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<p>UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE</p><p>CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE</p><p>UNIDADE ACADÊMICA DE PSICOLOGIA</p><p>DOCENTE: FRANCISCO FELIPE PAIVA FERNANDES</p><p>COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA DA PSICOLOGIA</p><p>DISCENTE: ALANA BRENA COSTA DOS SANTOS</p><p>RESUMO CRÍTICO DO LIVRO: OS ANORMAIS</p><p>CAMPINA GRANDE – PB</p><p>2022</p><p>Os relatos abordados por Foucault na primeira aula do curso dizem respeito a função da psiquiatria criminal utilizando o teste de culpabilidade, que é um método discursivo de sobreposição de drogas psiquiátricas e direito penal, que os alienaria das próprias regras específicas, com um discurso grotesco, que ao mesmo tempo, teria o poder de matar e o poder de criar a verdade.</p><p>Assim, o exame psiquiátrico desempenha um triplo papel, reproduzindo o crime e estabelecendo um quadro dentro do qual a reprodução de uma multiplicidade de características individuais não viola nenhuma lei, mas, em última análise, torna-se igual à prova preditiva do crime, para o acusado e não para "bandidos", pois esse teste recriou todo o processo do réu. Possui efeitos de fazer com que o suposto autor do crime seja o mesmo de seu crime, antes mesmo de cometer o crime. Por fim, o exame psiquiátrico acaba corroborando a caracterização criminal da personalidade do réu, na medida em que descreve sua personalidade, descrevendo assim a origem de sua conduta criminosa.</p><p>Um dos fatores importantes que Foucault faz é procurar fazer uma genealogia da anormalidade que seria um procedimento de dimensionar historicamente um fenômeno para mostrar que esse fenômeno não existe naturalmente no mundo mas ele é uma criação cultural e social. Um indivíduo anormal seria no caso uma criação cultural, pois não existem pessoas anormais a não ser que alguém a partir de algum momento passe a designar alguma pessoa com essa terminologia, ou seja, alguém precisa estabelecer parâmetros de normalidade e uma vez que estabelecidos sobra sempre uma margem que são as pessoas que estão longe do padrão da normalidade que são os anormais.</p><p>Foucault vai dizer que antes de existir os anormais existiam figuras que equivaliam e exerciam um papel muito parecido com esse que vai ser atribuído aos anormais pelos psiquiatras. Primeiro o monstro aquela pessoa que estava em confronto com a lei que o discurso jurídico dizia que eram sujeitos inclassificáveis e por isso não deveria ser aplicado nenhum castigo. Segundo Foucault (2001, p.69) “[...] o que define o monstro é o fato de que ele constitui, em sua existência mesma e em sua forma, não apenas uma violação das leis da sociedade, mas uma violação das leis da natureza”. A segunda figura seria um indivíduo a ser corrigido, ou seja, as instituições têm padrões de comportamento que são desejados e quando as pessoas não corresponde a esse padrão o indivíduo precisa ser corrigido para se enquadrar nos protótipos dessas instituições. “O indivíduo a ser corrigido vai aparecer nesse jogo, nesse conflito, nesse sistema de apoio que existe entre a família e, depois, a escola, a oficina, a rua, o bairro, a paróquia, a igreja, a polícia, etc”.(FOUCAULT, 2001, p.72). Por fim, teria a figura do masturbador ou onanista que diz respeito a figuras que são controladas pelos pais que orientam suas crianças e controlam suas atitudes na medida que a sexualidade vai despertando interesses. “[...] a criança masturbadora, é uma figura totalmente nova no século XIX [...] cujo campo de aparecimento é a família.” (FOUCAULT, 2001, p.73).</p><p>De qualquer forma, essas três figuras permanecerão bem definidas apenas até meados do século XIX. Depois que o conceito de "degeneração" (dégénérescence) foi desenvolvido por Morel (1857), qualquer anormalidade se origina de "fontes orgânicas penetrantes" que interferem estruturalmente no funcionamento mental e/ou físico de um determinado indivíduo e, cada vez mais seriamente, do herdeiro biológico. Essa teoria da decadência foi a origem de toda a teoria eugênica que se desenvolveu durante a era vitoriana. Particularmente a famosa discussão evolucionária de Spencer, que se baseou em Darwin para identificar o estigma físico de uma anomalia como indicativo de um crime como no caso da escola italiana de Lombroso e seus alunos.</p><p>A anormalidade simplesmente é algo que não existe, pois seria algo criado, assim como a normalidade que teria padrões de comportamento a ser seguidos. Em geral, em seu curso sobre Os Anormais, Foucault reconstrói como a psiquiatria se torna alienada, aplicando o princípio do "instinto" como substituto do "delírio" na definição da loucura, e ao mesmo tempo com base na teoria da "degeneração" de Morel "determinar a etiologia objetal de tal psiquiatria”. A partir desse movimento, a psiquiatria produz os efeitos de poder, mais geralmente sobre a sociedade como um todo,à medida que se estabelece na ciência sobre o comportamento inusitado e inusitado.</p><p>Portanto, a psiquiatria pode identificar políticas de contingência para proteger a sociedade contra a "degeneração", políticas que se encontram, de forma extrema, no nazismo e no comunismo. Em suma, O Anormal ocupa um lugar importante na transição de Foucault do estudo das estratégias de poder em suas manifestações mais repressivas e disciplinadas, voltadas prioritariamente aos indivíduos, para um momento em que as estratégias de gestão populacional, baseadas em uma certa "bioenergia", seriam o principal público de este autor.</p><p>image1.png</p>