filosofia Just In Time, bem como as implicações oriundas de tal filosofia, principalmente, no que tange a importação do modelo japonês. Para tal, ape- sar da unanimidade quanto à aplicação dessa filosofia, são feitas demonstrações sobre as principais problemáticas, dificuldades e os cuidados que uma empresa deve incorrer ao importar ideias, conceitos e valores. Ainda, nesta unidade, assim como você mesmo(a) pôde observar, foram retratadas as considerações sobre os modelos de produção e a classificação de um sistema de produção. A partir do momento em que o responsável pela produção consegue com- preender a sistemática do processo, as decisões fluem de modo mais natural. Isso é de grande utilidade, dada as várias informações oriundas do processo. Em outras palavras, são muitas informações que dependem umas das outras. Por exemplo: se o processo escolhido for o de produção em massa, eu deverei optar por máquinas mais rápidas, com o objetivo de reduzir o meu lead time, por meio de um baixo setup, contemplando uma variedade mínima de produ- tos, e assim por diante. Finalizamos, assim, mais uma unidade em nossa jornada acadêmica. Encontramo-nos em nossa próxima unidade. 116 1. O objetivo é tornar os processos de negócios mais eficientes e eficazes, redu- zindo custos e níveis de estoque. Assim, melhora-se a qualidade e se cria van- tagem competitiva e valor para a cadeia de suprimentos. VENANZI, D.; SILVA, O. R. da. Gerenciamento da produção e operações. Rio de Janeiro: LTC, 2013. Diante do exposto e dos estudos sobre a entrega de valor no processo produ- tivo, defina o que seria valor e, em seguida, descreva a aplicação da entrega de valor no processo produtivo. 2. A logística se concentra no fluxo dos materiais, das informações e das finanças que devem ocorrer entre os parceiros da supply chain e procura melhorar estes fluxos por meio de métodos e técnicas, modelos matemáticos, softwares e tecnologia da informação (TI). Tudo isso, a fim de atender às necessidades do cliente. LAUGENI, F. P.; MARTINS, P. G. Administração da produção. São Paulo: Saraiva, 2015. Sobre o ambiente logístico e sua relação com os processos produtivos, assinale a alternativa que melhor representa o Supply Chain Management (SCM): a) O SCM envolve a integração dos processos de negócios por meio da cadeia de suprimentos, abrangendo a coordenação de atividades e apenas proces- sos internos. b) O SCM envolve a integração dos processos de negócios apenas dos forne- cedores por meio da cadeia de suprimentos, abrangendo a coordenação de atividades. c) O SCM envolve a integração dos processos de negócios por meio da cadeia de suprimentos, abrangendo a coordenação de atividades e processos não apenas dentro de uma organização isolada. d) O SCM envolve a integração dos processos de produção por meio da cadeia de suprimentos, abrangendo a coordenação apenas das atividades produtivas. e) O SCM envolve a integração dos processos de produção por meio da cadeia de suprimentos, abrangendo a coordenação de atividades dos fornecedores. 117 3. Um determinado administrador da produção acabou de ser contratado pela indústria Pega Leve LTDA. Assim, antes de iniciar o seu trabalho, ele decidiu fa- zer uma análise do ambiente da qualidade dessa empresa, cujo foco principal era o de examinar a relação da empresa com o mercado. Esse entendimento é fundamental para tomadas de decisões que se concentram no esforço do mercado consumidor. Interpretando o estudo de caso hipotético apresentado, assinale a alternativa que representa o ambiente de qualidade em que o administrador da produção realizou o seu foco principal da análise: a) Ambiente in-line. b) Ambiente off-line. c) Ambiente on-line. d) Ambiente in-line e ambiente on-line. e) Ambiente in-line e ambiente off-line. 4. O sistema de produção tem, por objetivo, realizar a fabricação de bens manufa- turados, prestação de serviços ou fornecimento de informações. LAUGENI, F. P.; MARTINS, P. G. Administração da produção. São Paulo: Saraiva, 2015. Durante esta unidade, estudamos dois modelos de produção: o modelo JIT e o modelo JIC. Sobre o modelo JIC, que é o Sistema Convencional de Produção, avalie as afirmações a seguir com (V) para as Verdadeiras e (F) para as Falsas: I. ( ) Há a disposição dos buffers. II. ( ) Há operadores polivalentes. III. ( ) Há produção em grandes lotes. IV. ( ) Há redução no tempo de setup. V. ( ) Há a elaboração de layout celular. VI. ( ) Há qualidade na inspeção final. VII. ( ) Há a centralização dos estoques de matéria-prima. 118 As afirmações I, II, III, IV, V, VI e VII são, respectivamente: a) V, V, V, F, F, V, V. b) V, F, V, F, F, V, V. c) V, F, V, V, F, V, V. d) V, F, V, F, F, F, V. e) V, F, V, F, F, V, F. 5. Considere a figura a seguir: Programar e movimentar a informação do sistema de planejamento e controle da operação (a) Abordagem tradicional - estoques isoladores separam estágios (b) Abordagem de sincronização enxuta - as entregas são feitas sob encomenda Estágio A Infor- mação Infor- mação Infor- mação Infor- mação Estoque isolador Infornação (Pedidos) Entregas Infornação (Pedidos) Entregas Estoque isolador Estágio B Estágio C Estágio A Estágio B Estágio C Figura: Estágios A (tradicional) e B entre o fluxo de sincronização enxuta Fonte: Slack, Brandon-Jones e Johnston (2013). A figura proposta ilustra os dois modelos de produção estudados nessa unida- de: no exemplo da letra A, temos a abordagem tradicional, na qual é utilizado o modelo JIC; já no exemplo da letra B, temos a abordagem de sincronização enxuta, em que é utilizado o modelo JIT. Considerando esses dois modelos de produção, associe as duas colunas, relacionando os modelos de produção com suas respectivas características: 119 MODELOS DE PRODUÇÃO CARACTERÍSTICAS ( 1 ) JIC – Just In Case ( 2 ) JIT – Just In Time )( Sistema desenvolvido no Japão. )( Deve ser adotado o layout celular. )( Busca da produção intensa de itens padronizados. )( Esse modelo é ilustrado pela filosofia de puxar. )( Esse modelo é ilustrado pela filosofia de em- purrar. )( O estoque passa a ser aceitável e é uma forma de proteção. )( Sistema convencional de produção, originou-se juntamente com o fordismo. )( Nesse modelo é considerado aspectos como flexibilidade, lotes unitários e zero ou mínimo estoque. A sequência correta da associação é: a) 1, 2, 1, 2, 2, 1, 2, 1. b) 2, 1, 1, 2, 1, 1, 1, 2. c) 2, 1, 1, 2, 1, 1, 2, 1. d) 2, 2, 1, 2, 1, 1, 1, 2. e) 2, 2, 1, 2, 2, 1, 1, 1. 6. A classificação dos sistemas produtivos tem, por finalidade, facilitar o entendi- mento das características inerentes a cada sistema de produção e sua relação com a complexidade das atividades de planejamento e controle desses sistemas. VENANZI, D.; SILVA, O. R. da. Gerenciamento da produção e operações. Rio de Janeiro: LTC, 2013. Considerando os estudos sobre a classificação dos sistemas de produção, asso- cie as duas colunas, relacionando o sistema de produção com o seu respectivo exemplo em imagem: SISTEMAS DE PRODUÇÃO (1) Processo Contínuo (3) Processo Repetitivo em Massa (2) Processo Repetitivo em Lote (4) Processo Por Projeto (ou sob encomenda) 120 EXEMPLOS EM IMAGENS ( ) ( ) ( ) ( ) A sequência correta da associação é: a) 1, 4, 2, 3. b) 1, 4, 3, 2. c) 3, 2, 4, 1. d) 4, 1, 2, 3. e) 4, 1, 3, 2. 121 Toyota Considerada, praticamente, líder e a principal originadora da abordagem enxuta, a Toyota Motor Corporation sincronizou, de forma progressiva e simultânea, todos os seus processos para atingir alta qualidade, tempos rápidos de atravessamento e excepcional produtividade. Ela atingiu a sua meta aodesenvolver um conjunto de práticas que moldaram larga- mente o que, hoje, denominamos de “operações enxutas” ou Just-In-Time (JIT), mas que a Toyota intitula de Toyota Production System (TPS). O TPS possui dois temas: just-in-time e jidoka. O just-in-time é definido como a movi- mentação rápida e coordenada de componentes ao longo do sistema de produção e rede de suprimentos para atender a demanda do cliente. Ele é operacionalizado por meio de heijunka (nivelamento e suavização do fluxo de itens), kanban (sinalização para os processos anteriores de que mais componentes são necessários) e nagare (posiciona- mento de processos para alcançar um fluxo de componentes mais suaves ao longo do processo de produção). Já o jidoka é descrito como o ato de “humanizar a interface entre operador e máquina”. A filosofia da Toyota é a de que a máquina deva estar disponível para servir ao propósito do operador. O operador deve ser deixado livre para exercitar o seu julgamento. O jidoka é operacionalizado por meio de ideias “à prova de falhas” (ou jidoka humano) e controle visual (status visual dos processos de produção e visibilidade dos padrões do processo). A Toyota acredita que tanto o just-in-time como o jidoka deveriam ser aplicados forte- mente para a eliminação de desperdício, o qual é definido como “tudo além da míni- ma quantidade de equipamento, itens, partes e trabalhadores que são absolutamente essenciais à produção”. Fujo Cho, da Toyota, identificou sete tipos de desperdícios que precisam ser eliminados de todos os processos de operações. São eles: desperdício de produção, de tempo de espera, de transporte, de estoque, de processamento, de mo- vimento e desperdício de produtos defeituosos. Além disso, as autoridades da Toyota afirmam que seu ponto forte está no entendimento das diferenças entre os instrumen- tos e práticas usadas nas operações Toyota e na filosofia geral de sua abordagem de sincronização enxuta. Essa é a razão pela qual alguns identificam o aparente paradoxo do sistema de produção da Toyota: “as atividades, conexões e fluxos de produção em uma fábrica Toyota seguem roteiros rígidos, ao mesmo tempo em que as operações são altamente flexíveis e adaptáveis. As atividades e processos estão sendo constantemente desafiados e empurrados para um nível mais alto de desempenho, possibilitando à em- presa inovar e aprimorar continuamente”. 122 Um estudo influente da Toyota identificou quatro regras que direcionam o projeto, a entrega e as atividades de desenvolvimento dentro da empresa: • Regra nº 1: todo trabalho deverá ser altamente especificado em relação ao conteú- do, sequência, timing e resultado. • Regra n° 2: toda conexão cliente-fornecedor precisa ser direta e submetida a méto- do não dúbio, do tipo sim ou não, de enviar pedidos ou receber respostas. • Regra nº 3: a rota para todo produto e serviço precisa ser simples e direta. • Regra nº 4: qualquer aprimoramento precisa ser feito de acordo com o método cien- tífico, sob a supervisão de um mentor, e no nível mais baixo possível da organização. Fonte: Slack, Brandon-Jones e Johnston (2013, p. 236). Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Princípios de Administração da Produção Nigel Slack, Alistair Brandon-Jones e Robert Johnston Editora: Atlas Sinopse: a administração da produção é crítica para o sucesso de todas as organizações, não importa quão grande ou pequena. Isso se deve, pois ela possibilita que tais empresas forneçam os serviços e produtos que todos necessitamos e é central para mudanças na preferência do cliente, redes de suprimento e demanda, e desenvolvimentos em tecnologia. Suas responsabilidades são a financeira e a logística, social e ambiental. Seja no trabalho ou em casa, todos experimentamos e administramos processos e operações. Gerenciamento da Produção e Operações Orlando Roque da Silva e Délvio Venanzi Editora: LTC Sinopse: atentos aos temas mais relevantes e atuais do setor, os professores Délvio Venanzi e Orlando Roque da Silva uniram experiências e saberes em “Gerenciamento da Produção e Operações”. O livro traz todo o conteúdo necessário para a preparação técnica e teórica de estudantes e leitores para as vivências práticas do mercado. Com uma didática muito próxima da linguagem das salas de aula, os autores mostram o panorama e os desafios da área de Gerenciamento e Operações, ressaltando a vantagem competitiva dos temas para empresas e empreendedores. Tempos Modernos Ano: 1936 Sinopse: um operário de uma linha de montagem que testou uma “máquina revolucionária” para evitar a hora do almoço é levado à loucura pela “monotonia frenética” do seu trabalho. Após um longo período em um sanatório, ele fica curado de sua crise nervosa, mas desempregado. Assim, ele deixa o hospital para começar sua nova vida, mas encontra uma crise generalizada e equivocadamente é preso como um agitador comunista, que liderava uma marcha de operários em protesto. Simultaneamente, uma jovem rouba comida para salvar suas irmãs famintas e que ainda são bem garotas. No entanto, o pior ainda está por vir. MATERIAL COMPLEMENTAR Aprendemos, nesta unidade, alguns modelos de produção. Entre eles, está o JIT - Just in Time, que busca a melhoria contínua ao se reduzir qualquer tipo de desperdício. Para aprimorar o seu conhecimento, segue o link de um artigo e um vídeo sobre o JIT. Web: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/just-in-time/21936/. Web: https://www.youtube.com/watch?v=SH8IItbvH_0. Apresentamos, na leitura complementar desta unidade, o Caso Toyota, visto que essa empresa desenvolveu o JIT - Just in Time. No entanto, na Toyota, esse modelo é denominado de Toyota Production System (TPS). No link a seguir, você, caro(a) acadêmico(a), conseguirá assistir a aplicação do TPS em uma prestadora de serviço, mais especificamente em um hospital. Web: https://www.youtube.com/watch?v=61XeVq-1xbY. REFERÊNCIAS ANTUNES JÚNIOR, J. A. V.; KLIEMANN NETO, F. J.; FENSTERSEIFER, J. E. Considerações críticas sobre a evolução das filosofias de administração da produção: do “Just-in-case” ao “Just-in-time”. Revista de Administração de Empresas, v. 29, n. 3, jul/set. 1989. CAXITO, F. (coord.). Logística: um enfoque prático. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2014. CORRÊA, H. L.; GIANESI, I. G. N. Just in Time, MRPII e OPT: um enfoque estratégico. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1993. HILL, C.; JONES G. O essencial da administração estratégica. São Paulo: Saraiva, 2012. LAUGENI, F. P.; MARTINS, P. G. Administração da produção. São Paulo: Saraiva, 2015. MERIDITH, J. R.; SHAFER, S. M. Administração da Produção para MBAS. Porto Ale- gre: Bookman, 2002. MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e pratica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. PIRES, S. I. Gestão da Cadeia de Suprimentos. São Paulo: Atlas, 2004. PORTER, M. E. Competitive advantage. New York: Free Press, 1985. POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2004. SANTOS, G. V. A filosofia Just In Time como otimização do método de produção. Revista Eletrônica da FACE, 2014. SLACK, N.; BRANDON-JONES, A.; JOHNSTON, R. Princípios de administração da produção. São Paulo: Atlas, 2013. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; HARLAND, C.; HARRISON, A.; JOHNSTON, R.. Administra- ção da produção. São Paulo: Atlas, 1997. TUBINO, D. F. Manual de planejamento e controle da produção. São Paulo: Atlas, 2000. VENANZI, D.; SILVA, O. R. da. Gerenciamento da produção e operações. Rio de Ja- neiro: LTC, 2013. 125 GABARITO 1. Segundo Porter (1985), valor refere-se ao que os clientes estão dispostos a pagar por aquilo que uma empresa lhes oferece. A aplicação da entrega de valor no processo produtivo vai desde uma análise crítica de todo o fluxo produtivo até a sua melhora, observando aquilo que não agrega valor e eliminando-o do chão de fábrica. 2. C. 3. C. 4. B.5. D. 6. D. GABARITO U N ID A D E III Professor Me. Reginaldo Aparecido Carneiro Professor Esp. Leonardo Silva Paião PROGRAMAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender o que é planejamento considerando os tipos de planejamento no nível estratégico, tático e operacional. ■ Entender o planejamento estratégico da produção e sua aplicação. ■ Entender o planejamento mestre da produção e sua aplicação. ■ Entender a programação da produção e sua aplicação. ■ Apresentar e analisar a importância em realizar controles de produção. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ O que é planejamento e seus tipos ■ Planejamento estratégico da produção ■ Planejamento mestre da produção ■ Programação e controle da produção INTRODUÇÃO Prezado(a) acadêmico(a), iniciaremos mais uma unidade juntos, essa será nossa terceira unidade intitulada Programação, planejamento e controle da produ- ção e é com grande satisfação que trazemos esse conhecimento para você, uma área que eu, particularmente, gosto muito. Ao pensar em programação, planejamento e controle da produção, isso nos remete a um determinado setor dentro das empresas, que é o PCP - planejamento e controle da produção. É o setor responsável por toda área produtiva de alguma empresa, se você, na sua futura profissão, for atuar em alguma indústria, mais cedo ou mais tarde terá contato com esse setor ou fará parte dele. Tivemos o cuidado, no início desta unidade, de trazer ou relembrar o con- ceito de planejamento e seus tipos, pois entendemos que o planejamento é uma ferramenta que deve ser utilizada em qualquer organização para uma gestão eficiente, ainda mais na área produtiva, que é o foco dos nossos estudos. Sem planejamento, qualquer lugar, ou nenhum, servem. Será apresentado uma visão geral do PCP, como ele deve ser estruturado em nível de tempo e atividades, que vai desde o planejamento estratégico da produção até o plano mestre de produção, executando-se na programação e no controle da produção. No planejamento estratégico da produção, ocorrem decisões macros, como algo que a empresa almeja da área produtiva em longo prazo, por exemplo, ins- talar um novo parque fabril, realizar a aquisição de um grande equipamento, por exemplo. O interessante é que esse planejamento estratégico da produção esteja alinhado com o planejamento estratégico da empresa. Seguindo, apresentar-se-á o plano mestre da produção, o qual ocorre em médio prazo, pois já se tem uma previsibilidade do que será produzido e o que será necessário para realizar essa produção. O momento é descobrir possíveis empecilhos produtivos para se cumprir o plano estratégico da produção. E, por fim, tudo o que foi planejado será executado na programação de controle da produção. O tempo de reação já é curto, pois, nesse momento, serão emitidas as ordens de compra, ordens de montagem e ordens de produção. Aqui, que se gera o produto, a palavra chave durante esse processo é controle e acompanhamento. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 129 PROGRAMAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E130 O QUE É PLANEJAMENTO E SEUS TIPOS O planejamento faz parte do nosso cotidiano, principalmente, em ações impor- tantes nas quais queremos um resultado positivo e que nos traga benefícios. O ato de planejar visa minimizar qualquer tipo de risco ou falha que pode ocorrer para alcançar um determinado objetivo. Sair de um ponto A e ir para o ponto B com eficiência é realizar um bom planejamento, ou seja, planejar todos os recur- sos necessários para chegar ao novo ponto. Um exemplo, caro(a) acadêmico(a), é quando você decidiu em realizar um curso de graduação na modalidade EAD, um mínimo de planejamento você realizou? Estou certo?! Vamos relembrar, você se planejou para assistir as aulas ao vivo, você se planejou em sua casa para rea- lizar o seu autoestudo e as atividades, você se planejou financeiramente, você se planejou para ir até ao polo e realizar as provas, e tantos outras ações que vie- ram de algo planejado, tudo isso para alcançar algo maior que é a sua titulação nesse curso de graduação. Percebe-se a importância do planejamento, ele é um “norte”, um caminho pensado para ser seguido. O planejamento está atrelado ao tempo futuro a algo que está para acontecer, pois não se planeja para o passado, o que aconteceu, aconteceu, mas o que está por vir terá consequências das ações de hoje. O que é Planejamento e seus Tipos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 131 O planejamento não diz respeito a decisões futuras, mas às implicações fu- turas de decisões presentes. (Peter Drucker) Agora, trazendo para dentro das organizações, em especial, as empresas. É pos- sível uma empresa sobreviver no mercado sem planejamento? Provavelmente, não. Pois, se uma empresa não planeja, é uma empresa que não sabe onde quer chegar e quando não sabemos onde queremos chegar, qualquer lugar serve. Saber onde se quer chegar e como chegar lá, passa por um bom planeja- mento e esse planejamento é cada vez mais comum dentro das organizações. O planejamento dentro das empresas é um processo administrativo que prepara a empresa para um futuro desejado. Vejamos o conceito de planejamento tra- zido por alguns autores: Penof e Melo (2013, p. 79) citam: O planejamento é uma formalização daquilo que se pretende que acon- teça em determinado momento no futuro. A elaboração de um plano não garante que um evento vá realmente ocorrer; é uma declaração de intenção de que ocorra. Na administração geral, declara-se que plane- jamento é o ato de determinar objetivos, traçar metas e políticas. Para Oliveira (2013, p. 5): O propósito do planejamento pode ser definido como o desenvolvimen- to de processos, técnicas e atitudes administrativas, as quais proporcio- nam uma situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões presentes em função dos objetivos empresariais que facilitarão a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz. PROGRAMAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E132 É possível compreender, por meio dos conceitos dos autores, que o planejamento não é uma ciência exata, mas que é um processo administrativo para alcançar um objetivo futuro com eficiência. Para começar um planejamento, traremos algumas perguntas que poderão ser respondidas e irá te auxiliar na elaboração de seu planejamento, seja qual for o seu tipo: ■ O que fazer? ■ Como fazer? ■ Quando fazer? ■ Quanto investir? ■ Onde fazer? ■ Para quem fazer? ■ Por que fazer? Você já deve ter ouvido, ou ouvirá, em sua carreira profissional, que esse é o nosso planejamento financeiro para o ano tal, esse é o nosso planejamento comercial para aumentar as vendas e esse é o nosso planejamento de produção para aten- der a demanda. Realizar cada um desses planejamentos passa pela definição de recursos, ou seja, quais recursos necessários para alcançar o objetivo, que vai desde recursos humanos, recursos de materiais, recursos de equipamentos, recursos financeiros até recurso tecnológicos. Isso faz você lembrar de algo? Na Unidade 1 de nosso livro, falamos dos inputs, que representam a entrada de recursos, que deverá ser planejada. De todos esses planejamentos e outros de cada área funcio- nal das empresas uma em especial daremos mais destaque sobre o planejamento de produção, mas antes veremos os tipos de planejamento. O que é Planejamento e seus Tipos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Códi go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 133 Às vezes, qualquer plano é melhor do que nenhum plano Há uma famosa história que ilustra a importância de se ter algum tipo de plano, mesmo se a prática mostrar ser um plano errado. Durante manobras nos Alpes, um destacamento de soldados húngaros fi- cou perdido. A temperatura era severa e a neve profunda. Nessas condições de congelamento, após dias vagando, os soldados perderam a esperança e se conformaram em morrer nas montanhas congeladas. Para satisfação de todos, um dos soldados encontrou um mapa em seu bol- so. Muito animado por essa descoberta, os soldados puderam escapar das montanhas. Quando retornaram em segurança ao quartel general, desco- briram que o mapa não era dos Alpes e sim dos Pirineus. Moral da história? Um plano (ou um mapa) pode não ser perfeito, mas dá um sentido de pro- pósito e de direção. Se os soldados tivessem esperado pelo mapa correto, morreriam congelados. Porém, a confiança renovada motivou-os a ir em frente e criar oportunidades. Fonte: Slack et al. (2013, p. 39 apud WEICK, K. E., 1990). TIPOS DE PLANEJAMENTO Depois de compreender o que é planejamento, iremos, agora, estudar os tipos de planejamento que se estruturam dentro de uma empresa conforme o nível hierárquico. De acordo com Oliveira (2013), pode-se relacionar, de maneira genérica, os tipos de planejamento aos níveis de decisão numa pirâmide organizacional, conforme ilustrado na figura. PROGRAMAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E134 NÍVEL ESTRATÉGICO Decisões estratégicas Planejamento estratégico Decisões táticas Planejamento tático Decisões operacionais Planejamento operacional NÍVEL TÁTICO NÍVEL OPERACIONAL Figura 1 - Tipos de planejamento Fonte: Oliveira (2013, p. 15). Portanto, temos três tipos de planejamento quanto à sua abrangência, que são: planejamento estratégico, planejamento tático e planejamento operacional. Como ilustrado na figura, temos o planejamento estratégico que, dentro da hierarquia organizacional, está no nível estratégico em que serão tomadas as decisões estratégicas pelo alto escalão, executivos e diretores da empresa, nor- malmente, elas são decisões macros e em longo prazo. Alguns exemplos são: aquisição e fusão de empresas; construção de um novo parque fabril; busca de novos mercados; entre outros. Em Oliveira (2013), é fornecido que: O planejamento estratégico é, normalmente, de responsabilidade dos níveis mais altos da empresa e diz respeito tanto à formulação de obje- tivos quanto à seleção dos cursos de ação - estratégias - a serem segui- dos para sua consolidação, levando em conta as condições externas e internas à empresa e sua evolução esperada (OLIVEIRA, 2013, p. 17). Conhecer o ambiente externo e interno é essencial para a realização do plane- jamento estratégico e qualquer outro tipo de planejamento. O que é Planejamento e seus Tipos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 135 O planejamento tático se encontra no nível tático das empresas, onde estão os setores funcionais, como recursos humanos, financeiro, compras, comercial, produção e outros que, com base no planejamento estratégico, planejam ações normalmente em médio prazo, em cada um desses setores, para alcançar o plano maior. Segundo Oliveira (2013, p. 18), “o planejamento tático é a metodologia administrativa que tem por finalidade otimizar determinada área de resultado e não a empresa como um todo”. Por fim, o planejamento operacional está no nível operacional onde real- mente as “coisas” acontecem e que se terá a execução das atividades que foram planejadas em cada setor. Ainda em Oliveira (2012, p. 19), o planejamento operacional é a formalização, principalmente através de documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e im- plementação de resultados específicos a serem alcançados pelas áreas funcionais da empresa. Concluindo essa etapa de nossos estudos sobre os tipos de planejamento, levando em consideração que a Figura 2 ilustra os planejamentos interligados, vejamos: Planejamentos táticos Mercadológico Financeiro Recursos humanos Planejamento operacionais Planejamento estratégico Resultados esperados pelas unidades organizacionais Planejamentos operacionais Produção Organizacional Figura 2 - Planejamento Operacional Fonte: Oliveira (2013, p. 19). PROGRAMAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E136 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA PRODUÇÃO O planejamento e o controle da produção (mais conhecido como PCP) significa determinar os objetivos da produção, escolhendo os meios que serão utilizados para alcançar esses objetivos, gerenciando as atividades de produção e realizando o controle, de modo que a produção ocorra eficazmente e produza produtos e serviços adequados para atender a demanda dos consumidores. O PCP eficiente constitui um fator importante para que as empresas alcancem seus objetivos. Conforme expõe Tubino (1999, p. 68), “[...] as atividades de PCP são desenvolvidas por um departamento de apoio à produção, dentro da gerência industrial, que leva seu nome”. Exercendo essa tarefa, o PCP tem como função gerir os recursos produtivos da empresa, garantindo que a produção ocorra de maneira eficaz, produzindo os produtos de acordo com as metas estabelecidas. Para Vollmann et al. (2006, p. 28), A tarefa essencial do sistema de PCP é gerenciar com eficiência o flu- xo de material, a utilização de pessoas e equipamentos e responder às necessidades do cliente utilizando a capacidade dos fornecedores, da estrutura interna e, em alguns casos, dos clientes para atender a de- manda do cliente. Planejamento Estratégico da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 137 Dessa forma, de acordo com Tubino (1999, p. 68), “[...] o PCP está encarregado da coordenação e aplicação dos recursos produtivos, de forma a atender da melhor, maneira possível, aos planos estabelecidos em níveis estratégico, tático e opera- cional”. Nesse sentido, Vollmann et al. (2006, p. 29) expõem que “as atividades de apoio ao sistema de PCP podem ser divididas em três horizontes de tempo: longo, médio e curto prazo”. Essas atividades estão representadas na Figura 3. Departamento de marketing Previsão de vendas Planejamento estrátégico da produção Pedidos em carteira Plano de produção Planejamento-mestre da produção Plano-mestre de produção Programação da Produção - Administração dos estoques - Sequenciamento - Emissão e leberação de ordens Departamento de compras Pedido de compras Ordens de compras Ordens de fabricação Ordens de montagem Fornecedores Estoques Clientes Fabricação e montagem Av al ia çã o de d es em pe nh o Ac om pa nh am en to e c on tr ol e da p ro du çã o Figura 3 - Visão geral das atividades do PCP Fonte: Tubino (1999, p. 68). Como ilustra a figura, o PCP está ligado a muitos departamentos da empresa, dos quais são coletadas as informações. Utilizando essas informações, o PCP planeja as atividades a serem realizadas e acompanha a sua execução, para ter o devido controle dos prazos estabelecidos para cada operação. Conforme as infor- mações obtidas, realizam-se os planejamentos de curto, médio e longo prazo. PROGRAMAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E138 No que se refere ao planejamento de longo prazo, conforme citam Vollmann et al. (2006, p. 28), o sistema é responsável pelo fornecimento de informações para a toma- da de decisões sobrea quantidade apropriada de capacidade (incluindo equipamentos, prédios, fornecedores, e assim por diante) para atingir as demandas futuras do mercado. De acordo com Tubino (1999, p. 68), [...] o PCP participa da formulação do planejamento estratégico da produção, gerando um plano de produção para determinado período (longo prazo), segundo as estimativas de vendas e a disponibilidade de recursos financeiros e produtivos. Conforme Slack et al. (1997, p. 321), “no longo prazo, os gerentes de produção criam planos relativos ao que pretendem fazer, que recursos eles precisam e quais objetivos eles esperam atingir”. Nesse contexto, está a previsão macro da empresa, sem estar detalhado como será executada cada etapa, para que a empresa possa atingir os objetivos traçados. Esse detalhamento será realizado a partir do plane- jamento de médio prazo, que chamamos de plano mestre da produção e veremos esse conteúdo no próximo tópico. Planejamento Mestre da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 139 PLANEJAMENTO MESTRE DA PRODUÇÃO O plano mestre de produção (PMP) especifica quais itens serão produzidos e quanto de cada item será produzido, para atender a demanda do mercado, utili- zando os recursos disponíveis da empresa. De acordo com Vollmann et al. (2006, p. 180), “o programa mestre de produção é uma declaração de produção futura”. Para Russomano (2000, p. 180), “o Plano Mestre da Produção é a determinação antecipada do programa de produção a médio prazo dos vários produtos que a empresa produz”. O plano mestre de produção constitui, na empresa, uma liga- ção entre as necessidades do mercado e a produção a ser realizada para atender essa demanda. Para Zaccarelli (1987, p. 125), Essa orientação geral assume formas distintas conforme o tipo de ma- nufatura do produto. No tipo intermitente ela consistirá em estabelecer data para término das fases importantes de manufatura do produto. No tipo repetitivo estabelece quantas unidades serão produzidas em cada período para entrega no período ou para estoque. PROGRAMAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E140 O planejamento de médio prazo, conforme Tubino (1999, p. 69), está: No nível tático, onde são estabelecidos os planos de médio prazo para a produção, o PCP desenvolve o planejamento-mestre da produção, ob- tendo o plano mestre de produção (PMP) de produtos finais, detalhado no médio prazo, período a período, a partir do plano de produção, com base nas previsões de vendas de médio prazo ou nos pedidos em car- teira já confirmados. Conforme Russomano (2000, p. 180), “o plano mestre de produção é a determi- nação antecipada do programa de produção em médio prazo dos vários produtos que a empresa produz”. Nessa fase, devem ser verificadas as necessidades dos recursos produtivos, analisando os diferentes tipos de demanda e mix de pro- dutos que serão fabricados, com a finalidade de identificar possíveis problemas que possam ocorrer, quanto à necessidade de colaboradores, máquinas e maté- ria-prima a serem empregados na fabricação dos itens, em determinado período de tempo e, com isso, tomar as medidas, visando antecipar as situações, evitando que se possa comprometer os objetivos traçados. Conforme expõem Vollmann et al. (2006, p. 29), “[...] no médio prazo o foco está mais em prover a capacidade exata de produção e materiais para atender às necessidades do cliente”. É interessante relatar que o plano mestre de produção tem relação direta com aquilo que foi estipulado no planejamento estratégico da produção e dire- ciona a programação da produção, como é afirmado por Tubino (2009, p. 51), “o planejamento-mestre da produção faz a conexão, através da montagem do plano-mestre de produção, entre o planejamento estratégico de longo prazo e as atividades da produção”. A melhor forma de desenvolver um relacionamento estratégico em uma ca- deia produtiva consiste em operar sistemas e procedimentos operacionais em conjunto com os parceiros dessa mesma cadeia. Você concorda?! Planejamento Mestre da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 141 No planejamento de médio prazo, definir-se-ão os materiais a serem utilizados e será informado aos fornecedores em que prazo estes deverão ser entregues na empresa, para a sua transformação em produto acabado. De acordo com Vollmann et al. (2006, p. 29), “outro aspecto das atividades do médio prazo é dar aos clientes informações sobre prazos de entrega previstos, [...]”. É o prazo em que o pedido vai ser atendido e os produtos solicitados estarão à disposição do cliente, para a sua retirada. O PMP também tem características diferentes, quanto ao sistema de pro- dução. No sistema de produção JIT (Just In Time), procura-se trabalhar com maior flexibilidade no sistema produtivo, procurando ter o PMP fixo o menor possível, sendo a produção puxada, para produzir o que o mercado realmente consumirá, a fim de evitar a formação de estoques. No sistema convencional, o PMP fixo tem um horizonte de tempo maior, pois trabalha com a demanda prevista. Assim, no PMP, o sistema acaba produzindo itens para repor os esto- ques da empresa, o que poderá representar aumento nos custos e diminuição da competitividade desta empresa no mercado. Para desenvolver o PMP, a empresa tem que analisar o ambiente em que atua, para adequar as disponibilidades de materiais com a demanda dos produtos acabados, procurando o nivelamento da produção à demanda. Demanda prevista D em an da Demanda Real PMP Firme PMP Flexível Tempo Figura 4 - Dinâmica do plano mestre de produção Fonte: Tubino (1999, p. 78). PROGRAMAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E142 Conforme evidencia a Figura 4, a previsão da demanda é importante para que o PCP possa ser provido com informações de qualidade, possibilitando a uti- lização eficiente dos recursos produtivos da empresa, tanto no atendimento da demanda interna da empresa como da demanda externa. De acordo com o ambiente em que a empresa atua, a demanda pode sofrer oscilações, as quais necessitam de análise, para melhor adequação dos objetivos da empresa com as necessidades dos clientes. Conforme afirma Vollmann et al. (2006, p. 70), “um elemento chave para o módulo de gerenciamento da demanda é prover a informação para ajudar a balancear o suprimento de produtos com a demanda”. O que consiste em obter uma produção ajustada com as necessidades do mercado, evitando a geração de grandes estoques de produtos acabados. O que também deve ser planejada é a dimensão dos estoques de matéria-prima e de componentes e a reposição des- ses estoques e componentes, para que estejam a disposição no momento de sua utilização, evitando atrasos no processo produtivo, o que, em alguns casos, pro- voca desperdício no processo. De acordo com Martins e Lauggeni (2005, p. 263), “a reposição de materiais tem início com uma demanda de um cliente. O órgão de planejamento de mate- riais deve verificar se existe estoque do material e se o material deve ser comprado ou fabricado”. Dessa forma, é importante para a empresa ter uma política defi- nida para a manutenção dos estoques, os quais possuem características diferentes, conforme o ambiente em que a empresa atua, e as estratégias adotadas por ela. À medida que desce o horizonte de planejamento, o detalhamento da in- formação vai aumentando, pois, em curto prazo, quanto maior esse deta- lhamento for, mais precisa fica a quantidade produzida frente à demanda dos produtos. Programação e Controle da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go Pen al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 143 PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Após a compreensão do planejamento estratégico da produção e sua relação com o plano mestre de produção, chegou o momento, caro(a) acadêmico(a), das “coi- sas” acontecerem na produção. Realiza-se, então, a programação da produção e o seu controle. Você se lembra de que nessa mesma unidade falamos sobre os tipos de planejamento e conversamos sobre o planejamento operacional, por- tanto, é nesse nível que se encontra a programação e o controle da produção. Muitos autores trazem o termo “chão de fábrica” para nomear o local em que se é produzido os produtos. Nesse local, nós, como futuro programadores de produção, teremos alguns objetivos a serem cumpridos, iremos recorrer a Moreira (2008, p. 362) para destacar esses objetivos: a) Permitir que os produtos tenham a qualidade especificada. b) Fazer com que máquinas e pessoas operem com os níveis desejados de produtividade. c) Reduzir os estoques e os custos operacionais. d) Manter ou melhorar o nível de atendimento ao cliente. PROGRAMAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E144 Não é uma tarefa nada fácil, ainda mais que tudo isso ocorre em curto prazo, como cita Tubino (1999, p. 69), “no nível operacional são preparados os progra- mas de curto prazo de produção e realizado o acompanhamento dos mesmos”. O que, de acordo com Vollmann et al. (2006, p. 28), “no curto prazo, a progra- mação de recurso é requerida para atender as necessidades de produção”. Com base nas informações analisadas, é definido: ■ O que produzir e comprar. ■ Quando produzir e comprar. ■ Quanto produzir e comprar. ■ E quais os recursos que se deve utilizar na produção. Muitas empresas, em especial as industriais, têm o setor de PCP internamente, mas na prática exercem apenas o último P da sigla, ou seja, estão preocupadas apenas em produzir. Deixam de lado o planejamento e o controle, é produzir, porém produzir não importando se está sendo eficiente. E, para atingir seus objetivos e realizar suas atividades com eficiência, o ideal é que haja todo um planejamento da produção, como vimos nos tópicos ante- riores sobre planejamento estratégico da produção e plano mestre da produção. Esses planejamentos quando bem realizados nortearão e organizarão toda a pro- gramação da produção. Como ocorre, então, a programação da produção? Para que ela aconteça, conforme Tubino (1999, p. 52), [...] são dimensionadas e emitidas ordens de compra para os itens com- prados, ordens de fabricação para os itens fabricados internamente e ordens de montagem para as submontagens intermediárias e monta- gem final dos produtos definidos no PMP. Programação e Controle da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 145 A execução das tarefas deve ser acompanhada para mensurar se os prazos esta- belecidos estão sendo cumpridos, além de verificar a necessidade da realização de ajustes ou correção, o que, de acordo com Slack et al. (1997, p. 322), “ao fazer intervenções de curto prazo e mudança nos planos, os gerentes de produção esta- rão tentando equilibrar a qualidade, a rapidez, a confiabilidade, a flexibilidade e os custos das suas operações, [...]”. Para Vollmann et al. (2006, p. 29), Enquanto as atividades diárias são realizadas, o sistema de PCP deve acompanhar o uso de recurso e os resultados da execução para relatar o consumo de materiais, a utilização de mão-de-obra, a utilização de equipamentos, o atendimento de pedidos de clientes, e outros impor- tantes indicadores da produção. Com as programações de produção sendo executadas, começa uma nova etapa, o controle e o acompanhamento dessa produção. O acompanhamento da execução do planejamento da produção permite gerenciar, de forma eficaz, o programa de produção e identificar os problemas que possam ocorrer, para que medidas efetivas sejam tomadas no menor tempo possível e, com isso, minimizar o reflexo que os fatos adversos possam causar no cumprimento do programa de produção. As mudanças que forem implemen- tadas, no decorrer da execução da programação de produção pelo PCP, devem ser informadas aos gerentes, aos clientes e aos fornecedores, para que todos os envolvidos tenham ciência das decisões tomadas e quais soluções corretivas foram realizadas, visando o cumprimento das metas estabelecidas. Sobre o controle de produção, o apoio de um sistema de informação é muito bem-vindo, desde que inserido corretamente as informações e no tempo que as informações são geradas. Como é reforçado por Moreira (2002, p. 362): Controlar a produção significa assegurar que as ordens de produção serão cumpridas da forma certa e na data certa. Para tanto, é preciso dispor de um sistema de informações que relate periodicamente sobre: material em processo acumulado nos diversos centros, o estado atual de cada ordem de produção, as quantidades produzidas de cada produ- to, como está a utilização dos equipamentos etc. PROGRAMAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E146 O que se pode constatar é que, para realizar o planejamento da produção e definir os objetivos, o PCP trabalha com informações vindas de vários depar- tamentos da empresa. Da área de marketing ou do departamento comercial são fornecidas as previsões de vendas, com base na demanda existente e nos pedidos firmes. A engenharia fornece os roteiros de fabricação, as listas com os desenhos e os materiais utilizados na fabricação do produto. O departamento de compras informa a entrada dos materiais que estão disponíveis para serem utilizados e o departamento de suprimentos informa a saída desses materiais e quais estão disponíveis em estoque. A área de recursos humanos especifica os treinamen- tos a serem realizados e a disponibilidade da mão de obra. O departamento de manutenção informa a previsão de manutenção que será realizada nos equipa- mentos. De acordo com Martins e Lauggeni (2005, p. 137), O PCP também é um sistema de transformação de informações, pois recebe informações sobre estoques existentes, vendas previstas, linhas de produtos, modo de produzir, capacidade produtiva. O PCP tem com incumbência transformar essas informações em ordens de fabricação. Com base nas informações recebidas de cada departamento, o PCP realiza o pla- nejamento da produção da empresa, quanto produzir de cada produto, quando produzir e em que ordem os produtos devem ser produzidos, bem como quais os recursos necessários para fabricação dos produtos. Para finalizarmos esse tópico e, consequentemente, essa unidade do nosso livro, apresentarei a seguir um estudo de caso breve, relatando como um planejamento realizado com excelência tem sincronia total com a programação da produção. Programação e Controle da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 147 JOHNSON CONTROLS Todos os dias eles fazem tudo sempre igual. Às dez para sete da manhã, come- ça o turno de trabalho na Ford, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Simultaneamente, a 11 quilômetros dali, inicia-se também a jornada na John- son Controls, fornecedora exclusiva de bancos para os carros da montadora. Daí em diante, a vida das duas empresas é totalmente sincronizada, inclusive o horário do almoço. A semelhança na programação dos relógios de ponto tem uma explicação. [...] A pontualidade é o ponto forte da parceria. Da linha de produção da Johson até a fábrica da Ford, o conjunto de bancos - os dois dianteiros e o traseiro - pode demorar, no máximo, 120 minutos. Tudo é minuciosamente cronometrado. Via computador, a Fordavisa quais modelos começaram a ser produzidos em sua linha de montagem. Na fábrica da Johnson, que fornece bancos para os modelos Fiesta, Ka e Pampa, inicia-se a corrida contra o relógio. São 30 minutos para fabricar um lote de 48 bancos, mais 10 minutos para transportá-lo até o sistema de embarque no caminhão, na sequência correta: o primeiro banco produzido deve entrar por último na carroceria, pois chegará na ordem em que será montado no automóvel. Gas- tam-se outros 10 minutos para carregar o caminhão e emitir a nota fiscal. A viagem entre as duas fábricas é feita em 30 minutos. Da portaria da Ford, onde a nota fiscal é verificada, até o ponto de desembarque, são mais 20 minutos. Os últimos 20 são gastos com a descarga e a chegada do lote no ponto exato da montagem dos bancos na linha de produção. Toda essa operação é repeti- da cerca de 20 vezes ao dia, com o total de 850 conjuntos. Fonte: Martins e Laugeni (2015, p. 245). PROGRAMAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E148 CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio da análise do que abrange o PCP, seus objetivos, características, benefí- cios, custos e necessidades, pode-se observar que ele é identificado como elemento central e principal na estrutura administrativa de um sistema de produção. Para lidar com as crescentes exigências dos consumidores que, por sua vez, buscam melhores prazos de entrega, maior qualidade dos produtos e serviços, além de mais variedade, o PCP se torna essencial. Justifica-se, assim, a importância de procurar maior eficiência nos sistemas de programação, planejamento e controle da produção. Todas as considera- ções acerca das vantagens e desvantagens da utilização conjunta, ou não, de alguns sistemas de PCP devem ser consideradas. O mais importante, contudo, é a adequação desses sistemas, com fatores, como: a estrutura organizacional da empresa, a estratégia adotada pela empresa para conquistar o mercado a que ela pertence, os fatores infraestruturais e as características dos produtos produ- zidos pela empresa. A escolha de um determinado sistema de produção não garante, por si só, o sucesso competitivo de uma organização, entretanto, é condição necessária para se garantir esse sucesso. É necessário, então, que se conheçam todas as implica- ções estratégicas das decisões referentes ao tipo de sistema de produção e o seu modo de operação. Caro(a) acadêmico(a), quero te convidar a dar uma atenção especial a nossa leitura complementar, pois, nela, traz-se uma metodologia para a implantação do setor de PCP nas pequenas empresas. Espero vê-lo(a) em nossa próxima unidade. Um forte abraço. 149 1. Nos últimos anos, essa consciência acabou se cristalizando em um movimento que realça uma atividade vital dentro das organizações industriais: o planeja- mento racional das atividades de manufatura tendo em vista usá-la como uma arma competitiva. (MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013). Estudamos, no início dessa unidade, alguns conceitos sobre planejamento e percebemos que o planejamento faz parte do nosso cotidiano. Sobre o plane- jamento é correto afirmar que: a) O planejamento é uma formalização de todo o controle dentro de uma or- ganização. b) O planejamento é uma formalização da execução que ocorre na operação da organização. c) O planejamento é uma formalização daquilo que se pretende acontecer em determinado momento no futuro. d) O planejamento é realizado apenas para planejamento tático e operacional. e) O planejamento é realizado apenas por diretores que formalizarão ações que devem ser seguidas nos demais setores da organização. 2. Como departamento de apoio, o PCP é responsável pela coordenação e apli- cação dos recursos produtivos de forma a atender da melhor maneira possível aos planos estabelecidos nos níveis estratégico, tático e operacional. (TUBINO, D. F. Planejamento e controle da produção: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2009). Com base no assunto, planejamento e controle da produção, leia as afirmativas dispostas a seguir: I. No nível operacional, preparam-se os programas de curto prazo de produ- ção e é realizado o acompanhamento desses programas. A programação da produção estabelece, no curto prazo, quanto e quando comprar, para se fabricar cada item necessário à composição dos produtos finais. II. A capacidade de produção é o fator físico que restringe o processo produti- vo e que pode ser incrementada ou reduzida, desde que planejada a tempo, pela adição de recursos financeiros. 150 III. Os sistemas de produção convencionais buscam, continuamente, o aumento de flexibilidade, seja pela forma estrutural de distribuição dos recursos em uni- dades de negócios focalizadas, seja pela diminuição dos lotes de produção. IV. Puxar a produção significa elaborar, periodicamente, um programa de pro- dução completo, com ordens de montagem, fabricação e compras, e trans- miti-lo aos setores responsáveis, para que iniciem suas funções. Com base nas afirmações supracitadas, escolha a alternativa correta: a) Somente as afirmativas I e II estão corretas. b) Somente a afirmativa III está incorreta. c) Somente as afirmativas III e IV estão corretas. d) Somente a afirmativa I está correta. e) Todas as afirmativas estão corretas. 3. As atividades do PCP são exercidas nos três níveis hierárquicos de planejamen- to e controle das atividades produtivas de um sistema de produção. (TUBINO, D. F. Planejamento e controle da produção: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2009). O fragmento citado expõe os três níveis hierárquicos de um sistema de pro- dução, sobre esses três níveis, associe as duas colunas, relacionando os níveis hierárquicos de planejamento e controle das atividades produtivas com suas respectivas características. Níveis hierárquicos de planejamento e controle das atividades produtivas: (1) Plano estratégico de produção. (2) Plano mestre de produção. (3) Programação da produção. Características )( Sistema empurrado ou sistema puxado. )( Flexibilidade total. )( Detalhamento do plano estratégico de produção. )( Ordens de compra, fabricação e de montagem. 151 )( Sequenciamento do processo produtivo. )( Emissão e liberação de ordens de produção. )( Coordenação dos recursos produtivos. )( Especificação dos itens finais para famílias de produtos. )( Administração de estoque. )( Flexibilidade de volume e mix. )( Ausência de flexibilidade no planejamento. )( Previsão de vendas, plano de produção etc. )( Pedidos em carteira. A sequência correta desta associação é: a) 3, 1, 1, 3, 3, 3, 1, 2, 3, 2, 3, 1 e 2. b) 3, 1, 2, 3, 3, 3, 2, 2, 3, 2, 3, 1 e 2. c) 3, 2, 1, 3, 3, 3, 1, 2, 3, 2, 3, 1 e 2. d) 3, 2, 1, 3, 3, 2, 1, 2, 3, 2, 3, 1 e 2. e) 3, 2, 1, 3, 3, 3, 2, 2, 3, 2, 3, 1 e 2. 4. Ao desenvolver as suas funções, o PCP mantém uma rede de relações com as demais áreas da empresa. As inter-relações entre o PCP e as demais áreas da empresa se devem ao fato de que o PCP procura utilizar, racionalmente, os re- cursos empresariais, sendo eles materiais, humanos, financeiros etc. (CHIAVENATO, I. Administração de produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005). O fragmento traz que o PCP - planejamento e controle da produção se rela- ciona com informações de várias áreas da empresa. Sobre essas informações pertinentes ao PCP, analise as afirmações a seguir: I. Vendas previstas. II. Linhas de produtos. III. Modo de produzir. IV. Capacidade produtiva. V. Informações sobre estoques existentes. 152 Assinale a afirmativa que apresenta as afirmativas corretas: a) Somente as afirmativas I e II estão corretas. b) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. c) Somente as afirmativas I, II, III e IV estão corretas. d) Somente as afirmativas II, III, IV e V estão corretas. e) Todas as afirmativasestão corretas. 5. Considere a figura a seguir: Planejamento-mestre da produção Não Sim Longo prazo Médio prazo Curto prazo Programação da produção Plano de produção PMP inicial PMP �nal Viável Figura 5 - Visão geral do planejamento mestre da produção - PMP Fonte: Tubino (2009). A figura ilustra uma visão geral do planejamento mestre da produção, o PMP. Pautando-se nos estudos sobre o PMP e nas informações apresentadas na fi- gura, relate como é a relação do plano mestre de produção com o plano estra- tégico de produção e a programação da produção. 153 6. Para produzir com eficiência e eficácia, torna-se necessário escolher e definir um sistema de produção que seja o mais adequado ao produto/serviço que se pretende produzir. Isso significa buscar os meios mais adequados para produzir determinado produto ou operar determinado serviço. É o que se chama de ra- cionalidade: buscar os meios apropriados para alcançar determinados objetivos. (CHIAVENATO, I. Administração de produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005). Para se buscar os meios mais adequados e apropriados para alcançar os ob- jetivos da produção, é necessário conhecer seus modelos, sistemas e plane- jamentos. Sobre esses assuntos, avalie as afirmações a seguir como (V) para verdadeiras e (F) para falsas: )( No sistema JIT de produção, a parte firme do PCP precisa ser emitida com uma antecedência muito grande, para suportar os altos lead times, fazendo com que a demanda usada para compor o PCP tenha forte influência da par- te prevista. )( Pode-se dizer que, na medida em que o tempo de preparação se aproxima de zero, a situação ideal de lotes de uma unidade pode ser atingida. )( Relata-se que o plano de produção, em médio prazo, ostenta uma flexibilida- de de volume e mix de produto. )( No nível estratégico, preparam-se as programações da produção, adminis- trando estoques, sequenciando, emitindo e liberando as ordens de compra, fabricação e montagem, bem como executar o acompanhamento e o con- trole da produção. )( Todo sistema de produção busca nivelar sua produção com a demanda de forma a acionar seus recursos apenas na medida em que os clientes forem solicitando os produtos. )( Se o plano de produção providenciou os recursos necessários e o PCP equa- cionou os gargalos, não deverá ocorrer problemas na execução do programa de produção sequenciado. )( O sistema de produção convencional apresenta soluções particulares para resolver os problemas de coordenação entre os vários pontos do processo produtivo, tais como: planejamento dos recursos produtivos, busca do tem- po de ciclo, dinâmica no acionamento do sistema de produção etc. )( O PMP tem como função desmembrar o plano tático de médio prazo em pla- nos específicos de produtos acabados, no sentido de direcionar as etapas da programação da produção. 154 )( O sistema de puxar a produção fornece, de uma forma simples, em curto pra- zo, flexibilidade de mix ao processo produtivo, pois os recursos somente se- rão acionados na medida em que a demanda por itens realmente se efetivar. )( Com o passar do tempo e com uma definição melhor da demanda, a dinâmi- ca do planejamento mestre da produção faz com que o PMP firme assuma compromissos e se transforme em PMP flexível. 155 Caro(a) acadêmico(a), nesta leitura complementar, separamos um trecho do artigo de José Roberto de Barros Filho e Dalvio Ferrari Tubino, nesse artigo, com o título “O plane- jamento e controle da produção nas pequenas empresas - uma metodologia de implan- tação” é fornecido uma sequência para a implementação das melhoras práticas em PCP. Esta é uma ótima leitura e quem sabe ela seja um incentivo inicial para você implantar o setor de PCP em sua empresa. Metodologia para implantação do PCP em pequenas empresas Planejar e controlar as atividades de uma empresa que produz produtos padronizados para estoque é bastante diferente de planejar e controlar produtos sob encomenda. Da mesma forma, o tipo de processo produtivo define a complexidade do planejamento e controle das atividades. De uma forma geral, as atividades de planejamento e controle da produção são simplificadas à medida que se reduz a variedade de produtos concor- rentes por uma mesma gama de recursos. Finalmente, o fato do produto ser um bem ou um serviço também tem seu reflexo na complexidade do sistema de planejamento e controle da produção. Embora óbvias estas afirmações as vezes não são de conhecimento de toda a empresa. O aprendizado do que é a atividade de PCP, quais suas características e impactos na fábrica, é de fundamental importância para qualquer empresa, principalmente, quando esta é pequena e não possui pessoal dedicado para esta atividade. No recente trabalho de Corrêa, Gianesi e Caon (Corrêa et al. 1997), o aspecto implan- tação do sistema de PCP foi abordado, porém o foco do trabalho foi a implantação de sistemas MRP II, para empresas já com uma estrutura considerável. O trabalho aqui proposto busca focar a implantação do PCP em pequenas e médias empresas (que, normalmente, não tem nada ou muito pouco), partindo desde a defini- ção da equipe responsável pelo PCP, até a implantação de um sistema, seja ele baseado na lógica do MRP II, JIT, ou ainda na Teoria das Restrições de Goldratt. A idéia consiste em estruturar as atividades do PCP através do aprendizado da empresa, seguindo uma metodologia de implantação das rotinas de PCP. As metodologias propõem dez etapas básicas para a implementação, são elas: 1. Definição da equipe responsável pelo “Projeto PCP”. 2. Sensibilização na empresa sobre a importância do PCP. 3. Nivelamento do conhecimento na empresa em PCP. 4. Caracterização do tipo de sistema produtivo da empresa. 5. Análise das características básicas e das especiais do sistema produtivo. 6. Análise do sistema atual. 7. Sistematização e simplificação do sistema produtivo atual. 156 8. Definição e especificação dos requisitos para um sistema de PCP. 9. Seleção ou desenvolvimento do sistema. 10. Implementação do sistema. Os três primeiros passos são os passos básicos para qualquer implementação de ino- vação, é o início de tudo, a organização. Nesta fase, após a definição da equipe respon- sável, busca-se o apoio de toda a empresa (sensibilização), pois o PCP, praticamente, envolve toda a organização. Após isto, parte-se para o treinamento das pessoas, a fim de se obter o nivelamento do conhecimento em torno do assunto PCP. Os quatro passos seguintes são ligados ao aprendizado e treinamento. A ideia é que a empresa aprenda com suas características, com seu tipo de produto e com seu tipo de processo, para poder escolher quais as prática que se encaixam melhor em suas carac- terísticas. Aqui ela vai escolher se vai usar o MRP I, o MRP II, o JIT, ou ainda compor as técnicas. Os passos seguintes são os de melhoria do sistema atual, onde são buscadas as simplificações na produção. Mudanças de layout, formação de células, treinamento da mão-de-obra, terceirização da fabricação de componentes etc. podem ser algumas das alternativas viáveis de serem implantadas. Uma vez conhecido por completo o sistema produtivo, suas características e as neces- sidades da empresa em termos de informação, aí sim pode-se especificar ou definir um sistema de PCP. São os três passos finais da metodologia. Pode-se optar por uma evolu- ção gradual, começando-se com um sistema de MRP I, desenvolvido em planilhas ele- trônicas, e ir-se aprimorando com o passar do tempo. Estes três passos finais compõem um ciclo de melhoria contínua das atividades do PCP, pois, com o passar do tempo, no- vas necessidades aparecerão e um novo desenvolvimento se fará necessário, além de uma nova implantação. Um cuidado especial foi tomado no desenvolvimento desta metodologia, que foi o de não se amarrar a nenhum pacote computacional específico ou prática de PCP, tipo MRP ou JIT. É dada a liberdade para a empresa aprendercom o assunto e escolher o que é melhor para ela através de um processo de evolução e melhoria contínua. Fonte: Barros Filho, J. R. e Tubino [s. d.]. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR A Meta - um processo de melhoria contínua Eliyahu M. Goldratt Editora: Nobel Sinopse: escrita em forma de romance, esta obra trata dos princípios de funcionamento de uma indústria, questionando o porquê de ela funcionar de determinada forma e como seria possível solucionar os problemas de empresas que estão com atrasos na produção e baixa receita. Com resultados alcançados na prática, o processo de melhoria contínua desenvolvido por Goldratt pode ser aplicado em outras organizações, como bancos, hospitais, seguradoras, e até no ambiente familiar. Planejamento e Controle da Produção: Teoria e Prática Dalvio Ferrari Tubino Editora: Atlas Sinopse: como é comum dentro da administração, a função de planejamento, a programação e o controle da Produção (PCP) apresentou uma dinâmica forte de renovação, em que muitos conceitos incipientes na década de 80 se consolidaram, alguns promissores sumiram por deficiência em sua prática e outros tantos novos surgiram e precisam ser equacionados dentro de um modelo consistente de PCP. Este livro apresenta um modelo de PCP com as funções de planejamento estratégico da produção (longo prazo), planejamento-mestre da produção (médio prazo) e programação e acompanhamento da produção (curto prazo) revistas e atualizadas. Além disso, com a experiência de duas décadas, praticando e pesquisando as técnicas do Sistema Toyota de Produção, neste livro, é dado um passo forte no sentido de unir os atuais conceitos de Manufatura Enxuta (lean) com os de PCP. Outro ponto inovador nesta obra é a introdução de jogos computacionais como ferramenta de apoio didático para o ensino das funções do PCP, de forma que, praticamente, todos os conceitos de PCP aqui apresentados, e seus exemplos ilustrativos, podem ser praticados dentro de uma série de jogos (LSSP_PCP) desenvolvida em banco de dados Access com programação em Visual Basic. MATERIAL COMPLEMENTAR A Meta - The Goal Movie Ano: 1988 Sinopse: baseado no best-seller de Eli Goldratt, conta a inspiradora história que explica com exemplos do dia a dia e conceitos que impulsionam o desempenho para maior produtividade. Essa unidade foi produtiva no sentido de trazer uma visão geral de como é estruturado o PCP - Planejamento e controle da produção. Convido você a acessar o material complementar e aprender sobre os cuidados para integrar todos os setores ao PCP. Web:http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/planejamento-e-controle- devem-integrar-todos- os-setores,86ac438af1c92410VgnVCM100000b272010aR CRD. Estudamos, nesta unidade, que uma das atribuições principais do PCP é fazer com que aquilo que foi planejado seja executado. A seguir trago o link de um vídeo breve que ilustra esse planejamento e sua execução. Web: https://www.youtube.com/watch?v=KcW4mDcKVV0. REFERÊNCIAS BARROS FILHO, J. R.; TUBINO, D. F. IETEC. Instituto de Educação Tecnológica. O pla- nejamento e controle da produção nas pequenas empresas - uma metodologia de implantação. Belo Horizonte: IETEC. Artigo. [S. d.]. 8 p. Disponível em: < http://www. techoje.com.br/bolttools_techoje/files/arquivos/Planejamentoecontroledaprodu- caonaspequenasempresas.pdf>. Acesso em: 01 mar. 2019. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. 2. ed. São Paulo: Cenga- ge Learning, 2013. OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 31. ed. São Paulo: Atlas, 2013. PENOF, D. G.; MELO, E. C. Gestão de produção e logística. São Paulo: Saraiva, 2013. RUSSOMANO, V. H. Programação e controle da produção. 6. ed. São Paulo: Pionei- ra, 2000. SLACK, N. et al. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 1997. SLACK, N.; BRANDON-JONES, A.; JOHNSTON, R. Princípios de administração da produção. São Paulo: Atlas, 2013. SLACK et al. In: WEICK, K. E. Cartographic myths in organizations. In: HUFF, A. (Org.). Managing strategic thought. Londres: Wiley, 1990. TUBINO, D. F. Sistema de Produção: a produtividade no chão de fábrica. Porto Ale- gre: Bookman, 1999. TUBINO, D. F. Planejamento e controle da produção: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2009. VOLLMANN, T. E.; WHYBARK D. C.; JACOS, F. R.; BERRY, W. L. Sistemas de Planeja- mento e controle da produção para gerenciamento da cadeia de suprimentos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. ZACCARELLI, S. B. Programação e controle da produção. 8. ed. São Paulo: Pioneira, 1987. 159 GABARITOGABARITO 1. C. 2. A. 3. B. 4. E. 5. A figura da visão geral do planejamento mestre da produção permite ilustrar a relação entre o planejamento estratégico da produção e a programação da pro- dução. Pois o PMP utiliza o que foi definido no planejamento estratégico da pro- dução para realizar o desmembramento em planos médio, com isso a empresa consegue definir a necessidade de colaboradores, máquinas e matérias primas a serem empregadas na fabricação de itens, podendo se tornar viável ou não o plano mestre de produção. Sendo viável, todas as informações definidas no PMP são direcionadas para a etapa de programação da produção, para orientar na execução das atividades operacionais da empresa em curto prazo. 6. F, V, V, F, F, V, F, F, V e F. U N ID A D E IV Professor Me. Reginaldo Aparecido Carneiro Professor Esp. Leonardo Silva Paião GESTÃO DE ESTOQUE, INSTALAÇÕES, LAYOUT E LEAD TIME PRODUTIVO Objetivos de Aprendizagem ■ Descrever os conceitos introdutórios sobre a gestão de estoque e sua importância e relação com a administração da produção. ■ Compreender o impacto das instalações produtivas na administração da produção. ■ Apresentar os principais layouts dentro do processo produtivo. ■ Demonstrar a composição do lead time e suas vantagens. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Gestão de estoque: conceitos introdutórios ■ Instalações produtivas ■ Layout no processo produtivo ■ Lead time produtivo INTRODUÇÃO Prezado(a) acadêmico(a), espero que esteja proveitoso todo esse conhecimento que estamos contruindo juntos. Iniciamos, então, agora, a quarta unidade, titu- lada como Gestão de estoque, Instalações, Layout e Lead time produtivo. A proposta de se colocar uma introdução de gestão de estoque é para que em você, futuro administrador da produção, desperte a preocupação de manter e controlar o estoque corretamente, pois esse estoque terá consequências sobre as instalações produtivas. Veremos as finalidades do estoque, os seus principais tipos e os princípios básicos para o controle de estoque. Reservamos um espaço, nesta unidade, para falarmos sobre as instalações pro- dutivas, que é uma decisão importante e estratégica para qualquer organização, estudaremos as influências que podem ocorrer para que essa decisão seja tomada. Outro assunto fundamental dentro das organizações é o layout, a definição da utilização do layout pode tornar a empresa mais produtiva ou menos produ- tiva, que são adaptações cujo administrador pode realizar e fazer toda a diferença, portanto, estudaremos os principais layouts produtivos. Esse conhecimento per- mitirá você compreender como se dá o arranjo físico em uma linha de produção. Por fim, no último tópico desta unidade, falaremos sobre o lead time pro- dutivo, ou tempo de atravessamento, que é todo tempo gasto para transformar matérias-primas em produtos acabados. Será abordado como é composto o lead time por tempo de espera, processamento, inspeção e transporte. Esta unidade trará a você, acadêmico(a), novas competências no que se refere a esse ambiente produtivo, para conseguir encontrar soluções em situações que ocorrem nesse universo cheio de desafiosda administração da produção. Aproveite ao máximo a nossa próxima unidade! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 163 GESTÃO DE ESTOQUE, INSTALAÇÕES, LAYOUT E LEAD TIME PRODUTIVO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E164 GESTÃO DE ESTOQUE: CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Iniciaremos, juntos, mais um tópico nessa nossa jornada, chegou o momento de conversarmos sobre a gestão de estoque. Aqui, a proposta é apresentar de forma breve a importância de se gerir os estoques de maneira eficiente e eficaz e sua relação com a administração da produção. Você se recorda que, na unidade anterior, conversamos sobre os planeja- mentos de produção, agora, imagine um planejamento de produção que o gestor não tenha em mãos a informação dos seus estoques. Caro(a) acadêmico(a), é até difícil de imaginar, concorda? O planejamento da produção, praticamente, não ocorre, ou tem que se parar tudo para ir até o físico onde estão as matérias- -primas, produtos em processo ou produto acabado para contar o estoque, isso tudo porque não se confia nos dados que estão nos sistemas de informação ou não se tem o controle correto, ou seja, se falta controle, falta gestão. Falamos da falta de controle de estoque no planejamento da produção e quando já programamos a produção, tendo emitido as ordens de produção ou montagem e por falta de estoque não é possível prosseguir o processo produ- tivo, a produção fica literalmente parada. As consequências negativas para a falta de controle de estoque são grandes. Muito estoque excessivo, porém, também Gestão de Estoque: Conceitos Introdutórios Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 165 traz transtornos para a empresa, como um volume de capital alto investido no estoque. A palavra aqui é ter um bom nivelamento do estoque, ter um estoque adequado para suprir as necessidades e um controle efetivo para se realizar os planejamentos. Vejamos alguns conceitos de estoque, para Chiavenato (2005, p. 135): Uma vez comprados, os materiais passam a fazer parte dos estoques da empresa. Estoque é a composição dos materiais que não são utilizados em determinado momento, mas que existem em função de futuras ne- cessidades. Estocar significa guardar algo para utilização futura (CHIA- VENATO, 2005, p. 135). Outro autor, Slack et al. (2013, p.188), nos fornece que: Estoque é aqui definido como a acumulação armazenada de recursos materiais em um sistema de transformação. [...] Geralmente, o termo refere-se apenas a recursos transformados. Assim, uma empresa de manufatura manterá estoques de materiais, um escritório de assesso- ria tributária manterá estoque de informações e um parque temático manterá estoques de clientes. Observe que, quando seus clientes es- tão sendo processados, normalmente nos referimos a esses “estoques” como “filas”. Percebe-se que os estoques são necessários, em uma empresa fabril, esses esto- ques, quando chegam, são armazenados e centralizados em um almoxarifado ou em centro de distribuição, e ficam aguardando a solicitação da produção até que sejam consumidos ou transformados em outros produtos, que gerará novos estoques. Temos também as empresas que adotam o sistema de produção just in time, você se lembra desse sistema de produção que estudamos na Unidade 2 de nosso livro? Ele tem como premissa o mínimo de estoque. Sendo assim, o estoque, ao chegar, já é enviado diretamente para a linha de produção realizar o seu processamento, reduzindo a quase zero essa espera do material em estoque. Para um bom gerenciamento do estoque, o administrador da produção pre- cisa compreender a finalidade do estoque e para isso recorreremos a Chiavenato (2005, p. 136). Essas finalidades do estoque serão apresentadas no Quadro 1. GESTÃO DE ESTOQUE, INSTALAÇÕES, LAYOUT E LEAD TIME PRODUTIVO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E166 Quadro 1 - Finalidades do estoque 1. GARANTIR A OPERAÇÃO, NEUTRALIZANDO OS EFEITOS DE: 2. PROPORCIONAR ECONOMIAS DE ESCALA: Demora ou atraso no fornecimento. Por meio da compra ou produção de lotes econômicos. Sazonalidade no suprimento. Pela flexibilidade no processo produtivo. Riscos de dificuldade no fornecimento. Fonte: adaptado de Chiavenato (2005, p. 136). O estoque busca, então, garantir a operação e proporcionar ganhos de escala. E, para garantir a operação, além de ter o necessário de estoque de produto acabado e matéria-prima, temos outros tipos de estoque, vejamos alguns deles: ■ Estoque de matérias-primas. ■ Estoque de materiais em processo. ■ Estoque de materiais semi-acabados. ■ Estoque de produtos acabados. O estoque de matérias-primas são todos os materiais utilizados diretamente na fabricação de outro produto e não sofreu nenhuma transformação. É um tipo de estoque que é comprado por fornecedores, ele se faz necessário para cobrir even- tuais problemas de fornecimento do fornecedor. O nivelamento desse estoque é fundamental para um equilíbrio de toda operação da empresa, tanto quanto ao capital investido, como o tempo de estoque parado ou a falta dele. Alguns cri- térios devem ser observados nesse nivelamento do estoque, como tempo para fornecimento e frequência do seu consumo da produção. O estoque de materiais em processo são todos os materiais que estão sendo transformados durante o processo produtivo. Eles são conhecidos também como WIP - Work in Progress, na indústria, em cada fase produtiva, ter-se á o esto- que de materiais em processo, imagine uma indústria de camisas e suas fases produtivas, como: corte, bordado, costura, acabamento, em todas essas fases se terá o estoque em processo, assim sendo, teremos o estoque da camisa cortando em processo, o estoque da camisa bordando em processo, o estoque da camisa, Gestão de Estoque: Conceitos Introdutórios Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 167 costurando em processo e o estoque da camisa acabando em processo. Esse esto- que em processo será distribuído durante todo o ciclo produtivo do produto. O estoque de materiais semiacabados são todos os materiais que ficam espe- rando, em determinada fase de produção, para serem utilizados ao longo do processo produtivo. Eles são materiais, parcialmente, acabados, mas que faltam alguns materiais para finalizar o seu processo produtivo. Voltando ao nosso exem- plo da indústria de camisas, nós vimos que a camisa que está costurando é um WIP, logo após que é finalizada a costura, a camisa se torna um produto semia- cabado, pois ela não está em processo e também não está acabada, pois falta a fase de acabamento, durante esse estágio da produção, temos a camisa com um produto semiacabado. E o estoque de produtos acabados, que é o produto no fim do ciclo produ- tivo, isto é, o produto pronto que foi produzido pela empresa. Normalmente, esse produto tem como finalidade atender ao desejo ou à necessidade do cliente. Para finalizarmos essa introdução sobre a gestão de estoque, traremos alguns princípios básicos para o controle de estoque, segundo Silva e Venanzi (2013), veja o Quadro 2. Quadro 2 - Princípios básicos para o controle de estoques Determinar “o que” deve permanecer em estoque (número de itens). Determinar “quando” se devem reabastecer os estoques (periodicidade). Determinar “quanto” de estoque será necessário para um período predetermina- do (quantidade de compra). Acionar o departamento de compras para executar aquisição de estoque (comprar). Receber, armazenar e atender os materiais estocados de acordo com as necessidades. Controlar os estoque em termos de quantidade e valor e fornecer informaçõessobre a posição do estoque. Manter inventários periódicos para cada avaliação das quantidades e estados dos materiais estocados. Identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados (periodicamente, verificar essas informações no sistema). Fonte: adaptado de Silva e Venanzi (2013, p. 88). GESTÃO DE ESTOQUE, INSTALAÇÕES, LAYOUT E LEAD TIME PRODUTIVO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E168 Com esses princípios básicos, nós finalizamos mais um tópico, o qual apren- demos que a importância de se gerir corretamente o estoque afeta diretamente toda a gestão produtiva. Ter um bom controle produtivo começa com um bom controle de estoque. Quem define um problema, já o resolveu pela metade. Concorda?! (Julian Huxley) INSTALAÇÕES PRODUTIVAS As instalações produtivas den- tro de uma organização devem ser tratadas como estratégicas. As instalações produtivas sig- nificam onde serão realizadas as operações fabris da empresa, ou seja, onde serão fabricados os produtos. Quando se planeja expandir uma instalação produtiva, deve ser levado em consideração a capacidade máxima de produção, uma análise da demanda atual e futura, se a empresa necessita de algum recurso natural e se há mão de obra qua- lificada e onde se instalará a nova unidade produtiva. Instalações Produtivas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 169 Sobre alguns fatores determinantes nas decisões de localização, temos o apre- sentado por Moreira (2013, p. 160): A rigor, existe uma lista muito grande de fatores que podem, de uma forma ou de outra, influenciar nas decisões sobre localização. Nem to- dos são igualmente importantes em quaisquer circunstâncias porque, como já dissemos, a localização é um problema específico para cada companhia. Assim, por exemplo, as atividades industriais são, de modo geral, fortemente orientadas para o local onde estão os recursos: maté- rias-primas, água, energia e mão-de-obra. Na tomada de decisão quanto às instalações devem ser levados em considera- ção os itens de recursos necessários à operação da organização, isso pode fazer toda diferença logística. Muitas empresas fazem parcerias com municípios ou estados para, assim, levarem suas instalações produtivas, e isso traz benefícios para ambos os lados. Portanto, quem acaba sendo beneficiado também é toda a comuni- dade onde está inserida essa nova instalação, gerando renda, empregos e movimentando a economia local. Outro ponto que acaba influenciando a decisão das instalações produtivas são facilidades oferecidas por municípios ou estados para a instalação em determi- nada região, vejamos em Martins e Laugeni (2015, p. 39): De grande relevância, ainda, são as facilidades oferecidas; por exemplo, isenção de taxas e impostos e a oferta de serviços específicos existentes, como água tratada, estação coletiva para tratamento de esgotos industriais, energia elétrica, linhas digitais para telecomunicação, escolas técnicas especializadas, hospitais entre outros. Além desses, qualidade de vida, aspectos culturais da região, clima, proximidade de empresas do mesmo tipo, custo do terreno e da construção, regulamentos ambientais e modo de vida da comunidade também são fatores importantes. Percebe-se que são vários fatores que podem influenciar na decisão das ins- talações produtivas e tudo isso acaba convergindo para o lado estratégico da organização, pois essa decisão produtiva afetará toda organização e seu futuro. GESTÃO DE ESTOQUE, INSTALAÇÕES, LAYOUT E LEAD TIME PRODUTIVO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E170 LAYOUT NO PROCESSO PRODUTIVO A definição do layout de uma empresa é um ponto relevante para se alcançar os objetivos traçados, devendo-se levar em consideração diversos fatores que influenciarão diretamente na eficiência do processo produtivo, visando a maxi- mização no uso dos recursos durante o processo de transformação, como expõe Monks (1987, p. 86): A capacidade de projeto de uma instalação é a média programada de produção de produtos padronizados em condições operacionais nor- mais. Ela provém de um conhecimento da demanda do consumidor e de uma política para atender essa demanda. As firmas não planejam para satisfazer toda a demanda. Layout no Processo Produtivo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 171 Como afirmam Martins e Lauggeni (2005, p. 137), “na elaboração do layout, algu- mas considerações práticas devem ser feitas inicialmente, por exemplo, planejar o todo e depois as partes e planejar o ideal e depois o prático”. Nesse sentido, argumenta Harding (1989, p. 75) que “é necessário dividir a fábrica em departa- mentos e, em segundo lugar, aqueles departamentos devem receber tratamento individual no arranjo do posicionamento dos equipamentos”. Desta forma, pro- cura-se ter uma visão global de como será a empresa e onde cada departamento estará alocado, conforme a necessidade de espaço demandada para cada um des- tes, como argumenta Mayer (1992, p. 92): Torna-se necessário, portanto, antes de serem planejadas essas seções, que o analista decida primeiramente onde deverão ser alocados os departa- mentos. Isso não poderá ser feito, entretanto, antes que ele tenha realizado uma estimativa do espaço que será necessário para cada um deles. A decisão do layout a ser adotado, conforme argumenta Monks (1987, p. 89): [...] é em grande parte determinada pelo: tipo de produto (isto é, se é um bem ou serviço, desenho do produto, padrões de qualidade), tipo de processo de produção (isto é, tecnologia, tipos de materiais ou ser- viços) e volume de produção (isto é, contínua de grande volume ou intermitente de pequeno volume). Nessa mesma direção, Harding (1989, p. 75) argumenta que: layout escolhido é dependente do tipo de produção empregada. A fa- bricação por encomenda, a produção em lote e a produção contínua possuem características diferentes; portanto precisam de diferentes ti- pos de layout. Conforme argumenta Martins e Lauggeni (2005, p. 137), “o primeiro item a se determinar na elaboração de um layout é a quantidade que será produzida, a qual será importante para o cálculo do número de máquinas, da área de estoque, entre outros”. Nesse sentido, Slack et al. (1997, p. 211) comentam que “compreender os objetivos estratégicos da produção, entretanto, é apenas o ponto de partida do que é um processo de múltiplos estágios que leva ao arranjo físico final da produção”. Quando todos os fatores forem analisados, realizar-se-á a escolha do layout de produção, conforme o processo a ser adotado pela empresa, que esteja mais adequado com o produto a ser fabricado, objetivando atender à demanda do mercado. GESTÃO DE ESTOQUE, INSTALAÇÕES, LAYOUT E LEAD TIME PRODUTIVO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E172 TIPOS DE LAYOUT De acordo com alguns autores, os números de tipos de layout são de três a cinco. Conforme definição de Monks (1987, p. 90), “os tipos básicos de layouts são: layouts de processo (funcionais); layouts de produtos (linha); e layouts de posi- ção fixa”. Para Martins e Lauggeni (2005, p. 137), porém “os tipos principais de layout são por processo ou funcional, em linha, celular, por posição fixa e combi- nados”. Conforme o entendimento de Chase, Jacobs e Aquilano (2006, p. 191), o layout celular pode também ser definido como um tipo híbrido. Segue um breve resumo sobre as possibilidades no que diz respeito aos tipos de layout. a. Layout por processo ou funcional Nessa forma de layout, as máquinas e os equipamentos são agrupados por pro- cesso, alocados em departamentos. Como refere Tubino (1999, p. 46), “o layout por processoconsiste em centralizar em um mesmo local todas as máquinas destinadas a um tipo específico de operações, criando os conhecidos departa- mentos: usinagem, extrusão, corte, pintura, tornearia etc”. No layout por processo ou funcional, há o deslocamento de cada lote de produto que se encontra no processo de fabricação, de um departamento para outro. É o que argumenta Chase, Jacobs e Aquilano (2006, p. 191), “uma peça que está sendo trabalhada então percorre, de acordo com a sequência estabele- cida de operações, de área em área, onde as máquinas corretas estão localizadas, para cada operação”. Para Martins e Lauggeni (2005, p. 138), “o layout é flexí- vel para atender as mudanças de mercado, atendendo a produtos diversificados em quantidades variáveis ao longo do tempo”. Seguindo esse mesmo raciocínio, Moreira (2004, p. 261) afirma que “o mesmo grupo de máquinas, assim, serve a produtos diferenciados, aumentando a flexibilidade do sistema a mudanças no projeto e/ou processo”. Em função do deslocamento que ocorre entre os diferentes departamentos, a disposição destes deve ser elaborada de acordo com a análise da movimenta- ção dos itens a serem produzidos; a demanda e o número de operações. Moreira (2004, p. 263) argumenta que “no arranjo físico por processo, a disposição rela- tiva de máquinas ou departamentos é fator crítico, devido ao grande movimento Layout no Processo Produtivo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 173 de pessoas ou materiais”. De acordo com Slack et al. (1997, p. 228), “[...] em algumas operações, dados sobre fluxo podem ser obtidos a partir de informa- ções sobre o roteiro de produção dos produtos e da demanda destes produtos”. Para melhor definir a disposição dos departamentos e dos equipamentos, Harding (1989, p. 78) diz: O primeiro passo é elaborar uma tabela de movimentação de mate- riais entre departamentos. O segundo é calcular a área disponível por departamentos e entrar na tabela. Em terceiro lugar, um diagrama é preparado para mostrar a posição de cada departamento, bem como o fluxo de materiais entre eles. Esse diagrama é então analisado até que uma solução ótima seja obtida e forneça a menor movimentação total de materiais. Finalmente, as áreas são utilizadas a fim de se obter um diagrama em escala, e os corredores, portas, paredes e serviços são en- tão instalados na fábrica. A Figura 1 representa a distribuição dos departamentos no sistema departa- mental, identificando o fluxo que um item pode percorrer no sistema e em quais processos esse item passa por operações, para sair do estágio de matéria-prima e se tornar produto acabado. Departamento de tornos Departamento de frezas Departamento de acabamento Recebimento e expedição Departamento de furação Montagem Departamento de pintura T T T T F F F F F F F F F F F A A A A A A M M M P P F T T T T T T Figura 1 - Distribuição dos Departamentos no Sistema Departamental Fonte: Martins e Lauggeni (2005, p. 138). GESTÃO DE ESTOQUE, INSTALAÇÕES, LAYOUT E LEAD TIME PRODUTIVO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E174 De acordo com Slack et al. (1997, p. 230), “[...] o principal objetivo é minimizar os custos para a operação, que são associados com o fluxo de recursos transfor- mados ao longo da operação”, isto é, centralizar os departamentos que realizarão o maior número de operações, procurando diminuir as distâncias e o fluxo desne- cessário de produtos em processo, reduzindo, assim, custos com movimentação. Desenvolveram-se programas de computador para elaborar bons layouts, sendo o mais conhecido e utilizado o CRAFT (Computerizad Allcoation of Facilities Tecnique), que traduzido significa Técnica Computadorizada para a Alocação Relativa de Instalações. Conforme argumenta Chase, Jacobs e Aquilano (2006, p. 195), “[...] este também necessita de uma matriz de carga e uma matriz de dis- tância como entradas iniciais, mas, além disso, precisa de um custo por unidade de distância percorrida [...]”. Com esses parâmetros, o programa realiza simula- ções dos layouts, como argumenta Moreira (2004, p. 271): Com base no arranjo físico inicial, o programa considera as mudanças de posição de departamentos adjacentes, computando os novos custos a cada mudança. É escolhido o arranjo físico que resulta na maior redu- ção de custos em relação ao arranjo físico inicial; não necessariamente, porém, essa solução é ótima. Como é possível perceber, para se ter um layout por processo eficiente, faz-se neces- sário a análise de muitas variáveis, que tem por objetivo distribuir os departamentos, de forma que se tenha o menor custo de produção com a melhor produtividade, dentro do mix de produtos que serão produzidos no processo implantado. b. Layout por produto ou em linha No layout por produto, os equipamentos são dispostos em uma sequência de acordo com as operações que serão executadas para fabricar o produto acabado. Nesse sentido, Martins e Lauggeni (2005, p. 138) argumentam que “No layout em linha, as máquinas ou as estações de trabalho são colocadas de acordo com a sequência das operações e são executadas de acordo com a sequência estabe- lecida sem caminhos alternativos”. Layout no Processo Produtivo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 175 De acordo com Slack et al. (1997, p. 216), o layout “[…] é a uniformidade dos requisitos dos produtos ou serviços oferecidos que leva a operação a esco- lher um arranjo físico por produto”. Já para, Martins e Lauggeni (2005, p. 139) afirmam que ele “é indicado para produção com pouca ou nenhuma diversifi- cação, em quantidade constante ao longo do tempo e em grandes quantidades”. Conforme expõe Moreira (2004, p. 260), cada centro de trabalho torna-se responsável por uma parte especia- lizada do produto ou serviço, sendo o fluxo de pessoas ou materiais balanceado por meio dos vários centros de forma a se obter uma deter- minada taxa de produção ou de atendimento. De acordo com Monks (1987, p. 96), o balanceamento de linha é a divisão das atividades de trabalho se- quencial em postos de trabalho, a fim de obter uma alta utilização da mão-de-obra e do equipamento e assim minimizar o tempo ocioso. Esse tempo ocioso é em decorrência do tempo exigido para ser realizada deter- minada operação, sendo este definido como tempo de ciclo. Martins e Lauggeni (2005, p. 145) citam que para o balanceamento, deve-se, em primeiro lugar, determinar o tempo de ciclo. O tempo de ciclo (TC) expressa a frequência com que uma peça deve sair da linha ou, em outras palavras, o intervalo de tempo entre duas peças consecutivas. Com base em Slack et al. (1997, p. 238): O tempo de ciclo é um elemento vital no projeto do arranjo físico por produto e tem influência significativa sobre a maioria das outras deci- sões detalhadas de projeto. É calculado considerando a demanda pro- vável dos produtos ou serviços ao longo de determinado período de tempo e a quantidade de tempo disponível para a produção durante o mesmo intervalo. Para Chase, Jacobs e Aquilano (2006, p. 201), muitas vezes, a tarefa que necessita de mais tempo forma o tempo de ciclo mais curto de estação de trabalho para a linha de produção. O tempo desta tarefa tem um limite inferior, a menos que seja possível dividi-la entre duas ou mais estações de trabalho. GESTÃO DE ESTOQUE, INSTALAÇÕES, LAYOUT E LEAD TIME PRODUTIVO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E176 Isso pode ser feito com a adição de mais equipamentos que realizem a mesma operação ou de um equipamento que realize a operação em tempo menor, ajus- tada à necessidade da operação. Em outros casos, contudo, pode ser necessário o aumento do número de funcionáriosrealizando a operação, tornando a linha balanceada e mais eficiente no uso dos recursos disponibilizados. O layout por produto pode ter diferentes formatos, dentre eles em U (Figura 2), em linha reta (Figura 3) e em serpentina (Figura 4), os quais estão demons- trados a seguir: Figura 2 - Layout por produto em “U” Fonte: Carneiro e Colla (2010, p. 59). 2 3 Figura 3 - Layout por produto em Linha Fonte: Carneiro e Colla (2010, p. 59). 1 2 3 4 8 7 6 5 9 1 1 1 0 1 2 Figura 4 - Layout por produto em serpentina Fonte: Carneiro e Colla (2010, p. 59). Layout no Processo Produtivo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 177 c. Layout por posição fixa Conforme descreve Slack et al. (1997, p. 213), Arranjo físico posicional (também conhecido como arranjo físico de posição fixa) é de certa forma uma contradição em termos, já que os recursos transformados não se movem entre os recursos transforma- dores, mas o contrário. Nesse sentido, Martins e Lauggeni (2005, p. 140) argumentam que “no layout por posição fixa, o material permanece fixo em uma determinada posição e as máquinas se deslocam até o local, executando as operações necessárias”. O layout por posição fixa é utilizado na produção de bens que por fatores de tamanho, peso e formato não oferecem a condição de serem deslocados em um layout por processo ou produto. Assim, conforme citam Chase, Jacobs e Aquilano (2006, p. 206), “o layout de posição fixa é caracterizado por um número relati- vamente baixo de unidades de produção em comparação com os formatos de layout de processo e produto”. Para Moreira (2004, p. 262), a marca principal do arranjo de posição fixa é a baixa produção. Fre- quentemente, o que se pretende é trabalhar apenas uma unidade de produto, com características únicas e baixo grau de padronização: difi- cilmente um produto será rigorosamente igual ao outro. Nessas características, está a fabricação de aviões, navios, iates, grandes trans- formadores elétricos e outros produtos de grandes dimensões físicas. Para Slack et al. (1997, p. 224), o objetivo do projeto detalhado de arranjo físico posicional é conceber um arranjo que possibilite aos recursos transformadores maximizarem sua contribuição potencial ao processo de transformação, permitindo- -lhe prestar um bom ‘serviço’ aos recursos transformados. Sendo assim, a utilização dos recursos disponíveis será mais eficiente, melho- rando a qualidade do produto e reduzindo os custos finais de produção, o que pode representar ganhos significativos para a empresa, pois esse tipo de pro- dução, geralmente, envolve a soma de valores significativos de grande monta. GESTÃO DE ESTOQUE, INSTALAÇÕES, LAYOUT E LEAD TIME PRODUTIVO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E178 d. Layout celular Para Martins e Lauggeni (2005, p. 137), “o layout celular consiste em arranjar em um só local (a célula) máquinas diferentes que possam fabricar o produto inteiro”. Slack et al. (1997, p. 211) discutem que “células representam um com- promisso entre a flexibilidade do arranjo físico por processo e a simplicidade do arranjo físico por produto”. O que se procura no layout celular é alocar os recur- sos necessários na produção de um determinado produto ou de uma família de produtos, que sofrem processos similares e, com isso, procura-se obter ganhos de produtividade. Conforme expressam Martins e Lauggeni (2005, p. 137), “para a formação das células, devem ser identificadas as famílias de peças que serão processadas, e as células devem ser montadas por família”. De acordo com Tubino (1999, p. 51): [...] um ponto fundamental para implantar o layout celular em proces- sos de fabricação repetitiva em lotes consiste na escolha das máquinas que irão compor as células. Dentro desse aspecto, dois pontos devem ser levantados. O primeiro diz respeito à definição de grupos de itens passíveis de serem trabalhados em uma célula. O segundo refere-se ao balanceamento da capacidade produtiva das máquinas com a demanda dos itens nela processados. Ainda segundo Tubino (1999, p. 51), “os itens são agrupados pela similaridade de roteiros, independentes de suas características dimensionais”. Isso signi- fica dizer que as características do produto não são a base para a definição. Na verdade, essa base são os processos que esse produto necessita e a ordem em que ocorrem para tornar esse item um produto acabado. Conforme Martins e Lauggeni (2005, p. 137), “as etapas nesse método são, inicialmente, o registro do fluxograma de processo básico e posterior determinação dos grupos principais pelas características comuns encontradas no fluxograma”. Com as informações devidamente analisadas, podem ser determinados quais itens vão compor cada célula e quais máquinas estarão alocadas nessa célula, para ser realizada a fabri- cação dos produtos. Uma vez agrupados os itens por famílias com características afins, a questão seguinte na montagem das células, visando à focalização da produção nos sistemas de produção em lotes refere-se ao balanceamen- to da capacidade produtiva das máquinas com a demanda dos itens nela processados (MARTINS; LAUGENI, 2005, p. 140). Layout no Processo Produtivo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 179 A Figura 5 identifica o processo celular bem como a disposição dos equi- pamentos na célula: Figura 5 - Layout celular Fonte: Carneiro e Colla (2010, p. 61). Enfim, o layout de uma empresa deve ser elaborado após a definição e a aná- lise de vários fatores que vão influenciar diretamente no processo de produção. Conforme Martins e Lauggeni (2005, p. 166), “o layout deve ser desenvolvido por uma equipe multifuncional, partindo sempre de uma análise global e daí para uma análise detalhada”. Isso consiste em analisar algumas informações, tais como: ■ Quais produtos a empresa pretende produzir. ■ Quais equipamentos serão necessários para a fabricação desses produtos. ■ Qual é a área que cada departamento ocupará. ■ Onde cada departamento está alocado, para dessa forma, proporcionar maior eficiência na utilização dos recursos disponíveis; ■ Qual é o processo a ser utilizado que possa apresentar os melhores resul- tados dentro dos objetivos da empresa. Mais arriscado que mudar é continuar fazendo a mesma coisa. (Peter Drucker) GESTÃO DE ESTOQUE, INSTALAÇÕES, LAYOUT E LEAD TIME PRODUTIVO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E180 LEAD TIME PRODUTIVO Considerando que tempo parado é prejuízo para uma empresa, a atenção quanto ao lead time produtivo fica evidente, a fim de conseguir transformar a matéria- -prima em produto acabado no menor tempo possível para o seu processamento. Para Tubino (204, p. 111), “lead time, ou tempo de atravessamento ou fluxo, é uma medida de tempo gasto pelo sistema produtivo para transformar maté- rias-primas em produtos acabados”. Os lead times determinam o tempo em que se pode atender o pedido de um cliente, de acordo com o sistema de produção adotado pela empresa, e como o controle dos estoques é gerido. No sistema con- vencional de produção, os lead times produtivos são mais longos, devido a essas empresas trabalharem com estoques, visando atender aos pedidos de seus clientes. Enquanto que, no sistema JIT, busca-se, por meio do melhoramento contínuo de produção e da implementação de novas técnicas, a redução dos lead times pro- dutivos, para atender aos pedidos dos clientes com prazos de entrega menores. Conforme evidencia a Figura 6, pode-se identificar quatro grupos distintos de tempos que compõem o lead time produtivo, que seriam: o tempo de espera, o tempo de processamento, o tempo de inspeção e o tempo de transporte. Lead Time Produtivo Re prod uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 181 Lead Time Produtivo Esperas Processamento Inspeção Transporte Programação da produção Espera na �la Espera no lote Figura 6 - Composição do Lead Time Produtivo Fonte: Tubino (2004, p. 113). Para Vollmann et al. (2006, p. 28), “o tempo de fila frequentemente é respon- sável por 80% ou mais do lead time total. Reduzir o tempo de fila significa lead time menor e, por isso, reduz o estoque em processo. Essa redução requer uma programação melhor”. O que significa adequar a programação de produção, de maneira que os produtos estejam prontos para a montagem de um compo- nente, em um prazo acima do tempo demandado para ser produzido, o que tem como consequência um tempo de espera, para que o mesmo seja utilizado. Com uma melhor definição das ordens de fabricação, pode-se utilizar as máquinas de maneira mais eficaz. Conforme expõe Tubino (2004, p. 115), as filas de espera na frente dos recursos ocorrem devido a três fato- res principais: desbalanceamento entre carga de trabalho e capacidade produtiva, espera para setup e processamento de lotes com prioridade no recurso e problemas de qualidade no sistema produtiva. O desbalanceamento entre carga de trabalho e capacidade produtiva pode oca- sionar a formação de WIP, que seria o estoque em processo. Assim, de acordo com Vollmann et al. (2006, p. 357), “[...] um princípio básico do sistema de PCP é substituir estoque por informação”. Quando ocorre a formação de estoques em processo ou em excesso de matérias-primas, componentes para montagem ou produtos acabados, isso é devido ao fato de que o sistema de informação da empresa está produzindo informação de má qualidade para o PCP, que realiza a programação e o controle da produção com base nas informações obtidas. O que GESTÃO DE ESTOQUE, INSTALAÇÕES, LAYOUT E LEAD TIME PRODUTIVO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E182 deve ser feito é um processo, a fim de adequar as informações com a demanda real dos clientes por produtos acabados. Para tornar eficiente o setup, de acordo com Tubino (2004, p. 123), é pre- ciso realizar “[...] o setup das máquinas através do emprego de troca rápida de ferramentas, transformando horas em minutos ou até segundos [...]”. Com essa mudança, quando há a necessidade de preparação de uma máquina para a realização de um novo produto, a empresa ganhará tempo nessa operação, aumentando a produtividade e tornando o uso dos recursos mais eficiente, o que proporciona ganho de produtividade e, consequentemente, aumento da compe- titividade da empresa. O tempo de transformação da matéria-prima em produto acabado, ou tempo de processamento, consiste no tempo gasto com o processamento dos itens, sendo este o único que agrega valor ao produto pelo qual os clientes estão dispostos a pagar. Isso acontece, pois, o tempo que se leva a mais nesse processo signi- fica adicionar valor ao produto, o que gera mais custo para a empresa e resulta na redução da competitividade de mercado e da rentabilidade dessa empresa. Melhorar o tempo de processamento, em nível de execução das operações, significa estabelecer um melhoramento contínuo do processo. Com a análise dos fatores que interferem na melhoria do desempenho, relacionado com o conjunto homem-máquina, os quais integram o processo produtivo, pode-se melhorar o movimento dos homens e das máquinas, ou substituir parte ou todo o movi- mento humano por automações. As vantagens que a empresa pode obter com lead times produtivos podem representar ganhos, como: redução dos custos produtivos; maior flexibilidade para a definição dos itens a serem fabricados, com um tempo reduzido na defini- ção desses itens; menores estoques de matérias-primas; componentes e produtos acabados; proporcionar satisfação aos clientes, que terão seus pedidos atendidos em prazos menores, o que pode fazer com que eles sejam mais leais à empresa, por sentirem o comprometimento no atendimento de seus pedidos no prazo previsto. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 183 CONSIDERAÇÕES FINAIS Encerramos mais uma unidade de nossa jornada, nós trabalhamos os conceitos iniciais de gestão de estoque, compreendemos o impacto das instalações produ- tivas e seus principais layouts, assim como o tempo de atravessamento, o lead time produtivo. A partir do momento em que o responsável pela produção consegue com- preender toda essa sistemática, as decisões fluem de modo mais natural. E isso é de grande utilidade, dadas as várias informações oriundas do processo produ- tivo. Isto é, são muitas informações que dependem umas das outras. Os conceitos introdutórios da gestão de estoque serviram para embasar você, acadêmico(a), a essa questão tão importante dentro das organizações, que é ter gestão do estoque, ou seja, ter controle sobre ele e seus principais tipos. Antes de decidir sobre o layout produtivo, o administrador da produção tem que decidir sobre as instalações produtivas, pois essa decisão tem várias influ- ências, o que deve convergir ao fator estratégico. Outra informação importante diz respeito à compreensão do arranjo físico de uma linha de produção. Isso significa dizer que a indústria deve analisar as informações, para escolher o layout correto diante daquilo que se pretende pro- duzir. Um erro nessa decisão tende a ser fatal, pois pode impactar de forma negativa no quesito custos de produção. Para finalizar, a unidade debate sobre o lead time, em particular, sobre a sua redução como forma de conter os custos. Muito se fala nesse tema em uma linha de produção, por isso, a intenção desta unidade foi detalhar a composi- ção desse lead time e, a partir desse entendimento, um gestor tomar as decisões cabíveis, cada qual no seu tempo específico. Os resultados de uma boa ação ten- dem a ser promissores. Foi um prazer tê-lo(a) nesta unidade, um forte abraço. 184 1. A gestão de estoques é uma das atividades mais importantes para qualquer negócio, pois o estoque tem uma característica ambígua, uma vez que sua existência, se por um lado tranquiliza a empresa quanto às flutuações de de- manda e à manutenção do nível do serviço, por outro é fonte de constante atrito em função do capital investido. (ARBACHE, F. S. et al. Gestão de logística, distribuição e trade marketing. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011). Conhecendo os estudos sobre a gestão de estoques, assinale a alternativa que representa onde são armazenados e centralizados os estoques, assim que eles chegam em uma empresa fabril. a) Expedição. b) Almoxarifado. c) Centro de distribuição. d) Expedição e centro de distribuição. e) Almoxarifado e centro de distribuição. 2. Item do estoque é toda matéria-prima, material, componente, ferramenta ou produto acabado que esteja em estoque. Quanto mais complexo e diversifi- cado for o produto final, maior será a diversidade de itens estocados e mais complicado o seu controle. Fornecedor é a empresa que produz ou comerciali- za os insumos necessários para o processo produtivo e os coloca no mercado. O suprimento ou fornecimento constitui o ato de proporcionar a entrada dos insumos ou itens necessários à produção ou ao funcionamento da empresa. (CHIAVENATO, I. Administração de produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005). Considerando os tipos de estoques, associe as duas colunas, relacionando os tipos de estoques com sua respectiva descrição. Tipos de estoques (1) Estoque de matéria-prima. (2) Estoque de produto acabado. (3) Estoque de materiais em processo. (4) Estoque de materiais semiacabados. 185 Descrição )( São todos os materiais que ficam esperando em determinada fase de pro- dução para serem utilizados ao longodo processo produtivo. )( São todos os materiais que estão sendo transformados durante o processo produtivo. )( São todos os materiais que são utilizados diretamente na fabricação de ou- tro produto e não sofreu nenhuma transformação. )( É o produto fim do ciclo produtivo, isto é, o produto pronto que foi produ- zido pela empresa. A sequência correta desta classificação é: a) 1, 4, 3 e 2. b) 3, 4, 1 e 2. c) 3, 4, 3 e 1. d) 4, 3, 1 e 2. e) 4, 1, 3 e 2. 3. Fatores subjetivos ou de difícil quantificação devem ser buscados e incorpo- rados ao modelo decisório. Por exemplo, caso o mercado aumente além do previsto, poder-se-ia ampliar ainda mais a empresa no local escolhido? Con- tinuar-se-á a contar com facilidades fiscais? Haverá implantação de uma nova malha de transportes na região? Poderão ocorrer problemas sindicais? (LAUGENI, F. P.; MARTINS, P. G. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2015). O fragmento do texto expõe questionamentos sobre a seleção de alternativas para as instalações produtivas. Sobre os facilitadores que acabam influencian- do na decisão das instalações produtivas, a seguir, analise as afirmações: I. Isenção de taxas e impostos. II. Aspectos culturais da região. III. Custo do terreno e da construção. IV. Estação coletiva para tratamento de esgotos industriais. 186 Assinale a alternativa que apresenta as afirmativas corretas: a) Somente a afirmativa I está correta. b) Somente as afirmativas I e III estão corretas. c) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. d) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. 4. O arranjo físico é retratado por meio do layout (palavra inglesa, layout, que sig- nifica dispor, ordenar, esquematizar). Layout é o gráfico que representa a dis- posição espacial, a área ocupada e a localização das máquinas e equipamentos ou as seções envolvidas. (CHIAVENATO, I. Administração de produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005). Assim, com base nas informações citadas e os estudos sobre layout produtivo, avalie as asserções a seguir e a relação entre elas. I. A definição do layout de uma empresa é um ponto relevante para se alcan- çar os objetivos traçados. PORQUE II. Devendo-se levar em consideração diversos fatores que influenciarão dire- tamente na eficiência do processo produtivo, visando a maximização no uso dos recursos durante o processo de transformação. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. a) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é justificativa correta da I. c) A asserção I é proposição verdadeira, e a II é proposição falsa. d) A asserção I é proposição falsa, e a II é proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. 187 5. Determinado administrador da produção acaba de ser contratado para traba- lhar na indústria Manda Bem Ltda. Ao analisar o fluxo produtivo desta indús- tria, o administrador da produção sugere uma mudança no layout produtivo, alterando assim o posicionamento dos equipamentos para ficarem dispostos em uma sequência, de acordo com as operações que serão executadas, para fabricar o produto acabado. Com essa mudança de layout, a indústria Manda Bem Ltda. conseguiu um ganho considerável de produtividade. Compreendendo o caso hipotético apresentado, temos a sugestão e a troca do layout produtivo da indústria Manda Bem Ltda. Essa troca de layout sugerida e realizada pelo administrador da produção é considerada uma troca para o: a) Layout celular. b) Layout por posição fixa. c) Layout celular ou funcional. d) Layout por produto ou em linha. e) Layout por processo ou funcional. 6. Tempo de atravessamento é o tempo médio consumido pelos inputs para se movimentarem por meio do processo e se transformarem em outputs. (SLACK, N. et al. Princípios de administração da produção. São Paulo: Atlas, 2013). Analisando a figura que demonstra a composição do lead time produtivo, em particular, o tempo de espera que se decompõe em mais três tipos de esperas. Lead Time Produtivo Esperas Inspeção TransporteProcessamento Figura 7 - Composição do Lead Time Produtivo Fonte: Tubino (2004, p. 113). 188 Assinale a alternativa que preenche, corretamente, as lacunas que estão na figura: a) Desperdício; movimentação; retrabalho. b) Movimentação; auditoria; ciclo do produto. c) Programação da produção; espera na fila; espera no lote. d) Tempo de ciclo; tempo de retrabalho; tempo de programação. e) Espera do produto; espera da qualidade; espera da engenharia. 189 Para facilitar a assimilação desse tema, as próximas laudas contemplam breves comentá- rios sobre o conteúdo desenvolvido no quinto capítulo do livro, em destaque intitulado “Sistema de Produção: a produtividade no chão de fábrica”. O autor, Dalvio Ferrari Tubi- no, faz uma exposição detalhada a respeito dos componentes do lead time, sendo eles: tempo de espera, tempo de processamento, tempo de inspeção e tempo de transporte. No referido livro sugerido para leitura, o autor aborda a composição do lead time, le- vando-se em consideração as melhorias no tempo de espera, as melhorias nos tempos de processamento, as melhorias no tempo de inspeção e as melhorias no tempo de transporte. É cabível ressaltar que, de todos os tempos apresentados, o processamento é o único deles que agrega valor no produto. O tempo de espera deve ser muito bem trabalhado em uma linha de produção. Fazendo uma analogia, o seguinte exemplo poderia ser citado: em uma sala de aula, o tempo que o professor “gasta” fazendo a chamada não agrega valor ao conteúdo desse tempo. Nesse momento, esse professor (bem como a sala toda) simplesmente está aguardando chamar o último aluno para dar início a aula. Em uma linha de produção acontece o mesmo. Se um lote for composto por 100 peças (lembrando que esse lote somente po- derá sair da linha assim que estiver pronto totalmente), destacamos que a última peça ficará esperando até que todas que estão a sua frente sejam processadas. Em contrapar- tida, a primeira peça produzida deverá aguardar as outras 99 restantes para ser finaliza- da a produção do lote. Enfim, em ambos os casos, o tempo de espera está presente. Isso se torna maior à medida que o tamanho do lote aumenta. O referido livro contemplará informações importantes para a melhoria no tempo de espera, tais como: melhoria no tempo de programação, melhoria no tempo de espera na fila e melhoria no tempo de espera no lote. Com relação ao tempo de processamento, sabe-se que apesar de ser o único que agre- ga valor ao produto, ainda assim a indústria deve saber trabalhar com a redução de seu tempo. Melhorar os tempos de processamento em nível de execução das operações significa não só cumprir os padrões de trabalho dentro dos tempos de ciclo preestabe- lecidos como também buscar o melhoramento contínuo. A melhoria nos tempos de inspeção também deve ser realizada. Pressupõe-se que a partir do momento que há um controle de qualidade durante todo o processo de pro- dução, a inspeção deve ser reduzida ao máximo (ou melhor dizendo, redistribuída ao longo da linha de produção). Na unidade do livro sugerido para leitura, o autor destaca três tipos de inspeção, a saber: auto inspeção (é quando o próprio operador verificar se o item produzido por ele naquele momento está em perfeitas condições); inspeções sucessivas (quando vários operadores manuseiam o item que está sendo produzido, como células de fabricação ou linhas de montagem) e a inspeção na fonte (é quando se previne a ocorrência de defeitos, ao se atuar sobre essa causa, controlando o processo antes que os itens fiquem prontos). 190 Por fim, a melhoria nos tempos de transporte ocorre quando os itens necessitam ser transportados para as etapas posteriores do processo produtivo, até chegarem aos esto- ques de produtos acabados.Não é difícil perceber como se perde tanto tempo nos pro- cessos de produção com a movimentação. Levar a matéria-prima/produto em processo de um lado para o outro, de modo desordenado, certamente, gerará muito desperdício ao final da produção de um determinado período. Mais uma vez, reforço a importância de você (leitor) realizar uma avaliação do material sugerido. Ele complementará todas as informações supracitadas atinentes aos proces- sos de melhorias dos tempos de espera, processamento, inspeção e transporte. Fonte: os autores. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Sistemas de Produção: A produtividade no chão de fábrica Dalvio Ferrari Tubino Editora: Bookman Sinopse: este livro apresenta um modelo de PCP com as funções de planejamento estratégico da produção (longo prazo), planejamento-mestre da produção (médio prazo) e programação e acompanhamento da produção (curto prazo) revistas e atualizadas. Além disso, com a experiência de duas décadas, praticando e pesquisando as técnicas do sistema Toyota de produção, neste livro é dado um passo forte no sentido de unir os atuais conceitos de manufatura enxuta (lean) com os de PCP. Fábrica de Loucuras Ano: 1986 Sinopse: quando uma fábrica de automóveis localizada em uma pequena cidade americana é fechada, um pânico generalizado toma conta do lugar, pois a maioria dos habitantes trabalha na fábrica. Com a missão de salvar a fábrica e a cidade, Hunt Stevenson vai até Tóquio na tentativa de convencer executivos japoneses a assumirem o negócio. Os asiáticos concordam com a proposta, mas não demora para que surja um choque cultural entre os métodos de trabalho oriental e ocidental. Nesta unidade, trouxemos um conceito introdutório sobre a gestão de estoque. Convido a você a acessar os materiais complementares a seguir e aprender mais sobre a importância da gestão de estoque. Web: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/como-melhorar-a-gestao-de- produtos-no-varejo,6ed4524704bdf510VgnVCM1000004c00210aRCRD. Web: https://www.youtube.com/embed/3sZwxQE9Cys. Nesta unidade, estudamos sobre os layouts de produção e seus tipos, no link a seguir, destaca-se uma reportagem sobre o planejamento de layouts para um segmento específico. Web:http://www.youtube.com/watch?v=grPNR9F9qc0. REFERÊNCIASREFERÊNCIAS CARNEIRO, R.; COLLA, J. E. Administração da Produção e da Logística. Centro Uni- versitário de Maringá. Núcleo de Educação a Distância. Maringá, 2010. CHASE, R. B. et al. Administração da Produção para a Vantagem Competitiva. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processos e prática. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. HARDING, H. A. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1989. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. MAYER, R. R. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1992. MONKS, J. G. Administração da produção. São Paulo: McGraw Hill, 1987. MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. 2. ed. São Paulo: Cenga- ge Learning, 2013. SLACK, N.; BRANDON-JONES, A.; JOHNSTON, R. Princípios de administração da produção. São Paulo: Atlas, 2013. TUBINO, D. F. Sistema de Produção: a produtividade no chão de fábrica. Porto Ale- gre: Bookman, 1999. VENANZI, D.; SILVA, O. R. Gerenciamento da produção e operações. 1 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013. VOLLMANN, T. E.; WHYBARK D. C.; JACOS, F. R.; BERRY, W. L. Sistemas de Planeja- mento e controle da produção para gerenciamento da cadeia de suprimentos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. 192 GABARITO 193 1. E. 2. D. 3. E. 4. A. 5. D. 6. C. GABARITO U N ID A D E V Professor Me. Reginaldo Aparecido Carneiro Professor Esp. Leonardo Silva Paião SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Objetivos de Aprendizagem ■ Entender como as mudanças no ambiente de negócios levaram a um aumento na importância da prestação de serviço nas empresas. ■ Compreender como deve ser o gerenciamento do serviço. ■ Apresentar as dimensões da qualidade dos serviços prestados por uma empresa. ■ Compreender algumas questões sobre o futuro da administração da produção. ■ Apresentar um novo conceito dentro de uma nova revolução, a indústria 4.0. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ A natureza dos serviços ■ Gerenciando o Serviço como um Produto ■ Dimensões da qualidade na prestação do serviço ■ O futuro da Administração da Produção ■ A Nova Revolução - Indústria 4.0 INTRODUÇÃO Prezado(a) acadêmico(a), esta última unidade abordará o Sistema de Produção de Serviços e o futuro da Administração da Produção. Como você pôde perce- ber até aqui, as informações apresentadas nas unidades anteriores tiveram como foco o produto (bem físico). Aqui, o intuito é, justamente, destacar a importân- cia da prestação de serviço no contexto de uma organização. Assim, o objetivo é ressaltar que esse assunto não é menos importante, pois a produção de um pro- duto tem ligações diretas (e estratégicas) com o serviço em si. Nesse sentido, esta unidade aborda as mudanças no ambiente de negócios que norteiam a compreensão a respeito da importância de uma prestação de ser- viços na empresa. Em linhas gerais, trata-se de compreender como você pode gerenciar o serviço como um produto. Para tal, a unidade apresenta as caracte- rísticas de um serviço bem como as dimensões da qualidade na sua prestação. Além disso, faz, ainda, a apresentação de um sistema de produção de serviços, na tentativa de destacar a importância de se perceber a linha visível (contato direto com o cliente) e a linha invisível (bastidores) na prestação de um serviço. Os critérios de avaliação de um serviço serão abordados nessa unidade que permitirá você ter um olhar mais criterioso para potencializar a qualidade do serviço prestado. Para finalizar, a unidade ainda apresenta algumas considerações sobre o futuro da Administração da Produção e a Indústria 4.0, uma nova revolução industrial. Compreenderemos as revoluções industriais que ocorreram até o surgimento dessa nova revolução industrial, a quarta revolução industrial. A intenção não é a de descobrir nada, mas simplesmente de provocar uma análise diante de pos- sibilidades para o nosso futuro. Nesse sentido, alguns temas são trabalhados, sendo eles: modernização, novos hábitos e novas tecnologias. Desejo a você um ótimo aproveitamento do conteúdo desta quinta e última unidade. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 197 SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E198 A NATUREZA DOS SERVIÇOS A importância das atividades de serviços, na sociedade, pode ser demonstrada, por um lado, pela posição que ocupam na economia e, por outro, pela análise das tendências e transformações que a economia mundial está experimentando. Segundo Kotler (1998, p. 412), um “serviço é qualquer ato ou desempenho que uma parte pode oferecer a outra e que seja essencialmente intangível e não resulta na propriedade de nada. Sua produção pode ou não estar vinculada a um produto físico”. Alugar um quarto, viajar em um avião, visitar um psiquia- tra, assistir a um esporte profissional, aconselhar-se com um advogado, todas essas atividades envolvem a compra de um serviço. Isto é, o serviço é uma atividade ou uma série de atividades de natureza mais ou menos tangível – que normalmente, mas não necessariamente, acon- tece durante as interações entre cliente e empregados de serviço e/ou recursos físicos ou bens e/ou sistemas de fornecedor de serviços – que é fornecida como solução ao(s) problema(s) do(s) cliente(s).A Natureza dos Serviços Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 199 Tabela 1 - Diferenças entre bens físicos e serviços BENS FÍSICOS SERVIÇOS Geralmente o produto é concreto. O serviço é intangível. O produto pode ser revendido. O serviço não pode ser revendido. O produto pode ser estocado. O serviço não pode ser estocado. O consumo depende da produção. Produção e consumo geralmente coincidem. Produção, venda e consumo são feitos em locais diferentes. Produção, consumo e, frequentemente, a venda são feitos no mesmo local. Transferência de propriedade. Não transfere propriedade. O vendedor fabrica. O cliente participa diretamente da produção. O produto pode ser demonstrado. Normalmente, o serviço não pode ser demonstrado com eficácia (ele não existe antes da compra). Fonte: Normann (1993, p. 31). Gerenciar serviços é tarefa diferente de gerenciar a produção de bens físicos (ver Tabela 1). Mais importante do que reconhecer essa diferença, entretanto, é com- preender quais são as características especiais dos serviços que fazem com que a gestão de suas operações seja diferente da gestão da manufatura. Para Kotler & Armstrong (1993), sejam eles públicos ou privados, com fins lucrativos ou não, os serviços têm quatro características principais: intangibili- dade, inseparabilidade, variabilidade e perecibilidade. Os serviços são intangíveis, diferentemente dos produtos físicos, por isso não podem ser vistos, provados, sentidos, ouvidos ou cheirados antes de serem comprados. Consequentemente, a tarefa do prestador de serviços é administrar a evidência, para tornar tangível o intangível. Enquanto as empresas de produtos são desafiadas a acrescentar ideias abstratas, as empresas de serviços são desafia- das a colocar evidências físicas e imaginárias a suas ofertas abstratas. A segunda característica é que os serviços são inseparáveis daqueles que o executam, que pode ser pessoas ou uma máquina. Diferentemente dos produtos físicos que podem ser estocados, o prestador de serviço está junto, no mesmo momento que ocorre a prestação de serviço. SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E200 Além disso, os serviços são altamente variáveis, uma vez que dependem de quem os executa e de onde são prestados. Alguns hotéis, por exemplo, podem criar reputações para serem melhores prestadores de serviços que outros. Dentro de um hotel, o empregado que cuida do registro dos hóspedes pode ser agradá- vel e eficiente, enquanto o outro que trabalha próximo pode ser desagradável e lento. Até mesmo a qualidade do serviço de um único empregado varia de acordo com sua energia e disposição no momento do contato com cada cliente. Serviços são perecíveis, não podendo ser estocados para vendas ou uso futu- ros. Muitos médicos cobram dos pacientes por consultas em que esses pacientes não compareceram, porque o valor do serviço existe até o fim da hora marcada. A perecibilidade do serviço não é um problema quando a demanda é constante, porém, quando ela é flutuante, as empresas prestadoras de serviços, frequente- mente, enfrentam esse tipo de problema. O que se verifica é que o setor de serviços vem ganhando importância cada vez maior em muitos países que, outrora, tiveram uma economia fortemente baseada na atividade industrial. A urbanização das populações, a introdução de novas tecnologias e o aumento da qualidade de vida são fatores que contribuem para o crescimento do setor de serviços. Enfim, a produção de um bem físico não segue exatamente as regras no que tange ao tratamento de um serviço em uma organização, entretanto, é de se con- vir a existência de um relacionamento muito forte entre ambos. Segundo Gianesi & Corrêa (1994), ao mesmo tempo em que o próprio setor de manufatura reco- nhece a inadequação de algumas metodologias tradicionais de administração da produção e busca novos conceitos, o setor de serviços necessita desenvolver metodologias adequadas, tanto aos novos tempos quanto às especificidades de suas operações. A Natureza dos Serviços Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 201 Dominância tangível Dominância intangível Sal Refrigerantes Detergentes Automóveis Cosméticos Lanchonetes Cadeia de Lanchonetes Agência de publicidade Cia. Aérea Adm. Investimento Consultoria Ensino Figura 1 - O Contínuo entre Produtos e Serviços Fonte: Las casas (1997, p. 23). É interessante compreender que a tendência moderna é tratar a produção de pro- dutos e serviços como operações. Produtos e serviços são, então, considerados como componentes de um pacote. Esse pacote pode ter maior predominância de produtos ou de serviços. Logo, constata-se que produtos e serviços puros pode- riam ser polos de um contínuo, o que é bem ilustrado na Figura 1. Empresas de sucesso são empresas que aprendem. Elas obtêm feedback do mercado, fazem auditorias, avaliam resultados e efetuam correções destina- das à melhoria do desempenho. (Philip Kotler) Esse tópico nos permitiu compreender melhor a natureza de um serviço e como diferenciá-lo de um bem físico. Identificar os serviços como inseparáveis, vari- áveis e perecíveis auxiliará em um melhor planejamento e gerenciamento para uma prestação de serviço com qualidade e valor. Esse gerenciamento será abor- dado no próximo tópico. SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E202 GERENCIANDO O SERVIÇO COMO UM PRODUTO Conforme descrito anteriormente, ao planejar estrategicamente um produto no mercado, a empresa deve considerar cinco níveis de produto. Da mesma forma, o serviço deve ser visto como um objeto que pode ser desenvolvido, produzido, anunciado, comercializado e consumido. Para tal, faz-se necessário o desenvol- vimento de serviços extras como uma forma de diferenciar-se da concorrência. Segundo Levitt (1990), uma vez que a empresa oferece esses extras, o cliente passa a considerá-los como benefícios e, portanto, dará preferência a fazer negócios com a empresa que fornece tais adicionais. De qualquer forma, percebe-se que uma tentativa no gerenciamento de um serviço tem que se basear na perspectiva do cliente. Assim, deve reconhecer todos os aspectos de um serviço que o cliente percebe e, a partir disso, estabelecer uma oferta que poderá ser desenvolvida. Nessa oferta, está incluído o processo do serviço e as interações entre a organização e seus clientes, ou seja, o processo de produção dos serviços (incluindo a entrega). Gerenciando o Serviço como um Produto Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 203 Existe uma força que ultrapassa todas as outras, e essa força vem da maneira de ouvir; a estratégia mais importante que você pode ter é saber ouvir. (Tom Peters) Segundo Levitt (1990), um serviço possui gamas de possibilidades cuja explica- ção se encontra nas linhas a seguir: ■ Serviço genérico De acordo com Las Casas (2000), o serviço genérico é um conjunto de benefí- cios, podendo ser caracterizado como o mínimo que se pode esperar de uma oferta, sem características e benefícios adicionais. O serviço genérico é a “coisa” substantiva, rudimentar, sem ela não existe a oportunidade de entrar no jogo de participação de mercado. Isto é, corresponde ao objeto fundamental que está sendo adquirido pelo cliente. Assim, para um hotel, é o alojamento ou o sistema de informação automatizado e, para uma empresa aérea, é o transporte. ■ Serviço esperado O serviço esperado de forma objetiva é aquele serviço que é aguardadopelo con- sumidor. Logo, para tornar possível que os clientes utilizem o serviço genérico, alguns serviços esperados são necessários. Se os serviços esperados estiverem ausentes, os serviços genéricos não poderão ser consumidos. É o caso da lava- gem, do corte, do penteado e da tintura dos cabelos de um cabeleireiro, ou o manual do usuário de um sistema de computador, ou, ainda, a atenção do gar- çom no restaurante. ■ Serviço aumentado Para Levitt (1990), o serviço aumentado significa uma série de benefícios e melho- rias adicionais não esperadas pelo cliente e que sofisticam o atendimento. Ou seja, esse serviço tem como objetivo primordial aumentar o seu valor e diferenciar-se da concorrência. É considerado como benefício psicológico, pois, muitas vezes, SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E204 não é identificado prontamente pelo cliente. Em uma linha aérea, por exemplo, refere-se à sensação de conforto e segurança, à cortesia e à amabilidade da tri- pulação, ao ambiente interno, aos outros passageiros e aos outros aspectos que podem causar benefício psicológico ao cliente. ■ Serviço potencial É no serviço potencial que se encontra o verdadeiro diferencial competitivo. Será nessa evolução para o serviço potencial que se encontrará novos atrativos e diferenciais para o consumidor. É uma prestadora de serviços que trata o cliente pelo nome, o hotel que monta o frigobar com as bebidas prediletas de seus hóspedes, é a delegação de poderes aos funcionários da linha de frente para decidirem o que fazer imediatamente. É bem verdade, como menciona Gianesi & Corrêa (1994), que as prestado- ras de serviços não devem se esquecer de um ponto fundamental: trata-se da existência das instalações de apoio nas quais o serviço será prestado e dos equi- pamentos utilizados para prestar esse mesmo serviço. Em um cabeleireiro, por exemplo, seria o prédio, a decoração, o estacionamento, os espelhos, as pias onde se lavam os cabelos, os secadores, entre outros. Do ponto de vista gerencial, é importante fazer a distinção entre serviço espe- rado e serviço aumentado. Serviços esperados são obrigatórios, pois se eles faltarem o pacote de serviços (pacote de serviços é um conjunto de itens relacionados, ofe- recidos ao cliente) entra em colapso. Tanto o serviço aumentado quanto o serviço potencial, contudo, devem ser utilizados como meio de competição. Se eles falta- rem, o serviço genérico continua podendo ser consumido, mas o pacote total de serviços poderá se tornar menos atraente e, talvez, menos competitivo. Em suma, nota-se que o desenvolvimento de uma oferta de serviços é um processo de integração entre os componentes do pacote de serviços. Um novo serviço potencial não poderá ser acrescentado sem levar explicitamente em con- sideração o serviço esperado, bem como a interação e os aspectos de participação do cliente no serviço. Em contrapartida, uma apresentação adequada de um ser- viço potencial ou de um serviço aumentado pode se tornar uma fonte poderosa de vantagem competitiva. Dimensões da Qualidade na Prestação do Serviço Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 205 DIMENSÕES DA QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO Como visto, os serviços são basicamente intangíveis e constituem processos vivenciados subjetivamente, em que as atividades de produção e consumo acon- tecem simultaneamente. Assim, nessas interações, está incluída uma série de contatos entre o cliente e o prestador de serviços (vide Figura 2), de tal forma que esses acontecimentos poderão ter um impacto crítico sobre o serviço per- cebido pelo cliente. EMPRESA PRODUTORA DO SERVIÇO CONSUMIDOR (CLIENTE OU USUÁRIO) ÓTICA OBJETIVA PONTO DE EQUILÍBRIO ÓTICA SUBJETIVA Figura 2 - Percepções de quem produz e quem consome serviços Fonte: Barros (1999, p. 7). SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E206 Os serviços oferecidos por uma empresa devem ser, cuidadosamente, plane- jados. Um serviço bem feito gera satisfação aos clientes atendidos, que voltam a comprar ou indicam outros para efetuarem o mesmo relacionamento. Conforme afirma Las Casas (2000), para gerar essa satisfação e tornar uma prestação de ser- viços em uma prestação de qualidade, fazem-se necessárias algumas precauções, tais como administrar as expectativas (formá-las de acordo com as promessas oferecidas pelas prestadoras) e saber lidar com a percepção da qualidade (é con- trolar o processo e verificar se o consumidor está percebendo o serviço como algo de qualidade). É importante salientar que a empresa precisa identificar algumas questões importantes para qualificar o serviço prestado. De acordo com Paladini (1997), a qualidade é o elo perfeito que liga a empresa ao ambiente externo e a mantém lá, de forma estável e duradoura. Dessa forma, a busca por essa qualidade requer que os consumidores sejam perfeitamente conhecidos e atendidos pelas empresas. Quando mensuramos a qualidade de um serviço, nós estamos mensurando o resultado técnico daquilo que foi prestado, o serviço e o resultado funcional de como foi prestado este serviço. Logo, percebe-se que uma imagem corporativa e/ou local é de máxima importância para a maioria dos serviços. É uma ferramenta de informação por meio da qual a empresa pode influenciar funcionários, clientes e outros recursos, em que as ações e as percepções da empresa são importantes para o posiciona- mento do mercado. A Figura 3, disponibilizada a seguir, demonstra exatamente os quesitos que auxiliam a percepção do consumidor na prestação de serviço. Qualidade experimental Imagem (empresarial/local) Qualidade percebida Qualidade esperada - Comunicação com o mercado - Experiência anterior - Boca a boca - Necessidade do cliente Qualidade funcional produzida: QUEM? Qualidade técnica produzida: O QUE? Figura 3 - A Percepção do Consumidor na Prestação do Serviço Fonte: Grönroos (1993, p. 54). Dimensões da Qualidade na Prestação do Serviço Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 207 É cabível ressaltar que o serviço adquirido pelo consumidor é de extrema impor- tância, como forma desse cliente avaliar a qualidade prestada pela empresa. Entretanto não é apenas isso que identificará toda a dimensão da qualidade em uma organização. Isso é meramente uma parte, chamada de qualidade técnica do resultado do processo de produção do serviço. Por outro lado, o cliente também poderá ser influenciado pela maneira como a qualidade técnica, as consequências ou o resultado final de um processo são transferidos para ele – a facilidade de acesso a um caixa automático, a aparência de garçons em um restaurante, o atendimento em uma prestadora de serviço e como esses empregados de serviços realizam suas tarefas, o que dizem e como dizem também influenciam a visão que o cliente possa ter do serviço. Essa é a outra dimensão da qualidade, denominada qualidade funcional do processo. Por sua vez, a imagem da empresa servirá para impactar a percepção de qualidade diante do consumidor. No que concerne à percepção da qualidade, ela pode ser vista como um filtro. Segundo Kotler (1998), o gerenciamento da imagem se torna uma parte integral do desenvolvimento do serviço como um produto, haja vista que uma boa comunicação com o mercado não tem apenas um impacto comunicativo sobre as expectativas dos clientes, mas também um efeito direto sobre essas experiências. Então, de acordo com Carlzon (1994), o que se percebe é a importância de se verificar os contatos existentes entre os clientes e as prestadoras de serviços. Taiscontatos são denominados hora da verdade ou momentos da verdade. Em outras palavras, essa ocasião refere-se ao momento em que o prestador de ser- viço tem a oportunidade de demonstrar ao cliente a qualidade de seus serviços. É o verdadeiro momento de oportunidade. A partir disso, recorre a importân- cia em gerenciá-la corretamente. Ainda conforme a Figura 3, uma boa qualidade percebida é obtida quando a qualidade experimentada atende às expectativas do cliente, ou seja, à qualidade esperada. Se uma empresa eleva demais a expectativa de um consumidor diante da oferta de seu serviço e não a atende com tamanho vigor, a probabilidade é que a qualidade experimentada desse cliente será baixa. Isto acontece porque sua percepção diante do serviço esperado é alta. O contrário também é verdadeiro. SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E208 Além disso, segundo Parasuraman & Berry (1995), as expectativas do cliente são os verdadeiros padrões para avaliar a qualidade do serviço. Compreender a natureza e os determinantes dessas expectativas é essencial para assegurar que a execução do serviço satisfaça ou supere tais expectativas. Quando um consumidor vê um produto tangível, a imagem real é a principal responsável pela formação de suas expectativas. Essa imagem, por sua vez, pesa mais na formação das expectativas do consumidor do que qualquer afirmativa exagerada do anunciante. Com relação aos serviços, a formação das expectati- vas do cliente, antes da compra, não pode basear-se em uma imagem real. Há, entre outros fatores, a necessidade de comunicações, a experiência anterior desse cliente, as suas próprias necessidades ante o serviço que a empresa estará ofer- tando, entre outros. Segundo Normann (1993), um dos erros mais comuns que as empresas de serviços cometem é iniciar campanhas de imagem sem estarem seguras de que essa imagem será mantida e os serviços serão prestados de acordo com as expec- tativas geradas. O resultado inevitável é perda de credibilidade, frustração do cliente e indiferença entre os funcionários. Por sua vez, os fatores que influenciam na formação das expectativas do cliente em relação ao serviço a ser prestado, são: comunicação com o mercado, expe- riência anterior, comunicação boca a boca e necessidades pessoais dos clientes. Segundo Gianesi & Corrêa (1994, p. 26), temos: A identificação de pontos segundo os quais os clientes avaliam os ser- viços é uma forma de compreender melhor as expectativas dos clientes. Por outro lado, nem todos esses momentos da verdade têm a mesma im- portância para o cliente e há certos momentos da verdade críticos ou fundamentais para a percepção do cliente a respeito do serviço prestado. Dessa forma, isso leva o prestador de serviço procurar identificar esses momentos da verdade, para que possa priorizar seus esforços, visando gerar uma percep- ção favorável do serviço para o cliente. Destarte, sumariando o contexto, as situações em que o cliente se depara com os recursos e com as formas de operar do prestador de serviço são críticas para a experiência da qualidade. Constata-se a importância de uma prestadora de servi- ços lidar com seus momentos da verdade. Por sua vez, entender e compreender Dimensões da Qualidade na Prestação do Serviço Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 209 as expectativas que contribuem diretamente na percepção de um serviço pres- tado a um cliente também é papel fundamental e de extrema importância para empresas prestadoras de serviços que almejam competitividade. SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS Pode-se dizer que os relacionamentos ou as interações entre prestadora de ser- viços e o próprio cliente é o ponto crucial para organizações que buscam uma posição no mercado consumidor. Logo, cabe a elas possuírem uma estrutura organizacional condizente com o público-alvo que elas pretendem satisfazer. Anteriormente às constatações sobre um sistema de produção de serviços, faz-se necessário delinear a definição exata do que é um sistema. Em linhas gerais, Robbins (2000) destaca que sistema é um conjunto de partes inter-relacionadas e interdependentes dispostas de uma maneira que produz um todo unificado. Sabe-se que todo sistema tem um ou alguns propósitos ou objetivos, de tal forma que uma ação que produza mudança em uma das unidades do sistema, provavelmente, deverá produzir mudanças em todas as outras unidades. Em outros termos, qualquer estimulação, em qualquer unidade do sistema, afetará as demais unidades, devido ao relacionamento existente entre elas. O efeito total dessas mudanças ou alterações apresentar-se-á como um ajustamento de todo o sistema. Grönroos (1993, p. 51) ressalta que: [...] o impacto do cliente nas interações entre o comprador e o ven- dedor não é apenas uma função de orientação para o cliente e uma consciência de serviços dos recursos diretamente envolvidos nessas in- terações. Mais que isso, ele depende também e na mesma intensidade do suporte dispensado por outros recursos e funções que são menos visíveis aos clientes. Nesse sentido, faz-se necessário que uma empresa prestadora de serviços traba- lhe com um sistema altamente estruturado, no que diz respeito a esse contato direto com o consumidor. Trata-se do Sistema de Produção de Serviços. Se esse sistema for bem projetado e funcionar bem, as experiências da “hora da verdade” serão favoráveis e a qualidade percebida dos serviços será satisfatória. SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E210 Segundo Normann (1993), percebe-se a grande dificuldade de uma operação de serviço distinguir-se claramente do serviço, de seu processo de fornecimento e do sistema de entrega. Logo, o sistema que produz o serviço será julgado pelo cliente a partir dos seguintes itens: comportamento do pessoal de contato, estilo do pessoal de contato, recursos físicos oferecidos, instalações presentes e demais suportes utilizados. A Figura 4, disposta na sequência, demonstra exatamente a importância de conectar todos os itens que compõem um sistema de produção de serviços. Caso algum item fique de fora, isso pode ser suficiente para que a qualidade percebida pelo cliente sofra danos, algumas vezes, irreversíveis. PARTE DE SUPORTE PARTE INTERNA CULTURA EMPRESARIAL Tecnologia e sistemas Know-ow - Suporte de sistemas Gerentes e supervisores - Apoio da gerência Funções e pessoal de apoio - Suporte de sistemas - Necessidades pessoais - Experiências prévias - Imagem - Comunicação com mercado - Ausência de comunicação Sistemas e recursos operacionais Empregados de contato Recursos físicos e equipamentos Li nh a de v is ib ili da de Li nh a de v is ib ili da de Ex pe ct at iv as Pa rt e to ta lm en te in vi si ve l Co nc ei to d e se rv iç o M is sã o da e m pr es a Figura 4 - O Sistema de Produção de Serviços Fonte: Grönroos (1993, p. 262). Percebe-se que o grande quadrado central, destacado na Figura 4, ilustra a orga- nização produtora de serviços. O cliente, por sua vez, localiza-se dentro desse quadrado, haja vista que, na verdade, ele é um recurso engajado na produção de um serviço. A maioria das organizações de serviços, entretanto, é gerenciada como um viés operacional que trata o cliente como uma entidade isolada da tec- nologia principal e tão somente como um cliente, e não como um coprodutor na produção final da organização. Logo, a figura deixa muito claro que os clientes não estão distantes nem totalmente fora da organização, havendo uma interação recíproca entre ambas as partes. Com isso, pode-se até conseguir ganhos de produtividade, aproveitan- do-se da presença do cliente,desde que se tenha em mente suas necessidades e, consequentemente, que se entenda o seu comportamento. Dimensões da Qualidade na Prestação do Serviço Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 211 Uma organização centrada no cliente está interessada em facilitar o pro- cesso de recebimento de sugestões e reclamações. Muitas prestadoras de serviços fornecem formulários aos consumidores para que anotem suas sa- tisfações e reclamações. O que você pensa sobre isso?! (Phillip Kotler) A PARTE INTERATIVA A parte interativa representa o contato imediato dos clientes com a prestadora de serviços. Ela é a interação direta comprador/vendedor, em que a “hora da verdade” tem lugar. Segundo Gianesi & Corrêa (1994), do lado dos sistemas de produção de serviços, devem ser realizadas algumas atividades, a fim de que os bens tangíveis estejam disponíveis no momento correto, os equipamentos este- jam funcionando adequadamente, os funcionários estejam treinados e com as informações corretas, entre outros aspectos, para que se garanta o sucesso no momento de contato com o cliente. Os componentes da parte interativa no Sistema de Produção de Serviços são: ■ Clientes envolvidos no processo Os clientes estão diretamente envolvidos no Sistema de Produção de Serviços, pois são considerados consumidores ativos no processo em questão. Ao mesmo tempo em que eles consomem um serviço, eles também tomam parte ativa na produção dele. Às vezes mais, por exemplo, em um cabeleireiro, em um res- taurante ou em uma agência de viagem, às vezes menos, por exemplo, quando contratam o serviço de transporte de equipamentos de algum evento. Não obs- tante, a natureza da situação, os clientes se envolvem com a parte ativa no Sistema de Produção de Serviços. SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E212 A prestação de serviços se inicia com o fechamento do pedido ou a assinatura de um contrato. Nesse momento, todas as promessas começam a ser cumpri- das. Se as expectativas dos clientes não forem atingidas, haverá insatisfação e perda de credibilidade. ■ Empregados de contato Logo, os empregados que interagem diretamente com os clientes são chamados de empregados de contato ou pessoas de contato. Qualquer um pode ser uma pessoa de contato, independentemente da posição ou cargo que ocupe na hierarquia. As interações que ocorrem podem ser contatos diretos com clientes, interações via telefone, ou mesmo fax ou correspondência. Segundo Berry (1996), os funcio- nários de serviços, aos olhos dos clientes, são o produto da empresa. Assim, as empresas devem competir tão agressivamente por uma fatia do mercado desses talentos (empregados de contato) como o fazem para a fatia de clientes. Como ressalta Normann (1993, p. 65), [...] o projeto do sistema é feito de tal forma que clientes e funcionários são unidos inesperadamente. O cliente não é apenas um expectador, pois sua presença nesse contexto específico gera uma dinâmica social que torna os funcionários conscientes de seus papéis e cria uma nova experiência genuína e um sentido de participação do cliente. Com frequência, constata-se que o pessoal de contato constitui um recurso cru- cial para um prestador de serviço. Os sistemas, a tecnologia e os recursos físicos constituem um suporte valioso, mas não mais importante que os empregados de contato. Superar as expectativas do cliente mantém vantagem competitiva sobre os concorrentes e são exatamente as pessoas de contatos, em uma prestadora de serviços, que estão em posição capaz de reconhecer tais expectativas dos clien- tes na “hora da verdade”. Além disso, as pessoas de contato ainda são capazes de acompanhar de perto a qualidade do serviço prestado e de tomar ações correti- vas assim que um problema for detectado. Dimensões da Qualidade na Prestação do Serviço Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 213 ■ Sistemas e recursos operacionais Os sistemas e os recursos constituem todos os sistemas operacionais e adminis- trativos, assim como as rotinas de trabalho de uma organização prestadora de serviço. Sistemas de formação de fila de clientes, como descontar um cheque em um banco ou como operar uma máquina automática são exemplos desse sistema. Na verdade, existe um vasto número de sistemas e rotinas que influen- ciam a maneira de consumir o serviço e de desempenhar várias tarefas. O importante é frisar que as rotinas influenciam diretamente a qualidade percebida pelos clientes, haja vista que estes interagem com tais sistemas. Se esses clientes estiverem confortáveis com o sistema que receberam, eles são, provavel- mente, orientados para os serviços. Se, por outro lado, sentirem que são forçados a se ajustarem ao sistema, então, não são orientados para os serviços. Além disso, destaca-se, ainda, que os sistemas e rotinas têm um impacto interno sobre os empregados. Nas empresas que executam operações de servi- ços, os recursos humanos têm importância fundamental. De acordo com Gianesi & Corrêa (1994), toda prestadora de serviço deve: a) motivar os seus funcioná- rios por meio de recompensas justas; b) treinar e desenvolver os funcionários para garantir desempenho futuro; c) selecionar as pessoas mais capazes de exe- cutar as tarefas pré-estabelecidas pela estrutura. Dessa forma, conclui-se que se determinado sistema for considerado anti- quado, complicado ou, de certa forma, não orientado para os serviços, os empregados que irão conviver com esse sistema poderão ficar frustrados. Destarte, o sistema e as rotinas devem promover fatores motivadores a seus funcionários, tais como: atingir os objetivos no trabalho, reconhecimento do desempenho, a responsabilidade e o próprio crescimento pessoal. ■ Recursos físicos e equipamentos Os recursos físicos e os equipamentos incluem todos os tipos de recursos utilizados no Sistema de Produção de Serviços. Computadores, documentos e ferramentas pertencem a esta categoria. Influenciam, também, a qualidade funcional, porque os clientes podem achá-los mais ou menos fáceis de utilizar nas tarefas de self- -service e eles causam uma impressão mais ou menos favorável sobre os clientes. SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E214 Como afirma Grönroos (1993), os recursos físicos e equipamentos utiliza- dos em um processo de serviço (vide Figura 5) têm um efeito interno sobre os empregados, que é similar àqueles dos sistemas. Pessoas de contato, sistemas e recursos físicos formam um Sistema de Produção de Serviços visível e integrado na mente dos clientes. Cada parte isolada tem que se encaixar ao sistema total, incluindo os consumidores. HOTEL PROPAGANDA Pesquisa de marketing Reservas (por telefone, correio ou internet) Restaurante Operações do hotel Instalações Equipamentos Pessoal Bastidores (invisivel) Recepção O CLIENTEFUNCIONÁRIOS Frente (muitos elementos visiveis) Funcionário Outros clientes Quarto de hóspede Figura 5 - Um Exemplo de Sistema de Produção de Serviço Fonte: Grönroos (1993). A PARTE DE SUPORTE Por trás da parte interativa, em que os clientes se confrontam diretamente com a organização de serviços, existe a linha da visibilidade. Clientes raramente veem o que se passa por trás dessa linha e, geralmente, não compreendem a impor- tância da produção do serviço que lá se passa. Dimensões da Qualidade na Prestação do Serviço Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 215 Segundo Gianesi & Corrêa (1994), isso pode causarpelo menos dois proble- mas ao prestador de serviço. Em primeiro lugar, os clientes não compreendem como a produção do serviço é executada, e por melhor que seja, esses clientes per- ceberão uma má qualidade, caso a parte interativa não esteja preparada para tal. Em segundo lugar, os clientes podem não compreender por que um deter- minado serviço tem um determinado preço, porque não imaginam o quanto é feito por trás desta linha. Pode ser difícil explicar por que o preço é alto, embora o processo visível da produção do serviço pareça descomplicado e, portanto, na mente dos clientes, não justifique o custo real e o nível de preço. Logo, percebe-se que o que se passa nas partes de suporte totalmente invi- síveis da organização tem um impacto sobre o que possa ser realizado na parte interativa. Esse suporte, na maioria dos casos, é um pré-requisito importante para os bons serviços. De acordo com Grönroos (1993), existem três tipos de suporte à produção interativa do serviço. O tipo mais importante é o suporte gerencial. Os gerentes são os respon- sáveis pela manutenção de uma cultura dentro de suas empresas, devendo estes manterem o espírito e as normas executadas por seus subordinados. Segundo Berry (1996), muito do sucesso de uma prestadora de serviços está nas mãos da gerência. Esses executivos que aspiram um excelente serviço para suas empresas não podem ser meros observadores. Eles devem ser os articuladores na empresa, assegurando sua conexão com os serviços prestados pelos seus funcionários. O mesmo autor ainda relata que não haverá lugar nem espaço para gerentes que não saibam como trabalhar com sua gente para produzir bens e serviços de qualidade a um custo razoável. Isto é, a empresa prestadora de serviços deve criar uma estrutura em nível de gerência para executar a mudança. O processo de tra- balho somente pode ser melhorado quando todos os envolvidos compreenderem o seu papel. Para tanto, a empresa precisa estar comprometida em analisar cada passo de cada processo, com o objetivo de melhorá-lo continuamente. Para Berry (1996), o gerente é o líder das tropas. Se o chefe não proporcio- nar bons exemplos a seus subordinados e não for capaz de encorajá-los para serem conscientes do cliente e orientados para os serviços, o interesse da orga- nização pelos clientes e pela prestação de bons serviços diminuirá. Para Carlzon (1994), a nova filosofia gerencial é a de estabelecer metas e diretrizes, e delegar SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E216 responsabilidades operacionais de forma extremamente firme e clara, por- que requer uma liderança aberta, participativa e orientada para os negócios da empresa. Portanto, o papel tradicional de um gerente com atribuições técni- cas transforma-se em um novo papel caracterizado por liderança e orientação. Além disso, ainda se verifica que as pessoas de contato, normalmente, têm que depender de um suporte físico provido pelas funções e departamentos invisíveis para os clientes. Os empregados de suporte têm que ser tratados como clientes internos pelas funções de suporte que se situam mais ainda na retaguarda do Sistema de Produção de Serviços. De acordo com Slack (1999), qualquer pessoa em uma operação tem o potencial de prejudicar seriamente a percepção que um cliente tem dos servi- ços recebidos. Além disso, outros funcionários menos diretamente envolvidos na produção desses serviços também podem gerar problemas, por exemplo, o digitador que tecla um dado errado ou o encarregado de limpeza que falha em cumprir os padrões de higiene apropriados para a prestadora de serviço. Cada uma das pessoas envolvidas no processo pode disparar uma cadeia de eventos que os consumidores, ao final, identificarão como serviços de má receptividade. Segundo Berry e Parasuraman (1995), o serviço será tão bom quanto as pessoas que prestam esse serviço, pois dificilmente se separa o serviço do desem- penho da pessoa. O terceiro tipo é o suporte de sistemas. Os investimentos em tecnologias, por exemplo, sistemas de computadores, prédios, escritórios, veículos, ferra- mentas e equipamentos constituem o suporte de sistemas por trás da linha de visibilidade. Segundo Laudon e Laudon (2000), se a organização investir em um sistema de computador que não permite respostas rápidas às perguntas dos clientes ou uma rápida tomada de decisão, o Sistema de Produção de Serviços carece de um bom suporte de sistemas. Ainda para os mesmos autores, um sistema de informação, por exemplo, pode ter um impacto estratégico se ele ajudar a empresa a executar suas ativida- des de valor a um custo mais baixo que o de seus concorrentes ou se proporcionar aos clientes da empresa valor agregado ou serviços adicionais. Ou seja, tais sis- temas podem incrementar por meio da simplificação de um serviço prestado a Dimensões da Qualidade na Prestação do Serviço Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 217 um cliente, melhorando este relacionamento bem como evitando possíveis erros que possam acontecer neste processo. Existe também outro tipo de suporte de sistemas. O conhecimento que os empregados têm dos vários sistemas operacionais pode ser chamado de know- how de sistemas. A organização tem também que investir nos empregados para que estes saibam como operar e fazer uso dos sistemas e da própria tecnologia. Por trás da parte de suporte, situa-se uma parte totalmente invisível da orga- nização (vide Figura 6). Esta parte situa-se, de certa forma, fora do Sistema de Produção de Serviços. Ela consiste em funções que não influenciam a oferta e a qualidade dos serviços prestados, seja direta, seja indiretamente. A contabili- dade interna é um bom exemplo disso. Pode-se dizer que existem poucas partes que são totalmente invisíveis neste aspecto. INTERAÇÃO CLIENTE X PRODUTO Prestação do Serviço Transformação Processo e Tecnologia Interação direta com funcionários Pessoal, máquinas e equipamentos Figura 2: Back o�ce na produção de produtos Figura 1: Front o�cce na prestação de serviço Cliente com um problema Cliente com uma solução Produto acabado, informação processada Materiais Informação Figura 6 - Interação Cliente x Produto Fonte: o autor. Os Critérios de Avaliação de um Serviço Apesar da ausência de um produto tangível, o prestador de serviços tem que tomar decisões comerciais que dizem respeito às margens de lucro, ao segmento de mercado, ao volume de serviço e à qualidade do serviço prestado. A existência de competição gera escolha para o cliente e, potencialmente, altera a qualidade do serviço prestado por pressões do próprio mercado. Por sua vez, o comprador de serviços tomará suas decisões tomando por base alguns critérios. SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E218 Isso significa dizer que não adianta ter um bom produto ou uma boa estra- tégia, se, na hora do contato com o cliente, a empresa não souber lidar com questões referentes às relações humanas. Uma pesquisa realizada pelo Fórum Corporation, em 1996, constatou: 70% dos clientes que deixam de comprar um determinado serviço oferecido por uma empresa o fazem porque sentiram que não lhes foi dada a atenção devida, conquistar um cliente novo custa de cinco a sete vezes a mais que manter um antigo, o que chama o consumidor de volta é um vínculo emocional, e não a “mera satisfação” e 91% dos clientes insatisfeitos jamais voltam a ser clientes, dizendo isso a mais nove pessoas (se estão satisfei- tos, dizem a cerca de três pessoas). Além disso, outras questões na relação entre prestadora de serviço e cliente merecem destaque. As principais causas de serviços deficientes são: funcioná-rios desatenciosos; treinamento deficiente de funcionários; atitudes negativas de funcionários em relação a clientes; percepções diferentes sobre o que se pensa que os clientes desejam e o que de fato desejam; ausência de filosofia de servi- ços na empresa; funcionários sem autonomia para aceitar responsabilidades e tomar decisões; tratamento inadequado de funcionários. Frisando a ideia disponibilizada anteriormente, Carvalho & Leite (1998) destacam a necessidade de observar que existem atributos mais importantes do que outros, no momento de uma avaliação de alternativas, para se adquirir um serviço qualquer. Assim, a identificação do número de critérios utilizados, a orde- nação de importância e os atributos determinantes de um serviço são essenciais para o trabalho de posicionamento e comunicação, identificando quais elementos necessitam de maior atenção e empenho estratégicos para atender ao consumidor. Dessa forma, identificar os critérios, segundo os quais os clientes avaliam os serviços, é uma forma de compreender melhor as expectativas desses clientes. A partir do momento em que há uma identificação desses critérios na prestação de um serviço, têm-se condições de direcionar o negócio da empresa, de acordo com as expectativas de um determinado público consumidor. Por sua vez, esses critérios devem refletir os fatores que determinam a satisfação do cliente. Dimensões da Qualidade na Prestação do Serviço Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 219 Um dos trabalhos mais conhecidos na área é o desenvolvido por Zeithaml, Parasuraman e Berry (apud GIANESI; CORRÊA, 1990). Os autores criaram um instrumento para avaliar como o cliente avalia um serviço, denominado SERVQUAL. Introduzido em 1988, esse instrumento é baseado em uma lista- gem de alguns critérios. O modelo supracitado serve como um instrumento para medir a relação entre as expectativas do cliente e sua percepção em relação aos serviços que lhe são entregues. Além disso, o instrumento SERVQUAL ajuda os prestadores de serviços a entender as expectativas de seus clientes bem como suas percepções quanto a serviços específicos. Consequentemente, acaba auxiliando essas pres- tadoras rumo à melhoria contínua, gerando possibilidades de treinamento do seu pessoal. Muitos autores defendem que, utilizando um instrumento adequado para a coleta dos dados, o SERVQUAL permite medir quantitativamente a relação existente entre as expectativas dos clientes e o serviço por eles recebido. Assim, o resultado da utilização desse instrumento provê informações precisas para as tomadas de decisões dos administradores dessas prestadoras de serviços, contri- buindo para a melhoria da qualidade dos serviços prestados e alcançando maior precisão diante dos desejos de seus clientes. Pode-se, então, a partir do instrumento SERVQUAL, definir um conjunto de critérios de avaliação do serviço, combinando as visões de diferentes autores com observações de trabalhos de consultoria de Gianesi, Correa et al. (1994). Logo, com o intuito de utilizar-se de um modelo prático, e não muito abran- gente, a Figura 7 demonstra um conjunto de critérios que os clientes utilizam para avaliar um serviço. SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E220 Tangibilidade Consistência Competência Velocidade de atendimento Atendimento/ Atmosfera Critérios de avaliação de: Credibilidade/ Segurança Flexibilidade Acesso Custo Figura 7 - Critérios de Avaliação de um Serviço Fonte: Gianesi e Corrêa (1994). O relato disposto a seguir dá uma rápida explicação dos critérios que foram disponibilizados na Figura 7. Ressalta-se que tais explicações se basearam, prin- cipalmente, nos autores Berry e Parasuraman (1995) e Gianesi e Corrêa (1994). ■ Tangibilidade na prestação do serviço: incide diretamente sobre a aparência física de instalações, equipamentos, pessoal e materiais de comunicação. Logo, o critério tangibilidade refere-se à aparência de qual- quer evidência física do serviço ou do sistema de produção. Esse critério é importante para a maioria dos serviços, devido à dificuldade de o cliente avaliar o serviço antes da compra, fazendo com que ele esteja atento àque- les aspectos que ele consegue avaliar, facilmente, isto é, os itens tangíveis. ■ Consistência na prestação do serviço: a consistência significa a con- formidade com a experiência anterior, sempre buscando a ausência de variabilidade no resultado ou no processo. Esse critério é importante para clientes que querem saber o que esperar de um serviço. Muitos clientes que são avessos ao risco e à experimentação de novos serviços preferem aqueles que lhe proporcionem consistência no serviço prestado. Dimensões da Qualidade na Prestação do Serviço Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 221 ■ Competência na prestação do serviço: trata-se da capacidade de prestar o serviço prometido de modo confiável, com precisão e sem riscos, ou seja, refere-se à habilidade e ao conhecimento do fornecedor para executar o serviço, relacionando-se às necessidades “técnicas” dos consumidores. Essa competência é um importante critério para os serviços nos quais os clientes procuram uma capacitação que não dispõem. ■ Velocidade de atendimento na prestação do serviço: a velocidade de atendimento é, em geral, um critério importante para a maioria dos con- sumidores de serviços, notadamente, quando a presença do cliente é necessária. O tempo que o cliente tem que desprender para receber um serviço é, geralmente, considerado um tempo perdido, a não ser que algum outro serviço, em contrapartida, preencha esse tempo. ■ Atendimento/Atmosfera na prestação do serviço: a atmosfera na prestação do serviço recai sobre a atenção e o carinho individualizado, proporcio- nados aos clientes. Logo, refere-se ao quão agradável é a experiência que o cliente tem durante o processo de prestação do serviço. Esse critério contribui para avaliar a atenção personalizada dispensada a um cliente, principalmente, quando o cliente percebe que os funcionários (cortesia) do fornecedor do serviço o reconhecem. ■ Flexibilidade na prestação do serviço: significa ser capaz de mudar e adaptar rapidamente a operação, devido a mudanças nas necessidades dos clientes, no processo ou no suprimento de recursos. Essas flexibili- dades podem ser caracterizadas, como: habilidade de introduzir novos serviços, habilidade de oferecer serviços variados, antecipar a entrega do serviço, oferecer o serviço em vários locais diferentes, adaptação aos níveis de demanda e a habilidade de recuperar-se de uma falha perce- bida pelo cliente. ■ Credibilidade/Segurança na prestação do serviço: o cliente sabe da exis- tência de um grau de risco ao adquirir um serviço, uma vez que não há possibilidades de avaliá-lo antes da compra. Logo, a habilidade da empresa SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E222 deve ocorrer no sentido de transmitir confiança e confiabilidade no serviço prestado. Pode-se dizer que a confiança é a base de qualquer relacionamento. ■ Acessibilidade na prestação do serviço: diz respeito à disposição para ajudar o cliente e proporcionar, com presteza, um serviço. Esse critério avalia a facilidade que o cliente tem em entrar em contato com o forne- cedor do serviço. Na sequência, relatam-se algumas características que contribuem para a facilidade de acesso ao serviço, sendo elas: localiza- ção, disponibilidade de estacionamento, amplo horário de operação e acesso sinalizado. ■ Custo na prestação do serviço: esse critérioavalia quanto o cliente pagará, em moeda, pela aquisição de um determinado serviço. Pode-se dizer que este é apenas um custo entre outros que um cliente pode ter na compra de um serviço: o custo com o tempo gasto, o esforço físico e o desgaste psicológico. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A NATUREZA DO PRODUTO E SERVIÇO Pode-se dizer que a qualidade vai muito além do simples atendimento e da prestação de serviços. Ela influencia a prática de uma gestão que se adapta ao comportamento dos clientes e que, quando oferecida, deixa de corresponder àquela qualidade percebida como suficiente pelo prestador de serviços. Logo, destaca-se a importância da busca de diferenciais, no sentido de influen- ciar no comportamento da clientela na escolha do fornecedor dos serviços que necessita adquirir. O nível de satisfação dos clientes, porém, poderia ser muito maior, se não fosse a predominância do amadorismo que reina livremente em atividades básicas, essenciais para o sucesso de um negócio. Atender bem o cliente é valorizá-lo, preocupar-se com suas necessidades, ouvindo-as e avaliando as possíveis soluções, é ser sincero na sua fala, é buscar dar solução imediata aos problemas, é, com inteligência, lançar mão do impro- viso, da criatividade e da flexibilização. O Futuro da Administração da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 223 O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO O futuro sempre provocou dúvidas, curiosidades e gerou expectativas entre os seres humanos. Todo mundo, provavelmente, gostaria de saber o que ocorrerá no futuro, com a tecnologia, como serão os produtos de consumo, como fun- cionará o processo produtivo das fábricas e, o fator mais importante, como será o mercado de trabalho. A tecnologia vem se desenvolvendo aceleradamente em meio à busca de mais consumidores por novos produtos e, em contrapartida os empresários ten- tam diminuir custos, gerando um círculo vicioso em que produtos e processos estão em constante desenvolvimento, trazendo para ambas as partes a obrigato- riedade de se atualizarem e se manterem competitivas. O mundo capitalista impõe uma pressão extremamente forte aos consu- midores, de modo que o indivíduo que não possua determinado produto será, automaticamente, excluído de certo círculo social. Quando se analisa o consu- midor como um trabalhador (adquirindo renda para o consumo), observa-se que ele deve se manter também competitivo, ou seja, quanto mais qualificações SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E224 para o mercado de trabalho o candidato possuir, mais competitivo ele se torna, tentando garantir, assim, seu espaço no mundo de trabalho capitalista. Para as empresas, o processo de atualização e competitividade se dá quando existe certo nível de concorrência, pois essa concorrência gera uma constante disputa em conquistar clientes, com o melhor preço, com os produtos inovado- res ou com produtos de qualidade, entre outros. Para adquirir essa vantagem competitiva, é de extrema importância que o administrador da produção esteja sempre atualizado, conhecendo as mais modernas formas de produção e iden- tificando quais produtos são os mais desejados entre seu público-alvo. Essa unidade traz um breve comentário sobre as perspectivas futuras da Administração da Produção e Operações, levando em consideração os níveis de empregabilidade humana e modernização do processo produtivo, ou seja, a troca da mão de obra humana pela máquina. O leitor contará também com alguns aspectos históricos e teorias econômicas sobre o futuro, fatos relevantes que alteraram o sistema de fabricação, mudança de hábito dos empregados e alguns exemplos das mais novas tecnologias. ASPECTOS DA MODERNIZAÇÃO Líderes empresariais acreditavam que a nova tecnologia da automação pudesse gerar aumentos de produtividade, intensificar o crescimento econômico, aumen- tar as oportunidades de emprego e o poder de compra. As bombas de gasolina em que clientes se servem diretamente, os grandes armazéns em que o próprio consumidor pesa e embala os alimentos, as operações bancárias que podem ser efetuadas por meio de computadores em qualquer local do mundo são exem- plos da tecnologia que vem tirando a força de trabalho humano. Outro grande exemplo de aumento da tecnologia e diminuição nos níveis de emprego é a indústria gráfica, especializada na impressão de documentos fiscais, no Brasil. Com o advento da nota fiscal eletrônica, a demanda por formulários padrão para emissão de notas fiscais foi reduzido drasticamente e, consequen- temente, este segmento e todo o seu ambiente foi influenciado. O Futuro da Administração da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 225 Um novo momento vivemos, esse momento é de adaptação, as organizações que não se adaptarem aos aspectos da modernização e toda essa transformação que ela traz consigo tendem a reduzir ou serem removidas do mercado. NOVOS HÁBITOS Fazer uma previsão ou estimativa do futuro da Administração da Produção e Operações pode não parecer difícil. Quando são analisadas as circunstâncias do crescente número de desempregados em todo mundo, muitos podem con- cluir que a Administração da Produção acabará se extinguindo. Como já vimos em citações de alguns economistas, contudo as empresas e os empresários não vivem sem os consumidores, por sua vez, os consumidores não vivem sem salá- rios ou empregos. Segundo Rifkin (1995, p. 35) “[...] novos produtos e serviços da revolução da alta tecnologia gerarão empregos adicionais”. Ou seja, para o autor, a revolu- ção da alta tecnologia criará novos segmentos de mercado e diferentes formas de trabalho humano. Rifkin (1995) demonstra o processo contínuo da geração de novos empregos com o exemplo da criação do automóvel. De acordo com ele, o veículo tornou o cavalo e a charrete arcaicos e em desuso, mas gerou milhões de novos empregos no processo. Em contrapartida, surgiram vagas destinadas a profissionais responsáveis pela coordenação da produção e pelo gerenciamento, novos hábitos surgem. Com o avanço inevitável da tecnologia, a economia deve criar sistemas de produção enxutos, diminuindo, assim, a quantidade de funcionários nos sistemas produti- vos. Como já mencionado anteriormente, sem a renda, não existem os mercados consumidores. Portanto, o ciclo econômico do capitalismo não será mantido. O sistema capitalista desenvolve o papel de autorrenovação, ou seja, a crise gera o crescimento e quando o capitalismo identifica um problema, logo o transforma em uma oportunidade nova de crescimento. Então, o processo de modernização e a diminuição nos níveis de mão de obra, na produção de bens e serviços, terá como consequência o surgimento da necessidade de inovar o modo de trabalho e o fornecimento de mão de obra nas empresas. SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E226 Seja por meio de especializações científicas, acadêmicas ou técnicas, o fun- cionário deve acompanhar a inovação tecnológica, por livre e espontânea vontade ou por pressão exercida pelo poder dominante do capitalismo. A TECNOLOGIA No final da Era Medieval, constituiu-se a base da mudança total da vida econô- mica para a energia mecânica. A abertura de novas rotas comerciais, na Inglaterra, fez com que se originassem novas cidades e aumentasse o fluxo da atividade eco- nômica, trazendo uma população crescente para a região. O processo provocou o corte de grande quantidade de árvores para a construção de navios da mari- nha real e para o fornecimento do carbono de potássio, materiais deconstrução e o aquecimento para uma população em crescimento, deixando, assim, as flo- restas desmatadas, acelerando uma crise de energia em todo o país. A falta de energia forçou o processo de desenvolvimento de outra fonte de energia disponível, o carvão. No mesmo período, surgiu uma bomba movida a vapor, para bombear o excesso de água das minas subterrâneas, processo criado pelo Inglês Thomas Savory. O carvão e as máquinas para produzir vapor marca- ram o início da era econômica moderna e sinalizaram a primeira etapa de uma jornada para substituir o trabalho humano pela força mecânica. Rifkin (1995, p. 63) comenta sobre a Primeira Revolução Industrial, mos- trando que “[...] a energia movida a vapor foi usada para extração de minério, na indústria têxtil e na fabricação de uma grande variedade de bens que anterior- mente eram feitos à mão”. Comenta, ainda, que as escunas foram logo substituídas pelo navio a vapor, os vagões puxados a cavalo foram substituídos por loco- motivas a vapor, trazendo grandes benefícios para o processo de transporte de matérias-primas e de produtos acabados. Segundo o autor, “a máquina a vapor era uma nova espécie de escravo – uma máquina cuja habilidade física excedia grandemente o poder, tanto dos animais quanto dos seres humanos” (RIFKIN, 1995, p. 64). Entre 1860 e 1914, ocorreu a Segunda Revolução Industrial e, com isso, o carvão começou a perder espaço para o petróleo. A eletricidade foi utilizada pela primeira vez, criando uma nova fonte O Futuro da Administração da Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 227 de energia para os motores, a fim de iluminar cidades e proporcionar comunica- ção instantânea entre as pessoas. O processo de transição da Segunda Revolução Industrial continuou transferindo a mão de obra humana para a máquina. Para acrescentar, expandir e, eventualmente, substituir mais e mais as tarefas huma- nas e animais no processo econômico, fontes de energia eram combinadas com as máquinas. Assim, o processo de substituição se deu na mineração, na agri- cultura, no transporte e, principalmente, na industrialização. Logo após a Segunda Guerra Mundial, surgiu a Terceira Revolução Industrial. Nesse sentido, de acordo com Rifkin (1995, p. 64), “[...] somente agora está come- çando a ter um impacto significativo no modo como à sociedade organiza sua atividade econômica”. Ainda, segundo o autor, “robôs com controle numérico, computadores e softwares avançados estão invadindo a última esfera humana – os domínios da mente”. Assim, conclui-se que essas: novas ‘máquinas inteligentes’ são capazes de realizar funções concei- tuais, gerenciais e administrativas e de coordenar o fluxo da produção, desde a extração da matéria-prima ao marketing e à distribuição do produto final e de serviços (RIFKIN, 1995, p. 15). Para efeito comparativo entre homem e máquina, no site da IBM, é possível encon- trar algumas diferenças entre Kasparov e Deep Blue ([2019], on-line)1. Segundo o site, o computador especializado em xadrez é capaz de avaliar até 200.000.000 jogadas por segundo, enquanto Kasparov é capaz de examinar e avaliar até três jogadas por segundo. Kasparov, porém, é capaz de aprender com seus erros e acertos e se adaptar muito rapidamente. O Deep Blue, por sua vez, não é um “sistema de aprendizagem”. Dessa maneira, não é capaz de usar inteligência arti- ficial para aprender com seu oponente ou “pensar” sobre a posição do tabuleiro. Rifkin (1995) refere-se ainda ao desenvolvimento intelectual das máquinas, mostrando até as afirmações de um ilustre cientista da computação, Edward Fredkin, o qual conclui que o primeiro evento é a criação do Universo, o segundo é o surgimento da vida e o terceiro evento é o aparecimento da inteligência artificial. Para concluir a ideia supracitada, Rifkin (1995) lembra que máquinas inte- ligentes, equipadas com um reconhecimento de voz, já existem. Ele justifica a afirmativa com o caso de que desenvolveram computadores com vocabulários de SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E228 até 30 mil palavras. Segundo ele, “algumas dessas máquinas ‘inteligentes’ podem reconhecer a linguagem trivial, manter conversação com sentido e até mesmo solicitar informações adicionais para poder tomar decisões, fazer recomenda- ções e responder perguntas” (RIFKIN, 1995, p. 65). O futuro administrador da produção deverá acompanhar as maiores tendên- cias do mercado, o qual, sem sombra de dúvidas, está voltado para a tecnologia, tanto na construção de bens tecnológicos para o consumo quanto nas mais modernas máquinas para o auxiliarem no chão de fábrica. A NOVA REVOLUÇÃO - INDÚSTRIA 4.0 Prezado(a) acadêmico(a), no tópico anterior, falamos de algumas revoluções industriais, a primeira, que foi a introdução da produção mecânica movida pelo vapor, a segunda, que foi a transferência da mão de obra humana para a máquina e sua produção em massa baseada na divisão do trabalho, juntamente com a força elétrica, e a terceira, que foi a introdução da robótica e uma maior automação dos processos industriais. Eu lhe pergunto: parou por aí? Não, caro(a) acadêmi- co(a), atualmente vivemos uma nova revolução industrial, a quarta revolução industrial, também conhecida como indústria 4.0. É bem possível que você já A Nova Revolução - Indústria 4.0 Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 229 tenha lido algo sobre ela, um artigo, uma reportagem e se interessado sobre esse assunto que afeta diretamente o administrador da produção. Nessa nova revolução, que é a indústria 4.0, tem-se a proposta de uma indús- tria totalmente autônoma, baseada em sistemas de produção ciber-físicos, os produtos que serão processados possuem softwares embarcados que interagirão com as máquinas e os equipamentos dentro de uma indústria 4.0, desta forma, a própria produção saberá o que fazer, como fazer e quando fazer. Esse termo da indústria 4.0 surgiu em 2011, na Alemanha, em uma feira voltada para a demonstração de inovações e novas tecnologias para a produ- ção industrial, vem se desenvolvendo iniciativas em vários locais, em especial na Alemanha e Estados Unidos. O que tem auxiliado no desenvolvimento da indústria 4.0 são alguns fatores, como a internet das coisas, a inteligência artificial, o big data, a computação em nuvem que permitem uma comunicação inteligente entre equipamentos e pro- dutos para um processamento de maneira independente, orgânica e eficiente. Um dos setores que tem utilizado em sua essencial os conceitos da indústria 4.0 é o automobilístico, por meio de robôs que se comunicam, trocam infor- mações com os produtos que estão sendo processados e até tomam decisões, permitindo a produção de veículos sem a presença humana. No Brasil, várias iniciativas estão se realizadando para o fomento e desen- volvimento da indústria 4.0, desde instituições privadas até instituições públicas. Uma dessas iniciativas é a GTI - Grupo de Trabalho da Indústria 4.0 que possui mais de 50 instituições representadas pelo governo, empresas, sociedade civil organizada que se reúnem para debater as perspectivas e ações para a indústria 4.0, no Brasil. Caro(a) acadêmico(a), conheça mais sobre a GTI e como está o avanço da indústria 4.0, no Brasil, e você saberá também como fazer a sua indústria participar da jornada para a indústria 4.0. Para saber mais, acesse: <http:// www.industria40.gov.br/>. Fonte: o autor. SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SERVIÇOS E O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E230 Para um avanço amplo da indústria 4.0, no Brasil, algumas questõesprecisam ser consideradas, tais como a integração horizontal de toda a cadeia de produção e logística, o investimento maior em pesquisa e desenvolvimento, principalmente, na tecnologia robótica, a criação de políticas para facilitar a aquisição de equipamentos. Por fim, as indústrias 4.0 terão como prever falhas, regular-se para atender os pedidos customizados e tomar todas as decisões necessárias da produção como um todo. E o administrador da produção terá que se adaptar a essa nova reali- dade, qualificando-se por meio da tecnologia da informação, análise de dados e, assim, desenvolver novas competências além de todo olhar gerencial. CONSIDERAÇÕES FINAIS A cada dia, o mercado competitivo está exigindo das empresas mudanças, inova- ções e qualidade, mas o que fazer para que isso ocorra? Muitos administradores acordaram e viram a saída nos clientes, que são a alma do negócio. Então, nada melhor que retê-los em suas empresas, evitando, portanto, que migrem para a concorrência. Dessa forma, pode-se dizer que fidelizar (tanto na busca de um produto quanto de um serviço) passou a ser um fator crítico de sucesso para uma empresa. Estudos indicam que, quando as empresas conseguem transformar simples clientes em consumidores fiéis (aqueles que não trocam seus serviços/produ- tos por outra empresa), os custos da organização diminuem enquanto os lucros aumentam. Qual empresa não deseja isso? Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 231 Os colaboradores de sua empresa podem contribuir muito para o sucesso do seu empreendimento, pois o primeiro contato que os clientes têm é exatamente com eles. Logo, se eles estiverem motivados e entenderem a extrema importância dos consumidores para a sua empresa, farão de tudo para que os clientes tenham um ótimo atendimento, retornando assim que necessitarem de novos serviços/ produtos. Sabe-se que, quando um cliente gosta de um atendimento, mesmo que não esteja precisando do serviço/produto, retorna, como se fosse um imã. Isso significa que o cliente teve a satisfação transformada em fidelidade. E isso é bom. Fazendo uma breve distinção, satisfação é o desempenho de um serviço/pro- duto em relação às expectativas do comprador, enquanto fidelidade é algo mais forte: o cliente cria um vínculo com uma empresa particular e assim tende a pos- suir um consumo constante dos serviços/produtos dessa empresa. Estando esse consumidor intensamente ligado à qualidade do relacionamento, ele pode até defender essa organização no que for preciso e ainda sentir-se à vontade para dar sugestões ou fazer críticas, pois vê a empresa como algo positivo. Realizar essas transformações exige da empresa muito cuidado, pois tornar clientes fiéis é um processo contínuo, em que a cada dia sua empresa tem que surpreendê-los com algo novo (isso, certamente, tende a uma relação em longo prazo). Concluímos mais essa unidade falando também do futuro da administração da produção, em especial, a indústria 4.0, que é a nova revolução industrial, não deixe de se aprofundar e se preparar para esse novo momento. 232 1. A empresa – como um todo – trabalha para produzir determinado produto ou prestar determinado serviço. O produto produzido ou o serviço prestado constitui o resultado final de todas as operações da empresa. Se apreciarmos a empresa como um sistema aberto, o produto ou serviço representa a principal saída ou resultado (output) do sistema. (CHIAVENATO, I. Administração de produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005). Compreendendo os estudos sobre a natureza dos serviços, assinale a alternati- va que representa as quatro principais características dos serviços. a) Tangibilidade, separabilidade, variabilidade e perecibilidade. b) Intangibilidade, inseparabilidade, variabilidade e perecibilidade. c) Intangibilidade, inseparabilidade, invariabilidade e inperecibilidade. d) Serviço genérico, serviço perecível, serviço separado, serviço exclusivo. e) Serviço esperado, serviço aumentado, serviço inviável, serviço potencial. 2. Uma determinada concessionário de veículos realiza um trabalho preventivo com todos os seus principais clientes, realizando manutenções periódicas. O diferencial é permitir que o cliente se sinta em casa quando estiver aguardan- do a manutenção, gerando momentos de lazer e descanso, por meio de salas de jogos e salas de conforto com massagem, isso gera um benefício psicológi- co ao cliente. Um serviço possui uma gama de possibilidades, sobre essa possibilidade e, analisando o caso hipotético citado, assinale em qual alternativa os benefícios gerados pela concessionária de veículos se enquadra melhor. a) Serviço genérico. b) Serviço esperado. c) Serviço potencial. d) Serviço aumentado. e) Serviço competitivo. 3. Elabore um texto dissertativo informando sobre a percepção do consumidor na prestação do serviço, a diferença da qualidade esperada, qualidade perce- bida e qualidade experimentada. 233 4. A fábrica do futuro será caracterizada por outros aspectos, além de elevado grau de automação, e estará devidamente organizada em torno do computa- dor, que integrará, por softwares especialmente desenvolvidos, praticamente todas as atividades. (MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2015). Considerando os aspectos que precisam ser observados para o futuro da admi- nistração da produção, avalie a seguir quais são esses aspectos. I. Cultura. II. Tecnologia. III. Novos hábitos. IV. Aspectos da modernização. Assinale a alternativa que apresenta as afirmativas corretas: a) Somente as afirmativas I e II estão corretas. b) Somente as afirmativas II e III estão corretas. c) Somente as afirmativas III e IV estão corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas. 5. Tornar a Indústria 4.0 uma realidade implicará a adoção gradual de um con- junto de tecnologias emergentes de TI e automação industrial, na formação de um sistema de produção físico-cibernético, com intensa digitalização de infor- mações e comunicação direta entre sistemas, máquinas, produtos e pessoas; ou seja, a tão famosa Internet das Coisas (IoT). Esse processo promete gerar ambientes de manufatura altamente flexíveis e auto-ajustáveis à demanda crescente por produtos cada vez mais customizados. (SEBRAE. Saiba o que é a Indústria 4.0 e descubra as oportunidades que ela gera. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/ saiba-o-que-e-a-industria-40-e-descubra-as-oportunidades-que-ela-gera,11e- 01bc9c86f8510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 08 mar. 2019). Considerado os estudos da nova revolução industrial, a indústria 4.0, elabore um texto dissertativo abordando as quatro evoluções industriais, explicando cada uma dessas evoluções. 234 Caro(a) acadêmico(a), proporei a você a leitura do trecho do artigo sobre a “Indústria 4.0: competências requeridas aos profissionais da quarta revolução industrial”, para você refletir sobre quais serão essas novas competências para esse novo profissional. Levando-se em consideração que cada revolução industrial teve como base um desen- volvimento tecnológico específico, é lógico afirmar que, como aponta Schwab (2017), a indústria 4.0 requererá profissionais com um perfil diferente dos exigidos pela indústria 3.0 e anteriores, à medida que a digitalização e a automação da produção tomarão espa- ço, haverá um deslocamento dos trabalhadores junto às tecnologias usadas no processo de produção. O autor destaca que, no futuro, o talento das forças de trabalho irá se so- bressair ao capital, representando fator crítico de produção. Junto com a inovação tecnológica que baseia cada revolução industrial, um novo perfil de trabalhador é exigido (TEIXEIRA FILHO, 2000), no tocante, principalmente, aos seus conhecimentose habilidades para lidar com a nova tecnologia. Nesta linha, Davenport e Prusak (1998) e Teixeira Filho (2000) defenderam que a ver- dadeira vantagem competitiva está na capacidade e velocidade do aprendizado das pessoas nas organizações. Em sequência, o sistema de educação corporativa passou a ter um papel de destaque na construção de valores distintivos para a competitividade (AIRES; FREIRE; SOUZA, 2016). Sobre o sistema de educação corporativa relacionado à quarta revolução industrial, Freire, Dandolini, Souza e Silva (2016) definiram seis estágios de evolução, podendo ser identificado que, os dois últimos estágios se relacionam diretamente com a quarta revo- lução industrial – Stakeholder University e a Universidade Corporativa em Rede. Analogamente, os estágios do sistema de educação corporativa propostos por Freire et al. (2016) podem ser relacionados com as diferentes revoluções industriais ao se buscar dar respostas para as necessidades de qualificação dos trabalhadores, buscando desen- volver lacunas das universidades acadêmicas. Face a isto, a CNI (2016), ao definir que um dos pilares para desenvolvimento da Indús- tria 4.0 é o desenvolvimento de recursos humanos para as novas formas de produção, alerta para a necessidade de “profissionais com formação distinta das existentes”. A in- tegração de diversas formas de conhecimento, característica desse modo de produção, exigirá equipes multidisciplinares, com elevado nível de conhecimento técnico e com capacidade de interação de diferentes áreas de conhecimento” (AIRES; MOREIRA; FREI- RE, 2017, p. 29). Fonte: Aires, Moreira e Freire (2017). Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Administração da Produção Petrônio G. Martins e Fernando P. Laugeni Editora: Saraiva Sinopse: indicado para as áreas de Administração da Produção, Administração de Operações, Organização da Produção e Organização Industrial, o livro apresenta conteúdo moderno e direcionado. Um de seus diferenciais são os vários exemplos da indústria brasileira, mostrando como a teoria é aplicada na prática. No final de cada capítulo, há ainda estudos de caso, com histórias de empresas brasileiras e questões para discussão sobre o tema estudado. Outra importante contribuição desta edição são os capítulos dedicados a temas de crescente importância como: logística, com toda explicação Supply Chain; conceitos e funções do PPCP, com as prioridades competitivas e decisões a serem tomadas; e Gestão de Operações e Serviços, que apresenta as características do serviço e tendências mundiais. Jogador n°1 Ano: 2018 Sinopse: o ano é 2044 e o mundo real está numa terrível situação. Como a maioria das pessoas, Wade Watts escapa de sua desanimadora realidade passando horas e horas conectado ao OASIS - uma utopia virtual que permite a seus usuários ser o que eles quiserem, um lugar onde você pode viver e se apaixonar em qualquer um de seus milhares de planetas. E, como a maioria da humanidade, Wade sonha em encontrar o grande prêmio que está escondido nesse mundo virtual. Em algum lugar desse playground gigante, o criador do OASIS escondeu uma série de enigmas que premiará com uma enorme fortuna – e um poder muito grande – aquele que conseguir desvendá-los. MATERIAL COMPLEMENTAR Estudamos, nesta unidade, sobre a importância da automação nos processos produtivos. Convido você a acessar o link, a seguir, para compreender sobre alguns benefícios para a automação nos processos de uma empresa. Web: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/automatizar-os-processos-de-uma- empresa-e-uma-boa-pratica,0e94a5d3902e2410VgnVCM100000b272010aRCRD. Para se aprofundar e conhecer as oportunidades que a indústria 4.0 pode gerar, acesse os links a seguir. Web: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/saiba-o-que-e-a-industria-40- e-descubra-as-oportunidades-que-ela-gera,11e01bc9c86f8510VgnVCM1000004c00210aR CRD Web: https://www.youtube.com/watch?v=3ixQQ4elwm0. Web: https://www.youtube.com/watch?v=Jgi8m3AQWwM. REFERÊNCIAS 237 AIRES, R. W. A.; MOREIRA, K. F; FREIRE, P. S. Indústria 4.0: competências requeridas aos profissionais da quarta revolução industrial. VII Congresso Internacional de Conheci- mento e Inovação. Proceedings... Foz do Iguaçu: CIKI, 2017. p.1-15. Disponível em: <http://proceeding.ciki.ufsc.br/index.php/ciki/article/view/314/153>. Acesso em: 08 mar. 2019. BARROS, C. D. Excelência em Serviços: uma questão de sobrevivência no mercado. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. BERRY, L. L.; PARASURAMAN, A. Serviços de Marketing: competindo através da qualidade. 3. ed., São Paulo: Maltese, 1995. CARLZON, J. A Hora da Verdade. 11. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 1994. GIANESI, I. G. N.; CORRÊA, H. L. Administração Estratégica de Serviços. São Paulo: Atlas, 1994. GRÖNROOS, C. Marketing: gerenciamento e serviços. 4. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1993. KOTLER, P. Administração de Empresas de Serviços e Serviços de apoio ao produto. In: _________. Administração de Marketing: análise, planejamento, implementa- ção e controle. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1998. p. 411-429. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. 5. ed. Rio de Janeiro: Editora Prentice-Hall do Brasil Ltda., 1993. LAS CASAS, A. L. Marketing de serviços. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. ______. Qualidade Total em Serviços: conceitos, exercícios, casos práticos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. LEVITT, T. A Imaginação de Marketing. São Paulo: Atlas, 1991. NORMANN, R. Administração de Serviços: estratégia e liderança na empresa de serviços. São Paulo: Atlas, 1993. PALADINI, E. P. Gestão da Qualidade no Processo: a qualidade na produção de bens e serviços. São Paulo: Atlas, 1995. RIFKIN, J. O fim dos empregos: o declínio inevitável dos níveis dos empregos e a redução da força global de trabalho. São Paulo: Makron Books, 1995. SLACK, N. et al. Administração da Produção. Ed. Compacta. São Paulo: Atlas, 1999. REFERÊNCIAS GABARITO 1. B. 2. D. 3. A partir da percepção do consumidor na prestação do serviço, temos algumas etapas da qualidade, a primeira é a qualidade esperada que através da comuni- cação com o mercado, experiências anteriores, indicações ou a própria neces- sidade do cliente irá se gerar uma qualidade percebida que poderá ser alta ou baixa, conforme o entendimento da qualidade esperada pelo consumidor. Na qualidade experimentada, é o atendimento e a experimentação do serviço, será a imagem que o consumidor terá do serviço, observando a qualidade técnica e qualidade funcional. 4. E. 5. Em sua resposta, o(a) acadêmico(a) deverá relatar as quatro revoluções indus- triais, a primeira foi a introdução da produção mecânica movida pelo vapor, a se- gunda foi a transferência da mão de obra humana para a máquina e sua produ- ção em massa baseada na divisão do trabalho, juntamente com a força elétrica, e a terceira foi a introdução da robótica e uma maior automação dos processos industriais e, por fim, a quarta revolução industrial ocorre pelo meio ciber físico, em que as máquinas não vão apenas processar os produtos, mas sim interagir com os produtos, de forma autônoma e eficiente. GABARITO CONCLUSÃO 239 Prezado(a) aluno(a), chegamos ao fim da nossa jornada em nossos estudos iniciais sobre a administração da produção, digo inicial, pois lhe convido a continuar tri- lhando novos estudos sobre essa área tão cheia de desafios. A Administração da Produção é uma área muito dinâmica, podemos perceber por meio de nossos estudos da sua evolução histórica até ser utilizada como fator estratégico. Um fator importante que aprendemos e indicaria para você levar na vida profissio- nal e fará grande diferença é, quando estiver atuando na administração da produ- ção, saber e procurar se relacionar de forma eficiente e eficaz com todos os ambien- tes de negócios: ambientes de logística, ambientes da qualidade e, principalmente, ambientes de entrega de valor. Tivemos a oportunidade de conhecer os principais modelos de produção, o modelo JIT