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<p>PODER JUDICIÁRIO</p><p>JUSTIÇA DO TRABALHO</p><p>TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO</p><p>Identificação</p><p>Gab. Des. Alda Couto</p><p>PROCESSO nº 0000111-04.2024.5.08.0128 (ROT)</p><p>RECORRENTES: WERSLY AURELIANO DE SOUZA</p><p>Advogado: Dr. Romoaldo José Oliveira da Silva e outro</p><p>DÍNAMO ENGENHARIA LTDA.</p><p>Advogada: Dra. Lucileide Galvão Leonardo</p><p>RECORRIDOS: OS MESMOS</p><p>EQUATORIAL PARÁ DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A.</p><p>Advogado: Dr. João Alfredo Freitas Mileo</p><p>Ementa</p><p>RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE</p><p>I - RECURSO ORDINÁRIO. TRABALHO AOS DOMINGOS. DAS HORAS EXTRAS 100% E</p><p>DO RSR EM DOBRO. Configura-se improcedente a integração do adicional de periculosidade</p><p>na sua base de cálculo, tendo em vista que a reclamada efetuava a inclusão das horas extras</p><p>pagas como base de cálculo para pagamento da periculosidade, o que resultaria em bis in</p><p>idem. Recurso conhecido e desprovido.</p><p>II - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. "QUANTUM INDENIZATÓRIO". MAJORAÇÃO. A</p><p>fixação do valor da indenização por danos morais decorre de uma análise do Juiz, levando em</p><p>conta o sofrimento causado à vítima, a capacidade econômica da vítima e do causador do</p><p>dano, o não enriquecimento ilícito por parte da vítima e o caráter repressivo e pedagógico ao</p><p>transgressor, para inibi-lo de reincidir na prática. No caso dos autos, entendo que o valor de R$</p><p>10.000,00 (dez mil reais), deve ser majorado a título de indenização por danos morais, pelo</p><p>que considero fazer jus o autor, posto que atende aos princípios da razoabilidade e da</p><p>proporcionalidade, na medida em que leva em conta não só a capacidade econômica das</p><p>partes, como também, o contexto no qual se deu a prática do ato causador do dano e a</p><p>extensão do dano. Recurso provido.</p><p>III - DOS DESCONTOS INDEVIDOS. 0 art. 462, § 1º, da CLT, traz como exceção ao princípio</p><p>da intangibilidade salarial, a previsão da possibilidade de o empregador realizar descontos</p><p>decorrentes de danos causados por culpa do empregado, desde que tal condição seja</p><p>previamente pactuada no contrato de trabalho, ou, independentemente de prévia pactuação,</p><p>por dolo do trabalhador. Logo, em se tratando de dano decorrente de culpa, por imprudência,</p><p>negligência ou imperícia, o desconto somente poderá ser feito se houver previsão expressa no</p><p>contrato de trabalho. Sentença Mantida.</p><p>IV - NULIDADE DA DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA. ATO DE IMPROBIDADE E MAU</p><p>PROCEDIMENTO (ART. 482, 'a' E 'b', DA CLT). DESCUMPRIMENTO DE NORMAS E</p><p>REGULAMENTOS DA EMPRESA. CONFIGURAÇÃO DA FALTA GRAVE. VALIDAÇÃO. A</p><p>justa causa é uma forma de punição que precisa ser cabalmente provada, até porque causa</p><p>consequências graves ao empregado, sob as ordens econômica, social e moral. O empregador</p><p>tem o poder de resolução do contrato de trabalho, mas deve demonstrar de forma incontestável</p><p>os motivos que levaram a se utilizar de quaisquer das hipóteses elencadas no art. 482 da CLT.</p><p>In casu, consoante narrado em seu depoimento, o reclamante afirmou que realizou ligação</p><p>clandestina na residência de um colaborador ocasionando desrespeito às normas e</p><p>regulamentos empresariais, e que sua demissão por justa causa foi motivada pela prática</p><p>desse ato. Assim, tendo em vista que a conduta constitui "improbidade" (art. 482, "a", da CLT),</p><p>bem como "mau procedimento", ao descumprir regras empresariais internas, destinadas</p><p>genericamente a todos empregados, razão pela qual mantenho a r. Decisão de primeiro grau.</p><p>Apelo improvido.</p><p>V -HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA. MAJORAÇÃO. Deve-se majorar para 10% o</p><p>percentual dos honorários sucumbenciais fixado na r. sentença, para que atenda aos</p><p>parâmetros de razoabilidade e de proporcionalidade, na medida em que leva em conta os</p><p>critérios estabelecidos no §2º, do artigo 791-A, da CLT. Sentença reformada quanto a este</p><p>aspecto. Recurso parcialmente provido.</p><p>VI - EXCLUSÃO DA CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DOS HONORÁRIOS</p><p>SUCUMBENCIAIS. SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE. POSSIBILIDADE. VEDAÇÃO DA</p><p>UTILIZAÇÃO DE CRÉDITOS OBTIDOS EM PROCESSOS DIVERSOS CAPAZES DE</p><p>SUPORTAR A DESPESA. ENTENDIMENTO DA ADIN Nº. 5766/DF PELO E. STF. O Supremo</p><p>Tribunal, no julgamento da ADI nº. 5766/DF, declarou inconstitucional a expressão "desde que</p><p>não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a</p><p>despesa" constante doartigo 791-A, § 4º, da CLT. Desta forma, sendo o autor beneficiário da</p><p>Justiça Gratuita, deve a sua condenação ao pagamento de honorários sucumbenciais</p><p>permanecer sob a condição suspensiva de exigibilidade prevista no referido dispositivo</p><p>celetista, vedada a possibilidade de compensação com outros créditos judiciais capazes de</p><p>suportar a despesa, podendo somente ser executada se, "nos dois anos subsequentes ao</p><p>trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a</p><p>situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,</p><p>passado esse prazo, tal obrigação do beneficiário". Sentença Mantida.</p><p>RECURSO ORDINÁRIO DA PRIMEIRA RECLAMADA (DÍNAMO ENGENHARIA LTDA.)</p><p>I- RECURSO ORDINÁRIO.HORAS EXTRAS. No presente caso, o direito às parcelas de horas</p><p>extras resulta da invalidade dos documentos de controles de jornadas carreados aos autos.</p><p>Nesse contexto, a reclamada não logrou êxito em comprovar fato obstativo ao direito do autor,</p><p>não se desincumbindo do seu ônus de prova, nos termos do art. 818, II, da CLT. Recurso</p><p>improvido.</p><p>II - INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. RISCO A INTEGRIDADE FÍSICA. AGRESSÃO</p><p>FÍSICA. FALTA DE SEGURANÇA NO LOCAL DE TRABALHO. O dano moral verificou-se no</p><p>caso "sub judice", uma vez que o reclamante ao realizar a atividade de eletricista, foi agredido e</p><p>ameaçado no cumprimento das suas atividades para a primeira reclamada, portanto estava</p><p>com sua integridade física e moral exposta, sendo certo que este estado de alerta constante</p><p>acaba por corroer a essência da alma, podendo causar, em qualquer ser humano, danos</p><p>irreparáveis. Apelo improvido.</p><p>III - DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DESONERAÇÃO DA FOLHA. Como a</p><p>reclamada não provou ser contemplada pelos ditames da Lei 12.546/2011, não pode querer ser</p><p>desonerada, notadamente por não ter demonstrado como foi o recolhimento de seu tributo no</p><p>período contemporâneo ao contrato de trabalho objeto do presente feito, pelo que não pode ser</p><p>beneficiada da desoneração da folha.</p><p>Relatório</p><p>Vistos, relatados e discutidos estes autos de RECURSOS ORDINÁRIOS, oriundos da</p><p>MERITÍSSIMA TERCEIRA VARA DO TRABALHO DE MARABÁ/PA, entre as partes acima</p><p>identificadas.</p><p>O MM Juízo de primeiro grau, na prolação da sua r. decisão (ID. bd911fc), decidiu nos</p><p>seguintes termos: "ANTE O EXPOSTO, DECIDE O JUÍZO DA MM. 3ª VARA DO TRABALHO DE</p><p>MARABÁ NA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA PROPOSTA POR WERSLY AURELIANO DE</p><p>SOUZA EM FACE DE DÍNAMO ENGENHARIA LTDA E EQUATORIAL PARA DISTRIBUIDORA</p><p>DE ENERGIA S.A.: I - REJEITAR A PRELIMINAR DE IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS; II -</p><p>EXTINGUIR O PROCESSO COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO EM RELAÇÃO ÀS PARCELAS</p><p>ANTERIORES A 15/02/2019, CONFORME DISPOSTO NO ART. 487, II, CPC C/C ART. 769 CLT; III</p><p>- JULGAR PROCEDENTES EM PARTE OS PEDIDOS DA INICIAL PARA CONDENAR A 1ª</p><p>RECLAMADA(DÍNAMO ENGENHARIA LTDA.) E A 2ª RECLAMADA(EQUATORIAL PARÁ</p><p>DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A.), SUBSIDIARIAMENTE, A PAGAREM AO AUTOR, NO</p><p>PRAZO DE 08 DIAS A CONTAR DO TRÂNSITO EM JULGADO, SOB PENA DE MULTA DE 10%,</p><p>AS SEGUINTES PARCELAS, CONFORME CÁLCULOS EM ANEXO, QUE FAZEM PARTE DESTE</p><p>DECISUM, ENCONTRANDO-SE CITADAS A PARTIR DA PUBLICAÇÃO DESTA DECISÃO:</p><p>DIFERENÇAS DAS FÉRIAS VENCIDAS DOS PERÍODOS AQUISITIVOS 2021/2022 E 2022/2023,</p><p>BEM COMO A DOBRA DAS FÉRIAS, CONSIDERANDO A BASE DE CÁLCULO INDICADA NA</p><p>PETIÇÃO INICIAL (R$ 2.721,09), ABATENDO-SE O QUE FOI PAGO CONFORME TRCT E</p><p>RESPECTIVO CONTRACHEQUE;</p><p>DEPÓSITOS FUNDIÁRIOS FALTANTES, CONSIDERANDO A</p><p>EVOLUÇÃO SALARIAL; DEVOLUÇÃO DOS VALORES, PELAS AVARIAS DO VEÍCULO,</p><p>CONSUBSTANCIADO NO DOCUMENTO DE ID 815C961, PÁG. 1042, NO VALOR DE R$ 130,16,</p><p>BEM COMO O MONTANTE DE R$ 455,55, REFERENTE À DEDUÇÃO EFETUADA EM AGOSTO,</p><p>SETEMBRO E OUTUBRO DE 2023; HORAS EXTRAS A 50%, ACIMA DA 8ª DIÁRIA E 44ª HORA</p><p>SEMANAL DE FORMA NÃO CUMULATIVA, COM RESPECTIVOS REFLEXOS EM 13º</p><p>SALÁRIO, FÉRIAS + 1/3, FGTS (conta vinculada) E RSR; HORAS EXTRAS, COM ADICIONAL DE</p><p>100%, PELO TRABALHO NOS FERIADOS, COM RESPECTIVOS REFLEXOS EM 13º SALÁRIO,</p><p>FÉRIAS + 1/3, FGTS (conta vinculada) E RSR; MULTA NORMATIVA; INDENIZAÇÃO POR</p><p>DANOS MORAIS, NO VALOR DE R$5.000,00 HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA RECÍPROCOS</p><p>NO VALOR DE 5%, PARA AMBOS, SENDO OS HONORÁRIOS DEVIDOS PELA PARTE</p><p>RECLAMANTE INCIDENTES SOBRE A SOMA DOS VALORES EXORDIAIS DOS PEDIDOS</p><p>SUCUMBENTES, E OS HONORÁRIOS DEVIDOS PELA RECLAMADA INCIDENTE SOBRE O</p><p>VALOR LÍQUIDO DA CONDENAÇÃO, SEM DEDUÇÃO DOS DESCONTOS FISCAIS E</p><p>PREVIDENCIÁRIOS, CONFORME OJ 348 DO TST. DEVERÁ O R. SETOR DE CÁLCULOS</p><p>LIQUIDAR OS PEDIDOS CONSOANTE VALORES INFORMADOS NA PEÇA DE INGRESSO E</p><p>EVOLUÇÃO SALARIAL DO RECLAMANTE, DEDUZINDO-SE OS VALORES PAGOS A MESMO</p><p>TÍTULO. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA NA FORMA DA LEI. DESCONTOS</p><p>PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS, NOS TERMOS DA FUNDAMENTAÇÃO. CONCEDE-SE A</p><p>JUSTIÇA GRATUITA AO RECLAMANTE. IMPROCEDEM AS DEMAIS. TUDO NOS TERMOS E</p><p>LIMITES DA FUNDAMENTAÇÃO. CUSTAS PELAS RECLAMADAS NO VALOR DE R$ 2.526,78 ,</p><p>CALCULADAS SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO DE R$ 126.338,81."</p><p>Em face desta decisão, a primeira reclamada(DÍNAMO ENGENHARIA LTDA.) opôs</p><p>embargos de declaração(ID. bc70cc6) alegando contradição referente aos encargos previdenciários e</p><p>imposto de renda, os quais foram conhecidos e rejeitado integralmente, por absoluta falta de amparo legal</p><p>e fático, e por conseguinte, a embargante foi condenada a pagar ao embargado multa de 2% sobre o valor</p><p>da causa, nos termos do art. 1.026, §2º, do CPC c/c art. 769 CLT.</p><p>O autor insatisfeito com a r. Decisão de primeiro grau interpôs recurso ordinário (ID.</p><p>94228cd) pugnando pela condenação das reclamadas ao pagamento do RSR em dobro, nos termos da</p><p>petição inicial; majoração da indenização por danos morais, nos termos da petição inicial; restituição ao</p><p>empregado dos valores que foram descontados indevidamente; nulidade da dispensa por justa causa com</p><p>conversão em dispensa sem justa causa, bem como a condenação da reclamada ao pagamento das</p><p>parcelas de aviso prévio, 13º salário proporcional do ano de 2023, férias proporcionais + 1/3; depósitos</p><p>fundiários faltantes, acrescidos da multa de 40%, ou alternativamente, pagamento da indenização</p><p>alternativa prevista no art. 4º, II, da Lei 9029/1995, considerando o dobro de sua remuneração e o</p><p>pagamento de indenização por danos morais; a majoração do percentual de honorários devidos aos</p><p>patronos do recorrente para 15% (quinze por cento), por fim, requer a exclusão da condenação do</p><p>reclamante ao pagamento de honorários sucumbenciais.</p><p>A primeira reclamada(DÍNAMO ENGENHARIA LTDA.) ainda irresignada interpôs</p><p>recurso ordinário(ID. 40c37d9) requer a reforma da sentença quanto à exclusão das parcelas deferidas</p><p>pelo juízo sentenciante.</p><p>Cientes todas as partes da apresentação dos referidos recursos, e devidamente notificadas,</p><p>todas as partes apresentaram suas respectivas contrarrazões, respectivamente, sob os ID´s. 64d81d8,</p><p>6a57054 e 65d3217.</p><p>Os presentes autos deixaram de ser remetidos ao Ministério Público do Trabalho para</p><p>emissão de parecer, porque não evidenciada qualquer das hipóteses previstas no art. 103 do Regimento</p><p>Interno deste E. TRT, com a redação dada pela Resolução nº 03/2003.</p><p>Fundamentação</p><p>Conheço dos recurso ordinários interpostos pelo reclamante e pela primeira reclamada, eis</p><p>que preenchidos todos os pressupostos de admissibilidade.</p><p>Mérito</p><p>RECURSO DO RECLAMANTE</p><p>TRABALHO AOS DOMINGOS. DAS HORAS EXTRAS 100% E DO RSR EM</p><p>DOBRO.</p><p>Insurge-se o reclamante contra a r. sentença de primeiro grau que julgou improcedente o</p><p>pedido relativo a condenação das reclamadas ao pagamento do RSR em dobro pelos feriados trabalhados,</p><p>com reflexos e integração dos adicionais de periculosidade com base na Súmula 132 do TST e adicional</p><p>de motorista em sua base de cálculo.</p><p>Em síntese, alega que a r. sentença de mérito merece reforma, visto que a Súmula 146 do</p><p>Tribunal Superior do Trabalho estabelece que "o trabalho prestado em domingos e feriados, não</p><p>compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal" e a OJ</p><p>410 do TST instrui que o repouso semanal concedido após o sétimo dia importa no seu pagamento em</p><p>dobro.</p><p>Sem razão.</p><p>A r. decisão de primeiro grau deferiu a condenação em relação ao labor nos feriados o</p><p>pedido para condenar a reclamada ao pagamento de horas extras, com adicional de 100%, pelo trabalho</p><p>nos feriados, com respectivos reflexos em 13º salário, férias + 1/3, FGTS e RSR, ante seu caráter</p><p>habitual, sendo improcedente a integração do adicional de periculosidade na sua base de cálculo, tendo</p><p>em vista que a reclamada efetuava a inclusão das horas extras pagas como base de cálculo para</p><p>pagamento da periculosidade, o que resultaria em bis in idem.</p><p>Assim, mantenho a r. decisão por seus próprios termos.</p><p>INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. "QUANTUM INDENIZATÓRIO".</p><p>MAJORAÇÃO.</p><p>Requer a reforma da r. Sentença de primeiro grau que fixou em R$5.000,00(cinco mil</p><p>reais), para que seja majorada a referida condenação com a finalidade de se adequar aos Princípios da</p><p>Proporcionalidade e da Razoabilidade.</p><p>Vejamos.</p><p>Relativamente ao "quantum" devido, é sabido que se deve atentar à situação das partes, à</p><p>gravidade da lesão e ao grau de culpa do ofensor.</p><p>Deve servir, a indenização, para compensar o sofrimento decorrente do abalo moral</p><p>sofrido, sem que tal represente enriquecimento sem causa, ao mesmo tempo, em que a condenação deve</p><p>surtir efeito educativo, a fim de coibir reincidências.</p><p>No caso em apreço, o autor provou ter sofrido hostilidades, ameaças e agressões de clientes</p><p>da reclamada quando de seu trabalho nos cortes de energia de inadimplentes, em relação aos quais a</p><p>empresa responde, uma vez que não demonstrou a mínima atuação de fornecer medidas de segurança para</p><p>o trabalhador, conforme bem destacado pelo nobre magistrado em sua fundamentação.</p><p>Assim, defiro a majoração para quantia de R$ 10.000,00(dez mil reais), por entender que</p><p>esta quantia atendem aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade em relação ao potencial lesivo</p><p>da conduta e como medida pedagógica, até porque, apesar da atividade de risco exercida pelo autor,</p><p>verificou-se ato de violência externo, com agressão física, conforme boletim de ocorrência acostado aos</p><p>autos.</p><p>Cito como precedente deste entendimento o v. Acórdão TRT 4ª T/RO 00000511-</p><p>91.2023.5.08.0018, de minha lavra acerca da mesma matéria em comento.</p><p>Ressalte-se que deixo de parametrizar a condenação pelos critérios elencados no art. 223-</p><p>G, uma vez que O Pleno deste E. Regional, em incidente de arguição de inconstitucionalidade instaurado</p><p>pela 2ª Turma da mesma Corte Regional, declarou a inconstitucionalidade do § 1º, incisos I a IV, do art.</p><p>223-G da CLT, introduzidos pela Lei n.º 13.467/2017 (Modernização Trabalhista), que estabelecem a</p><p>tarifação do valor da indenização por dano extrapatrimonial na Justiça do trabalho, vinculada ao salário</p><p>do ofendido (Proc. n.º ArgIncCiv-0000514-08.2020.5.08.0000, DEJT de 16/09/2020).</p><p>Por tais fundamentos, reformo a r. sentença para deferir à majoração do "quantum"</p><p>indenizatório na importância de R$ 10.000,00(dez mil reais).</p><p>DESCONTOS INDEVIDOS</p><p>Requer a parte a autora a reforma da r. decisão que julgou</p><p>improcedente o pedido de</p><p>devolução dos descontos indevidos efetuados pela primeira reclamada.</p><p>Alega, em síntese, que as ordens de descontos (ID. 815c961) foram impugnadas eis que a</p><p>reclamada não juntou aos autos sequer uma investigação realizada para apuração das avarias, e que em</p><p>relação às multas, as reclamadas sequer juntaram aos autos a multa emitida pelo DETRAN, não sendo</p><p>possível validar a sua existência, motivo pelo qual os descontos são realizados sem que haja a devida</p><p>apuração dos eventos danosos e a imputação é feita por mera suposição, transferindo os riscos da</p><p>atividade econômica ao empregado, o que é vedado pelo ordenamento jurídico.</p><p>Por fim, reitera que a primeira reclamada não provou e nem demonstrou nos autos</p><p>autorização do reclamante quanto aos descontos efetuados em seus contracheques.</p><p>Pois bem.</p><p>O caput do artigo 462 da Consolidação das Leis do Trabalho veda descontos salariais,</p><p>salvo exceções concedidas por lei ou negociação coletiva, além das resultantes de "adiantamento salarial".</p><p>Assim sendo, os descontos devem observar ao princípio da intangibilidade salarial.</p><p>Ocorre que no, § 1º, deste art. 462 da CLT, traz como exceção ao princípio da</p><p>intangibilidade salarial, a previsão da possibilidade de o empregador realizar descontos decorrentes de</p><p>danos causados por culpa do empregado, desde que tal condição seja previamente pactuada no contrato de</p><p>trabalho, ou, independentemente de prévia pactuação, por dolo do trabalhador.</p><p>Decido.</p><p>Compulsando os presentes autos, verifica-se o contrato de trabalho do reclamante (ID.</p><p>a1e20f5) autorizou, em sua cláusula "7", a responsabilização do empregado caso ele viesse a "causar</p><p>quaisquer danos ou prejuízos à EMPREGADORA, fica autorizada a descontar a importância</p><p>correspondente ao prejuízo", exceção prevista quanto à intangibilidade salarial do obreiro por previsão</p><p>legal.</p><p>Verifica-se que a 1ª ré carreou aos autos, sob o ID 815c961, uma série de termos de</p><p>autorização de desconto, em sua maioria assinadas pelo obreiro: sendo que 05/07/2021, houve autorização</p><p>do desconto de R$ 30,16, parcelado de duas vezes (2 x R$ 65,08) decorrente da despesa ocasionada ao</p><p>veículo Modelo - Placa PTP -2313"; em 03/11/2021, houve autorização do desconto de R$ 722,11</p><p>parcelado de dez vezes (10 x R$ 72,21) decorrente da "despesa ocasionada ao veículo FIAT Modelo</p><p>STRADA - Placa PTP -2313"; e por último em 26/11/2021, houve autorização do desconto de R$ 130,16,</p><p>parcelado de duas vezes (2 x R$ 65,08) decorrente da "despesa ocasionada ao veículo Modelo - Placa</p><p>PTP -2313".</p><p>Além destes fatos supramencionados, o próprio autor declarou em depoimento(ID.</p><p>788195e) os seguintes termos: (...) que conhece as normas e regulamentos da empresa(...)</p><p>Assim, mantenho a r. decisão por seus próprios termos.</p><p>NULIDADE DA DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA. ATO DE IMPROBIDADE E</p><p>MAU PROCEDIMENTO (ART. 482, 'a' E 'b', DA CLT). DESCUMPRIMENTO DE NORMAS E</p><p>REGULAMENTOS DA EMPRESA. CONFIGURAÇÃO DA FALTA GRAVE. VALIDAÇÃO</p><p>Requer o autor a reforma da r. sentença com a reversão da "demissão por justa causa" que</p><p>lhe foi aplicada pela primeira reclamada, alegando que a punição teria sido desproporcional.</p><p>Primeiramente, em sede de razões recursais, afirma que a sentença julgou improcedente o</p><p>pedido da reversão da justa causa e o consequente pagamento das verbas rescisórias, por entender que</p><p>ficou demonstrada a falta grave praticada pelo autor em razão da realização a um desvio de energia</p><p>(ligação direta) na residência do colaborador Sr. David Pereira Aguiar (Técnico de Segurança), tendo</p><p>desrespeitada o procedimento padrão das normas e regulamentos da empresa.</p><p>Alega, inicialmente, que conforme transcrição das respostas dos depoimentos colhidos no</p><p>PDA (ID. f80672d) realizado pela reclamada, o Sr. David Pereira Aguiar, técnico de segurança do</p><p>trabalho, afirmou que o Sr. Douglas, fiscal, mandou a equipe (reclamante e seu parceiro de trabalho) até a</p><p>casa do depoente, pontuando que a equipe estava sob direção do Sr. Douglas, e que, ao executar o serviço</p><p>que culminou em sua dispensa por justa causa na residência da avó do técnico de segurança do trabalho,</p><p>estava seguindo ordem de seu superior hierárquico, o fiscal da reclamada, Sr. Douglas, que determinou</p><p>expressamente a execução do serviço, razão pela qual a sua conduta decorreu, única e exclusivamente, de</p><p>ordem de superior hierárquico imediato.</p><p>Afirma, que o referido serviço foi realizado no dia 31/10/2023 e o procedimento</p><p>administrativo disciplinar foi aberto em 01/11/2023. e que após ouvir os trabalhadores, a comissão do</p><p>PDA recomendou que deveria ocorrer a dispensa por justa causa, conforme ID. f80672d. No entanto,</p><p>apesar da recomendação da comissão do PDA, a reclamada liberou o reclamante para laborar. Nesse</p><p>sentido, conforme cartão de ponto de novembro/2023, estando ausentes os requisitos da</p><p>proporcionalidade e da imediatidade na justa causa aplicada.</p><p>Por fim, destaca que conforme ficha de registro (ID. a1e20f5) o reclamante foi contratado</p><p>em 02/05/2013, laborando por mais de 10 anos para reclamada e não houve em seu registro sequer uma</p><p>advertência, portanto, não houve observância da gradação pedagógica da pena.</p><p>Frente a tais pressupostos, passo ao exame.</p><p>A justa causa para a dispensa do empregado gera consequências que vão além dos limites</p><p>da relação jurídica de trabalho que empregador e empregado outrora mantiveram, razão pela qual o</p><p>reconhecimento da veracidade da causa alegada, em juízo, deve resultar de prova consistente, robusta,</p><p>cabal, sobre a qual não paire a menor dúvida quanto à razoabilidade e proporcionalidade da penalidade</p><p>imputada ao trabalhador.</p><p>Devido aos efeitos danosos que podem causar à vida profissional e social do empregado,</p><p>inclusive no âmbito familiar, a caracterização da prática de ato que enseja a justa causa deve ser precedida</p><p>de cuidadosa análise.</p><p>O empregador tem o poder de resolução do contrato de trabalho, mas deve provar os</p><p>motivos que o levaram a se utilizar de quaisquer das hipóteses elencadas no art. 482 da CLT. Assim, a</p><p>existência de dúvidas acerca da prática do ato faltoso pelo empregado impede o acolhimento da tese de</p><p>despedimento por justa causa, justamente pela ausência da robustez necessária à aplicação da penalidade</p><p>máxima.</p><p>Logo, incumbe à reclamada o ônus da prova da falta grave capaz de ensejar a dispensa por</p><p>justa causa (art. 818, I da CLT, c/c art. 373, I, do CPC), em face do princípio da continuidade da relação</p><p>de emprego, pelo qual se presume que o empregado deseja perpetuar a vigência do seu vínculo</p><p>empregatício.</p><p>Nesse diapasão, verifica-se que, no presente caso, a justa causa aplicada ao reclamante teve</p><p>como fundamento a prática de ato de indisciplina e de mau procedimento, consubstanciado no alegado</p><p>descumprimento das normas internas da reclamada, e aos deveres sociais de boa conduta - incidindo,</p><p>assim, as hipóteses previstas no art. 482, "a" e "b" da CLT.</p><p>Feitas essas considerações, passo à apreciação da controvérsia:</p><p>O fio condutor das razões recursais perpassa a alegação de que o reclamante detinha</p><p>ciência da irregularidade da sua conduta (fazer ligações clandestinas), em razão dessa violar as normas</p><p>internas da empresa, bem como que o próprio cometimento do ato motivador da justa causa foi</p><p>confirmado pelo autor.</p><p>De fato, tais conclusões são perfeitamente extraíveis da sua própria petição inicial (ID.</p><p>59aaa92). Nessa ocasião, afirmou o reclamante que "(...) que enquanto membro da equipe de</p><p>fiscalização, não era possível realizar uma ligação nova se não existisse uma ligação clandestina a ser</p><p>regularizada, de modo que, para atender a determinação de seu superior hierárquico quanto à</p><p>realização de uma ligação nova na residência da avó do técnico de segurança do trabalho David,</p><p>precisou preencher na documentação uma irregularidade que não existia. "(...).</p><p>A empresa, por seu turno, afirma que o fato foi apurado em sindicância administrativa, o</p><p>que se conclui é que o reclamante tinha conhecimento de que estava descumprindo normas da empresa,</p><p>na qual o reclamante exerceu o seu direito de ampla defesa, e confessou o fato, tendo sido demitido por</p><p>justa causa, com fulcro no art. 482, "a" e "b" da CLT.</p><p>Em relação à tese de ausência de proporcionalidade e razoabilidade entre a conduta e a</p><p>punição aplicada, também não assiste razão.</p><p>De fato, não se pode conceber que qualquer ato faltoso do empregado sirva de amparo para</p><p>lhe impor a dispensa por justa causa, mas tão somente aqueles que se revestirem de gravidade capaz de</p><p>lesar algum bem jurídico relevante.</p><p>Todavia, no presente caso, a gravidade da falta do reclamante restou clara, vez que o</p><p>obreiro ocupava o cargo de eletricista, o que lhe exigia um grau de responsabilidade e confiança na</p><p>empresa, cuja inobservância qualifica sobremaneira a falta praticada.</p><p>Ademais, tendo em vista a gravidade do ato praticado, não há que se falar em gradação das</p><p>penas, posto que o ato praticado pela obreira, por si só, é capaz de abalar de tal maneira a confiança</p><p>mútua que deve existir entre as partes que se torna inviável a manutenção do contrato.</p><p>Neste sentido, segue precedente do TST:</p><p>RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 -</p><p>JUSTA CAUSA. ATO DE IMPROBIDADE. DESNECESSIDADE DE GRADAÇÃO DAS PENAS.</p><p>A conduta do reclamante de subtrair cinco latinhas de refrigerante da empresa, ciente de que era norma da</p><p>reclamada que os produtos ali fabricados somente poderiam ser consumidos internamente, configura ato</p><p>de improbidade, o qual autoriza a aplicação da penalidade de dispensa por justa causa, nos termos do art.</p><p>482 a, da CLT, sem que haja necessidade de gradação da pena, uma vez que rompida a confiança que</p><p>deve permear a relação de emprego, impossibilitando a continuidade do vínculo empregatício. Recurso de</p><p>revista conhecido e desprovido. (TST - RR: 956-33.2015.5.09.0028, Relator: Márcio Eurico Vitral</p><p>Amaro, Data de Julgamento: 07/06/2017, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 09/06/2017).</p><p>Por isso, a repreensão disciplinar pela via da aplicação de falta grave guarda</p><p>proporcionalidade com a conduta praticada: a uma, por constituir inegável improbidade por quebra da</p><p>confiança entre as partes e mau procedimento, em desrespeito às normas e regulamentos da empresa (art.</p><p>482, "a" e "b", da CLT).</p><p>Diante das circunstâncias acima expendidas, conclui-se pela plausibilidade da justa causa</p><p>aplicada pela reclamada, porquanto amparada no conjunto fático-probatório constante dos autos, devendo,</p><p>pois, ser mantida a sentença neste particular.</p><p>Por tais fundamentos, mantenho a r. decisão de primeiro grau.</p><p>MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS</p><p>Pleiteia também a majoração da condenação das reclamadas ao pagamento dos honorários</p><p>advocatícios em 15% sobre o valor da condenação.</p><p>Assiste-lhe razão em parte.</p><p>Seguindo os parâmetros estabelecidos por esta E. Turma em situações semelhantes e</p><p>atendendo aos parâmetros de razoabilidade e de proporcionalidade, majoro para 10% o percentual de</p><p>honorários de sucumbência, pois adequado aos critérios estabelecidos no §2º, do artigo 791-A, da CLT:</p><p>Art. 791-A:</p><p>(...)</p><p>§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: (Incluído pela Lei nº 13.467, de</p><p>2017)</p><p>I - o grau de zelo do profissional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)</p><p>II - o lugar de prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)</p><p>III - a natureza e a importância da causa; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)</p><p>IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.</p><p>(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)</p><p>Em vista disso, dou provimento ao recurso quanto a este aspecto para majorar os</p><p>honorários de sucumbência para 10%.</p><p>EXCLUSÃO DA CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS</p><p>SUCUMBENCIAIS - BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA</p><p>Por fim, requer a exclusão da condenação ao pagamento dos honorários advocatícios</p><p>sucumbenciais por ser beneficiário da justiça gratuita.</p><p>Vejamos.</p><p>Estando o processo submetido à vigência da Lei nº. 13.467/2017, torna-se plenamente</p><p>aplicável a sistemática de honorários advocatícios trazida pela Reforma Trabalhista. Com efeito, em se</p><p>tratando de condenação do beneficiário da justiça gratuita ao pagamento de honorários sucumbenciais, o</p><p>art. 791-A, § 4º, da CLT, estabelece que:</p><p>Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos</p><p>honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o</p><p>máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da</p><p>sentença.</p><p>(...)</p><p>§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em</p><p>juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as</p><p>obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de</p><p>exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao</p><p>trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou</p><p>de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de</p><p>gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.</p><p>Em tal contexto, tem-se que este E. Regional havia uniformizado entendimento no sentido</p><p>da impossibilidade da condenação da reclamante beneficiário da justiça gratuita ao pagamento de</p><p>honorários sucumbenciais, vide decisão unânime no julgamento da Arguição de Inconstitucionalidade nº.</p><p>0000944-91.2019.5.19.0000, em sessão plenária ocorrida à data 10/02/2020, na qual foi declarada a</p><p>inconstitucionalidade integral do § 4º do artigo 791-A da CLT.</p><p>Ocorre que o E. Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento da ADI 5766/DF</p><p>em 20/10/2021, declarou somente inconstitucionalidade parcial do artigo 791-A, § 4º, da CLT, limitando-</p><p>a à expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de</p><p>suportar a despesa", vide a ementa abaixo colacionada, complementada pelo voto condutor do Min.</p><p>Alexandre de Moraes, os quais transcrevo, in verbis:</p><p>CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI</p><p>13.467/2017. REFORMA TRABALHISTA. REGRAS SOBRE GRATUIDADE</p><p>DE JUSTIÇA. RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DE ÔNUS</p><p>SUCUMBENCIAIS EM HIPÓTESES ESPECÍFICAS. ALEGAÇÕES DE</p><p>VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA, INAFASTABILIDADE DA</p><p>JURISDIÇÃO, ACESSO À JUSTIÇA, SOLIDARIEDADE SOCIAL E DIREITO</p><p>SOCIAL À ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA. MARGEM DE</p><p>CONFORMAÇÃO DO LEGISLADOR. CRITÉRIOS DE RACIONALIZAÇÃO</p><p>DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AÇÃO DIRETA JULGADA</p><p>PARCIALMENTE PROCEDENTE. 1. É inconstitucional a legislação que</p><p>presume a perda da condição de hipossuficiência econômica para efeito de</p><p>aplicação do benefício de gratuidade de justiça, apenas em razão da apuração</p><p>de créditos em favor do trabalhador em outra relação processual, dispensado</p><p>o empregador do ônus processual de comprovar eventual modificação na</p><p>capacidade econômica do beneficiário. (...) 3. Ação Direta julgada parcialmente</p><p>procedente. (ADI 5766, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Relator(a) p/</p><p>Acórdão: ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 20/10/2021,</p><p>PROCESSO ELETRÔNICO DJe-084 DIVULG 02-05-2022 PUBLIC 03-05-</p><p>2022)</p><p>O SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES: (...) Em vista do exposto,</p><p>CONHEÇO da Ação Direta e, no mérito, julgo PARCIALMENTE</p><p>PROCEDENTE o pedido para declarar a inconstitucionalidade da expressão</p><p>"ainda que beneficiária da justiça gratuita", constante do caput do art. 790-B; para</p><p>declarar a inconstitucionalidade do § 4º do mesmo art. 790-B; declarar a</p><p>inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em juízo,</p><p>ainda que em outro processo, créditos</p><p>capazes de suportar a despesa",</p><p>constante do § 4º do art. 791-A; para declarar constitucional o art. 844, § 2º,</p><p>todos da CLT, com a redação dada pela Lei 13.467/2017. (grifei)</p><p>Assim, restou superado o entendimento anteriormente consolidado por este E. Regional, de</p><p>sorte que o Excelso Supremo Tribunal Federal ratificou a constitucionalidade da possibilidade de</p><p>condenação do beneficiário da justiça gratuita ao pagamento de honorários de sucumbência,</p><p>permanecendo tal obrigação sob condição suspensiva de exigibilidade, somente podendo ser executada</p><p>se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar</p><p>que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade,</p><p>extinguindo-se, passado esse prazo, a obrigação.</p><p>Ou seja, vedou-se, tão somente, a possibilidade de utilização de créditos oriundos de</p><p>processos diversos para suportar as despesas sucumbenciais do beneficiário da justiça gratuita,</p><p>permanecendo a presunção de manutenção da condição de hipossuficiência econômica do beneficiário da</p><p>gratuidade mesmo que tenha percebido valores nesta ou em outra relação processual. Logo, cabe ao</p><p>credor a demonstração de alteração do estado de insuficiência de recursos do devedor, por qualquer meio</p><p>lícito, a fim de que execute a obrigação então mantida sob condição suspensiva de exigibilidade.</p><p>Assim, deverão os honorários sucumbenciais devidos pelo reclamante em favor dos</p><p>patronos da reclamada permanecerem sob a condição suspensiva de exigibilidade prevista no § 4º do</p><p>artigo 791-A da CLT, vedada a possibilidade de compensação com outros créditos judiciais capazes de</p><p>suportar a despesa.</p><p>Neste sentido, cito recente precedente do C. TST:</p><p>HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. HONORÁRIOS PERICIAIS.</p><p>BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. ARTS. 791-A, § 4º, E 790-B DA</p><p>CLT. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 5.766/DF.</p><p>TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. 1. Este Relator vinha</p><p>entendendo pela inconstitucionalidade integral dos dispositivos relativos à</p><p>cobrança de honorários advocatícios do beneficiário da gratuidade judiciária, com</p><p>base na certidão de julgamento da ADI 5.766/DF, julgada em 20/10/2021. 2.</p><p>Contudo, advinda a publicação do acórdão, em 03/05/2022, restou claro que o</p><p>Supremo Tribunal Federal, no julgamento da referida ação, declarou a</p><p>inconstitucionalidade do trecho "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que</p><p>em outro processo" do art. 791-A, § 4º, e do trecho "ainda que beneficiária da</p><p>justiça gratuita", constante do caput do art. 790-B, e da integralidade do § 4º do</p><p>mesmo dispositivo, todos da CLT. 3. Em sede de embargos de declaração o</p><p>Supremo Tribunal Federal reafirmou a extensão da declaração de</p><p>inconstitucionalidade desses dispositivos, nos termos em que fixada no acórdão</p><p>embargado, em razão da existência de congruência com o pedido formulado pelo</p><p>Procurador-Geral da República. 4. A inteligência do precedente firmado pelo</p><p>Supremo Tribunal Federal não autoriza a exclusão da possibilidade de que, na</p><p>Justiça do Trabalho, com o advento da Lei nº 13.467/17, o beneficiário da justiça</p><p>gratuita tenha obrigações decorrentes da sucumbência que restem sob condição</p><p>suspensiva de exigibilidade; o que o Supremo Tribunal Federal reputou</p><p>inconstitucional foi a presunção legal, iure et de iure, de que a obtenção de</p><p>créditos na mesma ou em outra ação, por si só, exclua a condição de</p><p>hipossuficiente do devedor.5. Vedada, pois, é a compensação automática</p><p>insculpida na redação original dos dispositivos; prevalece, contudo, a</p><p>possibilidade de que, no prazo de suspensão de exigibilidade, o credor demonstre</p><p>a alteração do estado de insuficiência de recursos do devedor, por qualquer meio</p><p>lícito, circunstância que autorizará a execução das obrigações decorrentes da</p><p>sucumbência. 6. Assim, os honorários de advogado sucumbenciais devidos pela</p><p>parte reclamante ficam sob condição suspensiva de exigibilidade e somente</p><p>poderão ser executados se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da</p><p>decisão que os certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de</p><p>insuficiência de recursos do devedor, que, contudo, não poderá decorrer da mera</p><p>obtenção de outros créditos na presente ação ou em outras. Passado esse prazo,</p><p>extingue-se essa obrigação do beneficiário. (...) Recurso de revista conhecido e</p><p>parcialmente provido. (TST-RR-1000058-68.2019.5.02.0024, 3ª Turma, rel. Min.</p><p>Alberto Bastos Balazeiro, publicado em 26/08/2022, grifei).</p><p>Por essas razões, deve ser mantida a r. sentença que condenou o autor ao pagamento de</p><p>honorários advocatícios sobre o valor da causa, devendo ficar sob condição suspensiva de exigibilidade</p><p>prevista no § 4º, do artigo 791-A, da CLT, observada a impossibilidade de utilização de créditos obtidos</p><p>em processos diversos para suportar a despesa, nos termos da ADI 5766/DF.</p><p>Sentença mantida.</p><p>RECURSO DA PRIMEIRA RECLAMADA(DÍNAMO ENGENHARIA LTDA.)</p><p>HORAS EXTRAS</p><p>Requer a primeira reclamada que seja reformada a r. decisão de primeiro grau que deferiu</p><p>a condenação ao pagamento das horas extras com seus acréscimos e respectivos reflexos pelo juízo</p><p>sentenciante.</p><p>Assevera que o MM juízo a quo desconsiderou todos os cartões de pontos juntados aos</p><p>autos, bem como toda a documentação juntada pela empresa, ante a não apresentação das ordens de</p><p>serviço.</p><p>Argumenta que a jornada pactuada está de acordo com os cartões de ponto, que reputa</p><p>serem documentos legítimos, eis que veiculam a discriminação das horas extras, trazem horários variados</p><p>e foram preenchidos pelo próprio reclamante, consonantes, assim, ao comando ao art. 74 da CLT.</p><p>Conclui, ao argumento de que o reclamante não se desincumbiu de seu encargo de provar</p><p>a invalidade dos cartões de ponto.</p><p>Passo ao exame.</p><p>Em matéria de horas extras, o ônus da prova é sempre do reclamante,porquanto o</p><p>ordinário se presume e o extraordinário se prova. Sendo as diferenças de horas extras fato extraordinário,</p><p>cabe ao obreiro comprovar a sua realização, nos termos do art. 818, I, da CLT.</p><p>Por outro lado, conforme art. 74, § 2º, da CLT e súmula 338 do C. TST, é ônus da</p><p>reclamada que conte com mais de 20 (vinte) empregados, conforme legislação vigente à época do</p><p>contrato de trabalho do reclamante, o registro da jornada de trabalho, gerando presunção relativa de</p><p>veracidade da jornada declinada em exordial no caso de não apresentação injustificada dos controles de</p><p>frequência.</p><p>No caso concreto, a primeira reclamada juntou cartões de pontos referentes ao período de</p><p>labor objeto dos pedidos constantes da inicial (ID. 59b8c1e e seguintes), neles constando registros de</p><p>horas extras laboradas e as assinaturas do reclamante.</p><p>Em sua impugnação (ID. ec96bec), o reclamante ateve-se à alegação de que o registro de</p><p>jornada apresentado pela reclamada não reflete a realidade, haja vista que era obrigado a assinalar seu</p><p>ponto nos horários pré-determinados pelo empregador.</p><p>Também ressaltou que requereu em sua inicial, a cargo das reclamadas, "a apresentação</p><p>dos controles de produção e ordens de serviço por ele executadas", ora denominados "TOIs" ou "HHHs",</p><p>no intuito de, a partir do cotejo entre tais documentos, provar a invalidade dos cartões impugnados.</p><p>A reclamada, no seu viés, registrou que nada era devido ao reclamante, ante os recibos de</p><p>pagamento acostados aos autos e ausência de prova apta a invalidar os cartões de ponto.</p><p>Decido.</p><p>Conforme bem destacado pela nobre magistrada trago à baila a redação a fundamentação</p><p>da sua r. decisão(ID. bd911fc), no tocante ao pleito das horas extras:</p><p>(...) verifica-se que, de acordo com o cartão de ponto (ID 59b8c1e), no dia</p><p>14/05/2019, o reclamante supostamente estaria em gozo do intervalo intrajornada das</p><p>12:03 às 14:02, quando,</p><p>na realidade, conforme TOI, o autor estava executando um</p><p>serviço às 13:45 (ID 9eb2618).</p><p>Ademais, conforme cartão de ponto (ID 59b8c1e), no dia 07/08 /2019, o</p><p>reclamante supostamente teria iniciado o trabalho às 07:55, quando, na realidade,</p><p>conforme TOI (ID ec96bec), o reclamante estava executando um serviço às 07:10.</p><p>Igualmente, Conforme cartão de ponto (ID b376a51), no dia 22 /10/2020, o</p><p>reclamante supostamente não teria trabalhado para fins de compensação, quando, na</p><p>realidade, conforme TOI (ID 68da80b), o autor estava executando serviços às 10:35 e às</p><p>16:40.</p><p>Desse modo, restou comprovado que as anotações apostas nos controles de</p><p>ponto não correspondiam à real jornada do trabalhador, o que invalida o documento como</p><p>meio de prova.</p><p>Portanto, diante das declarações prestadas pelas partes e testemunha, verifico, em</p><p>consonância com o posicionamento do MM juízo de primeiro grau, que a tese da inicial trabalhista foi</p><p>sustentada a contento, tendo o reclamante desincumbido do seu ônus de demonstrar que os registros de</p><p>ponto juntados pela reclamada não refletem a realidade fática.</p><p>Diante de tais circunstâncias, observa-se que as reclamadas não desvencilharam do ônus</p><p>de comprovar fato obstativo ao direito do autor, nos termos do artigo 818, II, da CLT, devendo</p><p>prevalecer a jornada fixada pelo MM juízo de primeiro grau, considerando a invalidade dos cartões de</p><p>pontos, por não refletirem a real jornada de trabalho do reclamante, e os depoimentos colhidos em</p><p>audiência.</p><p>Assim, considero irrepreensível o posicionamento do MM juízo de primeiro grau, razão</p><p>pela qual mantenho a r. Sentença.</p><p>INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. RISCO A INTEGRIDADE FÍSICA.</p><p>A reclamada, ora recorrente, não se conforma com a condenação em indenização por dano</p><p>moral, pois alega estarem ausentes os requisitos autorizadores do referido instituto.</p><p>Assevera que a empresa tomou medidas sobre o ocorrido para evitar qualquer dano, não</p><p>havendo nexo de causalidade entre a ação/omissão, dano e culpa da Reclamada apta a ensejar o</p><p>pagamento de indenização por danos morais, logo após a apresentação do boletim de ocorrência(de Id.</p><p>7e91dff) pelo próprio Reclamante.</p><p>Portanto, a recorrente não foi imprudente, negligente ou omissa, não há necessidade de se</p><p>prolongar na discussão, vez que é evidente que não houve qualquer dano moral, passível de indenização,</p><p>razão pela qual requer que seja excluída da condenação a indenização por danos morais</p><p>Vejamos.</p><p>O Excelentíssimo Ministro Walmir Oliveira da Costa leciona que o dano moral pode ser</p><p>definido "como sendo a lesão que alguém sofre em seus bens imateriais pela ação de outrem que lhe</p><p>causa abalos a direitos personalíssimos".</p><p>Já o "dano moral trabalhista" pode ser definido como sendo a lesão moral infligida quer ao</p><p>trabalhador, quer ao prestador de serviços, mediante violação a direitos ínsitos à personalidade, como</p><p>consequência da relação de trabalho.</p><p>O direito à indenização por dano material ou moral, no ordenamento jurídico brasileiro,</p><p>deflui, originariamente, de duas normas constitucionais expressas: o art. 5º, incisos V e X da Constituição</p><p>Federal de 1988. Também encontra amparo nos artigos 186 e 927, do Código Civil Brasileiro.</p><p>Assim dispõem os arts. 186 e 927, do diploma legal supracitado:</p><p>"Art. 927. "Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a</p><p>repará-lo."</p><p>"Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos</p><p>casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,</p><p>por sua natureza, risco para os direitos de outrem".</p><p>Abstrai-se do art. 186, que os elementos configuradores para reparação do dano são: o dolo</p><p>ou culpa pela conduta do agente, o dano sofrido pela vítima e o nexo de causalidade.</p><p>No tocante ao ônus da prova, essa incumbência é do reclamante, na medida em que trata-se</p><p>de fato constitutivo do seu direito, conforme preceituam os arts. 818, da CLT e 373, I, do CPC/15.</p><p>Decide-se.</p><p>Para o reconhecimento do direito ao pagamento de indenização por danos morais, é</p><p>necessária a comprovação das circunstâncias de ordem pessoal que afetam o trabalhador, ou seja, os</p><p>eventuais danos que lhe tenham atingido de forma concreta e direta e que vão além do campo do mero</p><p>aborrecimento ou insatisfação.</p><p>No caso dos autos, tem-se como incontroverso o fato de que o reclamante exercia na</p><p>reclamada a função de eletricista do setor de fiscalização, precisava realizar o desligamento de energia,</p><p>sendo, por isso, frequentemente ameaçado e xingado pelos clientes, e que no dia 28/10/2023, registrou um</p><p>boletim de ocorrência, informando que, no exercício de sua função, quando foi buscar o seu colega de</p><p>trabalho; em uma rua estreita, na qual havia uma máquina trabalhando, teria buzinado; o que fez com que</p><p>o Sr. Celso este chegasse alterado, desse um soco no seu retrovisor e começasse a lhe ameaçar com um</p><p>facão.</p><p>A tese defensiva da reclamada, é no sentido de que Reclamante estava dentro do carro, e</p><p>conforme mencionou no boletim de ocorrência, o Sr. Celso estava visivelmente embriagado, de forma que</p><p>não há qualquer conduta culposa da Reclamada, uma vez que o fato ocorrido isolado não desconstitui o</p><p>trabalho que a empresa tem de assegurar a higidez do ambiente de trabalho, praticando sempre condutas</p><p>que tornem o ambiente hostil e seguro para seus colaboradores.</p><p>Destacou que qualquer condenação por dano moral afronta o princípio da legalidade, art.</p><p>5º, II, da CRFB, sendo certo que o texto consolidado e as normas regulamentadoras também não</p><p>contemplam esse direito.</p><p>Por fim, alegou que o ônus da prova do dano moral é do reclamante, nos termos dos arts.</p><p>818, I, da CLT e 373, I, do CPC.</p><p>Sem razão à reclamada.</p><p>Somente é suscetível de reparação o dano que concretiza evidente e grave ofensa a direito</p><p>geral de personalidade, capaz de representar, portanto, desrespeito ao princípio fundamental da dignidade</p><p>da pessoa humana (CF, art. 1º, inc. III). É esse o norte conferido pelo texto constitucional, quando arrola a</p><p>intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas como os principais direitos cuja violação</p><p>enseja reparação.</p><p>Por isso, o mero aborrecimento ou sentimento de desconforto, ainda que decorrente de ato</p><p>não fundado em exercício regular de direito, é insuscetível de caracterizar agressão à dignidade humana e,</p><p>por extensão, dano moral.</p><p>Nessa linha, no âmbito das relações contratuais, como é o caso da relação de emprego, o dano</p><p>moral, como regra, não decorre diretamente do inadimplemento das correspondentes obrigações,</p><p>especialmente quando o próprio contrato de trabalho ou a legislação que disciplina o contrato de trabalho</p><p>conta com certas medidas punitivas e reparadoras do inadimplemento, e sim das repercussões negativas</p><p>que o inadimplemento causa na esfera de personalidade da pessoa lesada.</p><p>No caso em exame, a r. sentença, ao reconhecer a ocorrência de dano moral suportado pelo</p><p>reclamante, o fez somente em razão da lesão a integridade física do reclamante, uma vez que o recorrido,</p><p>na função de eletricista, foi agredido, importou em violação do direito à saúde titularizado pelo</p><p>reclamante, hipótese em que os danos se presumem verificados em razão da mera violação dos</p><p>respectivos direitos.</p><p>Assim, faz jus o reclamante ao pagamento de indenização por danos morais.</p><p>Recurso improvido neste aspecto.</p><p>DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS</p><p>Requer, por fim, a reforma da planilha de cálculo, sob o argumento de que desenvolve</p><p>atividade comercial contemplada pela Lei 12.546/2011, a qual estabelece que a incidência da contribuição</p><p>previdenciária patronal sobre a folha de pagamento, prevista na Lei 8.212/1991, deve ser substituída por</p><p>uma incidência variável de 1% (um por cento) a 2% (dois por cento)</p><p>sobre a receita bruta mensal.</p><p>A reclamada não fez prova de que era beneficiária ou que optou pelo regime substitutivo da</p><p>Lei 12.546/2011 no período do contrato de trabalho do reclamante, não se desincumbindo de um ônus que</p><p>era seu.</p><p>Em resumo, como a reclamada não provou ser contemplada pelos ditames da Lei</p><p>12.546/2011, não pode querer ser desonerada, notadamente por não ter demonstrado como foi o</p><p>recolhimento de seu tributo no período contemporâneo ao contrato de trabalho objeto do presente feito,</p><p>pelo que não pode ser beneficiada da desoneração da folha.</p><p>Por tais fundamentos, nego provimento.</p><p>ANTE O EXPOSTO, conheço de ambos os recursos, eis que preenchidos os pressupostos</p><p>de admissibilidade; e no mérito, dou provimento parcial ao recurso ordinário do reclamante para deferir a</p><p>majoração do "quantum indenizatório" para o valor de R$10.000,00 e dos honorários advocatícios</p><p>sucumbenciais(10%), e nego provimento ao recurso ordinário da primeira reclamada. Custas processuais</p><p>pelas reclamadas majoradas para R$ 3.000,00 sobre o valor da condenação arbitrado em R$150.000,00,</p><p>mantida a sentença em seus demais termos, Tudo de acordo com a fundamentação supra.</p><p>Recurso da parte</p><p>Item de recurso</p><p>Conclusão do recurso</p><p>Acórdão</p><p>Cabeçalho do acórdão</p><p>Acórdão</p><p>ISTO POSTO,</p><p>ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA QUARTA TURMA DO EGRÉGIO</p><p>TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA OITAVA REGIÃO, UNANIMEMENTE, EM</p><p>CONHECER DE AMBOS OS RECURSOS, EIS QUE PREENCHIDOS OS PRESSUPOSTOS DE</p><p>ADMISSIBILIDADE; DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO ORDINÁRIO DO</p><p>RECLAMANTE PARA DEFERIR A MAJORAÇÃO DO "QUANTUM INDENIZATÓRIO"</p><p>PARA O VALOR DE R$10.000,00 E DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS</p><p>SUCUMBENCIAIS(10%), E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ORDINÁRIO DA</p><p>PRIMEIRA RECLAMADA. CUSTAS PROCESSUAIS PELAS RECLAMADAS MAJORADAS</p><p>PARA R$ 3.000,00 SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO ARBITRADO EM R$150.000,00,</p><p>MANTIDA A SENTENÇA EM SEUS DEMAIS TERMOS, TUDO DE ACORDO COM A</p><p>FUNDAMENTAÇÃO SUPRA.</p><p>Sala de Sessões da Quarta Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da</p><p>Oitava Região. Belém, de de 2024.</p><p>_________________________________________</p><p>ALDA MARIA DE PINHO COUTO</p><p>Desembargadora do Trabalho Relatora</p><p>Assinatura</p><p>Relator</p><p>I.</p><p>Votos</p>

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