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<p>Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação</p><p>Atualmente várias pesquisas tem se dedicado no estudo do</p><p>cérebro no que diz respeito aos processos de aprendizagem, com isso,</p><p>as questões do comportamento na sala de aula passou a ficar mais</p><p>claro diante dos estudos das neurociências.</p><p>Os comportamentos que adquirimos ao longo de nossas vidas</p><p>resultam do que chamamos de aprendizagem. Aprender é uma</p><p>característica intrínseca do ser humano, essencial para sua</p><p>sobrevivência.</p><p>A aprendizagem, portanto, é um processo dinâmico e interativo</p><p>da criança com o mundo que a cerca, garantindo-lhe a apropriação de</p><p>conhecimentos e estratégias adaptativas a partir de suas iniciativas e</p><p>interesses e dos estímulos que recebe de seu meio social.</p><p>Trata-se de uma ciência que estuda o sistema nervoso central,</p><p>buscando compreender como acontece seu funcionamento, sua</p><p>estrutura, como se desenvolve e as alterações que possam ocorrer ao</p><p>longo da vida.</p><p>Os estudos em neurociências trazem contribuições importantes</p><p>para compreendermos os processos neurais, redes que se</p><p>estabelecem; neurônios que se ligam e como fazem novas sinapses.</p><p>Entendemos assim, que a Neurociência da aprendizagem, em termos</p><p>gerais, é o estudo de como o cérebro aprende. É o entendimento de</p><p>como as redes neurais são estabelecidas no momento da</p><p>aprendizagem, bem como de que maneira os estímulos chega ao</p><p>cérebro, da forma como as memórias se consolidam, e de como</p><p>temos acesso a essas informações armazenadas.</p><p>As funções intelectuais como a memória, linguagem, atenção,</p><p>emoções, assim como ensinar e aprender, são produzidas pela</p><p>atividade dos neurônios no nosso encéfalo (Kolb 2002). O cérebro é o</p><p>órgão da aprendizagem.</p><p>Segundo Lent (2010), o cérebro humano possui quatro divisões</p><p>anatômicas, os lobos cerebrais. Existem quatro lobos: frontal, parietal,</p><p>occipital e temporal. O lobo frontal é responsável pela tomada de</p><p>decisão, julgamento, memória recente, crítica, raciocínio. O lobo</p><p>parietal está relacionado às sensações e a interpretação das</p><p>sensações, pelo senso de localização do corpo e do meio ambiente. O</p><p>lobo occipital ocupa-se basicamente com a visão, enquanto o</p><p>temporal, com a audição.</p><p>O cérebro humano é composto por aproximadamente 86</p><p>bilhões de neurônios, as células nervosas, que interagem entre si e</p><p>com outras células formando redes neurais para que possamos</p><p>aprender o que é significativo e relevante para a vida.</p><p>Os neurónios são células altamente estimuláveis, que</p><p>processam e transmitem informação através de sinais eletroquímicos.</p><p>Uma das suas caraterísticas é a capacidade das suas membranas</p><p>plasmáticas gerarem impulsos nervosos. A maioria dos neurónios,</p><p>tipicamente, possui o corpo celular e dois tipos de prolongamentos</p><p>citoplasmáticos, as dendrites e os axónios.</p><p>O corpo celular: contém o núcleo e a maior parte das organelas.</p><p>É nesta parte onde ocorre a síntese proteica.</p><p>Os dendritos: são prolongamentos finos, geralmente</p><p>ramificados, que recebem e conduzem os estímulos provenientes de</p><p>outros neurónios ou de células sensoriais.</p><p>O axónio: é o prolongamento, geralmente, mais longo que</p><p>transmite os impulsos nervosos provenientes do corpo celular. O</p><p>comprimento do axónio varia muito entre os diferentes tipos de</p><p>neurônios. Nos vertebrados e em alguns invertebrados os axónios são</p><p>cobertos por uma bainha isolante de mielina, tomando a designação</p><p>de fibra nervosa.</p><p>As terminações do axónio: contêm sinapses, estruturas</p><p>especializadas onde são libertadas substâncias químicas,</p><p>neurotransmissores, que estabelecem a comunicação com os</p><p>dendritos ou corpo celular de outros neurônios.</p><p>Assim, os neurônios recebem informações do meio ambiente</p><p>através dos sentidos (visão, audição, olfato, gosto e tato) e do meio</p><p>interno, como temperatura, estiramento e níveis de substâncias.</p><p>Processa essas informações e elabora uma resposta que pode resultar</p><p>em ações, como a contração muscular e a secreção de glândulas, em</p><p>sensações, como dor e prazer, ou em informações cognitivas, como o</p><p>pensamento, o aprendizado e a criatividade. Ele é ainda capaz de</p><p>armazenar essas informações para uso posterior: é a memória.</p><p>Segundo Izquierdo (1989), a memória e aprendizado têm um</p><p>papel fundamental na vida do homem como um todo, sendo esses</p><p>elementos partes integrantes do sistema nervoso. Tais componentes</p><p>afetam diretamente as atividades nervosas, uma vez que</p><p>aprendemos a fazer desde movimentos simples ao mais complexo</p><p>como caminhar, pensar, amar, imaginar, e precisamos do lembrar</p><p>para executá-las.</p><p>Quanto mais memórias se consolidam, mais aprendizagens</p><p>acontecem, mas esse processo memória e aprendizado vão depender</p><p>do contexto em que o aluno está inserido. Um ambiente estimulador</p><p>favorece as conexões neurais, facilitando a apreensão do conteúdo</p><p>que está sendo ministrado.</p><p>Assim, as neurociências têm contribuído para o cotidiano do</p><p>professor nos seguintes aspectos: conhecer a organização e as</p><p>funções do cérebro, os períodos receptivos, os mecanismos da</p><p>linguagem, da atenção e da memória, as relações entre cognição,</p><p>emoção, motivação e desempenho, as potencialidades e as limitações</p><p>do sistema nervoso central, as dificuldades para aprendizagem e as</p><p>intervenções a elas relacionadas.</p><p>Neuropsicopatologias</p><p>A neurociência estuda também as doenças do sistema nervoso</p><p>e seus reflexos em todas as funções do indivíduo, procurando</p><p>métodos de diagnóstico, prevenção e tratamento, além da descoberta</p><p>das causas e mecanismos – psicopatologia.</p><p>Os estudos em psicopatologia contribuem para o entendimento</p><p>da lesão cerebral correlacionados aos déficits funcionais, sejam na</p><p>linguagem, no reconhecimento visual, na coordenação motora e</p><p>demais funções. O desenvolvimento das pesquisas em</p><p>neuropsicopatologia expõe a importância das implicações no processo</p><p>de aprendizagem e suas implicações no comportamento.</p><p>Psicopatologia é um termo que se refere tanto ao estudo dos</p><p>estados mentais patológicos, quanto à manifestação de</p><p>comportamentos e experiências que podem indicar um estado mental</p><p>ou psicológico anormal. Os transtornos psiquiátricos são descritos por</p><p>suas características patológicas, ou psicopatologia, que é um ramo</p><p>descritivo destes fenômenos. A psicopatologia como o ramo da</p><p>ciência que trata da natureza essencial da doença mental - suas</p><p>causas, as mudanças estruturais e funcionais associadas a ela e suas</p><p>formas de manifestação. A psicopatologia, em acepção mais ampla,</p><p>pode ser definida como o conjunto de conhecimentos referentes ao</p><p>adoecimento mental do ser humano (CAMPBELL, 1986).</p><p>Graças às contribuições da pesquisa das neurociências e</p><p>psicopatologias, hoje em dia sabemos que transtornos como</p><p>esquizofrenia, depressão e transtorno bipolar costumam cursar com</p><p>alterações em diversos domínios cognitivos, as quais podem existir</p><p>tanto nas fases agudas quanto nos períodos de remissão destas</p><p>condições. O autismo é um bom exemplo de transtorno</p><p>neuropsiquiátrico em que foram bem documentadas alterações em</p><p>um domínio cognitivo específico denominado cognição social, que diz</p><p>respeito às operações mentais realizadas pelo cérebro durante o</p><p>convívio com outras pessoas.</p><p>Portanto, apesar de ainda serem necessárias mais pesquisas</p><p>para compreendermos o funcionamento do cérebro, o conhecimento</p><p>atualmente disponível a respeito da neuropsicopatologia já permite</p><p>entendermos melhor a psicobiologia de vários sintomas psiquiátricos.</p>