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Economia cafeeira e imigração de mão-de-obra

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Economia cafeeira 
com trabalho livre
Ao fi nal desta aula, você deverá ser capaz de:
Identifi car a importância da utilização dos 
imigrantes como alternativa de mão-de-obra 
na lavoura do café.
Diferenciar o sistema de parceria do sistema 
de colonato.
Reconhecer as limitações do sistema 
de parceria.
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jet
ivo
s
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Meta da aula 
Descrever o início da utilização de mão-de-obra livre na 
lavoura cafeeira do Brasil no fi nal do século XIX.
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Formação Econômica do Brasil | Economia cafeeira com trabalho livre
INTRODUÇÃO A segunda metade do século XIX marcou o assentamento defi nitivo do café 
como principal produto de exportação do Brasil. As condições precárias do 
uso da terra caracterizaram a produção no Vale do Paraíba, causando rápida 
destruição do solo da região. Porém, o principal obstáculo para a continuidade 
do processo produtivo estava na mão-de-obra.
A tentativa de intensifi car a transferência interna de escravos, base do trabalho 
no Vale do Paraíba, se fazia cada vez mais difícil. A grande dispersão dos 
escravos era decorrente da própria estrutura sociopolítica brasileira, ou seja, 
de uma estrutura na qual não havia integração entre as várias regiões do país. 
Esta falta de integração acontecia tanto em aspectos físicos (difi culdade de 
trânsito entre as regiões) quanto sociais e políticos, tornando o recrutamento 
dos escravos uma tarefa bastante complicada. A utilização desse tipo de mão-
de-obra disponível nas áreas urbanas, por outro lado, encontrava obstáculos 
na reduzida capacidade de adaptação dos escravos aos métodos e à disciplina 
exigidos pela lavoura agrícola. Essas difi culdades poderiam reduzir de maneira 
signifi cativa sua expectativa de vida útil.
A utilização da mão-de-obra imigrante foi a solução adotada por alguns 
fazendeiros do oeste paulista como forma alternativa de superar o problema 
da mão-de-obra. 
A imigração anterior ao processo de independência havia sido realizada sem 
qualquer objetivo econômico, basicamente associada à ocupação de áreas 
importantes para a demarcação de fronteiras. 
A lavoura paulista do café inaugurou a inserção do imigrante na monocultura 
de exportação, permitindo a continuidade do forte ritmo de crescimento da 
cafeicultura no Brasil e importantes desdobramentos econômicos no decorrer 
do século XIX. É o que você verá a seguir.
O CAFÉ NO OESTE PAULISTA
Alguns fatores importantes contribuíram para o deslanche da 
produção de café no oeste paulista, com destaque para:
(a) a existência de solos de melhor qualidade que os do Vale 
do Paraíba e a possibilidade de utilização de técnicas mais 
modernas e adequadas para o plantio e o BENEFICIAMENTO 
DO CAFÉ; 
(b) o início de uma época em que as restrições ao uso da 
mão-de-obra escrava estavam cada vez mais evidentes, 
permitindo uma percepção mais clara do problema 
BE N E F I C I A M E N T O 
D O C A F É
Processo em que 
o café é colhido, 
seco, armazenado 
e embalado para 
negociação.
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 associado à inevitável escassez de escravos – e da 
necessidade de uma alternativa. Alguns eventos (veja na 
Atividade 1) prenunciavam a Abolição da Escravatura;
(c) a coincidência de sua expansão com um forte crescimento 
dos investimentos britânicos na América Latina, em 
particular na construção de ferrovias. Esses investimentos 
permitiram uma sensível redução dos custos de transporte 
dos produtos para exportação (veja na Tabela 5.1 a 
enorme expansão da malha ferroviária no Brasil a partir 
da segunda metade do século XIX);
(d) o aumento da população dos Estados Unidos, provo-
cado pela grande imigração que houve para esse país. 
Os norte-americanos passaram a importar muito, 
incrementando signifi cativamente o mercado para as 
exportações brasileiras. Os Estados Unidos chegaram 
a ser responsáveis por cerca de 60% das compras 
internacionais do café brasileiro;
(e) a garantia, por parte do empreendimento cafeeiro 
concentrado nessa região, das condições básicas para o 
nascimento de uma nova classe, assentada em relações de 
produção tipicamente capitalistas e capazes de organizar 
com maior desembaraço seus interesses políticos e 
econômicos, cujo papel consolidou-se na República 
Velha, como você verá na próxima aula.
Abolição da Escravatura 
Em 1888, foi abolida a escravidão no Brasil. As 
conseqüências econômicas deste ato logo se fi zeram sentir 
na economia e na política nacional. No texto a seguir, você terá mais 
detalhes sobre o tema.
“Dois conceitos históricos são entendidos por abolição da escravatura: o conjunto de 
manobras sociais e políticas empreendidas entre o período de 1870 a 1888 em prol da 
libertação dos escravos e a própria promulgação da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel 
em 13 de maio de 1888, promovendo a ofi cialização da abolição do regime escravista.
(...) a mão-de-obra proveniente das novas correntes imigratórias passou a ser empregada. 
Os negros, por um lado libertos, não possuíam instrução educacional ou a especialização 
profi ssional que passou a ser exigida, decorrendo desses aspectos a permanência dos 
negros à margem da sociedade frente à falta de oportunidades a eles oferecidas. 
A liberdade dada aos negros anteriormente escravizados é relativa: embora 
não mais escravizados, nenhuma estrutura que garantisse a ascensão 
social ou a cidadania dos negros foi oferecida.”
Fonte: http://www.historiaonline.pro.br/
historia/abolicao.htm 
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Formação Econômica do Brasil | Economia cafeeira com trabalho livre
Observe na Tabela 5.2 o fl uxo de imigrantes para o Brasil e de 
onde estes vieram. Naquela época (fi nal do século XIX e início do século 
XX), os italianos emigraram em enorme quantidade para o Brasil. 
Tabela 5.1: Expansão da malha ferroviária no Brasil
Anos Ferrovias (em km)
1864 475
1867 601
1870 1.000
1875 1.801
1883 4.865
1887 8.846
1888 9.200
1889 9.583
Fonte: Barbeiro, H. (1978, p. 127).
Não à toa, há inúmeras novelas de televisão que se 
remetem a este período da história, no qual as perso-
nagens principais são italianos imigrantes. Terra Nostra 
e Esperança, produzidas e exibidas pela Rede Globo em 
1999 e 2002, respectivamente, são exemplos disso.
Nacionalidade/períodos 1884-1893 1894-1903 1904-1913 1914-1923 1924-1933
Alemães 22.778 6.698 33.859 29.339 61.723
Espanhóis 113.116 102.142 224.672 94.779 52.405
Italianos 510.533 537.784 196.521 86.320 70.177
Japoneses - - 11.868 20.398 110.191
Portugueses 170.621 155.542 384.672 201.252 233.650
Sírios e turcos 96 7.124 45.803 20.400 20.400
Outros 66.524 42.820 109.222 51.493 164.586
Total 883.668 852.110 1.006.617 503.981 717.223
Fonte: IBGE (2000).
Tabela 5.2: Vinda de imigrantes para o Brasil por nacionalidade e períodos selecionados
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Tabela 1
Escravidão e imigração no Brasil
Analise os dois fragmentos a seguir:
1. Alguns eventos muito anteriores 
a 13 de maio de 1888 evidenciavam 
que a escravidão seria abolida. 
Em 1810, dom João VI promete à 
Inglaterra acabar com o comércio 
de escravos. Anos depois, em 1850, 
o tráfi co de negros para o Brasil é 
extinto pela Lei Eusébio de Queiroz. 
Em 1871, é promulgada a Lei do 
Ventre Livre (que alforriava todos 
os filhos de escravos nascidos a 
partir daí) e, em 1885, a Lei dos 
Sexagenários (que libertava todos 
os escravos com mais de sessenta 
anos).
 
2. A partir da segunda metade do século 
XIX, a economia brasileira começou a 
experimentar umperíodo de prosperidade 
e de diversifi cação de atividades. Alguns 
produtos agrícolas ganharam espaço no 
mercado internacional e a indústria começou, 
aos poucos, a se desenvolver. No entanto, 
é na exportação do café – agricultura de 
latifúndio – que o Brasil calçou os alicerces 
da base econômica do país. Inicialmente no 
Vale do Paraíba e, depois, no oeste paulista, 
o café se propagou. O solo de terra roxa, 
mais propício para o cultivo, fez com que o 
oeste paulista superasse em pouco tempo 
a produção das áreas tradicionais do Vale 
do Paraíba. O aumento da malha ferroviária 
facilitou o processo de transporte da 
produção. Além disso, na década de 1860, 
o porto de Santos torna-se o primeiro centro 
portuário de exportação do país. O café só 
mostrava desenvolvimento nessa época!
De acordo com estes dois fragmentos, o que você pode concluir sobre as razões que 
motivaram a política brasileira de estímulo à imigração? Aborde em sua resposta:
a. as condições favoráveis ao processo (proporcionadas pelo governo);
b. a necessidade que seria sanada pela vinda dos estrangeiros;
c. o porquê da existência desta necessidade.
_______________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Resposta Comentada
Contexto: No Brasil do século XIX, pressionado pelo poderio do governo inglês, 
a escravatura se tornou uma situação insustentável. O mundo precisava a cada dia 
mais de novos mercados consumidores, em decorrência do sucesso da Revolução 
Industrial. A mão-de-obra assalariada, nesse contexto, se tornava muito 
mais interessante do que a escrava. 
Atividade 1
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Formação Econômica do Brasil | Economia cafeeira com trabalho livre
A produção do café no oeste paulista apresentou duas formas bem 
marcadas de utilização da mão-de-obra imigrante. Primeiro aconteceu 
o sistema de parceria, marcando o chamado oeste velho paulista, 
momento inicial de inserção dos imigrantes. A segunda forma, o sistema 
de colonato, no oeste novo paulista, inaugurou a formação das bases 
de relações capitalistas de produção, de acordo com a interpretação de 
importantes autores na historiografi a brasileira.
Você deve ter escrito em sua resposta que havia muitos indícios para o 
fi nal da escravidão e, ao mesmo tempo, “pistas” de que haveria uma crise 
econômica gerada pela falta de mão-de-obra para o trabalho nas lavouras. 
O café, base da economia brasileira a partir da segunda metade do século 
XIX, mostrava franca expansão em decorrência da qualidade do solo de terra 
roxa para o plantio deste grão. 
A Europa, passava nesse período por uma série de crises que amedrontavam 
a população de seus países. Foi neste contexto que o Brasil começou não só a 
acolher, mas a estimular a vinda de estrangeiros para nossas terras, para que 
eles trabalhassem como empregados dos grandes latifúndios cafeeiros. 
Isso aumentou ainda mais a produção cafeeira, que tinha à sua disposição formas 
efi cientes de escoamento: a malha ferroviária, que permitia maior acesso a zonas 
portuárias, principalmente a santista.
Figura 5.1: O café, produto de exportação em que se baseava a economia brasileira 
a partir da segunda metade do século XIX até início do século XX.
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 O OESTE VELHO PAULISTA: O SISTEMA DE PARCERIA
O ano de 1845 marca a primeira experiência de utilização da 
mão-de-obra de imigrantes na monocultura exportadora do café, na 
fazenda Ibicaba, do SENADOR NICOLAU VERGUEIRO, sob a forma de parceria. 
A princípio, o Senador Vergueiro exaltava as qualidades físicas e técnicas 
dos imigrantes como um fator-chave para sua “importação” da Europa, 
em um momento de crescentes difi culdades para a compra e utilização 
de escravos.
O sistema consistia de uma proposta divulgada na Europa por 
agentes contratados por Vergueiro visando contratar trabalhadores 
dispostos ao serviço na lavoura, recebendo em troca lotes de pés de 
café adultos – preparados, portanto, para a produção. Metade do valor 
da colheita (cotas de pagamento) seria dos imigrantes, logicamente 
após a dedução dos custos de transporte, impostos e comissões – daí a 
defi nição de parceria. Ao trabalhador caberia ainda a exploração de lotes 
de subsistência – e, se houvesse excedentes, seriam também repartidos 
com o proprietário. Apesar do conceito de parceria, todo o processo de 
comercialização e contabilidade fi cava a cargo do proprietário.
No entanto, o que acontecia era uma situação completamente 
distinta daquela apregoada pelos agentes de Vergueiro no recrutamento 
dos imigrantes na Europa. Começava pelas péssimas condições do traslado. 
Muitos imigrantes morreram antes de chegar ao Brasil, devido à falta de 
higiene, que proporcionava o desenvolvimento de uma série de doenças. 
Ao chegar, a primeira novidade para os “colonos” (como o 
Senador denominava esses imigrantes) era a obrigação de pagamento 
de todo o custo de seu transporte, além do pagamento de juros de 6% ao 
ano pelo adiantamento oferecido para a manutenção dos trabalhadores 
durante o primeiro ano de sua chegada. Os imigrantes eram obrigados, 
por contrato, a permanecer pelo menos quatro anos na fazenda. Além 
disso, a família imigrante era a responsável legal por cada um de seus 
membros, de maneira que, se algum morresse, os outros deveriam arcar 
com o pagamento de sua dívida.
Apesar dessas condições extremamente desfavoráveis, incluindo 
as mortes e doenças decorrentes dos maus-tratos e da longa e contínua 
jornada de trabalho, as safras foram abundantes e os termos do contrato 
estavam sendo cumpridos. Ademais, como nem todos os imigrantes 
SE N A D O R 
NI C O L A U 
VE R G U E I RO 
(1778-1859)
Nasceu em Portugal 
e veio para o Brasil 
com 25 anos, época 
em que começou 
a trabalhar como 
advogado. Tornou-se 
político e latifundiário 
alguns anos depois, 
dono de uma empresa 
chamada “Vergueiro 
e Cia”. Esta empresa 
fi rmava contratos 
com estrangeiros para 
que eles viessem para 
o Brasil trabalhar 
na lavoura. Os 
imigrantes eram 
convencidos de que 
teriam terra para 
cultivar produtos 
que lhes retornariam 
subsistência e lucro. 
O senador Vergueiro 
foi o principal 
personagem do 
sistema de parceria, 
que executava na sua 
fazenda (Ibicaba), em 
SE N A D O R 
NI C O L A U 
VE R G U E I RO 
(1778-1859)
Nasceu em Portugal 
e veio para o Brasil 
com 25 anos, época 
em que começou 
a trabalhar como 
advogado. Tornou-se 
político e latifundiário 
alguns anos depois, 
dono de uma empresa 
chamada “Vergueiro 
e Cia.”. Essa empresa 
fi rmava contratos com 
estrangeiros para que 
eles viessem para o 
Brasil trabalhar na 
lavoura. Os imigrantes 
eram convencidos de 
que teriam terra para 
cultivar produtos 
que lhes retornariam 
subsistência e lucro. 
O Senador Vergueiro 
foi o principal 
personagem do 
sistema de parceria, 
realizado na sua 
fazenda (Ibicaba), em 
Limeira, SP.
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Formação Econômica do Brasil | Economia cafeeira com trabalho livre
estavam integrados ao sistema agrícola em seus países de origem (não 
havia uma seleção prévia naEuropa pelos agentes de Vergueiro), a solução 
vislumbrada foi a importação desse tipo de mão-de-obra em maior escala 
– considerando sua baixa produtividade média. Outros fazendeiros 
vizinhos começaram a se interessar pelo método, principalmente com 
a proibição do tráfi co, ratifi cada em 1850 – e Vergueiro atuava como 
agente desses novos empreendedores.
Não é difícil perceber, portanto, que esse sistema não apresentava 
condições de sobrevivência em longo prazo. As raízes do fi m estavam 
fi ncadas nas próprias bases do processo.
A atividade a seguir o auxiliará a perceber como o sistema de 
parceria, inicialmente criado para solucionar a enorme demanda de mão-
de-obra que se apresentava como um fator limitante para a expansão do 
café, mostrava características insustentáveis desde o seu início.
 Imigrantes
Aqueles que estão bem na Itália, como vocês meus fi lhos, não devem deixá-la, 
digo-lhes isto como pai (...). Não acreditem naqueles que falam bem da América (...).
É preferível estar numa prisão na Itália do que numa fazenda aqui.
Zuleika Alvim, Brava Gente
De acordo com o que você leu até agora nesta aula, liste três razões que contribuíram 
para o fracasso do sistema de parceria:
_______________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
Resposta Comentada
Você pode ter mencionado em sua resposta que as péssimas condições de 
transporte foram um fator de descontentamento para os imigrantes. Além deste, 
os estrangeiros não encontraram, por ocasião de sua chegada, nada do que lhes 
havia sido prometido: não havia terras para que eles cultivassem seu próprio café, 
e sim muito trabalho na lavoura do fazendeiro. Estes imigrantes nunca alcançariam 
suas expectativas, pois deviam enormes somas em dinheiro ao proprietário da 
fazenda, devido aos altos custos da viagem. Some-se a isso o fato de que os 
imigrantes precisavam fazer compras no armazém da fazenda, onde os produtos 
tinham preços a sabor da vontade do latifundiário, as dívidas só aumentavam 
e o trabalho passava a ser um regime de semi-escravidão, como você verá 
a seguir nesta aula.
Atividade 2
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 SISTEMA DE PARCERIA: A ESCRAVIDÃO DISFARÇADA E 
SEUS LIMITES
O grande problema do sistema de parceria dizia respeito à 
relação fazendeiros/colonos, que era na verdade uma continuação das 
condições de escravidão nas bases do trabalho e do nível de vida. Não 
houve uma mudança ideológica por parte dos fazendeiros no que se 
refere ao trabalho: consideravam e tratavam os imigrantes realmente 
como escravos. Para isso, utilizavam má-fé nos contratos, já altamente 
desvantajosos para os imigrantes, de maneira que a insatisfação tornava-se
crescente tanto para os colonos quanto para os fazendeiros.
Da parte dos colonos, a insatisfação era óbvia. Do sonho de uma vida 
melhor, com novas perspectivas de realizações, idéia fartamente divulgada 
na Europa no momento de seu recrutamento, passavam a uma realidade 
absolutamente distinta. As cláusulas contratuais, em realidade, prendiam os 
imigrantes à fazenda eternamente, sob rigoroso controle e supervisão dos 
fazendeiros – como era a função dos capatazes para os escravos africanos. 
Diversos direitos do colono, mesmo previstos em contrato, eram suprimidos 
sem qualquer pudor. Como exemplo, sair da fazenda e receber visitas 
eram atividades proibidas. A moradia dos imigrantes era, em geral, uma 
“adaptação” das antigas instalações das senzalas.
Os fazendeiros impunham ainda rigorosas punições aos colonos, sob 
a argumentação de vadiagem, embriaguez e outras situações semelhantes. 
Tudo isso apoiado em uma situação de endividamento eterno dos imigrantes 
junto aos patrões fazendeiros – à custa de manipulação desonesta dos livros 
de contabilidade da fazenda, práticas de subfaturamento da produção e 
até aumento indiscriminado da dívida registrada.
Pelo lado dos fazendeiros, havia uma insatisfação cultural e 
ideológica. Acostumados com o trabalho escravo, que lhes caracterizava 
uma propriedade, não toleravam o aparecimento de questões trabalhistas, 
que causavam deserções e greves organizadas por camadas de imigrantes 
mais esclarecidos, em particular os italianos. Somava-se a isso o início da 
queda de receita de exportação, determinada, sobretudo, pelo substancial 
aumento da produção no Brasil – maior exportador mundial do produto. 
Para os fazendeiros, os colonos representavam a ralé da população dos 
países de origem, gente desordeira e pouco afeita ao trabalho – como os 
escravos, mas agora disfarçados na pele branca. Tratava-se, portanto, 
de uma situação insustentável.
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Formação Econômica do Brasil | Economia cafeeira com trabalho livre
O OESTE NOVO PAULISTA E O SISTEMA DE COLONATO
Apesar dos conflitos internos do sistema de parceria e da 
impossibilidade de continuação daquele processo de recrutamento da 
mão-de-obra imigrante, a “falta de braços” para a expansão da lavoura 
agrícola cafeeira persistia. O problema residia no fato de que a imagem 
do Brasil como um possível espaço para a realização de homens pobres 
europeus vinha sendo desfeita a passos largos. A divulgação na Europa 
dos maus-tratos conferidos aos imigrantes em São Paulo repercutia de 
maneira bastante negativa. Um caso famoso ocorreu com um imigrante 
suíço, Thomas Davatz, que em 1856 liderou uma revolta contra a 
escravidão por dívida do sistema de parceria na fazenda do Senador 
Vergueiro. A publicação de seu livro de memórias em 1858, na Suíça, 
teve efeitos devastadores para a vinda de imigrantes.
Ao mesmo tempo, a empresa cafeeira ascendente começava a dar 
mais corpo político aos fazendeiros (os barões do café), cuja participação 
no processo de decisões tornava-se cada vez mais decisiva. A capacidade 
de vislumbrar com clareza o problema da escassez de mão-de-obra em 
um ambiente hostil para a imigração exigiu a defi nição de novas formas 
de atração dos estrangeiros.
No entorno de 1870, o colonato aparecia como o novo formato 
encontrado para garantir os fl uxos de imigração para a cafeicultura, 
trazendo mudanças signifi cativas em relação ao sistema de parceria. 
O preço de um produto 
é baseado na relação entre disponi-
bilidade e procura deste produto (lei da oferta e 
demanda). Se há muita procura de um determinado produto 
escasso, este normalmente se torna mais caro. Ao contrário, se um 
produto está disponível em grandes quantidades, em geral seu preço 
cai, pois há mais mercadoria à venda do que consumidores para ela. 
Houve um momento da história da comercialização do café como base 
da economia brasileira (como você verá mais à frente) em que isso 
aconteceu. A efi ciência na produção e a difi culdade de venda do 
produto fi zeram com que enormes quantidades de café 
tivessem que ser incineradas, na tentativa de manter 
o preço da mercadoria em alta. 
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Sistema de colonato: favorecendo a imigração no Brasil
Leia os trechos a seguir:
(...) Os gastos com transporte e as demais despesas não 
constituíam dívida da família imigrante e o sistema de 
remuneração era misto. Além disso, as famílias podiam 
produzir parte dos gêneros de subsistência que consumiam 
e vender o excedente em mercados próximos.
(...) tanto os custos com o transporte do imigrante da Europa 
para o Brasil como as despesas com a fi xação e a sobrevivência 
das famílias nas fazendas corriam por contado fazendeiro e 
constituíam uma dívida dos imigrantes.
Trechos retirados do artigo de Roberson de Oliveira – Folha de 
S. Paulo on-line – Educação.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u9385.shtml
Além da criação de uma forma de pagamento direto ao colono, pelo 
menos em parte do total que era devido pelo seu trabalho na lavoura, o 
fazendeiro foi obrigado a arcar com despesas de viagens e do primeiro 
ano de trabalho. Também era concedida ao imigrante uma fatia de terra 
para o plantio de artigos para subsistência.
Um passo fundamental para a dinamização do sistema de 
colonato foi a utilização do governo da província de São Paulo para 
custear o transporte para o Brasil, além da instalação dos estrangeiros. O 
governo paulista participava diretamente na contratação de imigrantes, 
principalmente através da Sociedade Promotora de Imigração, em 1886, 
por iniciativa de ANTÔNIO DE QUEIROZ TELLES, o conde de Parnaíba. Nesse 
período, o contingente mais importante da imigração era de italianos 
(cerca de 510.000, entre 1884 e 1893), vindos principalmente devido 
ao violento processo de unifi cação da Itália.
Foram gastas pelo governo, a título de subsídios para a vinda 
destes imigrantes, aproximadamente 1.600.000 libras esterlinas. Os 
resultados foram altamente satisfatórios. No último quartel do século 
XIX, algo em torno de 800 mil imigrantes entraram no Brasil para a 
produção de café, garantindo defi nitivamente as condições básicas do 
crescimento de sua produção.
A atividade a seguir vai auxiliá-lo a diferenciar o sistema de 
colonato do sistema de parceria.
AN T Ô N I O D E 
QU E I RO Z TE L L E S 
(1831-1888)
Bacharel em direito e 
cafeicultor. Presidiu 
a Província de São 
Paulo, onde teve 
especial importância 
na época do sistema 
de colonato. Ficou 
conhecido também 
como Apóstolo 
da Imigração 
Italiana. Trabalhou 
arduamente para a 
implantação de uma 
ferrovia que ligasse 
Jundiaí – grande 
pólo de produção de 
café da época – ao 
Porto de Santos. 
AN T Ô N I O D E 
QU E I RO Z TE L L E S 
(1831-1888)
Bacharel em Direito 
e cafeicultor. Presidiu 
a província de São 
Paulo, onde teve 
especial importância 
na época do sistema 
de colonato. Ficou 
conhecido também 
como Apóstolo 
da Imigração 
Italiana. Trabalhou 
arduamente para a 
implantação de uma 
ferrovia que ligasse 
Jundiaí – grande 
pólo de produção de 
café da época – ao 
porto de Santos. 
Atividade 3
SI S T E M A D E 
RE M U N E R A Ç Ã O 
M I S T O
Era aquele no 
qual os imigrantes 
recebiam uma parte 
do pagamento 
sobre participação 
na venda do café 
e outra parte em 
salário fi xo anual.
2
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96 C E D E R J
Formação Econômica do Brasil | Economia cafeeira com trabalho livre
CONCLUSÃO
O problema mais importante para a continuidade da cultura 
cafeeira voltada para a exportação era, certamente, a escassez de 
mão-de-obra – como você viu na aula passada, esse foi um dos 
elementos fundamentais para a decadência do café no Vale do Paraíba. 
A possibilidade de substituição do escravo pelo imigrante, vislumbrada 
por fazendeiros do oeste paulista, foi o fator mais importante para a 
liderança de São Paulo nas exportações de café ao fi nal do século XIX. 
Essa substituição só foi viável de fato com a implementação do sistema 
de colonato. Percebe a importância deste sistema para a cultura do café 
no Brasil daquela época?
O colonato permitiu uma forte aceleração na vinda de imigrantes para o Brasil. 
Quais foram as duas principais diferenças em relação ao sistema de parceria que 
contribuíram para isso?
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____________________________________________________________________________
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Resposta Comentada 
Ao contrário do sistema de parceria, o colonato não impunha condições de vida 
tão degradantes aos imigrantes para a atividade produtiva. O fi nanciamento 
de sua vinda pelo Estado e a possibilidade de manter aceso o sonho de 
progredir em uma terra nova favoreceram fortemente o aumento do fl uxo de 
imigrantes para o país. 
No sistema de parceria, o imigrante arcava com todos os custos da viagem e 
estadia, acumulando uma dívida praticamente impagável, e sofria com condições 
de vida extremamente precárias, o que determinou um fi m muito rápido para 
sua utilização. 
No colonato, com a participação do Estado no fi nanciamento do fl uxo migratório, 
aliada a um processo mais geral de imigração européia para o resto do mundo, a 
imigração encontrou condições bem mais favoráveis para deslanchar. 
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A
U
LA
 
5
 
A atividade fi nal é um pouco diferente das atividades que você realizou até então 
na disciplina Formação Econômica do Brasil. Você não precisará de papel e nem de 
caneta para executá-la, mas tenha em mente sua relevância: fazê-lo reconhecer a 
importância da entrada dos imigrantes como mão-de-obra para a lavoura, o que foi 
nossa meta para esta aula. Gaste com esta atividade, ao menos, dois minutos. Pare e 
pense antes de passar à leitura do comentário!
Propomos que, neste momento, você refl ita sobre o que teria acontecido à economia 
nacional daquela época se não tivesse ocorrido a entrada de um enorme contingente 
de imigrantes para trabalhar na lavoura de café. Mais ainda, propomos que você 
pense em que conseqüências poderíamos vivenciar atualmente se o café não tivesse 
sustentado nosso país durante mais de meio século. 
Lembre-se de pensar em como se sustentou a economia do país durante todo o período 
de colônia e também no início da fase independente. Pense, ainda, na política brasileira 
do início do século XX, que você aprenderá mais à frente nesta disciplina, mas da qual 
você deve ter algumas informações ainda da época do colégio.
Comentário
Desde que o Brasil foi descoberto, parte expressiva de seus recursos (quer para a metrópole 
portuguesa, quer para a pátria independente) foi gerada a partir da exportação de 
produtos do setor primário. Houve exploração do pau-brasil, cana-de-açúcar, ouro, café. 
O esgotamento de um determinado produto levava à busca de um novo que rendesse 
o sustento da economia (metropolitana ou nacional).
A impossibilidade de produzir o café por falta de mão-de-obra numa época em que esta 
mercadoria era tão valorizada no mercado internacional decerto promoveria uma 
alteração muito grande nas trilhas seguidas pela nossa economia. 
Atividade Final
A introdução do imigrante na produção de café no oeste paulista propiciou aos 
fazendeiros da região uma solução viável para o problema da escassez de mão-de-
obra. A ampliação dos investimentos em ferrovias (e o uso de técnicas mais racionais 
de plantio) garantiu uma rápida expansão do processo produtivo. A utilização 
dos imigrantes no sistema de parceria tinha características que inviabilizaram sua 
permanência em longo prazo. A causa central e defi nitiva para o forte infl uxo de 
europeus e orientais em direção à lavoura do café foi a mudança para o sistema de 
colonato, contando com importante ajuda do governo da província de São Paulo.
R E S U M O
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