Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

<p>Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais - Rio de Janeiro</p><p>Filipe Alves</p><p>João Abath</p><p>Matheus M. de Albuquerque</p><p>Thiago Uchôa</p><p>Direito Civil IV – Contratos</p><p>Rio de Janeiro</p><p>2021</p><p>1. Panorama do caso</p><p>Ao discorrermos sobre contratos, é imprescindível citar o princípio da</p><p>obrigatoriedade dos contratos, também denominado como pacta sunt servanda, que</p><p>expressa a força vinculante dessas espécies de negócio jurídico. Em conformidade</p><p>com o pensamento do doutrinador Caio Mário da Silva Pereira, tal princípio significa,</p><p>em essência, a irreversibilidade da palavra empenhada. No caso citado, Nego Di,</p><p>apesar de ter assinado um contrato de exclusividade com a Rede Globo, diz não ter</p><p>medo da multa referente à inadimplência contratual ao conceder entrevista para outro</p><p>veículo midiático.</p><p>Em um primeiro momento, é necessária a análise da conduta do ex-</p><p>participante do reality show. Pode-se dizer que o mesmo, ciente do seu compromisso</p><p>contratual, decide descumpri-lo. No entanto, em razão da limitação do que se tem</p><p>conhecimento sobre o caso, devido a omissão da Rede Globo perante aos veículos</p><p>midiáticos, não é possível saber com precisão sobre a natureza jurídica do alegado</p><p>valor referente à inadimplência contratual. Sendo válido cogitar algumas hipóteses</p><p>sobre a convenção.</p><p>2. Cláusula resolutiva contratual</p><p>Uma das hipóteses possíveis referentes à origem de tal quantia seria o fato de</p><p>a mesma ser originada de uma cláusula resolutiva contratual. Dessa maneira, elucida</p><p>brilhantemente Carlos Roberto Gonçalves sobre o referido instituto:</p><p>“Na execução do contrato, cada contraente tem a faculdade de</p><p>pedir a resolução, se o outro não cumpre as obrigações avençadas.</p><p>Essa faculdade pode resultar de estipulação ou de presunção legal.</p><p>Quando as partes a convencionam, diz-se que estipulam a</p><p>cláusula resolutiva expressa ou pacto comissório expresso, cuja</p><p>origem remonta à lex commissoria romana, que protegia o vendedor</p><p>contra o inadimplemento do comprador”.</p><p>Quando as partes a convencionam, há a cláusula resolutiva expressa. Já na</p><p>ausência de estipulação, tal pacto é presumido pela lei, que subentende a existência</p><p>da cláusula resolutiva. Nesse caso, diz-se que é implícita ou tácita. Segundo o artigo</p><p>474 do Código Civil, a cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito enquanto</p><p>que a tácita depende de interpelação judicial.</p><p>Pela imprecisão do fato noticiado, pode-se presumir duas possibilidades: a</p><p>existência de uma cláusula resolutiva expressa ou a existência de uma cláusula</p><p>resolutiva tácita. Em ambos os casos, a resolução deve ser judicial, isto é, precisa ser</p><p>judicialmente pronunciada. Na cláusula resolutiva expressa, a sentença tem efeito</p><p>meramente declaratório e ex tunc, pois a resolução dá-se automaticamente, no</p><p>momento do inadimplemento; no segundo, tem efeito desconstitutivo, dependendo de</p><p>interpelação judicial.</p><p>3. Inexecução voluntária</p><p>Outra hipótese referente à causa do valor da alegada multa seria a resolução</p><p>do contrato por inexecução voluntária por parte de Nego Di. Nas palavras do já citado</p><p>Carlos Roberto Gonçalves, a resolução por inexecução voluntária decorre de</p><p>comportamento culposo de um dos contratantes, com prejuízo ao outro.</p><p>Produz ainda efeitos ex tunc, extinguindo o que foi executado e obrigando a</p><p>restituições recíprocas, sujeitando ainda o inadimplente ao pagamento de perdas e</p><p>danos e da cláusula penal, que nesse caso também pode ser referente ao alegado</p><p>valor da multa referente à quebra do contrato.</p><p>É nesse sentido que corrobora o TJ-MS, através do julgamento da Apelação -</p><p>Nº 0826625-40.2014.8.12.0001, que “A inexecução voluntária de obrigação configura</p><p>inadimplemento contratual passível de ser indenizada pela cláusula penal</p><p>previamente estabelecida pelos contratantes”.</p><p>4. Cláusula Penal</p><p>Por fim, observa-se ainda a alternativa de uma cláusula penal ter sido</p><p>estipulada pelos contratantes. Dessa maneira, de acordo com o professor Flávio</p><p>Tartuce:</p><p>“A cláusula penal é pactuada pelas partes no caso de violação</p><p>da obrigação, mantendo relação direta com o princípio da autonomia</p><p>privada, motivo pelo qual é também denominada multa contratual ou</p><p>pena convencional. Trata-se de uma obrigação acessória que visa a</p><p>garantir o cumprimento da obrigação principal, bem como fixar,</p><p>antecipadamente, o valor das perdas e danos em caso de</p><p>descumprimento”.</p><p>Seguindo essa linha de raciocínio, fica evidente que o participante Nego Di</p><p>quebra o sigilo contratual no instante em que expõe situações que não deveriam ser</p><p>veiculadas sobre o programa, por exemplo no momento em que o mesmo relata o</p><p>apoio de psicólogos aos participantes. Nesse instante, torna-se claro a violação</p><p>contratual por parte do Nego Di, fato esse que originou a multa convencionada entre</p><p>as partes no valor de 1,5 milhões de reais, conforme expresso no artigo 408 do Código</p><p>Civil, no qual afirma que incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde</p><p>que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora.</p><p>Em conformidade com o julgamento nº 491120 do TJ de Goiás, a cláusula</p><p>penal, também chamada de pena convencional, é pacto acessório à obrigação</p><p>principal, no qual se estipula o dever de pagar pena ou multa, para o caso de uma</p><p>das partes se furtar ao cumprimento da obrigação principal. Ademais, segundo o</p><p>julgamento n° 356080 também do TJ de Goiás, a cláusula penal tem por escopo</p><p>ressarcir a parte que não deu causa à rescisão contratual dos eventuais prejuízos</p><p>financeiros advindos do não cumprimento integral do pacto.</p><p>5. Conclusão</p><p>Diante do exposto, o presente trabalho conclui que uma convenção pode ser</p><p>bastante conflituosa, bastando que uma das partes se sinta lesada por alguma atitude</p><p>tomada pela outra. Portanto, os dispositivos estudados tratam-se, além de formas</p><p>coercitivas que visam o cumprimento obrigacional, como a cláusula penal, por</p><p>exemplo, de alternativas que buscam o ressarcimento de uma parte caso a outra</p><p>decida agir de maneira a prejudica-la.</p><p>Referências Bibliográficas:</p><p>DA SILVA PEREIRA, Caio Mário; DO RÊGO MONTEIRO FILHO, Carlos</p><p>Edison. Instituições de direito civil. Forense, 1961.</p><p>FEDERAL, Governo. Novo Código Civil. Clube de Autores, 2010.</p><p>GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro 3-contratos e atos</p><p>unilaterais. Saraiva Educação SA, 2017.</p><p>TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. Método, 2012.</p>

Mais conteúdos dessa disciplina