06 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO

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<p>PRINCÍPIOS</p><p>DO DIREITO DO TRABALHO</p><p>2024.2</p><p>Arnaldo Boson Paes</p><p>CONCEITO DE PRINCÍPIOS</p><p>Os princípios jurídicos são fundamentais na Teoria do Direito, com reflexos sobre todos os ramos jurídicos, em especial sobre o Direito do Trabalho.</p><p>Os princípios iluminam a compreensão do Direito, devendo, de um lado, serem claros e objetivos, de outro, serem harmonizadores do conjunto jurídico geral.</p><p>O surgimento de nova teoria acerca dos princípios jurídicos implicou a revisão dos estudos constitucionais e o reexame do conceito de norma, interpretação e eficácia do sistema jurídico.</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO</p><p>Essa teoria determinou o surgimento de novo modelo jurídico, o pós-positivismo, em que os princípios são considerados “normas-chaves de todo o sistema jurídico” (Paulo Bonavides), , “super-fonte” (Flórez-Valdez), “fundamento da ordem jurídica” (Frederico de Castro), verdadeiros “mandamentos de otimização” da ordem jurídica” (Robert Alexy) .</p><p>Pelas contribuições de Dworkin e Alexy, essa teoria espraiou-se por todos os domínios do Direito, levando Bonavides, expoente no Brasil dessa teoria principialista, a observar que “a teoria dos princípios, depois de acalmados os debates acerca da normatividade que lhes é inerente, se converteu no coração das Constituições”.</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO</p><p>FUNÇÃO DOS PRINCÍPIOS</p><p>Os princípios jurídicos são espécie do gênero norma de Direito, ao lado das regras jurídicas, que ordenam, proíbem e permitem.</p><p>Possuem supremacia em relação às demais normas e servem de fundamento de validade do sistema jurídico, garantindo sua coerência interna.</p><p>Os princípios desempenham três funções essenciais: normativa, interpretativa e supletiva.</p><p>Função normativa</p><p>Os princípios são aplicáveis de forma direta e imediata, com eficácia jurídica capaz de afastar a validade de outras regras jurídicas.</p><p>Tratando-se de princípio de natureza constitucional, é parâmetro de controle de constitucionalidade para outras regras.</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO</p><p>Função interpretativa</p><p>Desempenham papel fundamental na interpretação e aplicação das regras jurídicas.</p><p>É incorreta a interpretação de regra que entra em contradição, expressa ou implicitamente, com os princípios que lhe fundamentam.</p><p>Havendo duas ou mais alternativas para a interpretação da regra, deve prevalecer a solução que melhor se ajuste aos princípios aplicáveis.</p><p>A extensão ou restrição da regra deve ser calibrada pela extensão ou restrição do próprio principio .</p><p>Função supletiva</p><p>Servem para preencher lacunas do ordenamento jurídico, normatizando situações que não foram expressamente previstas pelo legislador.</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO</p><p>CLASSIFICAÇÃO</p><p>A doutrina classifica-os em princípios constitucionais do trabalho, princípios jurídicos gerais aplicáveis ao Direito do Trabalho e princípios específicos ao Direito do Trabalho.</p><p>PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO TRABALHO</p><p>Esses princípios, embora não sejam necessariamente trabalhistas, edificam a matriz constitucional de 1988.</p><p>Decorrem de tais princípios uma matriz constitucional humanista, democrática, social e inclusiva.</p><p>No rol abaixo, citado por Maurício Godinho Delgado, em seu livro Curso de Direito do Trabalho, estão os princípios constitucionais do trabalho.</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO</p><p>Princípio da dignidade da pessoa humana (CF, 1º, III);</p><p>Princípio da centralidade humana na vida socioeconômica e na ordem jurídica (CF, 1º, III);</p><p>Princípio da valorização do trabalho e do emprego (CF, 1º, IV, e 170, caput e VIII);</p><p>Princípio da inviolabilidade do direito à vida (CF, 5º, caput);</p><p>Princípio do bem-estar individual e social (CF, Preâmbulo, 3º, I e IV, 7º, caput, e 193);</p><p>Princípio da justiça social (CF, 170, caput);</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO</p><p>Princípio da submissão da propriedade à sua função socioambiental (CF, 5º, XXIII e 170, III);</p><p>Princípio da não discriminação (CF, 3º, IV e 7º, XXX, XXXI e XXXII);</p><p>Princípio da igualdade, especialmente a igualdade em sentido material (CF, 5º, caput e I);</p><p>Princípio da segurança (CF, Preâmbulo e 5º, XXXVI);</p><p>Princípio da proporcionalidade e da razoabilidade (CF, princípio implícito);</p><p>Princípio da vedação do retrocesso social (CF, caput).</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS APLICÁVEIS AO DIREITO DO TRABALHO</p><p>Há também os princípios gerais de todo o Direito, igualmente aplicáveis ao Direito do Trabalho.</p><p>São aplicáveis com adequações, a fim de que possam se compatibilizar com as regras e princípios próprios do Direito do Trabalho.</p><p>Nas relações de trabalho, aplicam-se, entre outros, os seguintes princípios gerais:</p><p>Boa-fé objetiva (CC, 422);</p><p>Inalterabilidade contratual (pacta sunt servanda);</p><p>Função social do contrato (CC, 421).</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO</p><p>PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS AO DIREITO DO TRABALHO</p><p>Classificam-se em princípios do Direito Individual do Trabalho e princípios do Direito Coletivo do Trabalho.</p><p>Os princípios do Direito Individual são construídos a partir da constatação fática da diferenciação social, econômica e política entre os sujeitos da relação de emprego.</p><p>Essa diferenciação justifica a existência de um Direito Individual protetivo, com métodos, princípios e regras próprios.</p><p>O objetivo é reequilibrar, juridicamente, a relação desigual vivenciada pelos sujeitos da relação de emprego, em que o empregador age como ser coletivo com amplos poderes diretivos da força de trabalho.</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO</p><p>PRINCÍPIOS DE DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO</p><p>Princípio da Proteção (CF, 7º, caput);</p><p>Princípio da Norma Mais Favorável (CF, 7º, caput);</p><p>Princípio da Imperatividade das Normas Trabalhistas (CLT, 9º);</p><p>Princípio da Indisponibilidade dos Direitos Trabalhistas (CLT, 9º, 468 e 500; TST, S. 276);</p><p>Princípio da Condição Mais Benéfica (CF, 5º, XL e XXXVI, CLT, 468 e TST, S. 51 e 288);</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO</p><p>Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva (CLT, 468 e 444);</p><p>Princípio da Intangibilidade Salarial (CF, 7º, VI e CLT, 462).</p><p>Princípio da Primazia da Realidade sobre a Forma (CLT, 9º);</p><p>Princípio da Continuidade da Relação de Emprego (CF, 7º, I, CLT, 10 e 448 e TST, S. 212).</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO</p><p>PRINCÍPIOS DE DIREITO COLETIVO DO TRABALHO</p><p>Princípio da Liberdade Associativa e Sindical (CF, 5º, XX, 8º, caput e V);</p><p>Princípio da Autonomia Sindical (CF, 8º, I);</p><p>Princípio da Intervência Sindical na Negociação Coletiva (CF, 8º, III e VI);</p><p>Princípio da Equivalência dos Contratantes Coletivos;</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO</p><p>Princípio da Lealdade e da Transparência na Negociação Coletiva;</p><p>Princípio da Criatividade Jurídica da Negociação Coletiva (CF, 7º, VI e XIII, 8º, I, III e VI e 9º);</p><p>Princípio da Adequação Setorial Negociada.</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO</p><p>image2.jpeg</p>