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<p>AULA 4</p><p>RESPONSABILIDADE POR</p><p>ATOS, OMISSÕES, AÇÕES</p><p>ADMINISTRATIVAS</p><p>Profª Andréa Arruda Vaz</p><p>2</p><p>TEMA 1 – O PROCEDIMENTO OU PROCESSO ADMINISTRATIVO</p><p>O Estado Contemporâneo possui em sua engrenagem uma série de</p><p>funções administrativas, esculpem os contornos da concepção de Estado. A</p><p>função administrativa acontece por meio atividade administrativa, que é a</p><p>materialização das diretrizes incumbidas ao Estado. As funções administrativas</p><p>acontecem por meio de uma série de atos e ações coordenadas e concretizadas</p><p>por meio de um processo administrativo, este pautado em procedimentos, sejam</p><p>eles simples ou complexos.</p><p>De agora em diante, debruçar-nos-emos sobre o processo administrativo e</p><p>seus procedimentos, assim como a sua conceituação e natureza, e a base</p><p>principiológica que o circunda. Estudaremos aqui o procedimento e seu</p><p>relacionamento com o dever de efetivação do Estado para com os Direitos e</p><p>Garantias Fundamentais, as consequências da omissão, assim como o os</p><p>procedimentos que assistem o cidadão, para garantir seu direito de resposta e</p><p>eventual prosseguimento de procedimento administrativo.</p><p>Será que o procedimento administrativo atual garante a prestação eficiente</p><p>do direito de acesso à informação? Será que tal procedimento é capaz de impor</p><p>limites ao Estado?</p><p>Aqui a análise perpassará pelo processo administrativo, assim como a</p><p>atuação estatal perante as inúmeras divergências quando o tema é o</p><p>procedimento administrativo, principalmente disciplinar. A discussão doutrinária</p><p>inclusive se dá, em torno da diferença entre procedimento e processo</p><p>administrativo. A discussão está na possibilidade de o procedimento</p><p>administrativo estar dentro do processo administrativo, ou ainda, se ambos seriam</p><p>o mesmo instituto.</p><p>Maria Sylvia Zanella Di Pietro ensina que a expressão “processo</p><p>administrativo” possui várias conotações:</p><p>a. Em um caso, é o conjunto de documentos e papéis organizados e</p><p>concernentes a um tema de interesse do agente ou do Estado, como uma</p><p>espécie de autos. Em outro sentido;</p><p>b. Trata-se de sinônimo de “processo disciplinar”, em que se investigam</p><p>infrações administrativas e se pune os infratores;</p><p>c. É o conjunto de atos coordenados a fim de resolver controvérsias em</p><p>âmbito administrativo;</p><p>3</p><p>d. Tendo em vista que nem todo processo administrativo possui uma</p><p>controvérsia, é possível usar o termo em um sentido lato sensu, abarcando</p><p>a série de atos preparatórios de uma decisão final da Administração Pública</p><p>(Di Pietro, 2021, p. 815-817).</p><p>Celso Antônio Bandeira de Mello comenta (2012, p. 495) que procedimento</p><p>administrativo ou processo administrativo é uma sucessão itinerária e encadeada</p><p>de atos administrativos que tendem, todos, a um resultado final e conclusivo. Ao</p><p>explicar a diferença entre processo e procedimento, é preciso compreender que</p><p>para existir procedimento ou processo cumpre que haja uma sequência</p><p>de atos conectados entre si, isto é, armados em uma ordenada sucessão</p><p>visando um ato derradeiro, em vista do qual se compôs esta cadeia, sem</p><p>prejuízo, entretanto, de que cada um dos atos integrados neste todo</p><p>conserve sua identidade funcional própria, que autoriza a neles</p><p>reconhecer o que os autores qualificam como “autonomia relativa”.</p><p>(Mello, 2012, p. 495)</p><p>Marçal Justen Filho acaba definindo o “processo como relação jurídica que</p><p>se instaura quando existe um conflito de interesses a ser composto com a</p><p>observância necessária de um procedimento” (2013). Aliás, é bem comum que os</p><p>doutrinadores diferenciem o processo e o procedimento, por isso, é fundamental</p><p>que se pontue essa diferenciação para então analisar o procedimento como um</p><p>todo. Assim, passamos a análise dos dois institutos.</p><p>Após a análise conceitual de “processo administrativo”, é hora de</p><p>diferenciá-lo do “procedimento”, vez que conforme mencionado, grande parte da</p><p>doutrina assim divide. Relembrando o conceito de “processo administrativo” para</p><p>Celso Antônio Bandeira de Mello, evidencia-se que para o autor, processo é igual</p><p>a procedimento administrativo; no entanto, ele reitera que, mesmo a lei e a</p><p>doutrina divergem em relação à terminologia adequada.</p><p>Nessa seara, para Di Pietro “a terminologia adequada para designar o</p><p>objeto em causa é ‘processo’, sendo ‘procedimento’ a modalidade ritual de cada</p><p>processo”. Grande parte da doutrina acompanha esse entendimento (Di Pietro,</p><p>2021, p. 817).</p><p>Em outra vértice, Marçal Justen Filho exalta o conceito de procedimento,</p><p>não concordando com a concepção de que o procedimento esteja compreendido</p><p>dentro do processo como instituto mais amplo e abrangente.</p><p>Romeu Bacellar discorda dessa concepção, sustentando que, do</p><p>“procedimento, se apontada alguma acusação participação de interessados em</p><p>4</p><p>contraditório, pode resultar um processo, pois todo processo é procedimento, no</p><p>entanto a recíproca não é verdadeira” (Bacellar Filho, 2005, p. 81).</p><p>Maria Sylvia Zanella de Pietro apega-se à ideia de processo como autos</p><p>físicos, entendendo que os atos da Administração Pública ficam documentados</p><p>em um processo. Assim, os mais diversos atos concatenados são realizados a fim</p><p>de constituir o ato final almejado pelo agente público, enquanto o procedimento</p><p>seria o próprio conjunto de formalidades que certos atos demandam (Di Pietro,</p><p>2014, p. 696).</p><p>Atualmente, o processo eletrônico já é uma realidade no âmbito</p><p>administrativo, não obstante ainda bastante comum a existência do processo</p><p>físico efetivamente. Di Pietro, em obra mais recente menciona que o processo</p><p>eletrônico no processo administrativo é fruto da previsão no Decreto n.</p><p>8.539/2015, regulamentando o mesmo para a Administração Direta, Autárquica e</p><p>Fundacional. Restando claro que tal regulamenta o assunto na esfera federal,</p><p>aonde a adoção deste é obrigatório (Di Pietro, 2021, p. 820-821).</p><p>Importante mencionar que o processo administrativo eletrônico também</p><p>tem sofrido regulamentação nas esferas estaduais e municipais e em tempos de</p><p>pandemia, têm forçado as administrações públicas a implementar sistemas de</p><p>processo eletrônico, inclusive a realização de audiências.</p><p>Enfim, até o presente momento, se percebeu que na realidade a doutrina</p><p>se divide quando o assunto é processo e procedimento administrativo, não</p><p>obstante, importante compreender que não existe certo ou errado, mas duas</p><p>correntes de pensamento, sendo que sempre a terminologia processo</p><p>administrativo será utilizada de forma mais ampla e o procedimento, algo mais</p><p>verticalizado e inclusive em processos administrativos.</p><p>Assim, é importante compreender que o processo administrativo é quem</p><p>prevê as normas e procedimentos para tramitação, prazos e modo de organização</p><p>da competência para processar e impulsionar os requerimentos de</p><p>responsabilização administrativa de agentes públicos. Estes variam a depender</p><p>da instância, qual seja, federal, estadual ou municipal, entre outros. A democracia</p><p>impõe normas escritas, claras, e que propiciem ao agente, acesso, direito de</p><p>defesa, manifestação e participação em todos os atos, sob pena de nulidade.</p><p>1.1 Princípios do processo administrativo</p><p>O processo administrativo possui alguns princípios norteadores, são eles:</p><p>5</p><p>princípio do contraditório, princípio da ampla defesa, princípio da oficialidade, da</p><p>verdade material, do formalismo moderado, da motivação e da revisibilidade.</p><p>O princípio do contraditório é a faculdade de manifestação com a exposição</p><p>do próprio ponto de vista ou argumentos fáticos e/ou jurídicos perante</p><p>determinados fatos, documentos ou outros argumentos apresentados por outrem.</p><p>Para Marçal Justen Filho, o princípio do contraditório significa que todos os atos</p><p>do procedimento devem ser acompanhados por todos os interessados, e que</p><p>todos os interessados têm o poder jurídico de participar ativamente da atividade,</p><p>produzindo provas e sendo ouvidos previamente, antes da produção de decisões</p><p>relevantes (2013,</p><p>p. 355).</p><p>O princípio da ampla defesa impõe que ninguém poderá ser processado e</p><p>condenado sem ter suas razões apresentadas e apreciadas. Romeu Felipe</p><p>Bacellar esclarece que é inerente ao exercício da ampla defesa que o indiciado</p><p>tenha conhecimento da acusação ou infração que lhe está sendo imputada, além</p><p>do acesso a todos os documentos e elementos constantes dessa peça acusatória,</p><p>para poder se defender de forma plena (Bacellar Filho, 2005, p. 84).</p><p>Por outro viés, o princípio da oficialidade é o que se denomina o impulso</p><p>oficial, em que a Administração Pública deve tomar todas as providências para o</p><p>trâmite processual até o seu final, assegurando a instauração do processo por sua</p><p>própria iniciativa, quando for sua competência e o exercício do dever de efetivar o</p><p>interesse público. Nessa via, em tese, se tem três incumbências: o poder de</p><p>iniciativa para instauração do processo; instrução do processo e a possibilidade</p><p>de revisão de suas decisões.</p><p>Romeu Felipe Bacellar comenta que, diferentemente do processo judicial,</p><p>o princípio da oficialidade confere à autoridade competente o dever de inaugurar</p><p>processo independentemente de provocação, além do dever de impulso e de</p><p>decidi-lo, em nome do dever de concretização do interesse público, mediante a</p><p>ocorrência de suposta infração administrativa (Bacellar Filho, 2005, p. 85).</p><p>Existe ainda, o princípio da verdade material, que se vincula ao princípio da</p><p>oficialidade: qual seja, a Administração Pública deve tomar as decisões com base</p><p>em fatos reais e comprovados, jamais em alegações sem provas trazidas pelas</p><p>partes, podendo utilizar meios idôneos para alcançar essa verdade real.</p><p>O princípio do formalismo moderado alude à necessidade de previsão de</p><p>ritos e formas simplificados e sem excessos burocráticos que prejudiquem o</p><p>acesso do interessado. A ideia é que haja sim um formalismo, porém apenas o</p><p>6</p><p>necessário para efetivar o princípio da legalidade, e dentro do princípio da</p><p>instrumentalidade das formas, sem prejudicar terceiros e nem o interesse público.</p><p>Na hipótese de conflito, a interpretação prevalente deve ser a que favorece o</p><p>cidadão (Bacellar Filho, 2005, p. 85).</p><p>Maria Sylvia Zanella Di Pietro comenta que o informalismo não significa,</p><p>neste caso, ausência de forma, visto que o processo administrativo é formal no</p><p>sentido de que deve ser reduzido a escrito e conter documentado tudo o que</p><p>ocorre no seu desenvolvimento. É informal no sentido de que não está sujeito a</p><p>formas rígidas (Di Pietro, 2021, p. 817-822).</p><p>Os atos da Administração pública devem ser motivados, e tal é a garantia</p><p>de transparência da Administração. Ademais, a Administração Pública tem o</p><p>dever de motivar seus atos, na forma da lei. Maria Sylvia Zanella Di Pietro</p><p>esclarece “que o princípio da motivação exige que a administração pública indique</p><p>os fundamentos de fato e de direito em suas decisões” (Di Pietro, 2014, p. 82).</p><p>Outro princípio vigente na Administração Pública é o princípio da</p><p>revisibilidade que prevê a prerrogativa da Administração Pública rever o seu ato</p><p>se constatado que em desconforme com a ordem jurídica, se conveniente ou se</p><p>oportuno, este possui relação direta com o já estudado direito de petição. Assim,</p><p>ensina Celso Antônio Bandeira de Mello, o cidadão, caso se sinta lesado, poderá</p><p>peticionar solicitando revisão do ato de decisão administrativa que entenda estar</p><p>desconforme com a ordem jurídica (Mello, 2012, p. 516).</p><p>Além desses princípios, existem outros diversos fundamentados por outros</p><p>doutrinadores, como o princípio da celeridade processual, o princípio da</p><p>economia, o princípio da lealdade e da boa-fé; do direito de representação e</p><p>assistência; princípio da acessibilidade aos elementos do expediente; publicidade;</p><p>gratuidade, entre outros, citados aqui apenas para enriquecer a abordagem.</p><p>TEMA 2 – A DEFINIÇÃO DE PROCEDIMENTO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS</p><p>Feita a diferenciação acerca de processo e procedimento, agora, vamos</p><p>estudar procedimento, uma vez cientes das suas características, é o momento de</p><p>compreendermos a sua relação com os direitos fundamentais. A atividade</p><p>administrativa comporta uma essencialidade, e é de égide fundamental para</p><p>garantia da democracia, devendo o ato administrativo ser analisado de acordo</p><p>com seus requisitos, para ser reconhecido como válido e eficaz. Nesse sentido, o</p><p>ato será desenvolvido obrigatoriamente em observância ao procedimento, sob</p><p>7</p><p>pena de nulidade.</p><p>Importante compreender a chamada procedimentalização das atividades</p><p>da Administração Pública, o que é fundamental para o aperfeiçoamento das</p><p>atividades estatais e uma base estrutural do regime-jurídico-administrativo, que é</p><p>justamente a consagração dos direitos e garantias fundamentais (Justen Filho,</p><p>2013, p. 338). A procedimentalização, consiste na “na submissão das atividades</p><p>administrativas à observância de procedimentos como requisito de validade das</p><p>ações e omissões adotadas” (Justen Filho, 2013, p. 338).</p><p>Nesse mesmo sentido, a ideia de procedimentos “significa que a função</p><p>administrativa se materializa em atividade administrativa, que é um conjunto de</p><p>atos. Esse conjunto deverá observar uma sequência predeterminada, que</p><p>assegure a possibilidade de controle do poder jurídico para realizar os fins de</p><p>interesse público e a promoção dos direitos fundamentais” (Justen Filho, 2013, p.</p><p>338).</p><p>De forma bem sucinta, o procedimento é o conjunto de atos necessários</p><p>para que se alcance a pretensão da Administração Pública. A respeito desse</p><p>conceito, Celso Antônio Bandeira de Mello, acredita no fato de processo e</p><p>procedimento serem a mesma coisa; o procedimento seria a sucessão itinerária e</p><p>concatenada de atos administrativos que cooperam para um resultado final e</p><p>conclusivo (Mello, 2012, p. 495).</p><p>Marçal Justen Filho conceitua o procedimento como uma sequência</p><p>predeterminada de atos, com finalidade específica, dotados de uma finalidade</p><p>comum, em que o exaurimento de cada etapa é pressuposto de validade para</p><p>instauração da etapa posterior e cujo resultado final deve guardar compatibilidade</p><p>lógica com o conjunto de atos praticados (Justen Filho, 2013, p. 339).</p><p>Maria Sylvia Zanella Di Pietro afirma que o procedimento é o conjunto de</p><p>formalidades a serem observadas para a prática de certos atos administrativos;</p><p>equivale a rito, forma de agir; o procedimento se desenvolve dentro de um</p><p>processo administrativo (Di Pietro, 2021, p. 816).</p><p>Nota-se que as definições de procedimento são semelhantes entre si, não</p><p>havendo assim, grande discussão acerca do conceito pela doutrina. O</p><p>procedimento passa a ser elemento fundamental para a atuação do Estado,</p><p>visto que o procedimento assegura a efetivação dos direitos fundamentais e</p><p>sustenta a concretização de um Estado Democrático, previsto no Texto da</p><p>Constituição de 1988.</p><p>8</p><p>A Constituição Federal, como instrumento de maior hierarquia das leis no</p><p>ordenamento jurídico brasileiro, tem o condão de tutelar os direitos garantias</p><p>fundamentais para o Estado e a sociedade, por isso o constituinte se preocupou</p><p>em trazer no texto constitucional o procedimento administrativo, dada sua</p><p>importância para a efetivação de direitos fundamentais.</p><p>A constituição Federal goza de inafastabilidade em decorrência de sua</p><p>superioridade hierárquica, cabendo ao Estado a efetivação da previsão</p><p>constitucional, inclusive a respeito do procedimento administrativo, que está</p><p>diretamente relacionado ao princípio da legalidade.</p><p>Marçal Justen Filho explica que há a vinculação dos entes federativos à</p><p>garantia constitucional, ante a soberania popular, nos termos do arts. 1º, caput e</p><p>parágrafo 1º, 37, estando a procedimentalização consagrada no art. 5º, LIV, LV e</p><p>LXXVIII da Constituição Federal. Assim, a Constituição determina a observância</p><p>do esquema processual contido, assegurando que “ninguém será privado da</p><p>liberdade ou de seus bens sem o devido processo</p><p>legal” (Justen Filho, 2013, p.</p><p>348).</p><p>Dito isso, tem-se como base do procedimento a soberania popular, visto</p><p>que esta não se desvincula de um regime democrático, pois, do contrário, não</p><p>haveria democracia, pois a base desta é a participação popular, sendo o poder</p><p>emanado do povo (Justen Filho, 2013, p. 348).</p><p>Em tempo, há que se mencionar que existem Leis Infraconstitucionais de</p><p>cunho federal que regulamentam o processo e o procedimento administrativos, e</p><p>de aplicabilidade para todos os entes da federação, como, por exemplo, a Lei n.</p><p>9.784/1999. A União possui a competência para legislar sobre o direito</p><p>processual, porém, a competência para elaborar essas leis é concorrente, sendo</p><p>assim possível que os entes federativos também legislem, sempre em consonância</p><p>com a Lei Federal de Processo Administrativo (Justen Filho, 2013, p. 348).</p><p>Romeu Felipe Bacellar Filho comenta que, apesar de o procedimento não</p><p>estar categoricamente inserido no rol de garantias fundamentais, ele alcança esse</p><p>status por ser decorrente do devido processo legal; assim, tem-se mais um dos</p><p>fundamentos do procedimento (Bacellar Filho, 2005, p. 82).</p><p>O princípio do devido processo legal previsto no art. 5º da Constituição</p><p>Federal, nos incisos V e LIV, que impõe ao processo administrativo o oferecimento</p><p>aos sujeitos da relação processual o direito à defesa, apresentação de provas,</p><p>contraposição de argumentos, participação de atos e audiências, se houver. Tal</p><p>9</p><p>princípio assegura a todos o direito de participação do processo e exercício pleno</p><p>do direito de defesa, sob pena de nulidade absoluta de todos os atos. À respeito</p><p>do princípio constitucional do devido processo legal, Eduardo Talamini e Luiz</p><p>Rodrigues Wambier ensinam que “toda e qualquer consequência processual que</p><p>as partes possam sofrer, tanto na esfera da liberdade pessoal quanto no âmbito</p><p>de seu patrimônio, deve necessariamente decorrer de decisão prolatada num</p><p>processo que tenha tramitado de conformidade com antecedente previsão legal e</p><p>em consonância com o conjunto de garantias constitucionais fundamentais”</p><p>(Talamini; Wambier, 2015, p. 80-81).</p><p>TEMA 3 – O PROCESSO ADMINISTRATIVO E A EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS</p><p>FUNDAMENTAIS</p><p>O Estado Social Democrático visa efetivar os direitos fundamentais e</p><p>propiciar ao Estado e para a sociedade uma atuação pautada em preceitos</p><p>democráticos. Para tal, a prestação dos serviços e o atendimento à sociedade</p><p>acontece pelo cumprimento da Constituição e das leis pela Administração Pública.</p><p>Romeu Felipe Bacellar esclarece (Bacellar Filho, 2005, p. 76) que “há algum</p><p>tempo abandonou-se a ideia de que as garantias constitucionais concretizadoras</p><p>da igualdade e respeito à pessoa humana encerram-se em concepções abstratas,</p><p>como um manual de aspirações ou mesmo um protocolo de intenções”.</p><p>A evolução do Estado o fez se submeter ao controle jurisdicional e a um</p><p>regime jurídico próprio, que atualmente deve ser desburocratizado, efetivo, célere</p><p>e de todo democrático. Marçal Justen Filho comenta que não basta apenas</p><p>respeitar o direito do cidadão, mas é preciso promover o desenvolvimento</p><p>econômico e social; para isso, a Administração Pública precisa interagir com os</p><p>cidadãos, devendo incorporar instrumentos de realização de valores essenciais e</p><p>que gerem tratamento igual para todos (Justen Filho, 2013, p. 99).</p><p>Sob tal ótica, o cidadão deve receber um tratamento isonômico, nos termos</p><p>do caput do art. 5º da Constituição e tal implica para além do oferecimento de um</p><p>tratamento igual para todos, mas, está justamente na ideia de perceber que nem</p><p>todos demandam o mesmo tratamento, mas que alguns cidadãos demandam um</p><p>tratamento diferenciado, para que supere suas desigualdades e aí sim esteja em</p><p>par de igualdade para com os demais integrantes da sociedade.</p><p>O aperfeiçoamento da atuação governamental acontece pelo</p><p>desenvolvimento de uma forma sofisticada de atuação, embasada no devido</p><p>10</p><p>processo legal e na lei, “envolvendo também o reconhecimento da condição do</p><p>cidadão como sujeito de direito, de que decorre o compromisso com a realização</p><p>da dignidade humana e direitos fundamentais” (Justen Filho, 2013, p. 101).</p><p>Para atendimento à lei, o legislador criou o chamado “processo</p><p>administrativo disciplinar”, prevendo que, caso o agente cometa uma infração, os</p><p>fatos e o direito serão analisados a fim de verificar sua responsabilização e, se for</p><p>caso, punir a conduta.</p><p>No Brasil, os meios para apuração de ilícitos administrativos é com auxílio</p><p>do “processo administrativo disciplinar e os meios sumários que compreendem a</p><p>sindicância e a verdade sabida”. O processo é realizado por meio de comissões</p><p>disciplinares e processantes, com objetivo de propiciar maior imparcialidade na</p><p>condução e instrução do processo, estando a comissão entre o superior e o</p><p>servidor processado (Di Pietro, 2021, p. 833).</p><p>O processo administrativo disciplinar é um meio pelo qual a Administração</p><p>Pública apura as infrações cometidas por seus agentes, investigando os fatos e o</p><p>direito violado. Se realmente constatada qualquer irregularidade, o agente será</p><p>responsabilizado e punido, conforme previsão legal.</p><p>Romeu Felipe Bacellar o conceitua como “uma das modalidades de</p><p>processo administrativo, é o meio, composto de uma sucessão de atos e</p><p>solenidades legalmente previstas, destinado a apurar infrações já detectadas,</p><p>presumivelmente cometidas por determinados servidores públicos, aplicando-se,</p><p>quando for o caso, as penalidades cabíveis” (Bacellar Filho, 2005, p. 98). Assim,</p><p>também é possível abrir uma sindicância para apurar os fatos e proceder com o</p><p>processo administrativo disciplinar (Bacellar Filho, 2005, p. 98).</p><p>A Administração Pública, por meio do agente competente para tal, tem o</p><p>dever de investigar, processar e julgar eventuais infrações administrativas e a</p><p>instauração do procedimento cabível para responsabilizar o agente, sempre</p><p>pautado nos estritos limites da legalidade. Tal evidencia a necessidade de que o</p><p>agente público tenha um agir de forma a cumprir os preceitos da lei, respeitando os</p><p>limites de suas atribuições e tratando os cidadãos com isonomia; demonstra-se</p><p>aqui ainda uma garantia constitucional ao próprio agente, mediante os arts. 5º,</p><p>LIV; 41, parágrafo 1º, ambos da Constituição de 1988.</p><p>O Estado tem o dever de obedecer às etapas procedimentais estabelecidas</p><p>em lei, responsável por limitar a atuação do Poder Público. Na hipótese da não</p><p>observância das regras previstas em lei, o agente público poderá ser</p><p>11</p><p>responsabilizado administrativamente. Assim, tanto o agente tem o dever de agir</p><p>dentro dos limites de legalidade, a Administração, por meio de seus agentes</p><p>responsáveis em lei, tem o dever de processar e julgar o agente que agir em</p><p>desconformidade com a legislação.</p><p>TEMA 4 – O SILÊNCIO DA ADMINISTRAÇÃO NO PROCESSO</p><p>ADMINISTRATIVO</p><p>O silêncio da Administração é a omissão do Estado em responder o</p><p>requerimento do cidadão, conforme estudado anteriormente. Todavia, de agora</p><p>em diante estudaremos as consequências desse silêncio e como o cidadão pode</p><p>agir caso o agente público não efetive o direito de resposta.</p><p>O cidadão pode realizar pedido perante a Administração Pública, em vista</p><p>do direito de petição, e terá direito à resposta em tempo previsto em Lei ou, ainda,</p><p>por tempo razoável previsto no art. 49 da Lei n. 9.784/1999, que é a Lei Federal</p><p>que regulamenta o Processo Administrativo, prevendo o prazo de 30 dias.</p><p>Caso o agente público não responda ao cidadão, o Estado estará violando</p><p>a Lei e continuamente contrariando ao princípio da legalidade. Nessa via, o agente</p><p>poderá responder mediante procedimento administrativo, de modo que será</p><p>responsabilizado nos termos do art. 121 e 12 da Lei n. 8.112/1990, caso</p><p>constatada a responsabilidade e/ou o dever de resposta por determinado agente.</p><p>Ademais, o agente que tem o dever de agir e assim não procede, comete</p><p>infração</p><p>administrativa, além de possíveis outras imputações, como por exemplo, a</p><p>responsabilidade penal e civil. Caso o cidadão não obtenha sua resposta em</p><p>tempo razoável, de posse do seu protocolo e/ou comprovante de arguição</p><p>administrativa, poderá buscar amparo no poder judiciário.</p><p>Marçal Justen Filho afirma que a infração à disciplina do art. 49 da Lei n.</p><p>9.784/1999 consiste em atuação ilícita da Administração Pública, estando assim</p><p>autorizado o cidadão pugnar seu direito via jurisdicional para defender seus</p><p>interesses (Justen Filho, 2013, p. 397).</p><p>Importante esclarecer, que conforme menciona Celso Antônio Bandeira de</p><p>Mello, os caminhos são dois, primeiro, se a Administração está vinculada quanto</p><p>ao conteúdo do ato e é obrigatório o deferimento da postulação, o juiz poderá</p><p>decidir o caso em tela; caso o administrado realmente tenha direito ao seu pedido,</p><p>o magistrado poderá deferi-lo (Mello, 2012, p. 420); E a segunda possibilidade é se</p><p>o caso em tela corresponde a uma hipótese de discricionariedade administrativa,</p><p>12</p><p>de modo que apenas o agente público poderá se manifestar, é possível a fixação</p><p>de multa diária pautada. Em ambas as hipóteses, cabe o procedimento</p><p>administrativo disciplinar em face do agente.</p><p>Na seara do até agora perpassado, responsabiliza-se a Administração por</p><p>ato ilícito omissivo próprio, qual seja, pela falta de cumprimento do dever de</p><p>manifestação nos processos administrativos, requerimentos ou reclamações nos</p><p>termos da Lei. Por fim, segundo ensina (2014, p. 727) Maria Sylvia Zanella Di</p><p>Pietro, independentemente de qual teoria se adota em relação à responsabilidade</p><p>civil por omissão do Estado, este terá o dever de indenizar os danos gerados.</p><p>TEMA 5 – O CONTROLE JUDICIAL DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>A supremacia da Constituição, a necessidade de uma atuação democrática</p><p>pautada no interesse público, pela Administração Pública, propõe mudanças</p><p>efetivas e relevantes na atuação pública. Ademais, até um recente passado, os</p><p>atos da Administração Pública eram intocáveis e o poder judiciário não exercia o</p><p>controle dos atos da Administração Pública.</p><p>A ideia de supremacia da Constituição impõe um controle de</p><p>constitucionalidade das leis, o que atualmente é exercido pela maioria dos países</p><p>do planeta (Braga Netto, 2018, p. 57).</p><p>Assim, até recentemente, os atos da Administração Pública não sofriam</p><p>nenhum controle judicial, se limitando os juízes a afirmar em suas decisões, que</p><p>os atos administrativos não poderiam sofrer a interferência ou modificação judicial.</p><p>Atualmente, uma vez que o ato administrativo não guarde adequação,</p><p>proporcionalidade, legalidade, motivação, razoabilidade e esteja dentro dos</p><p>conceitos da moralidade pública, podem sim sofrer a modificação judicial. (Braga</p><p>Netto, 2018, p. 58).</p><p>Atualmente, segundo o mesmo autor, o Poder Judiciário não se limita mais</p><p>ao eixo do Poder Judiciário, isto é, não se limita mais a controlar apenas os</p><p>aspectos extrínsecos da administração, pois pode inclusive analisar aspectos</p><p>como conveniência e oportunidade, ingressando inclusive no mérito e na</p><p>discricionariedade do ato administrativo (Braga Netto, 2018, p. 58).</p><p>Em tempos de supremacia constitucional e da demanda por uma</p><p>Administração Pública transparente, moral, proba e pautada nos interesses</p><p>públicos, inclusive os atos do legislativo e do executivo, inclusive de chefes de</p><p>Estado, podem sim sofrer o controle judicial. Ademais, o controle de legalidade</p><p>13</p><p>não se limita apenas a procedimentos, formais, mas assume uma materialidade,</p><p>qual seja, a análise substantiva dos atos (Braga Netto, 2018, p. 58).</p><p>Atualmente, no Brasil democrático, os juízes não se limitam a meros</p><p>mecânicos aplicadores da Lei, mas na jurisdição Constitucional possuem um</p><p>potencial criativo bem mais amplo, logo, necessário o controle, especialmente na</p><p>jurisdição Constitucional, que demanda uma atuação forte, de modo a assegurar</p><p>a integridade constitucional e dos preceitos basilares ao Estado Democrático de</p><p>Direito.</p><p>Para Braga Netto, “o cidadão não é súdito e o Estado não é soberano, no</p><p>sentido do conceito de soberania” (Braga Netto, 2018, p. 62). Alguns exemplos</p><p>são essenciais para demonstrar que os tempos para a Administração Pública</p><p>mudaram. Não é que se instalou a uma batalha em face da Administração Pública,</p><p>mas, ao contrário, a democracia instaura novos procedimentos e elementos</p><p>essenciais para o atendimento eficiente da população.</p><p>A Lei de acesso à informação, Lei n. 12.527/2011 assegura que não se</p><p>pode negar o acesso à informação ao cidadão, reafirmando a ideia de que o</p><p>cidadão não é mero súdito, mas sim, possui direitos e garantias, sob o risco de</p><p>buscar o amparo judicial.</p><p>Outra menção importante é a regulamentação trazida pela Lei n.</p><p>13.655/2018, que alterou a Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro –</p><p>LINDB, inclusive para imputar ao Direito Público o dever de submissão a tal</p><p>ordenamento, assim como buscando de forma dialogal a coerência e harmonia</p><p>das fontes do Direito (Braga Netto, 2018, p. 62).</p><p>Sob tal perspectiva, o poder judiciário também sofreu transformações</p><p>expressivas e assumiu funções que não possuía no passado, a exemplo cita-se o</p><p>evidente ativismo judicial, que basicamente consiste no ingresso do judiciário em</p><p>temáticas e demandas que anteriormente eram de competência política. Aqui se</p><p>está falando da judicialização das políticas públicas, como por exemplo demandas</p><p>por medicamentos, casamento homoafetivo, moralidade para participar de</p><p>eleições, destinação de células-tronco, entre outras temáticas que foram</p><p>amplamente debatidas e decididas pelo poder judiciário. O judiciário se</p><p>transformou em uma instância de discussão e controle social, assumindo até a</p><p>tão criticada função política (Braga Netto, 2018, p. 62).</p><p>Assim, se percebe uma atuação e intervenção judicial para implementação</p><p>de políticas públicas em geral e na implementação de direitos e garantias</p><p>14</p><p>fundamentais, assim como na efetivação de princípios e garantias administrativos,</p><p>tanto previstos na constituição quanto na Lei.</p><p>Outro grande viés de atuação do judiciário nas demandas envolvendo a</p><p>administração pública, diz respeito a ampla e tão demanda busca pela</p><p>responsabilidade civil do Estado. Tal ramo possui uma potencialidade ampla e de</p><p>uma conceituação jurídica indeterminada até. Ademais, conforme já</p><p>mencionamos, as possibilidades são amplas e bastante recentes, considerando</p><p>que em um passado recente, não se admitia a responsabilidade civil do Estado.</p><p>No Brasil, é possível se demandar em face do Estado nas Varas Estaduais e</p><p>Federais de Fazenda Pública, Juizados Especiais Estaduais e Federais de</p><p>Fazenda Pública, Tribunais de Justiça estaduais, Tribunais Regionais Federais</p><p>para lesões à direitos e garantias em geral, assim como controle difuso de</p><p>constitucionalidade. E claro, não podemos esquecer dos legitimados a ingressar</p><p>com as demandas in abstrato, para controle concentrado de constitucionalidade,</p><p>perante os Tribunais competentes (Braga Netto, 2018, p. 69).</p><p>Assim, quando a Administração Pública, seja ela direta ou indireta, não</p><p>atende a contento o cidadão e este se sente lesado ou na iminência de sofrer um</p><p>dano causado pelo Estado, pode recorrer ao Poder Judiciário, que analisará,</p><p>inclusive o mérito do ato administrativo, se for o caso, para entrega da prestação</p><p>jurisdicional, completa, democrática e fundamentada em um aparato de princípios</p><p>e garantias.</p><p>FINALIZANDO</p><p>Por meio da análise da presente aula, está claro que o procedimento</p><p>administrativo, não obstante a divergência conceitual, que para alguns</p><p>compreendem como “processo”, para outros figura como instrumento fundamental</p><p>na atuação e interação do Estado diante dos indivíduos, balizando e limitando seu</p><p>poder para efetivar direitos fundamentais do cidadão.</p><p>A resposta clara para tal questionamento só foi possível</p><p>após análise e</p><p>distinção entre processo e procedimento administrativo, a fim de compreender que</p><p>a doutrina diverge nesse aspecto. Após a superação dessa dicotomia, os</p><p>princípios norteadores do processo administrativo foram analisados para</p><p>compreendermos a necessidade de proteção constitucional e principiológica dos</p><p>direitos e garantias fundamentais que assistem ao cidadão.</p><p>Ainda, importante foi a compreensão de que a procedimentalização da</p><p>15</p><p>Administração Pública é a regra, assim como o procedimento é instrumento para</p><p>efetivação de garantias fundamentais, e a sua inobservância pode gerar um</p><p>processo administrativo disciplinar para a responsabilização administrativa de</p><p>agentes públicos, que deveriam agir ou deixar de agir e assim não procederam.</p><p>Ainda, analisamos que o agente público responsável pelo controle</p><p>disciplinar dos demais agentes tem o dever, em tomando conhecimento de uma</p><p>possível infração administrativa, de instaurar processo de sindicância ou inquérito</p><p>administrativo para apurar eventuais faltas. A inércia deste servidor, pode lhe</p><p>gerar também a responsabilidade administrativa. Tal acontece em prevalência da</p><p>preservação do interesse e da transparência pública, assim como em obediência</p><p>aos princípios, da moralidade e da eficiência pública, entre outros.</p><p>Por fim, verificou-se que ao cidadão são conferidos recursos a se utilizar</p><p>diante da omissão do agente público no que tange ao pedido administrativo,</p><p>entendido como “direito de resposta”. Podendo inclusive o cidadão, caso não se</p><p>sinta atendido administrativamente, buscar amparo perante o Poder Judiciário.</p><p>Concluiu-se, assim, que o processo administrativo é instrumento elementar</p><p>para que direitos fundamentais dos cidadãos sejam garantidos e efetivados,</p><p>sendo assim inafastável, sob pena de conduta ilícita por parte do Estado e</p><p>imputação da responsabilidade.</p><p>16</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BACELLAR FILHO, R. F. Direito administrativo. 2. ed. rev. e atual. São Paulo:</p><p>Saraiva, 2005.</p><p>BRAGA NETTO, Felipe. Manual da Responsabilidade civil do Estado. À luz da</p><p>jurisprudência do STF e do STJ e da teoria dos direitos fundamentais. 5. ed. Rev.</p><p>ampl. e atual. Salvador: Jus Podivm, 2018.</p><p>DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2014.</p><p>_____. Direito administrativo. 33. ed. (2ª reimp.). Rio de Janeiro: Forense, 2021.</p><p>JUSTEN FILHO, M. Curso de direito administrativo. 9. ed. rev., atual. e ampl.</p><p>São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.</p><p>MELLO, C. A. B. de. Curso de direito administrativo. 29. ed. São Paulo:</p><p>Malheiros, 2012.</p><p>TALAMINI, E.; WAMBIER, L. R. Curso avançado de processo civil: teoria geral</p><p>do processo e processo de conhecimento. v. 1. 15. ed. rev. e atual. São Paulo:</p><p>Revista dos Tribunais, 2015.</p>

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