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<p>ECONOMIA</p><p>PRATEADAPRATEADA</p><p>Organizadores: Fernando Potsch e Felipe Figueira</p><p>Inovações e Oportunidades</p><p>com foco nos seniores</p><p>Copyright © Seniortech Ventures, 2023</p><p>Organizadores</p><p>Fernando Potsch e Felipe Figueira</p><p>Autores</p><p>Amanda Oliveira</p><p>Arine Rodrigues</p><p>Arletty Pinel</p><p>Betty Dabkiewicz</p><p>Douglas Betioli</p><p>Fabiana Satiro</p><p>Fabio Ota</p><p>Felipe Figueira</p><p>Fernando Potsch</p><p>Ida Nuñez</p><p>Dr. Jô Furlan</p><p>Juliana Ramalho</p><p>Karen Kroll</p><p>Lucimar Dantas</p><p>Luiz Moura</p><p>Marcello Burattini</p><p>Marcia Monteiro</p><p>Marco Antonio Vieira Souto</p><p>Mauro Wainstock</p><p>Ricardo Pessoa</p><p>Willians Fiori</p><p>Fotos</p><p>UINSTOCK e Freepik</p><p>Design e Diagramação</p><p>Kais Design</p><p>05Introdução</p><p>07Prefácio</p><p>09</p><p>13</p><p>17</p><p>21</p><p>26</p><p>30</p><p>34</p><p>37</p><p>Comunicação e Mídias na Economia Prateada 41</p><p>A Economia Prateada como Sistema de Revitalização</p><p>Brasil, um País de Seniores! Estamos Preparados?</p><p>Sumário</p><p>Seniortechs e a Economia da Longevidade</p><p>O Novo Posicionamento 50+</p><p>Seu Smartwatch Pode Ser Um Cuidador de Pulso?</p><p>Seniores Conectados e Empoderados</p><p>Videogame: Diversão dos Netos</p><p>e Agente Transformador para os Avós</p><p>Invisibilidade e Miopia: os Idosos na Publicidade</p><p>Como Empreender com Sucesso Após os 50+?</p><p>A Economia da Longevidade no Brasil:</p><p>Oportunidades e Desafios</p><p>Educação Socioemocional e Longevidade Ativa:</p><p>Fortalecimento das Habilidades de Vida e Bem-estar</p><p>Chegou a Hora dessa Gente 50+ Mostrar seu Valor</p><p>A Tecnologia e a Geração Prateada</p><p>E a Família, como Vai?</p><p>Multigerações: O que nos Une e Por que</p><p>somos Melhores Juntos?</p><p>Não Nascemos Ontem, Nascemos no Século Passado</p><p>O Amadurecer Saudável</p><p>Vamos Abrir as Caixas?</p><p>55</p><p>Sociabilização, Namoro e Sexo</p><p>51</p><p>44</p><p>60</p><p>65</p><p>70</p><p>73</p><p>84</p><p>88</p><p>81</p><p>77</p><p>Sumário</p><p>O que você vê quando vê alguma coisa? Pode ser considerado</p><p>uma pergunta abstrata, mas possui uma tangibilidade incrível no</p><p>mundo atual.</p><p>Nossa formação simbólica — como aprendemos, padrões, modelos</p><p>e paradigmas — é a estrutura que permite a interação que temos</p><p>com o mundo externo.</p><p>Quase sempre, devido as diversas possibilidades de construções</p><p>mentais, o que ocorre na comunicação é um grande ruído.</p><p>Ficamos míopes as oportunidades e muitas vezes vivenciamos um</p><p>apagão. O que Thomas Khun vai denominar paradigmas.</p><p>Eles servem para explicar e validar fenômenos em determinados</p><p>momentos históricos, além do poder de bloquear e limitar as</p><p>mudanças.</p><p>As pessoas que viveram há muito tempo, pensavam que o Sol se</p><p>movia em torno da Terra. Mas, foi preciso Nicolau Copérnico para</p><p>comprovar que todos estavam equivocados. Uma mudança com</p><p>muitas lutas, debates, mudanças de mindset, etc.</p><p>Nesse momento vivenciamos uma quebra de paradigma</p><p>importante quanto ao tema velhice, longevidade, qualidade de</p><p>vida, diversidade etária, etc.</p><p>Para entender esse fenômeno, considerado pela ONU uma das</p><p>quatro megatendências do século 21, reunimos um grupo vibrante</p><p>de pessoas apaixonadas pelo tema.</p><p>Cada um à sua maneira, apresentam nas narrativas o DNA de suas</p><p>subjetividades quanto a interpretação e impacto dessas mudanças</p><p>nas vidas das pessoas, negócios, sociedade.</p><p>05</p><p>Introdução</p><p>Pavimentam uma nova estrada para que todos e todas possam</p><p>ter uma longevidade ativa e continuem a fazer o que sabem</p><p>realizar de melhor. Viver com propósito!</p><p>Toda essa construção do e-book traz na sua musculatura a</p><p>força das comunidades. "Juntos somos mais fortes!" -</p><p>frase batida e repetida, mas valiosa.</p><p>Foi na comunidade do whatsapp “seniortech” que Felipe</p><p>Figueira instigou e provocou nossa curiosidade diante da</p><p>simplicidade do “Por que não?”</p><p>Por que não publicar um e-book? Com narrativas rápidas,</p><p>cortantes, afiadas e maravilhosamente sedutoras?</p><p>Foi diante desse “susto” que, mobilizados, as ideias foram</p><p>projetadas no papel.</p><p>Você ficará encantado(a) com as incríveis pinturas de nossos</p><p>“escritores (as)”.</p><p>Fernando Potsch</p><p>CEO Seniortech Ventures</p><p>(21) 99999-8582</p><p>0605</p><p>Prefácio</p><p>Viajar de trem é muito bom, quem não gosta? Ainda mais em</p><p>direção a White Plains, Nova York. Ao meu redor, estavam</p><p>executivos de terno com seus longos jornais. O tempo não para.</p><p>Todos ocupados absorvendo o máximo que podem, como se</p><p>suas vidas dependessem disso. E não dependem?</p><p>Observar e apreciar a paisagem, o tempo, enquanto se esvai.</p><p>Que belo passatempo. Todos temos o direito.</p><p>Senti mais uma fisgada no dente. — Ai! Não desejo isso a</p><p>qualquer pessoa. Já estava há duas semanas assim, quase não</p><p>comia direito. Dizem que é problema nos “neuvo”, realmente</p><p>andava meio “neuvoso”. Dor de dente deixa a gente sem saber</p><p>o que pensar ou como agir. Ufa! Resolvido. Por enquanto.</p><p>O celular tocou, era minha vozinha, Dona Ruth — sob efeito de</p><p>meio pote de xilocaína — perguntei se estava comendo direito.</p><p>Relatou que não, pois a nova prótese não deixava, incomodava</p><p>muito. Comecei a fazer mais perguntas. — Nossa, isso realmente</p><p>é uma dor que compartilhamos, vó! Eu também estou passando</p><p>por isso, comentei.</p><p>— Você está bebendo água?</p><p>Precisava de uma tese para o mestrado na Pace University. Talvez</p><p>aquelas duas semanas que passei com hipersensibilidade nos</p><p>dentes por causa do bruxismo não tivessem sido em vão.</p><p>Pude perceber que ficar sem a possibilidade de mastigar estava</p><p>acabando comigo e com a saúde da minha vó.</p><p>Resolvi então pesquisar sobre o tema e tive gratas surpresas.</p><p>Meus professores gostaram muito e o condado de Westchester</p><p>07</p><p>tinha acabado de fazer uma pesquisa sobre a “má nutrição dos</p><p>idosos”. Meu orientador me colocou em contato e fiz a entrevista</p><p>com a head do Programa, peguei os resultados e fui em frente.</p><p>Depois de dois meses pensando em desistir, noites em claro e</p><p>muito café, tirei nota “A”.</p><p>A nutrição pode ser melhor estudada e praticada. Assim como</p><p>os demais assuntos, sou curioso nato por alto desempenho,</p><p>empreendedorismo, inovação, longevidade, e sobre encontrar</p><p>as soluções para nossos desafios diários.</p><p>Foi através de um post do Linkedin que conheci o Fernando</p><p>Potsch, boníssima pessoa, que me trouxe até este oceano de</p><p>oportunidades prateadas. A sinergia entre nós foi automática.</p><p>Contei a história da minha vó e da pesquisa.</p><p>Por que não trazer todas essas pessoas maravilhosas para</p><p>pensarmos juntos?</p><p>Ele me colocou no grupo da SeniorTech Ventures e cá estamos,</p><p>fazendo história. Agradeço ao Fernando e a todos os autores</p><p>que contribuíram para este trabalho. Cada um mais inspirador</p><p>que o outro.</p><p>Espero que gostem!</p><p>Felipe Figueira</p><p>Conselheiro Consultivo, Palestrante, Empreende-</p><p>dor e Escritor. Possui Bacharel em Business Admi-</p><p>nistration e Masters in Public Administration pela</p><p>Pace University-NY. Trabalhou na Câmara de</p><p>Comércio Brasil - EUA e na ONU em Nova York,</p><p>no Brasil, fez MBA em Gestão Ambiental, estudou</p><p>Direito e recentemente concluiu o Lean Governance, focado em</p><p>governança corporativa para Startups. Há 20 anos vem se</p><p>especializando em Aprendizagem e Alta Performance. Atua como</p><p>Coordenador Geral das Comissões Temáticas da Board Academy e</p><p>Coordenador deste Nano Book.</p><p>08</p><p>https://www.linkedin.com/in/felipefigueiraconselheiro/</p><p>Invisibilidade e Miopia:</p><p>os Idosos na Publicidade</p><p>Capítulo 1</p><p>Foto: UINSTOCK | Luiz Macian</p><p>Amanda Cristina de Oliveira é Mestre em Ciências da</p><p>Comunicação pela Universidade de São Paulo e pesquisa-</p><p>dora das relações entre mídia e envelhecimento desde</p><p>2016. Atualmente, faz parte do grupo apoiado pelo Portal</p><p>do Envelhecimento e Itaú Viver Mais no edital de pesquisa</p><p>“Envelhecer com Futuro” e seu projeto visa analisar a repre-</p><p>sentação de idosos negros na publicidade em vídeo brasi-</p><p>leira. É fundadora da Agência Senior Media, que presta</p><p>serviços de mídias sociais para empresas que têm os 50+</p><p>como público-alvo.</p><p>Invisibilidade e Miopia: Os Idosos na Publicidade 10</p><p>Pare por um minuto e reflita: quantos anúncios publicitários você</p><p>viu recentemente na TV com personagens idosos? Quais produ-</p><p>tos ou serviços estavam sendo anunciados? E, por fim, os mais</p><p>velhos eram público-alvo da propaganda ou eram apenas perso-</p><p>nagens da narrativa?</p><p>Muito se fala sobre o próspero mercado consumidor da longevi-</p><p>dade. Cifras</p><p>de trabalho,</p><p>● monetização de seus talentos.</p><p>Fiquei surpresa quanto ao resultado da saúde mental no primei-</p><p>ro lugar da lista. Depois percebi… ninguém havia me mandado</p><p>uma caixa para colocar meus pertences e deixar a mesa livre.</p><p>Contudo, esta caixa teve um impacto doloroso em milhares de</p><p>pessoas que desejavam uma carreira longa e estável. Os desa-</p><p>fios da saúde emocional são uma barreira a ser vencida. O mer-</p><p>cado está aberto e precisando desses profissionais – para</p><p>errar menos.</p><p>Em verdade, todas as categorias necessitam de treinamento</p><p>especializado. A troca entre as gerações é de grande importân-</p><p>53Vamos Abrir As Caixas?</p><p>cia. Tudo depende da energia que é empregada. É preciso</p><p>querer se atualizar e agregar conhecimento o tempo todo.</p><p>Apenas usar o que está guardado naquela caixa de papel, da-</p><p>quele último emprego… não será suficiente.</p><p>Mas, o que acontece depois que se retira o pó da caixa e se atua-</p><p>liza o que estava lá parado? É hora de colocar à venda! Vender</p><p>conhecimento é um serviço. Ou seja, é TaaS: Talent as a Service</p><p>(termo em inglês). Que inovação esse conceito tem que difere</p><p>da corrida anterior? Simples: a empresa não vai contratar o indi-</p><p>víduo e planejar seus próximos passos. Ela vai adquirir só a parte</p><p>do profissional que precisa; uma segunda empresa contratará</p><p>outra parte do mesmo profissional — porque sua dor de negó-</p><p>cios é diferente da primeira. Então, o profissional é uma soma de</p><p>talentos que podem ser vendidos separadamente para diversas</p><p>empresas.</p><p>Além disso, não é só o talento adquirido nas extensas carreiras</p><p>que se vende; o conhecimento agregado das experiências</p><p>pessoais de décadas deve ser valorizado e também colocado</p><p>à venda. Ficar anos ajudando uma organização religiosa de</p><p>forma voluntária, por exemplo, torna um indivíduo muito mais</p><p>qualificado para diversas tarefas e provavelmente atualizado</p><p>também.</p><p>Em suma, o que proponho à população sênior é que se perceba</p><p>solucionadora de problemas com base na sua experiência. Esses</p><p>problemas são atuais? Eles realmente existem? Se a resposta for</p><p>sim, então o solucionador tem trabalho. Na verdade, tem muito</p><p>trabalho. Cerca de 1,2 milhão de empresas no Brasil faturam</p><p>menos de R$100 milhões e estão cheias de problemas que pre-</p><p>cisam ser resolvidos.</p><p>O que falta é criar um mecanismo de conexão entre soluciona-</p><p>dores e empresas, e é isso que o conceito TaaS, Talento como um</p><p>Serviço, se propõe a fazer.</p><p>Vamos Abrir As Caixas? 54</p><p>Educação Socioemocional e</p><p>Longevidade Ativa: Fortalecimento</p><p>das Habilidades de Vida e Bem-Estar</p><p>Capítulo 12</p><p>Foto: UINSTOCK | Rita Lia Frank</p><p>Na consciência de que as emoções orientam todas</p><p>as ações humanas e de que por meio delas vamos</p><p>à guerra ou construímos a paz, destaca-se o</p><p>imperativo da Educação Socioemocional. Ela</p><p>poderá trazer paz e harmonia aos indivíduos, a</p><p>regeneração de valores fundamentais para uma</p><p>convivência coesa e saudável entre as pessoas. Ela</p><p>poderá aquietar e apaziguar nossas mentes aflitas</p><p>e carentes de significados mais profundos do ato</p><p>de viver. - João Roberto de Araújo</p><p>Inteligência Emocional e Educação</p><p>Socioemocional</p><p>Um dos objetivos fundamentais da educação é garantir o</p><p>aperfeiçoamento das relações humanas na sociedade e</p><p>promover o bem-estar pessoal como processo de aprendizagem</p><p>em todas as etapas da vida (lifelong learning). Este bem-estar a</p><p>que nos referimos consiste, sobretudo, em estimular a vivência</p><p>de emoções saudáveis no dia a dia. Para tanto, é preciso</p><p>considerar a importância de uma abordagem instrutiva sobre</p><p>temas como autoconhecimento, habilidades sociais e</p><p>gestão das emoções de forma consistente, sistematizada em</p><p>soluções e metodologias que considerem a pluralidade</p><p>das necessidades didáticas presentes em todos os</p><p>segmentos etários. Esta inovação pedagógica existe, é recente e</p><p>é orientada por um conceito igualmente contemporâneo – o de</p><p>“Inteligência Emocional”.</p><p>“</p><p>Educação Socioemocional e Longevidade Ativa 56</p><p>Karen Kroll é educadora com 17 anos de experiência</p><p>em Educação Socioemocional. Autora de materiais</p><p>pedagógicos, gestora editorial, consultora e orientadora</p><p>de projetos educacionais para famílias, escolas e demais</p><p>organizações. Head de Produtos Educacionais físicos e</p><p>digitais há 6 anos. CPO na 50-50 SEL Solutions</p><p>Aprendizagem Socioemocional. Entusiasta e estudiosa das</p><p>pautas de diversidade, equidade, pertencimento, inclusão</p><p>e impacto social por meio da educação.</p><p>https://www.linkedin.com/in/karen-kroll/</p><p>56</p><p>A Inteligência Emocional pode ser explicada como a habilidade</p><p>em se perceber o que se sente, em se autogerar emoções agra-</p><p>dáveis e construtivas para o cotidiano e, desta maneira, ampliar</p><p>a percepção e a aptidão para compreendê-las e manejá-las. É a</p><p>partir da compreensão sobre Inteligência Emocional que passa-</p><p>mos a identificar a existência de “competências” em processos</p><p>de ensino-aprendizagem, que apoiam o desenvolvimento emo-</p><p>cional e intelectual das pessoas, desde sua existência no ventre</p><p>materno até enquanto houver vida. A este percurso denomina-</p><p>mos “Educação Socioemocional”.</p><p>A Educação Socioemocional é, portanto, a grande inovação</p><p>pedagógica no campo do desenvolvimento humano nas</p><p>últimas décadas. De natureza contínua, permanente e</p><p>intencional, é um processo que nos conduz à ampliação de</p><p>recursos para lidar com nossas próprias emoções e,</p><p>consequentemente, para compreender as emoções das demais</p><p>pessoas no "aqui e agora" em qualquer tempo.</p><p>O desenvolvimento das Competências Socioemocionais é o</p><p>principal objetivo da Educação Socioemocional. Tais competên-</p><p>cias baseiam-se no conceito de Inteligência Emocional, mas</p><p>integram também elementos de um contexto mais recente e</p><p>amplo: as mudanças significativas na conjuntura da educação</p><p>mundial dos últimos anos, que implicam na reorientação de</p><p>uma educação antes centrada na aquisição de conhecimentos</p><p>técnicos e acadêmicos, para agora assumir um enfoque</p><p>orientado para o desenvolvimento de habilidades de diversas</p><p>naturezas.</p><p>Para Bisquerra (2009), competência é a aptidão de mobilizar</p><p>adequadamente um conjunto de conhecimentos, capacidades</p><p>e atitudes necessárias para se realizar atividades diversas com</p><p>certo nível de qualidade e eficácia.</p><p>Em se tratando do desenvolvimento dessas aptidões</p><p>relacionadas à dimensão socioemocional, é preciso mais do</p><p>que conhecimento teórico: é imprescindível integrar às</p><p>competências técnicas (hard skills) as atitudes e condutas sau-</p><p>Educação Socioemocional e Longevidade Ativa 57</p><p>58</p><p>dáveis para se viver e conviver (soft skills). Posto isso, podemos</p><p>dizer que as Competências Socioemocionais são um conjunto</p><p>de estratégias, recursos, habilidades e atitudes necessárias</p><p>para se tomar consciência, compreender, expressar e regular</p><p>intencionalmente e de forma apropriada os fenômenos</p><p>emocionais.</p><p>A pauta prioritária da humanidade:</p><p>o bem-estar subjetivo</p><p>Do alto de seus 78 anos de vida, João Roberto de Araújo, pensa-</p><p>dor e orientador pioneiro de programas de Educação Socioe-</p><p>mocional no Brasil e no exterior, contribui com a seguinte refle-</p><p>xão:</p><p>Encorajar as pessoas para um processo de autoconhecimento a</p><p>partir do desenvolvimento de Competências Socioemocionais é</p><p>incentivo para que se desfrute da longevidade com qualidade</p><p>Há crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos que não conse-</p><p>guem se concentrar nem nas aulas nem no cotidiano. Estão impregna-</p><p>dos de emoções desconfortáveis como a raiva, o ciúme, o medo, a</p><p>culpa, a ansiedade, a rejeição, enfim, todas essas emoções que preci-</p><p>sam ser conscientizadas e reguladas para levar a comportamentos</p><p>criativos e construtivos. Caso não haja um processo educativo e orien-</p><p>tador, essas emoções desagradáveis poderão bloquear a aprendiza-</p><p>gem, na escola e na vida, reforçando as altas taxas de analfabetismo</p><p>emocional, de sofrimento físico e mental, de subdesenvolvimento e</p><p>de violência na família e na sociedade. A constatação dos conflitos,</p><p>das dores psicológicas e das múltiplas formas de violência que intoxi-</p><p>cam a vida dos indivíduos</p><p>pede uma nova intervenção educativa. Para</p><p>essa operação, estudiosos da Educação Socioemocional de várias</p><p>partes do mundo empenham-se em pesquisar e desenvolver progra-</p><p>mas para atender ao item mais importante da nova pauta da humani-</p><p>dade: o bem-estar subjetivo. (ARAÚJO, 2018)</p><p>“</p><p>Educação Socioemocional e Longevidade Ativa</p><p>de vida. Evidências empíricas sobre os efeitos positivos atribuí-</p><p>dos aos estados emocionais gerados pela Educação Socioemo-</p><p>cional são percebidas na saúde, nas relações sociais, no desem-</p><p>penho laboral, na integração social, na tendência ao altruísmo,</p><p>etc. (LYUBOMIRSKY et al., 2005).</p><p>Dessa forma, conhecer-se bem, em qualquer tempo, é fortale-</p><p>cer a "musculatura mental" para viver e conviver mais e melhor.</p><p>REFERÊNCIAS:</p><p>ARAÚJO, João Roberto de. O bem-estar subjetivo: A</p><p>prioridade do Século. Publicado em 2018. Acesso em 11 de</p><p>março de 2023. https://50-50sel.com/pt/subjective-well-being-</p><p>the-priority-of-the-century/</p><p>BISQUERRA, Rafael. Psicopedagogia de las emociones.</p><p>Madrid: Síntesis, 2009.</p><p>LYUBORMIRSKY, S., King, L. A., y Diener, E. The benefits of</p><p>frequent positive affect: Does happiness lead to success?</p><p>Psychological Bulletin, 131, 803-855, 2005.</p><p>Educação Socioemocional e Longevidade Ativa 5958</p><p>E a Família, como Vai?</p><p>Capítulo 13</p><p>Foto: Freepik</p><p>E a Família, Como Vai?</p><p>Se você se sente pressionado por ter os cuidados com seus</p><p>filhos e a demanda de atenção crescente de seus pais: seja bem-</p><p>-vindo, você faz parte da geração sanduíche!</p><p>Por volta dos 45 anos, começamos a ficar imprensados</p><p>entre as enormes responsabilidades que temos com os nossos</p><p>filhos, haja vista que esses chegam, a cada década, mais tardia-</p><p>mente, e os cuidados que nossos familiares idosos vão deman-</p><p>dando cada vez mais. Se adicionarmos os compromissos profis-</p><p>sionais e pessoais nesse balanço, perdemos o fôlego para admi-</p><p>nistrar tantos desafios com a chegada da maturidade.</p><p>A expressão “geração sanduíche" foi cunhada nos anos 80, e</p><p>nunca fez tanto sentido quanto no tempo atual que vivemos aqui</p><p>no Brasil, em que nos impressionamos com o envelhecimento</p><p>acelerado da população e nos envolvemos prolongadamente</p><p>com as obrigações com as crianças.</p><p>Cuidar, um verbo no feminino</p><p>O cuidado sempre foi uma agenda feminina, por razões históri-</p><p>cas, funcionais, mas também econômicas. Dentro da família, a</p><p>escolhida número um para cuidar dos idosos sempre foi a</p><p>mulher, isso porque o custo de oportunidade dela abandonar o</p><p>trabalho para se dedicar aos cuidados do outro é menor. Sim-</p><p>ples assim, com salários mais baixos e ascensão profissional</p><p>menos acelerada, a mulher sempre foi uma escolha fácil na hora</p><p>da decisão sobre quem vai cuidar dos nossos.</p><p>62E a Família, Como Vai?</p><p>Lucimar Dantas trabalha há 20 anos no desenvolvimento</p><p>de startups e novos negócios, e agora vem se dedicando</p><p>à causa do envelhecimento com sua startup, Age4age,</p><p>focada no cuidado de idosos. Engenheira de Produção</p><p>com mestrado e MBA na área de negócios, Lucimar</p><p>também é Head do IBMEC Hubs, sendo professora</p><p>universitária no tema do empreendedorismo e apresenta-</p><p>dora do podcast “Qual é o seu negócio?”.</p><p>https://www.linkedin.com/in/lucimardantas/</p><p>No entanto, nas últimas décadas, as mulheres vêm se qualifican-</p><p>do mais, até mais do que os homens, e apesar das diferenças</p><p>salariais, hoje elas avançam em seus títulos acadêmicos e na car-</p><p>reira, e a cuidadora preferencial não está mais disponível.</p><p>E não ficará disponível tão cedo, afinal, adicionamos anos na</p><p>nossa expectativa de vida e na previsão de aposentadoria</p><p>também. Elas trabalharão mais e mais. Portanto, as famílias não</p><p>têm mais a escolha fácil.</p><p>E como os cuidados com os idosos imprimem seu próprio ritmo,</p><p>não dará para esperar para quando a agenda estiver mais livre.</p><p>Quem dará conta do acompanhamento nas consultas e exames?</p><p>Quem oferecerá suporte com o ir e vir da hidro, do banco e da</p><p>igreja? Que supervisionará a qualidade da alimentação, higiene</p><p>pessoal e limpeza da casa?</p><p>Governança para Longevidade</p><p>Como frequentemente não queremos antecipar problemas,</p><p>ainda mais os complexos, vamos adiando todas essas questões</p><p>até o momento em que algum drama já se instaurou. Como diz</p><p>meu amigo Rodolpho, chega uma hora em que a mesa de jantar</p><p>precisa virar mesa de reuniões, às vezes, gabinete de crise.</p><p>E nesse caso, o mundo dos negócios pode nos trazer algumas</p><p>referências. Se nos inspirarmos nas boas práticas de gestão das</p><p>empresas da atualidade, encontramos a governança corporativa,</p><p>que é um sistema que dirige e controla uma companhia, um con-</p><p>junto de práticas e regras que objetivam zelar pela continuidade</p><p>do negócio. E isso não parece fazer sentido quando o assunto é</p><p>família?</p><p>Os pilares da governança corporativa são responsabilidade,</p><p>equidade, prestação de contas e transparência, tudo isso para</p><p>garantir que os interesses de todas as partes estão sendo atendi-</p><p>dos e que as melhores decisões são tomadas de olho no futuro-</p><p>no prosseguimento da empresa.</p><p>De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), até</p><p>2050 o número de pessoas com idade superior a 60 anos</p><p>chegará a 2 bilhões, o que representará um quinto da popula-</p><p>ção mundial. No Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geogra-</p><p>fia e Estatística (IBGE) apontam que a população idosa chegará a</p><p>cerca de 37 milhões em 2030 e a mais de 57 milhões em 2060, o</p><p>que representa 26,7% e 37,7% da população total, respectiva-</p><p>mente.</p><p>Os dados não geram dúvidas quanto aos anos de vida conquis-</p><p>tados, mas não apontam como são ou serão vividos. De acordo</p><p>com a OMS, estima-se que existam hoje 35,6 milhões de pessoas</p><p>com Doença de Alzheimer (DA) no mundo, sendo que o número</p><p>tende a dobrar até o ano de 2030 e triplicar até 2050. Estima-se</p><p>que cerca de 15 a 20% dos idosos no Brasil tenham alguma sín-</p><p>drome demencial, sendo a Doença de Alzheimer a mais comum.</p><p>A Doença de Alzheimer (DA) é um transtorno neurodegenerati-</p><p>vo progressivo, sem cura e sem causa definida, que se manifesta</p><p>pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento</p><p>progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de</p><p>sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais. A</p><p>DA tem repercussões profundas sobre o indivíduo doente, seus</p><p>familiares e cuidadores, com prejuízos de ordem física, psicoló-</p><p>gica, espiritual, profissional, familiar e financeira.</p><p>63E a Família, Como Vai?</p><p>E, em que medida, uma família se assemelha a uma empresa?</p><p>Temos regras, limites, tomadores de decisão, poder de influên-</p><p>cia, temos pessoas que geralmente se dedicam a batalhar pela</p><p>sua perpetuidade.</p><p>E essa almejada perpetuidade implica no cuidado de uns com</p><p>os outros. E se trouxermos os pilares da governança para dentro</p><p>de casa, descobrimos que cada membro tem sua cota de res-</p><p>ponsabilidade, civil e moral, de participação nessa agenda com</p><p>seus idosos mais queridos.</p><p>E é claro que nem todos têm a mesma capacidade de partici-</p><p>par igualmente, por razões diversas, e aí entra a perspectiva da</p><p>equidade, o equilíbrio justo e dinâmico das possibilidades de</p><p>cada um.</p><p>Como a família se expande de geração em geração em novos</p><p>núcleos, novas perspectivas vão sendo adicionadas e isso traz</p><p>riqueza e potencial de desalinhamento entre os seus. E a gover-</p><p>nança novamente mostra o caminho. Uma forma de contornar os</p><p>ruídos, que se propagam pela impossibilidade de participação</p><p>em todas decisões e rotina, é o compartilhamento, prestação de</p><p>contas mesmo, de forma transparente das circunstâncias e reso-</p><p>luções.</p><p>Exatamente como acontece na sala de reuniões. Bebendo no</p><p>repertório do mundo corporativo, nasce assim, ou melhor, nomi-</p><p>na-se algo que já fazemos há muito tempo na humanidade: a go-</p><p>vernança para longevidade. Anote esse nome, você ainda vai</p><p>precisar dele.</p><p>E a Família, Como Vai? 64</p><p>A Tecnologia e a Geração Prateada</p><p>Capítulo 14</p><p>Foto: UINSTOCK | Luiz Macian</p><p>A geração prateada está crescendo globalmente, trazendo desa-</p><p>fios e oportunidades relacionados à qualidade de vida e bem-</p><p>-estar. A tecnologia avançou significativamente,</p><p>fornecendo</p><p>recursos para melhorar saúde, segurança, comunicação e entre-</p><p>tenimento.</p><p>Na área da saúde, a telemedicina, os dispositivos vestíveis e os</p><p>aplicativos de saúde são inovações que ajudam no gerencia-</p><p>mento de condições crônicas e na promoção de hábitos saudá-</p><p>veis. A tecnologia também auxilia na segurança e assistência,</p><p>com sistemas de monitoramento e alerta, dispositivos de assis-</p><p>tência e assistentes virtuais.</p><p>A comunicação e a conexão social são fundamentais para</p><p>combater a solidão e o isolamento social. As redes sociais, os</p><p>aplicativos de videochamadas e o voluntariado online promo-</p><p>vem importantes interações. Além disso, a tecnologia oferece</p><p>entretenimento e aprendizado através de plataformas de strea-</p><p>ming, jogos eletrônicos, cursos online e realidade virtual.</p><p>Para garantir que a geração prateada se beneficie da tecnologia,</p><p>é crucial promover a adaptação e inclusão digital com algum</p><p>tipo de treinamento, design inclusivo e suporte familiar ou co-</p><p>munitário. A tecnologia pode melhorar significativamente a qua-</p><p>lidade de vida dessa parcela da população, desde que haja</p><p>acesso adequado e apoio.</p><p>A promoção da adaptação e inclusão digital é crucial para garan-</p><p>66A Tecnologia E A Geração Prateada</p><p>Luiz Moura é Especialista em Cibersegurança (FIAP) e</p><p>Gestor de Processos Gerenciais (FGV). Membro da Associa-</p><p>ção Nacional dos Profissionais de Privacidade de Dados</p><p>(ANPD), Mentor de Algoritmo e Anúncios do LinkedIn.</p><p>https://www.linkedin.com/in/luizmoura-cybersecurity/</p><p>tir que eles possam aproveitar ao máximo as oportunidades ofe-</p><p>recidas pela tecnologia. Para isso, é importante levar em consi-</p><p>deração os seguintes aspectos:</p><p>Difusão de informações: A divulgação de informações sobre os</p><p>benefícios e usos da tecnologia para a geração prateada é fun-</p><p>damental para encorajar sua adoção. Isso pode ser feito através</p><p>de campanhas de conscientização, palestras informativas e ma-</p><p>teriais educacionais voltados especificamente para esse público.</p><p>Promoção de programas intergeracionais: O intercâmbio de</p><p>conhecimentos e experiências entre diferentes gerações pode</p><p>ser muito enriquecedor. Programas que conectam jovens e a ge-</p><p>ração prateada para compartilhar habilidades e conhecimentos</p><p>sobre tecnologia podem promover a inclusão digital e fortalecer</p><p>laços sociais.</p><p>Políticas públicas de inclusão digital: Governos e instituições</p><p>devem desenvolver e implementar políticas públicas voltadas</p><p>especificamente para a inclusão digital dos integrantes da gera-</p><p>ção prateada. Isso pode incluir a criação de centros de aprendi-</p><p>zado e acesso à tecnologia, a disponibilização de equipamentos</p><p>a preços acessíveis e o incentivo à pesquisa e desenvolvimento</p><p>de soluções tecnológicas adaptadas às necessidades desse pú-</p><p>blico.</p><p>Parcerias com empresas de tecnologia: Estabelecer parcerias</p><p>com empresas de tecnologia pode ser uma estratégia eficaz</p><p>para desenvolver e promover soluções adaptadas às necessida-</p><p>des da geração prateada. Além disso, empresas podem oferecer</p><p>treinamentos e workshops gratuitos ou a preços acessíveis, per-</p><p>mitindo que aprendam a utilizar dispositivos e aplicativos de</p><p>forma eficiente e segura. Incentivo à participação da geração</p><p>prateada: É importante encorajá-los a participarem ativamente</p><p>de sua inclusão digital, expressando suas necessidades, interes-</p><p>ses e preocupações. A participação na tomada de decisões e no</p><p>desenvolvimento de soluções tecnológicas pode garantir que</p><p>seus interesses sejam atendidos e suas necessidades satisfeitas.</p><p>67A Tecnologia E A Geração Prateada</p><p>Para ajudar a geração prateada a começar a entender e se fami-</p><p>liarizar com a tecnologia, aqui estão algumas dicas úteis:</p><p>Comece devagar: Introduza a tecnologia de maneira gradual e</p><p>comece com dispositivos e aplicativos mais simples. Por exem-</p><p>plo, um smartphone com poucos aplicativos essenciais ou um</p><p>tablet com fonte e ícones maiores pode ser uma boa maneira de</p><p>começar.</p><p>Aprenda junto: Se você é um membro da família ou amigo, sen-</p><p>te-se com a pessoa e aprenda junto. Mostre como usar um dis-</p><p>positivo ou aplicativo e, em seguida, deixe-os tentar por conta</p><p>própria enquanto você os orienta.</p><p>Seja paciente e compreensivo: Os integrantes da geração pra-</p><p>teada podem levar mais tempo para aprender a se adaptarem às</p><p>novas tecnologias. Tenha paciência e compreensão durante o</p><p>processo de aprendizado e esteja disposto a repetir informações</p><p>e instruções conforme a necessidade.</p><p>Foque na segurança: Ensine-os sobre os riscos potenciais asso-</p><p>ciados ao uso da tecnologia, como golpes online e roubo de</p><p>identidade. Forneça dicas e orientações para que eles possam</p><p>navegar na internet e usar dispositivos de forma segura e prote-</p><p>gida.</p><p>Personalize a experiência: Adapte a tecnologia às necessida-</p><p>des e interesses da pessoa, personalizando as configurações e</p><p>aplicativos de acordo com suas preferências. Por exemplo, ajuste</p><p>o tamanho da fonte, o contraste e a luminosidade da tela e insta-</p><p>le aplicativos que sejam relevantes para seus hobbies e interes-</p><p>ses.</p><p>Use recursos de acessibilidade: Aproveite os recursos de aces-</p><p>sibilidade disponíveis em muitos dispositivos, como leitores de</p><p>tela, ampliadores de texto e comandos de voz, para tornar a tec-</p><p>nologia mais fácil de usar para pessoas com limitações físicas ou</p><p>cognitivas.</p><p>68A Tecnologia E A Geração Prateada</p><p>Encoraje a prática: A prática leva à perfeição. Incentive-os a</p><p>usarem a tecnologia regularmente e a explorarem novos dispo-</p><p>sitivos e aplicativos. Com o tempo, eles se tornarão mais confian-</p><p>tes e habilidosos em seu uso.</p><p>Em resumo, a tecnologia tem o potencial de melhorar a vida da</p><p>geração prateada de várias maneiras, desde melhorar sua saúde</p><p>e segurança até facilitar a comunicação e o entretenimento.</p><p>No entanto, é essencial promover a adaptação e inclusão digital,</p><p>garantindo que possam utilizar a tecnologia de maneira eficaz e</p><p>confiante. Com o apoio e acesso adequados, a tecnologia pode</p><p>se tornar uma aliada valiosa para promover um envelhecimento</p><p>saudável, seguro e satisfatório.</p><p>69A Tecnologia E A Geração Prateada</p><p>O Amadurecer Saudável</p><p>Capítulo 15</p><p>Foto: Freepik</p><p>Perdão e recomeço!</p><p>Não sei você, mas nesta caminhada encontrei muitos desafios,</p><p>dentre eles, desapontamentos com pessoas que, de uma forma</p><p>ou de outra, traíram minha confiança e deixaram marcas, não</p><p>muito boas.</p><p>Um outro dia estava ouvindo uma senhora de mais de 50 anos,</p><p>que mostrou uma grande cicatriz em seu braço e disse: “fui esfa-</p><p>queada pela minha mãe quando tinha 10 anos de idade, e a</p><p>odiei por 40 anos. Sepultei a minha mãe, mas não consegui per-</p><p>doá-la.”</p><p>Há muitas pessoas doentes da alma porque não conseguem</p><p>liberar o perdão! Eu tenho que concordar com C.S. Lewis</p><p>quando ele disse que é mais fácil falar sobre perdão do que per-</p><p>doar.</p><p>O discurso sobre perdão não é tão difícil. Perdoar quem machu-</p><p>ca você, te decepciona, quem trai, é um grande desafio. O mais</p><p>natural, comum e humano é dar o troco, é pagar com a mesma</p><p>moeda, é devolver o mesmo gesto de dor, talvez até com mais</p><p>intensidade.</p><p>Uma outra reação comum para fugir do perdão é guardar a</p><p>mágoa, tentar “enterrar” o rancor no mais profundo do seu cora</p><p>ção.</p><p>28</p><p>71</p><p>29</p><p>Marcello Burattini, Engenheiro Químico pela Escola Politéc-</p><p>nica da USP. MBA pela FGV MBA em Saúde pela Fundação</p><p>Dom Cabral e Instituto Sírio Libanês. Especialista em M&A</p><p>pela ESPM. Experiência de 20 anos de atuação no setor da</p><p>saúde. Diretor Superintendente de Hospital Particular por 10</p><p>anos. Sócio-fundador de mais de 5 empresas, com exit em</p><p>todas elas, sendo a última, OM30, empresa de sistemas de</p><p>saúde e educação. Diretor executivo em Business Develop-</p><p>ment de multinacionais.</p><p>médico de forma clara e objetiva, não dependendo da interven-</p><p>ção de uma pessoa leiga para que o alerta chegue à atenção</p><p>médica.</p><p>Importante ressaltar que SEMPRE a decisão final deve ser do</p><p>médico. A IA precisa gerar alertas de qualidade, para subsidiar</p><p>uma decisão médica rápida, eficiente, informada e embasada.</p><p>Para que isso seja possível, tal alerta não pode vir</p><p>em qualquer</p><p>formato, mas deve estar alinhado às boas práticas internacionais</p><p>de interoperabilidade e padronização¹0 ¹¹. A literatura recente</p><p>de artigos científicos é farta em exemplos onde smartwatches</p><p>Polar, Garmin, Samsung, FitBit, Apple Watch, Xiaomi, Huawei,</p><p>entre outros, foram utilizados com sucesso para detecção e mo-</p><p>nitoramento de Covid19², cardiopatias e hipertensão 6 7 8 9, bem</p><p>como agravamentos de saúde mental como depressão, ansieda-</p><p>de e burnout ³ 4 5.</p><p>A boa notícia é que há empresas preparando softwares basea-</p><p>dos nesses artigos, que organizam processos automáticos que</p><p>funcionam como um painel de controle de indicadores de</p><p>saúde, devidamente anonimizados e em conformidade com a</p><p>regulamentação mais recente como a LGPD e SaMD.</p><p>Empresas como a Brasileira PhiloCare transformam seu Smar-</p><p>twatch num cuidador pessoal 24h, olhando pela sua saúde e avi-</p><p>sando seu médico, antes mesmo de você perceber os sinto-</p><p>mas¹².</p><p>Os Jetsons não ficariam tão surpresos de saber que, em pleno</p><p>2023, os smartwatches já nos permitem monitorar nossa saúde,</p><p>ajudando a melhorar a qualidade de vida dos nossos idosos.</p><p>O futuro chegou!</p><p>O Amadurecer Saudável</p><p>https://www.linkedin.com/in/marcelloburattini</p><p>Quando você nutre esse sentimento está odiando continuamen-</p><p>te essa pessoa. Ou, mesmo tentando esquecer, quando você</p><p>guarda a mágoa no seu coração é como beber um copo de</p><p>veneno pensando que quem vai morrer é o outro.</p><p>Quando você nutre amargura na alma, se torna prisioneiro — da</p><p>pessoa que está no trilho dessa mágoa. Você dorme com ela,</p><p>você acorda com ela, essa pessoa domina sua mente, escraviza</p><p>seu coração. Você chega em casa, sua família está reunida e a</p><p>mesa posta, você está com fome e, de repente… as lembranças</p><p>vêm ao seu coração, você perde o apetite e se desanima.</p><p>Chega o final do ano com trabalho intenso, suas forças esgota-</p><p>das, a energia exaurida, você marca férias com a sua família, pla-</p><p>neja tudo mas quando você está saindo de férias essa pessoa</p><p>pega carona com você e estraga suas férias. Essa mágoa, esse</p><p>ressentimento torna o seu sonho um pesadelo.</p><p>A única maneira de você ser livre é tomar a decisão de perdoar,</p><p>é fazer uma faxina na sua alma, é fazer uma assepsia na sua</p><p>mente, é fazer a limpeza no seu coração e liberar perdão. O</p><p>perdão é a melhor forma de começar de novo, a melhor forma</p><p>de recomeçar.</p><p>O perdão limpa tudo o que aconteceu antes e permite que a</p><p>gente faça as coisas de forma diferente, que a gente tente de</p><p>novo, só que de outra forma. Perdoar é uma forma de recomeçar</p><p>do zero, em uma folha em branco, sempre melhorando aquilo</p><p>que a gente fez antes e que não faz mais parte de quem a gente</p><p>é.</p><p>A maturidade traz os seus frutos, a experiência, a sabedoria, o</p><p>conhecimento, a flexibilidade, a possibilidade de enxergar a vida</p><p>de forma diferente, a alegria de poder compartilhar, dividir,</p><p>ajudar o próximo a crescer, a aprender a viver. A plenitude deve</p><p>começar em nós mesmos.</p><p>Na economia prateada, temos a oportunidade de começarmos</p><p>melhor!</p><p>72O Amadurecer Saudável</p><p>Chegou a Hora dessa Gente</p><p>50+ Mostrar seu Valor</p><p>Capítulo 16</p><p>Foto: UINSTOCK | Luzinete da Silva</p><p>Você tem mais de 50 anos ou está ali próximo, ao redor dos 40 e</p><p>tantos? Usa shampoo, sabonete ou perfume? E batom ou barbe-</p><p>ador? Toma aquela cervejinha? Pois é. Para a publicidade, em</p><p>geral, você não existe! Somos mais de 50 milhões de brasileiros</p><p>invisíveis. Os shampoos, por exemplo, só tratam cabeleiras</p><p>longas que emolduram rostos jovens. E fazer a barba? É hábito</p><p>para, no máximo, quarentões. Ah, se as grandes cervejarias sou-</p><p>bessem como tem uma turma coroa boa de copo por aí…</p><p>O Idadismo - o preconceito etário - é a discriminação mais uni-</p><p>versal, transversal à toda sociedade e a menos consciente. É</p><p>visto como "natural". Nem percebemos como aceitamos e refor-</p><p>çamos estereótipos. Até a palavra “velho” é riscada do vocabulá-</p><p>rio na propaganda e no jornalismo. Para se referir aos que passa-</p><p>ram dos 60 anos, frequentemente, muitos optam por “terceira</p><p>idade”, “melhor idade”, “sêniores”, “maduros”…</p><p>Existe um "apagamento" do envelhecimento e da maturida-</p><p>de em quase toda a comunicação. A invisibilidade não é de</p><p>hoje. Em 2017, o Datafolha fez um levantamento entre os 10</p><p>maiores anunciantes do Brasil, que representavam cerca de 200</p><p>marcas de produtos diferentes, e encontrou imagens de idosos</p><p>em apenas 3% das peças publicitárias. Me arrisco a imaginar que</p><p>a maioria era de anúncios de plano de saúde, seguro de vida,</p><p>fraldas geriátricas...</p><p>Como se o público 50+, 60+, 70+, 80+ não comesse, bebesse,</p><p>se vestisse, se embelezasse, se divertisse.... E, principalmente,</p><p>74Chegou a Hora dessa Gente 50+ Mostrar seu Valor</p><p>Marcia Monteiro é Fundadora da consultoria Geração Ilimi-</p><p>tada® Estudos e Palestras. Especialista no Mercado 50+. Pes-</p><p>quisadora de gerações e de tendências da nova Longevida-</p><p>de. Jornalista, integrante da turma de Estudos de Futuro da</p><p>Casa Firjan e pós-graduada em Influência Digital pela PUC-</p><p>-RS.Palestrante do 1o. TED Circle/TEDx Rio, da FGV e FIA</p><p>Business School. Coautora do livro “Revolução 50+”.</p><p>https://www.linkedin.com/in/marciamonteiro66</p><p>não gastasse com tudo isso! Você sabia que esse batalhão é res-</p><p>ponsável por 42% de tudo que é consumido no Brasil?</p><p>Ainda assim, um estudo do Instituto Locomotiva sobre o que "Os</p><p>brasileiros pensam sobre a propaganda" mostrou que 77% não</p><p>se identificam nas campanhas, 87% gostariam de ser mais ouvi-</p><p>dos pelas empresas, e 67% preferem marcas e empresas com</p><p>valores semelhantes aos seus. Como? Sem se ver? Ou "fantasia-</p><p>dos" de estereótipos em dois extremos: de bengala de um lado</p><p>ou de skate e paraquedas de outro.</p><p>O rápido crescimento e o alto poder de compra do público</p><p>50+ não têm sido suficientes para convencer o mercado. Se-</p><p>gundo pesquisa da Fleishman Hillard, 72% reconhecem despre-</p><p>paro das lojas no atendimento, 65% não acreditam na adequa-</p><p>ção de marcas às suas necessidades e 52% não encontram com</p><p>facilidade produtos que atendam às suas vontades. O público</p><p>50+ foi o que mais cresceu no consumo de e-commerce, a partir</p><p>de 2018. E os produtos mais vendidos não são remédios e medi-</p><p>camentos, como muita gente pode imaginar, mas os eletrônicos,</p><p>com celulares e computadores encabeçando a lista.</p><p>Fatos: A Economia Prateada - aquela que junta renda, produção</p><p>e consumo dos 50+ - movimenta cerca de R$2 trilhões/ano. Mais</p><p>de 50 milhões de brasileiros têm mais de 50 anos e representam</p><p>25% da população.</p><p>Questões: Por que esse público se sente sub representado? Por</p><p>que ainda é invisível às empresas? Por que enfrenta entraves no</p><p>acesso ao crédito? Por que tem dificuldade de encontrar produ-</p><p>tos pensados para ele? Por que a vontade de empreender preci-</p><p>sa superar mais desafios do que os de outras faixas etárias?</p><p>Oportunidades: O que o mercado está esperando? Chegou a</p><p>hora de acordar! Há um oceano prateado a ser navegado e</p><p>explorado!</p><p>75Chegou a Hora dessa Gente 50+ Mostrar seu Valor</p><p>De Invisíveis a Protagonistas</p><p>A longevidade maior está revolucionando nosso comportamen-</p><p>to e qualidade de vida. Queremos viver mais e melhor! Os 50+</p><p>estão no epicentro dessa REVOLUÇÃO social, sexual, profis-</p><p>sional e de propósitos! Estamos assumindo o protagonismo na</p><p>mudança de hábitos e na implosão de padrões, especialmente</p><p>as mulheres acima de 50 anos.</p><p>O número de influenciadores digitais maduros deu um salto</p><p>nos últimos anos. E dentro desse universo em crescimento, os</p><p>perfis femininos são maioria. Poderosas influenciadoras das</p><p>amigas, companheiras e parceiras de trabalho, que comparti-</p><p>lham dos mesmos valores de autoafirmação e liberdade con-</p><p>quistada, tanto nas escolhas de compra, como no estilo de vida.</p><p>Influenciadoras também nas ações da família, no comportamen-</p><p>to e até no cuidado com a saúde dos homens com quem convi-</p><p>vem, companheiros, maridos, pais e filhos.</p><p>Empoderar-se da própria idade passou a ser um ativo do marke-</p><p>ting de influência. Estamos cientes do nosso lugar e espaço.</p><p>Somos um mercado consumidor gigantesco e queremos</p><p>nos ver</p><p>representadas e representados.</p><p>Os(as) 50+ e 60+ começam a fazer com que empresas repensem</p><p>o marketing e o endereçamento de produtos, notadamente nos</p><p>setores de moda, beleza e saúde, mas também no de turismo,</p><p>mercado automotivo, imobiliário e de finanças! Fora relaciona-</p><p>mento, culinária, entretenimento, cultura… Os mais variados</p><p>temas passaram a ser abordados sob o olhar e a experiência</p><p>dessa geração ilimitada®, que está compartilhando tudo e</p><p>mostrando seu valor!</p><p>MARCAS, PRESTEM ATENÇÃO!</p><p>parte da resposta e políticas de incentivo ao empreendedorismo</p><p>prateado.</p><p>Uma estratégia para alcançar esse objetivo é criar empreendi-</p><p>mentos intergeracionais que utilizem sistemas de inovação</p><p>aberta comprovados, sejam flexíveis no uso do tempo e incor-</p><p>porem programas de conscientização coletiva. A combinação da</p><p>experiência dos mais velhos com as novas habilidades e a ener-</p><p>gia dos jovens pode gerar atividades produtivas sustentáveis</p><p>que atendam às necessidades reais da sociedade como um todo.</p><p>Essas empresas colaborativas abrem oportunidades de trabalho</p><p>para todas as pessoas, independentemente da idade.</p><p>Um exemplo bem-sucedido dessa abordagem é o programa</p><p>piloto de saúde digital comunitária para pessoas seniores em um</p><p>bairro da cidade do Panamá. Nesse caso, foi identificado que a</p><p>saúde não era a maior prioridade, mas sim a segurança financei-</p><p>ra, a segurança alimentar e a mitigação da solidão. Com base</p><p>nesses achados, foi criado o “E-Silver”, um ecossistema de econo-</p><p>mia prateada comunitário que atende às necessidades das pes-</p><p>soas maiores através do crescimento local relevante e colaborati-</p><p>vo.</p><p>Ao responder às necessidades expressadas, foi possível gerar</p><p>valor à saúde e provocar uma mudança de atitudes favoráveis ao</p><p>trabalho multidisciplinar, intergeracional e multissetorial. Atual-</p><p>mente, o programa está iniciando a primeira incubação de em-</p><p>preendimentos intergeracionais, direcionados a oferecer solu-</p><p>ções consolidadas dentro da comunidade e em outras localida-</p><p>des do interior do país.</p><p>A economia prateada provou ser um caminho promissor para</p><p>atender às necessidades das pessoas seniores através da partici-</p><p>pação dos membros da comunidade. A chave foi a participação</p><p>coletiva e intergeracional no desenho e implementação do pro-</p><p>grama. Os benefícios da perspectiva ampla da economia pratea-</p><p>da fizeram com que a comunidade como um todo se apropriasse</p><p>da transformação digital e compreendesse que a longevidade é</p><p>76Chegou a Hora dessa Gente 50+ Mostrar seu Valor</p><p>Multigerações: O que nos Une</p><p>e Por que somos Melhores Juntos?</p><p>Capítulo 17</p><p>Foto: Freepik</p><p>O envelhecimento da população mundial, e mais especificamen-</p><p>te, a maior expectativa de vida, criou ou tornou mais visível a ine-</p><p>vitável convivência de diversas gerações a um só tempo nos</p><p>mais diversos ambientes e momentos da nossa vida cotidiana.</p><p>Olhe à sua volta.</p><p>Não importa se é transporte urbano, supermercado, praça, praia,</p><p>áreas culturais e de convivência, os espaços abrigam pessoas de</p><p>todas as idades.</p><p>A primeira pergunta que sempre surge é: como sociedade, esta-</p><p>mos preparados para essa convivência?</p><p>Os diversos casos de idadismo nos indicam que ainda temos um</p><p>longo caminho a percorrer nos quesitos acolhimento e inclusão</p><p>das pessoas com mais idade.</p><p>E aqui estamos falando de atitudes simples que vão desde, lite-</p><p>ralmente, enxergar essas pessoas que fazem parte das nossas</p><p>vidas até o reconhecimento de seu valor.</p><p>O verbo enxergar pode parecer fora de contexto, mas é assim</p><p>que as pesquisas mostram que as pessoas com mais idade se</p><p>Marco Antonio Vieira Souto é formado em Propaganda</p><p>pela UFRJ e iniciou carreira na Salles, como redator. Dali foi</p><p>para o Marketing da Souza Cruz. Retornou à Salles na área de</p><p>Atendimento. Em 1986, foi para a DPZ de onde saiu em 1999</p><p>para sua consultoria de comunicação até ser chamado para</p><p>a Artplan em 2007, para ser o Diretor de Planejamento.</p><p>Depois de se tornar VP da área, na sequência, se tornou CEO</p><p>da Artplan Rio. Em 2010 virou Head de estratégia do grupo</p><p>Dreamers. Em mais de 40 anos, trabalhou com quase todas</p><p>as categorias de produtos e serviços e com o terceiro setor.</p><p>É ativista da causa do idadismo. É conselheiro no movimento</p><p>Atualiza, na Escola de Gente e no planeta.com e mentor nas</p><p>plataformas Top2You, Yolex, Gerando Falcões e no próprio</p><p>grupo Dreamers.</p><p>78Multigerações: o que nos une e por que somos melhores juntos</p><p>https://www.linkedin.com/in/marco-antonio-vieira-souto-9b025a/</p><p>78 Multigerações: o que nos une e por que somos melhores juntos</p><p>sentem em relação aos demais estratos etários da população: se</p><p>sentem invisíveis. Não vistas e, por consequência direta, são</p><p>excluídas, deixam de participar, de contribuir.</p><p>Perdem ou não têm valor aos olhos preconceituosos dos mais</p><p>jovens.</p><p>Problema posto, a questão é como sair dessa situação o quanto</p><p>antes.</p><p>Temos pressa em deixar o preconceito de lado.</p><p>E talvez o preconceito mostre sua face mais perversa no ambien-</p><p>te de trabalho.</p><p>Sabemos que a régua de admissão nas empresas vem baixando</p><p>ao longo dos anos.</p><p>Agora, quem tem mais de 40 anos enfrenta uma barreira silen-</p><p>ciosa, não expressa diretamente na maioria das vezes, que deixa</p><p>de lado porque o recrutador, preconceituoso, entende que sua</p><p>contribuição não será tão efetiva quanto o de um profissional</p><p>mais jovem.</p><p>E não vamos nem entrar aqui nos meandros desse olhar burro</p><p>que ao mesmo tempo que quer a força e o entusiasmo, que pelo</p><p>preconceito estão apenas nos mais jovens, quer também a expe-</p><p>riência e o compromisso que estariam, pelo mesmo viés, com os</p><p>que têm mais idade.</p><p>A primeira parte da solução para o nosso desafio é o reconheci-</p><p>mento.</p><p>Reconhecer que vivemos numa sociedade multigeracional, que</p><p>teremos em todos os ambientes pessoas das mais diversas gera-</p><p>ções, e que tal diferença terá que ser deixada de lado como fator</p><p>discriminatório de eficiência e sucesso.</p><p>79</p><p>Incentivar momentos e ações culturais dentro das empresas é</p><p>facilitar novas pontes e novas possibilidades de conversa.</p><p>Porque uma certeza temos: a diversidade, em todas suas</p><p>dimensões é a base da criatividade e da inovação.</p><p>Olhares, vivências, insights distintos que trazem riqueza e valor</p><p>às conversas e ações.</p><p>Com as multigerações o fenômeno é exatamente o mesmo.</p><p>Quem viveu outras experiências, outros mundos, outras histó-</p><p>rias, não importa a idade, sempre vai ter muito o que somar.</p><p>E é a soma, aquele sinal que aparece ao lado do 60, para indi-</p><p>car um segmento gigante de pessoas, que nos indica que</p><p>somos mais quando somos 60 + 30, 60 + 40, 60 + qualquer</p><p>idade.</p><p>80Multigerações: o que nos une e por que somos melhores juntos</p><p>Não Nascemos Ontem,</p><p>Nascemos no Século Passado</p><p>Capítulo 18</p><p>Foto: UINSTOCK | Angel Produções</p><p>Neste artigo, não vou citar estudos sobre o potencial da econo-</p><p>mia prateada, que movimenta globalmente US$15 trilhões (valor</p><p>próximo ao PIB da China), e nem destacar o consumo deste</p><p>grupo no Brasil, que é o maior poder aquisitivo e principal res-</p><p>ponsável pela renda familiar. Vou deixar as pesquisas para men-</p><p>cionar nas palestras que realizo sobre diversidade etária nas em-</p><p>presas.</p><p>Por trás destes números há pessoas. Então vou falar de você, que</p><p>já é 50+. Ou pretende ser. Assim como eu, que tenho 54 anos,</p><p>você enfrenta desafios diários, de ordem física, emocional, rela-</p><p>cional e financeira. Também precisa dar uma mão para seus</p><p>filhos e a outra para os seus pais. E ainda tem os pets... Aqui entre</p><p>nós: como você consegue dar conta de tudo isto? Eu tenho 5</p><p>deles (estou me referindo aos pets), mas aí é outra conversa...</p><p>Assim como eu, você possui uma história de vida única, experi-</p><p>ências intransferíveis, saberes ímpares, propósitos individuais e</p><p>Hoje em dia, você entra em contato com seu médico, ou até faz</p><p>uma consulta de telemedicina quando sente algum sintoma ou</p><p>supõe que há algum problema com sua saúde. Mas imagine por</p><p>um momento que maravilhoso seria se um profissional te pro-</p><p>curasse ANTES de você ficar doente, pois seu Smartwatch</p><p>avisou</p><p>automaticamente um médico, ao serem detectados pe-</p><p>quenos desvios nos seus sinais vitais?</p><p>Se essa ideia parece óbvia diante da crescente adoção desses</p><p>equipamentos por grande parte da população, o que falta para</p><p>chegarmos nesse ponto?</p><p>A popularização de smartbands, smartwatches, oxímetros de</p><p>dedo, glicosímetros, aplicativos e centenas de sensores de</p><p>saúde sem fio, abriu um mercado gigantesco, onde o paciente,</p><p>munido de uma imensidão de aparelhos e dados, tenta acompa-</p><p>nhar e administrar sua própria saúde. Porém, a dificuldade em</p><p>interpretar dados de saúde sem o devido conhecimento</p><p>médico, aliada à quantidade gigantesca de dados não tratados,</p><p>acaba gerando ruídos e falsos alertas, o que gera estresse des-</p><p>necessário e dificulta a utilização dessas informações pelo pa-</p><p>ciente.</p><p>Os médicos, por sua vez, mesmo cientes dos benefícios da tele-</p><p>medicina e telessaúde em tempos de pandemia, têm dificulda-</p><p>27</p><p>82</p><p>Mauro Wainstock</p><p>- Linkedin TOP VOICE & Creator, colunista da Exame, do</p><p>Terra, do portal Startups, entre outros veículos.</p><p>- Nomeado "Influenciador de RH" pelo “RH Summit”, o</p><p>maior evento de RH da América Latina, e “TOP 100 People”,</p><p>pela Feedz/TOTVS.</p><p>- Palestrante sobre diversidade etária, sócio-fundador da</p><p>consultoria HUB 40+, focada no público acima dos 40 anos,</p><p>editor de livros e de biografias.</p><p>- Mentor através de plataformas como Top2You, InovAtiva e</p><p>BNDES Garagem, conselheiro da Associação Comercial (RJ</p><p>e SP), consultor na Inova Business School, na ChiefsGroup e</p><p>no Sebrae (RJ e SP), parceiro da “Startup World Cup”, a</p><p>maior competição de startups do mundo, e coorganizador</p><p>do hackathon International SpaceAppsChallenge/NASA.</p><p>- Professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing</p><p>(SP e RJ), do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças e</p><p>da Escola do RH.</p><p>- Jornalista com mais de 30 anos de experiência em Comu-</p><p>nicação e Marketing, inclusive em multinacional (Citibank).</p><p>Não Nascemos Ontem, Nascemos no Século Passado</p><p>https://www.linkedin.com/in/maurowainstock</p><p>sonhos a realizar. Mas você, assim como eu, também é estereoti-</p><p>pado pelas ações de marketing e convive com a cultura “jovem-</p><p>-cêntrica” no mercado de trabalho.</p><p>Normalmente, nas propagandas, consumidores como você e eu</p><p>estamos associados negativamente ao envelhecimento.</p><p>Como assim?</p><p>As empresas ainda não perceberam que todos nós pretendemos</p><p>envelhecer (é ou não é?) e a longevidade saudável é uma das</p><p>questões mais almejadas no dia a dia. Então, vamos passar a</p><p>associar os 50+ à saúde e não a doenças.</p><p>O fato é que usufruímos do lazer, fazemos turismo, necessitamos</p><p>de mobilidade, precisamos ter responsabilidade com as finanças,</p><p>queremos aprender tecnologia, gostamos de conhecer o no-</p><p>vo,bedoria acumulada. Queremos ser úteis, produtivos e estar</p><p>realmente inseridos neste complexo e dinâmico universo, rodea-</p><p>do por planetas que foram descobertos depois que nascemos e</p><p>mundos que nasceram depois que passamos a existir.</p><p>E tivemos que descobri-los. Foi neste giratório e incerto ambien-</p><p>te que acumulamos aprendizados, afinal, não nascemos ontem,</p><p>nascemos no século passado. Nos adaptamos. Vivenciamos um</p><p>período onde a palavra “Internet” não constava nos nostálgicos</p><p>dicionários impressos e o tal do “ChatGPT” ainda nem sonhava</p><p>com o bê-á-bá. Estamos super empolgados!</p><p>Queremos marcas que realmente nos representem e oportunida-</p><p>des profissionais que genuinamente nos integrem, nos valorizem</p><p>e aproveitem o nosso potencial.</p><p>Estamos super dispostos!</p><p>Você, assim como eu, não admite ser invisível; quer protagonis-</p><p>mo.</p><p>Com respeito; sem etarismo.</p><p>28</p><p>83Não Nascemos Ontem, Nascemos no Século Passado</p><p>Sociabilização, Namoro e Sexo</p><p>Capítulo 19</p><p>Foto: Freepik</p><p>Reza o manual das startups que, para aumentar suas chances de</p><p>sucesso, você deve identificar uma dor real e propor sua solução</p><p>para resolvê-la ou minimizá-la.</p><p>A dor do isolamento é real. Na medida que envelhecemos, nos</p><p>tornamos invisíveis. Tão invisíveis que marcas não enxergam o</p><p>mercado da longevidade, apesar da montanha de dados mos-</p><p>trando o potencial de consumo dos mais velhos, e ignorando</p><p>completamente que este é o segmento etário que mais cresce.</p><p>Uma multidão de consumidores, com tempo e dinheiro, que são</p><p>simplesmente ignorados.</p><p>Se você gosta de decidir com base em dados, quero te trazer</p><p>uns fatos que mostram o tamanho dessa dor e suas implicações.</p><p>Em 2018, a então primeira-ministra britânica Theresa May criou o</p><p>Ministério da Solidão¹. Uma de suas razões foram as pesquisas</p><p>que apontavam as consequências físicas, mentais e emocionais</p><p>do isolamento social. A organização Age UK coloca que o risco</p><p>de solidão prolongada são comparáveis a fumar 15 cigarros ao</p><p>dia².</p><p>Daí a minha chamada à reflexão. Temos uma dor clara e concre-</p><p>ta, ligada diretamente a custos em saúde e a menor expectativa</p><p>de vida, e são raros os que atentam ou trabalham com ela. Os</p><p>custos justificariam de ter se qualquer negócio aumentesse a</p><p>sociabilidade e integração dos mais velhos, mas não é só isso. A</p><p>questão é também de impacto social, como evidenciou a pande-</p><p>Ricardo Pessoa é Engenheiro (poli - USP), empresário, espe-</p><p>cializado em inovação com impacto social, com iniciativas</p><p>em saúde, educação e economia compartilhada. Ativista da</p><p>longevidade, lidera o SeniorGeek, a Casa Séfora e o Saber</p><p>para Cuidar. Membro fundador do #Atualiza!, movimento de</p><p>combate ao preconceito etário.</p><p>85Sociabilização, Namoro e Sexo</p><p>https://www.linkedin.com/in/pessoaricardo/</p><p>mia: médicos nos EUA³ acreditam que muitos nos deixaram mais</p><p>cedo em consequência do isolamento social provocado por ela.</p><p>Ao mesmo tempo, qualquer um de nós pode ver que os enve-</p><p>lhescentes (como bem caracterizou Mario Prata4) de hoje são</p><p>diferentes. Não nos vestimos como se vestiam os mais velhos,</p><p>nos recusamos a aceitar limitações sociais por causa da idade e</p><p>procuramos sempre serviços e produtos que atendam a nossos</p><p>desejos. E no centro disso tudo está a sociabilização, o senso de</p><p>pertencimento e o apoio inter-pares que podem transformar</p><p>essa fase da vida de um anoitecer abrupto em um suave e agra-</p><p>dável crepúsculo.</p><p>Um exemplo de minha experiência pessoal. Um dos aprendiza-</p><p>dos que tivemos trabalhando com letramento digital e empreen-</p><p>dedorismo senior foi como a sociabilização impacta a aprendiza-</p><p>gem. Seniores não querem aprender em vídeos do YouTube</p><p>ou estar passivos e anônimos em lives chatas. Querem partici-</p><p>par de um grupo, aprender se possível com iguais e, principal-</p><p>mente, interagir.</p><p>E tem uma sociabilização mais gostosa que namorar? Se sentir</p><p>amado, desejado, ter de quem cuidar e ser cuidado. Tudo isso</p><p>tem certamente um efeito maior na nossa auto-estima e auto-</p><p>-imagem que aprendizagem, trabalho ou exercícios. Nesta etapa</p><p>da vida, como bem colocou a Mirian Goldenberg5, queremos e</p><p>podemos mais. Não temos tempo para perder com seus precon-</p><p>ceitos ou suas caretices, sabemos bem mais o que queremos e o</p><p>que não queremos. E sempre estamos prontos para “ligar o</p><p>foda-se”.</p><p>Pensar que os envelhecentes têm mais grana, mais tempo e</p><p>menos restrições para viajar, se divertir e consumir devia motivar</p><p>novos negócios, de dating a acompanhantes, de passeios a ex-</p><p>periências românticas. Mas esses são raros, pouco divulgados e,</p><p>muitas vezes cheios de vieses preconceituosos que acabam com</p><p>suas propostas antes mesmo de sua realização.</p><p>85 86Sociabilização, Namoro e Sexo</p><p>Vamos trabalhar com isso? Acabar com os estigmas que os</p><p>mais velhos não podem namorar, se apaixonar ou transar. E</p><p>por favor, sem esquecer que fomos nós, os baby boomers, quem</p><p>ensinou ao mundo o que é ser jovem, quem liberou o sexo fora</p><p>do casamento e quem mostrou que maconha não era a droga do</p><p>demonio que Hearst6 tanto combateu. E agora estamos mostran-</p><p>do o que é envelhecer.</p><p>Ah, e para não esquecer do sexo, vejam o documentario Acende</p><p>a luz7, com a história de Isabel Dias e suas descobertas do sexo</p><p>após os 60. Para incentivar você a lembrar que nós, os mais</p><p>velhos, namoramos, transamos e nos apaixonamos. E o que é</p><p>melhor, sem</p><p>as limitações e inseguranças que nos cercearam ao</p><p>longo da vida.</p><p>Como dizia minha avó, a juventude é uma doença que o</p><p>tempo cura. A sua vai passar, se você tiver sorte. Pense nisso e</p><p>use essa dor para transformar seu negócio e sua vida. Seu eu de</p><p>amanhã vai lhe agradecer. Afinal, como bem colocou Ken Parker,</p><p>criação dos grandes Giancarlo Berardi e Ivan Milazzo, “todas as</p><p>estações têm seus frutos. Os do outono podem não ser tão visto-</p><p>sos, mas dizem que são os mais saborosos”.</p><p>87Sociabilização, Namoro e Sexo</p><p>A Economia da Longevidade</p><p>no Brasil: Oportunidades e Desafios</p><p>Capítulo 20</p><p>Foto: Freepik</p><p>A economia da longevidade é um assunto cada vez mais relevan-</p><p>te no Brasil, à medida que a população envelhece rapidamente.</p><p>Com mais de 55 milhões de pessoas acima de 50 anos e um</p><p>novo nascimento a cada 21 segundos, é necessário compreen-</p><p>der os dados e fatos relacionados a essa população para apro-</p><p>veitar as oportunidades que se apresentam.</p><p>A expectativa de vida no Brasil</p><p>De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-</p><p>tística (IBGE), a expectativa de vida ao nascer em 2021 é de 76</p><p>anos, um aumento significativo em relação a gerações anterio-</p><p>res. Esse aumento da expectativa de vida tem contribuído para o</p><p>surgimento de uma nova realidade demográfica e econômica no</p><p>país.</p><p>Para entender melhor a evolução da expectativa de vida no</p><p>Brasil, podemos olhar para os dados históricos. Desde 1930, a</p><p>expectativa de vida no Brasil aumentou em média 30 anos,</p><p>com as mulheres vivendo em média 7 anos a mais que os</p><p>homens. Em 1930, a expectativade vida era de 42 anos, enquan-</p><p>to em 2021, de 76 anos. Essa expectativa de vida pode ser atri-</p><p>buída a diversos fatores, como a melhoria das condições de</p><p>saúde e higiene, o acesso a medicamentos e tratamentos, e uma</p><p>maior conscientização sobre hábitos saudáveis.</p><p>Willians Fiori, especialista em Economia da Longevidade,</p><p>atuando desde 2003 diretamente na construção de marcas</p><p>com foco no público 60+. Membro da Sociedade Brasileira</p><p>de Geriatria e Gerontologia. Associado a The Gerontological</p><p>Society of America. Idealizador do projeto Gerocultura, que</p><p>reúne formadores de opinião, professores, profissionais de</p><p>saúde, governo e demais organismos da sociedade para</p><p>discutir envelhecimento populacional, economia da longevi-</p><p>dade, age care e políticas públicas no cenário atual, nacional</p><p>e global. Atualmente Professor da Pós Graduação em Geron-</p><p>tologia do Hospital Albert Einstein e Gerente de Relações</p><p>Profissionais e Institucionais na Marca Bigfral ( Ontex).</p><p>A Economia da Longevidade No Brasil: Oportunidades e Desafios 89</p><p>https://www.linkedin.com/in/williansfiori/</p><p>O impacto econômico dos maduros</p><p>Os maduros, ou seja, a população com mais de 50 anos, são um</p><p>grupo crescente e cada vez mais influente na economia brasilei-</p><p>ra. Com um poder de compra de mais de 2 trilhões de reais, eles</p><p>movimentam uma parte significativa da economia do país. Além</p><p>disso, os maduros estão cada vez mais ativos no mercado de tra-</p><p>balho, o que contribui ainda mais para a economia.</p><p>Segundo dados da pesquisa "Longevidade e o Mercado de Tra-</p><p>balho", realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e</p><p>Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com o Instituto de</p><p>Longevidade Mongeral Aegon, cerca de 64% dos maduros</p><p>ainda trabalham e contribuem com a economia do país. Esse</p><p>número é ainda mais expressivo quando olhamos para os em-</p><p>preendedores: 54% dos donos de pequenos negócios no</p><p>Brasil são maduros.</p><p>Os maduros também são um importante arrimo de família em</p><p>grande parte do Brasil. Muitos deles assumem a responsabilida-</p><p>de financeira de seus filhos e netos, o que pode ter um impacto</p><p>significativo em suas decisões de compra e investimento. Além</p><p>disso, eles são frequentemente responsáveis pelo cuidado de</p><p>parentes mais velhos, o que pode afetar seu estilo de vida e</p><p>orçamento.</p><p>De acordo com a mesma pesquisa do Sebrae e do Instituto de</p><p>Longevidade Mongeral Aegon, cerca de 71% dos maduros</p><p>ajudam financeiramente seus filhos e netos. Esse apoio financei-</p><p>ro pode ser uma forma de transferência intergeracional de</p><p>renda, que beneficia a economia como um todo.</p><p>Dados e fatos sobre a longevidade no Brasil</p><p>Para entender melhor a economia da longevidade, é importante</p><p>conhecer os dados e fatos relacionados à população madura no</p><p>Brasil. Algumas informações importantes incluem:</p><p>89 A Economia da Longevidade No Brasil: Oportunidades e Desafios 90</p><p>1. A população de maduros no Brasil é de mais de 55 milhões de</p><p>pessoas, de acordo com o IBGE. Esse número deve continuar</p><p>crescendo nas próximas décadas, o que representa uma grande</p><p>oportunidade para a economia da longevidade.</p><p>2. A cada 21 segundos, nasce um novo brasileiro que se tornará</p><p>um maduro nos próximos anos. Esse crescimento demográfico é</p><p>um dos principais fatores que impulsiona a economia da longe-</p><p>vidade.</p><p>3. Os maduros são responsáveis por mais de 50% dos gastos</p><p>com saúde no Brasil, segundo dados da pesquisa "Longevidade</p><p>e Saúde", realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Isso cria</p><p>uma grande oportunidade para empresas que desenvolvem tec-</p><p>nologias e soluções de saúde.</p><p>4. Com o aumento da expectativa de vida, a aposentadoria e a</p><p>previdência tornam-se questões cada vez mais importantes para</p><p>a população madura. O planejamento financeiro e a busca por</p><p>opções de investimento seguro e rentável são essenciais para</p><p>garantir um futuro tranquilo e estável.</p><p>5. À medida que envelhecem, muitos brasileiros enfrentam de-</p><p>safios relacionados à mobilidade e acessibilidade. Desde a</p><p>adaptação de residências e veículos até a criação de soluções de</p><p>transporte e mobilidade urbana, há uma série de oportunidades</p><p>para atender às necessidades dessa população.</p><p>6. A tecnologia desempenha um papel cada vez mais importan-</p><p>te na vida dos maduros. Desde soluções de saúde até tecnolo-</p><p>gias para a casa e entretenimento, há uma variedade de opções</p><p>para atender às necessidades dessa população cada vez mais</p><p>conectada.</p><p>A Economia da Longevidade No Brasil: Oportunidades e Desafios 91</p><p>Referências</p><p>A Economia da Longevidade No Brasil: Oportunidades</p><p>e Desafios</p><p>• Willians Fiori</p><p>IBGE. Expectativa de Vida do Brasileiro Nascido Em 2021 É De</p><p>76 anos. https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noti-</p><p>c i a s / 2 0 2 1 - a -</p><p>gencia-de-noticias/noticias/31700-expectativa-de-vida-do-brasil</p><p>eiro-nascido-em-2021-e-de-76-anos-diz-ibge.html. Acessado</p><p>em 13 de Março de 2023.</p><p>SEBRAE. Longevidade E O Mercado De Trabalho. https://www.-</p><p>sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/SP/Ane-</p><p>xos/longevidade_e_mercado_de_trabalho.pdf. Acessado em 13</p><p>de Março de 2023.</p><p>A Economia Prateada Como Sistema de Revitalização</p><p>• Arletty Pinel</p><p>https://www.generacionsavia.org/think-tank/reports/silver-eco-</p><p>nomy-study-en-comision-europea-technopolis-y-oxford-econo</p><p>mics-fc8d</p><p>https://materiais.hype50mais.com.br/tsunami-latam</p><p>A Tecnologia E A Geração Prateada</p><p>• Luiz Moura</p><p>UFJF. Aumento do Envelhecimento Populacional. Disponível</p><p>em:</p><p>https://www.ufjf.br/ladem/2020/06/21/envelhecimento-populai</p><p>onal-continua-e-nao-ha-perigo-de-um-geronticidio-artigo-de-jo</p><p>se-eustaquio-diniz-alves/#:~:text=Mas%20se%20o%20crescime</p><p>nto%20da,foi%20de%2015%2C2%20vezes20forte,para%2097</p><p>%25%2C%20em%202021</p><p>CNDL. 97% Dos Idosos Acessam A Internet. Disponível em:</p><p>https://cndl.org.br/varejosa/numero-de-idosos-que-acessam-a-</p><p>-internet-cresce-de-68-para-97-aponta-pesquisa-cndl-spc-brasil</p><p>/#:~:text=Pesquisas-,97%25%20dos%20idosos%20acessam%2</p><p>0a%20internet%2C%20aponta,pesquisa%20da%20CNDL%2FS</p><p>PC%20Brasil&amp;text=Nos%20%C3%BAltimos%20anos%2C%</p><p>20houve%20forte,para%2097%25%2C%20em%202021</p><p>No Isolation. Why Do Many Seniors Have Trouble Using Techno-</p><p>logy. Disponível em:</p><p>https://www.noisolation.com/research/why-do-many-seniors-</p><p>-have-trouble-using-technology</p><p>Como Empreender Com Sucesso Após Os 50+?</p><p>• Dr. Jô Furlan</p><p>1. https://www.youtube.com/c/EmpreendedorismoS%C3%AA-</p><p>nior/videos</p><p>2. www.empreendedorismosenior.org.br</p><p>3. instagram.com/empreendedorismosenior</p><p>4. https://www.facebook.com/empreendedorismoseniorbrasil</p><p>Educação Socioemocional e Longevidade Ativa:</p><p>Fortalecimento Das Habilidades de Vida e Bem-estar</p><p>• Karen Kroll</p><p>ARAÚJO, João Roberto de. O bem-estar subjetivo: A prioridade</p><p>do Século. Publicado em 2018. Acesso em 11 de março de 2023.</p><p>https://50-50sel.com/pt/subjective-well-being-the-priority-of-</p><p>-the-century/</p><p>BISQUERRA, Rafael. Psicopedagogia de las emociones. Madrid:</p><p>Síntesis, 2009.</p><p>LYUBORMIRSKY, S., King, L. A., y Diener, E. The benefits of fre-</p><p>quent positive affect: Does happiness lead to success? Psycholo-</p><p>gical Bulletin, 131, 803-855, 2005.</p><p>Seu Smartwatch Pode Ser Um Cuidador de Pulso?</p><p>• Douglas Betioli</p><p>(1) SABBATINI, R. Quantified Self : Como A Automonitoração E A</p><p>Telemedicina Podem Ajudar?</p><p>Revista Virtual de Telemedicina e Telessaúde. (2021).</p><p>https://link.medium.com/hP5JsFO8Web. Acessado em 27 de</p><p>fevereiro de 2023.</p><p>(2) MISSHRAL, T., et al. Pre-symptomatic Detection of COVID-19</p><p>From Smartwatch Data. Nat Biomed Eng 4, 1208–1220 (2020).</p><p>https://doi.org/10.1038/s41551-020-00640-6. Acessado em 27</p><p>de fevereiro de 2023.</p><p>(3) GOESSL, V.C., et al. The effect of Heart Rate Variability Biofee-</p><p>dback Training on Stress and Anxiety. Psychological medicine.</p><p>(2017). https://doi.org/10.1017/S0033291717001003. Acessa-</p><p>do em 27 de fevereiro de 2023.</p><p>(4) HERNANDO, D. et al. Validation of the Apple Watch for HRV</p><p>Measurements during Relax and Mental Stress in Healthy Sub-</p><p>jects. Sensors 18, no. 8: 2619. https://doi.or-</p><p>g/10.3390/s18082619. Acessado em 27 de fevereiro de 2023.</p><p>(5) MOSHE, I., et al. Predicting Symptoms of Depression and Anxiety</p><p>Using Wearable Data.</p><p>Frontiers in psychiatry, 12, 625247 (2021). https://doi.org/10.3389/-</p><p>fpsyt.2021.625247. Acessado em 27 de fevereiro de 2023.</p><p>(6) BAYOUMY, K., et al. Smart Wearable Devices in Cardiovascular</p><p>Care: Where We Are and How To Move Forward. Nat Rev Cardiol</p><p>(2021). https://doi.org/10.1038/s41569-021-00522-7. Acessado</p><p>em 27 de fevereiro de 2023.</p><p>(7) SANA, F. et al. Wearable Devices for Ambulatory Cardiac Monito-</p><p>ring: JACC State-of-the-Art Review. JACC VOL. 75, NO. 13, (2020).</p><p>https://doi.org/10.1016/j.jacc.2020.01.046. Acessado em 27 de</p><p>fevereiro de 2023.</p><p>(8) JOSHUA M. et al. Wearable Technology For Cardiology: An</p><p>Update And Framework For The Future. Cardiovascular Medicine. V.</p><p>28, (2018). https://doi.org/10.1016/j.tcm.2017.08.003. Acessado</p><p>em 27 de fevereiro de 2023.</p><p>(9) CHEUNG, C. et al. The Emerging Role of Wearable Technologies</p><p>in Detection of Arrhythmia. Canadian Journal of Cardiology.</p><p>Volume 34, (2018). https://doi.org/10.1016/j.cjca.2018.05.003.</p><p>Acessado em 27 de fevereiro de 2023.</p><p>Sociabilização, Namoro e Sexo</p><p>• Ricardo Pessoa</p><p>1 - https://time.com/5107252/minister-for-loneliness-uk/</p><p>2 - https://extension.unh.edu/blog/2022/05/prolonged-social-iso-</p><p>lation-loneliness-are-equivalent-smoking-15-cigarettes-day</p><p>3 - https://www.nationalacademies.org/news/2022/01/pandemic-</p><p>-isolation-and-the-elderly-a-doctor-reflects-on-the-impacts</p><p>4 - https://www.vivaavelhice.com/2019/10/o-envelhescente-por-</p><p>-mario-prata.html</p><p>5 - https://revistatrip.uol.com.br/tpm/conversamos-com-antro-</p><p>polo-</p><p>ga-mirian-goldenberg-que-lanca-o-livro-liberdade-felicidade-e-</p><p>foda-se</p><p>6 - https://en.wikipedia.org/wiki/Legal_history_of_cannabis_in_-</p><p>the_United_States</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=2pIVsLkDU7w</p><p>Videogame: Diversão Dos Netos e Agente Transformador</p><p>Para Os Avós</p><p>• Fabio Ota</p><p>1. OTA F; ODA C. Programação de Games para o Desenvolvi-</p><p>mento do Raciocínio Lógico e Prevenção do Declínio Cognitivo</p><p>em Idosos. Relatório Científico FAPESP – PIPE 1, processo</p><p>2015/08128-1. São Paulo. SP. 2015.</p><p>2. BONILHA, A. C . Oficinas de Estimulação Cognitiva Via Com-</p><p>putador e a Melhoria Na Qualidade de Vida de Idosos de Uma</p><p>Corte Populacional Assistidos Na Atenção Primária À Saúde.</p><p>2017.</p><p>3. MORAIS, M., PASSOS, G., CINTRA, R., & SANTANA, M. (2017).</p><p>Efeito de Video Games Ativos Sobre a Capacidade Funcional e o</p><p>Humor de Idosos: Revisão Sistemática e Meta-análise. Revista</p><p>Brasileira de Atividade Física & Saúde, 22(6), 523-532.</p><p>Todos os direitos reservados.</p><p>www</p><p>https://www.linkedin.com/company/seniortechventures/</p><p>https://www.instagram.com/seniortechventures/</p><p>https://www.facebook.com/seniortechventures</p><p>https://seniortechventures.com/</p><p>Capa</p><p>Economia Prateada</p><p>trilionárias são divulgadas para demonstrar o poten-</p><p>cial de geração de riquezas da parcela da população que já</p><p>passou dos 50 ou 60 anos. Porém, paradoxalmente, temos difi-</p><p>culdades em responder à pergunta que abre este artigo, pois</p><p>ainda há poucas marcas incluindo este público em suas peças de</p><p>comunicação.</p><p>O estudo TODXS, que mapeia a representatividade de diversos</p><p>grupos minoritários na publicidade brasileira, analisou peças pu-</p><p>blicitárias de 425 anunciantes em sua mais recente edição.</p><p>Destes, apenas 7% trouxeram representações de pessoas</p><p>mais velhas.</p><p>Para a pesquisadora Virpi Ylänne (Universidade de Cardiff, no</p><p>País de Gales), que analisa a representatividade de idosos na</p><p>propaganda em todo o mundo, a questão da sub-representação</p><p>é um fenômeno global. Sua hipótese é a de que a ausência de</p><p>personagens desta faixa etária é uma evidência da discrimina-</p><p>ção contra a velhice, também conhecida como etarismo.</p><p>https://www.linkedin.com/in/amandacoliveira/</p><p>Em 2013, a revista científica Nature (https://doi.org/10.1038/na-</p><p>ture12486) publicou um artigo mostrando o estudo nos EUA em</p><p>que o videogame pode melhorar o controle cognitivo de idosos.</p><p>A nossa capacidade cognitiva declina à medida que envelhece-</p><p>mos. Em estudo com idosos entre 60 e 85 anos que treinaram</p><p>em casa jogando um videogame personalizado, foi verificado</p><p>que houve uma melhora cognitiva e seus efeitos persistiram por</p><p>seis meses. Estas descobertas demonstraram que o cérebro</p><p>pode ter mais plasticidade que se pensava anteriormente, per-</p><p>mitindo o aprimoramento, usando estratégias apropriadamente</p><p>projetadas.</p><p>O desenvolvimento dos games envolve um processo mais com-</p><p>plexo de estímulo para os idosos. Em estudo realizado pela</p><p>ISGAME International School of Game sobre videogames para</p><p>treinos cognitivos, verificou-se que não existiam, até 2015, jogos</p><p>digitais desenvolvidos especificamente para idosos.</p><p>Em 2016 e 2017, com o apoio da FAPESP (Fundação de Amparo</p><p>à Pesquisa do Estado de São Paulo), no PIPE (Programa Inovativo</p><p>para Pequenas Empresas) Fase 1, a ISGAME desenvolveu um</p><p>videogame para Computadores Pessoais (PCs) personalizado</p><p>Como os idosos são representados?</p><p>Já sabemos que há poucos idosos na publicidade. Mas, quando</p><p>eles existem, como são representados? Nos anúncios que você</p><p>se lembrou, quais estereótipos acerca da maturidade e da velhi-</p><p>ce eram explorados?</p><p>Em geral, as pesquisas apontam que as pessoas mais velhas</p><p>cumprem determinadas finalidades nos anúncios em que apare-</p><p>cem. Em minha dissertação de mestrado, identifiquei que perso-</p><p>nagens idosos na publicidade tinham como objetivo transmitir</p><p>algumas mensagens específicas. No caso dos 60+ usando equi-</p><p>pamentos eletrônicos, como smartphones ou computadores,</p><p>por exemplo, a principal mensagem que os anunciantes buscam</p><p>passar era de facilidade. Ou seja: se um idoso consegue usar</p><p>este equipamento, ele é de fácil utilização e qualquer outra</p><p>pessoa conseguirá usá-lo também.</p><p>Além das mensagens bem definidas, há ainda estereótipos</p><p>recorrentes quando há uma pessoa 60+ nos anúncios. Uma pes-</p><p>quisa feita por Angie Williams, Paul Mark Wadleigh e Virpi Ylänne</p><p>no Reino Unido elencou seis tipos principais: (1) as figuras joviais</p><p>grisalhas, que são os idosos ativos; (2) os avós perfeitos, retrata-</p><p>dos ao lado de suas famílias; (3) os que buscam transmitir sabe-</p><p>doria e experiência, com ênfase no legado; (4) o velho fragiliza-</p><p>do que, em geral, recebe a ajuda do produto anunciado para</p><p>superar suas dificuldades; (5) o idoso como fonte de humor, co-</p><p>locado em situações cômicas para gerar o riso; (6) a celebridade</p><p>que endossa, ou seja, um artista conhecido que assegura a quali-</p><p>dade do que está sendo vendido.</p><p>A maturidade, porém, é muito mais heterogênea do que isso.</p><p>Claramente, seis estereótipos não dão conta da complexidade</p><p>da população mais velha. Todavia, ainda vemos na publicidade</p><p>uma representação que privilegia estes tipos de discurso e nar-</p><p>rativa.</p><p>Invisibilidade e Miopia: Os Idosos na Publicidade 11</p><p>Os idosos se sentem representados pela</p><p>publicidade?</p><p>Frente a este cenário, fica fácil concluir que os idosos não se</p><p>sentem representados pela publicidade. Segundo uma pesquisa</p><p>do Instituto Locomotiva, 76% dos mais velhos não se identificam</p><p>com a forma pela qual são retratados nas propagandas e 81%</p><p>afirmam que a publicidade deveria representar melhor a diversi-</p><p>dade da população brasileira.</p><p>E mais: as próprias marcas não estão se esforçando para incluir</p><p>os mais velhos como mercado consumidor de seus produtos.</p><p>Usando novamente minha dissertação de mestrado como fonte,</p><p>analisei 42 anúncios com personagens idosos e, destes, apenas</p><p>cinco tinham os 60+ como público-alvo. Os demais, sequer eram</p><p>direcionados a eles.</p><p>O que vem pela frente?</p><p>Ainda há muito o que ser feito. É preciso conscientizar as marcas</p><p>e as agências de comunicação para a necessidade de represen-</p><p>tação dos mais velhos de forma mais diversa e respeitosa. Não</p><p>apenas pelo papel de destaque que vêm ganhando economica-</p><p>mente, como estamos discutindo neste livro. Mas também por</p><p>uma questão mais abrangente: a mídia influencia e é influencia-</p><p>da pelo contexto social e ter narrativas que consigam transmitir</p><p>mensagens de diversidade é fundamental para construirmos</p><p>uma sociedade mais inclusiva e menos etarista.</p><p>Vamos nessa?</p><p>Invisibilidade e Miopia: Os Idosos na Publicidade 12</p><p>Seniores Conectados</p><p>e Empoderados</p><p>Capítulo 2</p><p>Foto: Freepik</p><p>A Internet e o uso da tecnologia são vistos pela maioria como</p><p>algo para facilitar suas escolhas na direção de encontrar mais</p><p>opções para atender aos seus desejos e necessidades. Produtos</p><p>são importantes e têm suas compras numa curva crescente no</p><p>online, mas um outro formato reinventado para os serviços</p><p>online se coloca hoje também de maneira muito interessante,</p><p>propiciando conexões com pessoas de outras cidades, estados</p><p>e países.</p><p>Já havia um avanço notável do ponto de vista de conectividade</p><p>dos longevos que a pandemia elevou a outro patamar. Isso</p><p>porque os maduros faziam parte do primeiro grupo isolado e</p><p>para manterem contato com o mundo externo utilizaram a inter-</p><p>net de forma exponencial, apesar das desconfianças e receios</p><p>iniciais. Haviam aqueles que já estavam conectados e empode-</p><p>rados muito antes da pandemia, sendo que esses também foram</p><p>um pilar de incentivo e apoio para aqueles que estavam chegan-</p><p>do no online.</p><p>A curiosidade e competência com que se propuseram a partici-</p><p>par desse novo mundo, abriu um horizonte gigantesco de opor-</p><p>tunidades. O uso da tecnologia e o estar conectado trouxe possi-</p><p>bilidades para pesquisas, compras, relacionamentos com fami-</p><p>liares e amigos, aulas, rodas de conversas com temas variados,</p><p>telemedicina e relacionamentos. Pertencer a esse movimento</p><p>global envolvendo o virtual aflorou um senso de identidade</p><p>social com ganhos também cognitivos e no combate à solidão,</p><p>que é um problema real e latente em muitos casos.</p><p>Arine Rodrigues, Founder e CEO do vida60mais - um</p><p>marketplace de impacto social voltado para facilitar as esco-</p><p>lhas dos maduros. Formada em Relações Internacionais, Pós</p><p>graduada em Gestão de Negócios pela Fundação Dom</p><p>Cabral, Especialista em Longevidade pela FGV e membro</p><p>do Comitê 60+ do Grupo Mulheres do Brasil</p><p>87 14Seniores Conectados e Empoderados</p><p>https://www.linkedin.com/in/arine-rodrigues1/</p><p>Sobre o empoderamento social e econômico no Brasil, alguns</p><p>números chamam atenção e precisam urgentemente se transfor-</p><p>mar em iniciativas de negócios. Ajustes na comunicação devem</p><p>endereçar esse desejo por notoriedade dado que cada vez mais</p><p>espaços e representatividade serão demandados pelos madu-</p><p>ros, conforme percebem-se como a potência que são, inclusive</p><p>do ponto de vista econômico.</p><p>Com isso, se faz necessário garantir mais do que um simples</p><p>atendimento. A demanda é por criar relacionamento frequente,</p><p>usando a tecnologia com base para esse público que não para</p><p>de crescer. Ao desenvolver ou promover produtos e serviços</p><p>pensando no mercado da longevidade, é preciso</p><p>estabelecer o</p><p>pensamento crítico de como a solução oferecida contribui para</p><p>uma longevidade mais saudável. A percepção de qualidade da</p><p>proposta precisa ser reconhecida pelo público-alvo. Vamos a</p><p>alguns dados que comprovam esse empoderamento e o querer</p><p>mais dos 60+:</p><p>I. A chamada economia da longevidade movimenta mais</p><p>R$1.6 trilhões em consumo por ano no país;</p><p>II. Mais de 80% dos maduros gostariam de ser mais ouvidos</p><p>pelas marcas – dado: vida60mais;</p><p>III. Em 2030 os 60+ serão responsáveis por 30,6% do consu-</p><p>mo de bens de consumo no Brasil, segundo a consultoria</p><p>SeniorLab;</p><p>IV. O consumidor idoso é crítico, engajado e não é inerte. A</p><p>atitude social, ambiental e foco nas necessidades do consumi-</p><p>dor são valorizados principalmente entre os 60+, segundo a</p><p>Pesquisa Nacional Bússola 60+ de 2021;</p><p>Os dados são impactantes e a certeza é que os seniores detêm</p><p>capacidade de decisão e que o dinheiro está circulando, mas o</p><p>artigo só terá servido ao seu propósito se impactar e convidar</p><p>para ações efetivas três perfis de leitores:</p><p>14 15Seniores Conectados e Empoderados</p><p>Primeiro perfil: Se você que lê essas páginas for 60+ e sentir o</p><p>quão empoderado e cada vez mais conectado você deve ser;</p><p>Segundo perfil: Se você tiver produtos e serviços que atendam</p><p>aos maduros (sem estereótipos) ou a disposição de criar inova-</p><p>ções para esse público, e que os promova e adeque para aten-</p><p>dê-los com qualidade, gerando recorrência no consumo;</p><p>Terceiro perfil: Se você que lê tiver possibilidades de promover</p><p>interações online voltadas para uma comunicação que busque</p><p>constante atualização, pluralidade de temas e que combata o</p><p>etarismo muito presente em nossa sociedade.</p><p>A questão então que veio para ficar é que antes por necessidade</p><p>e agora por comodidade, os longevos passaram e seguirão</p><p>nessa crescente, ficando cada vez mais presentes no online. Os</p><p>sêniores cada vez mais impulsionarão o crescimento do país e</p><p>demandarão inovações. Ainda existem desafios de usabilidade e</p><p>layout na maioria dos sites e aplicativos para acompanhar os</p><p>60+. Um exemplo é a necessidade de adaptar cores e contras-</p><p>tes, fontes e formatos para um melhor conforto ao usar app ou</p><p>ler sites.</p><p>O chamado para reconhecermos a transformação digital dos</p><p>longevos é urgente e o convite para as empresas se atentarem a</p><p>isso já foi mais do que feito. Vamos juntos nos engajar para</p><p>melhor entender e nos conectar de forma genuína com esse</p><p>público e mercado? Aqui no vida60mais aceitamos o desafio e</p><p>te convidamos a fazer o mesmo, pois o caminho é promissor</p><p>economicamente e socialmente necessário.</p><p>16Seniores Conectados e Empoderados</p><p>A Economia Prateada como</p><p>Sistema de Revitalização</p><p>Capítulo 3</p><p>Foto: Freepik</p><p>A economia prateada é um ecossistema criado para atender às ne-</p><p>cessidades de homens e mulheres seniores, oferecendo produtos</p><p>e serviços voltados para suas necessidades e desejos. Um estudo</p><p>da Comissão Europeia já apontava que, se as pessoas maiores de</p><p>50 anos fossem um país, seria a terceira economia do mundo. No</p><p>entanto, a maioria das empresas, os empreendimentos e a socie-</p><p>dade como um todo ainda não enxergam os processos de enve-</p><p>lhecimento como uma oportunidade, pois acreditam que as pes-</p><p>soas idosas são frágeis e dependentes. Na verdade, elas desejam</p><p>e podem ter autonomia para aproveitar a vida. Essa realidade</p><p>estará cada vez mais evidente, como revelou o maior estudo com-</p><p>parativo sobre a maturidade na América Latina, Tsunami LATAM.</p><p>As pessoas seniores estão prontas para viajar, experimentar coisas</p><p>novas, conhecer pessoas, explorar novos horizontes e encontrar</p><p>projetos para colaborar e empreender. O envelhecimento ativo e</p><p>saudável é a base da economia prateada, que oferece uma infi-</p><p>nidade de possibilidades, incluindo entretenimento, turismo aces-</p><p>sível, transporte, bem-estar, socialização, moda, soluções habita-</p><p>cionais, entre outras.</p><p>A economia prateada também tem o potencial de contribuir para</p><p>a reativação econômica dos países. Para alcançar esse impacto</p><p>macroeconômico, é necessário construir ecossistemas prateados</p><p>que gerem capital social, não apenas financeiro, para todas as pes-</p><p>soas. Isso pode ser alcançado por meio de princípios básicos de</p><p>inclusão, reconhecimento dos direitos das pessoas seniores, pro-</p><p>moção de iniciativas que incluam a segurança econômica como</p><p>18A Economia Prateada Como Sistema de Revitalização</p><p>Dra. Arletty Pinel, é formada em Medicina e Psiquiatria pela</p><p>Universidade de São Paulo (São Paulo, Brasil) com pós-dou-</p><p>torado em psicoendocrinologia e sexualidade humana na</p><p>Columbia University e Cornell University (Nova York, EUA).</p><p>Em sua trajetória profissional de mais de 30 anos, ocupou</p><p>cargos de liderança em grandes organizações globais, tais</p><p>como o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e</p><p>o Fundo Global Contra a AIDS, Tuberculose e Malária. Como</p><p>empreendedora social e investidora anjo, lidera várias</p><p>iniciativas internacionais de economia prateada.</p><p>arletty@gmail.com</p><p>https://www.linkedin.com/in/arlettypinel/</p><p>parte da resposta e políticas de incentivo ao empreendedorismo</p><p>prateado.</p><p>Uma estratégia para alcançar esse objetivo é criar empreendi-</p><p>mentos intergeracionais que utilizem sistemas de inovação</p><p>aberta comprovados, sejam flexíveis no uso do tempo e incor-</p><p>porem programas de conscientização coletiva. A combinação da</p><p>experiência dos mais velhos com as novas habilidades e a ener-</p><p>gia dos jovens pode gerar atividades produtivas sustentáveis</p><p>que atendam às necessidades reais da sociedade como um todo.</p><p>Essas empresas colaborativas abrem oportunidades de trabalho</p><p>para todas as pessoas, independentemente da idade.</p><p>Um exemplo bem-sucedido dessa abordagem é o programa</p><p>piloto de saúde digital comunitária para pessoas seniores em um</p><p>bairro da cidade do Panamá. Nesse caso, foi identificado que a</p><p>saúde não era a maior prioridade, mas sim a segurança financei-</p><p>ra, a segurança alimentar e a mitigação da solidão. Com base</p><p>nesses achados, foi criado o “E-Silver”, um ecossistema de econo-</p><p>mia prateada comunitário que atende às necessidades das pes-</p><p>soas maiores através do crescimento local relevante e colaborati-</p><p>vo.</p><p>Ao responder às necessidades expressadas, foi possível gerar</p><p>valor à saúde e provocar uma mudança de atitudes favoráveis ao</p><p>trabalho multidisciplinar, intergeracional e multissetorial. Atual-</p><p>mente, o programa está iniciando a primeira incubação de em-</p><p>preendimentos intergeracionais, direcionados a oferecer solu-</p><p>ções consolidadas dentro da comunidade e em outras localida-</p><p>des do interior do país.</p><p>A economia prateada provou ser um caminho promissor para</p><p>atender às necessidades das pessoas seniores através da partici-</p><p>pação dos membros da comunidade. A chave foi a participação</p><p>coletiva e intergeracional no desenho e implementação do pro-</p><p>grama. Os benefícios da perspectiva ampla da economia pratea-</p><p>da fizeram com que a comunidade como um todo se apropriasse</p><p>da transformação digital e compreendesse que a longevidade é</p><p>19A Economia Prateada Como Sistema de Revitalização</p><p>o resultado do desenvolvimento. Que um envelhecimento sau-</p><p>dável, que contribui também para a economia local, depende de</p><p>uma infância, adolescência e uma idade adulta saudável.</p><p>Apesar disso, ainda há desafios a serem enfrentados para apro-</p><p>veitar totalmente o potencial da economia prateada. Um desses</p><p>desafios é mudar as atitudes negativas em relação às pessoas</p><p>maiores, conhecido como idadismo, para reconhecer o valor</p><p>que elas podem trazer para a economia.</p><p>Outro desafio é garantir que as iniciativas da economia prate-</p><p>ada sejam inclusivas e acessíveis a todas as pessoas, indepen-</p><p>dentemente do status socioeconômico, habilidade, etnia, cultura</p><p>ou localização geográfica das pessoas. Além do mais, é necessá-</p><p>rio adotar uma perspectiva de gênero, pois as necessidades dos</p><p>homens são diferentes das mulheres. As mulheres, em geral,</p><p>vivem mais tempo, moram sozinhas com mais frequência do que</p><p>os homens e assumem o papel de cuidadoras, o que as desgasta</p><p>ainda mais.</p><p>No geral, a economia</p><p>prateada apresenta uma oportunidade</p><p>significativa tanto para o crescimento econômico quanto para o</p><p>impacto social. Ao reconhecer as necessidades e contribuições</p><p>das mulheres e homens seniores, podemos construir uma socie-</p><p>dade mais inclusiva e sustentável para todos.</p><p>20A Economia Prateada Como Sistema de Revitalização</p><p>O Novo Posicionamento 50+</p><p>Capítulo 4</p><p>Foto: UINSTOCK | Geralda Pereira</p><p>Sair da invisibilidade em que algumas gerações passadas foram</p><p>condenadas quando foram aposentadas, é uma missão que pre-</p><p>cisa de muito foco e assertividade para alcançarmos o novo posi-</p><p>cionamento positivo, visto que o mindset sócio-cultural-educa-</p><p>cional ainda está preso a padrões e preconceitos que já não nos</p><p>cabem mais no aqui e agora, em pleno século XXI e pós Covid19,</p><p>que atropelou o mundo que conhecíamos como "normal".</p><p>Ser e existir como uma mulher branca, com 59 anos, executiva,</p><p>lifelong learner, empreendedora, além de filha, esposa, mãe</p><p>judia, quase sogra e pós menopausa não é fácil não! Muitas são</p><p>as caras e bocas ocultas nos vários ambientes onde atuo e transi-</p><p>to, assim como ouvir os questionamentos e sugestões do tipo:</p><p>- não acha que está na hora de parar de trabalhar e aproveitar a</p><p>vida? Você não precisa se esforçar tanto pois já está com a vida</p><p>garantida, precisa diminuir o ritmo e olhar pro seu marido, antes</p><p>que alguém o faça? Você não vai parar de estudar e criar novos</p><p>negócios e projetos? Por que investir em você na empresa, já que</p><p>deve estar se preparando para se aposentar?</p><p>Você já se sentiu assim ou ouviu esses questionamentos que</p><p>surgem de todas as partes e muitas vezes até de vozes ocultas</p><p>dentro de nós, exigindo que aceitemos o destino de sermos e</p><p>nos sentirmos "velhas ou fora da pista", independente da etnia,</p><p>opção sexual, classe social, entre outros aspectos, para que nos</p><p>sintamos além de invisíveis, incapazes?</p><p>22</p><p>Betty Dabkiewicz há 30 anos é CEO e fundadora da</p><p>Sinergia Consultoria, Sócia- diretora do Pontes &</p><p>Conexões projetos customizados, trabalha com</p><p>diversidade, equidade e inclusão etária, ESG,</p><p>intergeracionalidade, lideranças humanizadas e</p><p>inclusivas. Diretora Aging 2.0 chapter RJ. Idealizadora e</p><p>coordenadora do Projeto e livro Revolução 50+. Advisor</p><p>de carreira e negócios. Conselheira Consultiva</p><p>Seniortech Ventures. Membro da Associação Brasileira</p><p>de Mentores de Negócios. Membro do GT Maturi do</p><p>HubMulher. Membro do Board Club.</p><p>O Novo Posicionamento 50+</p><p>www.linkedin.com/in/sinergiacoach2010</p><p>Cada vez mais, os seniores, maduros ou vívidos mostram sua</p><p>força como classe consumidora, decorrência da melhora na</p><p>qualidade de vida e mudança cultural. Seu consumo vai muito</p><p>além de gastos com saúde. Eles viajam, investem, namoram,</p><p>empreendem, continuam trabalhando e voltam às salas de aula.</p><p>Oceano Prateado de Oportunidades</p><p>Do ponto de vista social e econômico, a longevidade está</p><p>permitindo o surgimento de novos modelos de negócios</p><p>adequados as necessidades de público específico. Para as</p><p>organizações, há o desafio de escutar, entender e atender às</p><p>suas necessidades. Afinal, longevidade é cada vez mais sinônimo</p><p>de futuro.</p><p>No Brasil, essa população já movimenta R$ 2 trilhões por ano e</p><p>representa quase 37 milhões de pessoas. E o consumo dessa</p><p>geração cresce 3 vezes mais rápido em comparação com o dos</p><p>mais jovens. E, para completar, tem mais dinheiro e um</p><p>patrimônio muito maior do que o das outras gerações.</p><p>As pesquisas mostram que 18 milhões de aparelhos celulares</p><p>estão nas mãos dos SÊNIORS em busca de experiências e</p><p>autonomia tecnológica. Que eles estão causando uma revolução</p><p>comportamental, estrutural e econômica. Tem vitalidade,</p><p>dinheiro e procuram experiências que os satisfaçam.</p><p>É nesse contexto que surgem as Seniortechs, startups voltadas</p><p>para atender as necessidades da geração 50+, contribuindo com</p><p>uma longevidade ativa e qualidade de vida.</p><p>E você? Já está preparado para atender esse mercado</p><p>trilionário? Em entrevista recente, Robert Chess, Professor da</p><p>Cadeira de Economia da Longevidade de Stanford, destacou:</p><p>Eu entendo e atendo o que meu coração e mente me sussurram</p><p>todos os dias: você precisa quebrar padrões que não se ajustam</p><p>a sua essência, ajudar a "girar a chave" de que essa geração 50+</p><p>é a responsável por iniciar a sensibilização, conscientização e</p><p>principalmente iniciar as ações necessárias para estimularmos a</p><p>sociedade a mudar as lentes e o foco com relação ao aceite e as</p><p>novas experiências; fomentar ações através da intergeracionali-</p><p>dade, que podem proporcionar a todos novos comportamentos,</p><p>auxiliar na retomada da consciência cidadã, minimizar o precon-</p><p>ceito etarista, iniciar a formação de novas lideranças nas escolas,</p><p>nas universidades, nas organizações e empresas para que aco-</p><p>lham as diferenças, a diversidade, a pluralidade que existe num</p><p>país continental como o nosso; acolher principalmente as diver-</p><p>sas formas de envelhecimento, buscando oferecer e atender às</p><p>demandas básicas de todas as idades, realizando as #ponteseco-</p><p>nexões necessárias para que tenhamos uma relação diferente</p><p>com as várias fases da vida pós 50+.</p><p>A inversão da pirâmide etária já impacta na realidade atual com</p><p>relação às mudanças de paradigmas, consumo dos clientes 50,</p><p>60, 70 e 80+ nas relações produtivas e positivas que acontecem</p><p>no encontro das gerações e nas múltiplas vantagens de um "he-</p><p>althy lifetime", buscando trazer soluções às necessidades básicas</p><p>das populações através de tecnologias e inovações. Também im-</p><p>pacta nas diversas áreas das Seniortechs tais como: saúde, sus-</p><p>tentabilidade, cidades inteligentes, medicina, inclusão digital,</p><p>alimentos e suplementos, acessibilidade, moradias e transportes</p><p>adequados, que podem auxiliar a ampliação da qualidade de</p><p>vida e bem viver da nova geração que chegou com força e pro-</p><p>priedade para ficar, porém nem nomenclatura ainda tem.</p><p>Posicionamento é, para mim, mais do que uma palavra; esta sig-</p><p>nifica cada ação por mim realizada e como ressignifiquei cada</p><p>momento experimentado, adequei propósito de vida as diversas</p><p>circunstâncias; construí uma família linda e uma carreira sólida</p><p>durante toda a vida de muita dedicação, perseverança e estudos</p><p>contínuos para aperfeiçoamento pessoal e de carreira. Entendo</p><p>que respeitando a envelhescência e as múltiplas possibilidades</p><p>23</p><p>39</p><p>O Novo Posicionamento 50+</p><p>oportunidades que a longevidade ativa me proporciona, consi-</p><p>go realizar-me, aceitando quem sou no aqui e agora.</p><p>Olho para trás e tenho orgulho do caminho que percorri, das</p><p>escolhas que fiz, dos acertos e erros que cometi e como aprendi</p><p>com eles. Olho para frente e vejo que sou a protagonista das</p><p>minhas novas escolhas, sou responsável pelas minhas decisões</p><p>de poder selecionar com quem quero e como caminhar, aqueles</p><p>com quem quero compartilhar a minha essência e presença, a</p><p>quem desejo auxiliar e orientar a ampliação da sua visão e ação</p><p>pela vida, a aprender a desapegar e aprender todos os dias.</p><p>Algumas decisões acertadas em 2022 e agora no início de 2023</p><p>mostram que estar no lugar certo com as pessoas certas tem um</p><p>valor imensurável: apoiar e ser sócia investidora da Senior Tech</p><p>Ventures, realizar o curso de Formação e Certificação de Consul-</p><p>tores Consultivos na Board Academy há 1 ano e ter escolhido a</p><p>IBI- TECH como parceira de novos negócios e consultoria de tec-</p><p>nologia e inovação para projetos e soluções customizadas às</p><p>empresas e organizações Brasileiras me faz perceber que ainda</p><p>tenho muito a caminhar, a desaprender para aprender com uma</p><p>nova visão.</p><p>Eu não sei quantas de vocês, mulheres de todas as idades, já</p><p>passaram por essas situações, questionamentos, sentenças e</p><p>pré-julgamentos.</p><p>Acontece que sou disruptiva, fui criada para pertencer ao mundo</p><p>e assim criei minhas 2 filhas, junto com um parceiro de vida que</p><p>sempre me apoiou para que eu estivesse em pleno vôo e tivesse</p><p>a liderança da vida que escolhi viver intensamente. Assumi que a</p><p>minha realidade não é, nem estará ligada ao número de aniver-</p><p>sários que já comemorei pela vida, pois</p><p>sou uma mulher de</p><p>quase sessenta anos que vive com toda a potência, sonhos, de-</p><p>sejos, inspiração e que entende que muito tem a contribuir, com-</p><p>partilhar, aprender, ensinar e empreender pela longa vida que</p><p>ainda terei pela frente para usufruir!</p><p>23 24</p><p>39 40</p><p>O Novo Posicionamento 50+</p><p>25O Novo Posicionamento 50+</p><p>terei pela frente para usufruir!</p><p>Desde os 50+ comecei a pesquisar, a atuar buscando entender,</p><p>atender e mentorear pessoas e profissionais 50+ que não conse-</p><p>guiam reconhecer em si mesmos toda a potência das experiên-</p><p>cias já vividas, as competências que ainda existia dentro deles e</p><p>e como poderiam usufruir das mesmas, a partir das múltiplas</p><p>oportunidades que batiam a porta ao deixarem para trás os</p><p>sobrenomes corporativos e se tornarem os protagonistas das</p><p>suas novas escolhas e aprendizados pela longevidade ativa. Pre-</p><p>cisamos perceber o que ganharemos ao incorporarmos o Novo</p><p>Posicionamento 50+, que é o novo desafio de toda nossa gera-</p><p>ção através da economia prateada.</p><p>Abraçar e reconhecer que envelhecemos de formas diferentes,</p><p>que a geração 50+ é ainda uma novidade à humanidade e que</p><p>está encontrando seu espaço, reinvindicando a sua existência</p><p>socio-cultural na sociedade, derrubando preconceitos impreg-</p><p>nados e se preparando para assumir seu papel, função e respon-</p><p>sabilidade no exercício da cidadania. Somos diversos, plurais,</p><p>inclusivos, criativos, inovadores, responsáveis pelas nossas esco-</p><p>lhas e demandantes de reconhecimento pela sociedade.</p><p>Há dois anos encontrei minhas parceiras que se transformaram</p><p>em muito mais que amigas, e sim sócias de um propósito</p><p>comum que é conhecido como #ponteseconexoes. Através dele</p><p>confirmaremos que, por meio das nossas intervenções de cola-</p><p>borar às mudanças, a longevidade ativa, produtiva, plural, diver-</p><p>sa, inclusiva e cidadã saia do plano das intenções às mudanças</p><p>efetivas.</p><p>Seu Smartwatch Pode Ser</p><p>Um Cuidador de Pulso?</p><p>Capítulo 5</p><p>Foto: Freepik</p><p>Hoje em dia, você entra em contato com seu médico, ou até faz</p><p>uma consulta de telemedicina quando sente algum sintoma ou</p><p>supõe que há algum problema com sua saúde. Mas imagine por</p><p>um momento que maravilhoso seria se um profissional te pro-</p><p>curasse ANTES de você ficar doente, pois seu Smartwatch</p><p>avisou automaticamente um médico, ao serem detectados pe-</p><p>quenos desvios nos seus sinais vitais?</p><p>Se essa ideia parece óbvia diante da crescente adoção desses</p><p>equipamentos por grande parte da população, o que falta para</p><p>chegarmos nesse ponto?</p><p>A popularização de smartbands, smartwatches, oxímetros de</p><p>dedo, glicosímetros, aplicativos e centenas de sensores de</p><p>saúde sem fio, abriu um mercado gigantesco, onde o paciente,</p><p>munido de uma imensidão de aparelhos e dados, tenta acompa-</p><p>nhar e administrar sua própria saúde. Porém, a dificuldade em</p><p>interpretar dados de saúde sem o devido conhecimento</p><p>médico, aliada à quantidade gigantesca de dados não tratados,</p><p>acaba gerando ruídos e falsos alertas, o que gera estresse des-</p><p>necessário e dificulta a utilização dessas informações pelo pa-</p><p>ciente.</p><p>Os médicos, por sua vez, mesmo cientes dos benefícios da tele-</p><p>medicina e telessaúde em tempos de pandemia, têm dificulda-</p><p>Douglas Betioli é Engenheiro formado na USP, Mestre em</p><p>Economia formado pelo Insper, fez Design Thinking no MIT e</p><p>é um dos 4 brasileiros certificados em Tecnologias de Saúde</p><p>pela HIMSS. Possui 20 anos de carreira executiva atuando</p><p>pela Citi, JPMorgan, BBA, HSBC. Aos 25, se tornou expert em</p><p>TI bancária. Sofreu um acidente automobilístico que resultou</p><p>em 3 anos de licença médica. Desta experiência nasceu o</p><p>sonho de aplicar a vivência de processos, previsibilidade,</p><p>tecnologia e interoperabilidade bancária para o mercado da</p><p>saúde. Em 2020, fundou a Philo Care, com o propósito de</p><p>acompanhar remotamente a saúde de pacientes dentro e</p><p>fora do hospital, com eficiência e simplicidade.</p><p>27Seu Smartwatch Pode Ser Um Cuidador de Pulso?</p><p>www.linkedin.com/in/douglasbetioli</p><p>des em incorporar esses novos aliados em suas rotinas clínicas,</p><p>já que cuidam de muitos pacientes ao mesmo tempo, e não con-</p><p>seguem ter uma visão centralizada, com tendências históricas e</p><p>alertas qualificados.</p><p>Em artigo recente¹, um brasileiro PhD em Biomedicina e Tecno-</p><p>logia Médica, relata com riqueza de detalhes um evento onde</p><p>detectou uma bradicardia de repouso (redução da frequência</p><p>cardíaca) capturada por seu Smartwatch.</p><p>Adepto do Quantified Self, onde a própria pessoa coleta e inter-</p><p>preta uma variedade de informações de saúde, esse especialista</p><p>conseguiu interpretar os dados e rapidamente contatou um car-</p><p>diologista através de Telemedicina. Com o apoio do seu cardio-</p><p>logista, ele conseguiu confirmar sua suspeita inicial, de que a</p><p>bradicardia teria sido resultada por um quadro infeccioso, deri-</p><p>vado de um procedimento odontológico realizado na manhã an-</p><p>terior.</p><p>O Cardiologista utilizou inicialmente o Holter e o MAPA (equipa-</p><p>mentos médicos para captura de ECG e Pressão Arterial), para</p><p>acompanhamento das 24h iniciais. Em seguida, aplicou o weara-</p><p>ble AliveCor+, para que o usuário pudesse monitorar ECG e fre-</p><p>quência cardíaca por mais alguns dias, e tranquilizar-se sobre a</p><p>situação.</p><p>Essa foi uma história feliz, onde um renomado especialista em</p><p>Tecnologias Médicas e Biomedicina, um dos precursores da</p><p>Telemedicina no Brasil, conseguiu extrair dados de seu próprio</p><p>smartwatch e aplicá-los com sucesso em um processo remoto de</p><p>diagnóstico e acompanhamento de um quadro cardiológico.</p><p>Por outro lado, para a adoção em larga escala de casos como</p><p>esse, é necessário configurar um processo que atenda à popula-</p><p>ção em geral, que normalmente não seria capaz de interpretar</p><p>esses dados. A Inteligência Artificial fica encarregada desse</p><p>papel. Ao analisar continuamente os dados, ela deve alertar o</p><p>28Seu Smartwatch Pode ser Um Cuidador de Pulso?</p><p>28 29</p><p>médico de forma clara e objetiva, não dependendo da interven-</p><p>ção de uma pessoa leiga para que o alerta chegue à atenção</p><p>médica.</p><p>Importante ressaltar que SEMPRE a decisão final deve ser do</p><p>médico. A IA precisa gerar alertas de qualidade, para subsidiar</p><p>uma decisão médica rápida, eficiente, informada e embasada.</p><p>Para que isso seja possível, tal alerta não pode vir em qualquer</p><p>formato, mas deve estar alinhado às boas práticas internacionais</p><p>de interoperabilidade e padronização¹0 ¹¹. A literatura recente</p><p>de artigos científicos é farta em exemplos onde smartwatches</p><p>Polar, Garmin, Samsung, FitBit, Apple Watch, Xiaomi, Huawei,</p><p>entre outros, foram utilizados com sucesso para detecção e mo-</p><p>nitoramento de Covid19², cardiopatias e hipertensão 6 7 8 9, bem</p><p>como agravamentos de saúde mental como depressão, ansieda-</p><p>de e burnout ³ 4 5.</p><p>A boa notícia é que há empresas preparando softwares basea-</p><p>dos nesses artigos, que organizam processos automáticos que</p><p>funcionam como um painel de controle de indicadores de</p><p>saúde, devidamente anonimizados e em conformidade com a</p><p>regulamentação mais recente como a LGPD e SaMD.</p><p>Empresas como a Brasileira PhiloCare transformam seu Smar-</p><p>twatch num cuidador pessoal 24h, olhando pela sua saúde e avi-</p><p>sando seu médico, antes mesmo de você perceber os sinto-</p><p>mas¹².</p><p>Os Jetsons não ficariam tão surpresos de saber que, em pleno</p><p>2023, os smartwatches já nos permitem monitorar nossa saúde,</p><p>ajudando a melhorar a qualidade de vida dos nossos idosos.</p><p>O futuro chegou!</p><p>sentem em relação aos demais estratos etários da população: se</p><p>sentem invisíveis. Não vistas e, por consequência direta, são</p><p>excluídas, deixam de participar, de contribuir.</p><p>Perdem ou não têm valor aos olhos preconceituosos dos mais</p><p>jovens.</p><p>Problema posto, a questão é como sair dessa situação o quanto</p><p>antes.</p><p>Temos pressa em deixar o preconceito de lado.</p><p>E talvez o preconceito mostre sua face mais perversa no ambien-</p><p>te de trabalho.</p><p>Sabemos que a régua de admissão nas empresas vem baixando</p><p>ao longo dos anos.</p><p>Agora, quem tem mais de 40 anos enfrenta uma barreira silen-</p><p>ciosa, não expressa diretamente na maioria das vezes, que deixa</p><p>de lado</p><p>porque o recrutador, preconceituoso, entende que sua</p><p>contribuição não será tão efetiva quanto o de um profissional</p><p>mais jovem.</p><p>E não vamos nem entrar aqui nos meandros desse olhar burro</p><p>que ao mesmo tempo que quer a força e o entusiasmo, que pelo</p><p>preconceito estão apenas nos mais jovens, quer também a expe-</p><p>riência e o compromisso que estariam, pelo mesmo viés, com os</p><p>que têm mais idade.</p><p>A primeira parte da solução para o nosso desafio é o reconheci-</p><p>mento.</p><p>Reconhecer que vivemos numa sociedade multigeracional, que</p><p>teremos em todos os ambientes pessoas das mais diversas gera-</p><p>ções, e que tal diferença terá que ser deixada de lado como fator</p><p>discriminatório de eficiência e sucesso.</p><p>Seu Smartwatch Pode ser Um Cuidador de Pulso?</p><p>Brasil, um País de Seniores!</p><p>Estamos Preparados?</p><p>Foto: UINSTOCK | Elivazio S. Lima</p><p>Capítulo 6</p><p>De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), até</p><p>2050 o número de pessoas com idade superior a 60 anos</p><p>chegará a 2 bilhões, o que representará um quinto da popula-</p><p>ção mundial. No Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geogra-</p><p>fia e Estatística (IBGE) apontam que a população idosa chegará a</p><p>cerca de 37 milhões em 2030 e a mais de 57 milhões em 2060, o</p><p>que representa 26,7% e 37,7% da população total, respectiva-</p><p>mente.</p><p>Os dados não geram dúvidas quanto aos anos de vida conquis-</p><p>tados, mas não apontam como são ou serão vividos. De acordo</p><p>com a OMS, estima-se que existam hoje 35,6 milhões de pessoas</p><p>com Doença de Alzheimer (DA) no mundo, sendo que o número</p><p>tende a dobrar até o ano de 2030 e triplicar até 2050. Estima-se</p><p>que cerca de 15 a 20% dos idosos no Brasil tenham alguma sín-</p><p>drome demencial, sendo a Doença de Alzheimer a mais comum.</p><p>A Doença de Alzheimer (DA) é um transtorno neurodegenerati-</p><p>vo progressivo, sem cura e sem causa definida, que se manifesta</p><p>pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento</p><p>progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de</p><p>sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais. A</p><p>DA tem repercussões profundas sobre o indivíduo doente, seus</p><p>familiares e cuidadores, com prejuízos de ordem física, psicoló-</p><p>gica, espiritual, profissional, familiar e financeira.</p><p>69 31Brasil, Um País de Seniores! Estamos Preparados?</p><p>Fabiana Satiro é Pedagoga, especialista em Neuropsicolo-</p><p>gia pelo HC/FMUSP, especialista em Gerontologia pela Uni-</p><p>fesp e titulada pela SBGG, Mestre em Psicologia da Educa-</p><p>ção pela PUC-SP, especialista em Educação em Saúde pela</p><p>Unifesp e possui Formação Executiva em Mercado da Longe-</p><p>vidade pela FGV. Co-fundadora da empresa 50Mais Ativo,</p><p>onde coordena o programa PoderosaMente, que visa a pre-</p><p>venção e adiamento do declínio cognitivo.</p><p>https://www.linkedin.com/in/fabiana-satiro/</p><p>O tratamento da DA conta com medicamentos e intervenções</p><p>não farmacológicas, muitas vezes tão ou mais eficazes no</p><p>manejo de sintomas comportamentais e psicológicos tais como:</p><p>reabilitações cognitivas/neuropsicológicas, terapia ocupacional,</p><p>fisioterapia, psicoterapia, musicoterapia, dentre outras.</p><p>Envelhecer com Alzheimer aumenta significativamente os custos</p><p>dos cuidados de saúde, afetando a vida dos pacientes acometi-</p><p>dos e seus cuidadores. Entre os impactos financeiros da DA, des-</p><p>tacam-se os gastos com cuidadores profissionais, os custos com</p><p>serviços domiciliares, a possível redução da carga horária de tra-</p><p>balho assalariado para familiares em função dos cuidados com o</p><p>doente e a internação em instituições especializadas.</p><p>A Alzheimer's Association estima que em 2015 os custos para</p><p>estes cuidados cheguem a US$226 bilhões, no Brasil, os cuida-</p><p>dos com idosos com síndromes demenciais tendem a compro-</p><p>meter cerca de 66% da renda familiar, podendo chegar a 80%</p><p>quando a demência se associa a outra doença crônica.</p><p>De acordo com o relatório de 2020 da Comissão Lancet para</p><p>prevenção, intervenção e cuidados com a demência, que fez</p><p>revisão e meta-análise de diversos estudos, é possível apontar</p><p>12 fatores de risco modificáveis, que representam cerca de 40%</p><p>das demências em todo o mundo. Em resumo, o potencial de</p><p>prevenção ou adiamento dos primeiros sintomas é alto e pode</p><p>ser ainda maior em países de baixa e média renda.</p><p>Os 12 fatores de risco são: educação secundária incompleta;</p><p>hipertensão; obesidade; perda auditiva; tabagismo; depressão;</p><p>sedentarismo; isolamento social; diabetes; consumo excessivo</p><p>de álcool, traumatismo cranioencefálico (TCE) e poluição atmos-</p><p>férica. Não há uma idade ideal para se prevenir síndromes de-</p><p>menciais controlando os fatores de risco. É certo que quanto</p><p>mais cedo melhor, mas mesmo em idades mais avançadas as</p><p>mudanças trazem efeitos benéficos.</p><p>A conquista da longevidade está associada a altos riscos de</p><p>32Brasil, Um País de Seniores! Estamos Preparados?</p><p>comprometimento cognitivo e demência, tornando-se um dos</p><p>maiores desafios globais para a saúde e assistência social. Nota-</p><p>-se que os hábitos de vida que contribuem para o aumento do</p><p>risco de prejuízos neurocognitivos, principalmente alimentares,</p><p>associada a maior dificuldade de acesso a serviços de saúde,</p><p>menores taxas de escolaridade e maior pobreza podem explicar</p><p>por que o número de caso de DA está crescendo muito mais nos</p><p>países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, do que nos</p><p>países desenvolvidos.</p><p>Atuar em prevenção e promoção à saúde através do reconheci-</p><p>mento de fatores e comportamentos modificáveis no estilo de</p><p>vida pode ter um grande impacto financeiro pois, aproximada-</p><p>mente metade da prevalência e do custo da demência poderia</p><p>ser reduzida mudando a trajetória da DA, atrasando o início dos</p><p>sintomas por 5 anos.</p><p>O relatório da Alzheimer´s Association calcula que um tratamen-</p><p>to iniciado em 2025, que atrase o início da doença de Alzheimer</p><p>em cinco anos, reduziria o número de indivíduos afetados pela</p><p>doença em 5,7 milhões até meados do século e economizaria ao</p><p>todo (sistema público e famílias) mais de US$ 220 bilhões nos</p><p>primeiros cinco anos.</p><p>Ignorar tais projeções pode nos levar a um cenário com altos</p><p>índices de idosos com síndromes demenciais, poucos profissio-</p><p>nais especializados para atendimento, poucos profissionais dis-</p><p>poníveis no mercado de trabalho e sobrecarga da previdência</p><p>social e saúde pública.</p><p>Estamos preparados?</p><p>33Brasil, Um País de Seniores! Estamos Preparados?</p><p>Videogame: Diversão dos Netos</p><p>e Agente Transformador para os Avós</p><p>Capítulo 7</p><p>Foto: Freepik</p><p>Em 2013, a revista científica Nature (https://doi.org/10.1038/na-</p><p>ture12486) publicou um artigo mostrando o estudo nos EUA em</p><p>que o videogame pode melhorar o controle cognitivo de idosos.</p><p>A nossa capacidade cognitiva declina à medida que envelhece-</p><p>mos. Em estudo com idosos entre 60 e 85 anos que treinaram</p><p>em casa jogando um videogame personalizado, foi verificado</p><p>que houve uma melhora cognitiva e seus efeitos persistiram por</p><p>seis meses. Estas descobertas demonstraram que o cérebro</p><p>pode ter mais plasticidade que se pensava anteriormente, per-</p><p>mitindo o aprimoramento, usando estratégias apropriadamente</p><p>projetadas.</p><p>O desenvolvimento dos games envolve um processo mais com-</p><p>plexo de estímulo para os idosos. Em estudo realizado pela</p><p>ISGAME International School of Game sobre videogames para</p><p>treinos cognitivos, verificou-se que não existiam, até 2015, jogos</p><p>digitais desenvolvidos especificamente para idosos.</p><p>Em 2016 e 2017, com o apoio da FAPESP (Fundação de Amparo</p><p>à Pesquisa do Estado de São Paulo), no PIPE (Programa Inovativo</p><p>para Pequenas Empresas) Fase 1, a ISGAME desenvolveu um</p><p>videogame para Computadores Pessoais (PCs) personalizado</p><p>Videogame: Diversão Dos Netos e Agente Transformador Para Os Avós 35</p><p>Fabio Ota é Fundador e CEO da ISGAME. Doutorando do</p><p>Programa Interunidades da USP; Especialização em Gamifi-</p><p>cation - University of Pennsylvania; MBA em Gestão Estraté-</p><p>gica da Tecnologia da Informação - FGV/SP; Tecnólogo em</p><p>Processamento de Dados -FATEC/SP; Pesquisador Respon-</p><p>sável pelo Projeto “Programação de Games para o Desen-</p><p>volvimento do Raciocínio Lógico e Prevenção do</p><p>Declínio</p><p>Cognitivo em Idosos” pela FAPESP / PIPE Fases 1 e 2.</p><p>Pesquisador Associado do Projeto "Violência contra o idoso:</p><p>intervenção a partir da construção de games com universitá-</p><p>rios" pela FAMEMA - Faculdade de Medicina de Marília e</p><p>apoio da FAPESP; Palestrante no Curso de Especialização</p><p>em Geriatria do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa.</p><p>Professor convidado da FGV Management nos cursos de</p><p>MBA - Gamificação no Mundo Corporativo.</p><p>www.linkedin.com/in/fabio-ota-b99374</p><p>para pessoas idosas e realizou avaliações com 76 idosos, que</p><p>aprenderam a jogar e desenvolver videogames.</p><p>Como resultado desta pesquisa, verificou-se que os idosos parti-</p><p>cipantes melhoraram o raciocínio lógico, a memória e a qualida-</p><p>de de vida. Também se observou uma maior facilidade em lidar</p><p>com novas tecnologias, melhora da autoestima, humor e</p><p>atenção. A integração social durante as aulas presenciais foi ob-</p><p>servada na pesquisa como um ponto positivo de formação de</p><p>um círculo de confiança e amizade.</p><p>Em 2017, com a conclusão dos estudos da Fase 1 do PIPE, Fabio</p><p>Ota, Pesquisador Responsável pelo projeto, verificou que para</p><p>conseguir atender a maioria dos idosos no Brasil, seria necessá-</p><p>rio desenvolver um videogame que pudesse ser jogado no celu-</p><p>lar. Iniciou então um novo estudo com a equipe de saúde e de</p><p>desenvolvimento da ISGAME. Em 2018 a FAPESP aprovou a con-</p><p>tinuação do projeto no PIPE Fase 2 para a criação de um video-</p><p>game para treinamento e monitoramento da saúde mental do</p><p>idoso.</p><p>Em 2020 o projeto é finalizado, sendo lançado o Aplicativo Cére-</p><p>bro Ativo, desenvolvido levando-se em conta as características</p><p>dos idosos como: coordenação motora fina, velocidade de pro-</p><p>cessamento do cérebro, tamanho e fonte de letras, cores, jogabi-</p><p>lidade e usabilidade.</p><p>O Aplicativo Cérebro Ativo, é o primeiro videogame desenvolvi-</p><p>do no Brasil, pensado especificamente para pessoas idosas com</p><p>os benefícios comprovados cientificamente. Os jogos utilizam o</p><p>conceito do modelo biopsicossocial para integrar treinamento</p><p>de habilidades cognitivas com estímulos físicos e sociais.</p><p>Os videogames que muitos achavam ser brincadeira de</p><p>criança, desta forma, se mostram uma excelente ferramenta</p><p>para treinamento da memória e estímulos cognitivos das</p><p>pessoas idosas, além de ajudar na integração intergeracional e</p><p>melhora da qualidade de vida.</p><p>Videogame: Diversão Dos Netos e Agente Transformador Para Os Avós 36</p><p>Seniortechs e a Economia</p><p>da Longevidade</p><p>Capítulo 8</p><p>Foto: Seniortech Ventures</p><p>Entenda por que você não pode ficar fora desse mercado. A</p><p>longevidade populacional é uma das mais significativas</p><p>tendências do século XXI. Segundo dados da Organização</p><p>Mundial da Saúde (OMS), a expectativa de vida global dobrou</p><p>no século XX e aumentará ainda mais nesse século.</p><p>A economia prateada 50+ é um mercado em ascensão,</p><p>considerado pela ONU uma das quatro megatendências do</p><p>século 21: o envelhecimento da população que segue muito</p><p>mais ativa, produtiva e disposta a consumir.</p><p>O desafio da longevidade está em manter a qualidade de vida.</p><p>De ressignificar o conceito de velhice. Uma construção social</p><p>que restringe a forma como vivemos após a meia-idade — e</p><p>sufoca o pensamento empresarial sobre a melhor forma de</p><p>servir um grupo de consumidores, trabalhadores e inovadores</p><p>que está crescendo e ficando mais rico a cada dia que passa.</p><p>Se observarmos com cuidado, comenta a escritora Sandra Pujol,</p><p>podemos detectar a aparição de uma faixa social que não existia</p><p>antes. A esse grupo pertence uma geração que expulsou da</p><p>terminologia a palavra envelhecer, porque simplesmente não</p><p>tem em seus planos atuais a possibilidade de fazê-lo.</p><p>É uma verdadeira novidade demográfica. Um novo continente</p><p>de milhares de pessoas que possuem a vitalidade e vontade.</p><p>Hoje, pessoas de 50, 60, 70 ou 80 anos, como é seu costume,</p><p>estão lançando uma idade que ainda não tem nome.</p><p>Fernando Potsch é CEO da Seniortech Ventures, um</p><p>Venture Builder que identifica, seleciona e investe em</p><p>startups com soluções para o público Sênior.</p><p>Especialista em Longevidade e negócios de impacto.</p><p>0605</p><p>38Seniortechs e a Economia da Longevidade</p><p>https://www.linkedin.com/in/fpotsch</p><p>Cada vez mais, os seniores, maduros ou vívidos mostram sua</p><p>força como classe consumidora, decorrência da melhora na</p><p>qualidade de vida e mudança cultural. Seu consumo vai muito</p><p>além de gastos com saúde. Eles viajam, investem, namoram,</p><p>empreendem, continuam trabalhando e voltam às salas de aula.</p><p>Oceano Prateado de Oportunidades</p><p>Do ponto de vista social e econômico, a longevidade está</p><p>permitindo o surgimento de novos modelos de negócios</p><p>adequados as necessidades de público específico. Para as</p><p>organizações, há o desafio de escutar, entender e atender às</p><p>suas necessidades. Afinal, longevidade é cada vez mais sinônimo</p><p>de futuro.</p><p>No Brasil, essa população já movimenta R$ 2 trilhões por ano e</p><p>representa quase 37 milhões de pessoas. E o consumo dessa</p><p>geração cresce 3 vezes mais rápido em comparação com o dos</p><p>mais jovens. E, para completar, tem mais dinheiro e um</p><p>patrimônio muito maior do que o das outras gerações.</p><p>As pesquisas mostram que 18 milhões de aparelhos celulares</p><p>estão nas mãos dos SÊNIORS em busca de experiências e</p><p>autonomia tecnológica. Que eles estão causando uma revolução</p><p>comportamental, estrutural e econômica. Tem vitalidade,</p><p>dinheiro e procuram experiências que os satisfaçam.</p><p>É nesse contexto que surgem as Seniortechs, startups voltadas</p><p>para atender as necessidades da geração 50+, contribuindo com</p><p>uma longevidade ativa e qualidade de vida.</p><p>E você? Já está preparado para atender esse mercado</p><p>trilionário? Em entrevista recente, Robert Chess, Professor da</p><p>Cadeira de Economia da Longevidade de Stanford, destacou:</p><p>07</p><p>39Seniortechs e a Economia da Longevidade</p><p>Para finalizar, é preciso ainda evitar estereótipos tão comuns em</p><p>abordagens direcionadas aos 50+. Empresas que pretendem</p><p>lucrar com o mercado prateado devem concentrar-se mais no</p><p>estágio de vida do potencial cliente do que na idade.</p><p>Além disso, ter um pensamento multigeracional faz toda a</p><p>diferença.</p><p>Direito e recentemente concluiu o Lean Governance, focado em</p><p>governança corporativa para Startups. Há 20 anos vem se</p><p>especializando em Aprendizagem e Alta Performance. Atua como</p><p>Coordenador Geral das Comissões Temáticas da Board Academy e</p><p>Coordenador deste Nano Book.</p><p>Considerando o tamanho do mercado e a taxa de</p><p>crescimento dessa oportunidade prateada, é sur-</p><p>preendente e quase uma má prática de negócio,</p><p>que tantas empresas ainda não estejam focadas</p><p>nisso. O consumidor acima de 50 anos já está trans-</p><p>formando totalmente setores como viagens, mobi-</p><p>lidade, casas inteligentes, saúde dentre outros. As</p><p>companhias (pequenas ou grandes) que não reco-</p><p>nhecerem isso serão abandonadas.</p><p>08</p><p>40</p><p>“</p><p>Seniortechs e a Economia da Longevidade</p><p>Comunicação e Mídias</p><p>na Economia Prateada</p><p>Capítulo 9</p><p>Foto: UINSTOCK | Luiz Macian</p><p>Comunicar-se com o público 50+ tem se mostrado mais difícil do</p><p>que se pensa. Isso porque esse consumidor é particular, requer</p><p>entendimento amplo de uma série de fatores que influenciaram</p><p>a vida inteira de uma pessoa. Conversar com os maduros exige</p><p>um nível sutil e complexo de comunicação. Grande parte da</p><p>mídia ainda não percebeu este oceano prateado.</p><p>A boa notícia é que as estimativas são de que este público irá au-</p><p>mentar nos próximos anos. A má é que a grande mídia ainda não</p><p>percebeu isso. Dados mostram que 52% do público 60+ acha</p><p>difícil encontrar produtos e serviços de acordo com os seus</p><p>gostos ou necessidades.</p><p>Os maduros são diversos, a linguagem usada para se comunicar</p><p>com um mineiro 50+ pode não sensibilizar uma mulher 60+ do</p><p>Nordeste. As referências e propostas de valor podem diferir radi-</p><p>calmente conforme a região. Agora, sem chance de negociação</p><p>é o uso da palavra “idoso” ou “melhor idade”, isso nunca! No</p><p>Brasil as palavras sênior, maduro ou longevo soam melhor.</p><p>Há que se educar a sociedade sobre estes gostos e necessida-</p><p>des,</p><p>levar em conta que o 50+ de hoje é completamente diferen-</p><p>te do 50+ de antigamente. Nossas mídias, televisão, jornais e</p><p>rádios estão com dificuldade para lidar com a nova longevi-</p><p>dade. Quando se fala de economia prateada o assunto fica mais</p><p>difícil. Na verdade, esses comunicadores tanto quanto nós, estão</p><p>assustados com os “novos velhos”, sua resistência e capacidade</p><p>de renovação.</p><p>42Comunicação e Mídias na Economia Prateada</p><p>Ida Nuñez, formada em Comunicação Social pela PUC-SP,</p><p>assessora de imprensa e jornalista especializada em longevi-</p><p>dade.</p><p>https://www.linkedin.com/in/idanunez</p><p>O sênior tem seu lugar de fala e está em todos os espaços: no</p><p>esporte, nas universidades, na pós-graduação, no supermerca-</p><p>do, no trânsito, nas startups. Enfim, não tem como fugir!</p><p>Ganhamos 35 anos de vida e não sabemos o que fazer com eles.</p><p>Estamos nos adaptando, a economia prateada é uma novidade</p><p>que veio para ficar e vale cada centavo do investimento. O públi-</p><p>co anterior a esta faixa etária (50+) ainda está passando pelos</p><p>testes, consumindo, criando produtos e se adaptando a esse</p><p>novo mundo. Já o maduro, tem mais poder de compra e fez a</p><p>sua seleção de produtos, sabe o que quer. Sabe economizar</p><p>sem desprezar a qualidade e não joga dinheiro fora.</p><p>Boa parte das pessoas que chegam aos 50 anos já têm uma</p><p>renda e estão organizadas financeiramente. Um bom exemplo é</p><p>o turismo. A economia prateada mexeu muito com esse tipo de</p><p>lazer. Hoje o sênior não faz apenas turismo religioso ou viaja</p><p>para as “Águas”. A vitalidade e energia do maduro atual trans-</p><p>borda para viagens de aventuras, escaladas e caminhadas.</p><p>Tudo isso é novidade para as mídias e para o próprio público</p><p>50+! As práticas, estudos e mercado da longevidade são bem-</p><p>-vindos. Queremos qualidade de vida!</p><p>Vamos aprimorar nossas mídias para contemplar os 50+!</p><p>43Comunicação e Mídias na Economia Prateada</p><p>Como Empreender com</p><p>Sucesso Após os 50+?</p><p>Capítulo 10</p><p>Foto: Freepik</p><p>Vivemos e viveremos mais, isso é fato!</p><p>Essa informação tem mudado a forma como vemos a vida e nos</p><p>relacionamos com os mais diversos setores que a compõem. O</p><p>planejamento inicial de décadas atrás a respeito da aposentado-</p><p>ria, patrimônio, saúde e produtividade tem sido drasticamente</p><p>repensado, já que temos mais tempo para o que quer que plane-</p><p>jemos em nossa vida.</p><p>O conceito do “empreendedorismo sênior” nasceu de uma</p><p>forma interessante e despretensiosa. Como neurocientista, uma</p><p>das áreas a que mais me dedico relaciona-se aos cuidados com</p><p>o cérebro. Pesquisei formas de melhorar sua performance, além</p><p>de prevenir possíveis doenças (com especial atenção à ansieda-</p><p>de, síndrome do pânico e quadros de demências), sendo que</p><p>uma de minhas pesquisas resultou numa publicação acadêmica</p><p>denominada: Demências – mitos e verdades.</p><p>Durante uma pesquisa na web, me deparei com uma informação</p><p>muito interessante: mais de 50% das empresas abertas no</p><p>Estado de São Paulo em 2016 foram abertas por pessoas com</p><p>mais de 50 anos. Uma lâmpada piscou acima de minha cabeça</p><p>no melhor estilo Professor Pardal. Enquanto escrevia o trabalho</p><p>sobre demências, senti muita falta de informações mais concre-</p><p>tas que justificassem uma crença minha: A mente ociosa não é</p><p>apenas o templo do diabo, mas também o templo da doença e</p><p>da demência</p><p>Fazendo uma breve reflexão acerca da longevidade e da Idade</p><p>Média das aposentadorias no Brasil, podemos constatar que, ao</p><p>45Como Empreender Com Sucesso Após Os 50+?</p><p>Jô Furlan é médico, neurocientista, nutrólogo e precursor do</p><p>empreendedorismo sênior no Brasil. CEO da Neurowellness</p><p>saúde e educação. Coordenador do Programa de Empreen-</p><p>dedorismo Sênior da Universidade da Longevidade da UNI-</p><p>CAMP. Fundador e presidente da ABES - Associação Brasilei-</p><p>ra de Empreendedorismo Senior</p><p>https://www.linkedin.com/in/dr-j%C3%B4-furlan-11055b29/</p><p>aposentar entre 50 e 60 anos de idade, o brasileiro terá ainda em</p><p>média de 20 a 30 anos de vida produtiva. O grande desafio é:</p><p>como ocupar a mente nesta nova fase de vida de forma prazero-</p><p>sa e saudável?</p><p>Na última década, ganhou força o conceito da longevidade sau-</p><p>dável, mas observei por décadas como as pessoas têm uma</p><p>queda importante de suas condições mentais (capacidade cog-</p><p>nitiva) quando reduzem drasticamente ou param suas ativida-</p><p>des, em especial as profissionais. Completavam-se assim as</p><p>informações, gerando uma conclusão muito importante: para ter</p><p>uma longevidade saudável é necessário desenvolver uma longe-</p><p>vidade produtiva.</p><p>Isso garante a prevenção de demências ou outras patologias</p><p>correlatas? Não, mas com certeza diminui muito o risco, o que já</p><p>é um grande ganho na qualidade de vida e no bem-estar da</p><p>pessoa idosa.</p><p>Percebi que um grande número de pessoas começava a empre-</p><p>ender com mais de 50 anos, trazendo características muito pecu-</p><p>liares, capazes de contribuir e também atrapalhar a realização de</p><p>um novo empreendimento. Nascia, então, o empreendedoris-</p><p>mo sênior. Porém, eu empreendo desde jovem e como médico</p><p>e neurocientista, necessitava de um exemplo que traduzisse</p><p>toda essa nova realidade. Na busca desse case, desse exemplo</p><p>de empreendedorismo sênior, encontrei o Prof. Paulo Souza. Um</p><p>ex-executivo do setor elétrico que se aposentou e alguns anos</p><p>depois montou seu próprio negócio, com resultados muito inte-</p><p>ressantes. Paulo já era um parceiro de trabalho, pois anos antes</p><p>havia aceitado meu convite para ser vice-presidente da Universi-</p><p>dade da Inteligência, uma O.S.C.I.P. (Organização Social Civil de</p><p>Interesse Público), que trabalhava com pesquisas e cursos na</p><p>área da inteligência comportamental humana (teoria desenvolvi-</p><p>da por mim e publicada no livro Inteligência Comportamental, a</p><p>Inteligência do Sucesso – 2008) e neurociência. Nesse caso,</p><p>agora ele era o exemplo ideal e contribuiu para finalização do</p><p>conceito, assinando comigo esse livro. Sua experiência, visão,</p><p>bom senso, capacidade de gestão, dedicação e entusiasmo tem</p><p>Como Empreender Com Sucesso Após Os 50+? 46</p><p>contribuído para o crescimento e desenvolvimento desse concei-</p><p>to.</p><p>Prof. Paulo Sousa, ou Paulinho, como eu o chamo, é uma dessas</p><p>pessoas especiais que agradeço a Deus por ter colocado em</p><p>minha vida, como amigo, irmão e parceiro nessa jornada.</p><p>Com a ajuda do Prof. Paulo, concluí que ser “sênior”, diferente do</p><p>que muitos pensam, pode ser uma grande vantagem para em-</p><p>preender, desde que o empreendedor sênior saiba utilizar todos</p><p>os seus diferenciais acumulados ao longo dos anos, conheça os</p><p>riscos de empreender nessa fase da vida e aprenda a mitigá-los.</p><p>No Brasil, fomos os pioneiros. Palestrei sobre esse tema no Dia do</p><p>Idoso, em 1 de outubro de 2017, inclusive esse evento culminou</p><p>com a criação do 1° Programa de Empreendedorismo Sênior do</p><p>continente americano, ministrado na UniversIDADE – Universida-</p><p>de da Longevidade da UNICAMP, desde o início de 2018.</p><p>A seguir abordaremos de forma direta esse conceito, acreditando</p><p>que essas informações poderão ajudar você a empreender com</p><p>responsabilidade e resultados satisfatórios.</p><p>Seja bem-vindo ao Empreendedorismo Sênior.</p><p>O crescimento da expectativa de vida média</p><p>no Brasil e no mundo</p><p>A evolução da medicina, e seus processos terapêuticos e das</p><p>condições socioambientais têm gerado um impacto transforma-</p><p>dor na expectativa de vida do ser humano. Na Europa do século</p><p>XIX, não passava dos 35 anos; hoje, supera os 77. No Brasil, “a</p><p>expectativa de vida da população aumentou 41,7 anos em pouco</p><p>mais de um século”. Na avaliação do IBGE, essa “radical transfor-</p><p>mação do padrão demográfico corresponde a uma das mais im-</p><p>portantes modificações estruturais verificadas na sociedade bra-</p><p>sileira, com reduções na taxa de crescimento populacional (de</p><p>2,01% entre 1872 e 1890 para 1,17% entre 2000 e 2010) e altera-</p><p>Como Empreender Com Sucesso Após Os 50+? 47</p><p>ções na estrutura etária, com crescimento mais lento no número</p><p>de crianças e adolescentes (cujo percentual era de 42,6% em</p><p>1940, devendo chegar a 14,1% em 2050), paralelamente a um</p><p>aumento da população em idade</p><p>ativa e de pessoas idosas</p><p>(4,1% em 1940, com projeção de 29,4% para 2050).</p><p>A expectativa de vida do brasileiro alcançou a maior média da</p><p>história. Em 2023, de acordo com o IBGE, em 20 de março o</p><p>Brasil atingiu a marca de 218.072.000 de habitantes e a longevi-</p><p>dade chegou a 77 anos. Um salto de 23 anos em relação ao</p><p>registrado na década de 1960, por exemplo, quando a média</p><p>chegava a 54 anos. Porém, o crescimento populacional está em</p><p>curva descendente, resultando no envelhecimento da popula-</p><p>ção.</p><p>“Até 2060, a população com mais de 60 anos mais que dobrará</p><p>de tamanho e atingirá 32,1% do total de habitantes. Atualmente,</p><p>ela representa 13,44%. Em 2060, um quarto (25%) da população</p><p>terá mais de 65 anos — a expectativa de vida será de 81 anos. O</p><p>contrário ocorre na população de crianças de até 14 anos, que</p><p>atualmente representa 21,3% do total e que em 2060 represen-</p><p>tará 14,7%.”*</p><p>À medida que a população envelhece, também há um aumento</p><p>da quantidade de empreendedores brasileiros. Veja o exemplo</p><p>do Rio grande do Sul: “Segundo dados do Data Sebrae, há</p><p>quase 1,8 milhão de empreendedores no Rio Grande do Sul.</p><p>Mais de 39% deles possuem mais de 45 anos. Considerando</p><p>apenas a Serra Gaúcha, o Sebrae declara que 27% dos empreen-</p><p>dedores têm mais de 50 anos.”</p><p>Baseado nessa tendência e valorizando a importância de buscar</p><p>uma longevidade produtiva, percebemos a necessidade da cria-</p><p>ção de um novo conceito e abordagem: o “empreendedorismo</p><p>sênior”. Nosso maior objetivo é atender às novas necessidades,</p><p>observando criteriosamente as peculiaridades desse novo em-</p><p>preendedor, permitindo a ele investir com maior segurança, cri-</p><p>48Como Empreender Com Sucesso Após Os 50+?</p><p>*Fonte: Correio Braziliense – 25/07/2018.</p><p>tério, planejamento e responsabilidade, minimizando o risco de</p><p>comprometer o patrimônio ou os ganhos (aposentadoria) con-</p><p>quistados. (Dr. Jô Furlan e Prof. Paulo Souza)</p><p>50+, o perfil do novo empreendedor</p><p>Parte da população está envelhecendo com saúde e disposição</p><p>e sente a necessidade de continuar produzindo. Porém, na</p><p>grande maioria dos casos, as pessoas se aposentam entre os 50</p><p>e 60 anos de idade e não se preparam para viver os próximos 20,</p><p>30 ou até 40 anos de vida, sentindo-se despreparados e perdi-</p><p>dos.</p><p>A maioria dessas pessoas trabalhou a vida toda buscando uma</p><p>boa remuneração, poder e status, visando formar patrimônio</p><p>para ter tranquilidade quando aposentar.</p><p>O empreendedor 50+ tem necessidades diferentes do empre-</p><p>endedor tradicional, pois nesta fase de vida, o empreendedor já</p><p>é uma pessoa que chamamos de V.E.S. (Vivido, Experiente e</p><p>Sábio), conceito criado pelo Dr. Jô Furlan, durante a elaboração</p><p>do conceito do Neurowellness, também desenvolvido pelo</p><p>médico e neurocientista. Esse V.E.S. deseja continuar a contribuir</p><p>com a sociedade com sua experiência e ganhar algum dinheiro.</p><p>Porém, na grande maioria dos casos, desejam investir em proje-</p><p>tos que não comprometem a totalidade do seu tempo, das suas</p><p>reservas financeiras, além de se dar ao luxo de exercer atividades</p><p>que tragam satisfação e sensações de bem-estar.</p><p>Jovem empreendedor X empreendedor</p><p>jovem?</p><p>Os empreendedores 50+ possuem características diferentes dos</p><p>empreendedores mais jovens.</p><p>Embora tenham 50 anos ou mais de idade, os novos empreen-</p><p>dedores do século 21 são JOVENS na atividade de empreender</p><p>Como Empreender Com Sucesso Após Os 50+? 49</p><p>e precisam aprender a transitar por essa nova realidade de vida</p><p>e de carreira usando o seu conhecimento e experiências acumu-</p><p>lados e agregando novos conhecimentos atualizados.</p><p>Para que o Jovem Empreendedor tenha sucesso, é necessário</p><p>que a sua mente esteja aberta para o novo, tais como novas tec-</p><p>nologias, pensamentos modernos, etc.</p><p>O Jovem Empreendedor 50+ precisa se libertar de suas crenças</p><p>limitantes tais como:</p><p>• “No meu tempo eu fazia assim”</p><p>• “Isso eu já tentei de outro jeito e não deu certo”</p><p>• “Já vi muita gente tentar e quebrar a cara”</p><p>• “Eu já estou velho(a) demais para isso”</p><p>• “Empreender é coisa pra jovens”</p><p>Entre tantas outras ideias ou crenças que comprometem a sua</p><p>capacidade de inovação, dedicação e criação, matando assim</p><p>precocemente o empreendedor que existe dentro de você.</p><p>Uma coisa que talvez esteja esquecendo é que as décadas de</p><p>vida e experiência normalmente estimulam a sua resiliência, fun-</p><p>damental ao empreendedor e pouco comum para os jovens.</p><p>Exatamente porque quem já viu e viveu muitas coisas boas e</p><p>ruins, sucessos e fracassos (insucessos), pode agora usar tudo</p><p>isso a seu favor para ter êxito com um Empreendedor Sênior.</p><p>* Dr. Jô Furlan é médico, neurocientista e criador do conceito do Empreen-</p><p>dedorismo Sênior</p><p>* Prof. Paulo Souza é empreendedor no setor de comercialização de ener-</p><p>gia elétrica. Começou a empreender após a aposentadoria.</p><p>50Como Empreender Com Sucesso Após Os 50+?</p><p>Vamos Abrir as Caixas?</p><p>Capítulo 11</p><p>Foto: UINSTOCK | Luiz Macian</p><p>Vamos Abrir As Caixas?</p><p>Vi o preconceito de idade pela primeira vez em uma caixa de pa-</p><p>pelão. Chegou ao meu colega em sua mesa de trabalho no ano</p><p>de 2000, quando trabalhávamos num banco comercial. Pergun-</p><p>tei por que ele havia recebido um “presente” e a resposta foi</p><p>simples: "porque amanhã é meu aniversário e aos 60 anos temos</p><p>que sair desta empresa, é uma aposentadoria forçada".</p><p>Nos anos seguintes, vi essas caixas chegarem a outros colegas e</p><p>enquanto colocavam seus pertences, com olhares distantes, lar-</p><p>gavam ali seus conhecimentos, experiências e sonhos.</p><p>Entender que o nosso empregador não faria mais uso de tudo</p><p>aquilo não era o que mais me incomodava, e sim  pensar que</p><p>nosso país não se beneficiaria de algo tão valioso, adquirido</p><p>com tanto esforço e investimento. Sabia que muitas empresas</p><p>precisavam daquela experiência e conhecimento, mas infeliz-</p><p>mente, as pessoas mais velhas não tinham um mecanismo para</p><p>encontrar essas oportunidades e negociar seus talentos.</p><p>Cerca de 20 anos depois, ainda temos empresas com apo-</p><p>sentadoria obrigatória aos 60 anos, mas isso não é o pior.</p><p>Embora muitas tenham abandonado essa política, quase nenhu-</p><p>ma delas aprendeu como manter os sêniores empregados e</p><p>com senso de pertencimento. As caixinhas de papelão agora</p><p>chegam em outros formatos.</p><p>52Vamos Abrir As Caixas?</p><p>Juliana Ramalho é CEO da Talento Sênior que atua na inclu-</p><p>são de profissionais 45+ no mercado de trabalho, COO e</p><p>sócia-fundadora do Grupo Talento Incluir, um ecossistema</p><p>de soluções focadas na Diversidade e Inclusão, pioneiro no</p><p>Brasil. Com mais de 20 anos de experiência no mercado</p><p>financeiro, passou por diversas áreas no banco Santander,</p><p>incluindo a superintendência de área de estratégia. É forma-</p><p>da em engenharia pela Escola Politécnica - USP, pós-gradua-</p><p>da e MBA pela Faculdade de Economia, Administração e</p><p>Contabilidade – USP e MBA internacional na Columbia Busi-</p><p>ness School, em NYC.</p><p>https://www.linkedin.com/in/juliana-ramalho-talentosenior/</p><p>O viés da idade tem muitas faces e cores. Surge numa invisibili-</p><p>dade que se manifesta em disputas de vagas, em convites que</p><p>não chegam, em portas que se fecham. Essas censuras estão</p><p>tirando do mercado pessoas de 40, 45, 50 anos. Durante anos</p><p>fiquei pensando em como abrir essas caixas e apresentá-las ao</p><p>mercado. Nossas pesquisas (2021 e 2022) levantaram que exis-</p><p>tem PMEs e startups em necessidade desses talentos “escondi-</p><p>dos”.</p><p>O desafio da década é entender quais conhecimentos podemos</p><p>utilizar nas novas realidades do mercado. Alguns são úteis, mas</p><p>é preciso tirar o pó que se acumulou durante todos esses anos.</p><p>Outros, são experiências que permanecem atuais, mas ganha-</p><p>ram um novo nome ou terminologia.</p><p>Os donos das caixas ainda têm muita disposição, vontade de</p><p>transmitir e sim, sonhos a realizar.</p><p>As mais de 100 entrevistas realizadas para ver o que havia dentro</p><p>das “caixas de papelão” me levaram a organizar as oportunida-</p><p>des de melhoria da população sênior em 5 categorias:</p><p>● saúde mental,</p><p>● capacidade de contar sua trajetória profissional,</p><p>● cultura digital,</p><p>● flexibilidade para novas formas</p>

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