Modulo II - AULA 3_7c36d4f6d7e9018b95deded582696f1a

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<p>CENTRO COLABORADOR EM ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO ESCOLAR</p><p>DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE (CECANE/UFS)</p><p>MÓDULO II - Conceitos, princípios, diretrizes e considerações importantes sobre o</p><p>Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) e Segurança Alimentar e Nutricional</p><p>(SAN)</p><p>UNIDADE III - Princípios, diretrizes e dimensões que regem os direitos humanos</p><p>É importante iniciar a aula salientando que todos os direitos são: universais, pois todos os</p><p>seres humanos independente de raça, etnia, religião, têm os mesmos direitos; indivisíveis, já</p><p>que os direitos têm o mesmo peso entre eles, com um não podendo ser justificativa para a</p><p>falta de outro; interdependentes, pois para a realização de um é necessária a garantia de outro;</p><p>e por fim, são inalienáveis, porque não podem ser cedidos ou negociados em nenhuma</p><p>hipótese (ABRANDH, 2013).</p><p>Os princípios que servem como base para guiar os Direitos Humanos são:</p><p>● Dignidade Humana: todas as pessoas devem ser tratadas com respeito e dignidade,</p><p>partindo do princípio que todos são iguais e gozam dos mesmos direitos;</p><p>● Responsabilização ou prestação de contas: os Estados são responsáveis pela</p><p>transparência do uso de seus recursos, tendo em vista que são esses recursos que irão</p><p>assegurar o direito da população;</p><p>● Apoderamento: as pessoas devem se apoderar das informações acerca dos direitos</p><p>humanos para que possam reclamar e resguardar/zelar pelo que têm direito,</p><p>reivindicando/exigindo ao Estado sempre que acharem necessário;</p><p>● Estado de Direito: não cabe apenas às pessoas o cumprimento da lei, o Estado também</p><p>deve agir conforme o ordenamento jurídico;</p><p>● Participação: destaca a importância da população definir as ações que auxiliem no seu</p><p>bem-estar, participando e monitorando programas, auxiliando, por fim, no combate a diversos</p><p>problemas, como a pobreza. A participação é um exercício do apoderamento junto da</p><p>dignidade (ABRANDH, 2013).</p><p>O DHAA possui duas dimensões que precisam ser consideradas, a saber: o direito de estar</p><p>livre da fome e o direito de uma alimentação adequada (ABRANDH, 2013).</p><p>A primeira dimensão inicia pela luta contra a fome, pois o direito humano à alimentação</p><p>adequada é vital. Uma vez limitado esse direito de estar livre da fome, todos os outros direitos</p><p>estão ameaçados, ou seja, não estão sendo realizados. No entanto, não basta apenas a garantia</p><p>de acesso a qualquer alimento almejando-se o cumprimento dessa primeira dimensão (de estar</p><p>livre da fome). É necessário resguardar a outra dimensão do DHAA, que diz respeito a uma</p><p>alimentação adequada, não se restringindo ao suprimento das necessidades individuais de</p><p>energia e nutrientes, até mesmo porque a alimentação é um aspecto muito importante da</p><p>identidade cultural (ABRANDH, 2013).</p><p>Portanto, alimentação adequada engloba diferentes aspectos para a realização do DHAA.</p><p>Vamos entender quais são esses fatores, já que cada indivíduo e/ou comunidades têm</p><p>especificidades diferentes e que precisam ser respeitadas para a garantia do DHAA. Vamos</p><p>tomar como exemplo uma escola da rede municipal de ensino que tem alunos da comunidade</p><p>quilombola, reconhecidamente em situação de vulnerabilidade social. Não basta ofertar</p><p>qualquer alimento para “matar a fome” dos estudantes. É necessário ofertar uma alimentação</p><p>adequada às suas necessidades não somente nutricionais, mas também à sua cultura. Com</p><p>isso, ao elaborar o cardápio, a nutricionista responsável técnica pelo programa precisa levar</p><p>em consideração as especificidades desses estudantes, atendendo às necessidades nutricionais</p><p>que são diferenciadas, assim como preservando a cultura alimentar destas comunidades,</p><p>conforme determina a legislação do PNAE mencionada no módulo anterior.</p><p>Uma outra abordagem necessária é detalhar os aspectos que fazem parte dessa segunda</p><p>dimensão do DHAA, ou seja, da alimentação adequada. São eles: diversificação; qualidade</p><p>sanitária; adequação nutricional; livre de contaminantes, agrotóxicos e organismos</p><p>geneticamente modificados; acesso a recursos financeiros ou recursos naturais (como terra e</p><p>água); respeito à valorização da cultura alimentar nacional e regional; acesso à informação;</p><p>realização de outros direitos (ABRANDH, 2013). Vamos refletir melhor sobre cada um deles</p><p>e o que eles significam? Por exemplo, se eu tiver sempre o mesmo prato de comida todos os</p><p>dias, ou seja, de forma regular e permanente, ainda que seja um prato equilibrado</p><p>nutricionalmente, eu posso afirmar que estou cumprindo essa dimensão da alimentação</p><p>adequada? (vamos dar um tempo para pensar) Não! Pois preciso que os alimentos disponíveis</p><p>para minha alimentação sejam diversificados. Não posso ter meu DHAA realizado se para me</p><p>alimentar eu só possa recorrer a alguns poucos tipos de alimentos. Nesse sentido, por isso que</p><p>a soberania alimentar é um outro conceito que já vimos e que é muito importante. Se não</p><p>tivermos produção diversificada de alimentos no país, se dependermos de alimentos</p><p>produzidos fora do país, será mais difícil termos diversidade em nosso prato e acesso a um</p><p>preço justo. Mas, então, mesmo que os alimentos que fazem parte de nossa alimentação diária</p><p>sejam diversificados. Eu poderia considerar que meu DHAA está realizado? Não! Pois, estes</p><p>alimentos, ainda que diversificados podem apresentar qualidade sanitária duvidosa,</p><p>contaminados por microorganismos, por exemplo, e poderão causar males à minha saúde.</p><p>Mas, e se essa alimentação que tenho for diversa e com qualidade sanitária, então posso</p><p>considerar que meu direito está sendo realizado? Ainda não! Pois se estes alimentos forem</p><p>produzidos de forma inadequada, com uso de agrotóxicos, sementes geneticamente</p><p>modificadas (transgênicas), degradando o meio ambiente, expulsando os camponeses do</p><p>campo, usando mão de obra escrava, também não posso considerar como algo apropriado para</p><p>mim e para a sociedade que faço parte. Eu preciso que estes alimentos sejam apropriados</p><p>também à minha cultura e hábitos regionais; preciso ter a garantia de informações para que eu</p><p>possa também decidir e escolher o que é melhor para minha alimentação e, finalmente por</p><p>último, não posso comprometer outras necessidades básicas minhas e de minha família, como</p><p>moradia, transporte, saúde, educação, para ter este prato de comida adequado à minha mesa.</p><p>Viu como muitas coisas estão envolvidas no nosso direito à alimentação e o quanto é</p><p>importante estarmos atentos para que o melhor possa ser feito dentro da execução do</p><p>programa de alimentação escolar? Notou que não basta ofertar apenas alguns tipos de</p><p>alimentos para nossos escolares, desconsiderando seus hábitos e necessidades diversas? Como</p><p>promoveremos saúde se o que ofertarmos for contaminado, ultraprocessado e cheio de</p><p>corantes, aromatizantes, conservantes, sal, gordura, açúcar etc.? Precisamos estar conscientes</p><p>e atentos para defender esse direito, fiscalizar, ajudar a encontrar alternativas dentro da gestão</p><p>para que ele seja cumprido dentro das escolas!</p><p>Assim, devemos que lembrar que no documento das diretrizes voluntárias do DHAA,</p><p>elaborado pela ONU, se enfatiza que “os indivíduos têm direito a um ambiente propício no</p><p>qual possam satisfazer suas próprias necessidades e as de suas famílias, inclusive alimentação;</p><p>a disponibilidade e o acesso a alimentos seguros e nutritivos, que podem ser garantidos por</p><p>meio de produção própria ou do mercado; a importância do acesso à informação simples e</p><p>confiável aos consumidores para que possam fazer boas escolhas alimentares (FAO, 2004). A</p><p>escola deve ser este ambiente propício!!</p><p>Sob esta perspectiva, vamos assistir o documentário “Peraí, é nosso direito” Que já começa</p><p>com a pergunta: já passou fome na vida?</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=VrummRqEH50&t=8s</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=VrummRqEH50&t=8s</p>