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<p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>Índice</p><p>Conceito de Direito</p><p>Financeiro...................................................................02 Fontes do Direito</p><p>Financeiro......................................................................02 Federalismo</p><p>Fiscal.....................................................................................05 Ciclo</p><p>Orçamentário....................................................................................06 Leis</p><p>Orçamentárias...................................................................................10</p><p>Receitas Públicas......................................................................................13</p><p>Precatórios...............................................................................................15</p><p>Repartição de Receitas..............................................................................17</p><p>Princípios Orçamentários..........................................................................19</p><p>Controle e Fiscalização do</p><p>Orçamento........................................................21 Lei de Responsabilidade</p><p>Fiscal...................................................................24 Lei</p><p>4.320/64.............................................................................................27</p><p>Questões para Treino................................................................................28</p><p>1</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>Conceito de Direito Financeiro e do Orçamento Público</p><p>O orçamento público é essencial, pois através dele é que a Administração</p><p>Pública será autorizada a realizar qualquer despesa pública.</p><p>Pelo orçamento público é possível avaliar a atuação do estado, bem como a</p><p>condução de políticas públicas, e as metas do governo. A Constituição da</p><p>República impõe ao Estado o dever fundamental na prestação de diversos</p><p>serviços públicos, e cada direito tem um custo.</p><p>O Direito Financeiro, tem por função organizar toda a atividade financeira do</p><p>Estado, obtendo, criando, gerindo o dinheiro público, para que o Estado cumpra</p><p>o seu papel de satisfazer o interesse público. O Direito Financeiro nasce para</p><p>fixar princípios e regras para arrecadação, gestão e aplicação dos recursos</p><p>públicos.</p><p>Quando falamos em Controle Interno e Controle Externo dentro do Direito</p><p>Administrativo, ele também passa pelo Direito Financeiro, que deve</p><p>salvaguardar a correta utilização do dinheiro público. Os artigos 70, caput, e 74,</p><p>I, II e IV da Constituição da República estabelece tais diretrizes, bem como</p><p>qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato, é parte legítima</p><p>para denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas</p><p>(artigo 74, §2º, CRFB).</p><p>O Direito financeiro é uma ciência autônoma, e se justifica por ser um sistema</p><p>próprio de normas, com objetivos definidos. O direito financeiro se alimenta</p><p>principalmente das receitas tributárias, mas com ele não se confunde. Ademais,</p><p>temos outras receitas que preenchem o chamado Erário Público, como as</p><p>receitas provenientes da atividade econômica do Estado, ou pela exploração do</p><p>próprio patrimônio público.</p><p>Fontes do Direito Financeiro</p><p>Fontes primárias: a lei e os estatutos normativos com vigor de lei. A principal</p><p>fonte é a Constituição, que estabelece diversos artigos, e um título exclusivo</p><p>dedicado ao sistema financeiro.</p><p>Nossa Constituição estabelece um regime de rigidez e pluralismo, pois se</p><p>relaciona com questões políticas, econômicas e sociais, se desdobrando em</p><p>uma pluralidade de sistemas como o sistema orçamentário o sistema tributário.</p><p>Temos, portanto, uma Constituição Financeira, e outra Constituição</p><p>Orçamentária.</p><p>Constituição Financeira</p><p>I – Sistema de Repartição de Receitas Tributárias – Artigos 157 a 162;</p><p>2</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>II – Sistema dos Empréstimos Públicos – Artigo 163;</p><p>III – Sistema Monetário – Artigo 164.</p><p>Constituição Orçamentária</p><p>I – Sistema dos Orçamentos – Artigos 165 a 169;</p><p>II – Sistema da Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária – Artigos 70 a</p><p>75.</p><p>A Lei Complementar tem um papel importante no Direito Financeiro, pois a</p><p>Constituição estabelece nos artigos 161, 163 e 165, que caberá a Lei</p><p>Complementar dispor sobre diversos temas em matéria de direito financeiro,</p><p>principalmente dentro do gênero chamado: “Normas Gerais” em direito</p><p>financeiro.</p><p>Leitura obrigatória para a Prova da OAB:</p><p>- Artigos 163, I, IV e V da CRFB;</p><p>- Artigo 165, §9º, I, II e III da CRFB;</p><p>Cabe a União, elaborar lei complementar para estabelecer a harmonia dos</p><p>sistema e preencher lacunas que a Constituição tenha deixado, e também</p><p>veicular normas gerais aos entes federados. Hoje temos 02 leis</p><p>complementares importantes:</p><p>1) LC 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal;</p><p>Nela encontramos uma “nova era” de responsabilidade na gestão fiscal, com a</p><p>definição de 05 princípios orientadores da gestão pública: planejamento,</p><p>transparência, equilíbrio, controle e responsabilização – Artigo 1º, §1º da LC</p><p>101/00.</p><p>A LRF alcança a Administração Direta, e a Indireta, com exceção as empresas</p><p>estatais que não receba do ente público controlador, verba pública para</p><p>pagamento de despesas de pessoal ou custeio em geral.</p><p>2) Lei 4.320/64 – Normas Gerais Financeiras.</p><p>Estabelece as normas gerais de Direito Financeiro, para elaboração e controle</p><p>dos orçamentos de todos os entes federativos (U, E, DF e Municípios). Ela foi</p><p>3</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>recepcionada pela CRFB de 1988 como lei complementar, conforme a ADI</p><p>1726- 5/DF.</p><p>Apesar da Lei Complementar ser de grande importância para esse ramo do</p><p>direito, as leis ordinárias possuem um papel relevante. Pois é através delas, que</p><p>são aprovadas:</p><p>a) LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias;</p><p>b) LOA – Lei Orçamentária Anual;</p><p>c) PPA – Lei do Plano Plurianual;</p><p>Importante: As leis delegadas pelo Poder Legislativo ao Presidente da</p><p>República são proibidas tanto em matéria reservada a Lei complementar, bem</p><p>como, a legislação que envolva os planos de diretrizes orçamentárias e</p><p>plurianuais – Artigo 68, §1º, III da CRFB.</p><p>Importante 2: Com relação as medidas provisórias, elas não podem tratar de</p><p>matéria destinada a Lei Complementar, sendo assim, as normas gerais de</p><p>Direito Financeiro, não podem versar sobre os planos plurianuais, diretrizes</p><p>orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, como exceção</p><p>de créditos extraordinários para atender as despesas imprevisíveis e urgentes,</p><p>como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, como</p><p>ocorreu na COVID 19. (artigos 62, §1º, I, “d” e artigo 167, §3º da CRFB);</p><p>Fontes secundárias:</p><p>a) Decretos – sem que possam inovar ou criar regras não previstas na lei, por</p><p>isso, são raros em matéria financeira;</p><p>b) Resoluções – são deliberações realizadas pelo Senado, Câmara dos</p><p>Deputados ou Congresso Nacional, fora do processo comum legislativo, não</p><p>estando sujeitas à sanção presidencial. Para a nossa prova, se atentar ao artigo</p><p>52, V, VI, VII, VIII, IX, XIII e XV da CRFB, que trata sobre as Resoluções de</p><p>competência privativa do Senado Federal envolvendo direito financeiro.</p><p>Com relação a atuação do Poder Judiciário, podem afirmar, pelo menos</p><p>teoricamente, uma impossibilidade de o judiciário implantar uma política pública,</p><p>pois senão, violaria o Princípio da Separação dos Poderes – artigo 2º da CRFB.</p><p>Contudo, você já deve ter visto em Direito Constitucional que para preservação</p><p>da reserva do possível e o mínimo existencial, em alguns casos, para garantir a</p><p>efetividade das políticas públicas, é possível a intervenção judicial.</p><p>4</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>Com o crescente aumento de decisões que interferem diretamente</p><p>o Plano Plurianual, a ser veiculado por</p><p>meio de lei ordinária.</p><p>18) João ganhou uma ação movida em face do Estado Gama, na qual este foi</p><p>condenado a pagar o equivalente a 30 salários mínimos a título de danos</p><p>morais pelo uso indevido de sua imagem em uma publicidade institucional do</p><p>governo estadual. A ação transitou em julgado em 15 de julho de 2022. Seu</p><p>advogado verifica que não há legislação específica estadual acerca de prazos e</p><p>limites de valores sobre pagamentos pela Fazenda Pública em caso de</p><p>condenação judicial. Diante desse cenário, e à luz da Constituição Federal de</p><p>1988, João receberá o valor a que tem direito</p><p>34</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>a) por meio de precatório alimentar, que tem prioridade em relação aos demais,</p><p>dentro do próprio ano do trânsito em julgado.</p><p>b) por meio de Requisição de Pequeno Valor (RPV).</p><p>c) por meio de precatório comum, a ser pago no ano seguinte ao do trânsito em</p><p>julgado da condenação judicial.</p><p>d) ) em dinheiro, no prazo máximo de 15 (quinze) dias contados da intimação da</p><p>Fazenda Pública do trânsito em julgado da ação, através de transferência</p><p>bancária entre a instituição financeira que administra o tesouro estadual e o</p><p>banco em que João tem sua conta.</p><p>19) Em um determinado ano, diante de grave impasse entre o Poder Executivo</p><p>federal e o Congresso Nacional, o que vem dificultando a aprovação das leis</p><p>orçamentárias, e em face da relevância e urgência em autorizar a realização de</p><p>uma série de despesas públicas, o chefe do Poder Executivo avalia a hipótese</p><p>de adotar Medidas Provisórias para legislar sobre o tema, especialmente sobre</p><p>o plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, abertura de</p><p>créditos suplementares, especiais e extraordinários.</p><p>Diante desse cenário, à luz da CRFB/88, assinale a afirmativa correta.</p><p>A) A Medida Provisória pode ser usada apenas para abrir crédito suplementar</p><p>ou especial voltado a atender a despesas de saúde e educação.</p><p>B) A instituição da lei de diretrizes orçamentárias e da lei do orçamento anual,</p><p>em caso de urgência e relevância, pode ser feita por Medida Provisória, mas</p><p>não a instituição do Plano Plurianual.</p><p>C) A abertura de crédito extraordinário por meio de Medida Provisória somente</p><p>será admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as</p><p>decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública.</p><p>D) A Medida Provisória para dispor sobre qualquer matéria orçamentária, pode</p><p>ser editada, desde que haja relevância e urgência, e que seja aprovada pelo</p><p>Congresso Nacional no prazo de 60 (sessenta) dias.</p><p>20) O deputado federal José, por meio das emendas individuais impositivas</p><p>constitucionalmente previstas que a ele competem, deseja destinar recursos</p><p>para o Município Alfa. Contudo, deseja fazê-lo por meio de repasses diretos ao</p><p>referido Município, independentemente de celebração de convênio ou de</p><p>instrumento congênere. Assinale a opção que indica o instrumento</p><p>constitucional que ele deve adotar.</p><p>A) Transferência especial.</p><p>B) Transferência com finalidade definida.</p><p>C) Transferência individual.</p><p>35</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>D) Transferência extraordinária.</p><p>GABARITO DIREITO FINANCEIRO</p><p>1 2 3 4 5 6 7 8 9 10</p><p>C A C B E A A D D C</p><p>11 12 13 14 15 16 17 18 19 20</p><p>D A A A D A D B C A</p><p>36</p><p>no</p><p>orçamento, o Poder Judiciário começou a ponderar suas decisões com maior</p><p>atenção ao equilíbrio fiscal, a limitação de recursos e a chamada “reserva do</p><p>possível”. No entendimento dos tribunais superiores, a reserva do possível não</p><p>pode ser ainda oponível a realização do mínimo existencial.</p><p>Federalismo Fiscal</p><p>O federalismo é relevante para o Direito Financeiro, pois é a ideia que os entes</p><p>federativos, se organizem e se relacionem de forma a harmonizar possível</p><p>questões decorrentes de uma estrutura heterogênea, identificando as</p><p>diferenças regionais, na busca da implementação de um modelo federal</p><p>cooperativo, para realização de um objetivo comum a todos.</p><p>O Artigo 18 da CRFB garante uma autonomia entre os entes federativos em sua</p><p>organização político administrativa, sem qualquer espécie de hierarquia. Essa</p><p>autonomia inclui as receitas e suas despesas, ou seja, autonomia financeira.</p><p>Em busca desse federalismo, a Constituição estabelece entre seus artigos 157</p><p>a 160, um sistema de “repartição de receitas”, promovendo um equilíbrio</p><p>federativo. Assim, a receita dos entes passar a ser a soma dos tributos de sua</p><p>competência, mais o saldo líquido das transferência governamentais, dentro</p><p>dessa repartição.</p><p>É dever do Direito Financeiro a busca do equilíbrio financeiro, e a Lei de</p><p>Responsabilidade Fiscal é essencial para garantir o respeito desse equilíbrio.</p><p>Leia com atenção os artigos 11 e parágrafo único; 14, II e III; 15 a 19 da LC</p><p>101/00.</p><p>Competência Legislativa.</p><p>Assim como em Direito Tributário, a competência no direito financeiro é</p><p>concorrente entre a União, Estado e DF, contudo, como vimos acima, cabe a</p><p>União definir as normas gerais. Os Municípios, por força do artigo 30, I e II da</p><p>CRFB, poderão legislação sobre direito financeiro com o objetivo de decidir</p><p>sobre assuntos de interesse local, e suplementar a legislação federal e a</p><p>estadual no que couber.</p><p>O STF, por exemplo, já afirmou ser constitucional competência dos municípios</p><p>para legislar sobre proteção do meio-ambiente e controle da poluição –</p><p>Informativo 347 do STF.</p><p>5</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>Mínimo Existência e a Reserva do Possível</p><p>Tema esse principalmente trabalhado em Direito Constitucional. Quem tem um</p><p>orçamento limitado deve, fazer escolhas, respeitando a chamada reserva do</p><p>possível, sempre respeitando o mínimo existencial.</p><p>A reserva do possível por vezes tem sido usada pela Administração Pública</p><p>para não implementação de direitos fundamentais e não cumprir inclusive,</p><p>algumas decisões judiciais. O Direito Financeiro de alguma maneira contribui</p><p>para efetivação desses direitos, ao prever, por exemplo, porcentagens mínimas</p><p>em algumas despesas públicas, como, por exemplo:</p><p>(i) Artigo 212 da CRFB, que estabelece % mínimo para manutenção e</p><p>desenvolvimento do ensino;</p><p>(ii) Artigo 198, §2º da CRFB que determina percentual para aplicação em ações</p><p>e serviços de saúde.</p><p>(iii) Artigos 60,§1º, 71, 72, 79 e 80 da ADCT, que estabelece fundos destinados</p><p>a gastos sociais, cujos recursos serão aplicados em ações na área de nutrição,</p><p>habitação, educação, saúde, etc.</p><p>Ciclo Orçamentário</p><p>É uma série de fatos orçamentários que deve ser iniciada com a necessidade</p><p>de um recurso até a sua aplicação e fiscalização. Se trata de um conjunto de</p><p>etapas que não se limitam a um exercício financeiro.</p><p>Cuidado para não confundir ciclo orçamentário com o exercício financeiro, pois</p><p>este último é apenas uma fase do ciclo considerando que existem as fases de:</p><p>a) Preparação da Proposta Orçamentária;</p><p>b) Elaboração;</p><p>c) Avaliação;</p><p>d) Prestação de Contas.</p><p>Vamos agora detalhar os pontos mais importantes para a sua prova da OAB:</p><p>I – Iniciativa: são de iniciativa privativa do Poder Executivo, e não podem ser</p><p>delegados, conforme 84, XXIII da CRFB. É o executivo que conhece a realidade</p><p>sobre o qual atua e pode melhor julgar a sua alocação, sendo posteriormente</p><p>analisada pelos legisladores.</p><p>6</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>Se atente que o legislativo não tem competência para iniciar um projeto de lei</p><p>orçamentária. O legislativo pode alcançar de forma reflexa o orçamento por</p><p>meio de leis tributárias, já que está dentro do poder legislativo a iniciativa da lei</p><p>tributária apta a reduzir receita pública.</p><p>A ausência da lei orçamentária pode representar crime de responsabilidade do</p><p>Presidente da República, se tratando, portanto, de um dever. Vejamos:</p><p>Artigo 85, VI da CRFB: São crimes de responsabilidade os atos do Presidente</p><p>da República que atentem contra a Constituição Federal, e especialmente,</p><p>contra:</p><p>VI – a lei orçamentária;</p><p>Uma vez consolidada a proposta de cada poder, forma-se o projeto de lei que</p><p>será encaminhado ao legislativo. O Poder Judiciário, por força do artigo 99, §1º</p><p>da CRFB é quem tem autonomia para elaborar sua proposta orçamentária,</p><p>dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de</p><p>diretrizes orçamentárias.</p><p>Os poderes judiciário, legislativo e o Ministério Público elaboram suas próprias</p><p>propostas parciais que são encaminhadas ao poder executivo, que será o</p><p>responsável pelo envio consolidado ao legislativo.</p><p>Sabemos que de acordo com a Constituição da República, os poderes são</p><p>autônomos administrativamente e financeiramente. No entanto, pode o Poder</p><p>Executivo alterar a proposta orçamentária dele, em 2 situações:</p><p>1) Se não observarem os limites estipulados na LDO;</p><p>2) Se o Poder Executivo não concordar com algum ponto, ele consolida como</p><p>encaminhado, porém poderá propor uma emenda modificativa à comissão mista</p><p>para que eles (Poder Legislativo) possa discutir a matéria.</p><p>II – Apreciação e Emendas ao Orçamento</p><p>Finalizada o encaminhamento da proposta, ela será apreciada pelo Poder</p><p>Legislativo. Se tratando do orçamento da União, as duas casas do Congresso</p><p>Nacional farão uma análise conjunta. Haverá uma sessão conjunta, mas com</p><p>apuração de votos em separado, ou seja, deverá alcançar a maioria simples em</p><p>cada casa, para não ocorrer a rejeição da matéria.</p><p>Observe que no artigo 166, §1º da CRFB é previsto uma Comissão Mista</p><p>Permanente ou Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e</p><p>Fiscalização. A Resolução 01/2006 estabelece que tal comissão será composta</p><p>de 40 membros titulares, sendo 30 Deputados Federais e 10 Senadores.</p><p>7</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>Durante a análise e apreciação dos projetos, os parlamentares propõe</p><p>emendas, que serão discutidas na Comissão Mista, e apreciadas</p><p>posteriormente pelo Plenário das duas Casas.</p><p>Assim temos:</p><p>Análise pelas</p><p>Envio do Projeto</p><p>Consolidado pelo</p><p>Poder Executivo</p><p>Lembre-se:</p><p>Comissões</p><p>Mista/Permanente</p><p>do Congresso</p><p>Nacional</p><p>Votação no Plenário</p><p>do Congresso</p><p>- Será lido o projeto em sessão conjunta, especialmente convocada, até 48</p><p>horas após a entrega;</p><p>- O projeto será apreciado por Comissão mista e pelas comissões permanentes;</p><p>- O parecer do relator da Comissão Mista deverá fazer referência expressa ao</p><p>ponto de vista expedido pela Comissão Permanente;</p><p>- Poderão ser realizadas sessões conjuntas entre comissões permanentes do</p><p>Senado e da Câmara, para discutir o orçamento.</p><p>III – Sanção ou Veto</p><p>O Poder executivo terá 15 dias úteis a contar da data do recebimento do projeto</p><p>para decidir sobre sanção ou veto. Pode também vetá-lo, em todo ou em parte,</p><p>comunicando o fato em 48 horas ao Presidente do Senador Federal com a</p><p>exposição dos motivos.</p><p>ATENÇÃO: O silêncio significa SANÇÃO.</p><p>Na hipótese de veto, será apreciado por sessão conjunta dentro de 30 dias do</p><p>recebimento. Não havendo deliberação, o veto será colocado na ordem do dia</p><p>da sessão imediata, sobrestando as demais proposições, até a sua votação</p><p>final, excetuando apenas as medidas provisórias.</p><p>A rejeição do veto, e reestabelecimento da proposta original ocorrerá se a</p><p>votação alcançar maioria absoluta dos Deputados e Senadores, conforme</p><p>estabelece o artigo</p><p>66, §4º da CRFB.</p><p>8</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>Sendo o veto derrubado, o projeto é enviado para promulgação ao Presidente</p><p>da República. Se for mantido, o projeto é promulgado pelo executivo sem a</p><p>parte vetada.</p><p>IV – Execução</p><p>Aprovada e publicada, entra imediatamente em vigor e começa a ser cumprida.</p><p>O executivo está autorizado a utilizar os recursos aprovados, sendo que caberá</p><p>ao executivo em até 30 dias, após a publicação do orçamento, realizar a</p><p>programação financeira e o cronograma mensal de desembolso.</p><p>V – Controle</p><p>A utilização dos gastos públicos exige um acompanhamento para que possa ser</p><p>efetuado, sendo assim, haverá uma fiscalização e controle. Esse controle</p><p>Externo é realizado pelo Tribunal de Contas.</p><p>Para finalizarmos esse tópico, atenção ao ciclo</p><p>orçamentário: Iniciativa</p><p>Controle</p><p>Análise do</p><p>Legislativo</p><p>Sanção ou</p><p>VETO Execução</p><p>9</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>Leis Orçamentárias</p><p>O principal doutrinador brasileiro – Prof. Marcus Abraham – na área de</p><p>orçamento público em seu livro “Curso de Direito Financeiro Brasileiro”, nos</p><p>ensina que o planejamento nos ajuda a responder uma questão importante:</p><p>Onde queremos chegar e como atingiremos nosso objetivo.</p><p>No ciclo orçamentário brasileiro, temos de maneira integrada 03 leis</p><p>orçamentárias:</p><p>- Plano Plurianual (PPA): lei de duração de 04 anos, encontramos a previsão,</p><p>além do que já está em andamento, do que se pretende realizar no quadriênio</p><p>em termos de aprimoramento de ação governamental.</p><p>- Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): temos a orientação para elaboração do</p><p>orçamento, com a definição de prioridades, metas do PPA para o exercício</p><p>financeiro subsequente.</p><p>- Lei Orçamentária Anual (LOA): uma lei de execução do orçamento para o</p><p>exercício seguinte, tendo a estimativa de receita e a autorização das despesas.</p><p>Em síntese, as duas primeiras planejam e a última executa. Podemos afirmar</p><p>que existe, portanto, uma espécie de hierarquia, sendo:</p><p>Plano Plurianual</p><p>LDO</p><p>LOA</p><p>Vamos trabalhar agora cada uma das leis, destacando os pontos mais</p><p>importantes para sua prova de 1ª Fase da OAB:</p><p>1) Plano Plurianual</p><p>Previsto no artigo 165, I da CRFB, essa lei estabelece as diretrizes, objetivos e</p><p>metas a serem seguidos pelos Governo Federal, Estadual ou Municipal ao</p><p>longo de um período de 04 anos. Ela estabelece o planejamento estratégico do</p><p>governo e influencia as demais leis orçamentárias.</p><p>10</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>Assim o Plano Plurianual estabelece as despesas de capital (investimento) e as</p><p>despesas de duração continuada.</p><p>No PPA devem estar todas as obras e serviços de duração prolongada, já que</p><p>nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá</p><p>ser iniciado sem prévia inclusão no PPA.</p><p>Atenção: A vigência do PPA inicia no segundo ano de um mandato presidencial,</p><p>e dura até o final do primeiro ano do mandato seguinte. O prazo para envio do</p><p>PPA é até 04 meses ANTES do encerramento do primeiro exercício financeiro</p><p>(31 de Agosto) e devolvido para sanção até o encerramento da sessão</p><p>legislativa (22 de Dezembro).</p><p>2) Lei de Diretrizes Orçamentárias</p><p>Tem como principal finalidade orientar a elaboração dos orçamentos fiscais e da</p><p>seguridade social e de investimento do Poder Público, incluindo os poderes</p><p>Executivo, Legislativo, Judiciário, e a Administração Indireta.</p><p>Veja que enquanto o PPA tem como objetivo o planejamento estratégico do</p><p>governo, a LDO planeja o curto prazo, o planejamento operacional, conforme</p><p>previsto no artigo 165, §2º da CRFB. A LDO compreende:</p><p>(i) Metas e prioridades da administração pública federal;</p><p>(ii) Diretrizes de política fiscal e respectivas metas, com a aplicação</p><p>sustentável da dívida pública</p><p>(iii) Orientar a elaboração da LOA;</p><p>(iv) Dispõe sobre as alterações na legislação tributária;</p><p>(v) Fixar a política de aplicação das agencias financeiras oficiais de</p><p>fomento;</p><p>(vi) Autoriza a concessão de qualquer vantagem ou aumento de</p><p>remuneração de servidores, a criação de cargos, empregos, funções</p><p>ou alteração na estrutura da carreira, exceto para as empresas</p><p>públicas e as sociedades de economia mista.</p><p>O artigo 165, §12 prevê a necessidade da LDO para um período de pelo menos</p><p>02 exercícios financeiros subsequentes, devendo possuir um “anexo” com</p><p>previsão de agregados fiscais e a proporção dos recursos para investimentos</p><p>que serão alocados na lei orçamentária anual.</p><p>De acordo com o artigo 57, a LDO deve ser aprovada entre a data do envio,</p><p>que não deve ser após o dia 15 de abril, até a devolução, que deve se dar até</p><p>o dia 17 de julho.</p><p>Veja:</p><p>Período Legislativo: 1º Período (02.02 a 17.07) – Devolução da LDO 2º</p><p>Período (01.08 a 22.12) – Devolução do PPA e da LOA</p><p>11</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação da LDO (sessão</p><p>legislativa é o período correspondente entre 02.02 a 22.12). Assim, não haverá</p><p>recesso sem a aprovação da LDO.</p><p>Como a LDO orienta a LOA, entrando em vigor no primeiro momento da sua</p><p>vigência, a LDO orientará a LOA. A LDO entra em vigor no ano de sua</p><p>aprovação.</p><p>3) Lei Orçamentária Anual</p><p>É uma lei elaborada pelo Poder Executivo, e nela serão estabelecidas as</p><p>despesas e as receitas que serão realizadas no próximo ano. Podemos afirmar</p><p>que a Lei orçamentária trata da parte da execução dos projetos previstos no</p><p>PPA e nas metas e prioridades previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.</p><p>Assim, o orçamento é uma LEI que prevê as receitas e fixa as despesas. O</p><p>artigo 165, §14 da CRFB estabelece que a lei orçamentária poderá conter</p><p>previsões de despesas para exercícios seguintes, com a especificação dos</p><p>investimentos plurianuais e daqueles em andamento. Assim, mesmo a LOA</p><p>sendo criada com duração de um exercício financeiro, poderá conter</p><p>especificações de investimentos plurianuais com o intuito de prever despesas</p><p>nos exercícios seguintes.</p><p>A ideia é prever com antecedência os recursos necessários em tempo hábil,</p><p>evitando-se assim o aumento da dívida pública de forma desnecessária. O</p><p>orçamento anual deve retratar as finanças públicas do país, assim, em</p><p>homenagem ao Princípio da Universalidade, toda a projeção de receitas e</p><p>fixação de despesas da administração direta e indireta devem ser retratadas no</p><p>orçamento anual, sem exceção.</p><p>A LOA compreende 03 orçamentos:</p><p>I) Orçamento fiscal referente aos Poderes da União, e entidades da</p><p>administração direta e indireta;</p><p>II) Orçamento de investimento das empresas em que a União detenha a maioria</p><p>do capital social com direito a voto;</p><p>III) Orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a</p><p>ela vinculados.</p><p>Deverá conter também anexos, demonstrando a compatibilidade da</p><p>programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do Anexo</p><p>de Metas Fiscais, e ser acompanhado do demonstrativo de compensação de</p><p>receitas e aumento de despesas, além de conter a reserva de contingência.</p><p>12</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>O Orçamento Fiscal e o de Investimento terão entre suas funções a de reduzir</p><p>desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional. O da Seguridade</p><p>Social não entra nessa regra. De acordo com o artigo 35, §2º do ADCT, o</p><p>projeto de lei orçamentário da União será encaminhado até quatro meses antes</p><p>do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o</p><p>encerramento da sessão legislativa. Assim, em âmbito federal o prazo de envio</p><p>ao legislativo é de até 31 de Agosto. Se não receber a proposta, o Poder</p><p>Legislativo considerará como proposta a lei de orçamento vigente (artigo 32 da</p><p>Lei 4320/64).</p><p>A vigência da LOA obedece o exercício financeiro, ou seja, na linha do princípio</p><p>da anualidade, entra em vigor em</p><p>01 de Janeiro, com vigência até o dia 31 de</p><p>dezembro.</p><p>O Artigo 166-A da CRFB estabelece que Deputados Federais e Senadores</p><p>poderão apresentar à LOA emendas, transferindo recursos do orçamento da</p><p>União para os Estados, DF e municípios.</p><p>Receitas Públicas</p><p>O Estado precisa de recursos para sua existência e funcionamento, assim, o</p><p>Estado obtém os meios necessários para cumprir suas funções através da</p><p>exploração dos seus bens e rendas, ou o faz através da arrecadação de</p><p>recursos financeiros derivados do patrimônio da população, seja pela</p><p>tributação, pela aplicação de multas, pela obtenção de empréstimo ou mesmo</p><p>pela fabricação de dinheiro.</p><p>Atualmente, temos basicamente dois tipos de entradas, ingressos financeiros</p><p>nos cofres públicos:</p><p>I – Entradas provisórias: chamadas por ingressos públicos. Exemplo: fiança,</p><p>depósito recolhidos ao Tesouro, empréstimo contraídos pelo Estado, cauções.</p><p>II – Entradas definitivas: chamadas de receitas públicas; Exemplo: tributos,</p><p>penalidades financeiras e a renda do próprio patrimônio do Estado.</p><p>A principal distinção é a transitoriedade no patrimônio do Estado. Para a</p><p>entrada financeira se tornar uma efetiva receita pública e não ser um mero</p><p>ingresso financeiro, o recurso deverá passar a integrar o patrimônio público de</p><p>forma definitiva.</p><p>Importante destacar que a Emenda Constitucional 102/2019 passou a</p><p>assegurar a União, Estados, Distrito Federal e aos Municípios a participação no</p><p>resultado da exploração de petróleo ou gás natural, sendo assim, mais um</p><p>exemplo de receitas definitivas.</p><p>13</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>Quando as receitas derivam do próprio patrimônio do Estado, vamos chamar de</p><p>Receitas Originárias, já quando derivam do patrimônio do particular, vamos</p><p>chamar de Receitas Derivadas.</p><p>Assim, as receitas derivadas decorrem do pagamento compulsório de tributos,</p><p>multas, por meio do poder de império do Estado. Há também situações em que</p><p>o particular transfere “voluntariamente” suas receitas, como nos casos de</p><p>doações, testamentos e heranças vacantes.</p><p>As receitas públicas podem ser classificadas como sendo ordinárias ou</p><p>extraordinárias, conforme a periodicidade do seu ingresso. Se houver</p><p>regularidade e constância, estaremos falando de receitas públicas ordinárias,</p><p>como por exemplo, os tributos. Se o ingresso for eventual e circunstancial</p><p>estaremos diante das receitas públicas extraordinárias, como no caso de</p><p>impostos extraordinários, doações, ou empréstimos compulsórios.</p><p>A relevância dessa distinção na elaboração do orçamento público, se impõe</p><p>pois para que o Estado possa elaborar o seu orçamento e determinar os</p><p>investimentos a serem realizados, as despesas públicas e os demais gastos em</p><p>um determinado período, é necessário dispor de mecanismos de previsibilidade</p><p>das receitas. Assim, para buscar atender à regra do equilíbrio fiscal, nem</p><p>sempre será possível levar em consideração as receitas extraordinárias no</p><p>cálculo orçamentário, diante da sua eventualidade e imprevisibilidade.</p><p>Há também quem classifique as receitas públicas em fiscais e extrafiscais.</p><p>Assim, se a verba se destina exclusivamente a arrecadação, para suprir as</p><p>necessidades financeiras do Estado, podemos chamar de receitas públicas</p><p>fiscais, ao passo que se destinam a fomentar ou desestimular determinadas</p><p>condutas da sociedade, estaremos diante das receitas públicas extrafiscais.</p><p>Para finalizarmos essa tópico sobre as receitas públicas, a Lei 4320/64</p><p>classifica as receitas em duas categorias:</p><p>I – Receitas correntes: são as receitas tributárias, de contribuições, patrimonial,</p><p>agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda as provenientes de</p><p>recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado,</p><p>quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.</p><p>II Receitas de Capital: são as provenientes da realização de recursos</p><p>financeiros oriundos de constituição de dívidas, da conversão, em espécie de</p><p>bens e direitos. Os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou</p><p>privado destinados a atender despesas classificáveis em despesas de capital e</p><p>ainda o superávit do Orçamento Corrente.</p><p>Podemos afirmar que as receitas correntes são consideradas por sua</p><p>estabilidade como fonte de recursos, ou seja, considera-se que essas receitas</p><p>fazem parte da arrecadação estatal de forma ordinária e não eventual. Já as</p><p>receitas de capital são de natureza eventual, pois para existirem dependem de</p><p>atos específicos e circunstâncias próprias, como no caso das receitas</p><p>originárias dos empréstimos na emissão de títulos da dívida pública.</p><p>14</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>Dentro do contexto da análise das despesas obrigatórias presentes no texto</p><p>constitucional, é relevante destacar a alteração constitucional que estabeleceu</p><p>um teto para o gasto, especialmente saúde e educação: é a chamada PEC do</p><p>teto de gastos.</p><p>Pós impeachment da Presidente Dilma Rousseff, o novo governo para o</p><p>enfrentamento da crise financeira, estabeleceu um contingenciamento de</p><p>despesas e não pelo aumento de tributos. O estudo do governo revelou que</p><p>aproximadamente 63% do total do gasto público não financeiro do Brasil,</p><p>relacionam-se com despesas realizadas com seguridade social, educação e</p><p>saúde. A EC 95/2016 aprova o Novo Regime Fiscal e estabelece limites</p><p>individualizados para as despesas primárias, considerando cada um dos</p><p>poderes da República, além do Ministério Público da União e da Defensoria</p><p>Pública da União.</p><p>A ideia seria limitar os gatos, no montante da despesa primária paga no ano</p><p>anterior, corrigido pelo IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo.</p><p>A referência será o período de doze meses, encerrado em junho do ano anterior</p><p>a que se refere a lei orçamentária.</p><p>O ente que não respeitar o teto, terá sanções como, por exemplo, a</p><p>impossibilidade de auto de despesa com pessoal: aumento de salário, criação</p><p>de cargos ou realização de concurso público. No caso do Poder Executivo, o</p><p>descumprimento do limite com as despesas primárias resultará na:</p><p>(i) proibição de criação ou expansão de programas e linhas de financiamento;</p><p>(ii) vedação de concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza</p><p>tributária.</p><p>De acordo com os artigos 106 e 108 do ADCT, o novo regime fiscal será</p><p>aplicável por 20 exercícios financeiros, podendo o Presidente da República</p><p>propor, a partir do décimo exercício de vigência, projeto de lei complementar</p><p>para alterar o método de correção dos limites até então previstos.</p><p>Precatórios</p><p>Precatórios são requisições de pagamento expedidas pelo Poder Judiciário</p><p>para cobrar municípios, estados e a União, o pagamento de valores devidos</p><p>após a condenação judicial definitiva. O precatório é expedido pelo presidente</p><p>do Tribunal onde o processo tramitou, após solicitação do juiz responsável pela</p><p>condenação.</p><p>Cabe aos Tribunais de Justiça estaduais organizar e manter as filas de</p><p>precatórios devidos pelo estado e pelo municípios que estão sob a sua</p><p>jurisdição. Podemos dizer que os precatórios são despesas incertas quanto ao</p><p>seu valor e quanto ao momento de serem pagas, mas há certeza de que irão</p><p>ocorrer anualmente. O sistema de pagamentos por precatório foi previsto pela</p><p>primeira</p><p>15</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>vez na Constituição de 1934, mas limitava-se aos pagamentos de decisões</p><p>condenatórias da Fazenda Federal. Somente na Constituição de 1946 que o</p><p>sistema passou a ser aplicado a todos os entes federativos.</p><p>O instituto dos precatórios está definido no artigo 100 da CRFB. O CPC</p><p>reconhece o procedimento de pagamento por precatório no cumprimento de</p><p>sentença que impuser à Fazenda Pública o dever de pagar quantia certa. O</p><p>Presidente do Tribunal irá comunicar a Fazenda Púbica a existência da</p><p>obrigação, para ser consignada no orçamento como despesa pública a ser paga</p><p>no exercício financeiro</p><p>seguinte, se comunicado ao presidente até o dia 2 de</p><p>abril do ano. Caso contrário a demanda ingressará na ordem de pagamento do</p><p>ano subsequente.</p><p>Importante salientar que os créditos de natureza alimentar os créditos de</p><p>pequeno valor, tem tratativa diferenciada. Os primeiros são pagos antes dos</p><p>demais precatórios, e os segundo ficam fora da metodologia de pagamento por</p><p>precatório.</p><p>Assim, para pagamento de condenações judiciais da Fazenda Pública existem</p><p>três métodos:</p><p>Precatórios Comuns</p><p>• Segue as regras ordinárias</p><p>Créditos alimentares</p><p>• Preferem aos comuns</p><p>Créditos de Pequeno Valor</p><p>• Não se submetem às regras de precatórios</p><p>1) Os precatórios alimentares compreendem aqueles decorrentes de salários,</p><p>vencimentos, proventos, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou</p><p>por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, e serão pagos com</p><p>preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles cujos titulares</p><p>tenham 60 anos ou mais ou sejam portadores de doenças graves. Temos,</p><p>portanto, uma preferência pelos créditos alimentares, em homenagem ao</p><p>mínimo existencial, e às necessidades mais básicas do ser humano.</p><p>16</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>2) Os créditos de pequeno valor, estão fora das regras de expedição de</p><p>precatórios. Trata-se de condenações judiciais em face da Fazenda Pública de</p><p>valor igual ou inferior a 60 salários-mínimos para a esfera federal, 40 salários</p><p>mínimos para a Fazenda dos Estados e do Distrito Federal, e 30 salários</p><p>mínimos para a dos Municípios.</p><p>Importante relembrar que poderão ser fixados por leis próprias valores distintos</p><p>às entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas,</p><p>sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de</p><p>previdência social.</p><p>Repartição de Receitas</p><p>Tema de intersecção entre o Direito Tributário e o Direito Financeiro. Se</p><p>encontram na Constituição, entre os artigos 157 a 162, existindo ainda outras</p><p>normas espalhadas pelo texto constitucional. Em síntese, não é toda a</p><p>arrecadação de tributos realizada pela União, pelos Estados que ficam com</p><p>essas entidades federativas. Parte do que é arrecadado deve ser repartido, ou</p><p>com outras entidades federativas ou através de fundos previstos</p><p>constitucionalmente. Podemos então dividir a repartição de receitas em dois</p><p>grupos:</p><p>A) Transferências diretas:</p><p>A.1 – transferências diretas da União para os Estados e DF;</p><p>A.2 – transferências diretas da União para os Municípios;</p><p>A.3 – transferências diretas dos Estados-Membros para os municípios.</p><p>B) Transferências indiretas:</p><p>B.1 – transferências para o Fundo de Participação dos Estados e do</p><p>DF; B.2 – transferências para o Fundo de Participação dos Municípios;</p><p>B.3 – transferências para os Fundos Regionais;</p><p>B.4 – transferências para o Fundo de Compensação de Exportações.</p><p>Vamos então, verificar como funciona a repartição das receitas</p><p>diretas: União, reparte com os Estados e DF:</p><p>17</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>1) 100% da arrecadação de IR dos seus agentes públicos;</p><p>2) 30% do IOF como ativo financeiro para o Estado de</p><p>origem; 3) 20% dos impostos residuais;</p><p>4) 29% da CIDE Combustível</p><p>União, reparte com os Municípios:</p><p>1) 100% da arrecadação de IR dos seus agentes públicos;</p><p>2) 50% do ITR, com relação aos imóveis neles situados, ou 100% no caso da</p><p>transferência da capacidade tributária;</p><p>3) 70% do IOF como ativo financeiro.</p><p>Estados, reparte com os seus municípios:</p><p>1) 50% da arrecadação do IPVA;</p><p>2) 25% da arrecadação de ICMS, sendo que 65% desse valor será repartido na</p><p>proporção do valor nas operações realizadas em seus territórios, e de 10 a 35%</p><p>com base em indicadores de melhoria nos resultados de aprendizagem.</p><p>3) 25% dos valores recebidos de CIDE Combustível.</p><p>Agora vamos detalhar como funciona a repartição de receitas indiretas.</p><p>1) Fundo de Participação dos Estados e do DF: 21,5% do produto da</p><p>arrecadação de IPI e do IR;</p><p>2) Fundo de Participação dos Municípios: 22,5% do produto da arrecadação de</p><p>IPI e IR; e mais 3% de IPI e IR entregues de acordo com o primeiro decêndio de</p><p>cada mês/ano, sendo julho, setembro e dezembro).</p><p>3) Fundo destinado às Regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste: 3% do IR e IPI,</p><p>sendo que metade dos recursos da região nordeste, fica com o semiárido.</p><p>4) Fundo de Compensação de Exportações: 10% do produto da arrecadação do</p><p>IPI aos Estados e DF, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações</p><p>de produtos industrializados, limitada a participação de cada entidade federativa</p><p>ao percentual de 20% do total do fundo. Do total recebido, os Estados devem</p><p>destinar aos municípios 25% dos valores.</p><p>18</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>Princípios Orçamentários</p><p>1) Legalidade (165, CRFB): Os orçamentos e os créditos adicionais que o</p><p>alteram só podem ser aprovados por lei. O Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes</p><p>Orçamentárias, e os orçamentos anuais (LOA), são estabelecidos por lei de</p><p>iniciativa do Executivo.</p><p>O artigo 166 da CRFB estabelece que os projetos de lei relativos ao PPA e as</p><p>diretrizes orçamentárias, bem como o orçamento anual e ao créditos adicionais,</p><p>serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do</p><p>regimento.</p><p>2) Exclusividade (165, §8º, CRFB): A Lei Orçamentária Anual só pode tratar de</p><p>matéria orçamentária. Não poderá conter dispositivo estranho à previsão da</p><p>receita e fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para</p><p>abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito. Os</p><p>temas que não se incluem na proibição da LOA conter dispositivo estranho à</p><p>previsão da receita e fixação da despesa são típicos de matéria orçamentária.</p><p>3) Anualidade (34 da Lei 4.320/64) : a previsão das receitas e a fixação das</p><p>despesas tem como referência o exercício financeiro, que coincide com o ano</p><p>civil. A Emenda Constitucional 102/2019 estabelece que é possível a Lei</p><p>Orçamentária Anual conter previsões e não fixação em si de despesas para os</p><p>exercícios seguintes. Mesmo assim, o princípio da anualidade continua sendo</p><p>observado, dado que a LOA não deve conter dotações que extrapolem o</p><p>exercício financeiro. A previsão de despesas de exercícios seguintes tem o</p><p>único objetivo de orientar os investimentos.</p><p>4) Unidade: os entes federativos devem elaborar um único orçamento, ainda</p><p>que este compreenda mais de um documento (orçamento fiscal, orçamento de</p><p>investimento de empresas estatais e orçamento da seguridade social). O</p><p>princípio da unidade refere- se a uma unidade de orientação política e não a</p><p>uma unidade documental.</p><p>5) Programação: vem da ideia do próprio planejamento do Estado, como as</p><p>possíveis alocações do orçamento público. Exemplos são os planos plurianuais,</p><p>lei de diretrizes orçamentárias e a lei orçamentária anual. Com a integração de</p><p>todos os planos, exige-se uma melhor programação para que os planos e</p><p>programas nacionais, regionais ou setoriais estejam no PPA, na lei de diretrizes</p><p>orçamentárias, no orçamento e na prática da atividade administrativa.</p><p>19</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>6) Equilíbrio Orçamentário: é a chamada regra de ouro do orçamento público,</p><p>pois norteia toda a atividade financeira do Estado, especialmente após a edição</p><p>da Lei de Responsabilidade Fiscal. Busca-se assegurar que as despesas</p><p>autorizadas em lei não sejam superiores à previsão das receitas.</p><p>7) Universalidade: todas as receitas e todas as despesas governamentais</p><p>devem fazer parte do orçamento, sem qualquer exceção. Não confunda</p><p>Unidade com Universalidade.</p><p>Cada ente deve ter uma Unidade de orçamento, e cada orçamento deve conter</p><p>um Universo de receitas e despesas.</p><p>8) Princípio da Especificação ou Especialização: Proíbe que se consignem no</p><p>orçamento dotações globais. Isso significa que não pode o</p><p>orçamento</p><p>estabelecer gastos genéricos, ambíguos ou sem precisão. O princípio da</p><p>especificação tem como objetivo facilitar a análise dos gastos e do desempenho</p><p>gerencial e verificar a aplicação dos princípios da economicidade, eficiência e</p><p>efetividade. É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade</p><p>imprecisa ou com dotação ilimitada.</p><p>Existem duas exceções ao princípio da especificação: programas especiais de</p><p>trabalho, que por sua natureza não podem ser especificados, e a reserva de</p><p>contingência, que tem por finalidade atingir aos passivos contingentes e outros</p><p>riscos, bem como eventos fiscais imprevistos.</p><p>9) Princípio da Proibição de Estorno: Determina que o gestor público não pode</p><p>transpor, remanejar ou transferir recursos de uma categoria econômica para</p><p>outra ou de órgão para outro, sem prévia autorização legislativa. Existe uma</p><p>exceção a essa princípio, estabelecido no artigo 167, §5º da CRFB que admite,</p><p>no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação, mediante ato do</p><p>Poder Executivo, sem a necessidade da prévia autorização legislativa.</p><p>10) Princípio da Unidade de Tesouraria ou Unidade de Caixa: Estabelece que</p><p>todas as receitas far-se-á em estrita observância ao princípio, vedada qualquer</p><p>fragmentação para criação de caixas especiais. Isso significa que todos os</p><p>recursos são destinados a uma conta única, com a finalidade de facilitar sua</p><p>gestão. Essa conta prevista no artigo 164, §3º da CRFB, que descreve a Conta</p><p>Única do Tesouro.</p><p>Importante destacar que a Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe a unificação</p><p>dos recursos da Previdência Social com os demais entes. Seria uma exceção</p><p>importante a esse princípio. Tal separação prevista no artigo 43, §1 da LRF, tem</p><p>a finalidade de preservar o equilíbrio dos regimes da previdência, observar seus</p><p>limites e condições de proteção e prudência financeira.</p><p>20</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>11) Princípio da Economicidade: Traz a ideia de eficiência na gerência</p><p>financeira e orçamentária, observando os princípios como a maximização da</p><p>receita e da arrecadação, bem como o melhor custo/benefício no uso dos</p><p>recursos públicos.</p><p>Controle e Fiscalização do Orçamento</p><p>Após entender a dinâmica do sistema do direito financeiro no Brasil, ou seja,</p><p>como funciona as leis orçamentárias, as receitas e despesas, é importante</p><p>estudar como se verifica o controle dessa atividade. O papel do Tribunal de</p><p>Contas como fiscalizador dos gastos públicos inclusive.</p><p>O controle, a fiscalização das finanças públicas começa antes e termina depois</p><p>do exercício financeiro, não ficando adstrito a esse período. O artigo 71 da</p><p>CRFB é quem detalha o controle , estabelecendo que fica a carga do</p><p>Congresso Nacional e com o Auxílio do Tribunal de Contas, as seguintes</p><p>competências:</p><p>I – apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, em</p><p>sessenta dias a contar de seu recebimento;</p><p>II – julgar as contas do administradores e demais responsáveis da</p><p>administração direta e indireta;</p><p>III – controle de legalidade dos atos de admissão de pessoal, bem como a das</p><p>concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias</p><p>posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório.</p><p>IV – fiscalizar a aplicação de recursos repassados pela União mediante</p><p>convênio aos Estados, DF ou ao Municípios.</p><p>Importante ressaltar que é dever integrado dos Poderes Legislativo, Executivo e</p><p>Judiciário manter um controle com as seguintes finalidades:</p><p>(i) Avaliar o cumprimento das metas previstas no PPA, e a execução dos</p><p>programas de governo e dos orçamentos da União;</p><p>(ii) comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto a eficácia e</p><p>eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e</p><p>entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos</p><p>públicos por entidades de direito privado;</p><p>(iii) exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como</p><p>dos direitos e haveres da União;</p><p>(iv) apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.</p><p>O artigo 74, §2º da CRFB, consagra uma importante missão quanto ao controle</p><p>social das finanças públicas. Ele demonstra que todos somos parte legítima</p><p>para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades para o Tribunal</p><p>de Contas da União, como parte de um poder fiscalizatório em comum.</p><p>21</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>Aqui não estamos falando apenas de um controle de legalidade, mas sim de</p><p>moralidade, legitimidade, dentre outros princípios, pois só assim é possível</p><p>haver fiscalização mais efetiva dos dispêndios públicos. Assim, o artigo 70 da</p><p>CRFB adiciona outros princípios e aspectos levados em consideração para a</p><p>fiscalização:</p><p>Legalidade</p><p>Renúncia de</p><p>Receitas</p><p>legitimidade</p><p>Economicidade Aplicação de</p><p>Subvenções</p><p>A) Legalidade → impõe-se a verificação dos requisitos necessários à</p><p>realização da despesa, isto é, ao gastar o dinheiro público o administrador deve</p><p>observar rigorosamente as autorizações e as limitações da lei orçamentária sob</p><p>execução.</p><p>Isso significa que o pagamento deve ser feito sempre com a devida previsão</p><p>orçamentária e não pode ir além dos créditos orçamentários ou adicionais, sob</p><p>pena de caracterização do crime de responsabilidade previsto no artigo 85, VI</p><p>da CRFB. A realização da despesa pública impõe, ainda, a observância do</p><p>procedimento estabelecido na Lei 4.320/64.</p><p>B) Legitimidade → Traz a ideia de relação entre gasto e valoração diante do</p><p>necessário atendimento do interesse público. A fiscalização examina o mérito</p><p>do ato praticado pelo agente público para detectar possível desvio de</p><p>finalidade. A legitimidade em tese, precede a legalidade. O ato só será legítimo</p><p>à medida que não contrarie a natureza do homem. Nem tudo que é legal é</p><p>legítimo. Dessa forma, despesas excessivas com representação ou com</p><p>cerimônias festivas, apesar de regulares do ponto de vista legal, porque</p><p>financiadas com dotações orçamentárias próprias, podem ser questionadas</p><p>sob o prisma da legitimidade</p><p>22</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>se estiverem em descompasso com os valores fundamentais da sociedade –</p><p>Prof. Kiyoshi Harada.</p><p>C) Economicidade → Diz respeito a análise do custo-benefício de determina</p><p>despesa. A ideia é que a opção mais eficiente, a melhor dentre as disponíveis</p><p>ao gestor público deve ser a escolhida.</p><p>D) Aplicação de Subvenções → As subvenções são auxílios governamentais</p><p>concedidos às entidades públicas ou privadas, em geral, instituições sociais e</p><p>educacionais, sem finalidades lucrativas, com o fito de ajuda-las na consecução</p><p>de seus objetivos estatutários, destinados a secundar a ação do Estado. O</p><p>artigo 201, §8º da CRFB veda subvenção às entidades de previdência privada</p><p>com finalidades lucrativas. Há aqui uma verificação se os valores repassados a</p><p>entes sem fins lucrativos foram devidamente aplicados naquilo que se</p><p>comprometeram gastar, com aprovação de prestação de contas.</p><p>E) Renúncia de receitas → Só pode ocorrer em determinadas hipóteses e nas</p><p>condições da lei. O exercício total da competência tributária não é compulsório,</p><p>mas, uma vez exercitado e instituído o tributo, somente a lei poderá dispensar</p><p>sua arrecadação. Por razões de política fiscal, a lei pode conceder incentivos</p><p>fiscais consistentes em isenções, redução de alíquotas, redução de base de</p><p>cálculo, etc.</p><p>Por isso o artigo 14 da Lei Complementar 101/00: A concessão ou ampliação</p><p>de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de</p><p>receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto</p><p>orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos</p><p>dois seguintes, e atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias.</p><p>Tipos de Controle</p><p>I – Controle Interno: Previsto no artigo 70 da CRFB, prevendo uma</p><p>fiscalização pelo sistema de controle interno de</p><p>cada Poder. O artigo 74 da</p><p>CRFB fixa, desde logo, para os três Poderes parâmetros para a efetivação</p><p>desse controle. Cada poder deve ter uma estrutura que tenha por finalidade</p><p>analisar e conferir processos de pagamento, registro contábil, relatório e</p><p>documentos, bem como o cumprimento das metas previstas no PPA.</p><p>É basicamente uma fiscalização prévia feita pelo próprio poder legislativo,</p><p>executivo ou judiciário em relação aos seus próprios agentes, órgãos e</p><p>instituições. O controle interno, apesar de contar com recursos materiais e</p><p>pessoais próprios, atua de forma integrada e interdependente com o controle</p><p>23</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>externo. A lei 4.320/64 estabelece 03 tipos de controle da execução</p><p>orçamentária: (a) legalidade dos atos; (b) fidelidade funcional dos agentes</p><p>públicos; (c) cumprimento do programa de trabalho.</p><p>Esse controle poderá ser prévio, concomitante ou subsequente.</p><p>II – Controle Externo: É exercido exclusivamente pelo Poder Legislativo de</p><p>cada ente, com o auxílio dos tribunais de contas. Os tribunais são órgãos</p><p>auxiliares, colegiados e encarregados de fiscalização e controle do orçamento.</p><p>Importante ressaltar que não existe subordinação entre o poder legislativo e o</p><p>tribunal de contas.</p><p>Cabe ao Tribunal de Contas atuar na fiscalização contábil, financeira,</p><p>orçamentária, operacional e patrimonial do Estado, incluindo os seus Poderes e</p><p>as respectivas entidades da administração direta ou indireta, alcançando os</p><p>administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos,</p><p>além das pessoas físicas ou jurídicas, que, mediante convênios, acordos,</p><p>ajustes ou outros instrumentos, apliquem auxílios, subvenções ou recursos</p><p>repassados pelo Poder Público.</p><p>Importante ressaltar que em face da vedação constitucional à criação de novas</p><p>cortes de contas municipais – somente os Municípios do Rio de Janeiro e de</p><p>São Paulo possuem um Tribunal de Contas Municipal próprio Nos demais</p><p>Estados, em regra, os seus respectivos TCEs atuam tanto na fiscalização da</p><p>administração estadual como das administrações municipais. Já os Estados da</p><p>Bahia, Goiás e Pará possuem dois tribunais estaduais de contas: Um Tribunal</p><p>de Contas Municipais para fiscalizar todos os seus municípios, e um outro</p><p>Tribunal de Contas do Estado, apenas para fiscalizar as contas do Estado</p><p>membro.</p><p>Lei de Responsabilidade Fiscal – LC 101/2000</p><p>As circunstâncias para criação de uma legislação pautada na responsabilidade</p><p>fiscal eram e demandavam providências urgentes, tanto para a estabilidade</p><p>fiscal, quanto para regulamentar alguns dispositivos constitucionais. Boa parte</p><p>do mundo buscou melhorar o seu desempenho econômico, através de reformas</p><p>fiscais, orçamentárias e de gestão pública, adotando-se mecanismos rígidos de</p><p>controle de despesas e do endividamento que levassem a um desejado</p><p>equilíbrio fiscal.</p><p>O artigo 163 da CRFB, bem como o artigo 165, §9 e o artigo 169, exigiam a</p><p>criação de Lei Complementar para dispor sobre algumas diretrizes financeiras.</p><p>Assim, em 04 de maio de 200 foi promulgada a Lei de Responsabilidade Fiscal,</p><p>estabelecendo normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade</p><p>na gestão fiscal.</p><p>24</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>A dinâmica da lei foi pensada em um tripé, que envolvesse: Planejamento;</p><p>Transparência e Equilíbrio nas contas públicas. Sendo esse último, considerado</p><p>a “regra de ouro” da lei, pois se busca balancear as receitas e as despesas</p><p>públicas, de maneira a permitir ao Estado dispor de recursos necessários e</p><p>suficientes à realização de toda a sua atividade, garantindo assim, seu</p><p>crescimento sustentado.</p><p>I – Objetivo</p><p>O parágrafo primeiro do artigo 1º da LC 101/00 estabelece que a</p><p>responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente,</p><p>em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio</p><p>das contas públicas.</p><p>Assim a LRF (lei de responsabilidade fiscal) estabelece 04 mecanismos de</p><p>transparência:</p><p>A) incentivo a participação popular;</p><p>B) ampla divulgação dos documentos da gestão fiscal;</p><p>C) disponibilidade e publicidade das contas;</p><p>D) emissão de relatórios periódicos de gestão e execução orçamentária.</p><p>A fixação de metas de resultados entre receitas e despesas, representa</p><p>concretização do planejamento orçamentário. Há uma preocupação entre a</p><p>programação e a execução. Temos o anexo de metas fiscais que integra a LDO,</p><p>onde serão estabelecidas as metas anuais, em valores correntes e constantes,</p><p>relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da</p><p>dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes.</p><p>II – Destinatário</p><p>São muitos os destinatários da LRF, de forma a atingir todos aqueles que,</p><p>utilizam direta ou indiretamente os recursos públicos. Por isso, a Lei dispõe que</p><p>as regras obrigam a União, Estados, DF e os municípios, compreendendo,</p><p>inclusive:</p><p>- Poder Executivo, Legislativo, Judiciário e o Ministério</p><p>Público; - Administração Direta e Indireta;</p><p>- Tribunais de Contas.</p><p>Por isso, considere que a LRF se aplica ao gestor público em sentido amplo,</p><p>conceito este que incluirá também o gestor de pessoas jurídicas de direito</p><p>privado que recebam ou administrem recursos públicos, numa relação de</p><p>25</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>dependência financeira que ocorre pela transferência financeira a título de</p><p>subvenção ou subsídio.</p><p>Fique atento: Não basta que a empresa pública ou a sociedade de economia</p><p>mista seja controlada para se submeter a LRF. Deverá haver uma relação de</p><p>dependência financeira entre ela e o ente controlador, pois a empresa</p><p>simplesmente controlada e não dependente, que possua receita própria e não</p><p>receba do ente controlador recursos para pessoal ou custeio, situa-se, em</p><p>regra, fora do âmbito de abrangência da LRF.</p><p>III – Transparência</p><p>A lei prevê a ampla divulgação do relatório resumido de execução orçamentária,</p><p>relatório de gestão fiscal e prestação de contas, devendo essa publicação ser</p><p>bimestral. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão</p><p>disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no</p><p>órgão técnico responsável pela sua elaboração para consulta e apreciação</p><p>pelos cidadãos e instituições da sociedade.</p><p>O conhecimento e o acompanhamento da execução orçamentária e financeira,</p><p>deverá ser disponibilizada para qualquer pessoa física ou jurídica. Lição de</p><p>casa: ler o artigo 48 da LRF.</p><p>A lei ainda exige a realização das prestações de contas, a serem feitas pelos</p><p>Chefes do Poder Executivo, que incluirão, além das suas próprias, as dos</p><p>Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo, Judiciário e do Chefe do</p><p>Ministério Público, as quais receberão parecer prévio, separadamente, do</p><p>respectivo Tribunal de Contas.</p><p>IV – Planejamento Fiscal</p><p>Já estudamos que existem 03 leis orçamentárias que permitem o planejamento</p><p>no setor público.</p><p>1) PPA – duração de 04 anos, onde encontramos a previsão, do que se</p><p>pretende realizar no quadriênio seguinte, além do que já está em andamento.</p><p>2) LDO – orientação para elaboração do orçamento, definindo as prioridades e</p><p>metas do PPA para o exercício financeiro subsequente.</p><p>3) LOA – que é a lei de execução do orçamento para o exercício seguinte,</p><p>contendo a estimativa de receita e a autorização das despesas.</p><p>Assim, as duas primeiras planejam e a última executa. A LDO é o mais</p><p>relevante instrumento de planejamento orçamentário, devendo conter:</p><p>(i) Metas e prioridades para o exercício seguinte;</p><p>26</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>(ii) compatibilidade com a trajetória sustentável da dívida</p><p>pública; (iii) Orientação para elaboração do</p><p>orçamento-programa;</p><p>(iv) alteração na legislação tributária;</p><p>(v) mudanças na política de pessoal.</p><p>(vi) equilíbrio entre</p><p>receitas e despesas;</p><p>(vii) critérios e forma para limitação de empenho;</p><p>(viii) critérios para início de novos projetos.</p><p>Lei 4.320/64</p><p>A lei 4320/64 estatui normas gerais de Direito Financeiro para a elaboração e o</p><p>controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e</p><p>do Distrito Federal. Foi recebida por nossa constituição com status de norma</p><p>complementar. A lei detalha sobre o que deve conter necessariamente numa lei</p><p>orçamentária.</p><p>Aqui é necessário fazer a leitura dos dispositivos mais importantes. Por isso,</p><p>vamos a eles:</p><p>Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de</p><p>forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do</p><p>Governo, obedecidos os princípios de unidade universalidade e anualidade.</p><p>§ 1° Integrarão a Lei de Orçamento:</p><p>I - Sumário geral da receita por fontes e da despesa por funções do Governo;</p><p>II - Quadro demonstrativo da Receita e Despesa segundo as Categorias</p><p>Econômicas, na forma do Anexo nº 1;</p><p>III - Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva</p><p>legislação; IV - Quadro das dotações por órgãos do Governo e da</p><p>Administração. § 2º Acompanharão a Lei de Orçamento:</p><p>I - Quadros demonstrativos da receita e planos de aplicação dos fundos</p><p>especiais;</p><p>II - Quadros demonstrativos da despesa, na forma dos Anexos nºs 6 a 9;</p><p>III - Quadro demonstrativo do programa anual de trabalho do Governo, em</p><p>termos de realização de obras e de prestação de serviços.</p><p>27</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de</p><p>operações de crédito autorizadas em lei.</p><p>Art. 6º Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus</p><p>totais, vedadas quaisquer deduções.</p><p>A lei 4320 também traz conceitos importantes utilizados em Direito Financeiro, a</p><p>saber:</p><p>Conceito financeiro de Tributo:</p><p>Art. 9º Tributo é a receita derivada instituída pelas entidades de direito público,</p><p>compreendendo os impostos, as taxas e contribuições nos termos da</p><p>constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinando-se o seu</p><p>produto ao custeio de atividades gerais ou especificas exercidas por essas</p><p>Conceito de Receita</p><p>Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas:</p><p>Receitas Correntes e Receitas de Capital.</p><p>§ 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições,</p><p>patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as</p><p>provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito</p><p>público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em</p><p>Despesas Correntes.</p><p>§ 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos</p><p>financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de</p><p>bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou</p><p>privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital</p><p>e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente.</p><p>Vamos agora trabalhar algumas questões, com relação aos temas abordados.</p><p>Bons Estudos:</p><p>1) O orçamento moderno, diferentemente do orçamento tradicional, é</p><p>instrumento de planejamento governamental e necessário para a consecução</p><p>das políticas públicas. A respeito desse assunto, que envolve o conceito de</p><p>orçamento e princípios orçamentários, assinale a opção correta:</p><p>a) O orçamento moderno trabalha com a ideia central de que os recursos a</p><p>serem arrecadados devem servir à aquisição de meios para fazer face</p><p>exclusivamente às despesas contingenciais.</p><p>28</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>b) O orçamento público é um instrumento que confere ao Poder Executivo</p><p>poder discricionário para a reformulação de políticas públicas, sem a</p><p>necessidade de autorização legislativa para tanto.</p><p>c) O orçamento público moderno deve garantir o equilíbrio fiscal, por meio do</p><p>cumprimento das metas de resultados fiscais estipuladas.</p><p>d) O orçamento moderno, assim como o tradicional, exige que as receitas sejam</p><p>matematicamente iguais às despesas.</p><p>e) A concepção moderna de orçamento público enfatiza seu aspecto contábil e</p><p>gerencial, distanciando-se da avaliação de eficiência e efetividade.</p><p>2) Indique a afirmação CORRETA</p><p>a) Lei ordinária não pode dispor sobre dívida pública e sobre emissão e resgate</p><p>de títulos da dívida pública.</p><p>b) É da competência da cada pessoa política dispor, mediante decreto</p><p>regulador, sobre sua dívida pública externa e interna, incluída a de suas</p><p>autarquias, fundações e demais entidades controladas.</p><p>c) Cabe ao Conselho Monetário Nacional exercer a competência constitucional</p><p>para emitir moeda em nome da União.</p><p>d) O orçamento da seguridade social abrange todas as entidades e órgãos a ela</p><p>vinculados por determinação legal, mas não está incluído na lei orçamentária</p><p>anual.</p><p>3) Segundo o sistema constitucional financeiro vigente, é certo afirmar que: a)</p><p>o princípio da unidade do orçamento não mais é adotado pela Carta Magna;</p><p>b) a unicidade orçamentária veio a ser substituída pelos orçamentos plurianuais</p><p>e pelo de diretrizes orçamentárias;</p><p>c) apesar de haver três orçamentos em nossa ordem jurídica, consoante o</p><p>disposto no art. 165, da Lei Fundamental, a unidade de orçamento persiste,</p><p>porquanto a unidade não é documental, mas de programas a serem</p><p>implementados dentro de uma estrutura integrada do Sistema;</p><p>d) ao contrário de textos constitucionais anteriores, a Constituição de 1988 não</p><p>contempla o chamado princípio da exclusividade em matéria orçamentária.</p><p>4) Á vista do princípio da anualidade orçamentária é exato asseverar que, no</p><p>Brasil:</p><p>a) o período relativo ao exercício financeiro nem sempre coincide com o ano</p><p>civil; b) vigora o regime de competência (orçamento do exercício);</p><p>29</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>c) prevalece o regime de caixa (orçamento de gestão);</p><p>d) não são admissíveis atenuações a esse princípio, posto ele representa, no</p><p>Estado Democrático de Direito, expressiva manifestação do postulado da</p><p>segurança jurídica e do controle das contas públicas.</p><p>5) A lei orçamentária anual exige que se aglutinem os orçamentos fiscal, de</p><p>investimentos das empresas e da seguridade social em busca da inclusão de</p><p>todas as rendas e despesas dos poderes, fundos, órgãos e entidades da</p><p>administração direta e indireta. A respeito desse princípio, assinale a opção</p><p>correta.</p><p>a) O princípio enunciado na hipótese é o da exclusividade.</p><p>b) Trata-se do princípio do equilíbrio orçamentário.</p><p>c) Cuida-se, no caso, do princípio da legalidade estrita.</p><p>d) O princípio enunciado, analisado exclusivamente, é o da</p><p>unidade. e) Trata-se do princípio da universalidade.</p><p>6) Determinado estado da Federação promulgou sua lei orçamentária anual, a</p><p>qual teve sua constitucionalidade contestada em sede de controle abstrato de</p><p>constitucionalidade, sob o argumento de que ela não teria dado oportunidade,</p><p>na fase de elaboração do seu texto, de participação aos cidadãos, bem como</p><p>que teria desrespeitado os marcos temporais do ciclo orçamentária</p><p>estabelecidos pela lei estadual a que deu aplicação. Quanto à situação</p><p>apresentada, assinale a opção correta.</p><p>a) É admissível, segundo entendimento do STF, o controle abstrato de</p><p>constitucionalidade de lei orçamentária anual, independentemente do caráter</p><p>abstrato ou concreto do seu objeto.</p><p>b) A constitucionalidade da lei em questão não poderia ter sido questionada,</p><p>uma vez que o orçamento participativo não tem previsão legal.</p><p>c) A constitucionalidade da lei em apreço foi corretamente questionada, pois os</p><p>estados devem cumprir o prazo de envio e devolução do projeto de lei</p><p>orçamentária, sendo impedidos de fixar outros marcos temporais.</p><p>d) A participação popular é prevista apenas na fase de discussão do projeto de</p><p>lei orçamentária, não sendo extensiva à fase de elaboração do texto legal.</p><p>e) A declaração de inconstitucionalidade</p><p>da lei possibilitará a aplicação de lei</p><p>municipal suplementar que verse sobre direito financeiro, mesmo que inexista</p><p>interesse local.</p><p>30</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>7) O orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e</p><p>entidades da Administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e</p><p>mantidas pelo Poder Público estão compreendidas na lei</p><p>a) do orçamento anual.</p><p>b) orgânica.</p><p>c) de responsabilidade fiscal.</p><p>d) de diretrizes orçamentárias.</p><p>8) Considerando as especificidades dos orçamentos previstos na Lei</p><p>Orçamentária Anual da União, consoante a CF, assinale a opção correta.</p><p>a) O orçamento monetário destina-se às despesas e receitas do BACEN.</p><p>b) O orçamento previdenciário contém as dotações destinadas à saúde e à</p><p>previdência</p><p>c) O orçamento federal de investimento das estatais abrange todas as</p><p>empresas públicas e sociedades de economia mista públicas, incluindo-se as</p><p>dos estados e dos municípios.</p><p>d) O orçamento fiscal compreende parte da administração direta e parte da</p><p>administração indireta da União.</p><p>9) Estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e as metas</p><p>da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas</p><p>decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. O trecho</p><p>transcrito refere-se</p><p>a) à lei de responsabilidade fiscal.</p><p>b) à lei de diretrizes orçamentárias.</p><p>c) à lei que institui plano financeiro setorial.</p><p>d) plano plurianual</p><p>10) Compreende as metas e prioridades da Administração Pública federal,</p><p>incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente,</p><p>orienta a elaboração da lei orçamentária anual, dispõe sobre as alterações na</p><p>legislação tributária e estabelece a política de aplicação das agências</p><p>financeiras oficiais de fomento, a lei:</p><p>a) do plano plurianual.</p><p>b) geral do orçamento.</p><p>c) de diretrizes orçamentárias.</p><p>31</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>d) de responsabilidade fiscal</p><p>11) Os royalties do petróleo são uma importante fonte de recursos para o</p><p>Estado do Rio de Janeiro. De acordo com a jurisprudência do Supremo</p><p>Tribunal Federal, a participação devida aos Estados, Municípios e Distrito</p><p>Federal nos royalties do petróleo possui natureza jurídica de.</p><p>a) imposto;</p><p>b) taxa</p><p>c) contribuição social;</p><p>d) receita originária;</p><p>e) receita derivada</p><p>12) A respeito do regime de pagamento dos precatórios judiciais, é correto</p><p>afirmar, com base na legislação nacional e no entendimento dos tribunais</p><p>superiores, que</p><p>a) a preferência em favor do pagamento dos créditos de natureza alimentícia</p><p>não dispensa a expedição de precatório, limitando-se a isentá-los da</p><p>observância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de</p><p>condenações de outra natureza.</p><p>b) é obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de</p><p>verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças</p><p>transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até</p><p>31 de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte.</p><p>c) não é admitido o fracionamento de precatório para fins de pagamento</p><p>prioritário, até o valor equivalente ao triplo do valor fixado em lei como</p><p>obrigação de pequeno valor, de débitos de natureza alimentícia cujos titulares</p><p>tenham 60 (sessenta) anos de idade.</p><p>d) mediante expressa anuência do ente devedor, o credor poderá ceder, total ou</p><p>parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros, devendo ainda</p><p>homologar a referida cessão junto ao Poder Judiciário, para fins de eficácia.</p><p>e) O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo,</p><p>retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime</p><p>fiscal e responderá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça por</p><p>improbidade administrativa.</p><p>13) A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e</p><p>transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar</p><p>32</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>o equilíbrio das contas públicas. Com essa finalidade, a Lei de</p><p>Responsabilidade Fiscal estabelece:</p><p>a) constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a</p><p>instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência</p><p>constitucional do ente da Federação.</p><p>b) a execução orçamentária e financeira identificará os beneficiários de</p><p>pagamento de sentenças judiciais, por meio do sistema de contabilidade e</p><p>administração financeira independentemente da ordem cronológica para</p><p>pagamento.</p><p>c) os valores dos contratos de terceirização de mão de obra que se referem à</p><p>substituição de servidores e empregados públicos não serão contabilizados</p><p>para fins de verificação do limite das despesas com pessoal.</p><p>d) a lei considera como despesa total com pessoal o somatório dos gastos dos</p><p>entes federativos com os ativos, os inativos e os pensionistas, excluídos</p><p>aqueles relativos a mandatos eletivos.</p><p>e) considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada</p><p>de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente</p><p>a obrigação legal de sua execução no respectivo exercício.</p><p>14) Um município do estado da Paraíba celebrou convênio com a União para a</p><p>construção de uma unidade hospitalar de pronto-atendimento, em 2022, tendo</p><p>oferecido uma contrapartida de 20% do valor do convênio. Nessa situação</p><p>hipotética, a responsabilidade de julgar as contas dos administradores dos</p><p>recursos do convênio caberá exclusivamente ao:</p><p>a) TCU, em relação aos recursos federais, e ao TCE-PB, quanto aos recursos</p><p>municipais.</p><p>b) TCU.</p><p>c) TCE-PB.</p><p>d) Poder Legislativo federal, em relação aos recursos federais, e ao Poder</p><p>Legislativo municipal, quanto aos recursos municipais.</p><p>e) Poder Legislativo municipal</p><p>15) Determinado tribunal de contas estadual emitiu determinações a um órgão</p><p>jurisdicionado e fixou prazo para adoção de providências; determinou o</p><p>recolhimento de débito e aplicação de multa ao responsável por determinado</p><p>convênio considerado irregular; e apresentou parecer prévio sobre as contas do</p><p>chefe do Poder Executivo. Nessa situação hipotética, o referido tribunal</p><p>exerceu, respectivamente, as funções.</p><p>a) sancionadora, sancionadora e julgadora.</p><p>33</p><p>CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (40º EXAME)</p><p>Professor: Pedro Henrique Bonifácio | Matéria: Direito Financeiro</p><p>b) corretiva, sancionadora e julgadora.</p><p>c) sancionadora, corretiva e opinativa.</p><p>d) corretiva, sancionadora e opinativa.</p><p>16) Constatando ilegalidade ao exercer a atividade de controle externo,</p><p>compete ao Tribunal de Contas</p><p>a) assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências</p><p>necessárias ao exato cumprimento da lei.</p><p>b) sustar imediatamente a execução do ato administrativo impugnado,</p><p>comunicando a decisão ao Poder Legislativo.</p><p>c) sustar a execução do contrato administrativo impugnado, solicitando, de</p><p>imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.</p><p>d) sustar a execução do contrato administrativo impugnado, comunicando a</p><p>decisão ao Poder Legislativo competente.</p><p>17) O Presidente da República está elaborando projeto de lei que estabelece,</p><p>de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da Administração</p><p>Pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para</p><p>as relativas aos programas de duração continuada. Diante desse cenário,</p><p>assinale a afirmativa correta</p><p>a) A matéria tratada em tal projeto de lei objetiva instituir a Lei de Diretrizes</p><p>Orçamentárias, a qual deve ser aprovada por quórum de maioria simples no</p><p>Congresso Nacional.</p><p>b) Tal projeto versa sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias e se submete à</p><p>reserva de lei complementar.</p><p>c) Embora institua o Plano Plurianual, tal projeto de lei necessita ser aprovado</p><p>por quórum de maioria absoluta no Congresso Nacional</p><p>d) Trata-se de projeto de lei que institui</p>