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<p>PODE VIR, ENEM</p><p>O guia definitivo para arrasar no ENEM</p><p>Umberto Mannarino</p><p>Seja bem-vindo/vinda ao meu e-book!</p><p>Antes de mais nada, eu queria te agradecer de coração por ter adquirido este</p><p>material. Pode ter certeza de que ele foi feito com muito carinho. É o fruto de 6</p><p>anos de estudo, e eu espero que de alguma forma ele te ajude neste caminho de</p><p>aprendizado e superação rumo à aprovação no ENEM.</p><p>Ou melhor: rumo à arrasação no ENEM :)</p><p>Permita que eu me apresente. Se você já acompanha o canal do YouTube há</p><p>algum tempo (ou se tiver comprado o e-book na véspera do ENEM e estiver com</p><p>pressa para terminar), pode pular esta parte.</p><p>Meu nome é Umberto Mannarino (leia com um sotaque italiano bem</p><p>chique). Tenho 22 anos e sou estudante de Publicidade e Propaganda.</p><p>Durante o Ensino Médio, decidi criar um canal no YouTube e fazer aulas de</p><p>Matemática, Física e Química para ajudar as pessoas. Não tinha nada para fazer</p><p>nas férias e deu nisso, né... comprei um quadrinho branco e comecei a gravar</p><p>videoaulas na véspera do Natal para o “Exatas Exatas”.</p><p>(Aos que ainda não ligaram os pontos... eu era de Exatas).</p><p>É claro que a vida dá umas voltas bem loucas, e com o tempo eu fui</p><p>percebendo que não era tão de Exatas assim. É uma longa história, mas, para</p><p>resumir: passei em Química na UnB em 2º lugar geral (teria sido o 1º de</p><p>Medicina, mas imagina que engraçado ver no jornal um Química em meio ao 1º</p><p>colocado, Engenharia, e a 3ª colocada, Medicina).</p><p>Depois, ganhei uma bolsa de estudos para ir fazer Química no Japão. Fui,</p><p>desisti de Química, voltei para o Brasil e passei por *cofcof* alguns *cof*</p><p>cursos (Fotografia, Psicologia e Jornalismo) até me encontrar em Publicidade e</p><p>Propaganda.</p><p>Sim, sou meio indeciso, não precisa comentar. Eu sei disso muito bem.</p><p>PS: Como você já pôde perceber, mesmo fazendo Publicidade eu não sou</p><p>muito bom com design e essas coisas chiques. O e-book vai ser basicamente só</p><p>em formato de texto. Mas o que importa mesmo (ou o que devia importar) é o</p><p>conteúdo, certo? E pode ter certeza de que o conteúdo está muito bom.</p><p>Enfim. Em resumo, é essa a minha história... Brasília → Japão → Brasília →</p><p>São Paulo. E adivinha quem continuou firme e forte durante todo esse tempo. É</p><p>isso aí, senhoras e senhores membros do júri: o Exatas Exatas!</p><p>Quem diria, não é mesmo? Seis anos depois, o canal já estava com mais de</p><p>500 mil inscritos e 20 milhões de visualizações! Eu não consigo nem conceber</p><p>essa quantidade de pessoas. Tente imaginar tudo isso de gente amontoado no</p><p>mesmo lugar. Não dá! O canal realmente tomou proporções muito maiores do</p><p>que eu imaginava 6 anos atrás!!</p><p>E detalhe: foi justo no segundo dia de ENEM 2018 que nós chegamos aos</p><p>500 mil inscritos. Se você já conhece o canal, provavelmente assistiu ao vídeo</p><p>em que eu acendi as velinhas de “500” para comemorar.</p><p>Aquele dia foi legal. O Brasil inteiro vendo eu falhar miseravelmente para</p><p>acender uma vela.</p><p>ENFIM! De uns tempos para cá, deixei um pouco as videoaulas de lado e</p><p>expandi o conteúdo para dicas de estudo, estratégias de resolução de prova,</p><p>planejamento, interpretação de texto, entre outros.</p><p>Para este e-book, eu fiz um grande apanhado com as dicas dos principais</p><p>vídeos dos últimos anos, acrescentei detalhes que não cheguei a falar no</p><p>YouTube e incluí uma análise completa do ENEM 2018 (Matemática, Ciências</p><p>da Natureza, Humanas e Linguagens).</p><p>E é este o material que você tem em mãos hoje.</p><p>Na análise da prova, procurei explicar mais do que apenas o contexto das</p><p>questões. Uma explicação convencional você encontra em qualquer lugar, mas o</p><p>diferencial aqui é que eu também dei dicas de como acertei algumas em 2018</p><p>sem necessariamente saber o jeito “certo” de resolver. Muitas eu acertei</p><p>apenas com interpretação de texto, lógica. Em Matemática, por exemplo, eu</p><p>consegui resolver no mínimo umas 10 por um raciocínio alternativo que me</p><p>ajudou a poupar bastante tempo na resolução.</p><p>Mas você vai entender melhor o que eu estou falando no capítulo de análise</p><p>da prova :)</p><p>E é basicamente isso.</p><p>Fica aqui de novo o meu agradecimento a você por me apoiar nesta jornada.</p><p>Como eu falei no vídeo com as minhas notas no ENEM 2018, devo tirar umas</p><p>feriazinhas e reduzir o volume de vídeos nos próximos meses, mas em breve</p><p>retorno firme e forte!</p><p>Nesse meio-tempo, tenho certeza de que você estará em excelente</p><p>companhia. Espero de coração que este e-book te ajude a conquistar os seus</p><p>objetivos. Pode vir, ENEM!!</p><p>(Ah, sim, quase ia me esquecendo! Aos que ainda não conhecem o canal,</p><p>segue o link para se inscreverem):</p><p>http://www.youtube.com/exatasexatas</p><p>http://www.youtube.com/exatasexatas</p><p>CONTENTS</p><p>Title Page</p><p>Minhas notas no ENEM (2016, 2017 e 2018)</p><p>Interpretação de texto</p><p>Livros para melhorar a interpretação de texto</p><p>Matemática e raciocínio lógico</p><p>A Matemática é uma pirâmide</p><p>A Matemática no dia a dia</p><p>A matriz de referência do ENEM</p><p>O ENEM está mais conteudista?</p><p>Canais para ampliar o repertório:</p><p>Um breve comentário sobre o ENEM 2018</p><p>Como usar a TRI para aumentar a nota no ENEM</p><p>As pegadinhas que mais caem no ENEM</p><p>Minha estratégia de resolução do ENEM</p><p>1º dia (Linguagens, Redação e Humanas)</p><p>2º dia (Matemática e Ciências da Natureza)</p><p>Redação modelo ENEM</p><p>Checklist para uma excelente redação do ENEM</p><p>Comentários sobre a minha redação do ENEM 2016</p><p>Comentários sobre a minha redação do ENEM 2017</p><p>Resolução comentada do ENEM 2018</p><p>Linguagens, Códigos e suas Tecnologias</p><p>Ciências Humanas e suas Tecnologias</p><p>Ciências da Natureza e suas Tecnologias</p><p>Matemática e suas Tecnologias</p><p>Agradecimento</p><p>Minhas notas no ENEM (2016, 2017 e</p><p>2018)</p><p>Acho importante colocar as minhas notas nos últimos ENEM para dar uma</p><p>noção sobre a relação entre número de acertos e nota. Como vamos ver com</p><p>mais detalhes na parte sobre a TRI, o número de acertos não necessariamente</p><p>determina se a sua nota vai ser maior ou menor.</p><p>ENEM 2016</p><p>Ciências da Natureza e suas Tecnologias (40 acertos): 761,4</p><p>Ciências Humanas e suas Tecnologias (35 acertos): 673,6</p><p>Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (32 acertos): 687,8</p><p>Matemática e suas Tecnologias (39 acertos): 918,6</p><p>Redação: 880</p><p>ENEM 2017</p><p>Ciências da Natureza e suas Tecnologias (35 acertos): 759,1</p><p>Ciências Humanas e suas Tecnologias (35 acertos): 735,4</p><p>Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (37 acertos): 654,1</p><p>Matemática e suas Tecnologias (40 acertos): 939,1</p><p>Redação: 840</p><p>ENEM 2018</p><p>Ciências da Natureza e suas Tecnologias (36 acertos): 742,9</p><p>Ciências Humanas e suas Tecnologias (38 acertos): 750,2</p><p>Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (30 acertos): 658,6</p><p>Matemática e suas Tecnologias (43 acertos): 960,1</p><p>Redação: 960</p><p>Deu para perceber que o número de acertos não determina nota? De 2016</p><p>para 2017, eu acertei 5 a mais em Linguagens e tirei 33 pontos a menos! E em</p><p>2018 eu acertei 7 a menos que em 2017 e a nota foi maior!</p><p>Se você for analisar com atenção cada uma das minhas notas, vai ver que</p><p>realmente é preciso estratégia para não só acertar muitas, mas acertar as que</p><p>realmente vão te dar mais ponto. E, sim, tem algumas formas de prever quais</p><p>questões valem mais ponto. Vamos falar disso com mais detalhes no capítulo</p><p>sobre TRI.</p><p>De qualquer forma, eu mantive a mesma quantidade de acertos nos três anos</p><p>que fiz o ENEM. Em 2016 e 2017, as médias foram aproximadamente as</p><p>mesmas, mas repare que isso só aconteceu por causa da redação, que</p><p>coincidentemente “balanceou” tudo. Em 2018, o 960 na redação puxou a média</p><p>bastante para cima. Enquanto em 2016 e 2017 ela tinha ficado em 780, em 2018</p><p>a média chegou a 814,3.</p><p>É claro que teve gente que foi melhor do que eu, mas eu sei que manter 147</p><p>acertos por 3 anos consecutivos é excelente. Pelo beduka.com, um excelente</p><p>buscador de faculdades, minhas notas passaram raspando de</p><p>não refletir o nível educacional oferecido nas escolas</p><p>públicas, porque senão ficaríamos falando por horas e horas sem fim para chegar</p><p>na conclusão que todo mundo já sabe: o ensino público no Brasil é péssimo, e o</p><p>exame do ENEM não reflete o que é ensinado em sala de aula.</p><p>De qualquer forma, o nível das questões do ENEM não tende a diminuir. Elas</p><p>vão continuar assim, se não ficarem mais difíceis. E você tem que se preparar</p><p>para o pior. Essa questão da fotossíntese, por exemplo, é o que te espera no</p><p>ENEM 2019, 2020. Nas próximas edições do exame, devem cair mais e mais</p><p>dessas questões que exigem raciocínios complexos, então é bom já ir se</p><p>preparando.</p><p>Então para concluir: o ENEM está mais conteudista? Sim. Definitivamente.</p><p>Mas na minha opinião não adianta tentar adivinhar o que vai cair na prova. Não</p><p>adianta ficar decorando assuntos isolados. Vai ser sorte você ter estudado</p><p>exatamente o conceito que foi cobrado em uma questão. Mas o que vai aumentar</p><p>mesmo a sua nota (sem depender de sorte) é a conexão entre as ideias. E isso se</p><p>faz pensando além, consumindo informação “fora da caixinha” das apostilas e</p><p>livros-texto.</p><p>Os canais ali em cima são um bom ponto de partida. Filmes, séries,</p><p>documentários, livros e revistas também. Continue sempre a aprender, e a cada</p><p>novo aprendizado os estudos vão ficar mais fáceis e divertidos.</p><p>Até agora já falamos de bastante coisa! Descanse um pouco, você merece.</p><p>Como usar a TRI para aumentar a nota no</p><p>ENEM</p><p>Sim! Depois de mais de 30 páginas dizendo que eu ia falar da TRI,</p><p>finalmente chegou a hora. Senhoras e senhores membros do júri, abram alas para</p><p>a famigerada Teoria da Resposta ao Item.</p><p>Muitas pessoas falam mal da TRI, e em parte isso é compreensível: a TRI</p><p>torna tudo mais incerto, e é praticamente impossível prever a sua nota só com</p><p>base no número de acertos. Como levam 2 meses entre a divulgação do gabarito</p><p>oficial e das notas, dá para entender por que as pessoas ficam angustiadas.</p><p>Mas até que a TRI é um sistema bem inteligente de atribuir notas. Vou te</p><p>explicar basicamente como funciona:</p><p>Em primeiro lugar, as questões do ENEM não são inéditas. Pode soar</p><p>estranho, mas faz sentido: alguém já fez as questões antes (na verdade um grupo</p><p>grande de alunos) para garantir que o nível de dificuldade é adequado, para</p><p>assegurar que os enunciados não têm erros de construção... enfim, para</p><p>“calibrar” a questão e a prova como um todo.</p><p>Por questão de sigilo, não se sabe quem esses alunos. Mas eles existem, e</p><p>fazem as questões antes de todo mundo.</p><p>Mas não se preocupe!! Essas questões que eles fazem não são exatamente as</p><p>que vão cair no ENEM do próximo ano. Seria injusto que algumas pessoas</p><p>soubessem das questões antes de todo mundo. O que esses alunos fazem são</p><p>questão randômicas de um enorme banco de questões. Algumas vão compor o</p><p>ENEM 2019; outras, o ENEM 2020; outras, o de 2021. Algumas talvez nunca</p><p>cheguem a ser usadas.</p><p>(Repare nos exames anteriores que existem questões com textos de referência</p><p>de 2010, 2011. São questões feitas há muito, muito tempo).</p><p>Menos mal, né?</p><p>Com os dados estatísticos de quantidade de acertos e erros desse grupo de</p><p>alunos, é possível atribuir um nível de dificuldade a cada questão. Digamos que</p><p>80% acertaram a questão A e 32% acertaram a questão B. É natural supor que a</p><p>questão B foi mais difícil que a A.</p><p>(Isso é uma questão de estatística. Por isso precisam de um grupo grande e</p><p>aleatório de alunos: para garantir que a média de acertos daquele grupo seja uma</p><p>aproximação da média de acertos dos alunos que forem fazer o ENEM pra</p><p>valer).</p><p>E o que a querida TRI vai fazer na hora de corrigir as questões? Vai usar</p><p>essas informações para avaliar a consistência de acertos das pessoas. Por meio</p><p>de algoritmos super complexos que ninguém saberia explicar, ela vai conseguir</p><p>identificar padrões nas respostas dos alunos. E vai ser capaz de descobrir se a</p><p>pessoa acertou uma questão porque entendia da matéria ou porque chutou.</p><p>Naturalmente, se ela descobrir que o aluno chutou, vai atribuir uma nota</p><p>menor do que se ele tivesse acertado por conhecimento mesmo.</p><p>E como ela descobre se a pessoa chutou?</p><p>Bem... imagine duas pessoas, X e Y, que acertaram a mesma quantidade de</p><p>questões em Matemática: 35. A diferença é que X acertou as questões de</p><p>Matemática Básica e errou 10 questões sobre logaritmo, função exponencial e</p><p>juros compostos. Y acertou essas questões, mas errou 10 sobre regra de 3 e as 4</p><p>operações básicas.</p><p>A TRI já tem os dados dos alunos que fizeram as questões antes de todo</p><p>mundo. E ela sabe que a porcentagem de acertos nas questões de Matemática</p><p>Básica é muito maior. Ela sabe que essas questões são consideradas “fáceis” em</p><p>comparação com as de logaritmo e juros compostos.</p><p>Você concorda que é bem inconsistente acertar as de logaritmo e errar as de</p><p>regra de 3? Pois é, então é muito provável que Y tenha chutado essas questões</p><p>difíceis. Ele não sabia realmente fazer as de regra de 3, então não devia saber</p><p>fazer as difíceis. Se ela acertou as difíceis, é porque teve sorte, só isso.</p><p>O que a TRI vai fazer? Vai dar uma nota mais baixa para o aluno Y apesar de</p><p>ele ter acertado a mesma quantidade de questões que X. Porque X foi</p><p>consistente nos seus acertos.</p><p>Isso quer dizer que Y perdeu ponto? Não! Quer dizer que as questões que ele</p><p>acertou valeram menos pontos do que as que X acertou.</p><p>Ninguém perde ponto no ENEM. Só deixa de ganhar.</p><p>Então aqui você já sabe o que deve fazer para usar a TRI a seu favor: mire</p><p>nas fáceis. Questões difíceis você pode deixar para o fim da prova, pular. Elas</p><p>valem menos. O importante são as fáceis.</p><p>E é basicamente por causa dessa maluquice da TRI que as notas máximas de</p><p>cada prova são tão diferentes. Para você ter uma noção, a nota máxima de</p><p>Linguagens no ENEM 2017 foi 788,6. A pessoa quase gabaritou a prova e não</p><p>tirou nem 800. Em Matemática, a nota máxima em 2015 foi 1008,3.</p><p>A TRI é doida. Se ela calculou uma nota maior que 1000, quem somos nós</p><p>simples mortais para questionar? O jeito é entender como ela funciona e usá-la a</p><p>nosso favor.</p><p>Como eu disse antes, Matemática e Redação são as duas provas que podem</p><p>alavancar a sua nota. Claro que cada instituição atribui pesos diferentes para as</p><p>provas diferentes (e você encontra esses números no termo de adesão de cada</p><p>uma), mas num geral são essas duas que vão te dar maiores chances de ser</p><p>aprovado.</p><p>Na prova do 1º dia (Linguagens e Humanas) é meio complicado distinguir</p><p>questões fáceis de difíceis, mas em Matemática e Ciências da Natureza é</p><p>relativamente simples identificar questões que valem mais.</p><p>No capítulo com a prova de 2018, quando possível eu vou fazer uma espécie</p><p>de divisão entre fáceis, médias e difíceis. Não vai ser exato, mas já pode ser um</p><p>ponto de partida legal para você fazer isso nas próximas.</p><p>Se você revisou bem a pirâmide de assuntos e fez as provas anteriores do</p><p>ENEM, consegue ter uma noção de quais conteúdos são necessários para</p><p>resolver cada questão. Pode acreditar: depois de fazer muitas questões, você vai</p><p>saber. E uma questão que só exige multiplicação ou regra de 3 é muito mais fácil</p><p>do que uma sobre funções periódicas ou probabilidade.</p><p>Adivinha qual vai valer mais. Adivinha qual você precisa acertar.</p><p>Seria bom acertar todas, lógico, mas as questões fáceis vão dar mais pontos.</p><p>Então, se você tiver que escolher uma para se focar, foque-se nessas. Não perca</p><p>tempo demais nas questões difíceis, porque elas valem menos.</p><p>Mas isso não quer dizer que você deve pular todas as difíceis. Uma dica que</p><p>eu dou é: quando você encontrar uma questão difícil, não pule de cara. Leia o</p><p>enunciado com calma para deixar o cérebro assimilar a lógica da questão. Pode</p><p>até tentar resolver por</p><p>alto para adiantar, mas, se estiver demorando demais,</p><p>parta para a próxima! A sua mente vai trabalhando em segundo plano, fazendo</p><p>conexões, para que quando você voltar seja mais fácil de resolver.</p><p>Só não perca tempo desnecessário com questões difíceis. Elas valem menos,</p><p>e você quer tirar a maior nota possível (eu acho).</p><p>E é claro que em algum momento você vai ter que voltar para fazer a difícil</p><p>que pulou. Cabe a você decidir se é melhor fazer as difíceis logo no início da</p><p>prova, quando tem mais energia, ou se mais para o fim, depois de o cérebro já ter</p><p>processado tudo em segundo plano.</p><p>Cada um tem sua preferência. Eu, particularmente, escolho umas difíceis</p><p>aleatórias para pular e as outras eu faço na ordem. Sou um meio-termo entre as</p><p>duas opções.</p><p>Mas você vai descobrir o seu método. E isso você só descobre fazendo as</p><p>provas anteriores, anotando e comparando resultados, cronometrando o tempo</p><p>necessário para resolver cada uma. É com você. Descubra qual método garante o</p><p>melhor resultado para você.</p><p>Mas uma coisa é certa: o ENEM é uma prova de estratégia. Se você tentar</p><p>fazer todas as questões do jeito “tradicional”, definitivamente não vai ter tempo</p><p>de fazer tudo. É injusto, mas é verdade. Você precisa ser criativo para encontrar</p><p>caminhos alternativos, atalhos mentais, raciocínios diferentes que te ajudem a</p><p>poupar tempo. No capítulo analisando o ENEM 2018, vou mostrar alguns desses</p><p>atalhos que eu usei.</p><p>Porque fazer o ENEM é montar um quebra-cabeça. Você faz duas questões</p><p>aqui, três ali, uma lá, pula duas difíceis aqui, deixa para depois... e no fim junta</p><p>tudo para formar a imagem maravilhosa do seu notão.</p><p>Não pule todas as difíceis de cara, lógico, porque senão ao final da prova</p><p>você vai ter 20 questões do demônio para resolver. Mas não esquente tanto em</p><p>resolver o ENEM em ordem. É tudo um quebra-cabeça, não uma linha reta.</p><p>Redobre a atenção nas fáceis, porque, apesar de serem fáceis, um simples deslize</p><p>pode fazer você errar.</p><p>E você não quer perder ponto por besteira.</p><p>Sugestão: enquanto estiver fazendo a prova, procure questões que exigem</p><p>apenas regra de três, as quatro operações básicas, geometria plana, raciocínio</p><p>lógico, etc. Faça uma marcação nelas para que, se tiver tempo de revisar, você</p><p>possa voltar nelas e consiga dar uma passada de olhos para garantir que está</p><p>certo (essa revisão pode te salvar muito).</p><p>Isso se você tiver tempo de revisar, lógico. São muitas questões para</p><p>conseguir revisar tudo, mas o mínimo que você faça já pode te salvar. Eu, por</p><p>exemplo, encontrei 2 erros na prova de Matemática só nessa “passada de olhos”</p><p>que eu chamo de revisão. Era para ter errado 4, mas só errei 2 por causa disso.</p><p>Não sei em quanto essas duas questões aumentaram a minha nota, mas, por</p><p>serem fáceis, suponho que tenha sido bastante.</p><p>Mas não é legal depender de revisão para acertar. É muito melhor garantir o</p><p>acerto logo de primeira. Então aqui vai a minha dica: em vez de fazer a prova às</p><p>pressas, reduza a marcha um pouquinho para ler os enunciados com mais calma</p><p>e fazer os cálculos com mais paciência.</p><p>Sim, estou te aconselhando a fazer a prova do ENEM mais devagar. E eu te</p><p>explico por quê:</p><p>Se fizer com calma, pode até ser que você não consiga fazer as 180 questões.</p><p>Sem problemas. Você vai ter feito as que valem mais pontos, porque pulou</p><p>difíceis e mirou em fáceis. E, tendo feito com o dobro de atenção, vai ter a</p><p>certeza de não ter caído em pegadinhas. Mil vezes melhor do que fazer 180</p><p>questões na pressa e depois, na hora de conferir o gabarito, perceber que errou</p><p>20 por bobagem.</p><p>Para mim isso de ler com mais calma funcionou em 2018. Eu sabia que a</p><p>minha habilidade de fazer cálculos estava meio enferrujada, então tomei o</p><p>máximo de cuidado na hora de fazer as multiplicações. Fiz devagar mesmo, mas</p><p>garanti que os cálculos estavam certos.</p><p>Resultado: só errei 2 de Matemática (em comparação com 5 e 6 nos outros</p><p>anos). E olha que uma das que eu errei foi por muita, muita, MUITA besteira</p><p>(você vai ver). Em tese, eu deveria ter errado só uma.</p><p>Ou seja: fazer com calma dá certo.</p><p>E atenção: não é porque uma questão é fácil que ela não é trabalhosa. Na</p><p>verdade, algumas das questões mais trabalhosas são fáceis. Tem algumas que</p><p>pedem para você multiplicar números enormes e comparar os resultados. É fácil</p><p>porque só exige multiplicação, mas dá trabalho. E qualquer deslize te faz errar.</p><p>Foi principalmente nessas que eu reduzi a marcha e tive a humildade de</p><p>fazer sem pressa. Por meio dos atalhos mentais que eu ainda vou explicar,</p><p>consegui poupar tempo em muitas questões. Tempo esse que pude usar nas</p><p>fáceis trabalhosas.</p><p>Por isso é importante fazer a prova com calma. Não estou dizendo para você</p><p>dar uma de mestre Oogway soprando velas, mas faça com um pouquinho mais</p><p>de paciência. Só um pouquinho. Eu te garanto que as suas chances de sucesso</p><p>vão ser muito maiores.</p><p>Mas voltando às questões fáceis e difíceis:</p><p>Outro tipo de questão relativamente fácil que você precisa acertar é a que</p><p>tem pegadinha. E o ENEM tem muita pegadinha. Vamos falar mais delas no</p><p>capítulo seguinte, mas já fique com isto na cabeça: não é todo mundo que cai em</p><p>pegadinha. Se você errar essa questão, está perdendo a chance de acertar uma</p><p>que um número razoável de pessoas vai acertar. Ou seja, está errando uma fácil.</p><p>Grande parte das questões com pegadinha são fáceis (e agora você sabe o que</p><p>acontece quando erra uma fácil).</p><p>No caso, por exemplo, de questões “sabe vs. não sabe” (como a da</p><p>hibridização do carbono ou de nome de doença), não perca tempo tentando</p><p>inventar uma teoria maluca para descobrir a resposta. É uma questão</p><p>conteudista, e esse conteúdo aconteceu de você não saber. Sem problemas. É</p><p>provável que muitos outros também não saibam.</p><p>Não sabe mesmo? Pule. Sem estresse.</p><p>Ah, mas pelo menos leia o enunciado com calma para garantir que esse</p><p>assunto você realmente não sabe. Deixe-me contar a minha experiência:</p><p>Uma das questões de Ciências da Natureza de 2018 foi sobre ondulatória</p><p>(questão 117). Eu bati o olho e achei que era sobre efeito Doppler. Como não</p><p>lembrava a fórmula do efeito Doppler, quase pulei a questão. Mas li melhor o</p><p>enunciado e vi que na verdade era sobre um assunto que eu sabia. Era só</p><p>multiplicar as unidades de medida. Fiz o cálculo e acertei.</p><p>Então sempre leia a questão sem preconceito antes de decidir pular, ok?</p><p>“Mas e no caso de Humanas e Linguagens, Umberto?”, você me pergunta. E,</p><p>bem... é muito mais difícil identificar as fáceis/difíceis nessas duas provas. Elas</p><p>são mais subjetivas. Mas uma clássica questão difícil de Humanas é aquela que</p><p>te dá dois textos e pede para encontrar um ponto de convergência ou divergência</p><p>entre as ideias. Isso exige um alto grau de concentração para encontrar a</p><p>temática comum dos dois. É interpretação de texto avançada. É bem difícil.</p><p>Mas, fora isso, é meio difícil tentar prever qual questão teve uma</p><p>porcentagem de acertos maior ou menor.</p><p>Em Humanas e Linguagens, então, talvez o mais importante não seja tentar</p><p>adivinhar quais questões valem mais, mas sim fazer pausas com frequência para</p><p>garantir que o cérebro não deixe passar uma informação “boba” que as outras</p><p>pessoas não têm dificuldade de encontrar. Assim você diminui a chance de errar</p><p>uma questão fácil por besteira.</p><p>Isso é uma das estratégias que eu aconselho usar na resolução. Em 2018, eu</p><p>foquei muito na redação (não tinha treinado tanto ao longo do ano, então</p><p>demorei demais), então não tive tempo para ler com calma a prova de</p><p>Linguagens. Acabei tendo que fazer na pressa, e meu número de acertos caiu em</p><p>comparação com os outros anos.</p><p>Se eu tivesse feito mais redações em 2018, teria tido</p><p>mais tempo para me</p><p>concentrar em Linguagens e provavelmente teria acertado algumas fáceis que</p><p>aumentariam consideravelmente a minha nota (repare que está tudo relacionado;</p><p>você não pode se focar em só uma das provas e esquecer a outra).</p><p>Agora a pergunta que não quer calar: se eu não souber a resposta de uma</p><p>questão difícil... devo chutar ou não?</p><p>Hmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm...</p><p>Se você chutar e acertar, e tiver errado algumas fáceis, a TRI vai descobrir</p><p>que você chutou e pode te prejudicar baixando os pontos que ela atribuiu às</p><p>outras questões. Mas é como eu disse: o ENEM não tira ponto; só deixa de dar.</p><p>Então acertar essa difícil não vai te tirar ponto. E não dá para saber se esse</p><p>chute vai prejudicar a sua nota global ou não.</p><p>Tentar entender a TRI é pedir uma crise existencial.</p><p>Então, ao invés de se perguntar isso, foque em investir o tempo nas questões</p><p>fáceis para garantir que vai acertar todas. Se vier uma difícil que você não sabe,</p><p>o pior que pode acontecer se você chutar é chutar errado e não ganhar ponto</p><p>nenhum. Mas se você chutar e acertar vai ganhar uns pontinhos a mais.</p><p>Então conselho: vá em frente, pode chutar as difíceis que você não souber</p><p>fazer. Mas tenha certeza de que você acertou as fáceis!! São as fáceis que vão</p><p>alavancar a sua nota, não os chutes. Se acertar, ótimo; se errar, paciência.</p><p>Vamos falar das pegadinhas agora? Porque o ENEM é JOCOOOOOSO!</p><p>As pegadinhas que mais caem no ENEM</p><p>Em primeiro lugar, no ENEM 2018 não teve praticamente nenhuma</p><p>pegadinha! Foi uma mudança drástica em relação aos outros anos.</p><p>Eu até fiquei preocupado quando cheguei em casa e não lembrava de ter</p><p>encontrado nenhuma pegadinha. Porque das duas uma: ou não tinha pegadinha</p><p>mesmo ou eu tinha caído em todas.</p><p>Felizmente foi a primeira opção.</p><p>Mas nunca se sabe quando o ENEM pode dar uma recaída e resolver voltar</p><p>com as pegadinhas. É bom a gente se preparar para o pior.</p><p>Mas por que existem pegadinhas??</p><p>Bem... são milhões de pessoas que fazem o ENEM todo ano. Infelizmente,</p><p>não existem vagas para todos, então a prova precisa eliminar o máximo de</p><p>pessoas possível. É bem injusto, mas faz sentido. Se a prova não tivesse</p><p>pegadinhas, teriam que aumentar o nível das questões para que a dificuldade</p><p>intrínseca compensasse a ausência de pegadinhas.</p><p>(E foi basicamente o que aconteceu em 2018. Questões mais complexas e</p><p>menos pegadinhas. Se isso é bom ou ruim... não sou eu quem vai dizer).</p><p>Pegadinhas são um recurso que o ENEM usa (ou usava) para fazer pessoas</p><p>errarem. E, como em questões difíceis já é um número pequeno de pessoas que</p><p>vai acertar, o ENEM coloca as pegadinhas justamente nas questões fáceis.</p><p>Então, como vimos no capítulo sobre a TRI, as questões com pegadinha</p><p>geralmente valem mais pontos. E isso só pode significar três coisas:</p><p>1. Você precisa acertar todas as questões com pegadinha;</p><p>2. Você precisa acertar todas as questões com pegadinha;</p><p>3. Você precisa acertar todas as questões com pegadinha.</p><p>Já deixei claro que você precisa acertar todas as questões com pegadinha?</p><p>Ótimo. Como não sabemos como vai ser o ENEM 2019, vamos ver todas as</p><p>principais pegadinhas para garantir. Elas podem vir das mais diversas formas,</p><p>mas sempre seguem o mesmo princípio: apostam na desatenção do aluno. No</p><p>cansaço mental.</p><p>E isso porque o ENEM é uma prova de resistência, então você</p><p>eventualmente vai se cansar. São 5 horas de prova, é claro que cansa! Se você</p><p>não tiver estratégias de resolução, mais ainda. E é nessa hora que o jocoso do</p><p>ENEM te lança uma pegadinha. Você subestima um dado aparentemente</p><p>“bobo”, e esse dado bobo muda completamente o resultado. Você encontra 50 ao</p><p>invés de 200. E adivinha qual é a alternativa “A”. Pois é... justamente o 50.</p><p>O ENEM gosta de te induzir ao erro. As pessoas que elaboram as questões</p><p>com pegadinha fazem ela de forma a ter dois, três, quatro caminhos diferentes de</p><p>se resolver. Cada caminho leva a uma alternativa, mas só uma está certa. Se você</p><p>não está muito atento, acaba se desviando do caminho sem nem perceber. E erra</p><p>por bobagem.</p><p>(Ah, sim, acabei de lembrar! No ENEM 2018 de Matemática teve uma</p><p>“pegadinha”, sim. Foi na questão de salto ornamental, 173. Não foi bem uma</p><p>pegadinha, mas foi um dado que me fez gastar 10 minutos fazendo cálculos e</p><p>cálculos desnecessários, quando na verdade era muito mais simples do que isso.</p><p>Por não ter lido o enunciado com atenção, eu perdi tempo, mas felizmente</p><p>percebi a tempo e corrigi o problema).</p><p>Mas enfim, última coisa: todas as pegadinhas que eu vou falar aqui podem</p><p>ser superadas com um método simples: leia os enunciados com atenção e circule</p><p>todos os dados que parecerem suspeitos. Depois que tiver realizado todos os</p><p>cálculos, volte e leia o enunciado inteiro de novo para ter certeza de que aquele</p><p>número é realmente a resposta. Para ter certeza de que não falta uma etapa.</p><p>Com os exemplos você vai entender do que eu estou falando.</p><p>A primeira coisa para evitar cair em pegadinhas é não subestimar o</p><p>enunciado. Nem todos os dados dos textos são relevantes, mas qualquer dado</p><p>pode ser útil. Tem muito dado desnecessário, mas, como você não sabe qual é</p><p>qual, melhor não subestimar absolutamente nada. Leia tudo com o máximo de</p><p>atenção, por mais bobo que pareça. E vá circulando o que parece suspeito.</p><p>E agora, senhoras e senhores membros do júri... (eu chamo vocês assim</p><p>porque vocês me julgam demais)... vamos às pegadinhas!</p><p>(ENEM 2017) Dispositivos eletrônicos que utilizam materiais de baixo</p><p>custo, como polímeros semicondutores, têm sido desenvolvidos para</p><p>monitorar a concentração de amônia (gás tóxico e incolor) em granjas</p><p>avícolas. A polianilina é um polímero semicondutor que tem o valor de sua</p><p>resistência elétrica nominal quadruplicado quando exposta a altas</p><p>concentrações de amônia. Na ausência de amônia, a polianilina se comporta</p><p>como um resistor ôhmico e a sua resposta elétrica é mostrada no gráfico.</p><p>O valor da resistência elétrica da polianilina na presença de altas</p><p>concentrações de amônia, em ohm, é igual a</p><p>a) 0,5 x 100</p><p>b) 2,0 x 100</p><p>c) 2,5 x 105</p><p>d) 5,0 x 105</p><p>e) 2,0 x 106</p><p>Essa questão foi jocooooosa! Lembra que eu disse que qualquer dado do</p><p>enunciado pode ser importante? Então dê uma olhada naquele “quadruplicado”</p><p>ali! Pois é, senhoras e senhores, a resistência quadruplica. Então a resposta não</p><p>é 0,5, mas sim 0,5 x 4 = 2.</p><p>Essa questão ainda tem um segundo tipo de pegadinha: a unidade de medida</p><p>do eixo y. A corrente está em milionésimo de ampere (10-6), então na hora de</p><p>usar a fórmula “i=U/R” você teria que lembrar disso, senão acharia a resposta</p><p>2x100, e não 2x106.</p><p>Então atenção! Nem todos os dados estão em forma de números. Muito</p><p>cuidado com as palavras “dobro”, “triplo”, “metade”, “quadruplica”, etc.</p><p>(ENEM 2016) Uma liga metálica sai do forno a uma temperatura de</p><p>3000℃ e diminui 1% de sua temperatura a cada 30 min. Use 0,477 como</p><p>aproximação para log103 e 1,041 como aproximação para log1011.</p><p>O tempo decorrido, em hora, até que a liga atinja 30℃ é mais próximo</p><p>de</p><p>a) 22</p><p>b) 50</p><p>c) 100</p><p>d) 200</p><p>e) 400</p><p>Essa questão do também é jocosa. Se você fizesse os cálculos, encontrava a</p><p>resposta 400. Mas, se tivesse voltado no enunciado, acharia que esse 400 é na</p><p>verdade a quantidade de intervalos de 30 min.</p><p>Ou seja: como estavam pedindo o tempo em hora, era só ter dividido por 2. A</p><p>resposta certa era 200 horas.</p><p>Eu levei 10 minutos nessa questão e acabei errando. Marquei 400 porque</p><p>esqueci de dividir por 2. Parabéns para mim.</p><p>Então fica a lição importante: sempre volte ao enunciado! Nunca se sabe</p><p>onde pode estar a pegadinha. Talvez você só descubra depois de ter feito a</p><p>questão.</p><p>(ENEM 2017) Num</p><p>dia de tempestade, a alteração na profundidade de</p><p>um rio, num determinado local, foi registrada durante um período de 4</p><p>horas. Os resultados estão indicados no gráfico de linhas. Nele, a</p><p>profundidade h, registrada às 13 horas, não foi anotada e, a partir de h,</p><p>cada unidade sobre o eixo vertical representa um metro.</p><p>Foi informado que entre 15 horas e 16 horas, a profundidade do rio</p><p>diminuiu em 10%.</p><p>Às 16 horas, qual é a profundidade do rio, em metro, no local onde</p><p>foram feitos os registros?</p><p>a) 18</p><p>b) 20</p><p>c) 24</p><p>d) 36</p><p>e) 40</p><p>Nessa questão, você encontra duas respostas plausíveis a partir do dado de</p><p>que a profundidade baixou em 10% das 15h para as 16h. Interpretando o gráfico,</p><p>você calcula que às 15h o reservatório tinha 20m de profundidade. Mas não está</p><p>pedindo a profundidade antes de diminuir 10%, e sim depois. Querem a</p><p>profundidade às 16h. Logo, a resposta é 20-2=18m.</p><p>Repare que também deram a opção 20m. Claro que deram. Eles não iam</p><p>perder a oportunidade de induzir as pessoas ao erro.</p><p>(ENEM 2017) Três alunos, X, Y e Z, estão matriculados em um curso de</p><p>inglês. Para avaliar esses alunos, o professor optou por fazer cinco provas.</p><p>Para que seja aprovado nesse curso, o aluno deverá ter a média aritmética</p><p>das notas das cinco provas maior ou igual a 6. Na tabela, estão dispostas as</p><p>notas que cada aluno tirou em cada prova.</p><p>Com base nos dados da tabela e nas informações dadas, ficará(ão)</p><p>reprovado(s)</p><p>a) apenas o aluno Y</p><p>b) apenas o aluno Z</p><p>c) apenas os alunos X e Y</p><p>d) apenas os alunos X e Z</p><p>e) os alunos X, Y e Z</p><p>Pegadinha clássica! Em muitas questões você vai se deparar com dados</p><p>“complementares”: alunos que reprovaram vs. alunos que reprovaram; ratos que</p><p>sobreviveram vs. ratos que morreram; porcentagem recebida pelos 10% mais</p><p>ricos vs. porcentagem recebida pelos 90% mais pobres; razão entre A e B vs.</p><p>razão entre B e A; etc.</p><p>No caso da questão, pediam os alunos reprovados. Logo, eram os alunos que</p><p>não tinham obtido média maior ou igual a 6. Fazendo os cálculos, você</p><p>encontrava que X e Y tinham sido aprovados. Logo, Z foi reprovado.</p><p>Repare que a alternativa “C” te dava exatamente os alunos aprovados.</p><p>Nessa questão, enquanto você lia o enunciado pela primeira vez, já devia ter</p><p>circulado o “reprovados”. Para ter certeza de que não ia deixar passar quando</p><p>fosse reler depois.</p><p>É tudo questão de atenção. E de não subestimar o enunciado.</p><p>(ENEM 2017) A toxicidade de algumas substâncias é normalmente</p><p>representada por um índice conhecido como DL50 (dose letal mediana). Ele</p><p>representa a dosagem aplicada a uma população de seres vivos que mata</p><p>50% desses indivíduos e é normalmente medido utilizando-se ratos como</p><p>cobaias. Esse índice é muito importante para os seres humanos, pois ao se</p><p>extrapolar os dados obtidos com o uso de cobaias, pode-se determinar o</p><p>nível tolerável de contaminação de alimentos, para que possam ser</p><p>consumidos de forma segura pelas pessoas. O quadro apresenta três</p><p>pesticidas e suas toxicidades. A unidade mg/kg indica a massa da substância</p><p>ingerida pela massa da cobaia.</p><p>Sessenta ratos, com massa de 200 g cada, foram divididos em três grupos</p><p>de vinte. Três amostras de ração, contaminadas, cada uma delas com um</p><p>dos pesticidas indicados no quadro, na concentração de 3 mg por grama de</p><p>ração, foram administradas para cada grupo de cobaias. Cada rato</p><p>consumiu 100g de ração.</p><p>Qual(ais) grupo(s) terá(ão) uma mortalidade mínima de 10 ratos?</p><p>a) O grupo que se contaminou somente com atrazina.</p><p>b) O grupo que se contaminou somente com diazinon.</p><p>c) Os grupos que se contaminaram com atrazina e malation.</p><p>d) Os grupos que se contaminaram com diazinon e malation.</p><p>e) Nenhum dos grupos contaminados com atrazina, diazinon e malation.</p><p>Essa foi de Ciências da Natureza, mas a lógica foi a mesma. Alguns ratos</p><p>morreram e outros sobreviveram. Pediam os grupos com mortalidade mínima de</p><p>10 ratos (ou seja, grupos em que a dose de veneno ingerida era maior do que a</p><p>DL50, porque a dose letal DL50 é justamente o necessário para matar metade dos</p><p>ratos de um grupo de 20). Resposta certa: “D”. Os ratos que se contaminaram</p><p>com atrazina tiveram uma mortalidade menor que 10, pois a dose ingerida foi</p><p>menor que a DL50.</p><p>(ENEM 2017) Uma empresa construirá sua página na internet e espera</p><p>atrair um público de aproximadamente um milhão de clientes. Para acessar</p><p>essa página, será necessária uma senha com formato a ser definido pela</p><p>empresa. Existem cinco opções de formato oferecidas pelo programador,</p><p>descritas no quadro, em que “L” e “D” representam, respectivamente, letra</p><p>maiúscula e dígito.</p><p>As letras do alfabeto, entre as 26 possíveis, bem como os dígitos, entre os</p><p>10 possíveis, podem se repetir em qualquer das opções.</p><p>A empresa quer escolher uma opção de formato cujo número de senhas</p><p>distintas possíveis seja superior ao número esperado de clientes, mas que</p><p>esse número não seja superior ao dobro do número esperado de clientes.</p><p>A opção que mais se adequa às condições da empresa é</p><p>a) I</p><p>b) II</p><p>c) III</p><p>d) IV</p><p>e) V</p><p>Outra pegadinha comum é aquela que te pede duas coisas e coloca nas</p><p>alternativas opções em que só uma condição é atendida. Nessa questão, o</p><p>objetivo é usar o Princípio Fundamental da Contagem para encontrar um padrão</p><p>de senha que forneça mais de 1 milhão e menos de 2 milhões de combinações.</p><p>As opções I e III nos dão um número muito maior que 2 milhões, então, apesar</p><p>de fornecer mais de 1 milhão de combinações, não são a resposta, porque não</p><p>são menores que 2 milhões.</p><p>Precisava ser maior que 1 milhão E menor que 2 milhões. E só a alternativa</p><p>V nos dá isso (1.757.600).</p><p>Outra questão nesse formato é a clássica de “quero uma caixa em que o</p><p>objeto caiba e que sobre o menor espaço possível”. Não querem só uma caixa</p><p>em que o objeto caiba, mas em que ele caiba E sobre o mínimo de espaço</p><p>possível. São duas condições, não uma.</p><p>Leia todo o enunciado para evitar cair nesse tipo de pegadinha.</p><p>E agora vamos falar das pegadinhas de gráfico! Os gráficos podem te pegar</p><p>em dois pontos principais: nas unidades de medida (como vimos na questão do</p><p>“quadriplicar”) e nos eixos. Pegadinhas de eixos são as mais comuns.</p><p>(ENEM 2017) Os congestionamentos de trânsito constituem um</p><p>problema que aflige, todos os dias, milhares de motoristas brasileiros. O</p><p>gráfico ilustra a situação, representando, ao longo de um intervalo definido</p><p>de tempo, a variação da velocidade de um veículo durante um</p><p>congestionamento.</p><p>Quantos minutos o veículo permaneceu imóvel ao longo do intervalo de</p><p>tempo total analisado?</p><p>a) 4</p><p>b) 3</p><p>c) 2</p><p>d) 1</p><p>e) 0</p><p>Repare que o eixo y é de VELOCIDADE. Logo, nos intervalos 0-1 e 3-4,</p><p>apesar de o carro ter velocidade constante, ele continua tendo velocidade. Ou</p><p>seja: ele continua andando para frente.</p><p>A pergunta é: por quanto tempo ele fica parado? E ele só fica parado por 2</p><p>minutos: do instante 6 até o instante 8. Resposta certa: “C”.</p><p>Se você tivesse achado que o eixo y era referente ao espaço, pensaria que,</p><p>pelo fato de o gráfico não ser inclinado nos intervalos 0-1 e 3-4, o carro não</p><p>estava andando. Mas o eixo era de velocidade, não de espaço!</p><p>Essas pegadinhas de eixos são as que mais caem! Então sempre circule o que</p><p>os eixos x e y representam. Vamos ver mais uma agora:</p><p>(ENEM 2017) O brinquedo pula-pula (cama elástica) é composto por</p><p>uma lona circular flexível horizontal presa por molas à sua borda. As</p><p>crianças brincam pulando sobre ela, alterando e alternando suas formas de</p><p>energia. Ao pular verticalmente, desprezando o atrito com o ar e os</p><p>movimentos de rotação do corpo enquanto salta, uma criança realiza um</p><p>movimento periódico vertical em torno da posição</p><p>de equilíbrio da lona (h =</p><p>0), passando pelos pontos de máxima e de mínima alturas, hmáx e hmin,</p><p>respectivamente.</p><p>Esquematicamente, o esboço do gráfico da energia cinética da criança</p><p>em função de sua posição vertical na situação descrita é:</p><p>Como os eixos y e x são referentes a energia cinética e altura,</p><p>respectivamente, você não pode pensar em energia cinética como “mv²/2”.</p><p>Porque o eixo y não é de velocidade, e sim de energia cinética.</p><p>E a relação de energia cinética com distância é quadrática entre hmín e 0</p><p>porque nesse intervalo há uma compressão da mola, e a energia potencial</p><p>elástica tem relação quadrática com a distância comprimida.</p><p>Essa questão seria muito difícil de explicar por texto, mas eu fiz um vídeo em</p><p>que explico em detalhes por que a resposta é “C”:</p><p>https://unacademy.com/lesson/10-exercicios-do-enem-2/JH3YG7JD</p><p>(ENEM 2017) Dois reservatórios A e B são alimentados por bombas</p><p>distintas por um período de 20 horas. A quantidade de água contida em</p><p>cada reservatório nesse período pode ser visualizada na figura.</p><p>O número de horas em que os dois reservatórios contêm a mesma</p><p>quantidade de água é</p><p>a) 1</p><p>b) 2</p><p>c) 4</p><p>d) 5</p><p>https://unacademy.com/lesson/10-exercicios-do-enem-2/JH3YG7JD</p><p>e) 6</p><p>Essa aqui foi boa! Foi um puxão de orelha em quem só olha para os números</p><p>à esquerda. Nessa questão, os níveis dos reservatórios estão em escalas</p><p>diferentes. Repare que os números referentes ao nível do reservatório B não</p><p>estão alinhados com o do A. Em 2h, por exemplo, B tinha 15000 litros, mas A</p><p>tinha 30000.</p><p>Quem só viu os pontos em que triângulo e círculo se sobrepunham marcou 4</p><p>horas. E errou. Porque o único instante em que A e B têm o mesmo nível de</p><p>água é entre 8h e 9h. 30000 litros cada um.</p><p>Resposta certa: “A”.</p><p>E é basicamente isso. No capítulo analisando a prova vamos ver mais</p><p>algumas coisas que poderiam ser consideradas pegadinhas. Agora vamos falar da</p><p>minha estratégia de resolução do ENEM.</p><p>Minha estratégia de resolução do ENEM</p><p>Antes de continuar, você me dá uma ajudinha? Se está gostando do conteúdo</p><p>até aqui, pode deixar um comentário lá na Amazon sobre o e-book? Vai me</p><p>ajudar muito, pode ter certeza :)</p><p>Valeu, você é 10. Agora vamos à estratégia de prova:</p><p>O ENEM é uma prova que exige muito mais que apenas conhecimento das</p><p>matérias. São 10,5 horas de prova (divididas em 2 dias) com 180 questões</p><p>gigantes e extremamente trabalhosas, que vão demandar um alto nível de</p><p>concentração e equilíbrio mental.</p><p>Se você não conhece muito bem o estilo de prova e inventa de fazer todas as</p><p>questões do jeito “certo”, vai estar mentalmente exausto decorridas 3 horas de</p><p>prova. E ainda vai faltar mais da metade das questões para fazer.</p><p>Por isso é importante uma estratégia de resolução. Vamos dar um passo</p><p>atrás para dar dois adiante. Você vai ser capaz de fazer mais questões em menos</p><p>tempo e sem se cansar tanto.</p><p>Antes de mais nada, preciso deixar claro que esta é a minha estratégia. E</p><p>você não é obrigado a segui-la à risca. Vou dizer como eu faço o ENEM e o</p><p>porquê de cada etapa, mas você é livre para experimentar o seu jeito. É até</p><p>importante que você experimente, porque nós somos indivíduos diferentes, então</p><p>o que funciona para mim pode não funcionar para você (e vice-versa).</p><p>E você só vai descobrir qual a sua estratégia ideal de resolução se praticar</p><p>fazer as provas anteriores como se fosse “pra valer”: coloque o celular de lado,</p><p>peça à sua família para não ser interrompido, cronometre 5 horas e faça de conta</p><p>que está lá, fazendo a prova de verdade.</p><p>É você e o ENEM, só você e o ENEM. Mostra pra ele quem é que manda.</p><p>No dia seguinte você faz outra prova, mas mudando algum ponto da</p><p>estratégia para ver se sua performance melhora ou não. E então faz mais uma</p><p>vez. E mais uma vez. E mais uma vez. E assim, aos poucos, você vai ajustando o</p><p>que funciona e o que não funciona para você.</p><p>Só não tome as minhas estratégias por verdade absoluta, ok? Obrigado.</p><p>Dito isso, vamos lá:</p><p>Tudo começa antes mesmo de eu sair de casa. Já deixo tudo separado no dia</p><p>anterior para evitar estresse à toa. Comida, água, caneta, identidade e controle</p><p>(quem acompanha o canal conhece bem o #cacic). Levar casaco também pode</p><p>ser uma boa, porque nunca se sabe se na sua sala pode ter ar condicionado.</p><p>E é muito importante frisar isso de evitar estresse à toa. A prova do ENEM,</p><p>por ser muito desgastante, vai te cobrar inteligência emocional tanto quanto o</p><p>conteúdo em si. E você estar no controle da situação é vital para evitar um</p><p>branco.</p><p>Por isso eu já deixo tudo pronto na véspera: para sair de casa com</p><p>tranquilidade, chegar no local de prova com calma e fazer o melhor ENEM que</p><p>eu puder. E se uma pequena atitude como a de fazer todos os preparativos na</p><p>véspera já vai te poupar de um estresse desnecessário, por que não fazer isso?</p><p>O primeiro passo para arrasar no ENEM é ter uma mente positiva, otimista e</p><p>tranquila. Você já vai fazer o ENEM mesmo, estressado ou não. Então se</p><p>estressar para quê?</p><p>Pense nisso.</p><p>Voltando ao que eu faço antes da prova:</p><p>Vou dormir cedo na véspera para acordar bem-disposto e evito alimentos</p><p>pesados no almoço. Não sou vegetariano, mas nesse dia eu evito comer carne,</p><p>porque carne sempre me deixa meio lento. Meu almoço pré-ENEM geralmente</p><p>tem arroz integral, feijão, ovo, salada e legumes.</p><p>Levo sempre castanhas e barrinhas de chocolate amargo para comer de vez</p><p>em quando durante a prova. São ótimas para dar energia sem fazer muita</p><p>lambança. (Se bem que a prova do ENEM é tão desgastante que eu nem sinto</p><p>fome até voltar para casa... eu geralmente como mais para dar um tempo de</p><p>prova e descansar a mente do que por fome de verdade).</p><p>Mas ok, já falei o que eu faço antes da prova. Procuro tranquilizar o corpo</p><p>para que a mente também se tranquilize. E isso já vai ser metade do caminho</p><p>para um excelente ENEM. Vamos agora para a prova em si.</p><p>Depois de fecharem os portões, geralmente esperam uns 15-20 minutos antes</p><p>de distribuir os cadernos de questões. Nesse momento em que já não adianta</p><p>mais fazer revisões (e tem muita gente que fica sentada fora da sala</p><p>“estudando” até o último minuto), eu fecho os olhos, ajeito a postura e respiro</p><p>fundo.</p><p>Pode chamar isso de meditação se quiser. Tanto faz. O que importa é que</p><p>você se concentre em si mesmo e pense: “Eu vim aqui para fazer o ENEM e vou</p><p>fazer a melhor prova possível. Eu estudei para este momento e estou preparado”.</p><p>Não tem nada a ver com a fase esotérica que eu tive há alguns anos. É só uma</p><p>conversa que você vai ter consigo mesmo para estar presente. Você não está em</p><p>casa, não está com seus amigos, não está num bar ou numa balada. Você está</p><p>fazendo a prova, presente de corpo e alma.</p><p>Traga a sua mente de volta, não deixe ela voar demais. Esteja presente.</p><p>E nesse momento você pensa baixinho para si mesmo: “Vou terminar o</p><p>ENEM faltando 15 minutos para o fim”.</p><p>É surpreendente como isso funciona! Pode parecer esoterismo, mas nesses 3</p><p>anos de ENEM (6 provas, então), eu nunca tive problema com falta de tempo.</p><p>Nem mesmo quando a prova de Exatas tinha meia hora a menos. Porque antes de</p><p>começar a prova eu combinava comigo mesmo que ia terminar a tempo, então o</p><p>meu subconsciente sabia quando eu estava perdendo tempo demais em uma</p><p>questão.</p><p>Se eu não tivesse conversado comigo mesmo antes da prova, combinado</p><p>comigo mesmo que sou, sim, capaz de terminar a prova a tempo, eu estaria</p><p>inteiramente dependente do lado externo! Minha referência estaria lá fora, nos</p><p>papeizinhos que eles arrancam para marcar o tempo, e não onde ela deve</p><p>realmente estar: em mim mesmo.</p><p>Quer saber mais um benefício desses 15 minutinhos de concentração?</p><p>No capítulo com</p><p>a resolução do ENEM 2018, você vai ver que muitas</p><p>questões eu resolvi de uma forma alternativa. Mas essa forma alternativa nem</p><p>sempre vem de primeira para mim. Eu tento resolver do jeito “certo” por um</p><p>tempo e, quando meu subconsciente apita dizendo que estou perdendo tempo</p><p>demais, passo para outra. Quando eu volto, consigo pensar em um jeito diferente</p><p>de resolver a questão. Mesmo fazendo outras questões, meu subconsciente ainda</p><p>está concentrado em tudo. Ele me avisa quando eu estou perdendo tempo demais</p><p>e trabalha por mim enquanto eu vou fazendo o resto da prova. Incrível, né?</p><p>E isso não é um “dom”. É algo que você pode praticar e aperfeiçoar. Neste</p><p>ano de preparação, experimente fazer isso que eu estou te propondo. Por que não</p><p>tentar? Antes de começar a fazer a prova, faça uma pausa de 5 minutos e</p><p>simplesmente respire. Respire e combine consigo mesmo que é, sim, capaz.</p><p>Aprenda a ouvir a sua intuição. Ao invés de depender dos adesivos que</p><p>marcam o tempo restante de prova no quadro, aprenda a se escutar. Se você</p><p>“sente” que está demorando demais, passe para a próxima questão.</p><p>Não tem o menor problema pular para a próxima questão. Quem insiste em</p><p>fazer o ENEM na ordem não consegue fazer ele inteiro com concentração total.</p><p>É impossível. Porque o ENEM não foi criado para ser resolvido na ordem. Ele</p><p>simplesmente não foi feito para isso.</p><p>Ok, até aqui eu falei coisas que eu faço antes das duas provas. Tudo que eu</p><p>falei até aqui vai valer tanto para o 1º quanto para o 2º dia. Mas agora vamos</p><p>dividir:</p><p>1º dia (Linguagens, Redação e Humanas)</p><p>Depois de respirar fundo e combinar comigo mesmo que eu vou ser capaz de</p><p>terminar a prova faltando 15 minutos para o fim, eu abro a prova e já procuro o</p><p>tema de redação para ter aquele susto maravilhoso (ainda mais agora que a</p><p>tendência é que os temas se tornem mais subjetivos... vai ser um balde de</p><p>adrenalina a cada novo tema).</p><p>Recomendo que todos façam a mesma coisa, e isso por um motivo: saber</p><p>qual é o tema de redação já vai deixar o seu cérebro processando as ideias de</p><p>maneira subconsciente. Mesmo que você não faça absolutamente nada além de</p><p>ler os textos motivadores, isso já faz o cérebro buscar ideias para inserir nos</p><p>argumentos.</p><p>E como o cérebro busca ideias? Com base no seu repertório. Lembra dessa</p><p>palavra? Foi o que falamos na parte sobre o ENEM estar mais conteudista. Eu</p><p>disse que um repertório ampliado ajuda a pensar fora da caixa e chegar na</p><p>resposta mais rápido.</p><p>O repertório também vai ser importante na redação. Talvez de uma forma</p><p>ainda mais evidente que na prova objetiva, porque na redação você pode usar</p><p>diretamente o repertório que adquiriu ao longo do ano para elaborar argumentos,</p><p>analogias, citações, referências, etc.</p><p>Então nunca subestime o poder de um repertório amplo.</p><p>Mas eu não só leio o tema de redação e os textos motivadores. Eu destino</p><p>também os 10 primeiros minutos da prova para fazer um brainstorming. Caso</p><p>você nunca tenha ouvido falar disso, o significado literal é “tempestade</p><p>cerebral”.</p><p>Brainstorming é uma técnica muito útil que consiste em escrever tudo que te</p><p>vem à mente sobre um determinado tema, sem filtros. Só escreva tudo, tudo,</p><p>tudo. Vai ficar uma bagunça, mas é desse caos que você vai tirar o ouro para a</p><p>sua redação.</p><p>Eu não me preocupo com a estruturação dos argumentos nessa primeira</p><p>etapa. Só jogo tudo que consigo pensar sobre o assunto no papel.</p><p>Infelizmente não estou com a minha prova aqui comigo, mas eu lembro que</p><p>no ENEM 2018 (manipulação do comportamento do usuário pelo controle de</p><p>dados na internet) eu coloquei no brainstorming:</p><p>- O caso do Facebook com a Cambridge Analytica</p><p>- Inteligência artificial</p><p>- Segmentação de público online</p><p>- A Mass Communication Research e a manipulação de comportamento</p><p>- Sartre: “Estamos condenados a ser livres”</p><p>- Comodidade vs. Privacidade</p><p>E muuuuitas outras coisas. Coloquei em forma de palavras mesmo, sem</p><p>maiores explicações. No momento em que eu leio essas palavras, todo o</p><p>raciocínio vem junto, então não tem por que perder tempo explicando o que eu já</p><p>sei para mim mesmo. Ainda mais em uma prova em que tempo é ouro.</p><p>Quando sair o espelho da redação do ENEM 2018, pretendo fazer um vídeo</p><p>comentando meus erros e acertos. Vou mostrar também tudo que eu escrevi no</p><p>brainstorming para ilustrar melhor a ideia. (Então lembre de se inscrever no</p><p>canal e ativar o sininho para ser notificado dos novos vídeos).</p><p>Ótimo, depois desses 10 minutos eu começo realmente a fazer a prova. E que</p><p>prova! O primeiro dia tem uma carga absurda de textão, então você precisa de</p><p>uma estratégia para não se cansar logo no começo.</p><p>O que eu faço é ir alternando entre Humanas e Linguagens. Apesar de as</p><p>duas provas terem uma carga elevada de leitura, eu sinto que são cobradas</p><p>habilidades ligeiramente diferentes em cada uma. Eu não sei explicar bem, mas é</p><p>como se “pensar Linguagens” exigisse um raciocínio diferente de “pensar</p><p>Humanas”.</p><p>Então, quando eu alterno entre as duas, é como se eu descansasse uma parte</p><p>do cérebro enquanto exercito outra. Para mim funciona, mas você vai</p><p>experimentar e ver o que dá certo para você.</p><p>Eu geralmente faço 10-15 questões de uma prova e 10-15 da outra. (Isso vale</p><p>também para Exatas: sempre alterno 10 de Matemática com 10 de Natureza).</p><p>E uma coisa muito importante!! Vou falar mais disso no capítulo de análise</p><p>do ENEM, mas já fica o aviso: leia o comando da questão antes de ler o texto.</p><p>Sempre leia o enunciado primeiro, porque é ele que vai te orientar durante a</p><p>leitura do texto. Quem deixa para ler o enunciado no fim, muito provavelmente</p><p>vai ter que ler tudo de novo depois que vir do que se trata a questão.</p><p>Em Linguagens isso é ainda mais evidente, porque tem questões que não</p><p>cobram absolutamente nada sobre o conteúdo do texto em si. Cobram só</p><p>detalhes sobre a técnica de escrita, a função da linguagem, etc. E ler esse tipo de</p><p>texto com atenção demais ao conteúdo é pura perda de tempo.</p><p>Então, alternando entre Linguagens e Humanas ou não, sempre leia o</p><p>comando da questão antes.</p><p>***</p><p>Eu geralmente consigo fazer umas 20 questões de cada matéria antes de</p><p>começar a cansar. Nas horas em que percebo que preciso ler mais de duas vezes</p><p>o mesmo texto, é sinal que estou cansado. Nesses momentos, eu só faço uma</p><p>pausa, fecho os olhos por um minuto e respiro fundo.</p><p>Pode parecer perda de tempo, mas é aquilo que eu já disse antes: dar um</p><p>passo atrás para dar dois adiante. Só essa pequena pausa de um minuto já me</p><p>garante um boost de energia tremendo. Eu não só consigo ler mais rápido como</p><p>consigo interpretar melhor.</p><p>Logo, a minha chance de errar por besteira é menor.</p><p>Ah, uma coisa... faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço. Isso tudo é</p><p>muito bonito de falar, mas no ENEM 2018 eu só devo ter parado para respirar</p><p>fundo 2 vezes. Teve vários momentos em que eu estava desconcentrado e insisti</p><p>em fazer as questões ao invés de parar para respirar.</p><p>O resultado: errei muitas por besteira. E quando eu digo muitas, são muitas</p><p>mesmo.</p><p>Você vai ver no capítulo de análise do ENEM. Das 33 que eu errei, estimo</p><p>que umas 15 foram por bobagem. Não estou dizendo que seria capaz de acertar</p><p>160+ questões no ENEM, porque todo mundo comete erros, mas estou dizendo</p><p>que em um cenário ideal isso seria, sim, possível.</p><p>Com esse novo método de estudo que eu estou te propondo, é idealmente</p><p>possível acertar umas 160. E o método é simples: a aliança entre uma boa base</p><p>nas matérias, repertório variado, interpretação de texto e raciocínio lógico. E,</p><p>claro, inteligência emocional.</p><p>Enfim, de volta à minha estratégia de resolução. Depois de umas 40 questões</p><p>resolvidas, eu volto para a redação e monto um primeiro esqueleto. Seleciono o</p><p>que vai</p><p>ficar e o que vai sair, decido em que parágrafo cada informação vai</p><p>entrar, faço um esquema dividido em “I, D1, D2, C” (introdução,</p><p>desenvolvimentos e conclusão)... e basicamente só.</p><p>Eu não escrevo frases nesta etapa. Só coloco os potenciais argumentos em</p><p>forma de tópicos (“D2: Nietzsche, Facebook, massificação”) para lembrar que</p><p>no segundo parágrafo de desenvolvimento eu vou associar essas três ideias.</p><p>Tem gente que gosta de começar pela conclusão nessa etapa. Já pensa na</p><p>proposta de intervenção para só então elaborar os argumentos. Eu acho essa uma</p><p>ideia legal, porque em 2018 não fiz assim e precisei elaborar 2 parágrafos</p><p>completamente diferentes de conclusão: o primeiro era uma boa intervenção,</p><p>mas não solucionava o problema que eu apresentei nos argumentos, então tive</p><p>que fazer uma segunda mais adequada. Sim, perdi tempo aí (principalmente</p><p>porque quase não tinha praticado redação durante o ano).</p><p>Esse tempo poderia ter sido usado para fazer com mais calma as questões de</p><p>Linguagens e evitar errar tantas por besteira (umas 7 ou 8).</p><p>Depois de montado um esquema “I, D1, D2, C”, volto para as questões de</p><p>Linguagens e Humanas. Continuo alternando (sempre lendo o comando das</p><p>questões antes do texto) até faltarem umas 2h30 para o fim da prova.</p><p>Aí sim eu escrevo a redação. Já tenho as ideias, então é só fazer a conexão</p><p>entre elas. Mas eu não faço direto na folha definitiva. Faço no rascunho.</p><p>Algumas pessoas podem achar isso perda de tempo, mas para mim ainda é</p><p>essencial. Mesmo no rascunho eu ainda rabisco muito, porque conectar as ideias</p><p>não é algo tão simples quanto parece.</p><p>Mas, mesmo com o rascunho pronto, eu ainda não passo direto a limpo. Eu</p><p>faço mais umas 10-15 questões da prova para só então voltar e passar.</p><p>E por que eu divido a redação em tantas etapas? Porque assim eu consigo</p><p>identificar mais erros do que se fizesse tudo de uma vez. É como se eu voltasse</p><p>com um olhar revigorado, menos “viciado” no próprio texto.</p><p>Como exemplo eu cito este e-book: escrevi a primeira versão e deixei ela</p><p>alguns dias “maturando”. Quando voltei para revisar, eram muitas, muitas coisas</p><p>para corrigir (não tinha muitos erros, mas eu tinha repetido muitas palavras, e</p><p>algumas frases tinham ficado confusas, por exemplo.). Felizmente corrigi a</p><p>tempo de publicar.</p><p>Da mesma forma, é melhor corrigir sua redação a tempo!</p><p>Mas é claro que isso vai depender de você. Tem gente que prefere escrever a</p><p>redação direto na folha definitiva. Se funciona para você, quem sou eu para dizer</p><p>que está errado?</p><p>Levo um pouco mais de 1h para fazer o rascunho e passar a limpo, então,</p><p>para escrever a redação do brainstorming à versão final, levo talvez 1h30, 1h40.</p><p>Mas em 2018 eu levei mais de 2 horas por causa do tema surpreendente e da</p><p>conclusão que eu precisei refazer.</p><p>Isso foi principalmente porque eu não fiz tantas redações no ano. Então já</p><p>comece a praticar logo para tornar a escrita da dissertação o mais fluida possível.</p><p>***</p><p>E agora uma coisa que poucas pessoas fazem, mas que eu altamente</p><p>recomendo: não deixe para passar as respostas para o gabarito no fim de tudo.</p><p>Passe as respostas faltando 1h30 para o fim. E isso por dois motivos principais:</p><p>1. Passar para o gabarito é uma atividade mais mecânica que mental,</p><p>então isso é um descanso para a parte do seu cérebro responsável pela</p><p>leitura dos textões;</p><p>2. Vai te tirar o peso das costas de: “Ai, será que dá tempo de passar as</p><p>respostas? Será que eu vou terminar a tempo??”</p><p>Por esses dois motivos eu recomendo passar para o cartão-resposta faltando</p><p>mais de uma hora para o fim. Passe as que já fez, e você vai poder se concentrar</p><p>com muito mais tranquilidade naquelas que faltam.</p><p>Mas atenção!! Se você tiver pulado uma questão na prova, lembre-se de pular</p><p>no gabarito!!! Se for passar para o cartão-resposta faltando algumas para fazer,</p><p>cheque duas vezes a numeração da questão para não perder 10, 15, 20</p><p>questões em sequência por bobagem.</p><p>***</p><p>E a última estratégia para o 1º dia é... pedir ao fiscal para ir ao banheiro. Eu</p><p>chamo essa estratégia de... a estratégia do banheiro.</p><p>Bom nome, né? Eu deveria patentear.</p><p>Enfim. Mesmo que eu não precise fazer nada relevante no banheiro, faço isso</p><p>para passar água no rosto (água da pia) e esticar as pernas para voltar para a sala</p><p>renovado e pronto para o round 2.</p><p>Geralmente peço para ir ao banheiro depois de ter passado a redação para a</p><p>folha definitiva e passado as questões que já fiz para o gabarito. Quando voltar</p><p>para a sala, meu tempo vai ser todo destinado a responder as poucas questões</p><p>que ainda faltam na prova (e que o meu subconsciente está processando em</p><p>segundo plano, porque, bem... a esse ponto eu já deveria ter lido todas as</p><p>questões ao menos uma vez).</p><p>E essa é a minha estratégia no primeiro dia. Muito do que eu falei também se</p><p>aplica à prova de Exatas, mas no dia da famigerada Matemática tem alguns</p><p>detalhes que merecem um capítulo à parte.</p><p>2º dia (Matemática e Ciências da Natureza)</p><p>Tudo que eu falei sobre respirar fundo antes da prova, alternar questões, fazer</p><p>pausas de 1 minuto com frequência e passar para o cartão-resposta faltando 1h30</p><p>continua válido no segundo dia. Vou falar aqui só dos pontos diferentes.</p><p>E boa parte do que eu disser aqui vai retomar os capítulos de pegadinhas e</p><p>de TRI. Mas é sempre bom relembrar, então vamos lá:</p><p>Você já sabe que, pela TRI, as questões fáceis valem mais pontos. E eu já dei</p><p>algumas dicas de como identificar as fáceis (no capítulo resolvendo o ENEM de</p><p>Matemática, coloquei um ranking de 1-5 de nível de dificuldade para ilustrar a</p><p>ideia).</p><p>Então o que eu faço enquanto estou resolvendo? Sempre que me deparo com</p><p>uma questão fácil-média, já redobro a atenção. Porque, mesmo que seja fácil,</p><p>qualquer deslize pode me fazer errar.</p><p>Pode parecer contra-intuitivo demorar mais nas fáceis, mas é exatamente isso</p><p>que eu fiz em 2018. Eu sabia que já não conseguia mais fazer cálculos de cabeça</p><p>tão rápido, então, para não dar chance ao azar, fiz todos os cálculos com calma, e</p><p>pela primeira vez usei a folha de rascunho.</p><p>Ficou muito mais organizado (para os meus padrões, claro), e o resultado foi</p><p>que eu só errei 2 questões (comparado com 5 e 6 nos outros anos).</p><p>Então faça com calma! Mesmo que pareça perda de tempo.</p><p>“Mas, Umberto, se eu fizer assim, não vou conseguir fazer a prova inteira”. E</p><p>eu concordo que você não vai conseguir terminar se fizer tudo do jeito</p><p>“certinho”. Por isso no capítulo de resolução eu apresentei raciocínios</p><p>alternativos que te fazem poupar tempo. Esse tempo poupado deve ser investido</p><p>nas questões fáceis para aumentar a sua nota.</p><p>É tudo estratégia. Estratégia para você arrasar no ENEM.</p><p>No caso das fáceis, eu redobro a atenção; no caso das difíceis, eu escolho</p><p>entre fazer ou deixar para depois. E é aleatório: faço uns 50% e deixo uns 50%</p><p>para depois. Mas ó: mesmo que eu decida pular, eu leio o enunciado com</p><p>atenção para deixar meu cérebro processando as ideias. Não pulo absolutamente</p><p>nada sem entender exatamente do que a questão se trata.</p><p>Uma coisa que algumas pessoas fazem e eu acho muito legal é marcar as</p><p>fáceis. Faça algum rabisco que te ajude a identificar as que vão valer mais,</p><p>porque, se tiver tempo de revisar, é nelas que você vai se concentrar.</p><p>***</p><p>Quanto às pegadinhas, eu já falei bastante em um capítulo anterior. Fica só o</p><p>meu conselho: enquanto estiver lendo o enunciado, já esteja atento para</p><p>possíveis coisas suspeitas (unidades de medida diferentes, gráficos, “dobro”,</p><p>“quadruplicar”, essas coisas). E, depois de calcular um resultado, seja ele qual</p><p>for, leia o enunciado de novo para garantir que ele é mesmo a resposta. Garanta</p><p>que não falta uma última etapa para a resposta.</p><p>E essas foram (ou deveriam ter sido) minhas estratégias em 2018. É a sua vez</p><p>de colocá-las em prática para descobrir quais funcionam para você.</p><p>E agora, senhoras e senhores membros do júri... vamos falar de:</p><p>Redação modelo ENEM</p><p>Se você já fez algum ENEM antes, deve ter percebido que o tema de 2018</p><p>fugiu muito dos padrões dos outros anos. Geralmente o tema era alguma coisa</p><p>bem objetiva, como intolerância religiosa, violência contra a mulher,</p><p>acessibilidade de minorias... mas tanto no ENEM 2018 quanto no ENEM 2018</p><p>PPL o tema foi algo muito mais estilo “Fuvest”, muito mais subjetivo.</p><p>ENEM 2018 1ª aplicação: Manipulação do comportamento do usuário pelo</p><p>controle de dados na internet;</p><p>ENEM 2018 PPL: Formas de organização da sociedade para o</p><p>enfrentamento de problemas econômicos no Brasil.</p><p>Deu para perceber que são temas bem mais complexos e subjetivos? Isso</p><p>significa que, se você não tem uma tese muito forte, seu texto pode acabar</p><p>“perdendo o fio da meada” e fugindo ao tema. Então é preciso atenção redobrada</p><p>na hora de estruturar os parágrafos para evitar se perder na argumentação. Fora</p><p>que temas amplos como esses praticamente destroem a possibilidade de usar</p><p>modelos prontos de redação, que tanta gente oferece por aí como a “salvação</p><p>da pátria”.</p><p>Se isso é uma tendência que vai se repetir nos próximos anos, não temos</p><p>como saber, mas é bem possível que sim. Provavelmente teremos em 2018 um</p><p>volume muito maior de redações zeradas por fuga ao tema. Então é bom você</p><p>começar a trabalhar o seu repertório, porque citações prontas já não vão ser</p><p>suficientes para contextualizar fenômenos tão abrangentes.</p><p>“Ah, Umberto, mas não é certeza que o tema de 2019 vai ser subjetivo”. E é</p><p>verdade. Não é certeza. Mas, se você está se preparando para o ENEM 2019,</p><p>melhor se preparar para o pior do que apostar que o tema voltaria a ser um</p><p>problema social “tradicional”. Eu acho difícil voltarem atrás.</p><p>Seja como for, escrever uma boa redação do ENEM não é só escrever de</p><p>forma coerente e sem erros de português. Cada banca valoriza algumas</p><p>habilidades, e a do ENEM não é diferente. Tem regras bem específicas que só a</p><p>banca do ENEM cobra, e você deve entendê-las para não perder ponto por</p><p>bobagem.</p><p>Se você estuda para a UnB, tem que entender como a banca da UnB pensa; se</p><p>estuda para a Fuvest, tem que entender como a banca da Fuvest pensa; e, se</p><p>estuda para o ENEM, tem que entender o que a banca do ENEM valoriza e o que</p><p>ela considera “errado” (mesmo que não seja errado necessariamente).</p><p>***</p><p>Eu comecei a estudar redação tarde, mas, nesse pouco tempo que eu dediquei</p><p>a trabalhar o meu texto dissertativo, eu aprendi muita coisa sobre redação</p><p>modelo ENEM.</p><p>(Quando eu digo “pouco tempo”, foi pouco tempo mesmo... como já estou na</p><p>faculdade, e não precisava tirar uma nota boa, deixei para lá os estudos de</p><p>redação até final de setembro, início de outubro. Não que eu me arrependa,</p><p>porque 960 foi um resultado bem legal, mas o problema foi que eu gastei tempo</p><p>demais... Como não tinha prática, levei mais de 2 horas para escrever, e isso me</p><p>tirou muito tempo que eu poderia ter destinado a fazer com mais calma as</p><p>questões de Linguagens. Mas não adianta chorar sobre o leite derramado, não é</p><p>mesmo?)</p><p>Nesse 1 mês e pouco de estudo de redação, eu aprendi tantos detalhezinhos</p><p>que podem tirar ponto que eu fiquei surpreso de ter conseguido tirar 880-840 nos</p><p>outros anos. Porque muita coisa podem baixar sua nota. E, quando eu digo muita</p><p>coisa, é muita coisa mesmo</p><p>(No próximo capítulo, vou analisar os erros e acertos das minhas redações de</p><p>2016 e 2017. Como o espelho só sai mais para frente, vou deixar para analisar a</p><p>redação de 2018 em um vídeo no canal).</p><p>Não é a proposta deste e-book ensinar individualmente as 5 competências e a</p><p>estrutura de um texto dissertativo-argumentativo, mas não posso deixar de</p><p>incluir um capítulo sobre as dicas práticas de redação que eu aprendi nos últimos</p><p>meses. E 90% do que eu aprendi foi graças à apostila de uma pessoa muito</p><p>incrível que eu não poderia deixar de mencionar:</p><p>A Allana, do Instagram @vempramimedicina, criou uma apostila completa</p><p>sobre redação, com todos os detalhes que você puder imaginar. Ela sempre tira</p><p>940 ou mais nas redações, e em 2018 não poderia ter sido diferente (ela tirou</p><p>960). Não tenho nem pretensão de competir com ela nesse assunto, porque o</p><p>material dela é realmente impecável. Tem modelos de redação, estruturas que ela</p><p>usa para introdução, desenvolvimento e conclusão, sugestões de filmes e séries</p><p>para usar como alusão... enfim, é uma apostila completa mesmo.</p><p>Caso tenham interesse em um material que ensina do zero a como escrever</p><p>uma redação do ENEM, não tem apostila melhor. Vocês podem contatar a</p><p>Allana pelo Instagram e dizer que o Umberto indicou a apostila maravilhosa</p><p>dela.</p><p>Dito isso, teve um outro espaço que me ajudou a aprender detalhes sobre</p><p>redação modelo ENEM: meus inscritos.</p><p>Sim, senhoras e senhores membros do júri. Muitos de vocês me ajudaram</p><p>comentando sobre as redações que eu postava no Instagram, dando sugestões,</p><p>fazendo muitas críticas... enfim, foi muito bom começar a falar de redação no</p><p>canal porque nós tivemos a oportunidade de crescer em conjunto.</p><p>Compilei as principais dicas em uma checklist que você deve sempre ter em</p><p>mente na hora de escrever a redação, desde o primeiro esboço até a hora de</p><p>passar a limpo. Minha nota em 2018 definitivamente teria sido bem mais baixa</p><p>se eu não tivesse me atentado aos pontos abaixo:</p><p>Checklist para uma excelente redação do</p><p>ENEM</p><p>Antes de começar, entenda muito bem qual é o tema da redação,</p><p>principalmente agora que os temas devem se tornar mais subjetivos. Cada trecho</p><p>é importante para você não fugir ao tema. Se ele foi “Manipulação do</p><p>comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”, tem três pontos</p><p>chave para você abordar no texto:</p><p>1. A manipulação do comportamento: o ENEM não quer que você</p><p>escreva sobre o comportamento do usuário, mas sobre a manipulação desse</p><p>comportamento;</p><p>2. O controle de dados na internet: querem que você explique o que é</p><p>esse controle de dados, quem pratica, como pratica, etc.;</p><p>3. A relação entre 1 e 2: o ENEM quer saber como o controle de dados</p><p>interfere e manipula o comportamento. Não basta você explicar sobre</p><p>controle de dados e falar de manipulação se não conectar bem essas duas</p><p>ideias.</p><p>Lembre-se: tudo que estiver no tema é importante. Nunca escreva um só</p><p>ponto sem ter o tema completo em mente.</p><p>A tese é tão importante quanto o tema. É ela que vai orientar todo o seu</p><p>texto. Ela é o fio condutor da sua argumentação. Tenha ela bem clara em mente</p><p>antes de começar a escrever, mas, ainda mais claro que na sua mente, tenha ela</p><p>bem clara no papel. Porque o corretor tem que saber exatamente o que você está</p><p>defendendo só de ler a sua introdução. A Allana gosta de escrever a tese como se</p><p>fosse uma prévia do que está por vir no restante da redação: “Diante disso,</p><p>analisar as falhas presentes nesse novo ambiente é fundamental para torná-lo</p><p>mais seguro”. Ela deixa claro que esse novo ambiente tem falhas e já diz que a</p><p>redação dela vai focar na análise dessas falhas a fim de melhorar a segurança</p><p>(ideias a serem detalhadas nos desenvolvimentos e na conclusão);</p><p>Todos os parágrafos precisam seguir a mesma linha de raciocínio. Todos</p><p>os argumentos da introdução, dos desenvolvimentos e da conclusão precisam</p><p>deixar claro que tudo que você escreveu faz parte do mesmo corpo maior que é a</p><p>sua redação. Como eu disse em um capítulo anterior, meu primeiro modelo de</p><p>conclusão no último ENEM ficou até bom, mas não se conectava com o restante</p><p>do texto (o problema que a minha proposta</p><p>de intervenção resolvia não era o</p><p>problema que eu apontei na tese). Mas ó: não estou dizendo para o seu texto ser</p><p>repetitivo. É claro que você pode (e deve) apresentar argumentos</p><p>complementares, diferentes, mas precisa deixar claro que eles têm uma ligação.</p><p>E nada melhor para fazer ligação que conectivos. “Analogamente”, “Nesse</p><p>sentido”, “Contrariamente”, “No entanto”, “Dessa forma”... são todos conectivos</p><p>que “amarram” ideias que, sem eles, podem parecer soltas, largadas.</p><p>Qualquer que seja o tema, vai ser um problema a ser resolvido. Senão</p><p>não teria como apresentar proposta de intervenção. Como uma das competências</p><p>que o ENEM pede é a proposta de intervenção, você não pode só apresentar</p><p>pontos positivos sobre o tema. Já na introdução, deixe claro que o fenômeno em</p><p>questão é um problema passível de solução, senão você não vai ter problema a</p><p>resolver na conclusão.</p><p>Escreva um texto dissertativo, não expositivo. E a diferença entre os dois é</p><p>que no texto expositivo você só explica: “Os algoritmos são capazes de induzir</p><p>comportamento de compra do consumidor sem que ele perceba”. Pode até estar</p><p>claro para você que isso é um problema, mas estritamente falando isso não passa</p><p>de uma exposição. Se você não deixa claro que é um problema, seu parágrafo</p><p>vai ser expositivo, não dissertativo. Mais interessante seria: “Sem</p><p>regulamentação no ambiente virtual, os algoritmos ferem a individualidade das</p><p>pessoas ao induzir de forma escusa um comportamento de compra por parte dos</p><p>consumidores”.</p><p>Não escreva que nem Kafka. Aquelas frases truncadas e cheias de vírgula?</p><p>Esqueça! Mesmo que não haja erro de português, frases grandes e cheias de</p><p>vírgula e apostos são pouco usuais e, convenhamos, chatas demais de ler. E o</p><p>fiscal é humano, então, quanto menos má vontade você despertar nele, melhor</p><p>(sublinhei essa frase porque ela está truncada e chata, cheia de vírgulas e pausas;</p><p>evite ao máximo esse tipo de construção). Escreva frases fluidas, na ordem</p><p>direta, o mais simples possível para evitar problemas. Se você achar que o</p><p>corretor vai precisar ler a mesma frase duas vezes, mude. Não dê chance ao azar.</p><p>Tem dúvida sobre a regência de um termo? Mude! Eu perdi ponto na</p><p>redação de 2017 por conta disso (você vai ver no próximo capítulo). A regra</p><p>geral é: não sabe se aquela palavra se encaixa na frase? Mude a palavra (ou</p><p>mude a frase inteira). De novo: arriscar para quê? Use um sinônimo e garanta</p><p>que está certo. Não. Dê. Chance. Ao. Azar.</p><p>Cuidado com repetição de palavras. Use sinônimos e elementos de</p><p>retomada para evitar repetir o mesmo termo. Leia a redação uma última vez</p><p>antes de passar a limpo para garantir que não repetiu demais. E é exatamente por</p><p>isso eu faço a redação em tantas etapas diferentes. Se você faz tudo de uma vez,</p><p>acaba “viciando” o olhar, e pode acabar deixando passar uma repetição óbvia de</p><p>palavras.</p><p>Inicie seus desenvolvimentos com um tópico frasal. A primeira linha (no</p><p>máximo as duas primeiras) de cada desenvolvimento deve ser uma frase que</p><p>sintetiza toda a ideia do parágrafo. Vou copiar da Allana porque estou com</p><p>preguiça de pensar em alguma coisa:</p><p>“Ademais, é válido ressaltar que o preconceito linguístico corrobora a</p><p>desigualdade social. Diante dessa lógica, o filme ‘Que horas ela volta’, apesar</p><p>de ser uma ficção, retrata uma realidade vigente na sociedade brasileira ao</p><p>mostrar o falante do português culto subjugando o de falar coloquial. (...)”. Em</p><p>uma linha ela sintetizou a ideia que vai desenvolver ao longo de todo o</p><p>desenvolvimento: preconceito linguístico e desigualdade social andam lado a</p><p>lado. O tópico frasal é importante não só para o corretor saber logo de cara do</p><p>que se trata o parágrafo, mas também vai ser útil para garantir que você não</p><p>perca o fio da meada no meio do texto.</p><p>Garanta que as suas fontes são relevantes. A partir de 2018, isso se tornou</p><p>ainda mais importante. Agora já não vale mais usar citação decorada que se</p><p>encaixa em qualquer tema para ganhar ponto na competência 2. Se suas fontes</p><p>não forem relevantes para a argumentação, tire. Pense em outra. Isso vale</p><p>também para pessoas que não têm nada a ver com o tema: “John Lennon falou</p><p>que devemos amar as pessoas”. E daí? O que isso tem a ver com o tema? E por</p><p>que John Lennon? Ele é especialista no tema para você usá-lo como argumento</p><p>de peso? Melhor não. (Isso não quer dizer que você não pode usar John Lennon.</p><p>Mas é melhor usá-lo na introdução, para contextualizar, do que usá-lo como</p><p>ponto central de um argumento de peso do desenvolvimento).</p><p>Na conclusão, retome todos os problemas que você apresentou no texto.</p><p>E retome apenas os problemas que você apresentou no texto. Não é para falar</p><p>mais nem menos, ok? Não traga problemas novos nem deixe de propor solução</p><p>para um problema que você apontou no desenvolvimento.</p><p>Na conclusão, garanta que a proposta de intervenção responde as quatro</p><p>perguntas: Quem vai fazer, o que vai fazer, como vai fazer e para que vai fazer.</p><p>O agente, a ação, o modo e a possível consequência positiva dessa ação. E a</p><p>partir de 2018 eles pedem que você detalhe muito bem um desses quatro. Se</p><p>você vai detalhar o “como”, explique direitinho como o seu agente vai</p><p>implementar as ações, o mais detalhado possível. Recomenda-se até 2-3 linhas</p><p>apenas para o detalhamento para evitar perder ponto na competência 5.</p><p>Faça o possível para a sua redação terminar de maneira circular. Para</p><p>deixar bem claro para o corretor que o seu texto segue uma linha de raciocínio</p><p>consistente, nada melhor que terminá-lo da mesma forma que começou. Para</p><p>isso, a última frase do seu texto deve retomar algo que você disse logo no início.</p><p>Na minha redação de 2018, por exemplo, eu falei de D. Quixote na introdução,</p><p>dizendo que ele lia apenas um tipo de livro e que por isso perdeu o senso de</p><p>individualidade e ficou louco (para argumentar que o controle de dados pode</p><p>provocar massificação e perda de senso crítico, que torna as pessoas suscetíveis</p><p>à manipulação de comportamento). Para terminar a redação de maneira</p><p>circular, depois de apresentar o “para quê” na conclusão, eu falei (não com essas</p><p>palavras): “Caso essas ações sejam implementadas, as pessoas terão maior senso</p><p>crítico em suas escolhas, e não estarão sujeitas às informações manipulativas</p><p>que, mais de 400 anos atrás, fizeram um bom homem enlouquecer”. Retomei D.</p><p>Quixote e mostrei que o meu texto tem uma linha de raciocínio consistente, que</p><p>os argumentos não foram jogados de maneira aleatória.</p><p>E basicamente essas foram as dicas. Fica aqui de novo o convite para o</p><p>material da Allana (@vempramimedicina), porque com certeza vai te guiar de</p><p>uma forma muito mais aprofundada que isso. Boa escrita :)</p><p>E agora, para fechar, vamos às análises das minhas redações:</p><p>Comentários sobre a minha redação do</p><p>ENEM 2016</p><p>“Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”</p><p>“Discriminação e preconceito não são um assunto hodierno. No que tange</p><p>as religiões do Brasil, país majoritariamente católico, verifica-se que propostas</p><p>em prol da solidariedade são, na maioria dos casos, ineficientes. Com efeito, o</p><p>brasileiro tende a superestimar as diferenças, ignorando o fato de compartilhar,</p><p>com todos os indivíduos, a mesma condição: a Humanidade.</p><p>Caso fosse realizada uma pesquisa relativa aos princípios básicos das</p><p>religiões, seriam observados os mesmos ideais de compaixão e amor ao</p><p>próximo. O mesmo processo de transcendência, defendido por todos, difere</p><p>apenas na nomenclatura. Sem a devida consciência disso e frente a outros</p><p>costumes, o brasileiro ainda revela conceitos primitivos: em contraste com a</p><p>vontade de potência nietzschiana, ele é invadido por uma inescrupulosa vontade</p><p>de torpeza,</p><p>bradando sobre a superioridade de seus ideais.</p><p>Quando discriminação racial e religiosa se mesclam, os métodos de</p><p>rechaçamento tornam-se mais contundentes. Principal alvo de preconceitos, a</p><p>população negra vê-se forçada, muitas vezes, a praticar os rituais de suas</p><p>religiões em segredo, de forma a se esquivar dos comportamentos agressivos</p><p>por parte daqueles que se julgam tradicionais.</p><p>Dessa forma, percebe-se que a eliminação do preconceito religioso é um</p><p>grande desafio. Em contexto escolar, enquanto a Ética e a Filosofia forem</p><p>abordadas sem debates e discussões entre os discentes, formar-se-á um</p><p>ambiente de profundo isolamento no âmago de cada um. É necessária uma</p><p>reforma drástica na maneira com que se ensinam as matérias Humanas nas</p><p>escolas de forma a impedir que esse vácuo existencial se transforme em</p><p>intolerância frente a posicionamentos contrários.”</p><p>Em 2016, eu não fazia a mínima ideia do que era uma redação modelo</p><p>ENEM. Sabia apenas que deveria propor uma solução para o problema, mas não</p><p>entendia de tópico frasal, dissertação vs. exposição, marcas de autoria, etc. Eu</p><p>basicamente só falei sobre o tema sem a menor pretensão de ser uma “redação</p><p>do ENEM”. Fico surpreso por ter tirado 880, porque não entendia nada mesmo</p><p>do assunto.</p><p>E isso até que pode ser algo bom: se mesmo sem saber nada do modelo</p><p>ENEM eu consegui tirar uma nota boa (não excelente, mas boa), então a</p><p>habilidade que você precisa realmente dominar para ir bem na redação não é</p><p>nem o modelo ENEM em si, mas habilidades de escrita num geral: coerência,</p><p>coesão, gramática, etc. E isso você adquire lendo muito e escrevendo muito</p><p>(qualquer gênero textual)</p><p>Eu não sabia do modelo ENEM, mas escrevi de maneira simples, fluida,</p><p>coesa e coerente. E isso já me deu uma nota muito boa. Então imagina se nessa</p><p>época eu soubesse as dicas que falei no capítulo da checklist para a redação.</p><p>Poderia ter tirado uns 960 tranquilamente.</p><p>Dito isso, vamos aos comentários:</p><p>Minhas notas por competência:</p><p>Competência 1: Demonstrar domínio da norma da língua escrita.</p><p>Sua nota nessa competência foi: 160</p><p>Você atingiu 80% da pontuação prevista para a Competência 1, atendendo</p><p>aos critérios definidos a seguir. O participante demonstra bom domínio da</p><p>modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de registro, com</p><p>poucos desvios gramaticais e de convenções da escrita, ou seja, apresenta um</p><p>texto com boa estrutura sintática, com poucos desvios de pontuação, de grafia e</p><p>de emprego do registro exigido.</p><p>Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos</p><p>das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos</p><p>limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.</p><p>Sua nota nessa competência foi: 160</p><p>Você atingiu 80% da pontuação prevista para a Competência 2, atendendo</p><p>aos critérios definidos a seguir. O participante desenvolve o tema por meio de</p><p>argumentação consistente e apresenta bom domínio do texto dissertativo-</p><p>argumentativo, com proposição, argumentação e conclusão. Embora ainda possa</p><p>apresentar alguns problemas no desenvolvimento das ideias, o tema, em seu</p><p>texto, é bem desenvolvido, com indícios de autoria e certa distância do senso</p><p>comum demonstrando bom domínio do tipo textual exigido.</p><p>Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar</p><p>informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.</p><p>Sua nota nessa competência foi: 200</p><p>Você atingiu 100% da pontuação prevista para a Competência 3, atendendo</p><p>aos critérios definidos a seguir. Em defesa de um ponto de vista, o texto</p><p>apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, de forma</p><p>consistente e organizada, configurando autoria, ou seja, os argumentos</p><p>selecionados estão organizados e relacionados de forma consistente com o ponto</p><p>de vista defendido e com o tema proposto, configurando-se independência de</p><p>pensamento e autoria.</p><p>Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos</p><p>necessários para a construção da argumentação.</p><p>Sua nota nessa competência foi: 200</p><p>Você atingiu 100% da pontuação prevista para a Competência 4, atendendo</p><p>aos critérios definidos a seguir. O participante articula bem as ideias, os</p><p>argumentos, as partes do texto e apresenta repertório diversificado de recursos</p><p>coesivos, sem inadequações.</p><p>Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema</p><p>abordado, respeitando os direitos humanos.</p><p>Sua nota nessa competência foi: 160</p><p>Você atingiu 80% da pontuação prevista para a Competência 5, atendendo</p><p>aos critérios definidos a seguir. O participante elabora bem proposta de</p><p>intervenção relacionada ao tema, decorrente da discussão desenvolvida no texto,</p><p>articulada e abrangente, ainda que sem suficiente detalhamento.</p><p>***</p><p>Tirei 160 na competência 1, mas o único erro gramatical de verdade foi na</p><p>introdução: escrevi “no que tange as religiões” ao invés de “no que tange às</p><p>religiões”. De erro mesmo, só consigo identificar esse. (Talvez a palavra</p><p>“rechaçamento” tenha sido julgada errada, mas consta em alguns dicionários,</p><p>então não sei se pode ter sido isso que tirou ponto).</p><p>Outro possível erro foram os dois momentos em que eu falei “frente a _”. Um</p><p>purista da língua portuguesa talvez argumentasse que o certo é “diante de _” ou</p><p>“em face de _”, mas não sei se foi isso que me tirou ponto. Talvez tenha sido por</p><p>causa da mesóclise (“formar-se-á”), que, apesar de gramaticalmente correta, não</p><p>é usual, podendo talvez ser considerada um “erro” nos padrões da norma culta</p><p>contemporânea. Não sei... Por precaução, não use mesóclise.</p><p>Talvez tenham tirado ponto porque em alguns momentos eu fiz justamente o</p><p>que na checklist eu sugeri não fazer: escrevi frases truncadas, com vírgulas e</p><p>apostos que interrompem a naturalidade da leitura:</p><p>“Principal alvo de preconceitos, a população negra vê-se forçada, muitas</p><p>vezes, a praticar os rituais de suas religiões em segredo, de forma a se esquivar</p><p>das (...)”. Esse “muitas vezes” está sobrando, e atrapalha a fluidez da leitura. A</p><p>frase inteira está grande e difícil de interpretar, podendo ter incorrido em perda</p><p>de pontuação (mas de novo: não sei exatamente o que me tirou ponto na</p><p>competência 1).</p><p>“Caso fosse realizada uma pesquisa relativa aos princípios básicos das</p><p>religiões, seriam observados os mesmos ideais de compaixão e amor ao</p><p>próximo. O mesmo processo de transcendência, defendido por todos, difere</p><p>apenas na nomenclatura. Sem a devida consciência disso e frente a outros</p><p>costumes, o brasileiro ainda revela conceitos primitivos: em contraste com a</p><p>vontade de potência nietzschiana, ele é invadido por uma inescrupulosa vontade</p><p>de torpeza, bradando sobre a superioridade de seus ideais.”</p><p>Perdi mais 40 pontos na competência 2, muito provavelmente porque na</p><p>hora de falar de Nietzsche eu não cheguei a explicar o que era a vontade de</p><p>potência. Simplesmente joguei a informação e esqueci que uma redação do</p><p>ENEM não é um livro: o corretor não comprou o meu texto, então ele não está</p><p>disposto a ir na internet e procurar do que se trata a vontade de potência. Então</p><p>#fikdik: não deixe informação subentendida; coloque tudo no papel. Se for usar</p><p>algum conceito de filósofo, explique minimamente o que ele é e como ele se</p><p>encaixa na sua argumentação.</p><p>Também posso ter perdido ponto na competência 2 porque não falei dos</p><p>caminhos para combate da intolerância religiosa. Falei da intolerância religiosa</p><p>em si. Não estava com o tema inteiro em mente quando elaborei os argumentos.</p><p>Quanto à competência 3, não sei como tirei 200. Eu posso até ter organizado</p><p>entrar para</p><p>faculdades muito concorridas de Medicina do país (talvez em 2018 eu até</p><p>conseguisse, mas enquanto eu escrevo.</p><p>(Caso tenha interesse em buscar informações sobre uma faculdade específica,</p><p>o beduka.com oferece filtros para notas de corte, valor de mensalidade, nota do</p><p>MEC, distância da faculdade até a sua casa e muitas outras coisas. Super</p><p>recomendo para você que está em dúvida sobre faculdades para se inscrever pelo</p><p>Sisu/ProUni/FIES: https://beduka.com/)</p><p>Enfim. Eu não estou contando isso para me exibir nem nada do tipo. Mostro</p><p>as notas para reforçar um ponto que sempre falo nos vídeos canal: o ENEM é</p><p>uma prova mais de estratégia e raciocínio lógico que de conteúdo</p><p>propriamente dito.</p><p>Duvida? Bem...</p><p>O meu caso é o seguinte: desde que eu saí do Ensino Médio, 4 anos atrás</p><p>(nossa, eu podia estar me formando agora...), não tive um ensino “formal”</p><p>direcionado para o ENEM (por ensino formal eu quero dizer cursinho</p><p>preparatório online/presencial, aulas de conteúdos que podem cair na prova,</p><p>apostilas, etc.). O que eu tive foi um monte de experiências de vida diferentes</p><p>que, aliadas à base que eu desenvolvi durante o Ensino Fundamental e Ensino</p><p>Médio, contribuíram para que eu fosse capaz de pensar fora da caixa e acertar</p><p>questões sem necessariamente ter revisado a matéria.</p><p>Nesses 4 anos loucos, tive experiência com Fotografia, Psicologia,</p><p>Jornalismo, com uns negócios esotéricos esquisitos, Publicidade, etc. Mas, com</p><p>exceção das resoluções comentadas de Exatas que eu gravei para o canal, não</p><p>tive nada voltado especificamente para o ENEM. As aulas que eu tive durante os</p><p>(muitos) cursos, essas experiências que eu tive... foram experiências de vida</p><p>como quaisquer outras.</p><p>E foram essas experiências que me ajudaram a elaborar raciocínios mais</p><p>complexos e não perder tanto tempo para acertar questões consideradas</p><p>“difíceis”. Raciocínios que quem estuda só por videoaulas e por apostilas pode</p><p>https://beduka.com/</p><p>ter dificuldade de elaborar.</p><p>Não digo que o meu método de preparação para o ENEM tenha sido melhor</p><p>nem pior que o dos outros. Foi só... diferente. E, como tudo na vida, teve</p><p>vantagens e desvantagens. Uma vantagem foi que eu tive uma maneira diferente</p><p>de enxergar a prova, e isso me permitiu acertar algumas questões que a maioria</p><p>pode ter tido dificuldade.</p><p>É isso que eu pretendo com este e-book: te oferecer uma visão diferente</p><p>para você acertar o máximo possível de questões e arrasar no ENEM.</p><p>Detalhe: no capítulo em que eu analiso a prova de 2018, você vai ver que eu</p><p>errei umas questões bem fáceis e acertei umas bem difíceis. É estranho, mas até</p><p>que faz sentido: isso aconteceu porque eu não tinha estudado os pontos em que</p><p>geralmente os cursinhos focam, como nome de doenças ou definição de</p><p>conceitos (questões “fáceis”). Eu tive um ótimo raciocínio lógico para acertar as</p><p>questões complexas, mas não lembrava de alguns dos conceitos básicos das</p><p>questões fáceis. Se eu tivesse o mínimo de conhecimento de doenças, por</p><p>exemplo, teria acertado uma fácil, e a minha nota teria aumentado</p><p>significativamente.</p><p>Então pense assim: aliando o seu método de estudos ao meu, você vai ter o</p><p>melhor dos dois mundos! Com o seu método, você vai acertar as “fáceis” (que</p><p>para mim foram difíceis, porque eu não tinha estudado do jeito tradicional), e</p><p>com o meu método você vai acertar as “difíceis” (que exigem um raciocínio</p><p>complexo que não é ensinado em aula).</p><p>E aí não tem concorrência que segure!</p><p>Top, né?</p><p>Então vamos ao primeiro (e mais importante) ponto para você arrasar no</p><p>ENEM: a interpretação de texto.</p><p>Interpretação de texto</p><p>Acho que o erro da maioria das pessoas que querem planejar os estudos é focar</p><p>demais em resolução de questões. E não me leve a mal: cada banca tem um</p><p>“estilo”, e resolver questões de provas anteriores é importantíssimo para você</p><p>entender como tal vestibular cobra as coisas.</p><p>A Fuvest é de um jeito, o ENEM é de outro... As provas podem até cobrar a</p><p>mesma matéria, mas, mudando a abordagem, muda completamente o raciocínio</p><p>que o aluno deve desenvolver para chegar à resposta.</p><p>Por isso é importante que, antes de começar a estudar para o ENEM, você se</p><p>pergunte: “Eu me sinto confortável com o estilo de questão do ENEM? Será que</p><p>o vestibular tradicional da instituição que eu quero não é uma opção mais</p><p>viável?”</p><p>E, naturalmente, você só vai chegar a uma resposta se entender</p><p>profundamente o estilo de questão de cada uma das provas.</p><p>Porque cada aluno é de um jeito. Eu, por exemplo, me sinto confortável</p><p>fazendo o ENEM, mas prefiro o estilo de redação do vestibular da UnB, que é</p><p>um pouco mais amplo e subjetivo (apesar de agora a redação do ENEM estar</p><p>tendendo a se parecer mais com da UnB).</p><p>Então, se eu estivesse planejando entrar na UnB, teria que avaliar em qual das</p><p>duas provas (vestibular tradicional ou ENEM) eu tenho mais facilidade, para só</p><p>então dedicar o meu ano de estudos a ela.</p><p>Voltando ao assunto: os alunos parecem se focar demais em resolução de</p><p>questões e acabam esquecendo de trabalhar as habilidades mais básicas. Fazem</p><p>dezenas de questões, uma atrás da outra, simulados, provas... e ficam frustrados</p><p>porque a média de acertos não aumenta.</p><p>A essas pessoas fica meu recado: talvez você esteja direcionando as energias</p><p>para o lugar errado. Insistir em fazer questão atrás de questão pode estar te</p><p>tomando um tempo precioso que você poderia investir em um ponto muito mais</p><p>importante: a base.</p><p>Vamos falar mais da base no capítulo de Matemática. Mas, aqui, quando eu</p><p>digo “base” eu quero dizer interpretação de texto.</p><p>O problema é que a interpretação de texto é uma habilidade que não tem</p><p>relação 100% direta com a prova. E muita gente tem o raciocínio linear de</p><p>pensar que, se não tem relação direta, não vale a pena treinar. Mas isso é</p><p>mentira! Você pode até saber a matéria, mas, se não entender perfeitamente o</p><p>que o enunciado está pedindo, de jeito nenhum vai ser capaz de responder.</p><p>Interpretação é a chave para praticamente tudo nesta vida. Não só para o</p><p>ENEM, mas para entender uma notícia de jornal, elaborar um argumento,</p><p>identificar argumentos falhos, entre tantas outras habilidades que, na minha</p><p>opinião, qualquer um deveria ter para ser um indivíduo melhor.</p><p>E não existe essa de não ser capaz de interpretar um texto. Somos todos</p><p>capazes de treinar essa habilidade para compreender o que um texto está dizendo</p><p>(isso, claro, se o texto for escrito sem erros de português, sem ambiguidades,</p><p>etc.)</p><p>Um ponto que eu vou falar bastante no capítulo de Matemática é que</p><p>interpretação de texto não é só para a prova de Humanas e Linguagens! As</p><p>questões de Matemática do ENEM são mais de 80% só Matemática Básica</p><p>aliada a interpretação de texto (você vai ver no capítulo de resolução da</p><p>prova!) A dificuldade das pessoas com Matemática pode não estar na</p><p>Matemática em si, mas sim em compreender o que o enunciado das questões</p><p>está pedindo. E isso é interpretação pura.</p><p>Então... como melhorar a interpretação de texto?</p><p>Em primeiro lugar, focando na sua concentração. Uma mente dispersa vai te</p><p>fazer “voar” em questão de segundos. E você vai precisar ler umas cinco vezes</p><p>para ter alguma esperança de entender a questão. Para uma prova que exige uma</p><p>média de 2-3 minutos por questão, já deu para ver que isso não é uma boa ideia,</p><p>né?</p><p>Então, antes de qualquer coisa, reflita sobre a sua capacidade de</p><p>concentração. O seu ambiente de estudos é tumultuado? Você estuda com o</p><p>celular por perto? Tem muitos estímulos que podem te impedir de se concentrar</p><p>nos estudos?</p><p>Com muitas distrações por perto, é muito mais fácil se distrair (essa frase foi</p><p>genial,</p><p>os argumentos, mas o texto como um todo parece mais um “Frankenstein” que</p><p>uma dissertação: não tem uma conexão óbvia entre os parágrafos, então parece</p><p>que cada um é uma nova ideia sem relação com as demais (chamam isso de</p><p>“saltos temáticos”). Então, honestamente, eu me daria no máximo uns 140-160</p><p>nessa competência. Em 2018, muito provável que essa teria sido a nota.</p><p>Ainda sobre a competência 3, a autoria a que o feedback do Inep se refere</p><p>pode significar muitas coisas, mas em resumo quer dizer que o texto é</p><p>genuinamente seu, não um modelo pronto da internet. O fato de puxar para o</p><p>lado mais “hippie” (2016 foi a minha fase esotérica) de Humanidade, igualdade</p><p>e blábláblá contribuiu para meu texto não ficar só no “lugar comum”, o que</p><p>constituiu autoria e pode ter me ajudado a aumentar a nota nessa competência.</p><p>O uso de termos como “inescrupulosa”, “torpeza” e “que se julgam”</p><p>contribuiu para o texto ser dissertativo, não expositivo, o que também contribui</p><p>para a marca de autoria.</p><p>Quanto à competência 4, eu também não entendo como consegui tirar 200. O</p><p>corretor foi muito bonzinho comigo, porque as ideias no meu texto podem ser</p><p>tudo, menos bem articuladas. Não tem tantos conectivos para associar ideias</p><p>complexas, o que passa a impressão de os argumentos terem sido “jogados de</p><p>qualquer jeito”. Ao menos é essa a impressão que eu tenho ao ler o texto... não</p><p>sei se estou sendo exigente demais, mas, se fosse reescrever, definitivamente</p><p>faria diferente. Teria feito também uma conclusão circular para reforçar a ideia</p><p>de o texto inteiro ser um único bloco de informação.</p><p>“Dessa forma, percebe-se que a eliminação do preconceito religioso é um</p><p>grande desafio. Em contexto escolar, enquanto a Ética e a Filosofia forem</p><p>abordadas sem debates e discussões entre os discentes, formar-se-á um</p><p>ambiente de profundo isolamento no âmago de cada um. É necessária uma</p><p>reforma drástica na maneira com que se ensinam as matérias Humanas nas</p><p>escolas de forma a impedir que esse vácuo existencial se transforme em</p><p>intolerância frente a posicionamentos contrários.”</p><p>Os outros 40 pontos que perdi foram na competência 5. Se essa redação</p><p>tivesse sido escrita em 2018, teriam tirado ainda mais, porque eu não só não</p><p>expliquei o agente (quem vai fazer a “reforma drástica”), como não detalhei</p><p>nenhuma das 4 perguntas (quem/o quê/como/para quê).</p><p>Resumindo: era para eu ter tirado bem menos que 880. O corretor foi um anjo</p><p>comigo. Se eu escrevesse uma redação assim em 2017/2018, minha nota seria</p><p>bem mais baixa, porque convenhamos: já na introdução eu não tenho uma tese</p><p>forte para orientar meu texto, nos desenvolvimentos eu não uso conectivos para</p><p>associar as ideias entre os parágrafos, e a minha conclusão traz a solução de um</p><p>problema que eu não expliquei em parte alguma do texto.</p><p>Comentários sobre a minha redação do</p><p>ENEM 2017</p><p>“Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”</p><p>Sinais da decadência</p><p>“A sinfonia ‘Ode à alegria’, composta no século XIX**, é tida até hoje como</p><p>um clássico. O que pouco se sabe é que, à época de sua composição, Beethoven</p><p>já era completamente surdo. Seu trabalho, porém, constitui a exceção da</p><p>exceção; nem todos são Beethoven, e o atual domínio do pragmatismo sobre a</p><p>beleza no ritmo frenético do século XXI, aliado à falta de investimentos em</p><p>programas de inclusão e a discursos discriminatórios sobre as supostas</p><p>“deficiências” reforça estereótipos e constitui mais um empecilho na formação</p><p>educacional de surdos no Brasil.</p><p>É inegável o fato de que, atualmente, a competitividade regula um estilo de</p><p>vida cada vez mais acelerado. Traçando um paralelo com a Química, em que a</p><p>velocidade das reações é determinada pela velocidade de sua componente mais</p><p>lenta, a surdez é ainda interpretada falaciosamente como um elemento de atraso</p><p>no desenvolvimento do país. Consequência disso é o preconceito de educadores</p><p>e empregadores frente à demanda dos surdos, muitas vezes dificultando seu</p><p>acesso ao ensino ou à especialização de qualidade.</p><p>Nesse mesmo sentido, retrato do descaso governamental ante a esse</p><p>problema é a falta de investimento em programas de educação inclusivos: de</p><p>2011 a 2016, o número de matrículas de surdos em escolas exclusivas caiu</p><p>quase pela metade, a despeito de o Artigo 27 da Constituição Brasileira**</p><p>prever o direito de inclusão dos surdos no sistema educacional.</p><p>Realidades alarmantes como essa urgem por uma mudança: cabe ao Estado</p><p>fazer valer a Constituição, mas, antes de tudo, cabe à população exigir os seus</p><p>direitos. A criação de movimentos em prol da visibilidade dos surdos e a</p><p>consequente denúncia dos atuais problemas de acessibilidade são os primeiros</p><p>passos rumo à inclusão. A popularização do tema e a tomada de consciência são</p><p>de vital importância para se mudar a realidade. Pois nem todos são Beethoven,</p><p>mas todos têm o direito de expressar seus talentos e superar preconceitos.”</p><p>** A sinfonia “Ode à alegria” foi composta no século XVIII, não no XIX. E</p><p>o artigo 27 não é da Constituição Brasileira, mas da lei 13.146/15. Foram erros</p><p>pequenos, então muito provavelmente passaram despercebidos, mas obviamente</p><p>é melhor evitar essas coisas o máximo possível.</p><p>Minhas notas por competência:</p><p>Competência 1: Demonstrar domínio da norma da língua escrita.</p><p>Sua nota nessa competência foi: 160</p><p>Você atingiu 80% da pontuação prevista para a Competência 1, atendendo</p><p>aos critérios definidos a seguir. O participante demonstra bom domínio da</p><p>modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de registro, com</p><p>poucos desvios gramaticais e de convenções da escrita, ou seja, apresenta um</p><p>texto com boa estrutura sintática, com poucos desvios de pontuação, de grafia e</p><p>de emprego do registro exigido.</p><p>Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos</p><p>das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos</p><p>limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.</p><p>Sua nota nessa competência foi: 200</p><p>Você atingiu 100% da pontuação prevista para a Competência 2, atendendo</p><p>aos critérios definidos a seguir. O participante desenvolve o tema por meio de</p><p>argumentação consistente, a partir de um repertório sociocultural produtivo e</p><p>apresenta excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo, ou seja, em seu</p><p>texto, o tema é desenvolvido de modo consistente, por meio do acesso a outras</p><p>áreas do conhecimento, com progressão fluente e articulada ao projeto do texto.</p><p>Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar</p><p>informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.</p><p>Sua nota nessa competência foi: 180</p><p>Você atingiu 90% da pontuação prevista para a Competência 3, atendendo</p><p>parcialmente aos critérios definidos a seguir. Em defesa de um ponto de vista, o</p><p>texto apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, de</p><p>forma consistente e organizada, configurando autoria, ou seja, os argumentos</p><p>selecionados estão organizados e relacionados de forma consistente com o ponto</p><p>de vista defendido e com o tema proposto, configurando-se independência de</p><p>pensamento e autoria.</p><p>Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos</p><p>necessários para a construção da argumentação.</p><p>Sua nota nessa competência foi: 180</p><p>Você atingiu 90% da pontuação prevista para a Competência 4, atendendo</p><p>parcialmente aos critérios definidos a seguir. O participante articula bem as</p><p>ideias, os argumentos, as partes do texto e apresenta repertório diversificado de</p><p>recursos coesivos, sem inadequações.</p><p>Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema</p><p>abordado, respeitando os direitos humanos.</p><p>Sua nota nessa competência foi: 120</p><p>Você atingiu 60%</p><p>da pontuação prevista para a Competência 5, atendendo</p><p>aos critérios definidos a seguir. O participante elabora, de forma mediana, pouco</p><p>consistente, proposta de intervenção relacionada ao tema e articulada à discussão</p><p>desenvolvida no texto.</p><p>***</p><p>Em primeiro lugar, eu fiz algo que não é muito legal de fazer nas redações do</p><p>ENEM: não que seja errado botar título na redação, mas eu tentei fazer um jogo</p><p>de palavras que não se encaixa no modelo exigido pelo ENEM. O modelo</p><p>dissertativo-argumentativo quer um texto o mais direto possível, sem metáforas,</p><p>sem jogos de palavras, sem nada “artístico” ou subjetivo. Dizer “sinais da</p><p>decadência” para sugerir a linguagem de sinais fugiu demais do padrão.</p><p>Na dúvida, nem coloque título. A ausência de título não tira ponto, e evita de</p><p>causar uma má primeira impressão no corretor.</p><p>“A sinfonia ‘Ode à alegria’, composta no século XIX, é tida até hoje como</p><p>um clássico. O que pouco se sabe é que, à época de sua composição, Beethoven</p><p>já era completamente surdo. Seu trabalho, porém, constitui a exceção da</p><p>exceção; nem todos são Beethoven, e o atual domínio do pragmatismo sobre a</p><p>beleza no ritmo frenético do século XXI, aliado à falta de investimentos em</p><p>programas de inclusão e a discursos discriminatórios sobre as supostas</p><p>“deficiências” reforça estereótipos e constitui mais um empecilho na formação</p><p>educacional de surdos no Brasil.”</p><p>Algo legal de colocar na introdução foi a menção a Beethoven (apesar de eu</p><p>ter errado o século de composição da sinfonia). O ENEM valoriza essa</p><p>associação de diversas áreas do conhecimento. Tanto que uma das competências</p><p>é praticamente só para isso (competência 2).</p><p>Na introdução, um problema foi que eu detalhei demais o que ia falar nos</p><p>parágrafos de desenvolvimento. Tudo bem pincelar a ideia de D1 e D2 na</p><p>introdução, mas separar 4-5 linhas para isso foi demais.</p><p>Outro problema na introdução foi o *&*%%#&¨scanner!!! O texto aqui</p><p>está digitado, mas na imagem escaneada do espelho da minha redação o “;” na 4ª</p><p>linha pareceu apenas um “.”, e, como continuei com letra minúscula, é possível</p><p>que 20 dos 40 pontos que eu perdi na competência 1 tenham sido por “ter</p><p>começado frase com letra minúscula”. Então atenção na sua redação: escreva as</p><p>pontuações com força suficiente para evitar esse tipo de problema.</p><p>Na linha 7 faltou uma vírgula depois de “deficiências”, porque o trecho</p><p>“aliado à falta de (...) sobre as supostas ‘deficiências’” deveria ser isolado entre</p><p>vírgulas. Foi uma frase tão grande que eu me perdi, então já fica a dica: evite</p><p>frases longas. É melhor de você escrever e melhor de o corretor ler. Se eu tivesse</p><p>que reescrever essa introdução, colocaria mais pontos finais e ligaria as ideias</p><p>com conectivos ao invés de inserir tudo em uma frase só.</p><p>“É inegável o fato de que, atualmente, a competitividade regula um estilo de</p><p>vida cada vez mais acelerado. Traçando um paralelo com a Química, em que a</p><p>velocidade das reações é determinada pela velocidade de sua componente mais</p><p>lenta, a surdez é ainda interpretada falaciosamente como um elemento de atraso</p><p>no desenvolvimento do país. Consequência disso é o preconceito de educadores</p><p>e empregadores frente à demanda dos surdos, muitas vezes dificultando seu</p><p>acesso ao ensino ou à especialização de qualidade.”</p><p>O primeiro desenvolvimento até que ficou legal. Usei uma área do</p><p>conhecimento pouco explorada nas redações (Química) e marquei minha</p><p>indignação com o tema ao dizer que dizer que a surdez é elemento de atraso no</p><p>desenvolvimento do país é uma falácia (ou seja, meu parágrafo não é só</p><p>expositivo, porque eu ataco esse ponto de vista, configurando autoria).</p><p>E aqui de novo eu usei “frente a” para dizer “em face de”. Como eu disse na</p><p>redação de 2016: um purista da língua portuguesa poderia dizer que isso é</p><p>errado, mas eu já vi redação nota 1000 com “frente a”, então não é tão errado</p><p>assim.</p><p>“Nesse mesmo sentido, retrato do descaso governamental ante a esse</p><p>problema é a falta de investimento em programas de educação inclusivos: de</p><p>2011 a 2016, o número de matrículas de surdos em escolas exclusivas caiu</p><p>quase pela metade, a despeito de o Artigo 27 da Constituição Brasileira**</p><p>prever o direito de inclusão dos surdos no sistema educacional.”</p><p>Comecei o segundo desenvolvimento com um conectivo, então já foi um</p><p>avanço em relação a 2016 (apesar de a nota na competência 4 ter sido só 180 em</p><p>comparação com os 200 de 2016). Mas é como eu disse: em 2016 o meu corretor</p><p>deve ter sido muito bonzinho mesmo, porque hoje em dia eles prezam demais</p><p>por uma boa conexão de ideias, e sem conectivos isso é impossível.</p><p>Enfim, mesmo tendo começado com um conectivo o meu parágrafo não foi</p><p>tão bom quanto o primeiro. Na verdade, ele é muito fraco. Se não fosse o</p><p>“descaso governamental”, ele seria completamente expositivo, e só nas 5 linhas</p><p>de texto não dá para pontuar muito bem que o que eu falo é um problema. Foi</p><p>como eu disse na checklist: pode até ser óbvio que é um problema, mas, se eu</p><p>não falar isso, dá a impressão de que eu só estou expondo um dado: “o número</p><p>de escolas caiu pela metade”. Mas e daí? E daí que tenha caído pela metade? Eu</p><p>deveria ter deixado isso mais claro, deveria talvez ter apresentado uma</p><p>consequência nociva para a sociedade que decorre desse fato.</p><p>Esse pode ter sido o motivo de eu não ter tirado nota máxima na competência</p><p>3 (Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e</p><p>argumentos em defesa de um ponto de vista). Porque não tem bem um ponto de</p><p>vista nesse terceiro parágrafo. É só uma exposição sem relação com o resto dos</p><p>argumentos.</p><p>Outro erro desse parágrafo foi o “ante a esse problema”. Não se usa</p><p>preposição “a” nesse caso. O certo seria “ante esse problema”. E é mais um</p><p>ponto da checklist: se eu não tinha certeza da regência de “ante”, não era para</p><p>ter usado. Poderia simplesmente ter substituído por “diante desse problema”,</p><p>mas não. Insisti em “ante”, e errei a regência.</p><p>“Realidades alarmantes como essa urgem por uma mudança: cabe ao</p><p>Estado fazer valer a Constituição, mas, antes de tudo, cabe à população exigir</p><p>os seus direitos. A criação de movimentos em prol da visibilidade dos surdos e a</p><p>consequente denúncia dos atuais problemas de acessibilidade são os primeiros</p><p>passos rumo à inclusão. A popularização do tema e a tomada de consciência são</p><p>de vital importância para se mudar a realidade. Pois nem todos são Beethoven,</p><p>mas todos têm o direito de expressar seus talentos e superar preconceitos.”</p><p>A conclusão foi a vergonha total. Em minha defesa, eu ainda não sabia fazer</p><p>uma redação modelo ENEM, então a proposta de intervenção foi só “o povo tem</p><p>que se virar”. Fico surpreso de ter tirado mais da metade dos pontos possíveis</p><p>nessa conclusão.</p><p>Não respondi as 4 perguntas (quem/o quê/como/para quê) e não detalhei</p><p>nada, então foi mesmo um choque ter tirado 120 nisso.</p><p>Também cometi um erro de regência aqui: “urgem por uma mudança”. O</p><p>verbo “urgir” não pede preposição, então o certo seria “urgem uma mudança”.</p><p>De novo, eu deveria ter substituído por um sinônimo, mas insisti no “urgem” e</p><p>cometi mais um erro.</p><p>Um ponto positivo dessa conclusão é que eu consegui fechar de maneira</p><p>circular: a última frase retomou o Beethoven da introdução, passando a ideia de</p><p>que o meu texto foi planejado, não um monte de ideias jogadas ao acaso.</p><p>***</p><p>Ótimo, falamos dos principais pontos de redação! Lembre-se: pratique ao</p><p>menos uma redação por semana, e não deixe para começar em outubro como eu</p><p>fiz. Quanto mais você praticar, mais “no automático” vai conseguir fazer, e mais</p><p>tempo vai ter para pensar as questões de Linguagens e Humanas.</p><p>***</p><p>E, para concluir, fica a dica: leia a cartilha de redação do</p><p>ENEM. Ela</p><p>sempre traz modelos de redação nota 1000 do ano anterior, e é um excelente</p><p>guia para orientar seus textos.</p><p>Cartilha de 2018:</p><p>http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2018/manual_de_redacao_do_enem_2018.pdf</p><p>Quando sair o espelho da redação de 2018, vou postar um vídeo no canal com</p><p>os pontos positivos e negativos do meu texto. Fiquem de olho ;)</p><p>Ainda não se inscreveu? Nossa, senhora, então aqui vai o link do canal:</p><p>https://www.youtube.com/user/exatasexatas</p><p>E agora se preparem para a segunda parte do e-book! Senhoras e senhores</p><p>membros do júri, a parte que todos estavam esperando... a resolução completa do</p><p>ENEM 2018.</p><p>http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2018/manual_de_redacao_do_enem_2018.pdf</p><p>https://www.youtube.com/user/exatasexatas</p><p>Resolução comentada do ENEM 2018</p><p>Só alguns pontos antes de começar: caso você queira saber a numeração</p><p>específica das questões, eu usei a prova azul do primeiro dia (Linguagens +</p><p>Humanas) e a prova amarela do segundo dia (Matemática + Ciências da</p><p>Natureza).</p><p>Quanto à divisão entre fáceis e difíceis, eu só consegui dividir as questões de</p><p>Matemática. Não tem a pretensão de ser uma divisão exata, mas já dá para dar</p><p>um norte do que a TRI valoriza mais. Nas outras provas eu não fiz isso porque</p><p>dividir em fáceis/médias/difíceis seria muito subjetivo. Só dá para fazer isso com</p><p>um nível razoável de certeza em Matemática.</p><p>O que mais...? Ah, sim! Sempre que necessário, eu não apenas expliquei o</p><p>contexto das questões, mas falei da maneira que eu usei para chegar à resposta</p><p>das questões. Em alguns casos os raciocínios foram bem pouco tradicionais (para</p><p>não dizer outra coisa), então não me julgue, ok? O que importa é funcionar. São</p><p>os raciocínios alternativos de que eu venho tenho falado ao longo de todo o e-</p><p>book.</p><p>Para ser sincero, acho que esses raciocínios alternativos são o ponto alto do e-</p><p>book, porque todo o resto que está aqui, qualquer um poderia fazer. Mas esses</p><p>raciocínios loucos, acho que só eu mesmo kkkkk.</p><p>Uma última coisa: posso ter feito a resolução de 2018 em formato escrito,</p><p>mas as resoluções de Exatas de 2010 a 2017 estão disponíveis gratuitamente</p><p>em vídeo no meu canal do YouTube por este link:</p><p>https://www.youtube.com/playlist?</p><p>list=PL8Sb1J47vKz46jX1ZLDiZsIHRA_hiPzQ9</p><p>Acho que é tudo. Espero que gostem, porque, modéstia à parte, eu gostei</p><p>bastante do resultado dessas resoluções.</p><p>Falo com vocês de novo daqui a 180 questões.</p><p>https://www.youtube.com/playlist?list=PL8Sb1J47vKz46jX1ZLDiZsIHRA_hiPzQ9</p><p>Linguagens, Códigos e suas Tecnologias</p><p>Questão 01</p><p>Lava Mae: Creating Showers on Wheels for the Homeless</p><p>San Francisco, according to recent city numbers, has 4,300 people living</p><p>on the streets. Among the many problems the homeless face is little or no</p><p>access to showers. San Francisco only has about 16 to 20 shower stalls to</p><p>accommodate them. But Doniece Sandoval has made it her mission to</p><p>change that. The 51 -year-old former marketing executive started Lava</p><p>Mae, a sort of showers on wheels, a new project that aims to turn</p><p>decommissioned city buses into shower stations for the homeless. Each bus</p><p>will have two shower stations and Sandoval expects that they’ll be able to</p><p>provide 2,000 showers a week.</p><p>ANDREANO, C. Disponível em: http://abcnews.go. Acesso em: 26 jun, 2018 (adaptado)</p><p>A relação dos vocábulos shower, bus e homeless, no texto, refere-se a</p><p>a) empregar moradores de rua em lava a jatos para ônibus.</p><p>b) criar acesso a banhos gratuitos para moradores de rua.</p><p>c) comissionar sem-teto para dirigir os ônibus da cidade.</p><p>d) exigir das autoridades que os ônibus municipais tenham banheiros.</p><p>e) abrigar dois mil moradores de rua em ônibus que foram adaptados.</p><p>O texto conta os esforços de Doniece Sandoval para transformar ônibus fora</p><p>de serviço (“decommissioned buses”) em estações de banho para os moradores</p><p>de rua. Ou seja, letra “B”.</p><p>Questão 02</p><p>GLASBERGEN, R. Disponível em: www.glasbergen.com. Acesso em: 3 jul. 2015 (adaptado).</p><p>No cartum, a crítica está no fato de a sociedade exigir do adolescente que</p><p>a) se aposente prematuramente.</p><p>b) amadureça precocemente.</p><p>c) estude aplicadamente.</p><p>d) se forme rapidamente.</p><p>e) ouça atentamente.</p><p>A sociedade está constantemente dizendo ao adolescente que seja um “garoto</p><p>grande”, “mais maduro”, que “aja como um adulto”. Isso desde os 5 anos de</p><p>idade! Então a crítica está justamente na exigência da sociedade de que o</p><p>adolescente amadureça precocemente. Letra “B”.</p><p>Questão 03</p><p>Don’t write in English, they said,</p><p>English is not your mother tongue…</p><p>…The language I speak</p><p>Becomes mine, its distortions, its queerness</p><p>All mine, mine alone, it is half English, half</p><p>Indian, funny perhaps, but it is honest,</p><p>It is as human as I am human…</p><p>…It voices my joys, my longings my</p><p>Hopes…</p><p>(Kamala Das, 1965:10)</p><p>GARGESH, R. South Asian Englishes. In: KACHRU, B. B.; KACHRU, Y.; NELSON, C. L.</p><p>(Eds.). The Handbook of World Englishes. Singapore: Blackwell, 2006.</p><p>A poetisa Kamala Das, como muitos escritores indianos, escreve suas</p><p>obras em inglês, apesar de essa não ser sua primeira língua. Nesses versos,</p><p>ela</p><p>a) usa a língua inglesa com efeito humorístico.</p><p>b) recorre a vozes de vários escritores ingleses.</p><p>c) adverte sobre o uso distorcido da língua inglesa.</p><p>d) demonstra consciência de sua identidade linguística.</p><p>e) reconhece a incompreensão na sua maneira de falar inglês.</p><p>A poetisa escreve em inglês, mas deixa claro no poema que usa esse idioma</p><p>porque ele exprime suas alegrias, seus desejos e esperanças. Não é uma escolha</p><p>arbitrária; é totalmente consciente.</p><p>Cada elemento do idioma inglês se mescla ao idioma nativo dela para se</p><p>tornar uma forma de expressão individual, “engraçada, talvez, mas honesta”. A</p><p>Kamala Das tem total consciência da sua identidade linguística. Ela entende</p><p>por que usa um idioma e não o outro.</p><p>Logo, resposta certa: “D”.</p><p>Atenção: o uso da palavra “funny” pode ter feito algumas pessoas marcarem</p><p>letra “A”. Mas a poesia diz que a graça de uma indiana falando inglês não</p><p>compromete a verdadeira essência dessa mistura. E a verdadeira essência é a</p><p>honestidade, não a comicidade.</p><p>Questão 04</p><p>TEXTO I</p><p>A Free World-class Education for Anyone Anywhere</p><p>The Khan Academy is an organization on a mission. We’re a not-for-</p><p>profit with the goal of changing education for the better by providing a free</p><p>world-class education to anyone anywhere. All of the site’s resources are</p><p>available to anyone. The Khan Academy’s materials and resources are</p><p>available to you completely free of charge.</p><p>Disponível em: www.khanacademy.org. Acesso em: 24 fev. 2012 (adaptado).</p><p>TEXTO II</p><p>I didn’t have a problem with Khan Academy site until very recently. For</p><p>me, the problem is the way Khan Academy is being promoted. The way the</p><p>media sees it as “revolutionizing education”. The way people with power</p><p>and money view education as simply “sit-and-get”. If your philosophy of</p><p>education is “sit-and-get”, i.e., teaching is telling and learning is listening,</p><p>then Khan Academy is way more efficient than classroom lecturing. Khan</p><p>Academy does it better. But TRUE progressive educators, TRUE education</p><p>visionaries and revolutionaries don’t want to do these things better. We</p><p>want to DO BETTER THINGS.</p><p>Disponível em: http://fnoschese.wordpress.com. Acesso em: 2 mar. 2012.</p><p>Com o impacto das tecnologias e a ampliação das redes sociais,</p><p>consumidores encontram na internet possibilidades de opinar sobre serviços</p><p>oferecidos. Nesse sentido, o segundo texto, que é um comentário sobre</p><p>o site divulgado no primeiro, apresenta a intenção do autor de</p><p>a) elogiar o trabalho proposto para a educação nessa era tecnológica.</p><p>b) reforçar como a mídia pode contribuir para revolucionar a educação.</p><p>c) chamar a atenção</p><p>das pessoas influentes para o significado da</p><p>educação.</p><p>d) destacar que o site tem melhores resultados do que a educação</p><p>tradicional.</p><p>e) criticar a concepção de educação em que se baseia a organização.</p><p>O comentário sobre o Khan Academy traz uma crítica contundente. Mas</p><p>essa crítica está só no fim do texto. Se você lesse até a metade, acharia que o</p><p>autor está exaltando o estilo de ensino do site. Mas a partir do “But TRUE</p><p>progress ...” ele declara sua opinião: pode até ser melhor que salas de aula</p><p>tradicionais, mas ainda são aulas em que um professor detentor do conhecimento</p><p>explica para os alunos. É o tradicional “telling and learning and listening”. Não</p><p>tem inovação nesse sistema de aprendizado, e o autor critica justamente isso,</p><p>porque a mídia exaltava o Khan Academy como algo “revolucionário”, quando</p><p>na verdade era mais do mesmo. Para o autor, são só aulas bem explicadas, mas</p><p>estão longe de ser uma revolução.</p><p>Resposta: “E”.</p><p>QUESTÃO 05</p><p>1984 (excerpt)</p><p>‘Is it your opinion, Winston, that the past has real existence?’ […]</p><p>O’Brien smiled faintly. ‘I will put it more precisely. Does the past exist</p><p>concretely, in space? Is there somewhere or other a place, a world of solid</p><p>objects,</p><p>where the past is still happening?’</p><p>‘No.’</p><p>‘Then where does the past exist, if at all?’</p><p>‘In records. It is written down.’</p><p>‘In records. And — —?’</p><p>‘In the mind. In human memories.’</p><p>‘In memory. Very well, then. We, the Party, control all records, and we</p><p>control all memories. Then we control the past, do we not?’</p><p>ORWELL, G. Nineteen Eighty-Four. New York: Signet Classics, 1977.</p><p>O romance 1984 descreve os perigos de um Estado totalitário. A ideia</p><p>evidenciada nessa passagem é que o controle do Estado se dá por meio do(a)</p><p>a) boicote a ideais libertários.</p><p>b) veto ao culto das tradições.</p><p>c) poder sobre memórias e registros</p><p>d) censura a produções orais e escritas.</p><p>e) manipulação de pensamentos individuais.</p><p>Para início de conversa, esse livro é muito bom. E foi como eu disse: se o</p><p>aluno já tivesse tido contato com 1984 antes, responderia a questão bem mais</p><p>rápido do que quem precisou ler o texto duas, três vezes.</p><p>Repertório é tudo!</p><p>Nesse trecho, o membro do Estado diz que o passado está na memória e nos</p><p>registros. Como o Estado tem controle sobre os dois, ele literalmente (e no livro</p><p>fica mais claro como isso acontece) tem total controle sobre a memória das</p><p>pessoas. Resposta: “C”.</p><p>Leia 1984. É muito bom.</p><p>QUESTÃO 01</p><p>El día en que lo iban a matar, Santiago Nasar se levantó a las 5:30 de la</p><p>mañana para esperar el buque en que llegaba el obispo. Había soñado que</p><p>atravesaba un bosque de higuerones donde caía una llovizna tierna, y por</p><p>un instante fue feliz en el sueño, pero al despertar se sintió por completo</p><p>salpicado de cagada de pájaros. “Siempre soñaba con árboles”, me dijo</p><p>Plácida Linero, su madre, evocando 27 años después los pormenores</p><p>de aquel lunes ingrato. “La semana anterior había soñado que iba solo en</p><p>un avión de papel de estaño que volaba sin tropezar por entre los</p><p>almendros”, me dijo. Tenía una reputación muy bien ganada de intérprete</p><p>certera de los sueños ajenos, siempre que se los contaran en ayunas, pero no</p><p>había advertido ningún augurio aciago en esos dos sueños de su hijo, ni en</p><p>los otros sueños con árboles que él le había contado en las mañanas que</p><p>precedieron a su muerte.</p><p>MARQUEZ, G. G. Crónica de una muerte anunciada. Disponível em: http://biblio3.url.edu.gt. Acesso em: 2 jan. 2015.</p><p>Na introdução do romance, o narrador resgata lembranças de Plácida</p><p>Linero relacionadas a seu filho Santiago Nasar. Nessa introdução, o uso da</p><p>expressão augurio aciago remete ao(à)</p><p>a) relação mística que se estabelece entre Plácida e seu filho Santiago.</p><p>b) destino trágico de Santiago, que Plácida foi incapaz de prever nos</p><p>sonhos.</p><p>c) descompasso entre a felicidade de Santiago nos sonhos e seu azar na</p><p>realidade.</p><p>d) crença de Plácida na importância da interpretação dos sonhos para</p><p>mudar o futuro.</p><p>e) presença recorrente de elementos sombrios que se revelam nos</p><p>sonhos de Santiago.</p><p>O texto diz que Plácida tinha uma merecida reputação de “intérprete certeira</p><p>dos sonhos alheios”, mas que nenhum “augúrio fatídico” (previsão da morte do</p><p>filho advinda de sonhos) previu a morte de Santiago Nasar. Ou seja, esse augúrio</p><p>fatídico refere-se ao destino trágico do filho, que Plácida foi incapaz de prever</p><p>nos sonhos.</p><p>Resposta: “B”.</p><p>QUESTÃO 02</p><p>Revolución en la arquitectura china</p><p>Levantar rascacielos en 19 días</p><p>Un rascacielos de 57 pisos no llama la atención en la China del siglo</p><p>XXI. Salvo que se haya construido en 19 días, claro. Y eso es precisamente</p><p>lo que ha conseguido Broad Sustainable Building (BSB), una empresa</p><p>dedicada a la fabricación de purificadores de aire y de equipos de aire</p><p>acondicionado para grandes infraestructuras que ahora se ha empeñado en</p><p>liderar una revolución con su propio modelo de arquitectura modular</p><p>prefabricada. Como subraya su presidente, Zhang Yue, es una fórmula</p><p>económica, ecológica segura, y limpia. Ese último término, además, lo</p><p>utiliza tanto para referirse al polvo que se produce en la construcción como</p><p>a los gruesos sobres que suelen circular por debajo de las mesas en</p><p>adjudicaciones y permisos varios. “Quiero que nuestros edificios</p><p>alumbren una nueva era en la arquitectura, y que se conviertan en</p><p>símbolo de la lucha contra la contaminación y el cambio climático, que es la</p><p>mayor amenaza a la que se enfrenta la humanidad”, sentencia.</p><p>“Es como montar un Lego. Apenas hay subcontratación, lo cual ayuda a</p><p>mantener un costo bajo y un control de calidad estricto, y nos permite</p><p>eliminar</p><p>también la corrupción inherente al sector”, explica la vicepresidenta de BSB</p><p>y responsable del mercado internacional, Jiang Yan.</p><p>Disponível em: http://tecnologia.elpais.com. Acesso em: 23 jun. 2015 (adaptado).</p><p>No texto, alguns dos benefícios de se utilizar estruturas pré-moldadas na</p><p>construção de altos edifícios estão expressos por meio da palavra limpia.</p><p>Essa expressão indica que, além de produzir menos resíduos, o uso</p><p>desse tipo de estrutura</p><p>a) reduz o contingente de mão de obra.</p><p>b) inibe a corrupção na construção civil.</p><p>c) facilita o controle da qualidade da obra.</p><p>d) apresenta um modelo arquitetônico conciso.</p><p>e) otimiza os custos da construção de edifícios.</p><p>Sinceramente, a prova de espanhol é muito mais difícil que a de inglês. O</p><p>aluno precisaria entender a expressão “gruesos sobres que que suelen circular</p><p>por debajo de las mesas”. Ou seja, os grossos envelopes que circulam por</p><p>debaixo das mesas. É uma alusão à corrupção no processo de compra de</p><p>licitações na construção civil.</p><p>Resposta: “B”.</p><p>QUESTÃO 03</p><p>¿Qué es la X Solidaria?</p><p>La X Solidaria es una equis que ayuda a las personas más vulnerables.</p><p>Podrás marcarla cuando hagas la declaración de la renta. Es la casilla que</p><p>se denomina “Fines Sociales”. Nosotros preferimos llamarla X Solidaria:</p><p>porque al marcada haces que se destine un 0,7 de tus impuestos a</p><p>programas sociales que realizan las ONG.</p><p>porque se benefician los colectivos más desfavorecidos, sin ningún</p><p>coste económico para ti.</p><p>porque NO marcarla es tomar una actitud pasiva, y dejar que sea el</p><p>Estado quien decida el destino de esa parte de tus impuestos.</p><p>porque marcándola te conviertes en contribuyente activo solidario.</p><p>Disponível em: http://xsolidaria.org. Acesso em: 20 fev. 2012 (adaptado).</p><p>As ações solidárias contribuem para o enfrentamento de problemas sociais.</p><p>No texto, a ação solidária ocorre quando o contribuinte</p><p>a) delega ao governo o destino de seus impostos.</p><p>b) escolhe projetos que terão isenção de impostos.</p><p>c) destina parte de seus impostos para</p><p>custeio de programas sociais.</p><p>d) determina a criação de impostos para implantação de projetos</p><p>sociais.</p><p>e) seleciona vários programas para beneficiar cidadãos vulneráveis</p><p>socialmente.</p><p>A resposta estava no trecho “[la X Solidaria] al marcada haces que se destine</p><p>un 0,7 de tus impuestos a programas sociales”. Ao marcar o X solidário, você</p><p>destina uma porcentagem dos seus impostos a programas sociais. Logo, a</p><p>resposta é “C”.</p><p>QUESTÃO 04</p><p>¿Cómo gestionar la diversidad lingüística en el</p><p>aula?</p><p>El aprendizaje de idiomas es una de las demandas de la sociedad en la</p><p>escuela: los alumnos tienen que finalizar la escolarización con un buen</p><p>conocimiento, por lo menos, de las tres lenguas curriculares:</p><p>catalán, castellano e inglés (o francés, portugués…).</p><p>La metodología que promueve el aprendizaje integrado de idiomas en la</p><p>escuela tiene en cuenta las relaciones entre las diferentes lenguas: la mejor</p><p>enseñanza de una lengua incide en la mejora de todas las demás. Se trata de</p><p>educar en y para la diversidad lingüística y cultural.</p><p>Por eso, la V Jornada de Buenas Prácticas de Gestión del</p><p>Multilingüismo, que se celebrará en Barcelona, debatirá sobre la gestión del</p><p>multilingüismo en el aula. El objetivo es difundir propuestas para el</p><p>aprendizaje integrado de idiomas y presentar experiencias prácticas de</p><p>gestión de la diversidad lingüística presente en las aulas.</p><p>Disponível em: www10.gencat.cat. Acesso em: 15 set. 2010 (adaptado).</p><p>Na região da Catalunha, Espanha, convivem duas línguas oficiais: o</p><p>catalão e o espanhol. Além dessas, ensinam-se outras línguas nas escolas. De</p><p>acordo com o texto, para administrar a variedade linguística nas aulas, é</p><p>necessário</p><p>a) ampliar o número de línguas ofertadas para enriquecer o conteúdo.</p><p>b) divulgar o estudo de diferentes idiomas e culturas para atrair os</p><p>estudantes</p><p>c) privilegiar o estudo de línguas maternas para valorizar os aspectos</p><p>regionais.</p><p>d) explorar as relações entre as línguas estudadas para promover a</p><p>diversidade.</p><p>e) debater as práticas sobre multilinguismo para formar melhor os</p><p>professores de línguas.</p><p>A resposta está no trecho “la mejor enseñanza de una lengua incide en la</p><p>mejora de todas las demás. Se trata de educar en y para la diversidad lingüística</p><p>y cultural”. Ou seja, o aprendizado de uma língua resulta na melhora de todas as</p><p>outras. Estão sendo exploradas as relações entre as línguas estudadas para</p><p>promover a diversidade linguística e cultural.</p><p>Resposta: “D”.</p><p>QUESTÃO 05</p><p>Mayo</p><p>15</p><p>Que mañana no sea otro nombre de hoy</p><p>En el año 2011, miles de jóvenes, despojados de sus casas y de sus</p><p>empleos, ocuparon las plazas y las calles de varias ciudades de España.</p><p>Y la indignación se difundió. La buena salud resultó más contagiosa que las</p><p>pestes, y las voces de los indignados atravesaron las fronteras dibujadas en</p><p>los mapas. Así resonaron en el mundo:</p><p>Nos dijeron “¡a la puta calle!”, y aquí estamos.</p><p>Apaga la tele y enciende la calle.</p><p>La llaman crisis, pero es estafa.</p><p>No falta dinero: sobran ladrones.</p><p>Los mercados gobiernan. Yo no los voté.</p><p>Ellos toman decisiones por nosotros, sin nosotros.</p><p>Se alquila esclavo económico.</p><p>Estoy buscando mis derechos. ¿Alguien los ha visto?</p><p>Si no nos dejan soñar, no los dejaremos dormer</p><p>GALEANO, E. Los hijos de los dias. Buenos Aires: Siglo Veintiuno, 2012.</p><p>Ao elencar algumas frases proferidas durante protestos na Espanha, o</p><p>enunciador transcreve, de forma direta, as reivindicações dos manifestantes</p><p>para</p><p>a) provocá-los de forma velada.</p><p>b) dar voz ao movimento popular.</p><p>c) fomentar o engajamento do leitor.</p><p>d) favorecer o diálogo entre governo e sociedade.</p><p>e) instaurar dúvidas sobre a legitimidade da causa.</p><p>O autor transcreve trechos proferidos pelo povo durante os protestos. São trechos</p><p>que traduzem o espírito das manifestações, com alta carga sensível e</p><p>reivindicativa. Não tem indícios no texto de que isso foi feito para “fomentar o</p><p>engajamento do leitor”, mas de uma coisa temos certeza: esses trechos que o</p><p>autor reproduziu definitivamente dão voz ao movimento. E, quando em dúvida</p><p>entre duas alternativas, não dê chance ao azar: sempre marque a que tem menos</p><p>chance de estar errada. No caso, letra “B” é a resposta.</p><p>QUESTÃO 06</p><p>“A Declaração Universal dos Direitos Humanos está completando 70</p><p>anos em tempos de desafios crescentes, quando o ódio, a discriminação e a</p><p>violência permanecem vivos”, disse a diretora-geral da Organização das</p><p>Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Audrey</p><p>Azoulay.</p><p>“Ao final da Segunda Guerra Mundial, a humanidade inteira resolveu</p><p>promover a dignidade humana em todos os lugares e para sempre. Nesse</p><p>espírito, as Nações Unidas adotaram a Declaração Universal dos</p><p>Direitos Humanos como um padrão comum de conquistas para todos os</p><p>povos e todas as nações”, disse Audrey.</p><p>“Centenas de milhões de mulheres e homens são destituídos e privados</p><p>de condições básicas de subsistência e de oportunidades. Movimentos</p><p>populacionais forçados geram violações aos direitos em uma escala sem</p><p>precedentes. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável promete</p><p>não deixar ninguém para trás – e os direitos humanos devem ser o alicerce</p><p>para todo o progresso.”</p><p>Segundo ela, esse processo precisa começar o quanto antes nas carteiras</p><p>das escolas. Diante disso, a Unesco lidera a educação em direitos humanos</p><p>para assegurar que todas as meninas e meninos saibam seus direitos e os</p><p>direitos dos outros.</p><p>Disponível em: https://nacoesunidas.org. Acesso em: 3 abr. 2018 (adaptado).</p><p>Defendendo a ideia de que “os direitos humanos devem ser o alicerce</p><p>para todo o progresso”, a diretora-geral da Unesco aponta, como estratégia</p><p>para atingir esse fim, a</p><p>a) inclusão de todos na Agenda 2030.</p><p>b) extinção da intolerância entre os indivíduos.</p><p>c) discussão desse tema desde a educação básica.</p><p>d) conquista de direitos para todos os povos e nações.</p><p>e) promoção da dignidade humana em todos os lugares.</p><p>A pergunta é: qual a estratégia utilizada para assegurar que os direitos</p><p>humanos sejam o alicerce para o progresso? Você já circula a palavra</p><p>“estratégia” porque é ela que vai orientar a resposta.</p><p>Em outras palavras: como a Unesco pretende colocar em prática o plano?</p><p>E a resposta está lá no último parágrafo: esse processo precisa começar o</p><p>quanto antes nas carteiras das escolas. Ou seja: essa discussão precisa ser tema</p><p>desde a educação básica. Letra “C”.</p><p>QUESTÃO 07</p><p>A utilização de determinadas variedades linguísticas em campanhas</p><p>educativas tem a função de atingir o público-alvo de forma mais direta e</p><p>eficaz. No caso desse texto, identifica-se essa estratégia pelo(a)</p><p>a) discurso formal da língua portuguesa.</p><p>b) registro padrão próprio da língua escrita.</p><p>c) seleção lexical restrita à esfera da medicina.</p><p>d) fidelidade ao jargão da linguagem publicitária.</p><p>e) uso de marcas linguísticas típicas da oralidade.</p><p>De novo, a pergunta é sobre a estratégia. Ou seja: o que tem no texto para</p><p>sensibilizar o leitor?</p><p>Para atingir o leitor de forma mais direta e eficaz, a peça publicitária faz uso</p><p>de termos típicos da oralidade. É como se estivesse conversando com a gente:</p><p>“está difícil largar o açúcar?”</p><p>Não tem uma seleção lexical restrita à esfera da medicina. Tudo aqui está o</p><p>mais simples possível, como se fosse uma conversa mesmo. Letra “E”.</p><p>QUESTÃO 08</p><p>— Famigerado? […]</p><p>— Famigerado é “inóxio”, é “célebre”, “notório”, “notável”…</p><p>— Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não entender. Mais me</p><p>diga: é desaforado? É caçoável? É de arrenegar? Farsância? Nome de</p><p>ofensa?</p><p>— Vilta nenhuma, nenhum doesto. São expressões neutras, de outros</p><p>usos…</p><p>— Pois… e o que é que é, em fala de pobre, linguagem de em dia</p><p>de</p><p>semana?</p><p>— Famigerado? Bem. É: “importante”, que merece louvor, respeito…</p><p>ROSA, G. Famigerado. In: Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.</p><p>Nesse texto, a associação de vocábulos da língua portuguesa a</p><p>determinados dias da semana remete ao</p><p>a) local de origem dos interlocutores.</p><p>b) estado emocional dos interlocutores.</p><p>c) grau de coloquialidade da comunicação.</p><p>d) nível de intimidade entre os interlocutores.</p><p>e) conhecimento compartilhado na comunicação.</p><p>Adoro a palavra famigerado, a propósito.</p><p>Aqui, a associação das palavras aos dias da semana remete à ideia de que</p><p>domingo é dia de missa, e dia de missa é dia de ser chique (tanto na vestimenta</p><p>quanto na escolha de palavras). Logo, dia da semana é dia de ser menos formal,</p><p>mais coloquial. Esse contraste entre coloquial vs. formal é justamente o grau de</p><p>coloquialidade. Repare que a palavra “grau” não aparece no texto original, mas</p><p>é justamente o que ela quer dizer: mais coloquial ou menos coloquial. Resposta:</p><p>“C”.</p><p>Essa questão foi interpretação de texto pura.</p><p>QUESTÃO 09</p><p>Na sociologia e na literatura, o brasileiro foi por vezes tratado como</p><p>cordial e hospitaleiro, mas não é isso o que acontece nas redes sociais: a</p><p>democracia racial apregoada por Gilberto Freyre passa ao largo do que</p><p>acontece diariamente nas comunidades virtuais do país. Levantamento</p><p>inédito realizado pelo projeto Comunica que Muda […] mostra em</p><p>números a intolerância do internauta tupiniquim. Entre abril e junho, um</p><p>algoritmo vasculhou plataformas […] atrás de mensagens e textos sobre</p><p>temas sensíveis, como racismo, posicionamento político e homofobia.</p><p>Foram identificadas 393 284 menções, sendo 84% delas com abordagem</p><p>negativa, de exposição do preconceito e da discriminação.</p><p>Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado).</p><p>Ao abordar a postura do internauta brasileiro mapeada por meio de</p><p>uma pesquisa em plataformas virtuais, o texto</p><p>a) minimiza o alcance da comunicação digital.</p><p>b) refuta ideias preconcebidas sobre o brasileiro.</p><p>c) relativiza responsabilidades sobre a noção de respeito.</p><p>d) exemplifica conceitos contidos na literatura e na sociologia.</p><p>e) expõe a ineficácia dos estudos para alterar tal comportamento.</p><p>O texto começa apresentando uma ideia preconcebida sobre o brasileiro: ele</p><p>é sempre cordial e hospitaleiro. Mas depois ele refuta essa ideia ao mostrar que</p><p>no ambiente virtual o brasileiro não é cordial, coisa nenhuma. Protegido atrás de</p><p>uma tela de computador, o brasileiro pode ser bem nojentinho. (Em comentários</p><p>nos vídeos do YouTube inclusive).</p><p>Resposta certa: “B”.</p><p>QUESTÃO 10</p><p>Quebranto</p><p>às vezes sou o policial que me suspeito</p><p>me peço documentos</p><p>e mesmo de posse deles</p><p>me prendo e me dou porrada</p><p>às vezes sou o porteiro</p><p>não me deixando entrar em mim mesmo</p><p>a não ser</p><p>pela porta de serviço</p><p>[…]</p><p>às vezes faço questão de não me ver</p><p>e entupido com a visão deles</p><p>sinto-me a miséria concebida como um eterno</p><p>começo</p><p>fecho-me o cerco</p><p>sendo o gesto que me nego</p><p>a pinga que me bebo e me embebedo</p><p>o dedo que me aponto</p><p>e denuncio</p><p>o ponto em que me entrego.</p><p>às vezes!…</p><p>CUTI. Negroesia. Belo Horizonte: Mazza, 2007 (fragmento).</p><p>Na literatura de temática negra produzida no Brasil, é recorrente a</p><p>presença de elementos que traduzem experiências históricas de preconceito</p><p>e violência. No poema, essa vivência revela que o eu lírico</p><p>a) incorpora seletivamente o discurso do seu opressor.</p><p>b) submete-se à discriminação como meio de fortalecimento.</p><p>c) engaja-se na denúncia do passado de opressão e injustiças.</p><p>d) sofre uma perda de identidade e de noção de pertencimento.</p><p>e) acredita esporadicamente na utopia de uma sociedade igualitária.</p><p>O eu-lírico está reproduzindo no poema discursos e atitudes praticados pelo</p><p>lado opressor: o policial que bate sem motivo, o porteiro que não deixa entrar a</p><p>não ser pela porta de serviço, o dedo que aponta para si mesmo...</p><p>Ele está incorporando seletivamente o discurso do opressor. De tanto</p><p>escutar/vivenciar essas situações, acabou incorporando isso para si e reproduziu</p><p>na poesia. E é isso que a torna tão forte.</p><p>Resposta: Letra “A”.</p><p>QUESTÃO 11</p><p>TEXTO II</p><p>A body art põe o corpo tão em evidência e o submete a experimentações</p><p>tão variadas, que sua influência estende-se aos dias de hoje. Se na arte atual</p><p>as possibilidades de investigação do corpo parecem ilimitadas – pode-</p><p>se escolher entre representar, apresentar, ou ainda apenas evocar o corpo –</p><p>isso ocorre graças ao legado dos artistas pioneiros.</p><p>SILVA, P R. Corpo na arte, body art, body modification: fronteiras. II Encontro de História da Arte: IFCH-Unicamp,</p><p>2006 (adaptado).</p><p>Nos textos, a concepção de body art está relacionada à intenção de</p><p>a) estabelecer limites entre o corpo e a composição.</p><p>b) fazer do corpo um suporte privilegiado de expressão.</p><p>c) discutir políticas e ideologias sobre o corpo como arte.</p><p>d) compreender a autonomia do corpo no contexto da obra.</p><p>e) destacar o corpo do artista em contato com o expectador.</p><p>Eu errei essa questão porque interpretei mal a palavra “privilegiado”. Não</p><p>marque “B” porque achei que “privilegiado” queria dizer que o corpo era</p><p>“melhor” que a obra de arte em si, mas aqui o sentido de privilegiado não é esse.</p><p>Na verdade, o que o texto está dizendo é justamente isso: antes da body art, o</p><p>corpo era só um corpo, mas graças ao legado dos artistas pioneiros ele assumiu</p><p>um papel privilegiado de “suporte de expressão”. A body art elevou o corpo da</p><p>condição de “só um corpo” para a condição de “obra de arte”.</p><p>Resposta: “B”.</p><p>QUESTÃO 12</p><p>Deficientes visuais já podem ir a algumas salas de cinema e teatros para</p><p>curtir, em maior intensidade, as atrações em cartaz. Quem ajuda na tarefa é</p><p>o aplicativo Whatscine, recém-chegado ao Brasil e disponível para</p><p>os sistemas operacionais iOS (Apple) ou Android (Google). Ao ser</p><p>conectado à rede wi-fí de cinemas e teatros, o app sincroniza um áudio que</p><p>descreve o que ocorre na tela ou no palco com o espetáculo em andamento:</p><p>o usuário, então, pode ouvir a narração em seu celular.</p><p>O programa foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Carlos</p><p>III, em Madri. “Na Espanha, 200 salas de cinema já oferecem o recurso e</p><p>flimes de grandes estúdios já são exibidos com o recurso do Whatscine!”,</p><p>diz o brasileiro Luis Mauch, que trouxe a tecnologia para o país. “No Brasil,</p><p>já fechamos parceria com a São Paulo Companhia de Dança para adaptar</p><p>os espetáculos deles! Isso já é um avanço. Concorda?”</p><p>Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em: 25jun. 2014 (adaptado).</p><p>Por ser múltipla e apresentar peculiaridades de acordo com a intenção</p><p>do emissor, a linguagem apresenta funções diferentes. Nesse fragmento,</p><p>predomina a função referencial da linguagem, porque há a presença de</p><p>elementos que</p><p>a) buscam convencer o leitor, incitando o uso do aplicativo.</p><p>b) definem o aplicativo, revelando o ponto de vista da autora.</p><p>c) evidenciam a subjetividade, explorando a entonação emotiva.</p><p>d) expõem dados sobre o aplicativo, usando linguagem denotativa.</p><p>e) objetivam manter um diálogo com o leitor, recorrendo a uma</p><p>indagação.</p><p>Aqui, o mínimo de conhecimento sobre funções da linguagem já matava a</p><p>questão sem nem precisar ler o texto (daí a importância de ler o enunciado</p><p>antes do texto). Função referencial busca informar da forma mais simples e</p><p>clara possível (eu até falei “função referencial na veia!” quando falei de textos</p><p>típicos de apostila).</p><p>O texto inteiro está informando o leitor por meio de linguagem simples e</p><p>direta, sem metáforas ou inversões complicadíssimas. Claramente não foi Kafka</p><p>que escreveu esse texto.</p><p>Resposta: “D”.</p><p>QUESTÃO 13</p><p>TEXTO I</p><p>TEXTO II</p><p>Imaginemos um cidadão, residente na periferia de um grande centro</p><p>urbano, que diariamente acorda às 5h para trabalhar, enfrenta em média</p><p>2</p><p>horas de transporte público, em geral lotado, para chegar às 8h ao trabalho.</p><p>Termina o expediente às 17h e chega em casa às 19h para, aí sim, cuidar dos</p><p>afazeres domésticos, dos filhos etc. Como dizer a essa pessoa que ela deve</p><p>praticar exercícios, pois é importante para sua saúde? Como ela irá</p><p>entender a mensagem da importância do exercício físico? A probabilidade</p><p>de essa pessoa praticar exercícios regularmente é significativamente menor</p><p>que a de pessoas da classe média/alta que vivem outra realidade. Nesse caso,</p><p>a abordagem individual do problema tende a fazer com que a pessoa se</p><p>sinta impotente em não conseguir praticar exercícios e,</p><p>consequentemente, culpada pelo fato de ser ou estar sedentária.</p><p>FERREIRA, M. S. Aptidão física e saúde na educação física escolar: ampliando o enfoque. RBCE, n. 2,jan. 2001</p><p>(adaptado).</p><p>O segundo texto, que propõe uma reflexão sobre o primeiro acerca do</p><p>impacto de mudanças no estilo de vida na saúde, apresenta uma visão</p><p>a) medicalizada, que relaciona a prática de exercícios físicos por</p><p>qualquer indivíduo à promoção da saúde.</p><p>b) ampliada, que considera aspectos sociais intervenientes na prática de</p><p>exercícios no cotidiano.</p><p>c) crítica, que associa a interferência das tarefas da casa ao</p><p>sedentarismo do indivíduo.</p><p>d) focalizada, que atribui ao indivíduo a responsabilidade pela</p><p>prevenção de doenças.</p><p>e) geracional, que preconiza a representação do culto à jovialidade.</p><p>O texto II critica o discurso fácil e bonito de “faça exercícios; seu futuro está</p><p>em suas mãos”. Tem gente que não tem tempo para fazer exercícios, que precisa</p><p>trabalhar o dia inteiro e volta para casa exausto.</p><p>Mas a resposta não é “C” porque o texto não associa a interferência das</p><p>tarefas de casa ao sedentarismo. Muito pelo contrário: ele oferece um outro olhar</p><p>para essa relação. É uma visão ampliada, que considera não só os aspectos</p><p>superficiais, como também os mais profundos aspectos sociais que interferem na</p><p>prática de exercícios no cotidiano.</p><p>Resposta: “B”.</p><p>QUESTÃO 14</p><p>No tradicional concurso de miss, as candidatas apresentaram dados de</p><p>feminicídio, abuso sexual e estupro no país.</p><p>No lugar das medidas de altura, peso, busto, cintura e quadril, dados da</p><p>violência contra as mulheres no Peru. Foi assim que as 23 candidatas ao</p><p>Miss Peru 2017 protestaram contra os altos índices de feminicídio e</p><p>abuso sexual no país no tradicional desflie em trajes de banho.</p><p>O tom político, porém, marcou a atração desde o começo: logo no início,</p><p>quando as peruanas se apresentaram, uma a uma, denunciaram os abusos</p><p>morais e físicos, a exploração sexual, o assédio, entre outros crimes contra</p><p>as mulheres.</p><p>Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acesso em: 29 nov. 2017.</p><p>Quanto à materialização da linguagem, a apresentação de dados</p><p>relativos à violência contra a mulher</p><p>a) configura uma discussão sobre os altos índices de abuso físico contra</p><p>as peruanas.</p><p>b) propõe um novo formato no enredo dos concursos de beleza feminina</p><p>c) condena o rigor estético exigido pelos concursos tradicionais.</p><p>d) recupera informações sensacionalistas a respeito desse tema.</p><p>e) subverte a função social da fala das candidatas a miss.</p><p>O que aconteceu nesse concurso foi que as candidatas a miss, ao invés de</p><p>fazer o que a sociedade estava acostumada (sorrir, acenar e falar coisinhas fofas</p><p>e frágeis), fizeram valer de sua força e usaram aquele espaço para denunciar</p><p>crimes de abuso, assédio e exploração sexual. Elas subverteram (romperam) a</p><p>função social tradicional da fala das candidatas a miss. Resposta: “E”.</p><p>QUESTÃO 15</p><p>Dia 20/10</p><p>É preciso não beber mais. Não é preciso sentir vontade de beber e não</p><p>beber: é preciso não sentir vontade de beber. É preciso não dar de comer</p><p>aos urubus. É preciso fechar para balanço e reabrir. É preciso não dar de</p><p>comer aos urubus. Nem esperanças aos urubus. É preciso sacudir a poeira.</p><p>É preciso poder beber sem se oferecer em holocausto. É preciso. É preciso</p><p>não morrer por enquanto. É preciso sobreviver para verificar. Não</p><p>pensar mais na solidão de Rogério, e deixá-lo. É preciso não dar de comer</p><p>aos urubus. É preciso enquanto é tempo não morrer na via pública.</p><p>TORQUATO NETO. In: MENDONÇA, J. (Org.) Poesia (im)popular brasileira.</p><p>São Bernardo do Campo: Lamparina Luminosa, 2012.</p><p>O processo de construção do texto formata uma mensagem por ele</p><p>dimensionada, uma vez que</p><p>a) configura o estreitamento da linguagem poética.</p><p>b) reflete as lacunas da lucidez em desconstrução.</p><p>c) projeta a persistência das emoções reprimidas.</p><p>d) repercute a consciência da agonia antecipada.</p><p>e) revela a fragmentação das relações humanas.</p><p>Alguém entendeu esse texto? Nossa senhora...</p><p>Mas ok... depois de muito ler, até que não é tão impossível assim. O eu-lírico</p><p>está construindo um discurso imperativo aparentemente desconexo (não beba,</p><p>não sinta vontade, não dê de comer aos urubus).</p><p>Ele dá uma série de ordens a si mesmo em um fluxo de consciência. Esse</p><p>“processo de construção do texto” repercute a consciência de uma agonia</p><p>antecipada: ele parece estar a caminho de fazer alguma coisa, mas já está</p><p>prevendo tudo que pode ou não pode fazer, misturando passado com presente</p><p>com futuro. Algumas coisas são lógicas, e outras são talvez uma evocação de</p><p>algo que ele ouviu durante a vida.</p><p>Fluxo de consciência é uma coisa bem doida. Quem nunca leu nenhum texto</p><p>nesse estilo fica perdido. Mas enfim. Resposta: “D”.</p><p>PS: Atualmente eu estou lendo Ulysses, de James Joyce. E ele usa muito</p><p>desse recurso de fluxo de consciência. Se eu tivesse familiaridade com o livro na</p><p>época do ENEM, teria mais facilidade de entender esse discurso aparentemente</p><p>desconexo e provavelmente teria acertado a questão. É como eu sempre digo:</p><p>repertório é tudo.</p><p>QUESTÃO 16</p><p>Somente uns tufos secos de capim empedrados crescem na silenciosa</p><p>baixada que se perde de vista. Somente uma árvore, grande e esgalhada mas</p><p>com pouquíssimas folhas, abre-se em farrapos de sombra. Único ser nas</p><p>cercanias, a mulher é magra, ossuda, seu rosto está lanhado de vento. Não</p><p>se vê o cabelo, coberto por um pano desidratado. Mas seus olhos, a boca, a</p><p>pele – tudo é de uma aridez sufocante. Ela está de pé. A seu lado está uma</p><p>pedra. O sol explode.</p><p>Ela estava de pé no fim do mundo. Como se andasse para aquela</p><p>baixada largando para trás suas noções de si mesma. Não tem retratos na</p><p>memória. Desapossada e despojada, não se abate em autoacusações e</p><p>remorsos. Vive.</p><p>Sua sombra somente é que lhe faz companhia. Sua sombra, que se</p><p>derrama em traços grossos na areia, é que adoça como um gesto a claridade</p><p>esquelética. A mulher esvaziada emudece, se dessangra, se cristaliza, se</p><p>mineraliza. Já é quase de pedra como a pedra a seu lado. Mas os traços de</p><p>sua sombra caminham e, tornando-se mais longos e finos, esticam-se para os</p><p>farrapos de sombra da ossatura da árvore, com os quais se enlaçam.</p><p>FRÓES, L. Vertigens: obra reunida. Rio de Janeiro: Rocco, 1998</p><p>Na apresentação da paisagem e da personagem, o narrador estabelece</p><p>uma correlação de sentidos em que esses elementos se entrelaçam. Nesse</p><p>processo, a condição humana configura-se</p><p>a) amalgamada pelo processo comum de desertificação e de solidão.</p><p>b) fortalecida pela adversidade extensiva à terra e aos seres vivos</p><p>c) redimensionada pela intensidade da luz e da exuberância local.</p><p>d) imersa num drama existencial de identidade e de origem.</p><p>e) imobilizada pela escassez e pela opressão do ambiente.</p><p>Em primeiro lugar: que texto lindo. A mulher está em meio ao nada, somente</p><p>com a sombra como companhia (solidão), e sua condição humana “se derrama”,</p><p>se mescla com a natureza ao redor. E é essa justamente a definição de</p><p>amálgama: uma junção, uma mistura.</p><p>Resposta certa: “A”.</p><p>Talvez “D” e “E” deixassem a pessoa na dúvida, mas</p><p>nada no texto sugere um drama existencial, e a mulher não está imobilizada pela</p><p>escassez e pela opressão do ambiente. Nós estamos acostumados a ler textos</p><p>sobre seca e já associar ao ambiente opressor do Nordeste brasileiro. Mas este</p><p>texto é diferente.</p><p>Aqui, a mulher perde momentaneamente sua condição humana quase como</p><p>em um processo de identificação com o ambiente desértico à sua volta, não de</p><p>opressão.</p><p>QUESTÃO 17</p><p>Aconteceu mais de uma vez: ele me abandonou. Como todos os outros. O</p><p>quinto. A gente já estava junto há mais de um ano. Parecia que dessa vez</p><p>seria para sempre. Mas não: ele desapareceu de repente, sem deixar</p><p>rastro. Quando me dei conta, fiquei horas ligando sem parar – mas só</p><p>chamava, chamava, e ninguém atendia. E então fiz o que precisava ser feito:</p><p>bloqueei a linha.</p><p>A verdade é que nenhum telefone celular me suporta. Já tentei de todas</p><p>as marcas e operadoras, apenas para descobrir que eles são todos iguais: na</p><p>primeira oportunidade, dão no pé. Esse último aproveitou que eu estava</p><p>distraído e não desceu do táxi junto comigo. Ou será que ele já tinha pulado</p><p>do meu bolso no momento em que eu embarcava no táxi? Tomara que sim.</p><p>Depois de fazer o que me fez, quero mais é que ele tenha ido parar na</p><p>sarjeta. […] Se ainda fossem embora do jeito que chegaram, tudo bem. […]</p><p>Mas já sei o que vou fazer. No caminho da loja de celulares, vou</p><p>passar numa papelaria. Pensando bem, nenhuma das minhas agendinhas de</p><p>papel jamais me abandonou.</p><p>FREIRE, R. Começar de novo. O Estado de S. Paulo, 24 nov. 2006</p><p>Nesse fragmento, a fim de atrair a atenção do leitor e de estabelecer um</p><p>fio condutor de sentido, o autor utiliza-se de</p><p>a) primeira pessoa do singular para imprimir subjetividade ao relato de</p><p>mais uma desilusão amorosa.</p><p>b) ironia para tratar da relação com os celulares na era de produtos</p><p>altamente descartáveis.</p><p>c) frases feitas na apresentação de situações amorosas estereotipadas</p><p>para construir a ambientação do texto.</p><p>d) quebra de expectativa como estratégia argumentativa para ocultar</p><p>informações.</p><p>e) verbos no tempo pretérito para enfatizar uma aproximação com os</p><p>fatos abordados ao longo do texto.</p><p>Lendo só o primeiro parágrafo, parece que é o relato de alguém que foi</p><p>abandonado pelo namorado/amante/esposo. E só no segundo parágrafo fica claro</p><p>que na verdade esse “alguém” era o celular. Há uma quebra de expectativa,</p><p>mas a resposta não é “D” porque essa quebra de expectativa não tem o objetivo</p><p>de ocultar informações. A pergunta do enunciado é: o que o autor fez para atrair</p><p>a atenção do leitor? E o que o autor fez foi usar frases feitas, estereótipos de</p><p>término de relacionamento (“ele desapareceu de repente”, por exemplo), para</p><p>estabelecer o fio condutor da narrativa. Letra “C”.</p><p>QUESTÃO 18</p><p>Enquanto isso, nos bastidores do universo</p><p>Você planeja passar um longo tempo em outro país, trabalhando e</p><p>estudando, mas o universo está preparando a chegada de um amor daqueles</p><p>de tirar o chão, um amor que fará você jogar fora seu atlas e criar raízes no</p><p>quintal como se fosse uma figueira.</p><p>Você treina para a maratona mais desafiadora de todas, mas não</p><p>chegará com as duas pernas intactas na hora da largada, e a primeira</p><p>perplexidade será esta: a experiência da frustração.</p><p>O universo nunca entrega o que promete. Aliás, ele nunca prometeu</p><p>nada, você é que escuta vozes.</p><p>No dia em que você pensa que não tem nada a dizer para o analista, faz</p><p>a revelação mais bombástica dos seus dois anos de terapia. O resultado de</p><p>um exame de rotina coloca sua rotina de cabeça para baixo. Você não</p><p>imaginava que iriam tantos amigos à sua festa, e tampouco imaginou que</p><p>justo sua grande paixão não iria. Quando achou que estava bela, não</p><p>arrasou corações. Quando saiu sem maquiagem e com uma camiseta puída,</p><p>chamou a atenção. E assim seguem os dias à prova de planejamento e</p><p>contrariando nossas vontades, pois, por mais que tenhamos ensaiado</p><p>nossa fala e estejamos preparados para a melhor cena, nos bastidores do</p><p>universo alguém troca nosso papel de última hora, tornando surpreendente</p><p>a nossa vida.</p><p>MEDEIROS, M. O Globo, 21 jun. 2015.</p><p>Entre as estratégias argumentativas utilizadas para sustentar a tese</p><p>apresentada nesse fragmento, destaca-se a recorrência de</p><p>a) estruturas sintáticas semelhantes, para reforçar a velocidade das</p><p>mudanças da vida.</p><p>b) marcas de interlocução, para aproximar o leitor das experiências</p><p>vividas pela autora.</p><p>c) formas verbais no presente, para exprimir reais possibilidades de</p><p>concretização das ações.</p><p>d) construções de oposição, para enfatizar que as expectativas são</p><p>afetadas pelo inesperado.</p><p>e) sequências descritivas, para promover a identificação do leitor com as</p><p>situações apresentadas.</p><p>Eu fiquei em dúvida entre “B” e “D”. Mas a resposta é “D”.</p><p>Até existe a recorrência de marcas de interlocução, mas a estratégia</p><p>argumentativa para convencer o leitor é a recorrência de expectativas frustradas:</p><p>“você quer X, MAS...”. O mais forte aqui não é o “você”, mas essa oposição de</p><p>ideias, que enfatiza que as expectativas são afetadas pelo inesperado.</p><p>Repare que a pergunta é o que se destaca no trecho. Estão perguntando o</p><p>que é mais forte, não o que existe no trecho. É claro que existem marcas de</p><p>interlocução (“B”), mas o ponto principal não é esse. É a oposição de ideias!</p><p>QUESTÃO 19</p><p>A internet proporcionou o surgimento de novos paradigmas sociais e</p><p>impulsionou a modificação de outros já estabelecidos nas esferas da</p><p>comunicação e da informação. A principal consequência criticada na tirinha</p><p>sobre esse processo é a</p><p>a) criação de memes.</p><p>b) ampliação da blogosfera.</p><p>c) supremacia das ideias cibernéticas.</p><p>d) comercialização de pontos de vista.</p><p>e) banalização do comércio eletrônico.</p><p>Os três quadrinhos dão a entender que com a internet os pontos de vista</p><p>deixaram de ser genuínos e se tornaram mercadorias: no primeiro, o blogueiro</p><p>mudou de ideologia para se tornar “profissional” (e talvez ganhar mais dinheiro</p><p>com isso); no segundo, memes e textões viraram produtos com preço bem</p><p>definidos; e no terceiro a opinião na internet virou um produto bem caro. Tudo</p><p>faz referência à comercialização de pontos de vista.</p><p>Resposta: “D”</p><p>QUESTÃO 20</p><p>Vó Clarissa deixou cair os talheres no prato, fazendo a porcelana</p><p>estalar. Joaquim, meu primo, continuava com o queixo suspenso, batendo</p><p>com o garfo nos lábios, esperando a resposta. Beatriz ecoou a palavra como</p><p>pergunta, “o que é lésbica?”. Eu fiquei muda. Joaquim sabia sobre mim e</p><p>me entregaria para a vó e, mais tarde, para toda a família. Senti um calor</p><p>letal subir pelo meu pescoço e me doer atrás das orelhas. Previ a cena: vó, a</p><p>senhora é lésbica? Porque a Joana é. A vergonha estava na minha cara e me</p><p>denunciava antes mesmo da delação. Apertei os olhos e contraí o peito,</p><p>esperando o tiro. […]</p><p>[…] Pensei na naturalidade com que Taís e eu levávamos a nossa</p><p>história. Pensei na minha insegurança de contar isso à minha família, pensei</p><p>em todos os colegas e professores que já sabiam, fechei os olhos e vi a boca</p><p>da minha vó e a boca da tia Carolina se tocando, apesar de todos os</p><p>impedimentos. Eu quis saber mais, eu quis saber tudo, mas não consegui</p><p>perguntar.</p><p>POLESSO, N. B. Vó, a senhora é lésbica? Amora. Porto Alegre: Não Editora, 2015 (fragmento)</p><p>A situação narrada revela uma tensão fundamentada na perspectiva do</p><p>a) conflito com os interesses de poder.</p><p>b) silêncio em nome do equilíbrio familiar.</p><p>c) medo instaurado pelas ameaças de punição.</p><p>d) choque imposto pela distância entre as gerações.</p><p>e) apego aos protocolos de conduta segundo os gêneros.</p><p>A tensão da situação narrada está</p><p>justamente no silêncio. A menina está</p><p>prevendo a cena que vai se desenrolar se ela contar à família sobre a sua</p><p>orientação sexual. Nesse exato momento impera um silêncio sepulcral. O que vai</p><p>acontecer em seguida? O eu-lírico, apesar de levar com naturalidade a própria</p><p>orientação, não imaginou que para os outros aquilo seria um escândalo (a ponto</p><p>de ficarem de queixo suspenso, deixarem cair os talheres no prato, etc.). Ela fica</p><p>em silêncio para evitar um escândalo ainda maior. Ela fica em silêncio em nome</p><p>do equilíbrio familiar.</p><p>Letra “B”.</p><p>QUESTÃO 21</p><p>Ó Pátria amada,</p><p>Idolatrada,</p><p>Salve! Salve!</p><p>Brasil, de amor eterno seja símbolo</p><p>O lábaro que ostentas estrelado,</p><p>E diga o verde-louro dessa flâmula</p><p>— “Paz no futuro e glória no passado.”</p><p>Mas, se ergues da justiça a clava forte,</p><p>Verás que um filho teu não foge à luta,</p><p>Nem teme, quem te adora, a própria morte.</p><p>Terra adorada,</p><p>Entre outras mil,</p><p>És tu, Brasil,</p><p>Ó Pátria amada!</p><p>Dos filhos deste solo és mãe gentil,</p><p>Pátria amada, Brasil!</p><p>Hino Nacional do Brasil. Letra: Joaquim Osório Duque Estrada.</p><p>Música: Francisco Manuel da Silva (fragmento).</p><p>O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do Brasil é</p><p>justificado por tratar-se de um(a)</p><p>a) reverência de um povo a seu país.</p><p>b) gênero solene de característica protocolar.</p><p>c) canção concebida sem interferência da oralidade.</p><p>d) escrita de uma fase mais antiga da língua portuguesa.</p><p>e) artefato cultural respeitado por todo o povo brasileiro.</p><p>Eu errei essa questão porque interpretei errado o enunciado. Entendi que</p><p>estavam perguntando o porquê de o hino nacional ser tão rebuscado, mas na</p><p>verdade só estão perguntando por que foi usada a norma-padrão.</p><p>E a norma-padrão foi usada porque é um texto oficial, institucional. É um</p><p>gênero solene de característica protocolar (ou seja, é um texto oficial que não</p><p>pode se dar ao luxo de usar português errado ou cheio de gírias).</p><p>Resposta: “B”</p><p>QUESTÃO 22</p><p>A fotografia exibe a fachada de um supermercado em Foz do Iguaçu, cuja</p><p>localização transfronteiriça é marcada tanto pelo limite com Argentina e</p><p>Paraguai quanto pela presença de outros povos. Essa fachada revela o(a)</p><p>a) apagamento da identidade linguística.</p><p>b) planejamento linguístico no espaço urbano.</p><p>c) presença marcante da tradição oral na cidade.</p><p>d) disputa de comunidades linguísticas diferentes.</p><p>e) poluição visual promovida pelo multilinguismo.</p><p>A fachada com textos em diversos idiomas mostra uma lógica bem</p><p>inteligente: ora, se pessoas de vários povos vão passar diante daquele</p><p>supermercado, para atrair o máximo de compradores possível, as informações</p><p>devem ser escritas em outros idiomas. Um árabe que não entende português não</p><p>vai entrar no supermercado se não souber que o prédio é um supermercado.</p><p>Colocaram vários idiomas na fachada porque fizeram um planejamento</p><p>linguístico para aquele espaço urbano. Letra “B”.</p><p>QUESTÃO 23</p><p>O trabalho não era penoso: colar rótulos, meter vidros em caixas,</p><p>etiquetá-las, selá-las, envolvê-las em papel celofane, branco, verde, azul,</p><p>conforme o produto, separá-las em dúzias… Era fastidioso. Para passar</p><p>mais rapidamente as oito horas havia o remédio: conversar. Era proibido,</p><p>mas quem ia atrás de proibições? O patrão vinha? Vinha o encarregado do</p><p>serviço? Calavam o bico, aplicavam-se ao trabalho. Mal viravam as</p><p>costas, voltavam a taramelar. As mãos não paravam, as línguas não</p><p>paravam. Nessas conversas intermináveis, de linguagem solta e assuntos</p><p>crus, Leniza se completou. Isabela, Afonsina, Idália, Jurete, Deolinda –</p><p>foram mestras. O mundo acabou de se desvendar. Leniza perdeu o</p><p>tom ingênuo que ainda podia ter. Ganhou um jogar de corpo que convida,</p><p>um quebrar de olhos que promete tudo, à toa, gratuitamente. Modificou-se</p><p>o timbre de sua voz. Ficou mais quente. A própria inteligência se</p><p>transformou. Tornou-se mais aguda, mais trepidante</p><p>REBELO, M. A estrela sobe. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009.</p><p>O romance, de 1939, traz à cena tipos e situações que espelham o Rio de</p><p>Janeiro daquela década. No fragmento, o narrador delineia esse contexto</p><p>centrado no</p><p>a) julgamento da mulher fora do espaço doméstico.</p><p>b) relato sobre as condições de trabalho no Estado Novo.</p><p>c) destaque a grupos populares na condição de protagonistas.</p><p>d) processo de inclusão do palavrão nos hábitos de linguagem.</p><p>e) vínculo entre as transformações urbanas e os papéis femininos.</p><p>No início do século XX, as mulheres começaram a deixar o ambiente</p><p>doméstico para também ir trabalhar em fábricas. O contexto (como o enunciado</p><p>pede), então, estava centrado no vínculo (na relação) entre essas</p><p>transformações urbanas e os papéis femininos, que não eram mais</p><p>exclusivamente domésticos. Letra “E”.</p><p>QUESTÃO 24</p><p>A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a estética do</p><p>racismo</p><p>Resumo: Este artigo tem por finalidade discutir a representação da</p><p>população negra, especialmente da mulher negra, em imagens de produtos</p><p>de beleza presentes em comércios do nordeste goiano. Evidencia-se que a</p><p>presença de estereótipos negativos nessas imagens dissemina um</p><p>imaginário racista apresentado sob a forma de uma estética racista que</p><p>camufla a exclusão e normaliza a inferiorização sofrida pelos(as) negros(as)</p><p>na sociedade brasileira. A análise do material imagético aponta a</p><p>desvalorização estética do negro, especialmente da mulher negra, e a</p><p>idealização da beleza e do branqueamento a serem alcançados por meio do</p><p>uso dos produtos apresentados. O discurso midiático-publicitário dos</p><p>produtos de beleza rememora e legitima a prática de uma ética</p><p>racista construída e atuante no cotidiano. Frente a essa discussão, sugere-se</p><p>que o trabalho antirracismo, feito nos diversos espaços sociais, considere o</p><p>uso de estratégias para uma “descolonização estética” que empodere os</p><p>sujeitos negros por meio de sua valorização estética e protagonismo na</p><p>construção de uma ética da diversidade.</p><p>Palavras-chave: Estética, racismo, mídia, educação, diversidade.</p><p>SANT’ANA, J. A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a estética do racismo. Dossiê: trabalho e educação</p><p>básica. Margens Interdisciplinar.</p><p>Versão digital. Abaetetuba, n.16,jun. 2017 (adaptado).</p><p>O cumprimento da função referencial da linguagem é uma marca</p><p>característica do gênero resumo de artigo acadêmico. Na estrutura desse</p><p>texto, essa função é estabelecida pela</p><p>a) impessoalidade, na organização da objetividade das informações,</p><p>como em “Este artigo tem por finalidade” e “Evidencia-se”.</p><p>b) seleção lexical, no desenvolvimento sequencial do texto, como em</p><p>“imaginário racista” e “estética do negro”.</p><p>c) metaforização, relativa à construção dos sentidos figurados, como nas</p><p>expressões “descolonização estética” e “discurso midiático-publicitário”.</p><p>d) nominalização, produzida por meio de processos derivacionais na</p><p>formação de palavras, como “inferiorização” e “desvalorização”.</p><p>e) adjetivação, organizada para criar uma terminologia antirracista,</p><p>como em “ética da diversidade” e “descolonização estética”.</p><p>Outra vez função referencial! Importante estudar as funções da linguagem</p><p>mesmo! E o texto aqui é um resumo de artigo científico, que deve ser o mais</p><p>instrutivo e menos rebuscado possível. É função referencial pura.</p><p>Mas o que estabelece a função referencial? Não é o desenvolvimento</p><p>sequencial do texto como a letra “B” está dizendo. Existem textos</p><p>completamente metafóricos em que o desenvolvimento ainda é sequencial. Então</p><p>o que realmente caracteriza a função referencial é a impessoalidade, a</p><p>organização e a objetividade. Letra “A”.</p><p>QUESTÃO 25</p><p>ROSA, R. Grande sertão: veredas: adaptação da obra de João Guimarães Rosa. São Paulo: Globo, 2014 (adaptado).</p><p>A imagem integra</p><p>uma adaptação em quadrinhos da obra Grande</p><p>sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Na representação gráfica, a inter-</p><p>relação de diferentes linguagens caracteriza-se por</p><p>a) romper com a linearidade das ações da narrativa literária.</p><p>b) ilustrar de modo fidedigno passagens representativas da história.</p><p>c) articular a tensão do romance à desproporcionalidade das formas.</p><p>d) potencializar a dramaticidade do episódio com recursos das artes</p><p>visuais.</p><p>e) desconstruir a diagramação do texto literário pelo desequilíbrio da</p><p>composição.</p><p>Questão interessante. Letras “A”, “C”, “D” e “E” fazem total sentido. Mas a</p><p>pergunta é: a inter-relação das diferentes linguagens tem por característica o</p><p>quê? Qual a característica dessa inter-relação?</p><p>“A”: O que rompe a linearidade é a sobreposição dos quadrinhos, e isso é só</p><p>linguagem visual. Não tem a ver com a inter-relação de linguagens.</p><p>“C”: O que articula a tensão à desproporcionalidade das formas também é só</p><p>a linguagem visual. Não é a inter-relação entre linguagem visual e escrita que faz</p><p>isso.</p><p>“E”: Sobre a diagramação... mesma coisa. A diagramação é 100% linguagem</p><p>visual, não a inter-relação entre as linguagens.</p><p>“A”, “C” e “E” fazem referência puramente ao estilo de desenho, mas não</p><p>fazem referência ao texto escrito. E o enunciado quer justamente dessa inter-</p><p>relação de linguagens: visual + escrita.</p><p>Então só a “D” é certa: os elementos da linguagem visual potencializam a</p><p>força da mensagem escrita. A letra “D” fala justamente dessa inter-relação, e por</p><p>isso ela é a certa.</p><p>QUESTÃO 26</p><p>Tanto os Jogos Olímpicos quanto os Paralímpicos são mais que uma</p><p>corrida por recordes, medalhas e busca da excelência. Por trás deles está a</p><p>filosofia do barão Pierre de Coubertin, fundador do Movimento</p><p>Olímpico. Como educador, ele viu nos Jogos a oportunidade para que os</p><p>povos desenvolvessem valores, que poderiam ser aplicados não somente ao</p><p>esporte, mas à educação e à sociedade. Existem atualmente sete valores</p><p>associados aos Jogos. Os valores olímpicos são: a amizade, a excelência e o</p><p>respeito, enquanto os valores paralímpicos são: a determinação, a coragem,</p><p>a igualdade e a inspiração.</p><p>MIRAGAYA, A. Valores para toda a vida. Disponível em: www.esporteessencial.com.br. Acesso em: 9 ago. 2017</p><p>(adaptado).</p><p>No contexto das aulas de Educação Física escolar, os valores olímpicos e</p><p>paralímpicos podem ser identificados quando o colega</p><p>a) procura entender o próximo, assumindo atitudes positivas como</p><p>simpatia, empatia, honestidade, compaixão, confiança e solidariedade, o que</p><p>caracteriza o valor da igualdade.</p><p>b) faz com que todos possam ser iguais e receber o mesmo tratamento,</p><p>assegurando imparcialidade, oportunidades e tratamentos iguais para</p><p>todos, o que caracteriza o valor da amizade.</p><p>c) dá o melhor de si na vivência das diversas atividades relacionadas ao</p><p>esporte ou aos jogos, participando e progredindo de acordo com seus</p><p>objetivos, o que caracteriza o valor da coragem.</p><p>d) manifesta a habilidade de enfrentar a dor, o sofrimento, o medo, a</p><p>incerteza e a intimidação nas atividades, agindo corretamente contra a</p><p>vergonha, a desonra e o desânimo, o que caracteriza o valor da</p><p>determinação.</p><p>e) inclui em suas ações o fair play (jogo limpo), a honestidade, o</p><p>sentimento positivo de consideração por outra pessoa, o conhecimento dos</p><p>seus limites, a valorização de sua própria saúde e o combate ao doping, o</p><p>que caracteriza o valor do respeito.</p><p>Essa questão foi um completo chute para mim. E eu ainda errei.</p><p>Mas vamos por eliminação:</p><p>Não pode ser “A” porque empatia e compaixão não têm a ver com igualdade.</p><p>Muito pelo contrário: assume-se aqui que existem desigualdades, porque não</p><p>seria necessário empatia se todos fossem iguais.</p><p>Não pode ser “B” porque amizade não tem a ver com assegurar tratamentos</p><p>iguais. Amizade é mais que isso. Nessa “B”, parecem estar falando de respeito</p><p>ou algo do tipo. Uma relação mais distante que amizade.</p><p>Não pode ser “C” porque coragem não tem a ver com isso. O texto parece</p><p>estar falando de determinação, de não desistir nunca. Coragem tem a ver com</p><p>enfrentar seus medos.</p><p>Eu realmente não faço ideia de por que não pode ser “D”. E não encontrei</p><p>em nenhum lugar uma resposta adequada. Perdão... (recebi um comentário no</p><p>Instagram dizendo que é porque os valores de "C" e "D" estão invertidos: "C"</p><p>seria determinação, e "D" seria coragem. Deve ser isso mesmo. Valeu, João</p><p>kkkk)</p><p>A resposta é “E”, porque o jogo limpo e todas essas outras práticas estão</p><p>relacionadas ao respeito pelos outros esportistas e pela dignidade do esporte em</p><p>si.</p><p>QUESTÃO 27</p><p>Mais big do que bang</p><p>A comunidade científica mundial recebeu, na semana passada, a</p><p>confirmação oficial de uma descoberta sobre a qual se falava com enorme</p><p>expectativa há alguns meses. Pesquisadores do Centro de Astrofísica</p><p>Harvard-Smithsonian revelaram ter obtido a mais forte evidência até agora</p><p>de que o universo em que vivemos começou mesmo pelo Big Bang, mas este</p><p>não foi explosão, e sim uma súbita expansão de matéria e energia infinitas</p><p>concentradas em um ponto microscópico que, sem muitas opções</p><p>semânticas, os cientistas chamam de “singularidade”. Essa semente</p><p>cósmica permanecia em estado latente e, sem que exista ainda</p><p>uma explicação definitiva, começou a inchar rapidamente […]. No intervalo</p><p>de um piscar de olhos, por exemplo, seria possível, portanto, que</p><p>ocorressem mais de 10 trilhões de Big Bangs.</p><p>ALLEGRETTI, F. Veja, 26 mar. 2014 (adaptado).</p><p>No título proposto para esse texto de divulgação científica, ao dissociar</p><p>os elementos da expressão Big Bang, a autora revela a intenção de</p><p>a) evidenciar a descoberta recente que comprova a explosão de matéria</p><p>e energia.</p><p>b) resumir os resultados de uma pesquisa que trouxe evidências para a</p><p>teoria do Big Bang.</p><p>c) sintetizar a ideia de que a teoria da expansão de matéria e energia</p><p>substitui a teoria da explosão.</p><p>d) destacar a experiência que confirma uma investigação anterior sobre</p><p>a teoria de matéria e energia.</p><p>e) condensar a conclusão de que a explosão de matéria e energia ocorre</p><p>em um ponto microscópico.</p><p>A pergunta é sobre o título, então a primeira coisa que você deve fazer é</p><p>circular bem forte o título: “Mais big do que bang”. Ao ler o texto, a gente</p><p>entende que o título mostra de um jeito jocoso que o “Big Bang” na verdade não</p><p>teve um “BANG”. Foi só big mesmo, uma expansão silenciosa.</p><p>O título é uma síntese de toda a ideia do texto. Resposta: “C”.</p><p>QUESTÃO 28</p><p>Nessa campanha, a principal estratégia para convencer o leitor a fazer a</p><p>reciclagem do lixo é a utilização da linguagem não verbal como argumento</p><p>para</p><p>a) reaproveitamento de material.</p><p>b) facilidade na separação do lixo.</p><p>c) melhoria da condição do catador.</p><p>d) preservação de recursos naturais.</p><p>e) geração de renda para o trabalhador.</p><p>A pergunta é sobre linguagem não verbal, então vamos focar na linguagem</p><p>não verbal. Temos a garrafa PET e uns desenhos bonitos que eu não saberia</p><p>fazer. Por que a campanha usou esses elementos? (Ou seja, essa estratégia de</p><p>usar linguagem não verbal foi argumento para quê?)</p><p>Repare que os desenhos mostram justamente o que a garrafa PET pode se</p><p>tornar caso seja reaproveitada (“tecido novo”, de acordo com o texto). Logo, os</p><p>recursos visuais foram usados como argumento para ilustrar a necessidade de</p><p>reaproveitamento de material. Letra “A”.</p><p>QUESTÃO 29</p><p>TEXTO I</p><p>Também chamados impressões ou imagens fotogramáticas […], os</p><p>fotogramas são, numa definição genérica, imagens realizadas sem a</p><p>utilização da câmera fotográfica, por contato direto de um objeto ou</p><p>material com uma superfície fotossensível exposta a uma fonte de luz. Essa</p><p>técnica, que nasceu junto com a fotografia e serviu</p><p>admita).</p><p>Experimente organizar o ambiente externo para que a mente possa se focar no</p><p>que realmente importa. Você vai ver como práticas simples já ajudam e muito.</p><p>Outra coisa legal é a meditação. Dez minutinhos diários antes de começar as</p><p>atividades mudam radicalmente a sua postura diante dos estudos. Procure por</p><p>“mindfulness” no YouTube que muita coisa interessante sobre atenção plena vai</p><p>aparecer.</p><p>Praticar exercícios físicos, ter uma alimentação mais natural e saudável... não</p><p>vou me prolongar muito nesses assuntos, mas é impossível falar de concentração</p><p>e não tocar nesses pontos. Afinal, corpo e mente são interdependentes. Um não</p><p>pode estar pleno sem o outro.</p><p>Então, quando estiver montando seu cronograma de estudos, por favor,</p><p>lembre-se de incluir um momento para cuidar do corpo. Se não pode sair de</p><p>casa, faça exercícios de alongamento, yoga, caminhe ao redor da mesinha de</p><p>centro... sei lá, só se mexa! Alguns minutinhos para meditar de manhã e de noite</p><p>também são sempre uma boa ideia.</p><p>Mas tem uma outra coisa que você definitivamente precisa incluir no seu</p><p>cronograma se quiser melhorar a interpretação. É meio óbvio, mas eu não posso</p><p>deixar de falar. Para melhorar a leitura, pratique... leitura.</p><p>(Só essa dica já valeu o seu dinheiro, admita).</p><p>O que geralmente acontece é que o aluno está tão concentrado em estudar que</p><p>se acostuma a ler apenas um tipo de texto: o do livro/apostila. E é claro que esse</p><p>tipo de texto é importante, mas existe uma miríade (eu adoro essa palavra) de</p><p>outros estilos por aí.</p><p>O problema do texto da apostila é que ele foi feito para ser o mais</p><p>“mastigado” possível. O único propósito dele é informar. Função referencial na</p><p>veia! E os textos no “mundo real” nem sempre são assim. Exigem um raciocínio</p><p>muito mais complexo, muito menos linear, que demandam um nível muito maior</p><p>de esforço mental.</p><p>E adivinha que tipo de texto aparece com mais frequência no ENEM.</p><p>Pois é... se você não está acostumado, acaba travando. Pode até saber a</p><p>matéria, mas julga a questão difícil porque o texto é difícil.</p><p>Mas por que é tão difícil interpretar textos?</p><p>O mundo de hoje está muito mais acelerado. São muitas informações ao</p><p>mesmo tempo, e, se o nosso cérebro tiver que processar tudo, ele explode (por</p><p>favor, não tente imaginar essa cena). Nossa habilidade de interpretar textos mais</p><p>longos está se esvaindo porque temos uma infinidade de textos curtos para</p><p>interpretar. Quantas mensagens de zapzapock você recebe em um dia? São</p><p>praticamente incontáveis!</p><p>E olha que horrível: nós chegamos ao ponto em que, quando precisamos ler o</p><p>texto mais de uma vez, já achamos que ele é “mal escrito”, “confuso”, “ruim”.</p><p>Botamos a culpa no texto, não em nós mesmos.</p><p>Nós somos muito impacientes.</p><p>“Ah, Umberto, mas isso é impossível de resolver. O mundo é assim”.</p><p>E eu concordo. A superficialidade é a tendência do mundo contemporâneo.</p><p>Se esse fenômeno é bom ou ruim, este e-book não é o espaço para discutir. Mas</p><p>uma coisa é mais que certa: ainda existem textos complexos no mundo. Eles não</p><p>iam desaparecer do nada. E ser capaz de interpretá-los vai se tornar cada vez</p><p>mais um diferencial, porque cada vez menos gente tem o foco e a disposição</p><p>para mergulhar de verdade no que está escrito.</p><p>Então fica a minha sugestão para melhorar a interpretação: leia, leia, leia.</p><p>Leia tudo que chegar às suas mãos. Livros, jornais, revistas, folhetos, artigos de</p><p>opinião, textos publicitários... tudo!</p><p>Pode até ser que alguns gêneros não caiam diretamente em uma questão do</p><p>ENEM, mas a sua habilidade de leitura vai se desenvolver com qualquer texto.</p><p>Literalmente qualquer um.</p><p>Mas, se tem um gênero em que você deve focar, foque em livros antigos. De</p><p>séculos atrás. E isso por apenas um motivo: os livros contemporâneos são</p><p>escritos para... bem, leitores contemporâneos. E os leitores do século XXI têm</p><p>acesso a muito mais estímulos que os de 200 anos atrás, então possuem uma</p><p>capacidade de concentração mais baixa.</p><p>Por consequência, os livros de hoje em dia têm frases muito mais curtas e</p><p>diretas que os livros antigos (de novo, isso não é bom nem ruim; é só um fato).</p><p>Pegue Harry Potter, por exemplo. Ele tem uma média de 12 palavras por</p><p>frase. Agora... Razão e Sensibilidade, de Jane Austen, publicado em 1811, tem</p><p>uma média de 24 palavras por frase. O dobro!</p><p>Naquela época, as pessoas não tinham muito o que fazer, então os livros eram</p><p>a principal forma de entretenimento (a caça de dinossauros ocupava a segunda</p><p>posição). Então imagine a cena: o senhorzinho de terno chique e a madame de</p><p>vestido pomposo diante da lareira, lendo. O silêncio só é cortado vez ou outra</p><p>pelo estalar da lenha, e uma chuvinha fina cai ao longe, carregando para dentro</p><p>da casa um delicioso aroma de terra molhada.</p><p>Parece bem chato, né? E devia ser mesmo.</p><p>Mas as pessoas tinham muito mais condições de se concentrar. E os escritores</p><p>não se importavam muito se os leitores iam ou não entender frases longas.</p><p>Metiam 1001 apostos no meio sem a menor preocupação.</p><p>O trecho a seguir foi tirado do livro “A Metamorfose”, de Kafka. O livro foi</p><p>publicado em 1915.</p><p>“Infelizmente, a irmã era de opinião contrária; habituara-se, e não sem</p><p>motivos, a considerar-se uma autoridade no que respeitava a Gregor, em</p><p>contradição com os pais, de modo que a presente opinião da mãe era suficiente</p><p>para decidir retirar, não só a cômoda e a secretária, mas toda a mobília, à</p><p>exceção do indispensável sofá”.</p><p>Não é um trecho muito complexo em comparação com o resto do livro, mas</p><p>repare como o autor insere várias “camadas” de informação no meio da frase, o</p><p>que torna a leitura truncada: “Habituara-se, e não sem motivo, a (...)”. “Era</p><p>suficiente para decidir retirar, não só a cômoda e a secretária, mas toda a</p><p>mobília”.</p><p>Para nós, do século XXI, parece que estamos lendo meio “aos solavancos”</p><p>quando temos que parar em uma vírgula para processar uma segunda, terceira</p><p>camada de informação.</p><p>E eu peguei uma frase relativamente simples. É comum em livros antigos</p><p>você encontrar quatro, cinco “camadas” sobrepostas em uma só frase. O</p><p>resultado é que a gente acaba esquecendo como a frase tinha começado e precisa</p><p>voltar tudo para ver onde cada uma das peças se encaixa.</p><p>Para o pessoal do século XX podia até ser simples, mas para nós já não é</p><p>mais tão intuitivo assim. Nosso cérebro já funciona diferente do cérebro das</p><p>pessoas chiques do passado. Para absorver tudo, precisamos ler mais de uma vez</p><p>essas frases complexas. E quem não tem prática com esse tipo de texto sente</p><p>ainda mais dificuldade para processar as informações.</p><p>Então vamos lá: é óbvio que o estilo de escrita atual é mais fácil. Se</p><p>pudéssemos trazer o senhor de terno e a madame pomposa do nosso exemplo</p><p>para os dias atuais, é claro que eles iriam arregalar os olhos para Harry Potter e</p><p>pensar: “Ó céus, este livro é deveras simples de se ler”.</p><p>A questão é que eles entenderiam os nossos livros, mas nós nem sempre</p><p>somos capazes de entender os livros deles.</p><p>Por isso a minha sugestão: leia livros dos séculos anteriores, quando não</p><p>havia a preocupação do autor em entregar a informação “mastigada”. Esse é um</p><p>bom jeito de exercitar sua interpretação de texto. Você pode até ir marcando a</p><p>lápis as diversas “camadas” das frases longas para facilitar o processo. E não se</p><p>preocupe de perder tempo lendo mais de uma vez o mesmo trecho. Por mais</p><p>prática que você tenha, é natural ter que ler mais de uma vez.</p><p>Se ainda assim não conseguir entender, talvez sua mente esteja em outro</p><p>lugar. Feche os olhos e se concentre na sua respiração por um minuto, e só</p><p>então volte. Saiba escutar o seu corpo e a sua mente, aprenda a corrigir o que</p><p>está errado.</p><p>de modelo a muitas</p><p>discussões sobre a ontologia da imagem fotográfica, foi profundamente</p><p>transformada pelos artistas da vanguarda, nas primeiras décadas do século</p><p>XX. Representou mesmo, ao lado das colagens, fotomontagens e outros</p><p>procedimentos técnicos, a incorporação definitiva da fotografa à arte</p><p>moderna e seu distanciamento da representação figurativa.</p><p>COLUCCI, M. B. Impressões fotogramáticas e vanguardas: as experiências de Man Ray. Studium, n. 2, 2000.</p><p>TEXTO II</p><p>No fotograma de Man Ray, o “distanciamento da representação</p><p>figurativa” a que se refere o Texto I manifesta-se na</p><p>a) ressignificação do jogo de luz e sombra, nos moldes surrealistas.</p><p>b) imposição do acaso sobre a técnica, como crítica à arte realista.</p><p>c) composição experimental, fragmentada e de contornos difusos.</p><p>d) abstração radical, voltada para a própria linguagem fotográfica.</p><p>e) imitação de formas humanas, com base em diferentes objetos.</p><p>“Distanciamento da representação figurativa”... nossa, que jeito difícil de</p><p>falar que as imagens já não são mais 100% realistas. Por isso é importante ter</p><p>uma boa carga de leitura, senão frases mais complicadas como essa podem</p><p>tomar muito tempo até a pessoa interpretar.</p><p>Mas enfim! Nesse fotograma de Man Ray, a ausência de realismo se</p><p>manifesta em quê? Não é uma abstração radical (“D”), porque ainda dá para</p><p>saber do que se trata a imagem, então só nos resta a letra “C”: composição</p><p>experimental, fragmentada e de contornos difusos.</p><p>Como toda arte de vanguarda, o artista começou a experimentar o que</p><p>conseguiria fazer com aquelas técnicas. Ele foi experimentando composições</p><p>(arranjo dos elementos na cena), e o resultado é uma imagem fragmentada com</p><p>contornos difusos.</p><p>QUESTÃO 30</p><p>Eu sobrevivi do nada, do nada</p><p>Eu não existia</p><p>Não tinha uma existência</p><p>Não tinha uma matéria</p><p>Comecei existir com quinhentos milhões</p><p>e quinhentos mil anos</p><p>Logo de uma vez, já velha</p><p>Eu não nasci criança, nasci já velha</p><p>Depois é que eu virei criança</p><p>E agora continuei velha</p><p>Me transformei novamente numa velha</p><p>Voltei ao que eu era, uma velha</p><p>PATROCÍNIO, S. In: MOSÉ, V. (Org ). Reino dos bichos e dos animais é meu nome. Rio de Janeiro: Azougue, 2009</p><p>Nesse poema de Stela do Patrocínio, a singularidade da expressão lírica</p><p>manifesta-se na</p><p>a) representação da infância, redimensionada no resgate da memória.</p><p>b) associação de imagens desconexas, articuladas por uma fala delirante.</p><p>c) expressão autobiográfica, fundada no relato de experiências de</p><p>alteridade.</p><p>d) incorporação de elementos fantásticos, explicitada por versos</p><p>incoerentes</p><p>e) transgressão à razão, ecoada na desconstrução de referências</p><p>temporais.</p><p>O discurso rompe com a lógica temporal linear a que estamos acostumados:</p><p>passado e presente se entrelaçam, e a velhice já não está mais à frente da infância</p><p>(ou vice-versa). A mulher nasceu velha, voltou a ser criança e voltou a ser velha.</p><p>Há uma ruptura da linearidade, uma transgressão à razão, à lógica, que se</p><p>manifesta nessa desconstrução de referências temporais. Infância e velhice</p><p>são uma coisa só. Resposta: “E”.</p><p>Lendo de novo essa questão, eu me perguntei: “por que não pode ser C?”. E</p><p>acredito que não possa ser C porque o texto não relata uma experiência de</p><p>alteridade. Na verdade, tanto a velha quanto a criança são o próprio eu-lírico.</p><p>Alteridade se refere a enxergar a si mesmo no outro, e nesse caso não há um</p><p>outro. São duas versões da mesma pessoa.</p><p>QUESTÃO 31</p><p>A história do futebol é uma triste viagem do prazer ao dever. […] O jogo</p><p>se transformou em espetáculo, com poucos protagonistas e muitos</p><p>espectadores, futebol para olhar, e o espetáculo se transformou num dos</p><p>negócios mais lucrativos do mundo, que não é organizado para ser jogado,</p><p>mas para impedir que se jogue. A tecnocracia do esporte profissional foi</p><p>impondo um futebol de pura velocidade e muita força, que renuncia ã</p><p>alegria, atrofia a fantasia e proíbe a ousadia. Por sorte ainda aparece</p><p>nos campos, […] algum atrevido que sai do roteiro e comete o disparate de</p><p>driblar o time adversário inteirinho, além do juiz e do público das</p><p>arquibancadas, pelo puro prazer do corpo que se lança na proibida</p><p>aventura da liberdade.</p><p>O texto indica que as mudanças nas práticas corporais, especificamente</p><p>no futebol,</p><p>a) fomentaram uma tecnocracia, promovendo uma vivência mais lúdica</p><p>e irreverente.</p><p>b) promoveram o surgimento de atletas mais habilidosos, para que</p><p>fossem inovadores.</p><p>c) incentivaram a associação dessa manifestação à fruição, favorecendo</p><p>o improviso.</p><p>d) tornaram a modalidade em um produto a ser consumido, negando sua</p><p>dimensão criativa.</p><p>e) contribuíram para esse esporte ter mais jogadores, bem como</p><p>acompanhado de torcedores.</p><p>O autor já começa lastimando que o futebol perdeu seu caráter criativo e</p><p>“genuíno” para se tornar mero espetáculo, algo construído para agradar às</p><p>massas. Ou seja: para o autor, o futebol atual matou o espírito criativo do</p><p>esporte. As mudanças nas práticas corporais tornaram a modalidade em um</p><p>produto a ser consumido, negando sua dimensão criativa. Letra “D”.</p><p>QUESTÃO 32</p><p>Fotografia: LUCAS HALLEL. Disponível em: www.flickr.com. Acesso em: 16 abr. 2018 (adaptado)</p><p>O grupo O Teatro Mágico apresenta composições autorais que têm</p><p>referências estéticas do rock, do pop e da música folclórica brasileira. A</p><p>originalidade dos seus shows tem relação com a ópera europeia do século</p><p>XIX a partir da</p><p>a) disposição cênica dos artistas no espaço teatral.</p><p>b) integração de diversas linguagens artísticas.</p><p>c) sobreposição entre música e texto literário.</p><p>d) manutenção de um diálogo com o público.</p><p>e) adoção de um enredo como fio condutor.</p><p>A pergunta foi meio confusa. Em outras palavras, querem saber em que</p><p>ponto os shows do Teatro Mágico se assemelham às óperas europeias do século</p><p>XIX. E pela imagem fica claro que os shows deles são uma mistura de</p><p>linguagens artísticas: teatro, música, efeitos de iluminação, etc.</p><p>Quem já foi numa ópera (ou quem já viu em algum filme, série, etc.) sabe</p><p>que as apresentações também integram várias linguagens artísticas. Para resumir</p><p>bem (mal) o que é uma ópera, é um “teatro cantado”.</p><p>E esse é o principal ponto de convergência entre os dois. Letra “B”.</p><p>A letra “E” também traz uma característica das óperas, mas nada na foto</p><p>explicita que o grupo Teatro Mágico também tenha um enredo como fio</p><p>condutor dos espetáculos.</p><p>QUESTÃO 33</p><p>A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida,</p><p>surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros</p><p>lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a</p><p>1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo</p><p>nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade</p><p>alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no</p><p>trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o</p><p>primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O</p><p>único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler.</p><p>A vida ao redor é a pseudorrealidade criada em torno do culto a Hitler</p><p>na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do</p><p>Führer pela vizinhança. A Morte, perplexa diante da violência humana, dá</p><p>um tom leve e divertido à narrativa deste duro confronto entre a infância</p><p>perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso absoluto – e raro – de</p><p>crítica e público.</p><p>Disponível em: www.odevoradordelivros.com. Acesso em: 24jun. 2014</p><p>Os gêneros textuais podem ser caracterizados, dentre outros fatores, por</p><p>seus objetivos. Esse fragmento é um(a)</p><p>a) reportagem, pois busca convencer o interlocutor</p><p>da tese defendida ao</p><p>longo do texto.</p><p>b) resumo, pois promove o contato rápido do leitor com uma informação</p><p>desconhecida.</p><p>c) sinopse, pois sintetiza as informações relevantes de uma obra de modo</p><p>impessoal.</p><p>d) instrução, pois ensina algo por meio de explicações sobre uma obra</p><p>específica.</p><p>e) resenha, pois apresenta uma produção intelectual de forma crítica.</p><p>Quem já teve a curiosidade de procurar resenhas de filmes ou livros nem</p><p>precisou pensar muito para responder. O texto apresenta não apenas um resumo,</p><p>mas elementos que transmitem a opinião pessoal do autor (“atriz simpática”,</p><p>“um tom leve e divertido”). Logo, trata-se de uma resenha, pois apresenta uma</p><p>produção intelectual de forma crítica. Resposta: “E”.</p><p>PS: Aqui, “crítica” quer dizer “avaliativa”, e não “condenatória”. Falar bem</p><p>de alguma coisa também é fazer uma crítica. É uma crítica positiva.</p><p>QUESTÃO 34</p><p>As duas imagens são produções que têm a cerâmica como matéria-</p><p>prima. A obra Estrutura vertical dupla se distingue da urna funerária</p><p>marajoara ao</p><p>a) evidenciar a simetria na disposição das peças.</p><p>b) materializar a técnica sem função utilitária.</p><p>c) abandonar a regularidade na composição.</p><p>d) anular possibilidades de leituras afetivas.</p><p>e) integrar o suporte em sua constituição.</p><p>Aqui você pode ter ficado em dúvida entre “B” e “C”. Eu mesmo fiquei, e</p><p>marquei “C”. Mas a resposta certa é “B”. Isso porque a Estrutura vertical</p><p>dupla, apesar de abandonar a regularidade na composição, não tenha isso como</p><p>sua função principal. O artista não criou essa obra com a finalidade de abandonar</p><p>a regularidade na composição. Por se tratar de arte moderna, a principal função</p><p>foi justamente a de romper com a função utilitária da arte.</p><p>Arte moderna tem muito disso. E muita gente que vai em museus de arte</p><p>moderna se perguntam: “Por que o cara fez isso se não serve para nada?”</p><p>E, bem... a arte em si já serve para muita coisa. Nesse caso, a técnica de</p><p>criação já é a arte. Logo, as duas se diferem porque a Estrutura vertical dupla</p><p>materializa a técnica sem a pretensão de ter uma função utilitária.</p><p>QUESTÃO 35</p><p>o que será que ela quer</p><p>essa mulher de vermelho</p><p>alguma coisa ela quer</p><p>pra ter posto esse vestido</p><p>não pode ser apenas</p><p>uma escolha casual</p><p>podia ser um amarelo</p><p>verde ou talvez azul</p><p>mas ela escolheu vermelho</p><p>ela sabe o que ela quer</p><p>e ela escolheu vestido</p><p>e ela é uma mulher</p><p>então com base nesses fatos</p><p>eu já posso afirmar</p><p>que conheço o seu desejo</p><p>caro watson, elementar:</p><p>o que ela quer sou euzinho</p><p>sou euzinho o que ela quer</p><p>só pode ser euzinho</p><p>o que mais podia ser</p><p>FREITAS, A. Um útero é do tamanho de um punho. São Paulo: Cosac Naify, 2013.</p><p>No processo de elaboração do poema, a autora confere ao eu lírico uma</p><p>identidade que aqui representa a</p><p>a) hipocrisia do discurso alicerçado sobre o senso comum.</p><p>b) mudança de paradigmas de imagem atribuídos à mulher.</p><p>c) tentativa de estabelecer preceitos da psicologia feminina.</p><p>d) importância da correlação entre ações e efeitos causados.</p><p>e) valorização da sensibilidade como característica de gênero.</p><p>O texto reproduz o discurso hipócrita que alguns homens usam para</p><p>justificar a violência sofrida por muitas mulheres. “Usando essa roupa, queria o</p><p>quê?” E é essa identidade que o eu-lírico assume. É um discurso pobre,</p><p>falacioso e alicerçado sobre o senso comum.</p><p>Letra “A”.</p><p>QUESTÃO 36</p><p>O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a imagem de um vidro</p><p>mole que fazia uma volta atrás de casa.</p><p>Passou um homem e disse: Essa volta que o rio faz por trás de sua casa</p><p>se chama enseada. Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia</p><p>uma volta atrás de casa.</p><p>Era uma enseada.</p><p>Acho que o nome empobreceu a imagem.</p><p>BARROS, M. O livro das ignorãças. Rio de Janeiro: Best Seller, 2008.</p><p>O sujeito poético questiona o uso do vocábulo “enseada” porque a</p><p>a) terminologia mencionada é incorreta.</p><p>b) nomeação minimiza a percepção subjetiva.</p><p>c) palavra é aplicada a outro espaço geográfico.</p><p>d) designação atribuída ao termo é desconhecida.</p><p>e) definição modifica o significado do termo no dicionário.</p><p>Pausa para exaltar a beleza desse texto. É de uma pureza e simplicidade</p><p>maravilhosa. O eu-lírico imaginava a volta que o rio dava como uma cobra de</p><p>vidro, uma descrição altamente imaginativa e subjetiva da realidade.</p><p>Veio o homem e disse para ele o nome real: enseada. E a realidade ceifou</p><p>toda a subjetividade da cena. Esse simples ato de dar um nome (nomeação)</p><p>minimizou a percepção subjetiva do eu-lírico.</p><p>Letra “B”.</p><p>QUESTÃO 37</p><p>“Acuenda o Pajubá”: conheça o “dialeto secreto” utilizado por gays e</p><p>travestis</p><p>Com origem no iorubá, linguagem foi adotada por travestis e ganhou a</p><p>comunidade</p><p>“Nhaí, amapô! Não faça a loka e pague meu acué, deixe de equê se não</p><p>eu puxo teu picumã!” Entendeu as palavras dessa frase? Se sim, é porque</p><p>você manja alguma coisa de pajubá, o “dialeto secreto” dos gays e travestis.</p><p>Adepto do uso das expressões, mesmo nos ambientes mais formais, um</p><p>advogado afirma: “É claro que eu não vou falar durante uma audiência ou</p><p>numa reunião, mas na firma, com meus colegas de trabalho, eu falo de</p><p>‘acué’ o tempo inteiro”, brinca. “A gente tem que ter cuidado de falar</p><p>outras palavras porque hoje o pessoal já entende, né? Tá na internet, tem té</p><p>dicionário…”, comenta.</p><p>O dicionário a que ele se refere é o Aurélia, a dicionária da Ungua</p><p>afíada, lançado no ano de 2006 e escrito pelo jornalista Angelo Vip e por</p><p>Fred Libi. Na obra, há mais de 1 300 verbetes revelando o significado</p><p>das palavras do pajubá.</p><p>Não se sabe ao certo quando essa linguagem surgiu, mas sabe-se que</p><p>há claramente uma relação entre o pajubá e a cultura africana, numa</p><p>costura iniciada ainda na época do Brasil colonial.</p><p>Disponível em: www.midiamax.com.br. Acesso em: 4 abr. 2017 (adaptado)</p><p>Da perspectiva do usuário, o pajubá ganha status de dialeto,</p><p>caracterizando-se como elemento de patrimônio linguístico, especialmente</p><p>por</p><p>a) ter mais de mil palavras conhecidas.</p><p>b) ter palavras diferentes de uma linguagem secreta.</p><p>c) ser consolidado por objetos formais de registro.</p><p>d) ser utilizado por advogados em situações formais.</p><p>e) ser comum em conversas no ambiente de trabalho.</p><p>No momento em que passa a conter um elemento de registro próprio (um</p><p>dicionário, o Aurélia), o pajubá deixa de ser apenas um conjunto de gírias. Ele</p><p>ganhou status de dialeto, ou seja, formalizou-se como uma manifestação</p><p>cultural de um grupo.</p><p>E esse status se deve ao fato de o pajubá ter sido agora consolidado por</p><p>objetos formais de registro. Letra “C”.</p><p>QUESTÃO 38</p><p>Certa vez minha mãe surrou-me com uma corda nodosa que me pintou</p><p>as costas de manchas sangrentas. Moído, virando a cabeça com dificuldade,</p><p>eu distinguia nas costelas grandes lanhos vermelhos. Deitaram-</p><p>me, enrolaram-me em panos molhados com água de sal – e houve uma</p><p>discussão na família. Minha avó, que nos visitava, condenou o procedimento</p><p>da filha e esta afligiu-se. Irritada, ferira-me ã toa, sem querer. Não guardei</p><p>ódio a minha mãe: o culpado era o nó.</p><p>RAMOS, G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1998.</p><p>Num texto narrativo, a sequência dos fatos contribui para a progressão</p><p>temática. No fragmento, esse processo é indicado pela</p><p>a) alternância das pessoas do discurso que determinam o foco narrativo.</p><p>b) utilização de formas verbais que marcam tempos narrativos variados.</p><p>c) indeterminação dos sujeitos de ações que caracterizam os eventos</p><p>narrados.</p><p>d) justaposição de frases que relacionam semanticamente os</p><p>acontecimentos narrados.</p><p>e) recorrência de expressões adverbiais que organizam temporalmente a</p><p>narrativa.</p><p>A importância de ler o enunciado antes do texto é evidente nesta questão.</p><p>Porque a pergunta não tem nada a ver com o conteúdo do texto em si, e sim na</p><p>estratégia de construção dele.</p><p>Se você não lesse o enunciado antes, ia ficar</p><p>tentando imaginar o que será que a pergunta iria pedir. E ao finalmente ler a</p><p>pergunta teria que voltar ao texto para ler tudo de novo.</p><p>Enfim, a pergunta foi: como o autor promove a progressão temática? Ou</p><p>seja, como ele avança a narrativa? E o que ele faz é justamente usar tempos</p><p>verbais diferentes: pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito. Isso faz</p><p>com que o leitor tenha a sensação de progressão das cenas: cenas pontuais (“ela</p><p>bateu”) são sobrepostas a cenas que se alongam no tempo (“eu distinguia ...”),</p><p>avançando a narrativa sem que ela se torne monótona. Resposta: “B”.</p><p>QUESTÃO 39</p><p>Essa imagem ilustra a reação dos celíacos (pessoas sensíveis ao glúten)</p><p>ao ler rótulos de alimentos sem glúten. Essas reações indicam que, em geral,</p><p>os rótulos desses produtos</p><p>a) trazem informações explícitas sobre a presença do glúten.</p><p>b) oferecem várias opções de sabor para esses consumidores.</p><p>c) classificam o produto como adequado para o consumidor celíaco.</p><p>d) influenciam o consumo de alimentos especiais para esses</p><p>consumidores.</p><p>e) variam na forma de apresentação de informações relevantes para esse</p><p>público.</p><p>Achei essa questão meio difícil (inclusive errei), mas a informação principal</p><p>é que alguns rótulos trazem apenas a informação “sem glúten”, enquanto outros</p><p>trazem “sem glúten” + o preço (3º emoji), enquanto outros trazem o “sem</p><p>glúten” + o preço + um apelo ao sabor (4º emoji). Cada marca escolhe o que vai</p><p>destacar no rótulo. A forma de convencer o consumidor muda de acordo com a</p><p>marca, que decide o que é relevante ou não para se colocar no rótulo além da</p><p>informação “sem glúten”. Logo, os rótulos de produtos para celíacos variam na</p><p>forma de apresentação de informações relevantes para esse público. Alguns</p><p>ainda apresentam essas informações todas erradas. GRRRR!</p><p>Resposta: “E”.</p><p>QUESTÃO 40</p><p>ABL lança novo concurso cultural:</p><p>“Conte o conto sem aumentar um ponto”</p><p>Em razão da grande repercussão do concurso de Microcontos do</p><p>Twitter da ABL, o Abletras, a Academia Brasileira de Letras lançou no dia</p><p>do seu aniversário de 113 anos um novo concurso cultural intitulado “Conte</p><p>o conto sem aumentar um ponto”, baseado na obra A cartomante, de</p><p>Machado de Assis.</p><p>“Conte o conto sem aumentar um ponto” tem como objetivo dar um</p><p>final distinto do original ao conto A cartomante, de Machado de Assis,</p><p>utilizando-se o mesmo número de caracteres – ou inferior – que</p><p>Machado concluiu seu trabalho, ou seja, 1 778 caracteres.</p><p>Vale ressaltar que, para participar do concurso, o concorrente deverá</p><p>ser seguidor do Twitter da ABL, o Abletras.</p><p>Disponível em: www.academia.org.br. Acesso em: 18 out. 2015 (adaptado)</p><p>O Twitter é reconhecido por promover o compartilhamento de textos.</p><p>Nessa notícia, essa rede social foi utilizada como veículo/suporte para um</p><p>concurso literário por causa do(a)</p><p>a) limite predeterminado de extensão do texto.</p><p>b) interesse pela participação de jovens.</p><p>c) atualidade do enredo proposto.</p><p>d) fidelidade a fatos cotidianos.</p><p>e) dinâmica da sequência narrativa.</p><p>Importante destacar que o “concurso literário” do enunciado não é o</p><p>concurso “Conte o conto sem aumentar um ponto”. Afinal, 1778 caracteres é um</p><p>pouquinho maior do que o Twitter permite. A pergunta na verdade se refere ao</p><p>outro concurso literário de microcontos da ABL, o anterior. Esse, sim, foi pelo</p><p>Twitter. E o Twitter foi suporte para esse concurso anterior porque há um limite</p><p>predeterminado de extensão do texto. Letra “A”.</p><p>Eu fiquei muito perdido nessa questão porque achei que os 1778 caracteres</p><p>iriam ser escritos no Twitter, e isso me deixou completamente confuso. Só</p><p>depois de muito tempo que eu me toquei que estavam falando do concurso</p><p>anterior.</p><p>QUESTÃO 41</p><p>Nesse texto, busca-se convencer o leitor a mudar seu comportamento</p><p>por meio da associação de verbos no modo imperativo à</p><p>a) indicação de diversos canais de atendimento.</p><p>b) divulgação do Centro de Defesa da Mulher.</p><p>c) informação sobre a duração da campanha.</p><p>d) apresentação dos diversos apoiadores.</p><p>e) utilização da imagem das três mulheres.</p><p>A pergunta é sobre a associação dos verbos no modo imperativo a alguma</p><p>outra coisa, algum outro recurso linguístico. A peça associa os verbos no</p><p>indicativo à imagem das três mulheres. Esses dois elementos juntos são usados</p><p>para convencer a pessoa a denunciar. Letra “E”.</p><p>A resposta não é “A” porque os canais de atendimento estão ali para</p><p>estimular o comportamento de denúncia, mas não estão associados aos verbos</p><p>no imperativo. São o “complemento” do anúncio: depois de a pessoa ter sido</p><p>sensibilizada com a associação entre imagem e texto, ela vai ler os números e</p><p>ligar para denunciar.</p><p>QUESTÃO 42</p><p>A Casa de Vidro</p><p>Houve protestos.</p><p>Deram uma bola a cada criança e tempo para brincar. Elas aprenderam</p><p>malabarismos incríveis e algumas viajavam pelo mundo exibindo sua alegre</p><p>habilidade. (O problema é que muitos, a maioria, não tinham jeito e eram</p><p>feios de noite, assustadores. Seria melhor prender essa gente – havia quem</p><p>dissesse.)</p><p>Houve protestos.</p><p>Aumentaram o preço da carne, liberaram os preços dos cereais e</p><p>abriram crédito a juros baixos para o agricultor. O dinheiro que sobrasse,</p><p>bem, digamos, ora o dinheiro que sobrasse!</p><p>Houve protestos.</p><p>Diminuíram os salários (infelizmente aumentou o número de assaltos)</p><p>porque precisamos combater a inflação e, como se sabe, quando os salários</p><p>estão acima do índice de produtividade eles se tornam</p><p>altamente inflacionários, de modo que.</p><p>Houve protestos.</p><p>Proibiram os protestos.</p><p>E no lugar dos protestos nasceu o ódio. Então surgiu a Casa de Vidro,</p><p>para acabar com aquele ódio.</p><p>ÂNGELO, I. A casa de vidro. São Paulo: Círculo do Livro, 1985.</p><p>Publicado em 1979, o texto compartilha com outras obras da literatura</p><p>brasileira escritas no período as marcas o contexto em que foi produzido,</p><p>como a</p><p>a) referência à censura e à opressão para alegorizar a falta de liberdade</p><p>de expressão característica da época.</p><p>b) valorização de situações do cotidiano para atenuar os sentimentos de</p><p>revolta em relação ao governo instituído.</p><p>c) utilização de metáforas e ironias para expressar um olhar crítico em</p><p>relação à situação social e política do país.</p><p>d) tendência realista para documentar com verossimilhança o drama da</p><p>população brasileira durante o Regime Militar.</p><p>e) sobreposição das manifestações populares pelo discurso oficial para</p><p>destacar o autoritarismo do momento histórico.</p><p>O texto faz referência ao período da censura durante o regime militar. Traz</p><p>situações reais daquele momento, mas não de uma maneira excessivamente</p><p>jornalística (que “D” dá a entender). É um texto artístico, literário, mas não é</p><p>“alegórico”. Uma alegoria é como uma “fábula”, em que uma história traz uma</p><p>lição oculta. Mas não há uma lição oculta no texto, apenas uma metáfora no</p><p>primeiro parágrafo: uma história sobre “crianças” para denunciar as prisões do</p><p>regime por motivos pouco evidentes, apenas pelo que a pessoa aparentava ser. Já</p><p>o 6º parágrafo é todo irônico.</p><p>Logo, o autor usa metáforas e ironias para expressar um olhar crítico em</p><p>relação à situação social e política do país. Letra “C”.</p><p>QUESTÃO 43</p><p>Encontrando base em argumentos supostamente científicos, o mito do</p><p>sexo frágil contribuiu historicamente para controlar as práticas corporais</p><p>desempenhadas pelas mulheres. Na história do Brasil, exatamente na</p><p>transição entre os séculos XIX e XX, destacam-se os esforços para impedir a</p><p>participação da mulher no campo das práticas esportivas. As desconfianças</p><p>em relação à presença da mulher no esporte estiveram culturalmente</p><p>associadas ao medo de masculinizar o corpo feminino pelo esforço físico</p><p>intenso. Em relação ao futebol feminino, o</p><p>mito do sexo frágil atuou</p><p>como obstáculo ao consolidar a crença de que o esforço físico seria</p><p>inapropriado para proteger a feminilidade da mulher “normal”. Tal mito</p><p>sustentou um forte movimento contrário à aceitação do futebol como</p><p>prática esportiva feminina. Leis e propagandas buscaram desacreditar o</p><p>futebol, considerando-o inadequado á delicadeza. Na verdade, as mulheres</p><p>eram consideradas incapazes de se adequar ás múltiplas dificuldades do</p><p>“esporte-rei”.</p><p>TEIXEIRA, F L. S.; CAMINHA, I. O. Preconceito no futebol feminino: uma revisão sistemática. Movimento, Porto</p><p>Alegre, n. 1,2013 (adaptado).</p><p>No contexto apresentado, a relação entre a prática do futebol e as</p><p>mulheres é caracterizada por um</p><p>a) argumento biológico para justificar desigualdades históricas e sociais.</p><p>b) discurso midiático que atua historicamente na desconstrução do mito</p><p>do sexo frágil.</p><p>c) apelo para a preservação do futebol como uma modalidade praticada</p><p>apenas pelos homens.</p><p>d) olhar feminista que qualifica o futebol como uma atividade</p><p>masculinizante para as mulheres.</p><p>e) receio de que sua inserção subverta o “esporte-rei” ao demonstrarem</p><p>suas capacidades de jogo.</p><p>A resposta já está no começo: o mito do sexo frágil teve por muito tempo</p><p>embasamento científico com argumentos biológicos de por que a mulher era</p><p>mais frágil que o homem. Ao longo do texto os autores demonstram como esses</p><p>argumentos “justificavam” a desigualdade entre gêneros: “Ah, as mulheres são</p><p>mais fracas, delicadas... futebol não é para elas”.</p><p>Resposta: “A”.</p><p>QUESTÃO 44</p><p>Farejador de Plágio: uma ferramenta contra a</p><p>cópia ilegal</p><p>No mundo acadêmico ou nos veículos de comunicação, as cópias ilegais</p><p>podem surgir de diversas maneiras, sendo integrais, parciais ou paráfrases.</p><p>Para ajudar a combater esse crime, o professor Maximiliano Zambonatto</p><p>Pezzin, engenheiro de computação, desenvolveu junto com os seus alunos o</p><p>programa Farejador de Plágio. O programa é capaz de detectar: trechos</p><p>contínuos e fragmentados, frases soltas, partes de textos reorganizadas,</p><p>frases reescritas, mudanças na ordem dos períodos e erros fonéticos e</p><p>sintáticos. Mas como o programa realmente funciona? Considerando o texto</p><p>como uma sequência de palavras, a ferramenta analisa e busca trecho por</p><p>trecho nos sites de busca, assim como um professor desconfiado de</p><p>um aluno faria. A diferença é que o programa permite que se pesquise em</p><p>vários buscadores, gerando assim muito mais resultados.</p><p>Disponível em: http://reporterunesp.jor.br. Acesso em: 19 mar. 2018</p><p>Segundo o texto, a ferramenta Farejador de Plágio alcança seu objetivo</p><p>por meio da</p><p>a) seleção de cópias integrais.</p><p>b) busca em sites especializados.</p><p>c) simulação da atividade docente.</p><p>d) comparação de padrões estruturais.</p><p>e) identificação de sequência de fonemas.</p><p>A resposta está no segundo parágrafo: o programa é capaz de identificar</p><p>diversos trechos, fragmentos, frases soltas, etc. E ela pesquisa esses trechos em</p><p>vários sites de busca para ver se eles já existem ou se são originais. Ou seja: ele</p><p>compara os trechos do texto com trechos já existentes e disponíveis na internet.</p><p>É feita uma comparação dos padrões que formam o texto.</p><p>Letra “D”.</p><p>QUESTÃO 45</p><p>TEXTO I</p><p>TEXTO II</p><p>Stephen Lund, artista canadense, morador em Victoria, capital da</p><p>Colúmbia Britânica (Canadá), transformou-se em fenômeno mundial</p><p>produzindo obras de arte virtuais pedalando sua bike. Seguindo</p><p>rotas traçadas com o auxílio de um dispositivo de GPS, ele calcula ter</p><p>percorrido mais de 10 mil quilômetros.</p><p>Disponível em: www.booooooom.com. Acesso em: 9 dez. 2017 (adaptado)</p><p>Os textos destacam a inovação artística proposta por Stephen Lund a partir</p><p>do(a)</p><p>a) deslocamento das tecnologias de suas funções habituais.</p><p>b) perspectiva de funcionamento do dispositivo de GPS.</p><p>c) ato de guiar sua bicicleta pelas ruas da cidade.</p><p>d) análise dos problemas de mobilidade urbana.</p><p>e) foco na promoção cultural da sua cidade.</p><p>A pergunta é sobre a inovação artística, não sobre as características da arte</p><p>de Stephen Lund em si. “B”, “C” e “E” são características da obra dele, mas a</p><p>inovação artística é que ele subverte a função usual do GPS. Ele desloca a</p><p>tecnologia de suas funções habituais (se orientar no espaço) para transformar os</p><p>padrões desenhados em arte. Resposta: “A”.</p><p>Ciências Humanas e suas Tecnologias</p><p>QUESTÃO 46</p><p>No Segundo Congresso internacional de Ciências Geográficas, em 1875,</p><p>a que compareceram o presidente da República, o governador de Paris e o</p><p>presidente da Assembleia, o discurso inaugural do almirante La Roucière-</p><p>Le Noury expôs a atitude predominante no encontro: “Cavalheiros, a</p><p>Providência nos ditou a obrigação de conhecer e conquistar a terra. Essa</p><p>ordem suprema é um dos deveres imperiosos inscritos em nossas</p><p>inteligências e nossas atividades. A geografia, essa ciência que inspira tão</p><p>bela devoção e em cujo nome foram sacrificadas tantas vítimas, tornou-se a</p><p>filosofia da terra”.</p><p>SAID, E. Cultura e política. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.</p><p>No contexto histórico apresentado, a exaltação da ciência geográfica</p><p>decorre do seu uso para o(a)</p><p>a) preservação cultural dos territórios ocupados.</p><p>b) formação humanitária da sociedade europeia.</p><p>c) catalogação de dados úteis aos propósitos colonialistas.</p><p>d) desenvolvimento de técnicas matemáticas de construção de cartas.</p><p>e) consolidação do conhecimento topográfico como campo acadêmico.</p><p>A chave da questão é o trecho “conhecer e conquistar a terra”. A ciência</p><p>geográfica viria, portanto, não para conhecer simplesmente por conhecer, mas</p><p>para conhecer a terra com um propósito bem definido: o de conquistar.</p><p>Ao final do século XIX (1875, no caso), as nações europeias estavam</p><p>expandindo seus territórios, desbravando novas terras (principalmente na</p><p>África). É o contexto do neocolonialismo. Mas não precisava saber disso para</p><p>matar a questão. Era só interpretação de texto. Resposta: letra “C”.</p><p>QUESTÃO 47</p><p>A existência em Jerusalém de um hospital voltado para o alojamento e o</p><p>cuidado dos peregrinos, assim como daqueles entre eles que estavam</p><p>cansados ou doentes, fortaleceu o elo entre a obra de assistência e de</p><p>caridade e a Terra Santa. Ao fazer, em 1113, do Hospital de Jerusalém um</p><p>estabelecimento central da</p><p>ordem, Pascoal II estimulava a filiação dos hospitalários do Ocidente a ele,</p><p>sobretudo daqueles que estavam ligados à peregrinação na Terra Santa ou</p><p>em outro lugar. A militarização do Hospital de Jerusalém não diminuiu a</p><p>vocação caritativa primitiva, mas a fortaleceu.</p><p>DEMURGER, A. Os Cavaleiros de Cristo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002 (adaptado).</p><p>O acontecimento descrito vincula-se ao fenômeno ocidental do(a)</p><p>a) surgimento do monasticismo guerreiro, ocasionado pelas cruzadas.</p><p>b) descentralização do poder eclesiástico, produzida pelo feudalismo.</p><p>c) alastramento da peste bubônica, provocado pela expansão comercial.</p><p>d) afirmação da fraternidade mendicante, estimulada pela reforma</p><p>espiritual.</p><p>e) criação das faculdades de medicina, promovida pelo renascimento</p><p>urbano.</p><p>Essa questão foi muitíssimo específica, mas eu não reclamo tanto porque</p><p>acertei hehehe. No “chute”, mas acertei. A resposta é “A”.</p><p>O que me fez marcar “A” foi o trecho “militarização do Hospital de</p><p>Jerusalém”. O texto dá a entender que a Igreja Católica promoveu a</p><p>militarização de suas instituições religiosas. E esse processo de militarização é</p><p>justamente o que aconteceu durante as cruzadas: expedições católicas militares</p><p>com a missão de retomar a Terra Santa.</p><p>E a parte de monasticismo guerreiro tem a ver justamente com os</p><p>guerreiros dessas expedições (templários, por exemplo).</p><p>Não foi o jeito “certo” de resolver, mas por interpretação de texto até que</p><p>dava</p><p>para matar se você tinha alguma noção do que foram as cruzadas. E o que</p><p>mais tem nesse mundo é filme retratando as cruzadas, então é como eu digo:</p><p>repertório é tudo.</p><p>QUESTÃO 48</p><p>A tribo não possui um rei, mas um chefe que não é chefe de Estado. O</p><p>que significa isso? Simplesmente que o chefe não dispõe de nenhuma</p><p>autoridade, de nenhum poder de coerção, de nenhum meio de dar uma</p><p>ordem. O chefe não é um comandante, as pessoas da tribo não têm nenhum</p><p>dever de obediência. O espaço da chefia não é o lugar do poder.</p><p>Essencialmente encarregado de eliminar conflitos que podem surgir entre</p><p>indivíduos, famílias e linhagens, o chefe só dispõe, para restabelecer a</p><p>ordem e a concórdia, do prestígio que lhe reconhece a sociedade. Mas</p><p>evidentemente prestígio não significa poder, e os meios que o chefe detém</p><p>para realizar sua tarefa de pacificador limitam-se ao uso exclusivo da</p><p>palavra.</p><p>CLASTRES, P. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982 (adaptado).</p><p>O modelo político das sociedades discutidas no texto contrasta com o do</p><p>Estado liberal burguês porque se baseia em:</p><p>a) Imposição ideológica e normas hierárquicas.</p><p>b) Determinação divina e soberania monárquica.</p><p>c) Intervenção consensual e autonomia comunitária.</p><p>d) Mediação jurídica e regras contratualistas.</p><p>e) Gestão coletiva e obrigações tributárias.</p><p>De novo, interpretação de texto. Você nem precisaria se preocupar com a</p><p>pergunta de “como esse modelo difere do Estado liberal burguês”, porque na</p><p>verdade só precisava encontrar uma alternativa que descrevesse o modelo do</p><p>texto. O modelo do texto se baseia em quê?</p><p>E a resposta é “C”: intervenção consensual e autonomia comunitária.</p><p>Intervenção consensual porque o chefe da tribo não podia impor sua decisão: seu</p><p>poder limitava-se ao uso exclusivo da palavra. Ou seja: ele tinha que convencer</p><p>os outros, e o diálogo, o consenso, seria necessário para uma mudança. Mas o</p><p>chefe não tinha poder de fato; o poder estava nas mãos da comunidade. Havia</p><p>uma autonomia comunitária.</p><p>QUESTÃO 49</p><p>O filósofo reconhece-se pela posse inseparável do gosto da evidência e do</p><p>sentido da ambiguidade. Quando se limita a suportar a ambiguidade, esta se</p><p>chama equívoco. Sempre aconteceu que, mesmo aqueles que pretenderam</p><p>construir uma filosofia absolutamente positiva, sô conseguiram ser filósofos</p><p>na medida em que, simultaneamente, se recusaram o direito de se instalar</p><p>no saber absoluto. O que caracteriza o filósofo é o movimento que leva</p><p>incessantemente do saber à ignorância, da ignorância ao saber, e um certo</p><p>repouso neste movimento.</p><p>MERLEAU-PONTY, M. Elogio da filosofia. Lisboa: Guimarães, 1998 (adaptado).</p><p>O texto apresenta um entendimento acerca dos elementos constitutivos</p><p>da atividade do filósofo, que se caracteriza por</p><p>a) reunir os antagonismos das opiniões ao método dialético.</p><p>b) ajustar a clareza do conhecimento ao inatismo das ideias.</p><p>c) associar a certeza do intelecto à imutabilidade da verdade.</p><p>d) conciliar o rigor da investigação à inquietude do questionamento.</p><p>e) compatibilizar as estruturas do pensamento aos princípios</p><p>fundamentais.</p><p>O texto foca bastante nessa transição entre certeza e incerteza. O filósofo ora</p><p>tem certeza, ora já não tem mais. As dúvidas que advêm da investigação</p><p>rigorosa e as consequentes dúvidas desse processo rompem com todas as</p><p>certezas que o filósofo teve, tornando-as incertezas, que geram mais dúvidas, e</p><p>assim sucessivamente. A atividade do filósofo, portanto, se caracteriza por</p><p>conciliar o rigor da investigação à inquietude do questionamento. Letra “D”.</p><p>A letra “A” até que faz sentido, mas o método dialético envolve muito mais</p><p>uma avaliação de dois pontos de vista (antagonismos das opiniões) que a recusa</p><p>à certeza. São dois conceitos próximos (e talvez até interligados), mas aqui a</p><p>“D” está mais certa.</p><p>QUESTÃO 50</p><p>Esse ônibus relaciona-se ao ato praticado, em 1955, por Rosa Parks,</p><p>apresentada em fotografia ao lado de Martin Luther King. O veículo</p><p>alcançou o estatuto de obra museológica por simbolizar o(a)</p><p>a) impacto do medo da corrida armamentista.</p><p>b) democratização do acesso à escola pública.</p><p>c) preconceito de gênero no transporte coletivo.</p><p>d) deflagração do movimento por igualdade civil.</p><p>e) eclosão da rebeldia no comportamento juvenil.</p><p>Pode ser uma questão muito específica (e é mesmo), mas o ENEM nunca vai</p><p>te cobrar algo tão específico assim sem te dar “pistas”. Se a Rosa Parks está</p><p>retratada ao lado de Martin Luther King, não deve ser por acaso, né? E qual a</p><p>principal causa defendida por Martin Luther King foi a luta contra a</p><p>desigualdade racial (quem nunca ouviu falar do discurso “I have a dream”, não é</p><p>mesmo?). Ou seja: Luther King defendia a igualdade civil entre negros e</p><p>brancos. E, pela nossa lógica, Rosa Parks devia ter os mesmos princípios. Logo,</p><p>muito provável que a resposta seja a “D”. E não é que é isso mesmo? Foi um</p><p>chute bem-intencionado que deu certo.</p><p>(Aos curiosos, um artigo da Wikipedia sobre o movimento de boicote aos</p><p>ônibus de Montgomery que deflagrou o movimento por igualdade civil)</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/Boicote_aos_%C3%B4nibus_de_Montgomery</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/Boicote_aos_%C3%B4nibus_de_Montgomery</p><p>QUESTÃO 51</p><p>Desde que tenhamos compreendido o significado da palavra “Deus”,</p><p>sabemos, de imediato, que Deus existe. Com efeito, essa palavra designa</p><p>uma coisa de tal ordem que não podemos conceber nada que lhe seja maior.</p><p>Ora, o que existe na realidade e no pensamento é maior do que o que existe</p><p>apenas no pensamento. Donde se segue que o objeto designado pela palavra</p><p>“Deus”, que existe no pensamento, desde que se entenda essa palavra,</p><p>também existe na realidade. Por conseguinte, a</p><p>existência de Deus é evidente</p><p>TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica. Rio de Janeiro: Loyola, 2002.</p><p>O texto apresenta uma elaboração teórica de Tomás de Aquino</p><p>caracterizada por</p><p>a) reiterar a ortodoxia religiosa contra os heréticos.</p><p>b) sustentar racionalmente doutrina alicerçada na fé.</p><p>c) explicar as virtudes teologais pela demonstração.</p><p>d) flexibilizar a interpretação oficial dos textos sagrados.</p><p>e) justificar pragmaticamente crença livre de dogmas.</p><p>Lembra do que eu falei sobre raciocínio lógico lá em cima? Esse texto de</p><p>Tomás de Aquino é raciocínio lógico puro: “Se a palavra ‘Deus’ existe no</p><p>pensamento, então ela existe na realidade. Logo, Deus existe”. Concorde você</p><p>ou não com isso, essa é uma tentativa de sustentar racionalmente (por meio da</p><p>razão, da lógica) uma crença alicerçada originalmente na fé. Letra “B”.</p><p>Tomás de Aquino foi um dos maiores expoentes da escolástica medieval,</p><p>movimento que tentou conciliar argumentos racionais com as explicações</p><p>religiosas.</p><p>QUESTÃO 52</p><p>TEXTO I</p><p>Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem</p><p>é inimigo de todo homem, é válido também para o tempo durante o qual os</p><p>homens vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por</p><p>sua própria força e invenção.</p><p>HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983</p><p>TEXTO II</p><p>Não vamos concluir, com Hobbes que, por não ter nenhuma ideia de</p><p>bondade, o homem seja naturalmente mau. Esse autor deveria dizer que,</p><p>sendo o estado de natureza aquele em que o cuidado de nossa conservação é</p><p>menos prejudicial à dos outros, esse estado era, por conseguinte, o mais</p><p>próprio à paz e o mais conveniente</p><p>ao gênero humano.</p><p>ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e o fundamento da desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes,</p><p>1993 (adaptado).</p><p>Os trechos apresentam divergências conceituais entre autores que</p><p>sustentam um entendimento segundo o qual a igualdade entre os homens se</p><p>dá em</p><p>razão de uma</p><p>a) predisposição ao conhecimento.</p><p>b) submissão ao transcendente.</p><p>c) tradição epistemológica.</p><p>d) condição original.</p><p>e) vocação política.</p><p>Uma questão difícil porque pede justamente para ler os dois textos e</p><p>encontrar um ponto de divergência conceitual. Mas quem sabia o básico de</p><p>filósofos contratualistas matava a questão só de ler o nome dos autores: Hobbes</p><p>e Rousseau. Os filósofos contratualistas (Locke, Hobbes e Rousseau são os</p><p>principais) acreditavam que em um passado remoto o homem vivia em uma</p><p>condição natural, selvagem, e que para a sociedade existir havia a necessidade de</p><p>um pacto social: os indivíduos abriam mão de sua liberdade, cedendo-a a um</p><p>órgão regulador (o Estado), e em troca recebiam direitos como propriedade</p><p>privada e segurança (cada teórico tinha uma ideia de quais eram os direitos</p><p>naturais).</p><p>A divergência entre Hobbes e Rousseau é que o primeiro acreditava que o</p><p>homem em seu estado natural era um selvagem “raiz”, completamente</p><p>indomável (“o homem é o lobo do homem”). Já Rousseau acreditava que havia</p><p>um estado de relativa paz na época “pré-pacto social”. Os homens daquela época</p><p>seriam “bons selvagens”. A divergência, portanto, é sobre como o homem era</p><p>em sua condição original. Letra “D”.</p><p>QUESTÃO 53</p><p>Foi-se o tempo em que era possível mostrar um mundo econômico</p><p>organizado em camadas bem definidas, onde grandes centros urbanos se</p><p>ligavam, por si próprios, a economias adjacentes “lentas”, com o ritmo</p><p>muito mais rápido do comércio e das finanças de longo alcance. Hoje tudo</p><p>ocorre como se essas camadas sobrepostas estivessem mescladas e</p><p>interpermeadas.</p><p>Interdependências de curto e longo alcance não podem mais ser separadas</p><p>umas das outras.</p><p>BRENNER, N. A globalização como reterritorialização. Cadernos Metrópole, n. 24, jul.-dez. 2010 (adaptado).</p><p>A maior complexidade dos espaços urbanos contemporâneos ressaltada</p><p>no texto explica-se pela</p><p>a) expansão de áreas metropolitanas.</p><p>b) emancipação de novos municípios.</p><p>c) consolidação de domínios jurídicos.</p><p>d) articulação de redes multiescalares.</p><p>e) redefinição de regiões administrativas.</p><p>Mais uma de interpretação de texto. Ora, se tudo ocorre em camadas</p><p>sobrepostas, mescladas e impermeadas, a ponto de as regiões não poderem mais</p><p>ser separadas, a única palavra que resume isso, das 5 opções, é articulação.</p><p>Expansão, emancipação, consolidação e redefinição não têm nada a ver com a</p><p>interdependência entre as regiões. Letra “D”.</p><p>QUESTÃO 54</p><p>TEXTO I</p><p>E pois que em outra cousa nesta parte me não posso vingar do demônio,</p><p>admoesto da parte da cruz de Cristo Jesus a todos que este lugar lerem, que</p><p>deem a esta terra o nome que com tanta solenidade lhe foi posto, sob pena</p><p>de a mesma cruz que nos há de ser mostrada no dia final, os acusar de mais</p><p>devotos do pau-brasil que dela.</p><p>BARROS, J. In: SOUZA, L. M. Inferno atlântico: demonologia e colonização: séculos XVI-XVIII. São Paulo: Cia. das</p><p>Letras, 1993.</p><p>TEXTO II</p><p>E deste modo se hão os povoadores, os quais, por mais arraigados que</p><p>na terra estejam e mais ricos que sejam, tudo pretendem levar a Portugal, e,</p><p>se as fazendas e bens que possuem souberam falar, também lhes houveram</p><p>de ensinar a dizer como os papagaios, aos</p><p>quais a primeira coisa que ensinam é: papagaio real para Portugal, porque</p><p>tudo querem para lá.</p><p>SALVADOR, F. V. In: SOUZA, L. M. (Org.). História da vida privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América</p><p>portuguesa.São Paulo: Cia. das Letras, 1997.</p><p>As críticas desses cronistas ao processo de colonização portuguesa na</p><p>América estavam relacionadas à</p><p>a) utilização do trabalho escravo.</p><p>b) implantação de polos urbanos.</p><p>c) devastação de áreas naturais.</p><p>d) ocupação de terras indígenas.</p><p>e) expropriação de riquezas locais.</p><p>Ok, só de bater o olho já dá para ver que o texto I é bem mais difícil que o</p><p>texto II. E, se a pergunta foi “qual é a crítica dos dois cronistas”, é de se supor</p><p>que os dois estejam seguindo a mesma linha de raciocínio, certo? Os dois devem</p><p>estar falando a mesma coisa de jeitos diferentes. Então eu vou só ler o texto II,</p><p>ora bolas. Para que perder tempo tentando interpretar o I se os dois fazem a</p><p>mesma crítica?</p><p>Então vamos ao texto II: o ponto chave aqui é “tudo pretendem levar a</p><p>Portugal”. A crítica é essa! E qual alternativa resume isso? A letra “E”: os</p><p>portugueses exploravam o solo (as riquezas locais) para levar para Portugal,</p><p>sem deixar nada para os brasileiros.</p><p>QUESTÃO 55</p><p>Os soviéticos tinham chegado a Cuba muito cedo na década de 1960,</p><p>esgueirando-se pela fresta aberta pela imediata hostilidade norte-americana</p><p>em relação ao processo social revolucionário. Durante três décadas os</p><p>soviéticos mantiveram sua presença em Cuba com bases e ajuda militar,</p><p>mas, sobretudo, com todo o apoio econômico que, como saberíamos anos</p><p>mais tarde, mantinha o país à tona, embora nos deixasse em dívida com os</p><p>irmãos soviéticos – e depois com seus herdeiros russos – por cifras que</p><p>chegavam a US$ 32 bilhões. Ou seja, o que era oferecido em nome da</p><p>solidariedade socialista tinha um preço definido.</p><p>PADURA, L. Cuba e os russos. Folha de São Paulo, 19 jul. 2014 (adaptado).</p><p>O texto indica que durante a Guerra Fria as relações internas em um</p><p>mesmo bloco foram marcadas pelo(a)</p><p>a) busca da neutralidade política.</p><p>b) estímulo à competição comercial.</p><p>c) subordinação à potência hegemônica.</p><p>d) elasticidade das fronteiras geográficas.</p><p>e) compartilhamento de pesquisas científicas.</p><p>As “relações internas em um mesmo bloco” referem-se às relações entre</p><p>URSS e Cuba (do bloco socialista). Pelo texto, fica claro que Cuba recebia apoio</p><p>soviético em troca de alguns muitos bilhões de dólares. Não era uma relação de</p><p>solidariedade, mas de poder. Cuba, apesar de receber apoio soviético, estava</p><p>subordinada economicamente à URSAL URSS.</p><p>Havia essa subordinação à potência hegemônica. Letra “C”.</p><p>QUESTÃO 56</p><p>Anamorfose é a transformação cartográfica espacial em que a forma dos</p><p>objetos é distorcida, de forma a realçar o tema. A área das unidades</p><p>espaciais às quais o tema se refere é alterada de forma proporcional ao</p><p>respectivo valor.</p><p>GASPAR, A. J. Dicionário de ciências cartográficas. Lisboa: Lidei, 2004</p><p>A técnica descrita foi aplicada na seguinte forma de representação do</p><p>espaço:</p><p>O importante na anamorfose é que os tamanhos são alterados de maneira</p><p>proporcional a um tema. E só em “C” temos isso: países representados em áreas</p><p>desproporcionais (e fica claro que são desproporcionais porque o Canadá está</p><p>minúsculo em relação aos EUA) para ilustrar alguma coisa. Talvez o PIB, PIB</p><p>per capita... não importa. Só precisava entender que as áreas estão</p><p>desproporcionais e partir pro abraço.</p><p>QUESTÃO 57</p><p>A poetisa Emília Freitas subiu a um palanque, nervosa, pedindo</p><p>desculpas por não possuir títulos nem conhecimentos, mas orgulhosa</p><p>ofereceu a sua pena que “sem ser hábil, é, em compensação, guiada pelo</p><p>poder da vontade”. Maria Tomásia pronunciava orações que levantavam os</p><p>ouvintes. A escritora Francisca Clotilde arrebatava, declamando seus</p><p>poemas. Aquelas</p><p>“angélicas senhoras”, “heroínas da caridade”, levantavam dinheiro para</p><p>comprar liberdades e usavam de seu entusiasmo a fim de convencer os</p><p>donos de escravos a fazerem alforrias gratuitamente.</p><p>MIRANDA, A. Disponível em: www.opovoonline.com.br. Acesso em: 10 jun. 2015</p><p>As práticas culturais narradas remetem, historicamente, ao movimento</p><p>a) feminista.</p><p>b) sufragista.</p><p>c) socialista.</p><p>d) republicano.</p><p>e) abolicionista.</p><p>Perceba como o ENEM é jocoooooso: ele fala de duas mulheres</p><p>empoderadas declamando alto para o povo. A primeira ideia</p><p>que passa na cabeça</p><p>de muitos é “mulheres fortes = feminismo”. Mas a resposta está na última linha:</p><p>elas estavam lutando para conferir alforrias aos escravos. Estamos falando do</p><p>movimento abolicionista. Letra “E”.</p><p>QUESTÃO 58</p><p>A democracia que eles pretendem é a democracia dos privilégios, a</p><p>democracia da intolerância e do ódio. A democracia que eles querem é para</p><p>liquidar com a Petrobras, é a democracia dos monopólios, nacionais e</p><p>internacionais, a democracia que pudesse lutar contra o povo. Ainda ontem</p><p>eu afirmava que a democracia jamais poderia ser ameaçada pelo povo,</p><p>quando o povo livremente vem para as praças – as praças que são do povo.</p><p>Para as ruas – que são do povo.</p><p>Disponível em: www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/discurso-de-joao-goulart-nocomicio-da-central. Acesso em:</p><p>29 out. 2015</p><p>Em um momento de radicalização política, a retórica no discurso do</p><p>presidente João Goulart, proferido no comício da Central do Brasil,</p><p>buscava justificar a necessidade de</p><p>a) conter a abertura econômica para conseguir a adesão das elite.</p><p>b) impedir a ingerência externa para garantir a conservação de direitos.</p><p>c) regulamentar os meios de comunicação para coibir os partidos de</p><p>oposição.</p><p>d) aprovar os projetos reformistas para atender a mobilização de</p><p>setores trabalhistas.</p><p>e) incrementar o processo de desestatização para diminuir a pressão da</p><p>opinião pública.</p><p>No Comício da Central do Brasil, umas 200 mil pessoas estavam reunidas</p><p>para ouvir as palavras do presidente. Com esse discurso, João Goulart tinha por</p><p>objetivo atacar as ideias da oposição e de certa forma despertar o medo da</p><p>população: “se as reformas que eu pretendo fazer não forem aprovadas... se a</p><p>oposição vencer... vocês vão perder direitos, vão viver tempos de ódio e</p><p>intolerância”. E isso para estimular o povo a pressionar o Estado para que João</p><p>Goulart pudesse aprovar as reformas de base no Congresso (bancária, fiscal,</p><p>urbana, administrativa, agrária e universitária). Ou seja, letra “D”.</p><p>PS: escrevi e reescrevi esse texto umas 20 vezes para ser o mais imparcial</p><p>possível. Espero que tenha conseguido.</p><p>QUESTÃO 59</p><p>A rebelião luso-brasileira em Pernambuco começou a ser urdida em</p><p>1644 e explodiu em 13 de junho de 1645, dia de Santo Antônio. Uma das</p><p>primeiras medidas de João Fernandes foi decretar nulas as dívidas que os</p><p>rebeldes tinham com os holandeses. Houve grande adesão da “nobreza da</p><p>terra”, entusiasmada com esta proclamação heroica.</p><p>VAINFAS, R. Guerra declarada e paz fingida na restauração portuguesa. Tempo, n. 27, 2009.</p><p>O desencadeamento dessa revolta na América portuguesa seiscentista foi</p><p>o resultado do(a)</p><p>a) fraqueza bélica dos protestantes batavos.</p><p>b) comércio transatlântico da África ocidental.</p><p>c) auxílio financeiro dos negociantes flamengos.</p><p>d) diplomacia internacional dos Estados ibéricos.</p><p>e) interesse econômico dos senhores de engenho.</p><p>Raciocínio lógico entrou firme nessa questão, porque no dia da prova eu não</p><p>fazia ideia da resposta. Mas enfim: se o resultado da rebelião foi decretar nulas</p><p>as dívidas dos rebeldes, é muito provável que o objetivo inicial da revolta era</p><p>econômico. E quem tem interesses econômicos: escravos ou senhores de</p><p>engenho? Senhores de engenho, claro.</p><p>Logo, muito provável que a resposta seja “E”. E é mesmo. Yay.</p><p>O contexto da rebelião foram as enormes dívidas contraídas com a Holanda,</p><p>principalmente no decorrer da administração de Maurício de Nassau. Sugiro dar</p><p>uma lida no assunto para aprofundar.</p><p>QUESTÃO 60</p><p>Em Beirute, no Líbano, quando perguntado sobre onde se encontram os</p><p>refugiados sírios, a resposta do homem é imediata: “em todos os lugares e</p><p>em lugar nenhum”. Andando ao acaso, não é raro ver, sob um prédio ou</p><p>num canto de calçada, ao abrigo do vento, uma família refugiada em volta</p><p>de uma refeição frugal posta sobre jornais como se fossem guardanapos.</p><p>Também se vê de vez em quando uma tenda com a sigla ACNUR (Alto</p><p>Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), erguida em um dos</p><p>raros terrenos vagos da capital.</p><p>JABER, H. Quem realmente acolhe os refugiados? Le Monde Diplomatique Brasil, out. 2015 (adaptado)</p><p>O cenário descrito aponta para uma crise humanitária que é explicada</p><p>pelo processo de</p><p>a) migração massiva de pessoas atingidas por catástrofe natural.</p><p>b) hibridização cultural de grupos caracterizados por homogeneidade</p><p>social.</p><p>c) desmobilização voluntária de militantes cooptados por seitas</p><p>extremistas.</p><p>d) peregrinação religiosa de fiéis orientados por lideranças</p><p>fundamentalistas.</p><p>e) desterritorialização forçada de populações afetadas por conflitos</p><p>armados.</p><p>Questão de atualidades. A Síria está passando por uma série de conflitos</p><p>armados que obrigam muitas pessoas a fugirem de suas casas e se refugiarem em</p><p>países vizinhos. Há uma migração massiva de pessoas, mas não por catástrofes</p><p>naturais como diz a “A” (não nesse caso, pelo menos). O que está ocorrendo é a</p><p>desterritorialização forçada (não voluntária) devido à guerra civil na Síria.</p><p>Resposta: “E”.</p><p>QUESTÃO 61</p><p>TEXTO I</p><p>Programa do Partido Social Democrático (PSD)</p><p>Capitais estrangeiros</p><p>É indispensável manter clima propício à entrada de capitais</p><p>estrangeiros. A manutenção desse clima recomenda a adoção de normas</p><p>disciplinadoras dos investimentos e suas rendas, visando reter no país a</p><p>maior parcela possível dos lucros auferidos.</p><p>TEXTO II</p><p>Programa da União Democrática Nacional (UDN)</p><p>O capital</p><p>Apelar para o capital estrangeiro, necessário para os empreendimentos</p><p>da reconstrução nacional e, sobretudo, para o aproveitamento das nossas</p><p>reservas inexploradas, dando-lhe um tratamento equitativo e liberdade</p><p>para a saída dos juros.</p><p>CHACON, V. História dos partidos brasileiros: discurso e práxis dos seus programas. Brasília: UnB, 1981 (adaptado)</p><p>Considerando as décadas de 1950 e 1960 no Brasil, os trechos dos</p><p>programas do PSD e UDN convergiam na defesa da</p><p>a) autonomia de atuação das multinacionais.</p><p>b) descentralização da cobrança tributária.</p><p>c) flexibilização das reservas cambiais.</p><p>d) liberdade de remessa de ganhos.</p><p>e) captação de recursos do exterior.</p><p>Por mais que seja questão “de conteúdo”, dá para matar com interpretação:</p><p>os dois textos falam da entrada de capital estrangeiro. Em outras palavras,</p><p>defendem a captação (entrada) de recursos (capital) do exterior (estrangeiro).</p><p>Letra “E”.</p><p>QUESTÃO 62</p><p>A situação demográfica de Israel é muito particular. Desde 1967, a</p><p>esquerda sionista afirma que Israel deveria se desfazer rapidamente da</p><p>Cisjordânia e da Faixa de Gaza, argumentando a partir de uma lógica</p><p>demográfica aparentemente inexorável. Devido à taxa de nascimento árabe</p><p>ser muito mais elevada, a anexação dos territórios palestinos, formal ou</p><p>informal, acarretaria dentro de uma ou duas gerações uma maioria árabe</p><p>"entre o rio e o mar".</p><p>DEMANT, P. Israel: a crise próxima. História, n. 2. jul.-dez. 2014.</p><p>A preocupação apresentada no texto revela um aspecto da condução</p><p>política desse Estado identificado ao(à)</p><p>a) abdicação da interferência militar em conflito local.</p><p>b) busca da preeminência étnica sobre o espaço nacional.</p><p>c) admissão da participação proativa em blocos regionais.</p><p>d) rompimento com os interesses geopolíticos das potências globais.</p><p>e) compromisso com as resoluções emanadas dos organismos</p><p>internacionais.</p><p>Sempre cai questão de Palestina/Israel no ENEM. E em 2018 não foi</p><p>diferente. Para responder, era necessário um conhecimento básico sobre a</p><p>disputa, mas o ponto chave aqui é que estão nascendo muitos árabes na região.</p><p>Pelo texto, depreende-se que isso é um “problema” para os israelenses (ideia</p><p>corroborada pelo enunciado, que diz que isso é</p><p>uma “preocupação” do Estado).</p><p>Para os israelenses, portanto, é importante que a nação tenha um número maior</p><p>de israelenses que árabes. Ou seja: eles buscam a preeminência étnica (judia)</p><p>sobre o espaço nacional. Letra “B”.</p><p>Questão 90% de interpretação de texto.</p><p>QUESTÃO 63</p><p>Qual característica do meio físico é condição necessária para a</p><p>distribuição espacial do fenômeno representado?</p><p>a) Cobertura vegetal com porte arbóreo.</p><p>b) Barreiras orográficas com altitudes elevadas.</p><p>c) Pressão atmosférica com diferença acentuada.</p><p>d) Superfície continental com refletividade intensa.</p><p>e) Correntes marinhas com direções convergentes.</p><p>Bom... para início de conversa, o que são essas linhas brancas rabiscadas? Se</p><p>elas passam tanto por terra quanto por mar, não podem ser correntes marítimas.</p><p>Só podem ser correntes de ar (e o título “ciclones” comprova isso).</p><p>Correntes de ar não são influenciadas por cobertura vegetal (“A”). E mais: se</p><p>o fenômeno parece ocorrer em padrões bem distribuídos por todas as longitudes,</p><p>tanto em terra quanto em mar, não faz sentido que haja interferência de barreiras</p><p>orográficas (“B”) ou da superfície continental (“D”). Se fosse por causa de um</p><p>desses, aconteceriam em pontos isolados ou de maneira muito menos</p><p>padronizada.</p><p>Só nos resta a resposta certa: “C”.</p><p>Ciclones se formam devido à diferença de pressão atmosférica: os ventos se</p><p>concentram em zonas de baixa pressão, que “sugam” o ar das zonas de alta</p><p>pressão.</p><p>QUESTÃO 64</p><p>Outra importante manifestação das crenças e tradições africanas na</p><p>Colônia eram os objetos conhecidos como “bolsas de mandinga”. A</p><p>insegurança tanto física como espiritual gerava uma necessidade</p><p>generalizada de proteção: das catástrofes da natureza, das doenças, da má</p><p>sorte, da violência dos núcleos</p><p>urbanos, dos roubos, das brigas, dos malefícios de feiticeiros etc. Também</p><p>para trazer sorte, dinheiro e até atrair mulheres, o costume era corrente nas</p><p>primeiras décadas do século XVIII, envolvendo não apenas escravos, mas</p><p>também homens brancos.</p><p>CALAINHO, D. B. Feitiços e feiticeiros. In: FIGUEIREDO, L. História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa</p><p>da Palavra, 2013 (adaptado).</p><p>A prática histórico-cultural de matriz africana descrita no texto</p><p>representava um(a)</p><p>a) expressão do valor das festividades da população pobre.</p><p>b) ferramenta para submeter os cativos ao trabalho forçado.</p><p>c) estratégia de subversão do poder da monarquia portuguesa.</p><p>d) elemento de conversão dos escravos ao catolicismo romano.</p><p>e) instrumento para minimizar o sentimento de desamparo social.</p><p>Questão puramente de interpretação de texto, como muitas de Humanas. É</p><p>claro que seria interessante estudar esses movimentos culturais, mas é</p><p>impossível prever exatamente quais vão cair no ENEM. Ao invés disso, é bem</p><p>melhor praticar a interpretação para bater o olho e já encontrar uma relação entre</p><p>“insegurança física e espiritual” e “desamparo social”.</p><p>Quem usava a bolsa de mandinga tinha por objetivo suprir a insegurança</p><p>física e espiritual imposta por uma situação de desamparo social. Letra “E”.</p><p>QUESTÃO 65</p><p>Os portos sempre foram respostas ao comércio praticado em grande</p><p>volume, que se dá via marítima, lacustre e fluvial, e sofreram adaptações, ou</p><p>modernizações, de acordo com um conjunto de fatores que vão desde a sua</p><p>localização privilegiada frente a extensas hinterlândias, passando por sua</p><p>conectividade com modernas redes de transportes que garantam</p><p>acessibilidade, associados, no atual momento, à tecnologia, que os</p><p>transformam em pontas de lança de uma economia globalizada que</p><p>comprime o tempo em nome da produtividade e da competitividade.</p><p>ROCHA NETO, J. M.; CRAVIDÃO, F. D. Portos no contexto do meio técnico. Mercator, n. 2, maio-ago. 2014 (adaptado)</p><p>Uma mudança que permitiu aos portos adequarem-se às novas</p><p>necessidades comerciais apontadas no texto foi a</p><p>a) intensificação do uso de contêineres.</p><p>b) compactação das áreas de estocagem.</p><p>c) burocratização dos serviços de alfândega.</p><p>d) redução da profundidade dos atracadouros.</p><p>e) superação da especialização dos cargueiros.</p><p>Ok, talvez essa questão não fosse tãaaaaao de interpretação assim. Seria</p><p>necessário entender que a revolução no transporte marítimo se deveu em grande</p><p>parte à dinamização do transporte de cargas. E os contêineres são um método</p><p>rápido e eficiente de transportar cargas. Logo, a intensificação do seu uso foi a</p><p>mudança que permitiu aos portos se adequarem às novas necessidades</p><p>comerciais. Letra “A”.</p><p>Mas, se você não soubesse disso, talvez por eliminação também daria para</p><p>responder:</p><p>“B” não pode ser porque compactar áreas de estocagem tornaria as coisas</p><p>mais difíceis de encontrar;</p><p>“C” não pode ser porque burocratizar é o contrário de dinamizar;</p><p>“D” não pode ser porque não faz o menor sentido;</p><p>“E”... não, também não faz sentido.</p><p>Então só resta “A”. Afinal, se até hoje, no mundo inteiro, usam contêineres</p><p>para transporte de carga nos portos, deve ser porque eles são eficientes, né?</p><p>Logo, para dinamizar a logística das coisas, faz sentido intensificar seu uso.</p><p>QUESTÃO 66</p><p>O século XVIII é, por diversas razões, um século diferenciado. Razão e</p><p>experimentação se aliavam no que se acreditava ser o verdadeiro caminho</p><p>para o estabelecimento do conhecimento científico, por tanto tempo</p><p>almejado. O fato, a análise e a indução passavam a ser parceiros</p><p>fundamentais da razão. É ainda no século XVIII que o homem começa a</p><p>tomar consciência de sua situação na história.</p><p>ODALIA, N. In: PINSKY, J.; PINSKY, C. B. História da cidadania. São Paulo: Contexto, 2003.</p><p>No ambiente cultural do Antigo Regime, a discussão filosófica</p><p>mencionada no texto tinha como uma de suas características a</p><p>a) aproximação entre inovação e saberes antigos.</p><p>b) conciliação entre revelação e metafísica platônica.</p><p>c) vinculação entre escolástica e práticas de pesquisa.</p><p>d) separação entre teologia e fundamentalismo religioso.</p><p>e) contraposição entre clericalismo e liberdade de pensamento.</p><p>Questão sobre aquilo que eu falei bem no início do e-book: o apogeu da</p><p>razão.</p><p>O século XVIII marcou o período do Iluminismo, em que houve a maior</p><p>ruptura entre mythos e logos. As explicações divinas já não valiam mais para os</p><p>empiristas e racionalistas. Eles queriam razão, experimentação, razão,</p><p>experimentação. Queriam liberdade de pensamento, não que a Igreja</p><p>(clericalismo) dissesse o que era verdade e o que não era. Resposta: letra “E”.</p><p>Admita que quando você leu a minha historinha sobre Galileu achou que era</p><p>inútil. Agora viu a importância de ter uns repertórios esquisitos? Eles te ajudam</p><p>a resolver as questões.</p><p>(Mas vou confessar que mesmo com o repertório eu errei essa questão... foi</p><p>uma das que eu tinha o conteúdo na ponta da língua, mas errei porque esqueci de</p><p>fazer algumas pausas para arejar o cérebro. Bem... vivendo e aprendendo. Faça</p><p>pausas para evitar errar besteira).</p><p>QUESTÃO 67</p><p>A dinâmica hidrológica expressa no gráfico demonstra que o processo de</p><p>urbanização promove a</p><p>a) redução do volume dos rios.</p><p>b) expansão do lençol freático.</p><p>c) diminuição do índice de chuvas.</p><p>d) retração do nível dos reservatórios.</p><p>e) ampliação do escoamento superficial.</p><p>Questão de interpretação de gráficos. Poderia ter caído na prova de</p><p>Matemática. Nós temos que olhar a diferença entre a linha tracejada e a linha</p><p>contínua, porque a pergunta é justamente o que acontece nas áreas urbanizadas</p><p>(em comparação com as áreas não urbanizadas). E o que acontece é que a linha</p><p>contínua (urbanizada) está mais “espremida”, ou seja: a vazão ocorre em menos</p><p>tempo (12 horas ao invés de 15). A água escoa (é essa a definição de vazão)</p><p>mais rápido. Logo, resposta: “E”.</p><p>QUESTÃO 68</p><p>O encontro entre o Velho e o Novo</p><p>Mundo, que a descoberta de</p><p>Colombo tornou possível, é de um tipo muito particular: é uma guerra – ou</p><p>a Conquista -, como se dizia então. E um mistério continua: o resultado do</p><p>combate. Por que a vitória fulgurante, se os habitantes da América eram tão</p><p>superiores em número aos adversários e lutaram no próprio solo? Se nos</p><p>limitarmos à conquista do México – a mais espetacular, já que a civilização</p><p>mexicana é a mais brilhante do mundo pré-colombiano – como explicar que</p><p>Cortez, liderando centenas de homens, tenha conseguido tomar o reino de</p><p>Montezuma, que dispunha de centenas de milhares de guerreiros?</p><p>TODOROV, T. A conquista da América. São Paulo: Martins Fontes, 1991 (adaptado)</p><p>No contexto da conquista, conforme análise apresentada no texto, uma</p><p>estratégia para superar as disparidades levantadas foi</p><p>a) implantar as missões cristãs entre as comunidades submetidas.</p><p>b) utilizar a superioridade física dos mercenários africanos.</p><p>c) explorar as rivalidades existentes entre os povos nativos.</p><p>d) introduzir vetores para a disseminação de doenças epidêmicas.</p><p>e) comprar terras para o enfraquecimento das teocracias autóctones.</p><p>Essa questão foi de conteúdo mesmo. E eu agradeço ao Walter do “Se Liga</p><p>Nessa História” pelo aulão de História gratuito no YouTube:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=z0vcs1-bWMU</p><p>Na hora de falar da dominação europeia em território americano, o Walter</p><p>contou a história de colonizadores entregando um machado aos nativos, e a</p><p>conclusão dos nativos foi: “caramba, eu posso arrebentar uma cabeça com isso.</p><p>Vou arrebentar a cabeça dos meus rivais”.</p><p>(Adoro o Walter.)</p><p>E foi isso mesmo: estimulando as rivalidades locais (porque as diferentes</p><p>tribos eram tudo, menos amigas), os europeus se fizeram de bonzinhos, ajudando</p><p>os dois lados da disputa, e fizeram os nativos se matarem entre si por um tempo.</p><p>O resultado foi a redução drástica do número de nativos, e aí foi fácil para os</p><p>europeus darem o Fatality e dominarem a p**** toda. Letra “C”.</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=z0vcs1-bWMU</p><p>QUESTÃO 69</p><p>São Paulo, 10 de janeiro de 1979.</p><p>Exmo. Sr. Presidente Ernesto Geisel.</p><p>Considerando as instruções dadas por V. S. de que sejam negados os</p><p>passaportes aos senhores Francisco Julião, Miguel Arraes, Leonel Brizola,</p><p>Luis Prestes, Paulo Schilling, Gregório Bezerra, Márcio Moreira Alves e</p><p>Paulo Freire.</p><p>Considerando que, desde que nasci, me identifico plenamente com a</p><p>pele, a cor dos cabelos, a cultura, o sorriso, as aspirações, a história e o</p><p>sangue destes oito senhores. Considerando tudo isto, por imperativo de</p><p>minha consciência, venho por meio desta devolver o passaporte que, negado</p><p>a eles, me foi concedido pelos órgãos competentes de seu governo.</p><p>Carta do cartunista Henrique de Souza Fiiho, conhecido como Henfíi. In: HENFIL. Cartas da mãe. Rio de Janeiro:</p><p>Codecri, 1981 (adaptado).</p><p>No referido contexto histórico, a manifestação do cartunista Henfil</p><p>expressava uma crítica ao(à)</p><p>a) censura moral das produções culturais.</p><p>b) limite do processo de distensão política.</p><p>c) interferência militar de países estrangeiros.</p><p>d) representação social das agremiações partidárias.</p><p>e) impedimento de eleição das assembleias estaduais.</p><p>Para responder essa, seria necessário saber o que foi o processo de distensão</p><p>política do governo Geisel. Muito difícil responder por interpretação, e, como</p><p>não são tantas pessoas que conhecem esse conteúdo, acho que foi uma das</p><p>questões mais difíceis da prova.</p><p>Eu mesmo não fazia a mínima ideia.</p><p>Segundo o educação.uol.com.br, o processo de distensão política previa a</p><p>adoção de um conjunto de medidas liberalizantes de retorno à democracia por</p><p>um processo gradual e seguro, que no entanto ainda foi marcada por uma série</p><p>de medidas restritivas e autoritárias, como a negação dos passaportes a algumas</p><p>pessoas.</p><p>A crítica do cartunista é justamente a isso: por que alguns podiam e outros,</p><p>não? Quais eram os limites desse processo? O que definia que um podia tirar o</p><p>passaporte e outro, não?</p><p>Resposta: “B”.</p><p>QUESTÃO 70</p><p>A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social</p><p>acarretou, no modo de definir toda realização humana, uma evidente</p><p>degradação do ser para o ter. A fase atual, em que a vida social está</p><p>totalmente tomada pelos resultados da economia, leva a um deslizamento</p><p>generalizado do ter para o parecer, do qual todo ter efetivo deve extrair seu</p><p>prestígio imediato e sua função última. Ao mesmo tempo, toda realidade</p><p>individual tornou-se social, diretamente dependente da força social,</p><p>moldada por ela.</p><p>DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2015.</p><p>Uma manifestação contemporânea do fenômeno descrito no texto é o(a)</p><p>a) valorização dos conhecimentos acumulados.</p><p>b) exposição nos meios de comunicação.</p><p>c) aprofundamento da vivência espiritual.</p><p>d) fortalecimento das relações interpessoais.</p><p>e) reconhecimento na esfera artística.</p><p>Para compensar uma questão dificílima, a 70 até que foi fácil. Era questão de</p><p>interpretar. E hoje em dia esse tema é tão comum que a interpretação já matava:</p><p>valorizamos muito a aparência em detrimento do real, principalmente nas redes</p><p>sociais. Aquelas fotos maravilhosas que eu postei no Instagram são tudo fake.</p><p>Eu precisei tirar 500 para uma ficar boa.</p><p>A propósito, me sigam no Instagram:</p><p>@assimcontououmberto</p><p>Ou seja, uma manifestação do fenômeno “parecer>ter” é a exposição nas</p><p>redes sociais (meios de comunicação). Letra “B”.</p><p>Recomendo o livro “Sociedade do Espetáculo”, de Guy Debord, sobre esse</p><p>tema (acabei de perceber que é esse o texto-base kkkk). E o “Simulacros e</p><p>Simulações”, de Baudrillard, sobre o surgimento de uma “alegoria da caverna</p><p>contemporânea”, uma mentira conveniente a que nós gostamos de nos apegar.</p><p>QUESTÃO 71</p><p>Os seus líderes terminaram presos e assassinados. A “marujada”</p><p>rebelde foi inteiramente expulsa da esquadra. Num sentido histórico,</p><p>porém, eles foram vitoriosos. A “chibata” e outros castigos físicos</p><p>infamantes nunca mais foram oficialmente utilizados; a partir de então, os</p><p>marinheiros – agora respeitados – teriam suas condições de vida</p><p>melhoradas significativamente. Sem dúvida fizeram avançar a História.</p><p>MAESTRI, M. 1910: a revolta dos marinheiros-um a saga negra. São Paulo: Global, 1982.</p><p>A eclosão desse conflito foi resultado da tensão acumulada na Marinha</p><p>do Brasil pelo(a)</p><p>a) engajamento de civis analfabetos após a emergência de guerras</p><p>externas.</p><p>b) insatisfação de militares positivistas após a consolidação da política</p><p>dos governadores.</p><p>c) rebaixamento de comandantes veteranos após a repressão a</p><p>insurreições milenaristas.</p><p>d) sublevação das classes populares do campo após a instituição do</p><p>alistamento obrigatório.</p><p>e) manutenção da mentalidade escravocrata da oficialidade após a</p><p>queda do regime imperial.</p><p>Essa foi uma questão de conteúdo mesmo. Por interpretação seria</p><p>impossível. A revolta da chibata decorreu da insatisfação com os castigos</p><p>físicos sofridos pelos marinheiros de baixa patente. E esses marinheiros eram,</p><p>em sua maioria, negros ou mulatos descendentes de escravos. Então essa</p><p>revolta não foi só por causa dos castigos físicos. Os castigos físicos eram a ponta</p><p>do iceberg de um fenômeno muito mais profundo. O que estava por trás desses</p><p>castigos era a manutenção da mentalidade escravocrata dos oficiais que</p><p>castigavam os marinheiros, mesmo após a abolição. Os oficiais usavam-se de</p><p>sua patente mais alta para legitimar os castigos aos descendentes de escravos, a</p><p>quem julgavam inferiores. Resposta: “E”.</p><p>QUESTÃO 72</p><p>Uma pesquisa realizada por Carolina Levis, especialista em ecologia do</p><p>Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, e</p><p>publicada na revista</p><p>Science, demonstra que as espécies vegetais domesticadas pelas civilizações</p><p>pré-colombianas são as mais dominantes. “A domesticação de plantas na</p><p>floresta começou há mais de 8 000 anos. Primeiro eram selecionadas as</p><p>plantas com características que poderiam ser úteis ao homem e em um</p><p>segundo momento era feita a propagação dessas espécies. Começaram a</p><p>cultivá-las em pátios e jardins, por meio de um processo quase intuitivo de</p><p>seleção”.</p><p>OLIVEIRA, J. Indígenas foram os primeiros a alterar o ecossistema da Amazônia. Disponível em:</p><p>https://brasil.elpais.com. Acesso em: 11 dez. 2017 (adaptado).</p><p>O texto apresenta um novo olhar sobre a configuração da Floresta</p><p>Amazônica por romper com a ideia de</p><p>a) primazia de saberes locais.</p><p>b) ausência de ação antrópica.</p><p>c) insuficiência de recursos naturais.</p><p>d) necessidade de manejo ambiental.</p><p>e) predominância de práticas agropecuárias.</p><p>A pergunta é: o texto rompe com a ideia de quê? Ou seja: agora que lemos</p><p>o enunciado, sabemos que o texto vai refutar alguma ideia preconcebida. Agora</p><p>podemos ler o texto já direcionados para a resposta.</p><p>O trecho diz que na Amazônia predominam espécies de plantas cultivadas</p><p>pelas civilizações pré-colombianas. Opa, mas então quer dizer que a floresta não</p><p>surgiu do nada? É isso mesmo: teve ação humana nessa história.</p><p>O texto rompe com a ideia (que muitos ainda podiam ter) de que a floresta</p><p>amazônica é 100% natural, sem ação antrópica. A pesquisa comprova que não é</p><p>bem assim. Logo, resposta: “B”.</p><p>QUESTÃO 73</p><p>TEXTO I</p><p>Quando um exército atravessa montanhas, florestas, zonas de</p><p>precipícios, ou marcha ao longo de desfiladeiros, alagadiços ou pântanos, ou</p><p>qualquer outro terreno onde a deslocação é árdua, está em terreno difícil. O</p><p>terreno onde é apertado e a sua saída é tortuosa e onde uma pequena força</p><p>inimiga pode atacar a minha, embora maior, é cercado.</p><p>TZU, S. A arte da guerra. São Paulo: Martin Claret, 2001</p><p>TEXTO II</p><p>O objetivo principal era encontrar e matar Osama Bin Laden. Onde ele</p><p>se esconde? Não podemos esquecer a dificuldade de ocupação do país, que</p><p>possui um relevo montanhoso, cheio de cavernas, onde fica fácil, para quem</p><p>está acostumado com esse relevo, esconder-se.</p><p>OLIVEIRA, M. G.; SANTOS, M. S. Ásia: uma visão histórica, política e econômica do continente. Rio de Janeiro: E-</p><p>Papers, 2009 (adaptado).</p><p>As situações apresentadas atestam a importância da relação entre a</p><p>topografia e o(a)</p><p>a) construção de vias terrestres.</p><p>b) preservação do meio ambiente.</p><p>c) preservação do meio ambiente.</p><p>d) intimidação contínua da população local.</p><p>e) domínio cognitivo da configuração espacial.</p><p>Mesma situação da 54: pelo enunciado, dá para inferir que os dois textos</p><p>falam a mesma coisa: a relação entre topografia e ____. E esse “____” é o que o</p><p>enunciado pede. Você até poderia ler os dois textos para ter certeza de que é isso</p><p>mesmo, mas seria perda de tempo.</p><p>Os dois relacionam topografia com táticas estratégicas de guerra. Ou seja:</p><p>conhecer o terreno é o que pode determinar a vitória ou a derrota. Logo, a</p><p>relação é entre topografia e o domínio cognitivo da configuração espacial. Letra</p><p>“E”. Foi uma questão de interpretação de texto.</p><p>QUESTÃO 74</p><p>Essa imagem foi impressa em cartilha escolar durante a vigência do</p><p>Estado Novo com o intuito de</p><p>a) destacar a sabedoria inata do líder governamental.</p><p>b) atender a necessidade familiar de obediência infantil.</p><p>c) promover o desenvolvimento consistente das atitudes solidárias.</p><p>d) conquistar a aprovação política por meio do apelo carismático.</p><p>e) estimular o interesse acadêmico por meio de exercícios intelectuais.</p><p>Era Vargas também é um dos assuntos que mais caem no ENEM. Nunca é</p><p>demais revisar.</p><p>Durante o Estado Novo, Vargas trabalhou e muito a sua imagem pública.</p><p>Criou o DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda, que monitorava (e</p><p>manipulava) os meios de comunicação para garantir que a figura do presidente</p><p>era sempre o mais positiva possível. Foi essencialmente uma estratégia</p><p>populista para ficar bem com o povo e conquistar aprovação política por</p><p>meio do apelo carismático. Afinal, quem não confiaria num cara que sorri para</p><p>essa coisinha fofa?</p><p>Letra “D”.</p><p>QUESTÃO 75</p><p>Os países industriais adotaram uma concepção diferente das relações</p><p>familiares e do lugar da fecundidade na vida familiar e social. A</p><p>preocupação de garantir uma transmissão integral das vantagens</p><p>econômicas e sociais adquiridas tem como resultado uma ação voluntária de</p><p>limitação do número de nascimentos.</p><p>GEORGE, P Panorama do mundo atual. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1968 (adaptado).</p><p>Em meados do século XX, o fenômeno social descrito contribuiu para o</p><p>processo europeu de</p><p>a) estabilização da pirâmide etária.</p><p>b) conclusão da transição demográfica.</p><p>c) contenção da entrada de imigrantes.</p><p>d) elevação do crescimento vegetativo.</p><p>e) formação de espaços superpovoados.</p><p>Já deu para ver que o ENEM quer ganhar de você no cansaço, não é? Ele te</p><p>dá uns textos gigantescos para embaralhar a sua cabeça, sendo que o que ele</p><p>realmente quer está na última linha: limitação do número de nascimentos. Em</p><p>outras palavras: queda na taxa de natalidade.</p><p>Mas a questão não era tão fácil assim, porque precisava saber do conceito de</p><p>transição demográfica. É uma teoria que defende que todos os países vão</p><p>passar por uma série de estágios até alcançar a estabilização da população. E um</p><p>dos fatores para essa estabilização é a queda na taxa de natalidade. Resposta:</p><p>Letra “B”.</p><p>QUESTÃO 76</p><p>Código Penal dos Estados Unidos do Brasil, 1890</p><p>Dos crimes contra a saúde pública</p><p>Art. 156. Exercer a medicina em qualquer dos seus ramos, a arte</p><p>dentária ou a farmácia; praticar a homeopatia, a dosimetria, o hipnotismo</p><p>ou magnetismo animal, sem estar habilitado segundo as leis e regulamentos.</p><p>Art. 158. Ministrar, ou simplesmente prescrever, como meio curativo para</p><p>uso interno ou externo, e sob qualquer forma preparada, substância de</p><p>qualquer dos reinos da natureza, fazendo, ou exercendo assim, o ofício</p><p>denominado curandeiro</p><p>Disponível em: http://legis.senado.gov.br. Acesso em: 21 dez. 2014 (adaptado).</p><p>No início da Primeira República, a legislação penal vigente evidenciava</p><p>o(a)</p><p>a) negligência das religiões cristãs sobre as moléstias.</p><p>b) desconhecimento das origens das crenças tradicionais.</p><p>c) preferência da população pelos tratamentos alopáticos.</p><p>d) abandono pela comunidade das práticas terapêuticas de magia.</p><p>e) condenação pela ciência dos conhecimentos populares de cura.</p><p>Questão sobre Primeiro Reinado, mas que sinceramente dava para fazer por</p><p>interpretação de texto. Se as leis estão condenando as medicinas alternativas, é</p><p>natural supor que era um período de ascensão da medicina tradicional</p><p>(fundamentada na ciência). Essas medicinas alternativas eram baseadas em</p><p>conhecimentos populares de cura, sem comprovação científica, e a ciência</p><p>condenava isso (ainda condena). Logo, essa legislação penal evidenciava</p><p>justamente essa postura da ciência frente às terapias alternativas. Letra “E”.</p><p>A letra “C” diz que a população preferia tratamentos alopáticos, mas não dá para</p><p>supor isso pelo texto.</p><p>QUESTÃO 77</p><p>A presunção de que a superfície das chapadas e chapadões representa</p><p>uma velha peneplanície é corroborada pelo fato de que ela é coberta por</p><p>acumulações superficiais, tais como massas de areia, camadas de cascalhos e</p><p>seixos e pela ocorrência generalizada de concreções ferruginosas que</p><p>formam uma crosta laterítica, denominada “canga”.</p><p>WEIBEL, L. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br. Acesso em: 8jul. 2015 (adaptado).</p><p>Qual tipo climático favorece o processo de alteração do solo descrito no</p><p>texto?</p><p>a) Árido, com déficit hídrico</p><p>b) Subtropical,</p><p>Uma curiosidade legal (ao menos eu acho legal): um dos primeiros escritores</p><p>a criticar esse estilo “truncado” foi Ernest Hemingway (1899 – 1961). Por ser</p><p>jornalista, ele prezava pela concisão e pela ordem direta na hora de escrever seus</p><p>textos. Seu estilo de escrita ficou conhecido como “Teoria do Iceberg”, e</p><p>consistia basicamente na ideia de suprimir informações desnecessárias. Em</p><p>resumo: ele defendeu o minimalismo antes de o minimalismo ser legal.</p><p>Abaixo segue uma lista de autores e livros que eu recomendo para treinar a</p><p>interpretação de texto. Caso tenham interesse, a Amazon me paga uma comissão</p><p>se comprarem pelo meu link.</p><p>“Umberto, eu já comprei o seu e-book... e agora você quer que eu te dê mais</p><p>dinheiro?!”</p><p>E assim... o preço dos livros vai ser o mesmo, pelo link ou não. A não ser que</p><p>você realmente faça questão de não me dar nem um centavo a mais, aí você pode</p><p>procurar diretamente no site deles. Mas fica a seu critério :)</p><p>Livros para melhorar a interpretação de</p><p>texto</p><p>► https://amzn.to/2Rt7Gxx Vestígios do Dia, de Kazuo Ishiguro (1989).</p><p>Coloco esse primeiro porque, apesar de ser “recente”, é um livro tão bom para</p><p>treinar interpretação que não poderia deixar de fora. Ishiguro foi o vencedor do</p><p>prêmio Nobel de 2017, a propósito. O livro é narrado por um mordomo, então o</p><p>estilo de escrita é bastante formal, mas a tradução da Companhia das Letras foi</p><p>tão boa que mesmo frases gigantes (com aquele monte de “camadas” que eu</p><p>falei) se tornam incrivelmente fluidas e fáceis de entender. A história também é</p><p>muito boa, com destaque para os momentos em que o mordomo britânico tenta</p><p>contar umas piadas para fazer o patrão americano rir (e falhando</p><p>miseravelmente).</p><p>► https://amzn.to/2SunjlF Cem Anos de Solidão, de Gabriel García</p><p>Márquez (1967). Mais um ganhador do Nobel, minha gente! Este aqui também</p><p>é um livro relativamente “recente” comparado com os outros, mas é muito</p><p>divertido e com frases suficientemente grandes para não ser uma leitura fácil</p><p>demais.</p><p>► https://amzn.to/2VoG4IV Crime e Castigo, Fiódor Dostoiévski (1866).</p><p>Já é um estilo de escrita mais denso, mas, sinceramente, não chega a ser</p><p>impossível. É um meio-termo para quem já tem certa experiência de leitura. A</p><p>história dispensa apresentações. É uma das obras-primas do meu autor favorito.</p><p>► https://amzn.to/2SunAFd Os Irmãos Karamázov, de Fiódor</p><p>Dostoiévski (1879). Mais um do Dostoiévski porque ele merece ser exaltado. Se</p><p>Crime e Castigo é “uma das” obras-primas, este é “A” obra-prima.</p><p>► https://amzn.to/2LLnc2k 50 Contos de Machado de Assis. Eu não</p><p>poderia deixar de incluir literatura brasileira, não é mesmo? As pessoas têm</p><p>preconceito com Machado de Assis por acharem que ele escreve difícil, mas eu</p><p>te garanto que não é tão difícil assim. E os contos são um retrato bem legal para</p><p>quem gosta de História, para entender a dinâmica da sociedade naquela época. E,</p><p>por ser um autor do século XIX, o estilo de escrita era de um jeito menos direto.</p><p>Perfeito para treinar interpretação.</p><p>https://amzn.to/2Rt7Gxx</p><p>https://amzn.to/2SunjlF</p><p>https://amzn.to/2VoG4IV</p><p>https://amzn.to/2SunAFd</p><p>https://amzn.to/2LLnc2k</p><p>► https://amzn.to/2CLfGlv A Metamorfose, de Franz Kafka (1915).</p><p>Sempre que falo de interpretação, menciono esse livro. Essa tradução,</p><p>principalmente, procurou focar no estilo tradicional de Kafka, com frases bem</p><p>longas e cheias de “camadas” para você rabiscar bastante o livro.</p><p>► https://amzn.to/2R7Goxy Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago</p><p>(1995). O livro mais recente da lista, mas talvez um dos mais complexos. O</p><p>estilo de Saramago é bem diferente de tudo que você possa imaginar, então vai</p><p>levar um tempo para se acostumar à falta de pontuação e às frases longas. Mas é</p><p>um bom desafio! E a história levanta muitas questões existenciais para te tirar o</p><p>sono à noite.</p><p>► https://amzn.to/2R0CXsd Gaia Ciência, de Friedrich Nietzsche (1882).</p><p>Um livro de Filosofia de vez em quando nunca fez mal! E o estilo de escrita na</p><p>forma de aforismas é bem diferente daquilo a que estamos acostumados. Não sei</p><p>se é do Nietzsche ou se é comum ao estilo alemão num geral, mas a forma de</p><p>narrar não te leva direto ao ponto. É como uma espiral que te faz subir, subir e</p><p>subir até chegar a uma conclusão por conta própria. Neste livro, Nietzsche traz</p><p>reflexões sobre arte, moral, história, política, conhecimento, ilusão, guerras e</p><p>verdade.</p><p>► https://amzn.to/2CKKjaB A Hora da Estrela, de Clarice Lispector</p><p>(1977) Também uma autora mais “recente”, mas com um estilo de escrita</p><p>extremamente fluido. Ler Clarice é como andar sobre as águas de um lago sem</p><p>saber exatamente no que você está pisando. Você entende o que ela quer dizer,</p><p>mas ao mesmo tempo não é capaz de entender como está entendendo algo tão</p><p>subjetivo. Nós acompanhamos uma série de imagens aparentemente sem relação,</p><p>e a nossa mente precisa criar esse amálgama que liga as ideias. Enfim, se nunca</p><p>leu, vale a pena.</p><p>► https://amzn.to/2VqDIt0 Perto do Coração Selvagem, de Clarice</p><p>Lispector. Um livro de contos da Clarice. Bom para ler unzinho ou dois antes de</p><p>dormir.</p><p>Não coloquei nenhum livro fácil na lista. Boa leitura!</p><p>RESUMINDO:</p><p>Interpretação de texto é a chave para resolver qualquer prova do ENEM.</p><p>https://amzn.to/2CLfGlv</p><p>https://amzn.to/2R7Goxy</p><p>https://amzn.to/2R0CXsd</p><p>https://amzn.to/2CKKjaB</p><p>https://amzn.to/2VqDIt0</p><p>Muitas questões (mais do que você pensa) podem ser respondidas apenas por</p><p>interpretação.</p><p>Qualquer prática de leitura vai ajudar na sua interpretação de texto. Livros,</p><p>revistas, jornais, artigos de opinião... não importa, desde que você leia, leia, leia.</p><p>Quanto mais gêneros literários diferentes, melhor.</p><p>Não está conseguindo se focar direito no texto? Pode ser que o problema seja</p><p>o seu ambiente de estudos. Dê uma organizada no ambiente à sua volta antes de</p><p>começar a estudar. Lembre-se: o que está fora, está dentro.</p><p>Livros antigos são excelentes para trabalhar sua interpretação de texto. O</p><p>estilo de escrita era bem mais trabalhado, rebuscado, então vai te exigir mais</p><p>concentração para interpretar.</p><p>Agora que falamos de interpretação, vamos partir para o segundo tópico: a</p><p>temida Matemática!</p><p>Matemática e raciocínio lógico</p><p>Convenhamos... quem gosta de Matemática? Eu sou estranho, então sempre</p><p>gostei. Mas é raro ver alguém que genuinamente se sente confortável quando o</p><p>assunto é Matemática. Então relaxa, você não está sozinho.</p><p>Mas aqui vai uma notícia boa: por mais que você queira acreditar no</p><p>contrário, a Matemática do Ensino Fundamental e do Ensino Médio não é difícil.</p><p>O problema é que, se você não aprende muitíssimo bem a base, mais cedo ou</p><p>mais tarde vai ter problemas.</p><p>A grande questão da Matemática (e das Ciências num geral) é a seguinte: ela</p><p>exige um raciocínio que nós não exercitamos tanto no cotidiano... o raciocínio</p><p>lógico.</p><p>É meio difícil explicar o que é raciocínio lógico, e mais difícil ainda explicar</p><p>como funciona a cabeça de alguém que pensa “de maneira Exata”. Eu, por</p><p>exemplo, apesar de não fazer mais um curso de Exatas, sempre me pego</p><p>pensando de uma forma muito linear e “científica”: “se eu fizer A... vai</p><p>acontecer B; para B acontecer, eu tenho que fazer A”.</p><p>A própria ideia do capítulo anterior de que os autores antigos escreviam as</p><p>frases em diversas “camadas” é relativamente “de Exatas”: eu divido o trecho</p><p>em segmentos menores que, somados, resultam na frase inteira.</p><p>Eu sei, eu sei. Parece esquisito, mas é porque é muito difícil de explicar o que</p><p>se passa na minha cabeça. Vamos ver se com este exemplo fica um pouco mais</p><p>claro (se preparem que lá vem história, mas vai fazer sentido no fim):</p><p>A hipótese de Sapir-Whorf, também conhecida como relativismo</p><p>linguístico, defende que idiomas diferentes, por apresentarem diferentes lógicas</p><p>internas, estimulam o cérebro</p><p>com baixas temperaturas</p><p>c) Temperado, com invernos frios e secos</p><p>d) Tropical, com sazonalidade das chuvas</p><p>e) Equatorial, com pluviosidade abundante.</p><p>Eles gostam de falar difícil no ENEM, né? Nossa senhora...</p><p>Aqui, o que me salvou foi o “chapadas e chapadões”. Lembrei na hora da</p><p>Chapada dos Veadeiros, da Chapada dos Guimarães e de um outro monte de</p><p>chapada que tem no Centro-Oeste. É uma região em que predomina o clima</p><p>tropical, então fui por aí. Mas o site do Descomplica dá uma explicação bem</p><p>mais bonita:</p><p>“As chapadas e chapadões são formas do relevo típicas do planalto central</p><p>brasileiro em que predomina o clima tropical com verão chuvoso, marcado pela</p><p>intensa lixiviação do solo e, consequentemente, a formação de uma crosta</p><p>laterítica com o ressecamento do solo, no inverno seco”.</p><p>Resposta: “D”.</p><p>QUESTÃO 78</p><p>O marco inicial das discussões parlamentares em torno do direito do</p><p>voto feminino são os debates que antecederam a Constituição de 1824, que</p><p>não trazia qualquer impedimento ao exercício dos direitos políticos por</p><p>mulheres, mas, por outro lado, também não era explícita quanto à</p><p>possibilidade desse exercício. Foi somente em 1932, dois anos antes de</p><p>estabelecido o voto aos 18 anos, que as mulheres obtiveram o direito de</p><p>votar, o que veio a se concretizar no ano seguinte. Isso ocorreu a partir da</p><p>aprovação do Código Eleitoral de 1932.</p><p>Disponível em: http://tse.jusbrasil.com.br. Acesso em: 14 maio 2018.</p><p>Um dos fatores que contribuíram para a efetivação da medida</p><p>mencionada no texto foi a</p><p>a) superação da cultura patriarcal.</p><p>b) influência de igrejas protestantes.</p><p>c) pressão do governo revolucionário.</p><p>d) fragilidade das oligarquias regionais.</p><p>e) campanha de extensão da cidadania.</p><p>De novo me lembrei do Walter e suas lindas e maravilhosas aulas sobre Era</p><p>Vargas. A campanha de extensão da cidadania que deu direito ao voto às</p><p>mulheres, junto com diversas outras medidas, garantiu a popularidade de Vargas</p><p>e sua re-eleição para um segundo mandato (que ficou conhecido como Governo</p><p>Constitucional).</p><p>Importantíssimo aprender o máximo possível sobre Era Vargas, porque é</p><p>certeza que vai cair!</p><p>Resposta: “E”.</p><p>QUESTÃO 79</p><p>“A quem não basta pouco, nada basta.”</p><p>EPICURO. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1985.</p><p>Remanescente do período helenístico, a máxima apresentada valoriza a</p><p>seguinte virtude:</p><p>a) Esperança, tida como confiança no porvir.</p><p>b) Justiça, interpretada como retidão de caráter.</p><p>c) Temperança, marcada pelo domínio da vontade.</p><p>d) Coragem, definida como fortitude na dificuldade.</p><p>e) Prudência, caracterizada pelo correto uso da razão.</p><p>A máxima apresentada valoriza uma vida moderada: A quem não basta</p><p>pouco (ou seja, quem sempre quer mais), nada basta (nunca vai estar satisfeito).</p><p>E moderação é sinônimo de temperança. Resposta: “C”.</p><p>QUESTÃO 80</p><p>Em algumas línguas de Moçambique não existe a palavra “pobre”. O</p><p>indivíduo é pobre quando não tem parentes. A pobreza é a solidão, a</p><p>ruptura das relações familiares que, na sociedade rural, servem de apoio à</p><p>sobrevivência. Os consultores internacionais, especialistas em elaborar</p><p>relatórios sobre a miséria, talvez não tenham em conta o impacto dramático</p><p>da destruição dos laços familiares e das relações de entreajuda. Nações</p><p>inteiras estão tornando-se “órfãs”, e a mendicidade parece ser a única via</p><p>de uma agonizante sobrevivência.</p><p>COUTO, M. E se Obama fosse africano? & outras intervenções. Portugal: Caminho, 2009 (adaptado).</p><p>Em uma leitura que extrapola a esfera econômica, o autor associa o</p><p>acirramento da pobreza à</p><p>a) afirmação das origens ancestrais</p><p>b) fragilização das redes de sociabilidade</p><p>c) padronização das políticas educacionais</p><p>d) fragmentação das propriedades agrícolas</p><p>e) globalização das tecnologias de comunicação.</p><p>Interpretação pura. No texto, a pobreza está associada à solidão, ao</p><p>isolamento. Em outras palavras, as redes de sociabilidade estão mais frágeis, e</p><p>isso reforça as consequências negativas da pobreza. Resposta: “B”.</p><p>QUESTÃO 81</p><p>TEXTO I</p><p>As fronteiras, ao mesmo tempo que se separam, unem e articulam, por</p><p>elas passando discursos de legitimação da ordem social tanto quanto do</p><p>conflito.</p><p>CUNHA, L. Terras lusitanas e gentes dos brasis: a nação e o seu retrato literário. Revista Ciências Sociais, n. 2, 2009.</p><p>TEXTO II</p><p>As últimas barreiras ao livre movimento do dinheiro e das mercadorias</p><p>e informação que rendem dinheiro andam de mãos dadas com a pressão</p><p>para cavar novos fossos e erigir novas muralhas que barrem o movimento</p><p>daqueles que em consequência perdem, física ou espiritualmente, suas</p><p>raízes.</p><p>BAUMAN, Z. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.</p><p>A ressignificação contemporânea da ideia de fronteira compreende a</p><p>a) liberação da circulação de pessoas.</p><p>b) preponderância dos limites naturais.</p><p>c) supressão dos obstáculos aduaneiros.</p><p>d) desvalorização da noção de nacionalismo.</p><p>e) seletividade dos mecanismos segregadores.</p><p>Questão de interpretação, mas bem difícil. Parece que os dois textos estão</p><p>falando coisas distintas, mas o enunciado pede um ponto de convergência entre</p><p>os dois! No texto I, as fronteiras parecem unir, enquanto no texto II as fronteiras</p><p>barram o movimento daqueles que perdem suas raízes. Qual o ponto de</p><p>convergência entre esses dois??</p><p>E a resposta é “E”: a seletividade dos mecanismos segregadores.</p><p>Seletividade quer dizer distinção, relativização. Pelos dois textos dá para</p><p>perceber que as barreiras entre as nações (aduaneira, física, ideológica, cultural,</p><p>etc.) estão sendo relativizadas. Com a internet, principalmente, houve um</p><p>rompimento de muitas dessas barreiras. Os mecanismos segregadores (ou seja,</p><p>os mecanismos que separavam as nações) já não funcionam como antes.</p><p>E isso se deve muito ao fenômeno da Globalização.</p><p>QUESTÃO 82</p><p>TEXTO I</p><p>Há mais de duas décadas, os cientistas e ambientalistas têm alertado para o</p><p>fato de a água doce ser um recurso escasso em nosso planeta. Desde o</p><p>começo de 2014, o Sudeste do Brasil adquiriu uma clara percepção dessa</p><p>realidade em função da seca.</p><p>TEXTO II</p><p>Dinâmicas atmosféricas no Brasil</p><p>Elementos relevantes ao transporte de umidade na América do Sul a</p><p>leste dos Andes pelos Jatos de Baixos Níveis (JBN), Frentes Frias (FF) e</p><p>transporte de umidade do Atlântico Sul, assim como a presença da Zona de</p><p>Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), para um verão normal e para o</p><p>verão seco de 2014. “A ” representa o centro da anomalia de alta pressão</p><p>atmosférica.</p><p>De acordo com as informações apresentadas, a seca de 2014, no Sudeste,</p><p>teve como causa natural o(a)</p><p>a) constituição de frentes quentes barrando as chuvas convectivas.</p><p>b) formação de anticiclone impedindo a entrada de umidade.</p><p>c) presença de nebulosidade na região de cordilheira.</p><p>d) avanço de massas polares para o continente.</p><p>e) baixa pressão atmosférica no litoral.</p><p>Eu acertei essa questão de um jeito bem tosco. Vi que as massas de ar (as</p><p>duas setinhas) já não chegavam mais à área cinza porque aquele “A” gigante</p><p>estava no caminho. Supus então que esse “A” gigante era uma outra massa de ar</p><p>que “expulsava” as outras e impedia a precipitação naquela região (por isso o</p><p>“solo seco”). Então, por raciocínio lógico:</p><p>Se antes chovia e agora não chove mais, é porque o “A” gigante impediu a</p><p>entrada de umidade (afinal, o “A” gigante é a única diferença entre as 2</p><p>imagens, então é natural supor que foi ele a causa da seca). E já chegamos à</p><p>conclusão de que o “A” gigante é uma massa de ar, então vou supor que é um</p><p>ciclone. Por girar no sentido anti-horário, deve ser um anticiclone,</p><p>senhoras e</p><p>senhores membros do júri!</p><p>Bem tosco mesmo, eu sei. Mas acertei.</p><p>Resposta: “B”.</p><p>QUESTÃO 83</p><p>Não é verdade que estão ainda cheios de velhice espiritual aqueles que</p><p>nos dizem: “Que fazia Deus antes de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e</p><p>nada realizava”, dizem eles, “por que não ficou sempre assim no decurso</p><p>dos séculos, abstendo-se, como antes, de toda ação? Se existiu em Deus um</p><p>novo movimento, uma vontade nova para dar o ser a criaturas que nunca</p><p>antes criara, como pode haver verdadeira eternidade, se n’Ele aparece uma</p><p>vontade que antes não existia?”</p><p>AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Abril Cultural, 1984.</p><p>A questão da eternidade, tal como abordada pelo autor, é um exemplo</p><p>da reflexão filosófica sobre a(s)</p><p>a) essência da ética cristã.</p><p>b) natureza universal da tradição.</p><p>c) certezas inabaláveis da experiência.</p><p>d) abrangência da compreensão humana.</p><p>e) interpretações da realidade circundante.</p><p>Muita atenção ao autor do texto: Santo Agostinho, o religioso máster do</p><p>século IV. Se você passasse por alto, poderia achar que a ideia do texto é o</p><p>oposto do que realmente é. Aqui, Agostinho critica o discurso reproduzido entre</p><p>aspas. No entanto, como 90% do trecho traz o ponto de vista dos céticos, e não o</p><p>de Agostinho, parece que o texto em aspas é a posição do autor. Mas não! É</p><p>exatamente o contrário. Ele está criticando o discurso entre aspas. Santo</p><p>Agostinho diz que o pessoal que usa o raciocínio lógico (“se _, então _”) para</p><p>questionar a eternidade de Deus está redondamente errado. Afinal, quem</p><p>seríamos nós, humanos, para compreender a lógica divina?</p><p>Ele está questionando a abrangência da compreensão humana. Nós não</p><p>seríamos capazes de compreender a lógica divina, então não seria possível usar a</p><p>razão (instrumento humano, como eu falei na historinha sobre Galileu) para</p><p>questionar a eternidade de Deus.</p><p>Resposta: “D”.</p><p>QUESTÃO 84</p><p>Rodrigo havia sido indicado pela oposição para fiscal duma das mesas</p><p>eleitorais. Pôs o revólver na cintura, uma caixa de balas no bolso e</p><p>encaminhou-se para seu posto. A chamada dos eleitores começou às sete da</p><p>manhã. Plantados junto da porta, os capangas do Trindade ofereciam</p><p>cédulas com o nome dos candidatos oficiais a todos os eleitores que</p><p>entravam. Estes, em sua quase totalidade, tomavam docilmente dos</p><p>papeluchos e depositavam-nos na urna, depois de assinar a autêntica. Os</p><p>que se recusavam a isso tinham seus nomes acintosamente anotados.</p><p>VERISSIMO, E. O tempo e o vento. São Paulo: Globo, 2003 (adaptado)</p><p>Erico Veríssimo tematiza em obra flccional o seguinte aspecto</p><p>característico da vida política durante a Primeira República:</p><p>a) Identificação forçada de homens analfabetos.</p><p>b) Monitoramento legal dos pleitos legislativos.</p><p>c) Repressão explícita ao exercício de direito.</p><p>d) Propaganda direcionada à população do campo.</p><p>e) Cerceamento policial dos operários sindicalizados.</p><p>Não seria necessário entender de Primeira República para responder essa</p><p>questão. O que está acontecendo no texto é a ameaça aos cidadãos para</p><p>conseguir votos. Mas o autor não é explícito. Ele sugere essa ameaça em um</p><p>detalhe sutil: o ato *aparentemente* inocente de anotar os nomes dos que se</p><p>recusavam a fazer o que o coronel queria...</p><p>Enfim, estão falando do voto de cabresto, da época do coronelismo.</p><p>Era um período de repressão explícita (explícita porque era escancarado;</p><p>nem se davam ao trabalho de disfarçar) ao exercício de direito (o voto).</p><p>Resposta: “C”.</p><p>QUESTÃO 85</p><p>Então disse: “Este é o local onde construirei. Tudo pode chegar aqui</p><p>pelo Eufrates, o Tigre e uma rede de canais. Só um lugar como este</p><p>sustentará o exército e a população geral”. Assim ele traçou e destinou as</p><p>verbas para a sua construção, e deitou o primeiro tijolo com sua própria</p><p>mão, dizendo: “Em nome de Deus, e em louvor a Ele. Construí, e que Deus</p><p>vos abençoe”.</p><p>AL-TABARI, M. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Cia. das Letras, 1995 (adaptado).</p><p>A decisão do califa Al-Mansur (754-775) de construir Bagdá nesse local</p><p>orientou-se pela</p><p>a) disponibilidade de rotas e terras férteis como base da dominação</p><p>política.</p><p>b) proximidade de áreas populosas como afirmação da superioridade</p><p>bélica.</p><p>c) submissão à hierarquia e à lei islâmica como controle do poder real.</p><p>d) fuga da península arábica como afastamento dos conflitos</p><p>sucessórios.</p><p>e) ocupação de região fronteiriça como contenção do avanço mongol.</p><p>Quem já jogou Civilization sabe muito bem: o lugar mais interessante de se</p><p>construir uma cidade é próximo aos rios. Isso por causa da abundância de água</p><p>para irrigação e da possibilidade de se construírem rotas fluviais para comércio e</p><p>locomoção. Na antiguidade, como não havia muitas tecnologias de irrigação ou</p><p>transporte, isso era ainda mais importante. E na vida real também foi assim: da</p><p>mesma forma que em Civilization, o califa escolheu construir Bagdá no território</p><p>da antiga Mesopotâmia devido à disponibilidade de rotas e terras férteis como</p><p>base da dominação política. Letra “A”.</p><p>QUESTÃO 86</p><p>A agricultura ecológica e a produção orgânica de alimentos estão</p><p>ganhando relevância em diferentes partes do mundo. No campo brasileiro,</p><p>também acontece o mesmo. Impulsionado especialmente pela expansão da</p><p>demanda de alimentos saudáveis, o setor cresce a cada ano, embora</p><p>permaneça relativamente marginalizado na agenda de prioridades da</p><p>política agrícola praticada no país.</p><p>AQUINO, J. R.; GAZOLLA, M.; SCHNEIDER, S. In: SAMBUICHI, R. H. R. et al. (Org.). A política nacional de</p><p>agroecologia e produção orgânica no Brasil: uma trajetória de luta pelo desenvolvimento rural sustentável. Brasília: Ipea, 2017</p><p>(adaptado).</p><p>Que tipo de intervenção do poder público no espaço rural é capaz de</p><p>reduzir a marginalização produtiva apresentada no texto?</p><p>a) Subsidiar os cultivos de base familiar.</p><p>b) Favorecer as práticas de fertilização química.</p><p>c) Restringir o emprego de maquinário moderno.</p><p>d) Controlar a expansão de sistemas de irrigação.</p><p>e) Regulamentar o uso de sementes selecionadas.</p><p>Antes de entender o que o poder público pode fazer para resolver o</p><p>problema, temos que entender qual é o problema. E se trata dessa</p><p>marginalização produtiva, ou seja, o pouco investimento na agricultura</p><p>ecológica. Ora, se o problema é o pouco investimento, basta investir mais. Então</p><p>é só encontrar a alternativa que faz referência a práticas de agricultura ecológica.</p><p>Resposta: “A”. Cultivos de base familiar são menos agressivos com o solo,</p><p>usam menos fertilizantes e ainda garantem o sustento de pessoas que podem não</p><p>ter outra fonte de renda. É predominantemente na agricultura familiar que se</p><p>produzem vegetais orgânicos, porque os grandes latifúndios não podem se dar ao</p><p>luxo de abrir mão dos fertilizantes. Seria logisticamente impossível combater as</p><p>pragas em um terreno grande demais se não usassem fertilizantes.</p><p>Logo, o aumento da demanda por alimentos saudáveis pode ser parcialmente</p><p>atendido com investimento do poder público em cultivos de base familiar.</p><p>QUESTÃO 87</p><p>O anúncio publicitário da década de 1940 reforça os seguintes</p><p>estereótipos atribuídos historicamente a uma suposta natureza feminina:</p><p>a) Pudor inato e instinto maternal.</p><p>b) Fragilidade física e necessidade de aceitação.</p><p>c) Isolamento social e procura de autoconhecimento.</p><p>d) Dependência econômica e desejo de ostentação.</p><p>e) Mentalidade fútil e conduta hedonista.</p><p>O anúncio publicitário reforça o estereótipo da época de que as mulheres</p><p>deviam estar bonitas, saudáveis, cheirosas e maravilhosas o tempo todo para</p><p>agradar aos homens. A necessidade de um tônico para manter a saúde da mulher</p><p>sugere que elas eram vistas como frágeis, e a necessidade de ser aprovada pelos</p><p>homens é a necessidade de aceitação de que fala a letra “B”.</p><p>QUESTÃO 88</p><p>Considerando as diferenças entre extrativismo vegetal e silvicultura, a</p><p>variação das curvas do gráfico foi influenciada pela tendência de</p><p>a) conservação do bioma nativo.</p><p>b) estagnação do setor primário.</p><p>c) utilização de madeira de reflorestamento.</p><p>d) redução da produção de móveis.</p><p>e) retração da indústria alimentícia.</p><p>Eu não fazia a mínima ideia do que era silvicultura, então acabei errando</p><p>essa questão. Silvicultura é a ciência dedicada ao estudo dos métodos naturais e</p><p>artificiais de regenerar e melhorar os povoamentos florestais. Ou seja, é a</p><p>ação humana tentando consertar a destruição que os humanos já provocaram ao</p><p>longo dos anos.</p><p>Uma das maneiras de regenerar e melhorar os povoamentos florestais é</p><p>justamente utilizar madeira de reflorestamento. Resposta: “C”.</p><p>PS: Isso também explica a redução do extrativismo vegetal: com mais</p><p>madeira de reflorestamento, seria necessário menos extração de madeira das</p><p>florestas.</p><p>QUESTÃO 89</p><p>No início da década de 1990, dois biólogos importantes, Redford e</p><p>Robinson, produziram um modelo largamente aceito de “produção</p><p>sustentável” que previa quantos indivíduos de cada espécie poderiam ser</p><p>caçados de forma sustentável baseado nas suas taxas de reprodução. Os</p><p>seringueiros do Alto Juruá tinham um modelo diferente: a quem lhes</p><p>afirmava que estavam caçando acima do sustentável (dentro do modelo),</p><p>eles diziam que não, que o nível da caça dependia da existência de áreas de</p><p>refúgio em que ninguém caçava. Ora, esse acabou sendo o modelo batizado</p><p>de “fonte-ralo” proposto dez anos após o primeiro por Novaro, Bodmer e o</p><p>próprio Redford e que suplantou o modelo anterior.</p><p>CUNHA, M. C. Revista USP, n. 75, set.-nov. 2007.</p><p>No contexto da produção científica, a necessidade de reconstrução desse</p><p>modelo, conforme exposto no texto, foi determinada pelo confronto com</p><p>um(a)</p><p>a) conclusão operacional obtida por lógica dedutiva.</p><p>b) visão de mundo marcada por preconceitos morais.</p><p>c) hábito social condicionado pela religiosidade popular.</p><p>d) conhecimento empírico apropriado pelo senso comum.</p><p>e) padrão de preservação construído por experimentação dirigida.</p><p>Essa eu errei, mas foi por muito, muito descuido! Eu devia estar desfocado e</p><p>não quis parar para respirar um pouco. Acabei errando por besteira.</p><p>O texto conta a história de dois biólogos que tiveram seu conhecimento</p><p>questionado pelos seringueiros, que chegaram a uma conclusão por meio da</p><p>experiência do dia a dia. Os seringueiros conheciam o lugar, por isso entendiam</p><p>o fenômeno em questão sem necessariamente tê-lo estudado de maneira</p><p>científica. Foi pelo senso comum que eles descobriram que o nível de caça</p><p>dependia da existência de áreas de refúgio. Resposta: “D”.</p><p>QUESTÃO 90</p><p>Um dos teóricos da democracia moderna, Hans Kelsen, considera</p><p>elemento essencial da democracia real (não da democracia ideal, que não</p><p>existe em lugar algum) o método da seleção dos líderes, ou seja, a eleição.</p><p>Exemplar, neste sentido, é a afirmação de um juiz da Corte Suprema dos</p><p>Estados Unidos, por ocasião de uma eleição de 1902: “A cabine eleitoral é o</p><p>templo das instituições americanas, onde cada um de nós é um sacerdote, ao</p><p>qual é confiada a guarda da arca da aliança e cada um oficia do seu próprio</p><p>altar”.</p><p>BOBBIO, N. Teoria geral da política. Rio de Janeiro: EIsevier, 2000 (adaptado)</p><p>As metáforas utilizadas no texto referem-se a uma concepção de</p><p>democracia fundamentada no(a)</p><p>a) justificação teísta do direito.</p><p>b) rigidez da hierarquia de classe.</p><p>c) ênfase formalista na administração.</p><p>d) protagonismo do Executivo no poder.</p><p>e) centralidade do indivíduo na sociedade.</p><p>O uso de uma metáfora “religiosa” pode ter confundido algumas pessoas,</p><p>mas o ponto central aqui é o trecho: “cada um de nós é um sacerdote do</p><p>templo”. Essa metáfora não teve nada a ver com religião, como uma leitura</p><p>apressada poderia sugerir. O autor quis dizer que as pessoas têm um papel</p><p>central no processo de decisão: por meio do exercício do voto, elas são o</p><p>sacerdote do templo, a autoridade máxima! Elas que mandam, basicamente.</p><p>Segundo essa concepção, portanto, o indivíduo é o ponto central dos processos</p><p>de tomada de decisão da sociedade. Resposta: “E”.</p><p>Ciências da Natureza e suas Tecnologias</p><p>QUESTÃO 91</p><p>Para serem absorvidos pelas células do intestino humano, os lipídios</p><p>ingeridos precisam ser primeiramente emulsificados. Nessa etapa da</p><p>digestão, torna-se necessária a ação dos ácidos biliares, visto que os lipídios</p><p>apresentam uma natureza apoiar e são insolúveis em água.</p><p>Esses ácidos atuam no processo de modo a</p><p>a) hidrolisar os lipídios</p><p>b) agir como detergentes</p><p>c) tornar os lipídios anfifílicos</p><p>d) promover a secreção de lipases</p><p>e) estimular o trânsito intestinal dos lipídios.</p><p>Questão clássica de ENEM sobre substâncias anfipáticas (com uma parte</p><p>polar e outra apolar). Para que os lipídios (apolares) sejam absorvidos, é</p><p>necessário que se tornem solúveis em água (solvente polar). É o mesmo</p><p>fenômeno químico de quando você passa sabão/detergente em uma superfície</p><p>para tirar a gordura: as moléculas anfipáticas formam uma pasta com a gordura</p><p>(uma emulsão), que é carregada pela água.</p><p>Resposta: “B”: agir como detergentes, porque detergentes são justamente</p><p>moléculas anfipáticas que permitem a emulsificação das gorduras (pela</p><p>formação de micelas).</p><p>QUESTÃO 92</p><p>A tecnologia de comunicação da etiqueta RFID (chamada de etiqueta</p><p>inteligente) é usada há anos para rastrear gado, vagões de trem, bagagem</p><p>aérea e carros nos pedágios. Um modelo mais barato dessas etiquetas pode</p><p>funcionar sem baterias e é constituído por três componentes: um</p><p>microprocessador de silício; uma bobina de metal, feita de cobre ou de</p><p>alumínio, que é enrolada em um padrão circular; e um encapsulador, que é</p><p>um material de vidro ou polímero envolvendo o microprocessador e a</p><p>bobina. Na presença de um campo de radiofrequência gerado pelo leitor, a</p><p>etiqueta transmite sinais. A distância de leitura é determinada pelo</p><p>tamanho da bobina e pela potência da onda de rádio emitida pelo leitor.</p><p>Disponível em: http://eletronicos.hsw.uol.com.br. Acesso em: 27 fev. 2012 (adaptado)</p><p>A etiqueta funciona sem pilhas porque o campo</p><p>a) elétrico da onda de rádio agita elétrons da bobina.</p><p>b) elétrico da onda de rádio cria uma tensão na bobina.</p><p>c) magnético da onda de rádio induz corrente na bobina.</p><p>d) magnético da onda de rádio aquece os fios da bobina.</p><p>e) magnético da onda de rádio diminui a ressonância no interior da</p><p>bobina.</p><p>Questão teórica que, das duas, uma: ou você sabia a resposta e conseguia</p><p>acertar rápido... ou você não sabia a resposta e perdia muito tempo tentando</p><p>descobrir (e falhava miseravelmente). O fenômeno aqui é a geração de corrente</p><p>elétrica quando há variação do campo magnético. É a lei de Faraday-Lens. Caiu</p><p>uma questão exatamente assim no ENEM 2011, sobre o dínamo na roda da</p><p>bicicleta. (Então, sim, continua importante refazer as provas antigas.)</p><p>Resposta: “C”.</p><p>QUESTÃO 93</p><p>Corredores ecológicos visam mitigar os efeitos da fragmentação dos</p><p>ecossistemas promovendo a ligação entre diferentes áreas, com o objetivo de</p><p>proporcionar o deslocamento de animais, a dispersão de sementes e o</p><p>aumento da cobertura vegetal. São instituídos com base em informações</p><p>como estudos sobre o deslocamento de espécies, sua área de vida (área</p><p>necessária para o suprimento de suas necessidades vitais e reprodutivas) e a</p><p>distribuição de suas populações.</p><p>Disponível</p><p>em: www.mma.gov.br. Acesso em: 30 nov. 2017 (adaptado).</p><p>Nessa estratégia, a recuperação da biodiversidade é efetiva porque</p><p>a) propicia o fluxo gênico.</p><p>b) intensifica o manejo de espécies.</p><p>c) amplia o processo de ocupação humana.</p><p>d) aumenta o número de indivíduos nas populações.</p><p>e) favorece a formação de ilhas de proteção integral.</p><p>Questão parcialmente de Biologia, mas principalmente de interpretação de</p><p>texto e raciocínio lógico. Se os corredores ecológicos promovem a ligação entre</p><p>diferentes áreas, isso é o contrário de formar ilhas (“E”). A estratégia é efetiva</p><p>porque favorece a migração e o encontro de espécies que antes estavam</p><p>espalhadas e impossibilitadas de procriar. Favorece, portanto, o fluxo gênico</p><p>(fluxo de genes = reprodução).</p><p>Resposta: ”A”.</p><p>QUESTÃO 94</p><p>A identificação de riscos de produtos perigosos para o transporte rodoviário</p><p>é obrigatória e realizada por meio da sinalização composta por um painel de</p><p>segurança, de cor alaranjada, e um rótulo de risco. As informações</p><p>inseridas no painel de segurança e no rótulo de risco, conforme determina a</p><p>legislação, permitem que se identifique o produto transportado e os perigos</p><p>a ele associados.</p><p>A sinalização mostrada identifica uma substância que está sendo</p><p>transportada em um caminhão.</p><p>Os três algarismos da parte superior do painel indicam o “Número de</p><p>risco”. O número 268 indica tratar-se de um gás (2), tóxico (6) e corrosivo</p><p>(8). Os quatro dígitos da parte inferior correspondem ao “Número ONU”,</p><p>que identifica o produto transportado.</p><p>BRASIL. Resolução n. 420, de 12/02/2004, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)/Ministério dos Transportes</p><p>(adaptado).</p><p>ABNT. NBR 7500: identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos.</p><p>Rio de Janeiro, 2004 (adaptado).</p><p>Considerando a identificação apresentada no caminhão, o código 1005</p><p>corresponde à substância</p><p>a) eteno (C2H4)</p><p>b) nitrogênio (N2)</p><p>c) amônia (NH3)</p><p>d) propano (C3H8)</p><p>e) dióxido de carbono (CO2)</p><p>A substância da placa é um gás tóxico e corrosivo. Os cinco da alternativa</p><p>são gases, mas só a amônia também é tóxica e corrosiva. Resposta: “C”.</p><p>Questão relativamente difícil, porque seria necessário conhecer as</p><p>propriedades dos gases apresentados, e não são muitas escolas que dão aulas em</p><p>laboratório para ensinar os alunos sobre o que é corrosivo e o que não é. Mas,</p><p>dentre os 5 gases apresentados, o nome amônia já chamava atenção. O resto é</p><p>gás que se encontra na atmosfera (nitrogênio e dióxido de carbono) ou</p><p>hidrocarbonetos comuns.</p><p>QUESTÃO 95</p><p>No ciclo celular atuam moléculas reguladoras. Dentre elas, a proteína</p><p>p53 é ativada em resposta a mutações no DNA, evitando a progressão do</p><p>ciclo até que os danos sejam reparados, ou induzindo a célula ã</p><p>autodestruição.</p><p>ALBERTS, B. et ai. Fundamentos da biologia celular. Porto Alegre: Artmed, 2011 (adaptado).</p><p>A ausência dessa proteína poderá favorecer a</p><p>a) redução da síntese de DNA, acelerando o ciclo celular.</p><p>b) saída imediata do ciclo celular, antecipando a proteção do DNA.</p><p>c) ativação de outras proteínas reguladoras, induzindo a apoptose.</p><p>d) manutenção da estabilidade genética, favorecendo a longevidade.</p><p>e) proliferação celular exagerada, resultando na formação de um</p><p>tumor.</p><p>A proteína p53 é ativada em resposta a mutações do DNA. Só essa</p><p>informação já te faria ligar um alerta, porque o câncer é justamente resultado de</p><p>uma mutação descontrolada do DNA que resulta em uma proliferação celular</p><p>exagerada. Sem a proteína, essa “regulação” não existiria mais, o que poderia</p><p>ocasionar a formação de um tumor. Letra “E”.</p><p>QUESTÃO 96</p><p>Muitos primatas, incluindo nós humanos, possuem visão tricromática:</p><p>têm três pigmentos visuais na retina sensíveis à luz de uma determinada</p><p>faixa de comprimentos de onda. Informalmente, embora os pigmentos em si</p><p>não possuam cor, estes são conhecidos como pigmentos “azul”, “verde” e</p><p>“vermelho” e estão associados ã cor que causa grande excitação (ativação).</p><p>A sensação que temos ao observar um objeto colorido decorre da ativação</p><p>relativa dos três pigmentos. Ou seja, se estimulássemos a retina com uma</p><p>luz na faixa de 530 nm (retângulo I no gráfico), não excitaríamos o</p><p>pigmento “azul”, o pigmento “verde” seria ativado ao máximo e o</p><p>“vermelho” seria ativado em aproximadamente 75%, e Isso nos daria a</p><p>sensação de ver uma cor amarelada. Já uma luz na faixa de comprimento de</p><p>onda de 600 nm (retângulo II) estimularia o pigmento “verde” um pouco e o</p><p>“vermelho” em cerca de 75%, e Isso nos daria a sensação de ver laranja-</p><p>avermelhado. No entanto, há características genéticas presentes em alguns</p><p>indivíduos, conhecidas coletivamente como Daltonismo, em que um ou mais</p><p>pigmentos não funcionam perfeitamente.</p><p>Caso estimulássemos a retina de um indivíduo com essa característica,</p><p>que não possuísse o pigmento conhecido como “verde”, com as luzes de 530</p><p>nm e 600 nm na mesma intensidade luminosa, esse indivíduo seria incapaz</p><p>de</p><p>a) Identificar o comprimento de onda do amarelo, uma vez que não</p><p>possui o pigmento “verde”.</p><p>b) ver o estímulo de comprimento de onda laranja, pois não haveria</p><p>estimulação de um pigmento visual.</p><p>c) detectar ambos os comprimentos de onda, uma vez que a</p><p>estimulação dos pigmentos estaria prejudicada.</p><p>d) visualizar o estímulo do comprimento de onda roxo, já que este se</p><p>encontra na outra ponta do espectro.</p><p>e) distinguir os dois comprimentos de onda, pois ambos estimulam o</p><p>pigmento “vermelho” na mesma intensidade.</p><p>Se a pessoa não tem o pigmento “verde”, devemos olhar o gráfico e</p><p>simplesmente ignorar a curva referente a ele. Vamos nos deparar com as</p><p>barrinhas I e II e a curva pontilhada (em vermelho abaixo).</p><p>Em primeiro lugar, perdão pelo desenho feio. Em segundo lugar, repare que</p><p>a curva do pigmento “vermelho” cruza as barrinhas aproximadamente no mesmo</p><p>ponto. Isso quer dizer que os feixes I e II estimulam esse pigmento com a</p><p>mesma intensidade. Como o indivíduo não tem o pigmento verde, esses dois</p><p>feixes vão gerar uma percepção de cor idêntica ao observador. Ele não vai ser</p><p>capaz de distinguir os comprimentos de onda. Letra “E”.</p><p>Eu errei essa não sei por quê. Deve ter sido falta de atenção :(</p><p>QUESTÃO 97</p><p>O grafeno é uma forma alotrópica do carbono constituído por uma folha</p><p>planar (arranjo bidimensional) de átomos de carbono compactados e com a</p><p>espessura de apenas um átomo. Sua estrutura é hexagonal, conforme a</p><p>figura.</p><p>Nesse arranjo, os átomos de carbono possuem hibridação</p><p>a) sp de geometria linear.</p><p>b) sp² de geometria trigonal planar.</p><p>c) sp³ alternados com carbonos com hibridação sp de geometria linear.</p><p>d) sp³d de geometria planar.</p><p>e) sp³d² com geometria hexagonal planar.</p><p>Mais uma questão de sabe vs. não sabe. E eu acho que o ENEM nunca foi</p><p>tão direto ao pedir a hibridização do carbono. Eu tenho uma dica MÍSTICA</p><p>sobre isso no canal, caso queiram dar uma olhada (por favor, ignorem a cara de</p><p>criança):</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=mx4ly1_lUSM</p><p>O desenho não mostrou a ligação dupla que cada carbono faz, mas, para que</p><p>os átomos se disponham em uma folha planar, é necessário que cada um faça</p><p>duas ligações simples e uma dupla. Logo, a hibridização é sp², e a geometria é</p><p>trigonal planar. Letra “B”.</p><p>Videoaula de geometria molecular:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=GOQbKiM_Mjo</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=mx4ly1_lUSM</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=GOQbKiM_Mjo</p><p>QUESTÃO 98</p><p>Um projetista deseja construir um brinquedo que lance um pequeno</p><p>cubo ao longo de um trilho horizontal, e o dispositivo precisa oferecer a</p><p>opção de mudar a velocidade de lançamento. Para isso, ele utiliza uma mola</p><p>e um trilho onde o atrito pode ser desprezado,</p><p>conforme a figura.</p><p>Para que a velocidade de lançamento do cubo seja aumentada quatro</p><p>vezes, o projetista deve</p><p>a) manter a mesma mola e aumentar duas vezes a sua deformação.</p><p>b) manter a mesma mola e aumentar quatro vezes a sua deformação.</p><p>c) manter a mesma mola e aumentar dezesseis vezes a sua deformação.</p><p>d) trocar a mola por outra de constante elástica duas vezes maior e</p><p>manter a deformação.</p><p>e) trocar a mola por outra de constante elástica quatro vezes maior e</p><p>manter a deformação.</p><p>Questão de dificuldade média sobre a relação entre energia potencial</p><p>elástica, energia cinética e velocidade. Aqui, energia potencial elástica está</p><p>sendo convertida em cinética. Logo, pelo princípio de conservação de energia:</p><p>A relação entre deformação da mola (x) e velocidade (v) é linear. Os dois</p><p>lados estão elevados ao quadrado, logo, para a velocidade quadruplicar, a</p><p>deformação na mola também deve quadruplicar.</p><p>Resposta: “B”.</p><p>QUESTÃO 99</p><p>Pesquisas demonstram que nanodispositivos baseados em movimentos</p><p>de dimensões atômicas, induzidos por luz, poderão ter aplicações em</p><p>tecnologias futuras, substituindo micromotores, sem a necessidade de</p><p>componentes mecânicos. Exemplo de movimento molecular induzido pela</p><p>luz pode ser observado pela flexão de uma lâmina delgada de silício, ligado</p><p>a um polímero de azobenzeno e a um material suporte, em dois</p><p>comprimentos de onda, conforme ilustrado na figura. Com a aplicação de</p><p>luz ocorrem reações reversíveis da cadeia do polímero, que promovem o</p><p>movimento observado:</p><p>TOMA, H. E. A nanotecnologia das moléculas. Química Nova na Escola, n.21, maio 2005 (adaptado).</p><p>O fenômeno de movimento molecular, promovido pela incidência de luz,</p><p>decorre do(a)</p><p>a) movimento vibracional dos átomos, que leva ao encurtamento e à</p><p>relaxação das ligações</p><p>b) isomerização das ligações N=N, sendo a forma cis do polímero mais</p><p>compacta que a trans.</p><p>c) tautomerização das unidades monoméricas do polímero, que leva a</p><p>um composto mais compacto.</p><p>d) ressonância entre os elétrons π do grupo azo e os do anel aromático</p><p>que encurta as ligações duplas.</p><p>e) variação conformacional das ligações N=N, que resulta em</p><p>estruturas com diferentes áreas de superfície.</p><p>Essa questão foi assustadora, mas não chegou a ser difícil. Era</p><p>essencialmente uma questão de “sabe vs. não sabe”, mas aplicada a uma situação</p><p>real. Logo, essa foi mais difícil que a da hibridização, que foi só “sabe vs. não</p><p>sabe”.</p><p>O ponto central aqui é que a configuração da direita é mais compacta que a</p><p>da esquerda (perceba a setinha indicando que a aba superior inclina um pouco</p><p>para baixo). A molécula assumiu uma configuração mais compacta.</p><p>E a diferença entra as ligações da esquerda e da direita está destacada no</p><p>canto esquerdo das imagens: à esquerda, temos o isômero trans, com os átomos</p><p>de carbono ligados em posições opostas a cada nitrogênio da ligação N=N; à</p><p>direita, o isômero é o cis, com os átomos de carbono ligados do mesmo lado da</p><p>ligação N=N.</p><p>Ou seja, a luz provocou a isomerização das ligações N=N, sendo a forma cis</p><p>mais compacta que a trans. Letra “B”.</p><p>O nome do assunto é isomeria geométrica, caso queira dar uma revisada.</p><p>QUESTÃO 100</p><p>O carro flex é uma realidade no Brasil. Estes veículos estão equipados</p><p>com motor que tem a capacidade de funcionar com mais de um tipo de</p><p>combustível. No entanto, as pessoas que têm esse tipo de veículo, na hora</p><p>do abastecimento, têm sempre a dúvida: álcool ou gasolina? Para avaliar o</p><p>consumo desses combustíveis, realizou-se um percurso com um veículo flex,</p><p>consumindo 40 litros de gasolina e no percurso de volta utilizou-se etanol.</p><p>Foi considerado o mesmo consumo de energia tanto no percurso de ida</p><p>quanto no de volta.</p><p>O quadro resume alguns dados aproximados sobre esses combustíveis.</p><p>O volume de etanol combustível, em litro, consumido no percurso de</p><p>volta é mais próximo de</p><p>a) 27</p><p>b) 32.</p><p>c) 37.</p><p>d) 58.</p><p>e) 67.</p><p>Se você fosse fazer essa questão da forma tradicional, perderia um bom</p><p>tempo com várias regras de 3 complexas em sequência. Mas aqui vai uma dica</p><p>sobre como usar unidades de medida para acelerar e muito a resolução (ainda</p><p>vamos usar o mesmo truque de novo em breve):</p><p>Unidades de medida são suas amigas. Nos vídeos de resolução dos outros</p><p>anos, eu sempre faço questão de não omitir as unidades durante os cálculos para</p><p>garantir que estou no caminho certo. E aqui elas vão ajudar ainda mais.</p><p>Sabemos que houve o mesmo consumo de energia de etanol e gasolina.</p><p>Logo, as “kcal” dos dois foram iguais. Mas tem outras unidades além de “kcal”</p><p>na tabela, então vamos ter que dar um jeito de cortar todas as outras para ficar</p><p>apenas com “kcal” dos dois lados.</p><p>Vamos nos organizar e colocar tudo que é do etanol de um lado da igualdade</p><p>e tudo que é da gasolina do outro. Densidade, calor de combustão e volume:</p><p>Agora só temos que saber se a relação é direta ou inversamente proporcional.</p><p>Vamos substituir as grandezas pelas unidades de medida:</p><p>Grama no numerador simplifica com grama no denominador, e mL no</p><p>denominador simplifica com L no numerador (vamos ter que converter L em</p><p>mL, mas isso é detalhe). E sobra quem? Justamente a kcal!! Já deu para entender</p><p>o que eu vou fazer agora?</p><p>Basicamente, vamos multiplicar as 3 grandezas. Isso vai resultar em um</p><p>valor de um lado (X kcal), que precisa ser igual ao valor do outro (X kcal).</p><p>Pegando os valores da tabela:</p><p>Mas foram 40L de gasolina, então vamos substituir:</p><p>Temos mL no denominador e L no numerador. Vamos converter L em mL</p><p>para poder cortar e simplificar:</p><p>Agora é só cortar todas as unidades de medida. Grama corta com grama, mL</p><p>corta com mL, e sobra kcal dos dois lados:</p><p>Você nem precisaria ter convertido L em mL, porque a pergunta era em L.</p><p>Só converti para explicar a lógica das unidades de medida, sobre o que</p><p>simplifica com o quê.</p><p>Ainda vamos ver esse truque de novo na questão sobre ondulatória (117).</p><p>Quando você pega o jeito, consegue resolver questões que não faz a mínima</p><p>ideia de como começar. As unidades de medida te orientam para o próximo</p><p>passo a tomar. Sugiro assistir às resoluções dos anos anteriores para ver outras</p><p>questões que dá para resolver desse jeito.</p><p>Resposta: “D”.</p><p>QUESTÃO 101</p><p>As abelhas utilizam a sinalização química para distinguir a abelha-</p><p>rainha de uma operária, sendo capazes de reconhecer diferenças entre</p><p>moléculas. A rainha produz o sinalizador químico conhecido como ácido 9-</p><p>hidroxidec-2-enoico, enquanto as abelhas-operárias produzem ácido 10-</p><p>hidroxidec-2-enoico. Nós podemos distinguir as abelhas-operárias e rainhas</p><p>por sua aparência, mas, entre si, elas usam essa</p><p>sinalização química para perceber a diferença. Pode-se dizer que veem por</p><p>meio da química.</p><p>LE COUTEUR, R; BURRESON, J. Os botões de Napoleão: as 17 moléculas que mudaram a história. Rio de Janeiro:</p><p>Jorge Zahar, 2006 (adaptado).</p><p>As moléculas dos sinalizadores químicos produzidas pelas abelhas</p><p>rainha e operária possuem diferença na</p><p>a) fórmula estrutural.</p><p>b) fórmula molecular.</p><p>c) identificação dos tipos de ligação.</p><p>d) contagem do número de carbonos.</p><p>e) identificação dos grupos funcionais.</p><p>Essa questão levantou polêmicas porque foi o texto foi tirado de um livro</p><p>paradidático de Química. Mas, interpretando a questão, até que ela não é tão</p><p>difícil. Ela cobrava conhecimentos de nomenclatura de compostos orgânicos:</p><p>temos duas moléculas, e a única diferença entre elas é a posição do grupo</p><p>hidróxi (no carbono 9 vs. no carbono 10). As fórmulas moleculares são</p><p>idênticas, mas a estrutura (fórmula estrutural) é diferente.</p><p>Resposta: “A”.</p><p>QUESTÃO 102</p><p>Insetos podem apresentar três tipos</p><p>de desenvolvimento. Um deles, a</p><p>holometabolia (desenvolvimento completo), é constituído pelas fases de ovo,</p><p>larva, pupa e adulto sexualmente maduro, que ocupam diversos hábitats.</p><p>Os insetos com holometabolia pertencem às ordens mais numerosas em</p><p>termos de espécies conhecidas.</p><p>Esse tipo de desenvolvimento está relacionado a um maior número de</p><p>espécies em razão da</p><p>a) proteção na fase de pupa, favorecendo a sobrevivência de adultos</p><p>férteis.</p><p>b) produção de muitos ovos, larvas e pupas, aumentando o número de</p><p>adultos.</p><p>c) exploração de diferentes nichos, evitando a competição entre as fases</p><p>da vida.</p><p>d) ingestão de alimentos em todas as fases de vida, garantindo o</p><p>surgimento do adulto.</p><p>e) utilização do mesmo alimento em todas as fases, otimizando a</p><p>nutrição do organismo.</p><p>Essa aqui foi mais complicada, mas um olhar extremamente atento</p><p>conseguiria ver uma pista no trecho “ocupam diversos hábitats” (eu mesmo não</p><p>vi e errei). Afinal, se a larva e a borboleta vivem em espaços diferentes e têm</p><p>diferentes hábitos (nichos), não vão competir diretamente por alimento ou</p><p>território (competição intraespecífica), e essas espécies terão mais chance de</p><p>sobreviver. Assim, mais espécies com holometabolia vão prosperar, e o número</p><p>vai ser maior que espécies com outro tipo de desenvolvimento.</p><p>Resposta: “C”.</p><p>QUESTÃO 103</p><p>Talvez você já tenha bebido suco usando dois canudinhos iguais.</p><p>Entretanto, pode-se verificar que, se colocar um canudo imerso no suco e</p><p>outro do lado de fora do líquido, fazendo a sucção simultaneamente em</p><p>ambos, você terá dificuldade em bebê-lo.</p><p>Essa dificuldade ocorre porque o(a)</p><p>a) força necessária para a sucção do ar e do suco simultaneamente</p><p>dobra de valor</p><p>b) densidade do ar é menor que a do suco, portanto, o volume de ar</p><p>aspirado é muito maior que o volume de suco.</p><p>c) velocidade com que o suco sobe deve ser constante nos dois canudos,</p><p>o que é impossível com um dos canudos de fora.</p><p>d) peso da coluna de suco é consideravelmente maior que o peso da</p><p>coluna de ar, o que dificulta a sucção do líquido.</p><p>e) pressão no interior da boca assume praticamente o mesmo valor</p><p>daquela que atua sobre o suco.</p><p>Essa questão eu errei por um motivo tão bobo que sinto até vergonha de</p><p>falar. Mas você pagou pelo ebook, então nada mais justo que te entreter com a</p><p>minha ignorância.</p><p>Na primeira vez que li a questão, fiquei em dúvida entre duas alternativas</p><p>(não me lembro quais), mas nenhuma das duas era a resposta certa. Após fazer a</p><p>prova inteira e voltar para resolver, dediquei tempo a ela e consegui explicar</p><p>direitinho o que acontecia. Mas, ao invés de ler todas as opções de novo, tentei</p><p>encaixar a minha resposta em alguma das duas alternativas erradas. Inteligente,</p><p>né?</p><p>O que acontece é o seguinte: para “puxar” o suco, precisa haver uma</p><p>diferença de pressão dentro e fora do canudo. Sugando com a boca o ar de dentro</p><p>do canudo, você cria uma zona de baixa pressão no interior (que nem os ciclones</p><p>lá na prova de Humanas), e a pressão que atua sobre o suco “empurra-o” para</p><p>cima. Resultado: o líquido sobe.</p><p>Mas com dois canudos não é possível, porque, por mais que você sugue o ar,</p><p>mais ar chega na sua boca pelo 2º canudo. É impossível diminuir a pressão</p><p>dentro do 1º canudo porque a pressão dentro da boca fica constante. E, sem</p><p>diferença de pressão entre a pressão no interior da boca e a pressão que atua</p><p>sobre o suco, o líquido não sobe. Resposta: “E”.</p><p>QUESTÃO 104</p><p>O alemão Fritz Haber recebeu o Prêmio Nobel de química de 1918 pelo</p><p>desenvolvimento de um processo viável para a síntese da amônia (NH3). Em</p><p>seu discurso de premiação, Haber justificou a importância do feito dizendo</p><p>que:</p><p>“Desde a metade do século passado, tornou-se conhecido que um</p><p>suprimento de nitrogênio é uma necessidade básica para o aumento das</p><p>safras de alimentos; entretanto, também se sabia que as plantas não podem</p><p>absorver o nitrogênio em sua forma simples, que é o principal constituinte</p><p>da atmosfera. Elas precisam que o nitrogênio seja combinado […] para</p><p>poderem assimilá-lo.</p><p>Economias agrícolas basicamente mantêm o balanço do nitrogênio</p><p>ligado. No entanto, com o advento da era industrial, os produtos do solo são</p><p>levados de onde cresce a colheita para lugares distantes, onde são</p><p>consumidos, fazendo com que o nitrogênio ligado não retorne ã terra da</p><p>qual foi retirado.</p><p>Isso tem gerado a necessidade econômica mundial de abastecer o solo</p><p>com nitrogênio ligado. […] A demanda por nitrogênio, tal como a do</p><p>carvão, indica quão diferente nosso modo de vida se tornou com relação ao</p><p>das pessoas que, com seus próprios corpos, fertilizam o solo que cultivam.</p><p>Desde a metade do último século, nós vínhamos aproveitando o suprimento</p><p>de nitrogênio do salitre que a natureza tinha depositado nos desertos</p><p>montanhosos do Chile. Comparando o rápido crescimento da demanda com</p><p>a extensão calculada desses depósitos, ficou claro que em meados do século</p><p>atual uma emergência seríssima seria inevitável, a menos que a química</p><p>encontrasse uma saída.”</p><p>HABER, F. The Synthesis of Ammonia from its Elements. Disponível em: www.nobelprize.org. Acesso em: 13jul. 2013</p><p>(adaptado)</p><p>De acordo com os argumentos de Haber, qual fenômeno teria provocado</p><p>o desequilíbrio no “balanço do nitrogênio ligado”?</p><p>a) O esgotamento das reservas de salitre no Chile.</p><p>b) O aumento da exploração de carvão vegetal e carvão mineral.</p><p>c) A redução da fertilidade do solo nas economias agrícolas.</p><p>d) A intensificação no fluxo de pessoas do campo para as cidades.</p><p>e) A necessidade das plantas de absorverem sais de nitrogênio</p><p>disponíveis no solo.</p><p>Essa foi uma questão mais de interpretação de texto que de Ciências da</p><p>Natureza. E o 3º parágrafo tem a resposta: os produtos do solo são levados para</p><p>as cidades, onde são consumidos. E o nitrogênio não volta para o solo, o que</p><p>provoca uma carência depois de um tempo. E, com mais pessoas morando nas</p><p>cidades, esse processo se intensifica. Resposta: “D”.</p><p>QUESTÃO 105</p><p>A polinização, que viabiliza o transporte do grão de pólen de uma planta</p><p>até o estigma de outra, pode ser realizada biótica ou abioticamente. Nos</p><p>processos abióticos, as plantas dependem de fatores como o vento e a água.</p><p>A estratégia evolutiva que resulta em polinização mais eficiente quando</p><p>esta depende do vento é o(a)</p><p>a) diminuição do cálice.</p><p>b) alongamento do ovário.</p><p>c) disponibilização do néctar.</p><p>d) intensificação da cor das pétalas.</p><p>e) aumento do número de estames.</p><p>Essa foi uma questão que eu resolvi por raciocínio lógico, não por</p><p>conhecimento propriamente dito. Sabia o que eram estames, então isso orientou</p><p>o meu raciocínio, mas eu não sabia que estames podiam contribuir na</p><p>polinização pelo vento. Eu achava que estavam diretamente relacionados à</p><p>polinização por insetos: a abelha entra na flor, roça nos estames e grãos de pólen</p><p>grudam nela.</p><p>Mas então eu pensei assim: ah, se o pólen se desprende fácil dos estames,</p><p>então o vento também deve conseguir arrancar grãos de pólen e carregá-los pelo</p><p>ar até chegarem em uma outra flor. E, se o número de estames aumentar, então</p><p>vamos ter mais grãos de pólen, e maiores as chances de polinização.</p><p>E é justamente isso. Resposta: “E”.</p><p>QUESTÃO 106</p><p>Muitos smartphones e tablets não precisam mais de teclas, uma vez que</p><p>todos os comandos podem ser dados ao se pressionar a própria tela.</p><p>Inicialmente essa tecnologia foi proporcionada por meio das telas resistivas,</p><p>formadas basicamente por duas camadas de material condutor</p><p>transparente que não se encostam até que alguém as pressione, modificando</p><p>a resistência total do circuito de acordo com o ponto</p><p>onde ocorre o toque.</p><p>A imagem é uma simplificação do circuito formado pelas placas, em</p><p>que A e B representam pontos onde o circuito pode ser fechado por meio do</p><p>toque</p><p>Qual é a resistência equivalente no circuito provocada por um toque que</p><p>fecha o circuito no ponto A?</p><p>a) 1,3 kΩ</p><p>b) 4,0 kΩ</p><p>c) 6,0 kΩ</p><p>d) 6,7 kΩ</p><p>e) 12,0 kΩ</p><p>Num geral, a prova de Física de 2018 foi mais fácil que de 2017. As questões</p><p>foram bem menos complexas. Aquele circuito louco de 2017 foi absurdo. Esse</p><p>aqui até que foi bonitinho comparado com aquele.</p><p>Se o circuito fecha no ponto A, vamos ignorar aquela resistência perto do</p><p>ponto B, porque o circuito não fecha ali. Temos 3 resistências, e querem a</p><p>resistência equivalente. Bem simples:</p><p>De novo, perdoe o desenho feio. Eu não sou artista.</p><p>Temos duas resistências de 4kΩ em paralelo ligadas em série com outra de</p><p>4kΩ. A resistência equivalente entre as duas primeiras é:</p><p>Uma resistência de 2kΩ ligada em série com uma de 4kΩ. Basta somar.</p><p>Resposta: 6kΩ. Letra “C”.</p><p>QUESTÃO 107</p><p>Companhias que fabricam jeans usam cloro para o clareamento, seguido</p><p>de lavagem. Algumas estão substituindo o cloro por substâncias</p><p>ambientalmente mais seguras como peróxidos, que podem ser degradados</p><p>por enzimas chamadas peroxidases. Pensando nisso, pesquisadores</p><p>inseriram genes codificadores de peroxidases em leveduras cultivadas nas</p><p>condições de clareamento e lavagem dos jeans e selecionaram as</p><p>sobreviventes para produção dessas enzimas.</p><p>TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Rio de Janeiro: Artmed, 2016 (adaptado).</p><p>Nesse caso, o uso dessas leveduras modificadas objetiva</p><p>a) reduzir a quantidade de resíduos tóxicos nos efluentes da lavagem.</p><p>b) eliminar a necessidade de tratamento da água consumida.</p><p>c) elevar a capacidade de clareamento dos jeans.</p><p>d) aumentar a resistência do jeans a peróxidos.</p><p>e) associar ação bactericida ao clareamento.</p><p>Em minha defesa, eu errei essa questão porque... ok, não tem defesa. Ela era</p><p>fácil e eu “botei chifre em cabeça de cavalo”.</p><p>É que o texto fala tanto de leveduras específicas que acabou me</p><p>confundindo: falam que só as leveduras que sobreviveram são usadas para</p><p>produzir as peroxidases. Então eu imaginei que a pergunta era: por que usaram</p><p>essas leveduras sobreviventes, e não quaisquer leveduras?</p><p>Mas na verdade é mais simples. Só querem saber por que usam leveduras</p><p>para produzir peroxidades. Ponto final. E a resposta está no texto: porque as</p><p>peroxidades substituem o cloro, que é tóxico. Resposta: “A”.</p><p>QUESTÃO 108</p><p>Por meio de reações químicas que envolvem carboidratos, lipídeos e</p><p>proteínas, nossas células obtêm energia e produzem gás carbônico e água. A</p><p>oxidação da glicose no organismo humano libera energia, conforme ilustra</p><p>a equação química, sendo que aproximadamente 40% dela é disponibilizada</p><p>para atividade muscular.</p><p>C6H12O6 (s) + 6O2 (g) → 6CO2 (g) + 6H2O (l) ΔH=-2800kJ</p><p>Considere as massas molares (em g.mol-1): H=1; C=12; O=16.</p><p>Na oxidação de 1,0 grama de glicose, a energia obtida para atividade</p><p>muscular, em quilojoule, é mais próxima de</p><p>a) 6,2.</p><p>b) 15,6.</p><p>c) 70,0.</p><p>d) 622,2.</p><p>e) 1120,0.</p><p>Questões de estequiometria não passam de uma série de regras de três. E a</p><p>primeira coisa a se fazer aqui é calcular a massa molar da glicose:</p><p>6 carbonos + 12 hidrogênios + 6 oxigênios = 180g/mol. Logo, em 1g de</p><p>glicose, temos 1/180 mol de moléculas. Pode deixar em forma de fração mesmo,</p><p>que te poupa tempo. Depois você vai simplificar.</p><p>Se a equação diz que 1 mol de glicose libera 2800kJ, então 1/180 mol vai</p><p>liberar 1/180 disso. 2800/180. Mas, antes de dividir, já vamos colocar o</p><p>rendimento! Senão você encontraria 15,6 e marcaria errado.</p><p>Primeira pegadinha da prova! Atenção ao rendimento.</p><p>Apenas 40% são liberados para a atividade muscular. Ou seja, a resposta vai</p><p>ser 2800x0,4/180. E você pode simplificar antes de fazer os cálculos para</p><p>acelerar. Resposta: “A”.</p><p>Aqui tem um vídeo com uma dica MÍSTICA sobre simplificação para ganhar</p><p>tempo no ENEM:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=zxolNyM1Uxk</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=zxolNyM1Uxk</p><p>QUESTÃO 109</p><p>Alguns peixes, como o poraquê, a enguia-elétrica da Amazônia, podem</p><p>produzir uma corrente elétrica quando se encontram em perigo. Um</p><p>poraquê de 1 metro de comprimento, em perigo, produz uma corrente em</p><p>torno de 2 ampères e uma voltagem de 600 volts.</p><p>O quadro apresenta a potência aproximada de equipamentos elétricos.</p><p>O equipamento elétrico que tem potência similar àquela produzida por</p><p>esse peixe em perigo é o(a)</p><p>a) exaustor.</p><p>b) computador.</p><p>c) aspirador de pó.</p><p>d) churrasqueira elétrica.</p><p>e) secadora de roupas.</p><p>Outra questão fácil de Física. Sabendo a fórmula “P=i.U”, você matava</p><p>rápido. A potência do poraquê é P=2A.600V=1200W. O equipamento elétrico</p><p>com potência similar a ele é a churrasqueira elétrica. Letra “D”.</p><p>Repare que o dado “1 metro” é inútil. Estava ali só para te desconcentrar.</p><p>QUESTÃO 110</p><p>Ao pesquisar um resistor feito de um novo tipo de material, um cientista</p><p>observou o comportamento mostrado no gráfico tensão versus corrente.</p><p>Após a análise do gráfico, ele concluiu que a tensão em função da</p><p>corrente é dada pela equação V=10i+i².</p><p>O gráfico da resistência elétrica (R) do resistor em função da corrente (i)</p><p>é</p><p>Para compensar a questão fácil do poraquê, veio uma bem dificilzinha. Eu</p><p>não sabia resolver isso do jeito tradicional, então apelei para o “jeitinho</p><p>brasileiro”: lembrei da fórmula “V=R.i” e fui pegando pontos do gráfico e da</p><p>função para testar.</p><p>1. Quando i=1, V=11. Logo, por “V=R.i”, quando i=1, R=11. Já</p><p>eliminamos “A” e “C” com isso, porque os gráficos não cruzam o ponto</p><p>(1,11)</p><p>2. Quando i=3, V=39. Logo, por “V=R.i”, quando i=3, R=13. Dá para ver</p><p>que se i=4, R=14; se i=5, R=15, etc. É um aumento linear. Já podemos</p><p>eliminar “B” e “E”, porque B não aumenta e E não é linear.</p><p>3. Só nos resta “D”, a resposta certa. Yay.</p><p>Mas ok, o jeito “certo” de fazer. Sabemos que V=10i+i², e que V=R.i (ou</p><p>seja, R=V/i). Como os gráficos das respostas têm R, vamos encontrar uma</p><p>fórmula para R com base na função que ele deu. Se R=V/i, e a função que ele</p><p>deu é V, vamos dividir tudo por i para achar “V/i” (ou seja, R):</p><p>V=10i+i²</p><p>V/i=10i/i+i²/i</p><p>R=10+i</p><p>Uma função do primeiro grau começando no ponto (0,10) e aumentando de 1</p><p>em 1. Exatamente a letra “D”.</p><p>QUESTÃO 111</p><p>A hidroxilamina (NH2OH) é extremamente reativa em reações de</p><p>substituição nucleofílica, justificando sua utilização em diversos processos.</p><p>A reação de substituição nucleofílica entre o anidrido acético e a</p><p>hidroxilamina está representada.</p><p>O produto A é favorecido em relação ao B, por um fator de 105. Em um</p><p>estudo de possível substituição do uso de hidroxilamina, foram testadas as</p><p>moléculas numeradas de 1 a 5.</p><p>Dentre as moléculas testadas, qual delas apresentou menor reatividade?</p><p>a) 1</p><p>b) 2</p><p>c) 3</p><p>d) 4</p><p>e) 5</p><p>Essa foi de longe a questão mais difícil da prova. Se você está estudando</p><p>para o ENEM 2019, nem se preocupe em estudar substituição nucleofílica e</p><p>eletrofílica. Se cair de novo (e acho difícil cair), vai ser de novo em questão</p><p>difícil assim, que vale muito pouco pela TRI.</p><p>Meu grande amigo professor Paulo Valim fez uma resolução explicando essa</p><p>questão com mais detalhes, caso tenha interesse:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=XDPjm7eFiBA</p><p>Basicamente, uma substituição nucleofílica é o ataque de um nucleófilo a</p><p>outra molécula. E nucleófilo é algo que quer muito o núcleo da outra molécula.</p><p>Ou seja, quer se juntar de qualquer jeito à parte positiva porque o nucleófilo é</p><p>negativo. E negativo quer porque quer encontrar algo positivo para se</p><p>estabilizar.</p><p>Na reação do exemplo, temos dois</p><p>produtos possíveis:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=XDPjm7eFiBA</p><p>A: quando o nucleófilo é o NH2O- (quando o oxigênio perde o hidrogênio)</p><p>B: quando o nucleófilo é NHOH- (quando o nitrogênio perde o hidrogênio)</p><p>Em A, a carga negativa está no oxigênio; em B, no nitrogênio. Como o</p><p>oxigênio é mais eletronegativo, é natural que ele “queira carga positiva” com</p><p>mais força que o nitrogênio. Por isso o produto A é favorecido.</p><p>Se o produto A é favorecido, quer dizer que, quando o oxigênio perde o</p><p>hidrogênio, esse nucleófilo é muito forte e reage de qualquer jeito! Então, como</p><p>a pergunta é qual das moléculas apresenta menos reatividade, podemos eliminar</p><p>aquelas em que o oxigênio está ligado a um hidrogênio. Não podemos deixar</p><p>esse oxigênio perder hidrogênio de jeito nenhum, senão a reação vai ser intensa!</p><p>Então já podemos riscar 1, 3 e 5.</p><p>Mas e agora? 2 ou 4?</p><p>A molécula 2 ainda tem chance de reagir, porque o nitrogênio ainda tem</p><p>hidrogênio para perder. Entre 2 e 4, a 4 não reage nada, porque nem o oxigênio</p><p>nem o nitrogênio têm hidrogênio para perder.</p><p>Logo, a molécula 4 é a menos reativa porque não reage nada.</p><p>Resposta: “D”.</p><p>QUESTÃO 112</p><p>Um estudante relatou que o mapeamento do DNA da cevada foi quase</p><p>todo concluído e seu código genético desvendado. Chamou atenção para o</p><p>número de genes que compõem esse código genético e que a semente da</p><p>cevada, apesar de pequena, possui um genoma mais complexo que o</p><p>humano, sendo boa parte desse código constituída de sequências repetidas.</p><p>Nesse contexto, o conceito de código genético está abordado de forma</p><p>equivocada.</p><p>Cientificamente esse conceito é definido como</p><p>a) trincas de nucleotídeos que codificam os aminoácidos.</p><p>b) localização de todos os genes encontrados em um genoma.</p><p>c) codificação de sequências repetidas presentes em um genoma.</p><p>d) conjunto de todos os RNAs mensageiros transcritos em um</p><p>organismo.</p><p>e) todas as sequências de pares de bases presentes em um organismo.</p><p>Essa foi uma das questões fáceis que eu errei porque não lembrava muito</p><p>bem do conceito. O código genético é definido pelos nucleotídeos, cada um</p><p>contendo uma das bases nitrogenadas do DNA: adenina, timina, guanina ou</p><p>citosina. O código genético é a relação entre a sequência de bases nitrogenadas e</p><p>a sequência correspondente de aminoácidos a que elas vão dar origem. Resposta:</p><p>“A”.</p><p>QUESTÃO 113</p><p>Células solares à base de TiO2 sensibilizadas por corantes (S) são</p><p>promissoras e poderão vir a substituir as células de silício. Nessas células, o</p><p>corante adsorvido sobre o TiO2 é responsável por absorver a energia</p><p>luminosa (hv), e o corante excitado (S*) é capaz de transferir elétrons para</p><p>o TiO2. Um esquema dessa célula e os processos envolvidos estão ilustrados</p><p>na figura. A conversão de energia solar em elétrica ocorre por meio da</p><p>sequência de reações apresentadas.</p><p>A reação 3 é fundamental para o contínuo funcionamento da célula</p><p>solar, pois</p><p>a) reduz íons I- a I-3.</p><p>b) regenera o corante.</p><p>c) garante que a reação 4 ocorra.</p><p>d) promove a oxidação do corante.</p><p>e) transfere elétrons para o eletrodo de TiO2.</p><p>Essa questão também foi polêmica porque teoricamente a notação com * é</p><p>vista apenas em nível superior. Então aquele TiO2|S* deve ter assustado muita</p><p>gente. Mas a minha dica aqui é: quando vir algo que não conhece, não se assuste</p><p>logo de cara (isso vai valer também na questão 122). Tente trabalhar com isso.</p><p>Reconheça que não entende exatamente o que aquilo é, mas não se deixe</p><p>intimidar.</p><p>Na reação 1, TiO2|S reage com a luz para virar TiO2|S*. Mas o que é isso? É</p><p>o estado excitado do TiO2|S. Mas vamos supor que você não sabia o que era</p><p>TiO2|S* para eu te mostrar que dava para resolver mesmo assim. Supondo que a</p><p>pessoa não sabia o que era TiO2|S*, vamos chamá-lo só de... negócio.</p><p>Na reação 2, o negócio vira o cátion de TiO2|S+ mais elétron. Ou seja: de 1</p><p>para 2, o que aconteceu foi que a energia luminosa arrancou um elétron do</p><p>átomo de enxofre do TiO2|S. O enxofre foi oxidado. Só isso.</p><p>Em 3, o cátion TiO2|S+ volta a ser TiO2|S. Não importa o resto. Porque o</p><p>TiO2|S foi regenerado, então o mesmo TiO2|S pode voltar para a reação 1, ser</p><p>oxidado e passar por todo o processo de novo. Se não tivesse a reação 3, o</p><p>enxofre iria esgotar alguma hora, e a célula solar pararia de funcionar. Ele não</p><p>esgota porque o enxofre se regenera.</p><p>Ou seja, graças à reação 3, o corante é regenerado. Resposta: “B”.</p><p>E isso sem precisar saber o que era o negócio.</p><p>QUESTÃO 114</p><p>O nível metabólico de uma célula pode ser determinado pela taxa de</p><p>síntese de RNAs e proteínas, processos dependentes de energia. Essa</p><p>diferença na taxa de síntese de biomoléculas é refletida na abundância e</p><p>características morfológicas dos componentes celulares. Em uma empresa</p><p>de produção de hormônios proteicos a partir do cultivo de células animais,</p><p>um pesquisador deseja selecionar uma linhagem com o metabolismo de</p><p>síntese mais elevado, dentre as cinco esquematizadas na figura.</p><p>Qual linhagem deve ser escolhida pelo pesquisador?</p><p>a) I</p><p>b) II</p><p>c) III</p><p>d) IV</p><p>e) V</p><p>Acho que todo ano vai cair alguma questão sobre organelas. E a organela</p><p>favorita do ENEM é de longe o retículo endoplasmático rugoso, responsável</p><p>pela síntese de proteínas em seus ribossomos. Só pelo retículo endoplasmático</p><p>você já conseguia perceber que a resposta era IV, mas a questão deu mais alguns</p><p>detalhes que poderiam ter sido pegadinhas:</p><p>Se o processo é dependente de energia, vai ser necessário um bom número</p><p>de mitocôndrias. Se IV tivesse pouca mitocôndria, mesmo com muitos retículos</p><p>endoplasmáticos a resposta não poderia ser ela.</p><p>E também querem alta taxa de síntese de RNA, processo garantido pelo</p><p>nucléolo mais desenvolvido. O RNA vai ser traduzido nos ribossomos do</p><p>retículo endoplasmático rugoso.</p><p>Resposta: “D”.</p><p>QUESTÃO 115</p><p>O deserto é um bioma que se localiza em regiões de pouca umidade. A</p><p>fauna é, predominantemente, composta por animais roedores, aves, répteis</p><p>e artrópodes.</p><p>Uma adaptação, associada a esse bioma, presente nos seres vivos dos</p><p>grupos citados é o(a)</p><p>a) existência de numerosas glândulas sudoríparas na epiderme.</p><p>b) eliminação de excretas nitrogenadas de forma concentrada.</p><p>c) desenvolvimento do embrião no interior de ovo com casca.</p><p>d) capacidade de controlar a temperatura corporal.</p><p>e) respiração realizada por pulmões foliáceos.</p><p>Essa era uma questão de “sabe vs. não sabe”, mas que dava para resolver</p><p>também por eliminação. A resposta é “B”: eliminação de excretas</p><p>nitrogenadas de forma concentrada para evitar perda excessiva de água. Eles</p><p>eliminam praticamente só as excretas, sem a necessidade de muita água para</p><p>“diluir”.</p><p>Mas vamos por eliminação: não pode ser “A” porque se os animais tivessem</p><p>muitas glândulas sudoríparas eles iriam suar mais, e com isso iriam perder água</p><p>demais. É o oposto do que eles precisam para sobreviver em um ambiente árido.</p><p>Não pode ser “C” porque roedores e artrópodes não se desenvolvem em ovos</p><p>com casca. Queremos uma característica comum a todos.</p><p>Para “D” e “E”, mesma coisa. Não são características comuns a todos os 4</p><p>grupos citados. Logo, a resposta só pode ser “B”.</p><p>QUESTÃO 116</p><p>O sulfeto de mercúrio (ll) foi usado como pigmento vermelho para</p><p>pinturas de quadros e murais. Esse pigmento, conhecido como vermilion,</p><p>escurece com o passar dos anos, fenômeno cuja origem é alvo de pesquisas.</p><p>Aventou-se a hipótese de que o vermilion seja decomposto sob a ação da luz,</p><p>produzindo uma fina camada de mercúrio metálico na superfície. Essa</p><p>reação seria catalisada por íon cloreto presente na umidade do ar.</p><p>WOGAN, T. Mercury’s Dark Influence on Art. Disponível em: www.chemistryworld.com.</p><p>Acesso em: 26 abr. 2018</p><p>(adaptado).</p><p>Segundo a hipótese proposta, o íon cloreto atua na decomposição</p><p>fotoquímica do vermilion</p><p>a) reagindo como agente oxidante.</p><p>b) deslocando o equilíbrio químico.</p><p>c) diminuindo a energia de ativação.</p><p>d) precipitando cloreto de mercúrio.</p><p>e) absorvendo a energia da luz visível.</p><p>Questão conceitual sobre catalisadores. Catalisadores são moléculas que</p><p>aceleram a reação química por meio da diminuição da energia de ativação.</p><p>Eles não deslocam o equilíbrio nem reagem com as substâncias. Os catalisadores</p><p>deixam a reação da mesma forma que entraram: intactos. Eles só aceleram a</p><p>reação ao oferecer uma rota alternativa com menor energia de ativação.</p><p>Resposta: “C”.</p><p>QUESTÃO 117</p><p>O sonorizador é um dispositivo físico implantado sobre a superfície de</p><p>uma rodovia de modo que provoque uma trepidação e ruído quando da</p><p>passagem de um veículo sobre ele, alertando para uma situação atípica à</p><p>frente, como obras, pedágios ou travessia de pedestres.</p><p>Ao passar sobre os sonorizadores, a suspensão do veículo sofre vibrações</p><p>que produzem ondas sonoras, resultando em um barulho peculiar.</p><p>Considere um veículo que passe com velocidade constante igual a 108 km/h</p><p>sobre um sonorizador cujas faixas são separadas por uma distância de 8 cm.</p><p>Disponível em: www.denatran.gov.br. Acesso em: 2 set. 2015 (adaptado).</p><p>A frequência da vibração do automóvel percebida pelo condutor</p><p>durante a passagem nesse sonorizador é mais próxima de</p><p>a) 8,6 hertz.</p><p>b) 13,5 hertz.</p><p>c) 375 hertz.</p><p>d) 1350 hertz.</p><p>e) 4860 hertz.</p><p>Essa é a questão que eu inicialmente pensei ser sobre efeito Doppler, mas</p><p>depois percebi que era apenas questão de unidades de medida.</p><p>Queremos a resposta em hertz. Mas hertz são a mesma coisa que s-1. São o</p><p>inverso de um segundo. Então vamos ter que combinar 108km/h e 8cm para</p><p>encontrar X s-1. Mas a unidade de tempo do 108 km/h é hora, não segundo.</p><p>Então, antes de mais nada, para já deixar o tempo em s temos que converter</p><p>km/h para m/s. Para converter km/h em m/s, dividimos por 3,6 (e é bom você</p><p>memorizar esse número):</p><p>Agora temos metro em 30m/s e centímetro em 8cm. Para cortar um com o</p><p>outro, temos que ou transformar o m em cm ou o cm em m. Vou fazer a primeira</p><p>opção.</p><p>Agora é só multiplicar? Não! Porque tanto em 3000cm/s quanto em 8cm a</p><p>unidade de comprimento está no numerador. Se multiplicar, vamos encontrar X</p><p>cm²/s. E eu não quero isso. Eu quero cortar cm com cm, então vou manter o</p><p>3000cm/s e inverter o 8cm para só então multiplicar:</p><p>QUESTÃO 118</p><p>As pessoas que utilizam objetos cujo princípio de funcionamento é o</p><p>mesmo do das alavancas aplicam uma força, chamada de força potente, em</p><p>um dado ponto da barra, para superar ou equilibrar uma segunda força,</p><p>chamada de resistente, em outro ponto da barra. Por causa das diferentes</p><p>distâncias entre os pontos de aplicação das forças, potente e resistente, os</p><p>seus efeitos também são diferentes. Afigura mostra alguns exemplos desses</p><p>objetos.</p><p>Em qual dos objetos a força potente é maior que a força resistente?</p><p>a) Pinça.</p><p>b) Alicate.</p><p>c) Quebra-nozes.</p><p>d) Carrinho de mão.</p><p>e) Abridor de garrafa.</p><p>Força potente e força resistente... são nomes diferentes, então poderiam gerar</p><p>confusão. Mas essa é essencialmente uma questão sobre torque. E, entendendo o</p><p>princípio geral de torque, dava para responder sem maiores dificuldades.</p><p>A ideia é que, quanto mais longe do ponto de giro, maior é resultante da</p><p>força aplicada, e menor é a força que a pessoa precisa fazer. Na questão, temos 4</p><p>objetos que usam esse princípio para “potencializar” a força que a pessoa faz</p><p>(alicate, carrinho de mão, quebra-nozes e abridor de garrafas) e 1 objeto que</p><p>destoa dos outros: a pinça.</p><p>Na pinça, por mais longe que esteja do ponto de giro, a força que fazemos</p><p>com os dedos não é potencializada. A força resultante máxima (quando</p><p>pressionamos bem na ponta da garrinha) é igual à força que fazemos com os</p><p>dedos. Ou seja, a força resistente é menor que a força potente. Letra “A”.</p><p>QUESTÃO 119</p><p>Na mitologia grega, Nióbia era a filha de Tãntalo, dois personagens</p><p>conhecidos pelo sofrimento. O elemento químico de número atômico (Z)</p><p>igual a 41 tem propriedades químicas e físicas tão parecidas com as do</p><p>elemento de número atômico 73 que chegaram a ser confundidos.</p><p>Por isso, em homenagem a esses dois personagens da mitologia grega, foi</p><p>conferido a esses elementos os nomes de nióbio (Z = 41) e tãntalo (Z = 73).</p><p>Esses dois elementos químicos adquiriram grande importância econômica</p><p>na metalurgia, na produção de supercondutores e em outras aplicações na</p><p>indústria de ponta, exatamente pelas propriedades químicas e físicas</p><p>comuns aos dois.</p><p>KEAN, S. A colher que desaparece: e outras histórias reais de loucura, amor e morte a partir dos elementos químicos.</p><p>Rio de Janeiro: Zahar, 2011 (adaptado).</p><p>A importância econômica e tecnológica desses elementos, pela</p><p>similaridade de suas propriedades químicas e físicas, deve-se a</p><p>a) terem elétrons no subnível f</p><p>b) serem elementos de transição interna.</p><p>c) pertencerem ao mesmo grupo na tabela periódica.</p><p>d) terem seus elétrons mais externos nos níveis 4 e 5, respectivamente.</p><p>e) estarem localizados na família dos alcalinos terrosos e alcalinos,</p><p>respectivamente.</p><p>Essa foi mais uma questão que destoou. Nunca tinha caído distribuição</p><p>eletrônica antes, então pode ter sido uma surpresa para os alunos. Mas é uma</p><p>questão fácil, porque bastava fazer a distribuição eletrônica para ver que nióbio e</p><p>tântalo pertenciam ao mesmo grupo na tabela periódica.</p><p>Nb: 1s22s22p63s23p64s23d104p65s24d3</p><p>Ta: 1s22s22p63s23p63d104s24p64d105s25p64f145d3</p><p>Ambos têm 3 elétrons no orbital d do último nível eletrônico, logo são metais</p><p>de transição da mesma família. Isso justifica as propriedades físicas e químicas</p><p>similares. Letra “C”.</p><p>QUESTÃO 120</p><p>O processo de formação de novas espécies é lento e repleto de nuances e</p><p>estágios intermediários, havendo uma diminuição da viabilidade entre</p><p>cruzamentos. Assim, plantas originalmente de uma mesma espécie que não</p><p>cruzam mais entre si podem ser consideradas como uma espécie se</p><p>diferenciando. Um pesquisador realizou cruzamentos entre nove populações</p><p>— denominadas de acordo com a localização onde são encontradas — de</p><p>uma espécie de orquídea (Epidendrum denticulatum). No diagrama estão os</p><p>resultados dos cruzamentos entre as populações. Considere que o doador</p><p>fornece o pólen para o receptor</p><p>Em populações de quais localidades se observa um processo de</p><p>especiação evidente?</p><p>a) Bertioga e Marambaia; Alcobaça e Olivença.</p><p>b) Itirapina e Itapeva; Marambaia e Massambaba.</p><p>c) Itirapina e Marambaia; Alcobaça e Itirapina.</p><p>d) Itirapina e Peti; Alcobaça e Marambaia.</p><p>e) Itirapina e Olivença; Marambaia e Peti.</p><p>Essa foi uma questão relativamente simples, mas que devido à quantidade de</p><p>dados pode ter causado uma primeira impressão não muito agradável. Para que</p><p>haja o processo de especiação, é necessária uma diminuição da viabilidade de</p><p>cruzamentos (como o enunciado explica).</p><p>Logo, devemos encontrar os pares de espécies que não cruzam entre si. Ou</p><p>seja, em que tanto a seta de “ida” quanto de “vinda” seja pontilhada. E esses</p><p>pares são Itirapina/Peti e Alcobaça/Marambaia.</p><p>Resposta: “D”.</p><p>QUESTÃO 121</p><p>O cruzamento de duas espécies da família das Anonáceas, a cherimoia</p><p>(Annona cherimola) com a fruta-pinha (Annona squamosa), resultou em</p><p>uma planta híbrida denominada de atemoia. Recomenda-se que o seu</p><p>plantio seja por meio de enxertia.</p><p>Um dos benefícios dessa forma de plantio é a</p><p>a) ampliação da variabilidade genética.</p><p>b) produção de frutos das duas espécies.</p><p>c) manutenção</p><p>do genótipo da planta híbrida.</p><p>d) reprodução de clones das plantas parentais.</p><p>e) modificação do genoma decorrente da transgenia.</p><p>Aqui seria necessário certo conhecimento sobre enxertia. É basicamente a</p><p>ideia de “encaixar” um pedaço de uma planta em outra (de um jeito mais chique,</p><p>é a união dos tecidos de duas plantas). Forma-se uma planta híbrida, mas não há</p><p>combinação dos DNAs das plantas originais. A carga genética é mantida, então,</p><p>como a planta de interesse é exatamente a atemoia, não seria interessante arriscar</p><p>uma reprodução sexuada que poderia resultar em uma planta com propriedades</p><p>diferentes.</p><p>Lembre-se: a principal característica da reprodução sexuada é a variabilidade</p><p>genética. Mas variabilidade genética é a última coisa que a gente quer aqui,</p><p>porque nós queremos exatamente a atemoia, não outra planta. E a enxertia faz</p><p>com que as gerações seguintes tenham exatamente a mesma carga genética que a</p><p>atemoia original (desconsiderando mutações, claro, mas mutações são raras e</p><p>aleatórias).</p><p>Resposta: “C”.</p><p>QUESTÃO 122</p><p>Alguns materiais sólidos são compostos por átomos que interagem entre</p><p>si formando ligações que podem ser covalentes, iônicas ou metálicas. A</p><p>figura apresenta a energia potencial de ligação em função da distância</p><p>interatômica em um sólido cristalino. Analisando essa figura, observa-se</p><p>que, na temperatura de zero kelvin, a distância de equilíbrio da ligação</p><p>entre os átomos (R0) corresponde ao valor mínimo de energia potencial.</p><p>Acima dessa temperatura, a energia térmica fornecida aos átomos aumenta</p><p>sua energia cinética e faz com que eles oscilem em torno de uma posição de</p><p>equilíbrio média (círculos cheios), que é diferente para cada temperatura. A</p><p>distância de ligação pode variar sobre toda a extensão das linhas</p><p>horizontais, identificadas com o valor da temperatura, de T1 a T4,</p><p>(temperaturas crescentes).</p><p>O deslocamento observado na distância média revela o fenômeno da</p><p>a) ionização</p><p>b) dilatação</p><p>c) dissociação</p><p>d) quebra de ligações covalentes</p><p>e) formação de ligações metálicas.</p><p>Essa foi a questão que eu falei sobre não se intimidar com nomes difíceis.</p><p>Convenhamos que um gráfico de distância interatômica vs. energia de ligação</p><p>assustaria até o mais tranquilo dos monges budistas. Mas o que é distância</p><p>interatômica? Ora... a distância entre os átomos. E o que acontece quando todas</p><p>as distâncias entre os átomos aumentam? O objeto em si aumenta de tamanho</p><p>porque todos os seus átomos ficaram mais distantes entre si.</p><p>E qual o fenômeno que explica o aumento de tamanho de um objeto pelo</p><p>aumento da temperatura? A dilatação. Logo, resposta: “B”.</p><p>“Ah, Umberto, mas você já sabia desse gráfico, então para você foi mais</p><p>fácil resolver”. E não. Eu não fazia a mínima ideia de que a dilatação acontecia</p><p>por causa disso. Aprendi no dia do ENEM. Resolvi por interpretação mesmo, e é</p><p>como você deve fazer sempre que vir algum nome, gráfico ou teoria difícil.</p><p>Respire fundo e tente contornar o problema. Funciona quase sempre.</p><p>QUESTÃO 123</p><p>A utilização de extratos de origem natural tem recebido a atenção de</p><p>pesquisadores em todo o mundo, principalmente nos países em</p><p>desenvolvimento que são altamente acometidos por doenças infecciosas e</p><p>parasitárias. Um bom exemplo dessa utilização são os produtos de origem</p><p>botânica que combatem insetos.</p><p>O uso desses produtos pode auxiliar no controle da</p><p>a) esquistossomose.</p><p>b) leptospirose.</p><p>c) leishmaniose.</p><p>d) hanseníase.</p><p>e) aids.</p><p>Essa foi a questão que eu errei porque não tinha decorado nomes de doenças.</p><p>A resposta é bem direta: “C”, porque o vetor da leishmaniose é o mosquito</p><p>palha, um inseto.</p><p>QUESTÃO 124</p><p>Nos manuais de instalação de equipamentos de som há o alerta aos</p><p>usuários para que observem a correta polaridade dos fios ao realizarem as</p><p>conexões das caixas de som. As figuras ilustram o esquema de conexão das</p><p>caixas de som de um equipamento de som mono, no qual os alto-falantes</p><p>emitem as mesmas ondas. No primeiro caso, a ligação obedece às</p><p>especificações do fabricante e no segundo mostra uma ligação na qual a</p><p>polaridade está invertida.</p><p>O que ocorre com os alto-falantes E e D se forem conectados de acordo</p><p>com o segundo esquema?</p><p>a) O alto-falante E funciona normalmente e o D entra em curto-circuito</p><p>e não emite som.</p><p>b) O alto-falante E emite ondas sonoras com frequências ligeiramente</p><p>diferentes do alto-falante D provocando o fenômeno de batimento.</p><p>c) O alto-falante E emite ondas sonoras com frequências e fases</p><p>diferentes do alto-falante D provocando o fenômeno conhecido como ruído.</p><p>d) O alto-falante E emite ondas sonoras que apresentam um lapso de</p><p>tempo em relação às emitidas pelo alto-falante D provocando o fenômeno de</p><p>reverberação.</p><p>e) O alto-falante E emite ondas sonoras em oposição de fase às emitidas</p><p>pelo alto-falante D provocando o fenômeno de interferência destrutiva nos</p><p>pontos equidistantes aos alto-falantes.</p><p>Quando eu li essa questão, lembrei na hora de Doctor Who. Porque o que o</p><p>Doutor mais faz é inverter a polaridade da chave de fenda sônica para fazer</p><p>as coisas mais absurdas do mundo. Criou um buraco negro acidental? Inverta a</p><p>polaridade e atire no buraco negro. Problema resolvido.</p><p>Enfim...</p><p>A polaridade invertida faz o tecido da caixa vibrar “ao contrário”: ao invés</p><p>de ir para frente e para trás, ele vai para trás e para frente, gerando ondas sonoras</p><p>em oposição de fase à outra caixa. Em pontos equidistantes das duas caixas, os</p><p>picos de uma onda encontram os vales da outra, gerando interferência destrutiva.</p><p>Resposta: “E”.</p><p>QUESTÃO 125</p><p>Em 1938 o arqueólogo alemão WIlhelm Kõnlg, diretor do Museu</p><p>Nacional do Iraque, encontrou um objeto estranho na coleção da</p><p>Instituição, que poderia ter sido usado como uma pilha, similar às utilizadas</p><p>em nossos dias. A suposta pilha, datada de cerca de 200 a.C., é constituída</p><p>de um pequeno vaso de barro (argila) no qual foram instalados um tubo de</p><p>cobre, uma barra de ferro (aparentemente corroída por ácido) e uma tampa</p><p>de betume (asfalto), conforme ilustrado. Considere os potenciais-padrão de</p><p>redução: E0 (Fe+|Fe) = -0,4: 4 V; E0 (H+|H) = 0,00 V; e E0 (Cu+|Cu) = +0,34</p><p>V.</p><p>Nessa suposta pilha, qual dos componentes atuaria como cátodo?</p><p>a) A tampa de betume</p><p>b) O vestígio de ácido.</p><p>c) A barra de ferro.</p><p>d) O tubo de cobre.</p><p>e) O vaso de barro.</p><p>Mais uma questão que destoou das últimas provas do ENEM. Ao invés de</p><p>pedir cálculos, pediram apenas conceitos. Para saber qual é o cátodo você</p><p>poderia lembrar da DONA PORCA:</p><p>DONA: doa, oxida, negativo, ânodo; PORCA: positivo, recebe, reduz,</p><p>cátodo</p><p>O cátodo é o polo positivo, que recebe elétrons. É o que tem potencial de</p><p>redução positivo, ou seja, o cobre. Letra “D”. Mas, tecnicamente falando, o que</p><p>vai reduzir mesmo é o hidrogênio (2H+ → H2), não o cobre. O cobre vai ser</p><p>apenas a superfície condutora. Para o cobre reduzir, teria que haver solução</p><p>líquida com íons Cu2+ para receberem elétrons e virarem cobre sólido. De</p><p>qualquer jeito, o tubo de cobre vai ser o ponto aonde os elétrons vão, então ele</p><p>atua como cátodo.</p><p>A reação global de oxirredução vai ser a seguinte:</p><p>Fe0 → Fe2+ + 2e- Eoxi = +0,44 V</p><p>2H+ + 2e- → H2(g) Ered = 0 V</p><p>Fe0 + 2H+ → Fe2+ + H2(g) DDP = 0,44 V</p><p>Por isso a barra de ferro estava corroída: porque ele foi sendo oxidado ao</p><p>longo do tempo.</p><p>QUESTÃO 126</p><p>Anabolismo e catabolismo são processos celulares antagônicos, que são</p><p>controlados principalmente pela ação hormonal. Por exemplo, no fígado a</p><p>insulina atua como um hormônio com ação anabólica, enquanto o glucagon</p><p>tem ação catabólica e ambos são secretados em resposta ao nível de glicose</p><p>sanguínea.</p><p>Em caso de um indivíduo com hipoglicemia,</p><p>de maneira distinta. Por conta disso, indivíduos</p><p>que falam idiomas diferentes apresentariam maneiras diferentes de compreender</p><p>a realidade externa e a si mesmos.</p><p>Sua própria relação com os outros e consigo mesmos seria “afetada” pela</p><p>presença ou ausência de certos elementos linguísticos no idioma.</p><p>Exemplo: no caso de uma língua em que não houvesse distinção entre os</p><p>vocábulos “Eu” e “Você”, será que as pessoas teriam um senso de identidade</p><p>diferente do nosso? Para eles, eu e você seríamos a mesma pessoa?</p><p>Hmmmmmmm... interessante, né?</p><p>Sobre isso, fica a dica de um filme: A Chegada, de 2016, conta a história de</p><p>uma linguista que decifra o idioma de uma raça alienígena e, por conta disso, seu</p><p>cérebro é “reconfigurado” para entender coisas que, antes, só eles entendiam. Ela</p><p>então passa a entender o tempo de uma maneira não linear: passado, presente e</p><p>futuro se mesclam porque o idioma que ela decifrou fez ela perceber a realidade</p><p>de uma maneira totalmente inconcebível para os outros humanos. É um filme</p><p>mucho loko.</p><p>ENFIM!</p><p>A hipótese de Sapir-Whorf não passa disso: uma hipótese. Ela não é</p><p>comprovada cientificamente, mas acho uma analogia perfeita para explicar o que</p><p>o raciocínio lógico-matemático pode proporcionar.</p><p>Imagine-o como sendo um novo idioma. Uma “reconfiguração” do cérebro</p><p>para entender linhas de raciocínio que antes estavam latentes dentro da sua</p><p>cabeça.</p><p>A Matemática (e todas as ciências) bebem muito dessa fonte, e por isso</p><p>podem ser difíceis para quem não tem tanta familiaridade com esse tipo de</p><p>raciocínio. E convenhamos que são raríssimos os professores que se preocupam</p><p>em explicar isso antes de atolar os alunos com um monte de fórmulas abstratas e</p><p>aparentemente sem sentido.</p><p>É óbvio que as pessoas vão sentir dificuldade se não souberem para que estão</p><p>estudando aqueles números e letras. Matemática passa a ser decoreba de</p><p>símbolos aleatórios.</p><p>Mas vamos combinar uma coisa: a partir de hoje, isso fica para trás, ok?</p><p>Existe uma lógica por trás da Matemática, e o seu principal desafio não é</p><p>decorar símbolos, mas sim entender essa lógica.</p><p>Vamos ver na parte de análise do ENEM 2018 que o raciocínio lógico pode</p><p>ser um caminho alternativo para responder até questões de Humanas ou</p><p>Linguagens! Isso porque ele nos oferece basicamente uma outra forma de</p><p>pensar. E, quanto mais caminhos distintos o cérebro for capaz de seguir, maiores</p><p>as chances de ter novos insights, ideias... enfim, de ser mais criativo num geral.</p><p>(No caso de uma prova, maiores as chances de chegar na resposta).</p><p>A propósito, sabe o que vai te ajudar com raciocínio lógico? A interpretação</p><p>de texto! Os dois caminham lado a lado. Mas no caso da Matemática nós vamos</p><p>um passo além: não vamos apenas entender o que o texto está falando... para</p><p>resolver os exercícios, precisamos pensar de maneira abstrata, conectar áreas do</p><p>cérebro que normalmente não conversam muito. E é isso que você vai trabalhar</p><p>para melhorar em Matemática.</p><p>E agora, senhoras e senhores membros do júri... a pergunta de 1 milhão de</p><p>dólares: como melhorar o raciocínio lógico?</p><p>Em primeiro lugar, acabe com o preconceito com a Matemática. Na escola,</p><p>eu tinha um colega que fazia questão de não aprender nada. Ele nem se dava ao</p><p>trabalho de tentar porque já “sabia” que não ia entender.</p><p>Não seja esse tipo de pessoa. Por favor.</p><p>Você é capaz de aprender qualquer coisa que quiser. E tirar o preconceito é</p><p>meio caminho andado para absorver seja o que for. Combinado? Combinado.</p><p>Resolvido isso, a próxima forma de trabalhar o raciocínio já foi falada no</p><p>capítulo anterior: leia muito, e de tudo um pouco. Como são habilidades que</p><p>caminham juntas, a leitura vai preparar o terreno para quando você começar a</p><p>exercitar o raciocínio lógico propriamente dito.</p><p>Outra coisa que eu já falei em alguns vídeos (e recebi ótimos depoimentos de</p><p>pessoas que puseram em prática e obtiveram resultados positivos) é aprender</p><p>lógica de programação. A programação é interessante porque te ensina</p><p>justamente o “se A, então B”. E esse tipo de relação é a base do raciocínio</p><p>lógico.</p><p>Procure no YouTube canais que ensinem lógica de programação. Não precisa</p><p>aprender a fundo uma linguagem, mas, se tiver interesse, as pessoas</p><p>recomendam Python por ser uma não tão complexa.</p><p>Pode ser até que você goste de programar! E o mundo super tecnológico de</p><p>hoje em dia precisa cada vez mais de programadores. Quem sabe você não</p><p>encontra uma vocação?</p><p>Não tem tempo para aprender a programar? Sem problemas. Em um outro</p><p>vídeo no canal, eu ensinei a resolver desafios de lógica</p><p>(https://www.youtube.com/watch?v=MdwXgypS0aM). Se tem uma coisa que</p><p>melhora o seu raciocínio, é esse joguinho.</p><p>Este site oferece desafios de lógica grátis, mas você provavelmente ainda</p><p>consegue encontrar revistas da Coquetel nas bancas com desafios mais</p><p>interessantes:</p><p>https://www.geniol.com.br/logica/desafios/</p><p>Para você ter uma noção, menos de dois meses depois que eu postei esse</p><p>vídeo, recebi um depoimento de uma menina que disse estar fazendo um desses</p><p>por dia, antes de dormir, e que já tinha sentido uma melhora significativa na</p><p>rapidez com que resolvia as questões de Matemática.</p><p>Pode parecer algo aleatório, perda de tempo, mas é um processo de</p><p>reconfiguração do cérebro que vai ter impactos diretos no seu processo de</p><p>resolução. Não é perda de tempo. É dar um passo atrás para dar 1000000</p><p>adiante.</p><p>Para colocar em prática e sentir os efeitos desses estudos, você pode ir</p><p>resolvendo algumas questões de Matemática ao longo das semanas. Cronometre</p><p>o tempo que você leva e vá acompanhando a melhoria. É sempre motivador ver</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=MdwXgypS0aM</p><p>https://www.geniol.com.br/logica/desafios/</p><p>que seus esforços estão valendo a pena!</p><p>RESUMINDO:</p><p>Matemática não é tão difícil quanto parece. O problema é que na escola não</p><p>dedicam tempo suficiente para o raciocínio lógico. Trabalhe o seu raciocínio</p><p>lógico, e a Matemática vem junto.</p><p>A interpretação de texto também vai ser útil na prova de Matemática. Na</p><p>verdade, ela é o diferencial em quase qualquer prova que você for fazer na vida.</p><p>Então as dicas do capítulo anterior continuam valendo: leia muito, e leia sempre.</p><p>Desafios de lógica são jogos perfeitos para você melhorar a interpretação de</p><p>texto e o raciocínio lógico-matemático ao mesmo tempo. Experimente fazer uns</p><p>2 ou 3 por semana, antes de ir dormir.</p><p>Raciocínio matemático não passa de uma outra forma de perceber as coisas à</p><p>sua volta. Não vai ajudar só na prova do ENEM, mas em tudo na sua vida. Boa</p><p>sorte :)</p><p>Fechamos aqui o capítulo de raciocínio lógico. Agora vamos falar de</p><p>Matemática propriamente dita. Vem aí... a pirâmide da Matemática.</p><p>A Matemática é uma pirâmide</p><p>Antes de mais nada, vou te contar um segredo. Mentira, não é um segredo</p><p>porque muita gente já sabe. Se você prestou bastante atenção até aqui no ebook,</p><p>já deve até ter percebido.</p><p>Lembra do capítulo com as minhas notas? Nesses três anos consecutivos,</p><p>qual foi a minha maior nota disparada? Matemática.</p><p>E a segunda? Redação.</p><p>E não é porque eu sou um gênio da Matemática ou o tatataraneto de Machado</p><p>de Assis. É porque essas são as duas únicas provas em que você pode tirar mais</p><p>de 900. No capítulo sobre a TRI eu vou explicar melhor o porquê disso, mas por</p><p>enquanto tome a minha palavra como verdade.</p><p>Essas são as duas provas mais importantes. Elas podem aumentar (muito) a</p><p>sua média. Vamos falar sobre redação mais para frente, mas por enquanto vamos</p><p>nos focar em Matemática.</p><p>Como eu já disse, uns 80% da prova de Matemática exigem só</p><p>conhecimentos de Matemática Básica e interpretação. As quatro operações, regra</p><p>de três, equações, funções, geometria...</p><p>o hormônio citado que atua</p><p>no catabolismo induzirá o organismo a</p><p>a) realizar a fermentação lática.</p><p>b) metabolizar aerobicamente a glicose.</p><p>c) produzir aminoácidos a partir de ácidos graxos.</p><p>d) transformar ácidos graxos em glicogênio.</p><p>e) estimular a utilização do glicogênio.</p><p>Questão que eu errei por bobagem. Sabia do mecanismo insulina/glucagon,</p><p>mas me desconcentrei e errei. Basicamente um compensa o outro: a insulina tira</p><p>a glicose do sangue e a transforma em glicogênio (basta pensar nos diabéticos</p><p>para lembrar disso, porque se eles não tomam insulina o nível de glicose no</p><p>sangue sobe muito); o glucagon faz o inverso: transforma o glicogênio estocado</p><p>no fígado em glicose para elevar os níveis do sangue. Letra “E”.</p><p>A insulina transforma glicose em glicogênio, e o glucagon faz o contrário.</p><p>Não precisa decorar. Lembre que diabéticos precisam de insulina e que o</p><p>glucagon faz o contrário da insulina, e todo o raciocínio para entender o</p><p>mecanismo vem junto.</p><p>QUESTÃO 127</p><p>Usando um densímetro cuja menor divisão da escala, isto é, a diferença</p><p>entre duas marcações consecutivas, é de 5,0x10-2 g.cm-3, um estudante</p><p>realizou um teste de densidade: colocou este instrumento na água pura e</p><p>observou que ele atingiu o repouso na posição mostrada.</p><p>Em dois outros recipientes A e B contendo 2 litros de água pura, em</p><p>cada um, ele adicionou 100 g e 200 g de NaCl, respectivamente. Quando o</p><p>cloreto de sódio é adicionado à água pura ocorre sua dissociação formando</p><p>os íons Na+ e Cl-. Considere que esses íons ocupam os espaços</p><p>intermoleculares na solução. Nestes recipientes, a posição de equilíbrio do</p><p>densímetro está representada em:</p><p>Antes de tudo, vamos entender a diferença entre duas marcações</p><p>consecutivas. Todo aparelho que mensura alguma grandeza tem certa precisão.</p><p>Ou seja, tem um limite de mensuração que define até que quantidade ele pode</p><p>medir. Uma régua, por exemplo, tem o limite de 1mm. Significa que não dá para</p><p>discernir um objeto de 2,1mm e 2,2mm com uma régua convencional. Por</p><p>olhômetro você até consegue perceber que o objeto de 2,2mm é maior, mas sem</p><p>um aparelho mais preciso você não pode definir quão maior ele é. Porque a</p><p>régua só mede de milímetro em milímetro.</p><p>Então agora ficou mais claro o que quer dizer a diferença entre as 2</p><p>marcações consecutivas do densímetro. Significa que, se a densidade do líquido</p><p>em que ele estiver imerso variar em menos de 5x10-2, ele não vai acusar</p><p>mudança. Importante saber isso porque, caso a diferença de densidade entre o</p><p>recipiente A e B seja menor que 5x10-2g/cm³, o densímetro não vai para cima</p><p>nem para baixo.</p><p>Agora vamos aos cálculos. Se no recipiente A foram adicionados 100g de</p><p>sal, temos uma densidade de 100g em 2L de água. Ou seja, 50g/L. E no</p><p>recipiente B temos o dobro da densidade: 100g/L. Mas, como o limite do</p><p>densímetro está em grama por centímetro cúbico, vamos converter o litro para</p><p>centímetro cúbico.</p><p>Nesta aula (minuto 34) eu ensino melhor como fazer essa conversão:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=rX1GZZXhXAc&t=2220s</p><p>Temos que a densidade em A é 50g em 1000cm³, ou seja, 0,05g/cm³. E,</p><p>analogamente, em B a densidade é 0,1g/cm³. A diferença de densidade é</p><p>justamente o limite de mensuração do densímetro. Significa que em B ele vai</p><p>subir uma marcação (porque em um líquido mais denso é mais fácil de boiar...</p><p>lembre-se do Mar Morto).</p><p>A resposta “D” é a única que ilustra isso. Logo, é essa a resposta.</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=rX1GZZXhXAc&t=2220s</p><p>QUESTÃO 128</p><p>A figura representa um prisma óptico, constituído de um material</p><p>transparente, cujo índice de refração é crescente com a frequência da luz</p><p>que sobre ele incide. Um feixe luminoso, composto por luzes vermelha, azul</p><p>e verde, incide na face A, emerge na face B e, após ser refletido por um</p><p>espelho. Incide num filme para fotografia colorida, revelando três pontos.</p><p>Observando os pontos luminosos revelados no filme, de baixo para cima,</p><p>constatam-se as seguintes cores:</p><p>a) Vermelha, verde, azul</p><p>b) Verde, vermelha, azul</p><p>c) Azul, verde, vermelha.</p><p>d) Verde, azul, vermelha</p><p>e) Azul, vermelha, verde.</p><p>Essa foi a questão que eu tenho vergonha de admitir que errei. Eu sabia a</p><p>resposta, e juro que acompanhei os feixes de luz direitinho com a ponta da</p><p>caneta, mas alguma coisa me fez inverter no meio do caminho... acabei errando</p><p>à toa. Eu até percebi a pegadinha de “de baixo para cima”, porque de cima para</p><p>baixo a resposta é o inverso. Mas mesmo assim acabei errando. Fazer o quê, né?</p><p>Enfim, é o princípio básico de funcionamento do prisma. A luz com menor</p><p>comprimento de onda (violeta) refrata mais porque é como se tivesse mais</p><p>“superfície de contato” com o vidro do prisma. A componente vermelha desvia</p><p>menos. Dentro do desenho do prisma, a componente vermelha é a de cima, e a</p><p>azul é a de baixo.</p><p>É só questão de acompanhar os feixes para ver que a vermelha vai marcar o</p><p>filme embaixo, e a azul em cima. O verde fica no meio porque tem um</p><p>comprimento de onda intermediário entre os dois.</p><p>Resposta: “A”.</p><p>QUESTÃO 129</p><p>Tensoativos são compostos orgânicos que possuem comportamento</p><p>anfifílico. Isto é, possuem duas regiões, uma hidrofóbica e outra hidrofílica.</p><p>O principal tensoativo aniônico sintético surgiu na década de 1940 e teve</p><p>grande aceitação no mercado de detergentes em razão do melhor</p><p>desempenho comparado ao do sabão. No entanto, o uso desse produto</p><p>provocou grandes problemas ambientais, dentre eles a resistência ã</p><p>degradação biológica, por causa dos diversos carbonos terciários na cadela</p><p>que compõe a porção hidrofóbica desse tensoativo aniônico. As ramificações</p><p>na cadela dificultam sua degradação, levando ã persistência no melo</p><p>ambiente por longos períodos. Isso levou a sua substituição na maioria dos</p><p>países por tensoativos biodegradáveis, ou seja, com cadeias alquílicas</p><p>lineares.</p><p>PENTEADO, J. C. P.; EL SEOUD, O. A.; CARVALHO, L. R. F. […]: uma abordagem ambiental e analítica. Química</p><p>Nova, n. 5, 2006 (adaptado).</p><p>Qual a fórmula estrutural do tensoativo persistente no ambiente</p><p>mencionado no texto?</p><p>Uma segunda questão sobre substâncias anfipáticas, mas nesta aqui eles</p><p>foram mais diretos. Descreveram uma molécula e pediram para identificá-la. O</p><p>enunciado diz que a molécula tem muitos carbonos terciários e ramificações</p><p>na cadeia. Carbonos terciários são aqueles que se ligam a 3 outros átomos de</p><p>carbono, o que nos deixa com as opções “B” e “E”. Mas “E” não tem</p><p>ramificações tão grandes quanto as de “B”, então a resposta é “B”.</p><p>QUESTÃO 130</p><p>Considere, em um fragmento ambiental, uma árvore matriz com frutos</p><p>(M) e outras cinco que produziram flores e são apenas doadoras de pólen</p><p>(DP1, DP2, DP3, DP4 e DP5). Foi excluída a capacidade de autopolinização</p><p>das árvores. Os genótipos da matriz, da semente (S1) e das prováveis fontes</p><p>de pólen foram obtidos pela análise de dois locos (loco A e loco B) de</p><p>marcadores de DNA, conforme a figura.</p><p>A progênie S1 recebeu o pólen de qual doadora?</p><p>a) DP1</p><p>b) DP2</p><p>c) DP3</p><p>d) DP4</p><p>e) DP5</p><p>Pergunta bem confusa, mas em outras palavras: S1 é oriunda da</p><p>combinação de M com qual DP? Porque as DPs doam o pólen que vai</p><p>polinizar a árvore matriz, e a semente é fruto dessa polinização.</p><p>Precisamos encontrar uma DP cujas bandas (retângulos pretos/brancos)</p><p>sejam compatíveis com a semente. Primeiro vamos olhar para o loco A:</p><p>Se a semente tem os alelos 1 e 2, esses alelos têm que ter vindo de algum</p><p>lugar, então das duas, uma:</p><p>1. M e DP têm esses alelos;</p><p>2. Só M ou só DP tem esses alelos.</p><p>Se a semente não tem os alelos 3 e 4, então das duas, uma:</p><p>1. Só M ou só DP tem esses alelos;</p><p>2. Nem M</p><p>Se você domina isso, acerta no mínimo 30, 35 questões. Sério. E com esse</p><p>número de acertos você facilmente tira mais de 800, 850 (a depender de quais</p><p>você acerta, claro... vide capítulo sobre TRI).</p><p>Não, não é utópico. Acertar 30 em Linguagens, Humanas e Natureza até que</p><p>pode ser um pouco mais difícil. Mas em Matemática é muito, muito, muito</p><p>possível.</p><p>Dito isso, vamos lá...</p><p>Por que as pessoas têm tanta dificuldade com Matemática? Em parte porque</p><p>os professores não dedicam tempo suficiente para ensinar raciocínio lógico, e a</p><p>Matemática vira um aglomerado de símbolos incongruentes.</p><p>Mas tem um segundo motivo: porque ela é uma pirâmide. E, se a base de</p><p>uma pirâmide for mal construída, o que acontece?</p><p>Ploft. Ela desmorona.</p><p>(Isso aí: ploft).</p><p>E é exatamente isso que acontece com quem tenta aprender logaritmos e</p><p>funções sem entender bem das quatro operações básicas, regra de três, equações</p><p>do primeiro e segundo grau, etc.</p><p>Então seguinte: se você tem dificuldades com Matemática, eu aposto com</p><p>você que com 99% de certeza o seu problema está na base. Onde da base? Não</p><p>sei. Mas está na base.</p><p>Se você tiver a humildade de refazer o caminho da Matemática Básica até</p><p>voltar ao ponto em que está hoje, não há dúvida de que seu desempenho vai</p><p>melhorar e muito.</p><p>O problema é que demanda tempo. E exige dedicação e humildade para</p><p>reaprender conteúdos considerados “simples”. Tem gente que sente vergonha de</p><p>precisar rever esses assuntos. Mas, sinceramente, quem deveria sentir vergonha é</p><p>quem insiste no erro e se recusa a progredir.</p><p>Quem tem a humildade de corrigir os próprios erros deveria ser aplaudido de</p><p>pé.</p><p>PS: em novembro de 2018, fui contratado por uma plataforma da Índia para</p><p>gravar 50 vídeos de Matemática Básica. Deu super trabalho para fazer tudo em</p><p>um mês, mas sobrevivi! Grande parte dos conteúdos da pirâmide está neste link</p><p>abaixo. São videoaulas gratuitas, então, caso tenha interesse, aí vai o link:</p><p>https://unacademy.com/user/umbertomaz-5505</p><p>(Só não me pergunte por que uma plataforma da Índia está fazendo aulas para</p><p>o ENEM... até hoje eu não entendo).</p><p>Dito isso, vamos à pirâmide de assuntos da Matemática. Você pode diluir</p><p>esses assuntos ao longo das semanas para ir estudando em paralelo com as outras</p><p>disciplinas.</p><p>Não tenho uma ideia concreta de quanto tempo levaria para revisar tudo isso,</p><p>mas chuto que com umas 2, 3 horas ao dia levaria uns 3 meses para dar uma boa</p><p>revisada. O pessoal que viu os 50 vídeos de Matemática Básica conseguiu em</p><p>menos de 1 mês, mas foi um ritmo alucinante que eu não desejaria nem para o</p><p>meu pior inimigo (imagina a trabalheira que foi gravar tudo aquilo).</p><p>1) Conjuntos e subconjuntos</p><p>2) Números N, Z, Q, I e R (saber o que são, a posição na reta real, entender a</p><p>lógica de “maior que”, “menor que”)</p><p>3) As 4 operações básicas e suas propriedades: adição, subtração,</p><p>multiplicação e divisão (comutativa, associativa e distributiva)</p><p>4) Expressões numéricas</p><p>https://unacademy.com/user/umbertomaz-5505</p><p>5) Truques para multiplicar mais rápido de cabeça</p><p>(https://www.youtube.com/watch?v=t9lTx8edMqk)</p><p>6) Números primos e fatoração</p><p>7) Múltiplos e divisores</p><p>8) Como colocar em evidência</p><p>9) MMC e MDC (https://www.youtube.com/watch?v=YgkK4NpnBi8)</p><p>10) Frações: frações mistas, equivalência de frações, operações com frações,</p><p>comparação de frações</p><p>11) Produto cruzado (propriedade das proporções)</p><p>*** A partir deste ponto em que você já entendeu bem a lógica básica dos</p><p>números reais, já pode começar a intercalar com geometria (a seguir)</p><p>12) Números decimais e conversão para fração</p><p>13) Sistemas métricos: unidades de medida (m, m² e m³) e conversão de</p><p>unidades (https://www.youtube.com/watch?v=Ppd8AKqqMFU)</p><p>14) Conversão de unidades de tempo</p><p>14) Escala (https://www.youtube.com/watch?v=ceou0-DyG2w)</p><p>15) Dízimas periódicas</p><p>16) Porcentagem</p><p>17) RAZÃO E PROPORÇÃO: grandezas diretamente e inversamente</p><p>proporcionais (https://www.youtube.com/watch?v=eu0ihQo7Nso)</p><p>18) Mais 2 operações: potenciação e radiciação. Propriedades e operações</p><p>19) Notação científica</p><p>20) Média aritmética e média ponderada</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=t9lTx8edMqk</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=YgkK4NpnBi8</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=Ppd8AKqqMFU</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=ceou0-DyG2w</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=eu0ihQo7Nso</p><p>21) Matrizes e determinantes</p><p>23) Logaritmo (o que é e propriedades, mas sem se importar em resolver</p><p>expressões; só com números mesmo)</p><p>*** Tendo aprendido o básico, dividimos agora em duas frentes (você pode</p><p>ir intercalando álgebra e geometria):</p><p>ÁLGEBRA:</p><p>24) Regra de 3 e suas aplicações</p><p>25) Produtos notáveis</p><p>26) PA e PG</p><p>27) Juros simples e compostos</p><p>28) Equação do 1º grau</p><p>29) Equação do 2º grau</p><p>30) Equação exponencial e logarítmica</p><p>31) Análise combinatória – Princípio Fundamental da Contagem, Arranjo,</p><p>Permutação e Combinação</p><p>32) Estatística (média, mediana, desvio padrão, etc.)</p><p>34) Função do 1º grau, 2º grau, módulo, exponencial, logarítmica, seno e</p><p>cosseno</p><p>35) Gráfico de funções e formato das curvas</p><p>36) Zero da função (raiz da função)</p><p>37) Sistemas de equação</p><p>38) Inequações de 1º e 2º grau (são a mesma coisa que equações, mas com</p><p>sinais de “maior que” e “menor que”; e você precisa saber traçar os gráficos para</p><p>saber quando é maior e quando é menor)</p><p>GEOMETRIA:</p><p>39) Noções de ponto, reta, plano, segmento de reta, ângulo (graus e</p><p>radianos), etc.</p><p>40) Retas paralelas interceptadas por uma transversal (alternos internos,</p><p>externos, colaterais, etc.)</p><p>41) Tipos de triângulos (equilátero, isósceles e escaleno)</p><p>42) Propriedades dos triângulos (ângulos internos e externos)</p><p>43) Semelhança de triângulos (ideia de PROPORÇÃO e produto cruzado)</p><p>44) Teorema de Tales</p><p>45) Altura, mediana, mediatriz e bissetriz</p><p>46) Relações métricas no triângulo retângulo</p><p>47) Teorema de Pitágoras, triângulo pitagórico</p><p>48) TRIGONOMETRIA: seno, cosseno e tangente dos ângulos de 30º, 45º,</p><p>60º e 90º, relação fundamental (sen²x+cos²x=1)</p><p>49) Área dos triângulos, altura do triângulo equilátero</p><p>50) Lei dos senos e lei dos cossenos</p><p>51) Noções básicas de ciclo trigonométrico</p><p>52) Círculo e circunferência</p><p>53) Área, perímetro e fórmulas importantes: quadrado, retângulo, triângulo,</p><p>trapézio, paralelogramo, losango, etc.</p><p>54) Cubo, paralelepípedo, prisma, cilindro, cone e pirâmide (e fórmulas de</p><p>área e volume)</p><p>55) Tronco de cone e tronco de pirâmide</p><p>56) Esfera</p><p>Repare que começamos com assuntos sem incógnitas. Até o item 23,</p><p>tivemos só números e nenhuma incógnita. Isso foi para você primeiro entender</p><p>bem a lógica das operações básicas sem a necessidade de “encontrar x”.</p><p>Quando partimos para regra de três, você já está preparado para inserir uma</p><p>incógnita, para ter a capacidade de abstração que ela exige. Afinal, uma</p><p>incógnita não passa de um número que a gente ainda não conhece. Mas, se você</p><p>não entende a relação entre os números, como vai dominar a relação quando</p><p>entra uma letra na história?</p><p>E é só bem mais para frente, no item 34, que entram as funções. Funções</p><p>exigem uma grande capacidade de abstração porque envolvem a relação de duas</p><p>incógnitas! Uma está em função da outra, e não existem valores definidos para</p><p>elas, mas infinitos pares ordenados que resolvem a igualdade. Inequações,</p><p>então... são ainda mais complexas!</p><p>Percebeu por que precisa de uma ordem? Senão tudo desmorona.</p><p>Além dos 50 vídeos de Matemática Básica, eu fiz 3 vídeos de 1 hora com</p><p>uma grande revisão desses assuntos. Aí vão os links:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=rX1GZZXhXAc</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=k7Z0uw4LrvY</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=NsGpDI53HqA</p><p>E é basicamente isso de Matemática Básica. Em resumo: pratique bastante</p><p>interpretação de texto, exercite seu raciocínio lógico e tenha a humildade de</p><p>rever com atenção a base.</p><p>Tirar mais de 800 é super possível se você trabalhar bem essas frentes ao</p><p>longo do ano. Talvez até mais</p><p>de 900.</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=rX1GZZXhXAc</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=k7Z0uw4LrvY</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=NsGpDI53HqA</p><p>A Matemática no dia a dia</p><p>(também conhecido como o capítulo em que o Umberto dá uma viajada</p><p>legal)</p><p>Uma forma ótima de desmistificar a Matemática é procurar a Matemática no</p><p>dia a dia. Permita-me um momento de esquisitice reflexão (e eu juro que vai</p><p>fazer sentido no final, então paciência... vamos usar isso que eu vou falar até em</p><p>uma questão de Humanas no capítulo de resolução):</p><p>Galileu Galilei (1564-1642), físico, astrônomo, matemático e filósofo dos</p><p>séculos XVI-XVII, tem uma célebre frase que diz: “A Matemática é a língua</p><p>com que Deus escreveu o universo”.</p><p>Bonito, né? Pomposo. Mas o que será que ele quis dizer com isso?</p><p>Bem...</p><p>Ao longo de toda a história da Filosofia, um dos temas mais presentes foi a</p><p>dicotomia mythos x logos. Em outras palavras: crenças vs. razão. Ora a balança</p><p>pendia para um lado, ora para o outro.</p><p>Na época de Galileu, a razão veio com força total! O advento da luneta fez os</p><p>seres humanos perceberem que a Terra não era o centro do universo, que éramos</p><p>só mais um planeta qualquer. Não éramos mais o centro de toda a criação divina,</p><p>e aquilo foi um choque muito grande na época.</p><p>A matematização da realidade “pôs as rédeas” nos fenômenos que antes eram</p><p>inexplicáveis. Para você ter uma ideia, até essa época se acreditava piamente nos</p><p>escritos de Ptolomeu, do século II, que defendia que a Terra era o centro do</p><p>universo. Os movimentos aparentemente aleatórios dos corpos celestes à nossa</p><p>volta não eram explicados de maneira científica, mas como sendo uma mera</p><p>manifestação do “humor” do universo.</p><p>Aí veio Galileu com a luneta e mostrou que a Terra não era centro de nada. E</p><p>que as manifestações divinas que a Igreja pregava podiam ser reduzidas a uma</p><p>série de equações matemáticas, a movimentos “matematizáveis” dos planetas e</p><p>estrelas.</p><p>A razão começou a imperar sobre as crenças no divino.</p><p>Daí a origem da frase de Galileu. Apesar de mencionar “Deus”, é uma</p><p>posição muito mais cética que devota. Ele quis dizer que o universo (Deus) era</p><p>puramente racional e “decifrável”. Que nós humanos, por meio da razão e da</p><p>Matemática, já éramos capazes de compreender a lógica divina.</p><p>E até que faz sentido, não faz? Com o avanço das tecnologias, hoje nós</p><p>conseguimos enviar um satélite a Plutão, fazer ele dar algumas voltas ao redor de</p><p>Júpiter, rodopiar nos anéis de Saturno e ainda voltar são e salvo para casa para a</p><p>hora do chá. Nós entendemos as leis da gravitação universal, sobre queima de</p><p>combustível, a relação entre massa e volume do foguete... basicamente</p><p>entendemos as “leis universais”.</p><p>Parece até que todo o universo obedece a essas leis, né?</p><p>Mas aí vem o problema...</p><p>Nós somos humanos. Nós enxergamos 0,00...00001% de todo o espectro de</p><p>energia eletromagnética. Nós só conseguimos escutar sons entre 20 e 20000 Hz.</p><p>E nossa mente só consegue conceber até 3 dimensões (largura, altura e</p><p>comprimento). É humanamente impossível conceber uma quarta dimensão,</p><p>quinta dimensão...</p><p>Nós não conhecemos absolutamente nada do universo. Nem de nós mesmos.</p><p>Conhecemos 0,00000...1%</p><p>Na minha opinião, é meio petulante demais achar que o universo obedece às</p><p>regras que nós, simples humanos, inventamos.</p><p>Acho muito mais certo falar que a razão humana foi responsável por</p><p>descobrir a Matemática, e que a Matemática é um instrumento humano para</p><p>tentar compreender e decifrar a infinita complexidade do universo.</p><p>O universo não precisa seguir uma regra. As coisas simplesmente...</p><p>acontecem. Mas nós precisamos observar o que está acontecendo e tentar colocar</p><p>ordem no caos. E como fazemos isso? Por meio da Matemática. Foi a forma</p><p>como nós conseguimos explicar os fenômenos lá fora.</p><p>Mas isso não quer dizer que o universo obedece à Matemática.</p><p>“A Matemática é a linguagem que nós, humanos, inventamos para decifrar o</p><p>universo”. Talvez essa seja uma frase melhor.</p><p>E por que eu estou falando isso? Em primeiro lugar porque o livro é meu, e</p><p>eu falo o que eu quiser. Em segundo lugar porque é legal. E em terceiro lugar</p><p>para fazer você refletir sobre a Matemática.</p><p>Ela não passa de um instrumento humano. E o nosso cérebro é</p><p>geneticamente programado para pensar de maneira lógica! Nós já nascemos com</p><p>essa capacidade. Basta desenvolver.</p><p>Se você diz que não é capaz de pensar de maneira matemática, você deve ser</p><p>uma água-viva. Porque os humanos estão programados para enxergar dessa</p><p>forma. Então sem desculpas!</p><p>Dito isso, fica aqui a sugestão de um desenho curtinho sobre a Matemática no</p><p>mundo real. Ver que ela está no dia a dia vai fazer você perceber que é algo</p><p>muito mais interessante e apaixonante que só fórmulas vazias.</p><p>Você vai começar a enxergar a Matemática nas coisas mais simples do dia a</p><p>dia. E, ao perceber que ela está em tudo, você vai ver que não tem mistério. Que</p><p>você praticamente “já sabia” tudo aquilo.</p><p>Como eu disse no capítulo anterior, é só uma forma diferente de enxergar a</p><p>realidade. E, se isso não é lindo, eu não sei o que é.</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=wbftu093Yqk</p><p>É um desenho do Donald. Você já deve ter visto alguma cena dele porque é</p><p>bem famoso. Eu tenho em VHS (sim, sou idoso).</p><p>A propósito, sobre isso de ver a Matemática com outros olhos... olha que</p><p>lindo esse depoimento que recebi no Instagram:</p><p>Muito fofa, né? Adorei mesmo. Feliz Ano Novo pra todos nós :)</p><p>Então, para resumir, o que eu quis dizer com toda essa história de Galileu e</p><p>Donald é: quer melhorar em Matemática? Apaixone-se por ela! Esqueça as</p><p>experiências com os professores chatos de Matemática que você teve na escola.</p><p>Ela é muito mais do que fórmulas, e, quando você percebe isso, supera esse</p><p>bloqueio e todo o aprendizado fica mais fácil e divertido.</p><p>Ah, sabe quem foi um dos primeiros filósofos a questionar a crença absoluta</p><p>na razão? Foi nosso querido Nietzsche (das sugestões de livros lá em cima). Ele</p><p>pôs o dedo na ferida e mostrou que os filósofos da razão, ao criticar o dogma do</p><p>“mythos”, transformaram a razão em outro dogma. Tudo isso de “bom vs. mau”,</p><p>“certo vs. errado” (ou seja, a moral), era fruto de uma pseudo-racionalidade. Nós</p><p>matamos os deuses e criamos outros. Lá em “Gaia Ciência” (e em “Além do</p><p>Bem e do Mal”) ele fala bastante disso caso você tenha interesse em se</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=wbftu093Yqk</p><p>aprofundar.</p><p>Ok, agora acabamos a parte em que o Umberto viaja. Vamos à parte mais</p><p>prática e mergulhar nas estratégias para o ENEM.</p><p>A matriz de referência do ENEM</p><p>A matriz de referência é aquele documento que você precisa ler ao menos</p><p>uma vez na vida. Como eu falei antes, cada vestibular tem um estilo diferente, e</p><p>ao ler esse documento fica muito claro que habilidades o ENEM vai cobrar de</p><p>você.</p><p>A matriz de referência não é o edital. Ela é ainda mais importante, porque te</p><p>diz exatamente o que esperam do aluno. Acesse a matriz por estes links:</p><p>http://portal.inep.gov.br/matriz-de-referencia</p><p>http://portal.inep.gov.br/educacao-basica/encceja/matrizes-de-referencia</p><p>Eu disse que o ENEM é mais interpretativo, não disse? Pois só a quantidade</p><p>de vezes que a matriz de referência menciona habilidades de interpretação</p><p>mostra que ele é uma prova que valoriza a capacidade do aluno de relacionar</p><p>diferentes conhecimentos, de interpretar e aplicar o que ele aprendeu na sala</p><p>de aula e na vida.</p><p>É claro que o conteúdo em si é importante. Mas de nada adianta decorar 1000</p><p>nomes se você não tem essa habilidade de fazer uma conexão de ideias para</p><p>chegar à resposta.</p><p>Pense no tecido conjuntivo do corpo humano: uma das principais funções é</p><p>de sustentar todos os outros tecidos. Ele mantém todo mundo no lugar para que</p><p>os outros órgãos e sistemas possam trabalhar direito.</p><p>Nessa analogia, os conhecimentos que</p><p>você aprende em sala de aula são os</p><p>órgãos. Mas eles precisam estar disponíveis, no lugar certo e na hora certa, para</p><p>você conseguir acessá-los e encontrar a resposta. E quem vai garantir isso é a sua</p><p>habilidade de pensar fora da caixa e conectar todas essas ideias. A matriz de</p><p>referência deixa claro isso nos eixos cognitivos II e III:</p><p>II. Compreender fenômenos (CF): construir e aplicar conceitos das várias</p><p>áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos</p><p>histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.</p><p>III. Enfrentar situações-problema (SP): selecionar, organizar, relacionar,</p><p>interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar</p><p>decisões e enfrentar situações-problema.</p><p>Esses são só dois dos vários momentos em que a matriz deixa claro que o</p><p>ENEM vai cobrar não só conteúdos de sala de aula, mas a habilidade de</p><p>relacioná-los com situações do dia a dia.</p><p>Se você já fez provas anteriores, sabe bem do que eu estou falando: não tem</p><p>questão completamente teórica. Tudo, absolutamente tudo, é contextualizado.</p><p>http://portal.inep.gov.br/matriz-de-referencia</p><p>http://portal.inep.gov.br/educacao-basica/encceja/matrizes-de-referencia</p><p>Vão te dar o nome de um autor, uma corrente filosófica, um experimento</p><p>científico... coisas da vida real.</p><p>E, se você já ouviu falar daquele autor, corrente filosófica ou experimento</p><p>científico antes, nem que tenha sido por alto, já sai à frente: vai precisar de muito</p><p>menos esforço para relacionar as ideias e encontrar a resposta.</p><p>Uma questão do ENEM 2017 trazia um texto de José Saramago (sim, esse</p><p>mesmo que eu sugeri no capítulo anterior). Se você já tivesse lido alguma coisa</p><p>de Saramago, batia o olho no texto e já sabia que era dele. E aí nem precisava ler</p><p>o texto inteiro para entender o que o enunciado pedia.</p><p>Resultado: você ganhava tempo para aplicar nas questões que realmente</p><p>exigiam mais dedicação.</p><p>Mas de volta à matriz de referência. Ela é dividida em 5 eixos cognitivos. São</p><p>essas as habilidades que o ENEM vai exigir de você em todas as áreas do</p><p>conhecimento.</p><p>Nas matérias específicas (Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e</p><p>Ciências Humanas), temos uma série de competências que o aluno deve ser</p><p>capaz de desenvolver, divididas em tabelas.</p><p>Lembrando que a matriz tem textos bem gerais, então não dá para você guiar</p><p>os seus estudos apenas por ela. Mas ler esse documento ao menos uma vez é</p><p>super importante para garantir que você e o ENEM estão na mesma página.</p><p>Essas competências e eixos cognitivos vão ficar lá no fundo da sua cabeça, e,</p><p>conforme você for estudando ao longo do ano, vai conseguir relacionar os</p><p>conteúdos que aprender com as exigências da matriz.</p><p>Mas agora vem a mágica! A matriz de referência não tem só essas</p><p>informações genéricas. Ela tem um espaço incrivelmente mágico chamado:</p><p>ANEXO</p><p>O anexo é incrível. Se você está querendo saber se o seu plano de estudos</p><p>aborda tudo que o ENEM potencialmente pode cobrar, este espaço é para você!</p><p>Tem tudo no anexo. Todos os conhecimentos práticos que o ENEM pode</p><p>cobrar nas questões. Será que falta estudar alguma coisa de Física? De Química?</p><p>Sociologia? Dá uma lida no anexo que você vai encontrar tudo!</p><p>É claro que, se você estiver com um prazo apertado, não vai dar para revisar</p><p>tudo, porque é muita coisa mesmo. Nesse caso, é melhor estudar aquilo que</p><p>definitivamente mais caiu nas provas anteriores para evitar perder tempo com</p><p>assuntos pouco cobrados.</p><p>Mas o que mais cai no ENEM? O portal Guia do Estudante tem uma análise</p><p>detalhada em porcentagem do que mais caiu nos exames de 2009 a 2017:</p><p>https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/veja-os-conteudos-mais-</p><p>cobrados-no-enem-nos-ultimos-8-anos/</p><p>https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/veja-os-conteudos-mais-cobrados-no-enem-nos-ultimos-8-anos/</p><p>RESUMINDO:</p><p>A matriz de referência tem todas as regras do jogo. Ela diz que habilidades</p><p>são esperadas do aluno, e já dá o tom das questões que serão cobradas. Todo</p><p>aluno deve ser o documento inteiro ao menos uma vez para entender o tipo de</p><p>prova com que ele está lidando.</p><p>A matriz é dividida em competências e habilidades. Cada área (Matemática,</p><p>Linguagens, Humanas e Ciências da Natureza) possuem habilidades específicas</p><p>referentes a cada uma.</p><p>No anexo da matriz de referência, constam todos os conteúdos que o ENEM</p><p>pode cobrar na prova. É uma boa forma de avaliar o que você já estudou e o que</p><p>ainda falta estudar.</p><p>O ENEM está mais conteudista?</p><p>É uma tendência: parece que o ENEM está cobrando dos alunos cada vez</p><p>mais conteúdos específicos. Menos e menos questões podem ser respondidas</p><p>somente com interpretação de texto.</p><p>Mas será mesmo?</p><p>Bem... em parte isso é verdade. Se você olhar uma prova do ENEM 2010 e</p><p>compará-la com a do ENEM 2018, vai ver que no último ano teve muito mais</p><p>questões que exigiam um conhecimento aprofundado do aluno. Hibridização do</p><p>carbono, por exemplo, é conteúdo específico demais. Ou o aluno sabe ou ele não</p><p>sabe. Não tem meio-termo.</p><p>Mas a boa notícia é que essas questões ainda são minoria. Vamos torcer para</p><p>continuar assim, senão em 2019 ou 2020 o ENEM vai realmente virar um</p><p>vestibular tradicional.</p><p>É como eu falei antes: podem até estar cobrando mais conteúdos específicos</p><p>(e estão, sim), mas na maioria das vezes pode ser a sua capacidade de relacioná-</p><p>los entre si que garante o seu acerto. Eu mesmo acertei várias de Humanas e</p><p>Ciências da Natureza sem saber o conteúdo do jeito “certo”. Vou falar isso</p><p>melhor no capítulo analisando a prova de 2018.</p><p>E aqui entra a palavra chave para você que quer fazer o ENEM: repertório.</p><p>Quando digo repertório, quero dizer tudo. Absolutamente tudo que você</p><p>aprendeu na vida vai ser útil para selecionar, organizar, relacionar, interpretar</p><p>(exatamente o que consta na matriz de referência).</p><p>Viu um documentário sobre a Segunda Guerra Mundial? Ele pode ser útil em</p><p>uma questão sobre Getúlio Vargas.</p><p>Viu aquele vídeo do VSauce que te faz pensar se o vermelho que eu vejo é</p><p>igual ao vermelho que você vê (esse vídeo é ótimo, a propósito)? Vai te ajudar</p><p>em uma questão sobre células receptoras nos olhos.</p><p>Aprendeu sobre fotografia em uma palestra aleatória que o YouTube te</p><p>recomendou? Vai ser útil em uma questão sobre teoria das cores.</p><p>Leu sobre distúrbios do sono numa revista? Pode te ajudar em uma questão</p><p>sobre regulação hormonal.</p><p>E assim vai. É surpreendente como assuntos aparentemente desconexos</p><p>podem te ajudar em uma situação prática. Ainda mais em uma prova que</p><p>valoriza essa associação de ideias.</p><p>E sabe por quê? Porque, diferentemente de alguns vestibulares, o ENEM</p><p>valoriza o conhecimento aplicado na vida real. E tudo que você aprende fora do</p><p>ambiente tradicional de cursinho, de uma forma ou de outra, é o conhecimento</p><p>da vida real!</p><p>É claro que nem sempre é tão direto assim. “Estudar” dessa forma que eu</p><p>estou te propondo é algo bem mais subjetivo, bem menos “exato”. Então é</p><p>natural que você se sinta meio perdido caso venha uma questão sobre um</p><p>conteúdo que você não estudou do jeito “tradicional”. A primeira impressão é</p><p>você achar que está perdido, que não sabe responder. Mas quer saber? Se você</p><p>tem um repertório variado, sempre dá para ter uma mínima noção, por mais vaga</p><p>que ela seja. E tem alguma coisinha bem lá no fundo da sua mente te diz: “a</p><p>resposta certa é ‘B’”. E muitas vezes é mesmo.</p><p>Sinceramente... se eu fosse te contar exatamente o que se passa dentro da</p><p>minha cabeça enquanto eu estou fazendo as questões do ENEM, você iria ficar</p><p>muito decepcionado comigo. Algumas das associações que eu faço são muito,</p><p>muito, muito ridículas: “Ah, talvez</p><p>seja isso porque eu me lembro de que em</p><p>algum momento da minha vida eu vi que A se relacionava com B, então J deve</p><p>ter relação com Y, logo a resposta é ‘C’”.</p><p>É bem absurdo, mas funciona.</p><p>Eu evito falar dessas associações nos vídeos do meu canal por dois motivos</p><p>principais:</p><p>1. Eu não consigo reproduzir em palavras as coisas que se passam na</p><p>minha cabeça. São meio doidas demais.</p><p>2. Caso eu conseguisse colocar em palavras, quem me assistisse teria um</p><p>sentimento negativo a meu respeito: “Ah, ele acertou a questão no chute!</p><p>Ele não sabia realmente a matéria! Foi sorte!”</p><p>E sim... muitas das questões que eu acerto não são por ter estudado</p><p>especificamente a matéria. Faz 4 anos que eu não estudo especificamente a</p><p>matéria. Mas, se eu consegui manter um nível alto de acertos em 2016, 2017 e</p><p>2018, tem alguma coisa aí que funciona, não é mesmo?</p><p>Como eu estou sempre lendo, aprendendo e me informando, isso é uma</p><p>constante prática de interpretação de texto e ampliação de repertório. E</p><p>repertório é mais da metade do caminho andado.</p><p>Minha dica para você que quer estudar para o ENEM: seja curioso. Queira</p><p>aprender. Não importa se parece um assunto aleatório, mas nunca deixe de</p><p>querer aprender.</p><p>E isso não vale só para o ENEM. É para a vida. Responda com sinceridade:</p><p>com quem você vai querer sair para conversar num sábado à noite? Com alguém</p><p>que só sabe falar de futebol, futebol e futebol ou com alguém que conhece um</p><p>pouquinho de tudo? Que vai te fazer pensar, que vai te contar algo novo, que</p><p>realmente se interessa por aquilo que você tem a dizer.</p><p>Qual conversa vai ser mais significativa?</p><p>A não ser que você seja absolutamente fanático por futebol, a resposta</p><p>provavelmente vai ser a segunda pessoa.</p><p>Porque aprender coisas novas, acredite você ou não, é divertido. O problema</p><p>é que nós associamos a palavra “estudo” ao ambiente de sala de aula. E quantos</p><p>de nós tivemos uma experiência super incrível em sala de aula? Acho difícil</p><p>achar alguém...</p><p>Sobre isso, tem uma palestra do TED muito interessante sobre como vai ter</p><p>que ser o profissional do futuro. Vou deixar o link caso você queira dar uma</p><p>olhada:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=9G5mS_OKT0A</p><p>Vai ser cada vez mais exigida uma visão holística dos profissionais. Não vai</p><p>poder mais haver “caixinhas” de Exatas e Humanas. O mundo atual (e o</p><p>mercado) valoriza cada vez mais os profissionais que não só entendem da área</p><p>em que se formaram, mas também sabem como ela se relaciona com as outras</p><p>áreas. Que pensam além.</p><p>Como dito na palestra, vão ser valorizadas habilidades comportamentais, e</p><p>não mais técnicas. Habilidades inerentes a quem tem a curiosidade de aprender,</p><p>de inovar. A quem tem flexibilidade para trabalhar em equipe, a quem está</p><p>aberto a novos olhares, a novos pontos de vista. A quem não tem medo de errar.</p><p>E esse mindset (você vai ouvir essa palavra bastante) vai ser o diferencial</p><p>entre o profissional bem-sucedido e o mediano.</p><p>Cabe a você decidir qual quer ser.</p><p>Então esse “novo” método de estudo que eu estou te propondo não é só para</p><p>passar no ENEM e entrar na faculdade. É muito mais que isso. É para você se</p><p>dar bem no curso, para aproveitar ao máximo o que ele tem a te oferecer. É para</p><p>te estimular a nunca ficar parado, a não se contentar com o que é ensinado em</p><p>sala de aula. Para que, depois de formado, você seja um profissional competitivo</p><p>no mercado e conquiste os seus sonhos.</p><p>Só... não fique parado, ok? Continue a nadar, continue a nadar.</p><p>Segue abaixo uma lista de canais do YouTube que eu acompanho. Alguns</p><p>não têm conteúdos diretamente relacionados ao ENEM, mas pode ter certeza de</p><p>que ao menos alguma coisa nova você vai aprender.</p><p>E, mesmo que você não chegue a usar no ENEM, e mesmo que ganhe na</p><p>loteria e nunca mais precise trabalhar, ao menos você vai ter assunto para a</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=9G5mS_OKT0A</p><p>próxima reunião de família. Quando a sua tia perguntar sobre</p><p>namoradinhas/namoradinhos, mude de assunto e conte o que acontece se você</p><p>soltar um elefante de um arranha-céu:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=f7KSfjv4Oq0</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=f7KSfjv4Oq0</p><p>Canais para ampliar o repertório:</p><p>► Quadro em Branco: https://www.youtube.com/quadroembranco</p><p>► Nerdologia: https://www.youtube.com/user/nerdologia</p><p>► Canal Nostalgia: https://www.youtube.com/user/fecastanhari</p><p>► Manual do Mundo:</p><p>https://www.youtube.com/channel/UCKHhA5hN2UohhFDfNXB_cvQ</p><p>► Antídoto:</p><p>https://www.youtube.com/channel/UCMlX_MlK7s53AjQdI7uSiyQ</p><p>► Mimimidias:</p><p>https://www.youtube.com/channel/UCg0CfiR_iKjBOYgeHps17BA</p><p>► Veritasium: https://www.youtube.com/user/1veritasium</p><p>► VSauce (os vídeos antigos): https://www.youtube.com/user/Vsauce</p><p>► SciShow: https://www.youtube.com/user/scishow</p><p>► Smarter Everyday: https://www.youtube.com/user/destinws2</p><p>► Periodic Videos: https://www.youtube.com/user/periodicvideos</p><p>► Numberphile: https://www.youtube.com/user/numberphile</p><p>► Fuse School: https://www.youtube.com/user/virtualschooluk</p><p>► Kurzgesagt : https://www.youtube.com/user/Kurzgesagt</p><p>E é claro que existem outros milhares de canais sobre outros milhares de</p><p>temas. O importante aqui é nunca deixar de aprender, seja o que for!</p><p>RESUMINDO:</p><p>https://www.youtube.com/quadroembranco</p><p>https://www.youtube.com/user/nerdologia</p><p>https://www.youtube.com/user/fecastanhari</p><p>https://www.youtube.com/channel/UCKHhA5hN2UohhFDfNXB_cvQ</p><p>https://www.youtube.com/channel/UCMlX_MlK7s53AjQdI7uSiyQ</p><p>https://www.youtube.com/channel/UCg0CfiR_iKjBOYgeHps17BA</p><p>https://www.youtube.com/user/1veritasium</p><p>https://www.youtube.com/user/Vsauce</p><p>https://www.youtube.com/user/scishow</p><p>https://www.youtube.com/user/destinws2</p><p>https://www.youtube.com/user/periodicvideos</p><p>https://www.youtube.com/user/numberphile</p><p>https://www.youtube.com/user/virtualschooluk</p><p>https://www.youtube.com/user/Kurzgesagt</p><p>O ENEM está ficando mais difícil a cada ano, mas ainda é essencialmente</p><p>uma prova bem menos conteudista que os vestibulares tradicionais. Muitas das</p><p>questões ainda podem ser resolvidas por interpretação de texto ou com base em</p><p>um repertório amplo e diferenciado.</p><p>Os raciocínios exigidos pelo ENEM tornaram-se mais complexos. É</p><p>necessário agora pensar mais para chegar na resposta. Quanto mais</p><p>conhecimentos diversos você tiver, maiores as chances de pensar fora da caixa e</p><p>encontrar a resposta mais rápido que os outros.</p><p>Tudo é repertório. Da próxima vez que vir um filme, lembre-se de que o</p><p>mínimo detalhe em uma cena pode ser útil na hora da prova. Então não se culpe</p><p>demais por estar “perdendo tempo”. Nada é perda de tempo. Relaxe e aproveite</p><p>o filme.</p><p>Um breve comentário sobre o ENEM 2018</p><p>Na prova de Exatas (Matemática e Ciências da Natureza) de 2018, tivemos</p><p>questões de um nível de dificuldade nunca antes visto. Houve até gente dizendo</p><p>que algumas envolveram assuntos de Ensino Superior. E é verdade! Teve uma</p><p>de Química (substituição nucleofílica) que era de um nível absurdo para alunos</p><p>do Ensino Médio.</p><p>Mas sabe o que é pior? A maioria das questões difíceis foi difícil na dose</p><p>certa para que a gente não pudesse reclamar.</p><p>Explico: as questões foram incrivelmente difíceis, sim. Exigiram linhas de</p><p>raciocínio muito complexas, quase impossíveis de serem feitas em 3 minutos</p><p>(daí a importância do repertório para acelerar o processo). Mas todos os</p><p>elementos necessários para resolvê-las eram de Ensino Médio.</p><p>Vamos ver uma questão de Biologia (sobre fotossíntese) que, apesar de o</p><p>texto base ser de nível superior, exigia conhecimentos de conversão de energia,</p><p>ciclo do carbono e fotossíntese. Tudo que supostamente é visto no Ensino</p><p>Médio.</p><p>Era uma questão assustadoramente difícil, mas que infelizmente tinha o</p><p>direito de estar ali, no Exame Nacional do Ensino Médio. Não vamos entrar no</p><p>mérito de o ENEM</p>