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FORMAÇÃO 
SÓCIO-HISTÓRICA 
DO BRASIL
Unidade 3
Crises políticas e 
a instabilidade no 
Brasil-República
CEO 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
DIRETORA EDITORIAL 
ALESSANDRA FERREIRA
GERENTE EDITORIAL 
LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS
PROJETO GRÁFICO 
TIAGO DA ROCHA
AUTORIA 
RITA DE CÁSSIA ELEUTÉRIO DE MORAES
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Rita de Cássia Eleutério de Moraes
Olá. Sou graduada em Letras, com habilitação em 
Tradução e Interpretação. Além disso, possuo mestrado em Letras 
e especializações na área. Minha experiência técnico-profissional 
abrange a docência, autoria, revisão, edição e curadoria para 
cursos de educação a distância. Sou apaixonada pelo que faço 
e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão 
iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora 
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. 
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito 
estudo e trabalho. Conte comigo!
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A República e a Constituição das primeiras instituições 
políticas brasileiras ................................................................... 9
Emergência da República no Brasil .................................................................. 9
Elaboração da Constituição de 1891 .............................................................16
Criação do sistema de representação política ............................................. 21
A Crise da República Velha do Brasil ..................................... 26
Causas e consequências da crise da República Velha no Brasil ............... 26
Causas da crise da República Velha ................................................ 27
Consequências da crise da República Velha .................................. 28
Surgimento de novos movimentos sociais ...................................................32
Luta por direitos civis, políticos e sociais ......................................................33
O Estado Novo e o autoritarismo no Brasil .......................... 36
Características do Estado Novo no Brasil .....................................................36
Natureza do autoritarismo estabelecido durante este período ............... 40
Repressão aos movimentos operários e sindicais ........................ 47
Impactos do Estado Novo na sociedade brasileira ..................................... 49
Redemocratização e a consolidação das instituições 
democráticas brasileiras ........................................................ 53
Contextualização da redemocratização ........................................................ 54
Consolidação das instituições democráticas na história brasileira 
recente .................................................................................................................60
Principais desafios enfrentados durante o processo de 
redemocratização ..............................................................................................67
Principais eventos relacionados à história política brasileira ..... 71
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Você sabia que a história do Brasil-República foi marcada por crises 
políticas, momentos de instabilidade, mas também por grandes conquistas 
sociais e políticas? Na Unidade 3 do nosso e-book sobre a Formação sócio-
histórica do Brasil, iremos juntos desbravar esses momentos-chave e suas 
repercussões na formação da sociedade brasileira.
A unidade está cuidadosamente dividida em quatro capítulos, cada 
um focado em uma etapa crucial da nossa história republicana. Desde a 
ascensão turbulenta da República no Brasil após o golpe militar que depôs 
Dom Pedro II em 1889, até os desafios e vitórias da consolidação das nossas 
instituições democráticas.
Nosso primeiro passo nessa viagem será compreender as 
circunstâncias que moldaram a elaboração da Constituição de 1891. 
Investigaremos os debates e conflitos que cercaram essa constituição 
pioneira e como se deu a criação do sistema de representação política que 
continua a orientar nosso processo democrático até hoje.
Depois, mergulharemos na crise da República Velha do Brasil, um 
período de intensa agitação social e política. Aqui, daremos ênfase especial 
ao surgimento de novos movimentos sociais que apareceram em resposta à 
crise e à luta tenaz por direitos civis, políticos e sociais que definiram esta era.
Seguiremos então para o período do Estado Novo, o controverso 
governo de Getúlio Vargas. Durante essa fase, exploraremos as características 
únicas do Estado Novo no Brasil e a natureza do autoritarismo que se 
estabeleceu durante esse período. Analisaremos também como esse regime 
afetou a sociedade brasileira e as formas de resistência que surgiram em 
resposta.
Finalmente, voltaremos nossos olhos para o período recente, à 
medida que contextualizamos a redemocratização e a consolidação das 
instituições democráticas na história brasileira recente. Este capítulo incluirá 
uma análise da Anistia, da Constituição de 1988 e do desafio contínuo de 
construir uma democracia inclusiva e participativa.
Então, estão prontos para essa viagem no tempo? Com o apoio 
do conhecimento acadêmico e uma perspectiva crítica, vamos juntos nessa 
descoberta. Acredito que ao compreendermos nosso passado, nos tornamos 
mais equipados para construir um futuro melhor.
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Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
profissionais até o término desta etapa de estudos:
1. Compreender as circunstâncias que levaram à 
emergência da República no Brasil, incluindo a 
elaboração da Constituição de 1891 e a criação do 
sistema de representação política.
2. Discernir sobre as causas e consequências da crise da 
República Velha no Brasil, com ênfase no surgimento 
de novos movimentos sociais e na luta por direitos 
civis, políticos e sociais.
3. Identificar as características do Estado Novo no 
Brasil, bem como a natureza do autoritarismo que se 
estabeleceu durante este período.
4. Contextualizar a redemocratização e a consolidação das 
instituições democráticas na história brasileira recente.
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A República e a Constituição 
das primeiras instituições 
políticas brasileiras
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz 
de entender como funciona a emergência da 
República no Brasil, incluindo a elaboração da 
Constituição de 1891 e a criação do sistema de 
representação política. Isto será fundamental para 
o exercício de sua profissão. 
Neste capítulo, vamos explorar as circunstâncias 
históricas que levaram à emergência da 
República no Brasil. Vamos analisar em detalhes 
a elaboração da Constituição de 1891, que foi um 
marco importante na consolidação das primeiras 
instituições políticas brasileiras. Além disso, 
vamos compreender como foi criado o sistema 
de representação política, que teve um papel 
fundamental na estruturação do novo regime 
republicano. Ao compreender esses aspectos, você 
estará preparado para entender melhor o contexto 
político e institucional do Brasil nesse período.
E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Vamos lá. Avante!
Emergência da República no 
Brasil
A emergência da República no Brasil foi um marco 
histórico que resultou de um processo complexo, influenciado por 
diversos fatores interligados. Um desses fatores fundamentais 
foi a crise do sistema monárquico brasileiro, que se intensificou 
após a abolição da escravatura em 1888.
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A abolição da escravatura teve um impacto profundo na 
estrutura social e econômicado Brasil da época, pois era uma 
base fundamental do sistema monárquico, e a sua extinção 
gerou uma série de tensões e desafios para a monarquia. A classe 
dominante, que era composta principalmente por latifundiários 
escravocratas, viu seus privilégios e poderes ameaçados pela 
perda do trabalho escravo. Além disso, a libertação dos escravos 
gerou uma grande massa de mão de obra desempregada, o que 
contribuiu para a instabilidade social.
Figura 1 – A abolição da escravatura impactou a estrutura social e econômica do Brasil
Fonte: Freepik
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SAIBA MAIS
A Lei Áurea, promulgada em 13 de maio de 1888, foi 
a legislação que oficialmente aboliu a escravidão no 
Brasil. Antes dela, outras leis foram implementadas, 
como a Lei Eusébio de Queirós, a Lei do Ventre 
Livre e a Lei dos Sexagenários, que gradualmente 
buscaram a emancipação dos escravizados. A Lei 
Áurea foi o desfecho desse processo e concedeu 
liberdade completa e imediata a todos os 
escravizados, sem compensação aos proprietários. 
O Brasil foi o último país das Américas a abolir a 
escravidão. O dia 13 de maio é considerado uma 
data cívica, embora o feriado tenha sido revogado 
em 1930. A Lei Áurea representa um importante 
marco na história brasileira e na luta pelos direitos 
humanos e igualdade.
Figura 2 - Lei Áurea, de 1888
Fonte: Wikimedia Commons 
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Outro fator importante foi a influência do positivismo, 
uma corrente filosófica e política que teve impacto significativo 
no Brasil daquela época. O positivismo defendia a ideia de 
“ordem e progresso”, buscando um sistema político baseado na 
ciência, no progresso material e no desenvolvimento social. Essa 
corrente de pensamento ganhou adeptos entre os intelectuais e 
militares brasileiros, que passaram a defender a substituição do 
regime monárquico por uma república positivista.
VOCÊ SABIA?
O lema “Ordem e Progresso” presente na bandeira 
do Brasil tem sua inspiração no lema positivista 
“Amor como princípio e ordem como base; o 
progresso como meta”. Essa conexão entre o 
positivismo e o lema presente na bandeira ocorre 
devido à influência de seguidores das ideias de 
Auguste Comte na Proclamação da República no 
Brasil.
Figura 3 – Bandeira Nacional
Fonte: Freepik
Além disso, a atuação de grupos políticos e sociais que 
defendiam a mudança de regime foi crucial para a emergência 
da República. Diversas associações, clubes e sociedades foram 
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formados com o objetivo de promover o republicanismo e o 
fim da monarquia. A Maçonaria, por exemplo, teve um papel 
significativo na articulação política e na disseminação das ideias 
republicanas.
A combinação desses fatores culminou na Proclamação 
da República, em 15 de novembro de 1889, quando um grupo de 
militares liderados pelo Marechal Deodoro da Fonseca destituiu o 
imperador Dom Pedro II e estabeleceu um novo sistema político 
no Brasil.
Vale ressaltar que a emergência da República não foi um 
processo linear e pacífico. Houve resistência por parte daqueles 
que apoiavam a monarquia, especialmente entre os setores 
mais conservadores da sociedade. A transição para a república 
também trouxe desafios significativos, como a consolidação do 
novo sistema político, a definição das instituições republicanas e 
a busca por uma identidade nacional.
Quadro 1 – Fatores que contribuíram para a emergência da República no Brasil
Fatores que contribuíram para a emergência da República no Brasil
Crise do sistema monárquico
Influência do positivismo
Atuação de grupos políticos que defendiam a mudança de regime
Características da Primeira República
Instabilidade política
Concentração de poder nas mãos das oligarquias
Presidencialismo de coalizão
Atuação dos militares
Fraudes eleitorais
Fonte: Elaborado(a) pela autoria (2023).
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IMPORTANTE
No Brasil, houve duas repúblicas: a Primeira 
República e a República Federativa do Brasil.
A Primeira República refere-se ao período que se 
estendeu de 1889 a 1930. Foi estabelecida após a 
Proclamação da República em 15 de novembro de 
1889, quando o regime monárquico foi substituído 
pelo regime republicano. Essa fase da história 
brasileira é caracterizada pela descentralização do 
poder político em relação ao governo central, com 
grande influência das oligarquias estaduais e dos 
cafeicultores paulistas.
Durante a Primeira República, o poder político 
era predominantemente centralizado nas mãos 
do presidente da República. Esse modelo de 
governo era caracterizado pelo presidencialismo 
de coalizão, no qual o presidente buscava apoio 
político e estabilidade governamental por meio da 
negociação de cargos e favores.
No presidencialismo de coalizão, o presidente dependia 
da formação de alianças com outros partidos políticos e líderes 
regionais para conseguir uma maioria no Congresso Nacional e, 
assim, garantir a governabilidade. Essas alianças frequentemente 
envolviam a distribuição de cargos governamentais, como 
ministérios e cargos de confiança, em troca do apoio político 
necessário para aprovar projetos de interesse do governo.
No entanto, esse modelo de governo também apresentava 
desafios e consequências negativas. A necessidade de formar 
coalizões muitas vezes levava a acordos e negociações que 
priorizavam interesses pessoais e partidários em detrimento do 
interesse público. A distribuição de cargos e favores muitas vezes 
era baseada em critérios políticos, clientelistas e nepotistas, em 
vez de mérito e competência.
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Essa dinâmica de negociação e troca de favores no 
presidencialismo de coalizão contribuiu para a instabilidade 
política durante a Primeira República. Os acordos e alianças 
eram muitas vezes frágeis e instáveis, sujeitos a mudanças de 
apoio e traições políticas. Isso levou a uma alta rotatividade de 
ministros e governantes, o que dificultava a implementação de 
políticas consistentes e a continuidade administrativa.
Além disso, o presidencialismo de coalizão também foi 
associado à corrupção na Primeira República. A distribuição 
de cargos e favores como moeda de troca criava um ambiente 
propício para o nepotismo, o patrimonialismo e o favorecimento 
de interesses particulares em detrimento do bem-estar coletivo. 
A corrupção permeava as estruturas do governo e contribuía 
para o desvio de recursos públicos, a falta de transparência e a 
falta de prestação de contas.
A combinação da instabilidade política e da 
corrupção enfraqueceu a legitimidade do governo e gerou 
descontentamento social. Esses fatores foram importantes para 
a eclosão de movimentos políticos e sociais que questionavam a 
ordem estabelecida, culminando na Revolução de 1930 e no fim 
da Primeira República.
A República Federativa do Brasil é o atual sistema político 
do país, em vigor desde 1930. Após a Revolução de 1930, Getúlio 
Vargas assumiu o poder e instaurou um governo provisório, 
posteriormente consolidando um regime autoritário conhecido 
como Estado Novo (1937-1945). Em 1946, foi promulgada uma 
nova Constituição, estabelecendo o sistema democrático com 
eleições regulares, separação dos poderes e garantias individuais.
Desde então, o Brasil tem sido uma república federativa, 
com governantes eleitos por meio do voto popular. O país passou 
por diferentes governos e regimes políticos ao longo do período 
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republicano, incluindo ditaduras militares, como a ocorrida entre 
1964 e 1985, e períodos de redemocratização e estabilidade 
democrática.
Elaboração da Constituição de 
1891
A Constituição de 1891 foi a primeira Constituição 
republicana do Brasil e marcou o início da República Velha. Sua 
elaboração foi resultado de um processo constituinte que teve 
início logo após a Proclamação da República, em 15 de novembrode 1889. A Constituição de 1891 foi promulgada em 24 de 
fevereiro de 1891, estabelecendo as bases do novo sistema 
político e institucional do país.
Figura 4 – Assinatura da Constituição de 1891, de Eliseu Visconti
Fonte: Wikimedia Commons 
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A elaboração da Constituição de 1891 no Brasil foi 
influenciada por diversas correntes de pensamento que estavam 
em voga na época. Essas correntes incluíam o positivismo, 
o liberalismo e o republicanismo, que exerceram influência 
significativa na formulação dos princípios e das estruturas da 
nova Constituição.
Quadro 2 – Influências na elaboração da Constituição de 1891
O positivismo, filosofia criada por Auguste Comte, defendia a aplicação 
dos princípios científicos na organização da sociedade. No contexto da 
Constituição de 1891, o positivismo influenciou a ideia de ordem e progresso, 
que se tornou o lema do país. Esse lema refletia a busca por uma sociedade 
baseada na ciência, no desenvolvimento e na harmonia social.
O liberalismo também exerceu influência na Constituição de 1891, 
representando os ideais de liberdade individual, igualdade perante a lei e 
limitação do poder estatal. O liberalismo político defendia a participação 
popular, a proteção dos direitos individuais e a separação de poderes. Esses 
princípios foram incorporados na Constituição, garantindo direitos civis e 
políticos fundamentais.
O republicanismo, por sua vez, foi uma corrente de pensamento central na 
transição da monarquia para a república. Defendia a substituição da forma 
de governo monárquica por um regime republicano, baseado na soberania 
popular e na eleição de representantes. A Constituição de 1891 refletiu 
esses ideais republicanos, estabelecendo a forma federativa de governo e 
garantindo direitos de cidadania.
Fonte: Elaborado(a) pela autoria (2023).
Além das influências ideológicas, a Constituição de 1891 
também foi inspirada por modelos estrangeiros, principalmente 
a Constituição dos Estados Unidos da América. Os constituintes 
brasileiros estudaram diversas Constituições estrangeiras para 
embasar a elaboração do texto constitucional. A Constituição 
dos Estados Unidos, em particular, serviu como referência para 
a estrutura do governo e para a consolidação dos princípios 
republicanos e democráticos.
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Lynch e Neto (2012) explicam que
[nenhuma] das constituições brasileiras 
foi cercada de tantas expectativas e 
considerações como aquela que primeiro 
serviu de marco legal à República. Quando, no 
fim do Império, os republicanos democratas 
volviam os olhos para a vizinha Argentina, 
ficavam extasiados com o seu crescimento 
econômico e o atribuíam ao seu modelo 
constitucional, elaborado à imagem e 
semelhança dos Estados Unidos. Para eles, a 
Constituição do Império continha um vício de 
origem: o fato de ter sido outorgada por Pedro 
I depois da dissolução da Constituinte. Agora 
tudo seria diferente. Derrocada a monarquia 
unitária que supostamente entravava o 
progresso e adotada a república federativa, 
legitimada por uma Constituição elaborada 
pelos representantes do povo, o País seria 
refundado; tudo seria diferente. Para esses 
entusiastas, a Constituição de 24 de fevereiro 
de 1891 (pois era assim que ela era conhecida) 
preparava o País para uma era de verdadeira 
democracia, grandeza e prosperidade, que 
nos associava definitivamente ao movimento 
do continente americano. (LYNCH; NETO, 
2012, p. 86)
Ao tomar como base essas influências ideológicas e 
modelos estrangeiros, a Constituição de 1891 estabeleceu 
um novo sistema político e institucional no Brasil. Ela refletiu 
a busca por uma sociedade moderna, fundamentada em 
princípios científicos, liberdades individuais, igualdade perante 
a lei e participação política. Essa Constituição marcou o início 
da República Velha no país e teve impacto duradouro nas 
transformações políticas e sociais subsequentes.
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Assim, a Constituição de 1891 estabeleceu a forma 
federativa de governo, com a divisão de poderes entre o Executivo, 
o Legislativo e o Judiciário. Também estabeleceu a separação entre 
Igreja e Estado, garantindo a liberdade religiosa, e estabeleceu 
o princípio da igualdade perante a lei. Ademais, a Constituição 
de 1891 assegurou direitos individuais, como a liberdade de 
expressão, a liberdade de associação e a liberdade de imprensa.
Portanto, a Constituição de 1891 foi um marco na 
organização política e jurídica do Brasil, estabelecendo princípios 
fundamentais e estruturas governamentais que moldaram 
a República Velha. Vamos analisar em detalhes os pontos 
destacados:
Quadro 3 - Dispositivos da Constituição de 1891
Forma federativa de governo e divisão de poderes: A Constituição de 1891 
adotou a forma federativa de governo, dividindo o poder entre os níveis federal, 
estadual e municipal. Essa divisão visava equilibrar o poder central e assegurar 
autonomia política e administrativa para os estados e municípios. Além disso, a 
Constituição estabeleceu a divisão de poderes entre o Executivo, o Legislativo e 
o Judiciário, em consonância com o princípio da separação dos poderes.
Separação entre Igreja e Estado: A Constituição de 1891 estabeleceu a 
separação entre a Igreja e o Estado, consagrando o princípio da laicidade do 
Estado. Isso significava que o Estado brasileiro não teria uma religião oficial e 
que todas as religiões seriam igualmente livres e protegidas. Essa separação 
foi um importante avanço na garantia da liberdade religiosa e na neutralidade 
do Estado em questões religiosas.
Princípio da igualdade perante a lei: A Constituição de 1891 estabeleceu 
o princípio da igualdade perante a lei, assegurando que todos os cidadãos 
brasileiros seriam tratados de maneira igual perante a justiça. Isso representou 
uma ruptura com o passado de privilégios sociais e a adoção de um princípio 
democrático de igualdade de direitos e oportunidades para todos.
Garantia de direitos individuais: A Constituição de 1891 também assegurou 
uma série de direitos individuais e liberdades civis fundamentais. Entre esses 
direitos, destacam-se a liberdade de expressão, que garantia a liberdade de 
opinião e manifestação; a liberdade de associação, que permitia a formação 
de associações e entidades sem intervenção estatal; e a liberdade de 
imprensa, que garantia a liberdade de imprensa e a circulação de ideias.
Fonte: Elaborado(a) pela autoria (2023).
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Esses dispositivos da Constituição de 1891 buscavam 
estabelecer uma base sólida para o novo regime republicano 
no Brasil, com uma estrutura governamental equilibrada e a 
garantia de direitos individuais e liberdades civis. No entanto, é 
importante ressaltar que, apesar desses avanços, nem todos os 
setores da sociedade brasileira foram beneficiados igualmente 
por essas garantias, e a realidade social e política da época estava 
longe de ser plenamente democrática e inclusiva.
Lynch e Neto (2012) afirmam que a Constituição de 1891 
no Brasil, apesar de ter durado quase 40 anos, não conseguiu 
cumprir plenamente suas promessas e foi considerada inefetiva. 
O poder das oligarquias regionais, a instabilidade política, as 
fraudes eleitorais e a falta de um sistema judicial eficiente foram 
fatores que contribuíram para essa inefetividade constitucional. 
(...) as promessas da Constituição de 1891 
não se realizaram. Apesar da excelência de 
seus autores e de sua relativa longevidade 
para os padrões nacionais – quase 40 anos 
–, a primeira Carta republicana entrou para 
a história brasileira como o símbolo da 
inefetividade constitucional, do ideal frustrado 
pela realidade, do liberalismo sabotado pelo 
conservadorismo. (LYNCH; NETO, 2012, p. 87)
Ou seja, o conservadorismo prevaleceu sobre o ideal 
liberal, resultando em uma lacuna entre as intenções da 
Constituição e a realidade vivida nopaís.
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Criação do sistema de 
representação política
Após a Proclamação da República, o Brasil passou por 
uma transição do sistema político monárquico para o sistema 
republicano. Nesse contexto, houve a criação do sistema de 
representação política, que tinha como objetivo garantir a 
participação política da população e a representatividade dos 
interesses da sociedade.
Esse sistema de representação política estabelecido pela 
Constituição de 1891 adotou o sufrágio universal masculino, 
permitindo que todos os homens adultos, com exceção dos 
analfabetos, tivessem direito ao voto. Esse foi um avanço 
significativo em relação ao período monárquico, quando o direito 
ao voto era restrito a uma pequena parcela da população.
Paes (2019) explica que
(...) a Constituição de 1891 estipulou a idade 
mínima de vinte e um anos para ser eleitor; 
a Constituição de 1824 foi ainda mais 
rígida definindo a idade mínima em vinte 
e cinco anos para o alistamento eleitoral; 
as Constituições posteriores estipularam 
a idade mínima em dezoito anos, exceto a 
Constituição de 1988 que estipulou a idade 
mínima em dezesseis anos para inscrever-se 
como eleitor, sendo facultativo o voto até os 
dezoito anos de idade. [...] As Constituições de 
1891 e 1824 restringiam, ainda, o sufrágio aos 
religiosos de ordens monásticas, companhias, 
congregações ou comunidades de qualquer 
denominação, sujeitas a voto de obediência, 
regra ou estatuto que importe a renúncia da 
liberdade Individual. [...] (PAES, 2019, p. 124)
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Além disso, 
(...) ocorreu, também, restrição ao sufrágio 
em razão do gênero, pois as mulheres só 
conquistaram o direito de votar a partir de 
1932, através do Decreto 21.076. Porém, 
inicialmente só as mulheres casadas, com 
autorização do marido, viúvas, e solteiras 
com renda própria podiam votar. Todavia, 
tal restrição somente permaneceu em nosso 
ordenamento jurídico até a Constituição de 
1934. (PAES, 2019, p. 125)
A Constituição de 1891 estabeleceu o sistema bicameral 
no Legislativo, criando a Câmara dos Deputados e o Senado 
Federal como órgãos representativos do poder legislativo do 
país. Essa estrutura bicameral foi adotada com o objetivo de 
equilibrar os interesses das diferentes unidades federativas e 
garantir uma representação mais ampla.
Figura 5 – Congresso Nacional
Fonte: Freepik
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Os representantes da Câmara dos Deputados e do 
Senado Federal eram eleitos por meio de eleições diretas, o que 
permitia que a população participasse ativamente na escolha 
de seus representantes. Essa forma de eleição direta buscava 
fortalecer a legitimidade do poder legislativo e conferir uma 
maior representatividade aos cidadãos.
Além disso, a Constituição de 1891 estabeleceu que o 
número de representantes de cada estado seria proporcional 
à sua população. Isso significava que estados mais populosos 
teriam mais representantes, garantindo uma distribuição 
equitativa do poder legislativo e levando em consideração a 
densidade demográfica de cada unidade federativa.
No contexto desse sistema de representação política, 
os partidos políticos ganharam um papel fundamental 
na organização e na articulação dos interesses políticos e 
ideológicos. Com o advento da República, surgiram diferentes 
partidos políticos que representavam diferentes correntes de 
pensamento e interesses regionais.
Entre os principais partidos da época, destacavam-se 
o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Republicano 
Mineiro (PRM). Esses partidos, embora representassem 
oligarquias regionais, exerciam grande influência política e eram 
importantes atores na construção e na manutenção do sistema 
político da República Velha.
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Figura 6 – Cartaz do PRP
Fonte: Wikimedia Commons 
Os partidos políticos desempenhavam um papel 
na articulação de interesses regionais, na organização das 
campanhas eleitorais e na busca por apoio político. Eles 
se tornaram instrumentos fundamentais para a defesa de 
determinadas pautas e para a formação de alianças políticas.
No entanto, é importante ressaltar que o sistema de 
representação política da República Velha também foi marcado 
por limitações e exclusões. Apesar do voto masculino universal, 
o acesso ao poder político continuava restrito a uma elite 
econômica e social, e os interesses das camadas populares e das 
minorias muitas vezes eram marginalizados.
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Apesar dessas limitações, a Constituição de 1891 
estabeleceu uma estrutura de representação política e partidária 
que moldou o sistema político brasileiro durante a República 
Velha. Ela trouxe avanços na participação popular e na distribuição 
de poder, embora ainda houvesse desafios significativos para 
alcançar uma representatividade mais ampla e inclusiva.
RESUMINDO
Então? Gostou do que lhe mostramos? Agora, para 
termos certeza de que você realmente entendeu o 
tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo 
o que vimos. Neste capítulo, você aprendeu sobre 
a emergência da República no Brasil, incluindo a 
elaboração da Constituição de 1891 e a criação do 
sistema de representação política. Compreender 
esses aspectos é fundamental para entender o 
contexto político e institucional do Brasil nesse 
período. Ao compreender a relação entre a política 
e a democracia ateniense, você estará preparado 
para compreender melhor as bases da formação 
das primeiras instituições políticas brasileiras. Além 
disso, você também aprendeu sobre a importância 
do princípio da reserva do possível para o direito à 
saúde no Brasil.
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A Crise da República Velha do 
Brasil
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
discernir sobre as causas e consequências da 
crise da República Velha no Brasil, com ênfase 
no surgimento de novos movimentos sociais e na 
luta por direitos civis, políticos e sociais. Isto será 
fundamental para o exercício de sua profissão. 
Neste capítulo, vamos mergulhar na análise 
da crise da República Velha no Brasil. Vamos 
investigar as causas que levaram a essa crise e 
entender as consequências que ela teve para 
a sociedade brasileira. Daremos destaque ao 
surgimento de novos movimentos sociais que 
emergiram nesse contexto, bem como à luta por 
direitos civis, políticos e sociais. Ao compreender 
esses aspectos, você estará preparado para 
compreender melhor as transformações sociais e 
políticas que ocorreram durante a República Velha.
E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Vamos lá. Avante!
Causas e consequências da crise 
da República Velha no Brasil
A República Velha, ou Primeira República, foi um período 
marcado pela hegemonia política das oligarquias agrárias, em 
especial as cafeicultoras, e pela exclusão da grande parte da 
população do cenário político. Durante esse período, houve uma 
forte concentração de poder nas mãos das elites rurais, que 
controlavam as principais decisões políticas e econômicas do 
país. 
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Enquanto as oligarquias se beneficiavam do modelo 
econômico baseado na produção de café, as camadas populares 
enfrentavam dificuldades para ter voz e participação efetiva na 
política nacional. Essa dinâmica de poder e exclusão marcou a 
essência da República Velha.
Causas da crise da República Velha
 • Descontentamento popular: a exclusão política da 
maioria da população, a concentração de poder nas 
mãos das oligarquias e a falta de representatividade 
levaram a um crescente descontentamento popular. 
As camadas mais baixas da sociedade, como os 
trabalhadores urbanos e rurais, não tinham voz no 
processo político e sofriam com as desigualdades 
socioeconômicas.
 • Fraudes eleitorais e coronelismo: durante a 
República Velha, as eleições erammarcadas por 
fraudes e manipulações, especialmente por meio do 
coronelismo. Os coronéis, líderes locais influentes, 
exerciam controle sobre as eleições em suas regiões, 
garantindo a vitória dos candidatos de sua preferência. 
Isso minava a legitimidade do processo eleitoral e a 
confiança da população nas instituições políticas.
 • Crise econômica e modernização: no final do 
século XIX e início do século XX, o Brasil enfrentou 
crises econômicas, como a queda nos preços do café, 
principal produto de exportação do país. Além disso, 
o processo de industrialização e modernização trouxe 
desafios e mudanças significativas, criando tensões 
entre as antigas oligarquias agrárias e as novas forças 
econômicas emergentes.
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Consequências da crise da República 
Velha
 • Movimentos tenentistas: a crise da República Velha 
estimulou o surgimento de movimentos políticos, como 
o tenentismo, formado por jovens oficiais militares 
descontentes com a situação política e social do país. 
Os tenentes buscavam reformas e se opunham à 
corrupção e ao domínio oligárquico. Esses movimentos 
foram fundamentais para desestabilizar o regime e 
abrir caminho para mudanças políticas mais profundas. 
Segundo Ferreira e Pinto (2006),
O tenentismo recebeu esta denominação 
uma vez que teve como principais figuras não 
a cúpula das forças armadas, mas oficiais de 
nível intermediário do Exército – os tenentes 
e os capitães. O alto comando militar do 
Exército manteve-se alheio a uma ruptura 
pelas armas, assim como a Marinha. O 
movimento, que tomou proporções nacionais, 
empolgou amplos setores da sociedade 
da época, desde segmentos oligárquicos 
dissidentes aos setores urbanos (camadas 
médias e a classe operária das cidades). 
O grande mal a ser combatido eram as 
oligarquias, já que segundo os tenentes, elas 
haviam transformado o país em “vinte feudos” 
cujos senhores eram escolhidos pela política 
dominante. (FERREIRA; PINTO, 2006, p.12)
 • Revolução de 1930: a crise política e econômica 
culminou na Revolução de 1930, um movimento 
liderado por diversos setores insatisfeitos com a 
República Velha. Getúlio Vargas, apoiado por diferentes 
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grupos, assumiu o poder e estabeleceu um governo 
provisório, marcando o fim da Primeira República e o 
início de uma nova fase na história brasileira. Ferreira e 
Pinto (2006) apontam que
(...) a revolução de trinta se transforma 
numa espécie de evento matriz que serve 
de catalisador para se captar a cultura 
política, o comportamento, as aspirações 
e demandas dos diferentes segmentos 
integrantes do sistema político brasileiro. 
Em compensação entre os inconvenientes 
estão a perigosa tendência de se transferir 
para o acontecimento uma dimensão que 
não é intrínseca à sua e sobretudo induzir 
à conversão do que pode ser apenas uma 
simultaneidade de fenômenos em nexos 
fortes entre eles (MARTINS, 1980, p. 671). 
O resultado da Revolução de trinta mais do 
que as propostas do movimento em si é que 
transformaram 1930 em um marco histórico 
importante. (FERREIRA; PINTO, 2006, p. 22)
Assim, a Revolução de 1930 foi um evento marcante 
na história do Brasil, servindo como um catalisador para 
compreender a cultura política, o comportamento e as demandas 
dos diferentes segmentos do sistema político brasileiro. No 
entanto, é importante ter cautela ao atribuir a esse acontecimento 
uma dimensão que não é intrínseca a ele e evitar criar conexões 
fortes entre fenômenos apenas simultâneos. 
Portanto, a revolução representou uma ruptura 
significativa no curso político do país, estabelecendo um 
marco histórico que impulsionou transformações profundas e 
redefinições no sistema político e social brasileiro.
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Figura 7 – Revolução de 30
Fonte: Wikimedia Commons 
 • Era Vargas: o governo de Getúlio Vargas trouxe 
consigo profundas transformações políticas e sociais. 
Vargas estabeleceu um governo autoritário, conhecido 
como Estado Novo, que perdurou de 1937 a 1945. 
Durante esse período, foram implementadas políticas 
trabalhistas, como a criação da Consolidação das Leis 
do Trabalho (CLT), e medidas de cunho nacionalista e 
industrializante.
 • Processo de redemocratização: após o fim do 
Estado Novo, o Brasil passou por um processo de 
redemocratização. Em 1946, uma nova Constituição foi 
promulgada, estabelecendo um sistema democrático 
com eleições regulares. No entanto, o país ainda 
enfrentou instabilidades políticas, como golpes 
militares, até alcançar uma estabilidade democrática 
mais consolidada a partir da década de 1980.
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Portanto, a crise da República Velha no Brasil foi resultado 
de uma série de fatores interligados, incluindo a exclusão política, 
as fraudes eleitorais, a crise econômica e as mudanças sociais. 
Esses elementos combinados desencadearam um colapso no 
sistema político vigente e abriram espaço para transformações 
significativas no país.
A exclusão política, com a predominância das oligarquias 
agrárias no poder, limitou a participação das camadas populares 
e de outros setores da sociedade no processo político, gerando 
insatisfação e descontentamento generalizados. Além disso, 
as frequentes fraudes eleitorais minaram a legitimidade das 
instituições e reduziram a confiança da população no sistema 
democrático.
A crise econômica, marcada pela queda dos preços do café 
e pela falta de diversificação da economia, afetou gravemente 
as condições socioeconômicas do país. A dependência excessiva 
do setor agrícola e a falta de investimentos em outros setores 
contribuíram para a instabilidade e o descontentamento social.
Ao mesmo tempo, mudanças sociais significativas 
estavam ocorrendo no Brasil. O crescimento das cidades, a 
industrialização incipiente e a emergência de novos grupos 
sociais trouxeram demandas por maior participação política, 
igualdade de direitos e melhorias nas condições de vida.
As consequências dessa crise foram profundas e 
moldaram o curso da história brasileira nas décadas seguintes. 
Ela provocou a queda do sistema oligárquico da República Velha 
e abriu caminho para novos movimentos políticos e sociais. O 
período pós-crise testemunhou a ascensão de movimentos 
como o Tenentismo e a luta por direitos civis, políticos e sociais, 
que buscavam reformas estruturais e uma maior inclusão social.
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Assim, a crise da República Velha não apenas expôs as 
deficiências do sistema político e econômico existente, mas 
também impulsionou um processo de mudanças profundas na 
sociedade brasileira. As lutas e transformações desencadeadas 
por essa crise foram essenciais para a construção de uma nova 
ordem política e social no país, deixando um legado duradouro 
na história brasileira.
Surgimento de novos 
movimentos sociais
Durante a história do Brasil, houve o surgimento de 
diversos movimentos sociais que desempenharam um papel 
importante na luta por mudanças sociais, políticas e culturais. 
Esses movimentos representaram a mobilização de diferentes 
grupos da sociedade que buscavam reivindicar direitos, combater 
injustiças e promover transformações nas estruturas vigentes. 
Alguns exemplos significativos são:
O movimento LGBTQ+ surgiu nas últimas décadas como 
uma força importante na luta pelos direitos e pela igualdade 
das pessoas com diversas orientações sexuais e identidades 
de gênero. Buscando o reconhecimento legal, o combate à 
discriminação e a promoção de uma sociedade inclusiva, o 
movimento tem desempenhado um papel fundamental na 
conscientização e na conquista de avanços legais e sociais para 
a comunidade LGBTQ+. No entanto, ainda enfrenta desafios 
persistentes, como a discriminação e a violência, enquanto 
continua a trabalhar por uma sociedade mais justa e igualitária 
para todas as pessoas.
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Luta por direitos civis, políticos e 
sociais
A luta por direitos civis, políticos e sociais tem sido uma 
constante na história do Brasil, com diversos momentos e 
movimentos que buscaram promover a igualdade, a justiça e a 
cidadania. Essas lutas abarcam uma série de demandas e pautas, 
algumas das quais incluem:
 • Direitos civis: a luta por direitos civis envolve a 
busca pela igualdade de todos os cidadãos perante 
a lei, independentemente de sua raça, gênero, 
religião ou orientação sexual. Isso inclui o combate 
à discriminação racial, de gênero, religiosa e outros 
tipos de discriminação, bem como a garantia do acesso 
igualitário à educação, saúde, moradia e outros direitos 
básicos.
 • Direitos políticos: a luta por direitos políticos tem 
como objetivo garantir a participação igualitária de 
todos os cidadãos no processo político. Isso envolve 
o direito ao voto, a representação política justa e 
proporcional, a transparência nas eleições, a liberdade 
de expressão e de organização política, entre outros 
aspectos fundamentais para a democracia.
 • Direitos sociais: a luta por direitos sociais busca 
assegurar condições dignas de vida para todos os 
cidadãos. Isso inclui o acesso a serviços públicos 
de qualidade, como saúde, educação, segurança, 
assistência social e previdência. Também envolve a luta 
por igualdade de oportunidades, distribuição justa de 
renda, combate à pobreza e políticas de inclusão social.
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ACESSE
O site “Letras.mus.br” oferece um blog dedicado 
ao tema das canções de protesto. Nesse blog, é 
possível encontrar um rico conteúdo sobre as 
músicas que foram utilizadas como forma de 
expressão e luta por direitos civis, políticos e 
sociais ao longo da história.
O blog aborda uma variedade de gêneros musicais, 
como o folk, o rock, o rap e o punk, apresentando 
análises e reflexões sobre as letras e o contexto em 
que essas canções foram criadas. Além disso, o site 
oferece informações sobre artistas e movimentos 
musicais que se destacaram nesse campo, como 
U2, Elis Regina, Chico Buarque, dentre outros.
Ao explorar o conteúdo de “Canções de Protesto” 
no site “Letras.mus.br”, você pode se aprofundar 
nas mensagens políticas e sociais transmitidas 
por meio da música. As canções de protesto têm 
o poder de mobilizar, conscientizar e inspirar as 
pessoas, e o blog fornece um espaço para apreciar 
e compreender essa forma de expressão artística.
É uma plataforma interessante para aqueles que 
desejam explorar a conexão entre a música e os 
movimentos sociais, além de descobrir novas 
músicas e artistas que têm desafiado as injustiças 
e lutado por mudanças positivas em suas 
sociedades. Acesse
https://www.letras.mus.br/blog/cancoes-de-protesto/
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Essas lutas por direitos civis, políticos e sociais têm sido 
conduzidas por movimentos sociais, organizações da sociedade 
civil, ativistas e indivíduos engajados, buscando transformar a 
realidade e promover uma sociedade mais justa e igualitária. 
Esses esforços são fundamentais para promover mudanças 
sociais e alcançar um país mais democrático e inclusivo.
RESUMINDO
Então? Gostou do que lhe mostramos? Agora, 
para termos certeza de que você realmente 
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos 
resumir tudo o que vimos. Neste capítulo, você 
aprendeu sobre as causas e consequências da 
crise da República Velha no Brasil, com ênfase no 
surgimento de novos movimentos sociais e na luta 
por direitos civis, políticos e sociais. Compreender 
esses aspectos é fundamental para entender as 
transformações sociais e políticas que ocorreram 
durante a República Velha. Além disso, você 
também aprendeu sobre a importância de olhar 
mais para as pessoas e menos para os líderes 
na construção de uma sociedade mais justa e 
democrática.
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O Estado Novo e o 
autoritarismo no Brasil
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
identificar as características do Estado Novo no 
Brasil, bem como a natureza do autoritarismo que 
se estabeleceu durante este período. Isto será 
fundamental para o exercício de sua profissão. 
Neste capítulo, vamos explorar as características 
do Estado Novo no Brasil, um período marcado 
pelo autoritarismo e pela concentração de poder 
nas mãos do governo. Vamos analisar como esse 
regime se estabeleceu, quais foram suas principais 
características e como ele impactou a sociedade 
brasileira. Ao compreender esses aspectos, você 
estará preparado para compreender melhor o 
autoritarismo e suas consequências para a história 
política do Brasil.
E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Vamos lá. Avante!
Características do Estado Novo 
no Brasil
O Estado Novo foi um período autoritário da história 
brasileira que ocorreu entre os anos de 1937 e 1945, liderado por 
Getúlio Vargas. Durante esse período, diversas características 
marcaram o regime e sua forma de governança.
Uma das principais características do Estado Novo foi 
o centralismo político e a concentração de poder nas mãos de 
Getúlio Vargas. O regime foi estabelecido por meio de um golpe 
de Estado, que resultou na suspensão da Constituição de 1934 e 
no fechamento do Congresso Nacional. Vargas, então, assumiu 
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a presidência e governou de maneira autoritária, concentrando 
em si grande parte das decisões políticas e governamentais.
Figura 8 – Retrato oficial do Presidente do Brasil Getúlio Vargas, 1930
Fonte: Wikimedia Commons 
Outra característica importante do Estado Novo foi 
o nacionalismo exacerbado e a valorização do Estado como 
agente centralizador e regulador da economia e da sociedade. 
Nesse sentido, o Estado interveio de forma intensa na economia, 
implementando políticas de desenvolvimento industrial, controle 
de preços e regulamentação do trabalho. Vargas utilizou o Estado 
como instrumento para promover a industrialização e fortalecer 
setores estratégicos da economia nacional.
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Além disso, durante o Estado Novo, foi estabelecido um 
forte controle da imprensa e da liberdade de expressão. O governo 
restringiu a atuação política de opositores, censurou jornais e 
perseguiu críticos ao regime, garantindo uma visão unificada e 
controlada da realidade. De acordo com Santos (2016),
[com] a Revolução de 1930, movimento 
que depôs o então Presidente da República 
Washington Luis, Getúlio Vargas foi nomeado 
chefe do Governo Provisório. Feita por 
uma Assembleia Constituinte eleita em 
1933, a referida Constituição foi inspirada 
na Constituição de Weimar de 1919 e na 
Constituição Espanhola de 1931. O sufrágio 
feminino e o voto secreto foram suas grandes 
inovações. (SANTOS, 2016, p. 109)
Porém, Santos (2016) explica que
Em seu capítulo II que tratava dos Direitos e 
Garantias Individuais, assim preceituou: 
Art 113 - A Constituição assegura a brasileiros 
e a estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade dos direitos concernentes à 
liberdade, à subsistência, à segurança individual 
e à propriedade, nos termos seguintes: 9) Em 
qualquer assunto é livre a manifestação do 
pensamento, sem dependência de censura, 
salvo quanto a espetáculos e diversões 
públicas, respondendo cada um pelos abusos 
que cometer, nos casos e pela forma que a 
lei determinar. Não é permitido anonimato. É 
segurado o direito de resposta. A publicação 
de livros e periódicos independe de licença 
do Poder Público. Não será, porém, tolerada 
propaganda, de guerra ou de processos 
violentos, para subverter a ordem política ou 
social. (SANTOS, 2016, p. 109)
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Assim, observa-se nesse trecho que o referido dispositivo 
da Constituição mantém em grande parte o mesmo caráter da 
Constituição anterior, incluindo algumas proteções adicionais, 
como odireito de resposta e a dispensa de licença para a publicação 
de livros e periódicos. No entanto, é possível perceber a inserção 
de uma disposição que vai contra a plena liberdade de expressão, 
permitindo a censura de espetáculos e diversões públicas.
A Constituição de 1937, portanto, foi caracterizada por 
seu caráter nitidamente antidemocrático, que limitou o direito 
amplo à liberdade de expressão. Através do artigo 122, inciso 
15, a Carta estabelecia que todo cidadão tinha o direito de 
manifestar seu pensamento, porém sujeito a condições e limites 
prescritos em lei. Essa lei permitia medidas como a censura prévia 
da imprensa, teatro, cinematógrafo e radiodifusão, além de 
possibilitar a proibição da circulação, difusão ou representação 
de determinados conteúdos.
Dessa forma, teve início um dos sistemas mais rigorosos 
de censura prévia ao direito de expressão na história do Brasil 
que negava, na prática, a liberdade de opinião, essencial para um 
regime democrático. 
Além disso, o Estado Novo também se caracterizou pela 
exaltação do culto à personalidade de Getúlio Vargas. Vargas 
era apresentado como um líder carismático e providencial, 
responsável por conduzir o Brasil rumo ao desenvolvimento e 
ao progresso. Sua figura era cultuada e reverenciada, estando 
presente em diversos aspectos da vida pública, como a música, a 
literatura e as comemorações oficiais.
Outra marca importante do Estado Novo foi a criação de 
instituições que fortaleceram o aparato estatal e o controle do 
governo sobre a sociedade. Destacam-se, nesse sentido, a criação 
do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), responsável 
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pelo controle da informação, e a formação de organizações como 
a Ação Integralista Brasileira (AIB), que defendiam uma visão 
nacionalista e autoritária do país.
Portanto, o Estado Novo foi um período marcado pelo 
autoritarismo político, centralismo do poder, nacionalismo 
econômico e controle governamental sobre a sociedade. Suas 
características moldaram profundamente a forma de governar 
do período, deixando um legado impactante na história política 
e social do Brasil.
Natureza do autoritarismo 
estabelecido durante este 
período
Durante o período do Estado Novo no Brasil, estabeleceu-
se um autoritarismo de natureza intensa e centralizada. Getúlio 
Vargas, por meio de um golpe de estado, assumiu o controle 
absoluto do governo e concentrou em si o poder político e 
governamental. Essa concentração de poder resultou em um 
regime autoritário que restringiu as liberdades civis e políticas 
da população.
Durante o Estado Novo, a supressão da participação 
política e o enfraquecimento das instituições democráticas 
foram características centrais do autoritarismo estabelecido. 
Com o fechamento do Congresso Nacional, Getúlio Vargas 
anulou o espaço de debate e deliberação política, consolidando 
sua posição como líder autocrático e centralizador.
Ao fechar o Congresso Nacional, Vargas eliminou o 
principal órgão legislativo do país, responsável por representar 
os interesses da população e garantir a discussão e aprovação de 
leis. Essa ação significou a negação do princípio democrático de 
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divisão e equilíbrio de poderes, fundamental para a promoção 
de uma sociedade participativa e plural.
Com a supressão da participação política por meio do 
fechamento do Congresso, o poder passou a ser exercido de 
forma centralizada nas mãos de Vargas e de seus aliados mais 
próximos. As decisões políticas e governamentais passaram a ser 
tomadas de forma autoritária, sem a devida representação da 
diversidade de interesses e opiniões da sociedade.
Essa concentração de poder e a ausência de espaços para 
a participação popular resultaram em um regime de governo 
marcado pela falta de prestação de contas e pela limitação das 
liberdades civis e políticas. O Estado Novo impôs restrições 
severas à liberdade de expressão, cerceando a manifestação do 
pensamento crítico e o debate público.
Dessa forma, o autoritarismo do Estado Novo não apenas 
eliminou a participação política e enfraqueceu as instituições 
democráticas, mas também minou os fundamentos da 
democracia representativa e da pluralidade de vozes na tomada 
de decisões. A concentração de poder nas mãos de Vargas e a falta 
de mecanismos de controle e responsabilização contribuíram 
para um ambiente político autoritário e centralizado, em que a 
participação e a diversidade de opiniões foram restringidas.
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Figura 9 – Artistas protestam contra a Ditadura Militar - Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete 
Lara, Norma Bengell e Cacilda Becker
Fonte: Wikimedia Commons 
Além disso, o Estado Novo impôs um controle rígido 
sobre a sociedade e suas manifestações. A censura e a 
repressão foram amplamente utilizadas para limitar a liberdade 
de expressão e o direito à manifestação do pensamento. A 
Constituição de 1937, por exemplo, permitiu a censura prévia da 
imprensa, teatro, cinematógrafo e radiodifusão, concedendo à 
autoridade competente o poder de proibir a circulação, difusão 
ou representação de conteúdos considerados indesejáveis pelo 
regime.
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SAIBA MAIS
O Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) 
foi um órgão de repressão e controle durante o 
período da ditadura militar no Brasil, que durou 
de 1964 a 1985. O DOPS desempenhou um papel 
central na perseguição e repressão de opositores 
políticos ao regime autoritário.
O objetivo principal do DOPS era manter a ordem 
política e social de acordo com os interesses 
do regime militar. Para isso, o departamento 
realizava atividades de vigilância, investigação, 
interrogatórios, prisões arbitrárias e tortura 
contra aqueles considerados subversivos ou que 
representavam ameaças à segurança nacional, 
segundo a perspectiva do governo.
O DOPS tinha atuação em diferentes estados do 
Brasil, possuindo representações regionais. Sua 
atuação incluía identificar, monitorar e neutralizar 
indivíduos e organizações considerados inimigos 
do regime. Isso envolvia militantes políticos, 
estudantes, sindicalistas, artistas, intelectuais e 
qualquer pessoa suspeita de atividades contra o 
governo.
As práticas do DOPS frequentemente envolviam 
violações graves dos direitos humanos, como 
tortura física e psicológica, detenções ilegais 
e desaparecimentos forçados. O objetivo era 
intimidar e silenciar qualquer forma de oposição 
ao regime militar.
O impacto do DOPS na sociedade brasileira 
foi profundo, deixando marcas de repressão e 
violência que persistem até hoje. Suas práticas 
afetaram diretamente a vida de milhares de 
pessoas, causando sofrimento, trauma e perdas 
irreparáveis.
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Com o fim da ditadura militar, o DOPS foi extinto 
e seus arquivos foram preservados. A abertura 
desses arquivos e a busca por justiça e memória 
são importantes para compreender e confrontar 
os abusos cometidos durante aquele período 
sombrio da história brasileira.
Acesse o Memorial da Resistência de São Paulo 
para mais informações. 
O controle autoritário não se restringiu apenas à política 
e à liberdade de expressão, mas também se estendeu para a 
esfera econômica. Vargas implementou uma intervenção estatal 
significativa na economia, com o objetivo de fortalecer o Estado 
e impulsionar o crescimento econômico do país.
No âmbito econômico, o Estado Novo adotou políticas de 
desenvolvimento industrial e controle dos setores estratégicos da 
economia. Vargas acreditava que o fortalecimento do Estado e a 
promoção de um setor industrial nacional seriam fundamentais 
para impulsionar o desenvolvimento econômico e a autonomia 
do país.
Essa intervenção estatal incluiu a criação de empresas 
estatais, como a Companhia Siderúrgica Nacional e a Companhia 
Vale do Rio Doce, que tiveram o objetivo de impulsionara 
industrialização e garantir a exploração dos recursos naturais 
do país sob controle governamental. Essas empresas estatais 
tinham um papel estratégico na economia e contribuíram para a 
concentração de poder nas mãos do governo.
http://memorialdaresistenciasp.org.br/lugares/deops-sp/
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Além disso, o Estado Novo impôs um controle rigoroso 
sobre a economia, regulando setores-chave e estabelecendo 
restrições e diretrizes para as atividades econômicas. Essas 
medidas visavam direcionar o desenvolvimento econômico de 
acordo com os interesses do Estado e do governo, restringindo a 
liberdade econômica e a iniciativa privada.
Embora a intervenção estatal na economia tenha tido 
como objetivo promover o crescimento econômico e fortalecer 
o Estado, ela também contribuiu para a concentração de poder 
nas mãos do governo. A centralização do controle econômico 
nas mãos do Estado Novo limitou a liberdade econômica e a 
competição de mercado, restringindo a atuação do setor privado 
e a diversidade de agentes econômicos.
Portanto, durante o Estado Novo, o controle autoritário 
estendeu-se para além da esfera política e da liberdade de 
expressão, alcançando a economia. A intervenção estatal na 
economia, por um lado, teve o objetivo de fortalecer o Estado e 
promover o desenvolvimento econômico, mas, por outro lado, 
resultou na concentração de poder nas mãos do governo e na 
limitação da liberdade econômica e da iniciativa privada.
SAIBA MAIS
 • Durante o Estado Novo, vários artistas 
e intelectuais brasileiros enfrentaram 
perseguições políticas e restrições à liberdade 
de expressão. Muitos deles foram forçados 
a se exilar em outros países para escapar da 
censura e da repressão do regime. Entre os 
artistas que se exilaram estão nomes como o 
escritor Graciliano Ramos, o pintor Cândido 
Portinari e o compositor Heitor Villa-Lobos.
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 • O Estado Novo também teve impacto na produção 
artística brasileira. A censura e a pressão política 
resultaram em uma produção cultural mais 
conservadora, que refletia os ideais do regime. 
Obras de cunho social ou político crítico eram 
rejeitadas ou fortemente controladas, enquanto 
obras com temáticas alinhadas ao nacionalismo 
e à exaltação do regime eram incentivadas.
 • O exílio de artistas e intelectuais durante o 
Estado Novo contribuiu para a disseminação 
de suas obras e influências em outros países. 
Muitos artistas brasileiros estabeleceram-se 
em locais como Argentina, México, Estados 
Unidos e Europa, onde tiveram a oportunidade 
de desenvolver suas carreiras e estabelecer 
contatos com outros artistas internacionais. 
O pintor Cândido Portinari foi um dos artistas 
brasileiros que se destacaram no exílio. Durante 
esse período, ele produziu obras marcantes, 
retratando cenas da vida cotidiana do povo 
brasileiro e denunciando as injustiças sociais. 
Seus trabalhos exibiam forte crítica à opressão 
e à desigualdade.
 • Além dos artistas, muitos intelectuais e 
pensadores também buscaram refúgio no 
exterior. Destacam-se nomes como o sociólogo 
Florestan Fernandes e o filósofo Paulo Freire, 
que encontraram em outros países espaço para 
desenvolver suas ideias e contribuições para 
suas respectivas áreas de estudo.
O período do Estado Novo no Brasil deixou um 
legado de repressão e perseguição, levando à 
saída de artistas e intelectuais do país em busca 
de liberdade e oportunidades. O exílio desses 
artistas contribuiu para a disseminação da cultura 
brasileira além das fronteiras, fortalecendo 
conexões e influências internacionais.
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Repressão aos movimentos operários 
e sindicais
Durante o período da ditadura militar no Brasil, que teve 
início em 1964 e durou até 1985, os movimentos operários e 
sindicais enfrentaram intensa repressão e perseguição por parte 
do regime autoritário. O governo militar via esses movimentos 
como potenciais ameaças à estabilidade e ao controle político.
Com a implantação do regime, diversas garantias e 
direitos trabalhistas foram enfraquecidos, e as atividades 
sindicais passaram a ser rigorosamente controladas. Muitos 
líderes sindicais foram presos, torturados, exilados ou tiveram 
suas atividades restringidas.
Apesar das adversidades, alguns movimentos operários e 
sindicais continuaram a lutar por melhores condições de trabalho, 
direitos trabalhistas e justiça social. Greves e manifestações 
ocorreram em diferentes setores da economia, com destaque 
para a indústria metalúrgica, os trabalhadores rurais e os 
estudantes.
Um exemplo emblemático desse período é a greve dos 
metalúrgicos de Osasco, em 1968, que resultou em uma grande 
mobilização e enfrentamentos com as forças de segurança. Essa 
greve se tornou um marco na resistência dos trabalhadores 
contra as políticas repressivas do regime.
Apesar das dificuldades e da repressão, os movimentos 
operários e sindicais desempenharam um papel importante 
na resistência à ditadura, mantendo acesa a chama da luta por 
direitos e justiça social. Essa resistência foi fundamental para a 
abertura política e o retorno da democracia no Brasil.
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Com o processo de abertura política a partir da década 
de 1980, os movimentos operários e sindicais recuperaram sua 
força e voltaram a desempenhar um papel relevante na defesa 
dos direitos trabalhistas e na construção de uma sociedade mais 
justa e igualitária.
É importante destacar que a história dos movimentos 
operários e sindicais durante a ditadura militar é marcada por 
desafios e sacrifícios, mas também por coragem e perseverança 
na defesa dos direitos dos trabalhadores. Seus esforços foram 
fundamentais para a conquista de avanços e para a consolidação 
dos direitos trabalhistas que temos hoje no Brasil.
ACESSE
No primeiro episódio da série “Incontáveis”, 
intitulado “Trabalhadores na ditadura”, produzida 
pela Comissão da Memória e Verdade da UFRJ, 
é explorado um aspecto fundamental e muitas 
vezes negligenciado da ditadura militar no 
Brasil: o impacto que esse período teve sobre os 
trabalhadores. A narrativa é conduzida por Jardel 
Leal, que além de ser o narrador, também é uma 
testemunha viva desses acontecimentos. Jardel 
Leal é um ex-operário naval e economista do DIEESE 
que foi preso durante a ditadura. Sua experiência 
pessoal agrega um elemento emocional e humano 
ao relato, permitindo uma compreensão mais 
profunda das vivências dos trabalhadores durante 
esse tempo. O episódio aborda uma série de temas 
relevantes relacionados aos trabalhadores do 
campo e da cidade durante a ditadura. Entre eles, 
estão a política econômica adotada pelo regime, 
que resultou em arrocho salarial e precarização 
das condições de vida da classe trabalhadora. 
https://www.youtube.com/watch?v=euVCQwNJxIk
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Também são discutidos os casos de vigilância 
política, intervenções e repressão direta contra 
sindicatos, movimentos de trabalhadores, 
lideranças camponesas e operárias. Além disso, o 
vídeo destaca a importância de compreender a luta 
dos trabalhadores durante esse período histórico. 
Ao divulgar pesquisas acadêmicas recentes e 
relatórios das comissões da verdade, a série 
“Incontáveis” busca dar voz aos trabalhadores e 
preservar sua memória. Por meio dessas histórias 
menos conhecidas, a série contribui para uma 
visão mais completa e autêntica dos impactos da 
ditadura militar na sociedade brasileira. Acesse.
Impactos do Estado Novo na 
sociedade brasileira
O Estado Novo teve impactos significativos na sociedade 
brasileira, abrangendo diversos aspectos da vida cotidiana e das 
estruturas sociais do país. Vejamos alguns exemplos:
 • Restrição da liberdade de expressão: a censura 
prévia imposta pelo Estado Novo limitou a liberdade 
de imprensa, teatro, cinema e radiodifusão. O governo 
exercia controle sobreo conteúdo divulgado, proibindo 
ou restringindo a circulação de informações e ideias 
consideradas contrárias aos interesses do regime.
 • Centralização do poder político: com o fechamento 
do Congresso Nacional, o Estado Novo concentrou o 
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poder nas mãos de Getúlio Vargas, enfraquecendo as 
instituições democráticas e diminuindo a participação 
popular na tomada de decisões políticas. O regime 
passou a ser caracterizado pela autoridade centralizada, 
com Vargas exercendo controle sobre o país.
 • Ideologia nacionalista: o Estado Novo promoveu uma 
ideologia nacionalista que buscava unificar o país em 
torno da figura de Vargas. Propagandas e discursos 
exaltavam a brasilidade e a importância do Estado para 
o desenvolvimento nacional. Esse discurso contribuiu 
para a construção de uma identidade nacional, mas 
também reforçou uma visão de conformidade e 
submissão ao regime.
 • Intervenção estatal na economia: Vargas implementou 
políticas de desenvolvimento industrial e controle dos 
setores estratégicos da economia. Criou-se empresas 
estatais, como a Companhia Siderúrgica Nacional 
e a Companhia Vale do Rio Doce, e regulamentou-
se a atividade econômica. Essa intervenção estatal 
restringiu a liberdade econômica e a iniciativa privada, 
concentrando o controle nas mãos do governo.
 • Educação sob controle estatal: o Estado Novo também 
exerceu controle sobre o sistema educacional, buscando 
alinhar a educação aos princípios do regime. O ensino 
foi moldado de acordo com a ideologia nacionalista e os 
valores promovidos pelo governo. A educação passou 
a ser um instrumento de disseminação das ideias do 
Estado Novo.
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ACESSE
A música “Pra não dizer que não falei das flores”, de 
Geraldo Vandré, tornou-se um dos símbolos mais 
marcantes do período da ditadura militar no Brasil. 
Composta e apresentada no Festival Internacional 
da Canção de 1968, durante o regime autoritário, a 
canção teve um impacto significativo e despertou 
reações intensas das autoridades.
Durante a performance da música, Geraldo Vandré 
cantou o refrão olhando diretamente para os 
militares presentes, transmitindo uma mensagem 
de resistência e descontentamento com o regime. 
Essa atitude desafiadora logo chamou a atenção 
das autoridades, resultando na proibição da música 
e em consequências severas para o compositor.
Após a apresentação, Vandré enfrentou perseguição 
por parte das autoridades e foi submetido à 
tortura. Posteriormente, ele foi forçado ao exílio, 
afastando-se do Brasil para escapar da repressão 
do regime. Durante esse período, a música foi 
banida das rádios e apresentações públicas.
Somente em 1979, com o processo de abertura 
política, a música “Pra não dizer que não falei 
das flores” pôde ser tocada novamente e ganhou 
destaque na voz de Vandré. A canção se tornou 
um hino de resistência e de protesto contra a 
ditadura militar, refletindo o desejo de mobilização 
da população para enfrentar o regime autoritário.
https://www.youtube.com/watch?v=1KskJDDW93k
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A letra da música, de forma contundente, convida 
as pessoas a não ficarem em silêncio e a se unirem 
na luta contra a ditadura. Ela evoca a necessidade 
de resistência e de expressão de insatisfação 
diante das injustiças e repressões impostas pelo 
regime militar.
“Pra não dizer que não falei das flores” é um exemplo 
significativo da importância da música como forma 
de expressão artística e resistência política durante 
os anos de ditadura no Brasil. A canção permanece 
como um símbolo emblemático desse período 
da história brasileira, relembrando a coragem e a 
determinação de artistas e da população em lutar 
por liberdade e democracia. Acesse.
 
RESUMINDO
Então? Gostou do que lhe mostramos? Agora, para 
termos certeza de que você realmente entendeu 
o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir 
tudo o que vimos. Neste capítulo, você aprendeu 
sobre as características do Estado Novo no Brasil, 
um período marcado pelo autoritarismo e pela 
concentração de poder nas mãos do governo. 
Compreender esses aspectos é fundamental para 
entender o autoritarismo e suas consequências 
para a história política do Brasil. Além disso, 
você também aprendeu sobre a importância 
do pluralismo político para a consolidação das 
instituições democráticas brasileiras.
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Redemocratização e a 
consolidação das instituições 
democráticas brasileiras
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
contextualizar a redemocratização e a consolidação 
das instituições democráticas na história brasileira 
recente. Isto será fundamental para o exercício de 
sua profissão. 
Neste capítulo, vamos contextualizar a redemocra-
tização e a consolidação das instituições democrá-
ticas na história recente do Brasil. Vamos analisar 
os eventos e processos que levaram à redemocra-
tização do país, bem como as principais transfor-
mações políticas e sociais que ocorreram nesse 
período. Vamos entender como as instituições 
democráticas foram consolidadas e quais foram 
os desafios enfrentados nesse processo. Ao com-
preender esses aspectos, você estará preparado 
para compreender melhor a história política recen-
te do Brasil e sua importância para a construção de 
uma sociedade democrática.
E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Vamos lá. Avante!
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Contextualização da 
redemocratização
O Brasil passou por um processo histórico marcante 
durante a transição da ditadura militar para a democracia, um 
período conhecido como redemocratização. Depois de mais de 
duas décadas sob regime autoritário, a insatisfação popular com 
o autoritarismo ganhou força, exigindo a abertura política e a 
garantia de direitos fundamentais.
Um momento crucial desse período foi a sanção da Lei 
de Anistia, em 28 de agosto de 1979, durante o governo do 
presidente João Figueiredo, último presidente do regime militar 
que governou o país de 1964 a 1985. Essa lei, que concedeu 
anistia a todos os cidadãos atingidos por atos de exceção 
entre 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de 1979, marcou 
o início do processo de abertura política que culminaria na 
redemocratização do Brasil.
A Lei de Anistia teve o poder de beneficiar tanto os que 
se opuseram ao regime militar, incluindo os que foram presos, 
exilados ou demitidos de seus empregos, quanto os que serviram 
ao regime, incluindo os responsáveis por torturas e outras 
violações dos direitos humanos.
Porém, ao longo dos anos, a lei tornou-se objeto de 
controvérsia. Enquanto alguns argumentam que ela permitiu 
uma transição pacífica para a democracia, evitando conflitos 
e vinganças violentas, outros criticam a impunidade que 
proporcionou a muitos responsáveis por graves violações dos 
direitos humanos durante o regime militar. 
Enquanto esses debates ocorriam, a transição para a 
democracia foi impulsionada pela massiva mobilização popular 
que surgiu na década de 1980. Movimentos sociais, sindicatos, 
estudantes e diversos setores da sociedade civil se organizaram 
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em protestos e manifestações, demandando o restabelecimento 
das liberdades democráticas e a realização de eleições diretas 
para presidente.
Um marco histórico dessa luta foi o movimento “Diretas 
Já” de 1984. Ele agiu como um catalisador para a conscientização 
política, despertando na população brasileira o desejo de 
participar ativamente na condução do país. Este movimento 
reflete o papel fundamental que a sociedade civil desempenhou 
nessa época, contribuindo para moldar o rumo da história do 
Brasil em sua jornada para a redemocratização.
IMPORTANTE
O movimento das “Diretas Já” foi um importante 
marco na história política do Brasil, ocorrido 
durante a década de 1980. Esse movimento foi umamanifestação popular que tinha como objetivo 
principal lutar pela volta das eleições diretas para 
presidente, após mais de duas décadas de regime 
militar.
O contexto político do país na época era de 
transição e abertura política. O regime autoritário 
da ditadura militar estava perdendo força e a 
sociedade brasileira ansiava por mudanças e pela 
retomada da democracia plena. As “Diretas Já” 
tornaram-se um símbolo dessa luta, mobilizando 
pessoas de diferentes setores e ideologias em todo 
o país.
O movimento ganhou grande apoio popular e 
contou com a participação de políticos, artistas, 
intelectuais, sindicalistas e cidadãos comuns. 
Manifestações, comícios e passeatas foram 
realizados em diversas cidades brasileiras, 
demonstrando a força e a determinação do 
povo em reivindicar seu direito de escolher seus 
representantes de forma direta e democrática.
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Apesar de não ter alcançado seu objetivo imediato 
de eleições diretas para presidente, o movimento 
das “Diretas Já” foi fundamental para o processo 
de redemocratização do Brasil. Ele fortaleceu o 
sentimento de participação política e cívica na 
população, abrindo caminho para a posterior 
promulgação da Constituição de 1988 e para 
a realização de eleições presidenciais livres e 
democráticas.
O movimento das “Diretas Já” deixou um legado 
importante para a história brasileira, reafirmando 
a importância da participação popular na 
consolidação das instituições democráticas e 
mostrando que a mobilização da sociedade 
civil pode ser um poderoso instrumento de 
transformação política.
Figura 10 – Passeata no centro de São Paulo, em 16 de abril de 1984
Fonte: Wikimedia Commons 
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Após esse período de intensa mobilização social e 
luta política, o Brasil conseguiu efetivamente consolidar suas 
instituições democráticas com a promulgação da Constituição de 
1988, um marco inegável na história do país.
Essa nova Carta Magna não apenas consagrou a liberdade 
de expressão, a igualdade perante a lei, a separação dos poderes 
e a proteção dos direitos humanos, mas também estabeleceu a 
estrutura do Estado brasileiro, definindo as funções e limites dos 
poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Além disso, a Constituição de 1988, conhecida como a 
“Constituição Cidadã”, reconheceu uma vasta gama de direitos 
sociais, como saúde, educação, trabalho e moradia, reafirmando 
o compromisso do país com a justiça social e econômica. Esse 
avanço legal é um testemunho da resistência e determinação 
do povo brasileiro em sua busca por democracia e direitos 
fundamentais, consolidando as conquistas das décadas de lutas 
e mobilizações.
SAIBA MAIS
Ulysses Guimarães foi um importante político 
brasileiro que desempenhou um papel fundamental 
durante o processo de redemocratização do país. 
Nascido em 6 de outubro de 1916, Guimarães foi 
um destacado líder político e jurista, sendo um 
dos principais articuladores do movimento das 
“Diretas Já”.
Guimarães foi presidente da Assembleia Nacional 
Constituinte, responsável pela elaboração 
da Constituição de 1988, conhecida como a 
“Constituição Cidadã”. Ele teve um papel crucial na 
defesa dos princípios democráticos e dos direitos 
fundamentais no texto constitucional, lutando 
contra retrocessos e buscando garantir uma base 
sólida para a democracia brasileira.
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Figura 11 – 22/09/1988 - Encerramento das votações da nova carta constitucional, com 
o discurso do Presidente da Assembleia Nacional Constituinte (ANC) Deputado Ulysses 
Guimarães. No dia 22 de setembro, o plenário da ANC, na 1.021ª votação, aprova o Projeto 
de Constituição
Fonte: Wikimedia Commons 
O político foi conhecido por sua oratória eloquente e pela 
defesa incansável da democracia. Um de seus discursos mais 
famosos foi proferido na promulgação da Constituição de 1988, 
no qual ele afirmou: “A Constituição é a única arma do cidadão 
na paz e na guerra, para a conquista da democracia, da justiça, 
do desenvolvimento e do bem-estar”.
Ulysses Guimarães também foi presidente do Partido 
do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), uma das 
principais forças políticas da época, e exerceu mandatos como 
deputado federal por várias legislaturas. Ele foi um dos líderes 
mais respeitados e admirados do cenário político brasileiro, 
sendo considerado um dos ícones da redemocratização e da 
consolidação das instituições democráticas no Brasil.
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Infelizmente, Ulysses Guimarães faleceu em um trágico 
acidente aéreo em 12 de outubro de 1992, aos 76 anos. Sua 
morte foi uma grande perda para o país, mas seu legado de luta 
pela democracia e pelos direitos dos cidadãos continua vivo e 
inspirando gerações de brasileiros.
No entanto, o processo de redemocratização enfrentou 
desafios significativos. A resistência por parte de setores 
autoritários, que tentavam preservar seus interesses e limitar a 
participação popular, gerou obstáculos ao avanço democrático. 
Além disso, a consolidação das instituições democráticas 
demandou a superação de desigualdades sociais e a busca pela 
inclusão de todos os segmentos da sociedade.
Ao longo das décadas seguintes, o Brasil buscou 
fortalecer suas instituições democráticas, promovendo eleições 
livres e periódicas, garantindo a independência do Judiciário e a 
proteção dos direitos humanos. A consolidação das instituições 
democráticas foi um processo contínuo, exigindo a participação 
ativa da sociedade civil na defesa dos princípios democráticos 
e na superação de desafios como a corrupção, a desigualdade 
social e a exclusão política.
Apesar das dificuldades e dos obstáculos enfrentados, a 
redemocratização representou um importante avanço na história 
brasileira, estabelecendo as bases para uma sociedade mais 
justa, inclusiva e participativa. A consolidação das instituições 
democráticas é um trabalho em andamento, que requer o 
engajamento de todos os cidadãos na defesa dos valores 
democráticos e na construção de um país mais igualitário e 
democrático.
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Consolidação das instituições 
democráticas na história 
brasileira recente
A consolidação das instituições democráticas na história 
brasileira recente é um processo contínuo e em constante 
evolução. Após a redemocratização, houve a consolidação de 
mecanismos e instituições que sustentam o sistema democrático 
do país.
Um marco importante foi a promulgação da Constituição 
de 1988, que estabeleceu as bases do Estado democrático de 
direito no Brasil. A Constituição garantiu direitos fundamentais, 
como liberdade de expressão, liberdade de imprensa, igualdade 
perante a lei, direito de voto e separação dos poderes. Além 
disso, ela definiu a estrutura do Estado brasileiro, com um 
sistema presidencialista, eleições periódicas e a proteção dos 
direitos humanos.
Ao longo das décadas seguintes, ocorreu um 
fortalecimento gradual das instituições democráticas no Brasil. 
Foram realizadas eleições livres e diretas, com alternância de 
poder entre diferentes partidos políticos, o que demonstra a 
consolidação do processo democrático. O sistema judiciário 
também ganhou mais autonomia e independência, garantindo a 
aplicação da lei e a proteção dos direitos individuais e coletivos.
Porém, como aponta Nervo Codato (2005), é importante 
ressaltar que esse fortalecimento das instituições democráticas 
no Brasil foi acompanhado de desafios e limitações. Feitas as 
contas, observamos que o processo de transição foi conduzido 
por uma associação de políticos profissionais e generais 
autoritários, resultando em uma reacomodação no universo das 
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elites políticas. A tríade Arena-PDS-PFL dominou a cena política, 
demonstrando que não houve uma verdadeira substituição 
dos grupos ligados à ditadura, mas sim umacontinuidade com 
transformismo político.
O governo Sarney, por exemplo, representou esse cenário 
de controle da mudança política no Brasil, no qual a “conciliação” 
e o “pacto social” neutralizaram os movimentos de oposição ao 
regime ditatorial e até mesmo a campanha pelas eleições diretas. 
Esse processo resultou em uma forma política denominada por 
Florestan Fernandes como uma “democracia forte”, que não se 
configurava como uma ditadura explícita, mas também não era 
plenamente democrática e liberal.
A década de 1980 consumou assim os sonhos 
dos generais: uma “democracia relativa”, 
na curiosa expressão de Geisel. Logo, 
seria mais correto caracterizar o governo 
Sarney não como um governo “de transição” 
para a democracia ou um governo “misto” 
(semidemocrático ou semiditatorial), mas 
o último governo, no caso, civil, do ciclo de 
governos não-democráticos no Brasil. (NERVO 
CODATO, 2005, p. 99)
Portanto, apesar do fortalecimento das instituições 
democráticas, a história política do Brasil pós-ditadura carrega 
traços de continuidade e reacomodação de grupos de poder, o 
que pode representar um desafio para a plena consolidação da 
democracia e a ampliação da participação popular.
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ACESSE
O site “Observatório da Democracia” conta com 
uma série de publicações, estudos e relatórios 
produzidos por especialistas e pesquisadores 
renomados. Esses materiais abordam temas como 
eleições, participação popular, transparência, 
accountability, Estado de Direito, entre outros 
aspectos fundamentais para a consolidação do 
regime democrático.
Além disso, o “Observatório” disponibiliza dados 
e indicadores sobre a democracia no Brasil, 
permitindo uma análise aprofundada sobre o 
funcionamento das instituições e os desafios 
enfrentados. Esses recursos on-line fornecem uma 
visão ampla e embasada sobre a evolução das 
instituições democráticas no país, possibilitando 
uma reflexão crítica e informada sobre o tema. 
Acesse.
Nesse contexto, a imprensa livre e atuante desempenha 
um papel fundamental na consolidação das instituições 
democráticas, exercendo o papel de fiscalização e de ampliação 
do debate público. A sociedade civil organizada também tem 
contribuído para a consolidação da democracia, por meio de 
movimentos sociais, ONGs e grupos de defesa dos direitos 
humanos, que atuam como contraponto ao poder estatal e lutam 
pela inclusão social, pela igualdade e pela justiça.
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Além disso, é importante destacar que a consolidação 
das instituições democráticas no Brasil envolve também o 
fortalecimento da participação cidadã e o aprimoramento dos 
mecanismos de representação política. A democracia não se 
resume apenas a eleições periódicas, mas também à participação 
efetiva da população na tomada de decisões e na formulação de 
políticas públicas.
Do mesmo modo, os avanços tecnológicos e o 
crescimento das redes sociais têm proporcionado novas formas 
de engajamento cidadão, permitindo que os indivíduos se 
manifestem, expressem suas opiniões e participem ativamente 
do debate público. A democratização do acesso à informação e 
a promoção de espaços de diálogo e deliberação são essenciais 
para fortalecer a democracia e ampliar a participação de 
diferentes setores da sociedade.
No entanto, a consolidação das instituições democráticas 
também enfrenta desafios. A corrupção, a desigualdade social, 
a polarização política e a violação dos direitos humanos são 
questões que ainda demandam atenção e esforços contínuos. 
Além disso, a necessidade de uma representatividade mais ampla 
e diversificada, que reflita a pluralidade da sociedade brasileira, é 
um desafio a ser enfrentado.
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SAIBA MAIS
As instituições democráticas nasceram na 
Grécia Antiga juntamente com a democracia e 
são estruturas e organizações que sustentam 
o funcionamento da democracia e garantem 
a participação cidadã, a proteção dos direitos 
individuais e coletivos, a representatividade 
política e a separação de poderes. Elas incluem 
órgãos governamentais, como o Poder Executivo, 
Legislativo e Judiciário, além de partidos políticos, 
eleições livres e justas, imprensa livre, organizações 
da sociedade civil e mecanismos de controle e 
fiscalização. São essas instituições que asseguram 
a estabilidade e a preservação dos princípios 
democráticos em uma sociedade.
Figura 12 – Clístenes, considerado o pai da democracia ateniense, foi um reformador 
ateniense que ampliou o poder da assembleia popular
Fonte: Wikimedia Commons 
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É fundamental, portanto, que as instituições democráticas 
estejam abertas ao diálogo, à transparência e à prestação de 
contas, fortalecendo a confiança da população. A educação 
cívica e a conscientização política também desempenham um 
papel relevante na consolidação das instituições democráticas, 
capacitando os cidadãos para o exercício pleno de seus direitos 
e responsabilidades.
A consolidação das instituições democráticas é um 
processo contínuo, que requer vigilância e participação ativa de 
todos os setores da sociedade. A história brasileira recente nos 
mostra a importância de preservar e fortalecer as conquistas 
democráticas, ao mesmo tempo em que enfrentamos os 
desafios e construímos uma sociedade mais justa, igualitária e 
participativa.
VOCÊ SABIA?
Desde o início da Nova República, em 1985, até 
2019, os presidentes do Brasil foram os seguintes:
 • José Sarney (1985-1990): José Sarney assumiu a 
presidência em 15 de março de 1985, sendo o 
primeiro presidente eleito após o regime militar. 
Ele governou durante um período de transição 
política e enfrentou desafios econômicos, 
políticos e sociais significativos.
 • Fernando Collor de Mello (1990-1992): Fernando 
Collor de Mello foi eleito presidente em 1989 
e tomou posse em 15 de março de 1990. Seu 
governo foi marcado por polêmicas, escândalos 
e pelo processo de impeachment que culminou 
em sua renúncia em 1992.
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 • Itamar Franco (1992-1995): Itamar Franco 
assumiu a presidência em 2 de outubro de 1992, 
após a renúncia de Fernando Collor. Durante 
seu mandato, enfrentou desafios econômicos, 
implementou medidas de estabilização e 
contribuiu para a transição democrática do país 
 • Fernando Henrique Cardoso (1995-2002): 
Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente 
em 1994 e reeleito em 1998. Seu governo ficou 
conhecido pelo Plano Real, que controlou a 
inflação, e por reformas econômicas e sociais 
importantes.
 • Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010): Luiz Inácio 
Lula da Silva, conhecido como Lula, foi eleito 
presidente em 2002 e reeleito em 2006. Seu 
governo foi marcado por programas sociais, 
crescimento econômico e políticas de inclusão 
social.
 • Dilma Rousseff (2011-2016): Dilma Rousseff, 
sucessora de Lula, foi eleita a primeira 
presidente mulher do Brasil em 2010 e reeleita 
em 2014. Seu governo enfrentou desafios 
econômicos, protestos sociais e um processo de 
impeachment que resultou em sua destituição 
em 2016.
 • Michel Temer (2016-2018): Michel Temer 
assumiu a presidência em 31 de agosto de 
2016, após o impeachment de Dilma Rousseff. 
Seu governo foi marcado por medidas de ajuste 
fiscal e reformas estruturais.
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Principais desafios enfrentados 
durante o processo de 
redemocratização
O processo de redemocratização no Brasil enfrentou 
diversos desafios ao longo de sua trajetória. Alguns desses 
desafios incluíram:
 • Estabelecimento da estabilidade política: a transição 
para a democracia exigiu a superação de tensões 
políticas e a construção de um ambiente de diálogo e 
consenso entre as diferentes forças políticas do país. 
A negociação e o compromisso foram essenciais para 
evitar rupturas e conflitos mais profundos.
 • Garantia dos direitoshumanos: a redemocratização 
envolveu a necessidade de enfrentar e lidar com as 
violações de direitos humanos cometidas durante o 
período da ditadura militar. Isso incluiu a busca pela 
verdade, justiça e reparação para as vítimas, bem como 
a implementação de políticas de memória, verdade e 
justiça.
 • Fortalecimento das instituições democráticas: foi 
necessário consolidar as instituições democráticas e 
garantir sua independência, transparência e eficácia. 
Isso envolveu a construção de um sistema judiciário 
robusto, a promoção de uma imprensa livre e a 
transparência nas instituições governamentais.
 • Participação cidadã e inclusão social: a 
redemocratização trouxe o desafio de promover uma 
maior participação cidadã e a inclusão de diferentes 
grupos sociais no processo político. Isso implicou 
em superar desigualdades estruturais, promover a 
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participação popular e garantir a representatividade de 
diferentes segmentos da sociedade.
 • Desafios econômicos e sociais: o Brasil enfrentou 
desafios significativos no campo econômico e social 
durante o processo de redemocratização. A estabilidade 
econômica, a redução da pobreza, a promoção da 
igualdade social e a melhoria das condições de vida 
foram questões prioritárias que precisaram ser 
enfrentadas para fortalecer a democracia e garantir o 
bem-estar da população.
Ao longo dos anos, o país avançou na superação desses 
desafios, embora muitos deles ainda persistam. A consolidação 
das instituições democráticas requer esforços contínuos e a 
participação ativa da sociedade na defesa e promoção dos 
princípios democráticos, visando construir uma sociedade mais 
justa, inclusiva e participativa. 
Cumpre aos educadores atuais romper com 
essa cultura, ofertando aos seus estudantes um 
amplo conhecimento acerca do que ocorreu 
nesse período e de como se deu o processo 
de redemocratização, conquistada pelo povo 
nas ruas. Sem o conhecimento dos fatos 
pretéritos, sem o aprendizado com os erros 
cometidos, estaremos sempre vulneráveis às 
reincidências. Devemos aprender e ensinar 
pela formação de uma consciência crítica em 
torno das graves violações aos direitos das 
pessoas, pelo apreço às liberdades e pela 
certeza de que é preciso cuidar para que 
o autoritarismo diminua cada vez mais em 
nossa sociedade. Conhecer a verdade e ter 
acesso à história é, portanto, um direito de 
todos. Mas ofertar especialmente aos jovens 
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o conhecimento histórico de acontecimentos 
que marcam nosso passado repressivo (e 
que ainda condicionam nosso presente) é 
certamente um ato político. Pois se trata de 
lembrar não apenas para que haja justiça 
com as vítimas, mas também para que toda 
a sociedade se envolva na consolidação da 
nossa cultura democrática. Damos assim, 
passos efetivos para fortalecer um modelo de 
sociedade cada vez mais ativa e exigente com 
o respeito aos direitos humanos. Para que não 
se esqueça. Para que nunca mais aconteça. 
Brasília, setembro de 2013. 
Paulo Abrão
Presidente da Comissão de Anistia Ministério 
da Justiça
(ARAÚJO; SANTOS; SILVA, 2013, p. 7)
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ACESSE
“O Dia que Durou 21 Anos” é um documentário 
brasileiro dirigido por Camilo Galli Tavares e lançado 
em 2012. O filme foca na influência dos Estados 
Unidos no golpe militar de 1964 no Brasil, que levou 
a uma ditadura militar que durou 21 anos.
O documentário é notável por seu uso extensivo de 
áudios inéditos de conversas na Casa Branca, assim 
como de entrevistas e documentos dos serviços de 
inteligência e diplomacia americana, muitos deles 
classificados até pouco tempo antes da produção 
do filme. Esses materiais ajudam a esclarecer a 
profundidade do envolvimento do governo dos EUA 
na preparação e execução do golpe.
Camilo Galli Tavares investigou por seis anos, e 
o resultado é uma crônica detalhada dos eventos 
que levaram ao golpe, proporcionando uma 
visão mais completa dos eventos. Ele argumenta 
que a administração de John F. Kennedy e, 
posteriormente, a de Lyndon B. Johnson, foram 
diretamente responsáveis por planejar e executar 
o golpe, contradizendo a narrativa de que os EUA 
apenas apoiaram um movimento já em andamento.
O documentário foi muito bem recebido, venceu 
diversos prêmios e é considerado um recurso 
valioso para entender a dinâmica da Guerra Fria na 
América Latina e o impacto das políticas externas 
dos EUA na região. Acesse. 
https://www.youtube.com/watch?v=ltawI64zBEo
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Principais eventos relacionados à 
história política brasileira
Emergência da República no Brasil (1889): Proclamação 
da República pelo Marechal Deodoro da Fonseca, marcando 
o fim do regime monárquico no Brasil e a emergência de uma 
república federativa.
Elaboração da Constituição de 1891: a primeira 
constituição republicana do Brasil foi elaborada e promulgada, 
estabelecendo a forma de governo federalista.
Criação do sistema de representação política (final 
do séc. XIX – início do séc. XX): definição dos mecanismos 
e instituições que configurariam o novo sistema político 
republicano.
Crise da República Velha (1930): período de instabilidade 
política e social que culminou com a Revolução de 1930 e o fim 
da República Velha.
Surgimento de novos movimentos sociais (décadas de 
1920 e 1930): movimentos sociais emergem com reivindicações 
diversas, como direitos trabalhistas e direitos das mulheres.
O Estado Novo (1937-1945): início do Estado Novo 
com Getúlio Vargas, caracterizado por um regime autoritário, 
centralizador e nacionalista.
Repressão aos movimentos operários e sindicais (1937-
1945): durante o Estado Novo, houve uma intensa repressão aos 
movimentos operários e sindicais.
Redemocratização (1945): fim do Estado Novo e início 
de um processo de redemocratização, com a elaboração da 
Constituição de 1946.
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Governo General Geisel (1974-1979): dentro do contexto 
da Ditadura Militar, o governo de Ernesto Geisel representou 
uma fase de abertura política, ainda que gradual e controlada, 
que culminou na Lei da Anistia em 1979.
Consolidação das instituições democráticas 
(1985-presente): com o fim da Ditadura Militar e o início da Nova 
República, há um processo de consolidação democrática, com a 
Constituição de 1988 marcando um ponto crucial neste processo.
RESUMINDO
Então? Gostou do que lhe mostramos? Agora, para 
termos certeza de que você realmente entendeu 
o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir 
tudo o que vimos. Neste capítulo, você aprendeu 
sobre a redemocratização e a consolidação das 
instituições democráticas na história recente do 
Brasil. Compreender esses aspectos é fundamental 
para entender a história política recente do 
Brasil e sua importância para a construção de 
uma sociedade democrática. Além disso, você 
também aprendeu sobre a organização político-
administrativa da República Federativa do Brasil e 
seus fundamentos, como a soberania, a cidadania, 
a dignidade da pessoa humana e os valores sociais 
do trabalho e da livre iniciativa.
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ARAÚJO, M. P.; SANTOS, D. dos R.; SILVA, I. P. da. (orgs.) Ditadura 
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https://eje.tre-ba.jus.br/mod/page/view.php?id=2833
	A República e a Constituição das primeiras instituições políticas brasileiras
	Emergência da República no Brasil
	Elaboração da Constituição de 1891
	Criação do sistema de representação política
	A Crise da República Velha do Brasil
	Causas e consequências da crise da República Velha no Brasil
	Causas da crise da República Velha
	Consequências da crise da República Velha
	Surgimento de novos movimentos sociais
	Luta por direitos civis, políticos e sociais
	O Estado Novo e o autoritarismo no Brasil
	Características do Estado Novo no Brasil
	Natureza do autoritarismo estabelecido durante este período
	Repressão aos movimentos operários e sindicais
	Impactos do Estado Novo na sociedade brasileira
	Redemocratização e a consolidação das instituições democráticas brasileiras
	Contextualização da redemocratização
	Consolidação das instituições democráticas na história brasileira recente
	Principais desafios enfrentados durante o processo de redemocratização
	Principais eventos relacionados à história política brasileira

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