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1 
 
 
ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA OBESIDADE 
1 
 
 
SUMÁRIO 
1. NOSSA HISTÓRIA ........................................................................................................................ 3 
2. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 4 
a. O que é Obesidade ............................................................................................................. 5 
b. Porque Estamos tão Gordos................................................................................................ 6 
c. A “MC Donaldização” .......................................................................................................... 7 
3. DEFINIÇÃO DE OBESIDADE E ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA ........................................................ 8 
a. "Acima do Peso" VS. "Obesidade" ....................................................................................... 9 
4. CONCEITOS DE BIOLOGIA EM RELAÇÃO ÀS GORDURAS .............................................................10 
a. O Papel das Células ............................................................................................................10 
b. Células de absorção ...........................................................................................................10 
c. Células gordurosas .............................................................................................................10 
d. Lipocytes (Células Gordas) .................................................................................................11 
e. Mecanismo da Fome .........................................................................................................11 
5. SUBSTÂNCIAS LIBERADAS PELAS CÉLULAS DE GORDURA ...........................................................13 
a. Célula Adiposa ...................................................................................................................13 
b. Ácidos Graxos ....................................................................................................................13 
c. IL-6 e TNF-ALFA .................................................................................................................13 
d. Adiponectina .....................................................................................................................13 
e. Angiotensinogênio e PAI-1 .................................................................................................14 
f. Resistina ............................................................................................................................14 
g. Leptina ..............................................................................................................................14 
h. Colesterol ..........................................................................................................................17 
6. TIPOS FÍSICOS ............................................................................................................................19 
a. Entendendo os Tipos Físicos Para Entender os Tipos Diferentes de Ganho de Peso ............19 
b. Tipos Diferentes de Ganho do Peso ...................................................................................20 
c. “Maça” VS “Pêra” ..............................................................................................................22 
d. Obesidade Mórbida ...........................................................................................................22 
e. Classificação da Obesidade conforme a causa ....................................................................24 
2 
 
 
7. sistema NERVOSO CENTRAL E OBESIDADE .................................................................................27 
8. NEUROTRANSMISSORES E OBESIDADE ......................................................................................28 
9. OBESIDADE INFANTIL ................................................................................................................29 
10. FUNÇÃO SEXUAL EM HOMENS OBESOS .....................................................................................32 
11. COMPLICAÇÕES CLÍNICAS DA OBESIDADE .................................................................................33 
12. COMO SE TRATA A OBESIDADE..................................................................................................35 
13. REEDUCAÇÃO ALIMENTAR ........................................................................................................36 
14. EXERCÍCIO .................................................................................................................................37 
15. DROGAS ....................................................................................................................................38 
16. MEDICAMENTOS SEROTONINÉRGICOS ......................................................................................42 
a. Sibutramina .......................................................................................................................43 
b. Termogênicos ....................................................................................................................43 
17. TRATAMENTO PARA A OBESIDADE MÓRBIDA ............................................................................44 
18. TRATAMENTO PARA A OBESIDADE INFANTIL .............................................................................45 
19. COMO SE PREVINE A OBESIDADE ..............................................................................................46 
20. PSICOLOGIA DA OBESIDADE ......................................................................................................47 
1. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................48 
 
 
3 
 
 
 
1. NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em 
atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com 
isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível 
superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no 
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de 
promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem 
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras 
normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e 
eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. 
Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de 
cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do 
serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
2. INTRODUÇÃO 
 
A obesidade é uma epidemia, sendo já considerada pela OMS como a doença 
do século XXI. Alguns especialistas atribuem este fato à ocidentalização. "O mundo 
moderno traz obesidade, ou seja, quanto mais as cidades se urbanizam e os 
aparelhos ficam cada vez mais confortáveis, nomeadamente telemóveis, comandos à 
distância ou automóveis, mais aumenta a prevalência da obesidade", alerta o 
presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (ABESO), Márcio 
Mancini, sublinhando, por outro lado, que os hábitos alimentares e a diminuição de 
gastos de energia contribuem também para o aumento da gordura. 
A obesidade é uma síndrome com várias causas, caracterizada por um excesso 
de tecido gorduroso e pode ser classificada em várias modalidades. Há várias 
maneirasde saber se a pessoa é ou não gorda, ou seja, de se classificar a obesidade. 
A maneira mais simples e comum de classificar a obesidade é pelo peso. Na realidade 
nem sempre o pesado é gordo, já que a musculatura pesa mais que o tecido 
gorduroso, e uma pessoa musculosa não costuma ser gorda. 
Desde 1958, depois da famosa frase do economista John Kenneth Gailbraith, 
afirmando que "nos Estados Unidos da América morrem mais pessoas por excesso 
que por falta de comida", o tratamento da obesidade deixou de ser uma questão 
simplesmente estética e passou a ser uma questão de saúde pública e pessoal. De 
acordo com o especialista, 13% das mulheres e 8% dos homens brasileiros sofrem de 
obesidade, ao mesmo tempo que, cerca de 40% da população sofre de excesso de 
peso. Em Portugal, os números são semelhantes: mais de metade dos indivíduos 
sofre de excesso de peso ou obesidade." 
A meta de se atingir um bom peso passou a exigir mudanças no habito 
alimentar, na prática do condicionamento físico e na atenção à saúde psíquica. Um 
peso mais proporcional passou a ter forte relação com o desenvolvimento, 
amadurecimento e envelhecimento mais saudáveis. 
 
 
 
 
5 
 
 
a. O que é Obesidade 
 
A obesidade é o maior problema de saúde da atualidade e atinge indivíduos de 
todas as classes sociais, tem etiologia hereditária e constitui um estado de má 
nutrição em decorrência de um distúrbio no balanceamento dos nutrientes, induzindo 
entre outros fatores pelo excesso alimentar. 
O peso excessivo causa problemas psicológicos, frustrações, infelicidade, além 
de uma gama enorme de doenças lesivas. O aumento da obesidade tem relação com: 
o sedentarismo, a disponibilidade atual de alimentos, erros alimentares e pelo próprio 
ritmo desenfreado da vida atual. 
A obesidade relaciona-se com dois fatores preponderantes: a genética e a 
nutrição irregular. A genética evidencia que existe uma tendência familiar muito forte 
para a obesidade, pois filhos de pais obesos tem 80 a 90% de probabilidade de serem 
obesos. 
A nutrição tem importância no aspecto de que uma criança superalimentada 
será provavelmente um adulto obeso. O excesso de alimentação nos primeiros anos 
de vida, aumenta o número de células adiposas, um processo irreversível, que é a 
causa principal de obesidade para toda a vida. Hoje, consumimos quase 20% a mais 
de gorduras saturadas e açúcares industrializados. 
Os dados atuais são preocupantes: o número de obesos no Brasil e no mundo 
tem aumentado com muita rapidez. Um estudo comparativo do Setor de Epidemiologia 
da Faculdade de Saúde Pública da USP mostrou que, em apenas duas décadas (entre 
1974 e 1997), o número de pessoas obesas no Brasil quase triplicou. 
Outra pesquisa, feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS), indicou que 
o aumento da obesidade é um problema que atinge dezenas de países. Mas se quem 
é obeso sofre com o excesso de peso e sabe que a obesidade é fator de risco para 
doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão arterial e alguns tipos de câncer, por 
que esse número cresce cada vez mais? 
A obesidade é uma doença que depende de vários fatores para se desenvolver: 
a genética da pessoa, fatores culturais e étnicos, sua predisposição biológica, estilo 
de vida e hábitos alimentares. As pessoas, no entanto, engordam por uma simples 
questão: consomem mais calorias do que gastam. Em outras palavras, não se 
alimentam de forma equilibrada e muitas levam uma vida sedentária. 
6 
 
 
Se o corpo não usa a energia que ingeriu, por meio de atividades físicas, essa 
energia se transforma em gordura e se acumula no corpo, causando o aumento de 
peso. 
Como a perda de peso é algo que requer muita força de vontade e disciplina, 
melhor do que combater, é prevenir a obesidade. E o cuidado começa já na infância. 
 
b. Porque Estamos tão Gordos 
 
Num tempo em que as formas esguias e os músculos esculpidos constituem 
um avassalador padrão de beleza, o excesso de peso e a obesidade transformaram-
se na grande epidemia do planeta. Nos Estados Unidos, nada menos de 97 milhões 
de pessoas (35% da população) estão acima do peso normal. E, destas, 39 milhões 
(14% da população) pertencem à categoria dos obesos. O problema de forma alguma 
se restringe aos países ricos. 
Com todas as suas carências, o Brasil vai pelo mesmo caminho: 40% da 
população (mais de 65 milhões de pessoas) está com excesso de peso e 10% dos 
adultos (cerca de 10 milhões) são obesos. A tendência é mais acentuada entre as 
mulheres (12% a 13%) do que entre os homens (7% a 8%). E, por incrível que pareça, 
cresce mais rapidamente nos segmentos de menor poder econômico. Além dos 
números altos, o que assusta é a rapidez com que eles cresceram. Estudos 
comparativos do Setor de Epidemiologia da Faculdade Pública da USP indicam que, 
na década de 1970, os homens obesos no Brasil somavam 2,8% da população 
masculina. Em apenas 23 anos, esse número quase triplicou, passando para os atuais 
8%. No mesmo período, o índice feminino passou de 4,9% para 13%. 
Nos Estados Unidos a situação é ainda mais preocupante: 61% da população 
está com o peso acima do normal, e em 2001 foram contabilizadas 300 mil mortes 
decorrentes da obesidade. 
O inimigo, consiste num modelo de comportamento que pode ser resumido em 
três palavras: sedentarismo, comilança e stress. Estamos vivendo a era da 
globalização de um modo de vida baseado na inatividade corporal frente às telas da 
TV e do computador, no consumo de alimentos industrializados, cada vez mais 
gordurosos e açucarados, e num altíssimo grau de tensão psicológica. 
 
 
7 
 
 
 
 
c. A “MC Donaldização” 
 
Em ritmo acelerado e escala planetária, as culinárias tradicionais vão sendo 
atropeladas pelo fast-food. E bilhões de seres humanos estão migrando dos 
carboidratos para as gorduras. 
As conseqüências dessa alimentação engordurada podem não ser inocentes. 
Artérias entupidas e diabetes são apenas algumas das possíveis conseqüências do 
excesso de peso. Mas, independentemente das conseqüências, existe hoje uma 
unanimidade entre os médicos para se considerar a própria obesidade como uma 
doença. E o que é pior: uma doença crônica e incurável. Como a gordura precisa ser 
estocada no organismo, todo obeso tem um aumento do número de células adiposas 
(obesidade hiperplástica) ou um aumento do peso das células adiposas (obesidade 
hipertrófica) ou uma combinação das duas coisas. 
Esse é um dos fatores que faz com que, uma vez adquirida, a obesidade se 
torne crônica. O indivíduo pode até emagrecer, mas vai ter que se cuidar pelo resto 
da vida para não engordar de novo. É por isso também que, a longo prazo, os regimes 
restritivos não resolvem. Com eles, a pessoa emagrece rapidamente. Mas não 
consegue suportar, por muito tempo, as restrições impostas pelo regime. E volta a 
engordar. É o chamado "efeito sanfona", o massacrante vai-e-vem do ponteiro da 
balança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
3. DEFINIÇÃO DE OBESIDADE E ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA 
 
Para que essa definição tenha aplicação prática, é necessário baseá-la em 
critérios matematicamente definidos. Para isso existe o Índice de Massa 
Corpórea (IMC), hoje aceito como padrão de medida internacional para obesidade. 
Se queremos nos reportar apenas ao tecido gorduroso (adiposo) os meios de 
classificação são variados. Podemos usar a relação do peso/altura (tabela do 
Metropolitan Life InsuranceCompany), ou as medidas de espessura de prega cutânea 
ou, ainda, o Índice de Massa Corpórea (IMC). 
O IMC é obtido pela divisão do peso em Quilos pela altura ao quadrado 
(expressa em metros). Podemos classificar o peso em categorias, de acordo com o 
IMC. Desta forma, quanto ao grau (quantidade) de obesidade, o parâmetro de medida 
é o IMC e podemos tê-la em 4 tipos. 
A forma de cálculo para IMC é a divisão do peso (em kg) da pessoa por sua 
altura, elevada ao quadrado (emm²). 
 
Tabela 1 
 
 
Para um indivíduo com 1,70 m de altura, por exemplo, se o peso for de 86,7 kg, 
ele terá IMC = 30. Com peso de 101,15 kg, ele atinge IMC de 35; com peso de 115,6 
kg, o IMC é de 40, e ele é considerado um obeso mórbido. 
9 
 
 
Em termos gerais, aceita-se que o peso ideal ou de menor risco para saúde 
corresponde a um IMC de 20 a 25, e até 27 para pessoas idosas. Este índice deve 
ser usado para adultos. Para crianças e adolescentes devem ser utilizadas curvas 
específicas, uma vez que, ainda, estão em fase de crescimento. 
Entretanto, mesmo considerando a frieza e pretensa exatidão do IMC, existem 
muitas variáveis, como por exemplo distribuição corporal da gordura, biótipo, etc. 
Nesses casos preconizam-se outros métodos para "medirmos" gordura, como por 
exemplo, a densitometria. 
Esta classificação tem importância estatística no que se refere ao prognóstico 
de intercorrências clínicas, como por exemplo, a hipertensão arterial, a gota, a 
osteoartrose, a dislipidemia, etc, e conseqüentemente estimar-se o risco de 
morbidade e mortalidade das pessoas. 
 
a. "Acima do Peso" VS. "Obesidade" 
 
Mas qual é, afinal, a diferença entre "estar acima do peso" e "ser obeso"? 
A obesidade é um excesso de gordura na composição do corpo, mas só pode 
ser chamada assim quando mais de 20% da massa corporal total for constituída por 
gordura (30% no caso das mulheres). 
Quem se encontra nessas condições, têm a saúde comprometida e corre o 
risco de contrair diversas doenças, como as cardiovasculares, vários tipos de câncer, 
diabetes e hipertensão, entre outras. 
Figura 1 - Pirâmide Alimentar 
 
Fonte: Acervo Educare 
 
 
10 
 
 
4. CONCEITOS DE BIOLOGIA EM RELAÇÃO ÀS GORDURAS 
 
a. O Papel das Células 
O corpo humano é formado por mais de 75 trilhões de células, unidades 
microscópicas, mas que contêm estruturas complexas que desempenham funções 
vitais. Para isso, elas precisam de energia, que provém das calorias absorvidas na 
alimentação. 
Dentro desse rol gigantesco de células, algumas são especializadas, 
desenvolvendo atividades específicas, como as células de absorção e as células 
gordurosas (adipócitos), imprescindíveis para a digestão e o armazenamento da 
gordura, respectivamente. 
 
b. Células de absorção 
 
Uma vez terminada a digestão dos alimentos, estes são absorvidos pelo 
organismo. No caso das gorduras, esse processo é feito no interior do intestino 
delgado, que apresenta protuberâncias minúsculas, chamadas de vilosidades, que 
participam da absorção dos nutrientes. Há também as microvilosidades, que são 
protuberâncias muito diminutas que contribuem para o transporte dos nutrientes, 
como as gorduras, da luz do intestino para a corrente sanguínea. 
 
c. Células gordurosas 
 
São chamadas de células gordurosas ou adipócitos, aquelas que armazenam 
gorduras dentro do corpo e as liberam quando for necessário. A energia é armazenada 
na forma de triglicerídeos, que são moléculas de lipídios compostas basicamente por 
gordura. As células gordurosas armazenam energia na forma de triglicerídeos. 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
 
Figura 2- Células Gordurosas 
 
Fonte: Acervo Educare 
 
d. Lipocytes (Células Gordas) 
 
A gordura adicional é armazenada nos "lipocytes", que expandem no tamanho 
até que a gordura seja usada para o combustível. 
Quando a entrada de energia é igual à saída da energia, não há nenhuma 
expansão das células gordas (lipocytes) para acomodar o excesso. Somente quando 
são consumidas mais calorias, é que são produzidas a gordura extra que está 
armazenada nos "lipocytes" e a pessoa começa a acumular gordura. 
 
e. Mecanismo da Fome 
 
O mecanismo da fome é controlado por um sistema complexo de comunicação 
entre diversas proteínas liberadas pelo aparelho digestivo e envolve mais de 250 
genes herdados de nossos pais. Visando a manter o equilíbrio energético do 
organismo, cada um desses genes produz uma determinada proteína. Sua regulação 
é tão precisa que se a pessoa ingerir 120kcal a mais do que suas necessidades 
energéticas por dia (o que equivale a um copo de refrigerante), no final de 10 anos 
terá engordado 50k. 
O estômago é um importante regulador do apetite. Quando está vazio, há a 
liberação de grelina, um hormônio que age no cérebro e dispara a sensação de fome 
que diminui gradativamente à medida que comemos. 
12 
 
 
A passagem dos alimentos para os intestinos provoca a liberação de outro 
hormônio, representado pela sigla PYY, que também age no cérebro, ativando o 
centro de saciedade e provocando a perda de apetite. O balanço estabelecido entre 
esses dois hormônios, grelina e PYY, indica quando se deve iniciar ou terminar uma 
refeição. 
Dependendo do tipo de alimentos ingeridos, há uma composição diferente na 
liberação desses hormônios. Por exemplo, carboidratos simples, como a batata e os 
doces, são absorvidos antes de os intestinos liberarem o hormônio PYY inibidor da 
fome. Quebrados pela insulina produzida pelo pâncreas, esses carboidratos ingeridos 
em excesso transformam-se em células gordurosas. 
No entanto, a gordura de alimentos, como a da carne vermelha, por exemplo, 
passa rapidamente para os intestinos e libera PYY induzindo mais depressa a 
sensação de saciedade. Essa constatação derruba antigos mitos que condenavam a 
ingestão de certos alimentos mais gordurosos como prejudiciais à saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
5. SUBSTÂNCIAS LIBERADAS PELAS CÉLULAS DE GORDURA 
 
a. Célula Adiposa 
Quando uma pessoa engorda, suas células adiposas (de gordura) aumentam 
em até seis vezes o seu tamanho e começam a se multiplicar, passando de cerca de 
40 bilhões para cerca de 100 bilhões. Quando isso acontece, as células de gordura 
liberam na corrente sanguínea substâncias inflamatórias e hormônios, que causam 
diversos prejuízos ao organismo. 
 
b. Ácidos Graxos 
 
As células de gordura armazenam triglicérides e os liberam na corrente 
sanguínea como ácidos graxos, que têm a função energética. Mas quando são 
secretados em grande quantidade, são armazenados diretamente no fígado, coração 
e músculos, causando doenças. 
 
c. IL-6 e TNF-ALFA 
 
Proteínas produzidas pelo tecido adiposo e pelo sistema imunológico. Essas 
substâncias estão envolvidas no entupimento de artérias. Elas levam à formação de 
radicais livres (relacionados ao envelhecimento celular) e à lesão do endotélio 
(camada que reveste artérias e veias por dentro), favorecendo o acúmulo de placas 
de colesterol, que faz com que o indivíduo tenha mais doenças do coração e 
circulatórias. 
 
d. Adiponectina 
 
Proteína produzida pelo tecido adiposo. Tem um papel antiinflamatório e 
protege as artérias do entupimento pelo acúmulo de gordura. Ela é secretada pelo 
tecido adiposo em condições normais, mas quando a pessoa engorda, sua produção 
diminui. Está mais presente nos magros do que nos obesos. 
 
14 
 
 
e. Angiotensinogênio e PAI-1 
 
O angiotensinogênio é convertido em uma substância que causa constrição dos 
vasos sanguíneos, causando hipertensão. A diminuição do PAI-1, um anticoagulante 
natural, está relacionada à formação de trombos e coágulos. 
 
f. Resistina 
 
Proteína produzida pelo tecido adiposo. Quando secretada em grandes 
quantidades está relacionada à resistência à insulina (condição que leva ao 
desenvolvimento do diabetes tipo 2). 
 
g. Leptina 
 
Hormônio protéico produzido exclusivamente pelas células de gordura. É ele o 
responsável pela sensação de saciedade no cérebro. Quanto mais gordura a pessoa 
tem no corpo, mais leptina é produzida. O problema é que as pessoas obesas, apesar 
de produzir grande quantidade do hormônio, acabam criando resistência à sua ação. 
A leptina funciona como um "adipostato", referindo-se à Teoria Lipostática, que 
prediz que a composição e o peso corporais em humanos são determinados porinterações entre fatores genéticos, ambientais, comportamentais e sociais e da 
resposta a um sinal periférico produzido em quantidades proporcionais ao tecido 
adiposo no organismo. 
A existência desse fator circulante, que aumenta com os estoques de energia 
e age no cérebro para inibir a ingestão de alimentos e as reservas no tecido adiposo, 
foi descoberta após mutações genéticas denominadas por obese (ob) e diabetes (db). 
Baseado nesses estudos foi sugerido que a mutação ob estava relacionada à 
produção de um fator circulante e a db com a resposta a esse mesmo fator. 
Assim, o fator circulante, produto do gene ob, foi chamado leptina (do 
grego leptos que significa magro), porque este mostrou ser capaz de diminuir o peso 
corporal e a massa de tecido adiposo quando injetado em camundongos. 
 
 
15 
 
 
 
 
Figura 3 - Leptina 
 
Fonte: Acervo Educare 
 
A descoberta da leptina tem ajudado a esclarecer o papel dos adipócitos como 
sistema endócrino e de que modo ocorre a sinalização para a ingestão ou não de 
alimentos, bem como, a regulação do metabolismo energético. Assim, a coordenação 
do balanço energético e do peso corporal envolve uma regulação entre a ingestão de 
alimentos e gasto de energia em resposta a sinais agudos (insulina, catecolaminas 
como a adrenalina) e rônicos (gravidez, desnutrição, inflamações, caquexia e leptina). 
A leptina é sintetizada como um peptídeo de 167 aminoácidos (aa), 
transportada para a circulação sanguínea com apenas 146 aa e uma massa molecular 
de 14-16 kDa. A cristalografia revela quatro hélices com estruturas semelhantes às 
das citoquinas, tais como as interleucinas. 
 
Figura 4 - Molécula de Leptina 
 
Fonte: Acervo Educare 
 
Síntese e Regulação da leptina A leptina é produzida principalmente no tecido 
adiposo, embora também possa ser encontrada (em poucas quantidades) no epitélio 
16 
 
 
intestinal, placenta (funcionando com um fator de crescimento para o feto, por sinalizar 
o estado nutricional da mãe), leite materno, músculo esquelético, gástrico e cérebro. 
É codificada por um gene que tem três exons e dois íntrons. A região promotora 
tem elementos como TATA box, C/EBP (região de ligação à proteínas), GRE 
(elemento responsivo a glicocorticóides) e CREB (elemento de ligação à proteínas 
responsivo ao AMPc). A transcrição e a tradução ocorrem no tecido adiposo, placenta 
e trato gastrintestinal, onde a razão de produção é diretamente relacionada à massa 
de tecido adiposo. 
Em um indivíduo com peso corporal normal, a leptina está mais correlacionada 
com a massa de gordura absoluta do que com o índice de massa corpórea (BMI) ou 
percentagem de gordura corporal. 
Os níveis de leptina circulantes parecem estar diretamente relacionados com a 
quantidade de RNAm para leptina no tecido adiposo. Além disso, vários fatores 
metabólicos e endócrinos contribuem para regular a transcrição dos genes da leptina 
em adipócitos. Por exemplo, ocorre diminuição de leptina em resposta a baixos níveis 
de insulina, havendo uma relação diretamente proporcional entre as concentrações 
desses hormônios. 
Glicocorticóides (como o cortisol), infecções agudas e citoquinas inflamatórias; 
aumentam os níveis de leptina mas, baixas temperaturas, estimulação adrenérgica, 
hormônio do crescimento (GH), hormônios tireoidianos, melatonina, e fumo têm a 
propriedade de diminuir os níveis de leptina. 
Há também o efeito do sexo, pois com a mesma quantidade de gordura corporal 
mulheres secretam duas vezes mais leptina que homens. A leptina humana tem uma 
meia-vida de aproximadamente 25 min e é a mesma em indivíduos obesos e com 
peso corporal normal. Essa meia-vida curta na circulação é determinada 
pelo clearence renal mediado por filtração glomerular. 
I ngestão de alimentos x gasto de energia O papel da leptina como hormônio 
antiobesidade é essencialmente derivado de suas ações como diminuidor do apetite 
e estimulador do gasto de energia. A propriedade inibidora do apetite deve-se ao 
mecanismo de sinalização desta no hipotálamo, estimulando a síntese de 
neuropeptídeosanorexigênicos como POMC (Proopiomelanocortina), a-MSH 
(Hormônio Estimulante de a-Melanócitos), CRH (Hormônio Liberador de 
Corticotropina) e CART (Transcrito Regulado por Cocaína e Anfetamina) que 
diminuem a ingestão de alimentos pela sensação de saciedade. Os 
17 
 
 
neuropeptídeosanorexigênicos, por sua vez, inibem a síntese de neuropeptídeo Y 
(NPY), que estimula a ingestão de alimentos, inibe a termogênese (liberação de 
energia na forma de calor sem produção de ATP) e é diminuido por altos níveis séricos 
de insulina, promovendo aumento da lipogênese, síntese proteica e armazenamento 
de glicose. 
A propriedade de alterar o gasto de energia, deve-se ao fato da leptina estimular 
as ações da norepinefrina (NOR) e a lipólise no tecido adiposo, levando à 
termogênese. Por estimulação do sistema nervoso simpático, a leptina causa aumento 
na liberação de NOR que age em adipócitos por sinalização via AMPcíclico e proteína 
quinase A (PKA), estimulando a transcrição do gene para proteínas desacopladoras 
da fosforilação oxidativa (UCPs). As UCPs formam canais que permitem a entrada de 
prótons na matriz mitocondrial sem passar através do complexo ATP sintase, 
permitindo a oxidação contínua de ácidos graxos sem síntese de ATP, com dissipação 
de energia na forma de calor. Isto leva a um aumento no gasto de energia no tecido 
adiposo, com estímulo da lipólise. 
 
h. Colesterol 
 
Hiperlipidemia é o aumento dos lípides (gorduras) do sangue. Os lípides 
incluem colesterol, esteses do colesterol, fosfolípides e triglicérides. No sangue estão 
ligadas às moléculas grandes, chamadas de lipoproteínas. São LDL, HDL e 
triglicérides. Lípides é um termo amplo para designar todas as gorduras do organismo 
inclusive as do sangue. 
O Colesterol pode ser considerado um tipo de lipídio produzido em nosso 
organismo. Ele está presente em alimentos de origem animal (carne, leite integral, 
ovos, etc). Em nosso organismo, desempenha funções essenciais como produção de 
hormônio, vitamina D, entre outras. No entanto, o excesso de colesterol no sangue é 
prejudicial e aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. 
Em nosso sangue existem 2 tipos de colesterol: 
LDL colesterol = Conhecido como "ruim", ele pode se depositar nas artérias e 
provocar seu entupimento. 
HDL colesterol = Conhecido como "bom". Retira o excesso de colesterol para fora das 
artérias, impedindo o seu depósito diminuindo a formação da placa de gordura. 
18 
 
 
Triglicérides = É um dos componentes gordurosos das lipoproteínas junto com os 
fosfolípides. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
6. TIPOS FÍSICOS 
 
a. Entendendo os Tipos Físicos Para Entender os Tipos Diferentes de Ganho 
de Peso 
 
Os tipos físicos descritos pelos especialistas são: tubo, pêra, ampulheta e 
maçã. 
Tubo (linhas finas, pouca cintura) 
O perfil é basicamente reto. Membros longos e esguios. quadris estreitos com 
largura semelhante à do busto e dos ombros. A cintura não é bem definida. 
Figura 5 - Tubo 
 
Fonte: Acervo Educare 
Pêra (quadris à brasileira) 
Típica brasileira, com quadris e coxas mais largos que os ombros. Cintura bem 
marcada e bumbum definido e proeminente. 
 
Figura 6- Pêra 
 
Fonte: Acervo Educare 
 
20 
 
 
Ampulheta (risco de gorduras localizadas) 
Sua figura mostra as curvas femininas clássicas. Cintura fina e curvada. Coxas 
bem formadas. Ombros e quadris têm larguras semelhantes. 
Figura 7 - Ampulheta 
 
Fonte: Acervo Educare 
 
Maçã (ombros e costas largos) 
Ombros, costas e peito proporcionalmente maiores que os quadris e as coxas. 
Bumbum pequeno. Aparência pesada na parte superior. 
Figura 8 - Maçã 
 
Fonte: Acervo Educare 
 
b. Tipos Diferentes de Ganho do Peso 
 
Os indivíduos obesos apresentam-secom maior quantidade de tecido 
gorduroso pelo organismo e essa distribuição da gordura é variável de pessoa para 
pessoa. E essa variação da gordura altera o risco de doenças associado ao excesso 
de peso. 
21 
 
 
A grosso modo, existem dois tipos básicos de distribuição de gordura. A 
gordura pode concentrar-se na região subcutânea (abaixo da pele), particularmente 
da cintura para baixo, é chamada de Obesidade Ginóide, que acomete mais a mulher, 
chamada também de obesidade em forma pêra ou, ainda, obesidade subcutânea. 
Está associada a um risco maior de artrose e varizes. 
A gordura pode ainda concentrar-se no abdome, profundamente entre as 
vísceras, é chamada de Obesidade Andróide, porque acomete mais os homens, ou 
obesidade em forma de maçã ou, ainda obesidade visceral. Está associada com maior 
deposição de gordura visceral e se relaciona intensamente com alto risco de doenças 
metabólicas e cardiovasculares (Síndrome Plurimetabólica). 
Naturalmente há grandes variações entre esses dois tipos de distribuição de 
gordura pelo corpo e há indivíduos com os dois tipos de obesidade. 
Essa classificação, por definir alguns riscos, é muito importante e por esse 
motivo fez com que se criasse um índice denominado Relação Cintura-Quadril, que é 
obtido pela divisão da circunferência da cintura abdominal pela circunferência do 
quadril do paciente. De uma forma geral se aceita que existem riscos metabólicos 
quando a Relação Cintura-Quadril seja maior do que 0,9 no homem e 0,8 na mulher. 
A simples medida da circunferência abdominal também já é considerado um 
indicador do risco de complicações da obesidade, sendo definida de acordo com o 
sexo do paciente: 
Tabela 2 
 Risco Aumentado 
Risco Muito 
Aumentado 
Homem 94 cm 102 cm 
Mulher 80 cm 88 cm 
 
 
A gordura corporal pode ser estimada também a partir da medida de pregas 
cutâneas, principalmente ao nível do cotovelo, ou a partir de equipamentos como a 
Bioimpedância, a Tomografia Computadorizada, o Ultrassom e a Ressonância 
Magnética. 
Essas técnicas são úteis apenas em alguns casos, nos quais se pretende 
determinar com mais detalhe a constituição corporal. 
22 
 
 
Na criança e no adolescente, os critérios diagnósticos dependem da 
comparação do peso do paciente com curvas padronizadas, em que estão expressos 
os valores normais de peso e altura para a idade exata do paciente. 
Muitos especialistas utilizam, conjuntamente, os métodos IMC e 
Cintura:Quadril, para avaliar com mais segurança os risco de saúde do paciente. Cabe 
destacar, que outros autores têm aceite que a simples circunferência abdominal maior 
que 95 cm é representativa de risco elevado de doenças. 
 
c. “Maça” VS “Pêra” 
 
O ganho do peso na área acima da cintura (tipo físico maçã) é mais perigoso 
do que o peso ganho em torno da área dos quadris e do flanco (tipo físico pêra). 
As células gordas na parte superior do corpo têm qualidades diferentes do que 
aqueles encontrados nos quadris e nas coxas. 
As pessoas com o perfil em formato de maçã têm mais facilidade de 
desenvolver outras doenças, como problemas cardiovasculares, pois a gordura 
visceral, ao contrário da subcutânea, dirige-se diretamente para o fígado antes de 
circular até os músculos, podendo causar resistência à insulina, levando à 
hiperinsulinémia, que são níveis elevados de insulina, aumentando assim o risco de 
diabetes mellitus tipo II, hipertensão e doenças cardiovasculares. 
 
d. Obesidade Mórbida 
 
O peso corpóreo, considerando o acúmulo e a a distribuição da gordura, é 
determinado por vários mecanismos, incluindo o perfil metabólico, a função hormonal, 
neurológica e psíquica. 
Quando há alteração em algum desses mecanismos pode ocorrer um 
desequilíbrio entre a ingestão alimentar e o gasto de energia, favorecendo o 
armazenamento anormal da sobra de energia sob a forma de gordura e, 
conseqüentemente, o aumento do peso corpóreo. 
As pessoas com IMC acima de 40 (veja o cálculo acima), são portadoras de 
Obesidade Mórbida, o que equivale a aproximadamente 45 Kg acima do peso ideal. 
A Obesidade Mórbida é um problema de saúde que ultrapassa em muito a simples 
23 
 
 
preocupação estética. Ela envolve a saúde global do organismo e, inclusive, a saúde 
psíquica, já que a auto-estima pode estar severamente prejudicada. 
As doenças relacionadas à obesidade são as principais responsáveis pelo 
aumento das taxas de mortalidade em adultos jovens, da diminuição da qualidade e 
expectativa de vida. Entre elas destacam-se a sobrecarga das articulações, apnéia do 
sono, insuficiência cardíaca, diabetes, hipertensão arterial, aumento da gordura no 
sangue e, conseqüentemente, o entupimento de vasos (arteriosclerose), infarto do 
miocárdio, etc. 
Daphne Marussi e Paulo Dalgalarrondo estudaram o perfil psiquiátrico de 50 
pacientes com obesidade mórbida (IMC a partir de 40), 38 mulheres e 12 homens, e 
encontraram entre eles 20 a 30% de comedores compulsivos passíveis de tratamento 
psiquiátrico, principalmente se considerarmos que o comedor compulsivo tem maior 
tendência à depressão e freqüentemente apresenta história de outros transtornos 
psíquicos. 
A idade média dos pacientes com Obesidade Mórbida neste estudo foi de 39,5 
anos e o IMC médio foi de 50,4. Entre esses pacientes 32,6% encontravam-se 
desempregados. As pessoas com peso maior estavam relacionadas 
significativamente com um menor gosto pelas coisas que faziam anteriormente e os 
episódios bulímicos (fome voraz e descontrolada) correlacionava-se com uma 
dificuldade ficar sentado e se divertir relaxado e com o fato de se sentir tenso ou 
contraído, juntamente com a sensação de medo como se alguma coisa ruim fosse 
acontecer (elevados índices e depressão). 
Esses autores concluiram que existe uma alta incidência de indivíduos com 
compulsão alimentar entre os pacientes obesos mórbidos que procuram tratamento e, 
entre eles, apenas 24,5% estavam dentro dos limites da normalidade em termos de 
hábitos alimentares. A alta freqüência de episódios bulímicos correlacionou-se 
positivamente com os escores altos da escala de ansiedade e de depressão, portanto, 
tais pacientes apresentam taxas mais elevadas de transtornos do humor, transtornos 
de ansiedade e, concomitantemente, de bulimia nervosa. Recomendam que se faça 
uma diferenciação de pacientes compulsivos dos não compulsivos nos programas de 
perda de peso para que estes recebam tratamento adequado. 
 
 
 
24 
 
 
e. Classificação da Obesidade conforme a causa 
 
Obesidade de longa data - indivíduos obesos desde criança; é a forma de mais difícil 
tratamento e entre as causas existe a predisposição genética (herança familiar) e a 
hiperalimentação precoce; 
Obesidade da puberdade - aparece na puberdade, é predominante em mulheres, 
tem como causas angustias e ansiedades desta fase da vida e alterações orgânicas; 
Obesidade da gravidez - na gravidez e no pós parto, também por fenômenos 
psíquicos e/ou orgânicos; 
Obesidade por interrupção de exercícios - comum em esportistas que ingerem 
grandes quantidades de calorias e param de fazer exercícios, ou seja, deixam de 
gastá-las; 
Obesidade secundaria a drogas - alguns medicamentos como os corticóides, os 
antidepressivos e os estrógenos podem induzir a um ganho de peso; 
Obesidade após parar de fumar - a explicação é que a nicotina aumenta o gasto 
calórico por sua ação lipolítica; também é responsável por perda de apetite; 
Obesidade endócrina - apesar da população leiga ter outro ponto de vista, a 
obesidade Endócrina aparece em somente 4% das obesidades. Aqui se incluem as 
síndromes hipotalâmicas, síndrome de Cushing, hipotireoidismo, ovários policísticos, 
pseudohipaparatireoidismo, hipogonadismo, déficit de hormônio de crescimento, 
aumento de insulina e tumores pancreáticos produtores de insulina. 
Obesidade de causa genética – que pode ser autossômica recessiva, ligada ao 
cromossoX, cromossômicas (Prader-Willi), síndrome de Lawrence-Moon-Biedl. 
Por esta classificação já podemos concluir que a obesidade não é característica 
de pessoas com "falta de vontade para emagrecer, descuidadas com sua aparência, 
etc", mas de pessoas com uma doença que deve ser tratada como tal. Jane Feldman 
acha que definir obesidade é, muitas vezes, uma tarefa difícil. Existem situações em 
que qualquer um olha para um indivíduo e afirma que ele é obeso. No entanto, existem 
casos onde afirmar que alguém é obeso é extremamente duvidosa. Nesses casos, 
podemos lançar mão da abio-impedanciometria e da densidade corporal para definir 
melhor a porcentagem de tecido adiposo e, assim, delimitar melhor o diagnóstico da 
obesidade. 
A classificação pode ainda tomar como base o consumo e o gasto de 
energia. Dessa forma teremos dois tipos de obesidade: 
25 
 
 
Obesidade por Hiperfagia, é o tipo da doença conseqüente à ingestão de muita 
comida. São os obesos que comem muito, em quantidade ou em qualidade (alimentos 
muito calóricos) e neste grupo estão incluídos os populares "beliscadores", dietas 
ricas em gorduras, dietas de lancherias. 
Além dos mecanismos psíquicos envolvidos na obesidade por Hiperfagia, tais 
como a depressão, ansiedade, angustia, carência afetiva, etc, estão sendo cada vez 
mais descritas alterações orgânicas condicionantes de hiperfagia (alterações no 
centro da saciedade, alterações hipotâlamicas e alterações de alguns hormônios 
gastrintestinais); 
Obesidade por Gasto Ineficiente. Estão incluídas neste grupo pessoas com vida 
sedentária, incapacidade obrigatória, idade avançada, portanto, aquelas que comem 
mais do que gastam e as pessoas que, mesmo comendo proporcionalmente ao gasto 
com exercício, de repente param de praticá-lo sem diminuir a quantidade de comida 
ingerida. Também estão aqui as pessoas que comem pouco mas, conforme dizem 
sempre, têm a famosa tendência para engordar. 
Este último grupo de pessoas "com tendência para engordar" não costumam 
ter alterações de tiróide, como costumam achar, ou outro distúrbio do metabolismo. 
Normalmente a causa da obesidade é que elas gastam menos calorias do que 
consomem. O número de células adiposas do corpo humano cresce mais durante o 
período que vai do fim da infância ao início da idade adulta. 
A obesidade pode ainda ser classificada quanto ao número de células de 
gordura. 
Será considerada Obesidade Hipercelular, quando então ocorre aumento do 
número total de células adiposas, que pode se tornar até cinco vezes superior ao 
número encontrado em indivíduo adulto normal. Esta é a forma de obesidade que 
ocorre na infância ou adolescência, porém pode também ser observada nas pessoas 
com mais de 75% de excesso de peso corporal. 
Por outro lado, será considerada Obesidade Hipertrófica, quando ao invés de 
um aumento no número de células gordurosas, ocorre um aumento de tamanho 
dessas células por acúmulo de lipídeos. Esse tipo de obesidade se inicia na idade 
adulta, na gestação e se correlaciona melhor com a distribuição andróide de gordura. 
Há ainda uma outra classificação da obesidade, agora no que diz respeito à 
distribuição da gordura no corpo. Para essa classificação é necessário estabelecer o 
índice W/H, representado pela relação cintura-quadril. 
26 
 
 
A medida da cintura deve ser apurada de acordo com a circunferência que 
passa entre o umbigo e as costelas e medida do quadril deve ser medida tomando-se 
a maior circunferência na região glútea. Para os homens, Obesidade Andróide, esse 
índice W/H tem que dar maior que 0.9, ou seja, a cintura deve ser igual ou maior que 
o quadril. Na Obesidade Ginóide o índice W/H deve dar menor que 0.9, ou seja, o 
quadril tende a ser maior que a cintura. 
As observações antropométricas têm sugerido que quanto maior o índice W/H, 
ou seja quanto maior a cintura em relação ao quadril, mais tendência tem a pessoa 
para doença coronariana, diabetes, hipertensão arterial e dislipidemias, que é o 
aumento de colesterol e triglicérides. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. SISTEMA NERVOSO CENTRAL E OBESIDADE 
 
A neurociência tem se preocupado em detectar uma área cerebral mais 
diretamente relacionada com a obesidade. Atualmente parece ser o hipotálamo o 
órgão mais diretamente relacionado ao desejo de comer, sendo o assim chamado 
centro da saciedade localizado no hipotálamo ventro-medial 
A destruição experimental desse centro da saciedade causa hiperfagia e 
obesidade, com excesso da secreção de insulina (hiperinsulinemia), alterações no 
controle da temperatura corporal e no sistema nervoso autônomo. 
Na parte lateral do hipotálamo estaria o centro da fome. Sua destruição 
experimental leva a um estado de diminuição da ingestão alimentar e ao 
emagrecimento acentuado. A participação de alguns neurotransmissores e de 
diversos tipos de receptores é fundamental para o início e o término de uma 
alimentação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8. NEUROTRANSMISSORES E OBESIDADE 
 
Uma das hipóteses cerebrais para obesidade é que as pessoas obesas podem 
comer em excesso porque possuem menor número de receptores para dopamina, 
uma substância química cerebral associada ao prazer. 
A dopamina é um dos neurotransmissores, ou seja, mensageiros químicos 
utilizados pelos neurônios para transmitir sinais entre si e para todo o sistema nervoso. 
A dopamina tem um papel importante nas sensações de recompensa, prazer e 
saciedade, sensações essas associadas ao comer, sexo, amor, reprodução, etc. 
Substâncias como álcool, cocaína e nicotina também ativam o circuito. 
Atualmente os estudos que avaliam a função de determinados sistemas 
cerebrais são chamados estudos funcionais do cérebro e, normalmente, são 
realizados com Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET ou SPECT). 
Através do PET, tem-se observado que a performance dopamínica nos obesos 
tem sido menor, ou seja, poucos receptores de dopamina mostram-se funcionais. A 
falta de dopamina talvez cause o excesso de apetite para compensar a atividade 
diminuída nesse sistema de recompensa e saciedade. 
Essa mesma linha de pesquisa também tem encontrado poucos receptores de 
dopamina nos cérebros das pessoas viciadas em álcool, cocaína e opiáceos, o que 
sugere um menor número de receptores em pessoas com vícios, seja ele qual for. 
Talvez por isso o Comer Compulsivo esteja classificado junto com os Transtornos 
Adictivos. 
Existem sérias dúvidas do tipo "o ovo ou a galinha", ou seja, é preciso 
determinar se é a falta de receptores a causa da obesidade ou se a obesidade é que 
causa a diminuição de receptores. Uma outra teoria seria sobre o excesso de comida 
estimular cronicamente o cérebro a produzir excesso de dopamina mas, com o tempo 
e como adaptação, os neurônios reduziriam o número dos receptores. Enfim, as 
pesquisas estão caminhando nesse sentido. 
De fato, os medicamentos com ação sobre o apetite atuam sempre sobre 
neurotransmissores como dopamina ou serotonina, como é o caso dos anorexígenos 
ou, mais modernamente, dos estimulantes da saciedade (sibutramina). 
 
 
 
29 
 
 
 
9. OBESIDADE INFANTIL 
 
A incidência de obesidade na infância está aumentando em todo o mundo. No 
Brasil também está ocorrendo um aumento marcante da obesidade infantil e, além 
das possíveis complicações clínicas da obesidade, com o crescente apelo estético de 
um padrão de beleza sempre magro, a implicação da obesidade na auto-estima infantil 
também tem sido um fator muito importante. 
A obesidade infantil prepondera no primeiro ano e após o oitavo ano de vida, é 
maior nas famílias de renda maior (11,3 %) do que naquelas de menor renda (5,3 %). 
Mas, em qualquer faixa sócio-econômica, a vida moderna tem criado condições para 
o desenvolvimento de obesidade em crianças, na medida em que são impedidas de 
saírem de casa (por causada violência) e, desta forma, deixam de correr nas praças, 
andar de bicicleta e participar de outras brincadeiras de boa atividade física. 
Atualmente as crianças ficam muito em casa, dentro de seus quartos, sentadas ou 
deitadas na cama, jogam video-game, navegam pela internet, assistem vídeos ou 
estão ligadas na TV. 
Pesquisas têm revelado que 26% das crianças americanas, entre 8 e 16 anos, 
passam 4 ou mais horas em frente à televisão diariamente. Esses estudos procuram 
relacionar o hábito de ver TV com a obesidade infantil. 
O ganho de peso acima do normal é, geralmente estimulado já nos primeiros 
anos de vida, pois a família, principalmente mães e avós têm, a idéia de que nenê 
gordinho é sinal de saúde. A obesidade deve ser prevenida tão logo a criança nasça, 
pois, o ganho de peso acima do esperado, aumenta o número de células gordurosas 
e favorece o aparecimento de obesidade no futuro. Como se viu acima, da Obesidade 
Hipercelular. 
É preciso alertar para o fato de ser em torno dos dois anos e meio que se 
definem o número de células gordurosas de uma pessoa adulta e, normalmente, uma 
criança com excesso de peso possa a ter maior número de células gordurosas que 
uma criança com peso normal. Na fase adulta, tendo maior número de células 
gordurosas, essa pessoa terá maior dificuldade em se manter magro. O contrário é 
verdadeiro, ou seja, as pessoas que possuem menor número de células gordurosas, 
mesmo venham a ganhar algum peso, não serão obesas, já que possuem poucas 
células que armazenam gordura. 
30 
 
 
É freqüente pais desejarem que o filho seja cheio de dobrinhas e bem gordinho. 
É freqüente também que essas crianças gordinhas percam o excesso de peso ao 
começarem a engatinhar e a andar. O problema começa a ficar sério quando a criança 
continua a ganhar peso excessivamente depois de 1 ano de idade. Aos dois ou três 
anos de idade, o excesso de peso antes elogiado pelos avós, ao invés de agradar, 
passa a incomodar pais, familiares e a própria criança. Nessa fase, as mesmas 
pessoas que achavam linda a criança gordinha, passam a dizer que um regimezinho 
agora até que seria bom. 
A melhor maneira de evitar a obesidade infantil é tomar alguns cuidados antes 
mesmo do nascimento. Pais obesos e com padrões alimentares ricos em gorduras, 
calorias, sal e açúcar, são fortes candidatos a ter filhos obesos. 
Neste caso, o bebê deve ter uma alimentação inicial baseada exclusivamente 
no leite materno durante os seis primeiros meses de vida, tendo em mente que quanto 
mais tempo durar a amamentação, melhor. A partir do primeiro ano de vida, fase em 
que a criança começa a ingerir alimentos sólidos, as frutas, legumes e carnes magras 
devem entrar no seu cardápio diário. A primeira lição que a criança deve aprender é 
que o açúcar deve ser consumido em pequenas quantidades e após as refeições. 
Dessa forma, o aleitamento materno no primeiro ano de vida é uma das mais 
eficientes e principais medidas de prevenção da obesidade infantil. O aleitamento 
materno é tão fisiológico, no que diz respeito à compleição da criança, que o bebê que 
recebe leite materno e se encontra acima na curva ponderal normal, nem é 
considerado obeso, mas como tendo uma compleição corporal diferente e, 
normalmente, este excesso de peso não permanecerá. 
Se a criança é alimentada com fórmulas infantis e apresenta alterações para 
mais na curva de peso, é preciso avaliar, a quantidade de leite, a concentração de 
farinhas ou açúcares, a diluição, os horários e etc... Os hábitos alimentares são 
precocemente condicionados nas crianças por seus pais e, como atualmente há uma 
tendência para alimentos mais gordurosos ou calóricos, essas crianças podem 
desenvolver obesidade desde cedo. 
Como vimos acima, crianças obesas podem fazer parte dos grupos de riscos 
com maiores probabilidades de virem a sofrer, na idade adulta, de distúrbios tais como 
a hipertensão, diabetes, doenças respiratórias, transtornos coronarianos e problemas 
ortopédicos. 
31 
 
 
Com modernos aparelhos e métodos mais sofisticados, o médico pode 
diagnosticar o grau de obesidade e a quantidade de tecido gorduroso da criança. 
Detectado o problema, deve ser recomendado um tratamento completo para a 
obesidade, incluindo a dieta alimentar, cardápio específico, horário fixos para as 
refeições, atividades físicas e, principalmente, avaliação e eventual tratamento de 
problemas emocionais. 
Crianças em idade pré-escolar (de 1 a 6 anos) que apresentam apetite 
exagerado ou uma preocupação acentuada com alimentos merecem atenção especial 
pois, nesta idade, normalmente as crianças não dão muita importância à comida. O 
apetite começa a melhorar entre os escolares (7 anos) e, aos 8, já é possível 
encontrarmos a obesidade. 
Na adolescência, um dos motivos para que o peso seja negligenciado é a falsa 
crença de que o crescimento do adolescente, por si, já resolve o problema da 
obesidade. De fato, o crescimento pode ser um aliado mas, algumas vezes, apesar 
de estar crescendo, pode haver ganho excessivo de peso. 
É muito importante os pais terem em mente que mais de 99 % das crianças 
gordinhas não apresentam nenhum distúrbio hormonal. Essa importância está no fato 
de todos os pais serem ávidos por um exame endocrinológico. Apesar do fator 
genético ser sumamente importante, em geral a maior causa da obesidade infantil 
ainda é o erro alimentar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
10. FUNÇÃO SEXUAL EM HOMENS OBESOS 
 
Resultados de estudo, recentemente publicado no Jornal da Associação 
Americana de Medicina, demonstraram que em homens obesos que apresentavam 
disfunção erétil, a redução do peso e a mudança do estilo de vida melhoraram a 
função sexual. 
Existe uma associação entre obesidade e função sexual em homens, que é 
independente das doenças relacionadas à obesidade, como diabete, hipertensão ou 
hiperlipidemia (aumento de gordura no sangue). Ou seja, a obesidade, em si ,pode 
interferir sobre o desempenho sexual. 
Para testar se a redução do peso e a mudança do estilo de vida poderiam 
promover algum benefício sobre a função sexual, previamente comprometida, 
pesquisadores da Universidade de Nápolis, na Itália, acompanharam, durante três 
anos, homens obesos com disfunção erétil, sem diabete, hipertensão ou 
hiperlipidemia, e com índice de massa corporal (IMC) acima de 30. 
Estes pacientes foram divididos em dois grupos: o primeiro, chamado de 
intervenção, recebeu instruções detalhadas de como reduzir 10% ou mais do peso 
total, através da diminuição da ingestão alimentar e do aumento da atividade física. O 
segundo grupo, chamado de controle, recebeu somente informações generalizadas 
sobre os benefícios para a saúde, produzidos pelo exercício e pela escolha de uma 
alimentação equilibrada, informações essas sem nenhum detalhamento. 
Após dois anos, o grupo intervenção apresentou uma redução do peso 
(avaliado pelo IMC) e um aumento de atividade física (medida por minutos de atividade 
física por semana). No grupo controle não houve modificação no peso e na atividade 
física. 
A função sexual, avaliada através de um índice internacional de função erétil, 
melhorou significativamente no grupo que reduziu o peso e aumentou a atividade 
física. No grupo controle (os que não haviam reduzido o peso e nem aumentado a 
atividade física), este índice ficou inalterado (ou seja, continuou baixo). 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 
11. COMPLICAÇÕES CLÍNICAS DA OBESIDADE 
 
Desde a antiguidade Hipócrates percebera maior tendência dos obesos para a 
morte súbita e, de fato, a questão da obesidade está muito além das preocupações 
estéticas. A obesidade predispõe, então, a uma série de outras doenças. São também 
sintomas comuns aos obesos o cansaço, a sudorese excessiva, principalmente em 
pés, mãos e axilas, as dores nas pernas e colunas. 
O excesso de peso tem íntima relação, por exemplo, com a mortalidade porcausas cardiovasculares. Normalmente a obesidade predispõe à hipertensão arterial, 
ao aumento dos níveis de triglicérides e colesterol, bem como à diminuição do 
colesterol benigno (HDL-colesterol). 
Quando se observa um obeso ofegante, normalmente é porque o aumento da 
gordura no tórax e abdome pode causar alterações no padrão respiratório. Nesses 
casos há diminuição do volume e da complacência pulmonares e aumento do trabalho 
do diafragma. Em grandes obesos também pode ocorrer uma má oxigenação dos 
tecidos devido aos distúrbios da relação entre a ventilação e a área corporal a ser 
nutrida pelo oxigênio (perfusão). 
A obesidade é também um importante fator para o desenvolvimento da diabetes 
mellitus, do tipo não dependente de insulina. Mesmo diante do tratamento com 
insulina esses diabéticos obesos apresentam uma fraca resposta metabólica 
terapêutica. 
Havendo aumento do peso há, sem dúvida, aumento das necessidades de 
insulina. Dessa forma, ou seja, com hiper secreção de insulina, é que os obesos 
mantém sua glicemia plasmática mas, a persistência desta condição de hipersecreção 
em longo prazo, poderá produzir a falência da capacidade de secreção de insulina 
pela célula ß do pâncreas. Aí sim, teríamos, de fato, a diabetes. 
Também a atividade fibrinolítica, indispensável para a fluidez do sangue 
encontra-se diminuída, predispondo à formação de coágulos. Neste caso os níveis de 
Antitrombina III, importante anticoagulante endógeno, está significativamente 
reduzidos em obesos mórbidos. Na parte osteo-muscular a obesidade está associada 
à maior incidência de osteoartrose de joelhos. 
Alguns estudos da American CancerSociety mostram que a incidência de 
câncer intestinal (colo-retal) e de próstata, foi de 1,33 vezes maior em homens obesos 
34 
 
 
e o câncer de endométrio, vesícula, colo de útero e mama, 1,55 vêzes maior em 
mulheres obesas. 
Em mulheres obesas observa-se maior freqüência de ovários policísticos, bem 
como maior produção de hormônios masculinos (androgênios) pelos ovários. Isso 
pode ocasionar o surgimento de pelos e barba (hirsutismo), irregularidade menstrual, 
infertilidade e aumento dos ovários. 
Atualmente, possivelmente pela supervalorização cultural da estética e 
conseqüente rejeição social sofrida pelo obeso, com freqüência essas pessoas entram 
em estado de depressão emocional. 
A obesidade é fator de risco para uma série de doenças ou distúrbios que podem ser: 
Tabela 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
12. COMO SE TRATA A OBESIDADE 
 
O tratamento da obesidade envolve necessariamente a reeducação alimentar, 
o aumento da atividade física e, eventualmente, o uso de algumas medicações 
auxiliares. Dependendo da situação de cada paciente, pode estar indicado o 
tratamento comportamental envolvendo o psiquiatra. Nos casos de obesidade 
secundária a outras doenças, o tratamento deve inicialmente ser dirigido para a causa 
do distúrbio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
13. REEDUCAÇÃO ALIMENTAR 
 
Independente do tratamento proposto, a reeducação alimentar é fundamental, 
uma vez que, através dela, reduziremos a ingesta calórica total e o ganho calórico 
decorrente. Esse procedimento pode necessitar de suporte emocional ou social, 
através de tratamentos específicos (psicoterapia individual, em grupo ou familiar). 
Nessa situação, são amplamente conhecidos grupos de reforço emocional que 
auxiliam as pessoas na perda de peso. 
Independente desse suporte, porém, a orientação dietética é fundamental. 
Dentre as diversas formas de orientação dietética, a mais aceita cientificamente é a 
dieta hipocalórica balanceada, na qual o paciente receberá uma dieta calculada com 
quantidades calóricas dependentes de sua atividade física, sendo os alimentos 
distribuídos em 5 a 6 refeições por dia, com aproximadamente 50 a 60% de 
carboidratos, 25 a 30% de gorduras e 15 a 20% de proteínas. 
Não são recomendadas dietas muito restritas (com menos de 800 calorias, por 
exemplo), uma vez que essas apresentam riscos metabólicos graves, como 
alterações metabólicas, acidose e arritmias cardíacas. 
Dietas somente com alguns alimentos (dieta do abacaxi, por exemplo) ou 
somente com líquidos (dieta da água) também não são recomendadas, por 
apresentarem vários problemas. Dietas com excesso de gordura e proteína também 
são bastante discutíveis, uma vez que pioram as alterações de gordura do paciente 
além de aumentarem a deposição de gordura no fígado e outros órgãos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
14. EXERCÍCIO 
 
É importante considerar que atividade física é qualquer movimento corporal 
produzido por músculos esqueléticos que resulta em gasto energético e que exercício 
é uma atividade física planejada e estruturada com o propósito de melhorar ou manter 
o condicionamento físico. 
O exercício apresenta uma série de benefícios para o paciente obeso, melhorando o 
rendimento do tratamento com dieta. Entre os diversos efeitos se incluem: 
A diminuição do apetite, 
O aumento da ação da insulina, 
A melhora do perfil de gorduras, 
A melhora da sensação de bem-estar e auto-estima. 
O paciente deve ser orientado a realizar exercícios regulares, pelo menos de 
30 a 40 minutos, ao menos 4 vezes por semana, inicialmente leves e a seguir 
moderados. Esta atividade, em algumas situações, pode requerer profissional e 
ambiente especializado, sendo que, na maioria das vezes, a simples recomendação 
de caminhadas rotineiras já provoca grandes benefícios, estando incluída no que se 
denomina "mudança do estilo de vida" do paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
15. DROGAS 
 
No que se refere ao tratamento medicamentoso da obesidade, é importante 
salientar que o uso de uma série de substâncias não apresenta respaldo científico. 
Entre elas se incluem os diuréticos, os laxantes, os estimulantes, os sedativos e uma 
série de outros produtos freqüentemente recomendados como "fórmulas para 
emagrecimento". Essa estratégia, além de perigosa, não traz benefícios a longo prazo, 
fazendo com que o paciente retorne ao peso anterior ou até ganhe mais peso do que 
o seu inicial. 
A utilização de medicamentos como auxiliares no tratamento do paciente obeso 
deve ser realizada com cuidado, não sendo em geral o aspecto mais importante das 
medidas empregadas. Devem ser preferidos também medicamentos de marca 
comercial conhecida. Cada medicamento específico, dependendo de sua composição 
farmacológica, apresenta diversos efeitos colaterais, alguns deles bastante graves 
como arritmias cardíacas, surtos psicóticos e dependência química. Por essa razão 
devem ser utilizados apenas em situações especiais de acordo com o julgamento 
criterioso do médico assistente. 
Os medicamentos atualmente disponíveis para tratamento da obesidade 
podem ser classificados de acordo com seu modo de ação conforme apresentado a 
seguir. 
Tabela 4 
 
39 
 
 
 
O fármaco ideal para tratamento da obesidade é ainda hipotético; trata-se de 
um medicamento capaz de emagrecer, sem privar os prazeres da mesa e nem alterar 
os hábitos alimentares. Esta droga ideal seria inócua e isenta de efeitos colaterais 
mesmo em longo prazo.. Infelizmente, até hoje isso não existe. 
Muitos trabalhos científicos publicados documentam que os métodos não-
cirúrgicos, isoladamente, não têm sido efetivos em obter uma perda de peso a longo 
prazo em adultos gravemente obesos. Entretanto, o uso de medicamentos que inibem 
o apetite, chamados de anorexígenos, foi preconizado recentemente como tratamento 
a longo prazo dessa doença crônica. 
Em um estudo de quase quatro anos utilizando um esquema com duas drogas 
anorexígenas, a fentermina e a fenfluramina, mais a modificação de comportamento, 
dieta e exercícios mostrou resultados pouco otimistas em relação à obesidade grave 
e mais otimista em obesidades menosgraves. 
Entre os efeitos colaterais dessa combinação de drogas parece ter sido uma 
associação alta com alterações em válvulas cardíacas, o que já não recomenda esse 
tipo de tratamento. Sobre outras drogas anorexígenas, como é o caso da 
dietilpropiona, a associação com transtornos cardíacos não é documentada. 
Um dos agravantes para o insucesso dos tratamentos não-cirúrgicos da obesidade 
grave tem sido a alta taxa de desistência. Um terço dos pacientes desistem 
precocemente e a perda de peso final costuma ficar, acanhadamente, na média de 
apenas 1,5 kg. Resultados muito mais promissores com o tratamento não-cirúrgico é 
em relação aos casos de sobrepeso e de obesidade leve a moderada. 
Os anorexígenos atuam através da ação no Sistema Nervoso Central (SNC), 
acarretando diminuição da fome ou aumento da sensação de saciedade. O protótipo 
deste grupo é a anfetamina. Esses medicamentos promovem síntese e liberação de 
noradrenalina, com estimulação do SNC, podendo ter como efeito colateral a agitação 
psicomotora, constipação intestinal, dor de cabeça, taquicardia e diminuição da libido. 
As anfetaminas representam o principal grupo das substâncias que inibem a fome, 
portanto, das drogas anorexígenas. Sintetizadas pela primeira vez em 1887, as 
anfetaminas são drogas consideradas estimulantes, ou seja, estimulam ou aceleram 
o funcionamento do cérebro e do sistema nervoso central. 
As anfetaminas foram, inicialmente, lançadas no mercado farmacêutico na 
forma de um inalador indicado como descongestionante nasal, em 1932. Em 1937, 
40 
 
 
iniciou-se o comércio de uma anfetamina chamada benzedrina, com o propósito de 
revigorar e elevar o estado de humor. A benzedrina foi usada na Segunda Guerra 
Mundial pelas tropas alemãs para combater a fadiga provocada pelo combate. Os 
Estados Unidos também permitiram seu uso na Guerra da Coréia. 
Portanto, de acordo com suas características farmacológicas, além de 
inibidoras de apetite, em doses altas as anfetaminas podem provocar um estado de 
grande excitação e sensação de poder. Seu uso ilícito se dá sob os nomes populares 
de bolinha, bola, rebite, etc. O controle da comercialização das anfetaminas começa 
na década de 1970, quando elas passam a ser consideradas drogas psicotrópicas, 
sendo portanto ilegal seu uso sem acompanhamento médico adequado. 
As anfetaminas provocam dependência, podendo acarretar tolerância, que é 
quando há necessidade de aumentar-se a dose para se obter o mesmo efeito. Sua 
interrupção brusca pode causar a síndrome de abstinência, com grande mal-estar, 
tontura, irritabilidade, ansiedade aguda e outros sintomas do Sistema Nervoso 
Autônomo. Portanto, é imperioso o acompanhamento médico para os tratamentos que 
envolvem as anfetaminas. 
No mercado farmacêutico os nomes comerciais das anfetaminas são: 
Tabela 5 
Nome da anfetamina Nome comercial 
dietilpropiona ou 
anfepramona 
Dualid, Inibex, Hipofagin, 
Moderine 
femproporex Lipomax, Desobesi 
mazindol 
Dasten, Absten, 
Moderamin, Fagolipo, 
Inobesin, Lipese, Diazinil 
metanfetamina Pervitin (só uso ilícito) 
 
 Os fabricantes desses produtos costumam acrescentar nas bulas que se trata 
de medicação adjuvante das dietas hipocalóricas, durante o tratamento de obesidade. 
Alguns até alertam para que a utilização desta classe de drogas deverá ser por tempo 
limitado a 4 semanas, somente para auxiliar a adesão à dieta hipocalórica e que o 
benefício que substâncias desta classe podem oferecer deve ser considerado à luz 
da relação custo-benefício. 
41 
 
 
Não obstante, em doses adequadas e tomando-se o cuidado de uma 
supervisão médica continuada, além do uso concomitante de outros psicotrópicos 
compensadores dos efeitos colaterais, o tempo de tratamento pode ser bastante mais 
elástico. Para obesidade mórbida, entretanto, seu uso está sendo cada vez mais 
abandonado. 
A Dietilpropiona (Anfepramona) é o derivado anfetamínico mais utilizado no 
Brasil. Apesar da Anfepramona ser um anorexígeno potente, apresenta poucos efeitos 
colaterais. 
A Anfepramona age como neurotransmissor da noradrenalina, sendo o mais 
potente anorético. Seu local de ação predominante é nos núcleos hipotalâmicos 
laterais inibindo a fome. Porém, a Anfepramona tem um importante potencial de 
dependência, quando usado inadvertidamente e em doses altas. As doses variam 
entre 40 a 120 mg ao dia, geralmente divididas em 2 tomadas e os efeitos colaterais 
mais comuns são: boca seca, constipação intestinal, irritabilidade, insônia e mais 
raramente taquicardia e hipertensão arterial. 
Outra anfetamina é o Femproporex, o qual também parece ser bem tolerado. É 
um anorexígeno de ação semelhante a Dietilpropiona, agindo como inibidor do centro 
da fome hipotalâmico, tendo a noradrenalina como neurotransmissor. Seus efeitos 
colaterais, são os mesmos mas, em geral, menos intensos que os da Anfepramona. 
A dose diária varia de 20 a 60 mg ao dia, também dividida em 2 tomadas. 
No Brasil usa-se também o Mazindol, um derivado da imidazolina que se assemelha 
farmacologicamente aos antidepressivos pelo fato de bloquear a recaptação da 
noradrenalina e da dopamina. O Mazindol tem uma ação totalmente diferente da 
Anfepramona e do Femproporex, inibindo a recaptação da Noradrenalina nas 
terminações nervosas. 
É bastante possível que o Mazindol tenha sua ação no sistema límbico e não 
no hipotálamo, como os demais anorexígenos. Além dos efeitos colaterais comuns 
aos outros anorexígenos, o Mazindol pode precipitar quadros depressivos, agitação 
psicomotora e sintomas semelhantes ao quadro de pânico. A dose varia de 0,75 mg 
a 3 mg por dia, também divida em 2 tomadas. 
É importante, do ponto de vista psiquiátrico, saber que a perda de peso com 
dieta costuma causar depressão, ansiedade, irritabilidade, fraqueza e preocupação 
com alimentos. Por isso, juntamente com anorexígenos, os antidepressivos e 
ansiolíticos devem ser recomendados. 
42 
 
 
 
 
16. MEDICAMENTOS SEROTONINÉRGICOS 
 
A serotonina é uma substância formada a partir da hidroxilação e 
descarboxilação do aminoácido triptofano que se distribui amplamente nos reinos 
vegetal e animal. Existem no hipotálamo ventro-medial receptores para serotonina 
relacionados com a indução da diminuição da ingestão alimentar. 
A Dexfenfluoramina é um bom agente serotoninérgico, ou seja, ele diminui a 
recaptação pré-sináptica de serotonina e, com menor efeito, aumenta sua liberação. 
Seu efeito anorexígeno é maior em relação ao consumo de carboidratos. Utilizam-se 
15mg de Dexfenfluramina, por via oral, 2x/dia. Tem como efeitos colaterais a 
sonolência, diarréia e náuseas. Por longo prazo pode ocorrer significante dano 
neuronal, com diminuição dos níveis circulantes de serotonina e depressão. 
Os medicamentos a base de Dexfenfluramina foram retirados do mercado pela 
possibilidade de provocarem lesões de válvulas cardíacas. 
Fluoxetina 
A Fluoxetina é um antidepressivo com propriedades anoréticas. Inibe a 
recaptação de serotonina nas terminações sinápticas. Pode ser utilizada em dosagens 
que vão de 40 a 80mg/dia divididas em duas tomadas. Pode causar ansiedade, 
distúrbios do sono, sudorese e náuseas. Sua utilização é indicada em obesos com 
síndrome depressiva associada. 
Atualmente, muitos casos de obesidade podem ser abordados como um 
fenômeno psicossomático. A obesidade considerada "reativa" é aquela com etiologia 
emocional e, normalmente, se caracteriza como fenômeno "io-io" ou "sanfona", tendo 
em vista seu aspecto cíclico de emagrecimento-gordura. Por traz desse tipo de 
obesidade, reativa e cíclica, têm sido encontrado casos de depressão e ansiedade. 
Utilizando-se da escalas de Hamilton para depressão e para ansiedade, Resch et al 
estudaram 29 obesos. A prevalência de transtornos por gula ou compulsão para 
comer foi de 57% e de bulimia nervosa foi de apenas 3%. O tratamento de todos foi 
com fluoxetina, um antidepressivoinibidor seletivo da recaptação de serotonina, 
associado à terapia cognitiva-comportamental. Os resultados foram bons. 
 
 
43 
 
 
a. Sibutramina 
 
A Sibutramina tem tanto uma ação serotoninérgica, inibindo a recaptação da 
serotonina, como também um efeito catecolaminérgio. Aumentando a serotonina a 
Sibutramina aumenta a sensação da saciedade, agindo também sobre a compulsão 
alimentar, enquanto que, aumentando outras catecolaminas, promove um efeito 
inibidor na sensação de fome. 
Segundo a literatura atual, não há risco de dependência química à Sibutramina e sua 
dose varia de 10 a 20 mg por dia, em dose única pela manhã. No Brasil a Sibutramina 
tem os nome comerciais de Reductil e Plenty. 
 
b. Termogênicos 
 
São substâncias que atuam aumentando o gasto energético diário. Deste grupo 
fazem parte a efedrina, a aminofilina, o AAS e a nicotina. Nenhuma dessas, entretanto, 
tem utilização preconizada para a obesidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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17. TRATAMENTO PARA A OBESIDADE MÓRBIDA 
 
 Quando se trata de obesidade mórbida, essas medidas, na maioria das vezes, 
são fugazes e ineficientes. Isto porquê, devido ao fato de a imensa maioria dos 
pacientes severamente obesos não conseguirem promover uma mudança definitiva 
nos seus hábitos alimentares e na prática de atividade física, aliado às alterações nos 
mecanismos que controlam a distribuição da gordura e o gasto energético, fazendo 
com que haja uma grande tendência do indivíduo recuperar o peso perdido, 
superando inclusive o peso inicial e se tornando ainda mais obeso. Isto leva a um 
fenômeno popularmente conhecido como "efeito sanfona". 
Os pacientes com obesidade mórbida devem portanto ser encarados como 
portadores de uma doença séria, que ameaça a vida, reduz a qualidade de vida e a 
auto-estima, e que requerem abordagens eficientes para promover uma redução do 
peso de forma definitiva; portanto, para indivíduos com obesidade severa, o 
tratamento cirúrgico é o único método cientificamente comprovado que promove uma 
acentuada e duradoura perda de peso, reduzindo as taxas de mortalidade e 
resolvendo, ou pelo menos minimizando, uma série de doenças associadas à 
obesidade. 
A cirurgia bariátrica (nome utilizado para se definir a cirurgia para obesidade 
mórbida) é um procedimento medico necessário por ser o único meio cientificamente 
comprovado para obtenção do controle do peso a longo prazo por restringir a ingesta 
e/ou a absorção dos alimentos ingeridos definitivamente. 
O tratamento cirúrgico é clinicamente necessário porque é o único método 
comprovado de obter controle do peso a longo prazo para os gravemente obesos. O 
tratamento cirúrgico não é um procedimento cosmético. O tratamento cirúrgico da 
obesidade grave não envolve a remoção de tecido adiposo (gordura) por aspiração 
ou exérese. 
A cirurgia bariátrica envolve reduzir o tamanho do reservatório gástrico com ou 
sem um grau de má absorção associada. O comportamento alimentar melhora 
dramaticamente. Isso reduz a ingesta calórica e assegura que o paciente pratique 
modificação de comportamento pela ingestão de pequenas quantidades lentamente e 
mastigando muito bem cada bocado. 
O sucesso do tratamento cirúrgico deve começar com objetivos realistas e 
avançar pelo melhor uso possível de cirurgias bem desenhadas e testadas. Estas têm 
45 
 
 
sido trabalhadas nos últimos 30 anos e agora estão padronizadas, com procedimentos 
claramente definidos e resultados bem reconhecidos e documentados. 
A prevenção de complicações secundárias da obesidade grave é importante 
objetivo de conduta. Portanto, a opção do tratamento cirúrgico é uma lógica 
sustentada pelo princípio consagrado pelo tempo de que as doenças que prejudicam 
pedem uma intervenção terapêutica menos prejudicial que a doença em tratamento. 
 
 
18. TRATAMENTO PARA A OBESIDADE INFANTIL 
 
Para o tratamento da obesidade infantil, algumas orientações são de utilidade práticas 
para os pais: 
1. Não proibir alimentos, apenas determinar a porção a ser servida; 
2. Estabelecer horários; 
3. Ensinar a comer devagar e mastigar os alimentos; 
4. Não fazer refeições assistindo televisão; 
5. Diminuir gradativamente a quantidade de alimentos; 
6. Não proibir sanduíches, desde que elaborados com alimentos pobres em gorduras; 
7. Mude o hábito alimentar familiar se preciso; 
8. Estimule atividade física regular; 
9. Consulte um especialista na área ao menor sinal de perda de controle alimentar. 
Outras recomendações devem ser também anotadas como: 
1. Cortar calorias nas refeições: os pais não devem superalimentar seus filhos à mesa. 
Se o cardápio é sempre muito calórico, talvez seja hora de repensar os hábitos 
alimentares da família em benefício da criança. Estudos comprovaram que os hábitos 
alimentares dos pais contribuem para o desenvolvimento da obesidade em crianças 
em idade escolar. 
2. Limitar os lanchinhos: os pais não devem forçar seus filhos a comerem frutas e 
vegetais, ao invés disso, eles devem limitar a oferta de "guloseimas" em seus 
armários. A criança dificilmente aceitará frutas ao ter biscoitos e outras massas ao seu 
alcance. 
3. Limitar Fast-foods: os pais devem reduzir gradativamente as saídas para 
lanchonetes e outros fast-foods. 
46 
 
 
4. Introduzir atividades físicas: a atividade física é indispensável para a criança 
queimar calorias reduzindo seu excesso de gordura. 
5. Redução do tempo de TV: Estudos têm mostrado a relação direta entre assistir TV 
e a obesidade infantil. 
Um dos grandes problemas de quem faz regime é que as dietas são 
extremamente restritas e enjoativas. Depois de algum tempo de tratamento, é comum 
a pessoa sentir-se desmotivada, enjoada das dietas e, por fim, acabam cedendo às 
pressões psicológicas e sociais para que voltem a comer como antes. 
19. COMO SE PREVINE A OBESIDADE 
Uma dieta saudável deve ser sempre incentivada já na infância, evitando-se 
que crianças apresentem peso acima do normal. A dieta deve estar incluída em 
princípios gerais de vida saudável, na qual se incluem a atividade física, o lazer, os 
relacionamentos afetivos adequados e uma estrutura familiar organizada. No paciente 
que apresentava obesidade e obteve sucesso na perda de peso, o tratamento de 
manutenção deve incluir a permanência da atividade física e de uma alimentação 
saudável a longo prazo. 
Esses aspectos somente serão alcançados se estiverem acompanhados de 
uma mudança geral no estilo de vida do paciente. 
Segure a compulsão 
Faça um diário alimentar e anote tudo o que você come. 
Obedeça rigorosamente ao horário das refeições, comendo com intervalos de 
4 a 5 horas.Jamais pule refeições.Quando, fora dos horários, surgir a vontade de 
comer, busque uma alternativa (caminhada, exercícios físicos etc.) que reduza a 
ansiedade. 
Antes de cada refeição, planeje o que você vai comer e prepare cuidadosamente a 
mesa e o prato. 
Preste a máxima atenção ao ato de comer. Não coma enquanto lê ou assiste 
televisão. 
Mastigue bem e descanse o garfo entre cada bocada. Isso ajuda a controlar a 
ansiedade. Mas é eficiente também porque existem dois mecanismos que promovem 
a saciedade. Um, de natureza mecânica, atua rapidamente, com o preenchimento do 
estômago. O outro, mais lento, depende da troca de neurotransmissores no cérebro. 
Comendo devagar, a pessoa dá tempo para que esse segundo mecanismo funcione. 
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Jamais faça compras em supermercados de estômago vazio, para não encher 
o carrinho com guloseimas. 
Não estoque comidas tentadoras (doces, sorvetes, salgadinhos) em casa. 
Tenha sempre à mão opções saudáveis. 
Não vá a festas de estômago vazio. Se, chegando lá, você não resistir à tentação de 
comer alguma coisa, escolha aquilo de que mais gosta e dispense o resto. 
20. PSICOLOGIA DA OBESIDADE 
Quando a pessoa consome mais calorias do que gasta, a energia fica 
acumulada no organismoe ela engorda. Caso gaste a mesma quantidade que 
consome, o peso fica mantido, e se gastar mais calorias do que ingere, emagrece. 
Mas a quantidade de calorias que uma pessoa necessita varia de acordo com a idade, 
o sexo e a atividade física. Vale a pena lembrar que o que mais engorda, ao contrário 
do que se pensa, não é o açúcar, mas as gorduras, é bom lembrar que 1 grama de 
gordura tem 9 calorias, enquanto 1 grama de açúcar tem 4 calorias. A maioria dos 
alimentos que engordam e são irresistíveis ao paladar contem os dois componentes, 
como o chocolate, as massas, sorvetes, etc. 
O sedentarismo é a causa mais importante do excesso de peso e da obesidade. 
Por esse simples motivo, a atividade física tem que ser o primeiro item de qualquer 
programa realista de tratamento da doença. A pessoa sedentária deve começar 
reeducando-se em suas atividades cotidianas. Mesmo isso, porém, deve ser feito 
gradativamente. A partir daí, abre-se espaço para uma atividade física sistemática. 
Mas é preciso que seja uma atividade aeróbica (caminhada, esteira, corrida, bicicleta, 
hidroginástica, natação, remo, dança, ginástica aeróbica de baixo impacto etc.), com 
elevação da freqüência cardíaca a até 75% de sua capacidade máxima. 
Nessas condições, a primeira coisa que o organismo faz é lançar mão da 
glicose, armazenada nos músculos sob a forma de glicogênio. Depois de 
aproximadamente 30 minutos, quando o glicogênio se esgota, o organismo começa a 
queimar gordura como fonte de energia. 
As dietas restritivas devem ser evitadas. Até porque, exatamente pelo fato de 
serem desbalanceadas, o organismo se defende espontaneamente delas, fazendo 
com que, após um período de restrição, a pessoa coma muito mais. O que o indivíduo 
precisa, isto sim, é buscar uma mudança no estilo de vida, pois os fatores 
comportamentais desempenham, de longe, o papel mais importante no 
emagrecimento. 
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1. REFERÊNCIAS 
 
BROWN, Theodore L., LEMAY, H. Eugene Jr, BURSTEN, Bruce E., BURDGE, Julia 
R., Química a Ciência Central, 9ª edição, ao Paulo, Pearson Prentice Hall, 2005. 
 
CISTERNAS, José Raul; VARGAS José; MONTE Osmar, Fundamentos de 
bioquímica experimental, 2ª edição, Editora Atheneu, São Paulo, 2005. 
 
KATZUNG, Beitram G., Farmacologia Básica e Clínica., 2ª edição, 1986. 
 
LEHNINGER, A. L.; NELSON, David L.; COX, Michael M., Princípios de Bioquímica, 
Editora Sarvier, 1995. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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