RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA

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<p>Religiões de Matriz</p><p>Africana: Um</p><p>Panorama</p><p>AS DIFERENTES RELIGIÕES DE</p><p>MATRIZ AFRICANA</p><p>Prof(a) Maria Gisele de Alencar</p><p>Orientação</p><p>Unidade de Ensino: As Diferentes Religiões de Matriz Africana</p><p>Competência da Unidade de Ensino: Conhecer a cosmologia africana a</p><p>partir do seu funcionamento e características particulares; entender como os</p><p>africanos interagem com suas divindades, mediante a uma moral</p><p>comunitária ligada a religião e, por conseguinte, estudar sobre as</p><p>expressões religiosas que acontecem inclusive no Brasil.</p><p>Resumo: Conhecer e entender como é a relação entre os povos africanos e</p><p>suas divindades, mediante ao papel dos agentes que fazem a ligação entre</p><p>mundo espiritual e os seres humanos. Por conseguinte, perceber como os</p><p>princípios religiosos afetam a dinâmica social, que percorrem temáticas</p><p>ligadas a morte e a divisão entre a vida da infância e a vida adulta. Qual a</p><p>importância dos sacrifícios e dos espaços sagrados.</p><p>Palavras-chave: Divindades; Moral; Dinâmica social; Vida e Morte.</p><p>Título da teleaula: As Diferentes Religiões de Matriz Africana</p><p>Teleaula nº: 02</p><p>Contextualizando</p><p>• Conhecer a cosmovisão das religiões tradicionais</p><p>africanas a partir do modo como esses povos</p><p>classificam a divindade suprema e as divindades</p><p>intermediárias: a relação com a natureza, com a</p><p>ancestralidade, com a organização social e cultural.</p><p>• Compreender a função social dos rituais.</p><p>• Entender a percepção sobre a morte e a vida, o</p><p>sacrifício e os espaços sagrados.</p><p>• Analisar a importância social e religiosa das pessoas</p><p>que atuam como intermediadora entre o mundo</p><p>espiritual e o mundo material.</p><p>Conceitos</p><p>Divindade suprema</p><p>Orientação</p><p>O diverso e o comum</p><p>O continente Africano se caracteriza pela diversidade de</p><p>países, etnias, regionalidades e estruturas linguísticas,</p><p>logo, as expressões de religiosidade, também.</p><p>• Homogeneizar é excluir toda composição de um</p><p>continente.</p><p>Contudo, há um elemento comum, ainda que na</p><p>diversidade: a representação de um deus supremo - da</p><p>criação.</p><p>• semelhança na natureza e intrínseca relação com os</p><p>atributos e poderes.</p><p>Divindades e o cultural</p><p>As divindades refletem na organização social e nas</p><p>estruturas hierárquicas locais: a interação geracional, as</p><p>conexões entre os seres humanos e os fenômenos</p><p>naturais.</p><p>• o deus supremo é o criador do céu, da terra, dos seres</p><p>humanos e dos seres espirituais;</p><p>• a denominação diz sobre as qualidades e funções de</p><p>suas funções: sociais e políticas.</p><p>O supremo: as características</p><p>• Divinas: onipotência, onisciência, onipresença,</p><p>transcendência, imanência, benevolência.</p><p>• Atributos comportamentais humanos: raiva, fúria,</p><p>amor, paixão que são manifestados nos elementais da</p><p>natureza.</p><p>• Universalidade e a grandeza.</p><p>• Essencialmente bom, mas sua criação pode levar direta</p><p>ou indiretamente a problemas, crises e caos.</p><p>• Funções biológicas e sociais humanas: paternidade e</p><p>maternidade. (Relação entre o feminino e masculino).</p><p>Conceitos</p><p>Divindades: Cultura e</p><p>Natureza</p><p>As divindades</p><p>• Responsáveis e guardiãs da moral e do equilíbrio da</p><p>comunidade.</p><p>• Promovem o diálogo e o intermédio entre o sagrado e</p><p>a vida terrena.</p><p>• As narrativas mitológicas dizem sobre os hábitos,</p><p>funções, poderes, atividades, status e influência.</p><p>• Compartilham de características humanas, contudo,</p><p>são imortais.</p><p>As classificações</p><p>Primordiais: antecede a criação do mundo e dos seres</p><p>humanos:</p><p>• ara orum: povo do céu</p><p>• irunmole: seres sagrados que vivem na Terra.</p><p>Ancestrais Deificados: viveram no mundo depois de</p><p>sua criação, deixando um legado.</p><p>• reis, rainhas, heróis, heroínas, guerreiros e guerreiras,</p><p>fundadores de cidades.</p><p>Fenômenos naturais personificados. Para os iorubas</p><p>qualquer elemento do mundo natural que tenha funções</p><p>múltiplas e úteis para o ser humano tem um espírito</p><p>habitando nele: a terra, os rios, as lagoas e lagos, as</p><p>montanhas, algumas árvores e o vento.</p><p>As divindades, pessoa e sociedade</p><p>O cotidiano é permeado pela transcendentalidade,</p><p>sempre serão ouvidos provérbios e canções que declaram</p><p>reverência e gratidão ao Ser supremo.</p><p>A moral é originada na divindade e nos ancestrais,</p><p>sendo sua transmissão realizada pelos humanos que</p><p>fazem parte da criação.</p><p>• valores morais fazem parte do conjunto de costumes e</p><p>hábitos fundamentais (ethos), religiosos e na</p><p>cosmologia.</p><p>Conceitos</p><p>Morte e Vida</p><p>Culto aos antepassados</p><p>A forma como os indivíduos creem e praticam a adoração</p><p>aos ancestrais ocorre conforme a cultura de cada povo e</p><p>suas tradições religiosas.</p><p>Congo (a língua Komo): os ancestrais são como</p><p>divindades, sendo guardiões vivos e transmissores de</p><p>rituais.</p><p>Os Bakongo, que vivem no Congo e em Angola, e os</p><p>Kaguru da Tânzania: os idosos são os que se aproximam</p><p>dos ancestrais e exercem muita influência sobre como</p><p>consultar os rituais como: sacrifícios e oferendas.</p><p>A morte</p><p>• Para a cosmologia africana, a morte não cessa ou</p><p>aniquila a vida humana: é o caminho, é o portal para o</p><p>próximo estágio da existência. Trata-se do início do</p><p>processo de obtenção da ancestralidade.</p><p>• A morte mais valorizada é aquela em que o falecido</p><p>viveu até uma idade avançada, o que significa posse</p><p>de sabedoria e experiência.</p><p>• Os Iorubás creem que quando morre um ancião, que</p><p>era um agente de unidade e força da linhagem, deixa</p><p>um vazio na família dificultando a coesão.</p><p>Imortalidade</p><p>A imortalidade para estes povos está ligada a ser</p><p>lembrado após a morte: preservar a memória, garante a</p><p>imortalidade.</p><p>Entre alguns povos da África Oriental: a morte só</p><p>acontece se não tiver ninguém para se lembrar dos</p><p>falecidos.</p><p>As religiões tradicionais africanas creem na reencarnação</p><p>dos ancestrais. Ela está ligada a ideia de perpetuação da</p><p>sua linhagem, por meio do renascimento em crianças</p><p>nascidas logo após o falecimento dos avós.</p><p>Resolução da SP</p><p>Diversidade e</p><p>Divindades</p><p>Como Teólogo você foi convidado para um debate em</p><p>uma rádio comunitária sobre a importância das religiões</p><p>na vida dos indivíduos e das comunidades. Ao chegar no</p><p>estúdio, o debate seria com uma pessoa representante</p><p>de uma denominação cristã. Ao passarem para você a</p><p>palavra, referiu-se que qualquer religião era importante</p><p>pois nelas aprendia-se o respeito, o convívio fraterno e o</p><p>amor.</p><p>Mas em seguida foi interpelado por uma fala, cuja</p><p>afirmação era que as outras formas de existir</p><p>religiosamente (matrizes africanas) eram expressões do</p><p>que havia de mais mal no mundo.</p><p>Incomodado com essa afirmativa, você respeitosamente</p><p>argumentou que:</p><p>O continente africano é composto pele diversidade de</p><p>religiões, que são diferentes. Nelas, a divindade suprema</p><p>aparece de várias formas, mas que assim como o deus</p><p>cristão, é o criador da Terra e de todas as criaturas,</p><p>juntamente com os seres humanos. As divindades</p><p>secundárias são auxiliares da divindade e possuem</p><p>características que são semelhantes às dos humanos. São</p><p>responsáveis por possibilitar um cotidiano satisfatório,</p><p>uma vida abençoada e um código moral das sociedades.</p><p>Interação</p><p>O Tabu da Morte</p><p>Considerando os ensinamentos sobre os princípios</p><p>tradicionais religiosos africanos sobre a morte,</p><p>desenvolva as seguintes reflexões:</p><p>a) Como a morte é entendida pelas tradições religiosas</p><p>africanas?</p><p>b) Como as sociedades ocidentais lidam com a morte?</p><p>c) Pode-se afirmar que existe um tabu da morte?</p><p>d) Problematize, a partir de uma análise comparativa</p><p>cada uma das percepções que se tem da morte.</p><p>Conceitos</p><p>Ritos de Passagem</p><p>Coesão social</p><p>Os rituais – sejam eles festivos, militares ou religiosos –</p><p>têm como marca comum a repetição e oferecem uma</p><p>sensação de segurança, não apenas por sua familiaridade,</p><p>mas porque promovem um sentimento de coesão social.</p><p>• Eles demonstram a ordem e a promessa de continuidade</p><p>desses grupos.</p><p>• Individualmente, a necessidade de se reinventar também</p><p>é cíclica.</p><p>Importância dos ritos</p><p>Partes constituintes das comunidades, sendo extensões</p><p>necessárias para a sua vida.</p><p>Essenciais para o desenvolvimento individual</p><p>e</p><p>comunitário e criam a ideia de que o crescimento e</p><p>transição da infância para a vida adulta não é</p><p>automática.</p><p>Ritos Básicos</p><p>Nascimento</p><p>Fase Adulta</p><p>Casamento</p><p>Velhice</p><p>Ancestralidade</p><p>Conceitos</p><p>Sacrifícios e os espaços</p><p>sagrados</p><p>Sentidos</p><p>Para as religiões tradicionais africanas o sacrifício é uma</p><p>comunhão dos homens com Deus, os antepassados e os</p><p>espíritos, ao mesmo tempo que é uma renovação</p><p>harmoniosa da vida social.</p><p>• Buscam aumentar a vitalidade das pessoas e das</p><p>comunidades, evitando assim a dor da perdição e da</p><p>presença dos espíritos malignos.</p><p>• O sangue é um veículo de força vital e a intensidade</p><p>de energia propiciada pelo seu derramamento está</p><p>diretamente ligada a potência do animal sacrificado.</p><p>Os espaços</p><p>Os lugares onde os ritos e rituais das religiões africanas</p><p>tradicionais se realizam são considerados sagrados.</p><p>São locais construídos especificamente para fins</p><p>religiosos ou são lugares naturais utilizados para tal fim.</p><p>A natureza e a sacralidade</p><p>A natureza e sua exuberância sempre foram associadas à</p><p>religião pelos africanos.</p><p>O universo está repleto de espírito religioso, pois todos os</p><p>seus elementos são considerados símbolos do divino.</p><p>• O céu: a casa do ser supremo;</p><p>• Abaixo da Terra: o reino dos espíritos que mantém a</p><p>comunidade conectada à Terra;</p><p>• No meio desta Terra: o mundo da humanidade, o aqui</p><p>e agora.</p><p>Sacralidade e cotidiano</p><p>A casa, os templos e santuários, o campo, são locais</p><p>onde os africanos veem a sacralidade.</p><p>Isto se dá devido o entendimento que estes povos</p><p>cotidianamente caminham na presença, ou ao lado dos</p><p>seres espirituais.</p><p>Apesar da ligação profunda com lugares construídos as</p><p>religiões e seus adeptos têm a visão de que as</p><p>divindades estão em toda parte.</p><p>Conceitos</p><p>Os agentes da religião</p><p>Os intermediadores</p><p>Os agentes que são os responsáveis pelas ações das</p><p>religiões tradicionais africanas entre as comunidades.</p><p>• lideranças religiosas (chefes);</p><p>• curandeiros e curandeiras;</p><p>• mágicos;</p><p>• adivinhos e adivinhas.</p><p>Chefes</p><p>Em boa parte das sociedades tradicionais africanas</p><p>existem um intima conexão entre a religião e a política.</p><p>A visão de que na política estão os processos</p><p>comportamentais que buscam resolver conflitos entre o</p><p>bem comum e os interesses dos grupos.</p><p>• A religião será a intermediadora, que evita o uso</p><p>indevido do poder em detrimento do bem comum.</p><p>Curandeiros e curandeiras</p><p>Agentes de cura ou especialistas em medicina tradicional.</p><p>• Suas funções se sobrepõem, pois a doença e a</p><p>enfermidade cobrem uma ampla gama de problemas</p><p>pessoais e comunitários.</p><p>• Considerados médiuns devido seu papel de interligação</p><p>entre o humano e o espiritual.</p><p>• A cura se concentra na pessoa e não na doença, pois</p><p>trata-se de uma terapia holística: diagnóstico total do</p><p>ser humano e não somente com os males físicos.</p><p>Mágicos e a Magia</p><p>A magia também é uma forma de entendimento do que</p><p>está oculto, fora da lógica das leis conhecidas.</p><p>Dominam os conhecimentos sobre as formas de energia</p><p>no universo: entender a natureza, reconhecer as funções</p><p>e formas de objetos materiais, e apreciar a forma como</p><p>se pode manipular as forças que impactam a mente</p><p>humana.</p><p>• conhecimento ou esse poder sempre direcionado para</p><p>o benefício de sua comunidade</p><p>Adivinhos(as) e doutores(as)</p><p>Pessoas que se dedicam à adivinhação ocupam posições</p><p>importantes e proeminentes na vida pública dos</p><p>africanos.</p><p>A maioria deles são sacerdotes e sacerdotisas que estão</p><p>ligados a certas divindades; revelam assuntos ocultos,</p><p>predizem o futuro e interpretam mistérios relativos a</p><p>seres humanos individuais e sua comunidade.</p><p>Resolução da SP</p><p>O espaço sagrado</p><p>Na aula de Ensino Religioso, você desenvolveu uma</p><p>atividade cujo objetivo era analisar como eram os</p><p>espaços sagrados de culto e rituais das diferentes</p><p>religiões. Um dos alunos decidiu tratar do local de culto</p><p>do Candomblé, sua religião. Alguns alunos começaram a</p><p>criticar, afirmando que aquele templo era a casa do</p><p>diabo, que rituais destas religiões não eram para Deus e</p><p>que era um absurdo estarem tratando disso na aula.</p><p>Respeitosamente e pautando-se nos debates sobre</p><p>diversidade e tolerância religiosa, você conduziu da</p><p>seguinte forma:</p><p>Nesta situação é necessário travar um debate sobre local</p><p>sagrado com os alunos. Mostrar o que significa para cada</p><p>um. Primeiro falando da criação como uma obra que</p><p>pode nos levar a ter contato direto com o divino. Mostrar</p><p>que para os africanos o sol, a lua, a Terra e os elementos</p><p>da natureza são considerados sagrados e sinal de</p><p>possibilidade de adoração e culto ao ser supremo.</p><p>Depois fale dos templos. Cada religião tem seus templos,</p><p>que os africanos e as religiões de matriz africana</p><p>também, mas sabem que o deus supremo não mora ali,</p><p>mas que lá é local dele comunicar-se com cada fiel que o</p><p>procura.</p><p>Trata-se também de um lugar sagrado. Assim como em</p><p>todas as religiões, mesmo que não acreditemos na</p><p>crença do outro. E propôs a seguinte reflexão:</p><p>a) Porque o odiar o que não se conhece?</p><p>b) Porque existe um certo medo em relação às religiões</p><p>de matriz africana, que são socialmente construídas?</p><p>c) Pode-se relacionar este medo à intolerância religiosa e</p><p>ao racismo religioso?</p><p>Interação</p><p>Sacrifício:</p><p>O sacro ofício</p><p>Tomando como referência o modo como as sociedades</p><p>tradicionais africanas desenvolvem seus rituais de</p><p>sacrifício, como um instrumento de diálogos com o deus</p><p>supremo, com os deuses e deusas, buscando o bem estar</p><p>da coletividade, propõem-se a seguinte atividade:</p><p>a) Desenvolva uma pesquisa sobre as diferentes religiões</p><p>que existem no Ocidente e no Oriente (pode escolher</p><p>duas expressões de cada um) e identifique se há</p><p>práticas de sacrifício e os significados.</p><p>b) Estabeleça uma relação com os rituais das expressões</p><p>religiosas africanas.</p><p>Recapitulando</p><p>• Compreendemos a diversidade e pluralidade religiosa</p><p>como uma característica fundamental das sociedades</p><p>tradicionais africanas.</p><p>• Conhecemos a existência de um deus supremo e das</p><p>divindades que intermediam a conexão entre o mundo</p><p>terreno e o espiritual.</p><p>• Entendemos a profunda conexão entre o sagrado e a</p><p>natureza, e como as pessoas religiosas experenciam os</p><p>espaços sagrados no cotidiano.</p><p>D</p><p>isp</p><p>o</p><p>n</p><p>íve</p><p>l em</p><p>:</p><p>h</p><p>ttp</p><p>s://w</p><p>w</p><p>w</p><p>.isto</p><p>ckp</p><p>h</p><p>o</p><p>to</p><p>.co</p><p>m</p><p>/b</p><p>r/fo</p><p>to</p><p>s/cu</p><p>ltu</p><p>ra-</p><p>african</p><p>a. A</p><p>cesso</p><p>1</p><p>0</p><p>m</p><p>aio</p><p>2</p><p>0</p><p>2</p><p>1</p><p>.</p><p>https://www.istockphoto.com/br/fotos/cultura-africana</p><p>Analisamos os aspectos da cosmovisão religiosa:</p><p>• da percepção sobre a morte e a vida;</p><p>• da função social dos rituais;</p><p>• do sacrifício como um instrumento de diálogo entre o</p><p>sagrado e os seres humanos;</p><p>• das ações, sejam elas individuais ou sociais, sempre</p><p>visam o bem comum e à coletividade;</p><p>• da ligação entre os princípios religiosos e a política,</p><p>assim como os papéis sociais das pessoas que realizam</p><p>a relação entre o deus supremos e as divindades com</p><p>os indivíduos e a coletividade.</p>