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<p>Aula 3 - Embargos de Declaração no Direito Processual Civil</p><p>Introdução</p><p>Os embargos de declaração são recursos com a finalidade de esclarecer ou integrar uma</p><p>decisão judicial, diferentemente de outros recursos que buscam reforma ou anulação.</p><p>Apesar de controvérsias anteriores sobre sua natureza jurídica, o Código de Processo</p><p>Civil de 2015 (CPC/2015) reconhece os embargos como um recurso, conforme o Art.</p><p>994, que os inclui no rol de recursos cabíveis.</p><p>Conceito</p><p>Os embargos de declaração são um recurso de fundamentação vinculada, ou seja, seus</p><p>fundamentos são restritos a hipóteses legais específicas, conforme estipulado no Art.</p><p>1.022 do CPC.</p><p>Fundamentação Legal</p><p>O Art. 1.022 do CPC estabelece que cabem embargos de declaração contra qualquer</p><p>decisão judicial para:</p><p>1. Esclarecer obscuridade ou eliminar contradição.</p><p>2. Suprir omissão em ponto que o juiz deveria ter abordado.</p><p>3. Corrigir erro material.</p><p>O parágrafo único do mesmo artigo define como omissa uma decisão que não se</p><p>pronuncia sobre tese firmada em julgados repetitivos ou que incorre em condutas</p><p>descritas no Art. 489, § 1°.</p><p>Hipóteses de Cabimento</p><p>1. Obscuridade (Art. 1.022, I): A decisão é considerada obscura quando não é</p><p>compreensível, dificultando o entendimento de sua intenção ou conteúdo.</p><p>2. Contradição (Art. 1.022, I): Ocorre quando há um conflito interno na decisão,</p><p>como quando a fundamentação indica procedência, mas o dispositivo julga</p><p>improcedente.</p><p>3. Omissão (Art. 1.022, II): Refere-se à falta de pronúncia sobre questões que o</p><p>juiz deveria enfrentar. A omissão é considerada quando a decisão ignora teses firmadas</p><p>em julgados repetitivos ou quando não respeita as diretrizes do Art. 489, § 1°.</p><p>4. Erro Material (Art. 1.022, III): Diz respeito a equívocos não intencionais</p><p>que não comprometem o sentido da decisão, como erros de cálculo ou inexatidões</p><p>materiais. Essas diretrizes e hipóteses de cabimento são essenciais para a correta</p><p>utilização dos embargos de declaração, garantindo maior clareza e justiça nas decisões</p><p>judiciais.</p><p>Prazos para Interposição</p><p>• Art. 1.003, CPC: O prazo para interposição de recursos começa a contar a partir</p><p>da intimação dos advogados ou entidades competentes sobre a decisão. Exceto</p><p>para os embargos de declaração, o prazo é de 15 dias.</p><p>• Art. 1.023, CPC: Os embargos de declaração devem ser opostos em 5 dias, por</p><p>meio de petição ao juiz, sem a necessidade de preparo, indicando o erro,</p><p>obscuridade, contradição ou omissão.</p><p>• Art. 219, CPC: Na contagem de prazos, apenas os dias úteis são considerados,</p><p>aplicando-se exclusivamente a prazos processuais.</p><p>Prazos para Contrarrazões</p><p>• Art. 1.023, § 2°: O juiz intimará o embargado para se manifestar em 5 dias sobre</p><p>os embargos, caso o acolhimento deles possa modificar a decisão embargada.</p><p>Processamento dos Embargos</p><p>• Art. 1.024, CPC: O juiz tem 5 dias para julgar os embargos. Nos tribunais, o</p><p>relator apresentará os embargos na sessão subsequente, com voto, e, se não</p><p>houver julgamento, será incluído em pauta automaticamente.</p><p>• Decisões Monocráticas: Embargos opostos contra decisões de relator ou</p><p>decisões unipessoais serão decididos monocraticamente pelo órgão que proferiu</p><p>a decisão.</p><p>• Agravo Interno: O órgão julgador pode tratar os embargos como agravo interno,</p><p>desde que intime o recorrente para complementar as razões em 5 dias.</p><p>• Modificação da Decisão: Se os embargos forem acolhidos e modificarem a</p><p>decisão, o embargado que já interpôs outro recurso pode complementar suas</p><p>razões em 15 dias, a partir da intimação da nova decisão.</p><p>• Processamento de Outros Recursos: Se os embargos forem rejeitados ou não</p><p>alterarem o resultado, outros recursos interpostos anteriormente serão</p><p>processados sem a necessidade de ratificação.</p><p>Juízo Competente</p><p>Os embargos de declaração devem ser apreciados pelo juiz ou tribunal que proferiu a</p><p>decisão embargada. A interposição é feita por simples petição dirigida ao mesmo juízo,</p><p>sem formalidades adicionais.</p><p>Formalidades e Efeitos dos Embargos de Declaração no CPC</p><p>• Preparo: Os embargos de declaração não estão sujeitos a preparo, conforme o</p><p>art. 1.023 do CPC.</p><p>• Contraditório: Normalmente, a parte contrária não é intimada para se</p><p>manifestar, já que os embargos não têm efeito infringente. No entanto, se a</p><p>decisão embargada for alterada de forma considerável, o juiz intimará o</p><p>embargado para se manifestar em 5 dias (art. 1.023, § 2°).</p><p>• Fundamentação Legal: Os embargos devem apresentar a fundamentação legal</p><p>precisa.</p><p>Efeito Interruptivo</p><p>Os embargos de declaração interrompem o prazo para interposição de outros recursos,</p><p>fazendo com que o prazo recomece a contar apenas após a publicação da decisão sobre</p><p>os embargos (art. 1.026). Essa regra se aplica também aos juizados especiais (Arts. 48</p><p>a 50 da Lei 9.099/95).</p><p>Efeito Suspensivo</p><p>Em regra, os embargos de declaração não têm efeito suspensivo. Contudo, um juiz ou</p><p>relator pode suspender a eficácia da decisão se houver probabilidade de provimento do</p><p>recurso ou risco de dano grave (art. 1.026, § 1°).</p><p>Prequestionamento</p><p>Os embargos podem ser utilizados para prequestionamento, que é requisito para</p><p>recursos especial e extraordinário. Isso significa que a matéria deve ter sido</p><p>expressamente apreciada no acórdão recorrido. Mesmo que os embargos sejam</p><p>inadmitidos ou rejeitados, o tribunal superior considerará os elementos suscitados para</p><p>prequestionamento, conforme o art. 1.025.</p><p>Embargos Protelatórios</p><p>Se os embargos forem manifestamente protelatórios, o juiz pode impor uma multa de</p><p>até 2% sobre o valor da causa (art. 1.026, § 2°). Em caso de reiteração de embargos</p><p>protelatórios, a multa pode ser elevada a 10%, e a interposição de novos recursos ficará</p><p>condicionada ao depósito prévio da multa, exceto para a Fazenda Pública e beneficiários</p><p>de gratuidade da justiça (art. 1.026, § 3°). Não serão aceitos novos embargos se os dois</p><p>anteriores forem considerados protelatórios (art. 1.026, § 4°). Esses pontos sintetizam</p><p>as principais características dos embargos de declaração no CPC, destacando suas</p><p>formalidades, efeitos e uso estratégico no processo.</p>