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Tópica Juridica.

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Tópica consiste na tentativa de produzir “um tratado” de lógica, que teve inicio a partir de estudos, sobre retórica, sendo um estilo de pensar/raciocinar e não um método. Pensar topicamente significa obter uma técnica de pensamentos que se orientam diante do problema mantendo análise critica, com a concepção que ao ter distintos pontos de vistas, há abordagens que não são conclusivas, embora haja a possibilidade de compreender o problema especifico em sua amplitude.
A tópica prevaleceu durante a idade Média por meio das “artes liberales”, que constituíam o trivium (Gramática, Retórica, Dialética) sendo os sofistas, os primeiros a tratarem sobre retórica, que, segundo Marilena Chauí (Introdução à História da Filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. v. 1. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.), é uma técnica de persuasão, através dos “lógoi”, isto é, razões ou argumentos opinativos a respeito de uma coisa, baseando-se não no que esta coisa é em si mesma, porém naquilo que aparenta ser.
Para Theodor Viehweg, há dois graus de tópica. O primeiro deve-se proceder por intermédio de uma seleção as séries de pontos de vista ocasionais para buscar, a partir dos mesmos, uma orientação adequada, a fim de resultar em analises. Quase sempre, no cotidiano, procedemos dessa maneira, afirma Theodor. O segundo tem fundamento na análise aristotélica (que se propôs a encontrar um método de investigação que evitava as contradições diante do discurso. Para ele, a tópica tem como objetivo conclusões, derivada de proposições que aparentam ser verdadeiras com apoio em uma opinião que se acredita) de Cícero (entende a tópica como uma pratica de argumentação que deriva de uma serie de tópicos) e seus sucessores, que abordam a forma de auxiliar o pensamento diante do problema de modo mais pratico possível, produzindo uma trivialização.
As tópicas são entendidas como possibilidades de orientação e condução de pensamento, valorizando a argumentação. Sendo assim, há pontos de vista utilizáveis e aceitos universalmente, que são empregados a favor ou contra e parecem conduzir a verdade que é obtida através de resultados distintos. Analisar topicamente influi as deduções a partir de proposições lógicas, onde as conclusões indicam a forma de buscar as premissas, produzindo um desenvolvimento do pensamento que exige flexibilidade e capacidade de analisar diante de vários ângulos um mesmo problema, obtendo muitas possibilidades de entendimento. As premissas relacionadas com o problema podem ser qualificadas sob graus relevantes ou irrelevantes, admissíveis ou inadmissíveis que são dotados de sentido, tendo cada um peso de aceitação especifico, que varia de acordo com cada analise.
A jurisprudência é desenvolvida diante da discussão de problemas em razão da dicotomia pergunta-resposta. A sua tarefa, se deriva na busca do justo diante de situações-problema, sendo que os conceitos ou proposições da Jurisprudência devem estar vinculados ao problema especifico e conseqüentemente devem ser entendidos como partes integrantes de um pensamento tópico que se caracteriza pela pluralidade de princípios ou axiomas compatíveis que são independentes e derivam por meio de procedimento lógico, as conclusões particulares diante de cada caso concreto. Porém, é importante ressaltar que o sistema jurídico não pode ser entendido em sentido lógico, pois, seria necessário reduzir o direito a um principio único ou haver a inexistência de produção de varias resoluções/analises a um único caso concreto.
O operador de Direito, ao interpretar, busca uma solução satisfatória diante do fato analisado e no âmbito da concretização das normas a interpretação está vinculada a algo estabelecido, embora os resultados obtidos diante da tarefa hermenêutica de concretização dessas normas não alcancem uma exatidão absoluta, há dentro do possível, alcances sólidos e racionalmente fundamentáveis. É importante ressaltar que há a tópica de primeiro grau (vários pontos de vista ou de opiniões que geralmente são aceitas ou ainda, o senso comum), e a tópica de segundo grau (repertórios de pontos de vista), o pensar tópico tem como base o discurso retórico, que serve para fundamentar a decisão de modo mais persuasivo possível, para defender ou atacar um problema.
Na perspectiva aristotélica, a retórica, deveria ser corretamente assimilada, sendo um fator democratizante, e sua utilidade no campo judicial era indispensável durante os discursos públicos proferidos durante a democracia grega. Segundo Aristóteles, os meios retóricos se definem por três características básicas: O argumento de autoridade (leva-se em consideração o caráter e a grandeza moral do orador que emite a opinião), a empatia com o auditório (privilegia opiniões aceitas pelos ouvintes, aumentando, as chances de convencimento) e a plausibilidade argumentativa (os argumentos empregados deveriam ser fortes e vigorosos, dando alicerce à persuasão), ressaltando que a força argumentativa era obtida por exemplos que refletem fatos da experiência, que eram facilmente entendidos pelos ouvintes e auditório. Aristóteles classificou os gêneros do discurso retórico, sendo deliberativo (próprio do discurso político, sendo voltado ao acontecimento futuro), judiciário (referente aos tribunais e juízos informais, relativos a fatos passados) e demonstrativo ( referentes aos eventos presentes).
Theodor Viehweg retoma a discussão sobre a retórica aristotélica, especificamente em sua obra “Tópica e Jurisprudência”, na qual se busca a comprovação da aplicação do recurso dialético no campo jurídico, através do estudo da jurisprudência romana que construiu sua justiça a partir das decisões concretas, e valoriza a importância das inúmeras possibilidades interpretativas, dependentes da razão subjetiva do magistrado. 
Viehweg busca relacionar o silogismo normativo e o discurso dialético - histórico dando ênfase a dialética argumentativa, sendo que, para ele, quanto mais forte for à tese defendida, com valorização nas opiniões generalizadamente aceitas na sociedade, maior será a segurança e a certeza que todos buscam almejar. Ele destaca a importância do Poder Judiciário, no que diz respeito à promoção e concretização do Direito, como ciência libertaria, que busca garantir os direitos humanos e solucionar os problemas referentes aos casos concretos com a finalidade de se obter à solução mais razoável e adequada.
Em suma, Theodor propôs um novo e amplo campo investigativo, referente à necessidade de buscar um novo raciocínio jurídico para legitimar as decisões judiciais visando sua validez, eficácia e objetividade, diante das inúmeras possibilidades interpretativas.
REFERÊNCIAS
ADEODATO, João Mauricio. Ética e Retorica: para uma teoria da dogmática jurídica. São Paulo: Saraiva, 2002.
CAMARGO, Margarida Maria Lacombe. Hermeneutica e Argumentação. Rio de Janeiro: Renovar, 1999.
FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. A Ciência do Direito. 2° edição. São Paulo: Atlas, 1999.
FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. 4° edição. São Paulo: Atlas, 2006.
VIEHWEG, Theodor. Topica y Jurisprudencia. Tadução de Diez Picazo Pense de Léon. Madrid: Tauros, 1964. Tradução do titulo original – Tópica e Jurisprudencia.

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