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<p>1</p><p>2 3</p><p>ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico</p><p>FARMACOTERAPIA E FISIOPATOLOGIA DOS SISTEMAS</p><p>DIGESTIVO E ENDÓCRINO</p><p>Volume IX</p><p>Vitae Editora</p><p>Anápolis (GO), 2022</p><p>E-book transcrito a partir da aula do Professor Daniel Jesus</p><p>Professor no Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ).</p><p>Graduação em Farmácia. Especialista em Farmacologia Clínica. Mestre em Tecnologia</p><p>Farmacêutica.</p><p>EXPEDIENTE:</p><p>Autor: ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico</p><p>Revisão Técnica: Farmacêutica Me. Juliana Cardoso</p><p>Produção: Vitae Editora</p><p>Edição: Egle Leonardi e Jemima Bispo</p><p>Colaboraram nesta edição: Erika Di Pardi e Janaina Araújo</p><p>Diagramação: Cynara Miralha</p><p>4 5</p><p>TIREOIDE - ASPECTOS GERAIS</p><p>Geralmente, a tireoide é confundida com doenças relacionadas a essa região do corpo.</p><p>É muito comum os pacientes alegarem ter tireoide ao invés de retratar o real nome da</p><p>doença. A tireoide é uma glândula localizada na região do pescoço, presente em todo ser</p><p>humano, sendo que sua importância é ressaltada por meio da produção dos hormônios</p><p>tireoidianos.</p><p>TIREOIDE</p><p>Os hormônios tireoidianos são sintetizados e secretados pelas células epiteliais da glândula</p><p>tireoide, têm efeitos sobre, virtualmente, todos os sistemas de órgãos do corpo e são necessários</p><p>para o crescimento, desenvolvimento normais, ganho de temperatura e metabolismo em</p><p>geral.</p><p>Algumas doenças podem acometer a tireoide, tais como: hipotireoidismo, hipertireoidismo,</p><p>adenocarcinoma de tireoide, bócio endêmico e cretinismo.</p><p>Hipotireoidismo: é provocado pela ausência do hormônio tireoidiano.</p><p>Hipertireoidismo: é provocado pelo excesso do hormônio tireoidiano.</p><p>Adenocarcinoma de tireoide: câncer de tireoide.</p><p>Bócio endêmico: hipertrofia da tireoide provocada pela deficiência de iodo no organismo.</p><p>Cretinismo: hipotireoidismo congênito, ou seja, o indivíduo nasce com capacidade reduzida</p><p>ou ineficiente de produção do hormônio tireoidiano.</p><p>A tireoide também está relacionada a uma síntese nas células epiteliais foliculares. Essas</p><p>células apresentam a membrana basal voltada para o sangue e a membrana apical em contato</p><p>com o lúmen folicular. O material contido no lúmen folicular é denominado ‘colóide’. O colóide</p><p>apresenta uma glicoproteína denominada ‘tireoglobulina’.</p><p>A síntese dos hormônios depende do iodo da dieta. Parte da síntese ocorre intracelularmente</p><p>e parte no meio extracelular.</p><p>Geralmente, há dois hormônios: o T4 e o T3. O T4 é o principal produto, possui maior</p><p>biodisponibilidade e mais tempo de circulação, contudo o T3 é mais ativo.</p><p>Observação: o T4 perde um átomo de iodo e produz o T3, porém, o T3 não produz T4.</p><p>Por isso, os medicamentos para recompor os hormônios tireoidianos possuem T4 em sua</p><p>principal formulação.</p><p>A regulação da secreção dos hormônios tireoidianos é influenciada pelos seguintes fatores:</p><p>O TSH, normalmente, é estimulado por fatores ambientais, como o frio, hipoglicemias</p><p>e secreção de outros hormônios.</p><p>Os efeitos dos hormônios tireoidianos são:</p><p>• Metabolismo basal (MB) – aumento do consumo de oxigênio, com aumento resultante</p><p>do metabolismo basal e da temperatura corporal. As pessoas que possuem mais hormônios</p><p>tireoidianos terão superfícies mais quentes e úmidas;</p><p>• Metabolismo – aumenta a absorção de glicose pelo trato gastrintestinal e potencializa</p><p>os efeitos de outros hormônios (catecolaminas, glucagon e GH), sobre a gliconeogênese,</p><p>lipólise e proteólise. Efeito global: catabolismo (degradação dos principais componentes do</p><p>metabolismo);</p><p>• Cardiovascular e respiratório – aumento do consumo de oxigênio, aumento do débito</p><p>cardíaco e aumento da ventilação. Geralmente, quando as pessoas têm mais hormônio</p><p>tireoidiano, também há uma aceleração nos batimentos cardíacos, palpitação, tremor etc.;</p><p>• Crescimento - sinergismo com GH e somatomedina para promover a formação dos ossos;</p><p>• Sistema Nervoso Central (SNC): múltiplos efeitos. No período perinatal, é essencial</p><p>para a maturação do SNC. Nos adultos, o hipotireoidismo causa apatia, lentificação dos</p><p>6 7</p><p>movimentos, sonolência, comprometimento da memória e capacidade mental reduzida.</p><p>O hipertireoidismo causa hiperexcitabilidade e irritabilidade;</p><p>• Sistema Nervoso Autônomo (SNA): efeito semelhante ao das catecolaminas sobre os</p><p>receptores β-adrenérgicos. Os efeitos dos hormônios da tireoide e das catecolaminas sobre</p><p>a produção de calor parecem sinérgicos. Há o uso de propranolol (beta bloqueador) no</p><p>tratamento de muitos sintomas do hipertireoidismo.</p><p>TIREOIDEA- PATOLOGIAS</p><p>1. Hipertireoidismo ou Hipotireoidismo</p><p>O hipo e o hipertireoidismo são doenças provocadas por alterações nos níveis de hormônios</p><p>secretados pela tireoide e podem ter causas secundárias a outras doenças ou efeitos colaterais</p><p>congênitos, autoimunes, inflamatórios ou de tratamentos, por exemplo.</p><p>De uma forma geral, no hipertireoidismo há um aumento da produção de hormônios</p><p>T3 e T4 e diminuição de TSH, enquanto no hipotireoidismo há uma diminuição do T3 e T4</p><p>com elevação do TSH. Entretanto, pode haver variações a depender da causa. Às vezes, os</p><p>resultados de exames laboratoriais podem confundir um pouco, ao apresentar um aumento</p><p>no TSH e níveis normais de T3 e T4. Nesse caso, o paciente apresenta um quadro de</p><p>hipotireoidismo. Caso o TSH esteja baixo e o T3 e T4 estiverem normais, isso significa que</p><p>há um quadro de hipertireoidismo.</p><p>2. Outras Enfermidades</p><p>Observação: atualmente, estima-se um aumento da tireoidite de Hashimoto está muito</p><p>associado à ingestão exagerada do sal de cozinha.</p><p>8 9</p><p>Observação: caso o nódulo na tireoide seja maior que 1 cm, é necessária uma cirurgia.</p><p>No entanto, após o procedimento operatório, o indivíduo será tratado com hormônios</p><p>tireoidianos.</p><p>Quando o paciente apresenta hormônio tireoidiano baixo, ele possui altos níveis de TSH</p><p>(hormônio estimulador da tireoide). Diante do descontrole do hipotireoidismo, há a</p><p>possibilidade aumentada do desenvolvimento de algum tumor ou aumento nodular da</p><p>tireoide. Por isso, deve-se alertar o paciente sobre a importância da ingestão dos devidos</p><p>medicamentos que possam controlar o hipotireoidismo.</p><p>Apesar de serem malignos, os carcinomas da tireoide possuem uma característica um</p><p>pouco mais favorável em relação a outros cânceres.</p><p>TIREOIDEA - TERAPÊUTICA HIPO E HIPERTIREOIDISMO</p><p>Alguns países, principalmente o Brasil, possuem um tratamento mais intervencionista.</p><p>Diante de um quadro de hipertireoidismo, o paciente apresenta aumento da glândula tireoide,</p><p>por isso, prefere o tratamento cirúrgico. A partir de então, a pessoa passa a tratar-se com</p><p>hormônios tireoidianos devido à retirada de parte da glândula. Essa forma de intervenção</p><p>é chamada de ‘conservadora’.</p><p>Os tratamentos modernos visam a postergação máxima de cirurgia. Por isso, alguns</p><p>países passaram a utilizar medicamentos que diminuem a produção do hormônio tireoidiano.</p><p>Quando o bócio é menor que 1 cm, não é invasivo e não apresenta sintomas funcionais</p><p>ou morfológicos. Assim, opta-se pelo uso de medicamentos ao invés de intervenção cirúrgica.</p><p>HIPERTIREOIDISMO</p><p>O metimazol (1-methyl-2-mercato imidazole) e o propiltiouracil (6-propyl 2-thiouracil)</p><p>são ativamente concentrados na glândula tireoide contra um gradiente de concentração. Seu</p><p>efeito primário é a inibição da síntese do hormônio tireoidiano pela interferência na iodação</p><p>dos resíduos de tirosina da tireoglobulina, passo importante da síntese hormonal. Os fármacos</p><p>antitireoidianos têm efeitos imunossupressores clinicamente importantes. O propiltiouracil</p><p>bloqueia também a conversão extratireoidiana e periférica da tiroxina e triiodotironina.</p><p>HIPOTIREOIDISMO</p><p>Trata-se da mais frequente disfunção da tireoide, sendo resultante de condição autoimu-</p><p>ne. Ocorre destruição apoptótica ou deficiência de iodo e há uma incidência de 1 a 2% da</p><p>população (podendo chegar a 10% em fumantes). Pode ocorrer, principalmente, em mulhe-</p><p>res, no geral, e na menopausa.</p><p>O tratamento mais comum do hipotireoidismo</p><p>é a suplementação da levotiroxina.</p><p>A tiroxina e a levotiroxina são a mesma substância, porém a levotiroxina é um derivado</p><p>levógiro da tiroxina.</p><p>A tiroxina possui duas porções: uma dextrógiro e uma levógiro. Descobriu-se que a dex-</p><p>trógiro possui pouca atividade. No que se refere à síntese orgânica, as enzimas sempre pre-</p><p>ferem produzir o derivado levógiro. Um exemplo disso é que a adrenalina orgânica é</p><p>sempre levógira. No caso da tiroxina, a levotiroxina é bem mais ativada do que a pura.</p><p>Na década de 1970, ainda se utilizava tiroxina pura. Atualmente, utiliza-se sempre a le-</p><p>votiroxina.</p><p>O T4 e a levotiroxina são sinônimos. No entanto, devido à alta potência, pode haver</p><p>algumas diferenças na adaptação do paciente. Ao começar o tratamento com o hormônio</p><p>tireoidiano, o paciente sofre uma adaptação orgânica a ele.</p><p>Quando o paciente inicia o tratamento com determinada marca do medicamento, ele</p><p>deve permanecer com a mesma marca por mais tempo, pois, a troca pode significar uma</p><p>variação e o risco de interação medicamentosa passa a ser importante quando se trata de</p><p>hormônio tireoidiano.</p><p>10 11</p><p>É possível que a atenção farmacêutica seja muito voltada ao acompanhamento dos sinto-</p><p>mas clínicos ou de falha no tratamento.</p><p>Observação: no que diz respeito à anti-hipertensivos, eles aumentam a ação das catecolaminas</p><p>(aumenta a ação da noradrenalina). Isso tende a agravar os processos hipertensivos, incluindo</p><p>algumas doenças cardíacas. Deve-se ter uma atenção especial aos pacientes com angina</p><p>e hipertensão, os quais, às vezes, terão que fazer um encaminhamento para alteração da</p><p>dosagem dos medicamentos.</p><p>No caso de gestação, há uma recomendação de que as mulheres grávidas devem acompanhar</p><p>a dosagem de hormônio tireoidiano. O hipotireoidismo é a causa mais comum de aborto de</p><p>repetição. Mulheres que têm menos hormônios tireoidianos possuem dificuldades, princi-</p><p>palmente, no início da gravidez de ter um desenvolvimento normal do concepto.</p><p>PROLACTINA</p><p>Trata-se de um hormônio cujo nome se refere à amamentação. É um hormônio produzido</p><p>pela hipófise anterior ou pela adeno-hipófise, possui um controle hipotalâmico relacionado</p><p>a um outro neurotransmissor: dopamina.</p><p>Normalmente, essa relação é inversa. Quanto maior o processo dopaminérgico, menor</p><p>o processo de prolactina e vice-versa. Os medicamentos ou substâncias que reduzem</p><p>a dopamina tendem a aumentar a prolactina.</p><p>Medicamentos para vômito que diminuem a dopamina, como metoclopramida,</p><p>domperidona, bromoprida e cisaprida tendem a aumentar a prolactina. Esses medicamentos</p><p>podem ser fruto de indicação médica e aumentam a lactação.</p><p>No caso do sulpirida, não se refere a uma substância para, especificamente, uma doença,</p><p>mas, de um antagonista dopaminérgico muito potente.</p><p>Os antagonistas dopaminérgicos como clorpromazina, aloperidol, sulpirida e a risperidona</p><p>também possuem um efeito trófico da prolactina. Com exceção da lactação, a hiperprolacti-</p><p>nemia não é saudável em uma mulher adulta e nem no homem.</p><p>O homem que possui prolactina terá ginecomastia e impotência sexual. Uma mulher que</p><p>não está amamentando e apresenta hiperprolactinemia terá distúrbios menstruais, osteoporose,</p><p>galactorreia, inflamação da glândula mamária e de prótese mamária. A primeira causa</p><p>investigada em casos de infertilidade é a hiperprolactinemia. Por isso, a hiperprolactinemia</p><p>fora do período da lactação é considerada uma patologia.</p><p>Uma causa frequente de hiperprolactinemia no homem pode ser induzida pelo uso de</p><p>esteroides anabolizantes.</p><p>Há dois medicamentos que tratam a hiperprolactinemia: o mais antigo é a bromocriptina</p><p>(parlodel) e o mais moderno é a cabergolina (dostinex). Em termos de eficácia, ambos são</p><p>parecidos. A diferença entre eles é a farmacocinética. A bromocriptina precisa ser tomada</p><p>pelo menos três vezes ao dia. Já a cabergolina pode ser ingerida uma vez por semana, em</p><p>dose única. Isso favorece a aderência do paciente ao tratamento.</p><p>Normalmente, os agonistas dopaminérgicos conseguem controlar a prolactinemia e,</p><p>consequentemente, melhorar a fertilidade.</p>

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