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<p>FACULDADE BARRETOS</p><p>DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PROCESSO NOS TRIBUNAIS E RECURSOS – 4º Período AULA – 06/11/23</p><p>PROF. MS. JONATAS RIBEIRO BENEVIDES</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>Página 1 de 8</p><p>1. AGRAVO INTERNO (art. 1.021)</p><p>2. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (art. 1.021)</p><p>2.1 Conceito e cabimento</p><p>2.2 Embargos com efeitos modificativos (infringentes)</p><p>2.3 Embargos para efeito de prequestionamento</p><p>2.4 Procedimento</p><p>2.5 Efeitos</p><p>2.6 Embargos manifestamente protelatórios</p><p>1. AGRAVO INTERNO (art. 1.021)</p><p>O Art. 1021, do CPC prevê o cabimento do agravo interno contra</p><p>decisão proferida pelo relator, ao passo que o art. 1.030, § 2º, prevê o</p><p>cabimento desse recurso contra decisão do presidente ou vice-presidente do</p><p>tribunal. Trata-se de previsão que tem como objetivo permitir à parte</p><p>prejudicada impugnar decisão interna do juízo de um Tribunal. No caso de</p><p>o relator pertencente a um órgão colegiado proferir uma decisão monocrática, e</p><p>sendo esta impugnada mediante agravo interno, a sua decisão monocrática</p><p>será revisada pelo próprio órgão colegiado ao qual pertence.</p><p> IMPORTANTE!! Nos Tribunais Superiores esse recurso é</p><p>conhecido como agravo regimental (art. 39 da Lei nº 8.038/1990).</p><p>O direito de recorrer da decisão do relator deve ser exercido no prazo</p><p>de 15 dias. Na petição do agravo interno, cabe ao recorrente impugnar</p><p>especificamente os fundamentos da decisão agravada Art. 1021, § 1º, do CPC.</p><p>Ou seja, se o julgamento monocrático foi de não provimento do recurso Art.</p><p>932, IV, do CPC, com a fundamentação de que a decisão recorrida está de</p><p>acordo com súmula do STJ Art. 932, IV, “a”, do CPC, o agravante deve</p><p>demonstrar que o entendimento do STJ não se aplica ao caso. Deve, portanto,</p><p>realizar o dinstinguishing.</p><p>Ao final do prazo para contrarrazões, abrem-se as seguintes</p><p>possibilidades: a) o relator poderá reconsiderar a sua decisão Art. 1021, § 2º,</p><p>FACULDADE BARRETOS</p><p>DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PROCESSO NOS TRIBUNAIS E RECURSOS – 4º Período AULA – 06/11/23</p><p>PROF. MS. JONATAS RIBEIRO BENEVIDES</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>Página 2 de 8</p><p>do CPC ou b) levar o recurso para julgamento pelo órgão colegiado, caso</p><p>decida manter a decisão monocrática.</p><p>A decisão monocrática pode ser reformada na sessão de julgamento</p><p>ou o órgão colegiado pode declarar o recurso manifestamente inadmissível</p><p>(pressuposto de admissibilidade) ou improcedente (caso de negativa de</p><p>provimento).</p><p>Se em votação unânime, o órgão colegiado considerar o recurso</p><p>manifestamente improcedente, condenará o recorrente o pagamento de multa</p><p>fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa Art. 1021, § 4º,</p><p>do CPC. Em síntese, para aplicação da multa exigese: (a) manifesta</p><p>inadmissibilidade ou improcedência; (b) votação unânime pela</p><p>inadmissibilidade ou improcedência. É de se esclarecer que o simples fato de</p><p>negar provimento não significa que seja manifestamente inadmissível; é</p><p>preciso que haja manifestação expressa sobre a “manifesta</p><p>inadmissibilidade ou improcedência”.</p><p>A interposição de qualquer outro recurso fica condicionada ao</p><p>pagamento da multa, exceto se a parte for beneficiária da justiça gratuita ou se</p><p>se tratar da Fazenda Pública Art. 1021, § 5º, do CPC. Nessas hipóteses o</p><p>pagamento somente será exigível ao final, ou seja, após o trânsito em julgado</p><p>da decisão recorrida.</p><p>2. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (art. 1.022 a 1.026)</p><p>2.1 Conceito e cabimento</p><p>Trata-se de recurso que visa ao esclarecimento ou à integração de</p><p>uma decisão judicial. Há divergências doutrinárias se seria ou não um recurso.</p><p>FACULDADE BARRETOS</p><p>DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PROCESSO NOS TRIBUNAIS E RECURSOS – 4º Período AULA – 06/11/23</p><p>PROF. MS. JONATAS RIBEIRO BENEVIDES</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>Página 3 de 8</p><p>Todavia, prevalece o entendimento de que é um recurso, por estar inserido no</p><p>rol dos recursos Art. 994, IV, do CPC.</p><p>Podem ser opostos contra qualquer decisão judicial e não apenas</p><p>contra sentença ou acórdão, ou seja, não importa a natureza da decisão. Seja</p><p>interlocutória, sentença ou acórdão, se a decisão for obscura, omissa,</p><p>contraditória ou contiver erro material, pode vir a ser sanada por meio dos</p><p>embargos de declaração.</p><p> IMPORTANTE!! Nada impede que os embargos também sejam</p><p>opostos contra despachos. É que, apesar de estes</p><p>pronunciamentos serem desprovidos de conteúdo decisório, é</p><p>inconcebível que um despacho “viciado” fique sem remédio, de</p><p>modo a comprometer até a possibilidade prática de cumpri-lo.</p><p>As hipóteses estão previstas no Art. 1022, CPC:</p><p>Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:</p><p>I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;</p><p>II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de</p><p>ofício ou a requerimento;</p><p>III - corrigir erro material.</p><p>Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:</p><p>I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou</p><p>em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;</p><p>II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1o.</p><p> ATENÇÃO!! Os embargos são espécie de recurso de</p><p>fundamentação vinculada, isto é, restrita a situações</p><p>previstas em lei. Não servem os embargos, por</p><p>exemplo, como sucedâneo de pedido de</p><p>reconsideração de uma sentença ou acórdão.</p><p>FACULDADE BARRETOS</p><p>DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PROCESSO NOS TRIBUNAIS E RECURSOS – 4º Período AULA – 06/11/23</p><p>PROF. MS. JONATAS RIBEIRO BENEVIDES</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>Página 4 de 8</p><p>São quatro as espécies de vícios passíveis de correção por meio dos</p><p>embargos de declaração: obscuridade, contradição, omissão e erro material.</p><p>Obscuridade: pode ser verificada tanto na fundamentação quanto no</p><p>dispositivo, decorre da falta de clareza e precisão da decisão, suficiente a não</p><p>permitir a certeza jurídica a respeito das questões resolvidas</p><p>Contradição: verificada sempre que existirem proposições</p><p>inconciliáveis entre si, de forma que a afirmação de uma logicamente</p><p>significará a negação da outra. Essas contradições podem ocorrer na</p><p>fundamentação, na solução das questões de fato e/ou de direito, bem como no</p><p>dispositivo, não sendo excluída a contradição entre a fundamentação e o</p><p>dispositivo, considerando-se que o dispositivo deve ser a conclusão lógica do</p><p>raciocínio desenvolvido durante a fundamentação.</p><p>Omissão: nos casos em que determinada questão ou ponto</p><p>controvertido deveria ser apreciado pelo órgão julgador, mas não o foi. A</p><p>omissão constitui negativa de entrega da prestação jurisdicional.</p><p>Erro material: tem respaldo também no Art. 494, I, CPC, que permite</p><p>ao juiz, após a publicação da sentença, corrigir inexatidões materiais ou erros</p><p>de cálculos e pedido da parte ou mesmo de ofício.</p><p>2.2 Embargos com efeitos modificativos (infringentes)</p><p>Em princípio, são incabíveis embargos declaratórios para rever decisão</p><p>anterior; para reexaminar ponto sobre o qual já houve pronunciamento, com</p><p>inversão, por consequência, do resultado final do julgamento. Todavia,</p><p>sobretudo na hipótese de suprimento de omissão, pode ocorrer –</p><p>excepcionalmente – de a integração do julgado mudar sua decisão final. É o</p><p>que a doutrina denomina de embargos de declaração com efeitos</p><p>modificativos ou infringentes.</p><p>FACULDADE BARRETOS</p><p>DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PROCESSO NOS TRIBUNAIS E RECURSOS – 4º Período AULA – 06/11/23</p><p>PROF. MS. JONATAS RIBEIRO BENEVIDES</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>Página 5 de 8</p><p> Ex.: Em ação de cobrança, o juiz omite sobre a prescrição</p><p>arguida na peça contestatória e condena o réu a pagar a</p><p>importância pedida na inicial. Interpostos os embargos</p><p>declaratórios com vistas ao suprimento da omissão, o juiz</p><p>reconhece a prescrição e, em razão disso, julga improcedente o</p><p>pedido.</p><p>O § 2º, do art. 1.023, CPC consolida esse entendimento ao reconhecer</p><p>expressamente a possibilidade de efeitos infringentes nos embargos de</p><p>declaração. Em regra, o julgamento dos embargos declaratórios não se</p><p>exige a intimação da parte embargada porque não comporta novo</p><p>julgamento da causa, mas apenas prolação de decisão integrativa ou</p><p>aclaratória. No entanto, quando o julgamento comportar inevitável</p><p>alteração no julgamento (ou seja, quando for dado ao recurso efeito</p><p>infringente), será necessária ampla participação das partes.</p><p>2.3 Embargos para efeito de prequestionamento</p><p>Os embargos de declaração são muito utilizados para explicitar a</p><p>matéria que será objeto de recurso especial ou recurso extraordinário (efeito</p><p>prequestionador dos embargos declaratórios). Trata-se de expediente que visa</p><p>formar a causa decidida, ou seja, para que o ponto seja efetivamente julgado,</p><p>enfrentado pelo julgador.</p><p> IMPORTANTE!! Um dos requisitos de admissibilidade tanto do</p><p>RE quanto do REsp é o prequestionamento, ou seja, o efetivo</p><p>enfrentamento da questão pelo julgador, o que pode ser obtido</p><p>por meio dos Embargos Prequestionatório.</p><p>2.4 Procedimento</p><p>FACULDADE BARRETOS</p><p>DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PROCESSO NOS TRIBUNAIS E RECURSOS – 4º Período AULA – 06/11/23</p><p>PROF. MS. JONATAS RIBEIRO BENEVIDES</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>Página 6 de 8</p><p>Os embargos serão opostos, no prazo de cinco dias, em petição</p><p>dirigida ao juiz, com a indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão,</p><p>e não se sujeitam a preparo art. 1.023, CPC.</p><p>O juiz julgará os embargos em cinco dias art. 1.024, caput, CPC.</p><p>Ressalta-se que os embargos de declaração devem ser julgados pelo mesmo</p><p>órgão que proferiu a decisão embargada. Tratando-se de sentença, serão</p><p>julgados pelo juiz; se opostos em face de decisão monocrática de relator, serão</p><p>julgados monocraticamente por este; se a decisão embargada é um acórdão, o</p><p>julgamento dos embargos declaratórios caberá ao órgão colegiado art. 1.024,</p><p>§ 2º, CPC.</p><p> ATENÇÃO!! O novo CPC prevê a possibilidade de os</p><p>embargos de declaração serem recebidos e</p><p>processados como agravo interno art. 1.024, § 3º,</p><p>CPC. Trata-se da aplicação dos princípios da</p><p>fungibilidade e da instrumentalidade das formas.</p><p>2.5 Efeitos</p><p>Os embargos de declaração, em regra, não têm efeito suspensivo1,</p><p>ou seja, não suspendem a eficácia da decisão embargada. A interposição</p><p>produz um efeito peculiar dos embargos de declaração: o efeito interruptivo.</p><p> ATENÇÃO!! Os embargos de declaração interrompem</p><p>o prazo para a interposição de outros recursos, por</p><p>qualquer das partes art. 1.026, CPC. Há interrupção, e</p><p>não suspensão, o que significa que o prazo para</p><p>interposição de outros recursos recomeça, por</p><p>1 Excepcionalmente, na hipótese do § 1º do art. 1.026 do novo CPC, poder ser atribuído efeito suspensivo</p><p>aos embargos de declaração.</p><p>FACULDADE BARRETOS</p><p>DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PROCESSO NOS TRIBUNAIS E RECURSOS – 4º Período AULA – 06/11/23</p><p>PROF. MS. JONATAS RIBEIRO BENEVIDES</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>Página 7 de 8</p><p>inteiro, a partir da intimação do julgamento dos</p><p>embargos.</p><p> IMPORTANTE!! O STJ vem trazendo interpretações variadas</p><p>ligadas à não ocorrência de efeito interruptivo nos casos de</p><p>não cabimento e de intempestividade dos aclaratórios.</p><p>Recentemente decidiu a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça</p><p>(AgInt no AREsp 2.161.927 — relatora ministro Nancy Andrighi —</p><p>J. em 22/5/2023 – DJe 24/5/2023), que: "Os embargos de</p><p>declaração somente não interrompem o prazo para outros</p><p>recursos quando intempestivos, manifestamente incabíveis ou</p><p>nos casos em que oferecidos, com pedido de aplicação de</p><p>efeitos infringentes, sem a indicação, na peça de interposição,</p><p>de vício próprio de embargabilidade (omissão, contradição,</p><p>obscuridade ou erro material)".2</p><p>2.6 Embargos manifestamente protelatórios</p><p>Por interromper o prazo para interposição de outros recursos, cuidou o</p><p>legislador de impor sanção ao embargante de má-fé que opõe embargos</p><p>declaratórios com o exclusivo intuito de procrastinar o andamento do feito.</p><p>Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou tribunal,</p><p>declarando que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa</p><p>não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa art. 1.026, §</p><p>2º, CPC. Na reiteração de embargos protelatórios, a multa é elevada a até dez</p><p>por cento sobre o valor atualizado da causa, ficando condicionada a</p><p>interposição de qualquer outro recurso ao depósito prévio do valor respectivo</p><p>2 ARAÚJO, José Henrique Mouta. Conjur. Efeito interruptivo nos embargos de declaração e algumas</p><p>variáveis. Disponivel em 15 de julho de 2023:</p><p>https://www.conjur.com.br/2023-jul-15/mouta-araujo-efeito-interruptivo-embargos-declaracao#:~:text=%22Os%20embargos%20de%20declara%C3%A7%C3%A3o%20somente,de%20embargabilidade%20(omiss%C3%A3o%2C%20contradi%C3%A7%C3%A3o%2C</p><p>https://www.conjur.com.br/2023-jul-15/mouta-araujo-efeito-interruptivo-embargos-declaracao#:~:text=%22Os%20embargos%20de%20declara%C3%A7%C3%A3o%20somente,de%20embargabilidade%20(omiss%C3%A3o%2C%20contradi%C3%A7%C3%A3o%2C</p><p>https://www.conjur.com.br/2023-jul-15/mouta-araujo-efeito-interruptivo-embargos-declaracao#:~:text=%22Os%20embargos%20de%20declara%C3%A7%C3%A3o%20somente,de%20embargabilidade%20(omiss%C3%A3o%2C%20contradi%C3%A7%C3%A3o%2C</p><p>https://www.conjur.com.br/2023-jul-15/mouta-araujo-efeito-interruptivo-embargos-declaracao#:~:text=%22Os%20embargos%20de%20declara%C3%A7%C3%A3o%20somente,de%20embargabilidade%20(omiss%C3%A3o%2C%20contradi%C3%A7%C3%A3o%2C</p><p>FACULDADE BARRETOS</p><p>DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PROCESSO NOS TRIBUNAIS E RECURSOS – 4º Período AULA – 06/11/23</p><p>PROF. 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