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<p>Disciplina: Microbiologia e Imunologia</p><p>Aula 7: Imunidade inata</p><p>Apresentação</p><p>Todos os seres vivos possuem um tipo de defesa contra micro-organismos e protozoários. Do ponto de vista evolutivo, a</p><p>presença de funções semelhantes à fagocitose e de proteínas do sistema complemento mostra que a imunidade inata é</p><p>obrigatória para a sobrevivência de qualquer ser vivo.</p><p>Nesta aula, você aprenderá sobre a primeira linha de defesa em humanos e qual o curso dessa ativação.</p><p>Objetivos</p><p>De�nir as principais características do sistema imunológico inato;</p><p>Reconhecer as funções de células e proteínas do sistema imunológico inato;</p><p>Explicar as etapas da in�amação.</p><p>A primeira barreira contra infecções</p><p>Durante a evolução dos seres vivos, surgiram também mecanismos para eliminação de micro-organismos patogênicos e</p><p>remoção de células mortas participando do reparo de tecidos. Denominada imunidade inata, essa defesa, tal a sua importância na</p><p>evolução das espécies, pode ser identi�cada em vários seres vivos �logeneticamente distantes.</p><p>A imunidade inata representa a primeira etapa contra infecções, atuando também na</p><p>ativação do sistema imunológico adquirido. Outra função dela é a de remoção de células</p><p>velhas ou danosas, estimulando o reparo tecidual.</p><p>Antes de começarmos a estudar esses mecanismos, vamos aprender em linhas gerais algumas características da resposta</p><p>imunológica inata.</p><p>Características gerais da resposta imunológica inata</p><p>Sabe aquela vermelhidão, dolorida e inchada que surge quando cortamos a nossa pele?</p><p>Ela representa o processo in�amatório em curso.</p><p>Se pudéssemos colocar esse material em um microscópio,</p><p>conseguiríamos observar células mortas pela lesão e vários</p><p>componentes celulares ativados para remover bactérias e</p><p>outros micro-organismos que entraram por esse corte.</p><p>Essas células produzem também sinalizadores para estimular</p><p>a chegada de novas células de apoio.</p><p>Trata-se de uma das funções do sistema imunológico inato.</p><p>In�amação é o acúmulo e a ativação de leucócitos e proteínas plasmáticas em locais de</p><p>infecção ou lesão tecidual. Atua contra micro-organismos extracelulares.</p><p>Ao romper esse epitélio, os micro-organismos serão reconhecidos por fagócitos do tipo macrófagos e células dendríticas que</p><p>iniciam a in�amação.</p><p>1</p><p>Atenção</p><p>O mecanismo inato de defesa sempre responde da mesma forma nos encontros com o micro-organismo, enquanto o sistema</p><p>imunológico adaptativo responde de forma cada vez mais e�caz a cada encontro. Isso é porque não temos células de memória</p><p>no sistema imunológico inato.</p><p>O sistema imunológico inato reconhece estruturas comuns a diversas classes de micro-organismos:</p><p>Existe um receptor para todas as bactérias Gram-negativas O sistema reconhece, por exemplo, a molécula lipopolissacarídeo de</p><p>parede celular Gram-negativa e a molécula peptideoglicano, e há um receptor para esses componentes. Repare que são</p><p>componentes comuns e não especí�cos de uma determinada espécie. Isso também ocorre com um vírus: a presença de material</p><p>genético RNA dupla �ta faz com que a célula reconheça e responda à presença dele.</p><p>https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0070/aula7.html</p><p>Essas moléculas são denominadas padrões moleculares associados a patógenos</p><p>(PAMP). Já os receptores presentes nas células da imunidade inata são os receptores</p><p>de reconhecimento de padrões.</p><p>A evolução desses receptores faz com que eles reconheçam estruturas vitais dos agentes patogênicos: mesmo se houver</p><p>mutação, a estrutura vai permanecer, pois o micro-organismo a utiliza na colonização e infecção.</p><p>Comentário</p><p>Nas células necróticas ou danosas, essas células utilizam outro receptor: o padrão molecular de dano (DAMP).</p><p>Como já foi dito neste curso, a imunidade inata também é responsável pela remoção de células e pelo reparo do tecido.</p><p>Veja a diferença entre a imundade inata e adquirida em relação aos receptores de reconhecimento padrão:</p><p>IMUNIDADE INATA</p><p>Os receptores não são sintetizados a partir de</p><p>recombinações de genes (como ocorre nos</p><p>linfócitos).</p><p>Distinguem as estruturas de patógenos das</p><p>estruturas próprias do corpo. Elas não reagem</p><p>contra o próprio corpo: existe a discriminação entre</p><p>o que é próprio e não próprio nele.</p><p>IMUNIDADE ADQUIRIDA</p><p>Os linfócitos se agrupavam em clones , todos</p><p>com o mesmo receptor antigênico.</p><p>Se um linfócito em desenvolvimento sintetizar um</p><p>receptor que aparente uma grande a�nidade de</p><p>ligação com estruturas próprias, ele deve ser</p><p>eliminado.</p><p>2</p><p>Exemplo</p><p>Na imunidade inata, o macrófago reconhece uma determinada estrutura comum a um grupo de patógenos – comum, portanto, a</p><p>todos os macrófagos. Não existe clone.</p><p>Resposta imunológica inata em ação</p><p>https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0070/aula7.html</p><p> Fonte: Shutterstock <https://cs.wikipedia.org/wiki/Sinice#/media/File:Nostoc.jpg></p><p>Já é do seu conhecimento que muitos micro-organismos utilizam como porta de entrada o epitélio da pele e os tratos</p><p>gastrintestinal e respiratório, seja por, respectivamente, contato, ingestão ou inalação.</p><p>Nosso epitélio possui um conjunto de barreiras físicas e químicas de controle. De início, ele é contínuo, di�cultando a passagem</p><p>de qualquer micro-organismo. Além disso, esse tecido:</p><p>produz peptídeos antibióticos denominados</p><p>defensinas e catelicidinas que controlam a</p><p>invasão de micro-organismos.</p><p>possui na cavidade peritoneal e em mucosas,</p><p>os linfócitos intraepiteliais , NK-T e as</p><p>células B-1. São células que, apesar de serem</p><p>linfócitos, possuem o aspecto de imunidade</p><p>natural.</p><p>τγδ 3</p><p>Exemplo</p><p>Um exemplo da importância das defensinas é na Doença de Chron, que leva a uma in�amação grave nos intestinos, uma mutação</p><p>faz com que elas não sejam produzidas em quantidade su�ciente, �cando o paciente debilitado sem essa defesa natural.</p><p>https://cs.wikipedia.org/wiki/Sinice#/media/File:Nostoc.jpg</p><p>https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0070/aula7.html</p><p> Defesas inatas epiteliais. Fonte: Adaptado de ABBAS; LICHTMAN (2014)</p><p>Barreira física à infecção. Morte dos micro-organismos por antibióticos, derfensinas e</p><p>catelicidinas localmente produzidos.</p><p>Morte dos micro-organismos e células infectadas por</p><p>linfócitos intraepiteliais.</p><p>Principais tipos de receptores</p><p>Receptores do tipo Toll ( TLR )</p><p>Esses receptores são bem conhecidos. Eles receberam esse</p><p>nome porque a mosca Drosophila melanogaster possui uma</p><p>proteína homóloga chamada Toll que também atua na defesa</p><p>contra patógenos. Além de sua presença em macrófagos e</p><p>células dendríticas, o receptor TLR também está presente em</p><p>neutró�los, células epiteliais e células endoteliais.</p><p>4</p><p> Os receptores do tipo Toll reconhecem componentes microbianos na superfície, no</p><p>citoplasma ou dentro de vesículas endossomais. Fonte: (ABBAS; LICHTMAN, 2014).</p><p>https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0070/aula7.html</p><p>1</p><p>TLR-4</p><p>Reconhece o lipopolissacarídeo</p><p>2</p><p>TLR-5</p><p>Reconhece a proteína �agelina que compõe o �agelo de</p><p>bactérias</p><p>3</p><p>TLR3, TLR 7 e TLR 8</p><p>Reconhecem os tipos de genomas virais</p><p>Esses receptores estão distribuídos na membrana plasmática, no interior de vesículas</p><p>endossomais e no citoplasma. Portanto, é bem difícil para o patógeno escapar deles.</p><p>Receptor RIG</p><p>Reconhece o RNA viral e o in�amassoma, um arranjo de proteínas que converte a citocina pró-interleucina 1b em molécula</p><p>Interleucina 1b (IL-1b), tornando-a biologicamente ativa. Esta molécula induz a in�amação aguda e febre.</p><p>Exemplo</p><p>Além da sua função na defesa do hospedeiro, hoje se acredita que possa estar envolvido na ativação da in�amação de três</p><p>doenças:</p><p>Gota;</p><p>Aterosclerose;</p><p>Diabetes do tipo 2 associado a obesidade.</p><p>Funções básicas de citocinas</p><p> Fonte: Shutterstock <https://cs.wikipedia.org/wiki/Sinice#/media/File:Nostoc.jpg></p><p>Durante a resposta imunológica inata e adaptativa, as células são ativadas pela presença de micro-organismos e outros tipos de</p><p>antígeno que as façam mudar de estado.</p><p>No entanto, a intensidade da resposta, e por que não dizer o seu desfecho, depende</p><p>muito de proteínas chamadas de citocinas.</p><p>Vamos</p><p>entender as funções básicas de citocinas, pois o seu conhecimento nos auxiliará na compreensão das etapas das</p><p>respostas imunológicas do hospedeiro.</p><p>Citocinas são polipeptídios produzidos por células que provocam reações de regulação nas</p><p>respostas in�amatórias e imunológicas. Suas funções são claramente associadas a</p><p>resistência às infecções, embora elas também atuem no reparo e no desenvolvimento de</p><p>linhagens celulares hematopoiéticas.</p><p>https://cs.wikipedia.org/wiki/Sinice#/media/File:Nostoc.jpg</p><p>Essas reações são um evento rápido e autolimitado. Muitas dessas ações provocam a síntese de outras citocinas como um efeito</p><p>em cascata, provocando ao �m uma série de reações celulares.</p><p>Observe na �gura a seguir as ações autócrina , parácrina e endócrina das citocinas:5 6</p><p> Citocinas e receptores de citocinas. Fonte: Shutterstock</p><p>Atenção</p><p>Fica claro que todas as células alvo possuem receptores para citocinas e que ocorre um efeito ampli�cador dessas ações durante</p><p>a resposta, pois muitas células aumentam o número de receptores em suas membranas. Elas representam mensagens químicas</p><p>com os mais variados objetivos identi�cáveis a cada caso.</p><p>As células produtoras de citocinas da imunidade inata são os macrófagos e as dendríticas Vamos conhece-las a seguir.</p><p>https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0070/aula7.html</p><p>https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0070/aula7.html</p><p>MACRÓFAGOS</p><p> Fonte: Shutterstock</p><p>São células residentes no tecido conjuntivo e em vários órgãos do corpo. Eles representam a diferenciação de monócitos</p><p>sanguíneos, ou seja, são dois estágios da mesma linhagem celular conhecida como sistema fagocitário mononuclear.</p><p>Em média, há na circulação 500 a 1.000 monócitos por mililitro de sangue.</p><p>Macrófagos são responsáveis por ingerir micro-organismos no sangue e em tecidos. Distribuem-se no tecido conjuntivo e em</p><p>vários órgãos do corpo. As suas funções são:</p><p>1</p><p>Remoção e destruição dos micro-</p><p>organismos.</p><p>2</p><p>Produção de citocinas que iniciam e</p><p>regulam a in�amação.</p><p>3</p><p>Limpeza de tecidos mortos para iniciar</p><p>o processo de reparação tecidual.</p><p>Os macrófagos utilizam os receptores de reconhecimento padrão para reconhecer os micro-organismos, mas também podem ser</p><p>ativados por anticorpos e fragmentos do sistema complemento.</p><p>Durante a resposta inata, os macrófagos respondem aos patógenos produzindo as citocinas:</p><p>1</p><p>Fator de necrose tumoral ( TNF .)7</p><p>2</p><p>Interleucina-1 (IL-1)</p><p>3</p><p>Citocinas quimioatrativas 8</p><p>Já dissemos que a IL-1 induz a febre pela resposta do hipotálamo, mas o TNF também realiza essa ação. Junto com a</p><p>interleucina-6, essas citocinas atuam também nas células do fígado para a produção de várias proteínas chamadas reagentes da</p><p>fase aguda. Exemplos: a proteína C-reativa e o �brinogênio.</p><p>Atenção</p><p>Quando ocorrer uma infecção bacteriana grave e disseminada pelo corpo, poderá acontecer o chamado choque séptico. Seus</p><p>sinais clínicos incluem:</p><p>Hipotensão arterial;</p><p>Coagulação intravascular disseminada;</p><p>Distúrbios metabólicos estimuladas no início por níveis elevados de TNF.</p><p>CÉLULAS DENDRÍTICAS</p><p> Fonte: Wikipedia <https://en.wikipedia.org/wiki/Bacteria#/media/File:EscherichiaColi_NIAID.jpg></p><p>https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0070/aula7.html</p><p>https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0070/aula7.html</p><p>https://en.wikipedia.org/wiki/Bacteria#/media/File:EscherichiaColi_NIAID.jpg</p><p>As células dendríticas (DC) também respondem aos micro-organismos, produzindo quimiocinas e a interleucina-12 (IL-12) em</p><p>resposta ao lipopolissacarídeo e a outras moléculas microbianas. A IL-12 atua em células NK e T, que respondem produzindo IFN-</p><p>γ.</p><p>Nas infecções virais, um subconjunto de células dendríticas e, em menor escala, outras células infectadas produz o IFN tipo 1, que</p><p>inibe a replicação viral e evita a disseminação da infecção para células sadias.</p><p>A DC representa um elo entre a imunidade inata e a adaptativa através da ativação das</p><p>células T virgens.</p><p>Outra célula que participa dessa fase é o mastócito . Sua</p><p>principal característica é o grande número de grânulos</p><p>citoplasmáticos presente na pele e no epitélio mucoso. Pode</p><p>ser ativada por micro-organismos utilizando TLR ou anticorpo.</p><p>Seus grânulos contêm aminas vasoativas como a histamina,</p><p>responsável pela vasodilatação e pelo aumento da</p><p>permeabilidade dos vasos, duas ações importantes no local da</p><p>in�amação. Essas células também secretam prostaglandinas</p><p>e citocinas que estimulam a in�amação.</p><p>9</p><p> Mastócito e grânulos de histamina. Fonte: Shutterstock</p><p>Outros participantes importantes da imunidade inata</p><p>https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0070/aula7.html</p><p> Os neutrófilos polimorfonucleares são abundantes no sangue e participam ativamente</p><p>da inflamação. Fonte: Shuttertock</p><p>Neutró�los</p><p>Na circulação, a presença de neutró�los - também conhecidos</p><p>como leucócitos polimorfonucleares – é fundamental para a</p><p>in�amação. Existem entre 4.000 e 10.000 deles a cada mililitro</p><p>de sangue, mas esse número pode dobrar durante a infecção.</p><p>Muitas células que participam da infecção produzem as</p><p>citocinas, são conhecidas como fator estimulador de colônias.</p><p>Na medula óssea, esse fator estimula as células-tronco</p><p>hematopoiéticas a proliferarem e amadurecerem os</p><p>precursores de neutró�los. Além de ingerirem (fagocitose) os</p><p>micro-organismos na circulação, essas células são recrutadas</p><p>para os tecidos in�amados.</p><p>A vida média do neutró�lo é de 8 horas; por isso, eles não oferecem uma defesa por muito</p><p>tempo.</p><p>Natural Killer</p><p>Uma célula que se destaca em infecções virais logo no início</p><p>da resposta é a natural killer (ou exterminadora natural).</p><p>Ela é um tipo de linfócito que possui receptores de ativação</p><p>capazes de reconhecer moléculas de superfície nas células</p><p>infectadas com vírus e bactérias intracelulares, além de células</p><p>estressadas por dano ao DNA e transformação maligna.</p><p>Quando ativada, ela libera grande quantidade de proteínas</p><p>armazenadas em seus grânulos citoplasmáticos, gerando a</p><p>apoptose da célula alvo da mesma forma que o linfócito T</p><p>citotóxico.</p><p> Célula Natural Killer (NK) identifica células cancerígenas. Fonte: Shutterstock</p><p>No entanto, ela não possui o receptor TCR na sua superfície, utilizando um receptor NKG2D que reconhece as moléculas classe I</p><p>do MHC que pertencem ao complexo principal de histocompatibilidade.</p><p>Um outro receptor de ativação da NK é o CD16, mas ele será utilizado mais à frente na resposta quando já existirem anticorpos</p><p>ligados às células. A NK reconhece anticorpos sobre células e também provoca a morte. Esse fenômeno é chamado de</p><p>citotoxicidade celular dependente de anticorpo (ADCC, do inglês antibody-dependent cellular cytotoxicity).</p><p>Em relação a citocinas, já vimos que macrófagos produzem a</p><p>interleucina-12, que atua na NK a estimulando a produzir a</p><p>interferon-γ. A IFN-γ, por sua vez, estimula os macrófagos a se</p><p>tornarem mais efetivos na morte de micro-organismos</p><p>fagocitados. Propicia a ativação da célula NK o interferon tipo</p><p>1 (IFN tipo 1) produzido por dendríticas e macrófagos que</p><p>ingerem células mortas com vírus.</p><p> Figura: Receptor da célula NK inibitória. Fonte: (BENJAMINI; COICO; SUNSHINE, 2002)</p><p>Sistema complemento</p><p>Outro participante importante da imunidade inata. O sistema complemento é composto de um conjunto de proteínas circulantes e</p><p>também ligadas à membrana para estimular a:</p><p>Fagocitose de micro-organismos;</p><p>Degranulação de mastócitos;</p><p>Migração leucocitária para o local da lesão;</p><p>Destruição de bactérias durante a in�amação.</p><p>Essas proteínas são produzidas normalmente pelo fígado, mas a importância do</p><p>sistema complemento na in�amação é tão grande que os macrófagos ativados</p><p>também começam a produzi-las.</p><p>O sistema complemento funciona como uma cascata de ativação em que determinada proteína é modi�cada e atua sobre a</p><p>seguinte. Suas proteínas são identi�cadas pela letra C seguida de um número e pela letra F. O sistema participa tanto da</p><p>imunidade inata como da adquirida. Existem duas vias de ativação do sistema complemento durante</p><p>a resposta imunológica</p><p>inata:</p><p>Clique nos botões para ver as informações.</p><p>Começa com o depósito de C3 sobre a parede celular de bactérias. Com a participação dos fatores B e D, essa proteína dá</p><p>origem a dois fragmentos:</p><p>C3a - liberado no meio;</p><p>C3b - permanece associado à parede celular.</p><p>Quimioatrativo para neutró�los e monócitos, o fragmento C3a acaba promovendo o recrutamento desses leucócitos para o</p><p>local da lesão. Já o fragmento C3b é reconhecido pelas células fagocitárias que possuírem o receptor chamado CR1. Ele</p><p>atua na opsonização (estímulo à fagocitose). A molécula responsável por isso chama-se opsonina. Com o C3b, os micro-</p><p>organismos são rapidamente destruídos pelos fagócitos.</p><p>Via alternativa </p><p>Começa quando o carboidrato manose (presente nas glicoproteínas de superfície dos micro-organismos) for reconhecido</p><p>por uma proteína plasmática ligante de carboidrato, a lectina ligante de manose (MBL). Os componentes dessa via são os</p><p>mesmos da via clássica de ativação que ocorre na presença de anticorpos. Aqui também serão produzidos os fragmentos</p><p>C3a e C3b.</p><p>A continuação da cascata de ativação propicia a clivagem da proteína C5 com o fragmento C5a, apresentando a mesma</p><p>função de C3a como quimioatrativo. O fragmento C5b, ancorado na parede celular da bactéria, inicia a ligação das proteínas</p><p>�nais C6, C7, C8 e C9 em um evento que se chama complexo de ataque à membrana ( MAC ).</p><p>Via da lectina </p><p>10</p><p> Vias de ativação e produtos do sistema complemento. Fonte: (ABBAS; LICHTMAN, 2014)</p><p>https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0070/aula7.html</p><p>Processo da in�amação no local da infecção</p><p> Fonte: Shutterstock</p><p>A�nal, quem começa a in�amação?</p><p>Quando um patógeno alcançar o tecido subepitelial, ele será reconhecido pelos macrófagos residentes que utilizarem PAMP ou</p><p>DAMP. Em resposta, essas células produzirão TNF e IL-1, que agem no endotélio de vênulas próximas ao local de infecção. O</p><p>endotélio agora começará a expressar as moléculas de adesão E-selectina e P-selectina, que são da família selectina.</p><p>Os neutró�los e os monócitos circulantes possuem na superfície carboidratos que se ligam fracamente às selectinas.</p><p>Inicialmente, os neutró�los se juntam ao endotélio, mas o �uxo de sangue não deixa essa ligação ser �rme e a célula se solta.</p><p>Mais adiante, estabelece-se uma nova junção; assim, os leucócitos seguem em rolamento ao longo do vaso.</p><p>Os leucócitos também possuem outro conjunto de moléculas de adesão chamadas de integrinas. Elas estão presentes</p><p>normalmente em baixa a�nidade nos leucócitos inativos. Sob efeito das quimiocinas produzidas pelos macrófagos e também</p><p>pelas células endoteliais, essas integrinas ganham mais a�nidade pelos ligantes presentes no endotélio. Ao mesmo tempo, a TNF</p><p>e a IL-1 produzidas pelo macrófago estimulam o endotélio a expressar os ligantes para as integrinas.</p><p>Com isso, o rolamento diminui e o citoesqueleto dos leucócitos é reorganizado, enquanto as células se espalham na superfície</p><p>endotelial. Em minutos, as quimiocinas C3a e C5a do sistema complemento estimulam a motilidade dos leucócitos que passarem</p><p>através da parede do vaso, seguindo um gradiente de concentração desses quimioatrativos, até chegarem ao local da infecção.</p><p>Os capilares tornam-se mais permeáveis nesse processo atiçado pelo TNF. Muitas proteínas, como as do sistema complemento</p><p>e até do anticorpo, saem dos vasos e entram no local da lesão. Isso acelera a eliminação, pois elas auxiliam os fagócitos. Você se</p><p>lembra da opsonização?</p><p> Etapas da inflamação. Fonte: Shutterstock</p><p>No caso da opsonização por complemento e anticorpos, a ligação é bem forte. Em seguida, o fagócito organiza o seu</p><p>citoesqueleto, estendendo a membrana plasmática ao redor da partícula, que se fecha formando uma vesícula chamada de</p><p>fagossoma.</p><p>Os fagossomas se fundem com os lisossomas, formando os fagolisossomas. Ao mesmo tempo, o fagócito ativa muitas enzimas</p><p>responsáveis pela digestão, como a oxidase fagocitária, convertendo o oxigênio molecular em ânion superóxido e radicais livres.</p><p>Esse processo é denominado surto oxidativo; os compostos, de intermediários reativos do oxigênio ( ROS ).</p><p>ROS são extremamente tóxicos para os micro-organismos que estão no fagolisossoma. Outra enzima, a óxido nítrico sintase</p><p>induzida (iNOS), metaboliza o aminoácido arginina em óxido nítrico (ON). As enzimas proteases lisossômicas são essas</p><p>substâncias microbicidas que destroem os micro-organismos. Os neutró�los ativados também liberam os conteúdos de grânulos</p><p>microbicidas.</p><p>11</p><p>https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0070/aula7.html</p><p> Fases da fagocitose. Fonte: (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012)</p><p>Como já foi visto neste curso, os neutró�los têm vida curta: ao morrerem, liberam suas proteínas nucleares, as histonas que se</p><p>tornam proteínas antimicrobianas. Essas proteínas, que fazem parte das redes extracelulares de neutró�los ( NETs ), servem</p><p>para matar bactérias e fungos.</p><p>12</p><p>Apesar de a in�amação ser um processo dirigido contra micro-organismos, a liberação dos</p><p>intermediários reativos do oxigênio e de algumas enzimas acaba provocando lesões nos</p><p>tecidos do hospedeiro.</p><p>Como podemos imaginar, em um processo evolutivo alguns micro-organismos evoluíram para resistir a essa destruição. Eles</p><p>podem escapar da vesícula fagocítica e entrar no citoplasma livre do ataque de ROS (ou óxido nítrico), como a Listeria</p><p>monocytogenes, que provoca a meningite. Na tuberculose, essa micobactéria possui uma enzima que impede a fusão da vesícula</p><p>com o lisossoma.</p><p>Esta aula foi o primeiro passo no conhecimento das etapas de ativação e eliminação de patógenos na espécie humana desde</p><p>mecanismos muito simples localizados na superfície corporal até a organização de uma rede de células e citocinas. Ficou claro</p><p>para você que a in�amação é um processo bem complexo. Poderíamos dizer que ele também é dinâmico, pois os mecanismos de</p><p>escape dos micro-organismos provavelmente desencadearão novas alternativas para as nossas defesas.</p><p>https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0070/aula7.html</p><p>Atividade</p><p>1 - Assinale a única opção que não representa a resposta imunológica inata:</p><p>a) Especificidade</p><p>b) Fagocitose</p><p>c) Quimioatração de neutrófilos</p><p>d) Citotoxicidade</p><p>e) Memória imunológica</p><p>2 - (Fiocruz - Médico alergista e imunologista - 2010) A resposta inata funciona como uma primeira linha de defesa contra</p><p>diferentes tipos de infecção. Sobre a imunidade inata, assinale a a�rmativa incorreta:</p><p>a) Depende da expansão clonal das células que compõem o compartimento linfoide.</p><p>b) Pode ser demonstrada em seres vivos tão diversos quanto a drosófila, o camundongo e o ser humano.</p><p>c) Envolve sistemas de fase fluida como o sistema complemento, assim como populações celulares como as células natural killer.</p><p>d)Tem papel importante como moduladora do tipo de resposta específica que será observada em seguida decorrente da ativação</p><p>linfocitária.</p><p>e) Fagócitos tem duas funções importantes relacionadas à proteção: eles englobam e ingerem partículas e apresentam maquinaria</p><p>enzimática necessária para a eliminação de partículas vivas.</p><p>3 - O sistema complemento é um conjunto de proteínas que atua durante todo o curso da resposta imunológica no hospedeiro.</p><p>Em relação à função do fragmento C3b na resposta imunológica, assinale a opção correta:</p><p>a) Participa do complexo de ataque à membrana.</p><p>b) Estimula a fagocitose.</p><p>c) É uma citocina da imunidade inata.</p><p>d) É quimioatrativo para neutrófilos.</p><p>e) Permite aderência ao endotélio no local da infecção.</p><p>4 - Qual das opções representa a citocina responsável por estimular as células natural killer durante a resposta imunológica inata?</p><p>a) Interleucina-1</p><p>b) Fator de necrose tumoral</p><p>c) Interleucina-6</p><p>d) Interleucina-12</p><p>e) Interleucina-2</p><p>5 - De�na in�amação.</p><p>6 - Durante as fases da in�amação, os neutró�los reagem à presença de moléculas de adesão na superfície do endotélio. Em um</p><p>primeiro momento, a força do �uxo de sangue não permite que a ligação entre endotélio e neutró�lo seja forte o su�ciente para a</p><p>manter. Observamos então o fenômeno de rolamento, cuja molécula responsável nessa etapa é:</p><p>a) Selectina</p><p>b) Integrina</p><p>c) Fator de necrose tumoral</p><p>d) Opsonina</p><p>e) Quimioatraente</p><p>Notas</p><p>Fagócitos 1</p><p>Fagócitos são leucócitos (conhecidos como glóbulos brancos) do sangue atuantes na defesa do organismo, ingerindo</p><p>(fagocitose) partículas e micro-organismo estranhos no corpo.</p><p>A fagocitose é a ingestão de partículas com mais de 0,5 µm de diâmetro depois de serem ativados estes três receptores: de</p><p>reconhecimento padrão, para anticorpos e para fragmentos do complemento.</p><p>Clones 2</p><p>Temos muitos clones com receptores diferentes: esse número é da ordem do bilhão.</p><p>NK-T 3</p><p>reconhece o lipídeo microbiano apresentado pela molécula CD1 das células apresentadoras de antígenos.</p><p>TLR 4</p><p>Signi�ca : TLR: toll-like receptors.</p><p>autócrina 5</p><p>A ação autócrina provoca seu efeito na mesma célula de origem. Um exemplo é a interleucina-2 produzida por linfócitos recém-</p><p>ativados, estimulando sua proliferação.</p><p>parácrina 6</p><p>A ação parácrina é a mais comum, especialmente durante as defesas imunológicas, envolvendo a célula produtora e a célula alvo</p><p>em resposta a essa ação.</p><p>Podemos usar a IL-1b como um modelo de ação endócrina. Ela foi liberada por células no sítio da lesão e na circulação. O</p><p>hipotálamo possui receptores para o IL- 1b, que, em resposta, altera a temperatura corporal – o que chamamos de febre.</p><p>TNF 7</p><p>sigla em inglês para tumor necrosis fator.</p><p>Citocinas quimioatrativas 8</p><p>como a interleucina-8, que atua recrutando neutró�los e monócitos para os locais de infecção.</p><p>Mastócito 9</p><p>Mastócitos são células contendo grânulos de histamina e outros componentes que contribuem para a in�amação e podem ser</p><p>também encontrados em processos alérgicos.</p><p>MAC 10</p><p>do inglês membrane atack complex.</p><p>O MAC estimula a perturbação da membrana da bactéria, principalmente pelas ações de C8 e C9. O resultado disso é a lise</p><p>osmótica ou a apoptose do micro-organismo.</p><p>ROS 11</p><p>do inglês reactive oxygen species.</p><p>NETs 12</p><p>do inglês neutrophil extracellular traps.</p><p>Referências</p><p>ABBAS A K ; LICHTMAN A H Imunologia básica 4 ed Rio de Janeiro: Elsevier 2014</p><p>ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H. Imunologia básica. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.</p><p>ABBAS, A.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.</p><p>BALESTIERI, F. M. P. Imunologia. São Paulo: Manole, 2009.</p><p>BENJAMINI, E.; COICO, R.; SUNSHINE, G. Imunologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.</p><p>MALE, D. et al. Imunologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.</p><p>TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Porto Alegre: Artmed, 2012.</p><p>Próxima aula</p><p>Distinção entre antígenos e imunógenos e suas principais características;</p><p>Diferentes tipos de epítopos;</p><p>Moléculas de classe I e II do complexo principal de histocompatibilidade nos diversos tipos de apresentação antigênica.</p><p>Explore mais</p><p>Micro-organismos – fagocitose; <https://www.youtube.com/watch?v=PHJxwBvfwgY></p><p>Sistema imune inato (com legendas em inglês e português). <https://www.youtube.com/watch?v=CXz6FVqPqHw></p><p>https://www.youtube.com/watch?v=PHJxwBvfwgY</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=CXz6FVqPqHw</p>