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<p>Conteudista: Prof.ª M.ª Fernanda Anraki Vieira</p><p>Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento</p><p>Objetivos da Unidade:</p><p>Capacitar o aluno para realizar o monitoramento do ruído ocupacional e ambiental;</p><p>Instruir o aluno quanto à elaboração do relatório da medição.</p><p>📄 Contextualização</p><p>📄 Material Teórico</p><p>📄 Material Complementar</p><p>📄 Referências</p><p>Avaliação do Ruído Ocupacional e Ambiental</p><p>Para que as avaliações de ruído sejam realizadas adequadamente, é fundamental ter</p><p>conhecimento das normas aplicáveis a cada caso. Na avaliação dos níveis de ruído de uma</p><p>exposição ocupacional, utiliza-se os parâmetros estabelecidos na Norma Regulamentadora 15</p><p>(NR-15) e a na Norma de Higiene Ocupacional 01 (NHO-01), ambas do Ministério do Trabalho.</p><p>Quando se trata de uma avaliação ambiental para fins de conforto e incômodo, utiliza-se a NBR</p><p>10152. Já para a avaliação do conforto da comunidade e perturbação do sossego público, utiliza-</p><p>se a NBR 10151 ou legislações municipais mais rigorosas específicas.</p><p>Além da compreensão das normas, é necessário determinar os ciclos de exposição que se</p><p>deseja avaliar e saber como atuar em campo durante a avaliação. Ou seja, como abordar e</p><p>orientar as pessoas avaliadas, como acompanhar o monitoramento ambiental, entre outros</p><p>cuidados que também influenciam diretamente no resultado da medição.</p><p>Assistiremos a mais um vídeo do Napo antes de darmos continuidade ao conteúdo.</p><p>Página 1 de 4</p><p>📄 Contextualização</p><p>Vídeo</p><p>Napo in Stop that Noise – Episode 004 – Noise in the office</p><p>Napo in Stop that Noise - episode 004 - Noise in the o�ceNapo in Stop that Noise - episode 004 - Noise in the o�ce</p><p>Norma de Higiene Ocupacional 01 (NHO-01)</p><p>A Norma de Higiene Ocupacional 01 (NHO-01) é uma norma técnica, elaborada pela Fundacentro,</p><p>órgão de pesquisas do Ministério do Trabalho, com o objetivo de estabelecer critérios e</p><p>procedimentos para a avaliação da exposição ocupacional ao ruído, que implique risco potencial</p><p>de surdez ocupacional (BRASIL, 2001).</p><p>Tal norma se aplica a qualquer exposição ocupacional aos ruídos contínuos, intermitentes ou de</p><p>impactos, porém não se aplica à caracterização de condições de conforto acústico. A seguir,</p><p>serão estudados os procedimentos de avaliação do ruído (BRASIL, 2001).</p><p>Clique no botão para conferir o conteúdo.</p><p>Página 2 de 4</p><p>📄 Material Teórico</p><p>Leitura</p><p>Sobre os Procedimentos de Medição na Norma de Higiene Ocupacional 01</p><p>(NHO-01)</p><p>ACESSE</p><p>Abordagem dos Locais e das Condições de Trabalho</p><p>A NHO-01 diz que a avaliação de ruído deverá ser feita de forma a caracterizar a exposição de</p><p>todos os trabalhadores considerados no estudo (BRASIL, 2001). Isto significa definir uma</p><p>estratégia de medição que contemple todas as situações de exposição no ambiente de trabalho.</p><p>Para que não seja necessário avaliar todos os trabalhadores, pode-se verificar se existem grupos</p><p>homogêneos de trabalhadores, ou seja, grupos de trabalhadores que estão expostos às mesmas</p><p>condições de trabalho, de forma que o resultado de uma avaliação seja representativo para todos</p><p>os trabalhadores que compõem tal grupo (BRASIL, 2001). Assim, avaliando uma exposição típica</p><p>do grupo homogêneo, está se avaliando todo grupo.</p><p>Se houver dúvidas quanto à possibilidade de redução do número de trabalhadores a serem</p><p>avaliados, a abordagem deverá avaliar todos os trabalhadores expostos (BRASIL, 2001).</p><p>As medições devem ser representativas das condições reais de exposição, ou seja, devem</p><p>contemplar todas as condições, operacionais e ambientais habituais, que envolvem o trabalhador</p><p>no exercício de suas funções (BRASIL, 2001).</p><p>O período de amostragem deverá ser escolhido de forma que este seja representativo da jornada</p><p>de trabalho. Se forem identificados ciclos repetitivos, eles deverão ser suficientes para</p><p>caracterizar a jornada. Se forem identificados ciclos irregulares ou grande variação de ruído,</p><p>deverão ser medidos números maiores de ciclos para caracterizar a exposição (BRASIL, 2001).</p><p>Se no decorrer da jornada o trabalhador executar duas ou mais rotinas independentes de trabalho,</p><p>a avaliação poderá ser feita separadamente em cada uma das rotinas e posteriormente calcular a</p><p>exposição diária (BRASIL, 2001).</p><p>Igualmente, se houver dúvidas quanto à possibilidade de redução do tempo de amostragem, esta</p><p>deverá envolver toda a jornada de trabalho (BRASIL, 2001).</p><p>Os procedimentos de avaliação não devem interferir na medição. Condições não rotineiras, ou</p><p>seja, eventuais, devem ser avaliadas e interpretadas isoladamente. Ainda, deve-se obter</p><p>informações administrativas que comprovem as condições verificadas em campo (BRASIL,</p><p>2001).</p><p>Exemplo:</p><p>A estratégia de avaliação de ruído é definida pela equipe responsável e varia conforme diversos</p><p>aspectos que serão abordados a seguir.</p><p>Neste item será definido o objeto da avaliação. Por exemplo, se é um equipamento ou uma</p><p>função. Lembrando que este objeto pode ser fixo ou móvel. Para o exemplo dado, é necessário</p><p>saber se as prensas são iguais ou diferentes. Se as prensas forem iguais em um mesmo</p><p>ambiente, é possível avaliar a função de prensista que será válida para todos os prensistas que</p><p>operarem este modelo de equipamento naquele local. Já se as prensas forem diferentes, é</p><p>possível medir o nível de ruído emitido pelas prensas. Seria avaliado qualquer trabalhador que</p><p>executasse atividades na referida prensa e o resultado obtido seria válido para os respectivos</p><p>equipamentos.</p><p>Uma fábrica possui 02 galpões, cada um com 05 prensas. Em cada</p><p>prensa operam 03 trabalhadores com função de prensista. Quantas</p><p>medições de ruído são necessárias? Como seriam feitas as avaliações?</p><p>1</p><p>O quê ou qual função desejo avaliar?</p><p>Quantos locais de trabalho serão avaliados?</p><p>Uma vez definido o objeto da avaliação, caso este trate de um objeto fixo (Ex.: equipamento</p><p>estacionário ou função executada em um único ambiente de trabalho), será realizada apenas</p><p>uma avaliação no local desejado. No exemplo dado, cada galpão deverá ser avaliado</p><p>separadamente, a não ser que se garanta que as condições de ambos os galpões são idênticas,</p><p>neste caso, podendo-se avaliar somente um galpão. Caso o objeto seja móvel, a abordagem</p><p>poderá ser feita por local de trabalho ou por função. Por exemplo, um trabalhador que transita em</p><p>mais de uma área poderá ter posicionado o equipamento nele e já se obter o resultado para</p><p>aquela função, ou poderá avaliar cada ambiente de trabalho, estimar o tempo despendido em</p><p>cada local e calcular a exposição do trabalhador. A escolha da estratégia de avaliação dependerá</p><p>do que for mais adequado à situação.</p><p>Conforme já mencionado, a existência do grupo homogêneo reduz o número de avaliações. No</p><p>exemplo citado existem 30 trabalhadores, sendo 03 por prensa. Caso as prensas sejam iguais e</p><p>os galpões apresentem uma mesma condição de trabalho, poderá ser feita a medição em 01</p><p>trabalhador, que representará todo o grupo. Caso os galpões possuam condições diferentes, mas</p><p>a mesma condição dentro do respectivo galpão, poderão ser realizadas 02 medições, sendo 01</p><p>em cada galpão, e cada grupo homogêneo composto por 15 trabalhadores. Já se as prensas</p><p>forem diferentes, poderá ser feita a medição por prensa, sendo o grupo homogêneo composto por</p><p>03 trabalhadores.</p><p>Qualquer trabalhador pode ser avaliado, desde que esteja executando atividades habituais.</p><p>Sugere-se acompanhar a avaliação para garantir que não estão ocorrendo atividades não</p><p>habituais que possam interferir nos resultados das medições.</p><p>Quantos trabalhadores serão avaliados?</p><p>Qual(is) trabalhador(es) serão avaliados?</p><p>Qual o período de medição?</p><p>No exemplo citado, a condição de trabalho é a mesma durante toda a jornada. Ainda que se possa</p><p>avaliar um ciclo de exposição, vez que o mesmo não varia significativamente durante a jornada,</p><p>sugere-se a avaliação mínima de 80% da jornada de trabalho.</p><p>Logo, são possibilidades de avaliação para o exemplo citado:</p><p>Se os dois galpões são idênticos: pode ser feita 01</p><p>medição para a função de prensista (grupo</p><p>homogêneo</p><p>de 30 trabalhadores);</p><p>Se os dois galpões são diferentes, mas as prensas são</p><p>de mesmo modelo, podem ser feitas 02 medições,</p><p>sendo uma medição para cada galpão (grupo</p><p>homogêneo de 15 trabalhadores);</p><p>Se os dois galpões são diferentes e as prensas</p><p>também são diferentes: podem ser feitas 10</p><p>medições, sendo uma por prensa (grupo</p><p>homogêneo de 03 trabalhadores);</p><p>Se os dois galpões são diferentes, as prensas são</p><p>diferentes e as posições/atividades dos trabalhadores</p><p>também são diferentes, podem ser feitas 30 medições,</p><p>uma por trabalhador para avaliar cada posto</p><p>de trabalho (não haverá grupo homogêneo).</p><p>Procedimentos Gerais de Medição</p><p>Conforme a NHO-01, são procedimentos gerais de medição:</p><p>Preparação do instrumento:</p><p>Abordagem do trabalhador:</p><p>Importante!</p><p>As estratégias de amostragem variam conforme cada ambiente de trabalho,</p><p>que deve ser avaliado seguindo o mesmo raciocínio do exemplo citado.</p><p>Escolher equipamento adequado à medição devidamente certificado;</p><p>Verificar a integridade do equipamento (microfones, cabos, etc.);</p><p>Verificar a carga da bateria;</p><p>Ajustar os parâmetros de medição conforme critério de avaliação;</p><p>Proceder à calibração inicial.</p><p>Escolher o trabalhador a ser avaliado;</p><p>Explicar ao trabalhador sobre o objetivo da medição,</p><p>que a medição não deve interferir em suas atividades</p><p>Acompanhamento da medição:</p><p>Finalização da medição:</p><p>habituais, que as medições não efetuam gravações de</p><p>conversas, que o equipamento ou microfone nele</p><p>fixado só pode ser removido pelo avaliador, que o</p><p>microfone não pode ser avaliado ou obstruído, entre</p><p>outros aspectos pertinentes;</p><p>Posicionar o equipamento no trabalhador, sendo que o</p><p>microfone deve estar dentro da zona auditiva. O</p><p>equipamento e o cabo (quando houver) devem</p><p>ser fixados para que não ocorra interferência na</p><p>medição. Se forem identificadas diferenças</p><p>significativas entre os níveis de pressão sonora dos</p><p>dois ouvidos, as medições deverão ser realizadas no</p><p>lado exposto ao maior nível;</p><p>Dar início à medição.</p><p>Durante a medição, o avaliador não deve interferir no</p><p>campo acústico ou nas condições de trabalho;</p><p>O avaliador deve verificar, de tempos em tempos, se o</p><p>equipamento está operando normalmente e se o</p><p>trabalhador está executando atividades habituais.</p><p>Posicionamento Errado do Microfone:</p><p>Clique no botão para conferir o conteúdo.</p><p>ACESSE</p><p>Decorrido o tempo de amostragem, retirar o</p><p>equipamento do trabalhador;</p><p>Obter o relatório da medição, seja via software ou</p><p>impressão;</p><p>Proceder a calibração final. Caso a aferição da</p><p>calibração apresentar variação maior que ±1dB, esta</p><p>deve ser desprezada;</p><p>Ainda, caso o nível de tensão da bateria esteja abaixo</p><p>do mínimo aceitável ou o equipamento tenha sofrido</p><p>qualquer prejuízo à sua integridade, a medição</p><p>também deverá ser descartada.</p><p>Leitura</p><p>A NHO-01 possui procedimentos específicos de medição para os ruídos</p><p>contínuo e intermitente e para o ruído de impacto.</p><p>Posicionamento Correto do Microfone (próximo à zona auditiva do trabalhador):</p><p>Clique no botão para conferir o conteúdo.</p><p>ACESSE</p><p>Interpretação dos Resultados</p><p>Conforme visto anteriormente, cada equipamento fornece os resultados em um relatório da</p><p>medição com histograma. O relatório e histograma obtidos da avaliação realizada fornecerão os</p><p>dados para cálculo no nível equivalente de ruído e da dose de exposição.</p><p>Com base nos resultados obtidos, a atuação recomendada pela NHO-01 é a seguinte:</p><p>Tabela 1 – Tomada de decisão em função da dose de exposição</p><p>Dose</p><p>Diária</p><p>(%)</p><p>Consideração</p><p>Técnica</p><p>Atuação Recomendada</p><p>0 a 50 Aceitável</p><p>No mínimo, manutenção da</p><p>condição existente.</p><p>50 a</p><p>80</p><p>Acima do nível de</p><p>ação</p><p>Adoção de medidas preventivas</p><p>80 a</p><p>100</p><p>Região de incerteza Adoção de medidas preventivas</p><p>e corretivas visando a redução da</p><p>Dose</p><p>Diária</p><p>(%)</p><p>Consideração</p><p>Técnica</p><p>Atuação Recomendada</p><p>dose diária.</p><p>Acima</p><p>de</p><p>100</p><p>Acima do limite de</p><p>exposição(ou limite</p><p>de tolerância)</p><p>Adoção imediata de medidas</p><p>corretivas</p><p>Relatório de Medição</p><p>A NHO-01 recomenda que no relatório técnico sejam abordados no mínimo:</p><p>Reflita</p><p>De quanto em quanto tempo deve-se realizar a avaliação de ruído?</p><p>Introdução, incluindo objetivos do trabalho, justificativa</p><p>e datas ou períodos em que foram desenvolvidas as</p><p>avaliações;</p><p>Critério de avaliação adotado;</p><p>O relatório de medição deve possibilitar a compreensão, por leitor qualificado, do trabalho</p><p>desenvolvido, além de documentar a avaliação (BRASIL, 2001).</p><p>Não há um modelo de relatório padrão. Estes podem ser desenvolvidos em forma de texto corrido</p><p>ou em formato de tabela. Segue um modelo para ilustrar o exposto:</p><p>Tabela 2 – Relatório de avaliação de Ruído</p><p>RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE RUÍDO</p><p>Empresa:</p><p>Endereço: (Importante para determinar a localização na época da</p><p>avaliação)</p><p>Objetivo: (ex.: monitoramento de ruído para elaboração do PPRA</p><p>etc.)</p><p>Justificativa: (ex.: cumprimento de requisito legal disposto na NR-9</p><p>etc.)</p><p>Instrumental utilizado;</p><p>Descrição das condições de exposição avaliadas;</p><p>Dados obtidos;</p><p>Interpretação dos resultados.</p><p>RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE RUÍDO</p><p>Metodologia de avaliação: (ex.: conforme NR-15, NHO-01 etc.)</p><p>Setor avaliado:</p><p>Fontes geradoras</p><p>de ruído:</p><p>Função avaliada:</p><p>Descrição das</p><p>atividades:</p><p>Trabalhador avaliado: (nome completo)</p><p>Horário de</p><p>trabalho: (do trab.</p><p>avaliado)</p><p>Data: / / Horário inicial: Horário final:</p><p>Instrumento/modelo/fabricante:</p><p>Número de série: Certificação:</p><p>Curva de ponderação:</p><p>Circuito de</p><p>resposta:</p><p>Critério de referência:</p><p>Nível limiar de</p><p>integração:</p><p>Faixa de medição:</p><p>Fator de</p><p>duplicação de</p><p>dose:</p><p>Calibração inicial Horário:</p><p>Resultado da</p><p>calibração:</p><p>RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE RUÍDO</p><p>Calibração final Horário:</p><p>Resultado da</p><p>calibração:</p><p>Nível equivalente de</p><p>ruído:</p><p>Ruído para 08 horas:</p><p>Dose: Limite de tolerância:</p><p>Medidas de controle existentes e/ou propostas:</p><p>Interpretação do resultado/conclusão:</p><p>Responsabilidade técnica: (nome completo, registro e assinatura do</p><p>responsável)</p><p>ANEXOS: Relatório e histograma de medição, Certificação do equipamento, Registros fotográficos</p><p>da medição</p><p>Avaliação de Ruído para Caracterização da Insalubridade</p><p>A insalubridade por exposição ao agente físico ruído está normatizada nos Anexos 1 e 2 da NR-15.</p><p>Para o ruído contínuo e intermitente a norma apresenta um quadro com limites de tolerância em</p><p>função do tempo de exposição e para o ruído de impacto os limites são 120 dB(C) ou 130 dB</p><p>(linear). O fator de duplicação de dose é q=5 (SALIBA, 2018).</p><p>A caracterização da insalubridade ocorre quando a dose ou o Lavg superam os limites de</p><p>tolerância previstos e quando o trabalhador não fez uso devido de equipamentos de proteção. A</p><p>medição pode ser feita com medidor de nível de pressão sonora ou com audiodosímetro, sendo</p><p>que as medições com audiodosímetro são mais precisas (SALIBA, 2018).</p><p>Para os ruídos contínuo e intermitente, a configuração do equipamento deve ser feita no circuito</p><p>de compensação “A” e circuito de resposta lenta (slow), enquanto para o ruído de impacto,</p><p>circuito linear com resposta para impacto ou circuito de compensação “C” com resposta rápida</p><p>(BRASIL, 1978).</p><p>Em uma avaliação pericial, o perito solicita à Reclamada (empresa) seus documentos de</p><p>segurança, ou seja, PPRA, LTCAT, relatórios de avaliação de ruído, e o que houver de interesse.</p><p>Quando a própria Reclamada reconhece a exposição ocupacional acima do limite de tolerância,</p><p>não é necessário proceder à medição de ruído. O documento da Reclamada pode ser utilizado</p><p>como prova no laudo pericial, conforme o Artigo 473 do Código de Processo Civil (CPC). Ainda, o</p><p>perito pode não realizar a medição de ruído quando o local não possuir fonte significante de ruído,</p><p>por exemplo, avaliando a função de técnico em enfermagem na enfermaria de um hospital.</p><p>De modo contrário, quando a reclamada informa em seus documentos a exposição inferior ao</p><p>limite de tolerância ou quando esta não possui documentos de segurança e foi detectada uma</p><p>fonte de ruído que pode ser significativa, é necessário que o perito proceda à medição.</p><p>Neste</p><p>caso, a medição pode ser realizada por amostragem durante a avaliação pericial. O perito deve</p><p>atentar à amostra selecionada de modo que ela seja representativa da exposição habitual do</p><p>reclamante (trabalhador).</p><p>Após a perícia, o perito elabora o laudo pericial onde descreve as condições verificadas em</p><p>diligência e realiza a fundamentação técnica em conformidade com a legislação pertinente.</p><p>Conforme o Artigo 473 do CPC, o laudo pericial deve conter:</p><p>A exposição do objeto da perícia;</p><p>A análise técnica ou científica realizada pelo perito;</p><p>A indicação do método utilizado, esclarecendo-o e</p><p>demonstrando ser predominantemente aceito pelos</p><p>especialistas da área do conhecimento da qual se</p><p>originou;</p><p>Logo, de maneira clara e objetiva, no laudo pericial, o perito:</p><p>Resposta conclusiva a todos os quesitos</p><p>apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do</p><p>Ministério Público.</p><p>Faz a descrição do pacto laboral do reclamante (datas</p><p>de admissão e demissão, horários de trabalho etc.);</p><p>Faz a descrição do local e das atividades avaliadas;</p><p>Relaciona os documentos fornecidos pela reclamada;</p><p>Informa se houve necessidade de medição de ruído em</p><p>diligência. Caso positivo, como esta foi realizada e</p><p>seus resultados;</p><p>Relaciona os critérios normativos e os resultados</p><p>encontrados em perícia. Ou seja, se o reclamante</p><p>estava ou não exposto a níveis de ruído acima do</p><p>permitido;</p><p>Caso o reclamante tenha trabalhado em ambiente</p><p>insalubre, verifica se foram fornecidos equipamentos</p><p>de proteção em conformidade com a NR-6 (este</p><p>item será abordado com profundidade na próxima</p><p>unidade da disciplina);</p><p>Após protocolo do laudo pericial, as partes podem fazer a apresentação de quesitos</p><p>complementares, os quais o perito também deve responder. Lembrando que o juiz não é adstrito</p><p>ao laudo pericial, ou seja, não tem obrigação de acatá-lo. Sendo assim, caso o laudo pericial não</p><p>tenha sido bem elaborado e não tenha fornecido elementos suficientes para convencimento do</p><p>juiz, ele o descarta e, inclusive, designa nova perícia a ser realizada por outro perito.</p><p>Clique no botão para conferir o conteúdo.</p><p>ACESSE</p><p>Responde aos quesitos apresentados;</p><p>Por fim, conclui se houve ou não caracterização da</p><p>insalubridade.</p><p>Leitura</p><p>Avaliação e Caracterização de Insalubridade por Exposição a Ruído</p><p>Ambiental dos Trabalhadores de uma Empresa de Gerenciamento de</p><p>Resíduos Industriais</p><p>O perito deve medir o ruído por quanto tempo durante a jornada de</p><p>trabalho do reclamante?</p><p>Avaliação de Ruído para Fins de Aposentadoria Especial</p><p>Sabemos que há divergência no fator de duplicação de dose da NR-15 (q=5) e da NHO-01 (q=3)</p><p>na abordagem da exposição ao ruído. Para minimizar este conflito, o INSS publicou a Instrução</p><p>Normativa nº 45 de 2010 (IN 45/2010) que, em seu Artigo 239, diz que a exposição ocupacional a</p><p>ruído dará ensejo à aposentadoria especial quando os níveis de pressão sonora estiverem</p><p>acima de oitenta dB(A), noventa dB(A) ou oitenta e cinco dB(A), conforme o caso, ou seja,</p><p>acima de 80 decibéis até 05/03/1997, acima de 90 decibéis de 06/03/1997 até 18/11/2003 e</p><p>acima de 85 decibéis a partir de 19/11/2003, utilizando os limites de tolerância definidos no</p><p>Quadro Anexo I da NR-15 e as metodologias e os procedimentos definidos nas NHO-01 da</p><p>FUNDACENTRO (BRASIL, 2010).</p><p>Em termos práticos, quando da realização de medições de ruído para elaboração do LTCAT, deve-</p><p>se seguir os procedimentos estabelecidos na NHO-01 e utilizar os limites de tolerância definidos</p><p>na NR-15. O LTCAT e outros documentos de segurança servirão de base para preenchimento do</p><p>PPP.</p><p>Avaliação de Ruído para Conforto da Comunidade e Perturbação do</p><p>Sossego Público</p><p>A poluição sonora pode causar distúrbios físicos e psíquicos na população. Portanto, quando não</p><p>controlada, é fonte de conflitos entre os agentes das comunidades, principalmente em</p><p>localidades próximas a aeroportos, indústrias, construções etc. Para atender às legislações</p><p>ambientais brasileiras, nos níveis federal, estadual e municipal, é necessário realizar a avaliação</p><p>do ruído em conformidade com as normas técnicas nº 10.151 e 10.152, da Associação Brasileira</p><p>de Normas Técnicas (ABNT).</p><p>A NBR 10151 fixa as condições exigíveis para avaliação da aceitabilidade do ruído em</p><p>comunidades. A norma especifica um método para a medição de ruído, a aplicação de</p><p>correções nos níveis medidos se o ruído apresentar características especiais e uma</p><p>comparação dos níveis corrigidos com um critério que leva em conta vários fatores. O método</p><p>de avaliação envolve a medição do ruído, com equipamento devidamente certificado, na curva de</p><p>ponderação “A” (ABNT, 2000).</p><p>No levantamento de ruído deve-se medir externamente aos limites da propriedade que contém a</p><p>fonte. Quando houver reclamações, as medições devem ser feitas nas condições e locais</p><p>indicados pelo reclamante. As medições podem ser feitas em ambientes externos ou internos,</p><p>em conformidade com as exigências da referida NBR (ABNT, 2000).</p><p>Se o ruído apresentar características especiais, pode ser necessário proceder a dos valores</p><p>medidos nos níveis de pressão sonora, fornecendo o nível de pressão sonora corrigido ou</p><p>simplesmente nível corrigido (Lc). No caso do ruído contínuo ou intermitente, não há correção (o</p><p>nível de ruído é LAeq). Se o ruído for de impacto, é determinado pelo valor máximo medido com o</p><p>medidor de nível de pressão sonora ajustado para resposta rápida (fast), acrescido de 5 dB(A). Se</p><p>o ruído possuir componentes tonais, é determinado pelo LAeq acrescido de 5 dB(A). Caso o ruído</p><p>apresente simultaneamente características impulsivas e componentes tonais, toma-se como</p><p>resultado o maior valor– impulso ou tonal (ABNT, 2000).</p><p>As medições não devem ser feitas sob condições climáticas adversas, por exemplo: trovões,</p><p>chuvas fortes etc. O tempo de medição deve ser escolhido de forma que seja representativo da</p><p>condição em questão, sendo que a medição pode envolver uma única amostra ou uma sequência</p><p>delas. Os valores medidos do nível de pressão sonora devem ser arredondados ao valor inteiro</p><p>mais próximo (ABNT, 2000).</p><p>O nível de ruído corrigido (Lc) obtido deve ser comparado com o nível critério de avaliação (NCA),</p><p>estabelecido conforme a tabela que segue:</p><p>Tabela 3 – Nível critério de avaliação (NCA)</p><p>Tipos de Áreas Diurno Noturno</p><p>Áreas de sítios e fazendas 40 35</p><p>Área estritamente residencial urbana ou de</p><p>hospitais ou de escolas</p><p>50 45</p><p>Tipos de Áreas Diurno Noturno</p><p>Área mista, predominantemente residencial 55 65</p><p>Área mista, com vocação comercial e</p><p>administrativa</p><p>60 55</p><p>Área mista, com vocação recreacional 65 55</p><p>Área predominantemente industrial 70 60</p><p>Fonte: ABNT, 2000</p><p>Os limites de horário para o período diurno e noturno podem ser definidos pelas autoridades de</p><p>acordo com os hábitos da população. Porém, o período noturno não deve começar depois das 22h</p><p>e não deve terminar antes das 7h do dia seguinte. Se o dia seguinte for domingo ou feriado, o</p><p>término do período noturno não deve ser antes das 9h (ABNT, 2000).</p><p>O relatório da avaliação deve conter:</p><p>Marca, tipo ou classe e número de série de todos os</p><p>equipamentos de medição utilizados;</p><p>Data e número do último certificado de calibração de</p><p>cada equipamento de medição;</p><p>Desenho esquemático e/ou descrição detalhada dos</p><p>pontos da medição;</p><p>Horário e duração das medições do ruído;</p><p>Avaliação de Ruído para Fins de Conforto e Incômodo</p><p>A Norma Regulamentadora 17 (NR-17), Ergonomia, em seu item 17.5.2, diz que nos locais de</p><p>trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes,</p><p>tais como: salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de</p><p>projetos, dentre outros, é recomendado, dentre outras condições de conforto, níveis de ruído de</p><p>acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira registrada no INMETRO (BRASIL,</p><p>1978).</p><p>Para as atividades que possuam as características citadas anteriormente, mas não apresentam</p><p>equivalência ou correlação com aquelas relacionadas na</p><p>NBR 10152, o nível de ruído aceitável</p><p>para efeito de conforto será de até 65 dB(A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não</p><p>superior a 60 dB (BRASIL, 1978).</p><p>A NBR 10152 fixa os níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos.</p><p>A norma informa que a medição de ruído deve seguir as disposições da NBR 10151. Igualmente,</p><p>na determinação do conforto acústico nos ambientes de trabalho, é preciso medir os níveis de</p><p>ruído em cada frequência e banda de oitava e compará-los aos valores estabelecidos como nível</p><p>de conforto (dB(A)) e nas curvas de avaliação de ruído (NC), ambos expostos na tabela que</p><p>segue:</p><p>Nível de pressão sonora corrigido Lc, indicando as</p><p>correções aplicadas;</p><p>Nível de ruído ambiente;</p><p>Valor do nível de critério de avaliação (NCA) aplicado</p><p>para a área e o horário da medição;</p><p>Referência a esta Norma (ABNT, 2000).</p><p>Figura 1 – Nível de conforto (dB(A)) e curvas de avaliação de</p><p>ruído (NC)</p><p>Fonte: ABNT, 2000</p><p>O valor inferior da faixa (dB(A)) representa o nível sonoro para conforto, enquanto que o valor</p><p>superior (NC) significa o nível sonoro aceitável para a finalidade. Níveis superiores aos</p><p>estabelecidos na tabela são considerados de desconforto, sem necessariamente implicar risco</p><p>de danos à saúde.</p><p>Os dados obtidos na avaliação de ruído também devem ser expostos em relatório, onde poderão</p><p>ser informadas as medidas coletivas, administrativas ou no trabalhador que contribuem para os</p><p>níveis de conforto no local avaliado (SALIBA, 2018).</p><p>Clique no botão para conferir o conteúdo.</p><p>ACESSE</p><p>Leitura</p><p>Incômodo Causado pelo Ruído a uma População de Bombeiros</p><p>Saiba mais sobre o incômodo causado pelo ruído em:</p><p>Você Sabia?</p><p>De quanto em quanto tempo deve-se realizar a avaliação de ruído?</p><p>Resposta: ao contrário do que se imagina, que as avaliações de ruído devem</p><p>ser realizadas periodicamente, por exemplo, uma vez ao ano, as avaliações</p><p>de ruído só devem ser refeitas quando houver alguma alteração no ambiente</p><p>que impacte nos níveis de ruído já monitorados.</p><p>O perito deve medir o ruído por quanto tempo durante a jornada de trabalho</p><p>do reclamante?</p><p>Resposta: se necessário, o perito deve medir uma amostra ou ciclo de</p><p>exposição do reclamante, representativo de sua jornada de trabalho. Muitas</p><p>vezes não há necessidade de medir 80% ou toda a jornada.</p><p>Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta</p><p>Unidade:</p><p>Leitura</p><p>Avaliação e Caracterização de Insalubridade por Exposição à</p><p>Ruído Ambiental dos Trabalhadores de uma Empresa de</p><p>Gerenciamento de Resíduos Industriais</p><p>Clique no botão para conferir o conteúdo.</p><p>ACESSE</p><p>Incômodo Causado pelo Ruído a uma População de</p><p>Bombeiros</p><p>Clique no botão para conferir o conteúdo.</p><p>Página 3 de 4</p><p>📄 Material Complementar</p><p>ACESSE</p><p>Norma de Higiene Ocupacional 01 (NHO-01)</p><p>Clique no botão para conferir o conteúdo.</p><p>ACESSE</p><p>ABNT. NBR 1015. Acústica – avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da</p><p>comunidade – Procedimento. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2000. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 23/07/2018.</p><p>ABNT. NBR 10152. Níveis de ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1987.</p><p>Disponível em: . Acesso em: 23/07/2018.</p><p>BRASIL. Instrução Normativa INSS/PRES nº 45, de 6 de agosto de 2010. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 03/08/2018.</p><p>BRASIL. Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978. Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V,</p><p>Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho.</p><p>Diário Oficial da União, Brasília, DF, 06/07/1978. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 11/05/2016.</p><p>EDITORA SABERES - Saúde e segurança do trabalho (livro eletrônico). São Paulo, 2014. (e-book)</p><p>FERRARI, Irany; MARTINS, Melchíades Rodrigues. Acidente do trabalho, doenças ocupacionais e</p><p>profissionais: causas que devem ser forçosamente apreciadas pela justiça do trabalho:</p><p>seguridade social: controle: Emenda Constitucional para transferir a competência para a justiça</p><p>Página 4 de 4</p><p>📄 Referências</p><p>do trabalho para tais causas (ações acidentárias). Revista LTr: Legislação do Trabalho, São</p><p>Paulo, v. 74, n. 4, abr. 2010, p. 397-405 (artigo grátis).</p><p>FUNDACENTRO. Norma de Higiene Ocupacional - Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição</p><p>Ocupacional ao Ruído - NHO 01. São Paulo, 1999. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 09/07/2018.</p><p>GERGES, S.N.Y. Ruído: Fundamentos e Controle. 2. ed. Santa Catarina: NR Editora, 2000.</p><p>MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 3. ed. São Paulo: Ltr, 2008</p><p>MONTEIRO, Antonio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do trabalho e doenças</p><p>ocupacionais: conceito, processos de conhecimento. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.</p><p>RAMAZZINI, Bernardino. As doenças dos trabalhadores. São Paulo: Fundacentro, 1985.</p><p>SALIBA, T.M. Manual Prático de Avaliação e Controle do Ruído: PPRA – 10. ed. São Paulo: LTR,</p><p>2018.</p>