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<p>VIIJornada Científica</p><p>Faculdades Integradas de Bauru - FIB</p><p>ISSN 1980-5543</p><p>2015</p><p>A interação medicamentosa em Doenças Dislipidêmicas</p><p>Ana Laura Culura da Cunha1;Jéssica Aparecida dos Santos Garbes1; Monique de Almeida Camilo1;Renata Kruger¹; Rute M. Xavier de Moura2.</p><p>1Alunas de Nutrição– Faculdades Integradas de Bauru – FIB</p><p>analaura_c21@hotmail.com;</p><p>jessica.garbes@hotmail.com;</p><p>monique.almeida2011@hotmail.com;</p><p>kruger.renata@gmail.com;</p><p>²Professora do curso de Nutrição – Faculdades Integradas de Bauru – FIB rute.moura30@hotmail.com</p><p>Grupo de trabalho: Nutrição</p><p>Palavras-chave: Doenças dislipidêmicas, Colesterol, Triglicérides, Interação Fârmaco-Nutriente</p><p>Introdução: As dislipidemias são alterações metabólicas das concentrações plasmáticas dos lipídios provocadas por distúrbios genéticos ou por dietas enriquecidas de gordura saturada e colesterol (Duarte, 2012).Quando essas concentrações estão aumentadas, recebem a denominação de hiperlipidemias, que são classificadas em hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia. Etiologicamente, as dislipidemias podem ser classificadas em primárias (origem genética) ou secundárias (causadas por fatores extrínsecos como o hipotireoidismo, álcool, diabetes, doença hepática, doença renal, etc.) (ANABUKI, TRONCHINI, FUNAYAMA, BAZOTTE, 2005).O controle e tratamento dos distúrbios lipidêmicos pode ser não farmacológico, por meio de dietas pobres em colesterol e gorduras saturadas e da prática de exercícios físicos. Caso não haja um controle desejável dos níveis plasmáticos de colesterol e triglicérides, a adição de fármacos hipolipemiantes é a melhor estratégia para reduzir a taxa de eventos cardiovasculares(Duarte, 2012).</p><p>Objetivo: Conscientizar pacientes dislipidêmicos para um tratamento medicamentoso adequado, juntamente com alimentação correta para evitar maiores complicações futura.</p><p>Relevância do Estudo: Informar os principais medicamentos indicados para o tratamento das doenças dislipidêmicas, seus efeitos e possíveis interações com alimentos na presença de tais fármacos.</p><p>Materiais e métodos: Estudo realizado por meio de análise exploratória, utilizando a técnica de revisão bibliográfica por meio de artigos científicos e livros. Quanto à abordagem do problema pesquisado, empregou-se uma pesquisa qualitativa sobre a intervenção de medicamentos com alimentos para indivíduos com dislipidemia. Os materiais selecionados para conclusão do trabalho foram do ano de 2004 até 2012.</p><p>Resultados e discussões: Segundo o Consenso Brasileiro sobre Dislipidemia, o tratamento inicial baseia-se sempre nas modificações do estilo de vida como: adequação da dieta, redução de peso e prática regular de exercícios físicos, além de interrupção do tabagismo, que devem ser mantidos por toda a vida (ANABUKI, TRONCHINI, FUNAYAMA, BAZOTTE, 2005). Na hipercolesterolemia uma dieta adequada deve incluir redução de gorduras saturadas e colesterol (carnes vermelhas, gema de ovo, leite integral, queijos, manteiga de origem animal, frituras, frutos do mar, vísceras, torresmo e toucinho) e sua substituição por gorduras monoinsaturadas e poliinsaturadas (encontradas principalmente nos óleos vegetais e peixes). Na hipertrigliceridemia, deve-se reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas e de carboidratos (sacarose, batata e massas em geral), enquanto na dislipidemia mista deve-se restringir o anteriormente descrito para hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia isolada (ANABUKI, TRONCHINI, FUNAYAMA, BAZOTTE, 2005). Os fármacos atualmente disponíveis atuam de duas maneiras: inibindo a síntese do colesterol ou afetando a absorção gastrintestinal do mesmo (Magalhães, Brandão, Freitas, Pozzan, Brandão, 2004). O fenômeno de interação fármaco-nutriente pode surgir antes ou durante a absorção gastrintestinal, durante a distribuição e armazenamento nos tecidos, no processo de biotransformação ou mesmo durante a excreção (MOURA, REYES, 2002). Existem quatro classes de drogas hipolipemiantes de uso corrente (vastatinas, fibratos, resinas e ácido nicotínico), mas as evidências para eficácia e segurança, tanto na prevenção primária quanto na secundária, são maiores para as vastatinas (MICHELON, MORIGUCHI). Fibratos são fármacos derivados do ácido fíbrico, indicados no tratamento da hipertrigliceridemia endógena (BISSON, 2007). O efeito dos fibratos nos triglicérides é o de aumentar o catabolismo das lipoproteínas ricas em triglicérides baixando seus níveis e aumentando os de HDL-c. Entretanto, existem três tipos de respostas esperadas na concentração de LDL-c com o tratamento com fibratos: alguns pacientes diminuirão o LDL-c concomitante com a diminuição nos níveis de triglicérides (aproximadamente um terço dos casos), outros não apresentarão mudança nessas concentrações e outros poderão ter aumento dos níveis de LDL-c (FALUDI, ZATZ, ARAUJO, BERTOLAMI; 2005). Seu mecanismo de ação é complexo e não totalmente esclarecido. Admite-se que: reduzem a síntese hepática das VLDL em decorrência do menor fluxo de ácidos graxos livres para o fígado; estimulam a atividade da enzima lipase das lipoproteínas; aumentam a excreção de colesterol hepático pelas vias biliares (BISSON, 2007). Os fibratos são indicados sempre que os níveis de trigliceridemia não atingirem os valores ideais após restrição dietética devidamente dirigida e controlada (BISSON, 2007). Recomenda-se cautela nas seguintes condições clínicas: a) portadores de doença biliar; b) uso concomitante de anticoagulante oral, cuja posologia deve ser ajustada (eventualmente diminuída); c) pacientes com função renal diminuída e/ou proteinúria podem apresentar piora pelo uso desses hipolipemiantes; d) associação com vastatinas (não se deve associar a genfibrosila a vastatinas)(BISSON, 2007). Fibratos interagem com um número de drogas e substâncias, incluindo a warfarina, alguns medicamentos orais utilizados para diabete, certos antibióticos e suco de toranja (PALHEIRO, 2010). O ácido nicotínico é uma vitamina do complexo B que atua, quando administrada em grandes doses, reduzindo os triglicérides e o LDL-C e aumentando o HDL-C (FALUDI, ZATZ, ARAUJO, BERTOLAMI; 2005). Em outras palavras, o ácido nicotínico aumenta a degradação plasmática das lipoproteínas VLDL e LDL, reduzindo assim a concentração plasmática do LDL-C e VLDL-C. Naturalmente, este mesmo efeito contribui para a redução dos níveis plasmáticos de triglicérides. Atualmente, o ácido nicotínico é considerado a droga que possui o mais intenso efeito de elevar o HDL-C, podendo atingir uma elevação de 48% em associação com fibratos (BISSON, 2007). O metabolismo da niacina é hepático e sua eliminação é renal. Deve ser usada com precaução em hepatopatas, etilista e em pacientes com doença renal (FALUDI, ZATZ, ARAUJO, BERTOLAMI; 2005). O ácido nicotínico pode ser utilizado como alternativa aos fibratos e as vastatinas ou em associação com doses fármacos em portadores de hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia ou dislipidemia mista (BISSON, 2007). As seguintes indicações podem reduzir o rubor e prurido: Iniciar com baixas doses tomadas na hora das refeições e, gradualmente, chegar até a dose prescrita. Evitar bebidas quentes (PALHEIRO, 2010). As estatinas correspondem às drogas de escolha no tratamento da hipercolesterolemia. Elas agem através da inibição de uma importante enzima envolvida na síntese do colesterol endógeno: a HMG-CoA redutase(DINIZ, ANDRADE, BANDEIRA, 2008). As vastatinas diminuem eventos isquêmicos coronarianos, necessidade de revascularização do miocárdio, mortalidade cardíaca e total e AVC (BISSON, 2007). A redução nos níveis séricos de LDL-c podem variar de 25% a 55% de acordo com a droga utilizada. Também pode haver efeito sobre os níveis de triglicerídeos, que diminuem em média 15% a 25%, e de HDL-c, que podem sofrer uma elevação de cerca de 10%. A sinvastatina (dose de 20 a 80 mg ao dia) e a pravastatina (dose de 20 a 40 mg ao dia) devem ser ingeridas à noite. Já a atorvastatina (dose de 10 a 80 mg ao dia) e a rosuvastatina (dose de 10 a 40 mg ao dia), mais potentes em reduzir o LDL-c,</p><p>apresentam meia-vida mais prolongada e, por isso, podem ser administradas em qualquer horário do dia. A rosuvastatina é a droga mais efetiva em aumentar os níveis de HDL-c. Em geral, não se recomenda ultrapassar a dose de 40mg para a sinvastatina e de 20 mg para a atorvastatina e a rosuvastatina, pois, acima disso, pouco será acrescentado em relação à redução do LDL-c e ocorrerá um aumento do risco de efeitos colaterais com a droga. O mais recomendado na ausência de resposta, portanto, é associar à estatina a outra classe de droga (fibratos, ácido nicotínico) (DINIZ, ANDRADE, BANDEIRA, 2008). Estatinas podem ter interações adversas com outros medicamentos, incluindo outros medicamentos de redução de colesterol. Entre os medicamentos que podem surgir efeitos adversos estão ciclosporina, macrolídeo, antibióticos e certos antifúngicos. Pacientes devem informar o médico sobre os remédios que tomam. Suco de toranja e laranja sevilha pode aumentar a potência da estatina (PALHEIRO, 2010). Os alimentos reduzem a taxa de absorção da atorvastatina. O medicamento pode ser administrado de manha ou à noite. Há interação entre atorvastatina e os seguintes alimentos: - a levedura de arroz (red yeast rice) contém lovastatina 2,4 mg/ 600 mg de levedura, é comercializada como suplemento alimentar e indicada em casos de hipercolesterolemia, podendo ter efeito aditivo com asestatinas prescritas. – aveia, que reduz a eficácia da estatina. O uso de aveia pode ser feito com no mínimo 2 horas antes ou 6 horas após a administração de estatinas (JACOMINI, SILVA; DATA)</p><p>Conclusão: Chega-se a conclusão que o primeiro passo para tratamento em pessoas com dislipidemias é a mudança nos hábitos diários, mudança de alimentação e praticas de exercícios físico, a partir de então se não houver melhorias no estado de saúde do individuo começa-se o tratamento medicamentoso.</p><p>Referências:</p><p>Rascado, R; Marques, L; Duaneto, A; Zanetti, A; Interações entre medicamentos e alimentos. Minas Gerais, 2009.</p><p>Duarte, Juliana Giannetti, AVALIAÇÃO FARMACOECONÔMICA E EPIDEMIOLÓGICA DAS TERAPIAS HIPOLIPEMIANTES. Belo Horizonte: 2012.</p><p>ANABUKI, F, Y; TRONCHINI, E, A; FUNAYAMA, S, A; BAZOTTE, R, B; O PAPEL DO FARMACÊUTICO NA FARMÁCIACOMUNITÁRIA NA EDUCAÇÃO DO PACIENTEPORTADOR DE DISLIPIDEMIAS. Maringá, PR: 2005.</p><p>Magalhães, M, E,C; Brandão, A, A; Elizabete Viana de Freitas, E,V; Pozzan, R; Brandão, A,P.Novas Perspectivas no Tratamento das Dislipidemias. Rio de Janeiro, 2004.</p><p>E, MICHELON; E, MORIGUCHI; DISLIPIDEMIAS. Rio Grande do Sul: 2005.</p><p>A, A, FALUDI; H, P, ZATZ; D,B, ARAUJO; M, C, BERTOLAMI; DISLIPIDEMIAS. São Paulo, 2005.</p><p>F, C, PALHEIRO; MEDICAMENTOS PARA O COLESTEROL. Rio de Janeiro, 2010.</p><p>E, T, DINIZ; L, D, ANDRADE; F, BANDEIRA; DISLIPIDEMIAS. Recife, 2008.</p><p>M, P, BISSON; FARMÁCIA CLÍNICA & ATENÇÃO FARMACÊUTICA 2° EDIÇÃO. Barueri, 2007.</p><p>image1.jpeg</p>