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<p>1Curso	Ênfase	©	2020</p><p>Técnicas	De	Sentença	Trabalhista	–	Danilo	Gapar</p><p>Cuidados	Práticos	Com	A	Fundamentação	Da	Sentença</p><p>Trabalhista:	Precisão	Terminológica	E	Expressões	Técnicas</p><p>Olá,	 tudo	bem?	Vamos	dar	 início	a	nossa	unidade	de	aprendizagem	com	os</p><p>cuidados	 práticos	 com	 a	 fundamentação	 da	 sentença	 trabalhista,	 precisão</p><p>terminológica	e	expressões	técnicas.</p><p>A	pergunta	provocadora	que	vai	conduzir	essa	nossa	unidade	de	aprendizagem</p><p>é	a	seguinte.</p><p>2Curso	Ênfase	©	2020</p><p>Quando	a	gente	pensa	na	sentença,	a	gente	sempre	tem	que	se	lembrar	e	ter</p><p>cuidado	 com	 as	 expressões	 que	 a	 gente	 vai	 utilizar	 ao	 longo	 da	 sentença,</p><p>sobretudo	para	os	comandos	decisórios.</p><p>É	 nesse	 particular	 que	 eu	 apresento	 aqui	 a	 vocês,	 neste	 momento,	 alguns</p><p>caminhos	 que	 podem	 ser	 seguidos.	 Não	 há,	 e	 é	muito	 difícil	 dizer	 isso	 em</p><p>sentido	oposto,	ou	seja,	é	muito	difícil	afirmar	que	há	um	único	caminho	a	ser</p><p>seguido	em	termos	de	decisão	judicial,	não	há.</p><p>Então,	 o	 que	 a	 gente	 conclui	 	 realmente	 é	 que	 há	 um	modelo	 único	 a	 ser</p><p>seguido,	o	que	há	são	algumas	estratégias	ao	menos	para	a	gente	manter	a</p><p>revelação	de	um	cuidado	do	técnico,	então	é	isso	que	eu	trago	neste	momento.</p><p>3Curso	Ênfase	©	2020</p><p>Razão	 pela	 qual	 eu	 vou	 apresentar	 para	 vocês	 agora	 quatro	 tipos	 de</p><p>expressões	 decisórias,	 que	 podem	 ser	 utilizadas	 cada	 uma	 para	 uma</p><p>determinada	natureza.</p><p>Se	eu	estiver	tratando	de	questões	processuais,	prévias	ou	preliminares,	por</p><p>exemplo,	estou	diante	de	uma	preliminar	de	carência	da	ação	por	ilegitimidade</p><p>passiva,	estou		diante	de	uma	preliminar	de	incompetência	absoluta	da	Justiça</p><p>do	Trabalho,	me	parece	que	as	expressões	adequadas	a	serem	utilizadas	no</p><p>particular	 são:	 acolho	 ou	 rejeito.	 Preliminar,	 questão	 processual,	 questão</p><p>prévia,	eu	acolho	ou	rejeito.</p><p>Então,	acolho	a	preliminar	de	incompetência	absoluta	da	Justiça	do	Trabalho</p><p>em	razão	da	matéria	para...	e	aí	você	vai	completar	com	o	decisório.	Pedidos,	a</p><p>gente	 deve,	 me	 parece,	 usar	 as	 expressões,	 julgo	 procedente	 e	 julgo</p><p>improcedente.	 É	muito	 comum,	 e	 eu	 preciso	 reconhecer	 também,	 utilizar	 as</p><p>expressões	 defiro	 e	 indefiro	 para	 pedidos,	mas	 eu	 particularmente	 deixo	 as</p><p>4Curso	Ênfase	©	2020</p><p>expressões	defiro	ou	 indefiro	para	 requerimento	outros,	para	 justiça	gratuita,</p><p>coisas	do	gênero.</p><p>Pedido	 propriamente	 dito,	 pretensão	 jurídica	 deduzida	 em	 juízo	 destinada	 a</p><p>uma	 declaração,	 instrução	 ou	 condenação,	 me	 parece	 que	 as	 expressões</p><p>corretas	são:	julgo	procedente	e	julgo	improcedente.</p><p>Então,	 você	 usa	 acolho	 ou	 rejeito	 para	 as	 preliminares,	 julgo	 procedente	 ou</p><p>julgo	improcedente	para	as	pretensões	propriamente	ditas,	e	defiro	ou	indefiro</p><p>para	os	requerimentos	outros.</p><p>Com	relação	a	questões	prejudiciais,	e	a	principal	delas	que	a	gente	 lida	no</p><p>âmbito	 da	 Justiça	 Trabalhista	 é	 a	 prescrição,	 me	 parece	 que	 a	 expressão</p><p>correta	 aqui	 seria	 declarar	 prescritas	 (declaro	 prescritas	 as	 pretensões),</p><p>quando	a	gente	fala	de	prescrição.</p><p>Se	 for	 para	 negar	 a	 prescrição	 arguida,	 rejeito	 a	 prejudicial	 de	 mérito	 de</p><p>prescrição	bienal	ou	quinquenal	arguida	pela	parte	ré.	E	aí,	a	gente	fecharia	de</p><p>uma	 maneira	 bastante	 equilibrada	 as	 expressões	 ou	 o	 cuidado	 técnico,	 a</p><p>precisão	 terminológica	 para,	 sobretudo,	 os	 comandos	 decisórios.	 Não	 se</p><p>esqueça:	 acolho	 ou	 rejeito,	 preliminares;	 procedente	 ou	 improcedente,</p><p>pretensões;		defiro	ou	indefiro,	pedidos.</p><p>Dá	para	ser	diferente?</p><p>Claro	que	dá	para	ser	diferente.	Fica	muito	uma	questão	de	estilo,	essa	é	a</p><p>verdade.	É	muito	uma	questão	de	estilo.</p><p>Só	 não	 me	 parece	 correto	 eu	 dizer,	 por	 exemplo,	 julgo	 improcedente	 a</p><p>preliminar	 de	 incompetência	 absoluta,	 porque	 procedente	 ou	 improcedente</p><p>está	realmente	vinculado	a	pretensão,	mas	defiro	ou	indefiro	para	os	pedidos</p><p>5Curso	Ênfase	©	2020</p><p>há	quem	use,	e	não	vejo	nenhum	prejuízo	aqui	nesse	particular.</p><p>CONTEÚDO	IMPORTANTE</p><p>O	que	a	gente	não	pode	esquecer,	seja	qual	 for	o	comando	decisório	que	a</p><p>gente	venha	a	utilizar,	é	a	consequência	jurídica	de	uma	determinada	decisão.</p><p>Por	exemplo,	uma	parte	suscitou	uma	preliminar	de	inépcia	da	petição	inicial.</p><p>“Ah,	Danilo,	eu	nem	discuto	inépcia	da	petição	inicial,	porque	nunca	se	acolhe</p><p>uma	preliminar	de	inépcia	da	petição	inicial.”</p><p>Olha,	não	partam	desse	pressuposto	não.	Não	criem	essa	regra	de	que	não</p><p>se	pronuncia	nunca,	não	se	acolhe	nunca	uma	preliminar	de	inépcia	da	petição</p><p>inicial		no	processo	do	trabalho.</p><p>6Curso	Ênfase	©	2020</p><p>A	gente	não	pode	ter	isso	como	uma	regra	absoluta,	a	gente	tem	sempre	que</p><p>analisar	o	caso	concreto,	sobretudo	diante	do	conteúdo	do	art.	321	do	Código</p><p>de	Processo	Civil	 (CPC).	Porque	o	 conteúdo	do	art.	 321	do	CPC,	a	partir	 do</p><p>momento	 em	 que	 o	 juiz	 confere	 prazo	 à	 parte	 autora	 para	 ela	 corrigir	 ou</p><p>complementar	 a	 petição	 inicial,	 indicando,	 inclusive,	 aquilo	 que	 estava</p><p>incorreto;	se	a	parte	autora	não	o	fizer,	o	acolhimento	e	a	pronúncia	da	inépcia</p><p>da	 petição	 inicial	 são	 uma	 medida	 que	 se	 faz	 absolutamente	 necessária,</p><p>inclusive	no	processo	do	trabalho.</p><p>Há	situações,	realmente,	ou	de	ausência	de	pedido	ou	ausência	de	causa	de</p><p>pedir	ou	 incompatibilidade	de	pedido,	entre	outros,	ausência	de	indicação	do</p><p>valor	da	causa,	ou	ausência	de	indicação	do	valor	do	pedido,	o	que	o	juiz	não</p><p>pode	é	extinguir	sem	antes	dar	vista	à	parte,	me	parece,	para	corrigir	aquele</p><p>vício.</p><p>Mas,	uma	vez	tendo	dado	vista	à	parte	para	corrigir	aquele	vício,	indicar	o	valor</p><p>do	pedido,	e	a	parte	não	indicou	o	valor	do	pedido,	nem	justificou	o	motivo	pelo</p><p>qual	não	o	fez.	Por	exemplo,	multa	do	art.	467,	me	parece	que	a	parte	não	tem,</p><p>realmente,	como	 indicar	um	valor	do	pedido,	a	não	ser	um	valor	meramente</p><p>estimado	para	aquele	pedido,	porque	a	multa	do	art.	 467	é	uma	penalidade</p><p>processual	 que	 depende	 de	 um	 ato	 a	 ser	 praticado	 ou	 não,	 única	 e</p><p>exclusivamente,	pela	parte	ré.	Então,	é	algo	que	muitas	vezes	se	admite	que</p><p>não	tenha	sequer	a	indicação	do	valor.</p><p>Fora	isso,	há	outros	exemplos?</p><p>Há	também,	a	gente	pode	pensar	em	outros	exemplos,	mas,	fora	isso,	o	valor</p><p>tem	que	ser	indicado	por	mera	estimativa.	O	juiz		se	encarregou	de	atender	o</p><p>art.	321,	a	parte	não	indicou,	extingue	aquele	pedido	no	processo	no	que	toca</p><p>àquele	pedido,	sem	resolução	do	mérito,	sem	nenhuma	dificuldade.	O	que	a</p><p>7Curso	Ênfase	©	2020</p><p>gente	 não	 pode	 esquecer	 é,	 ao	 acolher	 uma	 preliminar,	 eu	 preciso	 trazer	 a</p><p>consequência	jurídica	específica	daquele	acolhimento.</p><p>Exemplo:	Acolho	a	preliminar	de	inépcia	da	petição	inicial.	Eu	não	posso	parar</p><p>por	aí,	eu	não	posso	dizer	apenas,	depois	de	fundamentar	e	dizer,	em	face	do</p><p>exposto,	 acolho	 a	 preliminar	 da	 inépcia	 da	 inicial.	 Não!	 Eu	 tenho	 que	 dizer</p><p>mais.</p><p>Em	 face	 do	 exposto,	 acolho	 a	 preliminar	 de	 inépcia	 da	 petição	 inicial,</p><p>extinguindo	o	processo	sem	resolução	de	mérito,	na	forma	do	art.	267,	inciso	I,</p><p>do	CPC/1973.</p><p>Eu	criei	esse	hábito,	de	sempre,	sobretudo	com	o	advento	do	CPC/2015,	eu</p><p>fazia	 sempre	 nos	 textos	 esse	 quadro	 comparativo	 e	 acabei	 mantendo	 esse</p><p>vício.</p><p>Eu	boto	o	artigo	do	CPC/1973,	abro	parênteses	e	boto	o	artigo	do	CPC/2015,</p><p>mas,	é	claro,	sobretudo	já	passados	cinco	anos	do	CPC/2015.	Já	está	mais	do</p><p>que	 na	 hora	 	 de	 esquecer	 o	 CPC/1973	 e	 usar	 realmente	 os	 artigos	 só	 do</p><p>CPC/2015.</p><p>Então,	acolho	a	preliminar	de	inépcia	da	petição	inicial,	extinguindo	o	processo</p><p>sem	 resolução	 do	 mérito,	 na	 forma	 do	 art.	 485,	 I,	 do	 CPC/2015,	 quanto	 ao</p><p>pedido	de	horas	extraordinárias	e	reflexos.</p><p>Eu	 não	 posso	 apenas	 dizer	 que	 acolho	 a	 preliminar	 de	 inépcia	 da	 petição</p><p>inicial	quanto	ao	pedido	de	horas	extras.	Não!	Eu	acolho	e	extingo	o	processo</p><p>sem	resolução	do	mérito	nesse	particular.</p><p>NÃO	ERRE</p><p>8Curso	Ênfase	©	2020</p><p>Outro	 cuidado	 que	 me	 parece	 que	 a	 gente	 tem	 que	 ter	 até	 pensarmos	 em</p><p>termos	de	olhar	 ao	 longo	prazo	da	nossa	decisão,</p><p>porque	o	 juiz,	 ao	 proferir</p><p>uma	 sentença,	 não	 pode	 entender	 que	 ao	 proferir	 aquela	 sentença	 está</p><p>encerrada	a	prestação	jurisdicional,	até	porque	cabe	recurso.</p><p>E	outra,	mesmo	que	não	venha	a	ser	objeto	de	recurso,	vai	passar	para	outra</p><p>fase	 processual,	 que	 é	 a	 fase	 da	 liquidação	 se	 a	 sentença	 não	 tiver	 sido</p><p>líquida,	e	a	fase	da	execução.</p><p>Na	fase	da	liquidação/execução,	há	uma	conexão	direta	com	aquela	sentença</p><p>proferida	na	 fase	de	conhecimento,	que	é	o	 título	executivo	 judicial,	de	modo</p><p>que	 a	 sentença	 tem	 que	 ser	 a	mais	 clara	 possível,	 inclusive	 para	 a	 própria</p><p>unidade	jurisdicional	à	qual	ela	está	vinculada	àquele	juiz.	Razão	pela	qual,	é</p><p>muito	 perigoso	 quando	 o	 juiz	 julga	 procedente	 ou	 improcedente	 remeter	 a</p><p>9Curso	Ênfase	©	2020</p><p>petição	inicial,	dizendo	simplesmente:	julgo	procedente	o	pedido	“l”	da	petição</p><p>inicial.</p><p>Evitem	isso,	deixem	claro	o	comando	decisório.	Julgo	procedente	o	pedido	de</p><p>horas	 extraordinárias	 com	 adicional	 de	 50%,	 observados	 os	 seguintes</p><p>parâmetros.	 Traga	 todos	 os	 parâmetros	 a	 serem	 observados	 naquele</p><p>deferimento	de	pedido	de	horas	extras.	Enfim,	sejamos	completos	na	hora	da</p><p>entrega	da	prestação	jurisdicional.</p><p>Remeter	a	petição,	nesse	caso,	pode	criar	 um	embaraço,	 inclusive	em	uma</p><p>futura	liquidação,	em	uma	futura	execução;	bem	como	remeter	a	petição	inicial</p><p>pura	e	simplesmente	pode	significar	uma	decisão	carente	de	fundamentação</p><p>ou	sem	o	dispositivo	adequado	naquele	particular.</p><p>Podemos	 também	analisar	eventual	equívoco	 técnico	aqui	na	perspectiva	do</p><p>dispositivo,	porque	no	dispositivo	o	juiz	tem	que,	efetivamente,	deixar	claro	qual</p><p>é	o	comando	decisório.	E	deixar	qual	é	o	comando	decisório	pressupõe	que</p><p>aquele	 dispositivo	 seja	 analítico,	 ele	 diga	 expressamente	 o	 que	 está	 sendo</p><p>deferido	e	como	está	sendo	deferido.</p><p>Ou	seja,	eu	estou	julgando	procedente	o	pedido	de	pagamento	do	adicional	de</p><p>insalubridade,	 do	 percentual	 de	 40%	 calculado	 sobre	 o	 salário	 mínimo	 e</p><p>reflexos,	no	aviso	prévio,	nas	horas	extras,	dos	décimos	terceiros,	das	férias,	e</p><p>do	Fundo	de	Garantia	do	Tempo	de	Serviço	(FGTS)	mais	40%.	Eu	deixei	claro.</p><p>Ah,	não,	eu	julguei	procedente	o	pedido	de	insalubridade,	na	forma	requerida</p><p>na	 petição	 inicial,	 não	 é	 entrega	 de	 prestação	 jurisdicional	 adequada	 do</p><p>dicionário	fazer	dessa	maneira.</p><p>Até	 porque	 o	 juiz	 pode	 estar	 incorrendo	 em	 alguns	 equívocos	 ao	 remeter	 a</p><p>petição	 inicial	 porque	 a	 petição	 inicial	 pode	 ter	 trazido	 alguns	 equívocos,	 da</p><p>10Curso	Ênfase	©	2020</p><p>qualificação	do	adicional	de	insalubridade.</p><p>Imagina	 se	na	petição	 inicial	 está	 requerendo	adicional	 de	 insalubridade	de</p><p>30%,	o	advogado	se	confundiu,	porque	os	adicionais	de	insalubridade	são	de</p><p>10,	 20	 e	 40,	 ele	 confundiu	 com	 periculosidade	 e	 pediu	 adicional	 de</p><p>insalubridade	de	30%,	imagine.</p><p>Então,	a	gente	não	pode	simplesmente	remeter	a	petição	inicial,	a	gente	tem</p><p>que	deixar	claro	qual	que	é	o	comando	decisório.</p><p>CONTEÚDO	IMPORTANTE</p><p>Evite	 jargões	 que	 nem	 sempre	 se	 aplica	 ao	 caso	 concreto	 e	 evite	 aplicar</p><p>fórmulas	genéricas,	busque	sempre	remeter	à	situação	ao	caso	concreto.</p><p>11Curso	Ênfase	©	2020</p><p>O	que	eu	quero	dizer	com	isso?</p><p>Vou	dar	apenas	um	exemplo,	apenas	um	exemplo	para	 tentar	 ilustrar	qual	é</p><p>esse	cuidado	técnico	que	eu	busco	ter,	e	eu	sugiro	que	vocês	tenham	dessa</p><p>maneira.</p><p>Acontece	muito,	em	determinadas	situações,	do	autor	alegar	na	petição	inicial</p><p>alguma	coisa	e	o	réu	meu	confirmar	na	defesa	aquilo.</p><p>Um	exemplo	básico,	o	autor	alegou	na	petição	inicial	que	foi	admitido	em	10	de</p><p>março	de	2015.	O	réu	na	contestação	disse	que,	de	fato,	o	autor	foi	admitido</p><p>em	10	de	março	de	2015.</p><p>E	 aí	 na	 hora	 da	 sentença,	 a	 gente	 tende	 a	 utilizar	 o	 seguinte	 texto:	 é</p><p>incontroverso	que	o	autor	 foi	admitido	em	10	de	março	de	2015.	Não,	não	é</p><p>incontroverso.</p><p>Pelo	 menos	 sob	 uma	 perspectiva	 normativa	 porque	 o	 fato	 incontroverso	 é</p><p>aquele	fato	que	não	foi	contestado,	contra		o	qual	não	foi	oposta	nenhum	tipo</p><p>de	objeção.</p><p>Nesse	 exemplo	 que	 dei,	 eu	 tenho	 um	 fato	 afirmado	 por	 uma	 parte	 e</p><p>confessado	pela	parte	contrária.</p><p>12Curso	Ênfase	©	2020</p><p>Então	na	hora	de	passar	isso	para	minha	decisão,	eu	tenho	que	ter	o	cuidado</p><p>técnico	de	me	alinhar	ao	art.	374	do	CPC,	que	é	um	artigo	importantíssimo,	que</p><p>é	um	artigo	que	trata	dos	fatos	que,	não	dependem	de	provas	e	ele	diz	 lá,	o</p><p>artigo	374	do	CPC,	não	dependem	de	prova	os	fatos:	I	-	notório,	II	-	afirmados</p><p>por	uma	parte	e	confessados	pela	parte	contrária,	III	-	admitidos	no	processo</p><p>como	incontroversos.</p><p>Se	o	próprio	CPC	trata	de	maneira	diferente,	no	inciso	II,	os	fatos	afirmados	por</p><p>uma	parte	e	confessados	pela	parte	contrária,	dos	fatos	admitidos	no	processo</p><p>como	incontroversos	é	porque	são	rigorosamente	circunstâncias	distintas,	são</p><p>realidades	distintas.</p><p>De	 modo	 que,	 me	 parece	 que	 nós	 devemos	 evitar	 essas	 formas	 padrões,</p><p>esses	 jargões,	esses	elementos,	que	muitas	vezes	a	gente	sai	usando,	sai</p><p>repetindo	sem	ter	o	cuidado	de	analisar	tecnicamente	o	seu	sentido.</p><p>13Curso	Ênfase	©	2020</p><p>O	 sentido	 de	 fato	 incontroverso	 é	 um	 só,	 fato	 contra	 o	 qual	 não	 foi	 oposta</p><p>nenhum	tipo	de	objeção,	não	foi	objeto	de	contestação.	O	que	o	autor	fala	e	o</p><p>réu	confirma,	é	fato	afirmado	por	uma	parte	e	confessado	pela	parte	contrária.</p><p>Assim	como	isso,	existem	várias	outras	expressões,	opções.</p><p>Tem	uma,	eu	nunca	vi	repetir	tanto	esse	erro	numa	decisão,	e	a	gente	tem	que</p><p>realmente	ter	esse	cuidado,	até	porque	o	sentido	é	completamente	diferente,	é</p><p>o	uso	da	expressão	“quiçá”.</p><p>É	muito	comum	encontrarmos	em	textos	jurídicos,	petição	inicial,	contestação,</p><p>sentenças,	acórdãos,	é	muito	comum	a	gente	encontrar	a	expressão	“quiçá”,</p><p>no	sentido	de	quanto	mais,	no	sentido	de	em	fase.</p><p>Ou	seja,	imaginemos	que	eu	estou	ali,	discutindo	alguma	pretensão	formulada</p><p>pela	 parte	 autora	 e	 digo	 ali:	 a	 parte	 autora	 não	 trabalhava	 de	 maneira	 não</p><p>eventual,	quiçá	contínua.	É	o	sentido	que	eu	estou	querendo	dar,	quanto	mais</p><p>contínua.</p><p>Só	que	ao	usar	quiçá,	eu	estou	dando	um	sentido	completamente	diferente.	Eu</p><p>estou	 dizendo:	 a	 parte	 autora	 não	 trabalhava	 de	 forma	 não	 eventual,	 talvez</p><p>contínua.</p><p>Eu	 estou	 dizendo	 que	 ela	 não	 era	 não	 eventual,	 mas	 poderia	 ser	 contínua</p><p>porque	o	sentido	de	quiçá	é	sentido	de	talvez,	não	tem	nada	a	ver	com	ênfase,</p><p>não	tem	tem	nada	a	ver	com	quanto	mais.</p><p>E	 a	 utilização,	 portanto,	 dessas	 expressões	 que	 acabam	 sendo	 jargões	 no</p><p>cenário	 jurídico,	 acabam	 muitas	 vezes	 alterando	 o	 sentido,	 inclusive,	 do</p><p>comando	 decisório,	 de	 maneira	 que	 todo	 cuidado	 é	 pouco	 em	 relação	 a</p><p>utilização	dessas	expressões.</p>

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