Logo Passei Direto
Buscar

DEGUSTACAOCrimesContraasMulheres 3

Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

ORGANIZADORAS
CAMILLA HAGE
FRANCINI IMENE DIAS IBRAHIN
AUTORAS
ANA CAROLINA DEL PICCHIA NOGUEIRA GONZALEZ
ARIANE TREVISAN FIORI
AMANDA GABI DE JESUS DIAS
CAMILLA HAGE
BARBARA LOMBA BUENO
CAROLINA NASCIMENTO SILVA AGUIAR
EDILENE LÔBO
ELISABETE FERREIRA SATO
FERNANDA DOS SANTOS UEDA
FRANCINI IMENE DIAS IBRAHIN
GABRYELLA CARDOSO DA SILVA
GABRIELA SEGARRA
GABRIELA SHIZUE SOARES DE ARAUJO
GABRIELA VON BEAUVAIS DA SILVA
GIULIANA MORRONE
IARA LEMOS
JACQUELINE VALADARES DA SILVA ALCKMIM
LUCIANA TERRA
MARCIA MARIA DA SILVA GOMES 
MARIANA DA SILVA FERREIRA
MARIANA AQUINO
MARINA GARDELIO
MARILIA AUGUSTO DE OLIVEIRA PLAZA
MARTHA ROCHA
MAYARA DE CARVALHO SIQUEIRA
MILENA SAPIENZA
PATRÍCIA PACHECO RODRIGUES MACHIDA
PATRÍCIA TUMA MARTINS BERTOLIN
ROBERTA TOLEDO CAMPOS
SAMANTHA RIBEIRO MEYER- PFLUG MARQUES
THAISA NASCIMENTO ALVES
UTIMIA CRISTINE PINHEIRO GONÇALVES
© Orgs.: Camilla Hage, Francini Imene Dias Ibrahin
EDITORA MIZUNO 2024
Revisão técnica: Orgs.: Camilla Hage, Francini Imene Dias Ibrahin
Revisão de português: Eliane Chainça
Nos termos da lei que resguarda os direitos autorais, é expressamente proibida a reprodução total ou parcial 
destes textos, inclusive a produção de apostilas, de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclu-
sive através de processos xerográficos, reprográficos, de fotocópia ou gravação. 
Qualquer reprodução, mesmo que não idêntica a este material, mas que caracterize similaridade confirmada judicial-
mente, também sujeitará seu responsável às sanções da legislação em vigor. 
A violação dos direitos autorais caracteriza-se como crime incurso no art. 184 do Código Penal, assim como na Lei 
n. 9.610, de 19.02.1998.
O conteúdo da obra é de responsabilidade dos autores. Desta forma, quaisquer medidas judiciais ou extrajudiciais 
concernentes ao conteúdo serão de inteira responsabilidade dos autores.
Todos os direitos desta edição reservados à
EDITORA MIZUNO
Rua Benedito Zacariotto, 172 - Parque Alto das Palmeiras, Leme - SP, 13614-460
Correspondência: Av. 29 de Agosto, nº 90, Caixa Postal 501 - Centro, Leme - SP, 13610-210
Fone/Fax: (0XX19) 3554-9820
Visite nosso site: www.editoramizuno.com.br
e-mail: atendimento@editoramizuno.com.br
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Crimes Contra Mulheres
Catalogação na publicação
Elaborada por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166
C929 Crimes contra mulheres / Organização de Camilla Hage, Francini Imene Dias Ibrahin. – Leme-SP: 
Mizuno, 2024.
Autores: Autoras: Ana Carolina Del Picchia Nogueira Gonzalez, Ariane Trevisan Fiori, Amanda Gabi 
de Jesus Dias, Camilla Hage, Barbara Lomba Bueno, Carolina Nascimento Silva Aguiar, Edilene 
Lôbo, Elisabete Ferreira Sato, Fernanda Dos Santos Ueda, Francini Imene Dias Ibrahin, Gabryella 
Cardoso da Silva, Gabriela Segarra, Gabriela Shizue Soares de Araujo, Gabriela Von Beauvais da 
Silva, Giuliana Morrone, Iara Lemos, Jacqueline Valadares da Silva Alckmim, Luciana Terra, Marcia 
Maria da Silva Gomes, Mariana da Silva Ferreira, Mariana Aquino, Marina Gardelio, Marilia Augusto 
de Oliveira Plaza, Martha Rocha, Mayara de Carvalho Siqueira, Milena Sapienza, Patrícia Pacheco 
Rodrigues Machida, Patrícia Tuma Martins Bertolin, Roberta Toledo Campos, Samantha Ribeiro 
Meyer- Pflug Marques, Thaisa Nascimento Alves, Utimia Cristine Pinheiro Gonçalves.
288 p.; 16 X 23 cm
ISBN 978-65-5526-818-8
1. Violência contra as mulheres. I. Hage, Camilla (Organizadora). II. Ibrahin, Francini Imene Dias 
(Organizadora). III. Título.
CDD 362.8292
Índice para catálogo sistemático
I. Violência contra as mulheres
PREFÁCIO
Simone Schreiber1 
Elas por elas
O meu despertar para a relevância da pauta de igualdade de gênero foi 
tardio. Vivendo em um país tão desigual como o Brasil, eu não considerava 
as demandas feministas prioritárias, talvez por perceber o mundo a partir da 
minha perspectiva pessoal, da minha experiência de vida. Sou mulher branca, 
cisgênera, mãe, professora, juíza, nunca deixei de realizar meus projetos 
pessoais e profissionais pelo fato de ser mulher, sequer percebia que a discri-
minação pelo gênero fosse uma questão tão relevante no sistema de justiça. E 
não me enxergava como vítima de machismo estrutural, embora hoje perceba 
quantas vezes naturalizei e minimizei violências de gênero que sofri na minha 
trajetória pessoal e profissional. 
Creio que a mudança de perspectiva veio para muitos e muitas de nós 
com o amadurecimento da democracia brasileira. Aos trancos e barrancos, 
muitas vezes por um fio, e aparentemente ainda tão vulnerável e imperfeita, 
nossa jovem democracia avança devagar. Muitas mulheres da nova geração, 
nascidas e formadas já em ambiente democrático, se debruçam sobre o tema 
e têm muito a dizer. É nesse processo que os estudos sobre o machismo estru-
tural na sociedade brasileira avançam. E aqui se insere a presente obra. 
Trata-se de uma obra escrita exclusivamente por mulheres que atuam 
no sistema de justiça e, a partir de sua praxis, analisam a violência estrutural 
contra mulheres no Brasil. Os textos agregam análises teóricas consistentes 
e perspectivas práticas. Todos produzidos por mulheres que estão literal-
mente nas trincheiras, atuando dentro de um sistema ainda majoritariamente 
masculino, lidando com o arcabouço normativo vigente no Brasil e avaliando 
sua suficiência ou insuficiência no desafio diário da concretização da proteção 
das mulheres vítimas de crimes de gênero.
1 Simone Schreiber. Professora Associada da Escola de Ciências Jurídicas da UNIRIO. Desembar-
gadora Federal do TRF2. Doutora em Direito pela UERJ. 
6
<CAPÍTULO SHIFT+1>
<SUBTÍTULO SHIFT+2>
Crimes Contra as Mulheres
A cuidadosa seleção de temas proporciona ao leitor a reflexão sobre 
as mais variadas manifestações de violência de gênero no Brasil, tais como a 
violência sexual, psicológica, obstétrica, física, financeira, política, no âmbito 
das relações de trabalho e nos espaços religiosos. De outra perspectiva, têm-se 
diagnósticos sobre como o Estado deve atuar na prevenção e repressão a tais 
crimes, trazendo-se a experiência das delegacias de mulheres, técnicas de 
justiça restaurativa, imposição de medidas restritivas, necessidade de previsão 
de novos tipos penais, revitimização processual, enfim, todos temas relevantís-
simos para formar e qualificar pessoas que pensam o Direito numa perspectiva 
anti-machista e, a partir daí, atuam para transformar o sistema de justiça. 
Passemos à breve apresentação dos artigos. 
Gabryella Cardoso da Silva e Patrícia Tuma Marins Bertolin analisam 
a violência psicológica de gênero, desenvolvida de forma sutil, silenciosa e 
progressiva, muitas vezes difícil de ser identificada pela própria vítima. A Lei 
14188/21 tipificou a violência psicológica contra a mulher, contudo ressaltam 
as autoras que a criminalização por si só não tem competência de erradicar 
nenhuma conduta, propondo algumas chaves para se enfrentar a questão, a 
partir da criminologia feminista. 
A Juíza Militar da União, Mariana Aquino, fala sobre o crime de assédio 
sexual que, após o advento da Lei 13491/17, deve ser considerado crime militar 
extravagante, quando cometido por militar em serviço, nas hipóteses do art. 
9º do Código Penal Militar. A autora ressalta a vulnerabilidade da vítima no 
ambiente militar e discorre sobre a necessidade de a Justiça Militar adotar o 
Protocolo de julgamento com perspectiva de gênero, editado pelo CNJ, bem 
como a premência de se conferir especial peso à palavra da vítima nesses casos. 
Francini Imene Dias Ibrahin faz um levantamento completo e neces-
sário sobre a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos, 
apresentando casos paradigmáticos da Corte em que se identificou violência 
estrutural contra mulheres, inclusive abordando o caso Márcia Barbosa e 
outros v. Brasil. Aponta nesses precedentes a determinação de que os Estados 
membros adotem a perspectiva de gênero na investigação e na condução 
de processos envolvendo violência contra mulheres, devendo se partirda 
premissa de que o cenário de violência estrutural contra mulheres recomenda 
medidas para superar a discriminação de gênero e proporcionar proteção 
efetiva a seus direitos fundamentais. E conclui, acertadamente: “Não investigar 
com a perspectiva de gênero constitui violência contra as mulheres e uma 
forma de discriminação no acesso à justiça por razões de gênero”.
Mariana da Silva Ferreira é médica legista e trabalha em perícias forense. 
Seu texto pontua que o silenciamento das mulheres vítimas e o fato de os 
crimes sexuais contra mulheres ocorrerem, na maior parte das vezes, em 
ambiente privado, leva não só à subnotificação quanto à dificuldade de fiel 
determinação dos fatos. É fundamental, assim, que se invista em prova técnica 
7
PREFÁCIO
e na qualificação dos profissionais que prestam atendimento às vítimas, apre-
sentando as especificidades da perícia sexológica e a necessidade de se adotar 
a perspectiva de gênero nessa área da perícia forense. 
As Delegacias de Defesa da Mulher criadas no Estado de São Paulo 
de forma pioneira, e replicadas por todo o país, são objeto de dois artigos. 
O primeiro, escrito por Camilla Hage, e o segundo, por Samantha Marques 
e Patrícia Machida. É fato que apenas a previsão de novos tipos penais e o 
incremento das penas não se traduz em efetiva proteção às mulheres vítimas. 
É fundamental a adoção de políticas públicas eficientes, o que não se esgota 
apenas em alocação de recursos públicos, mas principalmente em identifi-
cação dos problemas enfrentados no primeiro atendimento, qualificação de 
profissionais e, principalmente, compreensão de que os profissionais envol-
vidos devem agir sob a perspectiva de gênero. Atendimento rápido on-line, 
inclusive 24 horas, que foi desenvolvido durante a pandemia da COVID-19, 
cuidados especiais com a revitimização, acolhimento às mulheres muitas vezes 
vitimadas em ambiente familiar, enfim, todos esses aspectos estão muito bem 
analisados nos textos ora em comento.
O importantíssimo tema das mulheres encarceradas é trazido em artigo 
lapidar produzido por Gabriela Segarra. A autora demonstra de que modo 
o machismo estrutural impacta o sistema prisional e marca a condição das 
mulheres em situação de encarceramento. A partir de sua experiência como 
delegada de polícia, Gabriela relata entrevistas com essas mulheres, narrando 
o drama de mulheres criminalizadas porque fornecem entorpecentes a seus 
companheiros no presídio, e o seu abandono quando são presas. Importante 
e sensível texto que joga luz sobre o machismo estrutural no sistema prisional 
brasileiro. 
E por falar em mulheres invisibilizadas, é de se ler o texto da Juíza 
Marilia Augusto de Oliveira Plaza, que se debruça sobre a proteção jurídica das 
mulheres transgêneras. Marília trata das violências praticadas contra essas 
mulheres, analisando as Resoluções adotadas pelo CNJ sobre o tratamento 
que devem receber no sistema de justiça, inclusive com protocolos específicos 
para a população prisional, bem como faz um apanhado dos principais prece-
dentes do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça que 
reforçam a proteção jurídica das mulheres trans. 
O crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência é anali-
sado no texto de Ana Carolina Gonzalez. De fato, não é usual na legislação 
brasileira a criminalização da conduta de descumprir medidas protetivas 
menos gravosas. A autora demonstra que tal tipificação reforça a proteção 
à mulher em risco, já que o comportamento dos agressores em contexto de 
violência doméstica normalmente se caracteriza pela escalada da violência. 
Sustenta, a autora, que o crime em questão, apesar de ter ensejado algumas 
controvérsias sobre sua aplicação, como, por exemplo, nas hipóteses em 
8
<CAPÍTULO SHIFT+1>
<SUBTÍTULO SHIFT+2>
Crimes Contra as Mulheres
que a vítima consente com o regresso do agressor ao lar conjugal, fortalece 
sobremaneira a proteção da vítima de violência doméstica, conferindo novos 
instrumentos para o encarceramento preventivo do agente. 
Roberta Toledo Campos apresenta um texto denso em que utiliza cate-
gorias da psicanálise para explicar as causas da violência de gênero no Brasil. 
A autora inicialmente analisa a cultura patriarcal que persiste no Brasil demo-
crático, apontando sua origem no colonialismo europeu. A partir da tensão 
entre o sexo como critério de dominação e o movimento de emancipação que 
decorre do direito democrático, faz uma provocação: “o aumento da violência 
não seria em verdade uma reação contra o fato de as mulheres estarem saindo 
da posição de objeto e buscando a de sujeitos de direitos”? Nessa disputa entre 
a normatividade democrática e as práticas arraigadas de opressão, Roberta 
afirma que “os corpos na democracia podem falar e produzir um saber sobre 
eles mesmos fora da heteronormatividade patriarcal-colonial”. Ao final, faz 
uma bela conclamação, fechando com Emicida: “a democracia brasileira não 
compactua com um regime de poder hetero-patriarcal e colonial. Não como 
vítimas historicamente submetidas à dominação, à colonização, mas a partir 
da condição de sujeito democraticamente constituído, queremos o direito 
de fala e de ser-no-mundo, não com as nossas cicatrizes, ‘pois dizer que essas 
mazelas me definem é o pior dos crimes, é dar o troféu ao nosso algoz e fazer nós 
sumir’”. Belíssimo texto. 
Com as Delegadas de Polícia, Jacqueline Valadares da Silva Alckmim 
e Marcia Maria da Silva Gomes, volta-se a pontuar a relevância de medidas 
de atendimento e de prevenção aos crimes de gênero, para além da crimi-
nalização. O crime de importunação sexual foi introduzido no Código Penal, 
em 2018. As autoras destacam a importância de leis do Estado de São Paulo 
para a efetiva proteção das mulheres. A Lei estadual 17621/23 obriga bares, 
restaurantes, casas noturnas e de eventos a adotarem medidas para auxiliar 
as mulheres em situação de risco, nas dependências de tais estabelecimentos. 
Já a Lei n° 17.635/2023 prevê a capacitação dos funcionários dos referidos 
locais, de maneira a habilitá-los a identificar e combater o assédio sexual e a 
cultura de estupro praticados contra a mulher que ali trabalha ou frequenta. 
Mencionam, ainda, as autoras algumas iniciativas do poder público, bem como 
de empresas, com o intuito de propiciar um ambiente mais seguro para as 
mulheres que estejam em situação de risco. 
A violência de gênero na política é o tema escolhido por Gabriela Shizue 
de Araujo e Marina Gardelio e também pela Ministra Edilene Lôbo. 
Gabriela e Marina iniciam seu texto ressaltando que o estudo sobre 
violência política de gênero deve levar em consideração que, historicamente, 
houve um sequestro dos direitos políticos das mulheres, as quais eram confi-
nadas à esfera privada e doméstica, com maior gravidade para as mulheres 
negras e indígenas, escravizadas. O artigo narra oito episódios de violência de 
política de gênero, perpetrada por parlamentares homens contra parlamen-
9
PREFÁCIO
tares mulheres, desqualificando-as em suas intervenções no próprio exercício 
do mandato legislativo. Um ambiente que deveria ser democrático por exce-
lência, já que o debate político parlamentar é o exercício da democracia repre-
sentativa em sua essência, não está imune evidentemente à violência de gênero 
que permeia todas as relações sociais brasileiras. A violência tem o condão de 
afastar as mulheres do espaço da política, o que por si obsta o avanço das lutas 
feministas. Tema fundamental muito bem trabalhado pelas autoras. 
Em seu artigo, a Ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral, 
Edilene Lôbo, registra que o art. 326-B do Código Eleitoral tipifica, desde 2021, 
o crime de violência política contra a mulher. Edilene ensina que “o bem jurí-
dico em proteção é a livre participação das mulheres nos espaços políticos, de 
forma que possam adentrar às casas parlamentares e às chefias do Executivo, 
exercendo seus mandatos libertas de barreiras discriminatórias, contribuindo 
para a construçãoda sociedade livre, justa e solidária marcada como objetivo 
da República pela Constituição cidadã, que acaba de completar 35 anos”. 
A partir daí sustenta que a prática comum de fraude à cota de gênero em 
eleições pode configurar violência política contra a mulher, cuja candidatura 
fraudulenta é inscrita para satisfazer a exigência da participação mínima femi-
nina nos pleitos eleitorais. A mulher candidata é submetida, muitas vezes, “a 
discriminação, menosprezo, sedução ou constrangimento”, o que pode confi-
gurar o crime eleitoral acima referido. Sustenta ainda que a aporofobia e o 
racismo são comportamentos que agravam ainda mais a violência de gênero. 
Esse tema é relevantíssimo, pois a ocupação de espaços de poder é uma das 
mais importantes medidas para o enfrentamento da violência de gênero em 
todas as suas facetas. 
A violência de gênero em espaços religiosos é objeto de estudo da 
jornalista Iara Lemos (que contribui também com outro texto no livro, em 
coautoria). Em artigo contundente, a autora nos relata casos de meninas 
estupradas em ambientes religiosos, apontando de que forma as próprias 
narrativas bíblicas contribuem para a perpetuação de estruturas de opressão 
às mulheres. O Vaticano prossegue indulgente com os abusos cometidos, 
já que não adota políticas institucionais para enfrentamento do problema, 
agindo apenas pontualmente, quando provocado pelas vítimas. O artigo me 
remeteu à edição da Lei 14786/23, que estabelece o protocolo “não é não” 
para prevenção ao constrangimento e à violência contra a mulher, mas expres-
samente exclui de sua aplicação “cultos e eventos realizados em locais de 
natureza religiosa”. Tal exclusão causa perplexidade, mas Iara nos dá algumas 
chaves para compreender o porquê disso. 
O próximo texto discorre sobre a violência financeira contra a mulher, 
demonstrando que a dependência financeira e emocional são fatores cruciais 
que frequentemente mantêm mulheres presas a relacionamentos abusivos e 
conflituosos. A autora, Carolina Nascimento Silva Aguiar, explica que as vítimas 
muitas vezes desconhecem estar sendo submetidas a essa modalidade de 
10
<CAPÍTULO SHIFT+1>
<SUBTÍTULO SHIFT+2>
Crimes Contra as Mulheres
violência, mas reportam situações de falta de compromisso dos homens com 
o sustento familiar, apropriação indevida e controle dos recursos financeiros 
da mulher, destruição de bens afetivos e materiais etc. Carolina observa que 
condutas que caracterizam a violência patrimonial são relatadas muito comu-
mente, o que aponta para a necessidade de enfrentamento, dada a situação 
de vulnerabilidade da mulher que não possui independência financeira e a 
dificuldade de denunciar e romper com tal realidade. 
A seguir, a obra traz dois importantes artigos sobre a situação de desa-
parecimento da vítima no contexto do feminicídio. No primeiro, a Deputada 
Martha Rocha discorre sobre a relação entre registros de desaparecimento de 
mulheres que em verdade foram assassinadas, demonstrando que há muitos 
casos em que o próprio perpetrador oculta o cadáver e reporta o desapareci-
mento. Nesse contexto, a autora defende a importância de treinamento dos 
policiais das delegacias de proteção à mulher para dar encaminhamento célere 
e adequado aos casos de desaparecimento, a fim de identificar situações de 
ocultação de cadáver da mulher vítima de feminicídio. O texto seguinte, de 
Elisabete Ferreira Sato e Fernanda dos Santos Ueda, complementa o primeiro, 
e confirma o diagnóstico, fazendo o estudo de um impressionante caso em 
que um homem mata a companheira com extrema brutalidade e esconde o 
cadáver dentro de uma parede da própria casa. Após, vai à delegacia e registra 
seu desaparecimento. Há assim um “vínculo invisível entre desaparecimento 
e feminicídio” que deve ser bem compreendido e tratado pelos órgãos incum-
bidos da persecução penal. 
A possibilidade de adoção de práticas de justiça restaurativa na 
prevenção e enfrentamento de violências estruturais de gênero é tema dos 
artigos de Mayara de Carvalho Siqueira e também de texto escrito em coau-
toria por Ariane Trevisan Fiori e Amanda Gabi de Jesus Dias. Propõe-se uma 
reflexão sobre como utilizar-se de práticas restaurativas que não produzam ou 
fomentem violências estruturais. Mayara faz uma análise crítica da Resolução 
225/16 do CNJ. Aduz que, nos casos de violência doméstica, a obrigatoriedade 
de juntar quem cometeu o crime e quem está sofrendo os danos pode contri-
buir fortemente para a revitimização. Ariane e Amanda sustentam o uso da 
justiça restaurativa especialmente em situações de violência psicológica no 
seio familiar, possibilitando uma prevenção da escalada de violência nesse 
ambiente. Em ambos os textos é muito bem-vindo o esforço das pesquisa-
doras em pensar na construção de práticas restaurativas que possam contri-
buir para a proteção às mulheres vítimas de violência. 
Utimia Cristine Pinheiro Gonçalves escreve sobre a medida protetiva de 
urgência, que obriga os homens agressores a frequentar programas de recu-
peração e reeducação e acompanhamento psicossocial, por meio de atendi-
mento individual e/ou em grupo de apoio, medida que foi introduzida na Lei 
Maria da Penha pela Lei 13984/20. Ressalta que a adoção de tal medida pode 
ser bastante frutífera em situações nas quais o agressor volta a conviver com 
11
PREFÁCIO
a vítima, o que ocorre com bastante frequência, não podendo o Direito deixar 
de considerar esse dado da realidade. Nesse sentido, ressalta que “o ensino 
de práticas e condutas ‘antimachistas’ pode quebrar padrões estereotipados 
estabelecidos em nossa sociedade patriarcal e interromper o ciclo de violência 
doméstica e familiar contra a mulher”. 
Milena Sapienza se debruça sobre a evolução jurídica da proteção das 
mulheres no Brasil. Analisa todo o arcabouço legislativo pertinente ao tema, 
com tônica para a Lei Maria da Penha, abordando sua estrutura e controvér-
sias sobre sua interpretação. Relaciona ainda as diversas leis que surgiram 
posteriormente, fazendo um apanhado geral da legislação pertinente que se 
mostra bastante útil para quem estuda a violência de gênero no Brasil. 
O artigo produzido por Gabriela Von Beauvais da Silva e Thaisa Nasci-
mento Alves é bastante instigante. Em “Qual defesa tem a palavra”, as autoras 
analisam a estratégia de defesa adotada pelo advogado Evandro Lins e Silva no 
caso Doca Street, condenado pelo feminicídio de Ângela Diniz, demonstrando 
como determinados estereótipos de gênero são replicados na linha de defesa, 
calcada na tese da “legítima defesa da honra”. A concepção de que o público 
e o privado são esferas estanques alimenta a ideia de que a violência havida 
entre o casal não diz respeito ao público. Contudo, ressaltam as autoras que 
“o pessoal é político e que o que acontece na vida sexual, particularmente nas 
relações entre os sexos, não é imune em relação à dinâmica do poder”. O tema 
é relevantíssimo, já que hoje há vedação expressa da utilização de tais catego-
rias na defesa criminal de homens acusados de feminicídio, o que aponta para 
o compromisso da preservação da pessoa da vítima, de modo a não perpetuar 
a violência de gênero. Excelente texto. 
O tema escolhido pela Delegada de Polícia, Barbara Lomba Bueno, é a 
violência obstétrica, que define como “apropriação do corpo e dos processos 
reprodutivos das mulheres pelo pessoal de saúde, que se expressa como 
tratamento desumanizado, abuso de medicação e na conversão dos processos 
naturais em processos patológicos, trazendo perda de autonomia e capaci-
dade de decidir livremente sobre seus corpos e sexualidade, impactando 
negativamente na qualidade de vida das mulheres”. A violência obstétrica 
não é criminalizada como tipo autônomo, no entanto, a autora sustenta que 
a tipificação da violência psicológica contra a mulher, introduzida em 2021, 
possibilitou uma adequação típica mais próxima de práticas adotadas no 
contexto dessa modalidade de violência de gênero. Discorre sobre como deve 
ser feitoo atendimento das vítimas nas delegacias especializadas, adotando-
-se a perspectiva de gênero no acolhimento e na apuração dos fatos. Artigo 
fundamental, principalmente se consideramos o especial momento de fragi-
lidade de mulheres gestantes e parturientes, o que reforça a relevância da 
atuação qualificada dos agentes do Estado no atendimento das vítimas. 
Por que mulheres reproduzem vieses e práticas masculinas de compe-
tição corporativa no mercado de trabalho e muitas vezes reproduzem a 
12
<CAPÍTULO SHIFT+1>
<SUBTÍTULO SHIFT+2>
Crimes Contra as Mulheres
violência de gênero? Nesse texto, escrito pelas jornalistas Giuliana Morrone 
e Iara Lemos, as autoras analisam os obstáculos enfrentados pelas mulheres 
no mundo corporativo, “obstáculos invisíveis, ainda pouco questionados e 
profundamente impregnados na cultura das organizações do setor público 
e do privado”. Embora haja avanços legislativos na defesa dos direitos das 
mulheres, a ascensão de partidos conservadores na política compromete 
conquistas efetivas. O texto faz um diagnóstico de tal realidade profunda-
mente arraigada, chamando à reflexão sobre o que fazer para romper com 
esse modelo e avançar. 
A por fim, o especial artigo de Luciana Terra sobre os ataques proces-
suais às vítimas, e a revitimização. A autora cita o caso Mariana Ferrer, que foi 
profundamente destratada e silenciada em uma audiência criminal na qual 
figurava como vítima de crime de estupro. É certo que o machismo estrutural 
permeia o sistema de justiça, e, como a maior parte dos atores, dentre poli-
ciais, serventuários, promotores, defensores e juízes, são homens, a questão 
do tratamento digno e a da não revitimização das mulheres vítimas toma 
especial importância, como bem dispõe a autora desse belo texto. 
Para fechar, quero dizer que fui convidada a escrever esse prefácio por 
minha ex-aluna de graduação da UNIRIO, Camilla Hage, uma das organiza-
doras dessa obra. A leitura dos textos me fez aprender muito sobre questões 
atuais que devem ser urgentemente enfrentadas na prevenção e repressão 
aos crimes cometidos contra mulheres no Brasil. Esse aprendizado é o que dá 
sentido ao ofício de professora. De fato, o ato de ensinar está completamente 
imbrincado com o de aprender, estabelecendo-se um círculo virtuoso de troca 
de ideias no ambiente de aprendizagem entre o professor, seus alunos e 
ex-alunos ao longo da vida. Por isso, só posso agradecer ao gentil convite de 
Camilla. 
Os sólidos trabalhos acadêmicos desenvolvidos por essas mulheres 
coletivamente é uma importante contribuição na construção de uma socie-
dade verdadeiramente democrática, justa, igualitária e não violenta. Todas 
estão de parabéns. 
Desejo uma ótima leitura a todas, todos e todes! 
APRESENTAÇÃO
Valéria Scarance1
Com muita alegria recebi o convite de Francini Ibrahin e Camilla Hage 
para apresentar esta importante obra escrita apenas por mulheres que 
se destacam em várias áreas de atuação e com seu conhecimento trazem 
aspectos fundamentais para a conscientização e enfrentamento à violência 
contra a mulher.
O Brasil é um país perigoso para mulheres e a única forma de se 
alterar essa realidade é trazendo a luz do conhecimento para as trevas da 
ignorância e preconceito que ainda marcam nossas vidas.
Apesar dos grandes avanços trazidos pela Lei Maria da Penha e legis-
lação subsequente, as mulheres vivem diariamente o medo e preconceito. 
Estatísticas apontam que 95% das mulheres no Brasil temem serem estu-
pradas e 80%2 têm muito medo, com predominância para jovens e negras.
A casa é o lugar mais perigoso para mulheres e meninas, onde acon-
tecem as principais e mais severas violações. A pesquisa Raio X do Feminicídio 
em São Paulo revelou que 66% dos feminicídios aconteceram dentro de casa3 .
Não é só nas casas que as mulheres são atacadas, mas em todos os 
espaços públicos e privados, como no sistema de transporte, no local de 
trabalho, durante o parto, nas universidades, no ambiente político e nos 
1 Palestrante Nacional e Internacional. Finalista do Prêmio VIVA na categoria EDUCAÇÃO. Finalista 
do Prêmio INSPIRADORAS na categoria JUSTIÇA para MULHERES. Autora da Cartilha Namoro 
Legal e da Pesquisa Raio X do Feminicídio. Autora de livros, pesquisas e artigos. Especialista em 
Vitimologia pela Inter-University Centre (IUC), Dubrovnik. Mestre e Doutora em Processo Penal 
pela PUC-SP. Professora da PUC-SP desde 1997. Em 2013, representou o Brasil junto à ONU 
em Bangkok, ocasião em que se aprovou um Manual para Atuação em Processos de Violência 
contra Mulheres. Em 2014, foi convidada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos para 
participar do programa de intercâmbio Combating Domestic Violence. Pesquisadora da temática 
de Gênero, Violência contra Mulheres e Feminicídio. Promotora de Justiça do Ministério Público 
de São Paulo especializada em violência contra a mulher. 1ª Secretária Executiva do Grupo de 
Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar (GEVID). 1ª Coordenadora do 
Núcleo de Gênero do Ministério Público. 3ª Coordenadora Nacional da COPEVID-GNPG/GNDH.
2 INSTITUTO PATRÍCIA GALVÃO; INSTITUTO LOMOCOTIVA. Percepções sobre direito ao aborto em caso 
de estupro. Disponível em: https://assets-institucional-ipg.sfo2.digitaloceanspaces.com/2022/03/
IPatriciGalvao_LocomotivaPesquisaDireitoobortoemCasodeEstuproMarco2022.pdf. Acesso em: 
14 abr. 2024.
3 SCARANCE FERNANDES, Valéria Diez (Coord). Raio X do Feminicídio em São Paulo. Disponível 
em: https://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Nucleo_de_Genero/Feminicidio/RaioXFemini-
cidioC.PDF. Acesso em 14 abr. 2024.
https://assets-institucional-ipg.sfo2.digitaloceanspaces.com/2022/03/IPatriciGalvao_LocomotivaPesquisaDireitoobortoemCasodeEstuproMarco2022.pdf
https://assets-institucional-ipg.sfo2.digitaloceanspaces.com/2022/03/IPatriciGalvao_LocomotivaPesquisaDireitoobortoemCasodeEstuproMarco2022.pdf
https://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Nucleo_de_Genero/Feminicidio/RaioXFeminicidioC.PDF
https://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Nucleo_de_Genero/Feminicidio/RaioXFeminicidioC.PDF
corredores dos fóruns. Todas as mulheres, sem exceção, vivenciaram ou 
vivenciam situações de silenciamento pelas das mãos do patriarcado. 
Michele Obama descreve em seu livro autobiográfico que, quando 
entrou para a vida pública, foi “considerada a mulher mais poderosa do 
mundo e apontada como uma mulher negra raivosa” (Minha História, p. 14)4.
Na mesma medida em que a violência acontece, existe a dificuldade 
de enfrentá-la. Agressores têm o perfil de bons cidadãos, gozam de credibili-
dade pública e normalmente conseguem convencer as pessoas ao seu redor. 
Muitas vezes, escolhem suas vítimas, aproveitando-se da hierarquia social 
que os coloca em espaços de poder e decisão.
Na violência doméstica, as paredes do lar mantêm o silêncio guardado 
da presença de testemunhas. Na violência social, as paredes do preconceito 
mantêm as violências silenciadas.
Mulheres silenciam por vários motivos e muitas vezes se retratam, por 
não suportarem a reação que advém imediatamente após a notícia de um 
crime. São julgadas, destratadas, isoladas, desacreditadas nos seus círculos 
familiares, sociais e também pelo Sistema de Justiça.
Preconceitos, estereótipos e falta de conhecimento se unem para 
desautorizar a palavra da vítima. 
Muitos estereótipos marcam a investigação, produção e avaliação das 
provas quando uma mulher rompe o silêncio e noticia a violência. Apesar 
de avanços como a Lei Mari Ferrer, há um julgamento de honra oculto nos 
processos, que se manifesta sutilmente na forma como algumas mulheres 
são tratadas por autoridades ou retratadas nos processos.
No Caso Márcia Barbosa e Outros V. Brasil, a Corte Interamericana de 
Direitos Humanos reconheceu que a violência contra mulheres no Brasil é 
“um problema estrutural e generalizado”, marcado por uma visão estereoti-
pada da vítima (CORTE IDH, 2021)5.
É nesse contexto que o presente livro ganha importância, em especial, 
porquecontempla mulheres em seu lugar de fala como profissionais e pessoas.
Com uma abordagem multidisciplinar, a obra apresenta aspectos 
penais, de direitos humanos e de direito processual, além de contemplar o 
estudo de gênero sob vários enfoques, e alternativas jurídicas para o enfren-
tamento à violência.
A principal arma de enfrentamento à violência contra a mulher é a 
informação, única capaz de transformar pessoas e a nossa realidade. Como a 
célebre frase de Paulo Freire: “educação não transforma o mundo. Educação 
muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”.
4 OBAMA, Michele. Minha história. Rio de Janeiro: Objetiva, 2018, p.14.
5 A respeito, ver o capítulo A PERSPECTIVA DE GÊNERO E A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL SEGUNDO A 
JURISPRUDÊNCIA DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS, de Francini Imene Dias 
Ibrahin, constante desta obra.
SOBRE AS AUTORAS
ANA CAROLINA DEL PICCHIA NOGUEIRA GONZALEZ
Mestre em Direito Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 
(PUC-SP). Graduada em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. 
Autora de artigos e livros jurídicos. Delegada de Polícia do Estado de São Paulo.
ARIANE TREVISAN FIORI
Doutora em Direito, Mestre em Direito Público. Advogada, Mediadora e 
Professora do PPGD da Universidade Estácio de Sá e da Escola da Magistra-
tura do Estado do Rio de Janeiro. Autora de livros e artigos jurídicos.
AMANDA GABI DE JESUS DIAS
Mestranda em Direito pela Universidade Estácio de Sá. Pós-graduada em 
Criminologia pela Universidade Estácio de Sá. Membro do Observatório de 
Justiça Restaurativa. 
CAMILLA HAGE
Mestranda em Direito pela Unesa. Especialista em Direito Público pela UGF. 
Especialista em Direito Penal e Processo Penal pela UGF. Bacharel em Direito 
pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Atuou como pesqui-
sadora discente do Observatório de Justiça Restaurativa. Exerceu os cargos 
de Assessora Jurídica Parlamentar, Analista Jurídica do INPI e Defensora 
Pública no Rio Grande do Sul. Delegada de Polícia, com atuação na Casa da 
Mulher Brasileira e atualmente na Delegacia de Defesa da Mulher Online, em 
São Paulo. Organizadora e autora de obras jurídicas.
BARBARA LOMBA BUENO
Delegada de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. Titular da Delegacia 
Especializada de Atendimento à Mulher de Niterói - DEAM-Niterói.
CAROLINA NASCIMENTO SILVA AGUIAR
Delegada de Polícia Civil no Estado de São Paulo. Professora concursada de 
Legislação Penal Especial na Academia de Polícia Civil de São Paulo Doutor 
Coriolano Nogueira Cobra. Professora credenciada da Academia de Polícia 
Militar do Barro Branco (APMBB). Bacharel em Direito pela Faculdade de 
Direito de São Bernardo do Campo. Pós-graduada em Direito Público. Pós-
-graduada em Segurança Pública e Direitos Humanos. Pós-graduada em 
Atendimento a Crianças e Adolescentes Vítimas ou Testemunhas de Violência. 
Palestrante. Escritora.
EDILENE LÔBO
Doutora em Processo Civil. Mestra em Direito Administrativo. Especialista em 
processo penal. Acadêmica brasileira com estágio pós doutoral em novas 
tecnologias e instituições de garantias. Advogada. Ministra substituta do 
Tribunal Superior Eleitoral.
ELISABETE FERREIRA SATO
Bacharel em Direito pela Faculdades Integradas de Guarulhos (1987). Atuou 
como Delegada Geral Adjunta da Polícia Civil do Estado de São Paulo - DGPAD 
e Diretora do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoas - DHPP. 
Delegada Divisionária da Assistência Policial da ACADEPOL e Coordenadora 
do Centro de Direitos Humanos. Professora concursada da Academia de 
Polícia Coriolano Nogueira Cobra do Estado de São Paulo. Delegada de Polícia 
do Estado de São Paulo.
FERNANDA DOS SANTOS UEDA
Doutora e Mestra em Educação, na Linha do Cotidiano Escolar, pela Univer-
sidade de Sorocaba (UNISO). Bacharel em Direito na Instituição Toledo de 
Ensino de Bauru (ITE). Coordenadora do Centro de Estudos Superiores da 
Polícia Civil – CESPC e Professora concursada da Academia de Polícia Corio-
lano Nogueira Cobra do Estado de São Paulo. Delegada de Polícia do Estado 
de São Paulo.
FRANCINI IMENE DIAS IBRAHIN
Doutoranda em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – 
PUC/SP. Mestra em Direito Ambiental e Políticas Públicas pela Universidade 
Federal do Amapá – AP. Especialista em Direito Administrativo pela PUC/SP. Pós-
-graduada em Direitos Humanos pelo CEI. Pós-graduada em Inteligência Policial 
e Segurança Pública pela ESDP/FCA. Autora, coautora e coordenadora de obras 
jurídicas. Delegada de Polícia no Estado de São Paulo. Instagram: @franciniidi
GABRYELLA CARDOSO DA SILVA
Doutoranda em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbite-
riana Mackenzie (UPM), Mestre em Direito pelo Centro Universitário - UniFG. 
Pesquisadora discente no grupo de pesquisa Garantismo e Constituciona-
lismo Popular (Universidade La Salle/RS) e dos Grupos de Pesquisa: Segurança 
Pública e Cidadania; e Mulher, Cidadania e Direitos Humanos, vinculados à 
UPM. Membra do Projeto de Extensão “(Re)Existências”, parte do Programa 
de Reinserção Social de Egressos do Sistema Carcerário por meio do Ensino 
Superior, da UPM. E-mail: gabryellaadv@outlook.com
GABRIELA SEGARRA
Mestre em Ciências Jurídico-Criminais pela Universidade de Coimbra – 
Portugal. Especialista em Criminologia pela Pontifícia Universidade Católica 
– PUC. Especialista em Direito Penal Econômico e Europeu pela Universidade 
de Coimbra – Portugal. Especialista em Direito Penal e Processo Penal pela 
Universidade Presbiteriana Mackenzie. Autora de livros e artigos científicos. 
Delegada de Polícia do Estado de São Paulo.
GABRIELA SHIZUE SOARES DE ARAUJO
Doutora e Mestra em Direito Constitucional pela PUC/SP. Especialista em 
Justiça Constitucional e Tutela Jurisdicional dos Direitos pela Universitá di Pisa 
(Italia). Professora de Direito Constitucional na PUC/SP. Advogada.
GABRIELA VON BEAUVAIS DA SILVA
Delegada de Polícia graduada em Direito pela Universidade Gama Filho 
(UGF), mestranda em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em 
Ciências Sociais (PPCIS/UERJ). Diretora do Departamento Geral de Polícia de 
Atendimento à Mulher, coordenando as Delegacias de Mulheres do Estado 
do Rio de Janeiro.
GIULIANA MORRONE
Jornalista, graduada pela Universidade de Brasília (UNB). Foi repórter da TV 
Globo por 23 anos, na editoria de política e correspondente internacional 
nos Estados Unidos. Morrone tem MBA em ESG MANEGEMENT, pela Escola 
de Negócios da PUC-RIO. Fez parte do Programa Lideranças Virtuosas e 
Femleaders, da Virtuous Company. É palestrante em ESG, Ética, Diversidade, 
Inclusão e Pertencimento.
mailto:gabryellaadv@outlook.com
IARA LEMOS
Jornalista, formada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 
Mestranda em Estudo Sobre as Mulheres - Gênero, Cidadania e Desenvolvi-
mento, pela Universidade Aberta de Lisboa (UaB). Possui pós-graduação em 
História Política (UFSM). Indicada pelo U.S. Department of State e o Atlantic 
Council GeoTech Center para participar do colegiado de Inteligência Artificial 
da Organização para Cooperação e Desenvolvimento (OCDE). Prêmio Esso de 
Jornalismo e Prêmio de Direitos Humanos. Autora do livro “A Cruz Haitiana- 
Como a Igreja Católica usou de seu poder para esconder religiosos no Haiti”.
JACQUELINE VALADARES DA SILVA ALCKMIM
Formada em Direito pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro 
(UNIRIO); Especialista em Direito Penal, em Processo Penal, e em Inteligência 
Policial. Delegada de Polícia Civil no Estado de São Paulo. Palestrante de temas 
relacionados à Segurança Pública e à Violência contra Grupos Vulneráveis, com 
ênfase em Mulheres, Crianças e Adolescentes. Docente em cursos voltados 
a concursos policiais e pós-graduação. Autora de obras jurídicas voltadas à 
Defesa da Mulher e à atuação policial, tais como: “Lei Maria da Penha - Comen-
tários, artigo por artigo e estudos doutrinários”; “Combate à Violência contra 
a Mulher - Medidas Protetivas e Lei Maria da Penha”; “Direito Policial - Temas 
Atuais”;“Preparando para Concursos - Direito Civil - Carreiras Jurídicas”. Presi-
dente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo.
MARCIA MARIA DA SILVA GOMES 
Advogada. Delegada de Polícia Civil aposentada no Estado de São Paulo. 
Especialista em Direito Penal pela Escola Superior do Ministério Público; Espe-
cialista em Direito Empresarial pela Escola Paulista da Magistratura; Certified 
Expert in Compliance pelo Instituto ARC, Auditoria, Riscos e Compliance. 
Professora concursada na Academia da Polícia Civil em São Paulo nas disci-
plinas de Direito Administrativo Disciplinar, Direito Penal, Ética e Gestão de 
Atendimento ao Público e Compliance. Vice-presidente do Sindicato dos 
Delegados de Polícia do Estado de São Paulo.
MARIANA DA SILVA FERREIRA
Assistente Técnica da Superintendência da Polícia Técnico-Científica do 
Estado de São Paulo. Delegada do Conselho Regional de Medicina do Estado 
de São Paulo-CREMESP. Professora concursada da Academia de Polícia do 
Estado de São Paulo. Diretora Social e Científica da Associação de Médicos 
Legistas do Estado de São Paulo. Médica Legista da Equipe de Sexologia 
Forense do Programa Bem Me Quer por 10 anos. Título de Especialista em 
Medicina Legal e Perícias Médicas pela ABMLPM; Especialista em Bioética e 
Sexualidade Humana pela Faculdade de Medicina da USP; Especializanda 
em atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência, pela Rede 
Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública. Graduada em Medicina 
pela Universidade de Marília-Unimar. Residência Médica em Medicina Legal 
e Perícias Médicas pela Faculdade de Medicina da USP. Autora de artigos 
científicos e livros na área médica e perícia sexológica.
MARIANA AQUINO
Juíza Federal da Justiça Militar da União lotada na 1ª Auditoria da 1ª Circuns-
crição Judiciária Militar, no Rio de Janeiro. Ouvidora da Mulher da Justiça Militar; 
Ouvidora Auxiliar da Mulher para a Justiça Militar do CNJ. Vice-Presidente do 
Colégio de Ouvidorias Judiciais da Mulher (COJUM), representante da Justiça 
Militar. Membro do Comitê de Prevenção e Enfrentamento ao assédio moral, 
sexual e discriminação como representante da Justiça Militar no CNJ. Presi-
dente da Comissão de Prevenção e Enfrentamento ao assédio moral, sexual 
e discriminação na Justiça Militar. Palestrante em eventos voltados ao estudo 
e fomento do Direito militar e da proteção jurídica à mulher. Coautora das 
Cartilhas “Conhecendo a Proteção Jurídica à mulher militar” e “Conhecendo 
a prevenção e o combate ao assédio moral, sexual e discriminação na JMU”, 
ambas publicadas pelo STM; Autora e coautora de diversos artigos e livros. 
Especialista em Direito Militar pela Universidade Cândido Mendes (UCAM). 
Coordenadora de pós-graduação em Direito Militar.
MARINA GARDELIO
Servidora do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA). Mestra em Direito 
pela Universidade de Brasília (UnB). Graduada em Direito pela Universidade 
Federal da Bahia (UFBA). Pesquisadora. Editora de Texto da Revista Direitos 
Democráticos & Estado Moderno da Faculdade de Direito da PUC-SP. Cofunda-
dora do Centro de Ciências Criminais Professor Raul Chaves (CCRIM)..
MARILIA AUGUSTO DE OLIVEIRA PLAZA
Graduada em Direito pela Universidade de São Paulo (2007). Especialista em 
Ciências Criminais pelo Complexo de Ensino Renato Saraiva (2021). Especialista 
em Direito Judicial pela Faculdade Garça Branca Pantanal em parceria com 
a ESMAGIS- MT (2023). Atualmente, é Juíza Substituta no Tribunal de Justiça 
do Estado de Mato Grosso. Foi Promotora de Justiça no Ministério Público 
do Estado do Amapá (2017/2022). Foi Defensora Pública do Estado de Mato 
Grosso (2014/2017). Foi Delegada de Polícia do Estado do Amapá (2010/2014). 
Foi Técnica Administrativa do Ministério Público Federal (2007/2010).
MARTHA ROCHA
Deputada Estadual no seu terceiro mandato, sendo Presidente da CPI da 
Violência contra a Mulher, CPI do Feminicídio, CPI da Intolerância Religiosa 
e CPI dos Crimes Cibernéticos contra a Mulher. Delegada de Polícia aposen-
tada. Foi a primeira e única mulher a Chefiar a Polícia Civil em toda a história 
da Instituição. Chefe da Polícia Civil no período de 2011 a 2014. Presidente 
do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher no Rio de Janeiro. Autora do 
livro “ Elas não são Deusas - Histórias da Carceragem Feminina”. Deputada 
estadual – Rio de Janeiro. Delegada de polícia aposentada.
MAYARA DE CARVALHO SIQUEIRA
Doutora em Direito pela UFMG, com pesquisa em Justiça Restaurativa de 
base comunitária. Pós-Doutora pela UERJ, com pesquisa sobre a história da 
Justiça Restaurativa no Rio de Janeiro. Professora do Mestrado e Doutorado 
em Direito da UNESA. Facilitadora de justiça e práticas restaurativas e de 
comunicação não violenta. Cofundadora do Instituto Pazes. Bolsista da 
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de 
Janeiro - FAPERJ. E-mail: mdecarvalho@live.com
MILENA SAPIENZA
Delegada de Polícia no Estado de São Paulo. Especialista em Direito Penal e 
Violência de gênero. Professora de Direito Penal em cursos preparatórios. 
Coautora do Livro “Revisão Final para o concurso de Delegado de Polícia”. 
Autora do E-book “As conquistas jurídicas das mulheres no Brasil”.
PATRÍCIA PACHECO RODRIGUES MACHIDA
Doutora e mestra em Direito pela Uninove. Delegada de Polícia em São 
Paulo. Pesquisadora em Resolución de conflictos pela UCLM Toledo. MBA em 
Gestão Escolar Usp/Esalq. Especialista em Educação a Distância pela UFF; 
em Docência para a Educação Profissional e Tecnológica pelo IFECT; em 
Educação em Direitos Humanos pela UFBA; em Penal e Processo Penal pela 
Fac. Damásio. Foi escrivã de Polícia Civil, Advogada e Delegada de Polícia 
Civil no Paraná. Organizadora, coautora de obras jurídicas e de educação e 
artigos científicos. Professora. Parecerista de Revistas e Editora do FBSP.
PATRÍCIA TUMA MARTINS BERTOLIN
Doutora e Mestra em Direito do Trabalho pela USP, com Estágio Pós-Doutoral 
na Superintendência de Educação e Pesquisa da Fundação Carlos Chagas. 
Professora adjunta da Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde integra 
o corpo docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Direito 
Político e Econômico e lidera o grupo de pesquisa (CNPq) “Mulher, Sociedade 
e Direitos Humanos”. Líder do Projeto de Extensão “(Re)Existências”, parte do 
Programa de Reinserção Social de Egressos do Sistema Carcerário por meio 
do Ensino Superior, da UPM E-mail: ptmb@uol.com.br.
mailto:mdecarvalho@live.com
mailto:ptmb@uol.com.br
ROBERTA TOLEDO CAMPOS
Mestre pela PUC-SP. Professora e Advogada criminalista. E-mail: roberta.
toledo@uol.com.br
SAMANTHA RIBEIRO MEYER- PFLUG MARQUES
Pós-doutora em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza. 
Doutora e Mestra em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São 
Paulo. Professora do Programa de Mestrado e Doutorado em Direito da 
Universidade Nove de Julho. Advogada. Presidente da Academia Interna-
cional de Direito e Economia – AIDE.
THAISA NASCIMENTO ALVES
Cientista social graduada pelo Instituto de Ciências Sociais (ICS/UERJ). Mestra 
e Doutoranda em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em 
Ciências Sociais (PPCIS/UERJ).
UTIMIA CRISTINE PINHEIRO GONÇALVES
Mestranda em Psicologia Educacional pelo Centro Universitário Fieo – 
UNIFIEO. Pós-Graduada em Direito Penal e Processo Penal pela Universidade 
Presbiteriana Mackenzie. Bacharel em Direito pela Universidade Presbite-
riana Mackenzie. Professora da Academia de Polícia de São Paulo - “Coriolano 
Nogueira Cobra”. Delegada de Polícia Civil no Estado de São Paulo, lotada 
no Delegacia de Defesa da Mulher eletrônica. Palestrante. Escritora de obras 
jurídicas.
A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA DE GÊNERO ENQUANTO FENÔMENO JURÍDICO: UMA 
ANÁLISE A PARTIR DA CRIMINOLOGIA FEMINISTA ......................................................... 29
Gabryella Cardoso da Silva | Patrícia Tuma Martins Bertolin
Introdução ................................................................................................................................29
1. A Violência Psicológica de Gênero na Legislação Brasileira ............................................................ 31
2. Os Estudos de Gênero enquanto Referencial Jurídico para o Combate à Violência Psicológica ............ 32
3. A Violência Psicológica de Gênero e suas Implicações à Garantia de Direitos Das Mulheres ................ 34
Conclusões ............................................................................................................................... 35
O ASSÉDIO SEXUAL COMO CRIME MILITAR EXTRAVAGANTE .......................................... 38
Mariana Aquino
Introdução ................................................................................................................................ 38
1. Assédio Sexual Contra a Mulher Militar ..................................................................................... 41
2. Consequências Penais e Processuais Penais Militares................................................................... 43
Conclusão ................................................................................................................................. 44
A PERSPECTIVA DE GÊNERO E A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL SEGUNDO A JURISPRUDÊNCIA 
DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS ........................................................... 47
Francini Imene Dias Ibrahin
Introdução ................................................................................................................................ 47
1. Corte Interamericana de Direitos Humanos ............................................................................... 48
2. As Decisões da Corte Interamericana sob o Enfoque da Perspectiva de Gênero ................................. 48
Considerações Finais .................................................................................................................. 51
VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MULHERES E A IMPORTÂNCIA DA SEXOLOGIA FORENSE ...... 54
Mariana da Silva Ferreira
Introdução ................................................................................................................................ 54
1. Violência Sexual contra a Mulher ............................................................................................. 55
2. Sexologia Forense e a Importância da Perícia Oficial .................................................................... 58
Considerações Finais .................................................................................................................. 59
sumário
ACESSO À JUSTIÇA A MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR: 
A ATUAÇÃO DA DELEGACIA DE DEFESA DA MULHER ONLINE ...................................... 63
Camilla Hage
Introdução ................................................................................................................................ 63
1. Violência de Gênero e a Luta pela Igualdade entre Homens e Mulheres .......................................... 63
2. Os Impactos da Pandemia do Coronavírus no Combate à Violência contra as Mulheres ...................... 65
3. A Delegacia de Defesa da Mulher Online como Instrumento de Efetivação do Acesso à Justiça ........ 67
Considerações Finais .................................................................................................................. 71
A MULHER NO CONTEXTO DO CÁRCERE ............................................................................ 74
Gabriela Segarra
Introdução ................................................................................................................................ 74
1. A Mulher no Contexto do Cárcere ............................................................................................. 75
Conclusão ................................................................................................................................. 83
A PROTEÇÃO JURÍDICA DA MULHER TRANS ...................................................................... 86
Marilia Augusto de Oliveira Plaza
Introdução ................................................................................................................................ 86
1. Breve Introdução aos Conceitos de Sexo, Gênero, Identidade de Gênero, Orientação Sexual. ............. 88
2. O Poder Judiciário no Enfrentamento da Transfobia. .................................................................... 89
Considerações Finais .................................................................................................................. 92
DO CRIME DE DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA ................ 94
Ana Carolina Del Picchia Nogueira Gonzalez
Introdução ................................................................................................................................ 94
1. Medidas Protetivas de Urgência ............................................................................................... 94
2. Crime de Descumprimento das Medidas Protetivas de Urgência .................................................... 97
3. Questões Jurisprudenciais Relativas ao Delito de Descumprimento de Medidas Protetivas .................. 99
4. Consentimento da Vítima e Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência ............................. 100
Considerações Finais .................................................................................................................. 102
UMA CONJECTURA: A VIOLÊNCIA COMO RESISTÊNCIA MACHISTA AO DEVIR DO 
SUJEITO FEMININO NA DEMOCRACIA BRASILEIRA .......................................................... 104
Roberta Toledo Campos
Introdução ................................................................................................................................ 104
1. A Sociedade Patriarcal e o Eurocentrismo como Paradigma na Cultura Ocidental: Sexo e Raça como 
Critérios de Dominação ......................................................................................................... 105
2. A Sexualidade em Freud ......................................................................................................... 106
3. A Interpretação da Anatomia Sexual dos Corpos Humanos como Diferença ...................................... 107
4. Os Números que Revelam a Sociedade Patriarcal Enraizada nas Instituições Estatais ......................... 108
5. Uma Conjectura: A Violência como Resistência ao Devir do Sujeito Feminino na Democracia Brasileira .... 109
Considerações Finais .................................................................................................................. 111
MEDIDAS AUXILIARES NO COMBATE À IMPORTUNAÇÃO SEXUAL ................................. 113
Jacqueline Valadares da Silva Alckmim | Marcia Maria da Silva Gomes
Introdução ................................................................................................................................ 113
1. A Nova Disposição Legal ......................................................................................................... 114
2. A Lei nº 17.621/2023 e a Lei nº 17.635/2023 do Estado de São Paulo .............................................. 116
3. Abrigo Amigo ........................................................................................................................ 119
4. Mulheres em Estádios ............................................................................................................ 120
Considerações Finais .................................................................................................................. 120
A LEI DE VIOLÊNCIA POLÍTICA DE GÊNERO COMO MECANISMO DE PERMANÊNCIA 
DAS MULHERES NA POLÍTICA ............................................................................................. 123
Gabriela Shizue Soares de Araujo | Marina Freire S. Gardelio
Introdução ................................................................................................................................123
1. A Contínua Luta Feminina pelo Acesso à Vida Pública ................................................................... 124
2. Análise dos Casos de Violência Política de Gênero ....................................................................... 126
3. Resistir e(é) Permanecer ........................................................................................................ 133
ONDE A FÉ ENCONTRA A VIOLÊNCIA: COMO OS ESPAÇOS RELIGIOSOS SE TRANSFOR-
MARAM EM CENÁRIOS DE VIOLAÇÕES CONTRA MENINAS E JOVENS MULHERES ........ 136
Iara Lemos 
A ATUAÇÃO DAS SALAS DDM 24 HORAS DA POLÍCIA CIVIL DE SÃO PAULO CONTRA A 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR .................................................................................. 144
Samantha Ribeiro Meyer-Pflug Marques | Patrícia Pacheco Rodrigues Machida
Introdução ................................................................................................................................ 144
1. A Violência contra a Mulher e a DDM Online com as Salas DDM 24 Horas da Polícia Civil de São Paulo .. 146
Considerações Finais .................................................................................................................. 156
QUEBRANDO CORRENTES INVISÍVEIS: A EPIDEMIA SILENCIOSA DA VIOLÊNCIA 
FINANCEIRA CONTRA A MULHER ............................................................................. 158
Carolina Nascimento Silva Aguiar
1. Gênero e Violência ................................................................................................................ 158
2. Violência Financeira e o Ciclo da Violência contra a Mulher ........................................................... 159
3. Intervenção do Estado e Proteção da Mulher .............................................................................. 164
Considerações Finais .................................................................................................................. 165
O NEXO ENTRE DESAPARECIMENTO E FEMINICÍDIO E SUA RELEVÂNCIA PARA A 
INVESTIGAÇÃO POLICIAL.......................................................................................... 167
Martha Rocha
FEMINICÍDIO E DESAPARECIMENTO, UM VÍNCULO INVISÍVEL: ESTUDO DE CASO DE 
UMA MULHER EMPAREDADA ............................................................................................ 176
Elisabete Ferreira Sato | Fernanda dos Santos Ueda
Introdução ................................................................................................................................ 176
1. Feminicídio .......................................................................................................................... 176
2. Metodologia ........................................................................................................................ 178
3. Estudo de Caso: Mulher Emparedada ........................................................................................ 179
3. 1 Como Tudo Começou... Ou, Na Verdade, Acabou. ................................................................ 179
3. 2 Vários Indícios até uma Linha de Autoria. ........................................................................... 180
3. 3 Esferas de Vulnerabilidade e Práticas de Estigmatização ....................................................... 181
4. Considerações Finais: O Vínculo Invisível entre Desaparecimento e Feminicídio ............................ 182
JUSTIÇA RESTAURATIVA E VIOLÊNCIA ESTRUTURAL DE GÊNERO: PRÁTICAS, CUIDADOS 
E CONCEITOS ............................................................................................................................. 184
Mayara de Carvalho Siqueira
Introdução ................................................................................................................................ 184
1. Violência Estrutural de Gênero: Conceitos e Cuidados à Luz da Visão Restaurativa de Justiça ............... 189
2. Práticas Restaurativas Diante de Violências Estruturais de Gênero: Possibilidades Diante de Violência 
Doméstica .......................................................................................................................... 198
Considerações Finais .................................................................................................................. 201
A OBRIGAÇÃO DOS HOMENS AGRESSORES A FREQUENTAR PROGRAMAS DE RECUPE-
RAÇÃO E REEDUCAÇÃO E ACOMPANHAMENTO PSICOSSOCIAL .................................... 207
Utimia Cristine Pinheiro Gonçalves
Introdução ................................................................................................................................ 207
1. As Bases Epistemológicas da Lei Maria da Penha ......................................................................... 208
2. Breve Análise das Medidas Protetivas de Urgência....................................................................... 210
3. A Alteração da Lei 13.984/2020 e a Importância da Educação ........................................................ 212
Considerações Finais .................................................................................................................. 213
A EVOLUÇÃO JURÍDICA DA PROTEÇÃO DAS MULHERES NO BRASIL ............................... 216
Milena Sapienza
Introdução ................................................................................................................................ 216
1. O Direito Brasileiro e as Mulheres: Uma Perspectiva Histórica ....................................................... 216
2. A Origem da Lei Maria da Penha .............................................................................................. 218
3. O Estudo da Lei Maria da Penha ............................................................................................... 219
4. Uma Análise da Evolução do Direito Brasileiro no Tratamento das Mulheres .................................... 224
Considerações Finais .................................................................................................................. 227
QUAL DEFESA TEM A PALAVRA? O PÚBLICO, O PRIVADO E A LEGÍTIMA DEFESA DA 
HONRA NO CASO ÂNGELA DINIZ ....................................................................................... 230
Gabriela Von Beauvais da Silva | Thaisa Nascimento Alves
1. Introdução ........................................................................................................................... 230
2. O público, o privado e a "Pantera de Minas": a desumanização da vítima como forma de defesa do 
assassino ........................................................................................................................... 231
Considerações Finais .................................................................................................................. 236
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: CONSIDERAÇÕES CONCEITUAIS E PRÁTICAS NAS INVESTI-
GAÇÕES POLICIAIS............................................................................................................... 239
Barbara Lomba Bueno
Introdução ................................................................................................................................ 239
1. Entendendo a Violência Obstétrica – Considerações Conceituais .................................................... 239
2. Legislação Sobre o Tema e Expressões Penais da Violência Obstétrica ............................................. 243
3. Investigações de Crimes em Contexto de Violência Obstétrica – Adoção de Perspectiva de Gênero e 
Medidas Básicas de Apuração ................................................................................................ 247
Conclusão ................................................................................................................................. 251
A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA NO CONTEXTO FAMILIAR E A JUSTIÇA RESTAURATIVA .... 253
Ariane Trevisan Fiori | Amanda Gabi de Jesus DiasIntrodução ................................................................................................................................ 253
1. A Lei Maria da Penha e sua Importância no Contexto Atual Brasileiro .............................................. 253
2. Entendendo a Violência Psicológica .......................................................................................... 255
3. O Contexto Atual e Possibilidade de Aplicação da Justiça Restaurativa ............................................. 258
Considerações Finais .................................................................................................................. 260
RACISMO E APOROFOBIA: AGRAVANTES DO CRIME DE VIOLÊNCIA POLÍTICA CONTRA 
A MULHER ............................................................................................................................ 263
Edilene Lôbo
Introdução ................................................................................................................................ 263
1. A Mulher como Sujeita Passiva Primária do Crime ....................................................................... 264
1. 1 Masculinismo e Justiça Incompleta ................................................................................... 264
2. Dolo: O Querer Consciente da Exclusão ..................................................................................... 265
2. 1 Fraude à Cota de Gênero no Registro das Candidaturas ....................................................... 266
3. Racismo e Aporofobia ............................................................................................................ 268
Considerações Finais .................................................................................................................. 271
DISCRIMINAÇÃO E ASSÉDIO MORAL E SEXUAL DENTRO DOS AMBIENTES DE TRABALHO. 
POR QUE MULHERES PREJUDICAM MULHERES NO AMBIENTE PROFISSIONAL? .......... 274
Giuliana Morrone | Iara Lemos
OS ATAQUES PROCESSUAIS E A REVITIMIZAÇÃO NOS CRIMES SEXUAIS ........................ 284
Luciana Terra
Considerações Finais .................................................................................................................. 288
A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA DE GÊNERO ENQUANTO FENÔMENO JURÍDICO: 
UMA ANÁLISE A PARTIR DA CRIMINOLOGIA FEMINISTA
Gabryella Cardoso da Silva6
Patrícia Tuma Martins Bertolin7
Introdução
A violência psicológica de gênero é um fenômeno que afeta a saúde 
pública de forma grave e estrutural, uma vez que uma em cada três mulheres 
em todo o mundo sofre violência doméstica ou intrafamiliar em razão de 
gênero. Em torno de 736 milhões de mulheres são submetidas à violência 
física ou sexual, sendo uma em cada quatro mulheres jovens entre 15 e 24 
anos. A violência de gênero começa de forma precoce e atinge de maneira 
endêmica todos os países e culturas, gerando danos que foram severamente 
agravados durante a pandemia de COVID-19.8 
Essa realidade reflete a dinâmica das relações sociais, pautadas em 
estereótipos socialmente atribuídos ao gênero, que deram origem a uma 
dicotomização de pensamentos e à separação de comportamentos, ligando 
a razão ao masculino e a sensibilidade ao feminino, impedindo que muitas 
mulheres tenham acesso a uma série de direitos fundamentais.9 
6 Doutoranda em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie 
(UPM), Mestre em Direito pelo Centro Universitário - UniFG. Pesquisadora discente no grupo 
de pesquisa Garantismo e Constitucionalismo Popular (Universidade La Salle/RS) e dos Gru-
pos de Pesquisa: Segurança Pública e Cidadania; e Mulher, Cidadania e Direitos Humanos, vin-
culados à UPM. Membra do Projeto de Extensão “(Re)Existências”, parte do Programa de Rein-
serção Social de Egressos do Sistema Carcerário por meio do Ensino Superior, da UPM. E-mail: 
gabryellaadv@outlook.com 
7 Mestra e Doutora em Direito do Trabalho pela USP, com Estágio Pós-Doutoral na Superinten-
dência de Educação e Pesquisa da Fundação Carlos Chagas. Professora adjunta da Universidade 
Presbiteriana Mackenzie, onde integra o corpo docente permanente do Programa de Pós-Gra-
duação em Direito Político e Econômico e lidera o grupo de pesquisa (CNPq) “Mulher, Sociedade 
e Direitos Humanos”. Líder do Projeto de Extensão “(Re)Existências”, parte do Programa de Rein-
serção Social de Egressos do Sistema Carcerário por meio do Ensino Superior, da UPM E-mail: 
ptmb@uol.com.br.
8 UNICEF, UNFPA, UNODC, UNSD, UNWomen. Violence against women prevalence estimates, 
2018. Global, regional and national prevalence estimates for intimate partner violence Against 
women and global and regional prevalence estimates for non-partner sexual violence against 
women. Geneva: World Health Organization, on behalf of the United Nations Inter-Agency Work-
ing Group on Violence Against Women Estimation and Data. 2021.
9 CAMPOS, Carmen Hein. Lei Maria da Penha: comentada em uma perspectiva jurídico-feminista. 
Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2011, p. 1-12.
30
<CAPÍTULO SHIFT+1>
<SUBTÍTULO SHIFT+2>
Crimes Contra as Mulheres
A violência contra a mulher não manifesta sua interferência apenas 
na esfera individual: a tendência é de que questões psicológicas se reflitam 
socialmente em cadeia, por se tratar de distúrbios psicossociais, nos quais a 
cultura se reproduz e perpetua relações hegemônicas de gênero.10
Dessa forma, o poder exercido pelos homens sobre as mulheres, a 
partir da hierarquização social11, tem sido pactuado pela maioria dos indi-
víduos da sociedade, o que garante a manutenção de relacionamentos que 
reproduzem essa dinâmica, e induz as próximas gerações a reproduzirem 
o padrão. Entretanto, essa não deve ser compreendida como uma decisão 
democrática, visto que a democracia exige substancialmente a observação 
dos direitos e garantias individuais de todos os cidadãos, o que não ocorre 
diante da violência estrutural contra as mulheres.12 
Em consonância com as teorias do Garantismo Penal, o processo penal 
brasileiro, ainda que formalmente busque a proteção integral da vítima, em 
muitos casos também reproduz a cultura sexista de dominação e perpetua 
comportamentos de humilhação às mulheres. Esse fenômeno é relevante, 
pois destaca a contradição entre a efetividade da legislação e a proteção dos 
direitos das mulheres.
Cabe ressaltar que, há quase cinco décadas, o feminismo vem cons-
truindo fortes críticas às ciências e às disciplinas acadêmicas, por meio 
da construção de muitas(os) autoras(es) que contribuem com inúmeras 
pesquisas, produzindo um conhecimento que não se restringe apenas a uma 
perspectiva, sendo um mecanismo de transformação social, que impulsiona 
inclusive mudanças jurídicas, observadas pelo pensamento crítico da teoria 
feminista do direito a respeito das epistemologias jurídicas e dos funda-
mentos filosóficos que estruturam o pensamento jurídico ocidental.13
Este artigo examina o processo de reconhecimento e tipificação da 
violência psicológica contra mulheres, enquanto uma forma insidiosa de 
abuso, que pode ter efeitos devastadores sobre a saúde mental e o bem-
-estar das vítimas. Aborda a definição e caracterização desse tipo de violência, 
destacando suas manifestações nas relações interpessoais e os desafios 
inerentes à compreensão e aplicação da legislação.
São abordados os elementos necessários para que a violência psico-
lógica seja considerada uma conduta criminosa, bem como os desafios 
enfrentados pelos sistemas jurídicos na sua criminalização e na aplicação 
10 MUSZKAT, Susana. Violência e masculinidade: uma contribuição psicanalítica aos estudos das 
relações de gênero. Dissertação de Mestrado/Universidade de São Paulo. Orientador: Nelson da 
Silva Júnior. São Paulo, 2006.
11 CAMPOS, Carmen Hein. Lei Maria da Penha: comentada em uma perspectiva jurídico-feminis-
ta. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2011, p. 1-12.
12 FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: teoria do garantismo penal. Trad. Ana PaulaZomer, Fauzi Hassan 
Choukr, Juarez Tavares e Luiz Flávio Gomes. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, 767 p.
13 CAMPOS, Carmen Hein. Lei Maria da Penha: comentada em uma perspectiva jurídico-feminis-
ta. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2011, p. 1-12.
31
A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA DE GÊNERO ENQUANTO FENÔMENO JURÍDICO
Gabryella Cardoso da Silva | Patrícia Tuma Martins Bertolin
da lei. Isso inclui a dificuldade de provar o abuso psicológico, a falta de 
conscientização dos profissionais do sistema de justiça e a necessidade de 
treinamento adequado nessa área. Em suma, este estudo busca contribuir 
para uma compreensão mais aprofundada da violência psicológica enquanto 
fenômeno jurídico e destaca a importância de abordagens legais eficazes, 
integradas e multidisciplinares para enfrentar esse problema e garantir os 
direitos das mulheres.
1. A Violência Psicológica de Gênero na Legislação Brasileira
A violência psicológica está presente em toda construção dos cenários 
de violência doméstica: sua dimensão compõe o ciclo de tensões, agressão, 
desculpas e reconciliação, que ocorrem de maneira repetida, gerando preju-
ízos incisivos à saúde mental das mulheres. É entendida, pela Lei Maria da 
Penha, como aquela conduta que causa danos emocionais à vítima, dimi-
nuindo a sua autoestima, prejudicando e perturbando seu desenvolvimento 
pleno e buscando controlá-la ou feri-la mediante ameaças e constrangimento, 
humilhações e manipulações, isolamento e vigilância constante, perseguição, 
xingamentos ou chantagens, exposição a circunstâncias vexatórias ou que 
limitem seu direito de ir e vir, ou ainda que, de alguma forma, provoque 
danos à sua saúde psicológica e à sua autodeterminação.
Além da Lei Maria da Penha, que exemplifica e prevê a violência psico-
lógica, a Lei nº 14.188, de julho de 2021, instituiu o crime de violência psico-
lógica contra mulher, estabelecendo a previsão no artigo 147-B do Código 
Penal, para que as decisões penais, anteriormente baseadas apenas no 
escopo da Lei Maria da Penha, pudessem ser fundamentadas com a respec-
tiva tipificação criminal. O desenvolvimento ontológico do pensamento que 
orienta o avanço legislativo é atribuído à crítica feminista do direito, que 
denuncia a ausência de paridade de gênero e pretende a correção dessa 
desigualdade social, na contramão do paradigma teórico de matriz liberal e 
sem prejuízo do princípio da igualdade, mas conformando seu tratamento à 
particularidade da busca pela igualdade de gênero.
A construção da base teórica da criminologia tradicional reforça estere-
ótipos de gênero14, pois em seu processo não garante a participação efetiva de 
mulheres. A pesquisa aqui realizada, por outro lado, reforça uma perspectiva de 
análise feminista do direito, que coloca as relações de gênero e as mulheres no 
ponto central do debate das categorias jurídicas, sendo essencial para revelar 
14 A determinação de quais condutas podem ser classificadas como criminosas ou não é fortemen-
te influenciada por questões de gênero, uma vez que essas questões afetam de forma significa-
tiva a definição de crime, bem como as respostas que a sociedade dá a ele, de modo que os este-
reótipos de gênero estão na base da aplicação e até mesmo formulação dos conceitos do Direito 
Penal. Ver mais: BIBBINGS, Lois; NICOLSON, Donald. Feminist Perspectives on Criminal Law. 
1st ed. Routledge-Cavendish, 2000. 
32
<CAPÍTULO SHIFT+1>
<SUBTÍTULO SHIFT+2>
Crimes Contra as Mulheres
quais espaços foram historicamente reservados às mulheres, iluminando as 
implicações de gênero que permeiam a prática social e, por consequência, a 
norma jurídica, evidenciando que as mulheres estiveram ao longo do tempo 
marginalizadas da sociedade e dos espaços de poder.15
2. Os Estudos de Gênero enquanto Referencial Jurídico para o Combate à 
Violência Psicológica 
É de extrema urgência a construção ou reconhecimento de um 
referencial que possibilite se entender a situação de vitimização e/ou limitação 
de direitos das mulheres, sem que se reproduzam as matrizes ideológicas 
conservadoras, possibilitando o desenvolvimento de uma criminologia 
crítica, sob o prisma de uma revolução epistemológica inevitável e que 
não pode ser invisibilizada.16 Para romper o paradigma atual dos modelos 
conhecidos, é necessário projetar novas questões à criminologia, a partir das 
quais a violência contra as mulheres seja observada em sua particularidade e 
construa um referencial epistemológico que permita o acesso das mulheres 
à plenitude de direitos e à cidadania.17
Tal construção, além de ampliar e difundir a ideia de que a igualdade 
é essencial para diminuir a violência de gênero, também é necessária para 
efetivar a operacionalização de instrumentos jurídicos, como a criminali-
zação da violência psicológica, e destaca a necessidade de políticas públicas, 
incluindo previsão de garantias secundárias18 e ações afirmativas, de maneira 
integrada, aliadas ao processo criminal. A desigualdade de gênero é uma 
violação que afeta o exercício de cidadania não só das mulheres, mas de 
todos os indivíduos, e gera danos imensuráveis à construção política das 
sociedades.
É importante mencionar que não são necessárias marcas de hema-
tomas ou a própria agressão física para que a violência psicológica seja 
configurada, causando ofensa à saúde da mulher agredida. A violência sutil, 
empregada de forma contínua, pode resultar em transtornos psicológicos 
que levam ao surgimento de doenças psicossomáticas decorrentes da baixa 
15 BARTLETT, Katherine T. Feminism Legal Methods. In: BARTLETT, Katherine T. KENNEDY, Rosanne. 
Feminism Legal Theory. Colorado: Westview Press, 1991, p. 370-403.
16 MENDES, Soraia da Rosa. (Re)pensando a criminologia: reflexões sobre um novo paradigma 
desde a epistemologia feminista. Tese de Doutorado/Universidade de Brasília. Orientadora: Ela 
Wiecko Volkmer de Castilho. Brasília, 2012.
17 HARDING, Sandra. Ciencia y feminismo. Madrid: Moratas, 1996.
18 Chamam-se garantias primárias ou substanciais as garantias que consistem nas obrigações ou 
proibições que correspondem aos direitos subjetivos garantidos. E chamam-se garantias secundá-
rias ou jurisdicionais as obrigações por parte dos órgãos judiciais, de aplicar a sanção ou declarar 
a nulidade quando se constate, no primeiro caso, atos ilícitos, e, no segundo caso, atos inválidos 
que violem os direitos subjetivos e suas correspondentes garantias primárias. Ver mais: FERRAJO-
LI, Luigi. Democracia y garantismo. Ed. Miguel Carbonell. Madrid: Editorial Trotta, S.A., 2008.
33
A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA DE GÊNERO ENQUANTO FENÔMENO JURÍDICO
Gabryella Cardoso da Silva | Patrícia Tuma Martins Bertolin
imunidade. Algumas dessas doenças são associadas à baixa autoestima e a 
sentimentos de desvalorização, raiva e falta de controle emocional, como, 
por exemplo, as dores crônicas, a fadiga e até mesmo o câncer. Além disso, 
o Banco Interamericano de Desenvolvimento afirma em pesquisa que as 
mulheres vítimas de violência têm sua expectativa média de vida reduzida 
em cinco anos.19 
Também é necessário ressaltar que a violência de gênero não se dissocia 
da violência política, uma vez que tal violência é instrumento para perpetuar 
relações desiguais de poder, assim, a violência psicológica também é, em 
última análise, um recurso utilizado para a reafirmação de poder. Configura 
uma das principais barreiras de combate à violência de gênero, pois deter-
mina socialmente quais sujeitos são condicionados e subordinados e quais 
devem ter suas expectativas ou desejos atendidos, por deterem autoridade. 
Essa interação provoca a anulação do outro como sujeito distinto, para que 
sua existência seja a projeção do sujeito dominador.20
A violência psicológica está necessariamente relacionada a todas as demais mo-
dalidades de violência doméstica e familiar contra a mulher. Sua justificativa en-
contra-se alicerçada na negativa ou impedimento à mulher de exercer sua li-
berdade e condição de alteridadeem relação ao agressor. É a negação de valor 
fundamental do Estado de Direito, o exercício da autonomia da vontade e, por-
tanto, da condição de sujeito de direitos conquistada pelos homens, nas revo-
luções burguesas, americana e francesa, já no século XVIII.21
Essa forma de agressão está presente em grande parte dos casos de 
violência doméstica, e se configura por comportamentos sistemáticos que 
seguem um padrão de comunicação, verbal ou não, com o intuito de gerar 
sofrimento psicológico a outra pessoa. Essa agressão pode ser desenvolvida 
de forma sutil, silenciosa e progressiva, e pode ser difícil de ser identificada 
até pela própria vítima, pois o agressor camufla de forma sutil comentários 
agressivos e depreciativos nas relações intrafamiliares, a princípio, discreta-
mente, mas que provocam graves alterações no comportamento da vítima, 
com a reiteração das agressões.22
19 FEIX, Virgínia. Das formas de violência contra a mulher – artigo 7º. In: CAMPOS, Carmen Hein. Lei 
Maria da Penha: comentada em uma perspectiva jurídico-feminista. Rio de Janeiro: Editora Lu-
men Juris, 2011, p. 201-213. 
20 Ibidem, p. 204.
21 Ibidem, p. 205. 
22 CUNHA, Tânia Rocha Andrade. A dor que dói na alma: violência psicológica contra a mulher. XVI 
Seminário Nacional: Políticas de enfrentamento à violência contra mulheres, 2010. Anais: Sal-
vador, 2010, p. 1-44.
34
<CAPÍTULO SHIFT+1>
<SUBTÍTULO SHIFT+2>
Crimes Contra as Mulheres
3. A Violência Psicológica de Gênero e suas Implicações à Garantia de Direitos 
Das Mulheres
A violência psicológica provoca, dentre os principais danos, distúrbios 
cognitivos e de memória, comportamentos depressivos, distúrbios de ansie-
dade, síndrome do pânico, entre outros transtornos. A violência psicológica 
quase sempre antecede as demais formas de agressão: nos episódios de 
violência doméstica, os casos de agressão física demonstram apenas a parte 
ostensiva do fenômeno, ou seja, mesmo que a violência física seja a primeira 
a ser observada ou a ser denunciada, ela não constitui mais do que um 
aspecto da questão, a parte emergente do iceberg.23 
Uma vez que os indivíduos são sujeitos institivamente sociáveis, a sua 
identidade é constituída culturalmente, por meio da interação social e da 
sua interrelação com outros indivíduos24. Assim, os ataques à liberdade de 
escolha das mulheres vítimas de violência psicológica, por meio da constante 
afirmação da sua incapacidade de fazer e sustentar escolhas, contribuem 
para infantilização das vítimas. Isso impede o desenvolvimento da sua 
identidade e autonomia, dada a constante repressão às suas tentativas de 
afirmação como sujeitos e à sua diferenciação em relação ao agressor. Todas 
as condutas previstas como violência psicológica estão intimamente relacio-
nadas ao boicote do ser, a partir do boicote da liberdade de escolha, que 
define o ser humano e sua identidade. 25
A violência psicológica, para além de suprimir a figura do indivíduo, 
também o condiciona à dependência de seu agressor. A continuidade do 
vínculo marital, entre outras motivações26, também está diretamente rela-
cionada à Síndrome do Desamparo Aprendido, um sintoma comum desen-
volvido em mulheres vítimas de violência psicológica, que justifica a afeição 
expressa pela vítima em relação ao seu agressor, pois a pessoa vítima de 
violência sistemática pode desenvolver a incapacidade de reação e a conse-
quente anulação de sua identidade, projetando como seus os desejos do 
23 HIRIGOYEN, Marie France. A violência no casal: da coação psicológica à agressão física. Rio de 
Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
24 GROSSI, Esther Pillar; BORDIN, Jussara (org.) Construtivismo Pós-piagetiano: um novo paradig-
ma sobre a aprendizagem. 8. ed. Editora Vozes, 1993, p. 158.
25 FEIX, Virgínia. Das formas de violência contra a mulher – artigo 7º. In: CAMPOS, Carmen Hein. Lei 
Maria da Penha: comentada em uma perspectiva jurídico-feminista. Rio de Janeiro: Editora Lu-
men Juris, 2011, p. 205.
26 A questão psicológica é um fator definitivo para a permanência de mulheres em situação de vio-
lência doméstica. As narrativas mostram que a não percepção da situação de abuso, acreditar ser 
possível controlar os episódios de violência, o comprometimento da saúde psicoemocional e a 
confiança na promessa de mudança, bem como a dependência financeira e o medo de ameaças 
e de piorar a situação, constituem eventos que permitem compreender a permanência das mu-
lheres no cotidiano de violência doméstica; demonstram também a relação abusiva que aliena as 
mulheres sendo de difícil ruptura. Ver mais: GOMES, N.P.; CARNEIRO, J.B.; ALMEIDA, L.C.G. de; COS-
TA, D.S.G.; CAMPOS, L.M.; VIRGENS, I.R.; WEBER, N. Permanência de mulheres em relacionamentos 
violentos: desvelando o cotidiano conjugal. Revista Cogitare Enfermagem, v. 27, 2022.
35
A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA DE GÊNERO ENQUANTO FENÔMENO JURÍDICO
Gabryella Cardoso da Silva | Patrícia Tuma Martins Bertolin
agressor. De forma inconsciente, as vítimas tendem a evitar a diferenciação 
de sua identidade da do agressor como estratégia de sobrevivência e/ou 
para diminuir as agressões físicas, o que as coloca em uma posição de invisi-
bilidade e de incapacidade de reagir à violência.27
Evidenciando ainda mais a importância das conquistas alcançadas 
em razão do avanço da teoria feminista do Direito, objetivando proteger 
mulheres em situações de violência doméstica, a criminalização da violência 
psicológica inclui mais uma garantia primária ao direito das mulheres, mas 
é necessário ainda se qualificar a atuação dos profissionais do Direito para 
aplicar a penalidade sempre que houver danos emocionais que prejudiquem 
o pleno desenvolvimento da mulher ou quando o intuito da violência seja 
degradar, controlar os comportamentos, crenças e decisões, por meio de 
ameaças, constrangimentos ou manipulações, ou por qualquer outro meio 
que gere um dano à saúde psicológica da vítima e à sua autodeterminação. 
A criminalização, por si só, não tem competência de erradicar nenhuma 
conduta, mas possibilita que condutas semelhantes sejam enquadradas de 
maneira consistente, evitando condenações em crimes diversos, com penas 
e consequências contraditórias, ou ainda a negativa em relação à existência 
da violência, cenário que reflete não apenas a insegurança jurídica enfren-
tada por mulheres que buscam auxílio no Judiciário e também resulta em 
grave impunidade aos agressores.28
Um estudo realizado em cinquenta julgados anteriores à criminalização 
demonstrou ser necessário que os profissionais que aplicam as normas 
penais tenham maior capacitação para reconhecer que as situações domés-
ticas e familiares muitas vezes não se adequam nos moldes da doutrina penal 
clássica, pois presumem questões sociais persistentes na sociedade, como a 
desigualdade de gênero29. É necessária, não apenas uma incursão integrada 
do sistema jurídico aos avanços da medicina que incluam a compreensão da 
violência psicológica como potencial geradora de danos reais, mas também 
dar voz e credibilidade à criminologia feminista, que constrói uma abordagem 
crítica desse modelo. 
Conclusões
A recente criminalização da violência psicológica de gênero é um fenô-
meno jurídico que representa um importante avanço crítico da teoria femi-
nista à criminologia. A violência de gênero afeta de maneira grave e estrutural 
27 FERREIRA, Graziela. La mujer maltratada: un estudio sobre las mujeres víctimas de la violencia 
doméstica. Buenos Aires: Sudamericana, 1994. 302 p. 
28 GARCIA, Juliana Santos. A violência psicológica contra a mulher nas decisões do TJ/SP: A (in)
aplicabilidade da teoria feminista do direito. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Gradua-
ção em Direito Político e Econômico da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Orientado pela 
Prof.ª. Dra. Patrícia Tuma Martins Bertolin, 2021.
29 Ibidem. 
36
<CAPÍTULO SHIFT+1>
<SUBTÍTULO SHIFT+2>
Crimes Contra as Mulheres
a saúde pública em várias esferas da sociedade, mas a compreensão do danopsicológico é necessária para impedir o crescimento endêmico da violência 
contra as mulheres ao redor do mundo. 
Essa realidade reflete a dinâmica social baseada em estereótipos de 
gênero que ocasionam a restrição de direitos fundamentais das mulheres. 
Ademais, a violência não se limita apenas à esfera individual, pois contribui 
para perpetuar relações desiguais de gênero, que envolvem a violação siste-
mática dos direitos das mulheres e contrariam o exercício da democracia, 
que presume a garantia dos direitos individuais de todos os cidadãos. 
Ainda que os institutos do direito penal prevejam a proteção integral 
da vítima, o que restou evidente foi o despreparo dos órgãos aplicadores 
do direito para reduzir a reprodução de comportamentos sexistas e humi-
lhantes contra as mulheres, o que aponta para uma contradição entre a letra 
da lei e sua efetividade. 
A teoria feminista do direito tem contribuído para o avanço das ciên-
cias sociais e jurídicas, e deve ser aliada em uma visão integrada de análise 
psicossocial, que denuncie a inclusão do dano psicológico no processo de 
reconhecimento e tipificação de uma modalidade de violência, possibilitando 
a inclusão da crítica às relações de poder entre os gêneros, que geram danos 
ao reconhecimento e autodeterminação dos sujeitos. 
Em síntese, o estudo evidenciou que a violência psicológica de gênero 
precisa ser compreendida enquanto fenômeno jurídico, não apenas para 
incluir um novo tipo penal, não obstante o reconhecimento de sua impor-
tância, mas também para alinhar as políticas de aplicação dessa nova legis-
lação em relação aos tribunais e operadores do direito, enquanto garantia 
secundária do exercício dos direitos das mulheres. 
REFERÊNCIAS
BARTLETT, Katherine T. Feminism Legal Methods. In: BARTLETT, Katherine T. KENNEDY, Rosanne. Feminism Legal Theory. 
Colorado: Westview Press, 1991, p. 370-403.
BIBBINGS, Lois; NICOLSON, Donald. Feminist Perspectives on Criminal Law. 1st ed. Routledge-Cavendish, 2000. 
CAMPOS, Carmen Hein. Lei Maria da Penha: comentada em uma perspectiva jurídico-feminista. Rio de Janeiro: Editora Lumen 
Juris, 2011, p. 1-12.
CUNHA, Tânia Rocha Andrade. A dor que dói na alma: violência psicológica contra a mulher. XVI Seminário Nacional: Políticas 
de enfrentamento à violência contra mulheres, 2010. Anais: Salvador, 2010, p. 1-44.
FEIX, Virgínia. Das formas de violência contra a mulher – artigo 7º. In: CAMPOS, Carmen Hein. Lei Maria da Penha: comentada 
em uma perspectiva jurídico-feminista. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2011, p. 201-213. 
37
A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA DE GÊNERO ENQUANTO FENÔMENO JURÍDICO
Gabryella Cardoso da Silva | Patrícia Tuma Martins Bertolin
FERRAJOLI, Luigi. Democracia y garantismo. Ed. Miguel Carbonell. Madrid: Editorial Trotta, S.A., 2008.
FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: teoria do garantismo penal. Trad. Ana Paula Zomer, Fauzi Hassan Choukr, Juarez Tavares e Luiz 
Flávio Gomes. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, 767 p. 
FERREIRA, Graziela. La mujer maltratada: un estudio sobre las mujeres víctimas de la violencia doméstica. Buenos Aires: Suda-
mericana, 1994, 302 p. 
GARCIA, Juliana Santos. A violência psicológica contra a mulher nas decisões do TJ/SP: A (in)aplicabilidade da teoria femi-
nista do direito. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Direito Político e Econômico da Universidade Presbite-
riana Mackenzie. Orientado pela Profª. Dra. Patrícia Tuma Bertolin, 2021.
GOMES, N.P.; CARNEIRO, J.B.; ALMEIDA, L.C.G. de; COSTA, D.S.G.; CAMPOS, L.M.; VIRGENS, I.R.; WEBER, N. Permanência de mulhe-
res em relacionamentos violentos: desvelando o cotidiano conjugal. Revista Cogitare Enfermagem, v. 27, 2022.
HARDING, Sandra. Ciencia y feminismo. Madrid: Moratas, 1996.
HIRIGOYEN, Marie France. A violência no casal: da coação psicológica à agressão física. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
MUSZKAT, Susana. Violência e masculinidade: uma contribuição psicanalítica aos estudos das relações de gênero. Dissertação 
de Mestrado/Universidade de São Paulo, orientador: Nelson da Silva Júnior. São Paulo, 2006.
MENDES, Soraia da Rosa. (Re)pensando a criminologia: reflexões sobre um novo paradigma desde a epistemologia feminista. 
Tese de Doutorado/Universidade de Brasília. Orientadora: Ela Wiecko Volkmer de Castilho. Brasília, 2012.
UNICEF, UNFPA, UNODC, UNSD, UNWomen. Violence against women prevalence estimates, 2018. Global, regional and 
national prevalence estimates for intimate partner violence Against women and global and regional prevalence estimates for 
non-partner sexual violence against women. Geneva: World Health Organization, on behalf of the United Nations Inter-Agency 
Working Group on Violence Against Women Estimation and Data. 2021. Licence: CC BY-NC-AS 3.0 IGO.

Mais conteúdos dessa disciplina