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<p>TRABALHO A TEMPO PARCIAL, TRABALHO INTERMITENTE E TELETRABALHO.</p><p>TRABALHO A TEMPO PARCIAL</p><p>O contrato de trabalho a tempo parcial, na nomenclatura inglesa chamado part-time work, é a relação formal de trabalho cujo tempo de trabalho semanal é inferior à 40 horas.</p><p>Mais especificamente, seguindo as determinações do art. 58-A CLT, seguirá o limite máximo de trinta horas semanais, sem possibilidade de horas suplementares. Também poderá ser considerado nesta espécie de contrato aquele que cuja duração não extrapole vinte e seis horas semanais, podendo o trabalhador exercer até mais seis horas de trabalho. Por outro lado, também poderá ser considerado trabalho a tempo parcial aquele com tempo inferior a vinte seis horas por semana, estando também limitado ao teto de seis horas complementares de trabalho, conforme o § 4o do referido artigo.</p><p>Tais mudanças foram trazidas pela lei n o 13.647 de 2017, a Lei da Reforma Trabalhista, que trouxe diversas mudanças nas disposições da CLT. Em momento anterior à essa mudança legislativa, o limite máximo de horas de trabalho eram 25 horas e não havia previsão de prestação de horas complementares</p><p>No âmbito do trabalho a tempo parcial, dispôs que as horas prestadas em caráter suplementar serão pagas com o acréscimo de 50% sobre o salário-hora padrão.</p><p>Não há disposição na lei acerca da divisão de horas a serem prestadas por dia, podendo ser estipulado livremente os horários e dias com atividade laboral. Há a necessidade de estar escrito no documento contratual as condições de trabalho e tempo estipulado, caso contrário a relação poderá percebida como uma relação normal de tempo integral.</p><p>Caso o trabalhador já tenha contrato de trabalho em período integral e queira trocar para o regime de tempo parcial este deverá realizar requerimento escrito ao empregador. Há, no entanto, a necessidade de existência de acordo coletivo ou convenção coletiva que preveja essa alteração, como bem expressa o § 4o do art. 58-A da CLT.</p><p>A remuneração do trabalho a a tempo parcial será paga de forma proporcional ao tempo de serviço prestado, em comparação aos empregados que cumprem, em funções iguais, o tempo integral, conforme o § 1o do art. 58-A da CLT.</p><p>Outra novidade trazida pela Lei no 13.647 de 2017 é a possibilidade de compensação das horas suplementares exercidas até a semana subsequente de sua prestação, caso contrário estas horas devem ser constar na folha de pagamento do mês seguinte.</p><p>Quanto às férias, a reforma trabalhista trouxe importantes mudanças, entre elas está a possibilidade de conversão em pecúnia de um terço das férias do empregado em regime parcial (art. 58-A, § 6o). Também terão direito a gozar férias durante 30 dias por ano, sendo equiparados aos trabalhadores em regime integral (art. 58-A, § 7o), em contraposição à disposição anterior da CLT, que previa gozo de férias proporcional à duração da jornada.</p><p>TRABALHO INTERMITENTE</p><p>A reforma trabalhista, através da Lei no 13.467/17, consolidou esta forma contratual na CLT, denominada de contrato de trabalho intermitente (art. 443, caput e § 3º; art. 452-A, caput e §§ 1º até 9º, da CLT).</p><p>Será entendido como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, realizado em períodos intercalados de prestação de serviços e de inatividade, definidos em horas, dias ou meses, independendo do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, que são dos pela Lei 13.475/2017.</p><p>Através do Artigo 452-A, o contrato de trabalho intermitente é formalizado por escrito, estipulando o montante por hora trabalhada, o qual não pode ser menor que o salário mínimo ou o valor pago a outros trabalhadores desempenhando a mesma função, mesmo que não estejam sob contrato intermitente. No entanto, não há obrigatoriedade de se pagar contraprestação mensal ao menos igual ao salário mínimo.</p><p>Ao analisar o trabalho intermitente sob a ótica da remuneração e da constitucionalidade, Godinho Delgado (2019, p. 673) sustenta que:</p><p>Não obstante o rigor do texto literal da lei, a verdade é que a interpretação jurídica pode civilizar algo da nova figura instituída. Nesse sentido, tratando-se a modalidade remuneratória desse contrato específico de remuneração variável, pode-se considerar incidente à sua concretização a norma constitucional expressa de “garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável” (art. 7º, VII, CF/88).</p><p>O empregador solicitará a prestação de serviços através de um meio de comunicação, comunicando a jornada de trabalho com pelo menos três dias de antecedência. Após receber a convocação, o empregado terá um dia útil para responder ao chamado, sendo considerada recusa em caso de não manifestação, e, caso recuse a oferta, isto não descaracterizará a subordinação para fins do contrato de trabalho intermitente. (art. 452-A, §§ 1º até 3º).</p><p>Após o aceite da oferta de trabalho, qualquer parte que descumprir suas obrigações sem motivo justificado deverá pagar à outra parte, dentro de trinta dias, uma multa equivalente a 50% da remuneração que seria devida, com possibilidade de compensação neste mesmo prazo. O intervalo de inatividade não será contabilizado como tempo de disponibilidade para o empregador. Assim, empregado não está restrito ao empregador e pode oferecer seus serviços a outros contratantes.</p><p>Quanto à remuneração e contribuições previdenciárias, o artigo mencionado aborda em suas disposições:</p><p>§ 6º Ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado receberá o pagamento imediato das seguintes parcelas:</p><p>I — remuneração;</p><p>II — férias proporcionais com acréscimo de um terço;</p><p>III — décimo terceiro salário proporcional;</p><p>IV — repouso semanal remunerado; e</p><p>V — adicionais legais.</p><p>Quanto às contribuições previdenciárias dispõe sobre o depósito do FGTS pelo empregador:</p><p>§ 8º O empregador efetuará o recolhimento da contribuição previdenciária e o depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, na forma da lei, com base nos valores pagos no período mensal e fornecerá ao empregado comprovante do cumprimento dessas obrigações.</p><p>No contrato intermitente, também está garantido o direito às férias. De acordo com o parágrafo 9º, o trabalhador adquire o direito a um período de descanso de um mês a cada ano, o qual poderá ser usufruído nos doze meses seguintes, durante os quais não poderá ser solicitado a prestar serviços pelo mesmo empregador.</p>