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Módulo 2 Características e requisitos do mel Módulo 2 5959 Módulo 2 O mel é, de longe, o produto de abelhas mais conhecido e consumido. Assim como a Ana Liz, você deve querer informações sobre ele para garantir uma produção adequada e dentro da lei. Pois bem! Neste módulo, você vai ver que o produto tem parâmetros claros a cumprir para que possa ser comercializado. Também vai conhecer os tipos de méis e verá como deve ser feita sua coleta. Siga em frente! Já conheço os tipos de abelhas e sei o que preciso para iniciar meu apiário. Mas,agora,quero é falar de mel! Módulo 2 60 Pode parecer uma coisa óbvia, mas a verdade é que eu não saberia dizer o que, exatamente, é o mel... Assim como Ana Liz, muita gente não sabe explicar o que é esse produto doce, viscoso e de sabor único que faz parte do dia a dia de tantas pessoas. O mel é um alimento produzido pelas abelhas a partir do néctar das flores e é armazenado para nutrir a colmeia. Ele é rico em açúcares e uma importante fonte de carboidratos para os insetos. Aula 1 O que é mel? Módulo 2 61 As abelhas campeiras colhem o néctar das flores e o carregam em seu papo, um órgão que fica no abdome. A substância é rica em sacarose e em umidade e, no papo das abelhas, essas características começam um processo de mudança. Nesse órgão, três enzimas são adicionadas ao néctar: a invertase, a glicose-oxidase e a diástase. A seguir, conheça a importância de cada uma delas. A invertase transforma a sacarose do néctar em açúcares invertidos (glicose e frutose). Ela age no ingrediente até sua maturação total, que ocorrerá no favo, como você verá adiante. Invertase A glicose-oxidase reage com a glicose, que foi recém-criada pela invertase, para formar ácido glucônico e peróxido de hidrogênio. Esses componentes químicos são importantes, porque aumentam a acidez do néctar e inibem o crescimento de microrganismos. Elas permitem a conservação do chamado “mel verde”, até que a invertase consiga completar a conversão de açúcares e todo o mel seja desidratado. Glicose-oxidase A diástase tem como função quebrar o amido presente no néctar. Para a produção comercial de mel, essa enzima é um importante indicador da qualidade do produto: como ela é termossensível, ou seja, se degrada com o aumento da temperatura, uma análise laboratorial da presença da enzima no mel pode indicar se o produto foi superaquecido ou se está armazenado há muito tempo. Esses aspectos degradam os componentes do mel e reduzem seus valores nutricional e funcional. Diástase Módulo 2 62 Parâmetros físico-químicos do mel Sacarose.... Umidade de 20%... Parece que o mel tem um tanto de química, hein? Sim! E esses parâmetros são importantíssimos quando falamos de uma produção comercial de mel. Veja só: Ao chegarem na colmeia, as abelhas- campeiras transferem o néctar para as operárias caseiras. O material é ingerido e regurgitado diversas vezes pelas caseiras, num processo que reduz sua umidade até ficar entre 40 e 50%. O ingrediente, agora, é chamado de “mel verde” e é depositado nos favos. As abelhas batem suas asas de forma a secar esse mel, até que a umidade presente esteja restrita a 20%. Nesse ponto, os insetos vedam o favo com cera, o que indica que ele já está maduro e pronto para a colheita. Módulo 2 63 Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para assistir ao conteúdo em vídeo. O mel é um produto sensível e delicado. Para garantir sua qualidade e identificar fraudes, no Brasil, temos uma legislação que define parâmetros que todo mel produzido por Apis mellifera deve cumprir. É a Instrução Normativa n.°11, do Ministério da Agricultura e Abastecimento. Ela está em vigor desde o ano 2000. A norma existe porque seria complicado diferenciar um mel puro de outro misturado com soluções açucaradas apenas pelo sabor. Então, ela define que todo lote de mel produzido passe por análise laboratorial para comprovar que os indicadores estão dentro dos limites exigidos por lei. Essa análise deve verificar nove parâmetros: 1. Umidade; 2. Açúcares redutores; 3. Sacarose; 4. Minerais; 5. Grãos de pólen; 6. Atividade diastásica; 7. Teor de hidroximetilfurfural (hmf); 8. Acidez do mel; 9. Sólidos insolúveis em água. Módulo 2 64 A Instrução Normativa n.°11 (2000) define valores de referência para os aspectos listados a seguir. Conheça mais detalhes sobre cada um deles. Fonte: Wenderson Araujo/Trilux. CNA. Para poder comercializar seu mel, selecione uma amostra a cada lote que produzir e envie para análise laboratorial. Você pode buscar laboratórios de universidades que tenham programas de pesquisa e extensão ou da Embrapa. Guarde todos os resultados para futuras inspeções! #Importante @apiário_sem_segredo https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/suasa/regulamentos-tecnicos-de-identidade-e-qualidade-de-produtos-de-origem-animal-1/IN11de2000.pdf Módulo 2 65 Já sabemos que o mel é uma solução açucarada com teor máximo de água de 20%. Uma concentração de água mais alta do que isso indica que o mel ainda não está maduro e torna o produto propenso à proliferação de microrganismos e à fermentação, o que interfere em sua qualidade e segurança. Mas não se preocupe: você aprenderá a identificar quando o mel está no ponto de colheita mais adiante. 1. Umidade O mel é composto por açúcar, especialmente a glicose (34%) e a frutose (que pode variar entre 27,5% e 44,26%, a depender da florada). É proibido adicionar qualquer tipo de ingrediente ao produto. Para garantir que não houve inclusão de açúcares artificialmente, seja por mistura no mel ou pela alimentação suplementardas abelhas, a Instrução Normativa indica que o mel floral deve ser composto de no mínimo 65% de açúcares redutores (glicose + frutose) e o mel de melato (que você conhecerá adiante) no mínimo 60%. 2. Açúcares redutores A sacarose é o açúcar natural do néctar que não passou pelo efeito da enzima invertase. O mel floral pode ser composto por até 6% de sacarose. Para o mel de melato, a proporção aceita é de até 15%. Vale dizer que as propriedades físicas do mel, como viscosidade, densidade e capacidade de cristalização, têm relação com as diferentes concentrações dos açúcares (glicose, frutose e sacarose) nele presentes. 3. Sacarose Módulo 2 66 Apesar de o pólen não ser utilizado na produção de mel pelas abelhas, sua presença é obrigatória e natural no produto. Por isso, a análise palinológica, que indica ausência ou baixa quantidade do componente, é um importante indicativo de fraudes, pela adição de outros açúcares ou pela colheita de mel produzido por abelhas alimentadas de forma suplementar. Vale dizer: “análise palinológica” é o nome técnico da análise laboratorial feita para averiguar a presença e os tipos de grãos de pólen no mel. 5. Grãos de pólen Como você já viu, a diástase é uma enzima que se degrada pelo calor e pelo armazenamento prolongado. Por isso, sua presença é um indicativo de qualidade e de bom teor nutricional do mel. Ela é medida com base na escala de Göthe e deve ter no mínimo grau 8, a princípio. Porém, a legislação aceita que esse mel tenha grau 3 na escala de Göthe se o teor de HMF, indicador que você conhecerá a seguir, estiver inferior a 15mg/kg. 6. Atividade diastásica O teor de minerais deve ficar abaixo de 0,6% para o mel floral e abaixo de 1,2% para o mel de melato. Esse valor não é relevante do ponto de vista nutricional, porque as fontes de mineral no néctar são muito pequenas. Mas é importante analisar o parâmetro, porque uma concentração mais alta pode indicar contaminação ou fraude. 4. Minerais Módulo 2 67 O hidroximetilfurfural, ou HMF, é um composto produzido pela degradação dos açúcares redutores, principalmente da frutose, que surge no mel naturalmente ao longo do tempo. Quando o mel é aquecido, porém, a degradação acontece mais rapidamente, e a concentração de HMF aumenta.Esse aquecimento pode ter ocorrido para tentar esterilizar o mel por conta de alguma contaminação ou para desfazer a cristalização, natural do produto. O armazenamento inadequado também pode levar a esse aumento. O valor aceito para o HMF é de, no máximo, 60 mg/kg. 7. Teor de hidroximetilfurfural (HMF) A acidez é um parâmetro importante para a preservação do mel de forma natural. Porém, o excesso é um indicativo de fermentação, o que afeta a qualidade nutricional e sensorial do produto. Por isso, ela deve ter no máximo 50 mEq/kg. 8. Acidez do mel Sólidos insolúveis em água são resquícios de cera e própolis, que podem existir naturalmente no mel. No mel convencional, aceita-se, no máximo, 0,1% desse tipo de material, porque o processo produtivo adequado garante a remoção dos componentes. Para mel prensado,que aceita-se 0,5%. Uma porcentagem mais alta pode indicar um processo inadequado ou até mesmo contaminações. 9. Sólidos insolúveis em água Sintetizamos todos os indicadores que você acabou de conhecer, seus valores de referência e sua importância na tabela a seguir: Módulo 2 68 Umidade Indica maturidade do mel Máximo 20% Açúcares redutores É um grupo de açúcares presente no mel (frutose e glicose) Mínimo de 65% para mel floral ou 60% para mel de melato Sacarose É um tipo de açúcar presente no mel Até 6% para mel floral ou 15% para mel de melato Minerais Pode indicar contaminação Até 0,6% para mel floral ou até 1,2% para mel de melato Grãos de pólen Indicador de origem botânica; a ausência indica fraude Presença Atividade diastásica Indica superaquecimento ou armazenamento prolongado A partir de 8 na escala de Göthe Se o HMF for menor que 15 mg/kg, aceita-se acima de 3 na escala de Göthe Teor de hidroximetilfurfural (HMF) Indica superaquecimento ou armazenamento prolongado Máximo de 60 mg/kg Acidez do mel Preserva o mel; em excesso, indica fermentação, o que afeta a qualidade do produto Máximo de 50 mEq/kg Sólidos insolúveis Indicam sujidades no mel Máximo de 0,1% ou 0,5% para mel prensado Parâmetro Importância Valor de referência Módulo 2 69 Critérios microbiológicos O mel tem algumas características que dificultam a multiplicação de microrganismos: alto teor de açúcares, baixa atividade de água e pH baixo. Porém, ainda assim, o produto é o lar de alguns microrganismos, que são classificados em: Peculiares Naturais do mel, introduzidos pelas abelhas. Acidentais Não deveriam estar presentes no mel. São resultado de um processo produtivo inadequado, falta de higiene ou armazenamento em más condições. A legislação brasileira não apresenta critérios microbiológicos para o mel, mas define a obrigatoriedade de boas práticas apícolas e de fabricação, que você conhecerá mais adiante neste curso. Seguir essas legislações é uma maneira de manter seu mel distante de microrganismos acidentais e garantir maior qualidade do produto final. Módulo 2 70 Além disso, segundo o Decreto n.º 9.013 (2017), é obrigatório que você inclua os dizeres “Este produto não deve ser consumido por crianças menores de um ano de idade.”, em caracteres destacados, nítidos e de fácil leitura, na embalagem do mel que você vai comercializar. Isso porque há uma bactéria que pode ser encontrada no solo e, ocasionalmente, pode contaminar o mel, chamada Clostridium botulinum. Crianças nessa faixa etária correm maior risco de morte por intoxicação. #Importante @apiário_sem_segredo Características sensoriais O mel é um produto natural, feito a partir do néctar de plantas. A depender do tipo de florada coletada, as características sensoriais do produto podem variar. Cor, sabor, aroma e consistência não são iguais em todo mel! Você já deve ter encontrado méis quase incolores e outros pardo-escuros, certo? Não há nenhum problema nessa variação cromática, desde que seja resultado do processo natural feito pelas abelhas, sem aditivos ou interferência humana. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/d9013.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/d9013.htm Módulo 2 71 O mel produzido por abelhas sem ferrão tem características sensoriais diferentes do mel das Apis mellifera. Conheça-as a seguir! O mel das abelhas sem ferrão tem elevado teor de umidade e, consequentemente, menor teor de açúcares. Ainda assim, é um mel mais doce, porque contém mais frutose que os demais tipos de açúcar. Justamente por conter muita frutose, não cristaliza facilmente. Este tipo de mel é também mais ácido, o que contribui para a manutenção da qualidade do produto. Por outro lado, a maior umidade e o menor teor de açúcares tem efeito contrário e o tornam mais propício à multiplicação de microrganismos e à fermentação quando comparado com o mel das Apis mellifera. Módulo 2 72 Para evitar a multiplicação de microrganismos e a fermentação, tenha muita atenção às boas práticas de fabricação, que você conhecerá mais adiante. Elas são fundamentais para garantir a qualidade e a inocuidade do produto! Ainda não foram definidos, por lei, parâmetros físico-químicos de referência para o mel de abelhas sem ferrão. Até porque há variação nesses parâmetros conforme a espécie da abelha que produz o mel. Mas a regra é clara: é proibida a adição de qualquer tipo de insumo ou ingrediente no mel produzido; e ao estabelecer seu meliponário, siga as diretrizes para posicionamento e localização das colmeias, que você conheceu no Módulo 1. Isso vai garantir um produto de qualidade e sem contaminações. Módulo 2 73 Módulo 2 73 Você compreendeu cada parâmetro que deve ser analisado a cada lote de mel produzido. Aprendeu também a interpretar os parâmetros coletados. Agora, pense na sua realidade e responda: você já faz a análise dos lotes do seu mel? Já identificou onde há um laboratório em sua região que possa atender você? Já reservou uma área, física ou digital, para organizar os resultados laboratoriais da sua produção, para casos de inspeção? Já providenciou uma embalagem adequada, com o aviso sobre a proibição de consumo por menores de 1 ano? #Seuapiário @apiário_sem_segredo Adicione um comentário... Para registrar sua resposta, salve novamente este documento em seu computador. Módulo 2 74 Módulo 2 No meu caso, ainda não iniciei minha produção, mas sei que há uma universidade na minha cidade. Vou verificar se eles prestam esse serviço de análise laboratorial. Além disso, já vi que precisarei guardar a documentação de forma cuidadosa. Vou reservar uma pasta em meu computador pessoal e deixar uma cópia no computador que usamos para a documentação da nossa propriedade! Agora que você compreendeu os parâmetros que devem ser analisados a cada lote de mel produzido, já pode avançar e conhecer os diferentes tipos de mel. Siga em frente! Módulo 2 75 É isso mesmo! Na aula anterior, você viu que o mel é feito pelas abelhas a partir do néctar das flores. Esse mel recebe o nome de mel floral, uma classificação que considera sua origem. O produto também pode ser classificado a partir de sua forma de obtenção ou, ainda, de sua forma de processamento. Conheça cada uma delas a seguir. Classificação do mel conforme a origem O mel floral, que é o tipo mais produzido, pode ser classificado de acordo com o tipo de planta que forneceu mais néctar para o produto. Ele pode ser monofloral ou multifloral. Confira: No meio de toda essa química, havia alguns parâmetros para mel “floral” e outros para mel “de melato”... Então, há diferentes tipos de mel? Aula 2 As variedades de méis Módulo 2 76 Quando as abelhas colhem néctar majoritariamente de uma planta, as características sensoriais do produto (cor, sabor, aroma e consistência) variam, e ele é chamado de mel monofloral ou unifloral. Você já deveter visto méis monoflorais de laranjeira, eucalipto, assa-peixe e cipó-uva, plantas comuns em nosso país. O mais comum é que as abelhas colham néctar de diversas plantas, sem a predominância de nenhuma em particular. Esse mel é chamado de polifloral, multifloral ou apenas “mel silvestre”. Mas como saber qual a florada predominante? Temos aqui mais um motivo importante para fazer a análise laboratorial. Por meio da análise palinológica, é possível fazer a contagem e a identificação dos grãos de pólen presentes no mel. Com esse resultado em mãos, você poderá vender seu “mel monofloral de laranjeira”, por exemplo, sem medo. Módulo 2 77 Há mais um motivo para pedir a análise palinológica: em algumas regiões, é possível obter uma Denominação de Origem, uma certificação que alguns produtos têm por serem daquele local. Isso acontece porque, nesses ambientes, há características únicas que resultam em um produto de sabor peculiar. No caso dos produtos de abelhas, no Brasil temos a própolis verde “protegida”, do estado de Minas Gerais, e o mel da bracatinga, de Santa Catarina. Essas denominações aumentam o valor do produto e fortalecem a atividade apícola. Além do mel floral, as abelhas são capazes de produzir mel por um segundo processo: coletando secreções de outras partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores, como cochonilhas, que se encontram sobre os vegetais. Esse é o chamado “mel de melato”, e o mais conhecido em nosso país é o de bracatinga. Como você viu na aula anterior, alguns parâmetros físico-químicos são diferentes para esse mel. O sabor dele também é diferente, o que permite uma venda por maior valor. Para saber se suas abelhas produzem esse tipo de mel, observe o comportamento delas e verifique onde buscam alimento. Módulo 2 78 Classificação do mel pela forma de obtenção A segunda forma de classificação considera a obtenção do produto, ou seja, o tipo de tecnologia utilizada para retirar o mel dos favos da colmeia. O mel escorrido é obtido de uma forma mais simples: os favos são posicionados na horizontal sobre uma grade de suporte, e um recipiente de coleta é colocado debaixo. Depois, é só esperar que o produto escorra e caia totalmente no recipiente. Esse é um processo mais demorado e que demanda espaço, especialmente para produções maiores. Mel escorrido O mel centrifugado é o mais comum, porque é obtido de um modo muito prático: utiliza- se uma centrífuga. Nesse caso, os favos retirados da colmeia são colocados dentro do equipamento, que gira rapidamente. Com o movimento, o mel é lançado para as paredes da máquina e, após escorrer, pode ser retirado e armazenado. Mel centrifugado Módulo 2 79 O mel prensado é obtido pela prensagem dos favos. Nesse processo, mistura-se o mel dos opérculos* ao mel maduro e, por isso, aceita-se uma quantidade maior de sólidos insolúveis em água do que nos demais tipos. Nesta forma de obtenção, aceita-se 0,5% de sólidos insolúveis em água; nas demais, apenas 0,1%. O procedimento também demanda algum tempo, já que se deve prensar um favo por vez. É necessário ter uma prensa para mel. *Vale dizer: opérculo é a “tampa” de cera que as abelhas fazem sobre o favo, quando o mel chega a 20% de umidade. Para se obter mel centrifugado ou mel escorrido, essa tampa é retirada e, junto dela, há uma pequena quantidade de mel que normalmente não é destinada ao consumo humano. Mel prensado Classificação do mel pelo processamento A última forma de classificação considera sua apresentação ou processamento. É uma forma interessante para aumentar o valor agregado do produto. O mel filtrado passa por uma etapa de filtragem, sem haver perda do valor nutritivo. Mel filtrado https://www.google.com/search?q=prensa+mel&rlz=1C1GCEU_pt-BRBR963BR963&hl=pt-BR&sxsrf=ALiCzsaBdB8TA-Kmj5GwUPNr9Eld0IRRRw:1658761578426&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiTpJi1qJT5AhWeQ7gEHSwkDMgQ_AUoAnoECAEQBA&biw=1366&bih=657&dpr=1 Módulo 2 80 Mel em favos O mel em favos é comercializado conforme armazenado pelas abelhas, sem processamento humano, e pode ser vendido inteiro ou fracionado. Já o mel com pedaços de favo é o mel tradicional envasado junto a um ou mais pedaços de favo. Alguns cuidados devem ser tomados na produção: a cera deve ser nova e os favos não podem conter larvas. Os produtos chamam a atenção por ter uma característica sensorial diferente para o consumidor, além de remeter a algo mais fresco e orgânico. Há uma desvantagem, porém: dessa maneira, as abelhas precisarão construir um novo favo para poder armazenar mel, o que demanda tempo e energia dos insetos. Faça as contas e pense bem no valor de venda! Mel cristalizado ou granulado Em nosso país, a maioria das pessoas entende a cristalização do mel como perda de qualidade. Então, você pode estranhar esta classificação. Mas a verdade é que esse é um processo natural de solidificação do produto que traz uma característica sensorial diferente e é a preferência de algumas pessoas. Módulo 2 81 Mel cremoso Este mel também é solidificado, mas passa por um processo físico que dá consistência cremosa e faz perder seu aspecto translúcido. O resultado lembra a aparência do doce de leite. Aqui, o mel cristalizado forma cristais tão finos e homogêneos que não podem ser sentidos pela língua. O produto é pouco conhecido no Brasil, mas amado em países europeus. É o tipo de mel mais trabalhoso de se produzir e demanda um equipamento que promove a agitação do produto e a quebra dos açúcares. Você conheceu as diferentes classificações do mel: por origem, obtenção e processamento. Pense em seu contexto e reflita: qual mel seria mais adequado às suas necessidades? Qual tipo parece ser uma oportunidade interessante e chamou sua atenção? Há algo que você precise providenciar para iniciar a produção? #Seuapiário @apiário_sem_segredo Módulo 2 82 Adicione um comentário... Imagino que o mel resultante da minha propriedade vá ser um floral silvestre pela variedade do pasto apícola que observei. Como ainda estou iniciando no universo da apicultura, pretendo experimentar produzir o mel escorrido antes de investir em uma centrífuga. A comercialização do mel em favos chamou minha atenção, mas preciso calcular direitinho para ver se é interessante economicamente. Agora que você conheceu os tipos de mel, já pode avançar e descobrir como colher o mel sem erros. Siga em frente! Para registrar sua resposta, salve novamente este documento em seu computador. Módulo 2 83 Aula 3 Como não errar na colheita do mel? Sem dúvidas! Há muitos aspectos que você deve observar para fazer a coleta de mel de Apis mellifera da maneira mais adequada, segura e higiênica possível. Conheça, a seguir, as orientações sobre quando coletar, o que levar e como coletar. Quando coletar? A princípio, você vai colher o mel de cada colmeia aproximadamente uma vez ao ano e obter cerca de 20 kg de mel por colmeia. Faça a colheita quando termina a florada do seu campo apícola. Se isso acontecer no início do inverno, deixe ao menos um quadro com mel na colmeia para a alimentação das abelhas. Já sei quais os tipos de méis que existem e os parâmetros para um mel de qualidade. Mas será que devo ter algum cuidado ao coletar meu mel? Módulo 2 84 Sempre faça a colheita em dias de sol, pois o mel é um produto que absorve muita umidade. Fazer essa operação em dias chuvosos pode aumentar o teor de umidade do produto além dos limites permitidos por lei e, como você já sabe, não poderá comercializar mel fora dos parâmetros legais. #Importante @apiário_sem_segredo O que devo levar? Alguns itens são essenciais, mas exigem preparo prévio. Conheça-os a seguir: Para começar, tenha em mãos as ferramentas e equipamentos que conheceu no Módulo 1: fumigador, formão, espanador apícola, macacão, máscara,chapéu, luvas e botas. Higienize-os para evitar qualquer contaminação. Limpe vestimentas, luvas e botas e veja se estão em bom estado para garantir sua segurança. Ferramentas Tenha cuidado especial com o fumigador: queime apenas materiais que produzam fumaça branca, fria e sem odor desagradável para evitar que essas características passem para o mel. Para não dar chance para erro, queime apenas serragem de madeira não tratada! Não queime plantas e papéis. Fumigador Módulo 2 85 Verifique o veículo que será usado no transporte dos favos e garanta que esteja limpo. Priorize o uso de veículos fechados ou, se não houver alternativa, cubra as melgueiras com lonas limpas em veículos abertos, para evitar sujeiras e contaminações. Veículo para transporte Para cada colmeia da qual coletar, apronte uma melgueira nova. Ela deve ter os quadros preparados com cera alveolada ou favos vazios – desde que ainda tenham cor clara. Melgueira extra Como coletar? Finalmente, chegamos ao momento mais esperado: é hora de colher o resultado de todo o trabalho! No apiário, abra as colmeias e, com auxílio do fumigador, acalme as abelhas. Use essa ferramenta com cuidado. Aqui, menos é mais: queremos fumaça o suficiente apenas para tornar o manejo possível. Qualquer excesso pode fazer com que o mel absorva o cheiro da fumaça, assim como faz com a umidade em dias de chuva. Módulo 2 86 Retire a melgueira e observe-a: os quadros estão bastante operculados? Colete apenas aqueles que têm, ao menos, 80% de sua área recoberta para minimizar a coleta de “mel verde”. Além disso, analise: há ovos, larvas ou grande quantidade de pólen nos quadros? Se sim, não faça a coleta. A presença desses elementos inviabiliza a coleta do mel. Quadro pouco operculado Não deve ser coletado Quadro bastante operculado Deve ser coletado Módulo 2 87 Quadro com ovos e larvas Não deve ser coletado Quadro operculado, contém mel maduro Deve ser coletado Se o quadro puder ser coletado, coloque-o na caixa extra que você trouxe e, em seu lugar, na colmeia, coloque um quadro sem mel. Deixe-o preparado previamente com cera alveolada ou com um favo vazio. Tenha muito cuidado para não manter os favos de mel (ou as caixas que você trouxe e agora estão preenchidas de quadros com mel) expostos ao sol por longos períodos. Você já sabe que o aumento da temperatura pode reduzir a qualidade do mel e aumentar os índices de HMF. Também cuide para nunca deixar os quadros em contato com o solo. Assim, você diminui as chances de contaminação do mel com sujidades e microrganismos. Ao concluir o processo, leve a melgueira para o veículo. O transporte deve levar os favos diretamente para o beneficiamento, etapa que você conhecerá no próximo módulo. Módulo 2 88 E as abelhas sem ferrão? Não! Perceba que a maioria das orientações tem relação com o tipo de colmeia usada na apicultura, e não para a meliponicultura. Mas os cuidados quanto à higiene valem para qualquer tipo de mel! As abelhas sem ferrão têm baixa produção anual de mel – entre 0,5kg e 2kg. O método empregado normalmente é a sucção, muitas vezes com uma seringa esterilizada. x Tudo isso vale também para as abelhas sem ferrão? Módulo 2 89 Agora que você conheceu os principais cuidados que deve ter para a colheita do mel, pode avançar e descobrir o que precisa para fazer o beneficiamento do mel dentro da lei. Siga em frente! Você conheceu diversos cuidados necessários para o momento da colheita do mel. Reveja os itens e reflita: há algo que você precise providenciar para que a sua colheita aconteça de forma adequada? #Seuapiário @apiário_sem_segredo Adicione um comentário... Bom, preciso analisar meu pasto apícola para saber quando é o término da florada por aqui. Além disso, já vi que precisarei providenciar mais melgueiras do que tenho. Também preciso verificar se o veículo que temos aqui na propriedade atende aos requisitos... Para registrar sua resposta, salve novamente este documento em seu computador. Módulo 2 90 Módulo 2 - Características e requisitos do mel Encerramento Chegamos ao fim do segundo módulo, em que você aprofundou seus estudos sobre o mel. Você entendeu o que é o mel e viu que há parâmetros físico-químicos que todo mel de Apis mellifera deve seguir para que possa ser comercializado. Também viu as formas de classificação do mel por origem, forma de obtenção e de processamento e entendeu os desafios e os benefícios de cada tipo de produção. Além disso, viu os cuidados que deve ter no momento da colheita. Agora, convidamos você a rever seus conhecimentos: apresentamos algumas perguntas que retomam o conteúdo estudado. Acesse o ambiente virtual de aprendizagem e responda às questões para conferir o conteúdo do próximo módulo. Vale lembrar que estas questões não são a prova, mas você precisa respondê-las para avançar no curso! Módulo 2 91 Módulo 2 91 Questão 1 Você viu que o teor de açúcares no mel é alto: em torno de 34% de glicose, de 27,25% até 44,26% de frutose e até 6% de sacarose. Selecione a afirmativa correta quanto aos teores de açúcares no mel. a. Teores baixos de sacarose podem indicar fraude por adição de xarope. b. A variação nos teores de frutose está relacionada a diferentes floradas. c. Os altos teores de açúcares contribuem para a proliferação de microrganismos. d. É permitida a adição de açúcar ao mel para adequar aos padrões legais. Questão 2 Na Aula 2, você conheceu as diferentes classificações do mel. Leia as afirmativas a seguir sobre os méis monoflorais, poliflorais e de melato e assinale a alternativa correta. a. Os méis poliflorais são feitos a partir da alimentação artificial. b. O mel de melato é feito a partir da prensagem dos favos. c. Os méis monoflorais só precisam da comprovação da florada em questão na região. d. Os méis monoflorais necessitam de análise microscópica para a identificação do pólen. Questão 3 Na aula 3, você conheceu orientações para fazer a coleta dos favos de mel. Qual dos seguintes quadros devem ser coletados para a extração do produto? a. Quadro com ovos, mas sem larvas. b. Quadros que estão na caixa mais baixa da colmeia. c. Quadro com pelo menos 80% de sua área operculada. d. Quadros sem a presença de opérculos. Módulo 2 92 Mais uma etapa concluída, mais uma comemoração merecida. Trazemos, agora, duas receitas simples que vão deixar suas comemorações dignas de uma rainha! Para fazer bonito e impressionar os convidados, trazemos uma receita do site Só Penso em Comida – queijo coalho com mel e pimenta rosa. Coisa simples: é só cortar o queijo coalho em cubos, grelhar numa frigideira e, ao servir, adicionar mel e pimenta-rosa. Esse último ingrediente vai incrementar o sabor. Experimente! Compartilhe seus resultados! #SenarGO #Receitas #ReceitasDaRainha @apiário_sem_segredo https://www.sopensoemcomida.com.br/petisco-sem-erro-queijo-de-coalho-grelhado-com-mel-e-pimenta-rosa/ Módulo 2 93 Um clássico para acompanhar saladas, esse molho de mostarda e mel, do site Panelinha, vai fazer a alegria dos convidados mais saudáveis. Basta colocar os ingredientes em um frasco, tampar e agitar. Cuidado ao acrescentar o sal no fim, conforme seu paladar. Compartilhe seus resultados! #SenarGO #Receitas #ReceitasDaRainha @apiário_sem_segredo Agora, você já pode avançar e descobrir como fazer o beneficiamento do mel dentro da lei. Siga em frente! 1 col. de sopa de mostarda de Dijon 1 col. de sopa de mel 3 col. de sopa de vinagre de vinho tinto ½ xíc. de chá de azeite 1 pitada de sal Pimenta-do-reino em grãos moída na hora a gosto https://www.panelinha.com.br/receita/Molho-de-mostarda-para-salada caixa-texto: caixa-texto 2: caixa-texto 3: