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Pesquisa: 
Teorias e 
Fundamentos
Graduação
Copyright © 2023 Delinea Tecnologia Educacional
3
Introdução
Em um tempo e espaço remotos, quando um homem desconhecido friccionou 
uma pedra na outra em um apanhado de madeira e, de repente, aconteceu algo 
surpreendente, que mudou a história – fogo, fogo! –, isso teria sido ajuda de 
algum deus, que interveio aparentemente do nada? Seria uma punição de um 
ente enfurecido que estava se manifestando através do fenômeno? Seria um 
acaso? Para que aquilo servia? Foi necessário passarem alguns séculos para se ter 
um entendimento sobre o que era fogo, suas propriedades e usos, mas, em um 
primeiro momento, talvez a percepção inicial tenha sido a de que o divino foi a 
causa do fogo. Ou seriam deuses? Nessa unidade, vamos discutir e caracterizar as 
noções de conhecimento religioso e conhecimento mítico.
Objetivos da aprendizagem
• Definir e caracterizar os conhecimentos mítico e religioso.
Palavras-chave: mitos, gregos, povos indígenas, dogmas, tipos de conhecimento.
Conhecimento mítico e
conhecimento religioso
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
4
Conhecimento mítico e conhecimento 
religioso: semelhanças e diferenças
Os tipos de conhecimento podem ser considerados modos de observar e interagir 
com o mundo real. Cada um tem suas especificidades, mas eles compartilham um 
princípio básico: há alguém que observa, o sujeito, e o que está sendo observado, 
o objeto, a partir do qual se elaboram informações, percepções e variações. Na 
relação entre sujeito e objeto, estabelece-se uma perspectiva, que é um ponto de 
vista para dar significado aos acontecimentos. 
Existem diferentes modos de conhecer o mundo que nos cerca, que variam de acordo 
com o modo de observar e com os critérios de observação. Neste momento, vamos 
conhecer mais detalhadamente dois tipos de conhecimento, o mítico e o religioso.
Um dos primeiros modos de conhecer partiu da intuição, da observação e da 
repetição dos acontecimentos com base na experiência, que é o conhecimento 
mítico. Para Heitor Matallo Júnior, uma das “principais características da visão 
mítica do mundo é o seu humanismo, pelo qual desejos e vontades são atribuídos 
à natureza” (CARVALHO, 2021). Nesse sentido, o conhecimento mítico ocorre 
através de simbolizações do cotidiano e das crenças de uma comunidade em um 
sistema de divindades que se relacionam com a natureza.
O que é mito?
O que é mito?
Mito é um conjunto de narrativas que elaboram uma cosmovisão sobre 
o mundo de seres e eventos sobrenaturais. É considerado um dos tipos de 
narrativa mais tradicionais da cultura de um povo.
Exemplos de comunidades – conhecimento mítico 
Um exemplo são as comunidades indígenas, que vivem há séculos e mantêm 
vivo o conhecimento ancestral em diferentes regiões do planeta, especialmente 
no Brasil.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
5
Outro exemplo de comunidade com conhecimento mítico são os gregos, conhecidos 
pela crença na pluralidade de deuses. Havia a deusa do amor, Afrodite, o deus do 
trovão, Zeus, o deus do mar, Poseidon, entre vários outros. Apesar da pluralidade, 
cada deus tem suas particularidades, como as cores, as oferendas, interesses. Por 
exemplo, por ser a deusa do amor, da sexualidade e das relações com pessoas, 
Afrodite é a responsável por direcionar os assuntos relacionados ao prazer, à 
alegria e ao contentamento. Por isso, as ofertas a ela poderiam ser frutas doces, 
produtos para a beleza e elementos que remetessem às suas características. Os 
rituais a Afrodite eram feitos no templo dedicado à deusa, na cidade de Afrosidias, 
para homenageá-la e honrá-la, além de pedir suas benesses e apoio.
Um exemplo de tragédia grega: Édipo Rei
Édipo Rei é um mito que foi elaborado em uma tragédia por Sófocles. Trata-se da 
primeira peça de uma trilogia, na qual podemos notar alguns dos valores gregos, 
como a crença em profecias divinas, a força do destino e a impossibilidade de 
fugir dele. A imagem a seguir retrata o momento do encontro entre Édipo e a 
Esfinge – uma criatura horrenda com cabeça de mulher, corpo de leão e asas –, 
que propõe a ele um enigma. A consequência de não saber a resposta é ser morto, 
ou responder e escapar da situação.
Édipo
Édipo foi o único a enfrentar e vencer a Esfinge 
e, por isso, a cidade de Tebas acaba por agraciá-
lo com o trono e a mão da rainha, o que resulta 
em grande tormento para sua vida. 
Mito de Édipo – Édipo e a esfinge
Fonte: Plataforma Deduca (2023).
#ParaTodosVerem: ilustração do mito de Édipo, com um homem sentado com as pernas cruza-
das e uma das mãos no queixo. Diante dele, está uma criatura sentada sobre uma coluna. Ela 
tem corpo de leão, asas e cabeça humana.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
6
O enigma
O enigma proposto a Édipo era: qual é o 
animal que inicia a vida com quatro patas, 
chega à idade adulta com duas e quando está 
envelhecido e mais fraco tem três? É o homem, 
respondeu Édipo
Busto de Sócrates, autor da peça de teatro Édipo Rei
Fonte: Cultura Genial (2023).
#ParaTodosVerem: o busto de Sócrates, feito em mármore. É um homem de barba comprida e 
cabelo ondulado.
No caso dos indígenas, as crenças estabelecidas são passadas de geração em 
geração através das narrativas míticas, geralmente pelos iniciados (idosos, xamãs 
etc.) que, ao mesmo tempo em que contam as origens da comunidade, ensinam 
valores e aprendizados advindos da experiência dos antepassados. Ou seja, há 
uma continuidade dos saberes, que são elaborados pela comunidade e passados 
de pai para filho, de avós para netos, de pajé para comunidade. Nesse sentido, 
conhecer os rios, as águas, as montanhas, as árvores, estabelecer relações e 
comunicar-se com eles, é essencial para esse tipo de conhecimento.
Rios
Fonte: Freepik, 2023.
#ParaTodosVerem: fotografia de um rio com muitas árvores ao redor.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
7
Essas narrativas têm o propósito de manter viva a tradição cultural, ao formar 
sujeitos que podem aproveitar as vivências anteriores para a continuidade dos 
saberes, em que há a manutenção do lugar onde se vive. Em sua origem, os 
povos indígenas têm como princípio a mobilidade, de acordo com as estações do 
ano, pois não consideram que precisam estar sempre no mesmo lugar, já que a 
natureza é abundante e é possível movimentar-se nela.
Como exemplo de continuidade dos saberes, há um tipo de árvore próxima 
da aldeia cuja folha é eficiente para curar dor de barriga. É possível que esse 
conhecimento, testado e aprovado pelas pessoas há gerações, seja incorporado às 
memórias ancestrais e passado adiante através do saber coletivo, patrimônio da 
comunidade.
Comunidade reunida com instrumentos musicais
Fonte: Plataforma Deduca (2023).
#ParaTodosVerem: três indígenas, dois homens e uma mulher, vestidos com roupas 
típicas, com cocares e colares de penas em uma oca. Os homens estão 
com instrumentos de sopro.
Deve-se também notar o caráter da oralidade para a transmissão desse tipo de 
conhecimento, que pode ocorrer através da educação e da recitação de poemas e 
narrativas, repletos de imagens e exemplos. Tanto em rituais quanto no cotidiano, 
as informações vão sendo assimiladas pelo ritmo, pela repetição e pela entonação 
que é dada a cada história, o que facilita a memorização e a provável repetição das 
informações no futuro para as crianças.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
8
Dois autores para entender o conhecimento mítico no Brasil 
contemporâneo
Ailton Krenak
O autor tem discutido o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Ideias para 
adiar o fim do mundo (2020) é um compilado de textos que apresentam a visão 
de mundo pela etnia crenaque. 
Davi Kopenawa e Bruce Albert 
A queda do céu (2015), escrito durante vinte anos por um antropólogo francês 
e um xamã, dá conta da visão de mundo indígena e convida os leitores a 
ingressarem nas narrativas ancestrais do povo yanomami.
Aldeias 
Fonte: Freepik (2023).
#ParaTodosVerem: uma oca verde e bege, e outra laranja e bege, feitas em lona e cerca-das por porções de grama.
Com a atuação do pajé, geralmente um dos habitantes mais antigos da aldeia 
que serve como um iniciado aos mistérios, há a manutenção dos conhecimentos 
e das tradições ancestrais de alimentos, plantas e remédios naturais, adquiridos 
através de séculos.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
9
Outro conhecimento é o religioso, relacionado com a crença de que existe um ente 
superior, espíritos ou um mistério para além da matéria. As religiões se pautam pela 
leitura dos livros sagrados, ao qual buscam seguir, pois seria uma lei vinda do divino. 
Geralmente, esse tipo de conhecimento, movido pela fé e pela transcendência 
(APPOLINÁRIO, 2012) e parte de dogmas, crenças fundamentais que não são 
questionáveis e servem como maneira de justificar como o mundo funciona, ao 
estabelecer uma visão do mundo. Desse modo, toda religião parte de crenças que 
não podem ser questionadas e testadas, pois não há como comprovar sua validade. 
Não há como comprovar que um espírito conversou com uma pessoa, embora haja 
tentativas de validar cientificamente a crença. Nessa situação, ou acreditamos ou não.
Dois exemplos de dogmas são acreditar que existe uma vida após a morte ou que 
anjos e santos existem. Para o pensamento religioso, quando uma pessoa tem 
um pedido impossível ou difícil de conseguir, é possível fazer uma promessa para 
um santo. Se o divino considerar que o fiel agiu bem durante o tempo em que 
se comprometeu e deve ter a graça atendida, haverá uma dívida a ser paga que 
apenas o fiel sabe. 
Revelação divina como forma de conhecimento
Para o conhecimento religioso, a revelação divina é uma das maneiras de 
conhecer o mundo e seu funcionamento. Através dela, é possível estabelecer 
uma conexão entre ações humanas e planos divinos.
Mulher exercendo sua fé
Fonte: Freepik (2023).
#ParaTodosVerem: mãos entrelaçadas em frente a uma Bíblia de capa azul aberta.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
10
Para Cervo, Bervian e Silva (2007), “O conteúdo da revelação, feita a crítica dos 
fatos ali narrados e comprovados pelos sinais que a acompanham, reveste-se 
de autenticidade e de verdade”. Um sonho ou uma visão podem ser modos de 
revelação do futuro, a partir de sinais que se revelam e estabelecem uma ligação 
com o sistema de crenças. Já a epifania se relaciona com a compreensão súbita de 
algo, inspirada pelo divino através da liturgia, que não havia sido percebido antes.
Uma semelhança entre os dois tipos é que tanto conhecimento mítico quanto 
conhecimento religioso partem de um sistema de crenças e do exercício de rituais. 
No caso do conhecimento mítico, os rituais estão relacionados às divindades e à 
natureza e mantêm a comunidade pela tradição.
Já para o conhecimento religioso, o ritual é uma liturgia, em que há vários 
momentos para o culto à divindade, e varia de religião para religião. Por exemplo, 
um dos rituais do Rosh Hashana, festividade que marca o Ano Novo para os 
judeus, é o toque do Shofar, um instrumento de sopro feito do chifre de carneiro, 
para despertar a alma para o arrependimento pelas más ações feitas no ano 
anterior, e o consumo de frutas e alimentos doces, para que o ano seja repleto de 
bons acontecimentos. Outro ritual é o Ramadã, que é o nono mês do calendário 
islãmico, em que há uma série de jejuns do dia até a noite e festas noturnas. Há 
diversos outros exemplos, mas o que precisa ser ressaltado é que, por meio dos 
rituais, há uma conexão com o divino.
Lakatos e Marconi fazem uma síntese sobre as características do conhecimento 
religioso:
Conhecimento religioso
Conhecimento teológico (ou religioso)
Valorativo
Inspiracional
Sistemático
Não verificável
Exato 
Fonte: Lakatos e Marconi (2017).
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
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O conhecimento mítico pode ser entendido com os mesmos critérios propostos 
por Lakatos, pois a natureza da investigação é parecida. Por outro lado, uma 
diferença importante entre conhecimento mítico e religioso é que, embora ambos 
sejam baseados em crenças, o mítico está relacionado a narrativas ancestrais, 
que se atualizam com a experiência. Já o conhecimento religioso está, em sua 
maior parte, pautado em livros sagrados escritos há muitos séculos e tem menos 
modificações com o passar do tempo, pois os dogmas não se modificam. Embora 
haja diferentes interpretações do texto sagrado, o que origina a proliferação 
de diferentes vertentes religiosas, todas elas mantêm os dogmas, que podem 
ser observados de maneira mais rigorosa ou mais moderna, a depender da 
interpretação.
Normalmente, quando falamos a palavra “conhecimento”, pensamos na ciência 
e em bibliotecas repletas. Nesse sentido, é importante saber que, embora o 
conhecimento científico tenha grande importância, ele não é o único possível. 
Como dito antes, o conhecimento é uma produção a partir da relação entre sujeito 
e objeto. Assim, ainda que os dois tipos de conhecimentos abordados nesta 
unidade tenham estratégias de investigar diferentes do conhecimento científico, 
eles são válidos em sua observação dos acontecimentos. 
No entanto, não podemos colocá-los como mais ou menos verdadeiros do que 
a ciência ou a filosofia, por exemplo. Deve-se ter em conta que na ciência não se 
colocam as questões metafísicas nem a filosofia parte de um sistema de crenças 
fixo, pois é de sua natureza questionar o que está posto. Por isso, deve-se ressaltar 
o fato de que cada conhecimento tem seus objetos e métodos, que não podem ser 
comparados entre si, pois há preocupações diferentes que o guiam. A ciência não 
pode se pautar pela fé, nem a fé deve se pautar pela reflexão metafísica, nem a 
reflexão metafísica precisa considerar mitos para suas reflexões. Ainda assim, cada 
um dos tipos de conhecimento continua válido. Talvez você tenha mais afinidade 
com um do que com o outro e está tudo bem, pois somos seres individuais. 
É importante a compreensão de que os conhecimentos coexistem e alguns são 
mais adequados a certas finalidades do que outros. Ao perder um parente próximo, 
você provavelmente não vai a um laboratório para se conformar com sua perda. 
Ou, ao ter uma gripe, não vai procurar um filósofo.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
12
Saiba mais
Para saber mais, assista ao vídeo A consciência mítica (sobre o mito grego e 
sua conexão com a Filosofia), de Marcos Ramon, que aborda o mito grego e 
sua relação com a filosofia e o conhecimento.
RAMON, M. A consciência mítica (sobre o mito grego e sua conexão com 
a Filosofia). Disponível em: https://youtu.be/Rh7CTZ3kxn0. Acesso em: 
10 ago. 2023.
Dica de leitura
Para que você possa conhecer o pensamento mítico e estabelecer 
relações com a ciência, leia o artigo: A relação entre mito e ciência: o 
sentido do conhecimento, no qual os autores discorrem sobre três pontos 
importantes, a saber:
• Relação entre mito e cientista.
• Conceitos e funções dos mitos.
• O que o mito tem a dizer sobre o conhecimento. 
PICOLLI DA SILVA, A. L.; RAMOS, A. de R. A relação entre mito e ciência: o 
sentido do conhecimento. Revista Diaphonia, v. 6, n. 2, p. 175–182, 2020. 
Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/diaphonia/
article/view/26680. Acesso em: 12 jul. 2023. 
https://youtu.be/Rh7CTZ3kxn0
https://e-revista.unioeste.br/index.php/diaphonia/article/view/26680
https://e-revista.unioeste.br/index.php/diaphonia/article/view/26680
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
13
Conclusão
Como foi visto, o conhecimento mítico e o conhecimento religioso compartilham 
pontos em comum e algumas diferenças entre si. O conhecimento mítico está 
baseado nos mitos e na relação com a natureza e é compartilhado e transmitido 
de geração em geração pela comunidade e pelo xamã. Já o conhecimento 
religioso tem base na fé, nos dogmas e nas escrituras. Há também a crença na 
transcendência para além da matéria. Os dois tipos de conhecimento são modos 
de se relacionar com o mundo e, nesse sentido, um não pode ser considerado 
melhor ou pior que o outro. 
Comparação entre conhecimento mítico e religiosoTipo de conhe-
cimento Base Forma de 
aquisição Validação Transmissão
Mítico Crença Narrativas 
míticas Tradição Rapsodos
Religioso Crença
(fé) Escrituras Dogmas Teólogos/Líderes 
religiosos
Fonte: adaptado de Toda Matéria (s.d.).
Na tabela, há uma comparação entre conhecimento mítico e conhecimento 
religioso. Ao aproximá-los, pode-se notar que a principal diferença entre 
um e outro são as fontes das crenças. Enquanto o conhecimento mítico está 
relacionado com a natureza, o meio ambiente e a visão de mundo dos povos, o 
conhecimento religioso possui dogmas presentes nos livros sagrados.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
14
Referências
APPOLINÁRIO, F. Metodologia da ciência: filosofia e prática da pesquisa. 2. ed. 
São Paulo: Cengage Learning, 2012.
CARVALHO, M. C. M. (org.). Construindo o saber: Metodologia científica – 
Fundamentos e Práticas. Campinas: Papirus, 2021.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: 
Pearson Prentice Hall, 2007.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 8. ed. 
São Paulo: Atlas, 2017.
Referências complementares
Referências iguais ao Plano de Ensino conforme ABNT 6023. 
ALBERT, B.; KOPENAWA, D. A queda do céu. São Paulo: Companhia das Letras, 
2015.
KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 
2020.
MENEZES, P. Tipos de conhecimento. Toda Matéria, [S.d.]. Disponível em: https://
www.todamateria.com.br/tipos-conhecimento/. Acesso em: 13 jul. 2023.
https://www.todamateria.com.br/tipos-conhecimento/
https://www.todamateria.com.br/tipos-conhecimento/
15
Conhecimento artístico e filosófico
Introdução
Ao ouvir a melodia de um piano ao vivo, já sentiu um arrepio percorrendo sua pele 
e um súbito momento de emoção inesperada? Já esteve em um museu repleto 
de expressões artísticas, como esculturas, pinturas e instalações e sentiu, de 
alguma maneira, que o lugar também se comunica por meio de suas paredes e 
corredores e é fundamental para a percepção das obras? Ou, ainda, já viu uma 
peça de teatro, riu em momentos e se divertiu com os gracejos dos atores? Todas 
as perguntas anteriores se relacionam com atividades artísticas, expressas 
através de diferentes linguagens, na confecção de objetos ou em práticas que 
evidenciam algum valor estético. Isso é o que chamamos de conhecimento 
artístico, que mobiliza a sensibilidade dos artistas e das pessoas que apreciam as 
artes. Por outro lado, há um tipo de conhecimento de natureza diversa, rigoroso 
e racional, que é o conhecimento filosófico. Em algum momento durante sua 
escolarização, você deve ter sido convidado a pensar sobre o sentido da vida, 
sobre o que é amar ou ainda sobre o que é certo e errado. Esses são temas que 
se relacionam ao ato de filosofar, o amor ao saber, em que as perguntas são tão 
importantes quanto as respostas. Esse tipo de conhecimento permeia todos os 
outros ao sistematizá-los e refletir sobre a produção de conhecimento humano 
em diferentes tempos e espaços. Ao longo das próximas páginas, vamos definir 
e caracterizar o conhecimento artístico e filosófico.
Objetivos da aprendizagem
• Definir e caracterizar os conhecimentos artístico e filosófico.
Palavras-chave: arte, intertextualidade, filosofia, epistemologia, tipos de conhecimento.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
16
Dois tipos de conhecimentos 
distintos: conhecimento artístico 
e conhecimento filosófico
Na unidade anterior, falamos de dois tipos de conhecimentos: o mítico e o 
religioso, baseados em crenças que podem ser dogmáticas ou tradicionais. Para 
dar prosseguimento à apresentação dos tipos de conhecimento, vamos abordar o 
conhecimento artístico e o conhecimento filosófico.
De modo geral, o conhecimento artístico se relaciona com a estética, a criatividade 
e a imaginação, tanto do artista, que age para compor, quanto do observador, que 
aprecia a obra. Por isso, esse tipo de conhecimento depende da subjetividade do 
sujeito e das capacidades do sujeito se relacionar com as diferentes materialidades. 
Música, dança, desenho, pintura, escultura, teatro, fotografia, ilustração, cinema, 
literatura… são várias as expressões artísticas, de modo que é possível conhecer 
essa forma de investigar o mundo através da fruição e da apreciação das 
manifestações artísticas. 
Para Appolinário (2012), o conhecimento artístico tem como base a emoção e a 
intuição, o que se relaciona, por exemplo, com a sensação de não conseguir colocar 
em palavras todas as sensações que uma obra de arte evoca e, nesse sentido, 
tanto a obra quanto a observação são fonte inesgotável de significados. Vamos 
supor que, se você e seu amigo assistirem a um filme, embora uma história esteja 
sendo mostrada, é bastante provável que os dois tenham diferentes impressões 
sobre ela. Por isso, nenhum estará errado, pois qualquer obra artística tem como 
pressuposto de leitura a existência de múltiplos significados.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
17
Pintura: um exemplo de expressão artística
Fonte: Freepik, (2023).
#PraTodosVerem: fotografia da ponta de um pincel selecionando tinta em suporte com 
tintas de cores diversas.
Embora as artes sejam plurais, cada uma tem um suporte específico. Seja a voz, o 
som, o gestual, a tinta, as palavras, todos têm suas especificidades, sua linguagem, 
seus repertórios. Alguns são impressos, outros falados, outros encenados. O livro 
é um suporte material, enquanto que a voz é um suporte sonoro, e cada suporte 
interfere na maneira como nos relacionamos com as obras. Por isso, deve-se levar 
em consideração o fato de que a obra de arte não pode ser transportada de um 
suporte para outro sem que haja a perda e/ou a reelaboração de sentidos.
Por vezes, diferentes obras dialogam entre si, seja pela abordagem do mesmo 
tema, pela similaridade dos recursos utilizados, ou por terem sido feitas no mesmo 
momento histórico. Você já viu a imagem da Monalisa, de Leonardo Da Vinci? Há 
várias releituras que podem ser pesquisadas.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
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Duchamp - L.H.O.O.Q
Em 1919, Marcel Duchamp fez sua própria 
releitura do quadro, com a pintura “L.H.O.O.Q.”, 
em que a mulher retratada foi acrescida de 
bigode.
Monalisa de Duchamp
Fonte: Singulart (2020)
#ParaTodosVerem: fotografia do quadro Monalisa de Duchamp.
Monalisa de Botero
Em 1959, foi pintada outra versão por Fernando 
Botero, em que a mulher é retratada como 
obesa, conforme o estilo do autor colombiano.
Monalisa de Botero
Fonte: Pubic Delivery (s/d).
#PraTodosVerem: fotografia do quadro Monalisa de Botero.
Antes de comentarmos a obra, cabe perguntar: essa é a Monalisa? Na imagem, 
vemos o retrato baseado na obra de Da Vinci, mas há uma diferença. Um pequeno 
bigode e um cavanhaque se salientam na imagem. Nessa versão, trata-se de um 
homem ou uma mulher? Para responder à primeira pergunta, note que, ao modificar 
algum elemento da obra, essa já não é mais a Monalisa, mas sim um comentário 
sobre ela, que amplia o sentido da obra, ao mesmo tempo que estabelece uma 
relação com a anterior. Deve-se ressaltar também um certo humor entre uma e 
outra, pois a releitura evidencia um comentário sobre Leonardo Da Vinci.
Nessa segunda releitura, pode-se imediatamente perceber as diferenças entre a obra 
de Da Vinci ou ainda a de Duchamp. A mulher retratada tem traços redondos, não 
completamente realistas, ao mesmo tempo em que as roupas, as cores e o cenário 
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
19
remetem à Monalisa original, embora com algumas diferenças. Note também que os 
olhos são desproporcionais ao rosto e que o cenário tem uma cor mais viva. Deve-se 
apontar que o artista pintou várias releituras do quadro de Da Vinci, em releituras com 
a personagem em idades distintas, sendo essa a mais famosa. 
O exemplo das releituras acima mostra que pode haver um diálogo entre obras, 
pois, ao colocar uma modificação (no estilo, nas cores, na abordagem etc.), há uma 
atualização de seus significados. 
Ao mesmo tempo, não seria possívelentender a atualização em toda sua 
possibilidade de significações se não conhecêssemos a obra original. Esse 
fenômeno entre obras é chamado intertextualidade, e ocorre também na música, 
na pintura, na literatura, no cinema, entre outros. No cinema, diretores costumam 
recorrer a seus filmes prediletos e geralmente compõem cenas inspiradas em 
frames, em que as cores e a montagem do cenário evocam outros filmes, de outras 
épocas. Um exemplo disso são os filmes do diretor Quentin Tarantino, que realiza 
seus filmes a partir de inspirações como quadrinhos, cultura japonesa, faroeste, 
gangsters, entre outros. Alguns de seus filmes, como Bastardos inglórios (2009), 
utiliza o recurso de dividir as cenas em capítulos que, a partir de ilustrações, 
remetem imediatamente ao gênero HQ, ou ainda Pulp fiction (1994), que utiliza 
uma diversidade de fontes, como filmes de detetives.
Paráfrase
Paráfrase é a produção de um texto/objeto com características similares ao 
texto modelo e poucas alterações no sentido, embora possa ter características 
distintas do original.
Paródia
A paródia tem o caráter de se apropriar das características básicas de uma 
obra e suas principais ideias para conferir outro sentido, que geralmente é 
oposto ao da primeira.
Pastiche
Imitação de um gênero ou estilo de um autor sem a intenção de ironizar ou 
questionar o modelo. No pastiche, há uma extrapolação dos sentidos propostos 
na obra em que foi baseado.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
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Um exemplo de paráfrase são as traduções do poema O corvo, do escritor 
americano Edgar Allan Poe. Este poema foi traduzido por Fernando Pessoa, 
Machado de Assis, Gondin da Fonseca, entre muitos outros tradutores. Embora 
trate-se do mesmo poema, cada um dos tradutores fez escolhas diferentes para 
as palavras, o que interfere no ritmo e na métrica. Ainda assim, a tradução se 
refere ao mesmo poema e não tem nenhuma intenção de modificar os sentidos 
da obra. Quando o autor parafraseia o original de modo que há um estilo próprio, 
ainda que as ideias permaneçam mais ou menos parecidas, há um subtipo de 
paráfrase. Esse fenômeno é chamado de estilização.
Conhecimento 
Fonte: Freepik, 2023.
#ParaTodosVerem: ilustração de uma pilha de livros com capas de cores diversas. Apoiadas 
nessa pilha, há cinco escadas também de cores diversas.
Na literatura, um exemplo de paródia é Dom Quixote, que foi escrito por Miguel 
de Cervantes a partir das características estilísticas do modelo de romances de 
cavalaria, muito populares em sua época. No entanto, ao retomar o modelo, o 
romance de Cervantes tem outros significados que o ironizam.
Um exemplo de pastiche é Orgulho e preconceito e zumbis, inspirado na obra de 
Jane Austen. Embora o universo ficcional da Inglaterra do século XIX se mantenha, 
a mudança para o universo zumbi propõe novos significados para a trama. 
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
21
Decorrente disso, há também a discussão sobre originalidade e cópia, em que alguns 
autores entendem que não existe originalidade per se e que toda expressão artística, 
em alguma medida, maior ou menor, é cópia. Nesse sentido, deve-se investigar de 
que modo as apropriações acontecem e em que medida elas são originais, pois nem 
todo autor pode imitar outro da mesma maneira, há sempre peculiaridades.
Sobre as características do conhecimento artístico, Appolinário também considera 
o conhecimento artístico como não racional e difícil de ser capturado pela lógica. 
São muitas as percepções sobre o objeto artístico. Para os estudiosos da arte, uma 
parte acredita que a expressão artística pode se relacionar com o contexto social 
em que ela foi elaborada. Outra linha de pensamento acredita que a arte não tem 
qualquer vínculo com o real e está isenta de compromissos. O único compromisso 
da arte, para esse modo de analisar, é a estética por si mesma.
Outro tipo de conhecimento é o filosófico. Para Cervo, Bervian e Silva (2007), o 
conhecimento filosófico se caracteriza através do “objeto de investigação e pelo 
método”. Quando falamos de filosofia, podemos lembrar de Sócrates e seu modo 
de fazer filosofia, a maiêutica, que se aproxima de um parto de ideias e ideais 
através de sucessivas tentativas de chegar ao núcleo do argumento, para aceitá-lo 
ou derrotá-lo. Em um exercício de imaginação, pode-se até pensar em um senhor 
nas redondezas da praça de Atenas, por horas, à espera de alguém que estivesse à 
procura de dialogar. Ou podemos lembrar ainda de Aristóteles e seus importantes 
trabalhos sobre temas diversos, como política, ética, metafísica e lógica. O que 
poderia unir áreas tão diferentes, à primeira vista? Para responder a essa questão 
de maneira provisória, pode-se dizer que o método de investigação delas é o uso 
da razão para analisar dados abstratos.
Três exemplos de temas filosóficos contemporâneos
Conhecimento teológico (ou religioso)
Fake news e a pós-verdade
Bioética e limites éticos na pesquisa
Interações digitais e Filosofia da Tecnologia
Fonte: adaptado de Fundação Telefônica Vivo (2020).
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
22
Para Mascarenhas (2018), a filosofia “inclui e orienta ao mesmo tempo várias áreas 
do conhecimento” (2018, p. 23), isto é, embora seja um tipo de conhecimento 
específico, é a disciplina que pensa por excelência sobre princípios, métodos e 
avanços das áreas de conhecimento científico.
O que é epistemologia?
A epistemologia é uma área da filosofia que investiga a gênese, o estabelecimento 
e a mudança das ideias ao longo do tempo. Há a epistemologia da ciência, da 
educação, da arte, entre outras.
Origem da palavra epistemologia
A palavra epistemologia se divide em duas: episteme, do grego, conhecimento, 
e logos, a ciência. Ou seja, a epistemologia é a ciência do conhecimento.
Gênese do termo
Na Grécia, usavam-se duas palavras para falar sobre o modo de conhecer: a 
episteme e a doxa.
Doxa versus episteme
A doxa era aproximada da opinião, do senso comum. Era um conhecimento sem 
muito esforço, pouco qualificado ou refinado. Já a episteme era o conhecimento 
científico, refletido e confrontado com outros.
Nesse sentido, Cervo, Bervian e Silva (2007) entendem que o objeto de conhecimento 
da filosofia se constitui por realidades mediadas, ou seja, realidades que são 
mediadas por outra materialidade que não a coisa em si. Dito de outro modo, 
para a filosofia, é necessário se aproximar do objeto por meio de uma observação 
parcial dos fenômenos através da linguagem. Assim, não é possível chegar à 
totalidade do objeto, pois não se pode obtê-lo.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
23
Filosofia: ato de pensar o pensamento 
Fonte: Freepik (2023).
#ParaTodosVerem: ilustração com duas mãos segurando, cada uma, a ponta de um barbante 
que está emaranhado, como representação do fluxo de pensamento.
Disso pode-se compreender que tais realidades, mediadas pelas palavras, são 
imperceptíveis aos sentidos físicos. Essa é uma das diferenças entre ciência e filosofia 
que, apesar de se pautarem na primazia da razão, não compartilham o modo de 
verificar seus resultados. Na ciência, frequentemente, os experimentos podem ser 
repetidos para verificar os acertos, as falhas e chegar a conclusões exatas. 
Na filosofia, cada investigação é única, embora não seja feita de maneira amadora. 
Sempre há uma recuperação do que já foi feito sobre determinado objeto de 
investigação mas, pelo objeto ter sempre uma mediação, o modo proposto de 
observá-lo para a análise pode ser diferente dos anteriores, ainda que por vezes 
baseado nos textos dos mesmos autores.
Percebe-se também a importância das palavras e de seu significado para a 
investigação filosófica.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
24
Lógica
A lógica é uma área da filosofia em que há sentenças lógicas, deduções da 
teoria matemática de conjuntos, que permite avaliar a força dos argumentos 
em termos de validade ou falsidade.
Hermenêutica
Área da filosofia, com relação com a literatura e as artes, que estuda a 
interpretaçãoa partir de materialidades textuais.
Outra característica do objeto do conhecimento filosófico é ser de ordem 
suprassensível, o que ultrapassa a experiência. Diferente da ciência, em que os 
fenômenos podem ser verificados por experimentos, a filosofia lida com ideias 
que não podem ser reproduzidas, isto é, se uma pessoa pesquisar um objeto que 
já foi pesquisado antes, é improvável que a observação seja a mesma, embora 
haja pontos de contato entre as percepções do fenômeno observado.
Comparação entre conhecimento artístico e conhecimento filosófico
Conhecimento artístico Conhecimento filosófico
Valorativo Valorativo
Inspiracional Racional
Não-sistemático Sistemático
Não-verificável Não-verificável
Não se aplica Exato
Fonte: Adaptado de Lakatos e Marconi (2017).
Diferente dos conhecimentos mítico e religioso, o conhecimento artístico é distinto 
do conhecimento filosófico. Embora ambos não sejam verificáveis e compartilhem 
a característica de serem valorativos, a filosofia utiliza a razão para a avaliação das 
questões, o que inclui estratégias racionais para chegar às respostas e que tem como 
característica a exatidão dos resultados, embora não sejam os únicos possíveis.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
25
Diferentes tipos de conhecimento
Fonte: Freepik, 2023.
#pratodosverem: ilustração mostra o desenho de um rosto humano de perfil. O cérebro 
forma o desenho de uma lâmpada acesa.
O conhecimento artístico, por outro lado, está mais interessado no que a obra 
pode evocar do observador, e inclui a subjetividade na criação de sentidos, que 
são múltiplos. Na feitura da obra, o artista alia a inspiração com diversas técnicas 
ao realizar seu trabalho. Por exemplo, é bastante difundida a percepção de que o 
autor, quando escreve um texto literário, precisa estar inspirado. Essa ideia é ligada 
ao Romantismo, que buscava a individualização do autor. No entanto, embora o 
conhecimento artístico seja inspiracional, isso não significa que os processos de 
composição sejam completamente fruto da inspiração (sem trabalho objetivo). O 
momento de iluminação em certos casos pode existir, mas não é a única fonte 
para a produção de obras artísticas. Isso vale também para outros suportes, pois 
há trabalho massivo por trás de um espetáculo de teatro, cinema, música etc. 
Pode-se dizer também que a filosofia é uma das áreas do conhecimento que 
abrange todas as outras, pois nela são elaboradas discussões sobre a natureza dos 
conhecimentos. Há a filosofia da ciência, a filosofia da arte, filosofia política, entre 
outras, em que são sistematizadas as reflexões sobre as áreas do conhecimento 
como um todo.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
26
Saiba mais
Para saber mais, assista ao vídeo Como a arte influencia sua vida (sem você 
perceber!), de Mika Serur, que aborda a importância da arte no cotidiano e 
apresenta vários exemplos.
SERUR, M. Como a arte influencia sua vida (sem você perceber!). 
Disponível em: https://youtu.be/BHM65hsbiPo. Acesso em: 10 ago. 2023.
Dica de leitura
Para que você possa entender mais a relação entre filosofia e ciência, 
leia o artigo Por que a filosofia é importante no ensino de ciência nas 
universidades, da professora americana Subrena E. Smith, que discorre 
sobre quatro pontos importantes, a saber:
• Conexão entre filosofia e ciência.
• Apropriação de questões filosóficas para questionar e aprimorar 
o método científico.
• Impressões erradas que estudantes universitários têm da filoso-
fia.
• Quatro razões pelas quais a filosofia costuma ser dissociada da 
ciência pelos estudantes.
SMITH, S. E. Por que a filosofia é importante no ensino de ciência nas 
universidades. Folha de São Paulo, São Paulo, 29 jun. 2018. Disponível em: 
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2018/06/por-que-a-filosofia-e-
importante-no-ensino-de-ciencia-nas-universidades.shtml. Acesso 
em: 15 jul. 2023.
https://youtu.be/BHM65hsbiPo
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2018/06/por-que-a-filosofia-e-importante-no-ensino-de-ciencia-nas-universidades.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2018/06/por-que-a-filosofia-e-importante-no-ensino-de-ciencia-nas-universidades.shtml
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
27
Conclusão
Por meio do que foi discutido, destacamos algumas das principais características 
de dois tipos de conhecimento: o artístico e o filosófico. Lançando mão de 
exemplos de obras artísticas, como os quadros da Monalisa, a referência a 
filmes e livros, buscamos caracterizar o conhecimento artístico como subjetivo, 
inspiracional, e ressaltar o valor da criatividade para a recepção dos objetos 
e práticas artísticas. Percebemos também que a exatidão está fora do escopo 
desse tipo de conhecimento, embora a razão seja utilizada para a criação artística, 
em uma articulação entre razão e inspiração. Buscamos também destacar o 
conhecimento filosófico, suas características, como o uso da razão e da exatidão, 
e a existência de uma área da filosofia responsável por entender a produção dos 
conhecimentos, a epistemologia. Vimos a importância da mediação entre objetos 
de reflexão e a importância da linguagem para que ocorra a relação entre objeto 
e sujeito. Ao mesmo tempo, entendemos por que o conhecimento filosófico não 
é verificável, dada a natureza suprassensível dos objetos investigados. Assim, foi 
possível compreender esses dois tipos de conhecimento, ao caracterizar suas 
peculiaridades e diferenças. 
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
28
Referências
APPOLINÁRIO, F. Metodologia da ciência: filosofia e prática da pesquisa. 2. ed. 
São Paulo: Cengage Learning, 2012.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: 
Pearson Prentice Hall, 2007.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 8. ed. 
São Paulo : Atlas, 2017.
MASCARENHAS, S. A. Metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2018.
Referências complementares
Filósofos do século XXI “traduzem” conceitos e teorias para exemplos do dia a 
dia. Disponível em: https://www.fundacaotelefonicavivo.org.br/noticias/
filosofos-do-seculo-xxi-traduzem-conceitos-e-teorias-para-exemplos-do-dia-
a-dia/. Acesso em: 10 ago. 2023.
SANT’ANNA, A. R. Paródia, Paráfrase & Cia. São Paulo: Ática, 2004.
https://www.fundacaotelefonicavivo.org.br/noticias/filosofos-do-seculo-xxi-traduzem-conceitos-e-teorias-para-exemplos-do-dia-a-dia/
https://www.fundacaotelefonicavivo.org.br/noticias/filosofos-do-seculo-xxi-traduzem-conceitos-e-teorias-para-exemplos-do-dia-a-dia/
https://www.fundacaotelefonicavivo.org.br/noticias/filosofos-do-seculo-xxi-traduzem-conceitos-e-teorias-para-exemplos-do-dia-a-dia/
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Conhecimento e letramento científico
Introdução
A partir do que vimos sobre os tipos de conhecimento, podemos discutir 
e caracterizar as peculiaridades do conhecimento científico e explicitar os 
procedimentos que tornam científico um estudo. Veremos com mais detalhes o 
que é a ciência, suas origens e como são feitos estudos científicos. Em seguida, 
vamos abordar a questão do letramento científico e usar um exemplo para ilustrar 
a importância de adotar uma postura cética em relação aos dados de pesquisas 
divulgadas na mídia. Por último, elaboramos uma breve discussão sobre informação 
e conhecimento, uma vez que é necessário diferenciar um do outro pois, com o 
acesso ao grande fluxo de informações disponibilizadas na internet todos os dias, 
deve-se ter discernimento para diferenciar fatos e mentiras.
Objetivos da aprendizagem
• Definir e caracterizar o conhecimento científico e a ciência moderna: as-
pectos históricos e o fundamento da verdade científica.
Palavras-chave: conhecimento científico, indução, dedução, letramento científico, 
tipos de conhecimento.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
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Conhecimento e letramento científico: 
uma discussão sobre o fazer científico
e a popularização da ciência
Ao navegar pelo YouTube, talvez você tenha clicado em algum vídeo no feed que 
aponta categoricamente que “x não é ciência” ou“y não é ciência”. Mas, afinal, o 
que é ciência? O conhecimento científico consiste na elaboração de hipóteses e 
teorias, que se aperfeiçoam com o passar do tempo e que podem ser aceitas ou 
refutadas com a sequência de testes. Ou seja, caso seja realizado um teste com 
os devidos parâmetros de imparcialidade e qualidade, qualquer teoria pode ser 
refutada, o que significa que sua validade é datada. 
A ciência como a conhecemos não é dessa maneira desde o início dos tempos, embora 
conhecimentos de matemática, astronomia, física e química tenham sido descobertos 
e investigados na Grécia, na Babilônia, no Egito antigo e em outras regiões.
Ciência
Para Mascarenhas (2018), a ciência foi concebida entre os séculos XV e XVI, a 
partir de um momento histórico em que aconteceram várias descobertas, como 
as grandes navegações, que possibilitaram o desenvolvimento de tecnologias 
até então desconhecidas.
Navegações
Fonte: Freepik, 2023.
#pratodosverem: ilustração de uma caravela, representando o período das navegações.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
31
Durante o Renascimento, estimulado pelo desenvolvimento das cidades e pela 
gradual substituição do sistema feudal para o sistema mercantil, houve uma 
primavera das artes e dos conhecimentos. Esse momento histórico que envolve 
dois séculos, ficou conhecido como revolução científica. Houve a valorização da 
investigação em detrimento das justificativas dadas pela fé religiosa, que também 
é retratada na arte, na pintura e escultura de corpos com detalhes realistas, o que 
era impensável na Idade Média. Isso também acontecia nas pesquisas de cunho 
científico, com a investigação dos corpos, das propriedades dos materiais e das 
invenções científicas, em que foram abandonadas as explicações divinas e partiu-
se para uma investigação do universo e da materialidade por ela mesma. 
Para Mascarenhas (2018), um dos principais objetivos dos intelectuais desse 
momento era tornar a investigação científica imparcial e objetiva. Isso fica explícito 
em Discurso do método (1637), em que René Descartes elabora procedimentos 
matemáticos e lógicos para a investigação de questões científicas, o que ficou 
conhecido posteriormente como cartesianismo. Descartes e outros nomes, como 
Francis Bacon, Galileu Galilei, Nicolau Copérnico, foram os responsáveis pela criação 
do método experimental, que prevê um conjunto de experimentos em um ambiente 
controlado em que o pesquisador conheça os fatores envolvidos. Com a execução 
da investigação, haverá evidências científicas, que podem ser repetidas por outros 
cientistas nas mesmas condições, para validar ou refutar a hipótese inicial.
Para Lakatos e Marconi (2017), as ciências possuem: a) objetivo ou finalidade – 
toda pesquisa deve buscar uma explicação (leis gerais ou características comuns) 
para os eventos; b) função – toda pesquisa deve contribuir, em maior ou menor 
medida, com o acervo das áreas de conhecimento e servir para conhecer e/ou 
aprimorar a relação entre as pessoas e o mundo; c) objeto – toda pesquisa tem 
seu objeto, que pode ser material ou formal. 
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
32
Divisão das áreas da ciência
 
Fonte: Lakatos e Marconi (2017, p. 94)
#ParaTodosVerem: esquema da divisão das áreas da ciência segundo Lakatos e Marconi.
É comum ouvirmos de vez em quando a expressão quebra de paradigma. O 
conceito de paradigma foi proposto por Thomas Kühn em Estrutura das revoluções 
científicas (1962).
Paradigma
A ciência avança a partir dos paradigmas, que são 
descobertas científicas reconhecidas e legitimadas 
universalmente pelas comunidades científicas.
Ciência: processo de construção e ruptura de paradigmas
Fonte: Freepik (2023).
#ParaTodosVerem: ilustração colorida com elementos que remetem à ciência, como tubos de 
ensaio, sequências de DNA e cadernos.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
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Quebra de paradigma
As quebras possibilitam uma reavaliação sobre o 
que vai permanecer e o que precisa ser repensado.
Rearticulação dos conhecimentos a partir da ruptura do paradigma vigente
Fonte: Freepik (2023).
#ParaTodosVerem: ilustração que remete a redes neurais, com fundo azul escuro, uma trama em 
azul mais claro e pontos brancos nas conexões dessa trama.
Nesse sentido, a partir do estabelecimento dos paradigmas, são determinados 
problemas, métodos e soluções recorrentes para as questões da época. Assim, 
quando ocorre uma fratura, por uma descoberta que rompe com os padrões 
anteriores, acontece uma quebra de paradigma, o que implica a necessidade de 
rever teorias, métodos, hipóteses e soluções possíveis. Em nível menor, pode-se 
afirmar que cada área do conhecimento tem suas rupturas de paradigmas, que 
promovem a renovação na área.
Conhecimento científico
Fonte: Freepik, 2023.
#pratodosverem: a ilustração de fundo azul mostra um tubo de ensaio com um líquido 
vermelho dentro; uma cartela de comprimidos; uma lâmina com bactérias; uma caneta e 
uma prancheta, com uma cruz vermelha no papel.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
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O conhecimento científico é produzido também a partir da articulação entre formas 
de raciocínio e sua relação com os objetos de pesquisa. Para Cervo, Bervian e Silva 
(2007), “O método científico aproveita a observação, a descrição, a comparação, a 
análise e a síntese, além dos processos mentais da dedução e da indução, comuns 
a todo tipo de investigação, quer experimental, quer racional.”. Para entender os 
processos mentais envolvidos na investigação e interpretação de dados, devemos 
conhecer os quatro tipos de raciocínio utilizados para isso:
Quatro tipos básicos de raciocínio
Tipos de raciocínio
Indução
Dedução
Intuição
Inferência
Fonte: adaptado de Cervo, Bervian e Silva (2007).
Conforme Cervo, Bervian e Silva (2007), a indução é um modo de pensar que 
considera uma analogia cuja conclusão está para as premissas como o todo está 
para as partes. Baseando-se nisso, a indução tem por fundamento quatro princípios:
1. A natureza é regida por leis. 
2. As causas atuam de maneira uniforme.
3. As mesmas causas produzem os mesmos efeitos.
4. Toda relação de causa e efeito é constante.
Para entender o raciocínio a partir da indução, consideremos um exemplo de Alan 
Chalmers (2014, p. 29-30):
1. Água razoavelmente pura congela a cerca de 0 °C (se for dado 
tempo suficiente).
2. O radiador de meu carro contém água razoavelmente pura.
3. Se a temperatura cair abaixo de 0 °C, a água no radiador de meu 
carro vai congelar (se for dado tempo suficiente).
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
35
Perceba que, nesse exemplo, há as premissas 1 e 2, que são aceitáveis para a 
vida real. A partir da validade das duas, a premissa 3 será verdadeira. Esse tipo 
de raciocínio parte de premissas observadas nos fenômenos e, ao contrário do 
que pode parecer à primeira vista, é a experiência que orienta a investigação 
indutivista e não a lógica. A indução foi criticada veementemente por Karl Popper 
por ser pouco rigorosa. Ainda assim, ela é utilizada nas pesquisas, especialmente 
as que têm objetos mais inconstantes e lidam com a experiência.
Já a dedução, para Cervo, Bervian e Silva (2007), é a relação lógica que se estabelece 
entre proposições, um modo de argumentar que “torna explícitas verdades 
particulares contidas em verdades universais”. No exemplo anterior, a premissa 
3 é uma dedução, feita a partir das premissas anteriores. Ou seja, perceba que 
indução e dedução não são raciocínios isolados, mas complementares.
Outro exemplo de dedução: premissa 1: todo pássaro voa; premissa 2: a águia é 
um pássaro. Logo, a águia voa. Pode-se perceber que, nas premissas 1 e 2, estão 
contidas as ideias de pássaro, o que permite inferirmos a premissa 3. 
A intuição é um tipo de raciocínio relacionado com uma percepção, um insight, 
que acontece a partir de uma certa disposição de elementos que o despertam. Na 
pesquisa científica, embora tenhamos falado de métodos, provas, evidências, a 
intuição também acaba por ser utilizada para a produção doconhecimento.
Coração versus razão
Fonte: Freepik, 2023.
#pratodosverem: a ilustração de duas pessoas e uma gangorra. À esquerda, uma mu-
lher, com um coração sobre a gangorra, mais pesado; à direita, um homem e, sobre a 
gangorra, um cérebro.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
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Uma pesquisa científica não pode ser feita apenas com intuição, mas ela exerce 
o importante papel de desacomodar as ideias, de experimentar o que ainda não 
foi pensado, de descobrir o novo acidentalmente. Combinar a intuição com o 
rigor na produção de uma pesquisa pode render bons resultados. Para Cervo, 
Bervian e Silva (2007), a elaboração de um problema de pesquisa pode acontecer 
a partir da intuição e apenas depois segue-se para a parte de observação objetiva 
e racional da pesquisa. Para Mascarenhas (2018), não é necessário abandonar a 
subjetividade em prol da objetividade, ou o oposto, pois há melhores resultados 
quando se pode combinar as duas.
A inferência é um tipo de raciocínio que permite encontrar um valor comum a 
partir de uma ou mais proposições em que está contida de modo implícito (Cervo, 
Bervian e Silva, 2007). Assim como a dedução no exemplo da água, você pode 
perceber que utilizamos inferências para a dedução. Estabelecemos um juízo de 
valor entre sentenças, uma comparação para chegar a termos comuns.
Comunicação e divulgação científica
Sabia que existe uma diferença entre esses dois termos? A comunicação 
científica acontece entre cientistas, sejam da mesma área ou não, que escrevem 
para seus pares.
Intenção da comunicação científica
Compartilha os avanços e o estado da arte atual e ocorre através de eventos 
especializados e publicação em periódicos.
Intenção da divulgação científica
Divulga os fazeres da ciência para a população, com a finalidade de difundir o 
que é produzido na universidade ou em institutos de pesquisa e contribuir com 
a democratização do conhecimento.
Destacamos algumas das peculiaridades da ciência. Agora, vamos discutir 
brevemente o letramento científico. Um dos critérios elencados nas provas do 
Programme for International Student Assessment (PISA), exame que avalia 
estudantes do Ensino Médio no mundo todo, é o letramento científico.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
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Letramento
Fonte: Freepik, 2023.
#pratodosverem: a imagem mostra uma mesa sobre a qual há várias letras do alfabeto 
recortadas em papel branco. Uma criança encaixa as letras recortadas em uma folha 
com todas as letras coloridas.
De acordo com documento disponível no Instituto Nacional de Estudos e 
Pesquisas Educacionais (INEP, 2010), o letramento científico é a “capacidade 
de empregar o conhecimento científico para identificar questões, adquirir 
conhecimentos, explicar fenômenos científicos e tirar conclusões baseadas em 
evidências sobre questões científicas”. Isso significa que, para uma pessoa ser 
considerada alfabetizada na ciência, é necessário que ela compreenda os métodos 
e características que diferenciam a ciência de outros tipos de conhecimento, bem 
como seja capaz de aplicá-los.
Outro ponto importante para que uma pessoa seja considerada proficiente no 
letramento acadêmico é a compreensão de como a ciência e a tecnologia afetam o 
mundo e a vida em sociedade, ao proporcionar mudanças tanto no meio ambiente 
como no modo de vida das pessoas. 
De acordo com o Indicador de Letramento Científico (ILC) de 2014, em pesquisa da 
Fundação Carlos Chagas, 48% dos entrevistados foram nivelados no descritor 2 – 
letramento científico rudimentar, em uma escala de 1 a 4, em que 4 é uma pessoa 
proficiente. Somente 5% dos entrevistados foram avaliados no nível 4. Para a 
avaliação, a pesquisa considera três itens: domínio da linguagem, saberes práticos e 
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
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visão de mundo. A amostra abrange 2002 pessoas escolarizadas, com pelo menos 4 
anos de estudo, idades entre 15 a 40 anos e que vivem nas cidades metropolitanas. 
A partir dos resultados nas provas, é possível notar que o Brasil é um país que 
precisa de avanços na divulgação científica, que ainda não cumpre totalmente 
seu papel social, e precisa ampliar o acesso à informação e a compreensão dos 
métodos para a população. Nesse sentido, é necessária não apenas a divulgação, 
mas a realização de práticas de aprendizagem para melhorar esse cenário. 
Você já viu aquelas notícias que, em um momento, descrevem um estudo científico 
afirmando que determinado alimento faz mal e, alguns meses ou anos depois, 
outra notícia defendendo o consumo do mesmo alimento? Isso é divulgação da 
ciência? Pensemos em dois exemplos: o caso do ovo e o caso do álcool. Nos dois 
casos, de modo recorrente, há notícias que defendem ou condenam o consumo.
Ovos e vinho: vilões ou mocinhos?
Ovo
No caso do ovo, ele é condenado por ser uma fonte de colesterol que traz mais 
malefícios que benefícios. Há também estudos que apontam que o colesterol 
do ovo não traz riscos para o organismo.
Álcool
No caso do álcool, diz-se que ele é um depressor do sistema nervoso central e 
que não há benefícios ao consumi-lo de modo recorrente.
Ao mesmo tempo, foram publicados estudos em que são apontados os benefícios 
do consumo de um cálice de vinho diariamente. Percebe que há uma contradição 
entre as duas informações sobre álcool e ovo? Na verdade (salvo poucas exceções), 
esse tipo de texto costuma ser escrito por jornalistas não especializados em 
conhecimento científico, que acabam por informar de modo enviesado apenas 
uma questão de um estudo que, caso lêssemos o original, descobriríamos ser 
secundária para a pesquisa. Isso é importante para que você fique atento e sempre 
investigue o que está por trás desse tipo de publicação cotidiana.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
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A universidade, enquanto instituição de conhecimento, busca articular pesquisa 
e ensino para a comunidade através da extensão, porém são ações isoladas ao 
meio universitário. No YouTube, há vários canais de divulgação científica, que 
cumprem uma função louvável, mas o aprendizado do método científico precisa 
de atividades práticas e dos materiais necessários para as práticas. No Ensino 
Básico, escolas do sistema público de ensino têm poucos recursos materiais, como 
laboratórios e reagentes. Ainda temos muito a fazer nesse cenário e, quem sabe, 
você possa contribuir para isso.
O aprendizado do conhecimento científico pode ajudar as pessoas também 
para que elas possam tomar melhores decisões em relação aos produtos que 
consomem, às práticas terapêuticas que escolhem, às notícias que acessam. 
Através da pesquisa, é possível saber que uma notícia é tendenciosa e achar um 
contra-argumento que a invalide. Com a condição provisória da ciência, que está 
em um processo de constante desenvolvimento e melhoria, não temos certezas 
eternas, mas verdades provisórias que, embora não façam promessas, possibilitam 
escolhas melhores quando estamos em contextos em que é necessário ser crítico 
e cético em relação a soluções e verdades fáceis.
Saiba mais
Para saber mais, assista ao vídeo O que é letramento científico?, de Raphael 
Bender, que aborda esse conceito e sua importância para a sociedade.
BENDER, R. O que é o letramento científico? YouTube, 2020. Disponível 
em: https://youtu.be/N5VeirBaGRU. Acesso em: 10 ago. 2023.
https://youtu.be/N5VeirBaGRU
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
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Dica de leitura
Para que você possa conceituar letramento científico, leia o texto 
Transgênicos, letramento científico e cidadania, de Beatriz Ceschim e Thais 
Benetti de Oliveira, no qual as autoras discorrem sobre quatro pontos 
importantes, a saber:
• Exemplo de abordagem do tema transgênicos na perspectiva do 
letramento científico.
• Discussão de como mediar conceitos científicos para a sociedade.
• Discussão sobre o conceito de letramento científico e alfabetiza-
ção científica e tecnológica.
• Dimensão sociocientífica do conceito de transgênicos.
CESCHIM, B.; OLIVEIRA, T. B. Transgênicos, letramento científico e cidadania. 
In: Revistabrasileira de. Ensino de Ciência e Tecnologia, Ponta Grossa, v. 11, n. 
1, p. 131-154, jan./abr. 2018. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/
rbect/article/view/5411/pdf. Acesso em: 17 jul. 2023.
Conclusão
A partir do que foi exposto, buscamos apresentar algumas das principais 
características do conhecimento científico, um pouco de sua história e origens, 
suas especificidades e que formas de pensamento são utilizadas no fazer ciência, a 
saber, a indução, a dedução, a intuição e a inferência. Entre os tipos apresentados, 
entendemos que as pesquisas são produzidas pela articulação entre os diferentes 
modos de pensar, que se complementam no processo de investigação dos 
objetos. Buscamos expor algumas das diferenças entre comunicação científica e 
jornalismo sobre ciência, bem como entre a comunicação e a divulgação científica. 
Por último, trouxemos informações sobre o letramento científico no Brasil, o 
que permite conhecer a necessidade de propor novas soluções de atividades 
científicas para o público, para aumentar o acesso e o interesse da população por 
esse tipo de conhecimento, pois há uma porcentagem muito pequena de pessoas, 
em proporção à população do país, considerada letrada cientificamente.
https://periodicos.utfpr.edu.br/rbect/article/view/5411/pdf
https://periodicos.utfpr.edu.br/rbect/article/view/5411/pdf
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
41
Referências
APPOLINÁRIO, F. Metodologia da ciência: filosofia e prática da pesquisa. 2 ed. 
São Paulo: Cengage Learning, 2012.
CARVALHO, M. C. M. (org.). Construindo o saber: metodologia científica – 
Fundamentos e práticas. Campinas: Papirus, 2021.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: 
Pearson Prentice Hall, 2007.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de Metodologia Científica. 8. ed. 
São Paulo : Atlas, 2017
Referências complementares
CHALMERS, A. F. O que é ciência, afinal? Tradução de Raul Fiker. São Paulo: 
Brasiliense, 2014.
Indicador de Letramento Científico – Sumário executivo de resultados. Disponível 
em: http://iblc.org.br/wp-content/uploads/2018/01/1-relatorio-executivo-ilc-
fcc.pdf. Acesso em: 19 jul. 2023.
INSTITUTO Brasileiro de Letramento Científico (IBLC). Letramento científico: um 
indicador para o Brasil. São Paulo: IBLC, 2017. Disponível em: http://iblc.org.br/
wp-content/uploads/2018/01/3-publicacao-ilc.pdf. Acesso em: 19 jul. 2023.
INSTITUTO Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). Letramento 
científico. [S.l.: s.n.], 2010. Disponível em: https://download.inep.gov.br/download/
internacional/pisa/2010/letramento_cientifico.pdf#:~:text=Letramento%20
cient%C3%ADfico%20.%20Defini%C3%A7%C3%A3o%20.%20Entende-se%20
como%20letramento,tirar%20conclus%C3%B5es%20baseadas%20em%2-
0evid%C3%AAncias%20sobre%20quest%C3%B5es%20cient%C3%ADficas. 
Acesso em: 19 jul. 2023.
http://iblc.org.br/wp-content/uploads/2018/01/1-relatorio-executivo-ilc-fcc.pdf
http://iblc.org.br/wp-content/uploads/2018/01/1-relatorio-executivo-ilc-fcc.pdf
http://iblc.org.br/wp-content/uploads/2018/01/3-publicacao-ilc.pdf
http://iblc.org.br/wp-content/uploads/2018/01/3-publicacao-ilc.pdf
https://download.inep.gov.br/download/internacional/pisa/2010/letramento_cientifico.pdf#:~:text=Letramento%20cient%C3%ADfico%20.%20Defini%C3%A7%C3%A3o%20.%20Entende-se%20como%20letramento,tirar%20conclus%C3%B5es%20baseadas%20em%20evid%C3%AAncias%20sobre%20quest%C3%B5es%20cient%C3%ADficas.
https://download.inep.gov.br/download/internacional/pisa/2010/letramento_cientifico.pdf#:~:text=Letramento%20cient%C3%ADfico%20.%20Defini%C3%A7%C3%A3o%20.%20Entende-se%20como%20letramento,tirar%20conclus%C3%B5es%20baseadas%20em%20evid%C3%AAncias%20sobre%20quest%C3%B5es%20cient%C3%ADficas.
https://download.inep.gov.br/download/internacional/pisa/2010/letramento_cientifico.pdf#:~:text=Letramento%20cient%C3%ADfico%20.%20Defini%C3%A7%C3%A3o%20.%20Entende-se%20como%20letramento,tirar%20conclus%C3%B5es%20baseadas%20em%20evid%C3%AAncias%20sobre%20quest%C3%B5es%20cient%C3%ADficas.
https://download.inep.gov.br/download/internacional/pisa/2010/letramento_cientifico.pdf#:~:text=Letramento%20cient%C3%ADfico%20.%20Defini%C3%A7%C3%A3o%20.%20Entende-se%20como%20letramento,tirar%20conclus%C3%B5es%20baseadas%20em%20evid%C3%AAncias%20sobre%20quest%C3%B5es%20cient%C3%ADficas.
https://download.inep.gov.br/download/internacional/pisa/2010/letramento_cientifico.pdf#:~:text=Letramento%20cient%C3%ADfico%20.%20Defini%C3%A7%C3%A3o%20.%20Entende-se%20como%20letramento,tirar%20conclus%C3%B5es%20baseadas%20em%20evid%C3%AAncias%20sobre%20quest%C3%B5es%20cient%C3%ADficas.
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Senso comum e ciência
Introdução
No tema anterior, vimos alguns aspectos do conhecimento científico, suas origens 
e tipos de pensamento. Neste capítulo, vamos investigar mais alguns aspectos 
relevantes ao fazer científico, como as noções de conceitos, leis e teorias, bem 
como vamos discutir a verdade e a certeza no processo do fazer científico. 
Trataremos também do senso comum, que também é um tipo de conhecimento, 
feito a partir da observação empírica e da experiência humana acumulada por 
gerações. Com base em exemplos, os ditados populares – frases elaboradas ao 
longo do tempo pelas pessoas e que servem para condensar o senso comum em 
uma síntese – vamos entender suas características, o uso metafórico de palavras 
para ampliar os sentidos, a verdade que pode ser percebida por meio de sua 
leitura e compará-las com o fazer científico. Ao final, faremos uma retomada dos 
cinco tipos de conhecimento estudados nesse e-book e vamos destacar aspectos 
relevantes deles para o entendimento geral dos conhecimentos humanos.
Objetivos da aprendizagem
• Diferenciar senso comum da ciência.
Palavras-chave: senso comum, conhecimento científico, ciência, conhecimento 
popular, evidências científicas.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
43
Senso comum e ciência:
opostos ou apenas diferentes?
Uma das frases mais conhecidas sobre o que diferencia o raciocínio humano do de 
outros animais é “Penso, logo existo”, de René Descartes. A partir dela, pela relação 
lógica que se estabelece entre existir e pensar, podemos entender o pensamento 
como uma característica própria do ser humano. Até agora, vimos quatro tipos de 
conhecimento que, embora com características distintas, possibilitam diferentes 
perspectivas sobre os fenômenos e se complementam. Nesta unidade, vamos 
conhecer o quinto tipo de conhecimento, o senso comum, e vamos compará-lo 
com a ciência, para que seja possível entender suas semelhanças e diferenças.
Para Mascarenhas (2018), o senso comum pode ser entendido como “conhecimento 
que construímos dia a dia com a ajuda da intuição e do bom senso” (2018, p. 12), 
para solucionar problemas e satisfazer necessidades recorrentes. Dessa maneira, 
Cervo, Bervian e Silva (2007) consideram esse conhecimento como empírico, isto 
é, adquirido com a experiência. Diferente do conhecimento científico, o senso 
comum não tem um método específico nem é sistematizado e é compartilhado de 
geração para geração.
Senso comum: conhecimento compartilhado pela comunidade de uma língua comum
Fonte: Freepik, 2023.
#ParaTodosVerem: ilustração com grupo de pessoas andando na mesma direção, for-
mando uma seta vista de cima, com algumas pessoas andando também
aos lados da formação.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
44
O senso comum está no cotidiano e incorpora-se à cultura de uma língua. Em 
algum dia frio, sua mãe ou algum parente próximo pode ter dito a você: “coloca 
mais roupa, senão você vai pegar gripe”. Na verdade, o frio em si não aumenta 
a chance de pegar frio, embora as condições para o contágio no frio aumentem, 
como aglomerações, ambientes mal ventilados, contato com pessoas infectadas 
etc. Esse conhecimento provém do senso comum e não é científico.
Frio causa gripe?
Fonte: Freepik, 2023.
#ParaTodosVerem: fotografia de uma pessoa sentada em um sofá, com cobertor azul 
sobre a cabeça. Ela assoa o nariz. Sobre o sofá, vários lenços de papel
já usados e amassados.No fundo, existe um teor de verdade ao associar frio e doença, mas isso não 
significa que seja uma verdade válida para a doença específica, a gripe. Appolinário 
(2012) considera que o senso comum é valioso para que sejam tomadas decisões 
necessárias sem que haja um esforço intelectual descomunal para ações cotidianas. 
Para esse tipo de conhecimento, não é necessário comprovar a relação entre um 
elemento e outro, pois a suspeita de que existe uma relação, comprovada pelo 
crivo da experiência, é suficiente para que ela seja considerada.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
45
Senso comum: recorrência das experiências do cotidiano
Fonte: Freepik, 2023.
#ParaTodosVerem: ilustração da silhueta de uma cabeça na cor branca, em um fundo 
amarelo. A parte de cima está cortada e aberta como uma tampa. Acima da abertura da 
cabeça, há quatro emojis sorridentes nas cores azul, vermelho, amarelo e azul.
A ciência, através de sucessivas observações e experimentações, é considerada 
factual e verificável, isto é, apenas fatos validados através de experimentos 
são considerados verdadeiros e, caso não se tenha certeza, pode-se repetir a 
experiência que provavelmente terá um resultado idêntico ou muito aproximado. 
Ela também é considerada sistemática, pois com o acúmulo de fatos são produzidas 
teorias, que permanecerão vigentes até o momento em que apresentarem erro, 
quando serão invalidadas e substituídas pelas novas evidências e explicações. 
Por isso, a ciência é considerada falível, pois se existirem novos fatos que refutam 
alguma explicação vigente, ela será considerada errada e retificada.
Comparação entre senso comum e conhecimento científico
Senso comum Conhecimento científico
Valorativo Factual
Tradição oral, observação e reflexão Observação e experimentação 
sistemática
Assistemático Sistemático
Verificável Verificável
Falível Falível
Inexato Aproximadamente exato
Fonte: Appolinário (2012).
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
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Termos importantes para o conhecimento científico
Evidência
Uma evidência é um resultado comprovado cientificamente através de 
“manifestações claras” (MASCARENHAS, 2018) sobre um processo.
Quando se faz uma pesquisa experimental para avaliar a eficácia de um produto 
novo, vamos supor que seja um estudo duplo-cego, em que não se sabe se a 
amostra utilizada é o produto ou um placebo, haverá um acompanhamento das 
reações de todas as pessoas que participaram e uma análise da comparação 
entre o que as pessoas perceberam depois de ingerir ou utilizar o produto e o 
resultado das pessoas que usaram placebo.
Placebo 
Fonte: Freepik, 2023.
#pratodosverem: imagem mostra uma lâmina de laboratório com um líquido amarelo dentro. 
Sobre ela, uma ponta de pinça segura uma cápsula também amarela.
Há um fenômeno, o efeito placebo, que aponta que uma porcentagem das pessoas 
que utilizaram placebo considera que houve efeitos benéficos depois do uso. A 
partir da porcentagem padrão do efeito placebo, observa-se se a porcentagem 
das pessoas que receberam o princípio ativo é maior e em que proporção. A 
partir disso, se for maior do que a porcentagem da amostra com placebos, há 
uma evidência, comprovada pela análise dos resultados do experimento, de que 
o princípio ativo tem efeitos reais para determinado problema.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
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Verdade
Diferente de outros conhecimentos, a pesquisa científica tem tempo de 
validade, estando à mercê das transformações.
Como destacamos antes, na ciência, as teorias e seus resultados são provisórios, 
estando sempre sujeitos a novos estudos, aprofundamentos teóricos e 
repetições dos experimentos, que podem invalidar seus resultados no futuro. No 
entanto, embora provisória, a verdade é fundamental na ciência, para garantir a 
confiabilidade da pesquisa e dos dados. Por outro lado, vale lembrar a implicação 
da perspectiva na observação dos objetos, que não podem ser vistos em totalidade, 
o que envolve sempre parcialidade e ponto de vista. Há uma diversidade de vieses 
para observar um objeto e, a depender do viés, pode-se observar determinado 
aspecto dos objetos de pesquisa. Nesse sentido, Mascarenhas (2018) considera 
verdade a manifestação da essência de um objeto.
Certeza
A certeza se relaciona, de acordo com Cervo, Bervian e Silva (2007), com uma 
adesão firme a uma verdade, que não possibilita qualquer chance de engano.
Essa adesão ocorre, ainda usando o exemplo anterior, quando é possível 
perceber, pelas evidências experimentais, que a pesquisa com um elemento ativo 
comprovou que ele funciona para determinado problema. Por outra perspectiva, 
deve-se pensar no caso oposto, em que um estudo não conseguiu achar uma 
correlação entre os dados e não foi possível chegar a resultados conclusivos 
sobre a questão. Nesse caso, que é comum no fazer ciência, deve-se descrever 
avanços e problemas durante a pesquisa. Não é por não ter evidência que uma 
pesquisa não tem utilidade. Na verdade, pode-se dizer que erros fazem parte do 
processo e podem ser úteis para outros pesquisadores que pretendem fazer uma 
pesquisa sobre o mesmo objeto. 
Assim como os outros tipos de conhecimento, o senso comum não é um 
conhecimento melhor ou pior. O senso comum é a doxa grega, uma opinião a 
partir de uma dada realidade compartilhada entre as pessoas que pertencem 
a uma determinada comunidade. Esse tipo de conhecimento também está 
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
48
relacionado às comunidades falantes de uma língua, que compartilham o mesmo 
substrato cultural, pois as rotinas mudam de região para região, assim como o 
clima, os hábitos culturais, os valores sociais etc. 
Em relação ao senso comum, já ouviu algum ditado popular e provérbio? Por 
exemplo, “água mole, pedra dura, tanto bate até que fura”, “quem tem boca vai a 
Roma”, “a cavalo dado não se olha os dentes”, “gato escaldado tem medo de água 
fria”, entre vários outros. Esses ditos, geralmente curtos, são fruto da experiência 
e encapsulam, em poucas palavras, uma síntese válida para a vida de modo geral.
A seguir, confira outros exemplos de senso comum.
Ditados populares e provérbios
Os ditados populares são a elaboração máxima 
de conhecimento popular, que é partilhado de 
geração em geração.
Ditados populares
Fonte: Freepik (2023).
#ParaTodosVerem: ilustração de pessoas aglomeradas, de diferentes etnias e faixas etárias, mui-
tas delas sorrindo.
Gato escaldado tem medo 
de água fria
Em “gato escaldado tem medo de água fria”, 
pode-se inferir que, quando alguém teve um 
problema inesperado, essa pessoa fica com 
medo de acontecer novamente.
Gato escaldado
Fonte: Freepik (2023).
#ParaTodosVerem: fotografia de um gato cinza no canto inferior direito, olhando para o canto 
superior esquerdo.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
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Nesse ditado, há uma tentativa de prevenir a pessoa, para que ela esteja atenta 
às situações e não tenha dificuldade. Embora seja um gato o sujeito da oração, 
percebe-se uma metáfora entre o medo do gato e o medo da pessoa quando 
é colocada em uma situação desfavorável que poderia ter sido evitada se ela 
tivesse se precavido.
Por outro lado, se pensarmos nas características dos objetos que queremos 
conhecer, devemos levar em consideração que tipo de conhecimento é 
predominante e temos um desejo de pesquisar a fundo o que existe a respeito 
dele. Nesse sentido, percebe-se que o tipo de conhecimento mais adequado para 
essa finalidade é o científico, que é trabalhoso, pois pretende descobrir relações 
a partir de experimentos, e envolve investimento financeiro e intelectual. Os 
resultados vão compor um repositório de conceitos, leis, teorias e doutrinas, que 
acaba sendo refinado e aperfeiçoado.
Confira três ferramentas para a elaboração do conhecimento científico.
Conceitos
O conceito pode ser entendido de diferentes maneiras como ideia, abstração ou 
definição (MACARENHAS, 2018). De qualquer modo, um conceito é uma articulação 
de ideias para explicar um determinado fenômeno. Há uma diferença, apontadapor Cervo, Bervian e Silva (2007), entre os teóricos e as pessoas mais ligadas à 
prática. Para os teóricos, conceitos são conjuntos de práticas que servem para 
entender um fenômeno em termos de medição ou em suas reações. Os cientistas 
práticos entendem o conceito a partir da possibilidade de explicação ou reprodução 
de um fenômeno. 
Leis
Na ciência, as leis servem para definir um padrão de comportamento de um 
fenômeno (MACARENHAS, 2018) e para separar objetos em categorias ou prever o 
comportamento do objeto nas etapas do experimento. Cervo Cervo, Bervian e Silva 
apontam três tipos de relação para as leis: relação de existência, de causalidade 
e finalidade. É importante lembrar que as leis estão presentes tanto nas ciências 
exatas quanto nas humanas e sociais.
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
50
Teorias
Para o propósito do conhecimento científico, uma teoria é o resultado de sua 
construção, de seus erros e acertos (MASCARENHAS, 2018). Nesse sentido, a teoria 
se constitui como um conjunto de explicações para certo fenômeno. As teorias 
existem em todas as áreas do conhecimento científico e são produzidas com base 
em trabalho científico e filosófico sobre os objetos de pesquisa, com peculiaridades 
próprias a cada área.
Para Lakatos e Marconi (2017), as formas de conhecimento podem coexistir na 
mesma pessoa, pois um engenheiro pode ser praticante de determinada religião, 
estar ligado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, 
agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum. Ou profissionais 
da área da saúde podem utilizar conhecimentos provenientes do senso comum 
em sua rotina, ou ainda um profissional de economia pode estar atualizado em 
relação aos avanços científicos através da leitura de papers.
Embora pareçam distantes uma da outra, a arte tem relação no processo de 
elaboração da ciência. O sociólogo Wright-Mills (2009) aborda a noção de artesanato 
intelectual, que entende a importância do trabalho do pesquisador como um 
fazer artesanal que combina os dados da pesquisa com a percepção de quem lida 
com eles. Quando fazemos uma pesquisa, por mais planejada que tenha sido, há 
certo grau de incerteza sobre o que vai ocorrer na coleta de dados. Nesse sentido, 
especialmente com questões de ciências humanas e sociais, deve-se lidar com a 
incerteza e com o que se pôde fazer com os dados possíveis de acessar.
Saiba mais
Para saber mais, assista ao vídeo Exemplos de senso comum, que trata da 
temática e apresenta suas características e vários exemplos.
CONEXÃO filosófica. Exemplos de senso comum. [S.l.: s. n.], 2023. 
Disponível em: https://youtu.be/K0d0IjEuz8U. Acesso em: 11 ago. 2023.
https://youtu.be/K0d0IjEuz8U
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
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Dica de leitura
Para que você possa conceituar senso comum e ciência, leia o texto 
Senso comum e ciência: uma análise hermenêutica e epistemológica do senso 
comum de oposição, de Ivan Penteado Dourado, no qual o autor discorre 
sobre quatro pontos importantes, a saber:
• Conceito de senso comum.
• Conceito de ciência.
• Suposta oposição entre os dois tipos de conhecimento.
• Revisão bibliográfica sobre o que foi produzido sobre o assunto.
DOURADO, I. P. Senso comum e ciência: uma análise hermenêutica e 
epistemológica do senso comum de oposição. In: Educar em revista, v. 
34, n. 70, jul.-ago. 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/er/a/
Yt4ggdnqqGXZkCMjCXP8GZC/#. Acesso em: 19 jul. 2023.
Conclusão
A partir do que vimos, apresentamos as principais características do senso comum, 
que é um conhecimento adquirido através da experiência em uma comunidade, 
que compartilha língua e cultura. Um exemplo do senso comum são os ditados 
populares, que condensam a experiência de vida para que outros possam evitar 
problemas. Apresentamos mais algumas características do conhecimento científico, 
como evidência, certeza e verdade, para discutir sua falibilidade e o processo de 
aprimoramento do conhecimento, em que as verdades são provisórias.
Abaixo, há um quadro sintético com os cinco tipos de conhecimento vistos nas 
quatro unidades. Perceba que há características compartilhadas entre os tipos de 
conhecimento. Por exemplo, a ciência e o senso comum, apesar de suas diferenças, são 
conhecimentos falíveis. Aproveitamos para lembrar que os tipos de conhecimentos 
são complementares e servem para situações distintas de observação de um 
objeto. Compare os conhecimentos em relação às seis características definidas, a 
https://www.scielo.br/j/er/a/Yt4ggdnqqGXZkCMjCXP8GZC/#
https://www.scielo.br/j/er/a/Yt4ggdnqqGXZkCMjCXP8GZC/#
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
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saber, vinculação com a realidade, origem, ocorrência, comprobabilidade, eficiência 
e precisão.
Quadro – Comparação entre as diversas formas de conhecimento
Caracterís-
ticas
Formas de conhecimento
Senso co-
mum Artístico Religioso Filosófico Científico
Vinculação com
a realidade Valorativo Valorativo Valorativo Valorativo Científico
Origem
Tradição oral, 
observação e 
reflexão
Inspiração Fé
Inspiração Razão Factual
Ocorrência Assistemático Assistemático Sistemático Sistemático
Observação e 
experimentação 
sistemática
Comprobabilidade Verificável Não 
verificável
Não 
verificável
Não 
verificável Sistemático
Eficiência Falível Infalível Infalível Infalível Verificável
Precisão Inexato Não se aplica Exato Exato Falível
Fonte: Appolinário (2012).
Pesquisa: Teorias e Fundamentos
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Referências
APPOLINÁRIO, F. Metodologia da ciência: filosofia e prática da pesquisa. 2. ed. 
São Paulo: Cengage Learning, 2012.
CARVALHO, M. C. M. (org.). Construindo o saber: Metodologia científica - 
Fundamentos e Práticas. Campinas: Papirus, 2021.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: 
Pearson Prentice Hall, 2007.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 8. ed. 
São Paulo : Atlas, 2017.
Referências complementares
MILLS, C. W. Sobre o artesanato intelectual e outros ensaios. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar, 2009.

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