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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROF. MS EDUARDO MADRUGA "A supervalorização dos princípios constitucionais do processo acarreta também o risco de se desprezar por completo a legislação processual como se todas as causas pudessem ser resolvidas com aplicação direta da Constituição. A invocação de princípios constitucionais não pode erodir normas técnicas e requisitos necessários ao desenvolvimento do processo" João Batista Lopes Em geral, os julgadores não veem com 'bons olhos’ os embargos de declaração. A uma, porque terão mais trabalho, tendo que prolatar outra decisão, quando esperavam ter encerrado o seu ofício judicante. A duas, pois terão que contornar a vaidade e orgulho, ao admitir que não realizaram seus ofícios como deveriam. "Embargos declaratórios – Aperfeiçoamento do acórdão (…). Os embargos declaratórios não consubstanciam crítica ao ofício judicante, mas servem-lhe ao aprimoramento. Ao apreciá-los, o órgão deve fazê-lo com espírito de compreensão, atentando para o fato de consubstanciarem verdadeira contribuição da parte em prol do devido processo legal (…)." (STF, EDcl no AgRg no AgIn 163047-5/PR, rel. Min. Marco Aurélio, DJ 08.03.1996 – destaques nossos). "O advogado deve sugerir por forma tão discreta os argumentos que lhe dão razão, que deixe ao juiz a convicção de que foi ele próprio quem os descobriu" Piero Calamandrei CONCEITO Os embargos de declaração são uma espécie de recurso de fundamentação vinculada e são dirigidos ao próprio órgão prolator da decisão, a quem compete o seu julgamento. Todas as decisões em que se diz não caberem, em tese, embargos de declaração de algum pronunciamento judicial são escandalosamente, inconstitucionais BASE LEGAL Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III - corrigir erro material. 01 OBSCURIDADE É quando não se pode compreender o sentido do que foi decidido. 02 CONTRADIÇÃO É quando a decisão contém elementos racionalmente inconciliáveis. Incoerência interna da decisão. 03 OMISSÃO Caracteriza-se pela falta de elementos da sentença ou da decisão. 04 ERRO MATERIAL É o erro: 1. perceptível por qualquer homo medius ; 2. e que não tenha, evidentemente , correspondido à intenção do juiz. O erro material deve ser passível de reconhecimento primu ictu oculi e não pode ter conteúdo decisório, como aqueles que decorrem de juízo de valor ou de aplicação de alguma norma jurídica sobre fato do processo Não são erros intelectuais do juiz, são erros de digitação, erros de cálculo, troca do nome das partes ou do processo; O erro material constituiu matéria de ordem pública especialíssima, na medida em que pode ser conhecida mesmo após a res iudicata, responsável por convalidar as imperfeições processuais em geral. PRAZO § 1º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229 (prazo em dobro em caso do litisconsórcio). § 2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada. Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo. PROCEDIMENTO Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias. § 1o Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente, proferindo voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente. § 2o Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á monocraticamente. PRIMAZIA DAS DECISÕES DE MÉRITO § 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, parágrafo 1º PROCEDIMENTO §§ 4o Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração. §§ 5o Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação. No âmbito da jurisprudência, o STJ já teve a oportunidade de manifestar entendimento no sentido de que os embargos também não interrompem o prazo no caso de irregularidade formal e manifesto descabimento: "(...) A decisão ora atacada reflete a pacífica jurisprudência desta Corte a respeito do tema, que entende que a interposição de recurso manifestamente inadmissível não interrompe o prazo para interposição de novos recursos. 2. Decisão denegatória de seguimento do recurso extraordinário que se encontra devidamente fundamentada, ainda que de forma contrária aos interesses das agravantes. 3. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual se nega provimento". (STF, AI: 687810 RJ, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento: 23/03/2011). " EFEITOS Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso. § 1o A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação. ED COM EFEITOS INFRIGENTES RECONHECENDO A PRESCRIÇÃO SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA P EMBARGOS PROCRASTINATÓRIOS "Para o litigante malicioso, o ED pode ser uma porta aberta para malabarismos verbais em que se pretende, por exemplo, demonstrar a existência de obscuridade, onde não há sequer suave e insignificante traço de falta de clareza" ATUAÇÃO ABUSIVA § 2o Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa. => A multa somente é cabível nas situações em que a atuação abusiva da parte emerge inequívoca, isto é, detectável de pronto diante do objeto do litígio, inconsistente à toda vista, despontando, pois, inquestionável a manifestação distorcida da parte. COMPORTAMENTO DUELÍSTICO BRASIL Na Dinamarca, mais de 90% das ações não são contestadas, e na Inglaterra, o litigante derrotado, na maior parte dos casos, se conforma com a decisão, cumprindo-a. § 3o Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa será elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final. § 4o Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores houverem sido considerados protelatórios. No âmbito da jurisprudência, o STJ já teve a oportunidade de manifestar entendimento no sentido de que os embargos também não interrompem o prazo no caso de irregularidade formal e manifesto descabimento: "(...) A decisão ora atacada reflete a pacífica jurisprudência desta Corte a respeito do tema, que entende que a interposição de recurso manifestamente inadmissível não interrompe o prazo para interposiçãode novos recursos. 2. Decisão denegatória de seguimento do recurso extraordinário que se encontra devidamente fundamentada, ainda que de forma contrária aos interesses das agravantes. 3. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual se nega provimento". (STF, AI: 687810 RJ, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento: 23/03/2011). "(...) A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que não há exaurimento de instância, para fins de interposição de recurso de natureza extraordinária, quando os aclaratórios opostos contra acórdão são rejeitados por decisão monocrática, uma vez que não foram esgotados todos os meios ordinários possíveis para que o Tribunal a quo decida a questão objeto dos recursos excepcionais. 2. Os embargos de declaração, quando não conhecidos (o recurso foi considerado inexistente por falta de assinatura do procurador), não interrompem o prazo para interposição de medida recursal posterior. Hipótese de intempestividade do recurso especial. 3. Agravo interno a que se nega provimento". (AgInt no AREsp 909.976/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/09/2017, DJe 28/09/2017). Decidiu-se que “excepcionalmente servem os embargos de declaração para corrigir erro evidente, considerando como tal a determinação de aplicação de índice não reclamada na apelação” (STJ, REsp 199046/SP, 5.ª T., j. 16.03.2000, rel. Min. Gilson Dipp, DJ 10.04.2000, p. 108). Outra correção de erro evidente em declaratórios, neste caso em razão de equivocada distribuição de ônus sucumbenciais, verifica-se no julgamento pelo STJ: EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1.268.541/RS, 3.ª T, j. 27.08.2013, v.u., rel. Min. João Otávio de Noronha, DJe 01.10.2013. Como funciona o interesse de agir no recurso de embargos de declaração? A contradição que pode haver entre a decisão e elementos do processo dá ensejo a embargos de declaração? Poderia a parte levantar ou arguir uma nulidade sem que esta tivesse sido abrangida pelos limites do efeito devolutivo do recurso?
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