Prévia do material em texto
<p>Unidade 3 - Planejamento e</p><p>Avaliação</p><p>Gabriela Salvador da Silva</p><p>Iniciar</p><p>Introdução</p><p>Nesta Unidade 3, faremos esforços para compreender não só as de�nições de</p><p>currículo e as intenções por trás da elaboração de cada um deles mas, também,</p><p>aqueles currículos que caíram em desuso ao longo da História no Brasil.</p><p>Além disso, nos é importante compreender as formas de avaliações existentes no</p><p>país a nível nacional e regional para, assim, de�nirmos um ponto de vista em relação</p><p>à sua existência e aplicação. Devemos sempre nos perguntar em que medida essas</p><p>avaliações trazem frutos positivos aos estudantes e em que medidas prejudicam o</p><p>aprendizado e o próprio funcionamento das escolas.</p><p>Vamos lá?</p><p>Bons estudos!</p><p>18/09/2024, 19:04 EDU_MEHEJA_19_E_3</p><p>https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_MEHEJA_19/unidade_3/ebook/index.html#Intro1 1/15</p><p>1. Planejamento</p><p>O planejamento curricular é o conjunto das práticas e experiências que serão vividas</p><p>pelos alunos dentro da escola. Na prática, o que isso signi�ca?</p><p>O planejamento é o processo em que o docente toma as decisões sobre a dinâmica</p><p>da ação escolar, ou seja, é o momento em que ele prevê de forma sistemática e</p><p>ordenada toda a vida escolar dos alunos. Portanto, devemos encarar o planejamento</p><p>como um instrumento que orienta toda a ação educativa dentro do ambiente escolar,</p><p>uma vez que a preocupação está voltada à proposta geral das experiências de</p><p>aprendizagem que a escola deve oferecer ao aluno.</p><p>Sendo assim, cada escola elabora um planejamento de currículo que leva em</p><p>consideração não só o que os alunos devem aprender dentro do ambiente escolar,</p><p>de acordo com cada faixa etária mas, também, as próprias práticas fundamentadas</p><p>na ideologia educadora do colégio. Deste modo, identi�camos que as escolas mais</p><p>tradicionais ou chamadas conservadoras, apresentam planejamentos um pouco mais</p><p>retrógrado e baseado em um ensino completamente conteudista, enquanto as</p><p>escolas mais progressistas e construtivistas apresentam um planejamento curricular</p><p>mais moderno com proposições bastante diferenciadas.</p><p>A elaboração de um planejamento curricular deve abranger todos os componentes</p><p>da equipe escolar que fazem parte do processo educativo direta ou indiretamente,</p><p>como diretor, coordenadores, coordenadores pedagógicos, professores,</p><p>supervisores, etc. Em conjunto, a equipe de�nirá o conteúdo básico e delinearão os</p><p>métodos e as estratégias de avaliação.</p><p>Contudo, o planejamento de ensino determina o que e como ensinar, visando</p><p>sempre a melhor maneira de aplicação dessas estratégias de ensino para o</p><p>aprimoramento da aprendizagem ao �nal dos ciclos letivos para que ocorra a</p><p>aprendizagem ao �nal dos processos educativos. Devemos ter em mente que</p><p>planejar vai muito além de re�etir sobre a prática pedagógica, identi�car di�culdades</p><p>e procurar solucioná-las – trata-se, ainda, de aprimorar a prática docente, conferir</p><p>sentido às ações e, obviamente, re�etir cotidianamente sobre as escolhas de caráter</p><p>18/09/2024, 19:04 EDU_MEHEJA_19_E_3</p><p>https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_MEHEJA_19/unidade_3/ebook/index.html#Intro1 2/15</p><p>pessoal protagonizados pelo corpo docente. Em última instância, o planejamento é</p><p>um exercício poderoso para que integrantes da equipe escolar, ao identi�car avanços</p><p>e limites inerentes às práticas pedagógicas estipuladas pelo planejamento, sejam</p><p>capazes de apurar os resultados positivos de sua aplicação.</p><p>Para nós, é muito importante pensar em planejamentos que tragam inovações</p><p>metodológicas, buscando maneiras contextualizadas de tratar a educação com novas</p><p>formas de ensinar, para sairmos dessa mecanização educacional – onde os livros</p><p>didáticos ou o Estado determinam a ação dos docentes: ”planejamento é o processo</p><p>de re�exão, tomada de decisão. Plano é produto que como tal pode ser explicitado</p><p>em forma de registro, de documento ou não” ( PASSOS, 1995, p.43 )</p><p>Ressaltamos ainda que o planejamento anda de mãos dadas com a metodologia</p><p>escolhida por cada professor. Isso é bastante visível quando pensamos, por exemplo,</p><p>que o professor planeja sua aula baseada nos conteúdos propostos aos respectivos</p><p>anos letivos, estipula as atividades e exercícios, assim como o tipo de avaliação. Mas,</p><p>ao entrar em sala de aula, se depara com um ambiente escolar caótico, com alunos</p><p>marcadamente indisciplinados. Neste momento, só o planejamento não dá conta de</p><p>administrar esta aula e, por isso, entra em cena a metodologia utilizada pelo</p><p>professor a �m de contornar esses problemas cotidianos inerentes ao contexto</p><p>escolar.</p><p>1.1. Currículos negados</p><p>Como estudamos na unidade 2, o planejamento e o currículo são de extrema</p><p>importância pois é a partir deles que o professor organiza os conteúdos que serão</p><p>ministrados de acordo com cada ano escolar e a forma como serão trabalhados.</p><p>Assim, a partir do planejamento, o docente escolhe se serão utilizadas somente aulas</p><p>expositivas, ou se fará uso de equipamento tecnológicos como computadores ou</p><p>slides para maior e�ciência das aulas. Além disso, cabe ao professor, juntamente com</p><p>o sistema de ensino da escola em que trabalha, decidir se as avaliações serão feitas</p><p>apenas através de provas �nais, ou se serão propostas avaliações diferenciadas</p><p>como seminários, peças teatrais, intervenções culturais, etc.</p><p>No que diz respeito às formas escolhidas para avaliação, devemos sempre ter em</p><p>mente que elas dependerão não só da predisposição dos próprios docentes, como</p><p>18/09/2024, 19:04 EDU_MEHEJA_19_E_3</p><p>https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_MEHEJA_19/unidade_3/ebook/index.html#Intro1 3/15</p><p>também, da autorização da diretoria para que sejam colocadas em prática todas as</p><p>propostas que fujam um pouco do modelo tradicional de se medir o rendimento</p><p>escolar.</p><p>Para que o planejamento seja feito de forma a atender às exigências de cada ano</p><p>escolar, o docente deve levar em consideração o currículo em vigor. Mas o que é este</p><p>currículo? É um documento elaborado e aprovado pelo poder central que estabelece</p><p>o que deve ser ensinado em cada ano letivo e quais as habilidades devem ser</p><p>trabalhadas pelos professores a �m de incrementar a absorção de conhecimentos</p><p>por parte dos alunos.</p><p>No caso do Ensino Fundamental e Médio, estende-se por “habilidades” as</p><p>competências cognitivas que devem ser desenvolvidas em sala de aula de acordo</p><p>com os anos letivos. Podemos ver um exemplo abaixo, retirado da BNCC - Base</p><p>Nacional Curricular Comum, vigente em todo o território nacional:</p><p>Figura 1: BNCC - 1º ano do Ensino Fundamental Fonte: Não informada</p><p>Vale lembrar que o currículo é sempre elaborado de acordo com as pretensões dos</p><p>grupos dominantes da sociedade no momento. Portanto, se temos como grupo</p><p>hegemônico uma enorme gama de empresários, é normal que o currículo elaborado</p><p>e defendido seja muito mais tecnicista, para que forme alunos aptos a ingressar no</p><p>mercado de trabalho.</p><p>Dentro da nossa realidade atual cabe uma pergunta referente ao currículo: devemos</p><p>compreendê-lo como como parte do processo de formação humana ou enxergá-lo</p><p>como uma gama de conteúdos que somente prepara os alunos para o mercado de</p><p>trabalho ou vestibular? E onde entra a autonomia do professor?</p><p>18/09/2024, 19:04 EDU_MEHEJA_19_E_3</p><p>https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_MEHEJA_19/unidade_3/ebook/index.html#Intro1 4/15</p><p>Devemos, a partir de diferentes perspectivas, responder às premissas culturais da</p><p>diversidade e da globalização ao responder a estas perguntas. Na teoria educacional</p><p>e na prática do currículo, a diversidade e a globalização são produzidas por um</p><p>movimento dinâmico: ao passo que se amplia o direito à educação, se universaliza a</p><p>educação básica e se democratiza o acesso ao ensino superior. Com isso, os sujeitos</p><p>antes invisibilizados entram no espaço escolar. Neste movimento, os alunos que</p><p>antes eram desconsiderados como sujeitos de conhecimento trazem consigo seus</p><p>próprios conhecimentos, demandas políticas, valores,</p><p>condições de vida, sofrimentos</p><p>e vitórias, questionando nossos currículos e exigindo, por vezes, propostas</p><p>emancipatórias.</p><p>Neste contexto, será que as reivindicações são atendidas?</p><p>Na História curricular brasileira, podemos identi�car uma periodização clara sobre a</p><p>proposição dos modelos: em um primeiro momento, observamos a política como</p><p>sendo o norteador para os currículos, passando por uma fase guiada pelas</p><p>determinações econômicas. Temos, portanto:</p><p>No primeiro período, entre 1549 e 1759, observa-se o monopólio das vertentes</p><p>religiosas católicas e jesuítas da pedagogia tradicional. No segundo período, de 1759</p><p>a 1932, identi�camos a coexistência das vertentes religiosa e leiga da pedagogia</p><p>tradicional. No terceiro período, entre 1932 e 1969, observamos a emergência de</p><p>uma nova pedagogia, subdividida em três fases: o equilíbrio entre a pedagogia</p><p>tradicional e a pedagogia nova com o predomínio a pedagogia nova e a pedagogia</p><p>tecnicista - momento em que identi�camos na História do Brasil a vigência do Regime</p><p>Militar. Por �m, o quarto período, de 1969 a 1966, refere-se ao momento de</p><p>emergência de con�itos entre as pedagogias críticas e a pedagogia do capital</p><p>humano, dividida, também, em três fases: uma primeira com o predomínio da</p><p>pedagogia tecnicista e desenvolvimento da concepção crítico-reprodutivista (até</p><p>1980), emergência da pedagogia histórico-crítica e propostas alternativas (1980 a</p><p>1991), neoconstrutivismo, neotecnicismo e neo-escolanovismo (1991 a 1996).</p><p>Com base nessa periodização, vamos às concepções curriculares em cada período.</p><p>Sobre o 1º período, de 1549 a 1759, a proposta educacional concentra-se no Padre</p><p>Manoel da Nóbrega, que tinha como principal objetivo formar adeptos ao</p><p>18/09/2024, 19:04 EDU_MEHEJA_19_E_3</p><p>https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_MEHEJA_19/unidade_3/ebook/index.html#Intro1 5/15</p><p>catolicismo. Dessa forma, o currículo era formado pelo ensino da doutrina cristã, das</p><p>primeiras letras e dos bons costumes, bem como o ensino da língua portuguesa.</p><p>De acordo com esse currículo, a doutrina cristã era aprendida por meio de</p><p>catequeses ministradas diariamente através de aulas expositivas e exemplos vivos,</p><p>para que os alunos aprendessem lições de moral com base em acontecimentos</p><p>verídicos. Somente depois de aprender a língua portuguesa, os indígenas eram</p><p>encaminhados à escola primária para aprender a ler e escrever.</p><p>Após aprender a ler e escrever, os indígenas iniciavam o estudo da gramática latina</p><p>para que fossem preparados para as humanidades superiores como teologia e</p><p>�loso�a, além do ensino da agricultura e da manufatura.</p><p>Após 1556, essa proposição educacional de Nóbrega começa a encontrar resistência</p><p>e entra em con�ito com as orientações da Companhia de Jesus, que incentivava a</p><p>criação de colégios nos centros urbanos e no litoral. De acordo com a educação</p><p>jesuítica, o objetivo do currículo era formar padres para a atividade missionária e</p><p>educar as classes dominantes.</p><p>O currículo jesuíta era destinado, basicamente, ao ensino secundário e superior, que</p><p>creditava ênfase à literatura, �loso�a e teologia.</p><p>Entre 1759 e 1932, após a expulsão dos jesuítas do território nacional, as Reformas</p><p>Pombalinas instituem as aulas de primeiras letras, de gramática, de latim e de grego</p><p>nas capitanias brasileiras. Assim, o ensino secundário passa a ser fragmentado e as</p><p>aulas se tornam avulsas – cada uma com um professor. Neste momento, além das</p><p>disciplinas previamente enfatizadas no currículo jesuíta, são desenvolvidas disciplinas</p><p>como matemática, retórica e hebraica - ainda que de forma precária.</p><p>A partir de 1808, com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, uma série de</p><p>mudanças são colocadas em prática no ensino brasileiro. Já em 1827, decreta-se a</p><p>primeira lei educacional no Brasil que aponta os conteúdos a serem ensinados: ler,</p><p>escrever, matemática, gramática da língua nacional, princípios de moral cristã, ensino</p><p>da Constituição do Império e História do Brasil. Apesar de parecer um movimento</p><p>bastante progressista em relação à educação da época, é necessário salientar que</p><p>esta lei estipulava matérias diferentes a serem ministradas para meninas e meninos.</p><p>18/09/2024, 19:04 EDU_MEHEJA_19_E_3</p><p>https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_MEHEJA_19/unidade_3/ebook/index.html#Intro1 6/15</p><p>Dentre as reformas do período devemos lembrar daquela de Leôncio de Carvalho, de</p><p>1879, que estabeleceu o ensino obrigatório para todas as crianças brasileiras dos 7</p><p>aos 14 anos, permitindo, até mesmo, a presença dos escravos. Podemos a�rmar,</p><p>então, que esta é uma matriz curricular de inspiração positivista. Contudo muitas de</p><p>suas propostas não chegaram a ser implantadas e o currículo se limitou às aulas de</p><p>leitura, escrita e cálculo.</p><p>Em 1891, a Constituição federal rea�rmou a descentralização escolar. O que isso</p><p>signi�cou? A partir de então, caberia aos estados a responsabilidade de manter e</p><p>legislar sobre o ensino primário e pro�ssional.</p><p>Em 1890, Benjamin Constant, adepto do positivismo, apresenta-se como um</p><p>importante reformador do período.</p><p>Para o ensino primário, o teórico priorizava o ensino da escrita, da leitura e do</p><p>cálculo, assim como Geogra�a, História, trabalhos manuais e desenho.</p><p>No segundo grau, o ensino de português é categorizado como uma disciplina</p><p>especí�ca. Além disso, disciplinas como álgebra, Trigonometria, Economia, Direito</p><p>Pátrio são integradas ao currículo. A educação religiosa é gradualmente substituída</p><p>pela educação moral e cívica.</p><p>Somente a partir de 1920 podemos falar sobre um campo curricular no Brasil. Isto</p><p>porque surgem no cenário nacional as chamadas Pioneiras da Educação Nova, que</p><p>trazem novas perspectivas e uma preocupação do desenvolvimento delas. Nesse</p><p>contexto, podemos identi�car uma ruptura com a escola tradicional em relação aos</p><p>modelos aplicados nos períodos anteriores à 1920, uma vez que traz a preocupação</p><p>em renovar o currículo, modernizar os métodos e estratégias de ensino e avaliação,</p><p>além de defender a democratização da sala de aula e da relação aluno-professor.</p><p>Entretanto, essa reforma acabou se limitando ao emprego de novos métodos e</p><p>técnicas.</p><p>Entre 1932 e 1969, temos a Reforma de Francisco Campos, que diz respeito ao ensino</p><p>secundário e a Reforma Capanema, que reformulou alguns ramos do ensino assim</p><p>como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.</p><p>18/09/2024, 19:04 EDU_MEHEJA_19_E_3</p><p>https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_MEHEJA_19/unidade_3/ebook/index.html#Intro1 7/15</p><p>De acordo com Francisco Campos, a matriz curricular no Ensino Fundamental era</p><p>constituída por: matemática, ciências físicas e naturais, química, história natural,</p><p>desenho, música, geogra�a, história, alemão, português, francês, latim e inglês – que</p><p>se dividiam em cinco séries. Esta reforma também estabeleceu que o currículo</p><p>seriado organizado em dois ciclos – ambos indispensáveis para o acesso ao Ensino</p><p>Superior – chamados de Fundamental e Complementar.</p><p>Este foi um currículo elitista e, consequentemente, bastante excludente, levando-se</p><p>em consideração que, neste momento, a maior parte da população era analfabeta e</p><p>vivia em zonas rurais.</p><p>A Reforma Capanema trouxe como modi�cação o ensino organizado em dois ciclos –</p><p>o ginásio de quatro anos e o colegial de três anos. Como matriz, encontramos</p><p>Matemática, Português, Latim, Francês, Inglês, Ciências Naturais, História do Brasil,</p><p>Geogra�a Geral, Geogra�a do Brasil, Trabalhos Manuais, Desenho e Canto Orfeônico</p><p>No caso do segundo ciclo, as disciplinas variam de acordo com o curso: clássico ou</p><p>cientí�co. Com o intuito de se aprofundar na história do país e sua realidade,</p><p>re�etindo o nacionalismo presente na conjuntura política e econômica do país,</p><p>História e Geogra�a do Brasil ganham status de disciplinas autônomas.</p><p>A partir da Lei de Diretrizes e Bases de 1961, o ensino primário passou a contar com</p><p>uma matriz diferenciada: leitura e linguagem oral e escrita, aritmética,</p><p>Geogra�a e</p><p>História do Brasil, Ciências, Desenho, Canto Orfeônico e Educação Física. O ensino</p><p>religioso era uma matéria opcional.</p><p>Através da LDB há a rede�nição das diretrizes quantitativas e atores responsáveis</p><p>pela regulamentação das práticas educativas e iniciação artística – não há, nessa lei,</p><p>uma concepção de currículo em seu sentido dinâmico. O Conselho Federal de</p><p>Educação defende que o currículo deve ser organizado com disciplinas intelectuais,</p><p>práticas educativas artísticas ou úteis, práticas educativas físicas e educação moral,</p><p>cívica e religiosa.</p><p>Chegamos, agora, no quarto período que vai de 1969 a 1996. Aqui, temos a</p><p>pedagogia tecnicista visível na LDB 5692/71, assim como a emergência de concepções</p><p>como pedagogia libertadora e crítica social dos conteúdos. Obviamente, no período</p><p>18/09/2024, 19:04 EDU_MEHEJA_19_E_3</p><p>https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_MEHEJA_19/unidade_3/ebook/index.html#Intro1 8/15</p><p>militar, o currículo servirá aos propósitos do regime, através da implantação de</p><p>disciplinas como Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política Brasileira,</p><p>Estudo de Problemas Brasileiros e a própria Educação Física.</p><p>Devido à necessidade de se controlar absolutamente tudo que ocorria em sala de</p><p>aula, neste período, os currículos da educação básica contavam com a presença não</p><p>só dos conteúdos, mas, também, das metodologias e estratégias de avaliação.</p><p>Atualmente, observamos discussões curriculares que defendem a incorporação de</p><p>novas categorias de análises e a emergência de abordagens pós-modernas e pós-</p><p>estruturalistas.</p><p>2. Avaliação</p><p>Entendemos por avaliação toda e qualquer forma de se medir o nível de</p><p>compreensão dos conteúdos ensinados em sala de aula pelos alunos. Devemos</p><p>pensar que existem avaliações na esfera da própria escola, que podem e devem ser</p><p>repensadas em sua forma, e as avaliações em nível nacional, que podem trazer</p><p>benefícios e malefícios ao rendimento escolar.</p><p>No que diz respeito às avaliações escolares, encontramos na maioria das vezes uma</p><p>ação tradicional. Em que sentido? É comum nos depararmos com formas de</p><p>avaliação bastante arcaicas que não medem a construção do conhecimento feito pelo</p><p>aluno, mas, apenas uma mera memorização de datas e assuntos - principalmente</p><p>quando se trata do ensino de História.</p><p>Entretanto, devemos começar a pensar sobre formas mais modernas de se medir o</p><p>rendimento dos estudantes como, por exemplo, a proposição de organização de</p><p>feiras culturais. Quando pensamos em História, temos um leque bastante amplo de</p><p>formas de organização desse tipo de atividade avaliatória. Vamos pensar:</p><p>Imagine que em uma sala de 24 alunos - 15 meninas e 9 meninos - você esteja</p><p>ministrando uma aula sobre gênero. Uma forma de se avaliar o conteúdo trabalhado</p><p>em sala de aula poderia ser inicialmente a separação em grupos com o objetivo de</p><p>18/09/2024, 19:04 EDU_MEHEJA_19_E_3</p><p>https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_MEHEJA_19/unidade_3/ebook/index.html#Intro1 9/15</p><p>realizar a leitura de obras clássicas de literatura. Posteriormente, tendo reunido os</p><p>grupos, se pode organizar um debate sobre o papel da mulher nas sociedades dessas</p><p>obras e em que medidas elas se assemelham e se diferenciam da atualidade.</p><p>Outro exemplo: imagine-se nesta mesma escola, ministrando conteúdo sobre</p><p>Feudalismo. Que tal dividir os anos letivos referentes à esse conteúdo de modo que</p><p>formem estações de trabalho que, no conjunto, simularia a estruturação de um</p><p>feudo e todo o trabalho desempenhado nele? Por exemplo, uma sala pode servir</p><p>como o castelo, enquanto outra sala serve como a área comunal de plantio e assim</p><p>por diante. Essa é uma boa maneira de tornar lúdico o conteúdo regular.</p><p>A avaliação é vista como parte integrante do processo de ensino e aprendizagem,</p><p>mas devemos levar em consideração que ela precisa de reparos signi�cativos que</p><p>serão realizados a partir da observação dos pro�ssionais envolvidos na educação.</p><p>A prova é considerada uma formalidade do sistema escolar, ou seja, a partir de seus</p><p>resultados a escola pode medir o grau de aprendizagem de seus alunos em</p><p>diferentes disciplinas com diferentes professores. No caso de escolas particulares, a</p><p>avaliação é muito utilizada a �m de medir não somente as capacidades cognitivas dos</p><p>alunos mas, também, a própria aula do professor – aqueles professores que</p><p>apresentam notas muito baixas em suas provas são logo colocados sob observação</p><p>da coordenação da escola.</p><p>Além disso, usualmente, esta categoria avaliativa é utilizada de forma bastante</p><p>rígida,se limitando à cobrança de datas e fatos, privam o aluno do incentivo à</p><p>re�exões e conclusões pertinentes ao tema estudado. O ideal seria não somente</p><p>incentivar que o aluno seja agente ativo de seu aprendizado como, também,</p><p>introduzir as especi�cidades e vivências dos alunos em sala de aula de modo a</p><p>auxiliar a construção desse conhecimento.</p><p>Podemos a�rmar, então, que as avaliações de aprendizagem são direcionadas a</p><p>preparação do aluno para exames externos. Ou seja, os sistemas de ensino estão</p><p>mais preocupados nos percentuais de aprovação e reprovação dos seus alunos</p><p>nestes exames, do que a formação pessoal inerente ao papel da escola. Atualmente,</p><p>o modelo da avaliação de aprendizagem em curso faz com que os alunos creditem</p><p>maior atenção à aprovação no �nal do ano letivo do que à sua aquisição de</p><p>conhecimentos. Ao passo que os professores acabam utilizando a avaliação como</p><p>18/09/2024, 19:04 EDU_MEHEJA_19_E_3</p><p>https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_MEHEJA_19/unidade_3/ebook/index.html#Intro1 10/15</p><p>forma de pressioná-los a alcançar os resultados esperados pela escola, tornando-se</p><p>um instrumento de coercivo.</p><p>Uma avaliação que busca contribuir para um aprendizado signi�cativo deve levar em</p><p>consideração o que o aluno aprendeu e se os objetivos propostos foram atingidos.</p><p>Tendo como �nalidade o avanço e o crescimento do aluno em vez de estagnar o</p><p>conhecimento através de práticas disciplinadoras. Além disso, a avaliação deve ser</p><p>encarada como a forma pela qual os docentes conseguem veri�car o aprendizado</p><p>contínuo de seus alunos, ressaltando suas di�culdades para, então, pensar em</p><p>abordagens que contemplem métodos didáticos adequados para especi�cidade de</p><p>cada aluno.</p><p>Dessa forma, é necessário que pensemos a avaliação não como uma forma de</p><p>classi�cação, mas sim de diagnóstico. Ao considerar que a classi�cação retira da</p><p>prática da avaliação tudo o que é construtivo, o diagnóstico se constitui em um</p><p>processo de desenvolvimento e incentivo à autonomia do aluno que passa a tomar</p><p>consciência de suas limitações e di�culdades.</p><p>2.1. Avaliações nacionais</p><p>Também devemos pensar nas avaliações nacionais. No caso do Ensino Fundamental</p><p>II e do EJA, as mais importantes são o SARESP e o ENEM (para quem conclui o Ensino</p><p>Médio no EJA). O SARESP é uma avaliação da rede realizada pelo Estado de São Paulo,</p><p>por meio da qual os alunos de 3º, 5º, 7º e 9º anos do ensino fundamental e 3º do</p><p>ensino médio são avaliados nos quesitos Língua Portuguesa e Matemática. A cada</p><p>nova edição da prova, a secretaria de educação divulga as diretrizes para que os</p><p>professores possam conhecer o que será cobrado nas provas. A partir desta prova,</p><p>calcula-se o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo, o Idesp,</p><p>e cada escola tem uma meta a atingir.</p><p>Além do SARESP, temos o SAEB, criado em 1990, quando os educadores entraram em</p><p>consenso de que avaliar é uma das coisas mais importantes para alcançar uma</p><p>educação de qualidade no Brasil. Dentro do SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da</p><p>Educação Básica) encontramos a Prova Brasil, a Avaliação Nacional da Educação</p><p>Básica (ANEB) e a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA).</p><p>18/09/2024, 19:04 EDU_MEHEJA_19_E_3</p><p>https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_MEHEJA_19/unidade_3/ebook/index.html#Intro1 11/15</p><p>Por meio das informações obtidas através do SAEB, é possível que o governo</p><p>estabeleça políticas públicas mais precisas e ao fornecer aos professores</p><p>documentos que possibilitem uma intervenção efetiva através de projeto</p><p>educacionais adequados às diferentes realidades. Em 2017, o Ministério da Educação</p><p>anunciou mudanças no SAEB:</p><p>“O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) do Ensino Médio passará a ser universal e</p><p>não mais amostral para escolas públicas e privadas. Isso permitirá o cálculo do Índice de</p><p>Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) por escola.” Maria Inês Fini, presidente do Inep..</p><p>Disponível em: http://portal.inep.gov.br/educacao-basica/saeb</p><p>A meta do SAEB é medir a qualidade da educação brasileira a cada dois anos. Ao</p><p>confrontar os resultados bienais do Ideb com as metas estabelecidas, a �m de</p><p>concluir se os objetivos traçados estão efetivamente sendo cumpridos. Por exemplo:</p><p>Figura 2 : Resultados e Metas do Ideb em 2015. Fonte: Não informada</p><p>Agora, qual a diferença entre a ANEB e a Prova Brasil?</p><p>A grande diferença consiste em seu público-alvo e às possibilidades distintas da</p><p>utilização de seus resultados. A Prova Brasil contempla os alunos do 5º e 9º anos das</p><p>escolas públicas com mais de 20 alunos, já a ANEB contempla alunos de 5º a 9º anos</p><p>de escolas públicas que possuem entre 10 e 19 anos, além do 3º ano do Ensino</p><p>Médio com mais de 10 estudantes. Veja abaixo:</p><p>18/09/2024, 19:04 EDU_MEHEJA_19_E_3</p><p>https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_MEHEJA_19/unidade_3/ebook/index.html#Intro1 12/15</p><p>Figura 3: Diferenças entre Prova Brasil e ANEB, Fonte: Não informada</p><p>O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é uma avaliação que possibilita a</p><p>avaliação das habilidades necessárias à prática da cidadania. Além de servir como</p><p>forma avaliativa o ENEM é um dos principais acessos ao ensino superior no Brasil,</p><p>atualmente.</p><p>Criada em 1990, a prova nasceu para medir as competências e habilidades</p><p>desenvolvidas ao longo da Educação Básica brasileira e, desde então, adaptou-se à</p><p>interdisciplinaridade e à democratização do conhecimento. Além de servir como</p><p>porta de entrada do ensino superior, o ENEM tem como objetivo avaliar a capacidade</p><p>de aplicação e re�exão do aluno em relação aos conceitos destinados à resolução de</p><p>situações-problema. Para isso, busca-se garantir que, tendo concluído a Educação</p><p>Básica, o aluno tenha completo domínio de habilidades cognitivas como raciocínio</p><p>lógico, dedução e interpretação textual.</p><p>Síntese</p><p>Nesta unidade 3, entramos em contato mais profundo com a organização do</p><p>currículo nacional em toda a História do país. Para isso, �zemos uma viagem no</p><p>tempo a �m de entender não só as matrizes curriculares de cada período, mas,</p><p>18/09/2024, 19:04 EDU_MEHEJA_19_E_3</p><p>https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_MEHEJA_19/unidade_3/ebook/index.html#Intro1 13/15</p><p>também, como e porquê elas foram de�nidas. Vale lembrar aqui que toda a</p><p>elaboração curricular parte dos grupos hegemônicos da sociedade e, por isso,</p><p>apresentam ideologias e objetivos inerentes à satisfação das demandas dessa</p><p>camada.</p><p>Além disso, entramos em contato com a temática da Avaliação, podendo</p><p>compreender o mecanismo e objetivo dos modelos tradicionalmente aplicados,</p><p>assim como métodos alternativos de caráter inovador que podem aprimorar a</p><p>medição do aprendizado. de caráter .Aqui, é importante re�etir: o processo de</p><p>aprendizagem de um aluno pode ou não ser medido através de uma avaliação a nível</p><p>estadual ou nacional?</p><p>Nesta Unidade 3, você foi capaz de articular os temas:</p><p>Conteúdos negados dos currículos</p><p>A importância de se realizar planejamento escolar</p><p>Caminhos metodológicos para a disciplina de História</p><p>As possibilidades de caminhos para a construção das Avaliações</p><p>Download do PDF da unidade</p><p>Bibliografia</p><p>ALMEIDA, José R. Pires. História da instrução pública no Brasil (1500-1889). 2ª ed. São</p><p>Paulo/INEP,2000.</p><p>BERNSTEIN, B. A estruturação do discurso pedagógico. Petrópolis: Vozes,1996.</p><p>FRANCA, L. O método pedagógico dos jesuítas. Rio de Janeiro: Agir, 1952.</p><p>GOODSON, I. Currículo: teoria e história. Petrópolis: Vozes,1995.</p><p>18/09/2024, 19:04 EDU_MEHEJA_19_E_3</p><p>https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_MEHEJA_19/unidade_3/ebook/index.html#Intro1 14/15</p><p>RIBEIRO, Maria Luisa S. História da educação brasileira: a organização escolar.15ª ed.</p><p>Campinas: Autores Associados,1998.</p><p>SANTOS, L. L.C.P e MOREIRA, A .F. Currículo, questões de seleção e de organização do</p><p>conhecimento. Caderno Idéias. São Paulo: FDE,n.26,1995.</p><p>SAVIANI,D. O problema da periodização na história das idéias pedagógicas no Brasil.</p><p>(mimeografado) 2001.</p><p>__________. História das idéias pedagógicas: reconstruindo o conceito. In: FARIA FILHO,</p><p>Luciano M. Pesquisa em História da Educação: perspectivas de análise, objetos e</p><p>fontes. Belo Horizonte: HG Edições,1999.</p><p>18/09/2024, 19:04 EDU_MEHEJA_19_E_3</p><p>https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_MEHEJA_19/unidade_3/ebook/index.html#Intro1 15/15</p>