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<p>Prof. Carlos Brandão</p><p>PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DO TRABALHO E PREVIDENCIÁRIO NA</p><p>ATUALIDADE.</p><p>PUC VIRTUAL</p><p>PRÁTICA DO PROCESSO PREVIDENCIÁRIO</p><p>Unidade 2 – Judicialização de questões previdenciárias</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>UNIDADE 2 – Judicialização de questões previdenciárias</p><p>- petição inicial previdenciária e o novo CPC.</p><p>- justiça gratuita.</p><p>- tutela provisória (urgência e evidência).</p><p>- Juizados Especiais Federais x Justiça Federal.</p><p>- audiência de instrução e julgamento</p><p>- prova documental e testemunhal no Juízo previdenciário.</p><p>1 – A petição inicial no novo CPC e a petição inicial previdenciária:</p><p>Art. 287. A petição inicial deve vir acompanhada de procuração, que</p><p>conterá os endereços do advogado, eletrônico e não eletrônico.</p><p>DA PETIÇÃO INICIAL</p><p>Seção I</p><p>Dos Requisitos da Petição Inicial</p><p>Art. 319. A petição inicial indicará:</p><p>I - o juízo a que é dirigida;</p><p>II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união</p><p>estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas</p><p>Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço</p><p>eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;</p><p>III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;</p><p>IV - o pedido com as suas especificações;</p><p>V - o valor da causa;</p><p>VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos</p><p>fatos alegados;</p><p>VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de</p><p>conciliação ou de mediação.</p><p>§ 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá</p><p>o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a</p><p>sua obtenção.</p><p>§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de</p><p>informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.</p><p>§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao</p><p>disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações</p><p>tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.</p><p>O que mudou em relação ao antigo CPC?</p><p>Basicamente:</p><p>- a obrigatoriedade de endereço eletrônico</p><p>- a obrigatoriedade de informar sobre a existência de união estável</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>- CNPJ ou CPF</p><p>- e de informar se há interesse em realização de audiência de</p><p>conciliação ou mediação.</p><p>Esta última informação é importante para que se defina se o réu será citado para</p><p>comparecer à audiência (art. 334) ou para apresentar defesa (art. 335, III).</p><p>O artigo 334, § 8º prevê a aplicação de multa à parte que não comparecer à</p><p>audiência de conciliação. Então, atenção. Se o autor declara que pretende</p><p>conciliar, e o réu, citado para comparecer à audiência de conciliação, informa</p><p>que não pretende conciliar, peticionando ao juiz, ainda assim o juiz pode</p><p>designar a audiência ainda assim, e ambos deverão comparecer, sob pena de</p><p>aplicação de multa.</p><p>ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de</p><p>Magistrados</p><p>Enunciado 61: Somente a recusa expressa de ambas as partes</p><p>impedirá a realização da audiência de conciliação ou mediação</p><p>prevista no art. 334 do CPC/2015, não sendo a manifestação de</p><p>desinteresse externada por uma das partes justificativa para afastar a</p><p>multa de que trata o art. 334, § 8º.</p><p>Porque é necessário informar sobre união estável?</p><p>Art. 73, § 3º NCPC.</p><p>O pedido e suas especificações:</p><p>“Que sejam julgados procedentes os pedidos” é o pedido imediato. O pedido</p><p>mediato é o bem que vida que se pretende e o mais importante. É o mais</p><p>específico. Ex: “pede a procedência dos pedidos, para condenar o INSS ao</p><p>pagamento do benefício de pensão por morte, inclusive das parcelas</p><p>pretéritas desde o óbito do segurado, acrescidas de juros xxx e correção</p><p>monetária yyy...”</p><p>Por isso o código exige que seja certo e determinado – arts. 322 e 324. Ou seja,</p><p>se for possível determinar o valor, deve-se fazê-lo.</p><p>Art. 322, § 1º - chamados de pedidos implícitos. Mesmo na ausência de pedido</p><p>expresso, juros, correção monetária e verbas de sucumbência, inclusive</p><p>honorários devem ser fixados pelo juiz. Naturalmente, no entanto, é interessante</p><p>que o advogado faça pedido expresso, inclusive tratando de termo inicial de</p><p>juros, quais os índices e ou taxas de juros e correção monetária a incidir, por</p><p>exemplo (com a devida fundamentação). A aplicação de determinados índices</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>de correção monetária, mais benéficos ao segurado, podem duplicar o valor de</p><p>uma condenação ao pagamento de parcelas atrasadas.</p><p>§ 2o A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e</p><p>observará o princípio da boa-fé.</p><p>Esse dispositivo relativiza a consequência da eventual incompletude do pedido.</p><p>Se o advogado fundamenta diversos itens, mas faz pedido não tão detalhado,</p><p>como deveria fazer, o pedido deverá ser interpretado à luz do conjunto da petição</p><p>inicial e, possivelmente, incluir itens não expressos, mas fundamentados. Do</p><p>mesmo modo, a boa-fé na interpretação dos pedidos impõe que o real intuito do</p><p>autor, esclarecido ao longo da petição, prevaleça sobre eventual lapso na</p><p>redação dos pedidos.</p><p>Enunciado 285 FPPC- Fórum Permanente de Processualistas Civis:</p><p>(art. 322, § 2º) A interpretação do pedido e dos atos postulatórios em</p><p>geral deve levar em consideração a vontade da parte, aplicando-se o</p><p>art. 112 do Código Civil.</p><p>Prestações sucessivas incluem-se no pedido – art. 323. Ex: condenação de</p><p>condômino a pagar taxa de condomínio edilício envolve todas as parcelas</p><p>futuras, independentemente de pedido expresso. Isso se aplica às prestações</p><p>previdenciárias, que são sucessivas.</p><p>Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos</p><p>indispensáveis à propositura da ação.</p><p>E se o autor não tiver os documentos necessários à propositura?</p><p>O ideal é diligenciar previamente ao ajuizamento, até para adequar a inicial ao</p><p>conteúdo do documento, mas, se não for possível obter:</p><p>Fórum Permanente de Processualistas Civis-FPPC, Enunciado 283:</p><p>Aplicam-se os arts. 319, § 1º, 396 a 404 também quando o autor não</p><p>dispuser de documentos indispensáveis à propositura da ação.</p><p>Improcedência liminar do pedido:</p><p>Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz,</p><p>independentemente da citação do réu, julgará liminarmente</p><p>improcedente o pedido que contrariar:</p><p>I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior</p><p>Tribunal de Justiça;</p><p>II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior</p><p>Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10722863/artigo-112-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas</p><p>repetitivas ou de assunção de competência;</p><p>IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.</p><p>Mas:</p><p>Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela</p><p>seja previamente ouvida.</p><p>Logo, o juiz não pode julgar improcedente o pedido liminarmente sem antes dar</p><p>vista ao autor sobre a possibilidade desse julgamento, devido à existência de</p><p>determinada súmula, por exemplo. Com esse procedimento, o autor terá a</p><p>oportunidade de demonstrar a distinção (distinguishing) entre o seu caso e</p><p>aquele invocado pelo julgador.</p><p>A petição inicial previdenciária:</p><p>1.1 – É conveniente informar na petição inicial sobre a existência de prévio</p><p>requerimento administrativo, que o STF reputou exigível (RE 631.240, julg.</p><p>27/08/2014, rel. Roberto Barroso):</p><p>3. A exigência de prévio requerimento administrativo não deve</p><p>prevalecer quando o entendimento da Administração for notória e</p><p>reiteradamente contrário à postulação do segurado.</p><p>4. Na hipótese de pretensão de revisão, restabelecimento ou</p><p>manutenção de benefício anteriormente concedido, considerando que</p><p>o INSS tem o dever legal de conceder a prestação mais vantajosa</p><p>pode ocorrer perícia</p><p>por similaridade, através da perícia de outro local de trabalho, com postos de</p><p>trabalho similares àqueles nos quais o segurado trabalhou. O resultado da</p><p>perícia, então, será corroborado com prova testemunhal para provar as</p><p>condições do trabalho.</p><p>- para provar tempo rural. A jurisprudência (súmula 149 STJ) é no sentido de</p><p>que é necessário início de prova documental, que deve ser corroborado com</p><p>prova testemunhal. A Lei 11.718/2008 tratou do prazo para consideração de</p><p>tempo rural sem contribuições.</p><p>Há casos de perícia médica que não detecta alteração em segurado com</p><p>problemas psiquiátricos, mas o comportamento do segurado é totalmente</p><p>alterado (tenta matar familiares para tirar-lhes o demônio do corpo, fica em locais</p><p>ermos esperando discos voadores etc). Em casos tais, deve-se insistir na</p><p>produção da prova oral, independentemente do resultado da perícia (art. 443, II,</p><p>NCPC).</p><p>DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO</p><p>(...)</p><p>Art. 362. A audiência poderá ser adiada:</p><p>I - por convenção das partes;</p><p>II - se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer pessoa</p><p>que dela deva necessariamente participar;</p><p>III - por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30</p><p>(trinta) minutos do horário marcado.</p><p>§ 1o O impedimento deverá ser comprovado até a abertura da</p><p>audiência, e, não o sendo, o juiz procederá à instrução.</p><p>§ 2o O juiz poderá dispensar a produção das provas requeridas</p><p>pela parte cujo advogado ou defensor público não tenha</p><p>comparecido à audiência, aplicando-se a mesma regra ao</p><p>Ministério Público.</p><p>§ 3o Quem der causa ao adiamento responderá pelas despesas</p><p>acrescidas.</p><p>Art. 364. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor</p><p>e do réu, bem como ao membro do Ministério Público, se for o caso de</p><p>sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) minutos</p><p>para cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a critério do juiz.</p><p>§ 1o Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o prazo, que</p><p>formará com o da prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os do</p><p>mesmo grupo, se não convencionarem de modo diverso.</p><p>§ 2o Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de</p><p>direito, o debate oral poderá ser substituído por razões finais escritas,</p><p>que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como pelo</p><p>Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, em prazos</p><p>sucessivos de 15 (quinze) dias, assegurada vista dos autos.</p><p>Apesar da previsão acima, a praxe consagrou as razões finais por mera</p><p>remissão, em audiência (“o autor requereu a procedência dos pedidos e o réu a</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>improcedência”) ou escritas, na maioria dos casos. Afinal, a pauta de audiências</p><p>muitas vezes é extensa e, por isso, tenta-se reduzir a duração das audiências.</p><p>O § 2º, acima, não é claro, mas, segundo Alexandre Freitas Câmara, para o réu,</p><p>é “assegurado também o acesso aos memoriais apresentados pelo autor” (O</p><p>novo processo civil brasileiro, São Paulo, Atlas, 2015, p. 219).</p><p>Art. 365. A audiência é una e contínua, podendo ser excepcional e</p><p>justificadamente cindida na ausência de perito ou de testemunha,</p><p>desde que haja concordância das partes.</p><p>Parágrafo único. Diante da impossibilidade de realização da instrução,</p><p>do debate e do julgamento no mesmo dia, o juiz marcará seu</p><p>prosseguimento para a data mais próxima possível, em pauta</p><p>preferencial.</p><p>Art. 366. Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, o juiz</p><p>proferirá sentença em audiência ou no prazo de 30 (trinta) dias.</p><p>Art. 360. O juiz exerce o poder de polícia, incumbindo-lhe:</p><p>I - manter a ordem e o decoro na audiência;</p><p>II - ordenar que se retirem da sala de audiência os que se comportarem</p><p>inconvenientemente;</p><p>III - requisitar, quando necessário, força policial;</p><p>IV - tratar com urbanidade as partes, os advogados, os membros do</p><p>Ministério Público e da Defensoria Pública e qualquer pessoa que</p><p>participe do processo;</p><p>V - registrar em ata, com exatidão, todos os requerimentos</p><p>apresentados em audiência.</p><p>Art. 367. O servidor lavrará, sob ditado do juiz, termo que conterá, em</p><p>resumo, o ocorrido na audiência, bem como, por extenso, os</p><p>despachos, as decisões e a sentença, se proferida no ato.</p><p>Infelizmente há alguns juízes que insistem em não fazer constar da ata o ocorrido</p><p>na audiência, as perguntas feitas pelo advogado e indeferidas, dentre outros</p><p>fatos ocorridos. Há casos em que o juiz indefere a oitiva de testemunhas e faz</p><p>constar na ata que as partes desistiram da prova oral. O advogado deve ser</p><p>educado, sempre tratar a todos com urbanidade, mas firme na defesa do direito</p><p>do cliente. Uma ata dessa natureza não pode ser assinada.</p><p>Com a tendência atual de que todas as audiências sejam gravadas, esse</p><p>problema é minimizado.</p><p>Na audiência, os atos precluem no tempo. Logo, havendo algum fato sobre o</p><p>qual se deva manifestar, o advogado deve fazê-lo prontamente.</p><p>Na Justiça Federal, em geral a cultura dos juízes é de urbanidade e cooperação.</p><p>Infelizmente isso nem sempre ocorre na Justiça Estadual e na Justiça do</p><p>Trabalho.</p><p>§ 1o Quando o termo não for registrado em meio eletrônico, o juiz</p><p>rubricar-lhe-á as folhas, que serão encadernadas em volume próprio.</p><p>§ 2o Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o membro do</p><p>Ministério Público e o escrivão ou chefe de secretaria, dispensadas as</p><p>partes, exceto quando houver ato de disposição para cuja prática os</p><p>advogados não tenham poderes.</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>§ 3o O escrivão ou chefe de secretaria trasladará para os autos cópia</p><p>autêntica do termo de audiência.</p><p>§ 4o Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á o disposto neste</p><p>Código, em legislação específica e nas normas internas dos tribunais.</p><p>§ 5o A audiência poderá ser integralmente gravada em imagem e em</p><p>áudio, em meio digital ou analógico, desde que assegure o rápido</p><p>acesso das partes e dos órgãos julgadores, observada a legislação</p><p>específica.</p><p>Este § 5º refere-se à audiência gravada pelo Juízo.</p><p>§ 6o A gravação a que se refere o § 5o também pode ser realizada</p><p>diretamente por qualquer das partes, independentemente de</p><p>autorização judicial.</p><p>Já este § 6º, novidade do NCPC, autoriza as partes e seus procuradores a gravar</p><p>a audiência, independentemente de autorização judicial. Nos casos em que a</p><p>audiência não é gravada pelo Juízo, a possibilidade de gravação pelo advogado</p><p>é muito importante.</p><p>Art. 368. A audiência será pública, ressalvadas as exceções legais.</p><p>Do Depoimento Pessoal</p><p>Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte,</p><p>a fim de que esta seja interrogada na audiência de instrução e</p><p>julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de ofício.</p><p>§ 1o Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento</p><p>pessoal e advertida da pena de confesso, não comparecer ou,</p><p>comparecendo, se recusar a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena.</p><p>§ 2o É vedado a quem ainda não depôs assistir ao interrogatório da</p><p>outra parte.</p><p>O depoimento pessoal no NCPC, assim como ocorria no antigo, ocorrerá</p><p>somente se a outra parte o requerer ou se o Juízo o determinar. Não tendo</p><p>havido requerimento de depoimento pessoal por uma parte, nem determinação</p><p>judicial, a outra não é obrigada a comparecer à AIJ2. No entanto, no NCPC, é</p><p>obrigatório o comparecimento da parte à audiência de conciliação (art. 334, §</p><p>8º).</p><p>Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto</p><p>as incapazes, impedidas ou suspeitas.</p><p>(...)</p><p>§ 4o Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento das</p><p>testemunhas menores, impedidas ou suspeitas.</p><p>§ 5o Os depoimentos referidos no § 4o serão prestados</p><p>independentemente de compromisso, e o juiz lhes atribuirá o valor que</p><p>possam merecer.</p><p>2 Não tratamos, nesse momento, de Juizados Especiais, mas sim dos ritos regulados</p><p>pelo CPC. Nos Juizados, a presença da parte é exigida em toda e qualquer audiência.</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>Trata-se do “informante”, ou seja, pessoa que o juiz entendeu</p><p>ser suspeito ou</p><p>impedido, mas ainda assim será ouvido. Há situações em que o depoimento do</p><p>informante é mais esclarecedor do que os demais. O advogado sempre deve se</p><p>esforçar para que o informante seja ouvido.</p><p>Art. 459. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à</p><p>testemunha, começando pela que a arrolou, não admitindo o juiz</p><p>aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com as</p><p>questões de fato objeto da atividade probatória ou importarem</p><p>repetição de outra já respondida.</p><p>O artigo 459 extingue as perguntas pelo intermédio do juiz. O advogado pergunta</p><p>diretamente à testemunha.</p><p>§ 1o O juiz poderá inquirir a testemunha tanto antes quanto depois da</p><p>inquirição feita pelas partes.</p><p>§ 2o As testemunhas devem ser tratadas com urbanidade, não se lhes</p><p>fazendo perguntas ou considerações impertinentes, capciosas ou</p><p>vexatórias.</p><p>§ 3o As perguntas que o juiz indeferir serão transcritas no termo, se a</p><p>parte o requerer.</p><p>Art. 460. O depoimento poderá ser documentado por meio de</p><p>gravação.</p><p>4 - PROVAS DOCUMENTAL E TESTEMUNHAL NO JUÍZO PREVIDENCIÁRIO.</p><p>Muitas vezes o segurado trabalhou, sem carteira assinada, em empresas que</p><p>não mais existem. Outras vezes houve perda de CTPS, o que exige a busca de</p><p>outras formas de prova documental do trabalho.</p><p>A possibilidade de comprovação de tempo de serviço/contribuição por meio de</p><p>prova documental é amplíssima. Podem ser utilizados, por exemplo:</p><p>- A RAIS-Relação anual de informações sociais, do Ministério do Trabalho, traz</p><p>registros de vínculos empregatícios a partir de 1976. A essa prova devem ser</p><p>unidos holerites, crachás, TRCT, recibos etc.</p><p>- documentos emitidos pela Caixa Econômica Federal que indicam o</p><p>recolhimento de FGTS, apesar de ausente anotação de carteira profissional ou</p><p>apesar de perda da carteira;</p><p>- fotografias;</p><p>- declarações de órgãos ou entidades;</p><p>- e-mails etc.</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>- declaração emitida pelo responsável pelo empregador (sócio, ex-sócio,</p><p>contador etc), acompanhada por cópia do livro de registro de empregados.</p><p>Lembremos que prova documental forte enseja o deferimento de tutela de</p><p>evidência (art. 311, IV).</p><p>Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos</p><p>indispensáveis à propositura da ação.</p><p>Da Produção da Prova Documental</p><p>Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação</p><p>com os documentos destinados a provar suas alegações.</p><p>Parágrafo único. Quando o documento consistir em reprodução</p><p>cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá trazê-lo nos termos</p><p>do caput, mas sua exposição será realizada em audiência, intimando-</p><p>se previamente as partes.</p><p>O momento por excelência para a juntada de documentos, para o autor, é com</p><p>a inicial.</p><p>Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos</p><p>documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos</p><p>depois dos articulados ou para contrapô-los aos que foram produzidos</p><p>nos autos.</p><p>Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior de</p><p>documentos formados após a petição inicial ou a contestação, bem</p><p>como dos que se tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis após</p><p>esses atos, cabendo à parte que os produzir comprovar o motivo que</p><p>a impediu de juntá-los anteriormente e incumbindo ao juiz, em qualquer</p><p>caso, avaliar a conduta da parte de acordo com o art. 5o.</p><p>No entanto, pode haver a juntada posterior, para o autor:</p><p>- de documentos novos, se destinados a produzir prova de fatos supervenientes;</p><p>- para fazer contraprova;</p><p>- documentos formados após a inicial.</p><p>- documentos que se tornaram acessíveis ou disponíveis após a inicial.</p><p>Art. 436. A parte, intimada a falar sobre documento constante dos</p><p>autos, poderá:</p><p>I - impugnar a admissibilidade da prova documental;</p><p>II - impugnar sua autenticidade;</p><p>III - suscitar sua falsidade, com ou sem deflagração do incidente de</p><p>arguição de falsidade;</p><p>IV - manifestar-se sobre seu conteúdo.</p><p>Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, a impugnação</p><p>deverá basear-se em argumentação específica, não se admitindo</p><p>alegação genérica de falsidade.</p><p>Art. 437. O réu manifestar-se-á na contestação sobre os documentos</p><p>anexados à inicial, e o autor manifestar-se-á na réplica sobre os</p><p>documentos anexados à contestação.</p><p>§ 1o Sempre que uma das partes requerer a juntada de documento aos</p><p>autos, o juiz ouvirá, a seu respeito, a outra parte, que disporá do prazo</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art5</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>de 15 (quinze) dias para adotar qualquer das posturas indicadas no art.</p><p>436.</p><p>§ 2o Poderá o juiz, a requerimento da parte, dilatar o prazo para</p><p>manifestação sobre a prova documental produzida, levando em</p><p>consideração a quantidade e a complexidade da documentação.</p><p>Art. 438. O juiz requisitará às repartições públicas, em qualquer tempo</p><p>ou grau de jurisdição:</p><p>I - as certidões necessárias à prova das alegações das partes;</p><p>II - os procedimentos administrativos nas causas em que forem</p><p>interessados a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios ou</p><p>entidades da administração indireta.</p><p>§ 1o Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo máximo e</p><p>improrrogável de 1 (um) mês, certidões ou reproduções fotográficas</p><p>das peças que indicar e das que forem indicadas pelas partes, e, em</p><p>seguida, devolverá os autos à repartição de origem.</p><p>§ 2o As repartições públicas poderão fornecer todos os documentos em</p><p>meio eletrônico, conforme disposto em lei, certificando, pelo mesmo</p><p>meio, que se trata de extrato fiel do que consta em seu banco de dados</p><p>ou no documento digitalizado.</p><p>PROVA DE TEMPO ESPECIAL:</p><p>Muitas vezes o segurado trabalhou em atividade especial em empregador que,</p><p>hoje, não mais existe, a pessoa jurídica já foi baixada etc.</p><p>Para comprovação de tempo especial, o PPP é o documento determinante. Em</p><p>caso de PPP incorreto, pode-se formalizar pedido junto à empregadora para</p><p>correção do PPP. Se a empresa não acatar, será necessária intervenção judicial:</p><p>pode haver ação trabalhista para retificação de PPP e ou pode haver discussão</p><p>sobre o PPP diretamente contra o INSS em ação previdenciária. A prova desse</p><p>requerimento “administrativo” é importante para configurar o interesse de agir</p><p>para discussão do PPP no juízo previdenciário contra o INSS.</p><p>Em casos de empregadores que não mais existem, empresas baixadas etc, há</p><p>algumas soluções possíveis:</p><p>- perícia por similaridade (prova indireta ou por similitude);</p><p>- prova emprestada.</p><p>- corroboração dessas provas, ou outras, com eventual prova testemunhal.</p><p>A perícia por similaridade terá aplicabilidade, por exemplo, para provar tempo</p><p>especial em empresa que não mais existe e quando não exista prova</p><p>emprestada. Nesses casos, a perícia ocorrerá em estabelecimento distinto, que</p><p>apresente semelhanças com o local onde o segurado trabalhou no passado:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art436</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art436</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>3. Restando impossível a realização da perícia no local onde o serviço</p><p>foi prestado, porque não mais existente, admite-se a perícia indireta ou</p><p>por similitude, realizada mediante o estudo técnico em outro</p><p>estabelecimento, que apresente estrutura e condições de trabalho</p><p>semelhantes àquele em que a atividade foi exercida (TRF4, EINF</p><p>0008289-08.2008.404.7108, Terceira Seção, Relator João Batista</p><p>Pinto Silveira, D.E. 15/08/2011; TRF4, EINF 0003914-</p><p>61.2008.404.7108, Terceira Seção, Relator Celso Kipper, D.E.</p><p>10/06/2011), o mesmo valendo para a prova emprestada e laudos</p><p>similares.</p><p>(TRF4, apelação 5010807-36.2015.4.04.7108, decisão 13.06.2018,</p><p>relator Artur César de Souza, Sexta Turma.)</p><p>Do mesmo modo, também o laudo técnico que embasa o PPP pode ser feito por</p><p>similaridade, em estabelecimento similar àquele que não mais existe.</p><p>PROVA EMPRESTADA:</p><p>Imagine-se</p><p>o seguinte exemplo: o segurado “X” afirma ter trabalhado em</p><p>condição especial em empresa hoje extinta. Ele trabalhava como operador.</p><p>Obtém-se laudo pericial e depoimentos testemunhais produzidos em ação de</p><p>outro segurado “Y” que trabalhou na mesma empregadora também como</p><p>operador.</p><p>Tais provas emprestadas devem ser corroboradas com prova oral também no</p><p>processo do segurado “X”.</p><p>Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro</p><p>processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado</p><p>o contraditório.</p><p>A prova emprestada é possível, notadamente quanto à perícia e depoimentos de</p><p>testemunhas. No juízo previdenciário, é possível a perícia emprestada para</p><p>provar condições do local de trabalho, por exemplo, para prova de tempo</p><p>especial.</p><p>Segundo Alexandre Freitas Câmara, “só é possível admitir-se a prova</p><p>emprestada contra aquele que tenha participado do processo no qual ela tenha</p><p>sido originalmente produzida.” (2015, p. 236). Ou seja, se em ação contra o INSS</p><p>é produzia certa prova, essa prova pode ser utilizada em outra ação também</p><p>contra o INSS.</p><p>Mas o STJ tem julgados menos restritivos, entendendo que não precisa haver</p><p>identidade de partes:</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>9. Em vista das reconhecidas vantagens da prova emprestada no</p><p>processo civil, é recomendável que essa seja utilizada sempre que</p><p>possível, desde que se mantenha hígida a garantia do contraditório. No</p><p>entanto, a prova emprestada não pode se restringir a processos em</p><p>que figurem partes idênticas, sob pena de se reduzir excessivamente</p><p>sua aplicabilidade, sem justificativa razoável para tanto.</p><p>10. Independentemente de haver identidade de partes, o contraditório</p><p>é o requisito primordial para o aproveitamento da prova emprestada,</p><p>de maneira que, assegurado às partes o contraditório sobre a prova,</p><p>isto é, o direito de se insurgir contra a prova e de refutá-la</p><p>adequadamente, afigura-se válido o empréstimo.</p><p>(STJ, Corte Especial, EREsp 617.428/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,</p><p>pub. 17/06/2014).</p><p>Enunciado 52 FPPC:</p><p>Para a utilização da prova emprestada, faz-se necessária a</p><p>observância do contraditório no processo de origem, assim como no</p><p>processo de destino, considerando-se que, neste último, a prova</p><p>mantenha a sua natureza originária.</p><p>Apresentada prova emprestada, deve haver contraditório.</p><p>RECURSOS.</p><p>Tempestividade de recursos:</p><p>Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em</p><p>que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a</p><p>Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.</p><p>§ 6o O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de</p><p>interposição do recurso.</p><p>A Corte Especial do STJ decidiu que a comprovação do feriado local não pode</p><p>ser feita posteriormente. Deve ser feita no ato de interposição do recurso (REsp</p><p>Nº 957.821, julg. 20/Nov/2017).</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO.</p><p>Recurso cabível contra algumas decisões interlocutórias, enumeradas no art.</p><p>1015.</p><p>O que é decisão interlocutória?</p><p>NCPC:</p><p>Dos Pronunciamentos do Juiz</p><p>Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças,</p><p>decisões interlocutórias e despachos.</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>§ 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos</p><p>especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com</p><p>fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do</p><p>procedimento comum, bem como extingue a execução.</p><p>§ 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza</p><p>decisória que não se enquadre no § 1o.</p><p>O rol do artigo 1015 é taxativo?</p><p>Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões</p><p>interlocutórias que versarem sobre:</p><p>I - tutelas provisórias;</p><p>II - mérito do processo;</p><p>III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;</p><p>IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;</p><p>V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do</p><p>pedido de sua revogação;</p><p>VI - exibição ou posse de documento ou coisa;</p><p>VII - exclusão de litisconsorte;</p><p>VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;</p><p>IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;</p><p>X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos</p><p>embargos à execução;</p><p>XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;</p><p>XII - (VETADO);</p><p>XIII - outros casos expressamente referidos em lei.</p><p>Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra</p><p>decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença</p><p>ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no</p><p>processo de inventário.</p><p>Não exatamente. Impera a ideia de taxatividade mitigada.</p><p>A jurisprudência tem sedimentado o cabimento de agravo em outras situações,</p><p>não previstas no rol do art. 1015, como, por exemplo, competência e</p><p>indeferimento de decretação de segredo de justiça:</p><p>RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.</p><p>DIREITO PROCESSUAL CIVIL. NATUREZA JURÍDICA DO ROL</p><p>DO ART. 1.015 DO CPC/2015. IMPUGNAÇÃO IMEDIATA DE</p><p>DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS NÃO PREVISTAS NOS INCISO DO</p><p>REFERIDO DISPOSITIVO LEGAL. POSSIBILIDADE. TAXATIVIDADE</p><p>MITIGADA. EXCEPCIONALIDADE DA IMPUGNAÇÃO FORA DAS</p><p>HIPÓTESES PREVISTAS EM LEI. REQUISITOS.</p><p>1- O propósito do presente recurso especial, processado e julgado</p><p>sob o rito dos recursos repetitivos, é definir a natureza jurídica do rol</p><p>do art. 1.015 do CPC/15 e verificar a possibilidade de sua interpretação</p><p>extensiva, analógica ou exemplificativa, a fim de admitir a</p><p>interposição de agravo de instrumento contra decisão interlocutória</p><p>que verse sobre hipóteses não expressamente previstas nos incisos</p><p>do referido dispositivo legal.</p><p>2- Ao restringir a recorribilidade das decisões interlocutórias</p><p>proferidas na fase de conhecimento do procedimento comum e dos</p><p>procedimentos especiais, exceção feita ao inventário, pretendeu o</p><p>legislador salvaguardar apenas as "situações que, realmente, não</p><p>podem aguardar rediscussão futura em eventual recurso de apelação".</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>3- A enunciação, em rol pretensamente exaustivo, das hipóteses em</p><p>que o agravo de instrumento seria cabível revela-se, na esteira da</p><p>majoritária doutrina e jurisprudência, insuficiente e em</p><p>desconformidade com as normas fundamentais do processo civil, na</p><p>medida em que sobrevivem questões urgentes fora da lista do art.</p><p>1.015 do CPC e que tornam inviável a interpretação de que o referido</p><p>rol seria absolutamente taxativo e que deveria ser lido de modo</p><p>restritivo.</p><p>4- A tese de que o rol do art. 1.015 do CPC seria taxativo, mas</p><p>admitiria interpretações extensivas ou analógicas, mostra-se</p><p>igualmente ineficaz para a conferir ao referido dispositivo uma</p><p>interpretação em sintonia com as normas fundamentais do processo</p><p>civil, seja porque ainda remanescerão hipóteses em que não será</p><p>possível extrair o cabimento do agravo das situações enunciadas no</p><p>rol, seja porque o uso da interpretação extensiva ou da analogia</p><p>pode desnaturar a essência de institutos jurídicos ontologicamente</p><p>distintos.</p><p>5- A tese de que o rol do art. 1.015 do CPC seria meramente</p><p>exemplificativo, por sua vez, resultaria na repristinação do regime</p><p>recursal das interlocutórias que vigorava no CPC/73 e que fora</p><p>conscientemente modificado pelo legislador do novo CPC, de modo</p><p>que estaria o Poder Judiciário, nessa hipótese, substituindo a atividade</p><p>e a vontade expressamente externada pelo Poder Legislativo.</p><p>6- Assim, nos termos do art. 1.036 e seguintes do CPC/2015, fixa-se</p><p>a seguinte tese jurídica: O rol do art. 1.015 do CPC é de</p><p>taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo</p><p>de instrumento quando verificada a urgência decorrente da</p><p>inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação.</p><p>7- Embora não haja risco de as partes que confiaram na absoluta</p><p>taxatividade com interpretação</p><p>restritiva serem surpreendidas pela</p><p>tese jurídica firmada neste recurso especial repetitivo, eis que</p><p>somente se cogitará de preclusão nas hipóteses em que o recurso</p><p>eventualmente interposto pela parte tenha sido admitido pelo</p><p>Tribunal, estabelece-se neste ato um regime de transição que modula</p><p>os efeitos da presente decisão, a fim de que a tese jurídica somente</p><p>seja aplicável às decisões interlocutórias proferidas após a</p><p>publicação do presente acórdão.</p><p>8- Na hipótese, dá-se provimento em parte ao recurso especial para</p><p>determinar ao TJ/MT que, observados os demais pressupostos</p><p>de admissibilidade, conheça e dê regular prosseguimento ao</p><p>agravo de instrumento no que tange à competência.</p><p>9- Recurso especial conhecido e provido.</p><p>(STJ, REsp repetitivo 1704520 / MT, Nancy Andrighi, Corte Especial,</p><p>julg. 05/12/2018.)</p><p>No julgamento, a relatora mencionou a situação específica da decisão que versa</p><p>segredo de justiça. Se a decisão que indefere pedido da parte de decretação de</p><p>segredo de justiça não for agravável, a intimidade do envolvido ficará devassada</p><p>e não haverá utilidade em discussão posterior.</p><p>Inciso II – mérito da causa: Ex. 1 - ação com vários pedidos, mas juiz reconhece</p><p>antecipadamente que um deles está prescrito e faz julgamento antecipado desse</p><p>ponto.</p><p>Ex.2. 356 – julgamento antecipado parcial do mérito. Se um pedido for</p><p>incontroverso, sobre ele pode haver julgamento antecipado de mérito,</p><p>prosseguindo a demanda quanto ao resto.</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>Não cabe, portanto, agravo de instrumento das decisões interlocutórias que</p><p>indeferem provas.</p><p>Hipóteses, meramente exemplificativas, de cabimento de agravo na seara</p><p>previdenciária:</p><p>- pessoa humilde, em precário estado de saúde, com prova documental, move</p><p>ação pedindo tutela provisória de urgência para o deferimento de benefício e o</p><p>juiz indefere a tutela para deferir, se for o caso, em sentença.</p><p>- decisões relativas à Justiça Gratuita.</p><p>Pode haver agravo de decisões proferidas em audiência?</p><p>Sim. Art. 1003 e § 1º.</p><p>Pode haver interposição de agravo de instrumento via correios?</p><p>Sim. Art.1003, § 4º. – 1017, § 2º, III.</p><p>Prazo para interposição:</p><p>15 dias. Art.1003 § 5º.</p><p>Requisitos da petição: Art. 1016.</p><p>No agravo de instrumento, pode haver pedido de antecipação da tutela recursal</p><p>e ou de suspensão do processo em primeiro grau – Art. 995 e parág. único.</p><p>Cópias necessárias ao instrumento: Art. 1017.</p><p>Formas de interposição: Art. 1017, § 2º:</p><p>- protocolo diretamente no tribunal.</p><p>- protocolo na própria comarca – protocolo integrado.</p><p>- correios</p><p>- fax</p><p>Requisitos da petição: art. 1016.</p><p>Cada tribunal, no entanto, pode estabelecer, por exemplo, que todos os agravos</p><p>de instrumento deverão ser por meio eletrônico.</p><p>Em caso de falta de alguma cópia ou outro vício – o relator deverá conceder o</p><p>prazo de 5 dias para que o agravante sane, apresente a cópia faltante etc. Art.</p><p>1017, § 3º e 932, parág. único.</p><p>O agravante poderá comunicar ao juízo de primeiro grau a interposição no prazo</p><p>de 3 dias se os autos forem eletrônicos – Art. 1018 caput e § 2º. Em vista disso,</p><p>o juiz poderá exercer o juízo de retratação. § 1º.</p><p>Se os autos forem físicos, o agravante deverá comunicar. § 2º</p><p>Providências do relator: Art. 1019 cc. 932.</p><p>1 – avaliar se é o caso de não conhecimento do recurso com base no Art. 932,</p><p>III e IV.</p><p>Art. 932. Incumbe ao relator:</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não</p><p>tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão</p><p>recorrida;</p><p>IV - negar provimento a recurso que for contrário a:</p><p>a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de</p><p>Justiça ou do próprio tribunal;</p><p>b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior</p><p>Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;</p><p>c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas</p><p>repetitivas ou de assunção de competência;</p><p>Logo, se o tema é objeto de súmula contrária ao interesse do agravante, por</p><p>exemplo, as razões do agravo devem trazer:</p><p>- distinguishing – demonstração da existência de distinção que afasta o caso</p><p>concreto daqueles que ensejaram a criação da súmula.</p><p>- overruling – demonstração da superação do entendimento da súmula.</p><p>Segundo o art. 932, III, IV e V, o relator pode, monocraticamente, inadmitir</p><p>recurso, negar-lhe provimento e dar-lhe provimento, sem sequer enviar o feito</p><p>para a Câmara julgadora.</p><p>2 – poderá conceder efeito suspensivo ou antecipação da tutela. 1019, I.</p><p>Logo, nas razões do agravo deve haver a fundamentação desse pedido e o</p><p>pedido.</p><p>3 – intimar o agravado na pessoa do advogado. Se não tiver advogado</p><p>constituído, pessoalmente ou por carta com AR.</p><p>Somente cabe sustentação oral no agravo de instrumento que verse sobre</p><p>tutelas provisórias. 937,VIII.</p><p>REFERÊNCIAS:</p><p>- Alexandre Freitas Câmara. O novo processo civil brasileiro, São Paulo, Atlas,</p><p>2015.</p><p>- Átila Abella. Aposentadoria Especial: prova da atividade especial com laudos</p><p>por similaridade e provas emprestadas. 14 de agosto de 2019. Acesso em</p><p>21/08/2019: < https://previdenciarista.com/blog/aposentadoria-especial-prova-</p><p>da-atividade-especial-com-laudos-por-similaridade-e-provas-</p><p>emprestadas/?fbclid=IwAR0wFYH9UJSJCBTyudbYde2NA9ZUum0ykTDaj0Lxh</p><p>6Hgqbctp806lrYNQJs ></p><p>https://previdenciarista.com/blog/aposentadoria-especial-prova-da-atividade-especial-com-laudos-por-similaridade-e-provas-emprestadas/?fbclid=IwAR0wFYH9UJSJCBTyudbYde2NA9ZUum0ykTDaj0Lxh6Hgqbctp806lrYNQJs</p><p>https://previdenciarista.com/blog/aposentadoria-especial-prova-da-atividade-especial-com-laudos-por-similaridade-e-provas-emprestadas/?fbclid=IwAR0wFYH9UJSJCBTyudbYde2NA9ZUum0ykTDaj0Lxh6Hgqbctp806lrYNQJs</p><p>https://previdenciarista.com/blog/aposentadoria-especial-prova-da-atividade-especial-com-laudos-por-similaridade-e-provas-emprestadas/?fbclid=IwAR0wFYH9UJSJCBTyudbYde2NA9ZUum0ykTDaj0Lxh6Hgqbctp806lrYNQJs</p><p>https://previdenciarista.com/blog/aposentadoria-especial-prova-da-atividade-especial-com-laudos-por-similaridade-e-provas-emprestadas/?fbclid=IwAR0wFYH9UJSJCBTyudbYde2NA9ZUum0ykTDaj0Lxh6Hgqbctp806lrYNQJs</p><p>possível, o pedido poderá ser formulado diretamente em juízo – salvo</p><p>se depender da análise de matéria de fato ainda não levada ao</p><p>conhecimento da Administração –, uma vez que, nesses casos, a</p><p>conduta do INSS já configura o não acolhimento ao menos tácito da</p><p>pretensão.</p><p>(STF, RE 631.240, julg. 27/08/2014, rel. Roberto Barroso.)</p><p>“O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário n.</p><p>631.240/MG em sede de repercussão geral, assentou entendimento no</p><p>sentido de ser necessário, como regra geral, o requerimento</p><p>administrativo antes do ajuizamento de ações de concessão de</p><p>benefícios previdenciários.</p><p>2. Em caso de revisão de benefícios previdenciários já concedidos, não</p><p>se faz necessário, de forma geral, que se provoque novamente o INSS</p><p>para ingressar em juízo. Porém, a regra geral de dispensa do prévio</p><p>requerimento de revisão é excepcionada se a pretensão depender da</p><p>análise de matéria de fato ainda não levada ao conhecimento da</p><p>Administração, como é o caso de revisão de benefício em decorrência</p><p>de reclamatória trabalhista.”</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>(TRF4, AC 5034894-46.2016.4.04.7100, SEXTA TURMA, Relator</p><p>JULIO GUILHERME BEREZOSKI SCHATTSCHNEIDER, 18/11/2021)</p><p>1.2 - Nas ações previdenciárias, é aconselhável indicar o número do PIS do</p><p>segurado, que é identificador de informações previdenciárias.</p><p>1.3 - Nas ações para concessão de benefício, especialmente aposentadorias,</p><p>deve-se narrar os períodos de contribuição do autor, se o tempo foi comum ou</p><p>especial, nome do empregador, data de início e de final, tempo final de trabalho</p><p>naquele empregador etc.</p><p>1.4 – É comum que haja pedidos, períodos de contribuição, tempo especial etc</p><p>que foram acolhidos administrativamente. A inicial deve esclarecer tais fatos e</p><p>consignar que são incontroversos, de forma a indicar para o juiz onde será</p><p>exigida a intervenção dele, ou seja, naqueles pontos em que houve a negativa</p><p>administrativa. Ex: autor teve diversos vínculos de emprego admitidos como</p><p>tempo especial e somente um reconhecido como tempo comum. Logo, não se</p><p>poderá discutir na via judicial a especialidade dos períodos admitidos</p><p>administrativamente, nem se o tempo de contribuição efetivamente existiu. Se o</p><p>INSS considerou administrativamente, entendemos que tais fatos são</p><p>incontroversos. Apesar disso, lamentavelmente, há casos de negativa, na via</p><p>judicial, de direitos que são reconhecidos administrativamente pelas agências do</p><p>INSS.</p><p>1.5 – É interessante fazer pedido de reafirmação da DER nas ações.</p><p>DER – data de entrada do requerimento, que, em geral, coincide com a DIB –</p><p>data do início do benefício.</p><p>Feito requerimento administrativo, é possível que o INSS entenda que, no</p><p>momento do requerimento, não havia direito ao benefício, mas, durante o prazo</p><p>de trâmite do processo administrativo, como o segurado continuou trabalhando</p><p>e contribuindo, ele implementou as condições. Assim, é possível a concessão do</p><p>benefício, com a mudança da DER, e consequentemente da DIB, para o dia em</p><p>que o segurado reuniu todas as condições.</p><p>É possível a reafirmação também em juízo. No momento da sentença, por</p><p>exemplo, o juiz verifica que o segurado não tinha direito a determinado benefício</p><p>no momento do ajuizamento da ação, mas implementou os requisitos no curso</p><p>da ação judicial. Trata-se de fato novo:</p><p>NCPC:</p><p>Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo,</p><p>modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito,</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento</p><p>da parte, no momento de proferir a decisão.</p><p>Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as</p><p>partes sobre ele antes de decidir.</p><p>Há julgados autorizando a reafirmação da DER até o julgamento da apelação</p><p>(TRF4, 50079752520134047003), com os quais concordamos.</p><p>Em agosto/2018 o STJ determinou a suspensão de todos os processos</p><p>pendentes, individuais ou coletivos, em todo território nacional (CPC, art. 1.037,</p><p>II), que tratem sobre o seguinte tema:</p><p>“Possibilidade de se considerar o tempo de contribuição posterior ao</p><p>ajuizamento da ação, reafirmando-se a data de entrada do</p><p>requerimento-DER- para o momento de implementação dos requisitos</p><p>necessários à concessão de benefício previdenciário: (i) aplicação do</p><p>artigo 493 do CPC/2015 (artigo 462 do CPC/1973); (ii) delimitação do</p><p>momento processual oportuno para se requerer a reafirmação da DER,</p><p>bem assim para apresentar provas ou requerer a sua produção”.</p><p>(STJ, tema 995, REsp repetitivo 1727063/SP, relator Mauro Campbell</p><p>Marques.)</p><p>O STJ decidiu o tema 995 em dez/2019 e firmou a seguinte tese, que vincula os</p><p>demais órgãos do Judiciário:</p><p>"É possível a reafirmação da DER (Data de Entrada do Requerimento)</p><p>para o momento em que implementados os requisitos para a</p><p>concessão do benefício, mesmo que isso se dê no interstício entre o</p><p>ajuizamento da ação e a entrega da prestação jurisdicional nas</p><p>instâncias ordinárias, nos termos dos artigos 493 e 933 do CPC/2015,</p><p>observada a causa de pedir."</p><p>Ou seja, a prova deve ser produzida nas instâncias ordinárias. Logo, não cabe</p><p>reafirmação da DER no STJ ou STF ou em execução. Deve haver vinculação à</p><p>causa de pedir. Não pode haver reafirmação da DER para reconhecer tempos,</p><p>tempo especial, agentes nocivos etc não discutidos na ação.</p><p>Em caso de reafirmação da DER em Juízo, deve haver a condenação do INSS</p><p>ao pagamento de honorários de sucumbência?</p><p>Sim!</p><p>“...haverá sucumbência se o INSS opuser-se ao pedido de</p><p>reconhecimento de fato novo, hipótese em que os honorários de</p><p>https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201800465089</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art493</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art933</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>advogado terão como base de cálculo o valor da condenação, a ser</p><p>apurada na fase de liquidação.” (Tema 995, REsp 1.727.063)</p><p>“2. A decisão que reconhecer o direito à aposentadoria mediante</p><p>reafirmação da DER deve fixar o termo inicial do benefício na data em</p><p>que preenchidos os requisitos para a sua concessão, sendo os efeitos</p><p>financeiros devidos dessa data em diante (EDcl no REsp</p><p>1.727.063/SP, Tema STJ 995).</p><p>3. Tendo havido pedido de reconhecimento e cômputo de tempo</p><p>de contribuição indeferido pelo INSS na via administrativa, é</p><p>inegável que o indeferimento deu causa à demanda, devendo,</p><p>portanto, ser fixados honorários de sucumbência, ainda que o</p><p>direito à obtenção do benefício tenha se perfectibilizado em razão</p><p>de fato superveniente, considerado mediante reafirmação da DER.</p><p>4. Sendo a DER reafirmada posterior à data do ajuizamento da ação,</p><p>não incidem juros de mora pelo inadimplemento da obrigação de</p><p>pagamento de parcelas vencidas. Apenas incidirão juros moratórios no</p><p>caso de o INSS deixar de efetivar a obrigação de fazer consistente na</p><p>implantação do benefício no prazo determinado. (…)</p><p>(TRF4, AC 5019161-72.2014.4.04.7112, SEXTA TURMA, Relator</p><p>JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA, juntado aos autos em 18/11/2021)���</p><p>Segurado venceu demanda judicial para concessão de benefício, mas, no curso</p><p>da ação, recebeu outro na via administrativa. Quando for receber as parcelas</p><p>atrasadas do benefício obtido na via judicial, poderá haver desconto do que foi</p><p>recebido na via administrativa?</p><p>Para os benefícios inacumuláveis, pode sim haver compensação entre o que já</p><p>foi pago e o crédito a ser recebido, mas somente até o limite mensal do crédito.</p><p>Assim, se o valor da mensalidade do benefício recebido administrativamente for</p><p>maior do que a mensalidade do benefício obtido judicialmente, não podem ser</p><p>descontadas diferenças.</p><p>IRDR tema 14 do TRF4:</p><p>Tese firmada: O procedimento no desconto de valores recebidos a</p><p>título de benefícios inacumuláveis quando o direito à percepção de um</p><p>deles transita em julgado após o auferimento</p><p>do outro, gerando crédito</p><p>de proventos em atraso, deve ser realizado por competência e no limite</p><p>do valor da mensalidade resultante da aplicação do julgado, evitando-</p><p>se, desta forma, a execução invertida ou a restituição indevida de</p><p>valores, haja vista o caráter alimentar do benefício previdenciário e a</p><p>boa-fé do segurado, não se ferindo a coisa julgada, sem existência de</p><p>"refomatio in pejus", eis que há expressa determinação legal para</p><p>tanto.</p><p>”Se o benefício concedido administrativamente tiver renda mensal</p><p>superior àquela apurada para o benefício concedido na via judicial, a</p><p>solução que se impõe é abater os valores que o segurado já recebeu</p><p>administrativamente, limitando, porém, esse desconto ao valor da</p><p>renda mensal do benefício que está sendo implantado em seu favor.</p><p>Em tais competências não haverá diferenças a executar ou a devolver,</p><p>mercê da sua faculdade de optar pelo que lhe for mais vantajoso,</p><p>ademais de ele não poder ser prejudicado pela incorreta atuação do</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>INSS, que, se tivesse concedido o benefício afinal reconhecido, não se</p><p>faria necessário um novo requerimento administrativo e, ainda,</p><p>considerando que os valores recebidos de boa-fé pelo segurado são</p><p>irrepetíveis. Precedentes”.</p><p>(TRF4, AG 5029724-43.2022.4.04.0000, SEXTA TURMA, Relator</p><p>JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA, 25/08/2022)</p><p>Outro questionamento que envolve recebimento de valores por força de ação</p><p>judicial e também recebimento administrativo: um segurado tem ação contra o</p><p>INSS pedindo benefício e venceu. No curso da ação, fez pedido administrativo e</p><p>em dado momento começou a receber as parcelas. Pode o segurado, no</p><p>cumprimento de sentença, receber parcelas pretéritas obtidas na via judicial,</p><p>referentes a meses anteriores ao reconhecimento do direito</p><p>administrativamente?</p><p>Sim.</p><p>Questão submetida a julgamento:</p><p>Possibilidade de, em fase de Cumprimento de Sentença, o segurado</p><p>do Regime Geral de Previdência Social receber parcelas pretéritas de</p><p>aposentadoria concedida judicialmente até a data inicial de</p><p>aposentadoria concedida administrativamente pelo INSS enquanto</p><p>pendente a mesma ação judicial, com implantação administrativa</p><p>definitiva dessa última por ser mais vantajosa, sob o enfoque do artigo</p><p>18, § 2º, da Lei 8.213/1991.</p><p>Tese Firmada:</p><p>O Segurado tem direito de opção pelo benefício mais vantajoso</p><p>concedido administrativamente, no curso de ação judicial em que se</p><p>reconheceu benefício menos vantajoso. Em cumprimento de sentença,</p><p>o segurado possui o direito à manutenção do benefício previdenciário</p><p>concedido administrativamente no curso da ação judicial e,</p><p>concomitantemente, à execução das parcelas do benefício</p><p>reconhecido na via judicial, limitadas à data de implantação daquele</p><p>conferido na via administrativa.</p><p>(STJ, tema repetitivo 1018, julg.08/06/2022, relator Herman Benjamin.)</p><p>1.6 – Os pedidos feitos por advogado devem ser amplos, abrangentes, desde</p><p>que minimamente viáveis. Se não há certeza absoluta sobre se o segurado tem</p><p>incapacidade temporária ou definitiva, convém fazer pedido de aposentadoria</p><p>por incapacidade, por exemplo, e subsidiariamente, de benefício por</p><p>incapacidade temporária (auxílio-doença).</p><p>Nos casos de petições iniciais pedindo benefícios por incapacidade, fiquemos</p><p>atentos à nova redação do artigo 129-A da Lei 8.213:</p><p>Art. 129-A. Os litígios e as medidas cautelares relativos aos benefícios</p><p>por incapacidade de que trata esta Lei, inclusive os relativos a</p><p>acidentes do trabalho, observarão o seguinte: (Incluído pela Lei nº</p><p>14.331, de 2022)</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14331.htm#art3</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2022/Lei/L14331.htm#art3</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>I – quando o fundamento da ação for a discussão de ato praticado pela</p><p>perícia médica federal, a petição inicial deverá conter, em</p><p>complemento aos requisitos previstos no art. 319 da Lei nº 13.105,</p><p>de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil):</p><p>a) descrição clara da doença e das limitações que ela impõe;</p><p>b) indicação da atividade para a qual o autor alega estar</p><p>incapacitado;</p><p>c) possíveis inconsistências da avaliação médico-pericial</p><p>discutida; e</p><p>d) declaração quanto à existência de ação judicial anterior com o</p><p>objeto de que trata este artigo, esclarecendo os motivos pelos</p><p>quais se entende não haver litispendência ou coisa julgada,</p><p>quando for o caso;</p><p>II – para atendimento do disposto no art. 320 da Lei nº 13.105, de 16</p><p>de março de 2015 (Código de Processo Civil), a petição inicial,</p><p>qualquer que seja o rito ou procedimento adotado, deverá ser instruída</p><p>pelo autor com os seguintes documentos:</p><p>a) comprovante de indeferimento do benefício ou de sua não</p><p>prorrogação, quando for o caso, pela administração pública;</p><p>b) comprovante da ocorrência do acidente de qualquer natureza ou do</p><p>acidente do trabalho, sempre que houver um acidente apontado como</p><p>causa da incapacidade;</p><p>c) documentação médica de que dispuser relativa à doença alegada</p><p>como a causa da incapacidade discutida na via administrativa.</p><p>§ 1º Determinada pelo juízo a realização de exame médico-pericial por</p><p>perito do juízo, este deverá, no caso de divergência com as conclusões</p><p>do laudo administrativo, indicar em seu laudo de forma fundamentada</p><p>as razões técnicas e científicas que amparam o dissenso,</p><p>especialmente no que se refere à comprovação da incapacidade, sua</p><p>data de início e a sua correlação com a atividade laboral do</p><p>periciando.</p><p>§ 2º Quando a conclusão do exame médico pericial realizado por perito</p><p>designado pelo juízo mantiver o resultado da decisão proferida pela</p><p>perícia realizada na via administrativa, poderá o juízo, após a oitiva da</p><p>parte autora, julgar improcedente o pedido.</p><p>§ 3º Se a controvérsia versar sobre outros pontos além do que exige</p><p>exame médico-pericial, observado o disposto no § 1º deste artigo, o</p><p>juízo dará seguimento ao processo, com a citação do réu.</p><p>O § 2º contraria entendimento consolidado de possibilidade de realização de</p><p>segunda perícia em casos específicos. Há casos em que a perícia médica judicial</p><p>é rasa, o Perito se nega a abordar questões que julgamos importantes, que</p><p>poderão dar elementos determinantes ao julgador. Mesmo assim, a lei prevê</p><p>tendência de improcedência do pedido quando o laudo pericial oficial é no</p><p>mesmo sentido da perícia administrativa. Lembremos do caso, já trazido, do</p><p>jovem que era conhecido na cidade do interior por ter problemas psiquiátricos,</p><p>que ia para os pastos esperar discos voadores e que a perícia médica considerou</p><p>apto ao trabalho. A perícia médica não pode ser prova única.</p><p>1.7 – Recomenda-se fazer pedido de prioridade na tramitação, com base no art.</p><p>1.048 do NCPC, já que muitos autores de ações previdenciárias são idosos ou</p><p>têm doenças graves.</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>O NCPC estabeleceu que os processos deverão ser sentenciados em ordem</p><p>cronológica, e que a pauta deverá ser publicada pelo Juízo:</p><p>Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem</p><p>cronológica de conclusão para proferir sentença ou</p><p>acórdão. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de</p><p>2016) (Vigência)</p><p>§ 1o A lista de processos aptos a julgamento deverá estar</p><p>permanentemente à disposição para consulta pública em cartório e na</p><p>rede mundial de computadores.</p><p>§ 2o Estão excluídos da regra do caput:</p><p>I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou</p><p>de improcedência liminar do pedido;</p><p>II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica</p><p>firmada em julgamento de casos repetitivos;</p><p>III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução</p><p>de demandas repetitivas;</p><p>IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932;</p><p>V - o julgamento de embargos de declaração;</p><p>VI - o julgamento de agravo interno;</p><p>VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho</p><p>Nacional de Justiça;</p><p>VIII - os processos</p><p>criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham</p><p>competência penal;</p><p>IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por</p><p>decisão fundamentada.</p><p>§ 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem</p><p>cronológica das conclusões entre as preferências legais.</p><p>O próprio CPC determina que se houver preferência legal (ex: idosos) não se</p><p>aplica a ordem cronológica, bem como na causa que exija urgência no</p><p>julgamento. Portanto, em caso de cliente com problemas graves de saúde, por</p><p>exemplo, mediante comprovação, deve-se pedir que o feito não aguarde a ordem</p><p>cronológica.</p><p>1.8 – O pedido de justiça gratuita, se for o caso, deve ser feito na inicial, se já</p><p>estiverem presentes os requisitos. Mas pode também ser feito em outros</p><p>momentos (art. 99).</p><p>A história demonstra que, infelizmente, quando há abuso de algum direito por</p><p>alguns, a consequência é que seja esse direito subtraído de todos. Pessoas com</p><p>condição de pagar as custas devem fazê-lo, para evitar que juízes tomem</p><p>medidas drásticas, como passar a exigir comprovação de hipossuficiência de</p><p>todos os segurados, até mesmo dos mais miseráveis.</p><p>Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com</p><p>insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/Lei/L13256.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/Lei/L13256.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/Lei/L13256.htm#art4</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art485</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art932</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da</p><p>justiça, na forma da lei.</p><p>§ 1o A gratuidade da justiça compreende:</p><p>I - as taxas ou as custas judiciais;</p><p>II - os selos postais;</p><p>III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se</p><p>a publicação em outros meios;</p><p>IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada,</p><p>receberá do empregador salário integral, como se em serviço</p><p>estivesse;</p><p>V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA</p><p>e de outros exames considerados essenciais;</p><p>VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do</p><p>intérprete ou do tradutor nomeado para apresentação de versão em</p><p>português de documento redigido em língua estrangeira;</p><p>VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida</p><p>para instauração da execução;</p><p>VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para</p><p>propositura de ação e para a prática de outros atos processuais</p><p>inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório;</p><p>IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em</p><p>decorrência da prática de registro, averbação ou qualquer outro ato</p><p>notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à continuidade</p><p>de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedido.</p><p>§ 2o A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do</p><p>beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários</p><p>advocatícios decorrentes de sua sucumbência.</p><p>§ 3o Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua</p><p>sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e</p><p>somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes</p><p>ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor</p><p>demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de</p><p>recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,</p><p>passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.</p><p>§ 4o A concessão de gratuidade não afasta o dever de o beneficiário</p><p>pagar, ao final, as multas processuais que lhe sejam impostas.</p><p>§ 5o A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos</p><p>os atos processuais, ou consistir na redução percentual de despesas</p><p>processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do</p><p>procedimento.</p><p>Ou seja, a justiça gratuita pode ser parcial.</p><p>§ 6o Conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao parcelamento</p><p>de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso</p><p>do procedimento.</p><p>Pode haver somente permissão para parcelamento das custas.</p><p>§ 7o Aplica-se o disposto no art. 95, §§ 3o a 5o, ao custeio dos</p><p>emolumentos previstos no § 1o, inciso IX, do presente artigo,</p><p>observada a tabela e as condições da lei estadual ou distrital</p><p>respectiva.</p><p>§ 8o Na hipótese do § 1o, inciso IX, havendo dúvida fundada quanto ao</p><p>preenchimento atual dos pressupostos para a concessão de</p><p>gratuidade, o notário ou registrador, após praticar o ato, pode requerer,</p><p>ao juízo competente para decidir questões notariais ou registrais, a</p><p>revogação total ou parcial do benefício ou a sua substituição pelo</p><p>parcelamento de que trata o § 6o deste artigo, caso em que o</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art95§3</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>beneficiário será citado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se sobre</p><p>esse requerimento.</p><p>Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na</p><p>petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no</p><p>processo ou em recurso.</p><p>§ 1o Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o</p><p>pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio</p><p>processo, e não suspenderá seu curso.</p><p>§ 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos</p><p>elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a</p><p>concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,</p><p>determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos</p><p>pressupostos.</p><p>§ 3o Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida</p><p>exclusivamente por pessoa natural.</p><p>§ 4o A assistência do requerente por advogado particular não</p><p>impede a concessão de gratuidade da justiça.</p><p>§ 5o Na hipótese do § 4o, o recurso que verse exclusivamente sobre</p><p>valor de honorários de sucumbência fixados em favor do advogado de</p><p>beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado</p><p>demonstrar que tem direito à gratuidade.</p><p>§ 6o O direito à gratuidade da justiça é pessoal, não se estendendo a</p><p>litisconsorte ou a sucessor do beneficiário, salvo requerimento e</p><p>deferimento expressos.</p><p>§ 7o Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o</p><p>recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo,</p><p>incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se</p><p>indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento.</p><p>Petição inicial que versa sobre trabalho rural:</p><p>Enunciado nº 186 FONAJEF</p><p>É requisito de admissibilidade da petição inicial a indicação precisa dos</p><p>períodos e locais de efetivo exercício de atividade rural que se pretende</p><p>reconhecer, sob pena de indeferimento.</p><p>TUTELA PROVISÓRIA.</p><p>Trata-se de tutela jurisdicional não definitiva, fundada em cognição sumária,</p><p>não fundada em certeza, mas sim em probabilidade (Câmara, 2015, p. 157).</p><p>Uma vez deferida, tem eficácia durante toda a pendência da ação, mas pode</p><p>ser revogada ou modificada, se surgirem novos fatos ao longo do trâmite</p><p>processual:</p><p>Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do</p><p>processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada.</p><p>Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória</p><p>conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo.</p><p>A decisão que trata de tutela provisória deve ser substancialmente</p><p>fundamentada:</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>Art. 298. Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a</p><p>tutela provisória, o juiz motivará seu convencimento de modo claro e</p><p>preciso.</p><p>O juiz poderá determinar as medidas necessárias para que a decisão seja</p><p>cumprida. Ex. multa diária.</p><p>Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar</p><p>adequadas para efetivação da tutela provisória.</p><p>Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas</p><p>referentes ao cumprimento</p><p>provisório da sentença, no que couber.</p><p>A tutela provisória pode ser de evidência ou de urgência.</p><p>Tutela de urgência:</p><p>DA TUTELA PROVISÓRIA</p><p>TÍTULO I</p><p>DISPOSIÇÕES GERAIS</p><p>Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou</p><p>evidência.</p><p>Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou</p><p>antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental.</p><p>Tutela de urgência pode ser:</p><p>1- tutela de urgência cautelar – tutela provisória urgente destinada a</p><p>assegurar o futuro resultado útil do processo, no caso em que há situação de</p><p>perigo que ponha em risco sua efetividade. Não é tutela satisfativa, pois visa</p><p>somente assegurar o resultado útil de outro processo. Ex: devedor dilapidando</p><p>patrimônio. Pode-se requerer a apreensão de bens que bastem para assegurar</p><p>a futura execução.</p><p>2- tutela de urgência antecipada (satisfativa) – tutela provisória urgente</p><p>que permite a imediata realização prática do direito alegado para as situações</p><p>em que há perigo iminente para o próprio direito substancial (perigo de</p><p>morosidade). Ex. alimentos provisórios. Segurado “no limbo”, que é considerado</p><p>apto ao trabalho pelo INSS e inapto pelo serviço médico do empregador.</p><p>Para a tutela antecipada de urgência satisfativa, a medida não pode ser</p><p>irreversível (requisito negativo):</p><p>§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida</p><p>quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.</p><p>Exemplo de medida irreversível: tutela antecipada para demolição de um prédio</p><p>de 20 andares. Para destruição de um documento. Pode-se, por exemplo, em</p><p>vez de destruir, determinar a interdição de acesso ao edifício ou a guarda do</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>documento em cartório. Essas últimas medidas não são irreversíveis, em</p><p>princípio.</p><p>A regra do § 3º não é absoluta.</p><p>Enunciado 419 do FPPC-Fórum permanente de</p><p>processualistas civis:</p><p>Não é absoluta a regra que proíbe tutela provisória com</p><p>efeitos irreversíveis.</p><p>Alimentos pagos são irrepetíveis. Cirurgia realizada não pode ser desfeita (mas</p><p>pode-se condenar o paciente a indenizar pelo respectivo valor). Medicamento</p><p>solicitado e consumido não pode ser devolvido. Nesses casos há</p><p>irreversibilidade recíproca: se juiz deferir há efeitos irreversíveis. Mas se ele</p><p>indeferir também há. Nesses casos pode haver a concessão.</p><p>No juízo previdenciário, não há irreversibilidade, atualmente, pois,</p><p>lamentavelmente, a jurisprudência tem acatado, e a MP 871 previu, a</p><p>possibilidade de restituição de parcelas de benefício obtidas por tutela provisória.</p><p>Isso pode ser um incentivo a que juízes defiram tutelas provisórias no juízo</p><p>previdenciário. Afinal, se a decisão for reformada, basta o segurado restituir.</p><p>A tutela de urgência cautelar é fundada, no novo CPC, no poder cautelar geral</p><p>do juiz, sem a previsão de medidas cautelares específicas, como acontecia no</p><p>CPC 1973:</p><p>Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada</p><p>mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto</p><p>contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para</p><p>asseguração do direito.</p><p>Significa dizer que, na tutela de urgência cautelar, pode ser requerida e deferida</p><p>qualquer medida apta a assegurar a efetividade do processo.</p><p>A tutela de urgência pode ser requerida:</p><p>- Em caráter antecedente</p><p>- Em caráter incidental.</p><p>Art. 294.</p><p>Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou</p><p>antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental.</p><p>O requerimento incidental é feito na petição inicial, na contestação ou em</p><p>qualquer outra petição.</p><p>Já o pedido de tutela de urgência antecedente é feito antes da demanda</p><p>principal.</p><p>Quais são os requisitos para uma e outra tutela de urgência (cautelar e</p><p>antecipada)?</p><p>Os mesmos requisitos:</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver</p><p>elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de</p><p>dano ou o risco ao resultado útil do processo.</p><p>Fumus boni juris – probabilidade de existência do direito.</p><p>Periculum in mora – perigo da demora.</p><p>§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o</p><p>caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos</p><p>que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada</p><p>se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.</p><p>Juiz pode exigir caução de contracautela: § 1º. O objetivo é proteger a parte</p><p>contrária contra o risco de que venha a sofrer danos indevidos (periculum in mora</p><p>inverso: perigo de que o réu sofra prejuízo em razão da demora do processo e</p><p>caso tenha sido deferida tutela provisória). Para evitar isso o juiz poderá exigir</p><p>caução. Em demandas contra o INSS isso não ocorrerá, em nosso</p><p>entendimento, pois o pagamento de um benefício não causará dano relevante</p><p>ao INSS.</p><p>A tutela de urgência pode ser deferida:</p><p>- antes da oitiva da parte contrária (inaudita altera parte);</p><p>- liminarmente</p><p>- após audiência de justificação.</p><p>§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após</p><p>justificação prévia.</p><p>Trata-se de exceção às regras dos arts. 9º e 10º:</p><p>Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela</p><p>seja previamente ouvida.</p><p>Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:</p><p>I - à tutela provisória de urgência;</p><p>II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II</p><p>e III;</p><p>III - à decisão prevista no art. 701.</p><p>Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base</p><p>em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes</p><p>oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a</p><p>qual deva decidir de ofício.</p><p>Tutela de urgência satisfativa requerida em caráter antecedente:</p><p>DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM</p><p>CARÁTER ANTECEDENTE</p><p>Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à</p><p>propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento</p><p>da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a</p><p>exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano</p><p>ou do risco ao resultado útil do processo.</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>O 303 destina-se aos casos de extrema urgência. Exemplo: alguém passando</p><p>mal durante final de semana é levado às pressas ao hospital e a operadora do</p><p>plano de saúde não autoriza a cirurgia. Não se exige uma petição inicial completa</p><p>para o deferimento da tutela de urgência satisfativa. O juiz plantonista poderá</p><p>conhecer de uma petição “incompleta”, mas suficiente à exposição da tutela de</p><p>urgência satisfativa.</p><p>Para diferenciar a utilização dessa técnica de uma simples petição inicial mal</p><p>feita, o parágrafo 5º exige que o requerente afirme que está se valendo da</p><p>técnica do caput do 303.</p><p>§ 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste</p><p>artigo:</p><p>I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de</p><p>sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação</p><p>do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior</p><p>que o juiz fixar;</p><p>II - o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de</p><p>mediação na forma do art. 334;</p><p>III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação será</p><p>contado na forma do art. 335.</p><p>§ 2o Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste</p><p>artigo, o processo será extinto sem resolução do mérito.</p><p>Não sendo feito o aditamento, o processo será extinto.</p><p>§ 3o O aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo dar-se-</p><p>á nos mesmos autos, sem incidência de novas custas processuais.</p><p>§ 4o Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o autor terá</p><p>de indicar o valor da causa, que deve levar em consideração o pedido</p><p>de tutela final.</p><p>§ 5o O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende valer-se do</p><p>benefício previsto no caput deste artigo.</p><p>§ 6o Caso entenda que não há elementos para a concessão de</p><p>tutela</p><p>antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda da petição</p><p>inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o processo</p><p>ser extinto sem resolução de mérito.</p><p>Estabilização da tutela de urgência satisfativa antecedente:</p><p>Como informa o § 6º abaixo, a concessão de tutela de urgência satisfativa em</p><p>caráter antecedente não faz coisa julgada, pois foi proferida com base em</p><p>cognição sumária, mas é estabilizada, ou seja, tem efeitos para o futuro, se dela</p><p>não houver recurso. Se não há coisa julgada, não cabe ação rescisória em caso</p><p>de tutela de urgência estabilizada (Enunciado 33, FPPC). Neste caso, o processo</p><p>será extinto, sem resolução do mérito.</p><p>Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-</p><p>se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo</p><p>recurso.</p><p>§ 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto.</p><p>Recurso, aqui, refere-se a agravo de instrumento para processos que tramitam</p><p>em primeira instância, e agravo interno, para processos de competência</p><p>originária de tribunais. São esses os meios de se evitar a estabilização da tutela</p><p>antecipada de urgência antecedente (CÂMARA, p. 165).</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>Enunciado 32 FPPC:</p><p>Além da hipótese prevista no art. 304, é possível a estabilização</p><p>expressamente negociada da tutela antecipada de urgência</p><p>antecedente.</p><p>Ocorre que, em julgamento ocorrido em dez/2018, o STJ deu ao artigo 304 e §</p><p>1º interpretação mais ampla, para entender que não apenas recurso afasta a</p><p>estabilização da tutela antecipada, mas também a apresentação de contestação:</p><p>3.2. É de se observar, porém, que, embora o caput do art. 304 do</p><p>CPC/2015 determine que "a tutela antecipada, concedida nos termos</p><p>do art. 303, torna-se estável se da decisão que a conceder não for</p><p>interposto o respectivo recurso", a leitura que deve ser feita do</p><p>dispositivo legal, tomando como base uma interpretação sistemática e</p><p>teleológica do instituto, é que a estabilização somente ocorrerá se não</p><p>houver qualquer tipo de impugnação pela parte contrária, sob pena</p><p>de se estimular a interposição de agravos de instrumento,</p><p>sobrecarregando desnecessariamente os Tribunais, além do</p><p>ajuizamento da ação autônoma, prevista no art. 304, § 2º, do</p><p>CPC/2015, a fim de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada</p><p>estabilizada.</p><p>4. Na hipótese dos autos, conquanto não tenha havido a</p><p>interposição de agravo de instrumento contra a decisão que</p><p>deferiu o pedido de antecipação dos efeitos da tutela requerida</p><p>em caráter antecedente, na forma do art. 303 do CPC/2015, a ré</p><p>se antecipou e apresentou contestação, na qual pleiteou,</p><p>inclusive, a revogação da tutela provisória concedida, sob o</p><p>argumento de ser impossível o seu cumprimento, razão pela qual</p><p>não há que se falar em estabilização da tutela antecipada, devendo,</p><p>por isso, o feito prosseguir normalmente até a prolação da sentença.</p><p>(STJ, REsp 1760866, relator Min. Marco Aurélio Bellizze, terceira</p><p>turma, julg. 4/12/2018.)</p><p>Deferida a tutela de urgência antecedente, o prazo para o autor emendar a inicial</p><p>é de 15 dias ou maior (art. 303, § 1º, I), sob pena de extinção do processo sem</p><p>julgamento do mérito (art. 303, § 2º). Já o prazo para o réu agravar é também de</p><p>15 dias, mas começará a correr posteriormente.</p><p>Logo, se o autor não emendar a inicial nos 15 dias, não deve o feito ser extinto</p><p>imediatamente, para que se aguarde o prazo de recurso do réu:</p><p>- se o autor não emendou a inicial e o réu agravou, deverá ser revogada a tutela</p><p>antecipada, que não se estabilizou; o agravo será declarado prejudicado.</p><p>- se o autor não emendou a inicial e o réu não agravou, a tutela foi suficiente ao</p><p>autor. A tutela de urgência satisfativa antecedente se estabilizará.</p><p>- se o autor emendar a inicial e o réu recorrer, não haverá estabilização da tutela</p><p>antecedente. O processo terá seu normal seguimento.</p><p>- se o autor emendar a inicial e o réu não recorrer, deve o juiz advertir o autor de</p><p>que poderá ocorrer a estabilização da tutela de urgência. Isso permitirá que o</p><p>autor desista da ação e ficará estabilizada a tutela antecipada de urgência</p><p>antecedente, se isso bastar ao autor. Mas pode ser que o autor deseje uma</p><p>decisão fundada em cognição exauriente, não se cogitando de estabilização da</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>tutela, caso em que deverá emendar a inicial e prosseguir com o feito. (CÂMARA,</p><p>p. 165/166).</p><p>Não tendo havido agravo (nem contestação), como se faz para afastar os efeitos</p><p>da decisão?</p><p>Qualquer das partes pode acionar a outra, em até dois anos, perante o mesmo</p><p>juízo que concedeu a tutela antecipada de urgência.</p><p>§ 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de</p><p>rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos</p><p>do caput.</p><p>§ 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista,</p><p>reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na ação de</p><p>que trata o § 2o.</p><p>§ 4o Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos</p><p>autos em que foi concedida a medida, para instruir a petição inicial da</p><p>ação a que se refere o § 2o, prevento o juízo em que a tutela antecipada</p><p>foi concedida.</p><p>§ 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada,</p><p>previsto no § 2o deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos, contados</p><p>da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos do § 1o.</p><p>§ 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a</p><p>estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que</p><p>a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das</p><p>partes, nos termos do § 2o deste artigo.</p><p>Tutela de urgência cautelar requerida em caráter antecedente:</p><p>Destinada aos casos em que haja necessidade de postular medida cautelar</p><p>antes do ajuizamento da demanda de tutela final. Ex: devedor de dívida ainda</p><p>não vencida está dilapidando patrimônio. Pode-se mover medida cautelar (de</p><p>apreensão de bens, por exemplo), em caráter antecedente. (CÂMARA, 2015, p.</p><p>167).</p><p>DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM</p><p>CARÁTER ANTECEDENTE</p><p>Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela</p><p>cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a</p><p>exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de</p><p>dano ou o risco ao resultado útil do processo.</p><p>Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere</p><p>o caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art.</p><p>303.</p><p>Deve-se demonstrar fumus boni juris e periculum in mora na inicial.</p><p>Se o juiz entender que o pedido não tem natureza cautelar, mas sim satisfativa,</p><p>ele, ouvido o autor (art. 10), aplicará o regime do art. 303 (convertibilidade).</p><p>Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar</p><p>o pedido e indicar as provas que pretende produzir.</p><p>Art. 307. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor</p><p>presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz</p><p>decidirá dentro de 5 (cinco) dias.</p><p>Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á o</p><p>procedimento comum.</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser</p><p>formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será</p><p>apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela</p><p>cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas</p><p>processuais.</p><p>§ 1o O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o</p><p>pedido de tutela cautelar.</p><p>Ou seja, a medida cautelar é requerida separadamente (308, caput) ou</p><p>juntamente com todo o conteúdo da inicial (308, § 1º). Se a medida cautelar foi</p><p>requerida separadamente, o autor tem 30 dias, da efetivação da cautelar</p><p>deferida, para formular o pedido principal nos mesmos autos.</p><p>§ 2o A causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação</p><p>do pedido principal.</p><p>Ou seja, o autor pode acrescentar fundamentos, por exemplo.</p><p>§ 3o Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a</p><p>audiência de conciliação ou de mediação, na forma do art. 334, por</p><p>seus advogados ou pessoalmente, sem necessidade de nova citação</p><p>do réu.</p><p>§ 4o Não havendo autocomposição, o prazo para contestação será</p><p>contado na forma do art. 335.</p><p>Art. 309. Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente,</p><p>se:</p><p>I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal;</p><p>II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;</p><p>A demora do Judiciário não pode prejudicar o autor. Essa previsão, do inciso II,</p><p>refere-se à obrigação do autor de providenciar os atos a ele cabíveis para a</p><p>efetivação da tutela cautelar (ex: pagamento de guia de custas).</p><p>III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor</p><p>ou extinguir o processo sem resolução de mérito.</p><p>Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela</p><p>cautelar, é vedado à parte renovar o pedido, salvo sob novo</p><p>fundamento.</p><p>Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte</p><p>formule o pedido principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o</p><p>motivo do indeferimento for o reconhecimento de decadência ou de</p><p>prescrição.</p><p>Atos processuais de urgência podem ser praticados durante as férias forenses?</p><p>Art. 214. Durante as férias forenses e nos feriados, não se praticarão</p><p>atos processuais, excetuando-se:</p><p>I - os atos previstos no art. 212, § 2o;</p><p>II - a tutela de urgência.</p><p>TUTELA DE EVIDÊNCIA:</p><p>Art. 311. Tem natureza satisfativa, mas não exige urgência. Tem a finalidade de</p><p>somente antecipar o resultado prático do processo, nos casos de alta</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art212%C2%A72</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>probabilidade de êxito ao final. Como a probabilidade é muito alta, não há sentido</p><p>em se aguardar anos para obter aquela satisfação de direito.</p><p>A tutela de evidência distribui de forma diversa o ônus do tempo do processo.</p><p>(CÂMARA, p. 172). Se o autor muito provavelmente tem razão, ele não deverá</p><p>aguardar por anos o bem da vida requerido no processo.</p><p>Será sempre requerida em caráter incidental (na petição inicial ou outra no curso</p><p>do processo).</p><p>DA TUTELA DA EVIDÊNCIA</p><p>Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da</p><p>demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do</p><p>processo, quando:</p><p>I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto</p><p>propósito protelatório da parte;</p><p>Enunciado 47 – I Jornada Direito Processual Civil – CJF:</p><p>A probabilidade do direito constitui requisito para concessão da tutela</p><p>da evidência fundada em abuso do direito de defesa ou em manifesto</p><p>propósito protelatório da parte contrária.</p><p>Ex: réu apresenta defesa que não é séria. Defesa com base em lei julgada</p><p>inconstitucional. Defesa da Administração contrária a súmula administrativa do</p><p>próprio ente. (CÂMARA, p. 169).</p><p>Isso pode ocorrer na seara previdenciária, quando, por exemplo, tiver havido erro</p><p>grosseiro no Processo Administrativo, comprovado documentalmente, causando</p><p>indeferimento de benefício administrativamente. Há ação judicial e o INSS se</p><p>defende com base na presunção de legitimidade dos atos administrativos.</p><p>II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas</p><p>documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos</p><p>repetitivos ou em súmula vinculante;</p><p>Essa previsão não deveria ter sido tão limitadora. Isso tem sido flexibilizado:</p><p>Enunciado ENFAM- Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento</p><p>de Magistrados</p><p>30) É possível a concessão da tutela de evidência prevista no art. 311,</p><p>II, do CPC/2015 quando a pretensão autoral estiver de acordo com</p><p>orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle</p><p>abstrato de constitucionalidade ou com tese prevista em súmula dos</p><p>tribunais, independentemente de caráter vinculante.</p><p>31) A concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, II, do</p><p>CPC/2015 independe do trânsito em julgado da decisão paradigma.</p><p>Enunciado 48 – I Jornada Direito Processual Civil – CJF:</p><p>É admissível a tutela provisória da evidência, prevista no art. 311, II, do</p><p>CPC, também em casos de tese firmada em repercussão geral ou em</p><p>súmulas dos tribunais superiores.</p><p>Ex: Servidor público trabalha em condições especiais, o que é reconhecido pela</p><p>administração em processo administrativo de concessão de aposentadoria</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>especial, que foi indeferida por ausência de norma regulamentando o direito.</p><p>Aplica-se a Súmula vinculante 331.</p><p>Ex2: Trabalhador exposto a ruído de 85db nos anos de 2004 e 2005, atestado</p><p>em PPP, tem direito, reconhecido em recurso repetitivo, à contagem do tempo</p><p>como especial:</p><p>2. O limite de tolerância para configuração da especialidade do tempo</p><p>de serviço para o agente ruído deve ser de 90 dB no período de</p><p>6.3.1997 a 18.11.2003, conforme Anexo IV do Decreto 2.172/1997 e</p><p>Anexo IV do Decreto 3.048/1999, sendo impossível aplicação</p><p>retroativa do Decreto 4.882/2003, que reduziu o patamar para 85 dB,</p><p>sob pena de ofensa ao art. 6º da LINDB (ex-LICC). Precedentes do</p><p>STJ.</p><p>(STJ, recurso repetitivo 1.398.260, Herman Benjamin.)</p><p>Ex.3: trabalhador exposto a eletricidade após a vigência do Decreto 2.172/1997.</p><p>O STJ decidiu favoravelmente aos segurados em sede de recurso repetitivo –</p><p>tema 534.</p><p>NCPC:</p><p>III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental</p><p>adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a</p><p>ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;</p><p>Contrato de depósito: pessoa celebrou contrato escrito de depósito, mas foi-lhe</p><p>negada a restituição da coisa.</p><p>Enunciado ENFAM- Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento</p><p>de Magistrados</p><p>29 - Para a concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, III,</p><p>do CPC/2015, o pedido reipersecutório deve ser fundado em prova</p><p>documental do contrato de depósito e também da mora.</p><p>IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos</p><p>fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova</p><p>capaz de gerar dúvida razoável.</p><p>Essa, provavelmente, será a hipótese mais utilizada. Nessa hipótese, há prova</p><p>documental forte e a defesa não trouxe elementos que a afastem.</p><p>Ex: pedido de benefício da LOAS para pessoa com deficiência gravíssima,</p><p>perceptível mesmo sem perícia, que vive acamada, instruída por fotos e laudos</p><p>médicos diversos. Na defesa, o INSS reconhece o preenchimento do requisito</p><p>de renda mas afirma que não está comprovada a deficiência, que exige perícia.</p><p>Na hipótese do inciso IV, não se exige súmula ou recurso repetitivo.</p><p>Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir</p><p>liminarmente.</p><p>1Súmula vinculante 33:</p><p>Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da previdência social</p><p>sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição Federal, até</p><p>a edição de lei complementar específica.</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>Ou seja, nos casos dos incisos I e IV, o juiz somente poderá constatar a</p><p>existência das previsões legais após a apresentação de defesa. Ou seja, a tutela</p><p>de evidência, a depender do caso, poderá ser deferida inaudita altera parte, ou</p><p>após a contestação, ou mesmo, em tese, em outro momento processual.</p><p>2 - JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS X JUSTIÇA FEDERAL.</p><p>Lei 10.259/2001</p><p>Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar</p><p>e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de</p><p>sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças.</p><p>§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as</p><p>causas:</p><p>I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as</p><p>ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e</p><p>demarcação, populares, execuções fiscais e por improbidade</p><p>administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos,</p><p>coletivos</p><p>ou individuais homogêneos;</p><p>II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas</p><p>federais;</p><p>III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal,</p><p>salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal;</p><p>IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão</p><p>imposta a servidores públicos civis ou de sanções disciplinares</p><p>aplicadas a militares.</p><p>§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins</p><p>de competência do Juizado Especial, a soma de doze parcelas não</p><p>poderá exceder o valor referido no art. 3o, caput.</p><p>§ 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua</p><p>competência é absoluta.</p><p>Art. 4o O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir</p><p>medidas cautelares no curso do processo, para evitar dano de difícil</p><p>reparação.</p><p>A competência dos JEF’s:</p><p>- Não inclui as execuções fiscais. Art. 3º, § 1º, I.</p><p>- Não inclui mandados de segurança</p><p>- Teto: 60 salários mínimos. Art. 3º</p><p>- Competência absoluta. Art. 3º, § 3º.</p><p>- Exequente pode renunciar ao valor excedente. Art. 17, § 4º.</p><p>- não há prazo diferenciado. Art. 9º. Ver art. 229 do NCPC.</p><p>- partes podem nomear procurador, advogado ou não. Mas na fase</p><p>recursal o advogado é indispensável. Art. 10 lei 10.259. Ver 133 CF.</p><p>Enunciado FONAJEF 83:</p><p>O art. 10 caput, da lei 10.259/2001 não autoriza a representação das partes</p><p>por não-advogados de forma habitual e com fins econômicos.</p><p>- Não há reexame necessário. Art. 13.</p><p>O Juiz de Direito de Juizado Estadual não pode aplicar o rito da Lei 10.259:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art109ii</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art109iii</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art109xi</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>Lei 10259</p><p>Art. 20. Onde não houver Vara Federal, a causa poderá ser proposta</p><p>no Juizado Especial Federal mais próximo do foro definido no art. 4o da</p><p>Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, vedada a aplicação desta</p><p>Lei no juízo estadual.</p><p>PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA ORIGINÁRIO.</p><p>ATO JUDICIAL. APLICAÇÃO DO RITO ESPECIAL</p><p>DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. COMPETÊNCIA</p><p>DELEGADA. IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AO ART. 20 DA LEI</p><p>10.259/2001. SEGURANÇA CONCEDIDA. 1. A segurança foi</p><p>impetrada contra decisão judicial, proferida pelo Juízo de Direito da</p><p>Vara Única da Comarca de Boca do Acre/AM que, no exercício da</p><p>competência delegada, em autos de ação ordinária previdenciária,</p><p>determinou que sua tramitação se desse sob rito aplicável</p><p>aos Juizados Especiais. 2. A liminar foi deferida para tornar sem efeito</p><p>a decisão objurgada, determinando-se que o Juízo de origem observe</p><p>o rito ordinário na tramitação da ação ordinária previdenciária sob sua</p><p>responsabilidade, em razão da competência federal delegada. 3. A</p><p>jurisprudência desta Corte está firmada em conformidade com</p><p>precedentes do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que "1.</p><p>Em razão do próprio regramento constitucional e</p><p>infraconstitucional, não há competência federal delegada no</p><p>âmbito dos Juizados Especiais Estaduais, nem o</p><p>Juízo Estadual, investido de competência federal delegada</p><p>(artigo 109, parágrafo 3º, da Constituição Federal), pode aplicar,</p><p>em matéria previdenciária, o rito de competência</p><p>do Juizado Especial Federal, diante da vedação expressa contida no</p><p>artigo 20 da Lei nº 10.259/2001. 2. Recurso especial provido. (RESP</p><p>200400681478; RESP - RECURSO ESPECIAL - 661482; Relator(a)</p><p>NILSON NAVES; STJ; Órgão julgador SEXTA TURMA; Fonte DJE</p><p>DATA:30/03/2009; RSTJ VOL.:00214 PG:00491; Data da Decisão</p><p>05/02/2009; Data da Publicação 30/03/2009)". 4. Custas ex lege.</p><p>Honorários incabíveis. 5. Segurança concedida, para tornar sem efeito</p><p>a decisão que determinou o rito do Juizado Especial no processo n.</p><p>0001184-64.2013.8.04.3100, que deverá, consequentemente,</p><p>prosseguir no rito ordinário.</p><p>(TRF1, mandado de seg. 0066417-13.2013.4.01.0000, relator Des.</p><p>Fed. Jamil Rosa de Jesus Oliveira, primeira seção, julg. 21/11/2017.)</p><p>Ou seja, caso seja proposta ação previdenciária contra o INSS no Juízo Estadual</p><p>por força do art. 109, § 3º da CR, não poderá tramitar perante o Juizado Especial</p><p>Estadual. Deverá tramitar perante a vara estadual comum.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9099.htm#art4</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9099.htm#art4</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>COMPETÊNCIA DOS JEF’S PELO VALOR DA CAUSA.</p><p>A competência de 60 salários-mínimos é definida pelo valor da causa, que deve</p><p>ter até esse valor.</p><p>Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar</p><p>e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de</p><p>sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças.</p><p>§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins</p><p>de competência do Juizado Especial, a soma de doze parcelas não</p><p>poderá exceder o valor referido no art. 3o, caput.</p><p>§ 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua</p><p>competência é absoluta.</p><p>Para demonstrar o atendimento da exigência do valor da causa, juízes exigem a</p><p>apresentação de cálculo, na inicial, demonstrando o valor da causa. Para definir</p><p>o valor da causa, no caso de ações previdenciárias, que em geral pedirão a</p><p>concessão de parcela futura (vincenda), devem-se somar todas as parcelas</p><p>atrasadas com 12 parcelas vincendas. Para isso, é necessário calcular o valor</p><p>do benefício antes do ajuizamento da ação.</p><p>Para estabelecimento do valor da causa devem ser somadas as</p><p>parcelas vencidas com 12 vincendas.</p><p>(STJ, CC 46.732, DJU 14.3.2005)</p><p>Enunciado 48 FONAJEF</p><p>Havendo prestação vencida, o conceito de valor da causa para fins de</p><p>competência do Juizado Especial Federal é estabelecido pelo art. 260</p><p>do CPC. (Refere-se ao CPC de 1973. Atual artigo 292, § 1º do NCPC.)</p><p>Art. 292 NCPC.</p><p>§ 1o Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-</p><p>se-á o valor de umas e outras.</p><p>Qual é o salário-mínimo considerado para fixação do valor da causa de até 60</p><p>salários-mínimos?</p><p>Enunciado nº. 15</p><p>Na aferição do valor da causa, deve-se levar em conta o valor do</p><p>salário mínimo em vigor na data da propositura de ação.</p><p>Se, na data do ajuizamento da ação, a soma das parcelas vencidas com as 12</p><p>vincendas ultrapassar 60 salários-mínimos, há duas possibilidades:</p><p>- renunciar ao excedente aos 60SM na data do ajuizamento e mover a ação no</p><p>JEF. Isso não quer dizer que as parcelas vincendas não poderão ser recebidas</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>nessa ação. Essa renúncia ocorrerá em relação aos atrasados, ou seja, parcelas</p><p>vencidas no momento do ajuizamento da ação.</p><p>- mover a ação na vara federal comum.</p><p>Enunciado nº. 17</p><p>Não cabe renúncia sobre parcelas vincendas para fins de fixação de</p><p>competência nos Juizados Especiais Federais.</p><p>Logo, pode haver condenação do INSS, no JEF, ao pagamento de valor superior</p><p>a 60SM. Esse valor será alcançado graças às parcelas vincendas, ou seja,</p><p>aquelas que forem vencendo no curso da ação. Sobre essas não é necessária</p><p>renúncia.</p><p>A competência dos JEF’s em relação às causas com valor inferior a 60 salários-</p><p>mínimos é absoluta. Ou seja, não se pode escolher mover ação na vara comum</p><p>ou no JEF. É obrigatória a propositura perante o JEF. No entanto, muitas vezes</p><p>há limitações probatórias nos JEF’s, como será verificado adiante.</p><p>Caso haja litisconsórcio ativo em JEF, o valor da causa não é a simples soma de</p><p>todos os valores pedidos, de todos os autores. Deve ser calculado dividindo-se</p><p>o montante total pelo número de autores (REsp 1.257.935):</p><p>PROCESSUAL CIVIL. VALOR DA CAUSA. COMPETÊNCIA</p><p>ABSOLUTA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL (ART. 3º, CAPUT, E</p><p>§ 3º DA LEI 10.259/2001). LITISCONSÓRCIO ATIVO. VALOR</p><p>INDIVIDUAL DE CADA LITISCONSORTE. 1. O STJ orienta-se no</p><p>sentido de que, na hipótese de litisconsórcio ativo, o valor da</p><p>causa para fins de fixação da competência é calculado a partir</p><p>da</p><p>divisão do montante total pelo número de litisconsortes, sendo</p><p>desnecessário verificar se a soma ultrapassa o valor de sessenta</p><p>salários mínimos, previsto no art. 3º, caput e § 3º, da Lei</p><p>10.259/2001. 2. Incide, in casu, o princípio estabelecido na Súmula</p><p>83/STJ: "Não se conhece do Recurso Especial pela divergência,</p><p>quando a orientação do Tribunal se firmou no mesmo sentido da</p><p>decisão recorrida." 3. Recurso Especial não provido. (REsp</p><p>1607245/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,</p><p>julgado em 06/12/2016, DJe 19/12/2016)</p><p>Ou seja: o importante é o valor individual, obtido por média (valor total dividido</p><p>pelo número de litisconsortes) e não a soma dos valores de todos os autores.</p><p>Tese do STJ:</p><p>2) Em se tratando de litisconsórcio ativo facultativo, para que se fixe a</p><p>competência dos juizados especiais, deve ser considerado o valor da</p><p>causa individualmente por autor, não importando se a soma ultrapassa</p><p>o valor de alçada. (Edição 89 da Jurisprudência em teses do STJ.)</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>Do mesmo modo, havendo litisconsórcio, quando do pagamento, a fim de se</p><p>verificar se haverá expedição de precatório ou RPV, será considerado o valor</p><p>devido a cada litisconsorte:</p><p>Art. 7º Os ofícios precatórios serão elaborados individualmente, por</p><p>beneficiário.</p><p>§ 1º Não se observará o disposto no caput deste artigo em caso de</p><p>penhora, honorário contratual ou cessão parcial de crédito, hipóteses</p><p>em que os correspondentes valores deverão ser somados ao do</p><p>beneficiário originário.</p><p>§ 2º Havendo pluralidade de exequentes, a definição da</p><p>modalidade de requisição considerará o valor devido a cada</p><p>litisconsorte, e a elaboração e apresentação do precatório</p><p>deverão observar:</p><p>I – a preferência conferida ao crédito do beneficiário principal,</p><p>decorrente do reconhecimento da condição de doente grave, idoso ou</p><p>de pessoa com deficiência, nesta ordem; e</p><p>II – não se tratando da hipótese do inciso I do § 2o deste artigo, a ordem</p><p>crescente do valor a requisitar e, em caso de empate, a idade do</p><p>beneficiário.</p><p>(Resolução Nº 303 de 18/12/2019, do CNJ).</p><p>PERÍCIA NOS JEF’S.</p><p>Art. 12. Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação ou ao</p><p>julgamento da causa, o Juiz nomeará pessoa habilitada, que</p><p>apresentará o laudo até cinco dias antes da audiência,</p><p>independentemente de intimação das partes.</p><p>Enunciado 91 FONAJEF.</p><p>Os Juizados Especiais Federais são incompetentes para julgar causas</p><p>que demandem perícias complexas ou onerosas que não se</p><p>enquadrem no conceito de exame técnico (art. 12 da lei n.</p><p>10.259/2001).</p><p>Para obtenção de aposentadoria especial, pode-se impugnar o conteúdo de PPP</p><p>de segurado de várias formas, dentre elas:</p><p>- propositura de ação trabalhista contra a empregadora para retificar o PPP.</p><p>Depois será feito pedido administrativo com o PPP corrigido.</p><p>- propositura de ação previdenciária contra o INSS para comprovar a incorreção</p><p>do PPP e já obter o benefício.</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>Ocorre que há casos nos quais o segurado ainda está trabalhando para o mesmo</p><p>empregador. Nessas situações, não há viabilidade em mover ação trabalhista,</p><p>pois provavelmente redundará na demissão do funcionário.</p><p>Em casos de ação para concessão de aposentadoria especial contra o INSS,</p><p>pode ser necessária perícia do local de trabalho para demonstrar o equívoco do</p><p>PPP (perícia para medir calor, ruído, exposição a agentes, efetividade de EPI’s</p><p>etc). Tais perícias têm sido indeferidas pelos juízes dos JEF’s, em sua grande</p><p>maioria.</p><p>Então, se numa determinada ação previdenciária o valor da causa é inferior a</p><p>60SM, a ação deverá ser proposta no JEF. Se o advogado mover a ação perante</p><p>a Vara comum, porque há necessidade de perícia complexa, inviável no Juizado,</p><p>o juiz da vara, poderá pretende remeter o feito ao JEF. No entanto, se nessa</p><p>ação for necessária perícia diversa da perícia médica, os Juízes de JEF’s não</p><p>têm permitido. O advogado fica em impasse.</p><p>Algumas possíveis soluções para isso são:</p><p>- postergação do ajuizamento de ação para acumulação de atrasados, para que</p><p>o valor da causa supere 60 salários-mínimos e propositura da ação perante a</p><p>vara federal comum.</p><p>- cumular a ação com outros pedidos com conteúdo econômico:</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO</p><p>CUMULADO COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS CUJO</p><p>VALOR SUPERA 60 (SESSENTA) SALÁRIOS-MÍNIMOS.</p><p>INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL.</p><p>DECISÃO REFORMADA.</p><p>1. A competência dos juizados especiais federais é absoluta para</p><p>toda demanda cujo valor da causa não ultrapasse 60 (sessenta)</p><p>salários mínimos, a teor do artigo 3º da Lei n. 10.259/01.</p><p>2. Havendo cumulação de pedidos, o valor da causa será a quantia</p><p>correspondente à soma dos valores de todos eles, sendo a</p><p>competência determinada no momento em que a ação é proposta,</p><p>portanto, irrelevantes as modificações do estado de fato ou de</p><p>direito que posteriormente vierem a ocorrer, salvo quando</p><p>suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão</p><p>da matéria ou da hierarquia, não sendo essa a hipótese dos autos.</p><p>3. Tratando-se de demanda em que se busca</p><p>benefício previdenciário cumulado com o pagamento de</p><p>indenização, a título de danos morais, o valor da causa deve</p><p>corresponder ao montante postulado, que servirá para fins de</p><p>definição da competência do Juizado Especial Federal. Na</p><p>hipótese dos autos, o valor atribuído à causa, correspondente ao</p><p>benefício previdenciário pleiteado com a indenização por danos</p><p>morais, supera o limite de 60 (sessenta) salários-mínimos, o que</p><p>enseja a competência do Juízo da Vara Federal.</p><p>4. Agravo de instrumento provido</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>(TRF1, Numeração Única: AG 0014386-74.2017.4.01.0000 / MT,</p><p>relator Des. Fed. Carlos Augusto Pires Brandão, pub.</p><p>14/09/2017 e-DJF1.)</p><p>Sentença nos Juizados Federais: por aplicação do art. 38, par. único da Lei</p><p>9.099/95, aplicável aos JEFs subsidiariamente, as sentenças devem ser líquidas.</p><p>Por isso, antes das sentenças, é praxe que os Juízes Federais enviem os</p><p>processos à Contadoria Judicial para elaboração de cálculos.</p><p>No entanto, há certas flexibilizações quanto à obrigatoriedade da liquidez:</p><p>Enunciado 32 FONAJEF:</p><p>A decisão que contenha os parâmetros de liquidação atende ao</p><p>disposto no art. 38, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95.</p><p>3 - AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO</p><p>A audiência de instrução e julgamento no juízo previdenciário pode ser útil em</p><p>diversas situações, como, por exemplo:</p><p>- para prova de trabalho como empregado ou como contribuinte individual.</p><p>A Súmula 242 do STJ prevê a possibilidade de ação declaratória para fins</p><p>previdenciários. Além dela, pode haver também ação condenatória contra o</p><p>INSS para reconhecer tempo e, na mesma ação, conceder benefício. Nesses</p><p>casos, ocorrerá a prova dos requisitos da relação de emprego perante o Juízo</p><p>previdenciário.</p><p>Também se houver tempo de trabalho como contribuinte individual, não</p><p>reconhecido administrativamente pelo INSS, pode haver ação no juízo</p><p>previdenciário para reconhecer tal período e a prova testemunhal será útil.</p><p>- para provar união estável. Nos casos de pensão por morte de</p><p>companheiro(a), por exemplo, até a MP 871 era consolidado que somente a</p><p>prova documental bastava. Mas, se isso não ocorrer, deverá haver prova</p><p>testemunhal para corroborar prova material e provar a união estável de falecido</p><p>segurado com o solicitante da pensão. O juízo federal é competente para</p><p>reconhecer a união estável para fins de pensão por morte, ou seja, não se trata</p><p>de competência exclusiva de vara de família.</p><p>- para provar condições de ambiente de trabalho, para fins de consideração</p><p>de tempo especial. É possível que tenha ocorrido tempo especial em</p><p>empregadora que atualmente já encerrou suas atividades. Ou tempo especial</p><p>Prof. Carlos Brandão</p><p>em empresa que fecha e abre outra do mesmo ramo no mesmo local, ou em</p><p>local diverso, no mesmo ramo de atividade. Nesses casos,</p>