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<p>1</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>2</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>3</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO</p><p>Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino</p><p>Revisão Ortográfica: Águyda Beatriz Teles</p><p>PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.</p><p>O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para</p><p>a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.</p><p>O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por</p><p>fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.</p><p>4</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Prezado(a) Pós-Graduando(a),</p><p>Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!</p><p>Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança</p><p>em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se</p><p>decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as</p><p>suas expectativas.</p><p>A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma</p><p>nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-</p><p>dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a</p><p>ascensão social e econômica da população de um país.</p><p>Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-</p><p>de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.</p><p>Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas</p><p>pessoais e profissionais.</p><p>Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são</p><p>outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-</p><p>ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver</p><p>um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-</p><p>ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo</p><p>importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-</p><p>rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de</p><p>ensino.</p><p>E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)</p><p>nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.</p><p>Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos</p><p>conhecimentos.</p><p>Um abraço,</p><p>Grupo Prominas - Educação e Tecnologia</p><p>5</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>6</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!</p><p>É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha</p><p>é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-</p><p>sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é</p><p>você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-</p><p>rança, disciplina e organização.</p><p>Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como</p><p>as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua</p><p>preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo</p><p>foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de</p><p>qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.</p><p>Estude bastante e um grande abraço!</p><p>Professora: Jessica Assis</p><p>7</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao</p><p>longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-</p><p>nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela</p><p>conhecimento.</p><p>Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes</p><p>importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-</p><p>formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao</p><p>seu sucesso profisisional.</p><p>8</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Esta unidade se dedica ao estudo das Psicopatologias. A Psi-</p><p>copatologia é uma importante área de estudo e conhecimentos refe-</p><p>rentes ao adoecimento mental do ser humano. Esse ramo da ciên-</p><p>cia tem grande parte de suas raízes vindas da tradição médica, mas</p><p>também se nutre e é embasada nas tradições humanísticas, como a</p><p>filosofia, a psicanálise, a literatura e a arte. É um campo de estudo</p><p>norteador nas diferentes áreas de atuação da Psicologia e Psiquiatria,</p><p>embasando teoricamente a clínica e os diagnósticos que sustentam a</p><p>direção de um tratamento psicológico e/ou psiquiátrico. Diante de tan-</p><p>tas informações e fácil acesso, atualmente, cabe ao profissional e aos</p><p>transmissores do conhecimento, não somente fornecer informações,</p><p>mas a transmissão de como fazer: observar, ouvir, interpretar, saber</p><p>pensar e desenvolver pensamento crítico. Em suma, aprender a fazer</p><p>a clínica.</p><p>Psicopatologia. Psicologia. Psiquiatria. Diagnóstico Clínico. Direção do</p><p>Tratamento.</p><p>9</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>CAPÍTULO 01</p><p>ASPECTOS GERAIS SOBRE A PSICOPATOLOGIA</p><p>Apresentação do Módulo ______________________________________ 11</p><p>12</p><p>43</p><p>17</p><p>Noções de Psicopatologias: Critérios de Saúde e Doença Mental _</p><p>Semiologia e Psicopatologia ___________________________________</p><p>Evolução do Conhecimento Psicopatológico _____________________</p><p>CAPÍTULO 02</p><p>A AVALIAÇÃO PSICOPATOLÓGICA</p><p>O Exame Psíquico e a Súmula Psicopatológica __________________ 31</p><p>27Recapitulando ________________________________________________</p><p>24Ética em Psicopatologia ________________________________________</p><p>44A Psicopatologia Fenomenológica e a Psicopatologia Existencial _</p><p>Recapitulando _________________________________________________ 47</p><p>CAPÍTULO 03</p><p>A PSICOPATOLOGIA NAS NEUROSES E NAS PSICOSES</p><p>Sobre as Neuroses e Psicoses __________________________________ 52</p><p>Principais Transtornos Mentais e do Comportamento ___________ 58</p><p>Recapitulando _________________________________________________ 65</p><p>10</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Fechando a Unidade ____________________________________________ 69</p><p>Referências _____________________________________________________ 73</p><p>11</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>O módulo “Psicopatologias” apresenta, de uma forma didática, o</p><p>estudo dos principais transtornos mentais. Para isso, é necessário com-</p><p>preender tantas outras questões em conjunto. Dessa forma, o capítulo</p><p>1 trata de conceitos iniciais importantes, como a compreensão do que é</p><p>normal/patológico e o conceito de saúde/doença em psicopatologia.</p><p>A compreensão da evolução histórica ao longo dos anos sobre</p><p>esse tema é fundamental para se entender e estudar o que é hoje e o</p><p>tratamento atual dos transtornos mentais. Ainda no primeiro capítulo,</p><p>aborda-se sobre a ética em psicopatologia, essencial aos profissionais</p><p>da saúde mental. É importante ressaltar desde já que, apesar da divi-</p><p>são didática, para fins de estudo, cada tema abordado não é separado,</p><p>dividido. Na prática clínica, cada conceito ou tema que didaticamente</p><p>dividimos aqui, se conectam entre si para compreensão global do sujei-</p><p>to. Isso mostra a complexidade do tema que trataremos neste módulo.</p><p>Dedicar-se à avaliação psicopatológica é essencial para um</p><p>diagnóstico cuidadoso e para a direção do tratamento mais eficaz e</p><p>condizente com o transtorno mental, para que se possa oferecer aos</p><p>pacientes melhor qualidade de vida e diminuição do sofrimento psíqui-</p><p>co. Existem vias de avaliação que se complementam, sendo importante</p><p>o profissional considerar todas elas. O posicionamento crítico, o saber</p><p>pensar e a discussão do caso com os pares, por exemplo, serão aspec-</p><p>tos abordados neste módulo.</p><p>Ao longo do capítulo 2 ver-se-á a importância e complexidade</p><p>de realizar a avaliação em psicopatologia. Outro ponto importante e tra-</p><p>balhado ao longo de cada capítulo é a singularidade, a necessidade de</p><p>o profissional avaliar e tratar cada caso como único, observando a sin-</p><p>gularidade e particularidade de cada paciente. Dessa forma, é preciso</p><p>escutar e compreender os signos e sintomas</p><p>compreende as técnicas ou procedimentos es-</p><p>pecíficos de observação e para coletar os sinais e sintomas. No caso da</p><p>psicopatologia, estamos falando das entrevistas, seja com o próprio pa-</p><p>ciente, seja com familiares ou pessoas que convivem com ele. É funda-</p><p>mental que, durante a entrevista, o profissional esteja atento, de forma</p><p>minuciosa, ao comportamento do paciente, ao conteúdo do discurso ou</p><p>à sua maneira de falar, bem como o que está vestindo ou como reage</p><p>ou se relaciona com as pessoas à sua volta.</p><p>• Semiogênese: é entendido como o campo de investigação.</p><p>Investigação de que? Da origem, dos mecanismos, do valor diagnóstico</p><p>e clínico dos comportamentos e sintomas.</p><p>A PSICOPATOLOGIA FENOMENOLÓGICA E A PSICOPATOLOGIA</p><p>EXISTENCIAL</p><p>Existem diversas abordagens teóricas que buscam explicar os</p><p>transtornos mentais e as psicopatologias. Há muitas críticas devido a</p><p>essa multiplicidade teórica, muitas vezes, sendo colocada como uma</p><p>área de debilidade científica. A diversidade parece incomodar a ciência,</p><p>como se tivesse que ter uma explicação e uma verdade única de um</p><p>determinado fenômeno. Ao levar-se em consideração a complexidade</p><p>da psicopatologia, parece muito mais interessante a diversidade das ex-</p><p>plicações e teorias, que abrem espaço para melhor compreensão dessa</p><p>área multifacetada. Dalgalarrondo (2008) descreve como “simplista” e</p><p>“artificial” (p.35) uma única explicação e concepção teórica sobre um</p><p>tema como da psicopatologia.</p><p>Aqui o conflito de ideias não é uma debilidade, mas uma necessidade. Não</p><p>45</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>se avança em psicopatologia negando e anulando diferenças conceituais e</p><p>teóricas; evolui-se, sim, pelo esforço de esclarecimento e aprofundamento</p><p>de tais diferenças, em discussão aberta, desmistificante e honesta (DALGA-</p><p>LARRONDO, 2008, p. 35)</p><p>Mediante a diversidade teórica, será apresentado aqui um pou-</p><p>co mais sobre a psicopatologia fenomenológica-existencial. Entende-se</p><p>a psicopatologia fenomenológica-existencial como uma das concep-</p><p>ções teóricas que buscam compreender e tratar os transtornos mentais</p><p>e psicopatológicos a partir de uma determinada visão de homem, em</p><p>que o sujeito é constituído a partir de sua experiência particular. Nessa</p><p>abordagem, o doente é visto como uma existência singular e a doença</p><p>mental não é vista somente como uma disfunção biológica ou psicológi-</p><p>ca, mas como um modo particular de existência, como uma maneira trá-</p><p>gica de ser e estar no mundo, uma forma dolorosa de ser com os outros.</p><p>A psicopatologia fenomenológica-existencial se fundamenta a</p><p>partir de obras filosóficas de Kierkegaard (1813-1855), Nietzsche (1844-</p><p>1900), Heidegger (1899-1976) e Sartre (1905-1980). Segundo Teixeira</p><p>(1997), essa abordagem em psicopatologia não se constitui a partir de</p><p>uma visão unificada, incluindo vários pontos de vista. Ela se baseia na</p><p>busca do significado da existência. A singularidade de cada caso parece</p><p>ser um dos principais valores dessa abordagem teórica.</p><p>Segundo Tatossian (2006) apud Karwowski (2015), a psicopa-</p><p>tologia fenomenológica é compreendida como uma releitura dos fenô-</p><p>menos e processos psiquiátricos, beneficiando-se a sincronia que ocorre</p><p>entre o desvendar das estruturas da existência e o movimento engajado</p><p>da fenomenologia. Nessa abordagem não há uma interposição teórica ou</p><p>de um saber que predetermina uma experiência. Essa concepção impli-</p><p>ca a valorização do caráter imediato da experiência do sujeito que está</p><p>doente. Ao examinar a relação do homem com seu mundo, no caso em</p><p>psicopatologia, do ser humano com um transtorno mental, o que interes-</p><p>sa é o que se revela de humano, e não a objetividade de sua condição.</p><p>A abordagem fenomenológica-existencial se apresenta como</p><p>uma das diversas possibilidades em se trabalhar em psicopatologia, so-</p><p>mando-se à busca pela compreensão dos transtornos mentais, a qual,</p><p>como vimos no capítulo anterior, faz parte de um processo histórico e de</p><p>evolução do conhecimento psicopatológico.</p><p>A valorização pela experiência singular do sujeito, não se pren-</p><p>dendo a verdades absolutas de explicações biológicas sobre os trans-</p><p>tornos mentais, é o que marca essa abordagem. A teoria fenomenoló-</p><p>gica-existencial fundamenta os estudos teóricos e é uma possibilidade</p><p>de tratamento, a partir da psicoterapia com a mesma fundamentação.</p><p>46</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>A psicopatologia é, por natureza e destino histórico, um</p><p>campo de conhecimento que requer debate constante e aprofun-</p><p>dado. Aqui o conflito de ideias não é uma debilidade, mas uma ne-</p><p>cessidade. Não se avança em psicopatologia negando e anulando</p><p>diferenças conceituais e teóricas; evolui-se, sim, pelo esforço de</p><p>esclarecimento e aprofundamento de tais diferenças, em discus-</p><p>são aberta, desmistificante e honesta. (DALGALARRONDO, Paulo.</p><p>Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Ale-</p><p>gre: Artmed, 2008, p. 35).</p><p>47</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>QUESTÃO 1</p><p>Ano: 2019 Banca: Consel Concursos Órgão: Prefeitura de Cássia</p><p>dos Coqueiros - SP Prova: Psicólogo</p><p>A preocupação central da psicoterapia de base fenomenológico-</p><p>-existencial é:</p><p>A) a compreensão dos processos psicológicos envolvidos na percepção</p><p>em sua relação com conhecimento científico na psiquiatria.</p><p>B) a análise do meio social como influência psicológica determinante na</p><p>vida das pessoas.</p><p>C) a compreensão da existência concreta do homem, saindo de con-</p><p>cepções teóricas que são muitas vezes abstratas e distantes da reali-</p><p>dade do paciente.</p><p>D) o comportamento das pessoas dentro de determinado contexto social.</p><p>E) nenhuma das alternativas</p><p>QUESTÃO 2</p><p>Ano: 2019 Banca: COVEST-COPSET Órgão: UFPB Prova: Psicólogo</p><p>Considerando a Psicopatologia, enquanto área do conhecimento</p><p>que busca estudar os transtornos mentais, é correto afirmar:</p><p>A) quando se estudam os sintomas psicopatológicos, dois aspectos bá-</p><p>sicos devem ser enfocados: a forma dos sintomas e o seu conteúdo.</p><p>B) numa perspectiva mais ampla, a Psicossomática pode ser definida</p><p>como o conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento somáti-</p><p>co do ser humano.</p><p>C) no estudo e, na prática da psicopatologia, busca-se apenas observar,</p><p>identificar e compreender os diversos elementos do transtorno mental,</p><p>julgando de modo valorativo quando necessário.</p><p>D) ao se nutrir das tradições neurológicas, psicológicas e filosóficas,</p><p>a psicopatologia se confunde com a neurologia das funções corticais</p><p>superiores.</p><p>E) a psicopatologia, enquanto ciência dos transtornos mentais, busca</p><p>compreender e explicar tudo que se passa na mente humana, por meio</p><p>de seus conceitos psicopatológicos.</p><p>QUESTÃO 3</p><p>Ano: 2020 Banca: Prefeitura de Itambaracá - PR Órgão: Prefeitura</p><p>de Itambaracá - PR Prova: Psicologia</p><p>Com base nos estudos sobre Psicopatologia e seus fenômenos,</p><p>assinale a alternativa incorreta.</p><p>A) É o ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença men-</p><p>48</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>tal, suas causas, as mudanças estruturais e funcionais associadas a ela</p><p>e suas formas de manifestação.</p><p>B) Como conhecimento que visa ser científico, não inclui critérios de</p><p>valor, nem aceita dogmas ou verdades à priori. O psicopatólogo não jul-</p><p>ga moralmente o seu objeto, busca apenas observar, identificar e com-</p><p>preender os diversos elementos da doença mental.</p><p>C) A psicopatologia é, portanto, uma ciência interdependente de outros</p><p>saberes; é um prolongamento da neurologia ou da psicologia.</p><p>D) A psicopatologia, como ciência, exige um pensamento rigorosamente</p><p>conceitual, que seja sistemático e que possa ser comunicado de modo</p><p>inequívoco.</p><p>E) Nenhuma das alternativas.</p><p>QUESTÃO 4</p><p>Ano: 2020 Banca: Prefeitura de Itambaracá - PR Órgão: Prefeitura</p><p>de Itambaracá - PR Prova: Psicologia</p><p>Dentro do tema Psicopatologias, sobre as alterações qualitativas</p><p>da consciência, relacione as colunas e assinale a alternativa que</p><p>apresenta a sequência correta.</p><p>1. Estados crepusculares.</p><p>2. Dissociação da consciência.</p><p>3. Estado hipnótico.</p><p>4. Transe.</p><p>( ) É um estado de consciência reduzida e estreitada e de atenção</p><p>concentrada, que pode ser induzido por outra pessoa. Nesse esta-</p><p>do, podem ser lembradas cenas e fatos esquecidos e podem ser in-</p><p>duzidos fenômenos como anestesia, paralisias, rigidez muscular,</p><p>alterações vasomotoras.</p><p>( ) Estado de dissociação da consciência que se assemelha a so-</p><p>nhar acordado, diferindo disso, porém, pela presença de atividade</p><p>motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão</p><p>parcial dos movimentos voluntários.</p><p>( ) Tal expressão designa a fragmentação ou a divisão do campo</p><p>da consciência, ocorrendo perda da unidade psíquica comum do</p><p>ser humano. Ocorre com certa frequência nos quadros histéricos.</p><p>( ) Há um estreitamento transitório do campo da consciência, um</p><p>afunilamento (que se restringe a um círculo de ideias, sentimentos</p><p>ou representações de importância particular para o sujeito aco-</p><p>metido), com a conservação de uma atividade psicomotora global</p><p>mais ou menos coordenada, permitindo a ocorrência dos chama-</p><p>dos atos automáticos.</p><p>A) 1 – 2 – 3 – 4.</p><p>49</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>B) 1 – 4 – 3 – 2.</p><p>C) 4 – 2 – 1 – 3.</p><p>D) 3 – 4 – 2 – 1.</p><p>E) 2 – 4 – 3 – 1.</p><p>QUESTÃO 5</p><p>Ano: 2022 Banca: AMEOSC Órgão: Prefeitura de São Miguel do</p><p>Oeste - SC Prova: AMEOSC - 2022 - Prefeitura de São Miguel do</p><p>Oeste - SC - Médico Psiquiatra</p><p>A avaliação do estado mental é uma prática básica para o cuidado</p><p>em saúde mental. Dentre os itens abaixo, qual conceitua a função</p><p>mental de "sensopercepção"?</p><p>A) Trata-se do conjunto de atividades psíquicas direcionadas para a</p><p>ação, incluindo os impulsos e a vontade.</p><p>B) Constitui a capacidade que o indivíduo tem de estar orientado em</p><p>relação ao tempo e ao espaço.</p><p>C) É a primeira etapa da cognição, do conhecimento do mundo externo,</p><p>e se refere aos objetos reais, fora da consciência.</p><p>D) É o conhecimento que o indivíduo tem de suas vivências internas, de</p><p>seu corpo e do mundo externo.</p><p>E) Nenhuma das alternativas.</p><p>QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE</p><p>A partir do que foi exposto no capítulo 2, escreva sobre a avaliação psi-</p><p>copatológica e a semiologia em psicopatologia, relacionando-as.</p><p>TREINO INÉDITO</p><p>A avaliação psicopatológica consiste:</p><p>a) Na realização do exame psíquico.</p><p>b) Em exame psíquico e entrevista do paciente.</p><p>c) Em entrevistas dos familiares e exame psíquico do paciente.</p><p>d) Em entrevistas do paciente e de familiares e exame psíquico do pa-</p><p>ciente.</p><p>e) Na realização de uma entrevista com o paciente.</p><p>NA MÍDIA</p><p>Problemas de saúde mental têm se tornado cada vez mais comuns em</p><p>todo o mundo. A ansiedade, por exemplo, atinge mais de 260 milhões de</p><p>pessoas. Aliás, o Brasil é o país com maior número de pessoas ansio-</p><p>sas; cerca de 9,3% da população, segundo a Organização Mundial de</p><p>Saúde (OMS). Novos dados mostram que 86% dos brasileiros sofrem</p><p>com algum transtorno mental, como a ansiedade e a depressão. Ansie-</p><p>50</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>dade, depressão, mal-estar psicológico, atraso mental são alguns dos</p><p>problemas de saúde mental mais frequentes. Ao longo da vida, qualquer</p><p>pessoa pode ser afetada por problemas de menor ou maior gravidade.</p><p>As pessoas afetadas por esse problema são, na maioria das vezes,</p><p>incompreendidas e excluídas devido a falsos conceitos que precisam</p><p>ser esclarecidos.</p><p>Título: Ações realizadas pela Rede Ebserh/MEC buscam conscientizar</p><p>sobre a importância da saúde mental</p><p>Data da publicação: 31.01.2022</p><p>Fonte: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/comunicacao/noticias/</p><p>acoes-realizadas-pela-rede-ebserh-mec-buscam-conscientizar-so-</p><p>bre-a-importancia-da-saude-mental#:~:text=A%20ansiedade%2C%20</p><p>por%20exemplo%2C%20atinge,a%20ansiedade%20e%20a%20de-</p><p>press%C3%A3o.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>O exame mental é uma ferramenta essencial para a avaliação psíquica do</p><p>paciente e a averiguação de possíveis transtornos. Dessa forma, a capa-</p><p>citação e a instrução eficiente dos estudantes de medicina e profissionais</p><p>de saúde em geral é indispensável, a fim de que o exame mental seja feito</p><p>corretamente. O exame do estado mental continua sendo o melhor ins-</p><p>trumento de avaliação das funções mentais, em quaisquer especialidades</p><p>clínicas e psiquiátricas; cabe ressaltar que este pode detectar problemas</p><p>sérios de oscilações dos níveis de consciência, entre outras alterações,</p><p>nos diversos tipos de serviços de atendimento médico. Em virtude de ser</p><p>composto de vários conceitos e vocábulos, uma forma lúdica, artística e</p><p>significativa deve ser requerida para a assimilação cada vez maior de seu</p><p>conteúdo temático. A ludicidade é uma propulsora da atenção e da motiva-</p><p>ção dos estudantes, mobilizando suas capacidades cognitivas e criativas,</p><p>tornando assim a aprendizagem o mais amplo e significativa possível.</p><p>Título: Aprendizado do Exame Psíquico por meio de metodologias lúdi-</p><p>cas de ensino: Relato de experiência</p><p>Data da publicação: 31/01/2021</p><p>Fonte: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/down-</p><p>load/12059/10885/161091</p><p>PARA SABER MAIS</p><p>No vídeo abaixo são demonstradas informações relevantes sobre as fun-</p><p>ções mentais, o exame do estado mental e as principais alterações em psi-</p><p>copatologia. Desse modo, é relevante para complementação dos estudos.</p><p>Título: Humores, sentimentos e emoções: afeto nas funções psíquicas</p><p>- sacoplimca pj Ep. 12</p><p>51</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Data da publicação: 15/05/2021</p><p>Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=ez_fL6YXc84</p><p>52</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>SOBRE AS NEUROSES E PSICOSES</p><p>Neurose: Etiologia, Definições, Causas e Abordagens</p><p>As neuroses são caracterizadas pelos conflitos e dificuldades</p><p>intrapsíquicos e interpessoais, que causam e mantêm o sofrimento do su-</p><p>jeito. A angústia é o centro de todas as neuroses. O ser humano com es-</p><p>trutura psíquica neurótica vive os conflitos humanos de forma particular-</p><p>mente dolorosa e recorrente. Os conflitos intrapsíquicos, característicos</p><p>da neurose, inibem e perturbam as relações sociais. Há uma perturbação</p><p>no equilíbrio interior do sujeito neurótico (DALGALARRONDO, 2008).</p><p>É interessante notar que nos manuais classificatórios, especi-</p><p>ficamente no DSM, houve a retirada das síndromes neuróticas, sendo</p><p>A PSICOPATOLOGIA NAS NEUROSES</p><p>E NAS PSICOSES</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>52</p><p>53</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>caracterizadas como transtornos mentais menores, porém, existem di-</p><p>versos e importantes transtornos neuróticos que causam intenso sofri-</p><p>mento psíquico. No manual CID-10, apesar de não ter sido abandona-</p><p>do, há uma crítica. Há uma certa desvalorização da neurose como um</p><p>quadro psicopatológico em comparação com vários transtornos graves,</p><p>como os psicóticos, o que parece ser um certo equívoco, visto que há</p><p>muito sofrimento no sujeito neurótico. Como dito anteriormente, além de</p><p>doloroso, é recorrente, tendo as relações sociais atravessadas por esse</p><p>sofrimento e funcionamento psíquico.</p><p>A neurose se dá a partir das relações inter e intrapessoais, pela</p><p>forma como cada sujeito lida com situações adversas no ambiente em</p><p>que está inserido. Os principais transtornos neuróticos serão abordados</p><p>mais adiante neste capítulo.</p><p>As principais abordagens psicológicas oferecem tratamento ao</p><p>sujeito neurótico, cada uma com sua visão de homem e de mundo para</p><p>o tratamento. São elas: as teorias cognitivas comportamentais (TCC).</p><p>A abordagem fenomenológica-existencial, ou conhecida também como</p><p>teorias humanistas na área da psicologia, tem como princípio funda-</p><p>mental o homem em sua totalidade, trabalhando o sujeito no aqui e ago-</p><p>ra. E a psicanálise, com todas as suas teorias e autores pós-freudianos</p><p>sustentando o trabalho a partir da escuta do inconsciente.</p><p>Psicose: Etiologia, Definições, Causas e Abordagens</p><p>A psicose é um transtorno mental que tem como mecanismo</p><p>específico característico dessa estrutura clínica a rejeição da realidade.</p><p>O sujeito rejeita a realidade em que está inserido, apresentando diver-</p><p>sos sintomas, sendo o delírio e a alucinação os mais comuns. Iremos</p><p>abordar mais adiante os principais transtornos psicóticos.</p><p>São apresentadas diversas teorias acerca da etiologia da psi-</p><p>cose. Há especialistas que apresentam algumas doenças psicóticas a</p><p>partir de explicações etiológicas genéticas, alterações cerebrais ou hor-</p><p>monais. Mas não há como descartar fatores ambientais, relacionais e</p><p>psíquicos que podem contribuir para o desencadeamento da psicose.</p><p>Seríamos simplistas demais definir a psicose a partir de uma</p><p>única explicação, como a genética, por exemplo. Vimos ao longo deste</p><p>módulo, a complexidade das doenças e transtornos psicopatológicos. A</p><p>psicose é uma das mais comuns em psicopatologia. O abuso de subs-</p><p>tâncias, como álcool ou drogas, é considerado fatores de risco para o</p><p>desencadeamento desse transtorno mental. Levar em consideração os</p><p>mecanismos de defesa do sujeito, ou seja, a maneira como ele expe-</p><p>54</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>riencia determinada situação, também contribui para um possível de-</p><p>sencadeamento de uma psicose.</p><p>Dessa forma, retomamos mais uma vez, Paulo Dalgalarrondo,</p><p>que foi citado várias vezes ao longo deste módulo, a questão da singula-</p><p>ridade no diagnóstico e tratamento em psicopatologia. A maneira singular</p><p>como cada indivíduo lida com situações da vida e com as questões emo-</p><p>cionais também é importante para a possibilidade de desenvolvimento</p><p>da psicose. Na psicanálise, a estrutura psicótica é explicada a partir do</p><p>Complexo de Édipo. Assim, muitas pessoas têm uma estrutura psicótica,</p><p>mas não apresentam sintomas, pois, possivelmente, não vivenciaram al-</p><p>guma situação que pudesse ser um gatilho para desencadear a psicose.</p><p>Existem diferentes abordagens psicológicas para a teorização</p><p>das psicoses e suas doenças. Foi falado no capítulo anterior sobre a</p><p>psicopatologia na abordagem fenomenológica-existencial, que sustenta</p><p>a psicose e outros transtornos mentais como uma maneira trágica de</p><p>estar no mundo e se relacionar com o outro. Segundo os teóricos feno-</p><p>menológicos, é uma forma dolorosa de estar com o outro. O sofrimento</p><p>existencial singular do sujeito psicótico é uma marca dessa abordagem.</p><p>A causa se dá a partir da singularidade de sua existência e do significa-</p><p>do que o sujeito dá à própria vivência. A causa não é definida somente</p><p>pela disfunção biológica ou psicológica.</p><p>Na psicanálise, a psicose é considerada uma estrutura clínica,</p><p>sendo muito importante o diagnóstico dessa estrutura nas entrevistas</p><p>preliminares, pois a direção do tratamento nessa linha teórica será dife-</p><p>rente a depender desse diagnóstico. Desde Freud, a psicanálise discute</p><p>em sua teoria, as psicoses, as neuroses e a perversão como os três</p><p>possíveis diagnósticos clínicos de um sujeito. Freud apresentou casos</p><p>clínicos que são até hoje referência para o estudo da teoria, no caso da</p><p>psicose, o conhecido caso Schereber.</p><p>A Teoria Cognitiva Comportamental (TCC) é uma abordagem psi-</p><p>cológica também possível de tratamento a pacientes psicóticos. Estudos</p><p>têm mostrado a eficácia no tratamento a pacientes diagnosticados com do-</p><p>enças psicóticas. Os autores afirmam observar melhora dos sintomas em</p><p>pacientes com diagnóstico de esquizofrenia em conjunto com o uso de me-</p><p>dicamentos psicotrópicos. Segundo as pesquisas, há auxílio na redução</p><p>dos índices de recaídas, observa-se a diminuição da severidade das alu-</p><p>cinações e delírios, contribuindo para o funcionamento global do paciente.</p><p>Em 1952, foi relatado o primeiro tratamento com o uso da TCC</p><p>em pacientes diagnosticados com alguma psicose. As principais téc-</p><p>nicas da teoria cognitiva comportamental usadas no tratamento a pa-</p><p>cientes com esquizofrenia são: Normalização, Módulos e Técnicas do</p><p>reforço das estratégias de enfrentamento (BARRETO & ELKIS, 2007).</p><p>55</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Neurose e Psicose na Psicanálise</p><p>A teoria da sexualidade proposta por Sigmund Freud descreve o</p><p>funcionamento psíquico humano a partir do desenvolvimento sexual infan-</p><p>til. Para ele, a formação do adulto é reflexo das fases que compõem essa</p><p>teoria. Recebe destaque, dentro deste processo, o complexo de Édipo.</p><p>A teoria psicossexual do autor propõe a divisão do desenvolvi-</p><p>mento em fases representativas de cada período em paralelo ao amadu-</p><p>recimento fisiológico da criança. Essa divisão é composta por cinco fases,</p><p>sendo a primeira delas denominada de fase oral, que tem como principal</p><p>zona de satisfação a boca e ocorre no primeiro ano de vida. Em seguida, a</p><p>fase anal, caracterizada pelo controle dos esfíncteres. A principal zona de</p><p>libido nesse período, de 1 a 3 anos aproximadamente, é o ânus. A fase fáli-</p><p>ca é o período em que ocorre o complexo de Édipo e os genitais são onde</p><p>há maior concentração de libido. Seguido pelo período de latência, dando</p><p>a conotação de descanso da energia libidinal. Período em que a criança</p><p>se concentra em outras tarefas como, por exemplo, os estudos. O quinto</p><p>e último estágio é conhecido como fase genital, que perdura até a morte e</p><p>é caracterizado pelo amadurecimento das energias e interesses libidinais.</p><p>Sabe-se que o complexo de Édipo é um conceito fundamental</p><p>da Psicanálise. “Em extensão sempre crescente, o complexo de Édipo</p><p>revela sua importância como o fenômeno central do período sexual da</p><p>primeira infância” (Freud, 1924, p. 193). Como descrito anteriormente,</p><p>ocorre durante a fase fálica do desenvolvimento psicossexual proposto</p><p>pelo autor, sendo então um fenômeno universal, que ocorre entre os</p><p>três e cinco anos de idade. O complexo de Édipo refere-se à relação</p><p>triangular entre mãe-filho-pai, em que um deles fica de fora dessa rela-</p><p>ção em algum momento, e os desdobramentos disso é que vão explicar</p><p>a personalidade de cada indivíduo, seja ela considerada saudável ou</p><p>não. Poder compreender esse conceito como ponto-chave para os des-</p><p>dobramentos psíquicos do sujeito, os quais se repetirão em outras rela-</p><p>ções ao longo da vida, é fundamental para compreensão da psicanálise.</p><p>Outros conceitos psicanalíticos são importantes para a com-</p><p>preensão do complexo de Édipo como, por exemplo, relações objetais,</p><p>narcisismo primário, complexo de castração e identificação.</p><p>Os pais são as primeiras pessoas com as quais o bebê se rela-</p><p>ciona. Isso é compreendido como as primeiras relações objetais da crian-</p><p>ça. Freud observa a importância da qualidade dessa relação para o de-</p><p>senvolvimento psíquico do indivíduo. Em um primeiro momento, o bebê</p><p>recebe muito cuidado e afeto dos pais. Além da necessidade de cuidados</p><p>que uma criança tem quando nasce, os pais também depositam expecta-</p><p>56</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>tivas e sonhos frente ao filho. Freud refere ser o narcisismo dos pais rea-</p><p>tivado com o nascimento de um filho, denominando esse processo como</p><p>“narcisismo primário”. Para o autor, o narcisismo primário é necessário</p><p>para o desenvolvimento emocional da criança, fazendo parte de todo o</p><p>desenvolvimento humano. Nesse momento, a criança se sente amada e</p><p>única para os pais. O trecho abaixo refere a essa questão:</p><p>Além disso, sentem-se inclinados a suspender, em favor da criança, o fun-</p><p>cionamento de todas as aquisições culturais que seu próprio narcisismo foi</p><p>forçado a respeitar, e a renovar em nome dela as reivindicações aos privilégios</p><p>de há muito por eles próprios abandonados. A criança terá mais divertimentos</p><p>que seus pais; ela não ficará sujeita às necessidades que eles reconheceram</p><p>como supremas na vida. A doença, a morte, a renúncia ao prazer, restrições</p><p>à sua vontade própria não a atingirão; as leis da natureza e da sociedade</p><p>serão ab-rogadas em seu próprio favor, ela será mais uma vez o centro e o</p><p>âmago da criação – ‘Sua Majestade o Bebê, como outrora nós mesmos nos</p><p>imaginávamos. A criança concretizará</p><p>os sonhos dourados que os pais jamais</p><p>realizaram – o menino se tornará o grande homem e um herói em lugar de seu</p><p>pai, e a menina se casará com um príncipe como compensação para sua mãe.</p><p>No ponto mais sensível do sistema narcisista, a imortalidade do ego, tão opri-</p><p>mida pela realidade, a segurança é alcançada por meio do refúgio na criança.</p><p>O amor dos pais, tão comovedor e no fundo tão infantil, nada mais é senão o</p><p>narcisismo dos pais renascido, o qual, transformado em amor objetal, inequivo-</p><p>camente revela sua natureza anterior. (Freud, 1914, p. 97-98).</p><p>Os anos vão se passando e o desenvolvimento psicossexual</p><p>vai acontecendo na criança. O período em que ocorre a fase fálica é</p><p>o momento em que a criança se percebe nessa relação triangular. Ela</p><p>passa a sentir desejos amorosos ao seu progenitor do sexo oposto, de-</p><p>sejando tê-lo somente para ela. Consequentemente, possui sentimen-</p><p>tos hostis ao progenitor do mesmo sexo, desejando que este não faça</p><p>parte dessa relação, o que é muito penoso para a criança, uma vez</p><p>que os sentimentos hostis são depositados em alguém que também</p><p>cuida afetuosamente dela. Esses sentimentos inconscientes, apesar de</p><p>universal, serão vivenciados singularmente por cada sujeito. Toda essa</p><p>trama é chamada de complexo de Édipo. Laplanche e Pontalis (1992) in</p><p>Souza (2006) apresentam o conceito da seguinte forma:</p><p>Conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança sente em</p><p>relação aos pais. Sob a sua forma dita positiva, o complexo apresenta-se</p><p>como na história de Édipo-Rei: desejo da morte do rival que é a personagem</p><p>do mesmo sexo e desejo sexual pela personagem do sexo oposto. Sob a sua</p><p>forma negativa, apresenta-se de modo inverso: amor pelo progenitor do mes-</p><p>mo sexo e ódio ciumento ao progenitor do sexo oposto. Na realidade, essas</p><p>duas formas encontram-se em graus diversos na chamada forma completa</p><p>57</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>do complexo de Édipo. Segundo Freud, o apogeu do complexo de Édipo é vi-</p><p>vido entre os três e os cinco anos, durante a fase fálica, o seu declínio marca</p><p>a entrada no período de latência. É revivido na puberdade e é superado com</p><p>maior ou menor êxito num tipo especial de escolha de objeto. O Complexo</p><p>de Édipo desempenha papel fundamental na estruturação da personalidade</p><p>e na orientação do desejo humano. Para os psicanalistas, ele é o principal</p><p>eixo de referência da psicopatologia (p.77).</p><p>O declínio da fase fálica e o consequente desfecho do comple-</p><p>xo de Édipo se dão a partir do complexo de Castração. O complexo de</p><p>Castração é compreendido como a ameaça da perda do falo, represen-</p><p>tado pelo órgão genital masculino, o pênis. Em um primeiro momento,</p><p>toda criança acredita que todos (homens e mulheres) têm a mesma</p><p>coisa, ou seja, que todos são iguais. Ao se darem conta da diferença</p><p>do órgão sexual masculino e feminino, a menina sente que foi castra-</p><p>da e o menino se sente ameaçado pela castração. Esse é um ponto</p><p>de diferença no Édipo do menino e da menina. Inclusive, Freud se viu</p><p>com dificuldade de compreender e explicar a saída do Édipo na menina.</p><p>Nesse sentido, o desfecho do complexo de Édipo começa a partir das</p><p>percepções das diferenças e da falta (a falta do falo).</p><p>Esse conceito é entendido como um limite colocado à criança</p><p>diante da relação triangular. Na dissolução ideal do Édipo, a criança é</p><p>quem fica “de fora” dessa relação. O limite imposto e vivenciado nes-</p><p>se momento também será vivenciado em outras relações e em outras</p><p>questões ao longo da vida. Mais uma vez, a maneira como a criança vi-</p><p>vencia a castração também terá desdobramentos em sua vida psíquica.</p><p>É necessário ressaltar a importância desse processo e suas repercus-</p><p>sões na sociedade. O limite que a castração coloca diante da criança</p><p>também será a maneira como viver dentro de regras e leis, necessárias</p><p>em qualquer sociedade. Se não for realizada de forma clara, haverá</p><p>desordem (desordem psíquica, que também se refletirá nas relações e</p><p>na sociedade). Para que a castração ocorra de forma clara, espera-se</p><p>que tanto o pai quanto a mãe realizem a castração.</p><p>Freud afirma:</p><p>Se a satisfação do amor no campo do complexo de Édipo deve custar à</p><p>criança o pênis, está fadado a surgir um conflito entre seu interesse narcísico</p><p>nessa parte de seu corpo e a catexia libidinal de seus objetos parentais. Nes-</p><p>se conflito, triunfa normalmente a primeira dessas forças: o ego da criança</p><p>volta as costas ao complexo de Édipo (1924, p. 196).</p><p>A partir da Castração, outro conceito psicanalítico surge para</p><p>poder seguir com a compreensão de todo esse processo. A Identificação.</p><p>Ela é conhecida, segundo a psicanálise, como a expressão de um laço</p><p>58</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>emocional com outra pessoa. “Já aprendemos que a identificação cons-</p><p>titui a forma mais primitiva e original do laço emocional” (Freud, 1920, p.</p><p>116). Considerando a saída ideal do Édipo, ao sentir-se ameaçado pela</p><p>castração, a criança se identifica com o seu progenitor do mesmo sexo.</p><p>As catexias de objeto são abandonadas e substituídas por identificações. A auto-</p><p>ridade do pai ou dos pais é introjetada no ego e aí forma o núcleo do superego,</p><p>que assume a severidade do pai e perpetua a proibição deste contra o incesto,</p><p>defendendo assim o ego do retorno da catexia libidinal (Freud, 1924, p. 196).</p><p>Freud propõe dois tipos de resolução edípica. Uma delas é</p><p>conhecida como a saída anaclítica, em que as diferenças percebidas</p><p>(aquelas colocadas acima, ao discutir sobre o complexo de Castração)</p><p>foram sustentadas. A segunda é denominada como saída narcísica, em</p><p>que essas diferenças não foram sustentadas e as relações serão mar-</p><p>cadas pela busca de si mesmo no outro.</p><p>A partir dessa compreensão é que o autor passa a entender os</p><p>tipos de funcionamento psíquico de cada indivíduo e sua relação com o</p><p>outro. Segundo suas observações clínicas, as saídas edípicas favorece-</p><p>ram a continuidade de sua teoria, propondo as estruturas de personalida-</p><p>de: Neurose (Histeria, Neurose-obsessiva e Fobia), Psicose e Perversão.</p><p>Na neurose, o sujeito nega a castração a partir do recalque.</p><p>Recalque é definido como um mecanismo de defesa frente ao conflito.</p><p>O que este mecanismo faz é empurrar para o lado e não extinguir to-</p><p>talmente determinado conteúdo. A frase tão conhecida para entender</p><p>a neurose é o retorno do recalcado, ou seja, aquilo que o sujeito recal-</p><p>cou, retorna através do sintoma, atos falhos e chistes que o indivíduo</p><p>irá apresentar se adoecer. A dúvida é uma característica do neurótico,</p><p>denotando a divisão do sujeito.</p><p>Na psicose, o sujeito nega rejeitando a castração, a falta do</p><p>outro, causando um conflito entre o eu e o mundo externo, sendo a alu-</p><p>cinação e delírio os principais sintomas. Esses sintomas (delírio/aluci-</p><p>nação) se dão como tentativa de cura. Compreender essas diferenças</p><p>clínicas é essencial na psicanálise e na condução de um caso.</p><p>PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO</p><p>Atualmente, existem dois sistemas de classificações que realizam</p><p>a definição e descrição dos transtornos mentais. Esses dois sistemas são</p><p>os conhecidos manuais de classificação, denominados DSM (Manual de</p><p>diagnóstico e estatístico de transtornos mentais) e o CID-10 (Classificação</p><p>Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados a saúde).</p><p>59</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>O CID-10 não é exclusivo dos transtornos mentais. Tais sistemas são im-</p><p>portantes para o diagnóstico psiquiátrico, porém, deve-se lembrar que o</p><p>uso deles deve ser realizado com cuidado, e não de forma exclusiva.</p><p>“As síndromes são conjuntas de sinais e sintomas que se agru-</p><p>pam de forma recorrente e são observadas na prática clínica diária” (DAL-</p><p>GALARRONDO, 2008, p. 301). Identificar as síndromes é considerado</p><p>o primeiro passo na ordenação e observação psicopatológica seja dos</p><p>sinais, seja dos sintomas que os pacientes apresentam. O diagnóstico da</p><p>síndrome é um</p><p>importante e estratégico ato clínico no raciocínio clínico.</p><p>Abaixo segue um quadro para ilustração com exemplo de clas-</p><p>sificação do CID-10 e DSM-5, com o objetivo de apresentar semelhan-</p><p>ças entre os critérios dos dois Manuais de classificação.</p><p>Figura 5: Semelhanças entre os critérios CID-10 e DSM-5</p><p>60</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Fonte: NUTE-UFSC, 2016</p><p>Na Neurose</p><p>Segundo Dalgalarrondo (2008), as principais síndromes neuró-</p><p>ticas podem ser classificadas e descritas da seguinte forma:</p><p>• Síndromes Fóbicas: são caracterizadas por medos intensos e</p><p>consideradas irracionais. Esses medos podem ser de objetos, animais</p><p>ou situações que, objetivamente, não oferecem perigo real ou que seja</p><p>proporcional ao medo que o sujeito sente.</p><p>• Síndromes obsessivo-compulsivas: são caracterizadas por</p><p>ideias, imagens, fantasias obsessivas ou atos, rituais ou comportamen-</p><p>tos obsessivos. Esses atos são vividos pelo sujeito como uma pressão,</p><p>como algo que o obriga e o submete. Na prática clínica é importante</p><p>ter muito cuidado no diagnóstico, pois é muito comum a proximidade</p><p>de sintomas do sujeito neurótico obsessivo com o fóbico ou entre o</p><p>obsessivo e o psicótico. Segundo Dalgalarrondo (2008), elas são sub-</p><p>divididas em dois tipos básicos: a) Síndromes obsessivas são aquelas</p><p>em que predominam as ideias obsessivas e b) Síndromes compulsivas</p><p>são aquelas que predominam atos ou comportamentos compulsivos.</p><p>• Síndromes Histéricas: são caracterizadas por apresentarem</p><p>manifestações clínicas tanto referentes ao corpo como à mente e ao</p><p>comportamento. No corpo, são predominantes as alterações das fun-</p><p>ções sensoriais e motoras, enquanto na mente, estão relacionadas à</p><p>consciência, à memória e às percepções. O comportamento do sujeito</p><p>com estrutura neurótica é caracterizado pela teatralidade e dramatici-</p><p>dade, sendo infantil e sedutor. Esse comportamento ainda é visto de</p><p>forma muito pejorativa e estereotipada, desconsiderando o sofrimento</p><p>por detrás deles. São subdivididos em dois grandes grupos: a) Histe-</p><p>ria de conversão (ou conversiva): apresenta sintomas e perturbações</p><p>corporais variáveis (paralisias histéricas, anestesias e analgesias histé-</p><p>ricas, cegueira histérica, perda da fala, perturbações do andar ou ficar</p><p>em pé) e b) Histeria dissociativa, marcada por possíveis alterações da</p><p>consciência que se assemelham a crises epiléticas. Crises histérico-dis-</p><p>sociativas são caracterizadas pelo estado crepuscular de consciência</p><p>(apresentado no capítulo 1 deste módulo) e por amnésias (esquecimen-</p><p>to seletivo e significativo). Freud deu início à psicanálise a partir da ob-</p><p>61</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>servação de seu trabalho com mulheres histéricas em Paris.</p><p>• Síndromes Ansiosas: encontramos frequentemente (mas não</p><p>só) síndromes ansiosas em pessoas que apresentam estrutura psíquica</p><p>neurótica, por essa razão, decide-se incluí-las neste ponto do módulo.</p><p>As síndromes ansiosas costumam ser ordenadas em dois grandes gru-</p><p>pos: a) são os quadros de ansiedade marcados pelos sintomas ansiosos</p><p>constantes e permanentes, como a ansiedade generalizada e b) são ca-</p><p>racterizados pelos quadros de crises de ansiedade que ocorrem de forma</p><p>abrupta (crises de ansiedade, crises de pânico ou síndromes de pânico).</p><p>A ansiedade generalizada é caracterizada por sintomas ansiosos exces-</p><p>sivos na maior parte do dia, por aproximadamente 6 meses. A pessoa que</p><p>apresenta esse quadro de ansiedade costuma ser uma pessoa irritada,</p><p>angustiada, preocupada e/ou nervosa. É muito comum observar, nesses</p><p>casos, sintomas como insônia, angústia constante, dificuldade em rela-</p><p>xar, dificuldade de concentração. Sintomas físicos como, dores de cabe-</p><p>ça (cefaleia), dores ou queimação no estômago, taquicardia, tontura e</p><p>sudorese também são comuns. O segundo grupo é marcado por crises</p><p>intermitentes, em que há uma eclosão de vários sintomas ansiosos de</p><p>forma bastante intensa. Dalgalarrondo (2008) apresenta uma diferença</p><p>entre crise de pânico e transtorno de pânico, em que a primeira é marca-</p><p>da por crises intensas de ansiedade, em que ocorre importante descarga</p><p>no sistema nervoso autônomo. Enquanto os transtornos de pânico são</p><p>casos em que as crises são recorrentes e a pessoa tem medo do desen-</p><p>volvimento de uma nova crise e um sofrimento subjetivo significativo. Os</p><p>quadros de ansiedade são muito comuns na clínica e, muitas vezes, os</p><p>sintomas físicos são confundidos com problemas de saúde físicos, sendo</p><p>importante o diagnóstico diferencial desses casos. O tratamento psico-</p><p>terapêutico é extremamente importante nessas situações. Segue abaixo</p><p>um quadro com critérios de diagnóstico para os transtornos de ansiedade</p><p>do DSM – IV – TR, apud DALGALARRONDO, 2008:</p><p>Quadro 5: Critérios diagnósticos para os transtornos de ansiedade segundo o</p><p>DSM-IV-TR (APA, 2002)</p><p>62</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Fonte: DSM IV- TR apud DALGALARRONDO, 2008, p. 306.</p><p>Na Psicose</p><p>As síndromes psicóticas são caracterizadas, portanto, pelos</p><p>sintomas alucinatórios e de delírios, além de pensamentos desorgani-</p><p>zados e comportamentos tidos como bizarros. Muito comuns são os sin-</p><p>tomas paranoides, que são caracterizados pelos delírios e alucinações</p><p>de conteúdos persecutórios. Abaixo seguem as principais doenças e</p><p>transtornos mentais psicóticos:</p><p>• Esquizofrenia: considerada a principal forma de psicose, tanto</p><p>pela sua frequência quanto pela sua importância clínica. Alguns sintomas</p><p>são considerados muito significativos para o diagnóstico da esquizofre-</p><p>nia. São eles: percepção delirante, alucinações auditivas (vozes que co-</p><p>mentam ou comandam ação), eco do pensamento (paciente escuta os</p><p>próprios pensamentos ao pensar), difusão do pensamento (o paciente</p><p>acredita que os seus pensamentos são ouvidos ou percebidos pelas ou-</p><p>tras pessoas), roubo do pensamento (sensação de que seu pensamento</p><p>63</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>é extraído, de forma inexplicável, como se tivesse sido roubado), vivên-</p><p>cias de influência na esfera corporal ou ideativa. Esses sintomas são de-</p><p>nominados sintomas de primeira ordem, segundo Kurt Schneider, apud</p><p>Dalgalarrondo (2008). “Os sintomas de primeira ordem indicam a profun-</p><p>da alteração da relação Eu-mundo, o dano radical das “membranas” que</p><p>delimitam o Eu em relação ao mundo, uma perda marcante da dimensão</p><p>da intimidade” (DALGALARRONDO, 2008, p. 328).</p><p>• Transtorno delirante (Paranoia): é uma forma de psicose muito</p><p>conhecida entre os clínicos. É caracterizado pelo surgimento e desenvol-</p><p>vimento de um delírio com uma certa preservação da personalidade e do</p><p>resto do psiquismo do sujeito. Ele se caracteriza, portanto, por um delírio</p><p>que costuma ser organizado e sistematizado, com conteúdos persecutó-</p><p>rios. Normalmente, ocorre em sujeitos com mais idade (a partir de 40 anos).</p><p>• Parafrenias: outra forma de psicose esquizofreniforme com</p><p>aparecimento tardio, em que ocorrem delírios normalmente acompa-</p><p>nhados de alucinação. Muitos autores consideram as parafrenias como</p><p>uma esquizofrenia tardia (entre 45-50 anos)</p><p>• Síndromes de agitação psicomotora e de estupor e lentificação</p><p>psicomotora: esses são os dois tipos de síndromes psicomotoras. São bas-</p><p>tante comuns em quadros de psicopatologia psicótica, como na agitação ma-</p><p>níaca (ex.: quadros de transtorno bipolar) e na agitação paranoide, agitação</p><p>catatônica (a agitação pode estar associada a ideias delirantes ou alucina-</p><p>ções), agitação explosiva (associada a transtornos de personalidade como,</p><p>por exemplo, personalidade borderline). Em síndromes de estupor e lentifi-</p><p>cação, ocorrem casos de estupor catatônico esquizofrênico, estupor depres-</p><p>sivo (há muitos casos de depressão acompanhado de sintomas delirante).</p><p>No caso de um estupor depressivo, são casos muito graves de depressão.</p><p>• Síndromes Depressivas: existem vários subtipos de síndromes</p><p>depressivas, sendo que algumas delas podem ser acompanhadas de</p><p>sintomas</p><p>psicóticos (alucinações e delírios). O humor triste e desânimo</p><p>são os elementos mais salientes desses tipos de síndrome, porém, uma</p><p>marca de multiplicidade de sintomas afetivos, instintivos, ideativos, cog-</p><p>nitivos, relativos à vontade e à psicomotricidade também pode estar pre-</p><p>sente. Sintomas psicóticos observados em síndromes depressivas gra-</p><p>ves: ideias delirantes com conteúdo negativo, alucinações (geralmente</p><p>auditivas) com conteúdo depressivo, ilusões auditivas ou visuais, ideação</p><p>paranoide e outros sintomas psicóticos com humor incongruente. Outro</p><p>subtipo importante a ser destacado, frequentemente observado sintomas</p><p>psicóticos, é o episódio ou fase depressiva e transtorno depressivo recor-</p><p>rente, em que há evidentes sintomas depressivos (como o humor depres-</p><p>sivo, anedonia, diminuição da concentração, ideias de culpa e inutilidade,</p><p>distúrbios de apetite e sono). O tempo é marcante para esse diagnóstico,</p><p>64</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>sendo que os sintomas devem estar presentes há, pelo menos, duas se-</p><p>manas e não por mais de dois anos de forma ininterrupta. Os episódios</p><p>costumam ter uma duração de 3 a 12 meses. Existe a depressão psicóti-</p><p>ca como possível diagnóstico dentro das síndromes depressivas.</p><p>• Síndromes maníacas: são caracterizadas pela euforia ou ale-</p><p>gria patológica. Há ainda a denominação de elação, que é a expansão do</p><p>eu. Outra característica fundamental, quase sempre presente, é o taquip-</p><p>siquismo, compreendido pela aceleração de todas as funções psíquicas.</p><p>É possível observar, de maneira geral, os seguintes sinais e sintomas nas</p><p>síndromes maníacas: aumento da autoestima, elação (sentimento de ex-</p><p>pansão do eu), insônia, loquacidade (rápida produção verbal), logorreia,</p><p>pressão para falar, distraibilidade (que é a atenção voluntária diminuída e</p><p>a atenção espontânea aumentada), agitação psicomotora, irritabilidade,</p><p>heteroagressividade, desinibição social e sexual, tendência exagerada</p><p>de compras ou a dar seus pertences, ideia de grandeza, poder e de im-</p><p>portância social, delírios de grandeza ou de poder, alucinações (essas</p><p>geralmente são auditivas e de grandeza). Dentro das síndromes manía-</p><p>cas, destacam-se entre os transtornos mentais psicóticos, a mania com</p><p>sintomas psicóticos e os transtornos bipolares. Os transtornos bipolares</p><p>são caracterizados pelo caráter fásico, episódico, em que se alternam</p><p>episódios de mania e de depressão. Tais episódios são delimitados no</p><p>tempo por períodos de remissão, em que o paciente apresenta eutímico,</p><p>e as alterações psicopatológicas que costumam ser intensas regridem.</p><p>Pode-se subdividir os transtornos em 3 tipos: a) Transtorno bipolar tipo</p><p>I, em que o sujeito apresenta episódios depressivos leves e graves, que</p><p>são intercalados entre as fases de mania bem caracterizadas e com pe-</p><p>ríodos de normalidade; b) Transtorno bipolar tipo II, que tem como carac-</p><p>terísticas episódios depressivos leves e graves, intercalados com fase de</p><p>normalidade. Nesse caso, não se observa casos de mania, apenas hu-</p><p>mor depressivo/hipomaníaco; c) Transtorno afetivo bipolar, tipo ‘ciclador’</p><p>rápido, tem como característica a presença de todas as fases (maníaca,</p><p>normal, depressiva, mistas) em um tempo bastante curto. Os períodos de</p><p>remissão são breves. Para esse diagnóstico, é necessário que o paciente</p><p>tenha apresentado os 4 episódios de mania em até 12 meses.</p><p>Indicação de filme: “O Lado bom da vida”</p><p>Indicação de literatura: MARÇAL, A. Eu receberia as piores no-</p><p>tícias dos seus lindos lábios. São Paulo: Companhia das letras, 2005.</p><p>65</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>QUESTÃO 1</p><p>Ano: 2021 Banca: CEV-URCA Órgão: Prefeitura de Crato - CE Pro-</p><p>va: Psicólogo</p><p>Segundo o CID-10, são sintomas do Transtorno de Ansiedade Ge-</p><p>neralizada, EXCETO:</p><p>A) Ansiedade flutuante.</p><p>B) Comportamentos compulsivos recorrentes.</p><p>C) Nervosismo persistente.</p><p>D) Tremores e tensão muscular</p><p>E) Medos de que o paciente ou um de seus próximos irá brevemente</p><p>ficar doente, ou sofrer um acidente.</p><p>QUESTÃO 2</p><p>Ano: 2021 Banca: AMAUC Órgão: Prefeitura de Seara - SC Prova:</p><p>Psicólogo</p><p>Sobre Neurose e Psicose é incorreto afirmar</p><p>A) Em essência, a principal diferença entre neurose e psicose é a forma</p><p>em que elas afetam a saúde mental.</p><p>B) O comportamento neurótico pode estar naturalmente presente em</p><p>qualquer pessoa, ligado a uma personalidade desenvolvida.</p><p>C) O comportamento psicótico pode ir e vir como resultado de várias</p><p>influências.</p><p>D) Os efeitos de medicamentos não são capazes de causar episódios</p><p>psicóticos, apenas uma situação traumática que afeta o bem-estar psi-</p><p>cológico de uma pessoa pode desencadear o episódio.</p><p>E) A distinção entre as condições ou distúrbios neuróticos e psicóticos é</p><p>realizada através de uma avaliação por um psiquiatra ou psicólogo, que</p><p>pode tratar os sintomas com medicação ou terapia.</p><p>QUESTÃO 3</p><p>Ano: 2019 Banca: IF-MS Órgão: IF-MS Prova: IF-MS - 2019 - IF-MS -</p><p>Médico / Psiquiatra</p><p>O diagnóstico de transtorno do pânico pode ser frequentemente</p><p>dificultado pela presença de comorbidades psiquiátricas. No caso</p><p>clínico anterior, apesar das dificuldades, foi possível firmar o diag-</p><p>nóstico de transtorno de pânico e a paciente obteve ótimos resul-</p><p>tados com o uso de escitalopram. Sobre o transtorno de pânico,</p><p>pode-se afirmar que:</p><p>A) A presença de depressão como diagnóstico comórbido não aumenta</p><p>o risco de suicídio.</p><p>66</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>B) Gêmeos monozigóticos e dizigóticos apresentam a mesma taxa de</p><p>concordância para o transtorno.</p><p>C) A terapia farmacológica é mais efetiva que a terapia cognitivo-com-</p><p>portamental, nesses casos.</p><p>D) Há aumento nas taxas de ideação suicida e tentativas de suicídio,</p><p>mesmo quando os dados são estatisticamente ajustados para depressão.</p><p>E) Não há diferença na prevalência do transtorno considerando o gênero.</p><p>QUESTÃO 4</p><p>Ano: 2023 Banca: Avança SP Órgão: Prefeitura de Americana - SP</p><p>Prova: Avança SP - 2023 - Prefeitura de Americana - SP - Médico</p><p>Psiquiatra</p><p>É caracterizado pela presença de sintomas ansiosos excessivos,</p><p>na maior parte dos dias, por pelo menos seis meses. A pessoa vive</p><p>angustiada, tensa, preocupada, nervosa ou irritada. Nesses qua-</p><p>dros, são frequentes sintomas como insônia, dificuldade em rela-</p><p>xar, angústia constante, irritabilidade aumentada e dificuldade em</p><p>se concentrar. É um conceito que pertence ao:</p><p>A) Transtorno de Ansiedade Generalizada.</p><p>B) Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância e/ou Medicamento.</p><p>C) Fobia Específica.</p><p>D) Transtorno de Ansiedade Social.</p><p>E) Transtorno de Pânico.</p><p>QUESTÃO 5</p><p>Ano: 2023 Banca: FGV Órgão: MPE-SP Prova: Médico Psiquiatra</p><p>A impulsividade é um sintoma presente em diferentes transtornos</p><p>mentais. De acordo com o DSM-V, a impulsividade é definida em</p><p>termos de um aspecto de desinibição e considerada como uma</p><p>reação imediata a estímulos, reação não planejada no calor do mo-</p><p>mento ou sem consideração por suas consequências.</p><p>A respeito da impulsividade e dos transtornos dos impulsos, assi-</p><p>nale a afirmativa correta.</p><p>A) A impulsividade inclui uma ação imediata e não planejada e costuma</p><p>incluir comportamentos ou pensamentos repetitivos, quase estereotipa-</p><p>do que podem seguir regras rígidas para alcançar ou evitar um objetivo.</p><p>B) Nos transtornos do impulso é comum a tentativa de resistir (ou pelo</p><p>menos adiar) à realização do ato; há luta entre a compulsão e a vontade</p><p>do indivíduo (no ato impulsivo não há essa luta).</p><p>C) O transtorno explosivo intermitente caracteriza-se pela persistência</p><p>de humor irritado, tendência a desafiar regras e incomodar delibera-</p><p>damente outras pessoas, bem como colocar a culpa de seus atos em</p><p>67</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>terceiros.</p><p>D) As comorbidades psiquiátricas não são comuns nos transtornos do</p><p>impulso e o risco de suicídio é mínimo.</p><p>E) No transtorno explosivo intermitente, a magnitude da agressividade</p><p>é grosseiramente desproporcional à</p><p>provocação ou a quaisquer estres-</p><p>sores psicossociais precipitantes, porém os episódios de explosão de</p><p>agressividade recorrentes não são premeditados.</p><p>QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE</p><p>A partir do capítulo 3, disserte sobre os principais sintomas na psicose e</p><p>na neurose. Qual é o principal transtorno mental na psicose encontrado</p><p>na clínica?</p><p>TREINO INÉDITO</p><p>Escolha a alternativa que indica os principais transtornos mentais</p><p>na psicose:</p><p>a) Esquizofrenia, ansiedade generalizada e transtorno bipolar.</p><p>b) Síndromes fóbicas, Esquizofrenia e Parafenia.</p><p>c) Síndromes histéricas, síndromes fóbicas e síndromes depressivas.</p><p>d) Esquizofrenia, síndromes maníacas e transtorno de pânico.</p><p>e) Esquizofrenia, Paranóia e síndromes maníacas.</p><p>NA MÍDIA</p><p>Quando não tratada corretamente, a ansiedade pode virar uma adver-</p><p>sidade e desencadear outros transtornos mentais, como a depressão,</p><p>que acomete aproximadamente 300 milhões de pessoas no mundo, se-</p><p>gundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). De acordo com</p><p>o último grande mapeamento global de transtornos mentais, realizado</p><p>pela OMS, o Brasil possui a população com a maior prevalência de</p><p>transtornos de ansiedade do mundo. Para se ter uma ideia, aproximada-</p><p>mente 9,3% dos brasileiros sofrem de ansiedade patológica. Em segui-</p><p>da, aparece o Paraguai (7,6%), Noruega (7,4%), Nova Zelândia (7,3%)</p><p>e Austrália (7%). Índice elevado de desemprego, recorrentes mudanças</p><p>no rumo da economia e falta de segurança pública são apontados por</p><p>especialistas ouvidos pela BBC Brasil como principais fatores para a</p><p>alta prevalência de transtornos de ansiedade na população.</p><p>Fonte: Por que o Brasil tem a população mais ansiosa do mundo</p><p>Data da publicação: 27/02/2023</p><p>Fonte: https://g1.globo.com/saude/noticia/2023/02/27/por-que-o-brasil-</p><p>-tem-a-populacao-mais-ansiosa-do-mundo.ghtml</p><p>68</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Os transtornos de ansiedade são doenças psiquiátricas consideradas</p><p>comuns, diferindo do estado de ansiedade. Os transtornos de ansieda-</p><p>de podem causar não apenas tensão ou medo temporários, mas, taqui-</p><p>cardia temporária, tremores e outras reações fisiológicas. Em pessoas</p><p>com transtornos de ansiedade, a ansiedade pode não desaparecer ou</p><p>até piorar. Para os pacientes com transtornos de ansiedade, eles não são</p><p>apenas afetados pelo impacto psicológico, mas também podem sentir</p><p>desconforto físico, e até mesmo os sintomas podem afetar a vida diária,</p><p>incluindo desempenho no trabalho, desempenho escolar ou relaciona-</p><p>mento interpessoal, e continuam a se repetir por um longo período/tempo.</p><p>As pessoas que apresentam mais sintomas de ansiedade durante a gra-</p><p>videz também são mais propensas a desenvolver depressão pós-parto.</p><p>Título: Transtorno de Pânico e Ansiedade: Condições Multifatoriais</p><p>Data da publicação: 02/06/2022</p><p>Fonte: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/down-</p><p>load/30122/26087/346800</p><p>PARA SABER MAIS</p><p>Alguns tipos de medicamentos ou substâncias podem alterar a mente</p><p>de forma inesperada e ruim, desenvolvendo o transtorno psicótico. No</p><p>vídeo abaixo é demonstrado como isso ocorre.</p><p>Título: Conheça o transtorno psicótico induzido por substância ou me-</p><p>dicamento</p><p>Data da publicação: 28/12/2021</p><p>Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=1oWVld5ctKI</p><p>69</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>GABARITOS</p><p>CAPÍTULO 01</p><p>QUESTÕES DE CONCURSO</p><p>QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO</p><p>DE RESPOSTA</p><p>A evolução do conhecimento em psicopatologia se deu ao longo de toda</p><p>a história. Na tentativa de buscar explicações acerca das alterações</p><p>comportamentais e mentais, desde a Grécia Antiga, o homem buscou</p><p>dar conta dessas questões de diversas maneiras. Levar em considera-</p><p>ção o momento histórico é primordial para a compreensão da evolução</p><p>desse conhecimento. Para cada época, há uma explicação. A Grécia</p><p>Antiga é marcada pelo atravessamento dos deuses, em que a loucu-</p><p>ra era exposta como a impossibilidade de escolha do sujeito. Com Hi-</p><p>pócrates, ainda na Grécia Antiga, há um afastamento das explicações</p><p>mítico-religiosas, com uma visão racionalista, em que havia desarran-</p><p>jos no homem. Ao longo da história, é possível observar avanços e re-</p><p>trocessos sobre esse tema. Na Idade Média há um retorno da crença</p><p>mítico-religiosa sobre a doença mental, levando à exclusão do louco da</p><p>sociedade, em que asilos e hospitais foram construídos a fim de afastar</p><p>o doente mental do convívio social. Nessa época, a loucura era encara-</p><p>da como algo perigoso e do mal. Durante todo esse processo, é possí-</p><p>vel observar o lugar do louco na sociedade e, por muito tempo, houve</p><p>um assujeitamento do indivíduo que apresentava um transtorno mental,</p><p>colocando-o como incapacitado de suas escolhas e vida em sociedade.</p><p>Descartes surge apresentando outra concepção da loucura, de forma</p><p>muito racionalizada, ainda não considerando aspectos psíquicos e men-</p><p>tais. Dessa forma, se mantém a exclusão, pois se o sujeito considerado</p><p>louco não tinha capacidade de pensar racionalmente, este não tinha</p><p>condições de seguir vivendo em sociedade. Pinel, em outro momento</p><p>da história, apresenta sua concepção revolucionando a visão sobre o</p><p>sujeito doente mental e o seu tratamento, levando em conta, então, as-</p><p>pectos psíquicos e mentais. A Psicanálise surge com Freud, no final do</p><p>século XVIII e começo do século XIX, subvertendo toda a concepção</p><p>até então na história, sustentando o sujeito do inconsciente e a singu-</p><p>laridade no diagnóstico e tratamento da pessoa com doença mental. O</p><p>70</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>intenso sofrimento psíquico presente na pessoa considerada louca e a</p><p>importância de tratar tal sofrimento, o que gera os sintomas, como con-</p><p>sequência da experiência individual.</p><p>Todo esse processo na evolução do conhecimento em psicopatologia</p><p>tem efeitos na luta antimanicomial atualmente, que busca pelos direitos</p><p>humanos e pela cidadania do sujeito com intenso sofrimento psíquico. A</p><p>luta antimanicomial vai ao encontro da psicanálise e proposta freudiana</p><p>de resgatar o sujeito com transtorno mental.</p><p>TREINO INÉDITO</p><p>Gabarito: C</p><p>71</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>CAPÍTULO 02</p><p>QUESTÕES DE CONCURSO</p><p>QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO</p><p>DE RESPOSTA</p><p>A avaliação psicopatológica consiste na realização de entrevistas ao pa-</p><p>ciente e seu exame psíquico, que nada mais é que a avaliação das funções</p><p>mentais do sujeito. Esses dois instrumentos se somam para um diagnósti-</p><p>co adequado e de qualidade. O número de entrevista é variável, a depen-</p><p>der de cada caso. Além da entrevista ao paciente, é também importante a</p><p>entrevista aos familiares ou pessoas que convivem com o indivíduo, a fim</p><p>de contribuírem para a compreensão do todo do paciente, além dos sinto-</p><p>mas. A entrevista ao sujeito é também chamada anamnese.</p><p>A semiologia é considerada a base fundamental da psicopatologia. Ela é</p><p>entendida como o estudo dos signos. Signos são os sinais ou os sinto-</p><p>mas da doença mental. Semiologia e a avaliação psicopatológica, apesar</p><p>de serem apresentadas separadamente, como uma maneira mais didáti-</p><p>ca para compreensão, elas andam juntas em todo processo de avaliação.</p><p>Compreender a semiologia é a base para a realização de um diagnóstico.</p><p>O profissional deve estar atento aos signos ou sinais dos sintomas que o</p><p>sujeito apresenta, para poder realizar a avaliação da psicopatologia.</p><p>TREINO INÉDITO</p><p>Gabarito: D</p><p>72</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>CAPÍTULO 03</p><p>QUESTÕES DE CONCURSO</p><p>QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO</p><p>DE RESPOSTA</p><p>Na psicose, o delírio e a alucinação são os principais sintomas. É por</p><p>meio deles que há uma tentativa de cura do sujeito, de lidar com o sofri-</p><p>mento psíquico intenso. Existem outros possíveis sintomas, como agi-</p><p>tação, pensamento acelerado, entre outras alterações psíquicas, mas a</p><p>psicose é marcada pelo delírio e alucinação. A neurose é marcada</p><p>pela</p><p>angústia. Os conflitos humanos inter e intrapsíquicos no sujeito neuró-</p><p>tico são recorrentes e dolorosos, sendo o sintoma da angústia o centro</p><p>principal do sofrimento dos sujeitos com essa estrutura psíquica.</p><p>A esquizofrenia é o transtorno mental psicótico mais comum encontrado</p><p>na clínica.</p><p>TREINO INÉDITO</p><p>Gabarito: E</p><p>73</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>BARRETO, E. M. de P. & ELKIS, H. Evidências de eficácia da terapia</p><p>cognitiva comportamental na esquizofrenia. Rev. Psiq. Clínica. 34 (2),</p><p>204-207, 2007.</p><p>BARROS, D.M.de. Entrevista psiquiátrica e Exame Psíquico, 2008.</p><p>CALLIGARIS, C. Conversando com Ferreira Gullar, 2009.</p><p>CANGUILHEN, G. O normal e o patológico. Tradução de Maria Thereza</p><p>Redig de Carvalho Barrocas. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009</p><p>Código de Ética Médica, 2019.</p><p>Código de Ética do Psicólogo, 2012.</p><p>DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos</p><p>Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2008</p><p>DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos</p><p>Mentais. 2 Edição. Porto Alegre: Artmed, 2007.</p><p>DEL-BEN, C.M; RUFINO, A.C.T.B.F; AZEVEDO-MARQUES, J.M de;</p><p>MENEZES, P. R. Diagnóstico diferencial de primeiro episódio psicótico:</p><p>importância da abordagem otimizada nas emergências psiquiátricas. In:</p><p>Revista Brasileira de Psiquiatria. Vol.32. supl. II. Outubro 2010.</p><p>DSM- 5: Manual de diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, 5°</p><p>Edição, 2013.</p><p>DUNKER, C. Questões entre a psicanálise e o DSM, 2017.</p><p>DUNKER, C. Afeto, emoção e sentimento na psicanálise, 2017.</p><p>DUNKER, C. O que é o Complexo de Édipo para a Psicopatologia Clí-</p><p>nica?, 2016.</p><p>FREUD, S. Sobre o narcisismo - Uma introdução, 1914. In: ESB. Vol.</p><p>XIV, Rio de Janeiro: Imago Editora.</p><p>FREUD, S. Psicologia de Grupo e Análise do Ego, 1920 In: ESB. Capí-</p><p>tulo VII: Identificação. Vol. XVIII, Rio de Janeiro: Imago Editora.</p><p>74</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>FREUD, S. A Organização Genital Infantil – Uma Interpolação na Teoria</p><p>da Sexualidade, 1923 In: ESB. Vol. XIX, Rio de Janeiro, Imago Editora</p><p>FREUD, S. A Dissolução do Complexo de Édipo, 1924 In: ESB. Vol. XIX,</p><p>Rio de Janeiro: Imago Editora.</p><p>FREUD, S. Notas psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de um</p><p>caso de paranóia, 1911.</p><p>FREUD, S. Fragmento de uma análise de um caso de histeria, 1905.</p><p>FREUD, S. Notas sobre um caso de neurose obsessiva, 1909.</p><p>GAINO, L. V.; SOUZA, J. DE; CIRINEU, C.T & TULIMOSKY, T. D. O</p><p>conceito de saúde mental para profissionais de saúde: um estudo trans-</p><p>versal e qualitativo. In: Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed.</p><p>port.) vol. 14 n. 2 abr./jun. 2018.</p><p>GREEN, H. Nunca lhe prometi um Jardim de Rosas. Rio de Janeiro:</p><p>Editora Imago, 1974</p><p>GUTMAN, G. A pequena flor sobre a mesa, na sala de jantar, s/d.</p><p>JASPERS, K. Psicopatologia Geral. São Paulo: Livraria Atheneu, 1913.</p><p>MARÇAL, A. Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios. São</p><p>Paulo: Companhia das letras, 2005.</p><p>MATOS, E. G DE; MATOS, T.M.G DE & MATOS, G.M.G DE. A importân-</p><p>cia e as limitações do uso do DSM-IV na prática clínica. In Rev. psiquia-</p><p>tr. Rio Grade do Sul v. 27 n.3 Sep./Dec. 2005.</p><p>MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cadernos de Atenção Básica: Saúde Mental, 2013.</p><p>MORAES, F.C.F. DA S. & MACEDO, M.M.K. A Noção de Psicopatologia:</p><p>Desdobramentos em um Campo de Heterogeneidades. In: Revista Ágo-</p><p>ra – Estudos em Teoria Psicanalítica. V. XXI n. 1 jan./abril 2018.</p><p>MURAT, L. O Homem que se achava Napoleão: Por uma história políti-</p><p>ca da loucura. São Paulo: Três Estrelas, 2012</p><p>NUTE-UFSC. Semelhanças entre os critérios CID-10 e DSM-5, 2016.</p><p>75</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>PEREIRA, M.E.C. O que é transtorno mental? 2016.</p><p>PINTO, L.F.S & RAIMUNDO, J. Menina ressuscitada em hospital reco-</p><p>nhece médico que a salvou, 2011.</p><p>POLAKIEWICZ, R. A luta antimanicomial e a reforma psiquiátrica, 2020.</p><p>SIMÕES, ALEXANDRE & GONÇALVES, GESIANNI. Psicanálise e Psi-</p><p>copatologia: Olhares Contemporâneas. São Paulo: Blucher, 2019</p><p>SOUZA, M. R. de. A Psicanálise e o Complexo de Édipo: (Novas) Ob-</p><p>servações a partir de Hamlet. Psicologia USP. 17 (2), 135 – 155, 2006.</p><p>TEIXEIRA, J.A.C. Introdução às abordagens fenomenológica e existen-</p><p>cial em psicopatologia (II): As abordagens existenciais. In: Análise Psi-</p><p>cológica. v.2 n. 15 1997.</p><p>YALOM, I.D. Quando Nietzsche Chorou. Rio de Janeiro: Harper Collins,</p><p>2019.</p><p>76</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>de cada um, considerando</p><p>o sofrimento intenso e individual do sujeito.</p><p>Por fim, após percorrer sobre várias questões como citado aci-</p><p>ma, é possível chegar às principais doenças e transtornos psiquiátricos</p><p>e suas possíveis abordagens de tratamento, causas e definições. O úl-</p><p>timo capítulo irá apresentar não somente as doenças, mas seus prin-</p><p>cipais sintomas e as diferenças entre as estruturas clínicas (psicose e</p><p>neurose), aspectos essenciais para a direção do tratamento.</p><p>12</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>NOÇÕES DE PSICOPATOLOGIAS: CRITÉRIOS DE SAÚDE E DOEN-</p><p>ÇA MENTAL</p><p>O conceito de saúde e normalidade em psicopatologia e em</p><p>saúde mental é tido como uma questão bastante controversa. Quando</p><p>se observa na clínica casos considerados extremos, com importantes</p><p>alterações comportamentais e mentais, sendo a intensidade e duração</p><p>dessas alterações os principais norteadores, torna-se menos problemá-</p><p>tico e mais fácil delinear aquilo que é considerado normal ou patológico.</p><p>Porém, há casos considerados limítrofes, em que o profissional muitas</p><p>vezes se depara com uma linha bastante tênue entre a saúde e a doen-</p><p>ça mental. Em todos os casos, mas em especial nesses casos limítrofes,</p><p>a observação clínica, bem como a escuta, as interpretações e o saber</p><p>ASPECTOS GERAIS SOBRE A</p><p>PSICOPATOLOGIA</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>12</p><p>13</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>pensar são primordiais para a condução do caso. Compreender o que é</p><p>normal ou patológico em psicopatologia é de extrema importância, para</p><p>isso, é necessário considerar diversos aspectos do diagnóstico clínico.</p><p>Dalgalarrondo, importante nome na área da psicopatologia,</p><p>apresenta-nos em um de seus livros, diversas questões para pensar</p><p>sobre normalidade em psicopatologia e a definição de saúde e doença</p><p>mental: “O conceito de normalidade em psicopatologia também implica</p><p>a própria definição do que é saúde e doença mental. Esses temas apre-</p><p>sentam desdobramentos em várias áreas da saúde mental” (DALGA-</p><p>LARRONDO, 2008, p. 31).</p><p>É possível, então, já pensar que não há uma definição fe-</p><p>chada e única sobre os conceitos de normalidade, saúde e doença</p><p>mental.</p><p>Abaixo, seguem as diferentes áreas da saúde mental citadas</p><p>pelo autor. Em cada uma delas, há diferentes desdobramentos ao discu-</p><p>tir esses temas. Pensar nas diferentes áreas da saúde mental também</p><p>abre espaço para refletirmos acerca dos cuidados e da complexidade</p><p>referentes ao tema da psicopatologia.</p><p>Quadro 1 – Áreas da saúde mental citadas por Dalgalarrondo</p><p>Fonte: DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos Transtor-</p><p>nos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2008</p><p>Critérios de Normalidade</p><p>É de comum acordo entre diferentes autores de que há muitos</p><p>critérios para se pensar sobre normalidade e anormalidade em psico-</p><p>patologia.</p><p>14</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>O primeiro, e muito comum, é se pensar em normalidade como</p><p>ausência de doença. No caso da psicopatologia, pensar em saúde como</p><p>ausência de doença é pensar que a saúde mental é definida pela ausên-</p><p>cia da doença mental. Se tivermos somente essa definição como base, a</p><p>qual parece bastante falha, termos uma percepção precária e simplista.</p><p>Outro critério é o de normalidade ideal. Nesse caso, a norma-</p><p>lidade é tida como uma “utopia”, uma idealização de um normal. Uma</p><p>norma ideal, aquilo que supostamente é sadio ou mais evoluído. São</p><p>trazidas aqui algumas questões para se pensar sobre esse critério de</p><p>normalidade: O que é ideal? O que é considerado evoluído ou ideal em</p><p>saúde mental? Seria uma construção social, cultural ou ideológica que</p><p>nos daria a definição daquilo que é ideal ou normal em saúde?</p><p>Outro critério de normalidade que também nos parece falho,</p><p>especialmente por estarmos discutindo sobre saúde mental, é a nor-</p><p>malidade estatística. É uma normalidade que costuma ser aplicada em</p><p>fenômenos quantitativos. Nesse caso, o normal é aquilo observado com</p><p>mais frequência. Será que a utilização somente desse critério com se-</p><p>res humanos é viável?</p><p>Normalidade como bem-estar é baseada a partir da definição</p><p>de saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a OMS, a</p><p>saúde é definida como o completo bem-estar biopsicossocial do sujeito.</p><p>Há críticas por se apresentar como uma definição vasta e imprecisa,</p><p>uma vez que o completo bem-estar de um sujeito é tão utópico que</p><p>poucas pessoas seriam avaliadas como saudáveis.</p><p>A normalidade funcional é baseada em aspectos funcionais.</p><p>Nesse caso, é considerado normal ou patológico quando um determina-</p><p>do fenômeno é disfuncional, ou seja, que produz sofrimento ao sujeito</p><p>ou para um grupo social.</p><p>Normalidade como processo apresenta uma visão de norma-</p><p>lidade a partir de aspectos dinâmicos. Leva-se em conta os aspectos</p><p>dinâmicos do desenvolvimento, das crises, das mudanças que são pró-</p><p>prias a cada período.</p><p>Normalidade subjetiva é um critério de normalidade que dá ên-</p><p>fase à própria percepção do sujeito sobre si e sobre sua saúde. Dalga-</p><p>larrondo nos alerta ao cuidado necessário ao adotar esse critério, pois</p><p>há muitas pessoas que dizem sentir-se muito bem e saudável, mas por</p><p>detrás daquilo que falam, podem estar vivenciando um período de ma-</p><p>nia, que é um transtorno mental grave.</p><p>Normalidade como liberdade: esse critério de normalidade é</p><p>muito usado por profissionais que se guiam pela linha da abordagem fe-</p><p>nomenológica e existencial. Haverá um item no capítulo 2, mais adiante,</p><p>em que falaremos mais detalhadamente sobre a psicopatologia feno-</p><p>15</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>menológica e existencial. Por enquanto, ficaremos somente com o crité-</p><p>rio de normalidade/anormalidade, que propõe a doença mental como a</p><p>perda da liberdade existencial.</p><p>Normalidade operacional considera como critério do que é</p><p>normal ou patológico de forma pragmática, definindo a priori o que é</p><p>doença e o que é saúde, e trabalha de maneira operacional sobre os</p><p>conceitos já definidos.</p><p>Diante dos diferentes critérios apresentados acima sobre o que</p><p>é normal ou patológico, podemos ter ideia da complexidade do tema</p><p>que é retratado nesta unidade.</p><p>Pode-se concluir que a psicopatologia é uma área que exi-</p><p>ge uma postura crítica e reflexiva constante dos profissionais. A</p><p>clínica em psicopatologia está intimamente ligada ao como fazer:</p><p>observação, escuta, estudo teórico permanente, supervisão dos</p><p>casos clínicos e saber pensar.</p><p>... enfatiza-se a impossibilidade de desconsiderar as implicações subjacen-</p><p>tes aos “critérios” que definem o normal e o patológico. Trata-se de não igno-</p><p>rar que o sujeito é multifacetado e, portanto, não pode ser reduzido a apenas</p><p>uma de suas dimensões, principalmente quando se abarcam questões acer-</p><p>ca do sofrimento humano. (MORAES & MACEDO, 2018, s.p.).</p><p>Para Gaino et al (2018), o conceito de saúde e doença na área</p><p>de saúde mental segue apenas dois paradigmas para a discussão des-</p><p>se tema. Segundo esses autores, o primeiro paradigma é denominado</p><p>biomédico, em que o foco é exclusivo na doença e nas manifestações</p><p>dela, em que a loucura é o único objeto de estudo. O outro paradigma</p><p>tem o viés social, chamado produção social de saúde. Neste caso, a</p><p>saúde é vista de forma mais complexa, levando-se em consideração ou-</p><p>tros aspectos para além da sintomatologia da loucura, como aspectos</p><p>sociais, econômicos, culturais e ambientais. No segundo paradigma, a</p><p>loucura vai para além de um diagnóstico psiquiátrico.</p><p>16</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Figura1: Normal e patológico</p><p>Fonte: DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos</p><p>mentais, 2007.</p><p>17</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>O psicopatólogo não julga moralmente o seu objeto, busca</p><p>apenas observar, identificar e compreender os diversos elementos da</p><p>doença mental (DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e Semio-</p><p>logia dos</p><p>Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2008, p. 27).</p><p>EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO PSICOPATOLÓGICO</p><p>A evolução do conhecimento psicopatológico se deu ao longo</p><p>de muitos anos e a compreensão se dá a partir do contexto histórico-</p><p>-político de cada época. Compreender a evolução do tema é também</p><p>articulá-la com a história da própria humanidade. Para cada período his-</p><p>tórico há uma particularidade, um conceito ou uma compreensão sobre</p><p>as doenças mentais. Considerar a história da humanidade nos remete,</p><p>mais uma vez, à amplitude e complexidade do tema.</p><p>Desde a Grécia Antiga há uma tentativa de compreender e lidar</p><p>com as doenças e os transtornos mentais. Nessa época, as tragédias</p><p>gregas eram escritas para dar conta dos ‘desvios’ comportamentais e</p><p>mentais. A intenção não era explicar teoricamente as psicopatologias,</p><p>mas retratar o cotidiano das pessoas numa tentativa de elaborar, atra-</p><p>vés da arte, os desvios e dramas vivenciados e presenciados.</p><p>Nas tragédias gregas, a loucura era exposta como a impossibi-</p><p>lidade de escolha do sujeito. É importante lembrar e ressaltar que, nes-</p><p>sa época, o destino dos indivíduos era imposto pelos deuses. Dar conta,</p><p>de alguma forma, da loucura nessa época, era estar atravessado pela</p><p>divindade. Nesse período, tirava-se da pessoa, que era considerada</p><p>louca, seu lugar de sujeito na sociedade. Os efeitos do assujeitamento</p><p>do indivíduo com transtorno mental serão vistos ao longo de toda a his-</p><p>tória. Esse aspecto se difere dos dias atuais?</p><p>Ainda na Grécia Antiga, em meados de 400 a.C, começa a sur-</p><p>gir a concepção do Hipócrates, em que o modelo mítico – teológico pas-</p><p>sa a ser substituído por outro, uma visão mais racionalista, afastando,</p><p>então, a influência divina na loucura. A partir de Hipócrates, a loucura</p><p>passa a ser vista como uma doença, decorrente de desarranjos no ho-</p><p>mem. Essa proposta se dá a partir de uma visão organicista. A busca</p><p>de Hipócrates, na tentativa de explicar esses desarranjos, influenciou</p><p>significativamente a medicina nos séculos XVIII e XIX. Ao enfatizar o or-</p><p>ganicismo para na etiologia das doenças mentais, a doutrina hipocrática</p><p>18</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>desconsiderou explicações e elementos psíquicos.</p><p>No segundo século depois de Cristo surge outra concepção</p><p>acerca da loucura e da doença mental. Claudio Galeno, atravessado</p><p>pela cultura judaico-cristã, passa a considerar a existência da alma. Ao</p><p>mesclar as teorias de Platão e Hipócrates, sustentou sua teoria funda-</p><p>mentando a dualidade corpo-mente. Apesar de ainda ser uma teoria</p><p>bastante organicista, ela abriu espaço para se pensar em conceitos psi-</p><p>cológicos que até então não eram considerados. Antes disso, o psíquico</p><p>era considerado somente como reflexo de eventos somáticos.</p><p>No período medieval, que data dos séculos V ao XV, há um re-</p><p>torno de uma visão mítico-teológica sobre a loucura. Nessa época, o lou-</p><p>co era visto como perigoso. As manifestações mentais eram tidas como</p><p>anormais e insanas, assumindo uma marca de condenação e culpa. Nes-</p><p>se período, o homem passou a ser considerado novamente um ser pas-</p><p>sivo. As manifestações emocionais e mentais advindas da doença eram</p><p>vistas como uma possessão demoníaca, o que reforçava a exclusão do</p><p>louco da sociedade e de seu lugar como perigoso e mal. Mais uma vez se</p><p>observa o assujeitamento do indivíduo com transtorno mental.</p><p>É importante ressaltar, nesse momento, os mecanismos de ex-</p><p>clusão do louco na sociedade. Nesse período, a loucura não era perce-</p><p>bida como um fenômeno que necessitasse de um conhecimento cien-</p><p>tífico. Foram criados estabelecimentos para retirar do convívio social o</p><p>indivíduo que não se adaptava à sociedade. Estabelecimentos como</p><p>asilos e hospitais foram criados para esse fim.</p><p>Com o fim da Idade Média e o consequente declínio do poder</p><p>das Igrejas, surgem as novas teorias, conhecidas como as teorias re-</p><p>nascentistas. Essas teorias propiciaram o início das investigações cien-</p><p>tíficas a partir de uma corrente filosófica que defendia que a verdade de-</p><p>veria ser alcançada por meio da razão, e não da fé. O surgimento dessa</p><p>visão racionalista foi possível a partir da dissociação das influências te-</p><p>ológicas. Descartes é o teórico que surge nesse momento, defendendo</p><p>a conhecida frase “Penso, logo existo”. Segundo ele, o homem existe,</p><p>pois é possível inscrevê-lo no simbólico e no pensamento. A partir dele,</p><p>dá-se início ao discurso da ciência.</p><p>Apesar de introduzir esse novo método, Descartes não deixou</p><p>de afirmar a existência de Deus no pensamento humano e, apesar des-</p><p>sa nova proposta, não deixa claro suas considerações acerca do dua-</p><p>lismo mente-corpo. Para Descartes, o eu estava ligado ao pensamento</p><p>e à consciência, como uma entidade racional.</p><p>Com base nessa definição proposta por Descartes, o eu na</p><p>loucura não estava amparado pela razão; portanto, os loucos ficavam,</p><p>mais uma vez, à margem da sociedade. Considerados irracionais, eram</p><p>19</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>colocados como excluídos, diferentes daqueles que pensam e racionali-</p><p>zam. É nessa época que surgem os confinamentos e encarceramentos</p><p>dos loucos. Acompanhamos aqui mais um momento na história da hu-</p><p>manidade do assujeitamento do indivíduo com doença mental.</p><p>Uma vez que o “eu” associado à loucura não estava amparado na razão, em</p><p>um contexto que sustentava a primazia do pensamento e, logo, da consciên-</p><p>cia, os loucos ficavam à margem, excluídos das novas perspectivas que se</p><p>vislumbravam na cena social. Foucault (1978) sustenta que a loucura, mais</p><p>enfaticamente no século XVIII, foi associada à marginalidade humana, já que</p><p>muitas pessoas nessas condições assumiam o comportamento de animais e,</p><p>portanto, deveriam ser tratadas como tais. Estas manifestações passam, en-</p><p>tão, a ser vistas como uma forma de alienação das regras sociais. Nesse con-</p><p>texto, ocorreu o movimento social do denominado “Grande Confinamento”,</p><p>no qual os membros da sociedade que eram considerados irracionais foram</p><p>encarcerados e institucionalizados em asilos. Destaca-se que esse momento</p><p>histórico, marcado por acelerada urbanização e crescente industrialização no</p><p>mundo do trabalho, favoreceu o confinamento da loucura, em decorrência da</p><p>inadaptação do louco diante das mudanças e de sua incômoda presença na</p><p>paisagem social (FOUCAULT, 1978 apud MORAES & MACEDO, 2018, s.p.).</p><p>É no século XIX que ocorre uma importante modificação sobre a</p><p>visão da loucura. É com Phillippe Pinel inaugura uma nova especialidade</p><p>médica: a psiquiatria. Segundo a concepção de Pinel, a loucura é tida</p><p>como uma contradição da própria razão, assim, uma parcela de razão era</p><p>mantida nos momentos tidos como alienação. A loucura é vista como uma</p><p>alienação e doença, como um desequilíbrio entre razão e afeto. A palavra</p><p>afeto aparece pela primeira vez no processo de teorização da loucura.</p><p>Não foi só a teorização e visão sobre a loucura que Pinel mo-</p><p>dificou radicalmente, mas também o tratamento. É ele quem reinventa</p><p>o manicômio como lugar de tratamento. Para ele, “os alienados eram</p><p>doentes cujo doloroso estado merecia toda a consideração devida à</p><p>humanidade que sofre e para quem se deve buscar, pelos meios mais</p><p>simples, restabelecer a razão desviada” (PEREIRA, 2004, p. 114, apud</p><p>MORAES e MACEDO).</p><p>Ao longo de todos os anos percorridos na história, parece ser a</p><p>primeira vez que o indivíduo considerado louco é tratado de outra forma e</p><p>os comportamentos tidos como anormais foram vistos como um sofrimento</p><p>a ser tratado e cuidado. O tratamento médico baseado na observação dos</p><p>sintomas como proposta foi um marco radical. Pinel marca, então, a es-</p><p>sência da loucura como desarranjo psíquico. É a partir da nova teorização</p><p>sustentada por ele que outros médicos puderam se debruçar sobre os es-</p><p>tudos mais aprofundados dos sintomas e manifestações psicopatológicas.</p><p>A psicopatologia apareceu como disciplina em 1913, a partir da</p><p>20</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>publicação do livro A psicopatologia geral de Karl Jaspers. Essa obra é</p><p>considerada uma das mais importantes na área.</p><p>A Psicopatologia geral, de Karl Jaspers (1979), primeiramente editada em</p><p>1913, é, certamente, a obra maior da psicopatologia. É “o grande tratado”,</p><p>cuja força primordial é ter lançado as bases metodológicas da disciplina: ba-</p><p>ses a um só tempo clinicamente rigorosas e filosoficamente muito bem em-</p><p>basadas (DALGALARRONDO, 2008, p. 13).</p><p>Apesar de toda a descoberta sobre a psicopatologia, embasan-</p><p>do-se na ciência, e não mais atrelada ao mítico-teológico, processo muito</p><p>importante para história e o conhecimento da psicopatologia, as pessoas</p><p>com transtornos mentais continuavam encarceradas nas instituições, o que</p><p>não levava a nenhuma melhora ou solução dos sintomas daqueles que</p><p>se encontravam nessa situação. A constante busca e preocupação pela</p><p>classificação da psiquiatria acabaram gerando uma ideia de cronicidade da</p><p>doença, como consequência do confinamento perpétuo nos manicômios.</p><p>É então nesse contexto que surge, no final do século XIX, a</p><p>psicanálise. Sigmund Freud apresenta proposições que se deram a par-</p><p>tir dos questionamentos e descobertas acerca dessas doenças. Com a</p><p>psicanálise ocorreram importantes transformações na compreensão e</p><p>terapêutica das patologias psíquicas.</p><p>Com que foi apresentado aqui, é possível perceber o empenho</p><p>do homem na busca de explicações sobre si mesmo e sobre o mundo.</p><p>Esse processo se deu, e ainda se dá, ao longo dos séculos, na história</p><p>da humanidade. No processo de construção de conhecimento ocorre-</p><p>ram avanços e retrocessos. Na evolução do conhecimento sobre a psi-</p><p>copatologia não foi diferente. As concepções sobre esse tema oscilaram</p><p>ao longo da história. O tema estudado: a loucura, a doença mental,</p><p>aquilo que escapa ao dito normal, gera desconforto, causa ainda mais</p><p>dificuldade a sua teorização e busca pela verdade. Mas, afinal, o que é</p><p>a verdade? Deixar a loucura escondida, nos hospícios, manicômios ou</p><p>asilos, como se deu por várias vezes e por muito tempo, foi o possível</p><p>encontrado para lidar com o limite do saber, escancarando ao homem a</p><p>complexidade do tema e impossibilidade de um saber total.</p><p>A complexidade na definição sobre psicopatologia e todos os</p><p>entraves para sua compreensão ao longo da história, mostra-nos que não</p><p>há uma única conceituação, restrita e homogênea. Há uma busca pela</p><p>praticidade no diagnóstico, presente nos manuais classificatórios de psi-</p><p>copatologia, porém, é necessário que não se confunda essa visão descri-</p><p>tiva e pragmática com a compreensão dinâmica do adoecimento mental.</p><p>Os manuais classificatórios de psicopatologia, como o Manual</p><p>Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), surgem como</p><p>21</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>consequência dessa busca, ao longo dos séculos, por sistematizar e</p><p>classificar as doenças mentais. A primeira edição desse manual, o DSM-</p><p>-I, foi publicada em 1952, sendo revista e atualizada em 1968 (DSM- II),</p><p>1980 (DSM-III), 1987 (DSM- III- R) e sua última atualização foi em 1994</p><p>(DSM- IV) (MATOS ET AL, 2005). Os manuais são importantes e foram</p><p>revolucionários na área, principalmente na psiquiatria. Porém, o uso ex-</p><p>clusivo deles para a realização do diagnóstico não parece recomendado.</p><p>É primordial o uso cuidadoso dos manuais, somado à compreensão dinâ-</p><p>mica e ao diagnóstico clínico, que requer a observação e escuta.</p><p>A partir do que foi exposto, é possível retomar a discussão so-</p><p>bre normal e patológico em psicopatologia, relacionando os dois temas</p><p>discutidos até aqui. Tendo em vista toda a complexidade exposta sobre</p><p>as doenças da mente e todo o percurso ao longo da história, não tem</p><p>como desconsiderar os critérios de normalidade como parte da compre-</p><p>ensão sobre a evolução do conhecimento em psicopatologia.</p><p>“...Trata-se de não ignorar que o sujeito é multifacetado e,</p><p>portanto, não pode ser reduzido a apenas uma de suas dimensões,</p><p>principalmente quando se abarcam questões acerca do sofrimento</p><p>humano” (MORAES & MACEDO, 2018, s.p).</p><p>A luta antimanicomial é um processo social de transformação</p><p>dos serviços psiquiátricos que ocorre como efeito durante todo esse</p><p>tempo de evolução dos conhecimentos e tratamento das doenças men-</p><p>tais. No Brasil, é comemorada no dia 18 de maio, mas ela se dá em</p><p>escala mundial e deriva de uma série de eventos políticos globais. O</p><p>Movimento Antimanicomial ou Luta Antimanicomial é baseado no dis-</p><p>curso do médico italiano Franco Basaglia.</p><p>Esse processo histórico se dá pela defesa dos direitos huma-</p><p>nos e pela busca da cidadania das pessoas que se encontram em in-</p><p>tenso sofrimento psíquico. Como vimos, ao longo de toda história da</p><p>humanidade, a loucura foi, por muito tempo, considerada anormal, e</p><p>a exclusão e marginalização do sujeito com transtorno mental foi uma</p><p>prática comum. A luta Antimanicomial surge como uma subversão àquilo</p><p>que foi feito até então, resgatando o sujeito, trazendo-o para o convívio</p><p>social, criticando as internações, oferecendo tratamentos possíveis fora</p><p>do contexto hospitalar. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS),</p><p>tão importantes no tratamento, surgem como proposta subversiva ao</p><p>22</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>tratamento no manicômio e de exclusão. O paciente que necessita de</p><p>tratamento o fará em um espaço próprio, com profissionais capacita-</p><p>dos, mas viverá cotidianamente em sua casa e inserido na sociedade.</p><p>A internação se dará em casos extremos, de muita gravidade, mas será</p><p>feita a partir de avaliações multi e interdisciplinares.</p><p>Ainda há um desafio constante aos profissionais da saúde</p><p>mental para sustentarem esse modelo de tratamento. Mas, não há</p><p>como negar o avanço e as conquistas possíveis que essa luta histórica</p><p>oferece às pessoas com transtorno mental. Ao reconhecer os aspectos</p><p>psíquicos envolvidos na etiologia e sintomatologia de uma psicopatolo-</p><p>gia, as possibilidades terapêuticas se transformaram, sendo que a atu-</p><p>ação de outros profissionais, em conjunto com o médico, é primordial</p><p>para a melhora dos sintomas e do sofrimento do sujeito. Assim, Psicó-</p><p>logos, Terapeutas ocupacionais e Assistentes sociais são profissionais</p><p>necessários à sustentação do tratamento e inserção do sujeito junto à</p><p>sociedade. Abaixo segue uma figura que mostra o funcionamento da</p><p>rede de atenção à saúde mental.</p><p>Figura 2: Rede de Atenção à Saúde Mental</p><p>Fonte: Ministério da Saúde, 2013.</p><p>23</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Psicopatologia e Psicanálise: Efeitos da Evolução do Conhecimen-</p><p>to Psicopatológico</p><p>Moraes & Macedo (2018) afirmam que, apesar de todo avanço</p><p>importante e necessário feito por Pinel, que postula “um resto de razão</p><p>na loucura” (p. 89), Freud traz contribuições revolucionárias a respeito</p><p>do sujeito psíquico. Através da psicanálise, o fundador traz à tona o</p><p>sujeito do inconsciente, subvertendo toda a ordem médica e a concep-</p><p>ção da época sobre a loucura. Diferentemente de Pinel, Freud buscará</p><p>encontrar “uma razão na loucura” (p. 89). Freud causa na humanidade</p><p>uma ferida narcísica ao sustentar que o sujeito é regido pelo inconscien-</p><p>te, rompendo com o paradigma consciencialista defendido até então.</p><p>Freud antecede a psicanálise a partir de sua experiência com</p><p>o neurologista Charcot, em Paris, em que, a partir das observações do</p><p>tratamento de mulheres histéricas, o pai da psicanálise mostra que com a</p><p>observação foi possível a compreensão das manifestações psicopatoló-</p><p>gicas. Foi então, e a partir do cargo de docente adscrito no Hospital Sal-</p><p>pêtrière, que Freud introduziu uma grande modificação no tratamento da</p><p>histeria e demais neuroses, deslocando o olhar para a escuta e mudando</p><p>de forma significativa a forma de relacionamento entre médico e paciente.</p><p>É possível perceber, a partir de Freud e da psicanálise, a pre-</p><p>sença da observação e da escuta como fatores importantes no diag-</p><p>nóstico e na condução de um caso, quando</p><p>se trata de um tratamento a</p><p>uma pessoa com intenso sofrimento psíquico.</p><p>Freud vai cada vez mais sustentando sua concepção teórica e</p><p>suas proposições técnicas, destacando o valor da singularidade tanto</p><p>no método do tratamento quanto no sofrimento psíquico. A psicanálise</p><p>é caracterizada a partir de três vias: ela é um método de investigação do</p><p>inconsciente, ela é uma técnica de tratamento e uma teoria. Trabalhar a</p><p>partir dela é ter esses três pilares presentes no diagnóstico e na condu-</p><p>ção do tratamento. A sua marca revolucionária é o olhar singular para a</p><p>compreensão das configurações psíquicas a partir da experiência única</p><p>de cada sujeito do inconsciente.</p><p>Apesar de Freud ter apresentado ao longo de sua obra as dificul-</p><p>dades de tratamento ao sujeito psicótico, toda sua obra contribuiu gran-</p><p>demente para a compreensão das diferentes estruturas psíquicas, sendo</p><p>que todas elas são encontradas e tratadas a partir da psicopatologia.</p><p>Os estudos de casos escritos por Freud retratam tanto as neu-</p><p>roses, como as as psicoses e a perversão. Fazer o diagnóstico da es-</p><p>trutura clínica é primordial para a direção do tratamento, pois, para cada</p><p>uma delas, há um manejo diferente. E, para cada paciente, em sua</p><p>24</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>estrutura clínica, deve haver uma condução e escuta singulares.</p><p>Quadro 2 – Momento Histórico e a Concepção de Loucura</p><p>Fonte: OLIVEIRA, L.L.C DE, 2020</p><p>ÉTICA EM PSICOPATOLOGIA</p><p>Tratar do tema ética, em psicopatologia, é também retomar o Códi-</p><p>go de Ética da profissão, seja o código de ética em Psicologia ou Medicina.</p><p>É mister considerar sempre o sigilo, os cuidados e a responsabilidade ao</p><p>tratar e cuidar de seres humanos. No caso da psicopatologia, é o cuidado</p><p>e o tratamento do sujeito que se encontra em intenso sofrimento psíquico.</p><p>Não cabe aqui retomar item por item do código de ética pro-</p><p>fissional, mas lembrar da importância de se estabelecer padrões es-</p><p>perados quanto à prática profissional, a fim de garantir ao sujeito um</p><p>tratamento com embasamento científico e humano. Cabe a cada profis-</p><p>sional frente a determinada dúvida referente ao código de ética retomar</p><p>25</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>a leitura deste.</p><p>Código de Ética do Psicólogo. Acesso pelo link: https://</p><p>site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psico-</p><p>logia.pdf</p><p>Porém, não basta a retomada mecânica de cada item, mas ter</p><p>a capacidade de articular com a prática, com o trabalho em equipe e</p><p>com a escuta do sujeito. Estar apoiado ao estudo permanente da teoria,</p><p>bem como na discussão de casos ou supervisão clínica também são</p><p>posturas éticas do profissional diante do sujeito em sofrimento.</p><p>Se retomarmos novamente a psicanálise, ela é uma prática e</p><p>uma ética. A escuta analítica é compreendida como um exercício ético</p><p>que oferece um espaço para um trabalho com a singularidade do su-</p><p>jeito, seus desejos e sofrimentos. O tratamento psicanalítico vai à con-</p><p>tramão das imposições sociais, sua escuta tem como objetivo, também</p><p>ético, de resgatar o sujeito e implicá-lo em seu tratamento e sintomas.</p><p>Outro ponto importante relacionado à ética é o tripé da psicaná-</p><p>lise. Esse tripé é sustentado pelo estudo da teoria, supervisão dos casos</p><p>clínicos e análise/psicoterapia do profissional. Estar em permanente movi-</p><p>mento nesses três pilares também demarca a ética do profissional na sua</p><p>prática. Trabalhar com pessoas que apresentam transtornos mentais muito</p><p>provavelmente irá mobilizar psíquica e emocionalmente questões internas</p><p>dos profissionais. Se propor ao próprio processo de análise/psicoterapêuti-</p><p>co é uma postura ética frente ao seu paciente e à sua prática clínica.</p><p>Os outros dois pilares também são importantes ao se discutir so-</p><p>bre o tema da ética em psicopatologia. O estudo permanente da teoria é</p><p>um dever, mantendo-se informado de novos estudos teóricos ou terapêu-</p><p>ticos, a fim de tentar oferecer sempre um tratamento de qualidade e atual.</p><p>A supervisão dos casos clínicos consiste na discussão de caso</p><p>supervisionado por um profissional mais experiente. Poder compartilhar</p><p>as dificuldades de diagnóstico ou manejo de um determinado paciente,</p><p>com espaço para pensar e se questionar sobre a direção do tratamento,</p><p>é uma postura ética e cuidadosa com o sujeito em sofrimento.</p><p>As supervisões são momentos possíveis de se pensar e dis-</p><p>cutir em outro momento, de outra forma sobre o caso acompanhado,</p><p>afinal, no momento do atendimento, muitas vezes, não é possível pen-</p><p>sar em alguns detalhes (de diagnóstico, manejo ou interpretação, como</p><p>26</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>alguns exemplos) que podem ser melhor compreendidos depois. Esses</p><p>três momentos, conhecidos como o tripé da psicanálise, também contri-</p><p>buem para a escuta singular de cada sujeito em tratamento.</p><p>A discussão clínica com outros profissionais que acompanham</p><p>o caso também faz parte da postura ética. Considerar o sujeito multifa-</p><p>cetado, como nos afirma Moraes e Macedo (2018), é respeitar não só</p><p>a singularidade, mas a compreensão desse sujeito como um todo. A</p><p>discussão clínica multiprofissional é a forma de respeitar esse aspecto</p><p>do tratamento e do próprio sujeito. É importante ressaltar a importância</p><p>do sigilo, mesmo na discussão com outras áreas, dividindo com outros</p><p>profissionais aquilo que é relevante para o tratamento daquela pessoa.</p><p>Relatos íntimos, que vão surgir frequentemente no discurso do indiví-</p><p>duo, muitas vezes são importantes para o tratamento psíquico, mas não</p><p>são relevantes para a discussão multiprofissional. Estar atento ao res-</p><p>peito do sigilo é um dever ético do profissional.</p><p>Vale a pena trazer para a discussão que, independentemente</p><p>da abordagem psicológica usada pelo profissional na direção do trata-</p><p>mento, o respeito à singularidade, o sigilo, a discussão de casos e o</p><p>cuidado mental do profissional consigo mesmo são posturas éticas para</p><p>além da conceituação teórica.</p><p>A presença da psicanálise para a compreensão e mudança de</p><p>paradigma para o tratamento dos transtornos mentais foi fundamental para</p><p>a evolução do conhecimento nessa área. Os efeitos da concepção susten-</p><p>tada por Freud, que dá valor à experiência singular do sujeito, transforma-</p><p>ram a forma de lidar e tratar as doenças mentais para além da abordagem</p><p>utilizada pelo profissional. Afinal, a psicanálise nasce antes da psicologia e,</p><p>é a partir dela, que surgem outras linhas teóricas e métodos terapêuticos.</p><p>27</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>QUESTÃO 1</p><p>Ano: 2019 Banca: Prefeitura do Rio de Janeiro - RJ Órgão: Prefeitu-</p><p>ra de Rio de Janeiro - RJ Prova: Psicólogo</p><p>Segundo Green (2017), o que Freud preza acima de tudo em sua</p><p>teoria do inconsciente não é o recalcado, “pois ele acabará por</p><p>defender a dissociação entre o recalcado e o inconsciente”, mas</p><p>sim o poder criador do:</p><p>A) ego</p><p>B) reprimido</p><p>C) inconsciente</p><p>D) narcisismo</p><p>E) nenhuma das alternativas</p><p>QUESTÃO 2</p><p>Ano: 2019 Banca: IBADE Órgão: Prefeitura de Vilhena - RO Prova:</p><p>Psicopedagogo</p><p>A avaliação psicopedagógica de uma criança ou adolescente com</p><p>TDAH pode sugerir:</p><p>I - Intervenções durante a entrevista.</p><p>II - Intervenções durante a entrevista, a partir do momento em que</p><p>já exista um vínculo entre terapeuta e a criança.</p><p>III - Uso do método cognitivo.</p><p>IV - Que profissional pode focalizar dificuldades específicas da crian-</p><p>ça, em termos de habilidades sociais. Está (ão) correta(as), apenas:</p><p>a) I.</p><p>b) III.</p><p>c) I e II.</p><p>d) IV.</p><p>e) II, III e IV.</p><p>QUESTÃO 3</p><p>Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Campinas - SP Prova:</p><p>VUNESP - 2019 - Prefeitura de Campinas - SP - Médico – Psiquiatria</p><p>Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) têm a principal tarefa de</p><p>A) promover a internação a longo prazo de pacientes com dependência</p><p>química.</p><p>B) triar e acompanhar pacientes com suspeita de transtornos mentais</p><p>de uma área geográfica definida.</p><p>C) não atender crianças e adolescentes.</p><p>D) solucionar</p><p>casos de baixa complexidade por meio de uma perspecti-</p><p>28</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>va biopsicossocial do processo de doença mental.</p><p>E) absorver os casos psiquiátricos de maior complexidade que necessi-</p><p>tam de avaliação especializada.</p><p>QUESTÃO 4</p><p>Ano: 2020 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: Prefeitu-</p><p>ra de Barão de Cocais - MG Prova: Médico Especialista Psiquiatra</p><p>Há vários critérios de normalidade e anormalidade em Medicina e</p><p>Psicopatologia. A adoção desses critérios dependerá de opções</p><p>filosóficas, ideológicas e pragmáticas do profissional médico e</p><p>apresenta implicações clínicas, éticas e legais.</p><p>Relacione a COLUNA II com a COLUNA I, associando critérios de</p><p>normalidade utilizados na prática médica às principais críticas a</p><p>eles associadas.</p><p>COLUNA I</p><p>1. Normalidade como ausência de doença</p><p>2. Normalidade ideal</p><p>3. Normalidade estatística</p><p>4. Normalidade como bem-estar</p><p>5. Normalidade operacional</p><p>COLUNA II</p><p>( ) Nem tudo o que é frequente é saudável, e nem tudo que é infre-</p><p>quente é patológico.</p><p>( ) Depende de critérios socioculturais e ideológicos.</p><p>( ) Baseia-se em uma “definição negativa”, ou seja, define-se a nor-</p><p>malidade por aquilo que lhe falta.</p><p>( ) Aplicam-se conceitos arbitrários, com finalidades pragmáticas</p><p>explícitas.</p><p>( ) Conceito criticável por ser muito vasto e impreciso.</p><p>Assinale a sequência correta.</p><p>A) 3 1 2 4 5</p><p>B) 1 4 2 5 3</p><p>C) 1 4 3 5 2</p><p>D) 3 2 1 5 4</p><p>E) 3 4 1 5 2</p><p>QUESTÃO 5</p><p>Ano: 2020 Banca: IBADE Órgão: Prefeitura de Santa Luzia D`Oeste</p><p>- RO Prova: Psicólogo Clínico</p><p>A Psicopatologia foca na questão do normal e do patológico, uma</p><p>vez que “o conceito de normalidade psicológica e saúde mental</p><p>implica um estado de bem-estar psicológico através do qual o indi-</p><p>29</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>víduo desenvolve as suas próprias capacidades e potencialidades,</p><p>pode lidar eficazmente com o stress, trabalha de forma produtiva</p><p>e com satisfação, sendo capaz de contribuir para a comunidade</p><p>onde está inserido” (Carvalho Teixeira, 2005). Os vários critérios</p><p>de distinção entre o normal e o patológico são:</p><p>A) no critério Psicológico, a normalidade de um sujeito faz parelha com</p><p>uma condição saudável, enquanto o estado patológico se identifica com</p><p>a doença.</p><p>B) no critério Sociológico, a normalidade está associada a determinados</p><p>atributos psicológicos e ao desenvolvimento pessoal.</p><p>C) o critério Biomédico onde o normal é a situação que tiver maior fre-</p><p>quência e o patológico o que é estatisticamente raro.</p><p>D) no critério Psicodinâmico, a normalidade associa-se a um indivíduo</p><p>socialmente adaptado, e o patológico ao comportamento desviante.</p><p>E) no critério Subjetivo, o normal está ligado ao bem-estar psicológico e</p><p>o patológico ao sofrimento psicológico.</p><p>QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE</p><p>Descreva, com base no que foi estudado no capítulo 1, o processo de</p><p>evolução do conhecimento em psicopatologia e articule com a Luta An-</p><p>timanicomial nos dias de hoje.</p><p>TREINO INÉDITO</p><p>Sobre o normal e o patológico em Psicopatologia:</p><p>a) Existe uma única definição sobre o tema.</p><p>b) Trata-se de ignorar o sujeito multifacetado.</p><p>c) A complexidade do tema requer compreensão de diversos critérios,</p><p>exigindo postura crítica no diagnóstico.</p><p>d) Normalidade em saúde é a ausência de doença.</p><p>e) Não é necessário considerar as diferentes áreas de saúde mental.</p><p>NA MÍDIA</p><p>Também conhecida como antimanicomial ou Paulo Delgado, a lei da</p><p>Reforma Psiquiátrica tem como fundamento o tratamento mais huma-</p><p>nizado dos pacientes acometidos por doenças mentais, com o fecha-</p><p>mento gradual de manicômios e hospícios existentes no País. A diretriz</p><p>é a internação do paciente somente se o tratamento fora do hospital</p><p>se provar ineficiente. Em todos esses anos de vigência a lei conseguiu</p><p>promover avanços na forma como o Estado, a sociedade e os próprios</p><p>profissionais de saúde encaram e tratam os doentes mentais no País.</p><p>Mas também enfrentou e enfrenta resistências tanto de ordem cultural</p><p>na forma de ver a doença mental, como também de instituições e pro-</p><p>30</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>fissionais que insistem em velhos métodos, muitos deles considerados</p><p>cruéis, com o uso de camisas de força ou choque elétrico, por exemplo.</p><p>Título: Lei da reforma psiquiátrica completa 21 anos em meio a avanços</p><p>e desafios</p><p>Data da publicação: 25/04/2022</p><p>Fonte: https://www.camara.leg.br/noticias/868531-lei-da-reforma-psi-</p><p>quiatrica-completa-21-anos-em-meio-a-avancos-e-desafios/</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Em 2019, quase um bilhão de pessoas – incluindo 14% dos adoles-</p><p>centes do mundo – viviam com um transtorno mental. O suicídio foi</p><p>responsável por mais de uma em cada 100 mortes e 58% dos suicí-</p><p>dios ocorreram antes dos 50 anos de idade. Os transtornos mentais são</p><p>a principal causa de incapacidade, causando um em cada seis anos</p><p>vividos com incapacidade. Pessoas com condições graves de saúde</p><p>mental morrem em média 10 a 20 anos mais cedo do que a população</p><p>em geral, principalmente devido a doenças físicas evitáveis. O abuso</p><p>sexual infantil e o abuso por intimidação são importantes causas da</p><p>depressão. Desigualdades sociais e econômicas, emergências de saú-</p><p>de pública, guerra e crise climática estão entre as ameaças estruturais</p><p>globais à saúde mental. A depressão e a ansiedade aumentaram mais</p><p>de 25% apenas no primeiro ano da pandemia. Estigma, discriminação e</p><p>violações de direitos humanos contra pessoas com problemas de saúde</p><p>mental são comuns em comunidades e sistemas de atenção em todos</p><p>os lugares; 20 países ainda criminalizam a tentativa de suicídio. Em</p><p>todos os países, são as pessoas mais pobres e desfavorecidas que</p><p>correm maior risco de problemas de saúde mental e que também são</p><p>as menos propensas a receber serviços adequados.</p><p>Título: OMS destaca necessidade urgente de transformar saúde mental</p><p>e atenção</p><p>Data da publicação: 17/06/2022</p><p>Fonte: https://www.paho.org/pt/noticias/17-6-2022-oms-destaca-neces-</p><p>sidade-urgente-transformar-saude-mental-e-atencao</p><p>PARA SABER MAIS</p><p>O artigo abaixo aborda a internações e mortalidades decorrentes de</p><p>transtornos mentais na última década no Brasil. Apresenta-se como</p><p>uma ótima fonte de complementação dos estudos.</p><p>Título: Internação e mortalidade hospitalar por transtornos mentais no</p><p>Brasil: uma análise epidemiológica da última década</p><p>Data da publicação: 08/08/2022</p><p>Fonte: https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/6456/2526</p><p>31</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>O EXAME PSÍQUICO E A SÚMULA PSICOPATOLÓGICA</p><p>A avaliação psicopatológica do paciente consiste na realização</p><p>do exame psíquico e de entrevistas, com o objetivo de obter melhor com-</p><p>preensão sobre o sujeito avaliado, através de outros aspectos da vida dele</p><p>para além do exame psíquico. Muitas vezes, entrevistar a família também</p><p>favorece muito esse processo de avaliação. As entrevistas são tão impor-</p><p>tantes quanto o exame psíquico para o diagnóstico e direção do tratamento.</p><p>Não existe um número fechado de entrevistas a serem reali-</p><p>zadas nesse processo. Como foi muito discutido no capítulo anterior,</p><p>aqui rege a máxima da singularidade, no caso a caso. Uma avaliação</p><p>psicopatológica consiste, portanto, na soma das entrevistas e no exame</p><p>psíquico do paciente, sendo que não há um número determinado de</p><p>A AVALIAÇÃO PSICOPATOLÓGICA</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>31</p><p>32</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>entrevistas e, muito possivelmente, familiares também serão entrevista-</p><p>dos. As entrevistas são também chamadas de anamnese: ... “o histórico</p><p>dos sinais e dos sintomas que o paciente apresenta ao longo de sua</p><p>vida, seus antecedentes pessoais e familiares, assim como de sua fa-</p><p>mília e meio social” (DALGALARRONDO, 2008, p. 61).</p><p>Afinal, o que é o exame psíquico? Ele consiste na avaliação ou</p><p>exame do estado mental. Avaliar o psiquismo humano é avaliar o que se</p><p>denomina de funções psíquicas. Apesar de funcionarem</p><p>conjuntamen-</p><p>te, elas são descritas de forma independente.</p><p>Dalgalarrondo (2008) nos alerta sobre o cuidado que se deve</p><p>ter na realização do exame psíquico. O autor afirma que a avaliação</p><p>separada das funções psíquicas é um procedimento artificial. Apesar</p><p>da utilidade dessa estratégia de avaliação, pois favorece o estudo mais</p><p>aprofundado, é também complicada e arriscada, pois muitas vezes leva</p><p>a acreditar no funcionamento independente das funções psíquicas, sim-</p><p>plificando o funcionamento delas.</p><p>O profissional deve, portanto, ter cuidado ao realizar o exa-</p><p>me do estado mental do sujeito, não deixando que a rotina da prática</p><p>clínica simplifique o trabalho realizado. Podemos, então, retomar aqui</p><p>uma questão importante do capítulo 1, que é a complexidade da psi-</p><p>copatologia. O autor citado insiste, deixando muito bem-marcado, que</p><p>as funções psíquicas não funcionam de forma isolada e que a pessoa,</p><p>quando adoece, adoece em sua totalidade. Considerar as alterações</p><p>das funções isoladamente consiste no objeto da neurologia, da neurop-</p><p>sicologia ou da neurofisiologia, e não da psicopatologia.</p><p>“Não existem funções psíquicas isoladas e alterações psi-</p><p>copatológicas (grifos meus) compartimentalizadas desta ou da-</p><p>quela função. É sempre a pessoa na sua totalidade que adoece”</p><p>(DALGALARRONDO, 2008 p. 85).</p><p>Funções Psíquicas</p><p>Vamos agora nos debruçar sobre quais são as funções psíqui-</p><p>cas presentes em todo e qualquer indivíduo.</p><p>Consciência: avaliar o nível de consciência, ou seja, do quanto</p><p>desperto e funcionante está o nível de consciência do paciente. É muito</p><p>33</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>comum o uso do termo rebaixamento de consciência, quando o pacien-</p><p>te se encontra confuso. Há diferentes graus de consciência, podendo</p><p>variar entre alerta, vígil, sonolência (oscila entre estar dormindo ou acor-</p><p>dado), torpor (acorda com dificuldade), estupor (paciente acorda frente</p><p>a estímulos vigorosos) e coma (não acorda), sendo esse o maior grau</p><p>de rebaixamento de consciência. Avaliar essa função psíquica já dá al-</p><p>guns sinais se as demais funções estarão alteradas. Observar alguma</p><p>alteração na consciência, muito provavelmente será encontrado altera-</p><p>ções em outras. Além das alterações quantitativas, é necessária a ava-</p><p>liação de alterações qualitativas da consciência. Dalgalarrondo (2008)</p><p>apresenta diferentes alterações qualitativas da consciência. São elas:</p><p>• Estados crepusculares: estado patológico transitório. Obser-</p><p>va-se, nesse caso, um estado de obnubilação (que é um rebaixamento</p><p>em grau leve) acompanhada de uma certa conservação da atividade</p><p>motora coordenada. Esse estado é caracterizado pelo aparecimento e</p><p>desaparecimento abrupto do rebaixamento de consciência, com dura-</p><p>ção variável. Podem ocorrer atos explosivos, violentos e descontroles</p><p>emocionais. Dependendo da área de atuação em saúde mental, pode</p><p>haver implicações legais (psicologia/psiquiatria forense, por exemplo).</p><p>Primeiramente, esses episódios foram relacionados à epilepsia. São ob-</p><p>servados também em situações como intoxicação por álcool ou outras</p><p>substâncias, em quadros dissociativos histéricos agudos, após a ocor-</p><p>rência de um traumatismo craniano; após choques emocionais intensos</p><p>também pode ser observado esse quadro de alteração da consciência.</p><p>• Estado segundo: estado patológico também transitório. Asse-</p><p>melha-se ao estado crepuscular. Essa alteração de consciência é ca-</p><p>racterizada por uma atividade psicomotora coordenada, mas que é es-</p><p>tranha à personalidade do sujeito. A atividade psicomotora apresentada</p><p>não se integra à personalidade do sujeito que está acometido por essa</p><p>alteração de consciência. Geralmente, ocorre após choques emocionais</p><p>intensos. Os atos que ocorrem no estado segundo são caracterizados</p><p>como incongruentes e extravagantes. São atos que são contraditórios</p><p>com a educação, opiniões ou condutas habituais da pessoa acometida.</p><p>Não costumam ser graves ou perigosos.</p><p>• Dissociação da consciência: caracterizada pela fragmentação</p><p>da consciência, levando à perda da unidade psíquica. É muito comum</p><p>ocorrer nos quadros histéricos, comumente conhecida como crise his-</p><p>térica dissociativa ou do tipo dissociativo. Observa-se uma dissociação</p><p>da consciência, estado semelhante ao sonho. Geralmente é desenca-</p><p>deado após acontecimentos psicologicamente significativos, sejam eles</p><p>conscientes ou inconscientes, causando grande ansiedade ao paciente.</p><p>São crises que, normalmente, têm duração de minutos ou horas. Esse</p><p>34</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>tipo de alteração da consciência pode ocorrer também em situações de</p><p>ansiedade intensa, mesmo não se tratando de personalidade ou tra-</p><p>ço histérico. Nesse caso, a dissociação funciona como uma estratégia</p><p>defensiva, como um mecanismo de defesa inconsciente, como forma</p><p>possível de lidar com a ansiedade e o sofrimento. O sujeito se desliga</p><p>da realidade para parar de sofrer.</p><p>• Transe: é considerado um estado de dissociação da consciên-</p><p>cia, parecido a um sonhar acordado. Difere-se de um sonhar acordado,</p><p>pois há a presença de uma atividade motora automática e a suspensão</p><p>dos movimentos voluntários. Esse estado de dissociação costuma ocor-</p><p>rer em contextos religiosos e culturais. É importante diferenciar o transe</p><p>religioso (que é culturalmente contextualizado) do transe histérico. Este,</p><p>por sua vez, é considerado um estado dissociativo relacionado a con-</p><p>flitos interpessoais e alterações psicopatológicas. Essa é uma situação</p><p>relevante de ressaltar a importância da avaliação do sujeito como um</p><p>todo, inserido em seu contexto social, compreendendo não somente os</p><p>sintomas e funções psíquicas isoladamente.</p><p>• Estado hipnótico: estado de consciência semelhante ao des-</p><p>crito anteriormente. É um estado de consciência que pode ser induzi-</p><p>do por outra pessoa. Nesse caso, a pessoa hipnotizada tem que estar</p><p>suscetível a isso, sua atenção fica concentrada na pessoa que está</p><p>hipnotizando. A hipnose é considerada uma técnica de concentração</p><p>de atenção. Quando a pessoa se encontra em estado hipnótico, ela</p><p>pode ser sugestionada a lembrar de fatos ou lembranças esquecidas e</p><p>pode ser induzida à anestesia, paralisia ou rigidez muscular. A hipnose</p><p>antecedeu a psicanálise. Freud fez uso dessa técnica para que pessoas</p><p>falassem sobre lembranças esquecidas, mas ela foi abandonada após</p><p>ele se dar conta daquilo que se denominou associação livre, única téc-</p><p>nica psicanalítica deixada pelo fundador da psicanálise.</p><p>• Experiência de quase morte: ocorre em situações críticas, em</p><p>que há ameaça da vida, como hipóxia grave, parada cardiorrespiratória,</p><p>isquemia, entre outras. É observada quando algum sobrevivente de uma</p><p>situação grave como essas citadas contam ter vivido uma experiência</p><p>de quase morte. São experiências rápidas, que duram de segundos a</p><p>minutos. Esse é considerado como um estado de consciência particular.</p><p>Estudos mostram que as características que mais aparecem</p><p>desses estados são: sensação de paz, sensação de estar fora do cor-</p><p>po, de estar rodeado por uma luz intensa, de estar em ‘outro mundo’,</p><p>sensações de união cósmica, de compreensão imediata (NELSON et al,</p><p>2006, apud DALGALARRONDO,2008). Os conteúdos dessas experiên-</p><p>cias variam conforme as diferentes culturas.</p><p>Frente ao que foi exposto acima, conclui-se que a avaliação</p><p>35</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>qualitativa da consciência é necessária na avaliação psicopatológica.</p><p>Quadro 3 – Semiotécnica da consciência - I</p><p>Fonte: DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos Transtor-</p><p>nos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2008</p><p>Indicação de Série Televisiva: Freud, criação de Marvin</p><p>Kren, Benjamin Hessler e Stefan Brunner. Disponível na Netflix</p><p>Atenção: é considerada uma função psíquica que está relacio-</p><p>nada à consciência. A atenção dirige a consciência; dá ao ser humano a</p><p>capacidade de selecionar, filtrar e organizar as informações.</p><p>Existem dois tipos básicos</p><p>de atenção:</p><p>1) Atenção voluntária, também chamada de atenção ativa, que</p><p>consiste em concentrar a atenção a determinada situação. Colocar a</p><p>atenção de forma intencional sobre um objeto.</p><p>2) Atenção involuntária ou espontânea, dirigida a um foco que</p><p>não é considerado principal. É um tipo de atenção que suscita o interes-</p><p>se no momento sobre um determinado objeto ou situação. Normalmen-</p><p>te, a atenção involuntária é aumentada nos indivíduos que têm pouco</p><p>controle sobre sua atividade mental. A concentração está muito ligada à</p><p>atenção, refletindo na capacidade de manter a atenção voluntária.</p><p>Orientação: é a capacidade do sujeito em referir, precisamente,</p><p>sobre o tempo, o espaço, as pessoas e sobre si mesmo no momento da</p><p>36</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>avaliação. É importante que se avalie a orientação temporal, que se dá</p><p>pela capacidade da pessoa avaliada em responder o dia, a hora e ano.</p><p>A orientação espacial é a capacidade de a pessoa responder o local em</p><p>que ela está no momento, bem como o local onde mora, como cidade,</p><p>país, rua. Por fim, a orientação sobre si, ou autopsíquica, é a capaci-</p><p>dade de dizer sobre si mesma, como nome, profissão, sua identidade.</p><p>Dalgalarrondo (2008) afirma que a pessoa que tem a capaci-</p><p>dade de orientação do espaço que está inserida ou sobre si mesma é</p><p>um elemento básico sobre a atividade mental. Avaliar a orientação é um</p><p>instrumento extremamente importante para verificar as perturbações do</p><p>nível de consciência. As alterações dessa função psíquica podem tam-</p><p>bém estar relacionadas a problemas de memória.</p><p>Mais uma vez, é possível ir se aproximando da complexidade do</p><p>tema estudado e do quanto cada uma das funções psíquicas estão ligadas</p><p>entre si, não sendo possível funcionarem isoladamente no ser humano.</p><p>Memória: é a capacidade do sujeito em registrar, manter e evo-</p><p>car situações, fatos ou experiências que já ocorreram. Essa capacidade</p><p>está relacionada a outras funções, como consciência, atenção e afeto. A</p><p>relação com o afeto abre espaço para se pensar sobre a singularidade,</p><p>em que as pessoas memorizam (ou não) situações ou vivências que</p><p>tenham interesse afetivo. A aprendizagem está intimamente ligada à</p><p>capacidade de memorização de uma pessoa. Pode-se falar em diferen-</p><p>tes tipos de memórias, como memória cognitiva, genética, imunológica</p><p>e coletiva/cultural. Outra forma de avaliação da memória, é a partir da</p><p>memória de longa e de curta duração.</p><p>Pensamento: o pensamento é avaliado a partir do discurso do</p><p>paciente. É importante a atenção do profissional ao que o paciente está</p><p>contando. Deixar o paciente falar, escutando-o, é a principal forma de</p><p>avaliar o pensamento. O pensamento deve ser avaliado quanto à sua</p><p>forma, o seu curso e o seu conteúdo.</p><p>A forma do pensamento é avaliada a partir da maneira como as</p><p>ideias são encadeadas. É a estrutura básica do pensamento. O curso é</p><p>a maneira como flui o pensamento, sua velocidade e ritmo. Eles podem</p><p>ser lentificados ou acelerados, a depender do transtorno mental com o</p><p>qual o paciente é diagnosticado.</p><p>Entende-se por conteúdo do pensamento aquilo que dá substân-</p><p>cia. Não é nada além do tema, o assunto que o sujeito traz em seu discurso.</p><p>Sensopercepção: para se compreender o conceito de sensoper-</p><p>cepção, é importante que se entenda o que são sensação e percepção. A</p><p>sensação é considerada um fenômeno passivo. Ela é gerada a partir de</p><p>estímulos físicos, biológicos ou físicos e pode se originar tanto fora como</p><p>dentro do organismo. Esses fenômenos irão produzir alguma alteração nos</p><p>37</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>órgãos receptores. Já a percepção é um fenômeno ativo. É o momento em</p><p>que se percebe a sensação recebida do estímulo. Como se fosse o mo-</p><p>mento em que o sujeito toma consciência do estímulo sensorial.</p><p>Existem alterações quantitativas e qualitativas. Para a psicopa-</p><p>tologia, o mais importante para o diagnóstico é compreender as altera-</p><p>ções qualitativas. São elas: ilusões, alucinações, alucinose e pseudo-</p><p>alucinações.</p><p>Inteligência: existe uma grande dificuldade na definição de in-</p><p>teligência. Apesar de ser um conceito fundamental, não há um modo</p><p>definitivo em conceituá-la. De maneira ampla, é definida como as ha-</p><p>bilidades cognitivas do indivíduo, bem como a capacidade em resolver</p><p>e identificar novos problemas e encontrar as melhores soluções para si</p><p>ou para o mundo/ambiente. Na avaliação psicopatológica não há uma</p><p>forma estruturada para se avaliar, ela costuma ser avaliada ao longo de</p><p>todo curso da entrevista e do exame psíquico. É preciso observar ao</p><p>longo do discurso habilidades como raciocínio, planejamento, resolução</p><p>de problemas e compreensão de ideias complexas.</p><p>Linguagem: a linguagem é uma especificidade do humano, sendo</p><p>ela o principal meio de comunicação. Ela é fundamental para a elaboração</p><p>e expressão do pensamento. A linguagem é uma criação social e, devido a</p><p>essa grande flexibilidade em sua produção, torna-se bastante complicado</p><p>definir o que é patológico ou não a partir da avaliação da linguagem. Dentre</p><p>as possíveis alterações linguísticas, o profissional poderá se deparar com</p><p>as afasias (perda da linguagem, falada ou escrita), agrafia (perda da lingua-</p><p>gem escrita, devido a uma perda orgânica), alexia (perda da capacidade de</p><p>leitura, de origem neurológica), parafasias (deformações de determinadas</p><p>palavras), disartria (incapacidade de articular corretamente as palavras, de</p><p>origem neurológica), disfonia e disfemia, dislalia.</p><p>Algumas alterações de linguagem estão associadas a trans-</p><p>tornos psiquiátricos primários, são eles: logorréia, taquifasia e loquaci-</p><p>dade; bradifasia; mutismo; ecolalia; palilalia e logoclonia; tiques verbais</p><p>ou fonéticos e coprolalia; glossolalia. Na esquizofrenia, que é um trans-</p><p>torno mental psicótico, pode haver alterações na linguagem muito pe-</p><p>culiares. Essas alterações costumam ocorrer em doentes muito graves.</p><p>Afeto: é a manifestação da resposta emocional de alguém.</p><p>Avaliar o afeto, ou a maneira como a pessoa responde emocionalmente</p><p>a uma situação ou a alguém, são aspectos muito importantes na ava-</p><p>liação psicopatológica. É considerado um termo genérico, compreen-</p><p>dendo diferentes modalidades de vivência afetiva, tal como o humor,</p><p>as emoções e os sentimentos. É uma função psíquica muito ligada às</p><p>vivências singulares e intimamente relacionadas à subjetividade. Com-</p><p>preender e se aprofundar na complexidade da afetividade e suas altera-</p><p>38</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>ções são atitudes primordiais para o diagnóstico psicopatológico.</p><p>Vontade: considerada uma dimensão complexa da vida mental</p><p>do ser humano, está atrelada às esferas instintiva, intelectiva e afetiva.</p><p>Para alguns autores, a vontade está relacionada ao desejo (consciente</p><p>ou inconsciente). Tem um viés bastante singular e se relaciona também a</p><p>princípios, valores e hábitos culturais e sociais do sujeito. Frequentemente,</p><p>comportamentos volitivos se conflitam com valores morais da sociedade,</p><p>podendo causar uma série de conflitos emocionais. De uma forma mais</p><p>simplista, pode-se dizer que a vontade é o empenho ou a intenção de uma</p><p>pessoa direcionada a seu objetivo, impulsionada por uma motivação.</p><p>Juízo: “...alterações de juízo da realidade são alterações de pen-</p><p>samento” (DALGALARRONDO, 2008, p. 206). Ajuízar, segundo o autor</p><p>citado, é produzir juízos. Não há como produzir juízo sem que haja julga-</p><p>mentos. Julgamentos são, por um lado, individuais, subjetivos; e por outro,</p><p>sociais, isto é, construídos culturalmente. Juízos falsos podem, ou não, ser</p><p>psicopatológicos. A principal alteração do juízo é o delírio. Jaspers (1979)</p><p>apud Dalgalarrondo (2008) afirma que os delírios são considerados juízos</p><p>patologicamente falsos. Sendo assim, a ideia delirante é um erro do ajuizar</p><p>que tem como base a doença mental. A compreensão mais detalhada so-</p><p>bre essa função psíquica oferecerá mais dados para escuta e diagnóstico</p><p>de pessoas</p><p>que apresentam uma estrutura psicótica.</p><p>Psicomotricidade: é a exteriorização comportamental motora</p><p>dos estados psíquicos. A agitação psicomotora é uma das alterações</p><p>em psicomotricidade mais comuns. Ela é caracterizada pela acelera-</p><p>ção e exaltação de toda atividade motora do sujeito. É considerada um</p><p>sinal psicopatológico bastante frequente. É muito comum encontrar pa-</p><p>cientes com agitação psicomotora em hospitais, em especial nos servi-</p><p>ços de emergência, como o pronto-socorro. É uma reação comumente</p><p>encontrada e associada a episódios de mania, esquizofrenia, quadros</p><p>agudos como intoxicação com substâncias ou síndromes de abstinên-</p><p>cia. Existe também o quadro contrário, denominado lentificação psico-</p><p>motora, que nada mais é que a lentificação de toda atividade psíquica,</p><p>refletindo na movimentação voluntária mais lenta do sujeito. Há uma</p><p>série de importantes alterações psicomotoras observadas em quadros</p><p>psicopatológicos, como as mencionadas acima. Mas, há dois bastante</p><p>comuns na área, sendo importante a menção.</p><p>A conversão consiste no surgimento abrupto de sintomas físi-</p><p>cos (paralisia, cegueira, parestesias). Os sintomas de conversão costu-</p><p>mam acontecer em situação estressante, como de ameaça ou conflito</p><p>intrapsíquico.</p><p>Segundo a teoria psicanalítica, a conversão expressa a representação sim-</p><p>39</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>bólica de um conflito psíquico em termos de manifestações motoras (ou sen-</p><p>soriais). A conversão ocorre sobretudo na histeria e no transtorno da perso-</p><p>nalidade histriônica (DALGALARRONDO, 2008, p. 186).</p><p>O maneirismo é uma alteração psicomotora que tem como ca-</p><p>racterística a repetição de movimentos bizarros que buscam certo obje-</p><p>tivo. Costuma ocorrer na esquizofrenia catatônica, em formas graves de</p><p>histeria e na deficiência mental.</p><p>Antes da avaliação psicopatológica, é necessário que o indivíduo</p><p>passe por outras avaliações de seus sintomas, como avaliação clínica e</p><p>neurológica. Chamamos de diagnóstico diferencial. Há muitos sintomas</p><p>que podem se assemelhar a um transtorno mental, mas sua etiologia pode</p><p>ser clínica ou neurológica. Realizar um diagnóstico diferencial é considerar</p><p>outras áreas antes da avaliação em psicopatologia. Refere-se a diferenciar</p><p>o que é orgânico do que é psíquico. Ter a capacidade de trabalhar em con-</p><p>junto com outras áreas da saúde, encaminhando ou solicitando avaliações,</p><p>é um diferencial em psicopatologia. A linguagem, como visto acima, é um</p><p>exemplo de que muitas alterações podem ser biológicas/neurológicas.</p><p>Segue abaixo uma tabela com o objetivo de apresentar, de</p><p>forma resumida, para que o leitor possa ter um resumo visual das al-</p><p>terações comuns em um exame psíquico. Nessa tabela, observa-se</p><p>que o autor apresenta alterações que indicam disfunções clínicas, não</p><p>somente psicopatológicas, mostrando a importância dessas distinções</p><p>para a realização do diagnóstico diferencial.</p><p>Quadro 4: Alterações Comuns de exame psíquico</p><p>40</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Fonte: BARROS, D.M.de. Entrevista psiquiátrica e Exame Psíquico, 2008.</p><p>Antes da avaliação psicopatológica, é necessário que o indi-</p><p>víduo passe por outras avaliações de seus sintomas, como avaliação</p><p>clínica e neurológica. Chamamos de diagnóstico diferencial. Há mui-</p><p>tos sintomas que podem se assemelhar a um transtorno mental, mas</p><p>sua etiologia pode ser clínica ou neurológica. Realizar um diagnósti-</p><p>co diferencial é considerar outras áreas antes da avaliação em psico-</p><p>patologia. Refere-se a diferenciar o que é orgânico do que é psíquico.</p><p>Abaixo, segue um modelo de protocolo de avaliação do exa-</p><p>me psíquico em casos de primeiro episódio psicótico. Esse protocolo</p><p>foi elaborado pela equipe médica psiquiátrica do Hospital das Clínicas</p><p>da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São</p><p>Paulo. A figura apresentada serve como base para reflexão e discussão</p><p>acerca das possibilidades de realizar um exame psíquico.</p><p>41</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Figura 3: Protocolo de avaliação de primeiro episódio psicótico</p><p>Fonte: DEL-BEN ET AL, 2010</p><p>42</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Figura 4: Protocolo de avaliação de primeiro episódio psicótico</p><p>Fonte: DEL-BEN ET AL, 2010</p><p>43</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>SEMIOLOGIA E PSICOPATOLOGIA</p><p>A semiologia é a base, o pilar fundamental da atividade médica. Saber ob-</p><p>servar com cuidado, olhar e enxergar, ouvir e interpretar o que se diz, saber</p><p>pensar, desenvolver um raciocínio clínico crítico e acurado são as capacida-</p><p>des essenciais do profissional de saúde (DALGALARRONDO, 2008, p. 13)</p><p>A semiologia, de uma forma geral, é entendida como a ciência</p><p>dos signos. Essa conceituação é para além da medicina ou psicopa-</p><p>tologia. A semiologia é compreendida como a ciência dos signos em</p><p>diferentes áreas de atuação, como por exemplo, a música (semiologia</p><p>musical) ou nas artes. É um campo de conhecimento para toda e qual-</p><p>quer área humana em que ocorra a comunicação ou interação entre</p><p>duas pessoas em que essa comunicação se dê através de signos.</p><p>Particularmente, em psicopatologia, a semiologia é a área de</p><p>conhecimento e do estudo sobre os sintomas e sinais (os signos) das</p><p>doenças mentais. É exatamente por isso que é necessário iniciar esse</p><p>tópico com a citação de Paulo Dalgalarrondo, em que ele marca a se-</p><p>miologia como a base fundamental da psicopatologia, insistindo na im-</p><p>portância da observação, no saber pensar, na capacidade de raciocínio</p><p>clínico crítico entre outras características fundamentais no profissional</p><p>da saúde mental. Esse ponto faz com que retomemos muito do que foi</p><p>trabalhado no capítulo 1, lembram?</p><p>Apesar de haver grande proximidade com a linguística, os sig-</p><p>nos não se limitam à linguagem, existem os gestos, comportamentos</p><p>não verbais, os signos matemáticos e musicais. Todos eles são formas</p><p>de comunicação e/ou interação entre dois interlocutores.</p><p>O signo é como um sinal. Ele é considerado o elemento nucle-</p><p>ar na semiologia e este sinal terá sempre um significado. Em psicopato-</p><p>logia são tratados os signos (ou sinais) que indicam a existência de um</p><p>sofrimento psíquico, um transtorno mental ou psicopatológico. Segundo</p><p>Dalgalarrondo (2008), os sinais comportamentais e os sintomas são de</p><p>maior interesse em psicopatologia. O primeiro é percebido através da</p><p>observação direta ao paciente, enquanto o segundo é verificável atra-</p><p>vés da fala do paciente, aquilo que ele relata, como suas queixas, nar-</p><p>rativas, ou seja, a vivência subjetiva dele.</p><p>Diante do que foi exposto até aqui, percebe-se que não há</p><p>como separar a semiologia da avaliação psicopatológica. Compreender</p><p>a base, que é a semiologia, como a importância dos sinais de um trans-</p><p>torno mental, seja ele a partir do comportamento observável seja pela</p><p>subjetividade relatada nas entrevistas do paciente, sustenta a possibili-</p><p>dade da realização da avaliação. É possível, então, ir costurando tudo</p><p>44</p><p>P</p><p>SI</p><p>C</p><p>O</p><p>P</p><p>A</p><p>TO</p><p>LO</p><p>G</p><p>IA</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>o que foi apresentado até aqui. A complexidade do tema e que, apesar</p><p>das separações didáticas para realizar o ensino em psicopatologia, são</p><p>matérias dentro da disciplina que, na prática, não há como separar, pois,</p><p>andam juntas. Entender que o sintoma é um sinal, um signo daquilo que</p><p>o paciente está mostrando e de que ele está carregado de significado</p><p>e vivências pessoais e singulares, favorece a escuta, a observação, a</p><p>avaliação clínica crítica do profissional. É um “ir e vir” nos diferentes</p><p>temas tratados separadamente, mas que, na prática clínica, não são.</p><p>Em Dalgalarrondo (2008), é apresentada uma divisão na se-</p><p>miologia, de forma bastante didática, que favorece a compreensão do</p><p>profissional acerca da semiologia como o “pilar fundamental” (p. 13)</p><p>da psicopatologia. Segundo ele, há duas grandes áreas na semiologia:</p><p>semiotécnica e semiogênese.</p><p>• Semiotécnica:</p>

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