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AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Ivana Maria Saes Busato 
 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Epidemiologia e o conceito de saúde 
O que é saúde? Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, 
organismo internacional fundado em 1948, saúde é o “[...] estado de completo 
bem-estar físico, mental e social”. Essa definição foi adotada pela Conferência 
Sanitária Internacional realizada em junho de 1946, em Nova York (OMS, 2006, 
tradução nossa). 
Nesta etapa, estudaremos a evolução do pensamento epidemiológico e dos 
modelos explicativos do processo saúde-doença, os principais personagens e 
eventos históricos mundiais e brasileiros associados à epidemiologia. 
TEMA 1 – HISTÓRIA DO PENSAMENTO EPIDEMIOLÓGICO 
As raízes históricas da epidemiologia nos levam aos tempos de Hipócrates 
(460-370 a.C.), que é considerado o pai da epidemiologia. Seus textos 
relacionavam o meio ambiente com a noção de epidemia e afirmavam também 
que a ocorrência do desequilíbrio entre os elementos da natureza – terra, fogo, ar 
e água – era capaz de provocar doenças. Nesse período histórico, os povos 
antigos acreditavam que todos os fenômenos da natureza eram obras de 
divindades, o que também acontecia com o conceito de saúde, por meio do 
modelo explicativo do processo saúde-doença mágico-religioso, pelo qual a 
doença estava relacionada com o pecado, o malfeito e sua punição por divindades 
religiosas. Os gregos acreditavam que as doenças estavam relacionadas com o 
deus Apolo, mas a cura era a esperança de seu filho Asclépios. Na mitologia 
grega, Asclépios é o deus da saúde, possuindo duas filhas, Higeia (Panaceia) e 
Higina, a primeira deusa da saúde coletiva e a segunda deusa da saúde individual. 
Hipócrates foi seguidor de Asclépios, teve maior influência de promover a saúde 
com ações preventivas (Higeia) e, em seus textos sobre as epidemias, 
relacionando-as com os ambientes, antecipa-se o raciocínio epidemiológico. 
Em Roma, outro ícone da história da epidemiologia foi Claudius Galeno 
(130-200 a.C.), médico grego, um dos mais importantes da antiga Roma. Os 
médicos gregos eram muito valorizados pelos romanos, e Galeno tornou-se 
médico das celebridades pelo seu conhecimento e arrojo (Busato, 2016). A 
medicina galena foi importante para o avanço da descrição e do conhecimento de 
 
 
3 
doenças. A antiga Roma trouxe várias contribuições para a epidemiologia coletiva, 
com sua infraestrutura sanitária na construção de aquedutos, esgotos e 
demografia. 
Do lado oriental do mundo, o caráter coletivo da medicina árabe tem em 
Avicena (980-1037 d.C.), médico, matemático e filósofo persa, seu principal 
representante. Avicena legou para a medicina ocidental os conceitos 
epidemiológicos e coletivos de Hipócrates e Galeno. Busato (2016, p. 30) aponta 
ainda que “médicos muçulmanos, baseados na escola hipocrática, adotaram uma 
prática precursora da saúde pública, com grandes avanços nos registros de 
informações demográficas e sanitárias, bem como os sistemas de vigilância 
epidemiológica”. 
Durante um grande período temporal que vai do século XI até meados do 
século XIX, os conceitos iniciados por Hipócrates, Galeno e Avicena foram 
substituídos pela teoria miasmática, que explicava a má qualidade do ar como 
causa de todas as doenças e os maus cheiros. 
1.1 Os primeiros relatos de epidemias 
A peste de Atenas é um dos primeiros relatos de epidemia na história: há 
pormenorizada descrição de seus sinais e sintomas. O império ateniense vivia seu 
apogeu no período de 495-429 a.C., quando a Grécia era governada por Péricles. 
O Porto de Pireu representava grande rota comercial no Mediterrâneo, sendo o 
principal porto da região. Em 430 a.C., habitantes de Atenas começaram a 
apresentar manifestações infecciosas, em uma época quente, o que favoreceu a 
disseminação da doença e a sua alta mortalidade. O Porto de Pireu, responsável 
pelo grande desenvolvimento da cidade, no comércio, também foi responsável 
pela chegada e transmissão dessa doença febril desconhecida, que causava 
também dor de cabeça, vermelhidão nos olhos, inflamação na língua e boca, 
podendo apresentar sangramentos, vômito, diarreia, como relatado por Tucídides 
(460-400 a.C.), historiador que descreveu ainda que a morte pela peste ocorria 
entre o sétimo e o nono dia de manifestação de seus sintomas (Ujvari, 2020). 
Os doentes que sobreviviam à doença ficavam fracos e com problemas 
visuais – um desses sobreviventes foi o próprio historiador Tucídides. Mesmo com 
sua descrição pormenorizada de sinais e sintomas, nunca foi possível definir a 
causa da peste de Atenas com os conhecimentos da época. Em 1994, foi 
encontrada uma vala com 150 mortos, claramente indicando que houve no local 
 
 
4 
da descoberta um enterro coletivo de corpos que datavam da época da epidemia 
em Atenas. Pesquisadores descobriram a presença da bactéria Salmonella typhi 
na polpa dentária dos corpos (Ujvari, 2020). Essa descoberta mostrou que uma 
das hipóteses da epidemia que causou a Peste de Atenas foi a doença da febre 
tifoide, que é diretamente associada às baixas condições de saneamento básico, 
em especial de qualidade da água, higiene pessoal e ambiental. 
1.2 John Snow, fundador da epidemiologia 
A teoria miasmática estava perdendo força entre os jovens médicos da 
Inglaterra, nos anos de 1850, então jovens simpatizantes das ideias médico-
sociais que se contrapunham aos métodos de cuidados de saúde, bem como dos 
modelos explicativos do processo saúde-doença. Esses jovens médicos se 
alinharam com os oficiais da saúde pública e membros da Real Sociedade Médica 
e organizaram um grupo de estudos epidemiológicos, a London Epidemiological 
Society. Busato (2016, p. 30-31) destaca “[...] a participação de Florence 
Nightingale (1820-1910), fundadora da enfermagem, no London Epidemiological 
Society, e sua importância para a epidemiologia nos estudos pioneiros sobre a 
mortalidade por infecção pós-cirúrgica nos hospitais militares na Guerra da 
Crimeia”. 
Um dos membros fundadores dessa sociedade foi John Snow (1813-1858), 
que realizou a mais notável investigação da epidemia de cólera de 1854 e, por 
esse feito, é considerado por muitos o fundador da epidemiologia. Snow mostrou 
a contaminação hídrica da cólera pela metodologia epidemiológica, sem o 
conhecimento da teoria microbiana de Pasteur. Outros autores indicam Snow 
como o pai da epidemiologia. Aos 14 anos, ele era aprendiz de cirurgião pelo 
sistema mestre-discípulo, auxiliando um cirurgião da época. Graduou-se em 
medicina em 1844, na cidade de Londres, pelo Royal College of Physicians, 
começando a clinicar na capital britânica. 
O estudo de John Snow sobre a cólera teve início no surto de 1831-1832, 
quando ainda era aprendiz. Questionando a teoria do miasma para explicar a 
epidemia de cólera, percebeu que os mineiros que trabalhavam no interior da 
terra, longe das regiões miasmáticas, também haviam adoecido, e percebeu a 
influência da qualidade da água na ocorrência da doença. Assim, em agosto de 
1849, publicou um panfleto defendendo que a transmissão da cólera se dava pela 
água. Os médicos da época não confirmaram a teoria de Snow. “Em Londres, no 
 
 
5 
ano de 1854, a cólera reapareceu com características de uma grave epidemia, 
nos primeiros dias de setembro foram registrados mais de 616 casos fatais. Nessa 
época Snow era titular de uma posição equivalente a ministro da saúde de 
Londres” (Busato, 2016, p. 32). Várias teorias tentavam, em vão, explicar o grande 
número de óbitos em tão pouco tempo. John Snow, contudo, mapeou as 616 
mortes mostrando a distribuição espacial do surto, concentrada nas imediações 
da bomba de água da Broad Street, indicando a possível fonte da contaminação. 
Anos depois da morte de Snow, Robert Koch identificou Vibrio cholerae como 
agente causador da cólera, em 1884 (Busato,2016). 
TEMA 2 – MODELOS EXPLICATIVOS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 
A indagação humana por que adoecemos? é explicada por meio do 
conhecimento do processo saúde-doença. As sociedades sempre buscaram 
esclarecimentos – esses porquês – sobre por que, em uma comunidade, alguns 
adoecem e outros não adoecem. Assim, com a evolução do conhecimento 
científico, “diversos modelos explicativos têm sido estabelecidos para elucidar a 
complexidade do processo saúde-doença ao longo da história” (Busato, 2016, p. 
47). Durante vários séculos, porém, a ocorrência de uma doença era explicada 
por culpa das pessoas que transgrediam os dogmas religiosos, sendo a doença 
resultante de uma punição dos deuses. Esses modelos são conhecidos por 
modelos mágico-religiosos. 
A medicina hindu e a medicina chinesa criaram o modelo holístico, que 
explicava as doenças por meio do desequilíbrio entre os elementos e humores 
que compõem o organismo humano. A observação das doenças fez surgir o 
modelo empírico-racional, que também explica a ocorrência das doenças por meio 
da consequência do desequilíbrio dos elementos água, terra, fogo e ar. Na Idade 
Média, a teoria dos humores trabalhava com o mesmo conceito de desequilíbrio, 
do modelo empírico-racional, para determinar a ocorrência de saúde ou de doença 
(Busato, 2016). 
Por sua vez, o modelo biomédico surgiu pela evolução das ciências, em 
especial do conhecimento da microbiologia e da descoberta dos agentes 
etiológicos das doenças infectocontagiosas. Esse modelo vem na direção do 
conceito de saúde como ausência de doença. Ao longo do tempo, o modelo 
biomédico foi assimilado pelo senso comum, tendo como foco principal a noção 
de doença como algo infeccioso causado por um agente, que domina a prática de 
 
 
6 
saúde pela vida da medicalização. Nessa abordagem, Puttini, Pereira Junior e 
Oliveira (2010, p. 754, 755) apontam que a 
[...] doença é definida como desajuste ou falta de mecanismos de 
adaptação do organismo ao meio, ou ainda como uma presença de 
perturbações da estrutura viva, causadoras de desarranjos na função de 
um órgão, sistema ou organismo, numa lógica unicausal, sempre 
buscando identificar uma causa específica, que explicaria o fenômeno 
do adoecer, direcionando essa explicação a se tornar universal. 
Com o tempo, e por meio da OMS, há uma nova configuração que deve ser 
considerada na explicação do processo saúde-doença e também da organização 
do cuidado para se alcançar a saúde, entendida agora como um “estado de 
completo bem-estar físico, mental e social e não mera ausência de moléstia ou 
enfermidade”. Com o modelo sistêmico, proposto a partir de 1970, o conceito de 
sistema começou a ganhar força, abrangendo uma compreensão mais completa 
do processo saúde-doença. O sistema, nesse caso, é entendido como “[...] um 
conjunto de elementos, de tal forma relacionados, que uma mudança no estado 
de qualquer elemento provoca mudança no estado dos demais elementos” 
(Almeida Filho; Rouquayrol, 2002, p. 51). 
Almeida Filho e Rouquayrol (2002, p. 52) explicam que a noção de sistema 
incorpora a ideia de um todo, de contribuição de diferentes elementos do 
ecossistema no processo saúde-doença, fazendo assim um contraponto à visão 
unidimensional e fragmentária do modelo biomédico. Segundo essa concepção, 
a estrutura geral de um problema de saúde é entendida como uma função 
sistêmica, na qual um sistema epidemiológico se constitui num equilíbrio 
dinâmico. Ou seja, cada vez que um dos seus componentes sofre alguma 
alteração, esta repercute e atinge as demais partes, num processo em que o 
sistema busca novo equilíbrio. Como estudado anteriormente, esse modelo 
sistêmico se aproxima dos primeiros conceitos epidemiológicos da época de 
Hipócrates, do pensamento hipocrático em relação à doença, explicado pelo 
desequilíbrio entre terra, ar e água, enfim, um desequilíbrio na natureza. 
2.1 A história natural das doenças 
O desenvolvimento das ciências no período do positivismo e a possibilidade 
de se estudar o corpo humano fizeram com que se desenvolvesse o modelo 
biomédico, pelo qual a principal justificativa para a ocorrência das doenças está 
na presença de um agente causal, o que possibilita a adoção de medidas curativas 
 
 
7 
(modelo unicausal) e que influenciou os primeiros conceitos de saúde como 
ausência de doença. 
O modelo intitulado história natural da doença é um modelo explicativo do 
processo saúde-doença inovador, porque considera múltiplas determinações 
causais. Institui a tríade ecológica, apontando que a doença é resultado da 
interação entre o agente hospedeiro e o ambiente. Esse modelo multicausal foi 
sistematizado por Leavell e Clark (1976). O modelo analisa as características das 
funções de uma doença ou agravo numa linha de tempo, apontando sua 
distribuição e levando em consideração: pessoas, tempo e espaços. Essa linha 
de tempo para ocorrência da doença tem início antes dos primeiros sinais e 
sintomas, o período pré-patogênico, e vai até a morte como desfecho. A 
explicação da doença nessa linha de tempo permitiu o desenvolvimento de ações 
de prevenção e de promoção da saúde, além de considerar a possibilidade da 
reabilitação. 
O modelo explicativo da história natural da doença ainda é utilizado na 
vigilância epidemiológica de doenças transmissíveis, em especial de doenças 
emergentes, como é o caso da Covid-19, porque temos que compreender toda a 
linha temporal da evolução da doença, que antecede os seus primeiros sinais e 
sintomas, até a morte ou e os danos definitivos. Esse conhecimento permite traçar 
as estratégias da prevenção primária até a prevenção quaternária. Logo, o modelo 
da história natural das doenças representa um grande avanço em relação ao 
modelo biomédico e aos modelos anteriores, porque reconhece que o processo 
saúde-doença implica múltiplas e complexas determinações, como foi 
sistematizado por Leavell e Clark (1976). Nessa lógica causal, a ocorrência da 
doença tem início antes do aparecimento dos seus sinais e sintomas e para se 
manter e/ou restabelecer a saúde é preciso realizar ações de promoção de saúde 
e de prevenção, o que confere uma visão positiva ao processo. 
Com isso, o conceito de saúde ganha uma estruturação explicativa 
proporcionada pelo esquema da tríade ecológica, da interação entre agente, 
hospedeiro e meio ambiente, introduzindo-se novamente o conceito de 
condicionantes e determinantes, o que inclui o meio ambiente, as condições 
específicas do hospedeiro e o fator de risco (agente). Enquanto, para o “[...] 
modelo biomédico (unicausal), no conceito de saúde prevalece a lógica 
exclusivamente em razão da ausência da doença, no modelo multicausal, 
privilegia-se o conhecimento da interação da tríade ecológica” (Puttini; Pereira 
 
 
8 
Junior; Oliveira, 2010, p. 755). Nesse modelo, fatores externos, como a natureza 
física, biológica, sociopolítica e cultural, e fatores individuais, como os hereditário-
congênitos e as alterações orgânicas, colaboram com o adoecer. A história natural 
da doença mostra um avanço linear e contínuo de avanço da doença até a morte, 
caso não haja ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde. Ele ainda 
é um ótimo modelo explicativo para estudarmos doenças desconhecidas, porque 
foca na descrição de sinais e sintomas ao longo de seu tempo, o que vai desde a 
incubação até a morte e/ou dano permanente, com a busca de ações de promoção 
da saúde e prevenção (primária, secundária e terciária). 
TEMA 3 – MODELO DA DETERMINAÇÃO SOCIAL DA SAÚDE 
Houve necessidade da associação entre epidemiologia e ciências sociais 
na busca de explicações para os padrões populacionais de distribuição das 
doenças (Barata, 2005), o que faz nascer o modelo explicativo denominado 
determinação social da saúde, que contempla numa maior dimensão o conceito 
de saúde da OMS (2006). Hoje, entendemos o processo saúde-doença por meio 
desse modelo,proposto por Dahlgren e Whitehead (2007). Ao passo que os 
modelos anteriores exploram as condições individuais e biológicas para explicar 
a ocorrência de doença ou não, o modelo de Dahlgren e Whitehead (2007) 
introduz a importância dos determinantes sociais. 
O modelo de determinação social da saúde aponta que as condições 
individuais (sexo, idade, fatores hereditários) não são mais as únicas formas de 
explicação para as pessoas estarem com saúde ou com doença, porque 
associadas com os demais determinantes e condicionantes. O estilo de vida e as 
relações sociais familiares e comunitárias têm, então, reconhecida sua 
reconhecida no processo saúde-doença. Outros determinantes também impactam 
esse processo, como as condições de vida e de trabalho, além das condições 
socioeconômicas, culturais e ambientais gerais. A escolha do estilo de vida e as 
redes sociais e comunitárias passam a ser consideradas para ocorrência das 
doenças. As condições socioeconômicas, culturais e ambientais gerais como: 
educação, renda, condições de vida e de trabalho, entre outras, são 
determinantes do processo saúde-doença. 
As determinações sociais da saúde possibilitam evitar as iniquidades em 
saúde. As iniquidades em saúde são diferenças socialmente produzidas, 
sistemáticas, em sua distribuição pela população, e injustas (Mendes, 2012). O 
 
 
9 
modelo explicativo da determinação social da saúde é desenvolvido com base na 
crítica ao raciocínio epidemiológico tradicional do processo saúde-doença, que 
foca nas características individuais, sem diferenciar o âmbito biológico e o que 
pertence ao social, ao analisar uma doença. 
Nesse contexto, é importante conhecer a afirmação de Puttini, Pereira 
Junior e Oliveira (2010, p. 758), sobre a medicina social 
[...] como campo de novos saberes e conhecimentos vem em 
contraposição ao modelo biomédico, aonde a classe social passa a ser 
uma categoria que representa uma condição a ser utilizada na 
exploração epidemiológica de uma coletividade. Isso significa dizer que 
a condição social é um pressuposto primordial para o conhecimento 
epidemiológico. 
Se, no processo saúde-doença da população de uma dada sociedade 
estão presentes determinantes sociais, é de fundamental importância, para a 
atuação dos profissionais de saúde, saber conhecê-los e interpretá-los, 
especialmente para suscitar medidas de promoção da saúde e prevenção das 
doenças. No Brasil, criou-se uma Comissão Nacional sobre os Determinantes 
Sociais em Saúde – CNDSS, “[...] que estuda os determinantes sociais das 
doenças e agravos da população brasileira, para adoção do modelo explicativo do 
processo saúde-doença de Dahlgren e Whitehead, para elaboração das políticas 
públicas de saúde” (Brasil, 2008, p. 14). 
TEMA 4 – HISTÓRIA DA EPIDEMIOLOGIA BRASILEIRA 
A epidemiologia brasileira se destaca na atuação nas doenças tropicais e 
na luta pelo Sistema Único de Saúde – SUS. Na virada dos séculos XIX e XX, 
Vital Brazil, Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Emílio Ribas e Adolfo Lutz 
combateram diversas epidemias e doenças, como febre amarela, cólera, varíola 
e peste bubônica, sempre com foco em saúde pública e medicina tropical. As 
condições sanitárias das cidades portuárias, no início da república, eram 
marcadas pela ocorrência de tais doenças. Essas condições dificultavam inclusive 
as nossas transações comerciais, porque as grandes companhias não queriam 
expor seus marinheiros às doenças infectocontagiosas. 
A história da epidemiologia brasileira é marcada pelo combate às 
epidemias, pelo desenvolvimento científico, com pesquisa e publicações 
científicas, no avanço dos estudos epidemiológicos brasileiros, na formação de 
epidemiologistas brasileiros, na fabricação de vacinas, soros e medicamentos. 
 
 
10 
4.1 Os brasileiros pioneiros no combate às epidemias 
Adolf Lutz (1855-1940) nasceu no Rio de Janeiro, filho de pais suíços que 
migraram para o Brasil. Quando Lutz tinha 2 anos de idade, sua família retornou 
para Berna, na Suíça, onde posteriormente ele iniciou o curso de Medicina na 
Universidade de Berna, finalizado na Universidade de Leipzig. Na Universidade 
de Leipzig, Lutz teve oportunidade de conhecer os estudos de Robert Koch, um 
dos fundadores da microscopia e da epidemiologia das doenças transmissíveis, e 
isso direcionou a vida profissional do então jovem médico. Em 1881, após concluir 
seu doutorado, Adolf Lutz veio para o Brasil para poder exercer a profissão. A 
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro validou seu diploma de médico, 
possibilitando-lhe abrir seu próprio consultório (Ujvari, 2020). 
Rapidamente, Lutz tornou-se um médico muito procurado, mas sempre 
achou tempo para continuar suas pesquisas sobre doenças transmissíveis como 
as parasitoses, publicando seus artigos em revistas europeias. Destacaram-se, 
nessa época, seus estudos sobre a lepra, que o levaram a realizar um trabalho 
nas Ilhas do Havaí, em 1889, retornando ao Brasil em 1893, já casado e fixando 
residência em São Paulo (Ujvari, 2020). 
Nessa trajetória, encontra-se outro personagem fundamental para o 
desenvolvimento da epidemiologia brasileira, em especial nos estudos das 
doenças tropicais: Vital Brasil. Vital Brasil nasceu em Campanha, interior de Minas 
Gerais, em 1865, e migrou para São Paulo com a família em 1880, aos 15 anos. 
No Rio de Janeiro, cursou a Faculdade de Medicina, de 1886 a 1891, e depois 
voltou a São Paulo, como médico e pesquisador, para ser funcionário do Serviço 
Sanitário de São Paulo. Em 1892 foi fundado o Instituto Bacteriológico, seguindo 
o modelo do Instituto Pasteur de Paris, de laboratório de saúde pública. Nesse 
momento é que se cruzam os caminhos profissionais e de pesquisa de Vital Brasil 
e Adolf Lutz. Logo que retornou ao Brasil, em 1893, Adolf Lutz foi convidado para 
ser o subdiretor do recém-criado Instituto Bacteriológico, em São Paulo, e em sete 
meses foi nomeado diretor desse instituto. O Instituto Bacteriológico foi dirigido 
pelo Adolpho Lutz de 1893 a 1908. Em 1897, Vital Brasil começou a trabalhar no 
Instituto Bacteriológico, sob a orientação de Adolfo Lutz. 
E quem foi Emílio Ribas? Ribas nasceu em Pindamonhangaba, em 1862, 
e mudou-se posteriormente para a capital federal, na época o Rio de Janeiro, para 
estudar na Faculdade de Medicina, onde formou-se em 1887. Iniciou suas 
 
 
11 
atividades profissionais como médico clínico-geral no interior do Estado de São 
Paulo e, em 1895, foi nomeado inspetor sanitário e passou a trabalhar na Cidade 
de São Paulo no combate a epidemias, em especial de febre amarela, nas regiões 
de Araraquara, Jaú, Rio Claro e Pirassununga. Emílio Ribas foi bem-sucedido no 
combate à febre amarela em várias cidades de São Paulo, a ponto de ser 
convidado e participar de parceria com os médicos norte-americanos Walter 
Reed e Carlos Finlay no combate à febre amarela em Cuba. Com essa 
experiência adquirida, disseminou a importância do combate ao mosquito de 
Aedes aegypti, na infecção da febre amarela. 
Esses personagens viveram na mesma época e compartilharam das 
mesmas inquietudes na busca de respostas às epidemias, por meio de pesquisa 
e epidemiologia. Em 1903, Emílio Ribas e Adolfo Lutz se deixaram picar pelo 
mosquito e foram infectados pelo sangue de um portador da doença para provar 
aos negacionistas da época a transmissão vetorial da febre amarela. O médico 
Emílio Ribas cuidou e tratou de Vital Brasil quando este foi acometido por peste 
bubônica. 
No período em que foi diretor de serviço sanitário de São Paulo, Emílio 
Ribas procurou desenvolver as instituições brasileiras para produção de soros e 
sugeriu aos governantes da época a aquisição de uma fazenda nos arredores de 
São Paulo, para futuras instalações do Instituto Serumterápico. Em 1899, devido 
ao surto de peste bubônica que se propagava de Santos, São Paulo, Vital Brasil 
foi convidado por Emílio Ribas a dirigir o recém-criado laboratóriode produção de 
soro para combater a doença, vinculado ao Instituto Bacteriológico. Esse 
laboratório foi instalado na Fazenda Butantã, na Zona Oeste da Cidade de São 
Paulo, e, em fevereiro de 1901, foi reconhecido como instituição autônoma sob a 
denominação de Instituto Serumterápico, no que viria a ser o Instituto Butantã. 
Os serviços prestados pelo Instituto Bacteriológico são marcados pelas 
questões de saúde coletiva, particularmente ligadas ao modelo sanitário 
desenvolvido por Emílio Ribas no Estado de São Paulo. Em 1925, o Instituto 
Bacteriológico é fechado e transformado em uma seção incorporada ao Instituto 
Butantã, quando, em 1940, com a fusão do Instituto Bacteriológico com o Instituto 
de Análises Clínicas, foi fundado o Instituto Adolfo Lutz, que, em 1943, incorporou 
os laboratórios existentes no interior do estado, hoje denominados centros de 
laboratórios regionais. 
 
 
12 
Assim, Vital Brasil foi um dos fundadores e o primeiro diretor do Instituto 
Butantã, cargo em que permaneceu até 1919 e o qual voltou a ocupar, por mais 
quatro anos, em 1924. O Instituto Butantã foi pioneiro no estudo do tratamento de 
acidentes por envenenamento por cobra e, hoje, é uma referência internacional 
com sua produção de vacinas, soros e pesquisas em medicamentos, na 
divulgação científica e inovação constante, uma herança do legado desse grande 
sanitarista, Vital Brasil. 
Em paralelo, no Rio de Janeiro, em 1900, nasce o Instituto Soroterápico 
Federal, para fabricar soros e vacinas contra a peste bubônica, sob a direção 
técnica de Oswaldo Cruz (1872-1917), na bucólica Fazenda de Manguinhos, Zona 
Norte do Rio de Janeiro, onde se localiza a Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, 
atualmente. 
Mas, antes de entendermos o papel do Instituto Soroterápico 
Federal/Fiocruz, vamos saber quem foi Oswaldo Cruz, nesse contexto. O 
sanitarista nasceu em São Luís do Paraitinga (SP), em 5 de agosto de 1872. Aos 
14 anos, ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Durante os seis 
anos em que frequentou o curso, não demonstrou grande interesse pela clínica, 
mas sentiu-se completamente fascinado pelo mundo microscópico, que começava 
a ser revelado pelas descobertas de Louis Pasteur, Robert Koch e outros 
investigadores. Em 1892, Cruz completou doutorado, com tese sobre a veiculação 
microbiana pelas águas, e após isso clinicou no Rio de Janeiro até meados de 
1896, quando viajou para a França. Em Paris, estagiou no Instituto Pasteur e, em 
seguida, na Alemanha. Regressou ao Brasil em 1899, quando foi designado para 
organizar o combate ao surto de peste bubônica em Santos (SP) e em outras 
cidades portuárias (Oswaldo Cruz, 2002). 
O Rio de Janeiro era então a capital brasileira, e os avanços e estudos do 
Instituto Soroterápico, atual Fiocruz, contribuíram para a criação do Departamento 
Nacional de Saúde Pública, em 1920, tendo uma forte influência no 
desenvolvimento da saúde pública no país. Oswaldo Cruz foi nomeado em 1902 
diretor-geral de Saúde Pública, com a tarefa de sanear a Cidade do Rio de 
Janeiro. Oswaldo Cruz erradicou a febre amarela utilizando medidas rigorosas, 
multas e demolições de imóveis insalubres. Em seguida, implantou a notificação 
compulsória dos casos de peste bubônica e o combate aos ratos, o que incluiu a 
compra de ratos (História, [20--]). 
 
 
13 
Oswaldo Cruz obteve sucesso com essas medidas, porém provocando 
grande insatisfação da sociedade. No combate à epidemia de varicela, em 1904, 
Oswaldo Cruz conseguiu aprovar no Congresso a obrigatoriedade da vacinação 
contra a varíola. A forma autoritária como essa vacinação foi imposta provocou 
uma ampla oposição da população, o que resultou na Revolta das Vacinas 
(Busato, 2016). Outro grande avanço foi realizado por Carlos Chagas, em 1905, 
quando conseguiu controlar o surto de malária no interior de São Paulo. O 
protozoário causador da doença de chagas foi descoberto por Carlos Chagas, e 
esse protozoário foi nomeado Trypanossoma cruzi, em homenagem a Oswaldo 
Cruz. 
Em 19 de agosto de 1909, Oswaldo Cruz deixou a direção da saúde pública 
por motivo de saúde. Em 26 de junho de 1913, foi eleito para a Academia 
Brasileira de Letras, na vaga do poeta Raimundo Correia. Em 18 de agosto de 
1916, assumiu o cargo de prefeito de Petrópolis, Rio de Janeiro, mas, cada vez 
mais doente, renunciou a ele em janeiro do ano seguinte. Morreu logo depois, na 
mesma cidade de Petrópolis, em 11 de fevereiro de 1917 (Oswaldo Cruz, 2002). 
Em suma, a Fiocruz é um importante espaço de ensino, pesquisa e 
desenvolvimento da epidemiologia brasileira, e nasceu com o objetivo de 
promover estudos sobre as doenças por meio da participação dos estudiosos 
brasileiros da época. 
TEMA 5 – A IMPORTÂNCIA DO CONCEITO DE SAÚDE NA POLÍTICA 
NACIONAL BRASILEIRA 
O conceito de saúde da OMS (2006) influenciou a organização das nossas 
políticas públicas de saúde. No Brasil, a Constituição Federal de 1988, consagrou 
a saúde como direito de todos e dever do Estado (Brasil, 1988); e o conceito de 
saúde foi regulamentado pela Lei n. 8.080/1990, em seu art. 3º: 
Art. 3º Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica 
do País, tendo a saúde como determinantes e condicionantes, entre 
outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio 
ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o 
transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. (Brasil, 
1990) 
As condições socioeconômicas e sociais que determinam o processo 
saúde-doença são consideradas, na lei, ao se afirmar que os níveis de saúde são 
expressões da organização social e econômica do país (Brasil, 1990). Por sua 
 
 
14 
vez, a Lei n. 12.864/2013 (Brasil, 2013) amplia esse conceito de saúde para a 
política pública de saúde, acrescentando a atividade física nesse rol, o que indica 
claramente a preocupação com a escolha do estilo de vida e as redes sociais e 
comunitárias. 
A epidemiologia deve considerar o conceito de saúde e os modelos 
explicativos do processo saúde-doença para ser uma ciência aplicada. Barata 
(2005) aponta que os fenômenos estudados pela epidemiologia pertencem ao 
âmbito coletivo e, portanto, devem remeter ao aspecto social. 
5.1 A importância da epidemiologia brasileira para o SUS 
A Fundação Rockefeller teve papel importante no avanço da epidemiologia 
no mundo e, no Brasil, exerceu grande influência na formação do pensamento 
sanitário. Formou a primeira geração de epidemiologistas, dos quais destacamos: 
Guilherme Rodrigues da Silva, José da Rocha Carvalheiro, Maria Zélia 
Rouquayrol, Euclides Castilho e Sebastião Loureiro, citados e estudados até hoje. 
A consolidação da epidemiologia no Brasil se mistura com a história da 
noção e da área de saúde coletiva. Na década de 1970, foram criados diversos 
núcleos de saúde coletiva, que abrigaram os primeiros epidemiologistas 
brasileiros. A saúde coletiva como campo interdisciplinar engloba a epidemiologia, 
na busca do desenvolvimento de atividades de investigação sobre o estado 
sanitário da população, a natureza das políticas de saúde, a relação entre 
processos de trabalho e doenças e agravos, bem como as intervenções de grupos 
e classes sociais sobre a questão sanitária. 
Em 1979 foi estabelecida a Associação Brasileira de Pós-Graduação em 
Saúde Coletiva (Abrasco), que pautou pesquisas, como também a formação e a 
intervenção da epidemiologia. A preocupação dos epidemiologistas passava pela 
organização do sistema de saúde brasileiro, com engajamento no movimento da 
Reforma Sanitária que teve seu ápice na VIII Conferência Nacional de Saúde, 
marco na criação do SUS (Abrasco, 2022). 
A Organização Pan-Americana da Saúde – Opas e a OMS, impulsionadas 
pelo governo norte-americano, empreenderam diversas ações de controle e 
erradicação de várias doenças. As campanhas de erradicação da varíola, na 
década de 1960, e da poliomielite, na décadade 1970, e contra a grave epidemia 
da doença meningocócica contribuíram para consolidar o Sistema Nacional de 
Vigilância Epidemiológica – Sinan, no Brasil (Medronho et al., 2009). 
 
 
15 
Ressaltamos que a Constituição Brasileira de 1988, em seu art. 200, inciso 
II (Brasil, 1988), explicita a aplicabilidade da epidemiologia por meio das ações da 
vigilância epidemiológica como uma das competências do SUS, mostrando sua 
importância no contexto da saúde da população e dos sistemas de saúde. Logo 
após a promulgação da Constituição Federativa do Brasil de 1988 foi elaborado o 
I Plano Diretor para o Desenvolvimento da Epidemiologia, no Brasil. O marco da 
epidemiologia no Brasil aconteceu, todavia, em 1990, com a realização do I 
Congresso Brasileiro da Epidemiologia e a criação do Centro Nacional de 
Epidemiologia – Cenepi (Sobre, [S.d.]). 
 
 
16 
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