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<p>DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)</p><p>(EDOC BRASIL, BELO HORIZONTE/MG)</p><p>A488o</p><p>Amato, Lorena Lima.</p><p>Onde está minha libido / Lorena Lima Amato. – Rio de Janeiro, RJ: Autografia, 2021.</p><p>ISBN: 978-85-518-3423-7 (recurso eletrônico)</p><p>1. Sexo. 2. Prazer. 3. Intimidade (Psicologia). I. Título.</p><p>CDD 306.7</p><p>Maurício Amormino Júnio - Bibliotecário - CRB6/2422</p><p>Onde está minha libido?</p><p>AMATO, Lorena Lima</p><p>ISBN: 978-85-518-3423-7</p><p>1ª edição, outubro de 2021.</p><p>Editora Autografia Edição e Comunicação Ltda.</p><p>Rua Mayrink Veiga, 6 – 10° andar, Centro</p><p>RIO DE JANEIRO, RJ – CEP: 20090-050</p><p>www.autografia.com.br</p><p>Todos os direitos reservados.</p><p>É proibida a reprodução deste livro com fins comerciais sem</p><p>prévia autorização do autor e da Editora Autografia.</p><p>http://www.autografia.com.br/</p><p>Comentando sobre esse livro com uma querida amiga, ela me disse: “É fácil ter</p><p>libido, é só eu passar uns dias em Bali com o meu marido, de biquíni o dia todo e as</p><p>contas pagas, que vou pensar em sexo o dia inteiro”.</p><p>É bem verdade, mas, enquanto isso não acontece, vou te ajudar a encontrar a tão</p><p>cobiçada libido.</p><p>As preliminares</p><p>Essa queixa tão frequente no meu consultório e com certeza no de</p><p>muitos colegas médicos despertou em mim particular atenção.</p><p>Frequentemente, a reclamação vem de mulheres bem-sucedidas,</p><p>profissionalmente, muitas vezes financeiramente... bem resolvidas com seus</p><p>relacionamentos amorosos, estáveis ou não... E sempre me a chamou atenção</p><p>por que essa mulher, na maioria das vezes tão espetacular em tantos aspectos,</p><p>quando o assunto era a própria sexualidade, vive um verdadeiro fiasco.</p><p>Procurando formas de ajudar essas mulheres que buscam melhorar a sua</p><p>libido, encontrei muita informação importante e não tive dúvida de que</p><p>precisava compartilhar, para ajudá-las a recuperar a sexualidade, tão</p><p>importante para que tenham uma vida plena em todos os aspectos! Se você</p><p>se interessou por esse livro, certamente conta com essa ajuda, não é mesmo?</p><p>Então, vamos lá?</p><p>A libido feminina é um verdadeiro mar de mistérios e incertezas. Apesar</p><p>de muito estudada, como os diversos fatores influenciam na libido feminina e</p><p>como eles interagem é muito particular para cada mulher. Não só fatores</p><p>orgânicos e emocionais estão envolvidos no desenvolvimento e manutenção</p><p>da libido, mas também têm grande impacto fatores culturais e sociais.</p><p>Em geral, 30-40% das mulheres terão em algum momento queixa de</p><p>diminuição do desejo sexual, sendo que para 10% delas isso se tornará um</p><p>problema. Já na pós-menopausa, essa prevalência de alteração no desejo sexual</p><p>pode chegar até - pasmem - 80%! O pior, essa queixa muitas vezes não é</p><p>referida de forma ativa aos seus médicos, só fazem menção ao problema</p><p>quando questionadas, e infelizmente a abordagem da libido feminina não faz</p><p>parte da entrevista médica na maioria dos consultórios.</p><p>Mas será que eu tenho mesmo uma disfunção sexual?</p><p>As disfunções sexuais são um grupo de transtornos heterogêneos</p><p>caracterizados por uma perturbação significativa na capacidade da mulher em</p><p>responder sexualmente ou de sentir prazer sexual. Também pode-se definir</p><p>como os vários modos nos quais a mulher é incapaz de participar de um</p><p>relacionamento sexual como ela desejaria. Esse sentimento tem que ser</p><p>persistente e provocar sofrimento para, de fato, caracterizar um transtorno</p><p>sexual. Na prática, definimos como transtorno a “falta de desejo sexual” que</p><p>seja persistente, que traga sofrimento à mulher e que não esteja claramente</p><p>relacionada a outras doenças. Muitas vezes, mesmo quando a função sexual</p><p>está dentro do considerado “normal”, a mulher pode considerar sua</p><p>experiência sexual insatisfatória ou seu desempenho inadequado. Por outro</p><p>lado, as disfunções sexuais, incluindo o distúrbio do desejo sexual e a ausência</p><p>de orgasmo (anorgasmia), nem sempre são percebidas como problemáticas.</p><p>Por isso, é importante notar que faz parte da definição “que traga</p><p>sofrimento” à mulher, porque se ocorrer dela não ter desejo sexual, mas estar</p><p>feliz e muito bem resolvida com isso, isso não é um problema e obviamente</p><p>não precisa ser tratado.</p><p>A sexualidade é influenciada por muitos fatores. O contexto familiar, na</p><p>maioria das vezes, fornece a base para crenças, valores e expectativas em</p><p>relação à sexualidade e tudo que a ela está relacionado, como fertilidade,</p><p>virgindade, homossexualidade, masturbação, casamento e monogamia. A</p><p>religião também exerce grande influência na sexualidade das mulheres. O</p><p>que uma mulher considera normal ou não traz como referência esses padrões</p><p>culturais. Por isso, quando há um sentimento de inadequação, é preciso avaliar</p><p>o que é considerado “adequado” na concepção daquela mulher, porque o</p><p>sofrimento muitas vezes vem da sensação de inadequação.</p><p>Embora crucial para a sobrevivência da nossa espécie, o sexo para o ser</p><p>humano é claramente mais complexo do que a mera necessidade de</p><p>reprodução. O sexo é fonte de prazer, relaxamento, interação com o parceiro</p><p>(a). Na vida da mulher, a vivência da sexualidade tem o potencial de ser</p><p>prazeroso e frustrante. Para a maioria das mulheres, a sexualidade é uma</p><p>vivência positiva, de conexão com o parceiro (a). No entanto, a sexualidade é</p><p>complexa, e qualquer experiência de vida pode afetar o funcionamento</p><p>sexual.</p><p>Tenho que deixar claro que meu objetivo com esse livro é tentar</p><p>fornecer a você o máximo de informação para ajudá-la a recuperar a libido,</p><p>ou ao menos identificar o problema que esteja te afastando do desejo e</p><p>satisfação sexual. No entanto, não teria a pretensão de resolver todos os</p><p>problemas da profundidade da sexualidade feminina com essa nossa breve</p><p>conversa. Claro que, muitas vezes, só o que a mulher precisa para melhorar</p><p>alguns aspectos da sexualidade é um pouco mais de informação, que é o que</p><p>eu trago aqui. No entanto, eventualmente, o problema é mais complexo, e</p><p>nessas situações minha intenção é fornecer a chave para o reconhecimento</p><p>desse problema e estimular a busca da ajuda necessária para que você viva sua</p><p>sexualidade de forma plena.</p><p>Libido, cujo significado atual é procura do prazer sexual, tem na origem</p><p>da palavra significado mais amplo, de “anseio ou desejo”, caracterizando</p><p>a energia que temos para os “instintos de vida”. De acordo com as teorias de</p><p>Freud, é a energia que está na base das transformações da pulsão sexual;</p><p>energia vital. Desejo é fundamental para o funcionamento mental. É ele que</p><p>nos impulsiona a buscar nossos sonhos, criar, realizar.</p><p>Vários estudiosos já atribuíram o termo libido não só ao desejo sexual,</p><p>mas também para as fontes de energia que guia aos diversos anseios e objetos</p><p>de desejo, que nem sempre seria o sexual. Santo Agostinho distinguia três</p><p>tipos de desejos: a libido sciendi, desejo de conhecimento, a libido sentiendi,</p><p>desejo sensual em sentido mais amplo, e a libido dominendi, desejo de dominar.</p><p>Há de se notar, portanto, que se estamos com toda nossa energia voltada para</p><p>uma atividade, um sonho, uma meta, podemos concluir que seria até natural</p><p>a energia para o desejo sexual ficar diminuída; uma questão de equilíbrio.</p><p>Por volta de 1845, dois médicos franceses descreveram os mecanismos da</p><p>ovulação. Com essa descoberta, a mulher passava de uma mera receptora de</p><p>espermatozoides, guardando-os, depois, para o crescimento e</p><p>desenvolvimento durante os meses de gestação, para ter parte significativa na</p><p>reprodução da espécie. No entanto, ao contrário do que ocorre nos homens,</p><p>em que o orgasmo e ejaculação são indispensáveis para a liberação dos</p><p>espermatozoides e consequente procriação, a espontaneidade natural como</p><p>ocorre a ovulação nas mulheres torna desencessário o orgasmo feminino para</p><p>o processo de reprodução. Associando isso a um contexto onde o sexo seja</p><p>visto essencialmente para a necessidade de procriar, propagava-se a ideia de</p><p>que as necessidades sexuais femininas fossem dispensáveis. E tudo isso</p><p>associado à valorização da virgindade feminina e de sua vida espiritual, além</p><p>do prazer sexual muitas vezes ser visto como algo pecaminoso, aumentando</p><p>ainda mais os sentimentos conflitantes das</p><p>mulheres em relação ao sexo. E</p><p>todo esse conflito perdura nas mentes de muitas até os dias de hoje.</p><p>Como o sexo contribui para</p><p>a saúde mental?</p><p>A saúde sexual faz parte da saúde biológica e mental, e a ausência dessa</p><p>poderá significar uma doença. Atualmente, as mulheres cada vez mais fazem</p><p>sexo por atração, e há uma consciência cada vez maior da distinção entre</p><p>afeto e sexo entre as mulheres. Isso colabora para diminuir o sofrimento que</p><p>muitas mulheres experimentavam em relação ao desejo desvinculado ao</p><p>sentimento, o que, com certeza, prejudica a libido. Compreender como tem</p><p>funcionado a libido de uma mulher pode ajudar a entender outros</p><p>comportamentos, porque a saúde mental está intimamente relacionada ao</p><p>bem-estar, no aspecto da sexualidade.</p><p>A imagem corporal, como uma mulher vê seu próprio corpo, os seus</p><p>sentimentos, sua sensação de bem-estar com sua própria aparência, é também</p><p>outra faceta importante da sexualidade. A satisfação sexual plena depende dos</p><p>sentimentos da mulher não só sobre si mesma, mas também em relação a</p><p>vários outros aspectos, incluindo o desempenho físico. Além disso, outro fator</p><p>importantíssimo em relação à sexualidade e qualidade de vida é que a</p><p>satisfação sexual é uma parte importante da satisfação conjugal. Portanto, não</p><p>há como promover saúde mental sem abordar aspectos da sexualidade.</p><p>Amulher, em todas as fases da vida, se vê frente à dificuldade do prazer na</p><p>relação sexual. Quando jovens, no auge hormonal e com a libido nas</p><p>alturas, se veem muitas vezes nas amarras da permissão do sexo somente após</p><p>o casamento, o que certamente funciona como um balde de água fria para</p><p>essas mulheres. Em um país onde a grande maioria das religiões prega que o</p><p>sexo somente pode ocorrer após o casamento, e no caso do catolicismo,</p><p>religião predominante no país, ainda traz a virgem Maria como imagem</p><p>feminina ideal, há também muitos fatores adicionais que potencialmente</p><p>atrapalhariam a libido feminina nesse período. Além disso, nessa fase da vida,</p><p>muitas estão vivenciando incertezas profissionais, provas, concursos, rotina</p><p>intensa de trabalho ou estudos, o que, pelo estresse associado, também pode</p><p>dificultar a libido.</p><p>Depois, caso se casem, muitas logo engravidam. Atividade sexual na</p><p>gestação, além de ser associada a muitos mitos, não é algo, digamos, muito</p><p>fácil. Normalmente, durante a gravidez, os desejos sexuais diminuem no</p><p>primeiro trimestre, melhoram durante o segundo e, a seguir, diminuem</p><p>novamente no terceiro trimestre. Orgasmos no final da gravidez podem ser</p><p>desconfortáveis ou até mesmo dolorosos. Vem o famigerado resguardo, se</p><p>algumas mulheres ainda acreditavam, há pouco tempo, que nem mesmo</p><p>podiam lavar os cabelos nesse período, quem dirá ter relações sexuais com o</p><p>marido. De fato, no pós-parto é recomendada abstinência sexual por 40 dias,</p><p>mas acredito que poucas mulheres nesse período fazem um esforço para que</p><p>essa abstinência não aconteça. Embora as práticas sexuais após o parto sejam</p><p>semelhantes àquelas antes da gravidez, uma diminuição na frequência das</p><p>relações sexuais é típica. Oscilações hormonais intensas, privação de sono,</p><p>cirurgia cesariana ou lesões vaginais, muitas vezes dificuldades com a</p><p>amamentação, dores, além da prolactina (hormônio que promove a lactação</p><p>nas mulheres) nas alturas, tudo isso faz com que o desejo sexual no pós-parto</p><p>seja algo que nem de longe passa pela cabeça das mulheres. A dor relacionada</p><p>ao ato sexual, que chamamos de dispareunia, pode durar alguns meses após o</p><p>parto, sendo também muito frequente pela diminuição da lubrificação</p><p>vaginal nesse período. A diminuição do desejo sexual no pós-parto é comum</p><p>tanto em mulheres que estão amamentando quanto nas não lactantes. O</p><p>parto geralmente resulta em mudanças na sexualidade da mulher e em seus</p><p>relacionamentos sexuais. E, de fato, é natural e esperada essa ausência de</p><p>libido nesse período… mas os dias passam, os meses passam… o “resguardo”</p><p>passa e o médico fala “estão liberados para fazer sexo”, o marido se anima</p><p>e… “cadê a minha vontade?” Filhos, novas preocupações, depois o retorno,</p><p>muitas vezes precoce, ao trabalho, conciliando maternidade e vida</p><p>profissional… tudo isso esgota toda a energia da mulher, que, quando tem</p><p>um tempo livre em casa, quer correr pra cama: para dormir!</p><p>Ainda vivemos o conceito, muitas vezes implícito na sociedade, de que a</p><p>“mamãe precisa dar conta de tudo”: trabalhar, cuidar da casa, dos filhos, estar</p><p>bonita... A sexualidade, algo que precisa de energia real, com certeza acaba</p><p>sendo suprimida nesse mundo de exigências de mulheres aparentemente</p><p>perfeitas. Numa tentativa de muitas de corresponder às exigências sociais</p><p>dessa “mulher que dá conta de tudo”, o que fica entre quatro paredes acaba</p><p>sendo negligenciado, e a sexualidade fica sem espaço.</p><p>Se por um lado vimos aspectos da maternidade capazes de detonar a</p><p>libido e a sexualidade, por outro lado, se a mulher não consegue engravidar,</p><p>em razão de infertilidade, histerectomia ou menopausa, ela pode se sentir</p><p>menos sexual, especialmente se ela viveu em um contexto social onde se</p><p>acredita que ter filhos faz parte do propósito de uma vida sexual ativa para</p><p>mulheres.</p><p>O tempo passa, no caso das mulheres que tiveram filhos, a privação de</p><p>sono melhora, a mulher se reergue profissionalmente. No caso das que não</p><p>tiveram, com o tempo, se resolvem com a desviculação da sexualidade à</p><p>necessidade reprodutiva... Mas quando menos se espera: a menopausa chega!</p><p>Quando tudo parecia estar voltando ao normal, mais momentos com o</p><p>parceiro… pouco tempo depois chegam as alterações hormonais típicas da</p><p>menopausa. Apesar de, em média, as mulheres só entrarem na menopausa em</p><p>torno dos 50 anos, aproximadamente 10 anos antes já podemos identificar</p><p>alterações relacionadas ao declínio dos hormônios femininos, que podem</p><p>interferir negativamente na libido. A vinculação do sexo à procriação</p><p>novamente pode ser um fator que pode dificultar a vida sexual e manutenção</p><p>da libido em mulheres na pós-menopausa, momento em que sabidamente</p><p>não há mais possibilidade de gestar. Isso, associado às alterações hormonais</p><p>típicas do período, pode provocar um desastre no desejo sexual feminino. No</p><p>entanto, as mulheres que tiveram uma vida sexual satisfatória antes da</p><p>menopausa, na maioria das vezes continuarão com uma vida sexual</p><p>satisfatória após a menopausa.</p><p>O processo normal de envelhecimento também afeta a sexualidade.</p><p>Eventualmente, mulheres idosas sentem-se desvalorizadas, sentindo-se</p><p>frequentemente afastadas do direito de permanecerem sexuais. Mais tabus</p><p>sociais pesam aqui... A “senhorinha” cheia de libido pode gerar olhares tortos</p><p>até mesmo de alguns médicos antiquados e desavisados. Ainda bem que</p><p>existem profissionais que têm um olhar sensível e completo para as longevas,</p><p>que querem continuar vivendo com plenitude, em todos os aspectos.</p><p>Então, o que temos é uma vida inteira remando contra a libido? Na</p><p>verdade, é mais fácil mudar a forma como lidamos com esse desejo tão</p><p>essencial para vida, trazendo qualidade para cada uma dessas fases. Como</p><p>vimos, em vários momentos de nossas vidas vai haver “empecilhos” para uma</p><p>vida sexual de qualidade. Cabe a nós identificarmos e lutarmos para</p><p>modificar o que nos impede de viver nossa sexualidade de forma plena.</p><p>Espero que, ao ajudá-la a enxergar essas vivências de maneira mais clara e</p><p>simplificada, eu possa trazer ao menos uma luz que promoverá o início da</p><p>mudança para renovar em você essa energia chamada libido.</p><p>Excitação: o assunto se tornando mais</p><p>empolgante</p><p>Assim como diversos fatores influenciam no aumento da libido, muitos</p><p>também são os fatores que podem interferir negativamente.</p><p>Experiências sexuais prévias ruins podem interferir na forma como a mulher</p><p>vivencia a relação sexual, assim como problemas emocionais e vinculados à</p><p>sexualidade mal resolvidos podem se manifestar como vaginismo, dispareunia</p><p>e até mesmo dor pélvica crônica, ou outros problemas como dor relacionada</p><p>à atividade sexual.</p><p>Várias situações clínicas, ou seja, doenças e alterações físicas, também têm</p><p>grande influência na libido</p><p>da mulher. Doenças crônicas, quando</p><p>descompensadas, como diabetes, disfunções tireoidianas, depressão, diminuem</p><p>a libido. Na descompensação de uma doença é natural que o corpo</p><p>concentre energia em seu tratamento. Com a doença adequadamente tratada,</p><p>a mulher pode voltar a concentrar energia na restauração da sua libido.</p><p>Infelizmente, muitos medicamentos para tratar depressão, ansiedade,</p><p>hipertensão arterial sistêmica, dor crônica, podem interferir negativamente na</p><p>libido. Mas como a libido depende de muitos aspectos que não apenas os</p><p>biológicos, e, nesses casos, se a medicação for essencial e não possa ser</p><p>trocada, resta resgatar a libido em suas outras vertentes, com outras estratégias,</p><p>trabalhando o desejo consciente. Muito se fala sobre a possibilidade do</p><p>anticoncepcional oral, usado por tantas mulheres, diminuir a libido. Isso</p><p>porque a maioria dos anticoncepcionais diminuem a testosterona livre, que é</p><p>um hormônio classicamente associado ao impulso sexual. Estudos não</p><p>comprovam essa associação com anticoncepcional. Mas isso é bem nítido na</p><p>prática clínica, muitas mulheres notam clara diferença quando param de</p><p>tomar anticoncepcional, referindo aumento da libido. Se você suspeita que o</p><p>seu anticoncepcional prejudica sua libido, procure seu ginecologista para</p><p>conversar sobre as diversas opções contraceptivas existentes atualmente.</p><p>Não esqueçamos que, para uma jovem experimentando a liberdade</p><p>sexual sem a preocupação de uma possível gravidez indesejada, o uso do</p><p>anticoncepcional pode trazer um desejo sexual intenso, associado à sensação</p><p>de liberdade, mais uma vez evidenciando como a libido tem múltiplas facetas.</p><p>Doenças ginecológicas e doenças urogenitais, ou até mesmo situações</p><p>fisiológicas como o climatério podem interferir na função sexual. A</p><p>prevalência de mulheres com baixa libido aumenta muito no climatério.</p><p>Ressecamento vaginal, prurido, queimação, baixa lubrificação e consequente</p><p>dor na relação, infecções urinárias de repetição, noites mal dormidas pelos</p><p>fogachos, além de instabilidade emocional, tudo isso funciona como uma</p><p>bomba destruindo o desejo sexual da mulher no climatério.</p><p>O vaginismo, que é a contração ou espasmo involuntário dos músculos</p><p>perineais no intróito vaginal, pode ocorrer de forma tão intensa que torna a</p><p>tentativa de penetração muito dolorosa; algumas vezes até mesmo</p><p>impossibilitando o ato sexual.</p><p>Mulheres com cirurgias ginecológicas prévias (histerectomia e/ou</p><p>ooforectomia) podem experimentar perda de desejo e capacidade orgástica.</p><p>Uma vez que o útero se eleva durante a resposta sexual e se contrai durante o</p><p>orgasmo, não deveria ser uma surpresa que as mulheres tivessem pelo menos</p><p>uma sensação orgástica diferente quando o útero não está mais lá. Cirurgias</p><p>ginecológicas prévias podem também acarretar dano de plexos nervosos,</p><p>prejudicando a função sexual.</p><p>A aversão sexual, ou a evitação ativa do contato sexual quando em um</p><p>relacionamento, pode estar relacionada à ansiedade de desempenho, mas se ao</p><p>longo da vida, pode estar relacionada à alguma doença psíquica que requer</p><p>terapia e/ou medicamentos.</p><p>Também é importante diferenciar diminuição da libido do transtorno</p><p>orgástico feminino, em que ocorre atraso, falha ou ausência de orgasmo, ou</p><p>até mesmo alteração da intensidade das sensações orgásticas. Para o</p><p>diagnóstico, durante a avaliação profissional o médico que assiste a paciente</p><p>constata que os sintomas ocorrem na maioria ou em todas as relações. Ou</p><p>seja, não é vez ou outra que você não tem orgasmo que concluiremos que</p><p>você tem um “transtorno orgástico”. Dentre as várias possíveis causas para</p><p>essa disfunção temos: dificuldade da mulher em assumir o papel erótico de</p><p>sua feminilidade, medo de perder o controle durante o orgasmo, história de</p><p>abusos sexual e até mesmo temor à satisfação plena (sim, algumas mulheres</p><p>têm medo de se entregar totalmente à sensação prazerosa do sexo; mitos e</p><p>tabus frequentemente justificam esse sentimento. Além disso, também causas</p><p>situacionais podem interferir no orgasmo. Eventualmente, o problema é falta</p><p>de atração física pelo parceiro, por isso a relação do casal deve sempre ser</p><p>abordada durante a investigação de disfunção orgástica.</p><p>E, por fim:</p><p>Quando falamos de desejo sexual nos referimos a um conjunto que</p><p>inclui componentes biológicos, sociais, atrelado a crenças, valores, expectativas</p><p>e idealizações em relação ao sexo, e também componentes interpessoais e</p><p>emocionais. Por isso é tão essencial, frente a uma queixa persistente de baixa</p><p>libido que não se resolve com um pouco mais de informação como as que</p><p>eu trago aqui, que a mulher procure assistência médica para a realização de</p><p>uma investigação relacionada a um problema físico ou psíquico, e para que</p><p>uma proposta terapêutica possa ser implementada.</p><p>Desmistificar alguns conceitos em relação à libido feminina ajuda a</p><p>mulher a compreender melhor alguns sentimentos, facilitando o</p><p>retorno da libido à sua normalidade. Vejo que muitas mulheres que acreditam</p><p>ter “pouca libido” não têm um transtorno físico ou psíquico de fato, só lhes</p><p>falta um pouco mais de informação. Então vamos lá! Vamos desmistificar</p><p>algumas crenças muito comuns:</p><p>Homens têm mais desejo sexual do que mulheres: é um mito, mas com</p><p>um racional para ocorrer. Biologicamente, a substância mais ligada</p><p>ao desejo sexual é a testosterona, o “hormônio masculino”, já que o</p><p>homem tem níveis de testosterona cerca de vinte vezes maior do</p><p>que a mulher. No entanto, o estrogênio, o grande “hormônio</p><p>feminino” presente em altas quantidades na mulher jovem, e com</p><p>nítida queda com o passar dos anos, também tem imensa</p><p>participação quando o assunto é libido, o que é mais um fato que</p><p>faz cair por terra o “mito da testosterona”. Esse mito está muito mais</p><p>ligado a fatores sociais do que hormonais. Historicamente, os</p><p>homens sempre foram livres para viverem a própria sexualidade, mas</p><p>isto não significa que eles gostem mais de sexo do que as mulheres.</p><p>Outro fator que influencia para a propagação desse mito é o fato das</p><p>etapas de resposta sexual serem diferentes entre homens e mulheres,</p><p>ou seja, o processo de excitação masculina é diferente da feminina.</p><p>Os homens são mais visuais: a libido aumenta muitas vezes só com</p><p>uma visão que remeta à sexualidade. Já nas mulheres, muitas vezes a</p><p>libido vem após o estímulo, elas podem até não ter aquele desejo</p><p>inicial de tomar a iniciativa para o sexo, mas, depois de estimuladas,</p><p>respondem ao estímulo com desejo. Isso, muitas vezes, faz as</p><p>mulheres pensarem que homens têm mais libido, porque eles com</p><p>mais frequência tomam a iniciativa para o sexo, e sentem-se</p><p>frustradas por não terem, nem de perto, a mesma “iniciativa”. Essa</p><p>frustração, essa ansiedade por achar que não correspondem por igual</p><p>aos desejos do parceiro pode prejudicar a resposta sexual. Só de</p><p>entender como funciona a excitação feminina e masculina, muitas</p><p>vezes as mulheres relaxam e param de se cobrar tanto por essa</p><p>“iniciativa”. Além disso, alguns homens se sentem mal quando a</p><p>parceira demonstra um maior “apetite” sexual do que eles; nessas</p><p>situações, podem ficar inseguros por medo de não conseguirem</p><p>satisfazê-las. Tudo isso leva as mulheres a mostrarem menos esse seu</p><p>lado de desejo sexual.</p><p>Mitos envolvendo a frequência sexual: a frequência média de relação</p><p>sexual do brasileiro em idade sexualmente ativa é cerca de 2 vezes</p><p>por semana. Isso em estudos com interrogatórios. Infelizmente,</p><p>culturalmente há uma necessidade de mentir sua performance</p><p>sexual, de forma que até mesmo essa frequência pode ser</p><p>superestimada. A conclusão é: qualquer estresse e preocupação com a</p><p>libido baseada na frequência sexual que você imagina ser a ideal</p><p>deve ser eliminado, porque não faz o menor sentido essa</p><p>comparação. Cada casal funciona de uma maneira particular, de</p><p>forma que o conceito de “pouco” e “muito” seja bastante relativo.</p><p>Sexo é proibido durante a gravidez: esse é um grande mito. Gestantes</p><p>podem, sim, ter relações sexuais com seus parceiros, salvo situações</p><p>de contraindicação formal pelo obstetra, em geral relacionadas a</p><p>trabalho de parto prematuro ou</p><p>outras alterações que colocam em</p><p>risco a gestação. A relação sexual durante a gravidez, inclusive,</p><p>facilita a mulher a reforçar seu sentimento de atratividade, de se</p><p>sentir bonita e desejada, se sentir mulher além de apenas mãe,</p><p>sentimentos que certamente facilitam o retorno da vida sexual pós-</p><p>parto.</p><p>Masturbação atrapalha o desejo: mito! O ato de autoexcitação</p><p>proporciona autoconhecimento sobre o que mais lhe dá prazer, e a</p><p>masturbação não é apenas uma prática de quem acabou de descobrir</p><p>a própria sexualidade. O prazer desacompanhado pode continuar</p><p>existindo, mesmo para aqueles que estão em um relacionamento</p><p>fixo. Por muitos anos, a masturbação foi vista como algo pecaminoso</p><p>e causadora de distúrbios psicológicos. Essas falsas concepções muitas</p><p>vezes já foram superadas pela mulher adulta, mas a visão dessa</p><p>prática como errada ou desnecessária em uma relação sexualmente</p><p>ativa prejudica a mulher em seu autoconhecimento, na busca do</p><p>prazer sexual. Conhecer seu corpo é a melhor forma da mulher</p><p>sentir mais prazer durante o sexo e também a saber como obter a</p><p>própria satisfação sexual.</p><p>Minha libido está baixa porque minha testosterona está baixa: isso é um</p><p>grande mito. A testosterona, sim, exerce papel essencial na libido.</p><p>Mas o que muitos esquecem é que o protagonista da libido</p><p>feminina é o estrogênio, o grande hormônio feminino presente nas</p><p>diversas fases da vida da mulher. Uma mulher na menopausa tem</p><p>queda acentuada dos níveis de estrogênio, e isso é o principal fator,</p><p>dentre vários, que acaba influenciando na perda da libido. A</p><p>dosagem de testosterona em mulheres na tentativa de identificar a</p><p>falta desse hormônio é um equívoco, pois os ensaios utilizados para</p><p>essa análise laboratorial não têm nem sensibilidade nem</p><p>especificidade para essa finalidade. O diagnóstico da baixa libido é</p><p>clínico, ou seja, não precisamos de exame algum para identificar</p><p>uma mulher com problemas relacionados à libido, além de uma boa</p><p>conversa médica. Além disso, um exame mostrando testosterona</p><p>baixa ou normal nada vai influenciar no diagnóstico do transtorno</p><p>do desejo sexual hipoativo. Esse mito vem associado ao equivocado</p><p>termo “reposição de testosterona” em mulheres, já que não existe</p><p>uma síndrome de ausência desse hormônio descrita em mulheres,</p><p>portanto, não faz sentido falar em reposição. Falarei com mais</p><p>detalhes sobre esse assunto logo à frente, na parte de “como</p><p>recuperar minha libido”.</p><p>Os mitos envolvendo o famigerado “ponto G”: o ponto G representa a</p><p>área mais polêmica da genitália feminina, causada, sobretudo, pelo</p><p>desconhecimento da anatomia e do interior dessa área. O nome do</p><p>ponto G é dado em reconhecimento ao pesquisador, Grafenberg,</p><p>que descobriu sua existência em torno de 1950, em relação com a</p><p>ejaculação feminina. Considerado um remanescente da próstata,</p><p>pode ter variações anatômicas consistentes: desde ser quase</p><p>inexistente em algumas mulheres até cobrir uma área que pode ser</p><p>visualizada por meio de uma sonda vaginal. Diferenças físicas no</p><p>tamanho do ponto G devem ser levadas em consideração como uma</p><p>fonte de variabilidade fisiológica na resposta sexual feminina. O</p><p>ponto G estaria localizado na parede anterior da vagina, e o contato</p><p>próximo entre a parte interna do clitóris e a parede vaginal anterior,</p><p>durante a penetração vaginal, poderia explicar a sensibilidade</p><p>especial dessa região. Agora a busca desenfreada para localizar e</p><p>estimular o “ponto G”, como se ele fosse um botão de liga e desliga,</p><p>sendo a solução para todos os problemas do desejo feminino, não se</p><p>justifica. Cabe a cada mulher e seu parceiro descobrirem onde é o</p><p>ponto, na parede anterior da vagina ou não, que provoca mais</p><p>excitação, e estimulá-lo durante o ato sexual. Mais um motivo para a</p><p>importância da mulher conhecer seu corpo (uma das formas pode</p><p>ser através da masturbação), e saber quais são as regiões que mais lhe</p><p>agradam ao serem estimuladas, guiando o parceiro nessa descoberta,</p><p>para que a relação sexual seja prazerosa para ambos.</p><p>Mitos sobre o orgasmo vaginal: muitas mulheres vivem o anseio do</p><p>orgasmo vaginal, porque o clitoriano muitas já aprenderam a obter,</p><p>desde muito novas, quando começaram a se conhecer. Iniciam-se as</p><p>relações sexuais e a mulher fica ansiosamente buscando aquela</p><p>mesma sensação que tinha na autossuficiência da estimulação</p><p>clitoriana. Começam os mitos e as lendas do “orgasmo vaginal”, a</p><p>mulher se frustra repetidamente achando que não consegue obter</p><p>prazer com a penetração, pelo menos não o mesmo prazer que</p><p>obtinha com a estimulação clitoriana. O clitóris é, de fato, a área</p><p>com mais terminações nervosas da região genital feminina, que</p><p>corresponde a glande masculina, e seu estímulo é, sim, uma fonte</p><p>“fácil” de prazer. O que muitas mulheres talvez não saibam é que o</p><p>tão famoso “ponto G” que traria o orgasmo feminino com a</p><p>penetração vaginal pode corresponder a partes profundas do clitóris,</p><p>que é estimulado através da parede anterior da vagina. O clitóris se</p><p>estende até os pequenos lábios, tendo em suas porções mais</p><p>profundas íntima relação com a parede anterior da vagina, onde</p><p>dizem que está o “ponto G”. Há estudiosos, inclusive, que usam o</p><p>termo “complexo clitoriano” para se referir ao conjunto das</p><p>seguintes estruturas: vagina distal, uretra e clitóris, e todo esse</p><p>complexo seria um local da atividade sexual feminina. A enervação</p><p>da região clitoriano-uretral é mais densa, tornando esta área uma</p><p>região com uma sensibilidade, de fato, mais elevada. Em resumo, que</p><p>o clitóris é um ponto de excitação feminina, isso já se sabe, até</p><p>mesmo por serem muito frequentes os relatos de mulheres que têm</p><p>mais facilidade em ter orgasmos com a estimulação do clitóris. O</p><p>que muitas não sabem é que, provavelmente, o clitóris é somente a</p><p>“ponta do iceberg”, e o que muitas vezes elas estejam estimulando</p><p>durante a penetração sejam as bases desse “iceberg do prazer”.</p><p>Portanto, o que se entende por “orgasmo vaginal” pode, muitas</p><p>vezes, ser um “clitoriano”, mas estimulado de outra maneira. Então,</p><p>por que esse mito que se torna uma neura, em não poder usar o</p><p>clitóris para ajudar na sensação de prazer durante a relação sexual?</p><p>Inclusive, existem várias posições sexuais que durante a penetração,</p><p>concomitantemente, estimulam o clitóris, ajudando a mulher a mais</p><p>facilmente chegar ao almejado orgasmo. Portanto, parem de se</p><p>preocupar “de onde vem o prazer”. Apenas sinta e aproveite.</p><p>O clímax</p><p>Na imensa complexidade que é a libido, eu não teria, cara leitora, a</p><p>pretensão de resolver todos os problemas com esse breve livro. Mas,</p><p>sim, com um pouco mais de informação e sabendo os caminhos a trilhar,</p><p>certamente você está dando um passo importante para o retorno do seu</p><p>desejo sexual. Falar sobre sexo, cultura, anatomia e funcionamento sexual já</p><p>esclarece muitos pontos, dúvidas, ou até mesmo faz emergir a percepção da</p><p>necessidade de buscar ajuda profissional para restaurar esse desejo tão</p><p>essencial para a qualidade de vida.</p><p>Então vamos lá.</p><p>Resolva problemas físicos, caso existam</p><p>Dor durante a relação sexual, a chamada dispareunia, é, na maioria das</p><p>vezes, causada por baixa lubrificação vaginal, que pode resultar de:</p><p>Estimulação sexual insuficiente: nesse caso, vale a pena uma conversa</p><p>sincera com o parceiro sobre as preliminares que mais lhe agradam,</p><p>e em qual ritmo. É claro, preciso lembrar que, aqui, não só</p><p>qualidade, mas quantidade também é importante, é preciso tempo</p><p>de estímulo… sem pressa... sintonia entre o casal, sem pressão para</p><p>que a lubrificação ocorra... a pressão para que a mulher fique</p><p>lubrificada pode se assemelhar a pressão para que o homem tenha</p><p>ereção. Explique isso ao parceiro, imagine ele sendo pego de</p><p>surpresa por você e exigindo uma ereção dele. Certamente ele</p><p>falhará. Isso é o mesmo com você. Então, paciência, relaxe, curta o</p><p>momento mais do que, constantemente, a busca por um resultado. E</p><p>jamais transe sem vontade. Se mesmo com carícias a vontade não</p><p>veio, não entre na relação sexual. Porque, a longo prazo, isso irá</p><p>piorar as coisas, posto que você começará a associar o ato sexual</p><p>como algo chato, desagradável</p><p>e até mesmo doloroso. E isso pode</p><p>virar um ciclo vicioso de mal-estar relacionado ao sexo. Melhor</p><p>abrir o jogo com o parceiro e buscarem juntos a melhor maneira de</p><p>resolver do que ficar torcendo para que o sexo seja rápido e acabe</p><p>logo.</p><p>Alterações hormonais: correção de disfunções hormonais feita por</p><p>seu médico de confiança são essenciais para o bom funcionamento</p><p>genital. Mas se mesmo assim, com estimulação adequada e tratados</p><p>os problemas hormonais, desejo sexual presente, a lubrificação</p><p>persista inadequada, o sintoma pode ser tratado com lubrificantes</p><p>vaginais específicos.</p><p>Atenção: a dor também pode ser consequência de vaginismo ou até</p><p>mesmo infecções genitais. Por isso, caso persistente, você deve procurar</p><p>avaliação médica.</p><p>Entenda como funciona o ciclo de resposta sexual</p><p>O processo sexual, sobre o qual já conversamos, inclui as seguintes etapas:</p><p>desejo, excitação, orgasmo e resolução. Apesar de muito conhecido e descrito,</p><p>há muitas controvérsias em relação a esse “padrão” de ciclo, principalmente</p><p>entre as mulheres, que podem primeiro responder a estímulos físicos com a</p><p>excitação e depois experimentar a sensação de desejo sexual. Ou seja, nem</p><p>sempre o ciclo sexual ocorre na mesma “ordem”. Isso confunde muito as</p><p>mulheres que se incomodam por não ter muita iniciativa, típica da fase</p><p>descrita como “desejo”, para iniciar a prática sexual, mas, quando estimuladas,</p><p>respondem adequadamente com manifestações físicas de excitação e,</p><p>posteriormente, o desejo de entrar na relação sexual aparece. Com isso, a</p><p>mulher acaba concluindo que tem “baixa libido”, pois nunca tem a iniciativa</p><p>para a relação sexual e muitas vezes nem pensa nisso. Ora, cara leitora, a boa</p><p>notícia é que isso não é baixa libido. Simplesmente, é uma maneira diferente</p><p>de experimentar o ciclo sexual. E aí que está também um grande mito sobre</p><p>as diferenças entre homens e mulheres. Em homens, que têm desejo muito</p><p>visual, em geral acontece primeiro, já em mulheres, o mais comum é que o</p><p>desejo de entrar na relação sexual ocorra junto ou depois da excitação...</p><p>Então, só de desmistificar na cabeça dessa mulher que ela sempre deve iniciar</p><p>o ato sexual com desejo, mostrando que esse pode vir depois da estimulação,</p><p>já resolve muitas preocupações relacionadas à libido. Só de se conscientizarem</p><p>disso, muitas mulheres ficam mais tranquilas e despreocupadas por perceber</p><p>que não têm um “problema”.</p><p>Etapas do ciclo de resposta sexual:</p><p>Desejo: envolve diversos fatores psíquicos e emocionais. Se você está</p><p>gastando muita energia em um protejo pessoal, no trabalho, ou está</p><p>estressada, deprimida ou com privação de sono, esse item pode estar</p><p>comprometido. Então, trabalhar todos esses aspectos com um estilo</p><p>de vida mais saudável é essencial. Não dá pra você não dormir, estar</p><p>estressada, deprimida, preocupada e ainda querer ter energia para o</p><p>sexo, não é mesmo?</p><p>Excitação: que corresponde aos fenômenos corporais secundários ao</p><p>desejo, nesse momento ocorre o ingurgitamento do clitóris e</p><p>também lubrificação vaginal em mulheres.</p><p>Orgasmo: clímax da sensação de prazer, em geral associado a</p><p>contrações rítmicas da musculatura vaginal e uterina.</p><p>Resolução: ausência de vontade de se envolver em atividade sexual,</p><p>momento em que o desejo sexual desaparece e há uma sensação de</p><p>relaxamento.</p><p>Cuidar da sua autoimagem corporal</p><p>A apreciação da autoimagem corporal, vestir-se de maneira que lhe</p><p>agrade, que faça se sentir bonita e desejável, incluindo no que diz respeito às</p><p>roupas íntimas, ajuda muito nesse aspecto. Quando nos sentimos bonitas, a</p><p>consequência mais óbvia é começarmos a nos sentir desejadas, e aquele</p><p>ímpeto para relação sexual acaba acontecendo com mais frequência de forma</p><p>consciente.</p><p>O autocuidado também ajuda a aumentar a segurança: se uma mulher</p><p>está insegura sobre seu relacionamento com o parceiro, seu funcionamento</p><p>sexual pode ser negativamente afetado. Atualmente, as imagens de mulheres</p><p>nas mídias sociais influenciam a sexualidade feminina, apresentando padrões</p><p>de beleza e expectativas irreais sobre o sexo e a sexualidade. Os corpos das</p><p>mulheres são usados para vender de tudo, desde alimentos a carros, roupas a</p><p>prestação de serviços. No entanto, na imensa maioria das vezes, não</p><p>representam corpos femininos “reais”. As imagens são retocadas e muito</p><p>alteradas; e mesmo que as mulheres saibam disso, as imagens tornam-se um</p><p>objetivo irreal a ser alcançado. Quando não conseguem fazer com que seus</p><p>corpos se pareçam com essas imagens, algumas mulheres passam a ter um</p><p>profundo sentimento de baixa autoestima, o que abala de vez o autocuidado.</p><p>Muitas mulheres desenvolvem distúrbios alimentares, bulimia ou até mesmo</p><p>anorexia, ou passam a buscar procedimentos estéticos de forma desenfreada,</p><p>buscando “consertar” partes do corpo, tentando atender aos padrões exigidos.</p><p>As cirurgias estéticas ocorrem até mesmo na área genital. Ambas as</p><p>abordagens, se não forem feitas de forma bastante criteriosa, são perigosas</p><p>para a sexualidade e a saúde das mulheres.</p><p>Longe de mim condenar procedimentos plásticos e estéticos que, com</p><p>certeza, são tão importantes, muitas vezes, para a mulher sentir-se melhor em</p><p>relação a algum aspecto físico que lhe desagrada. O que não deveria</p><p>acontecer é esperar esse resultado para aumentar o amor-próprio. Os</p><p>problemas de autoestima não se resolvem em uma mesa cirúrgica ou com</p><p>seringas de preenchedor, e sim, mais apropriadamente, em um divã de um</p><p>terapeuta. Então, busque, sim, sua melhor versão, recorra à medicina estética,</p><p>cirurgia plástica ou dermatologia, caso lhe convenha. Mas cuide para que a</p><p>sua sexualidade esteja muito além de seios volumosos e bocas carnudas. A</p><p>visão convida, mas o toque excita muito mais. Ninguém resiste a uma mulher</p><p>confiante, nem você mesma. Cuide da sua alimentação, da sua postura,</p><p>pratique atividade física, vista sua melhor roupa íntima diariamente, mesmo</p><p>que “ninguém” vá ver... faça isso por você. Você vai notar a diferença,</p><p>refletindo na sua libido.</p><p>Concentre-se no momento</p><p>Manter o foco no que estamos fazendo exige treino. Nos diversos</p><p>aspectos da vida, atualmente, temos nos mantido, constantemente, distraídas,</p><p>pensando em outras coisas que não o que estamos vivendo no momento. No</p><p>sexo não poderia acontecer diferente. Eventos do dia a dia, notícias,</p><p>experiências pessoais (por exemplo, dia ruim no trabalho, despesas, contas a</p><p>pagar) também podem influenciar na sexualidade e no funcionamento sexual</p><p>das mulheres. Se você está preocupada, não pode estar sexualmente</p><p>disponível. No entanto, muitas mulheres podem não perceber os efeitos que</p><p>o dia a dia tem sobre elas e então se perguntam por que não têm desejo</p><p>sexual. Os problemas não vão desaparecer. Uns vão, logo outros aparecem, e</p><p>se você for esperar esse momento irreal da ausência de problemas pra ter</p><p>desejo sexual... pode aposentá-lo, porque ele não virá.</p><p>Aqui também podemos incluir a falta de energia para o sexo. Se você</p><p>dedica toda sua energia a um novo projeto, a um sonho, ao cuidado de</p><p>alguém... é esperado que sua energia para o sexo desapareça. Então, é natural</p><p>que em alguns momentos da vida, por alguns períodos, depositemos toda</p><p>nossa energia em um projeto específico (uma prova, um novo emprego) ou</p><p>em alguém (um filho ou um genitor, por exemplo). O que não é natural é</p><p>que essa distribuição de energia não volte a se equilibrar.</p><p>Se não aprendermos a focar no momento que estamos vivendo, a não se</p><p>distrair com fatores externos, equilibrar os focos onde depositamos nossa</p><p>energia, vai ser difícil se animar para o sexo quando iniciarmos as carícias</p><p>com o parceiro. Então, nada de pensar nos problemas na hora do sexo! Foco</p><p>aqui também. Concentre-se na relação, nos outros sentidos, no toque, no</p><p>cheiro, nos sons... já é um bom começo para a alimentar a famigerada libido.</p><p>Acabe com expectativas não realistas e mitos</p><p>“Tenho que transar todos os dias (ou X vezes na semana)”</p><p>“Tenho que ter orgasmo ao mesmo tempo que o parceiro.”</p><p>“Tenho que ter orgasmo em todas as relações.”</p><p>“Tenho que ter orgasmo na penetração vaginal.”</p><p>Quantas obrigações pra algo que deveria</p><p>ser só prazer, não é mesmo? A</p><p>relação sexual deve ser mais descontraída e real. A autocobrança para que</p><p>tudo seja conforme alguém estabeleceu como o ideal também prejudica</p><p>muito o sexo. Algumas mulheres entram na relação com anseio tão</p><p>desenfreado para ter um orgasmo que imagino o quão difícil seja para essa</p><p>mulher sentir algo prazeroso no “durante”. Aqui, como em várias outras</p><p>situações da vida, onde podemos fazer um paralelo, curtir a caminhada é tão</p><p>importante e gostoso quanto chegar ao destino final. Descubra o que de fato</p><p>te faz feliz, a você e seu parceiro, e não se prenda a determinações externas</p><p>sobre como o sexo “deve” ser. Curta o momento sem “padrões</p><p>predefinidos”. É isso que importa.</p><p>Afrodisíacos funcionam?</p><p>Não precisa ser nenhum especialista em sexualidade para saber que</p><p>programas a dois que envolvam comer um prato saboroso, muitas vezes bem</p><p>temperado com gengibre, açafrão, pimenta, considerados afrodisíacos, junto a</p><p>uma bela taça de vinho podem, e muito bem, estimular a libido. Em um</p><p>jantar com luz baixa, música gostosa, cheiros e sabores agradáveis e uma boa</p><p>companhia, para o desejo surgir não importa muito se a comida é temperada</p><p>com açafrão e pimenta ou com mel e limão. Até porque o alimento pode ser</p><p>considerado o mais afrodisíaco do mundo, mas se causar sensações</p><p>desagradáveis a quem usa, como não gostar ou até mesmo uma alergia, ele</p><p>jamais será afrodisíaco para aquele casal. Alimentos e bebidas considerados</p><p>afrodisíacos ganham importância por serem usados em rituais sexuais. Eles</p><p>podem funcionar porque todo seu preparo, e muitas vezes até seu formato</p><p>criam um ambiente que remete ao sexo, elevando a libido. Nem precisamos</p><p>ir tão longe buscando a planta exótica... Tudo que ajuda a criar um clima de</p><p>sensualidade e relaxamento facilita a entrega para o ato sexual. Então, se de</p><p>fato estimulam o sexo ou não, se for agradável para você e seu parceiro, por</p><p>que não preparar todo o ambiente com “afrodisíacos” de forma a estimular a</p><p>vontade do casal? O importante aqui é o ritual agradável, mais do que uma</p><p>substância em si.</p><p>Tratar adequadamente doenças</p><p>Depressão, ansiedade, alterações hormonais, como excesso de prolactina,</p><p>disfunções na tireoide, alterações nos esteroides sexuais (estrogênio e</p><p>testosterona), assim como outras condições médicas que culminam na</p><p>redução do desejo sexual devem ser prontamente identificadas e tratadas. Por</p><p>isso, mais um motivo para a importância de manter seus exames de check-up</p><p>em dia ou procurar ajuda médica frente à queixa de alteração da libido,</p><p>principalmente caso seja de início recente.</p><p>Mantenha um estilo de vida saudável</p><p>É claro que aqui o assunto “estilo de vida saudável” não ficaria pra trás. Já</p><p>está comprovado que manter hábitos de vida saudáveis, como boa qualidade</p><p>do sono, alimentação balanceada, praticar atividade física regularmente, evitar</p><p>álcool em excesso, não fumar ou usar drogas ilícitas, são essenciais também</p><p>para a manutenção da saúde sexual e libido. Além disso, manter-se dentro do</p><p>peso adequado, tratando a obesidade, também é crucial em diversos aspectos</p><p>relacionados à libido, como regulação dos níveis hormonais, melhora de</p><p>parâmetros inflamatórios e metabólicos, assim como melhora da autoestima,</p><p>tão essencial para ter a libido preservada. Viver um estilo de vida saudável</p><p>aumenta a sexualidade. Uma boa nutrição e exercícios promovem a saúde em</p><p>todos os sistemas do corpo, incluindo a função sexual. Então, mais um motivo</p><p>para começar agora mesmo um estilo de vida mais saudável.</p><p>Resolva os problemas do relacionamento fora da cama</p><p>Sexo é uma forma de comunicação. Quando a comunicação não está boa</p><p>fora do sexo (“da cama”), dificilmente estará dentro. Quando no</p><p>relacionamento há algum problema mal resolvido, hostilidade, raiva, talvez</p><p>rancor por algo que foi feito e dito como perdoado, mas não o foi de fato, o</p><p>que não é externalizado acaba vindo à tona na hora do sexo, onde</p><p>encontramos um momento para extravasar esses sentimentos. Então, se não</p><p>há um bom relacionamento afetivo, ou há algo mal resolvido, não há como</p><p>esperar boa libido. É só em filmes que os casais brigam, se odeiam e vão pra</p><p>cama com um desejo ardente. Caso você tenha a sorte de ter vivido esse</p><p>desejo ardente mesmo com raiva do parceiro, isso não poderia durar muito</p><p>tempo, não é mesmo? E o que nós queremos não é a furtividade de um</p><p>prazer pontual e momentâneo, mas que isso ocorra várias vezes, de</p><p>preferências muitas e muitas vezes em nossas vidas. Outro ponto importante a</p><p>ser resolvido entre o casal é no que diz respeito a fantasias sexuais. Tem que</p><p>estar muito claro o limite até onde cada um deseja chegar. Fazer algo “só para</p><p>agradar” o parceiro, colocando fantasias sexuais em prática, pode, sim, muitas</p><p>vezes reforçar uma conexão entre o casal, mas quando no fundo você se sente</p><p>desconfortável com alguma situação isso vai acabar transbordando, e o que</p><p>era “conexão e cumplicidade” pode virar desconfiança e aversão. Então, se</p><p>resolvam fora da cama. O fim da conversa pode até ser mais agradável do que</p><p>você imagina.</p><p>A resolução</p><p>Chegamos ao final, acredito que passei, nesse breve livro, todas as</p><p>mensagens que eu pretendia para te ajudar a reconhecer o que te</p><p>impede de ter o prazer e o desejo que você merece; a identificar potenciais</p><p>problemas que precisam de ajuda profissional para serem solucionados, e</p><p>desvendar alguns mitos que poderiam te impedir de viver plenamente a sua</p><p>sexualidade.</p><p>Capa</p><p>Folha de rosto</p><p>Créditos</p><p>As preliminares</p><p>1. Doutora, onde foi parar minha libido?</p><p>2. Um pouco mais de história da libido feminina</p><p>3. A libido nas diversas fases da vida</p><p>Excitação: o assunto se tornando mais empolgante</p><p>4. O que pode estar prejudicando minha libido?</p><p>5. Quanta história! Mitos e a libido</p><p>O clímax</p><p>6. Agora me diz o que eu quero saber: como melhorar minha libido?</p><p>A resolução</p>