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<p>Autores: Prof. Fernando Gorni Neto</p><p>Prof. Maurício Felippe Manzalli</p><p>Prof. André Galhardo Fernandes</p><p>Colaboradores: Prof. Rogério Traballi</p><p>Profa. Rachel Niza</p><p>Prof. Jefferson Lécio Leal</p><p>Administração de</p><p>Propriedades Rurais</p><p>Professores conteudistas: Fernando Gorni Neto / Maurício Felippe Manzalli /</p><p>André Galhardo Fernandes</p><p>Fernando Gorni Neto</p><p>Fernando Gorni Neto é graduado e pós-graduado pela Universidade Nove de Julho (Uninove) em Marketing.</p><p>Também é pós-graduado em Agronegócios pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e em Formação em Educação</p><p>a Distância pela Universidade Paulista (UNIP). Foi professor de Transportes Internacionais na Exportacian Assessoria</p><p>em Comércio Exterior.</p><p>Leciona no curso de graduação em Administração de Empresas na Universidade Paulista (UNIP) e na pós-graduação</p><p>lato sensu MBA em Logística Empresarial e Supply Chain.</p><p>Acumula mais de 30 anos em comércio internacional nas áreas de desembaraço aduaneiro de importação e</p><p>exportação, tráfego marítimo internacional de granéis tramp, tráfego marítimo de navios liners, distribuição de</p><p>produtos por via rodoviária, ferroviária e marítima de cabotagem e em Business Intelligence Center.</p><p>Maurício Felippe Manzalli</p><p>Economista pela Universidade Paulista (UNIP) e mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade</p><p>Católica de São Paulo (PUC-SP), atualmente é professor da UNIP nos cursos de Ciências Econômicas e Administração</p><p>e coordenador do curso de Ciências Econômicas, tanto na modalidade presencial quanto a distância. Tem experiência</p><p>em administração e finanças, notadamente àquelas ligadas ao setor de transporte de passageiros, atuando há 29 anos</p><p>no ramo.</p><p>André Galhardo Fernandes</p><p>Mestre em economia política pela PUC de São Paulo. Coordenador auxiliar do curso de Ciências Econômicas e</p><p>professor dos cursos de Ciências Econômicas, Administração e Relações Internacionais na Universidade Paulista (UNIP).</p><p>Economista-chefe na Análise Econômica Consultoria possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica e</p><p>projeção de cenários em âmbito nacional e internacional, com passagens pelo setor público.</p><p>© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou</p><p>quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem</p><p>permissão escrita da Universidade Paulista.</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)</p><p>G631a Gomi Neto, Fernando.</p><p>Administração de propriedades rurais / Fernando Gomi Neto;</p><p>Maurício Fellippe Manzalli; André Galhardo Fernandes. – São Paulo:</p><p>Editora Sol, 2020.</p><p>120 p., il.</p><p>Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e</p><p>Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.</p><p>1. Administração. 2. Propriedades Rurais. 3. Agronegócio</p><p>I. Gomi Neto, Fernando. II. Manzalli, Maurício Fellippe. III. Fernandes,</p><p>André Galhardo. IV. Título.</p><p>CDU 631.1</p><p>U505.65 – 20</p><p>Prof. Dr. João Carlos Di Genio</p><p>Reitor</p><p>Prof. Fábio Romeu de Carvalho</p><p>Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças</p><p>Profa. Melânia Dalla Torre</p><p>Vice-Reitora de Unidades Universitárias</p><p>Prof. Dr. Yugo Okida</p><p>Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa</p><p>Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez</p><p>Vice-Reitora de Graduação</p><p>Unip Interativa – EaD</p><p>Profa. Elisabete Brihy</p><p>Prof. Marcello Vannini</p><p>Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar</p><p>Prof. Ivan Daliberto Frugoli</p><p>Material Didático – EaD</p><p>Comissão editorial:</p><p>Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)</p><p>Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)</p><p>Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)</p><p>Apoio:</p><p>Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD</p><p>Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos</p><p>Projeto gráfico:</p><p>Prof. Alexandre Ponzetto</p><p>Revisão:</p><p>Gustavo Guiral</p><p>Lucas Ricardi</p><p>Sumário</p><p>Administração de Propriedades Rurais</p><p>APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9</p><p>INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9</p><p>Unidade I</p><p>1 AS TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO ............................................................................................................ 11</p><p>1.1 Teoria da Administração Científica – Taylor e Gilbreth (1903) .......................................... 11</p><p>1.2 Teoria da Burocracia – Weber (1909) ........................................................................................... 12</p><p>1.3 Escola dos Princípios de Administração – Fayol (1916) ........................................................ 12</p><p>1.4 Escola das Relações Humanas – Mayo e Lewin (1932) ........................................................ 13</p><p>1.5 Teoria das Decisões – Simon (1947) ............................................................................................. 14</p><p>1.6 Teoria dos Sistemas – Bertalanffy (1951) ................................................................................... 14</p><p>1.7 Teoria Neoclássica da Administração – Drucker (1954) ....................................................... 14</p><p>1.8 Escola Comportamental da Administração – McGregor (1957) ....................................... 15</p><p>1.9 Teoria da Contingência – Woodward, Laurence e Lorsch (1972) ..................................... 16</p><p>2 O ADMINISTRADOR ........................................................................................................................................ 18</p><p>2.1 Funções básicas da administração ................................................................................................ 18</p><p>2.2 Classificação dos imóveis rurais ..................................................................................................... 19</p><p>2.3 Ambiente da empresa rural .............................................................................................................. 22</p><p>2.4 Áreas das empresas ............................................................................................................................. 23</p><p>2.5 A administração rural ......................................................................................................................... 24</p><p>3 VISÃO SISTÊMICA DO AGRONEGÓCIO .................................................................................................... 27</p><p>4 CARACTERIZAÇÃO DAS UNIDADES DE PRODUÇÃO AGRÍCOLAS ................................................. 29</p><p>4.1 Perfil dos pequenos produtores rurais ......................................................................................... 29</p><p>4.2 Pequena propriedade rural ............................................................................................................... 34</p><p>4.3 Média propriedade ............................................................................................................................... 34</p><p>4.4 Grande propriedade ............................................................................................................................ 35</p><p>4.5 Propriedade produtiva ........................................................................................................................ 35</p><p>4.6 Propriedade improdutiva .................................................................................................................. 35</p><p>4.7 Identificação da unidade de produção: solo ............................................................................. 35</p><p>4.8 Identificação da unidade de produção: recursos humanos ................................................ 36</p><p>4.9 Identificação da unidade de produção: infraestrutura ......................................................... 39</p><p>4.9.1 Antes da porteira (insumos e implementos) ................................................................................ 39</p><p>4.9.2 Dentro da porteira .................................................................................................................................. 40</p><p>4.9.3 Depois</p><p>instrução médio completo e</p><p>superior incompleto, e apenas 21.375 pessoas apresentavam nível de instrução superior completo.</p><p>• Percentualmente, o nível de instrução superior completo representa 1,325% da população rural</p><p>brasileira daqueles com idade acima de 25 anos.</p><p>Dados do Censo 2006 consideram que apenas 1.148.763 homens (35,6%) e 220.311 mulheres (40,6%) eram</p><p>empregados permanentes, e os demais eram empregados temporários, empregados parceiros ou empregados</p><p>em outra condição. Isso significa que ainda falta uma política de fixação do homem no campo não apenas por</p><p>parte do governo, mas também por parte dos empresários da agropecuária. Por atividade, o Censo Agropecuário</p><p>2006 detectou o seguinte pessoal empregado, conforme tabela a seguir:</p><p>30</p><p>Unidade I</p><p>Tabela 1 – Grupos da atividade econômica – pessoal empregado</p><p>Grupos da atividade econômica Homens Mulheres</p><p>Produção de lavouras temporárias 1.200.117 163.820</p><p>Horticultura e floricultura 96.557 23.814</p><p>Produção de lavouras permanentes 658.100 179.795</p><p>Sementes, mudas e outras 5.976 1.116</p><p>Pecuária e criação de outros animais 1.157.013 156.792</p><p>Produção florestal – florestas plantadas 53.206 9.170</p><p>Produção florestal – florestas nativas 36.688 5.507</p><p>Aquicultura 14.715 2.182</p><p>Fonte: IBGE (2006).</p><p>Tabela 2 – População urbana e rural do Brasil de 1950 a 2010</p><p>Ano Urbana Rural Total</p><p>1950 18.782.891 33.161.506 51.944.397</p><p>1960 32.004.817 38.987.526 70.992.343</p><p>1970 52.904.744 41.603.839 94.508.583</p><p>1980 82.013.375 39.137.198 121.150.573</p><p>1991 110.875.826 36.041.633 146.917.459</p><p>1996 123.076.831 33.993.332 157.070.163</p><p>2000 137.953.959 31.845.211 169.799.170</p><p>2010 160.925.804 29.829.995 190.755.799</p><p>Fonte: IBGE (2015).</p><p>1950</p><p>0</p><p>50.000.000</p><p>29.829.995</p><p>160.925.804</p><p>190.755.799</p><p>100.000.000</p><p>150.000.000</p><p>200.000.000</p><p>250.000.000</p><p>1960</p><p>Urbana Rural Total</p><p>1970 1980 1991 1996 2000 2010</p><p>Figura 2 – População urbana e rural do Brasil de 1950 a 2010</p><p>31</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Nota-se, pelas tabelas e pelo gráfico anteriores, uma expressiva urbanização do país a partir da década</p><p>de 1960, pois durante o governo Juscelino Kubitschek, que abriu a economia para o capital internacional</p><p>atraindo indústrias multinacionais, ocorreu a instalação de montadoras de veículos internacionais (Ford,</p><p>General Motors, Volkswagen e Willys) em território brasileiro. Esse fato fez aumentar o êxodo rural (saída</p><p>do homem do campo para as cidades) e a migração de nordestinos e nortistas de suas regiões para as</p><p>grandes cidades do Sudeste.</p><p>Cabe salientar, ainda, que há várias classes de trabalhadores rurais, sejam elas:</p><p>• Empregado rural: toda a pessoa física que, em propriedade rural, presta serviços de natureza</p><p>não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário, cujo trabalho</p><p>está regulado pela Lei nº 5.889/73, regulamentado pelo Decreto nº 73.626/74 e no artigo 7º da</p><p>Constituição Federal/88, sendo assegurado ao trabalhador rural pelo menos o salário mínimo,</p><p>devendo-se observar o piso salarial da categoria a que pertencer o empregado.</p><p>• Meeiro: aquele que, comprovadamente, tem contrato com o proprietário da terra e exerce</p><p>atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, dividindo igualmente o lucro obtido ou a</p><p>própria produção.</p><p>• Arrendatário: aquele que, comprovadamente, utiliza a terra, mediante pagamento de aluguel ao</p><p>proprietário do imóvel rural, para desenvolver atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira.</p><p>• Parceiro: quem, comprovadamente, tem contrato de parceria com o proprietário da terra e</p><p>desenvolve atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, partilhando os lucros, conforme</p><p>pactuado entre as partes.</p><p>É preciso muito cuidado com os trabalhos desenvolvidos na produção rural, pois se o empregado</p><p>presta outros serviços na propriedade rural, desenvolvendo atividade vinculada à produção de forma</p><p>habitual, subordinada, onerosa e pessoal, fica caracterizado o trabalho rural comum.</p><p>Segundo Lima, Basso e Neumann (2005, p. 66):</p><p>As decisões e ações dos agricultores familiares relativas à condução de suas</p><p>atividades de produção são coerentes e racionais. Elas visam atender um</p><p>ou mais objetivos percebidos como possíveis pelo grupo familiar, tendo em</p><p>vista a percepção que o(s) agente(s) tem de sua situação e das finalidades</p><p>atribuídas às suas unidades de produção.</p><p>Como definição da unidade de produção agrícola, temos:</p><p>É um sistema composto de um conjunto de elementos em interação</p><p>(sistemas de cultivo e/ou criação e/ou transformação), influenciados pelos</p><p>objetivos do agricultor/produtor rural e sua família (sistema social), aberta</p><p>e em interação com o meio externo (econômico, ambiental e humano).</p><p>32</p><p>Unidade I</p><p>Assim, a unidade de produção agrícola pode ser concebida como o objeto</p><p>resultante da interação do sistema social com o sistema de produção</p><p>(WAGNER, 2010, p. 14).</p><p>Considerando os conceitos de empresa rural, que abordam a exploração da terra, a criação dos</p><p>animais e a transformação de determinados produtos agrícolas como fonte de renda, podemos classificar</p><p>as atividades rurais em três grupos distintos, conforme Marion (2002, p. 24):</p><p>• Produção vegetal: atividade agrícola que se divide em dois grupos de culturas:</p><p>— Culturas hortícola e forrageira, como tubérculos (batata, mandioca, cenoura etc.); plantas</p><p>oleaginosas (mamona, amendoim, menta etc.); especiarias (cravo, canela etc.); fibras (algodão,</p><p>pinho etc.); e floricultura, forragens e plantas industriais.</p><p>— Arboricultura, como florestamento, reflorestamento, pomares (manga, laranja, maçã etc.); e</p><p>vinhedos, olivais, seringais etc.</p><p>• Produção animal: atividade zootécnica, com a divisão em grupos de criação:</p><p>— apicultura: de abelhas;</p><p>— avicultura: de aves;</p><p>— cunicultura: de coelhos;</p><p>— pecuária: de gado, como bovinos, caprinos, suínos, ovinos;</p><p>— piscicultura: de peixes;</p><p>— ranicultura: de rãs;</p><p>— sericultura: de bicho-da-seda.</p><p>• Indústrias rurais: atividade agroindustrial, que pode ser:</p><p>— beneficiamento de produtos agrícolas ou pecuários;</p><p>— transformação de produtos pecuários ou produtos agrícolas.</p><p>Há que se fazer algumas considerações ao caracterizar as unidades de produção agrícolas. A primeira</p><p>delas é o zoneamento. “O zoneamento é um instrumento jurídico de ordenação do uso e ocupação do</p><p>solo” (SILVA, 1998, p. 181). Ou então: “o zoneamento consiste em dividir o território em parcelas nas</p><p>quais se autorizam determinadas atividades ou interdita-se, de modo absoluto ou relativo, o exercício</p><p>de outras atividades” (MACHADO, 1992, p. 96).</p><p>As leis de zoneamento de uso e ocupação do solo são de atribuição dos municípios, com a</p><p>elaboração e a aprovação de instrumentos relacionados ao ordenamento territorial, tais como os</p><p>33</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>planos diretores e as leis de zoneamento do uso e ocupação dos solos, bem como outras atividades</p><p>relacionadas à preservação ambiental que, em conjunto, representam impacto direto nas águas, não</p><p>se restringindo às áreas urbanas e avançando em direção aos limites políticos administrativos, muitas</p><p>vezes com característica de uso rural, em especial dos municípios de porte médio e pequeno.</p><p>Assim, cada município tem sua própria lei de zoneamento de uso e ocupação do solo.</p><p>A preservação de vegetação nativa em propriedades rurais, a proteção de bacias hidrográficas,</p><p>a localização de indústrias e os planos de desenvolvimento regional são contemplados por meio do</p><p>estabelecimento de zonas.</p><p>Também temos o Zoneamento Agrícola de Risco Climático, que segundo o Ministério da Agricultura,</p><p>Pecuária e Abastecimento (Mapa), assim é definido:</p><p>O Zoneamento Agrícola de Risco Climático é um instrumento de política agrícola e gestão de riscos</p><p>na agricultura. O estudo é elaborado com o objetivo de minimizar os riscos relacionados aos fenômenos</p><p>climáticos e permite a cada município identificar a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes</p><p>tipos de solo e ciclos de cultivares. A técnica é de fáceis entendimento e adoção pelos produtores rurais,</p><p>agentes financeiros e demais usuários.</p><p>São analisados os parâmetros de clima, solo e de ciclos de cultivares, a partir de uma metodologia</p><p>validada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e adotada pelo Ministério da</p><p>Agricultura. Dessa forma, são quantificados os riscos climáticos envolvidos na condução das lavouras</p><p>que podem ocasionar perdas na produção. Esse estudo resulta na relação de municípios indicados ao</p><p>plantio de determinadas culturas, com seus respectivos calendários de plantio (BRASIL, [s.d.]).</p><p>O objetivo do Programa do Zoneamento Agrícola do Ministério da Agricultura é minimizar ao máximo</p><p>o risco de frustração de safra por condições climáticas. Para isso, o zoneamento procura identificar os</p><p>municípios aptos para plantio da espécie, o período de plantio com menor risco climático, o tipo de solo</p><p>e as características de cada cultivar.</p><p>No Brasil, atualmente, os estudos de zoneamentos agrícolas de risco climático contemplam 40</p><p>culturas, sendo 15 de ciclo anual e 24 permanentes, além de uma que se dá por consórcio. É importante</p><p>levar esse zoneamento em consideração, pois alguns agentes financeiros condicionam a concessão do</p><p>crédito rural ao uso do zoneamento.</p><p>Saiba mais</p><p>A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveu</p><p>o sistema Agritempo (http://www.agritempo.gov.br), que disponibiliza,</p><p>diariamente, boletins agrometeorológicos, mapas diversos, avisos</p><p>meteorológicos e previsões.</p><p>34</p><p>Unidade I</p><p>A partir da Constituição Federal de 1988, a classificação dos imóveis rurais passou a utilizar novas</p><p>terminologias: pequena propriedade, média propriedade, grande propriedade (arts. 5º, XXVI; 185, I),</p><p>propriedade produtiva (art. 85, II) e, por consequência, propriedade improdutiva.</p><p>O texto constitucional não lhes definiu conceito, tarefa que coube à Lei nº 8.629/93, que dispõe sobre</p><p>a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo III,</p><p>Título VII, da Constituição Federal.</p><p>Dessa forma, para parte da doutrina, não se deve mais utilizar as expressões latifúndio e minifúndio.</p><p>Contudo, os contornos dos novos institutos ainda não estão bem definidos.</p><p>4.2 Pequena propriedade rural</p><p>A Constituição Federal (arts. 5º, 185) refere-se à pequena propriedade, mas não a define. A definição</p><p>do que é pequena propriedade ficou por conta da regulamentação do texto constitucional, e desta forma,</p><p>estabelecida pelo artigo 4º, II, da Lei nº 8.629/93, como sendo “o imóvel rural de área compreendida</p><p>entre um e quatro módulos fiscais.”</p><p>Como se pode verificar, essa definição foge do conceito de propriedade familiar. Esta é tida como</p><p>compatível com o módulo rural ou fiscal. Contudo, a partir dessa lei, o entendimento é de que, em</p><p>função dessa nova definição, a propriedade familiar poderia alcançar até quatro módulos fiscais.</p><p>Agora, com a Lei nº 11.326/06, que estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da</p><p>Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais, propriedade familiar é tida como aquela com</p><p>até 4 módulos fiscais.</p><p>4.3 Média propriedade</p><p>Nos termos do artigo 4º, III, da Lei nº 8.629/93, é “o imóvel rural com área superior a quatro e até quinze módulos</p><p>fiscais”. Assim como a propriedade familiar, a pequena e a média propriedades devem cumprir sua função social.</p><p>A média propriedade, pelas dimensões que lhe foram conferidas, caso não cumpra os requisitos</p><p>da função social, deveria ser denominada de latifúndio, nos termos do disposto no Estatuto da Terra</p><p>e seus regulamentos.</p><p>Vale destacar: a pequena e a média propriedades rurais, cujas dimensões físicas ajustem-se aos</p><p>parâmetros fixados em sede legal (Lei nº 8.629/1993, art. 4º, II e III), não estão sujeitas, em tema de</p><p>reforma agrária (Art. 184 da Constituição Federal de 1988), ao poder expropriatório da União Federal,</p><p>em face da cláusula de inexpropriabilidade (significa que não são sujeitos a desapropriação, ou seja, não</p><p>podem ser retirados contra a vontade da pessoa), fundada no art. nº 185, I, da Constituição Federal de</p><p>1988, desde que o proprietário de tais prédios rústicos – sejam eles produtivos ou não – não possua</p><p>outra propriedade rural.</p><p>35</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>4.4 Grande propriedade</p><p>A Lei nº 8.629/93, de 25 de fevereiro de 1993, em seu art. 4º, ao classificar os imóveis rurais, definiu</p><p>o que são pequenas e médias propriedades, contudo não tratou da grande propriedade.</p><p>Cabe lembrar que, pelo Estatuto da Terra, os imóveis rurais eram classificados em: propriedade</p><p>familiar, minifúndio, latifúndio e empresa rural. O latifúndio, alvo prioritário da política de reforma</p><p>agrária, é aquele, com tamanho igual ou superior ao módulo de propriedade rural, mantido “inexplorado,</p><p>explorado incorretamente, ou que tem extensão incompatível com a justa distribuição da terra” (BORGES,</p><p>1998, p. 35).</p><p>4.5 Propriedade produtiva</p><p>Trata-se daquela que, independentemente de seu tamanho, atinge os níveis de produção e</p><p>produtividade exigidos por lei.</p><p>O art. nº 185 da CF/88 prevê que “são insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:</p><p>I – a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua</p><p>outra; II – a propriedade produtiva. O parágrafo único deste dispositivo constitucional determina que</p><p>a lei infraconstitucional garanta tratamento especial à propriedade produtiva e fixe normas para o</p><p>cumprimento dos requisitos relativos à sua função social.</p><p>Nos termos do disposto no art. 6º da Lei nº 8.629/93, é considerada propriedade produtiva “aquela que,</p><p>explorada econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência</p><p>na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente”. O grau de utilização da terra (GUT)</p><p>deverá ser de, no mínimo, 80%, e o grau de eficiência na exploração (GEE), de no mínimo 100%. Verifique que</p><p>os elementos que compõem o conceito de propriedade produtiva se restringem aos aspectos econômicos,</p><p>de forma que dá a impressão de estar dispensada do cumprimento dos demais elementos da função social.</p><p>4.6 Propriedade improdutiva</p><p>Por exclusão, a propriedade que não alcança os índices de produção e produtividade estabelecidos em lei,</p><p>independentemente do tamanho (pequena, média ou grande propriedade) é classificada como improdutiva.</p><p>4.7 Identificação da unidade de produção: solo</p><p>Solo é a soma de componentes naturais, na superfície da terra, eventualmente modificado ou</p><p>mesmo construído pelo homem, contendo matéria orgânica e servindo ou sendo capaz de servir à</p><p>sustentação de plantas ao ar livre. A classe do solo é definida por características morfológicas, físicas,</p><p>químicas e mineralógicas.</p><p>No Brasil, temos o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), que é um sistema de classificação</p><p>de solos editado em formato de livro, coordenado pela Embrapa Solos. Segundo a classificação, há 25</p><p>principais classes de solos.</p><p>36</p><p>Unidade I</p><p>No manejo do solo, a primeira e talvez a mais importante operação a ser realizada é o seu preparo.</p><p>Longe de ser simples, o preparo do solo compreende um conjunto de práticas que, quando usado</p><p>racionalmente, pode permitir uma alta produtividade das culturas com custos mais baixos, mas pode</p><p>também, quando usado de maneira incorreta, levar rapidamente um solo à degradação física, química e</p><p>biológica, diminuindo seu potencial produtivo.</p><p>O preparo do solo visa à melhoria das condições físicas e químicas para garantir a brotação, o</p><p>crescimento radicular e o estabelecimento da cultura. O preparo do solo é, então, uma questão de</p><p>máxima relevância, pois a próxima oportunidade dessa prática agrícola levará alguns anos, ou seja, se</p><p>for adotada alguma prática inadequada, os problemas resultantes permanecerão por um bom tempo.</p><p>A alta produtividade e longevidade estão relacionadas com o sucesso no preparo do solo, e o preparo</p><p>do solo visa atenuar ou eliminar os seguintes fatores:</p><p>• físicos: compactação, adensamento e encharcamento;</p><p>• químicos: baixo teor de nutrientes, elevados teores de alumínio (Al), manganês (Mn) e sais de</p><p>sódio (Na);</p><p>• biológicos: nematoides (fitoparasita, organismos que vivem em associação com outros dos quais</p><p>retiram os meios para a sua sobrevivência), cupins, entre outros.</p><p>Durante o preparo do solo, deve-se atentar para a conservação do solo, prevendo medidas que</p><p>evitem as perdas de solo por erosão. O preparo visa, também, contribuir com o controle de plantas</p><p>daninhas e de algumas pragas de solo. Para o preparo do solo, é necessário que haja clima favorável para</p><p>evitar a compactação pelas rodas dos tratores, por exemplo.</p><p>O manejo da fertilidade do solo começa com uma boa amostragem para análise química e física</p><p>de fertilidade. O diagnóstico da análise permite fazer um planejamento da adubação, considerando as</p><p>culturas que vão compor os sistemas de produção. Há a necessidade de se observarem as exigências</p><p>nutricionais das culturas e compor o solo com os nutrientes necessários para a cultura mais exigente.</p><p>Isso dá, como retorno, maiores sustentabilidade do sistema e ganhos econômicos.</p><p>Os solos brasileiros, em sua maioria, são ácidos. Essa acidez tem origem na intensa lavagem e lixiviação</p><p>dos nutrientes do solo, na retirada dos nutrientes pelas culturas sem a devida reposição e, também, pela</p><p>utilização de fertilizantes de características ácidas. O calcário e o gesso agrícola são dois insumos utilizados</p><p>para corrigir o solo. Assim como para fazer a calagem, o resultado da análise de solo permitirá mensurar,</p><p>também, a necessidade ou não de aplicação de gesso. A quantidade de gesso é determinada após a</p><p>verificação do grau de acidez na camada subsuperficial do solo, abaixo dos 20 cm de profundidade.</p><p>4.8 Identificação da unidade de produção: recursos humanos</p><p>O agronegócio é o setor que mais cresce no país e que traz grandes reflexos na economia. As empresas</p><p>do segmento do agronegócio estão cada vez mais preocupadas, investindo fortemente naquilo que</p><p>37</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>com certeza trará maiores lucros. Fala-se muito em renovação tecnológica, investimentos fortes em</p><p>melhorias reprodutivas, biotecnologia, máquinas ultramodernas capazes de fazer e trazer resultados,</p><p>porém pouco percebemos que algumas empresas ultimamente atentaram para um fator determinante,</p><p>que está fazendo a diferença: a área de recursos humanos.</p><p>Lidar com uma grande complexidade de funções concomitantemente exige capacitações gerenciais,</p><p>ausentes na maioria dos administradores rurais e, consequentemente, nas suas organizações. Uma das</p><p>principais razões desta dificuldade é a falta de uma visão sistêmica do empreendimento rural.</p><p>O administrador deve tomar decisões não somente sob o aspecto econômico, mas também por meio</p><p>de uma noção estratégica, tecnológica e comercial.</p><p>Nesse contexto, condição básica para que o administrador rural possa desempenhar bem sua função</p><p>de tomador de decisão são a compreensão e o entendimento do funcionamento de seu empreendimento.</p><p>Além da identificação dos fatores que regem seu agronegócio, é necessário visualizar a</p><p>interdependência desses fatores, isto é, como eles se relacionam.</p><p>O avanço tecnológico da mecanização da agricultura e da pecuária no mundo exige qualificação</p><p>dos profissionais com foco em produção agropecuária, bem como implementação de um sistema de</p><p>gestão estruturado, contemplando estabelecimento de indicadores, metas, planos de ação e controle</p><p>sistemático, com (ou sem) apoio de uma consultoria especializada em gestão.</p><p>No setor primário, em que o negócio muitas vezes não tem um planejamento estratégico elaborado e</p><p>consolidado, a questão merece mais destaque, uma vez que são raras as iniciativas de capacitação e apoio ao</p><p>desenvolvimento dos profissionais, além da profissionalização da gestão de negócios comumente familiares.</p><p>Envolver as pessoas nas definições das metas do negócio e fazer com que participem da análise e</p><p>da avaliação das perspectivas futuras, comprometendo-se com os resultados, pode ser um importante</p><p>método para que a empresa cresça de modo sustentado, destacando-se no mercado.</p><p>Ainda que muitos não deem a devida importância para este assunto, poupando investimentos em</p><p>curto prazo, é possível perceber que se torna inevitável um considerável aumento de custo, devido à</p><p>baixa produtividade, à falta de qualidade e à alta rotatividade da mão de obra. Dessa forma, capacitar</p><p>funcionários é um investimento com retorno garantido para a empresa, influenciando significativamente</p><p>seus resultados e seu crescimento.</p><p>Segundo Gil (2006, p. 24): “cada parceiro dispõe-se a investir seus recursos numa organização,</p><p>à medida que obtém retorno satisfatório, torna-se necessário valorizar o empregado, já que ele é o</p><p>parceiro mais intimo da organização”.</p><p>De acordo com Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001, p. 219), o desenvolvimento de pessoal representa</p><p>um conjunto de atividades e processos cujo objetivo é explorar o potencial de aprendizagem e a</p><p>capacidade produtiva do ser humano nas organizações.</p><p>38</p><p>Unidade I</p><p>O estudo Movimentação Contratual no Mercado de Trabalho Formal e Rotatividade no Brasil</p><p>(BRASIL, 2007), elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostrou que a construção civil e</p><p>a agropecuária apresentaram as mais altas taxas de rotatividade entre os setores da economia brasileira</p><p>no período de 2007 a 2009, ficando em 87,3% e 77,9%, respectivamente.</p><p>Cabe lembrar que as relações de trabalho rural são regidas pela Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973,</p><p>que define:</p><p>Art. 2º Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou</p><p>prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural,</p><p>sob a dependência deste e mediante salário.</p><p>Art. 3º – Considera-se empregador, rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa</p><p>física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro-econômica,</p><p>em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos</p><p>e com auxílio de empregados (BRASIL, 1973).</p><p>Além disso, também temos os seguintes trabalhadores:</p><p>• Safrista: é o trabalhador que se obriga à prestação de serviços mediante contrato de safra. Contrato</p><p>de safra é aquele cuja duração dependente de variações estacionais das atividades agrárias, assim</p><p>entendidas as tarefas normalmente executadas no período compreendido entre o preparo do solo</p><p>para o cultivo e a colheita. Em muitos locais do Brasil, são chamados de boias-frias, assim conhecidos</p><p>em virtude do modo como se alimentam diariamente: quando saem para trabalhar de madrugada,</p><p>levam a comida pronta, mas não há meios para esquentá-la, razão pela qual consomem-na fria.</p><p>• Não remunerados: são membros do grupo familiar do trabalhador (mulher, filhos e outros</p><p>dependentes) que o ajudam sem receber pagamento pela atividade.</p><p>• Assalariados temporários: são contratados por dia, para realizar tarefa ou empreitada, sem direito</p><p>a morar na terra; geralmente, habitam a periferia das cidades, deslocando-se diariamente para</p><p>trabalhar no campo.</p><p>Em uma ampla pesquisa que analisou os cursos de formação de profissionais para o agronegócio</p><p>brasileiro, Batalha, (2010) no estudo Recursos Humanos para o Agribusiness Brasileiro, identificou</p><p>algumas dificuldades de adequação desses cursos às necessidades do mercado, em função de barreiras</p><p>legais e falta de pesquisas de mercado por parte das instituições de ensino superior para identificar as</p><p>tendências do perfil do profissional de nível superior nessa área.</p><p>Segundo o autor, é necessário que os cursos tornem-se mais flexíveis e modernos, podendo</p><p>modificar-se de acordo com o dinamismo do mercado. Além disso, ele defende a necessidade de</p><p>formação de profissionais não apenas pesquisadores, especialistas, mas também de generalistas, pois</p><p>as empresas demandam pessoas com um perfil flexível que detenham conhecimentos e habilidades</p><p>diferenciadas, sejam elas tecnológicas, gerenciais ou de comunicação.</p><p>39</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>4.9 Identificação da unidade de produção:</p><p>infraestrutura</p><p>Infraestrutura é o conjunto de elementos ou serviços considerados necessários para que uma</p><p>organização possa funcionar ou para que uma atividade se desenvolva efetivamente. Vamos, então,</p><p>verificar algumas das infraestruturas necessárias ao agronegócio, dividindo-as em: antes, dentro e</p><p>depois da porteira.</p><p>4.9.1 Antes da porteira (insumos e implementos)</p><p>Na infraestrutura do agronegócio, é importante levar em consideração a existência de fornecedores de</p><p>insumos necessários à produção agropecuária em geral, tais como: máquinas, implementos, equipamentos</p><p>e complementos, água, energia, corretivos de solos, fertilizantes, agroquímicos, compostos orgânicos,</p><p>materiais genéticos, hormônios, inoculantes, rações, sais minerais e outros produtos veterinários.</p><p>O agronegócio brasileiro ainda depende de boa parte de insumos importados, como adubos fosfatados</p><p>e potássicos, produtos veterinários, agrotóxicos, entre outros.</p><p>Figura 3 – Irrigação</p><p>Também é necessária a infraestrutura de transporte, como rodovias, ferrovias ou hidrovias (e podemos</p><p>considerar ainda aeroportos para produtos perecíveis como flores), para que os insumos cheguem até a</p><p>propriedade em segurança e no prazo, com baixos custos.</p><p>Segundo Araújo:</p><p>A precariedade da infraestrutura no país, principalmente nas regiões mais</p><p>distantes dos grandes centros urbanos e dos portos, tem contribuído</p><p>fortemente para a elevação do “custo Brasil”, dificultando a competitividade</p><p>e diminuindo a renda de todo o agronegócio, sobretudo dos produtores</p><p>agropecuaristas. Nesse sentido, a política de transportes sobre pneus a</p><p>longas distâncias, priorizada pelo Brasil, é prejudicial a todos os segmentos</p><p>econômicos, principalmente para o agronegócio (ARAÚJO, 2007, p. 148).</p><p>Não podemos deixar de mencionar, ainda, os serviços de apoio, como bancos, seguradoras, escritórios</p><p>de contabilidade e de recrutamento de pessoas, consultorias de engenharia agrônoma, veterinários e</p><p>assistência técnica.</p><p>40</p><p>Unidade I</p><p>4.9.2 Dentro da porteira</p><p>As áreas de vivência são destinadas a suprir as necessidades básicas humanas de alimentação, higiene,</p><p>descanso, lazer, convivência e ambulatório, devendo ficar fisicamente separadas das áreas laborais.</p><p>Segundo a Norma Regulamentadora NR31, as áreas de vivência devem atender aos seguintes</p><p>requisitos mínimos:</p><p>• instalações sanitárias;</p><p>• locais para refeição;</p><p>• alojamentos, quando houver permanência de trabalhadores no estabelecimento nos períodos</p><p>entre as jornadas de trabalho;</p><p>• local adequado para preparo de alimentos;</p><p>• lavanderias.</p><p>As normas para armazenamento de agroquímicos estão dispostas no Decreto n° 4074, de 4 de janeiro de</p><p>2002, que regulamenta a Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação,</p><p>a produção, a embalagem, a rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda</p><p>comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a</p><p>classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agroquímicos e seus componentes e afins.</p><p>Figura 4 – Aplicação de herbicidas</p><p>Para o armazenamento de agroquímicos, há regras específicas, de acordo com Lei n° 12.305, de</p><p>agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos.</p><p>A Norma Brasileira nº 9.843 fixa condições exigíveis para o armazenamento adequado de agroquímicos,</p><p>visando garantir a qualidade do produto, bem como a prevenção de acidentes. Essas normas aplicam-se</p><p>aos usuários, fabricantes, transportadores e distribuidores de agroquímicos.</p><p>41</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>A área de estocagem, como o próprio nome diz, destina-se ao armazenamento de produtos</p><p>agroquímicos. Essas áreas devem:</p><p>• ser de alvenaria, com boa ventilação e boa iluminação, não permitindo o acesso de animais;</p><p>• ter afixados placas ou cartazes com símbolos de perigo em locais de boa visibilidade. É permitida</p><p>a sinalização de perigo na área interna, desde que visível logo na entrada do galpão;</p><p>• ser isolada com paredes e mantida fechada a chave;</p><p>• ter o piso cimentado e o telhado resistente, sem goteiras, para permitir que o depósito fique</p><p>sempre seco;</p><p>• manter as instalações elétricas em bom estado de conservação para evitar curto circuito e incêndios;</p><p>• ficar em um local livre de inundações e separado de fontes d’água e de outras construções, como</p><p>residências e instalações para animais;</p><p>• as embalagens devem ser colocadas sobre pallets, evitando contato com o piso, e as pilhas devem</p><p>ser estáveis e afastadas das paredes e do teto;</p><p>• os produtos inflamáveis devem ser mantidos em local ventilado, protegido contra centelhas e</p><p>outras fontes de combustão;</p><p>• não fazer estoque de produtos além das quantidades para uso em curto prazo como uma</p><p>safra agrícola;</p><p>• após haver acumulado uma quantidade de embalagens que justifique o seu transporte de uma</p><p>forma economicamente viável, elas deverão ser levadas para um posto ou central de recebimento</p><p>de embalagens.</p><p>Também a propriedade rural poderá contar com silos e armazéns para estocagem dos seus produtos.</p><p>Os silos e os armazéns são construções indispensáveis ao armazenamento da produção agrícola e</p><p>influem decisivamente na sua qualidade e preço. Considere, ainda, que silos e armazéns podem estar</p><p>localizados tanto antes como dentro e depois da porteira.</p><p>Entretanto, por sua dimensão e complexidade, podem ser fonte de vários e graves acidentes do trabalho.</p><p>Por serem os silos locais fechados, enclausurados, perigosos e traiçoeiros, são conhecidos como espaços</p><p>confinados e são objeto da Norma Regulamentadora nº 33 – Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços</p><p>Confinados, do MTE, pois há grande risco de explosões em locais onde existe muita poeira acumulada.</p><p>Essas explosões ocorrem frequentemente em instalações agrícolas ou industriais onde são processados:</p><p>• farinhas: de trigo, milho, soja, cereais etc.</p><p>• particulados: açúcar, arroz, chá, cacau, couro, carvão, madeira, enxofre, magnésio, eletrometal</p><p>(ligas) etc.</p><p>42</p><p>Unidade I</p><p>O acúmulo de poeira no local de trabalho, depositada nos pisos, elevadores, túneis e transportadores,</p><p>apresenta um risco de incêndio muito grande. Isso ocorre quando uma superfície de poeira de grãos é</p><p>aquecida até o ponto de liberação de gases de combustão que, com o auxílio de uma fonte de ignição</p><p>com energia, dá início ao incêndio. Além disso, a decomposição de grãos pode gerar vapores inflamáveis.</p><p>Às definições de armazéns e silos:</p><p>• Armazéns: compreendem as estruturas de armazenagem cuja carga esteja disponível sob a forma</p><p>solta em grãos: os silos e os armazéns graneleiros e granelizados. Podem-se classificar como</p><p>produtos agrícolas cuja armazenagem ideal se situa nesta categoria, principalmente milho, soja,</p><p>sorgo, trigo e triticale.</p><p>• Silos: unidades armazenadoras caracterizadas por compartimentos estanques ou herméticos, ou</p><p>ainda semi-herméticos. Em virtude da compartimentação disponível, permitem o controle das</p><p>características físicobiológicas dos grãos, já que, embora estes percam a identidade de origem,</p><p>as espécies e padrões agrícolas são armazenados separadamente. De acordo com os materiais</p><p>estruturais, podem ser classificados como: de concreto, metálicos, de alvenaria armada, de</p><p>argamassa armada, de madeira e de fibra de vidro. Quanto à dimensão, são chamados elevados,</p><p>quando a altura faz-se maior que o diâmetro, ou horizontais.</p><p>Os principais parâmetros que devem ser verificados para escolher a unidade armazenadora a ser</p><p>implantada são:</p><p>• tipo de produto a ser armazenado;</p><p>• fatores técnicos e econômicos;</p><p>• custo de instalação e de operação;</p><p>• finalidade a que se destina a unidade;</p><p>• localização.</p><p>4.9.3 Depois da porteira (processamento e distribuição)</p><p>O desenvolvimento de todo o potencial produtivo de uma região depende, sobretudo, da existência</p><p>de um sistema de transporte com eficiência e qualidade para escoar a produção. Uma adequada</p><p>infraestrutura de transportes é fundamental para reduzir os custos do transporte de</p><p>carga, inserindo os</p><p>produtos no mercado nacional e mundial com maior competitividade.</p><p>Na distribuição, estão os intermediários, pessoas ou empresas que compram os produtos dos</p><p>agropecuaristas, repassando-os para outros níveis da comercialização, ou mesmo para intermediários</p><p>maiores, podendo formar uma sucessão de intermediações.</p><p>43</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Figura 5 – Ferrovias</p><p>No processamento, temos as agroindústrias que podem beneficiar, processar ou transformar</p><p>produtos, adquirindo-os diretamente dos produtores ou de intermediários, tanto no mercado avulso,</p><p>como nos mercados dos produtores ou de concentradores, com ou sem vínculos contratuais.</p><p>4.10 Empresário rural</p><p>O Novo Código Civil Brasileiro, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, estabelece, no Livro III,</p><p>capítulo I, título I:</p><p>Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade</p><p>econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.</p><p>Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão</p><p>intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso</p><p>de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir</p><p>elemento de empresa.</p><p>[...]</p><p>Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado</p><p>ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos</p><p>efeitos daí decorrentes (BRASIL, 2002).</p><p>44</p><p>Unidade I</p><p>Resumo</p><p>Vimos nesta unidade os conceitos básicos da administração rural,</p><p>incluindo as escolas das teorias da administração, sua visão sistêmica e</p><p>as divisões dessa visão, em antes da porteira, dentro da porteira e depois</p><p>da porteira, com todas as implicações existentes na administração de uma</p><p>propriedade rural.</p><p>Também fizemos a caracterização das unidades de produção agrícolas,</p><p>com a definição da pequena, média e grande propriedade rural, a</p><p>classificação das propriedades em produtivas e improdutivas, além da</p><p>identificação das unidades de produção, quanto ao uso do solo, recursos</p><p>humanos e infraestrutura.</p><p>Foi visto ainda o papel do administrador e as funções básicas da</p><p>administração rural e o seu papel na função. Foi possível também a</p><p>verificação da remuneração do empresário rural e de como as propriedades</p><p>utilizam seus recursos, inclusive os recursos financeiros.</p><p>Exercícios</p><p>Questão 1. (Enade 2010) Um tecnólogo em gestão ambiental é contratado por uma pequena</p><p>indústria que gera, em seu processo produtivo, alguns tipos de resíduos sólidos. Ao elaborar o plano de</p><p>gerenciamento de resíduos sólidos, ele recorre à NBR 10004/2004.</p><p>Avalie as alternativas que seguem, considerando o estabelecido na NBR 10004/2004.</p><p>I – Os resíduos sólidos são classificados em inertes e não inertes, sendo que os não inertes podem</p><p>ser perigosos e não perigosos.</p><p>II – A classificação de um resíduo é feita com base na identificação de seus constituintes e no</p><p>processo que o originou.</p><p>III – Quando se trata de resíduos tóxicos, as embalagens que os contém (ou continham) seguem a</p><p>mesma classificação dos resíduos.</p><p>IV – Cada tipo de resíduo é identificado por um código formado por uma letra e três algarismos.</p><p>São corretas apenas as afirmativas:</p><p>45</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>A) I e IV.</p><p>B) II e IV.</p><p>C) I, II e III.</p><p>D) I, II e IV.</p><p>E) II, III e IV.</p><p>Resposta correta: alternativa E.</p><p>Análise das afirmativas</p><p>I – Afirmativa incorreta.</p><p>Justificativa: a afirmativa indica que os resíduos são classificados em inertes e não inertes,</p><p>subdividindo os últimos em perigosos e não perigosos. Para efeitos da Norma NBR 10004/2004, os</p><p>resíduos são classificados conforme segue.</p><p>• Resíduos Classe I – Perigosos.</p><p>• Resíduos Classe II – Não perigosos e subdivididos em resíduos Classe II A (não inertes) e resíduos</p><p>Classe II B (inertes).</p><p>II – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: de acordo com a Norma NBR 10004/2004, a classificação dos resíduos é feita segundo</p><p>a identificação de seus constituintes e do processo de origem.</p><p>III – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: a classificação aplicada às embalagens é a mesma aplicada aos resíduos, visto que</p><p>aquelas podem conter resíduos já classificados de acordo com sua constituição e origem.</p><p>IV – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: cada tipo de resíduo é identificado por um código formado por uma letra e três dígitos.</p><p>Por exemplo, resíduos inflamáveis são identificados pelo código D001 e resíduos corrosivos, pelo código</p><p>de identificação D002.</p><p>Questão 2. (Enade 2010) O Código de Águas, estabelecido pelo Decreto Federal nº 24.643, de 1934,</p><p>constitui um marco legal na gestão dos recursos hídricos no Brasil. O código foi instituído em um</p><p>momento de transição, em que o Brasil deixava de ser uma economia agrária para se tornar uma</p><p>economia urbano-industrial.</p><p>46</p><p>Unidade I</p><p>Considerando o Código de Águas, avalie as afirmações que seguem.</p><p>I – A necessidade de preservação das condições da água pelo usuário de jusante perante os usuários</p><p>de montante regulamenta o aproveitamento das águas comuns.</p><p>II – O regime de outorga define que as águas públicas não podem ser derivadas para as aplicações</p><p>da agricultura, da indústria e da higiene sem a existência de concessão administrativa.</p><p>III – A definição do uso prioritário da água para o abastecimento público estabelece a preferência da</p><p>derivação para o abastecimento das populações.</p><p>É correto apenas o que se afirma em:</p><p>A) I.</p><p>B) II.</p><p>C) III.</p><p>D) I e II.</p><p>E) II e III.</p><p>Resposta correta: alternativa E.</p><p>Análise das afirmativas</p><p>I – Afirmativa incorreta.</p><p>Justificativa: a afirmativa I está na ordem contrária em relação aos usuários da água. Os usuários à</p><p>montante (isto é, localizados na parte anterior do curso da água) devem preservar as condições da água</p><p>perante os usuários à jusante (isto é, aqueles localizados na parte posterior do curso da água).</p><p>II – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: o uso de águas públicas, para qualquer finalidade, exige concessão administrativa pelos</p><p>órgãos públicos competentes.</p><p>III – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: o uso de água para abastecimento público é considerado prioritário em relação ao uso</p><p>de água na agricultura e na indústria.</p><p>47</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Unidade II</p><p>TEORIAS E CUSTOS DE PRODUÇÃO: CONCEITOS E APLICAÇÕES</p><p>Antes de qualquer outra informação, vamos adequar a linguagem dos termos econômicos e financeiros.</p><p>5 ECONOMIA</p><p>A economia pode ser definida como o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem empregar</p><p>recursos escassos, que poderiam ter utilizações alternativas, para produzir bens variados.</p><p>O estudo econômico pode ser dividido em: macroeconomia e microeconomia. A primeira,</p><p>macroeconomia, analisa o comportamento da economia como um todo, por meio de preços e quantidades</p><p>absolutos. Fazem parte dela os movimentos globais nos preços, na produção ou no emprego. Já a</p><p>microeconomia estuda o comportamento de cada molécula econômica do sistema, por meio de preços</p><p>e quantidades relativas. Para exemplificar, pode‑se citar a análise do funcionamento de empresas, ou o</p><p>comportamento de pessoas.</p><p>5.1 Recursos financeiros</p><p>Um recurso é um meio, podendo ser de todo o tipo, que possibilita obter algo que se pretende. O</p><p>dinheiro, por exemplo, é um recurso indispensável para se comprar uma casa. As finanças, por outro</p><p>lado, dizem respeito aos bens, às posses e ao dinheiro que circula. Por isso, os recursos financeiros</p><p>são os ativos, que têm algum grau de liquidez. O dinheiro em numerário, os créditos, os depósitos em</p><p>entidades financeiras (bancos, por exemplo), as divisas internacionais e as posses em ações fazem parte</p><p>dos chamados recursos financeiros.</p><p>5.2 Cesta de bens</p><p>Um consumidor é um agente que pode escolher quanto consumir de cada bem. Os bens de consumo</p><p>estão divididos em duráveis, semiduráveis e não duráveis. Os bens de consumo não duráveis são aqueles</p><p>feitos para serem consumidos imediatamente (sorvetes, chocolate, alimentos etc.). Os bens de consumo</p><p>duráveis são aqueles que podem ser utilizados várias vezes</p><p>durante longos períodos (um automóvel,</p><p>uma máquina de lavar roupas, uma geladeira, um fogão etc.). Os semiduráveis podem ser considerados</p><p>os calçados e roupas, que vão se desgastando aos poucos.</p><p>5.3 A restrição orçamentária</p><p>Imagine um consumidor que deva escolher quanto consumir de cada bem sujeito à restrição de que</p><p>ele não pode gastar mais do que sua renda monetária (relativo ao dinheiro que possui).</p><p>48</p><p>Unidade II</p><p>5.4 Mercadoria</p><p>É aquilo que está à venda, que se constitui objeto de comércio.</p><p>5.5 Mercado</p><p>Mercado é definido como o ambiente social (ou virtual, devido à internet) propício às condições para</p><p>a troca de bens e serviços. Também se pode entender como sendo a instituição ou organização mediante</p><p>a qual os ofertantes (vendedores) e os demandantes (compradores) estabelecem uma relação comercial</p><p>com o fim de realizar transações, acordos ou trocas comerciais.</p><p>5.6 Aversão ao risco</p><p>Risco é a possibilidade de perda financeira. Os conceitos de risco, retorno e custo de oportunidade</p><p>devem nortear as decisões sobre investimentos. O risco pode ser considerado como sinônimo de incerteza</p><p>e desta forma refere‑se à variação das taxas de retorno.</p><p>Para o administrador avesso ao risco, o retorno exigido aumenta quando o risco se eleva. Se esse</p><p>administrador tem medo do risco, exige um retorno esperado mais alto para compensar o risco mais elevado.</p><p>Para o administrador propenso ao risco, o retorno exigido cai se o risco aumenta. Teoricamente,</p><p>como gosta de correr riscos, esse tipo de administrador está disposto a abrir mão de algum retorno para</p><p>assumir maiores riscos.</p><p>Em sua maioria, os administradores são avessos ao risco. Para certo aumento de risco, exigem</p><p>aumento de retorno. Geralmente, tendem a ser conservadores, e não agressivos, ao assumir riscos em</p><p>nome das empresas.</p><p>São conhecidos como fontes de risco específicos da empresa:</p><p>• Risco operacional: envolvem erros humanos, de máquinas e softwares que são muito importantes</p><p>ao funcionamento do sistema.</p><p>• Risco financeiro: ligados a operações financeiras, como crédito e liquidez, por exemplo.</p><p>• Risco de taxa de juros: como o próprio nome nos permite intuir, está ligado ao risco em que o</p><p>agente econômico incorre pela volatilidade da taxa de juros.</p><p>• Risco de liquidez: que é a possibilidade de a empresa não ser capaz de honrar obrigações assumidas.</p><p>• Risco de mercado: ligado à possibilidade de desvalorização do ativo. Essa desvalorização pode ser</p><p>decorrente de volatilidades cambiais, monetárias e outros.</p><p>49</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>5.7 Contratos futuros para proteção (hedge)</p><p>O mercado futuro foi criado para funcionar como uma espécie de garantidor de preço, oferecendo</p><p>proteção ao investidor em meio às oscilações inerentes ao mercado de renda variável. Na prática, os</p><p>contratos futuros garantem que os participantes do mercado (compradores e vendedores) conseguirão</p><p>negociar seus ativos a um determinado preço até determinada data.</p><p>Esse tipo de derivativo é essencial para diversos setores econômicos, tais como: aqueles que precisam</p><p>garantir um preço de venda de commodities para cobrir os custos de produção ou extração; aqueles</p><p>que precisam garantir um preço de compra de commodities para assegurar uma margem de revenda;</p><p>aqueles que precisam estabelecer um limite de oscilação de câmbio para a compra de equipamentos</p><p>ou a realização de transações indexadas em moedas estrangeiras; aqueles que precisam proteger</p><p>temporariamente o valor de suas carteiras de ações e outros valores mobiliários, entre outros.</p><p>5.7.1 Hedge de compra de contratos futuros de commodities</p><p>A compra de contratos futuros com a intenção de hedge é feita por aqueles que se comprometeram</p><p>a entregar uma determinada mercadoria numa data futura e estão preocupados que o preço no mercado</p><p>físico possa subir nesse ínterim.</p><p>5.7.2 Hedge de venda de contratos futuros de commodities</p><p>A venda de contratos futuros com a intenção de hedge é feita por aqueles que produzem, armazenam,</p><p>processam ou distribuem uma commodity e seriam profundamente afetados se os preços no mercado</p><p>físico declinassem.</p><p>5.7.2.1 Exemplo de compra de contratos futuros de commodities</p><p>Suponha que você seja o proprietário de uma fábrica de bolos e tenha como principal cliente uma</p><p>rede de supermercados. Certo dia, esse grande cliente resolve fazer uma grande encomenda de bolo de</p><p>milho para ser entregue daqui a seis meses. Para atender a quantidade de bolos encomendada, você,</p><p>por sua vez, terá de fazer a maior compra de milho da história de sua companhia. Além de não ter onde</p><p>armazenar tamanha quantidade de milho durante esses seis meses, você também não pode correr o</p><p>risco dessa mercadoria estragar enquanto estiver armazenada.</p><p>Assim, você resolve deixar para comprar a matéria‑prima para o bolo (milho) no mês anterior ao</p><p>início das entregas da grande encomenda. Qual o seu risco? Que o preço do milho no mercado físico</p><p>dispare e fique impraticável produzir o bolo de milho e vendê‑lo pelo preço previamente acertado com</p><p>o seu melhor cliente. Se o preço do milho disparar e você desistir da encomenda, você perde o cliente</p><p>e deixa de faturar; se você decide honrar com seu compromisso junto ao cliente, você tem prejuízo.</p><p>Qual a solução?</p><p>A solução seria ter comprado um contrato futuro de milho para entrega física no mês de sua</p><p>preferência e a um preço que lhe permita lucrar com a produção desta grande encomenda de bolo de</p><p>50</p><p>Unidade II</p><p>milho. Para comprar esse contrato de milho, você precisa manter depositado como garantia, até sua</p><p>data de vencimento, 5,49% de seu valor. A sua posição de compra será ajustada diariamente conforme</p><p>a oscilação da cotação do milho no mercado futuro.</p><p>5.7.2.2 Exemplo de venda de contratos futuros de commodities</p><p>Suponha que você seja um produtor de soja. Antes de produzi‑la, você levanta os custos de produção</p><p>de uma saca do produto e chega ao valor de US$ 15,00. Logo em seguida, você checa em seu monitor de</p><p>cotações qual o preço de negociação do contrato futuro de soja com vencimento em meados do ano</p><p>seguinte: US$ 22,00.</p><p>Assim, você chega à conclusão que o potencial de lucro de sua produção é de US$ 7,00 por saca e</p><p>decide fazer uma operação de hedge para garantir esse preço de venda: você vende x contratos futuros</p><p>de soja com vencimento em meados do próximo ano.</p><p>Imagine se o mercado de soja desabasse ao longo deste ano e na data de vencimento de seu contrato</p><p>a saca de soja estivesse cotada a US$ 10,00. Se você não tivesse vendido o contrato e tivesse de vender</p><p>sua produção no mercado físico, teria amargado um prejuízo de US$ 5,00 por saca.</p><p>5.8 Retorno de investimento</p><p>O retorno de um investimento corresponde ao total de ganhos ou de prejuízos proporcionados por</p><p>ele durante um intervalo de tempo. Podemos afirmar que retorno é a possibilidade de perda ou ganho</p><p>de um investimento, e o seu resultado poderá ser positivo ou negativo. Por exemplo:</p><p>• No ano passado, um investimento teve um valor de mercado de R$ 30.000,00, gerando um fluxo</p><p>de caixa durante esse ano de R$ 2.500,00. Considerando‑se que o atual valor de mercado do</p><p>investimento é de R$ 31.000, qual a taxa de retorno do investimento? (Kt = taxa de retorno</p><p>exigida ou esperada)</p><p>Kt = 31.000 – 30.000 + 2.500 = 11,67%</p><p>30.000</p><p>5.9 Plano de produção</p><p>Um plano de produção é uma combinação de determinadas quantidades de insumos ou fatores de</p><p>produção necessários para produzir determinadas quantidades de produtos.</p><p>5.10 Modos de produção</p><p>Os modos de produção são formados pelo conjunto das forças produtivas e pelo conjunto das</p><p>relações de produção, na sua interação, num certo estágio de desenvolvimento.</p><p>51</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>5.11 Função de produção</p><p>É a relação que indica a quantidade máxima que se pode obter de um produto, por unidade de</p><p>tempo, a partir da utilização de uma determinada quantidade de fatores de produção, e mediante a</p><p>escolha do processo de produção mais adequado.</p><p>5.12 Longo prazo</p><p>Definimos por longo prazo o horizonte de tempo</p><p>para o qual a empresa é capaz de ajustar o emprego</p><p>de todos os seus fatores de produção.</p><p>5.13 Curto prazo</p><p>No curto prazo, a empresa é incapaz de mudar o emprego de alguns fatores de produção. Tais fatores</p><p>são chamados fatores fixos de produção. Os outros fatores são chamados fatores de produção variáveis.</p><p>Por exemplo, análise da produção em curto prazo.</p><p>Análise de uma fazenda que produz trigo:</p><p>Suposição:</p><p>Área cultivável permanecerá fixa, 10 hectares;</p><p>Mão de obra será o fator de produção variável.</p><p>q = f ( T, L )</p><p>Onde: T = Terra e L = Trabalho</p><p>Logo, q = f ( L )</p><p>6 CAPITAIS: DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES</p><p>O controle gerencial é uma ferramenta que vem ocupando um espaço imprescindível na</p><p>rotina de trabalho do produtor rural. Eles têm à disposição tecnologia para gerenciamento de</p><p>todas as atividades desenvolvidas na propriedade, em busca de um ponto de equilíbrio para a</p><p>sustentabilidade da produção. Assim, contabilizam despesas e receitas em planilhas eletrônicas,</p><p>com resultados cada vez mais precisos, na busca de um ponto de equilíbrio para a sustentabilidade</p><p>da produção.</p><p>6.1 Classificação do capital</p><p>Segundo conceito que interessa à empresa agrícola, é definido como capital a terra, uma plantação,</p><p>uma obra de drenagem ou de irrigação, uma máquina, uma ferramenta, um animal de trabalho ou de</p><p>52</p><p>Unidade II</p><p>criação, certa porção de adubo ou de semente, o dinheiro depositado, os títulos de créditos etc., isto é,</p><p>tudo que concorra para a produção.</p><p>• Capital fixo: a terra e os melhoramentos de efeito prolongado nela introduzidos são capitais</p><p>fixos, como também o são os edifícios e as plantações de culturas permanentes, as máquinas e</p><p>implementos e o gado bovino e equino.</p><p>• Capital ou ativo circulante: corresponde aos bens de produção de gasto imediato, os quais por se</p><p>consumirem totalmente no ato da aplicação mudam de forma. As sementes, os fertilizantes e os</p><p>alimentos para o gado são exemplos de capital circulante.</p><p>6.2 A classificação do capital agrário</p><p>No capital agrário fundiário é possível encontrar solos desprovidos de melhoramentos e os próprios</p><p>melhoramentos fundiários.</p><p>Já no capital de exploração estão elencados o capital fixo, que inclui animais de trabalho e de renda</p><p>e motores, máquinas, ferramentas etc.; e o capital circulante, em que está incluído aquele que tem uma</p><p>duração não superior a um exercício agrícola e inclui dinheiro para pagamento de salários, sementes,</p><p>adubos, defensivos, impostos, combustíveis, fretes, animais destinados a engorda e venda etc.</p><p>6.3 Custos econômicos e custos contábeis</p><p>Contábeis são os custos medidos em termos de valores pagos por uma firma na aquisição de seus</p><p>insumos de produção.</p><p>Econômicos ou de oportunidade são os custos medidos em termos do ganho advindo do melhor uso</p><p>alternativo dos insumos de produção.</p><p>A seguir você encontrará as diferenças entre custos contábeis e econômicos, que envolvem os</p><p>seguintes fatores:</p><p>• Os custos contábeis são baseados em valores no momento da aquisição dos bens, e os custos</p><p>econômicos são baseados nos valores atuais.</p><p>• Custos contábeis não incluem custos implícitos, mas apenas os econômicos – talvez o mais</p><p>importante deles seja o de oportunidade do capital.</p><p>6.4 A função de custo</p><p>A função de custo é aquela que associa a cada quantidade de produto y o custo total (CT) mínimo</p><p>ao qual a firma deve incorrer para produzir essa quantidade. Evidentemente, esse custo depende, além</p><p>da quantidade produzida, dos preços dos insumos de produção.</p><p>53</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>6.4.1 Custos fixo e variável</p><p>O custo total (CT) de uma empresa pode ser dividido em:</p><p>• Custo variável: parcela do custo correspondente à contratação de fatores variáveis, como mão</p><p>de obra.</p><p>• Custo fixo (CF): parcela do custo correspondente à contratação de fatores fixos. Caso todos os fatores</p><p>de produção sejam variáveis, o custo fixo será nulo e o custo total coincidirá com o custo variável.</p><p>6.4.2 Custos de produção</p><p>Para fins de análise econômica, o termo custo significa a compensação que os donos dos fatores de</p><p>produção, utilizados para produzir determinado bem ou serviço, devem receber para que eles continuem</p><p>fornecedores desses fatores. A determinação de custo é feita com várias finalidades. Para o agricultor,</p><p>servem como elemento auxiliar de sua administração na escolha das culturas, criações e práticas a</p><p>serem utilizadas.</p><p>6.4.3 Classificação dos custos</p><p>Os custos podem ser classificados em:</p><p>• custos fixos totais: aqueles que não variam com a quantidade produzida;</p><p>• custos variáveis totais: aqueles que variam de acordo com o nível de produção da empresa;</p><p>• custo médio: é obtido dividindo o custo total pelo número de unidades produzidas;</p><p>• custo operacional: de acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA), os custos operacionais</p><p>englobam o valor dos insumos consumidos, o custo de máquinas e implementos utilizados sem</p><p>considerar juros e também o valor da mão de obra utilizada;</p><p>• juros: todo o capital empregado deve ser atribuído a um juro calculado a uma taxa normal;</p><p>• conservação: custo anual necessário para o bem de capital em condição de uso;</p><p>• riscos: soma que se considera a cada ano para formar um fundo que permita pagar os danos imprevistos;</p><p>• depreciação: custo necessário para substituir o bem de capital quando tornado inútil por desgaste</p><p>físico ou obsolescência.</p><p>Os dados de custos de produção, além de sua importância para a administração rural, são também</p><p>intensamente utilizados em nível de governo, como subsídios às políticas de crédito rural e de preços mínimos.</p><p>54</p><p>Unidade II</p><p>A estrutura de custo de produção é constituída pelos seguintes componentes:</p><p>• Despesa com operação: são os custos com as operações agrícolas, isto é, o produto dos fatores</p><p>utilizados por hectare multiplicado pelo seu preço. No caso de mão de obra, considera‑se o preço</p><p>horário sem encargos, que pode ser estimado considerando o salário mensal dividido por 24 dias</p><p>úteis e por 8 horas diárias. No caso de trator e equipamentos, é considerado o custo de operação</p><p>por hora de uso, envolvendo combustíveis, reparos, filtros e demais itens de manutenção, visando</p><p>dispor da máquina ou equipamento em condições de operação.</p><p>• Despesas com operações realizadas com empreita, pagas por hectare ou por unidade de produto.</p><p>• Despesas com material consumido: quantidade de cada material consumido por hectare</p><p>multiplicado pelo preço de aquisição ou valor de reposição.</p><p>• A soma das despesas por hectare A, B e C constitui o custo operacional efetivo (COE), que é o</p><p>dispêndio efetivo (desembolso) realizado pelo produtor para obter determinada produção de dado</p><p>produto por hectare.</p><p>• Outros custos operacionais: têm a finalidade de alocar na atividade produtiva, em análise, parte</p><p>das despesas gerais da empresa agrícola, a fim de se avaliar com mais precisão os custos e retornos</p><p>da atividade, como a depreciação de máquinas, encargos diretos, CESSR – que é a Contribuição</p><p>Especial para Seguridade Social Rural –, seguros, encargos financeiros – juros sobre empréstimos,</p><p>por exemplo –, despesas com administração e outras taxas a serem pagas pela atividade.</p><p>6.5 Estimativas de custo na produção agropecuária</p><p>Armazenagem e manuseio de mercadorias são componentes essenciais do conjunto de atividades</p><p>logísticas. Seus custos podem absorver de 10 a 40% das despesas logísticas da empresa. Ao contrário</p><p>do sistema de transporte, que ocorre entre locais e tempos diferentes, a armazenagem e o manuseio de</p><p>materiais acontece, na grande maioria das vezes, em localidades fixas.</p><p>Atualmente, a maioria das empresas está empenhando‑se em eliminar etapas dentro do processo</p><p>de distribuição, no sistema logístico. Todo material que está em um canal de distribuição ou em um</p><p>armazém resulta em custo ao sistema. E uma das ações que ajudam a reduzir os custos é por meio da</p><p>utilização do crossdocking.</p><p>Crossdocking é uma técnica aplicada na distribuição de mercadorias, tendo como ponto de partida</p><p>a transposição de cargas de um veículo</p><p>pesado para veículos leves de cargas. Essa operação é realizada</p><p>em docas e temos em mente a perfeita sincronização entre recebimento e expedição para que seja</p><p>viabilizado o processo.</p><p>Após a chegada às docas de recebimento, os veículos pesados carregados de mercadorias vindos de</p><p>fornecedores, essa mercadoria é descarregada, separada, etiquetada e destinada a veículos leves para a</p><p>entrega nos destinos previamente conhecidos. Esse cruzamento é feito sem que haja o prévio estoque</p><p>dessas mercadorias.</p><p>55</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>6.6 Funções da armazenagem</p><p>São funções da armazenagem:</p><p>• Reduzir custos de transporte e produção: a estocagem de produtos em diversas localidades</p><p>tende a reduzir custos de transporte pela compensação nos custos de produção e estocagem. Por</p><p>conseguinte, os custos totais de fornecimento e distribuição dos produtos podem ser diminuídos.</p><p>• Coordenação de suprimento e demanda: empresas que têm produção fortemente sazonal com</p><p>demanda por produtos razoavelmente constante enfrentam o problema de coordenar suprimento</p><p>com a necessidade de produtos.</p><p>• Auxiliar o processo de produção: determinados processos de produção certamente influenciam</p><p>necessidade de espaço físico para armazenagem. A manufatura de certos produtos como queijo e</p><p>bebidas alcoólicas requer um período de tempo para maturação ou envelhecimento.</p><p>6.7 Custo de estoque</p><p>Quanto ao custo de estoque, citamos:</p><p>• Custo do pedido: os custos fixos são associados aos salários do pessoal envolvido na emissão dos</p><p>pedidos e não são afetados pela política existente de estoque. Os custos variáveis consistem nas</p><p>fichas de pedidos e nos processos de enviar esses pedidos aos fornecedores, bem como todos os</p><p>recursos necessários para tal procedimento.</p><p>• Custo de manutenção de estoque: altos volumes, demasiado controle e enormes espaços</p><p>físicos, sistemas de armazenagem e movimentação e pessoal alocado, equipamentos e sistemas</p><p>de informações específicos, impostos e seguros de incêndio e roubo decorrente dos materiais</p><p>estocados. Além disso, os itens estão sujeitos a perdas, roubos e obsolescência.</p><p>• Custo por falta de estoque: não entregar ou atrasar um produto por falta de um item causa enormes</p><p>transtornos ao cliente (imagem, custos, confiabilidade, concorrência) e também pode prejudicar o</p><p>produtor se perder o prazo para adubação do solo, reduzindo assim a sua produtividade.</p><p>6.8 Teoria da Firma</p><p>A Teoria da Firma, modelo teórico de suporte aos questionamentos levantados pela Teoria</p><p>Microeconômica, analisa o comportamento dos produtores e vendedores de mercadorias diante do</p><p>processo de produção. Segundo Ferguson (1983), vários livros‑textos conceituam produção como</p><p>“criação de utilidades”, conforme a qual “utilidade” significaria a capacidade de um bem ou serviço de</p><p>satisfazer uma necessidade humana.</p><p>Partindo da noção de que as empresas são agentes maximizadores de resultados, a Teoria da Firma</p><p>procura estudar e responder como as firmas combinam a utilização dos fatores de produção necessários</p><p>à criação de “coisas úteis” e o quanto gastam para produzir bens e serviços. Dessa forma, subdivide‑se em</p><p>56</p><p>Unidade II</p><p>Teoria da Firma e Teoria dos Custos de Produção. Do mesmo modo, a Teoria da Firma preocupa‑se mais, por</p><p>convenção, em dar explicações referentes à produção de bens materiais do que com a prestação de serviços.</p><p>6.9 Teoria da produção</p><p>Nas partes iniciais dessa nossa descoberta pela Teoria Econômica, vimos que uma das funções</p><p>básicas a ser desempenhada pelas empresas capitalistas é prover a sociedade daquilo de que necessita,</p><p>ou seja, as empresas devem produzir mercadorias que sejam úteis e atendam às necessidades de</p><p>consumo dos indivíduos.</p><p>Nesses termos, para que as empresas exerçam seu papel de produtoras de mercadorias, elas devem</p><p>decidir em primeiro lugar que tipo de mercadoria deve ser produzida e em quais quantidades. Como se</p><p>não bastasse essa decisão bastante difícil, cabe às empresas ainda a decisão de como efetuar a produção</p><p>das mercadorias que foram escolhidas.</p><p>Responder à parte do problema econômico fundamental em nada parece uma tarefa fácil para as empresas,</p><p>principalmente em relação à forma como será dada a produção das mercadorias. Determinar como as mercadorias</p><p>serão produzidas implica a escolha e utilização de uma técnica de produção, por vezes muito específica, bem</p><p>como implica a determinação de que tipo de fator de produção deve ser utilizado e em quais quantidades.</p><p>Nestes termos, implica novamente problemas de escolha, já que optar por uma técnica de produção</p><p>ou a utilização de algum fator de produção em um determinado período de tempo implica a renúncia</p><p>de outras técnicas disponíveis e da utilização de outros fatores.</p><p>A Teoria da Produção dá suporte às análises das relações entre produzir mercadorias e a utilização</p><p>dos insumos necessários à produção. Por fim, mas não menos importante, a Teoria da Firma dá suporte</p><p>à análise da demanda das empresas com relação aos fatores de produção de que utilizam.</p><p>Neste aspecto, as empresas desempenham duplo papel:</p><p>• de consumidores de meios de produção;</p><p>• de fornecedores de bens.</p><p>Procedendo então a algumas definições interessantes e necessárias ao perfeito entendimento da</p><p>Teoria da Produção, estabeleceremos que as empresas ou as firmas são aquelas unidades técnicas</p><p>que produzem bens, ou seja, agentes que transformam fatores de produção – bens intermediários,</p><p>portanto – em bens finais, sejam de consumo durável ou não durável ou até bens de capital.</p><p>Dessa forma, então, se a produção, como disse Ferguson (1983), é “a criação de utilidades”,</p><p>chamaremos daqui em diante de produção o ato de transformar fatores adquiridos pelas empresas em</p><p>produtos para venda ao mercado. Se o processo de produção será representado por uma técnica de</p><p>combinação e utilização de meios de produção com o objetivo de produzir um bem, então, podemos</p><p>designar uma função de produção.</p><p>57</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Função de produção = Q = ƒ (x1, x2, x3, x4,..., xn), em que:</p><p>Q = quantidade de produção;</p><p>x1, x2, x3, x4,..., xn = quantidades utilizadas de cada um dos fatores de produção envolvidos.</p><p>Sabendo‑se que a produção dos mais variados bens depende, em maior ou menor grau, da existência</p><p>de fatores de produção fixos e de fatores de produção variáveis, podemos reescrever nossa função de</p><p>produção anteriormente apresentada:</p><p>Função de produção = Q = ƒ (x1, x2), em que:</p><p>• Q = quantidade de produção;</p><p>• x1 = quantidades utilizadas de um fator de produção fixo ou quantidades utilizadas de fatores de</p><p>produção fixos;</p><p>• x2 = quantidades utilizadas de um fator de produção variável ou quantidades utilizadas de fatores</p><p>de produção variáveis.</p><p>Efetuadas as simplificações, devemos proceder às definições do que seja fator de produção fixo e</p><p>fator de produção variável.</p><p>Por fatores de produção fixos, entenderemos aqueles cujas quantidades utilizadas não sofrem</p><p>variações de acordo com as modificações nos níveis de produção, ou seja, independentemente da</p><p>produção, eles existem. É o exemplo das máquinas e equipamentos que as empresas compram, bem</p><p>como as instalações imóveis em que estão as empresas, sejam em instalações próprias ou de terceiros.</p><p>Figura 6 – Colheitadeiras</p><p>Por fatores de produção variáveis, entenderemos aqueles cujas quantidades utilizadas sofrem</p><p>variações de acordo com as modificações nos níveis de produção, ou seja, as quantidades utilizadas</p><p>58</p><p>Unidade II</p><p>modificam‑se na medida em que há variação na produção, tanto para maior quantidade produzida</p><p>quanto para menores. Exemplos mais usuais para o caso de fatores de produção variáveis são as</p><p>matérias‑primas, mão de obra direta empregada na produção, assim como a energia elétrica.</p><p>Figura 7 – Mão de obra agrícola</p><p>É necessário ainda diferenciar os períodos de produção:</p><p>• Produção de curto prazo: na função de produção, há pelo menos um fator de produção fixo e os</p><p>demais variáveis.</p><p>• Produção de longo prazo: na função de produção, todos os fatores</p><p>de produção tornam‑se variáveis.</p><p>Procedendo então a uma análise de produção de curto prazo, em que, na função de produção, há pelo</p><p>menos um fator de produção fixo, sendo os demais variáveis, se um empresário qualquer desejar aumentar</p><p>sua produção, deverá fazê‑lo aumentando as quantidades utilizadas do fator de produção variável.</p><p>De forma análoga, se necessitar diminuir as quantidades produzidas, deverá proceder a essa</p><p>diminuição por meio do desemprego de fatores variáveis. Portanto, se, em curto prazo, as quantidades</p><p>produzidas sofrem variação por meio dos fatores variáveis, temos que:</p><p>∆Q = ƒ (∆x2)</p><p>em que: ∆Q = variação da quantidade produzida</p><p>(∆x2) = variação da quantidade utilizada do fator de produção variável</p><p>Neste caso, a quantidade produzida para que possa variar dependerá da variação da quantidade</p><p>utilizada do fator variável, já que não houve variação das quantidades utilizadas do fator de produção</p><p>fixo. Mais do que essa simples noção, a variação da produção, apesar da contribuição das modificações</p><p>das quantidades dos fatores de produção variáveis, dependerá também da capacidade produtiva das</p><p>unidades utilizadas de fatores fixos.</p><p>59</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Figura 8 – Combinação de fatores de produção: fixos e variáveis</p><p>Diante disto, podemos deduzir mais algumas relações importantes para o estudo da Teoria da</p><p>Produção. Trata‑se dos conceitos de produto total, produto total do fator variável, produtividade média</p><p>do fator variável e, por fim, produtividade marginal do fator variável (PASSOS; NOGAMI, 2003).</p><p>• Produto total: a quantidade do produto que se obtém diante da utilização de fatores de produção</p><p>fixos e variáveis.</p><p>• Produto total do fator variável: a quantidade do produto que se obtém diante da utilização</p><p>do fator variável, mantendo‑se fixa a quantidade dos demais fatores de produção, e pode ser</p><p>representado por:</p><p>∆Q = ƒ (∆x2)</p><p>Como é necessário ter em mente que existe certa proporção razoável na combinação da utilização de</p><p>quantidades de fatores de produção variáveis para uma mesma quantidade de fatores de produção fixos,</p><p>devemos conhecer a medida de contribuição dos fatores de produção variáveis para a produção</p><p>total, e esta medida será dada pela produtividade média do fator variável. Portanto,</p><p>PMe = Q/x2</p><p>em que: PMe = produtividade média do fator variável</p><p>Q = quantidade de produto</p><p>x2 = quantidade utilizada do fator variável</p><p>Mas não basta apenas conhecer a contribuição média de cada um dos fatores de produção variáveis</p><p>que são utilizados conjuntamente com os fatores fixos, pois, para cada nível de produção que cresce ou</p><p>decresce, ocorre inclusão ou exclusão de fatores variáveis durante a produção.</p><p>60</p><p>Unidade II</p><p>Dessa forma, devemos conhecer outra medida, mais importante do que a produtividade média do</p><p>fator variável. Esta nova medida é a produtividade marginal do fator variável, que será descoberta a</p><p>partir de:</p><p>PMg = ∆Q/∆x2</p><p>em que: PMg = produtividade marginal do fator variável</p><p>∆Q = variação do produto</p><p>∆x2 = variação das quantidades utilizadas de fator variável</p><p>Entenderemos por PMg a relação entre as variações do produto total e as variações da quantidade</p><p>utilizada de fator variável (WESSELS, 2002). Afirmamos anteriormente que essa medida tem maior</p><p>importância do que PMe, por conta de um fenômeno verificado nas relações de produção, e este</p><p>fenômeno é explicado pela Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes.</p><p>Essa lei explica que, quando aumentamos a quantidade de um fator na produção mantendo constantes</p><p>os demais fatores empregados, a produtividade marginal desse fator variável passa a diminuir a partir de</p><p>certo ponto. Imagine, por exemplo, uma fábrica de roupas que possa ter sua atividade produtiva assim</p><p>sistematizada:</p><p>• capital: máquinas de costura;</p><p>• trabalho: mão de obra empregada na fábrica – portanto, costureiras;</p><p>• sede: local onde estão reunidos capital e trabalho para produção de roupas.</p><p>Observação</p><p>Está claro que uma fábrica de roupas utiliza muito mais fatores do que</p><p>os que acabamos de selecionar. Nossa seleção é apenas para simplificação</p><p>da explicação.</p><p>O capital e a sede são exemplos de fator de produção fixo, constante, enquanto a mão de obra é</p><p>variável. Primeiro, vamos variar o que é mais fácil, o trabalho, mantendo constantes o estoque de capital</p><p>e o tamanho da sede. No início, cada costureira que é admitida adiciona, por meio de seu trabalho, uma</p><p>produção marginalmente crescente.</p><p>Por exemplo, cinco trabalhadores produzem em média mais que três, pois há a possibilidade de um</p><p>aperfeiçoamento da divisão técnica da produção.</p><p>Mas, se procedermos à seguinte divisão das tarefas de produção, teríamos outro resultado. Vejamos:</p><p>enquanto três trabalhadoras operam três máquinas, outra organiza a matéria‑prima a ser utilizada</p><p>pelas operadoras das máquinas e outra organiza a produção daquelas três trabalhadoras. Nesse trecho,</p><p>61</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>portanto, a produção total cresceria a taxas crescentes pelo acréscimo de mais trabalhadoras, uma vez</p><p>que a produtividade marginal delas seria crescente.</p><p>A partir de um ponto, cada nova trabalhadora que é adicionada ao processo de produção</p><p>também adicionaria aumento à produção total. Contudo, essa adição passaria a ter um acréscimo</p><p>marginalmente decrescente.</p><p>Esta nova trabalhadora inserida no processo de trabalho aumentaria a produção total, mas um</p><p>pouco menos que a trabalhadora previamente inserida, ou seja, nessa fábrica hipotética, enquanto três</p><p>costureiras operam três máquinas, duas organizariam a matéria‑prima e outras duas passam a organizar</p><p>toda a produção.</p><p>Supondo que a velocidade de produção das máquinas, caracterizadas aqui enquanto fator fixo de</p><p>produção, seja menor que a capacidade de organização das trabalhadoras em empreender a entrada</p><p>de matéria‑prima e saída de produção total de roupas, a adição dessas duas novas trabalhadoras ajudaria, mas</p><p>essa contribuição não mais seria tão determinante quanto a contribuição das duas primeiras trabalhadoras.</p><p>Nesse momento, portanto, a produção total cresceria a taxas decrescentes em decorrência do</p><p>acréscimo de mais trabalhadoras, uma vez que a produtividade marginal delas seria decrescente. Por fim, o</p><p>acréscimo de mais uma costureira nesse ritmo decrescente de produtividade marginal levaria a um ponto</p><p>em que o ingresso de mais trabalhadoras, ao invés de aumentar a produção total, a reduziria. Ainda nesse</p><p>contexto, pense em que o número de empregados na entrada e na saída da produção comece a gerar um</p><p>perigoso congestionamento (por falta de espaço, uma vez que a sede estaria em tamanho constante) e/ou</p><p>ociosidade (pelo fato de o número de máquinas ser constante) que levem à ineficácia de suas funções.</p><p>Nesse trecho, portanto, a produção total decresceria a taxas crescentes pelo acréscimo de mais</p><p>trabalhadores, uma vez que a produtividade marginal deles seria negativa e crescente nesses termos.</p><p>Mais um exemplo: vamos variar outro fator de produção, qual seja, o capital, e manteremos constante</p><p>tanto o número de costureiras, daqui em diante chamadas simplesmente de trabalhadoras, e também</p><p>constante o tamanho da sede.</p><p>No início, cada nova máquina que é inserida no processo de produção adiciona com o seu trabalho</p><p>uma produção marginalmente crescente. Exemplificando, cinco máquinas produzem em média mais</p><p>que duas, pois há também a possibilidade de um aperfeiçoamento da divisão técnica da produção.</p><p>Poderíamos admitir que, enquanto duas máquinas produzem uma cor de tecido, outras três</p><p>produzem sem precisar alternar a entrada de matéria‑prima. Nesse momento, portanto, a produção</p><p>total cresceria a taxas crescentes pelo acréscimo de mais máquinas, uma vez que a produtividade</p><p>marginal delas seria crescente.</p><p>A partir de certo instante, cada nova máquina que entra no processo de produção também contribuiria</p><p>para um aumento à produção total. Contudo, essa adição passaria a ter um acréscimo marginalmente</p><p>decrescente, ou seja, ela aumentaria a produção</p><p>total, mas um pouco menos que a máquina inserida</p><p>antes dela.</p><p>62</p><p>Unidade II</p><p>De outra forma, se uma nova máquina exigir que um trabalhador tenha que se dividir entre uma</p><p>máquina e outra, aumentando a chance de erros por parte deste trabalhador, a produção total cresceria</p><p>a taxas decrescentes pelo acréscimo de mais máquinas, uma vez que a produtividade marginal delas</p><p>seria decrescente.</p><p>Por fim, o acréscimo de mais uma máquina nesse ritmo decrescente de produtividade marginal levaria</p><p>a um ponto que o ingresso de mais uma máquina, ao invés de aumentar a produção total, a reduziria.</p><p>Exemplificando, poderia haver um problema de espaço na sede, diminuindo ou limitando o espaço de</p><p>circulação de matéria‑prima ou até mesmo sacrificando o espaço utilizado pelos próprios trabalhadores.</p><p>Portanto, a produção total decresceria a taxas crescentes pelo acréscimo de mais máquinas, uma vez</p><p>que a produtividade marginal delas seria negativa e crescente nesses termos.</p><p>Com novo exemplo, agora variando outro fator de produção que não é tão fácil quanto os demais,</p><p>o tamanho da sede, e mantendo constantes o número de trabalhadoras e o estoque de capital, vejamos</p><p>o que ocorre.</p><p>No início, cada m² ampliado permite uma produção marginalmente crescente. Ou seja, pode</p><p>haver mais espaço para armazenamento de matéria‑prima e aumento do espaço para circulação das</p><p>trabalhadoras, contribuindo assim para a maior eficácia da divisão técnica da produção. Nesse trecho,</p><p>portanto, a produção total cresceria a taxas crescentes pelo acréscimo de mais m² ao tamanho da sede,</p><p>uma vez que a produtividade marginal desse espaço seria crescente.</p><p>Desse ponto em diante, cada m² ampliado também adicionaria um aumento da produção total.</p><p>Contudo, essa produção passaria a ter um acréscimo marginalmente decrescente, ou seja, esse novo m²</p><p>auxiliaria no aumento da produção total, mas um pouco menos que o m² inserido anteriormente.</p><p>Poderíamos representar esse evento exemplificando que começaria a haver uma distância entre</p><p>as máquinas, desperdiçando então m2 disponível para ser utilizado. A produção total cresceria a taxas</p><p>decrescentes pelo acréscimo de mais m², uma vez que a produtividade marginal deles seria decrescente.</p><p>Por fim, o acréscimo de mais um m² nesse ritmo decrescente de produtividade marginal levaria a um</p><p>estágio em que o ingresso de mais um m², ao invés de aumentar a produção total, a reduziria. Por exemplo,</p><p>haveria um problema de distância na sede entre as máquinas que tornaria o tempo de produção mais lento</p><p>pela demora da circulação dos insumos, entendidos como a matéria‑prima e as trabalhadoras.</p><p>Portanto, a produção total decresceria a taxas crescentes pelo acréscimo de mais m², uma vez que a</p><p>produtividade marginal desse m² seria negativa e crescente nesses termos.</p><p>Em suma, a Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes dá conta de apresentar que fica cada vez</p><p>mais difícil aumentar a produção total pelo aumento do emprego de apenas um fator de produção, ou</p><p>seja, a atividade de produzir bens e serviços – qualquer que seja o bem ou serviço – guarda uma relação</p><p>de eficácia na proporção dos recursos produtivos empregados.</p><p>63</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Reafirmando, a Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes explicita que, a cada introdução de um novo</p><p>fator de produção variável para uma mesma quantidade de fator de produção fixo, o último fator aduzido</p><p>representará contribuição menor para a produção total do que todos os outros introduzidos antes dele.</p><p>A partir dos exemplos, podemos sintetizar as características dos estágios de produção, conforme o</p><p>quadro a seguir.</p><p>Quadro 1 – Estágios de produção</p><p>Produção total</p><p>(PT)</p><p>Produtividade</p><p>média do fator</p><p>variável (PMe)</p><p>Produtividade</p><p>marginal do fator</p><p>variável (PMg)</p><p>1) Estágio I Crescente a taxas</p><p>crescentes Crescente Crescente</p><p>2) Estágio II Crescente a taxas</p><p>decrescentes Decrescente Decrescente</p><p>3) Estágio III Decrescente a taxas</p><p>crescentes Decrescente Negativamente</p><p>crescente</p><p>Demonstrando graficamente:</p><p>Produção total (PT)</p><p>Prod. média (PMe)</p><p>Prod. marginal (PMg)</p><p>Estágio da produção</p><p>C</p><p>C</p><p>PMe</p><p>PMg</p><p>Quantidade do</p><p>fator variável</p><p>Quantidade do</p><p>fator variável</p><p>III</p><p>III</p><p>II</p><p>II</p><p>I</p><p>I</p><p>B</p><p>B</p><p>A</p><p>A</p><p>Estágio da produção</p><p>A ‑ Ponto de inflexão da produtividade marginal, ou seja, aqui a produtividade marginal é máxima!</p><p>B ‑ Ponto de inflexão da produtividade média, ou seja, aqui a produtividade média é máxima!</p><p>C ‑ Ponto de inflexão da produtividade total, ou seja, aqui a produção total e máxima!</p><p>Figura 9 – Produto total, produtividade média, produtividade marginal</p><p>64</p><p>Unidade II</p><p>Dado que nossa firma é racional, ou seja, maximizadora, ela vai querer produzir no ponto em que sua</p><p>produção total é máxima, ou seja, no ponto C.</p><p>Utilizando um exemplo numérico sobre a Teoria da Produção proposto por Passos e Nogami (2003,</p><p>p. 226), com adaptação nossa, fixaremos melhor todos estes conceitos. Vamos a ele.</p><p>Vamos supor uma fazenda produtora de trigo em uma área cultivável de 10 hectares, e que utilize</p><p>como fator de produção apenas a terra (fator fixo) e a mão de obra empregada (fator variável).</p><p>Figura 10 – Produção de trigo</p><p>Observação</p><p>Nossa intenção, aqui, será, então, a de descobrir como a produção de</p><p>trigo se modifica na medida em que o número de trabalhadores varia.</p><p>Determinando então uma função para essa produção, teríamos:</p><p>Qt = ƒ (x1, x2), em que:</p><p>• Qt = quantidade produzida de trigo;</p><p>• x1 = 10 hectares de terra;</p><p>• x2 = quantidade de mão de obra.</p><p>De forma análoga, Qt = ƒ (T, L), onde T = terra e L = trabalho.</p><p>Como já sabemos que, em curto prazo, a produção somente varia se existir variação nas quantidades</p><p>utilizadas de fator de produção variável, portanto:</p><p>• ∆Qt = ƒ (∆L).</p><p>65</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Vejamos então o exemplo:</p><p>Tabela 3 – Produção de trigo com fator de produção variável</p><p>Produção de trigo com um fator de produção variável</p><p>Situação T</p><p>(mil metros)</p><p>L</p><p>(unidades)</p><p>Qt</p><p>(quilos)</p><p>PMe = Qt/L</p><p>(quilos)</p><p>PMg = ∆Qt/∆L</p><p>(quilos)</p><p>1 10 0 0 ‑ ‑</p><p>2 10 1 10 10 10</p><p>3 10 2 22 11 12</p><p>4 10 3 39 13 17</p><p>5 10 4 52 13 13</p><p>6 10 5 60 12 8</p><p>7 10 6 60 10 9</p><p>8 10 7 56 8 ‑4</p><p>9 10 8 48 6 ‑8</p><p>Fonte: Passos e Nogami (2003, p. 226).</p><p>Podemos verificar a partir da tabela apresentada que a primeira coluna, T, representa a quantidade</p><p>de terra disponível ao cultivo, e, dessa forma, apresenta o mesmo valor, 10 mil metros, para cada nível</p><p>de produção. Portanto, a terra é o fator fixo de produção. A segunda coluna representa a adição de mão</p><p>de obra, L, no processo produtivo, variando então de zero a oito trabalhadores.</p><p>A mão de obra é fator variável de produção. Quanto à terceira coluna, do produto total Qt, estão</p><p>listadas as possíveis quantidades de produção de trigo para cada nível de utilização de L, dado fixo T.</p><p>Verifica‑se então que as quantidades produzidas aumentam na medida em que são aumentadas</p><p>também as quantidades utilizadas de trabalho. Efetuando então a leitura da tabela:</p><p>• situação 1: nenhum trabalhador inserido no processo de produção, produção igual a zero;</p><p>• situação 2: um trabalhador inserido no processo de produção de trigo, produção igual a 10 quilos</p><p>de trigo;</p><p>• situação 3: dois trabalhadores inseridos no processo de produção de trigo resulta numa produção</p><p>de 22 quilos de trigo;</p><p>• situação 4: três trabalhadores no processo, 39 quilos de produção;</p><p>• situação 5: quatro trabalhadores conseguem produzir conjuntamente o total de 52 quilos de trigo.</p><p>66</p><p>Unidade II</p><p>Observação</p><p>Observe que 1 está para 10; 2 está para 22; 3 está para 39 e 4 está para 52.</p><p>Isto acontece por um motivo que veremos daqui uns instantes.</p><p>Vamos continuar lendo a tabela concentrando a atenção nos números das colunas L e Qt.</p><p>• situação 6: cinco pessoas produzem em conjunto 60 quilos de trigo;</p><p>• situação 7: os mesmos 60 quilos de trigo são produzidos com seis trabalhadores;</p><p>• situação 8: sete trabalhadores resultam na produção de 56 quilos de trigo;</p><p>• situação 9: oito trabalhadores produzem em conjunto menos quilos de trigo</p><p>da porteira (processamento e distribuição) .................................................................. 42</p><p>4.10 Empresário rural ................................................................................................................................. 43</p><p>Unidade II</p><p>5 ECONOMIA ......................................................................................................................................................... 47</p><p>5.1 Recursos financeiros ........................................................................................................................... 47</p><p>5.2 Cesta de bens ......................................................................................................................................... 47</p><p>5.3 A restrição orçamentária ................................................................................................................... 47</p><p>5.4 Mercadoria .............................................................................................................................................. 48</p><p>5.5 Mercado ................................................................................................................................................... 48</p><p>5.6 Aversão ao risco .................................................................................................................................... 48</p><p>5.7 Contratos futuros para proteção (hedge) .................................................................................. 49</p><p>5.7.1 Hedge de compra de contratos futuros de commodities ...................................................... 49</p><p>5.7.2 Hedge de venda de contratos futuros de commodities ......................................................... 49</p><p>5.8 Retorno de investimento .................................................................................................................. 50</p><p>5.9 Plano de produção ............................................................................................................................... 50</p><p>5.10 Modos de produção .......................................................................................................................... 50</p><p>5.11 Função de produção .......................................................................................................................... 51</p><p>5.12 Longo prazo ......................................................................................................................................... 51</p><p>5.13 Curto prazo .......................................................................................................................................... 51</p><p>6 CAPITAIS: DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES ............................................................................................ 51</p><p>6.1 Classificação do capital ...................................................................................................................... 51</p><p>6.2 A classificação do capital agrário .................................................................................................. 52</p><p>6.3 Custos econômicos e custos contábeis ....................................................................................... 52</p><p>6.4 A função de custo ................................................................................................................................ 52</p><p>6.4.1 Custos fixo e variável ............................................................................................................................ 53</p><p>6.4.2 Custos de produção ............................................................................................................................... 53</p><p>6.4.3 Classificação dos custos ....................................................................................................................... 53</p><p>6.5 Estimativas de custo na produção agropecuária .................................................................... 54</p><p>6.6 Funções da armazenagem ................................................................................................................ 55</p><p>6.7 Custo de estoque .................................................................................................................................. 55</p><p>6.8 Teoria da Firma ...................................................................................................................................... 55</p><p>6.9 Teoria da produção .............................................................................................................................. 56</p><p>6.10 Teoria dos Custos ............................................................................................................................... 71</p><p>7 MEDIDAS DO RESULTADO ECONÔMICO: CONCEITOS BÁSICOS ................................................... 75</p><p>7.1 Medidas do resultado econômico ................................................................................................. 76</p><p>7.2 Renda bruta (RB) .................................................................................................................................. 76</p><p>7.3 Renda líquida (RL) ................................................................................................................................ 76</p><p>7.4 Despesas ................................................................................................................................................... 76</p><p>7.5 Lucro real ................................................................................................................................................. 77</p><p>7.6 Lucro presumido ou arbitrado ........................................................................................................ 77</p><p>7.7 Receita da venda de reprodutores/matrizes ............................................................................. 77</p><p>7.8 Receita da venda do imobilizado ................................................................................................... 77</p><p>7.9 Alienação da terra nua ....................................................................................................................... 77</p><p>7.10 Exploração conjunta da atividade ............................................................................................... 77</p><p>7.11 Inclusão do ICMS e das contribuições previdenciárias ....................................................... 78</p><p>7.12 Comprovação da receita ................................................................................................................. 78</p><p>7.13 Escrituração contábil e fiscal ........................................................................................................ 78</p><p>7.14 Empresas com atividades mistas ................................................................................................. 78</p><p>7.15 Livro de apuração do lucro real ................................................................................................... 79</p><p>7.16 Classificação contábil do gado ..................................................................................................... 79</p><p>7.17 Variação de crias no período de apuração .............................................................................. 79</p><p>7.18 Gado utilizado simultaneamente para renda e custeio ..................................................... 80</p><p>7.19 Classificação contábil das culturas agrícolas ......................................................................... 80</p><p>7.20 Avaliação de estoques ..................................................................................................................... 80</p><p>7.21 Depreciação acelerada incentivada ............................................................................................ 80</p><p>7.22 Exclusão na base de cálculo da CSLL ......................................................................................... 81</p><p>7.23 Compensação de prejuízos ............................................................................................................</p><p>do que 3 pessoas.</p><p>Lembrete</p><p>Lembre‑se da definição da Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes</p><p>e veja se há alguma relação com a última leitura da tabela que fizemos:</p><p>mais trabalhadores, menor produção.</p><p>O fato é que, quando se mantém fixo um fator de produção – no caso, o espaço – ao mesmo tempo</p><p>em que são acrescentadas novas quantidades de fator variável – no caso, as pessoas –, a produtividade</p><p>dos últimos que foram inseridos decresce em relação aos anteriores. Como é possível verificar isso?</p><p>Olhando para a coluna PMe, relacionando‑a com a leitura das colunas L e Qt. Vejamos.</p><p>Um trabalhador consegue produzir sozinho, 10 quilos de trigo. Portanto, a produção é somente</p><p>fruto de seu trabalho (claro que combinado ao uso da terra, mas deixemos isso de lado). O fato é que</p><p>se trabalhou a terra sozinho, é responsável pelo produto total que, no caso, é de 10 quilos de trigo. Se</p><p>dividir o produto total pela quantidade de trabalho que foi empregado, o resultado será a produção</p><p>média do trabalho. É justamente isto que mostra a coluna da PMe: produtividade média.</p><p>Vejamos quando é adicionada mais uma unidade de L. O que acontece com Qt e com PMe?</p><p>• T = 10</p><p>• L = 2</p><p>• Qt = 22</p><p>• PMe = 11</p><p>67</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Rapidamente é possível perceber que mais pessoas trabalhando produzem quantidades maiores:</p><p>duas pessoas, 22 quilos de trigo. Quanto produziu, em média, cada um? Onze quilos. Cada um dos dois</p><p>trabalhadores produziu igual. Em termos percentuais, a quantidade de trabalhadores variou em 100%,</p><p>passou de um para dois, portanto, dobrou, e a quantidade total produzida de trigo sofreu elevação de</p><p>120%, ou seja, mais que dobrou. E quanto à produtividade média? Com a inserção de mais uma unidade</p><p>de trabalho, passou de 10 para 11. Representa variação percentual de 10%.</p><p>E quando três trabalham juntos?</p><p>• T = 10</p><p>• L = 3</p><p>• Qt = 39</p><p>• PMe = 13</p><p>Com relação à situação anterior, a introdução de mais uma unidade de trabalho fez variar em</p><p>17 unidades a produção total de trigo e aumentou em duas unidades o que foi produzido em média</p><p>por cada um dos trabalhadores. Isto parece interessante. Vejamos as relações percentuais, pois elas têm</p><p>muito a nos dizer: a variação de L foi de 50%, a variação de Qt foi de 77,27% e a variação de PMe foi</p><p>de 18,18%.</p><p>Exercício de aplicação</p><p>Faça aqui anotações do que compreendeu dos números que foram apresentados. É importante.</p><p>Vejamos as informações da situação 5:</p><p>• T = 10</p><p>• L = 4</p><p>• Qt = 52</p><p>• PMe = 13</p><p>Na situação 5, em relação à situação 4, mais uma unidade de trabalho foi inserida. Agora, são</p><p>quatro pessoas trabalhando na produção de trigo. A quantidade total de trigo produzida foi de</p><p>52 quilos (13 quilos a mais do que na situação 4). A produtividade média, o que corresponde de produção</p><p>a cada trabalhador, foi de 13 quilos. Em termos percentuais, crescimento de 33,33% na quantidade</p><p>de trabalhadores e também na quantidade total de trigo produzida. Quanto à produtividade média,</p><p>68</p><p>Unidade II</p><p>continua no mesmo patamar da situação 4: não há qualquer variação percentual, o que significa que</p><p>a introdução do quarto trabalhador não influenciou, nem positivamente, nem negativamente, no</p><p>resultado individual.</p><p>O que nos mostram as informações da situação 6?</p><p>• T = 10</p><p>• L = 5</p><p>• Qt = 60</p><p>• PMe = 12</p><p>Na situação 6, com relação à situação 5, mais uma unidade de trabalho foi inserida. Agora, são</p><p>cinco pessoas trabalhando na produção de trigo. A quantidade total de trigo produzida foi de 60 quilos</p><p>(8 quilos a mais do que na situação 5). A produtividade média, o que corresponde de produção a cada</p><p>trabalhador, foi de 12 quilos.</p><p>Lembrete</p><p>Pense: mais pessoas produzem mais! Porém, em média, podem produzir</p><p>menos do que produziriam se menos pessoas estivessem envolvidas no</p><p>processo de produção? Isto é possível? Vamos adiante.</p><p>Em termos percentuais, crescimento de 25% na quantidade de trabalhadores e de 15,38% na</p><p>quantidade total de trigo produzida. Veja que mais pessoas produziram relativamente menos. Quanto à</p><p>produtividade média, caiu 8,33%, passando de 13 quilos de trigo em média por trabalhador na situação</p><p>4 para 12 quilos de trigo em média por trabalhador na situação 5. Vejamos, por fim, a situação 7.</p><p>• T = 10</p><p>• L = 6</p><p>• Qt = 60</p><p>• PMe = 10</p><p>Em relação à situação 6, a produção mantém‑se constante em 60 quilos de trigo com queda</p><p>acentuada na quantidade de produção por trabalhador: 25%.</p><p>69</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Exercício de aplicação</p><p>Com as situações 8 e 9, você já é capaz de fazer o mesmo que fizemos anteriormente. Mãos à obra.</p><p>Agora, vamos olhar novamente para a tabela concentrando atenção nas colunas L, Qt, PMe e PMg –</p><p>respectivamente, quantidade de trabalho, quantidade total de quilos de trigo produzido, produtividade</p><p>média e produtividade marginal.</p><p>Quanto às colunas de PMe e de PMg, se relacionadas com a coluna de L, ou seja, se verificarmos o</p><p>comportamento da produtividade média e da produtividade marginal dos fatores variáveis em relação</p><p>à utilização das quantidades crescentes dos fatores variáveis L, percebemos a ocorrência da Lei dos</p><p>Rendimentos Decrescentes.</p><p>Saiba mais</p><p>A Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes foi também explicada</p><p>por David Ricardo em sua exploração da renda da terra. Você pode conhecer</p><p>sua abordagem em:</p><p>RICARDO, D. Princípios de economia política e tributação. São Paulo:</p><p>Abril Cultural, 1982.</p><p>Temos certeza de que será uma leitura prazerosa.</p><p>Relacionando primeiro as colunas de PMe e L, vemos que, conforme aumenta a quantidade utilizada</p><p>do fator de produção variável, verificamos um aumento da produtividade média de cada trabalhador.</p><p>Isto ocorre quando L varia de 0 até 3. Ao introduzir um quarto trabalhador, a produtividade média de</p><p>cada um deles permanece igual à produtividade média até o terceiro. A partir da adição do quinto</p><p>trabalhador, a produtividade média de todos eles decresce.</p><p>Ao relacionarmos as colunas PMg e L, percebemos mais ainda a ocorrência da citada lei. A produtividade</p><p>marginal é crescente até a introdução do terceiro trabalhador. Dali para frente, elas decrescem até serem</p><p>negativas, como no caso do sétimo e do oitavo trabalhador. Estes resultados negativos sugerem que</p><p>esses trabalhadores, ao serem inseridos no processo de trabalho, concorrerão com a mesma quantidade</p><p>de fatores fixos, de modo que em nada contribuirão para a produção total. Muito pelo contrário, os</p><p>resultados negativos indicam que estes trabalhadores, ou últimos a serem introduzidos, atrapalharão o</p><p>bom desempenho dos já existentes.</p><p>Depois da leitura da tabela, podemos representar as curvas de produto total, produtividade média e</p><p>produtividade marginal conforme se segue:</p><p>70</p><p>Unidade II</p><p>PMe</p><p>PMg</p><p>PMe</p><p>PMg</p><p>L</p><p>Qt</p><p>q</p><p>Figura 11 – Produto total, produto médio e produto marginal</p><p>Saiba mais</p><p>Conheça um pouco mais sobre a agricultura moderna e seus processos</p><p>produtivos assistindo ao vídeo a seguir:</p><p>AGRICULTURA moderna. Dir. John Deere. Brasil: Greenstar Lightbar, 2009.</p><p>9 min. Disponível em: http://meioambiente.culturamix.com/agricultura/</p><p>agricultura‑moderna. Acesso em: 19 nov. 2015.</p><p>Conforme ensina Wessels (2002, p. 74):</p><p>A Lei dos Rendimentos (Marginais) decrescentes afirma que em algum momento,</p><p>quando a firma obtém mais de um insumo variável, enquanto outros insumos</p><p>permanecem inalterados, o produto marginal do insumo variável começará a se</p><p>reduzir, de forma que as unidades subsequentes adicionem menos produção do</p><p>que o fizeram as antecedentes. Rendimentos marginais é uma velha expressão</p><p>para o produto marginal. [...] Esta lei aplica‑se apenas no curto prazo e somente</p><p>quando alguns insumos permanecem inalterados. Não precisa se aplicar no</p><p>longo prazo. A prova dessa lei é o que se segue. Se supusermos que ela não</p><p>se aplique, então, o produto marginal iria se elevar continuamente e o custo</p><p>marginal, reduzir‑se. Assim, dada essa hipótese, deveríamos ver somente uma</p><p>fábrica produzindo cada bem. Acrescentar outra fábrica dividiria a produção e</p><p>aumentaria os</p><p>custos marginais. Então, apenas uma fábrica estaria em cada</p><p>ramo da indústria, pois essa é forma mais econômica de produzir toda a sua</p><p>produção. Por exemplo, todo o aço seria produzido em uma fábrica se a lei dos</p><p>71</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>rendimentos decrescentes não fosse aplicável. Naturalmente, não é esse o caso.</p><p>Assim, a hipótese está errada. Ao contrário, o produto marginal deve começar a</p><p>declinar em algum momento! Isto completa a prova.</p><p>Muito bem. Visto então como se dá o processo de combinação de fatores de produção para a</p><p>obtenção de quantidades produzidas, torna‑se necessário observar como as empresas se comportam</p><p>diante não só do problema da combinação dos fatores, mas diante dos custos destes fatores. Para tanto,</p><p>passamos à análise dos custos de produção.</p><p>6.10 Teoria dos Custos</p><p>Lembrando que o objetivo principal de uma firma está em maximizar seus resultados e que essa</p><p>maximização passa não só pela maximização da produção, conforme apresentada na Teoria da Produção,</p><p>mas também pela minimização dos custos de produção, é destes últimos que trataremos agora.</p><p>Estudar a Teoria dos Custos é descobrir como são formados os custos de produção de uma empresa</p><p>e de que forma se comportam em relação à produção total de mercadorias. Retomando a função de</p><p>produção apresentada quando da descrição da Teoria da Produção, vejamos:</p><p>Função de produção = Q = ƒ (x1, x2), em que:</p><p>• Q = quantidade de produção;</p><p>• x1 = quantidades utilizadas de um fator de produção fixo, ou quantidades utilizadas de fatores de</p><p>produção fixos;</p><p>• x2 = quantidades utilizadas de um fator de produção variável, ou quantidades utilizadas de fatores</p><p>de produção variáveis.</p><p>Dessa maneira, se, para produzir determinada quantidade de mercadorias Q, é imperativa a utilização</p><p>de fatores fixos x1 e fatores variáveis x2. As empresas, para aplicarem estes fatores em sua produção,</p><p>devem adquiri‑los no mercado de fatores, e elas então incorrem em custos de produção.</p><p>Assim, definiremos como custo total de produção o total de despesas realizadas pelas firmas com a</p><p>utilização dos fatores, ou seja, a despesa total com a aquisição de fatores fixos e fatores variáveis. Então:</p><p>CT = CF + CV</p><p>em que: CT = custo total de produção</p><p>CF = custo fixo</p><p>CV = custo variável</p><p>Da mesma forma que a Teoria da Produção, que está dividida em curto e longo prazo, a Teoria dos</p><p>Custos também apresentará custos de curto e de longo prazo. De forma análoga àquela teoria, serão</p><p>considerados custos de curto prazo aqueles que apresentarem pelo menos existência de um custo fixo,</p><p>72</p><p>Unidade II</p><p>os demais serão considerados variáveis. Serão considerados custos de longo prazo aqueles nos quais</p><p>todos os custos de produção foram variáveis. Passemos a definir os diversos custos de produção.</p><p>O primeiro deles será o custo médio (Cme) ou também chamado de custo total médio. Esta categoria de</p><p>custo representa o custo unitário de cada mercadoria, ou seja, o quanto custou para produzir cada unidade</p><p>do produto. Será calculado a partir da divisão dos custos totais de produção pela quantidade produzida.</p><p>Custo médio = Cme = CT/Q ou Cme = (CF+CV)/Q</p><p>Uma segunda categoria de custo bastante importante é o custo variável médio (Cvme). Esse custo</p><p>representa a participação dos custos variáveis de produção em cada unidade do produto. Ele é descoberto</p><p>quando dividimos os gastos totais com todos os fatores de produção variáveis pelas quantidades produzidas.</p><p>Custo variável médio = Cvme = CV/Q</p><p>Outro custo a conhecer é o custo fixo médio (Cfme), que, por sua vez, representa o quanto de custo</p><p>fixo há em cada unidade do produto. Dividindo‑se as despesas com fatores fixos de produção pelas</p><p>quantidades totais produzidas, chegamos ao resultado deste tipo de custo.</p><p>Custo fixo médio = Cfme = CF/Q</p><p>Por fim, mas não menos importante, temos o custo marginal (Cmg). Entende‑se por Custo Marginal</p><p>o incremento no custo total causado pela produção de uma unidade a mais. Esse tipo de custo será</p><p>conhecido a partir da divisão entre a variação dos custos totais de produção pela variação das quantidades</p><p>produzidas. Então:</p><p>Custo marginal = Cmg = ∆CT/∆Q</p><p>Tomando como exemplo o modelo proposto por Wonnacott e Wonnacott (1994, p. 534), vejamos</p><p>uma tabela de custos.</p><p>Tabela 4 – Custos de curto prazo para empresa hipotética</p><p>Q CF CV CT Cme Cvme Cfme Cmg</p><p>0 35 0 35 ‑ ‑ ‑ ‑</p><p>1 35 24 59 59,00 24,00 35,00 24</p><p>2 35 40 75 37,50 20,00 17,50 16</p><p>3 35 60 95 31,67 20,00 11,67 20</p><p>4 35 85 120 30,00 21,25 8,75 25</p><p>5 35 115 150 30,00 23,00 7,00 30</p><p>6 35 155 190 31,67 25,83 5,83 40</p><p>7 35 210 245 35,00 30,00 5,00 55</p><p>Fonte: Wonnacott e Wonnacott (1994, p. 534).</p><p>73</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>O que a tabela de custos nos mostra? Basicamente, a relação entre as quantidades produzidas, Q,</p><p>e os custos envolvidos. Inicialmente os custos envolvidos são os fixos (CF) e os variáveis (CV), sendo os</p><p>demais o custo total (CT) a soma dos fixos com os variáveis e o custo médio (Cme) a divisão do custo</p><p>total pelas quantidades produzidas. O custo variável médio (Cvme) é derivado do custo variável e obtido</p><p>pela divisão do custo variável pela quantidade produzida.</p><p>O custo fixo médio (Cfme) é obtido dividindo‑se o custo fixo pela quantidade produzida e, por último,</p><p>o custo marginal (Cmg) é obtido pela divisão da variação do custo total pela variação da quantidade.</p><p>Os custos fixos representam a utilização de fatores fixos de produção enquanto os custos variáveis</p><p>revelam o quanto se gasta pelo uso de fatores variáveis. O custo total é a soma dos dois custos tratados.</p><p>Lembrete</p><p>Perceba que, na medida em que há elevação na quantidade produzida,</p><p>o custo fixo mantém‑se constante e o custo variável eleva‑se. Explicamos</p><p>isso quando do tratamento dos fatores de produção.</p><p>Observe agora a coluna de custo total: na medida em que há crescimento das quantidades produzidas,</p><p>o custo total também cresce. Por qual motivo? Simplesmente pelo motivo de que maiores quantidade de</p><p>produção demandam maiores quantidades de fatores de produção variáveis e, portanto, maior gasto com eles.</p><p>A produção de uma única unidade gera um custo fixo de R$ 35,00 e custo variável de R$ 24,00,</p><p>(custo total de R$ 59,00). Acompanhando a leitura das colunas de quantidade, custo fixo e variável,</p><p>bem como do custo total, é possível perceber que na medida em que são elevadas as quantidades de</p><p>produção, o custo total também se eleva.</p><p>O custo médio (Cme) inicia sem valor (onde está indicado com um traço). Tal motivo refere‑se ao fato</p><p>de que se não houve produção não há necessidade de fator de produção variável (entendendo aqui que</p><p>este tipo de produção hipotética leva em consideração como fator variável apenas a matéria‑prima).</p><p>Assim, produção igual a zero resulta em zero na utilização de fator de produção variável e, por</p><p>conseguinte, não há como avaliar o custo médio. Você até pode pensar em termos de custo fixo, mas, se</p><p>não houve produção, não há como ratear o custo fixo em zero unidades de produção.</p><p>Uma unidade de produção gera um custo médio idêntico ao seu custo total. A produção de duas</p><p>unidades gera um custo total de R$ 75,00 e um custo médio de R$ 37,50.</p><p>O custo médio apresenta trajetória decrescente até a unidade quatro, mantêm‑se constante em</p><p>R$ 30,00 na unidade cinco e apresenta crescimento da unidade de produção seis em diante. Qual o</p><p>motivo disso? Crescimento dos custos variáveis diante crescimento do volume de produção.</p><p>A coluna de custo variável médio apresenta trajetória muito parecida à de custo médio. O custo</p><p>variável médio indica o quanto de custo variável há em cada unidade de produção e como o custo médio</p><p>é bastante influenciado pelo custo variável, o custo variável médio acompanha a trajetória.</p><p>74</p><p>Unidade II</p><p>Observe que inicia com um valor elevado (R$ 24,00), decresce, mantêm‑se constante e volta a</p><p>crescer a taxas crescentes. Isto em função da Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes tratada em</p><p>parágrafos anteriores.</p><p>O custo fixo médio, por seu turno, apresenta</p><p>trajetória contrária à do custo variável médio. O fato</p><p>é que o custo fixo médio reflete o quanto de custo fixo há em cada unidade de produção. Portanto,</p><p>quanto maior for a quantidade de produção utilizando mesma quantidade de fatores fixos, haverá</p><p>diluição do uso deste tipo de fator e, portanto, seu custo será menor.</p><p>Observe que o custo fixo médio inicia com um valor elevado, R$ 35,00 quando é produzida apenas</p><p>uma unidade e decresce na medida em que maiores quantidades são apresentadas.</p><p>A coluna de custo marginal (Cmg) apresenta informações também interessantes. O custo marginal</p><p>reflete a variação do custo total diante a variação nas quantidades produzidas. Quando não há produção,</p><p>não há o que se considerar quanto ao custo marginal. Uma unidade de produção produz valor idêntico</p><p>ao custo variável, bem como ao custo variável médio.</p><p>Duas unidades de produção geram um custo marginal de R$ 16,00, portanto, caiu. Motivo: melhoria</p><p>na performance do custo variável. Quando a produção passa para três unidades, o custo marginal cresce</p><p>e, aqui, já ocorrem os rendimentos marginais decrescentes: menor contribuição dos fatores variáveis e</p><p>de seus valores monetários na medida em que houve nova inserção de fatores variáveis.</p><p>Exemplo de aplicação</p><p>Você pode continuar o raciocínio com as demais unidades e ver as relações com o custo marginal.</p><p>Vimos até agora que o objetivo principal das empresas está centrado na maximização de seus</p><p>resultados, ou seja, na maximização de seus lucros. Para tanto, é necessário minimizar os gastos com</p><p>a produção. Cada empresa procede de forma diferente com relação à combinação de seus fatores de</p><p>produção e também diante das despesas com eles.</p><p>Da mesma forma, cada empresa adota estratégias diferentes de como determinar o preço de suas</p><p>mercadorias, diante de seu objetivo de maximizar resultados, ou seja, diante do objetivo de obtenção de</p><p>lucro. Mas como as empresas chegam a seu lucro? Vamos efetuar uma primeira aproximação.</p><p>Entenderemos, por lucros, a diferença entre o que a empresa recebe por suas vendas e suas despesas de</p><p>produção. O que a empresa recebe por suas vendas será estabelecido pela multiplicação das quantidades</p><p>de mercadorias vendidas pelos seus respectivos preços.</p><p>Suas despesas de produção serão conhecidas pela soma de tudo que as empresas empregaram de</p><p>fatores de produção fixos e variáveis. Por simplificação, incluiremos nesses custos fixos e variáveis alguns</p><p>impostos que as empresas arcam diretamente com a produção, mas não o detalharemos aqui. Então:</p><p>75</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>RT = P x Q</p><p>em que: RT = Receita total de vendas</p><p>P = Preço unitário do bem</p><p>Q = Quantidade vendida do bem</p><p>LT = RT – CT</p><p>em que: LT = Lucro total</p><p>RT = Receita total de vendas</p><p>CT = Custo total de produção</p><p>Se o lucro total for maior do que zero, a empresa apresentará lucro. Isto mostrará que suas receitas</p><p>totais de vendas foram maiores do que seus custos totais de produção. De outra forma, se o lucro total</p><p>for menor do que zero, a empresa apresentará prejuízo, pois seus custos totais de produção excedem as</p><p>receitas totais de vendas.</p><p>A magnitude deste lucro, ou do prejuízo, não depende somente de fatores internos às empresas,</p><p>como decidir que tipo de fator de produção empregar, quanto gastar com fatores de produção e quanto</p><p>cobrar por seus produtos.</p><p>A maximização de seus lucros depende também de qual ambiente econômico as empresas estão</p><p>estabelecidas e o quanto sua atividade produtiva é influenciada por outras empresas de um mesmo</p><p>setor ou de outros setores.</p><p>7 MEDIDAS DO RESULTADO ECONÔMICO: CONCEITOS BÁSICOS</p><p>No ambiente de finanças nos deparamos frequentemente com palavras que possuem o mesmo</p><p>significado, mas que na verdade têm definições bem distintas. Um desses casos é a diferenciação entre</p><p>os termos “resultado econômico” e “resultado financeiro”.</p><p>De acordo com o Dicionário Aurélio (2000), o termo econômico está relacionado:</p><p>I. À economia;</p><p>II. À atividade produtiva ou ao sistema produtivo;</p><p>III. À capacidade de gerar lucros.</p><p>Já o termo financeiro está relacionado:</p><p>I. Às finanças;</p><p>II. À circulação e gestão do dinheiro e de outros recursos líquidos, como ações, por exemplo.</p><p>76</p><p>Unidade II</p><p>O primeiro é alvo do ativo da empresa, ou seja, sua utilização e remuneração ao longo do tempo</p><p>representado pelo seu lucro e/ou prejuízo. No segundo, formaliza os compromissos de recebimento e</p><p>pagamento da companhia representados pelo caixa da companhia.</p><p>Normalmente, os fatos ocorrem em conjunto, porém as ações serão segregadas, havendo a execução</p><p>de uma atividade econômica na aquisição do bem com reflexo financeiro apenas quando do pagamento</p><p>da parcela do financiamento.</p><p>Essa diferenciação de terminologia é importante para entender melhor os conceitos de finanças e,</p><p>em consequência, estabelecer um planejamento financeiro eficaz, representado principalmente pela</p><p>gestão dos pagamentos, recebimentos e estoques de uma empresa.</p><p>7.1 Medidas do resultado econômico</p><p>Tradicionalmente, as medidas de resultados econômicos são expressas por meio de indicadores</p><p>utilizados para analisar o desempenho da empresa ou de uma atividade da empresa.</p><p>7.2 Renda bruta (RB)</p><p>Compreende a soma dos valores dos seguintes itens:</p><p>• produtos animais e vegetais vendidos;</p><p>• produtos produzidos e consumidos na propriedade, armazenados ou utilizados para efetuar</p><p>pagamento em espécie.</p><p>7.3 Renda líquida (RL)</p><p>É a diferença entre a RB e as despesas ou gastos despendidos pela empresa durante o processo</p><p>produtivo: RL = RB – D.</p><p>7.4 Despesas</p><p>As despesas incluem o valor de todos os recursos e serviços utilizados no processo de produção</p><p>durante o exercício, excluídos os juros sobre o capital agrário (inclusive terra) e a remuneração do</p><p>empresário. Elas incluem: pagamento de semente, de mudas e de rações, consertos, salários, impostos</p><p>etc. Devemos observar, contudo, que despesa não representa custo total.</p><p>O custo total seria: CT = D + J + Remuneração empresário, em que J é o valor pago em juros.</p><p>Para as medidas do resultado econômico, utilizamos os dados do Portal Contábeis, com o artigo</p><p>“Atividades Rurais – Normas e Procedimentos Tributários”, por Vanivaldo Avelar da Costa (2006).</p><p>77</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>7.5 Lucro real</p><p>A atividade rural é beneficiada com determinados incentivos, que somente podem ser utilizados</p><p>pela pessoa jurídica quando tributada com base no lucro real. A regra geral de apuração do lucro real é</p><p>trimestral. No entanto, a empresa pode optar pelo regime de estimativa, que consiste no levantamento</p><p>de balanço anual em 31 de dezembro, a fim de determinar o IRPJ e a CSLL efetivamente devidos no</p><p>ano‑calendário. Para enquadrar‑se no balaço anual, a pessoa jurídica deverá:</p><p>• recolher mensalmente o IRPJ e a CSLL, com base na receita bruta e acréscimo;</p><p>• suspender ou reduzir o pagamento mensal do imposto mencionado na letra “a” com base em balanços</p><p>ou balancetes levantados a cada período em curso, com observância das leis comerciais e fiscais.</p><p>7.6 Lucro presumido ou arbitrado</p><p>Na tributação com base no lucro presumido, ou arbitrado, a apuração trimestral é obrigatória,</p><p>qualquer que seja a atividade da pessoa jurídica.</p><p>7.7 Receita da venda de reprodutores/matrizes</p><p>Admite‑se como da atividade própria das empresas que se dedicam à criação de animais a receita</p><p>proveniente da venda de reprodutores ou matrizes, bem como do rebanho de renda, qualquer que seja</p><p>o montante do resultado dessa operação, desde que observado o período de permanência na empresa.</p><p>7.8 Receita da venda do imobilizado</p><p>Constitui receita da atividade rural a alienação de todos os bens utilizados na produção rural, tais como</p><p>tratores, implementos, equipamentos, máquinas, utilitários e benfeitorias incorporadas ao imóvel rural.</p><p>7.9 Alienação da terra nua</p><p>Na alienação de bens utilizados na produção, o valor da terra nua não constitui receita da atividade</p><p>agrícola. Nesse caso, o ganho deve ser apurado, de acordo com regras aplicáveis às demais</p><p>pessoas</p><p>jurídicas tributadas pelo lucro real.</p><p>7.10 Exploração conjunta da atividade</p><p>Os arrendatários, os condomínios e os parceiros na atividade rural, cuja condição esteja aprovada</p><p>com documentos hábeis, pagarão o imposto devido separadamente, na proporção dos rendimentos que</p><p>couberem a cada um. Nesses casos, a escrituração deverá ser efetuada em destaque na contabilidade de</p><p>cada contribuinte, abrangendo a sua participação no resultado da atividade rural.</p><p>78</p><p>Unidade II</p><p>7.11 Inclusão do ICMS e das contribuições previdenciárias</p><p>A receita bruta da atividade rural será computada sem a exclusão do ICMS e das contribuições</p><p>previdenciárias devidas pelo produtor rural.</p><p>7.12 Comprovação da receita</p><p>A receita bruta da atividade rural, decorrente da comercialização dos produtos, deverá ser sempre</p><p>comprovada por documentos usualmente utilizados nesta atividade, tais como nota fiscal do produtor,</p><p>nota fiscal de entrada, nota promissória rural vinculada à nota fiscal do produtor e demais documentos</p><p>reconhecidos pelas fiscalizações estaduais.</p><p>Quando a receita bruta da atividade rural for decorrente da alienação de bens, utilizados na exploração da</p><p>atividade rural, a comprovação poderá ser feita por documentação hábil e idônea, na qual necessariamente</p><p>conste nome, CPF ou CNPJ e endereço do adquirente, bem como data e valor da operação em</p><p>moeda corrente nacional. As despesas de custeio e os investimentos serão comprovados através de</p><p>documentação idônea, tais como nota fiscal, fatura recibo, contrato de prestação de serviço, laudo</p><p>de vistoria de órgão financiador e folha de pagamento de empregados, de modo que possa ser identificada</p><p>a destinação dos recursos.</p><p>7.13 Escrituração contábil e fiscal</p><p>A forma de escriturar é de livre escolha da empresa rural, desde que mantida em registro permanente,</p><p>com obediência aos preceitos da legislação comercial e fiscal e aos Princípios Fundamentais de</p><p>Contabilidade, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as</p><p>mutações patrimoniais, segundo o regime de competência.</p><p>7.14 Empresas com atividades mistas</p><p>A empresa que desenvolve outras atividades, além da rural, e deseja usufruir de benefícios fiscais citados</p><p>nos itens 8 e 9 desse trabalho deverá segregar, contabilmente, as receitas, os custos e as despesas referentes</p><p>à atividade rural das demais atividades. Nesse caso, a pessoa jurídica deverá distribuir proporcionalmente à</p><p>percentagem que a receita líquida de cada atividade representar em relação à receita líquida total:</p><p>• os custos e despesas comuns a todas as atividades;</p><p>• os custos e despesas não dedutíveis, comuns a todas as atividades, a serem adicionados ao lucro</p><p>líquido, na determinação do lucro real;</p><p>• os demais valores, comuns a todas as atividades, que devam ser computados no lucro real (receita</p><p>líquida inexistente).</p><p>No caso de a pessoa jurídica não possuir receita líquida no ano‑calendário, a referida percentagem</p><p>será determinada com base nos custos e despesas de cada atividade explorada.</p><p>79</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>7.15 Livro de apuração do lucro real</p><p>A empresa rural que explore atividades mistas deverá demonstrar no Lalur, separadamente, o lucro</p><p>ou prejuízo contábil e o lucro ou prejuízo fiscal dessas atividades. Embora a atividade rural esteja</p><p>sujeita, como as demais atividades, à alíquota básica de 15% e ao adicional de 10%, quando o lucro real</p><p>ultrapassar o limite fixado, haverá a necessidade de se apurarem dois lucros separadamente, para fins</p><p>de compensação de prejuízos fiscais.</p><p>7.16 Classificação contábil do gado</p><p>Os custos com a criação do rebanho devem ser classificados no ativo, segundo a expectativa de sua realização:</p><p>• ativo circulante: são classificados no ativo circulante, em conta apropriada, os custos com os</p><p>estoques de animais destinados a descarte, engorda, revenda ou a ser consumidos na produção</p><p>de bens para venda.</p><p>• ativo imobilizado: no imobilizado serão classificados os custos com os animais destinados à</p><p>reprodução ou à produção de derivados:</p><p>— gado reprodutor: indicativa do rebanho bovino, suíno, equino, ovino etc., destinado à</p><p>reprodução, inclusive por inseminação artificial;</p><p>— gado de renda: representando bovinos, suínos, ovinos e equinos, que a empresa explora, para a</p><p>produção de bens que constituem objeto de suas atividades;</p><p>— animais de trabalho: compreendendo equinos, bovinos, muares e asininos destinados a</p><p>trabalhos agrícolas, sela e transporte.</p><p>7.17 Variação de crias no período de apuração</p><p>• Crias nascidas: para fins de avaliação e contabilização das crias nascidas, durante o período de</p><p>apuração, a empresa rural poderá adotar:</p><p>— Valor real de custo: as crias nascidas poderão ser inventariadas por este método quando o</p><p>valor do rebanho puder ser evidenciado mediante sistema de contabilidade de custo integrado</p><p>e coordenado com o restante da escrituração. Neste caso, o custo real da cria deverá ser</p><p>transferido da conta que se achar registrado para a conta do ativo a que se destinam.</p><p>— Preço corrente de mercado: quando o valor do rebanho não for apurado pelo método examinado</p><p>na letra “a” anterior. Será registrada contabilmente a débito da conta do ativo a que se destina</p><p>a cria nascida, em contrapartida da conta Superveniências Ativa – receita tributável.</p><p>• Crias perecidas: o gado que perecer deverá ser creditado à conta do Ativo em que se achava</p><p>registrado e debitado à conta Insubsistências Ativas, pelo valor real de custo, quando a contabilidade</p><p>assim o venha registrando, ou pelo preço corrente de mercado atribuído na última avaliação.</p><p>80</p><p>Unidade II</p><p>7.18 Gado utilizado simultaneamente para renda e custeio</p><p>O gado utilizado simultaneamente para renda e custeio deve ser classificado no ativo imobilizado ou</p><p>no ativo circulante da empresa agropecuária, segundo a sua finalidade preponderante.</p><p>7.19 Classificação contábil das culturas agrícolas</p><p>No que se refere aos dispêndios para formação de culturas agrícolas, a classificação contábil</p><p>subordina‑se aos seguintes conceitos:</p><p>• culturas temporárias – aquelas sujeitas ao replantio após cada colheita, tais como o milho, o</p><p>trigo, a cebola etc. Nesse caso, os dispêndios para a formação da cultura serão considerados,</p><p>no período de sua realização, despesas de custeio. Assim, os custos devem ser registrados em</p><p>conta própria do Ativo Circulante, cujo saldo será baixado contra a conta de Resultado por</p><p>ocasião da colheita.</p><p>• culturas permanentes – aquelas não sujeitas ao replantio após cada colheita. Nessa hipótese,</p><p>os custos pagos ou incorridos na formação dessa cultura serão contabilizados em conta do</p><p>Ativo Permanente, sendo permitida a depreciação em quotas compatíveis com o tempo de</p><p>vida útil. Quando a cultura permanente começar a produzir, os custos pagos ou incorridos</p><p>na formação de seus frutos serão contabilizados em conta de Ativo Circulante, que será</p><p>transferida para custo de produtos vendidos, no Resultado do Período, por ocasião da venda</p><p>da colheita.</p><p>7.20 Avaliação de estoques</p><p>Os estoques de produtos agrícolas, animais e extrativos podem ser avaliados pelos preços correntes</p><p>de mercado, segundo as práticas usuais de avaliação utilizadas em cada tipo de atividade. A faculdade</p><p>de avaliar o estoque de produtos agrícolas, animais ou extrativos ao preço corrente de mercado aplica‑se</p><p>não só aos produtores, mas também aos comerciantes e industriais que operem com tais produtos. Essa</p><p>possibilidade não impede que as empresas que exerçam atividades agropastoris ou extrativas adotem</p><p>outro tipo de determinação do custo, desde que previsto em lei.</p><p>7.21 Depreciação acelerada incentivada</p><p>De acordo com o artigo 72 da Medida Provisória 1.459/96, atualmente artigo 6º da Medida Provisória</p><p>2.159‑7012001, os bens do ativo permanente imobilizado, exceto a terra nua, adquiridos por pessoa</p><p>jurídica que explore atividade rural, para uso nessa atividade, poderão ser depreciados integralmente no</p><p>próprio ano da aquisição.</p><p>• Exclusão no Lalur: a depreciação integral no mesmo</p><p>ano de aquisição consiste em registro, na</p><p>escrituração comercial, do encargo calculado à taxa normal de depreciação e exclusão, na parte A</p><p>do Lalur, do complemento necessário para atingir o valor integral do bem.</p><p>81</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>• Controle na parte B do Lalur: o valor da depreciação, excluído na determinação do lucro real do</p><p>ano de aquisição, deverá ser controlado na parte B do Lalur para adição, a partir do período de</p><p>apuração seguinte, à medida que a depreciação, à taxa normal, for sendo registrada na escrita</p><p>contábil. Por ocasião da alienação do bem, existindo saldo de depreciação na parte B do Lalur, este</p><p>deverá ser adicionado ao lucro líquido da atividade rural para fins de apuração do lucro real.</p><p>7.22 Exclusão na base de cálculo da CSLL</p><p>Embora a Medida Provisória não disponha a respeito, a SRF, por meio do artigo 52 da IN 93/97,</p><p>determina que a depreciação Integral aplica‑se, inclusive, para efeito de determinação da base de</p><p>cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido. Portanto, quando for o caso, a empresa rural poderá</p><p>excluir, do resultado contábil do período de apuração, o mesmo valor do complemento de depreciação</p><p>deduzido na determinação do lucro real, devendo proceder ao controle e à adição em períodos de</p><p>apuração posteriores.</p><p>7.23 Compensação de prejuízos</p><p>Com o advento das Leis nº 8.981 e nº 9.065/95, a compensação de prejuízos fiscais, pelas empresas</p><p>em geral, ficou limitada a 30% do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação</p><p>do imposto de renda. No entanto, como a tributação da atividade rural é regida por legislação específica,</p><p>esse limite não se aplica à compensação dos prejuízos fiscais decorrentes da atividade rural.</p><p>7.24 Empresas com atividade mista</p><p>Segundo a Instrução Normativa 39 SRF/96, para efeito de compensação de prejuízos fiscais, as empresas</p><p>que exploram atividade rural juntamente com outra atividade deverão observar o exposto a seguir:</p><p>I. o prejuízo fiscal da atividade rural poderá ser compensado, sem qualquer limitação, nos</p><p>seguintes casos:</p><p>a) compensação do prejuízo fiscal da atividade rural com o lucro real dessa mesma atividade,</p><p>apurado em períodos subsequentes;</p><p>b) compensação do prejuízo fiscal da atividade rural com o lucro real de outras atividades apurado</p><p>no mesmo período.</p><p>II. a limitação de 30% do lucro real deverá ser observada na compensação:</p><p>a) de prejuízos fiscais da atividade rural com o lucro real de outra atividade, apurado em períodos</p><p>subsequentes;</p><p>b) de prejuízos fiscais de outras atividades como lucro real dessas mesmas atividades, em períodos</p><p>de apuração subsequentes.</p><p>82</p><p>Unidade II</p><p>7.25 Prejuízos não operacionais</p><p>Por força do artigo 31 da Lei nº 9.249/95, os prejuízos não operacionais apurados pelas pessoas</p><p>jurídicas a partir de 1º janeiro de 1996 somente poderão ser compensados em períodos de apuração</p><p>seguintes, com lucros da mesma natureza, observado o limite de 30% do lucro líquido ajustado. De</p><p>acordo com o § 32, artigo 22, da Instrução Normativa 39 SRF/96, esse tratamento deve ser observado pela</p><p>empresa rural na compensação de prejuízos fiscais das demais atividades, assim como na compensação</p><p>dos prejuízos da atividade rural com o lucro real de outra.</p><p>7.26 Valor compensável</p><p>Para os efeitos fiscais, considera‑se prejuízo compensável o apurado na demonstração da base de</p><p>cálculo do imposto devido na atividade rural. Somente poderão ser compensados os prejuízos fiscais da</p><p>atividade rural apurado a partir de 31 de dezembro de 1986.</p><p>7.27 Lucro presumido ou arbitrado</p><p>Para efeito de determinação do lucro presumido ou arbitrado, as pessoas jurídicas que desenvolvem</p><p>atividades rurais devem aplicar, sobre a receita bruta apurada a cada trimestre, o percentual de 8 ou</p><p>9,6%, respectivamente. À parcela, assim determinada, deverão ser acrescidos os ganhos de capital, os</p><p>rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras, as demais receitas e os resultados</p><p>positivos não abrangidos na receita bruta. Apuração do ganho de capital na alienação de imóvel rural,</p><p>a partir de 12 de janeiro de 1997, por força do artigo 19 da Lei nº 9.393/96, para fins de apuração</p><p>do ganho de capital, as pessoas jurídicas, tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado,</p><p>deverá considerar como custo de aquisição e valor da venda do imóvel rural o Valor da Terra Nua</p><p>(VTN) constante do Documento de Informação e Apuração do ITR (Diat) ou o valor atribuído de ofício</p><p>quando o Diat não for entregue pelo proprietário do imóvel, nos anos de ocorrência de sua aquisição</p><p>e de sua alienação, respectivamente. Na apuração do ganho de capital correspondente a imóvel rural</p><p>adquirido anteriormente a 12 de janeiro de 1997, será considerado custo de aquisição o valor constante</p><p>da escritura pública, devendo ser observado, com base no artigo 17 da Lei nº 9.249/95, que:</p><p>• tratando‑se de bens cuja aquisição tenha ocorrido até o final de 1995, o custo de aquisição</p><p>poderá ser corrigido monetariamente até 31 de dezembro desse ano, tomando‑se por base o valor</p><p>da Ufir vigente em 14 de janeiro de 1996 (R$ 0,8287), não se lhes aplicando qualquer correção</p><p>monetária a partir desta data;</p><p>• tratando‑se de bens adquiridos após 31 de dezembro de 1995, ao custo de aquisição dos bens não</p><p>será atribuída qualquer atualização monetária.</p><p>7.28 Contribuição social sobre o lucro líquido</p><p>As empresas rurais tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, estão sujeitas ao</p><p>pagamento da contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL).</p><p>83</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>7.29 Alíquotas</p><p>A alíquota da CSLL para as empresas em geral é de 8%. Sobre os fatos geradores ocorridos no</p><p>período de maio de 1999 a 31 de janeiro de 2000 incidiu o adicional de 4 pontos percentuais. O adicional</p><p>da CSLL foi reduzido para 1 ponto percentual em relação aos fatos geradores ocorridos no período de</p><p>12 de fevereiro de 2000 a 31 de dezembro de 2002. Portanto, no ano‑calendário de 2001, a alíquota da</p><p>CSLL é de 9%.</p><p>7.30 Base de cálculo negativa</p><p>A Lei nº 8.981/95 limitou em 30% da base de cálculo positiva apurada em períodos de apuração</p><p>subsequentes a compensação da base de cálculo negativa da CSLL. A limitação de 30% era observada</p><p>inclusive para efeito de compensação da base de cálculo negativa da contribuição social apurada pelas</p><p>empresas rurais.</p><p>A partir de 13 de março de 2000, com a edição da Medida Provisória 1.991‑15, de 10 de março de</p><p>2000, atual Medida Provisória 2.158‑35/2001, essa limitação não mais se aplica ao resultado decorrente</p><p>da exploração da atividade rural.</p><p>7.31 Impossibilidade de compensação</p><p>De acordo com a MP 2.158‑35/2001, aplica‑se à base de cálculo negativa da CSLL o disposto nos</p><p>artigos 32 e 33 do Decreto‑lei nº 2.3411/87. Esses dispositivos, incorporados ao RIR/99 por meio dos</p><p>artigos 513 e 514, determinam, em relação a prejuízos fiscais, o que segue:</p><p>7.32 Mudança de controle societário e de ramo de atividade</p><p>A pessoa jurídica não poderá compensar seus próprios prejuízos fiscais se entre a data da apuração e</p><p>da compensação houver ocorrido, cumulativamente, modificação de seu controle societário e do ramo</p><p>de atividade.</p><p>7.33 Incorporação, fusão e cisão</p><p>A pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão não poderá compensar prejuízos</p><p>fiscais da sucedida. Quando ocorrer cisão parcial, a empresa remanescente da cisão continuará</p><p>a gozar do direito de compensar seus próprios prejuízos fiscais, se for o caso, sendo que, nessa</p><p>hipótese, somente poderá compensar a parcela de prejuízo fiscal proporcional ao patrimônio que</p><p>nela houver permanecido.</p><p>7.34 Vigência da norma</p><p>Em obediência ao prazo nonagesimal previsto na Constituição Federal para oneração das contribuições</p><p>sociais, entendemos que o impedimento para a compensação da base de cálculo negativa da CSLL</p><p>aplica‑se, somente, às operações realizadas a partir de 28 de setembro de 1999.</p><p>84</p><p>Unidade II</p><p>7.35 Cálculo do IRPJ</p><p>O cálculo do imposto de renda devido pelas empresas rurais</p><p>deve ser efetuado de acordo com os</p><p>critérios aplicáveis às pessoas jurídicas em geral.</p><p>7.36 Alíquota do imposto de renda</p><p>A alíquota básica do IRPJ é de 15%.</p><p>7.37 Adicional do IRPJ</p><p>As pessoas jurídicas estão sujeitas ao adicional de 10% sobre a parcela do lucro que ultrapassar o</p><p>limite de R$ 20.000,00 para cada mês abrangido no período de apuração.</p><p>7.38 Apuração trimestral</p><p>As empresas tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado, bem como aquelas tributadas</p><p>pelo lucro real, que se enquadrarem na apuração trimestral, estarão sujeitas ao adicional quando o</p><p>lucro apurado no trimestre exceder o limite de R$ 60.000,00 ou o valor correspondente ao resultado da</p><p>multiplicação de R$ 20.000,00 pelo número de meses que compuserem o período de apuração.</p><p>7.39 Apuração anual</p><p>As empresas enquadradas no regime de estimativa que pagarem o Imposto de Renda mensalmente,</p><p>com base na receita bruta e acréscimos estarão sujeitas ao adicional quando a base de cálculo do</p><p>imposto ultrapassar o limite de R$ 20.000,00. A pessoa jurídica deverá pagar o adicional do IRPJ quando</p><p>o lucro real apurado no encerramento do ano‑calendário ultrapassar o limite de R$ 240.000,00. No caso</p><p>de período de apuração inferior a 12 meses, bem como de apuração procedida em balanços/balancetes</p><p>intermediários, para fins de suspensão/redução do pagamento mensal do imposto, o limite será o valor</p><p>resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 pelo número de meses a que corresponder o respectivo</p><p>período de apuração.</p><p>7.40 Empresas com atividade mista</p><p>O adicional de 10% incidirá sobre a parcela do lucro real (atividades em geral e atividade rural) que</p><p>exceder a R$ 20.000,00, multiplicado pelo número de meses do período de apuração.</p><p>7.41 Incentivos fiscais</p><p>A pessoa jurídica que explora a atividade rural não faz jus a qualquer redução do imposto a título de</p><p>incentivo fiscal, relativamente à parcela do IRPJ calculado sobre o lucro real dessa atividade.</p><p>85</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>7.42 Renda monetária e não monetária</p><p>Em se tratando do meio rural, a ocupação das pessoas nas atividades agrícolas e não agrícolas</p><p>sempre foi e continua sendo uma questão relevante, mas nem sempre bem compreendida ao longo das</p><p>mudanças pelas quais passou o setor agropecuário brasileiro.</p><p>No Brasil, em particular nos últimos anos, destacam‑se alguns fenômenos importantes, como a</p><p>mecanização da produção e a introdução de tecnologias poupadoras de mão de obra, a expansão de</p><p>área produtiva, principalmente na região amazônica, o surgimento de novas culturas e variedades e, não</p><p>menos importante, o cenário de abertura comercial e financeira da economia brasileira.</p><p>Uma das principais constatações feitas sobre o meio rural brasileiro na década de 1990 foi a</p><p>tendência de queda do emprego agrícola, e as ocupações nas atividades não agrícolas (serviços e</p><p>indústria) apresentaram taxas mais altas de crescimento anual, relacionadas, entre outros fatores, com a</p><p>crescente modernização dos sistemas produtivos rurais, como a mecanização da produção e da colheita,</p><p>que libera mão de obra das atividades agropecuárias.</p><p>A renda total de uma propriedade não advém, essencialmente, da renda monetária (lucro oriundo</p><p>das culturas), mas também da renda não monetária, oriunda da contabilização da produção destinada</p><p>para o consumo interno.</p><p>Dessa forma, a produção destinada para o autoconsumo torna‑se uma renda, principalmente porque diminui</p><p>as despesas com a manutenção alimentar, garantindo qualidade de vida e a própria segurança alimentar.</p><p>7.43 Os principais indicadores econômicos</p><p>Indicadores econômicos servem para medir as diferentes rotas que podem ser tomadas pela</p><p>atividade econômica em nível empresarial. Economistas passam horas, dias, meses e anos analisando os</p><p>indicadores para tomar decisões importantes, pensando no futuro.</p><p>Com a falta desse nível estatístico, a sociedade não consegue medir os desempenhos do crescimento</p><p>econômico, matéria indispensável para a macro e microeconomia.</p><p>Observação</p><p>Crescimento econômico é o aumento da capacidade produtiva</p><p>da economia (produção de bens e serviços). É definido pelo índice de</p><p>crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) per capita.</p><p>São as estatísticas numéricas em nível quantitativo e qualitativo, utilizadas para medir o</p><p>desenvolvimento econômico, prever comportamento econômico e aplicar medidas político‑econômicas.</p><p>86</p><p>Unidade II</p><p>Observação</p><p>O desenvolvimento econômico é o crescimento econômico (aumento</p><p>do PIB per capita), acompanhado pela melhoria da qualidade de vida da</p><p>população e por alterações profundas na estrutura econômica.</p><p>A seguir, você encontrará os principais indicadores econômicos:</p><p>• INPC: mede a variação dos custos dos gastos descrito no período do primeiro ao último dia de</p><p>cada mês de referência, e no período compreendido entre o dia oito e doze do mês seguinte</p><p>o referido instituto divulga as variações. Abrange as famílias com rendimentos mensais</p><p>compreendidos entre um e cinco salários mínimos (aproximadamente 50% das famílias</p><p>brasileiras), cujo chefe é assalariado em sua ocupação principal e residente nas áreas urbanas</p><p>das regiões, qualquer que seja a fonte de rendimentos, e demais residentes nas áreas urbanas das</p><p>regiões metropolitanas abrangidas.</p><p>• Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA): medido mensalmente pelo Instituto</p><p>Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi criado com o objetivo de oferecer a variação</p><p>dos preços no comércio para o público final. O IPCA é considerado o índice oficial de</p><p>inflação do país. Abrange as famílias com rendimentos mensais compreendidos entre um</p><p>e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos, e residentes nas áreas</p><p>urbanas das regiões.</p><p>• IPCA‑15: a partir do mês de maio de 2000, o IBGE, passou também a disponibilizar na internet o</p><p>Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo‑15 (IPCA‑15). O IPCA‑15 se diferencia do IPCA</p><p>no período de coleta – de 16 a 15 – e renda – até 40 salários mínimos.</p><p>• IPCA‑E: são produzidos indexadores com objetivos específicos, como é o caso atualmente do</p><p>Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA‑E). Criado em 30 de dezembro</p><p>de 1991, utiliza, para sua composição de cálculo, os seguintes setores: alimentação e bebidas,</p><p>habitação, artigos de residência, vestuário, transportes, saúde e cuidados pessoais, despesas</p><p>pessoais, educação e comunicação.</p><p>• Índice Geral de Preços 10 (IGP‑10): é uma das versões do Índice Geral de Preços (IGP). Medido</p><p>pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), registra a inflação de preços desde matérias‑primas</p><p>agrícolas e industriais até bens e serviços finais. O IGP‑10 mede a evolução de preços no período</p><p>compreendido entre o dia 11 do mês anterior e o dia 10 do mês atual. Ele é formado por 60%</p><p>do Índice de Preços por Atacado‑10 (IPA‑10), 30% do Índice de Preços ao Consumidor‑10</p><p>(IPC‑10) e 10% do Índice Nacional de Custos da Construção‑10 (INCC‑10). O chamado IGP‑10</p><p>mede a variação entre os dias 11 de um mês ao dia 10 (inclusive) do mês subsequente. Mas não</p><p>é válido como índice mensal por englobar cálculos de dois meses. É mais utilizado para estudos</p><p>econômicos e outras atividades correlatas.</p><p>87</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>• IGP‑DI/FGV: IGP‑DI foi instituído em 1944 com a finalidade de medir o comportamento de preços em</p><p>geral da economia brasileira. É uma média aritmética, ponderada dos seguintes índices: IPA, que é o</p><p>Índice de Preços no Atacado e mede a variação de preços no mercado atacadista – o IPA pondera em</p><p>60% o IGP‑DI/FGV –; IPC, que é o Índice de Preços ao Consumidor e mede a variação de preços entre</p><p>as famílias que percebem renda de um a 33 salários mínimos nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro</p><p>– o IPC pondera em 30% o IGP‑DI/FGV –; INCC, que é o Índice Nacional da Construção Civil e mede a</p><p>variação de preços no setor da construção civil, considerando no caso tanto materiais como também</p><p>a mão de obra empregada no setor – o INCC pondera em 10% o IGP‑DI/FGV –; DI ou Disponibilidade</p><p>Interna, que é a consideração das variações de preços que afetam diretamente as atividades econômicas</p><p>localizadas no território brasileiro – não se consideram as variações de preços dos produtos exportados,</p><p>o que se verifica somente no caso da variação no aspecto de oferta global.</p><p>• Índice Geral de Preços do Mercado (IGP‑M): é uma das versões do Índice Geral de Preços (IGP). É</p><p>medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e registra a inflação de preços desde matérias‑primas</p><p>agrícolas e industriais até bens e serviços finais. Esse índice é formado pelo Índice de Preços por</p><p>Atacado – Mercado (IPA‑M), Índice de Preços ao Consumidor – Mercado (IPC‑M) e Índice Nacional</p><p>do Custo da Construção – Mercado (INCC‑M), com pesos de 60%, 30% e 10%, respectivamente. A</p><p>pesquisa de preços é feita entre o dia 21 do mês anterior até o dia 20 do mês atual.</p><p>• Taxa de câmbio: é o preço de uma moeda estrangeira medido em unidades ou frações (centavos) da</p><p>moeda nacional. No Brasil, a moeda estrangeira mais negociada é o dólar dos Estados Unidos, fazendo</p><p>com que a cotação comumente utilizada seja a dessa moeda, mas também há taxas para o Euro.</p><p>• Produto Interno Bruto (PIB): é a soma de todos os serviços e bens produzidos num período (mês,</p><p>semestre, ano) numa determinada região (país, estado, cidade, continente). O PIB é expresso</p><p>em valores monetários (no caso do Brasil, em reais, muitas vezes convertidos em dólares para</p><p>equiparação com outros países).</p><p>• Produto Nacional Bruto (PNB): é uma expressão monetária dos bens e serviços produzidos por</p><p>fatores de produção nacional, independentemente do território econômico.</p><p>• Renda per capita – é o nome de um indicador que auxilia o conhecimento sobre o grau de</p><p>desenvolvimento de um país e consiste na divisão do coeficiente da renda nacional (produto nacional</p><p>bruto subtraído dos gastos de depreciação do capital e os impostos indiretos) pela sua população.</p><p>• IPC/Fipe: é calculado mensalmente pela fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE). O IPC/Fipe</p><p>mede a variação de preços para o consumidor na cidade de São Paulo com base nos gastos de quem</p><p>ganha de um a 20 salários mínimos.</p><p>• Nível de Atividade Industrial: é divulgado na última quarta‑feira do mês seguinte ao mês aferido,</p><p>a partir de questionários respondidos por cerca de 700 indústrias que representam 30 por</p><p>cento da produção industrial. Trata‑se de um índice composto pelos índices de variação mensal</p><p>dos seguintes dados: total de pessoal ocupado pelas empresas; total de horas pagas; total de</p><p>horas trabalhadas na produção; total de salários reais (deflacionados pelo Índice de Preços ao</p><p>Consumidor da Fipe); salário médio real; total de venda reais (deflacionadas pelo Índice de Preços</p><p>ao Atacado da FGV); utilização da capacidade instalada.</p><p>88</p><p>Unidade II</p><p>• Índice de Custo de Vida do Dieese: calculado para três classes de renda, 1‑3 salários mínimos,</p><p>1‑5 salários mínimos e 1‑30 salários mínimos. Esse índice se distingue dos demais por incluir</p><p>como itens essenciais do custo de vida as despesas com recreação, comunicação, cultura e lazer.</p><p>• Índice de Confiança do Consumidor (ICC): indica a sensação do consumidor em relação à sua</p><p>situação econômica pessoal e do país no curto e médio prazo, o que impacta diretamente no seu</p><p>comportamento atual de consumo. O índice também levanta outros dados de interesse, como</p><p>a intenção de compra de bens duráveis (carro e casa), a evolução dos preços e a capacidade de</p><p>economizar versus gastos.</p><p>• Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): nasceu como alternativa aos indicadores usados a</p><p>mais tempo e cujos resultados não apontavam para a realidade sócio‑econômica de um país,</p><p>estado ou município. O IDH é composto de dados ligados a área da saúde, escolaridade e produção</p><p>de um país, estando portanto, como o próprio nome nos permite intuir, mais ligado ao processo</p><p>de desenvolvimento do que de crescimento econômico. É importante destacar que existe uma</p><p>variante importantes do IDH, o Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade (IDH AD),</p><p>cuja mensuração também leva em consideração a concentração de renda.</p><p>• Índice de Gini: indicador que mostra o grau de concentração de renda de uma determinada</p><p>sociedade a partir da observação do volume de renda obtida por grupos sociais. O indicador</p><p>mostra a diferença entre os redimentos das classes mais abastadas e as menos favorecidas. O</p><p>índice varia de 0 a 1, sendo 1 a maior concentração de renda possível e 0 uma sociedade com</p><p>distribuição equitativa da renda produzida.</p><p>7.43.1 Os principais indicadores econômicos</p><p>O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), para seus estudos e levantamentos</p><p>estatísticos, leva em consideração como principais indicadores econômicos os que veremos a seguir.</p><p>Taxas de juros efetivas – Selic E TJLP</p><p>A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) foi instituída pela Medida Provisória nº 684, de 31 de outubro</p><p>de 1994, publicada no Diário Oficial da União em 3 de novembro de 1994, sendo definida como o</p><p>custo básico dos financiamentos concedidos pelo BNDES. A TJLP tem período de vigência de um</p><p>trimestre‑calendário e é calculada a partir dos seguintes parâmetros:</p><p>• meta de inflação calculada pro rata para os doze meses seguintes ao primeiro mês de vigência da</p><p>taxa, inclusive, baseada nas metas anuais fixadas pelo Conselho Monetário Nacional;</p><p>• prêmio de risco.</p><p>A TJLP é fixada pelo Conselho Monetário Nacional e divulgada até o último dia útil do trimestre</p><p>imediatamente anterior ao de sua vigência. Em moedas contratuais, a TJLP, expressa em percentual ao</p><p>ano, tem o código 311.</p><p>89</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Tabela 5 – Evolução da Taxa de Juros de Longo Prazo – 2010 a 2015</p><p>Evolução (% a.a.)</p><p>2015</p><p>Julho a setembro 6,50%</p><p>Abril a junho 6,00%</p><p>Janeiro a março 5,50%</p><p>2014</p><p>Outubro a dezembro 5,00%</p><p>Julho a setembro 5,00%</p><p>Abril a junho 5,00%</p><p>Janeiro a março 5,00%</p><p>2013</p><p>Outubro a dezembro 5,00%</p><p>Julho a setembro 5,00%</p><p>Abril a junho 5,00%</p><p>Janeiro a março 5,00%</p><p>2012</p><p>Outubro a dezembro 5,50%</p><p>Julho a setembro 5,50%</p><p>Abril a junho 6,00%</p><p>Janeiro a março 6,00%</p><p>2011</p><p>Outubro a dezembro 6,00%</p><p>Julho a setembro 6,00%</p><p>Abril a junho 6,00%</p><p>Janeiro a março 6,00%</p><p>2010</p><p>Outubro a dezembro 6,00%</p><p>Julho a setembro 6,00%</p><p>Abril a junho 6,00%</p><p>Janeiro a março 6,00%</p><p>Fonte: Banco Central do Brasil (2015).</p><p>De acordo com o Banco Central do Brasil:</p><p>Define‑se Taxa Selic como a taxa média ajustada dos financiamentos diários</p><p>apurados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos</p><p>federais. Para fins de cálculo da taxa, são considerados os financiamentos</p><p>diários relativos às operações registradas e liquidadas no próprio Selic e em</p><p>sistemas operados por câmaras ou prestadores de serviços de compensação</p><p>90</p><p>Unidade II</p><p>e de liquidação (art. 1° da Circular n° 2.900, de 24 de junho de 1999, com</p><p>a alteração introduzida pelo art. 1° da Circular n° 3.119, de 18 de abril de</p><p>2002) (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2015).</p><p>A taxa é uma ferramenta de política monetária utilizada pelo Banco Central do Brasil para atingir</p><p>a meta das taxas de juros estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Em 24 de julho de</p><p>2015, o percentual da Taxa Selic era de 13,75%.</p><p>Saiba mais</p><p>A Taxa de Juros de Longo Prazo (TLP) entrou em vigor em janeiro de</p><p>2018 em substituição a TJLP para todos os novos contratos. Para obter mais</p><p>informações, acesse:</p><p>BNDES. Taxa de longo prazo ‑ TLP. Rio de Janeiro, [s.d.]. Disponível</p><p>em: https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia/</p><p>custos‑financeiros/tlp‑taxa‑de‑longo‑prazo. Acesso em: 11 fev. 2020.</p><p>Financiamentos rurais (crédito rural)</p><p>Conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa):</p><p>O Crédito Rural abrange recursos destinados a custeio, investimento ou</p><p>comercialização. As suas regras, finalidades e condições estão estabelecidas</p><p>no Manual de Crédito Rural (MCR), elaborado pelo Banco Central do Brasil.</p><p>Essas normas são seguidas por todos os agentes que compõem o Sistema</p><p>Nacional</p><p>de Crédito Rural (SNCR), como bancos e cooperativas de crédito.</p><p>Os créditos de custeio ficam disponíveis quando os recursos se destinam a</p><p>cobrir despesas habituais dos ciclos produtivos, da compra de insumos à fase</p><p>de colheita. Já os créditos de investimento são aplicados em bens ou serviços</p><p>duráveis, cujos benefícios repercutem durante muitos anos. Por fim, os créditos</p><p>de comercialização asseguram ao produtor rural e a suas cooperativas os</p><p>recursos necessários à adoção de mecanismos que garantam o abastecimento</p><p>e levem o armazenamento da colheita nos períodos de queda de preços.</p><p>O produtor pode pleitear as três modalidades de crédito rural como</p><p>pessoa física ou jurídica. As cooperativas rurais são também beneficiárias</p><p>naturais do sistema (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E</p><p>ABASTECIMENTO, 2012).</p><p>91</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Cédulas de Produto Rural (CPR)</p><p>A CPR é um título que pode ser emitido por produtores rurais, suas cooperativas de produção e</p><p>associações, com a finalidade de obtenção de recursos para desenvolver sua produção ou empreendimento.</p><p>Foi instituída pela Lei nº 8.929, de 22 de agosto de 1994, podendo ser negociada nos mercados de bolsas</p><p>e de balcão.</p><p>Pode ser emitida em qualquer fase do empreendimento pecuário ou agrícola (pré‑plantio,</p><p>desenvolvimento, pré‑colheita ou mesmo produto colhido).</p><p>Produção, área e produtividade</p><p>A produtividade é basicamente definida como a relação entre a produção e os fatores de produção</p><p>utilizados na produção agrícola. A produção é definida como os bens produzidos (quantidade de</p><p>produtos produzidos na agropecuária, geralmente medidos em quilos, litros, caixas e sacos). Os fatores</p><p>de produção são definidos como pessoas, máquinas e materiais utilizados na produção. Quanto maior</p><p>for a relação entre a quantidade produzida por fatores utilizados, maior é a produtividade.</p><p>Insumos agrícolas</p><p>Os insumos agrícolas são insumos de produção que são utilizados na obtenção de produtos agrícolas,</p><p>sejam vegetais ou animais. Podem ser distribuídos em três categorias:</p><p>• Insumos mecânicos: todos os equipamentos e máquinas usadas para a preparação e manutenção</p><p>dos produtos. Exemplos: tratores, sistemas de irrigação, colheitadeiras etc.</p><p>• Insumos biológicos: elementos que são de origem vegetal ou animal. Exemplos: adubos, plantas,</p><p>mudas, sementes etc.</p><p>• Insumos minerais ou químicos: produtos fabricados em indústrias e laboratórios. Exemplos:</p><p>fertilizantes, agrotóxicos etc.</p><p>Comércio exterior</p><p>O comércio internacional é a troca de bens e serviços por meio de fronteiras internacionais ou</p><p>territórios. Na maioria dos países, ele representa uma grande percentagem do PIB. O comércio internacional</p><p>está presente em grande parte da história da humanidade, mas a sua importância econômica, social e</p><p>política se tornou crescente nos últimos séculos.</p><p>O avanço industrial, dos transportes, a globalização, o surgimento das corporações multinacionais</p><p>e o outsourcing (expressão em inglês, normalmente traduzida para português como terceirização)</p><p>tiveram grande impacto no incremento do comércio entre países, sendo uma disciplina da Teoria</p><p>Econômica, que, juntamente com o estudo do sistema financeiro internacional, forma a disciplina</p><p>da economia internacional.</p><p>92</p><p>Unidade II</p><p>Normalmente, as medidas do comércio internacional são feitas entre importações e exportações,</p><p>considerando que, caso as importações sejam maiores que as exportações, teremos um deficit, e caso</p><p>contrário, será considerado um superavit.</p><p>Alguns países ainda medem a Balança Comercial como a Balança Comercial do Agronegócio</p><p>(portanto inclui produtos da agropecuária industrializadas) e a Balança Comercial da Agropecuária,</p><p>incluindo apenas os produtos in natura.</p><p>Além da Balança Comercial, há outra ainda mais importante que é o Balanço de Pagamentos, um</p><p>instrumento da contabilidade referente à descrição das relações comerciais de um país com o resto do</p><p>mundo. Registra o total de dinheiro que entra e sai de um país, na forma de importações e exportações</p><p>de produtos, serviços, capital financeiro, bem como transferências comerciais.</p><p>Para uma noção de como anda a Balanço de Pagamentos do Brasil, vide a tabela a seguir:</p><p>Tabela 6 – Balanço de pagamentos no Brasil 2014 – 2019</p><p>Balanço de pagamentos USD milhões (contas selecionadas)</p><p>Conta 2014 2015 2016 2017 2018 2019</p><p>Transações correntes ‑101.431,10 ‑54.472,20 ‑24.230,00 ‑15.014,50 ‑41.539,70 ‑50.761,80</p><p>Balança comercial ‑54.736,00 ‑19.260,80 14.188,00 26.032,20 17.313,10 4.263,00</p><p>Serviços ‑48.106,80 ‑36.915,50 ‑30.446,80 ‑37.927,30 ‑35.734,20 ‑35.140,60</p><p>Transportes ‑8.696,50 ‑5.664,20 ‑3.730,50 ‑4.975,20 ‑6.159,50 ‑5.925,80</p><p>Viagens ‑18.724,20 ‑11.512,90 ‑8.473,10 ‑13.192,40 ‑12.344,90 ‑11.680,70</p><p>IDP líquido 87.714,00 64.738,10 74.294,60 68.885,10 78.162,60 78.559,30</p><p>Adaptado de: Banco Central do Brasil (2019).</p><p>Saiba mais</p><p>Caso você deseje conhecer o desempenho da Balança Comercial Brasileira</p><p>desde 1999, você pode consultar o site do Ministério do Desenvolvimento,</p><p>Indústria e Comércio Exterior (MDIC) no endereço:</p><p>BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio</p><p>Exterior. Balança comercial mensal. 2015. Disponível em: http://www.</p><p>desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=1161.</p><p>Acesso em: 10 dez. 2015.</p><p>Caso você deseje conhecer o desempenho da Balança de Pagamentos de</p><p>Brasil desde 1947, acesse o site:</p><p>BANCO CENTRAL DO BRASIL. Balança de Pagamentos. 2015. Disponível</p><p>em: http://www.bcb.gov.br/?SERIEBALPAGBPM5. Acesso em: 19 nov. 2015.</p><p>93</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Produto Interno Bruto do agronegócio</p><p>Se o PIB é a soma de todos os serviços e bens produzidos num período (mês, semestre, ano) numa</p><p>determinada região (país, estado, cidade, continente), o PIB do agronegócio é expresso em valores</p><p>monetários, de todos os bens e serviços produzidos exclusivamente pelo agronegócio. Normalmente se</p><p>propaga essa informação para demonstrar a relevância do setor no PIB do país.</p><p>Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP)</p><p>Segundo o Mapa:</p><p>O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) mostra a evolução do desempenho</p><p>das lavouras e da pecuária ao longo do ano e corresponde ao faturamento</p><p>bruto dentro do estabelecimento. Calculado com base na produção da safra</p><p>agrícola e da pecuária, e nos preços recebidos pelos produtores nas principais</p><p>praças do país, dos 26 maiores produtos agropecuários do Brasil, o valor real</p><p>da produção, descontada a inflação, é obtido pelo Índice Geral de Preços –</p><p>Disponibilidade Interna (IGP‑DI), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) (MINISTÉRIO</p><p>DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, 2012).</p><p>A agricultura familiar gera mais de 80% da ocupação no setor rural e responde no Brasil por sete</p><p>de cada 10 empregos no campo e por cerca de 40% da produção agrícola (Valor Bruto da Produção) –</p><p>dados de Conab em 2010. Atualmente a maior parte dos alimentos que abastecem a mesa dos brasileiros</p><p>vem das pequenas propriedades.</p><p>A agricultura familiar favorece o emprego de práticas produtivas ecologicamente mais equilibradas,</p><p>como a diversificação de cultivos, o menor uso de insumos industriais e a preservação do patrimônio</p><p>genético. Em 2009, cerca de 60% dos alimentos que compuseram a cesta alimentar distribuída pela</p><p>Conab originaram‑se da agricultura familiar.</p><p>Preços mínimos</p><p>De acordo com o Mapa:</p><p>Garantir o abastecimento nacional com alimentos de qualidade e assegurar</p><p>ao produtor preços que permitam sua manutenção na atividade rural é</p><p>um compromisso do Ministério da Agricultura. A cada safra, as diretrizes</p><p>da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) são coordenadas,</p><p>elaboradas, acompanhadas e avaliadas para garantir segurança alimentar</p><p>e a comercialização dos produtos agropecuários. O financiamento da</p><p>estocagem, a armazenagem, a venda de estoques públicos de produtos</p><p>agropecuários e a equalização de preços e custos são alguns dos mecanismos</p><p>de que o ministério se vale para garantir abastecimento e comercialização.</p><p>94</p><p>Unidade II</p><p>Toneladas</p><p>de produtos agrícolas excedentes podem ser comercializadas,</p><p>por meio de leilões eletrônicos monitorados pelo governo, de forma a</p><p>abastecer regiões deficitárias e, ao mesmo tempo, garantir aos produtores</p><p>um preço que lhes permita manter‑se na atividade rural (MINISTÉRIO DA</p><p>AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, 2012).</p><p>Balanço da Oferta e Demanda</p><p>O Balanço da Oferta e Demanda de produtos da agropecuária considera a produção interna, as</p><p>exportações e as importações e os estoques iniciais e finais. É uma forma de determinar o consumo de</p><p>produtos da agropecuária no país.</p><p>Índice de Confiança do Produtor Rural</p><p>Conforme o site da IC Agro:</p><p>O Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro) é apurado trimestralmente pela</p><p>Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Organização das</p><p>Cooperativas Brasileiras (OCB), mede a expectativa dos agentes do setor em</p><p>relação ao seu negócio e ao ambiente econômico de forma geral. A pesquisa é</p><p>feita com os três elos que compõem o segmento: antes da porteira da fazenda</p><p>(indústria de fertilizantes, máquinas e implementos, defensivos, nutrição</p><p>e saúde animal, cooperativas, revendas, entre outros), dentro da porteira</p><p>(produtores agropecuários) e depois da porteira (indústria de alimentos, de</p><p>energia, tradings, cooperativas, armazenadores e operadores logísticos).</p><p>Para dar robustez aos resultados, outros dois levantamentos são realizados</p><p>em paralelo: o Perfil do Produtor Agropecuário e o Painel de Investimentos.</p><p>Embora eles não entrem na composição do Índice de Confiança, essas</p><p>sondagens ajudam a explicar o seu resultado (IC AGRO, [s.d.]).</p><p>Taxa Interna de Retorno (TIR)</p><p>Expressa a taxa de remuneração do investimento. A rejeição de uma proposta de investimento deve</p><p>ser efetuada quando o valor da taxa interna de retorno for inferior ao custo de oportunidade do capital</p><p>ou à taxa mínima de atratividade exigida. A taxa mínima de atratividade ou custo de oportunidade deve</p><p>expressar o que se deixa de ganhar pela não aplicação do capital em uma alternativa de investimento. A</p><p>caderneta de poupança, que é um investimento praticamente isento de risco e de fácil acesso, pode ser</p><p>considerada como a taxa mínima de atratividade.</p><p>Retorno do Investimento (RI)</p><p>Expressa o retorno, em lucro, para cada unidade monetária investida. É obtida pela divisão do</p><p>lucro pelo investimento. Considerou‑se que uma alternativa de investimento é considerada atrativa</p><p>economicamente se apresentar um RI anual superior a 20%.</p><p>95</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Período de recuperação (PR)</p><p>Consiste na estimativa do tempo necessário para que o fluxo de caixa acumulado se torne positivo,</p><p>ou seja, expressa o período de tempo necessário para a recuperação dos gastos na implantação, na</p><p>produção e na colheita.</p><p>Remuneração da mão de obra no período (RMOP)</p><p>Consiste na renda total obtida no período, menos a saída total do período ou o desembolso total do</p><p>período (desconsiderar o desembolso com o pagamento dos homens/dia), dividido pela quantidade de</p><p>homens/dia (H/d) utilizados no período. Expressa a remuneração média de um dia de trabalho obtido</p><p>com a atividade em determinado período. Portanto, uma alternativa será atrativa se a sua RMOP for</p><p>superior ao valor da diária, ou seja, a remuneração paga por um dia de trabalho.</p><p>7.44 A taxa de remuneração do capital e da mão de obra</p><p>A Taxa de Remuneração do Capital Investido (TRC) é uma das mais interessantes, visto que permite</p><p>comparar a rentabilidade do negócio com investimentos alternativos no mercado financeiro. Em outras</p><p>palavras, a TRC permite verificar a atratividade do negócio.</p><p>Observação</p><p>A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) é uma taxa de juros que</p><p>representa o mínimo que um investidor se propõe a ganhar quando faz um</p><p>investimento.</p><p>A taxa de atratividade é formada a partir de três componentes básicos:</p><p>• Custo de oportunidade: remuneração obtida em alternativas que não as analisadas, ou seja, é</p><p>o valor de outras oportunidades não escolhidas. Exemplo: caderneta de poupança, fundo de</p><p>investimento etc. É o caso do produtor rural decidir aplicar seu capital na produção ou em</p><p>títulos do governo. Isto depende do produtor decidir onde deseja aplicar e onde acha que vai</p><p>ter maior rentabilidade.</p><p>• Risco do negócio: o ganho tem de remunerar o risco inerente de uma nova ação. Quanto maior</p><p>o risco, maior a remuneração esperada. Com certeza, as aplicações financeiras oferecem menor</p><p>risco e certeza de ganho, mas o produtor rural deve ter informações suficientes para saber se os</p><p>preços que vai obter pela colheita serão suficientes para remunerar o capital investido</p><p>• Liquidez: capacidade ou velocidade em que se pode sair de uma posição no mercado para assumir</p><p>outra. Aqui novamente o produtor deve levar em consideração o tempo de resgate de sua</p><p>96</p><p>Unidade II</p><p>aplicação. A aplicação em poupança ou em títulos será imediatamente, ou quase imediatamente,</p><p>convertida em unidades monetárias (dinheiro), enquanto sua produção poderá levar mais tempo</p><p>para ser vendida, e muitas vezes, mesmo após a venda, poderá levar algum tempo para que se</p><p>tenha o dinheiro em mãos.</p><p>A TRC resulta da divisão da margem líquida pelo capital investido, vezes 100. A margem líquida é igual</p><p>à renda bruta menos os custos diretos (custo operacional efetivo), menos os custos correspondentes às</p><p>depreciações de benfeitorias e máquinas e menos os custos referentes à mão de obra (custo variável).</p><p>Quando se compara a TRC com a taxa real de juros, o resultado indica a conveniência, ou não, de</p><p>continuar a produção da propriedade ou vender a propriedade, aplicando o dinheiro no mercado financeiro.</p><p>Em análises dessa natureza, tem sido comum considerar 6% ao ano como piso da TRC. Este valor é</p><p>o da taxa real de juros da caderneta de poupança, que não deve ser confundida com a taxa nominal de</p><p>juros, correspondente à taxa real de juros mais a inflação, que normalmente é medida pela taxa Sistema</p><p>Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).</p><p>No cálculo do custo de produção de uma determinada cultura, deve constar como informação básica</p><p>a combinação de insumos, de serviços e de máquinas e implementos utilizados ao longo do processo</p><p>produtivo. Esta combinação é conhecida como “pacote tecnológico” e indica a quantidade de cada item</p><p>em particular, por unidade de área, que resulta num determinado nível de produtividade.</p><p>Essas quantidades mencionadas, referidas à unidade de área (hectare), são denominadas de</p><p>coeficientes técnicos de produção, podendo ser expressas em tonelada, quilograma ou litro (corretivos,</p><p>fertilizantes, sementes e agrotóxicos), em horas (máquinas e equipamentos) e em dia de trabalho</p><p>(humano ou animal).</p><p>Saiba mais</p><p>Conheça melhor a Conab, que tem em seus arquivos custos relacionados</p><p>com culturas temporárias, semiperenes e permanentes, além de produtos</p><p>ligados à avicultura, suinocultura, caprinocultura, atividade leiteira,</p><p>extrativismo e sociobiodiversidade:</p><p>CONAB. Custos de produção. [s.d.]. Disponível em: http://www.conab.</p><p>gov.br/conteudos.php?a=1546&t=2. Acesso em: 11 dez. 2015.</p><p>É relativamente comum nas empresas familiares a confusão entre remuneração do capital e</p><p>remuneração do trabalho. Esta confusão começa quando o proprietário, por razões tributárias, combina</p><p>as duas formas de remuneração e a chama de “retirada”. A confusão se multiplica quando outros</p><p>membros da família empresária passam também a reivindicar suas “retiradas”.</p><p>97</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Neste sentido, é importante diferenciar as formas de remuneração:</p><p>Remuneração por capital: consiste na retribuição ao sócio pelo investimento</p><p>pessoal realizado e/ou mantido na empresa. Considerando que as quotas</p><p>ou ações tem um valor patrimonial, já que representam uma parte da</p><p>empresa, é justo que o sócio receba uma retribuição para não retirar esse</p><p>investimento da empresa. A remuneração por capital é feita na forma de</p><p>lucros ou dividendos, juros sobre capital próprio ou pela própria valorização</p><p>da empresa, que embora não realizada</p><p>financeiramente, representa</p><p>acréscimo ao patrimônio do sócio (GONÇALVES, 2013).</p><p>Dividendos: o termo dividendo, obviamente, deriva do verbo dividir. Ele</p><p>dá nome à divisão dos lucros de uma empresa entre seus acionistas, após</p><p>os descontos de imposto de renda e contribuição social. Quando uma</p><p>companhia vai bem e obtém lucro, ela é obrigada, por lei, a entregar pelo</p><p>menos 25% desse lucro aos acionistas. Normalmente isso acontece uma vez</p><p>por ano, após o fechamento do balanço. Os donos de ações preferenciais</p><p>têm direito a um percentual fixo do lucro e recebem primeiro o pagamento.</p><p>Depois são pagos os dividendos aos portadores de ações ordinárias. Isso</p><p>explica por que as ações são classificadas em preferenciais e ordinárias.</p><p>Quase sempre esse valor é pago em dinheiro, diretamente na conta do</p><p>acionista ou disponibilizado no caixa do banco da empresa, podendo ser</p><p>retirado mediante a comprovação da posse das ações. Quando os dividendos</p><p>ficam acumulados de um ano para o outro, são chamados de dividendos</p><p>cumulativos. Há também outra modalidade, denominada dividendos pro</p><p>rata, que se aplica à distribuição de lucros para os acionistas que adquiriram</p><p>ações emitidas durante o ano. Como eles só foram acionistas da empresa</p><p>por um período do ano, só têm direito a parte proporcional dos lucros.</p><p>A Bolsa de Valores mantém em seu site avisos sobre as companhias que</p><p>estão pagando dividendos. Além disso, as próprias empresas costumam</p><p>publicar na imprensa como forma de provar sua saúde financeira e de fazer</p><p>propaganda de suas ações (WOLFFENBÜTTEL, 2006).</p><p>Valorização das ações ou quotas: as empresas de capital fechado não têm</p><p>suas ações negociadas em bolsas de valores. Entretanto, ainda assim estão</p><p>sujeitas a valorização ou desvalorização na medida em que o desempenho</p><p>da empresa melhora ou piora.</p><p>Remuneração do trabalho: segundo legislação brasileira, salário é o valor</p><p>pago como contraprestação dos serviços prestados pelo empregado,</p><p>enquanto remuneração engloba este, mais outras vantagens a título de</p><p>gratificação ou adicionais. Conforme o artigo 457 da CLT: “Compreendem‑se</p><p>na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário</p><p>devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do</p><p>98</p><p>Unidade II</p><p>serviço, as gorjetas que receber.” Nessa perspectiva, podemos concluir</p><p>que “salário” seria uma espécie do gênero “remuneração”. O trabalho e/ou</p><p>serviço desempenhado pelo trabalhador, dependendo da tarefa executada,</p><p>da frequência, da regulamentação trabalhista e do contrato firmado entre</p><p>as partes (empregador e empregado), pode ser pago em condições especiais,</p><p>como ser pago em produtos, em serviços, ou ainda por via de dedução de</p><p>dividas, entre outras. No entanto, geralmente o empregador paga o salário</p><p>do empregado por meio do salário fixo ou salário variável. A modalidade</p><p>utilizada depende muito do tipo de trabalho, da jornada de trabalho, do</p><p>tempo de duração e do contrato de trabalho.</p><p>O salário fixo refere‑se ao valor devido pelo empregador, já definido em</p><p>contrato de trabalho, não dependendo de circunstâncias alheias, vinculado</p><p>apenas à presença do empregado no trabalho, podendo se apresentar</p><p>através de diversas figuras: salário‑base; salário mínimo; piso salarial;</p><p>salário profissional; salário normativo; salário líquido; e salário bruto. Segue</p><p>a descrição de cada um:</p><p>Salário‑base: também chamado de salário contratual, é pago diretamente</p><p>pelo empregador e utilizado normalmente como base para os cálculos;</p><p>Salário mínimo: fixado por lei, valor mínimo a ser recebido pelo empregado</p><p>com jornada mensal de 220h, corrigido anualmente pelo governo;</p><p>Piso salarial: valor determinado pela categoria do empregado ou atividade</p><p>econômica da empresa; previsto em dissídio, norma ou acordo coletivo (sindicato);</p><p>Salário profissional: exclusivo para as categorias dos profissionais liberais:</p><p>médicos, advogados, engenheiros, dentistas etc. instituído pela legislação</p><p>que regulamenta a profissão.</p><p>Salário normativo: valor determinado pela categoria do empregado ou</p><p>atividade econômica da empresa; previsto em dissídio, norma ou acordo</p><p>coletivo (sindicato);</p><p>Salário líquido: valor a ser recebido pelo empregado após os cálculos legais</p><p>das verbas trabalhistas devidas: folha de pagamento, rescisão, férias, décimo</p><p>terceiro; e os respectivos descontos: IRRF, INSS, contribuição sindical, vale</p><p>refeição, vale transporte, entre outros.</p><p>Salário bruto: valor que se apresenta nos cálculos legais antes da redução</p><p>dos encargos e descontos devidos: folha de pagamento, rescisão, férias,</p><p>décimo terceiro (GONÇALVES, 2013).</p><p>99</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Sobre o salário mínimo e seu impacto entre os trabalhadores rurais, o site da Universidade Estadual</p><p>de Campinas (Unicamp) publicou em seu Jornal da Unicamp, a seguinte reportagem:</p><p>Mínimo tem baixo impacto entre trabalhadores rurais sem carteira</p><p>Carlos Orsi</p><p>Os aumentos reais do salário mínimo obtidos ao longo dos últimos 18 anos vêm</p><p>ajudando a reduzir a desigualdade no Brasil, em geral, mas com uma importante exceção:</p><p>no meio rural, a parcela mais pobre dos trabalhadores informais – sem carteira assinada –</p><p>vem sendo deixada para trás e o fosso entre esses agricultores e os demais está se</p><p>ampliando, mostra a tese de doutorado “Análise do impacto do salário mínimo sobre a</p><p>distribuição de renda na agricultura brasileira: recortes segundo a posição na ocupação”,</p><p>defendida por Régis Borges de Oliveira no Instituto de Economia (IE) da Unicamp. Em sua tese,</p><p>o pesquisador faz uma revisão do debate econômico sobre o salário mínimo – se ele favorece</p><p>o trabalhador ou, ao criar um piso para o custo do trabalho, aumenta o desemprego e o</p><p>trabalho informal – e nota que, nos países menos desenvolvidos, existe a expectativa de</p><p>que o mínimo “exerça o papel de indexador para os rendimentos mais baixos”, puxando</p><p>para cima mesmo os salários abaixo do valor mínimo legal. O trabalho de Oliveira mostra</p><p>que esse “efeito farol”, como também é chamado, do salário mínimo é mais fraco quando</p><p>se observa a renda da parcela mais pobre dos trabalhadores rurais sem carteira assinada.</p><p>Oliveira faz uma revisão de diversos estudos anteriores dos efeitos do salário mínimo</p><p>sobre o mercado de trabalho e a desigualdade econômica, no Brasil e no mundo, e destaca</p><p>que, no caso específico brasileiro, “nos anos recentes, a queda sistemática da desigualdade</p><p>despertou o interesse dos pesquisadores sobre os seus determinantes, e o salário mínimo</p><p>aparece novamente como uma das variáveis‑chave na explicação do comportamento</p><p>da desigualdade”. Ao longo dos anos, os estudos sobre a economia brasileira analisados</p><p>pelo pesquisador apontam que a desigualdade na distribuição de rendimentos tende a</p><p>cair à medida que o salário mínimo aumenta, sem que haja elevação significativa do</p><p>desemprego.</p><p>Estatísticas</p><p>Mas a queda da desigualdade, no cenário nacional amplo, mascara outros efeitos,</p><p>mais específicos do setor agrícola, argumenta a tese. Usando dados da Pesquisa Nacional</p><p>por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, o autor nota que o índice Gini, que mede a</p><p>desigualdade, caiu, para os trabalhadores assalariados urbanos brasileiros, 21,2% entre</p><p>1995 e 2012, enquanto que o dos empregados rurais reduziu‑se em apenas 4,1% entre o</p><p>início e o fim do período, sendo que “o comportamento das medidas de desigualdade ao</p><p>longo da série analisada é mais irregular” no setor agrícola. Comparando a evolução da</p><p>renda entre os empregados mais ricos e os mais pobres dos setores agrícola e não‑agrícola,</p><p>Oliveira constata que “a proporção da renda apropriada pelos 50% mais pobres cresce</p><p>no caso dos empregados não agrícolas, e permanece quase estável para os empregados</p><p>agrícolas”. A tese divide os trabalhadores rurais brasileiros em quatro categorias –</p><p>100</p><p>Unidade II</p><p>permanentes com carteira de trabalho assinada; permanentes sem carteira; temporários</p><p>com carteira; temporários sem carteira – e se vale de duas técnicas estatísticas mais</p><p>sofisticadas,</p><p>81</p><p>7.24 Empresas com atividade mista ..................................................................................................... 81</p><p>7.25 Prejuízos não operacionais ............................................................................................................ 82</p><p>7.26 Valor compensável ............................................................................................................................ 82</p><p>7.27 Lucro presumido ou arbitrado ...................................................................................................... 82</p><p>7.28 Contribuição social sobre o lucro líquido ................................................................................ 82</p><p>7.29 Alíquotas ............................................................................................................................................... 83</p><p>7.30 Base de cálculo negativa ................................................................................................................ 83</p><p>7.31 Impossibilidade de compensação ................................................................................................ 83</p><p>7.32 Mudança de controle societário e de ramo de atividade .................................................. 83</p><p>7.33 Incorporação, fusão e cisão ........................................................................................................... 83</p><p>7.34 Vigência da norma ............................................................................................................................ 83</p><p>7.35 Cálculo do IRPJ ................................................................................................................................... 84</p><p>7.36 Alíquota do imposto de renda ...................................................................................................... 84</p><p>7.37 Adicional do IRPJ ............................................................................................................................... 84</p><p>7.38 Apuração trimestral .......................................................................................................................... 84</p><p>7.39 Apuração anual .................................................................................................................................. 84</p><p>7.40 Empresas com atividade mista ..................................................................................................... 84</p><p>7.41 Incentivos fiscais ................................................................................................................................ 84</p><p>7.42 Renda monetária e não monetária ............................................................................................ 85</p><p>7.43 Os principais indicadores econômicos ...................................................................................... 85</p><p>7.43.1 Os principais indicadores econômicos ......................................................................................... 88</p><p>7.44 A taxa de remuneração do capital e da mão de obra ......................................................... 95</p><p>8 PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO .............................................................................................................101</p><p>8.1 Plano de ação .......................................................................................................................................103</p><p>8.2 Controle ..................................................................................................................................................104</p><p>8.3 Etapas básicas do planejamento ..................................................................................................105</p><p>8.3.1 Análise do ambiente externo ...........................................................................................................105</p><p>8.3.2 Análise do ambiente interno ............................................................................................................105</p><p>8.4 Planejamento das unidades de produção ................................................................................106</p><p>8.4.1 Importância do planejamento .........................................................................................................107</p><p>9</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Este livro-texto propõe-se a caracterizar o ambiente e o papel da administração da propriedade</p><p>rural, bem como as principais teorias de administração na gestão do empreendimento rural, visando</p><p>à aplicação de métodos de observação na propriedade rural, como instrumento e metodologia de</p><p>análise de unidades de produção agrícola, contribuindo ao processo de tomada de decisão, apoiado em</p><p>organização sistêmica e planejamento estratégico na propriedade rural.</p><p>Mais especificamente, o objetivo traçado para esta disciplina é o de proporcionar meios de conhecer a</p><p>administração rural e as técnicas de planejamento, objetivando a gestão sustentável de unidades de produção.</p><p>É muito importante ao aluno entender o papel da administração no desenvolvimento da agricultura</p><p>no Brasil, sabendo agir, tomar decisões e realizar julgamentos como profissional de gestão agropecuária</p><p>em sinergia e interdisciplinaridade com profissionais de outras áreas, como a agronomia, contabilidade,</p><p>economia, direito, entre outras.</p><p>O conteúdo a ser abordado aplica-se sem distinção a empresas de qualquer porte dentro do ramo</p><p>do agronegócio, embora seja conhecido que as médias e grandes corporações, bem como as instituições</p><p>internacionais e multinacionais, utilizam com maior frequência esse conhecimento.</p><p>Sabe-se que há subutilização do potencial do agronegócio no Brasil, pois o país, entre outros problemas,</p><p>carece de bons profissionais capazes de gerenciar a produção rural. Isso é uma limitação ao crescimento</p><p>dos negócios rurais e, em consequência, do desenvolvimento autêntico do Brasil, que deixa de dar uma</p><p>maior qualidade de vida para sua própria população e para populações de outros países que, ou como</p><p>clientes ou como beneficiários de ajuda humanitária, poderiam usufruir do agronegócio brasileiro.</p><p>Ao conhecer a administração das propriedades rurais, o aluno se capacitará, ao longo de nosso curso,</p><p>a lidar com problemas brasileiros que assolam o agronegócio e atentar tanto a oportunidades quanto a</p><p>encontrar soluções.</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Nesta disciplina, você terá a oportunidade de aumentar seus conhecimentos sobre administração</p><p>rural. Isso demandará certo esforço, porém os benefícios serão notáveis, logo compensando as energias</p><p>empreendidas.</p><p>Para tanto, esta disciplina aborda a rotina do universo corporativo. Desde o início da humanidade, a</p><p>arte de administrar já regia a organização dos homens e sua sobrevivência.</p><p>Dentre as definições para essa ciência ou arte, no Minidicionário da Língua Portuguesa, administração</p><p>(1993, p. 12) é: “1. Ação de administrar. 2. Quem administra” e o verbo administrar significa “1. Gerir</p><p>(negócios públicos ou particulares). [...] 3. Dar, ministrar. [...]”.</p><p>10</p><p>Tal definição limita-se ao ambiente empresarial, levando em consideração a ampla formação, nos</p><p>tempos modernos, de organizações e o aperfeiçoamento da administração com o passar do tempo, a</p><p>partir de seus conceitos aplicados às novas práticas organizacionais.</p><p>Mas elimine de sua mente qualquer restrição a esse conhecimento, sem o relacionar a temas</p><p>avançados ligados ao agronegócio, como custos, logística, tecnologia, gestão, planejamento, nem o</p><p>imaginar como exclusividade de grandes empresas com muito dinheiro para gastar com administração.</p><p>Seria impossível, pois não se pode prescindir de tecnologia de gestão e inovação nem em pequenas ou</p><p>médias empresas. Aliás, são elas as que mais precisam desse conhecimento, para enfrentar os mercados</p><p>extremamente competitivos, não raro hostis.</p><p>Ao final deste estudo, espera-se que você tenha formado habilidades para administrar, saber agir,</p><p>analisar e fazer julgamentos profissionais.</p><p>11</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Unidade I</p><p>1 AS TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO</p><p>as regressões quantílicas e as curvas de densidade de Kernel, para descobrir</p><p>como a evolução do salário mínimo afetou cada grupo. “No caso das regressões quantílicas</p><p>é possível mensurar o efeito do salário mínimo ao longo da distribuição dos salários.</p><p>Significa dizer que é possível identificar se o efeito exercido pelo salário mínimo é maior</p><p>entre os relativamente mais pobres ou os relativamente mais ricos”, explicou Oliveira.</p><p>“Conforme mostram os resultados, no caso dos empregados sem carteira de trabalho,</p><p>o salário mínimo apresenta maior impacto sobre o rendimento dos relativamente mais</p><p>ricos e seu crescimento, ao influenciar o rendimento destes, contribuiu para aumentar</p><p>a dispersão dos salários dessa categoria de empregados”. Já as curvas de densidade de</p><p>Kernel “permitem avaliar graficamente onde há uma maior concentração de rendimentos</p><p>com valor igual ou próximo ao valor do salário mínimo”, disse o autor. “Assim, é possível</p><p>ter uma ideia da importância do mínimo para determinada categoria de empregado.</p><p>São métodos que, com os recursos computacionais disponíveis, trazem resultados mais</p><p>interessantes e refinados”.</p><p>Fiscalização</p><p>Oliveira não acredita que o salário dos trabalhadores rurais mais pobres e sem carteira</p><p>assinada tenha ficado para trás, em relação aos avanços do salário mínimo e da renda</p><p>dos demais assalariados rurais, por conta de uma eventual elevação excessiva do piso.</p><p>“Na realidade, o que se observou foi um movimento de aumento das relações de trabalho</p><p>formais no setor agrícola, acompanhado a tendência geral de formalização no Brasil,</p><p>principalmente a partir de 2001. Entre 1995 e 2012, enquanto houve aumento de 23%</p><p>no número de empregados agrícolas com carteira de trabalho, os empregados sem</p><p>carteira acumularam uma redução de 34,3%”, disse ele. “Isso mostra que o fato de o</p><p>salário mínimo ter apresentando trajetória ascendente não inibiu a geração de postos de</p><p>trabalho com carteira assinada, ou a transferência de empregados do segmento informal</p><p>para o segmento formal”. “Obviamente, devemos observar o impacto do mínimo sobre</p><p>os custos da mão de obra e a possibilidade de retração no emprego”, pondera. “Mas,</p><p>no caso dos empregados temporários sem carteira, o descolamento do rendimento da</p><p>categoria está muito relacionado com a dificuldade, ou mesmo falta, de fiscalização.</p><p>Muitas das vezes é até difícil caracterizar a relação como vínculo empregatício. O setor</p><p>agrícola possui particularidades que deveriam ser levadas em conta pela legislação. Toda</p><p>a regulamentação do trabalho agrícola tem origem urbana e não atenta às especificidades</p><p>do setor”. Ele não teme, também, que uma fiscalização trabalhista mais rigorosa</p><p>venha a causar desemprego no campo. “Nos últimos anos, observamos o aumento da</p><p>fiscalização do trabalho no setor agrícola sem necessariamente a destruição de postos</p><p>de trabalho”, disse. “Um exemplo interessante é o caso da cana‑de‑açúcar no Estado de</p><p>São Paulo, onde houve grande avanço na formalização dos cortadores de cana, sem gerar</p><p>desemprego”. O pesquisador faz a ressalva de que “a fiscalização, por si só, não resolverá</p><p>o problema dos baixos salários pagos no setor agrícola. A fiscalização deve estar atrelada</p><p>a políticas de requalificação da mão de obra, aumentando as chances de uma melhor</p><p>101</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>inserção no mercado de trabalho”. A tese anota que “os empregados temporários sem</p><p>carteira registraram menor escolaridade média ao longo de todo período considerado”.</p><p>E prossegue: “A escolaridade dos empregados sem carteira (permanentes e temporários)</p><p>deveria crescer a um ritmo mais acelerado do que é constatado. A informalidade está,</p><p>geralmente, associada a baixa escolaridade e, por consequência, a menores salários.</p><p>Deve‑se pensar em formas de qualificação desses empregados agrícolas como uma das</p><p>possibilidades de aumentar as chances de uma melhor inserção no mercado de trabalho”.</p><p>Desigualdade</p><p>Números apresentados na tese mostram a evolução dos rendimentos das quatro</p><p>categorias de trabalhadores avaliadas ao longo do período de 1995 a 2012. “Observa‑se</p><p>que o rendimento médio dos permanentes com carteira é, pelo menos, 40% maior que</p><p>a média dos empregados permanentes sem carteira”, diz a pesquisa, acrescentando</p><p>que a taxa de crescimento do rendimento dos empregados permanentes com carteira</p><p>também é maior: um aumento de 69,1% no período, ante 40,2% dos sem carteira e</p><p>uma elevação real de 105,4% do salário mínimo, no mesmo intervalo. No último ano do</p><p>período analisado, 2012, o rendimento médio dos empregados permanentes com carteira</p><p>assinada era 70% maior que o dos sem carteira. Entre os trabalhadores temporários, a</p><p>diferença de rendimentos entre os com carteira assinada e os sem carteira é ainda maior.</p><p>“Em 1995, a média dos temporários com carteira era aproximadamente 72% maior do</p><p>que a dos sem carteira. Essa diferença sobe para 97% em 2012”, afirma a tese. “Entre 1995</p><p>e 2012, o aumento do rendimento médio real dos empregados temporários com carteira</p><p>foi de 58,2%, já para os temporários sem carteira o aumento foi de 38,1%”. Em sua</p><p>conclusão, Oliveira escreve que, para os trabalhadores sem carteira assinada, “o efeito do</p><p>salário mínimo é o inverso do esperado”. “Seu impacto é significativamente maior para os</p><p>rendimentos da parte superior da distribuição, apresentando, inclusive, sinais negativos</p><p>e estatisticamente significativos” para as faixas inferiores de renda. E, mais adiante:</p><p>“Percebe‑se que a maior parte desses empregados não foi beneficiada pela valorização do</p><p>salário mínimo, e o comportamento da desigualdade entre esses empregados não seguiu</p><p>a tendência geral de redução”.</p><p>Fonte: Orsi (2014).</p><p>8 PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO</p><p>A Fundação Nacional da Qualidade define planejamento como:</p><p>O Planejamento Estratégico é um processo gerencial de grande importância</p><p>dentro das empresas de todos os portes e setores. Um bom planejamento</p><p>impulsiona a empresa na direção correta, auxiliando para que ela possa</p><p>antecipar‑se às ameaças e fazer um diagnóstico de oportunidades e</p><p>melhorias (FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE, 2014).</p><p>102</p><p>Unidade II</p><p>Planejamento, para Maximiano (2000, p. 175), é definido como uma ferramenta utilizada por pessoas</p><p>e organizações para administrar suas relações com o futuro.</p><p>Já a definição de planejamento estratégico proposta por Fischmann e Almeida (1991, p. 25) é a seguinte:</p><p>Planejamento Estratégico é uma técnica administrativa que, através</p><p>da análise do ambiente de uma organização, cria a consciência de</p><p>suas oportunidades e ameaças de seus pontos fortes e fracos para o</p><p>cumprimento de sua missão e, através desta consciência, estabelece o</p><p>propósito de direção que a organização deverá seguir para aproveitar as</p><p>oportunidades e evitar ameaças.</p><p>Estas definições não são muito diferentes das propostas por outros autores. Tavares (1991, p. 68),</p><p>por exemplo, entende que planejamento estratégico é o processo de formulação de estratégias para</p><p>aproveitar as oportunidades e neutralizar as ameaças ambientais utilizando os pontos fortes e eliminando</p><p>os pontos fracos da organização para a conscientização da sua missão.</p><p>Oliveira (1991, p. 373) não se distancia muito das definições anteriores ao definir o planejamento</p><p>estratégico como sendo “o processo gerencial que possibilita ao executivo estabelecer o rumo a</p><p>ser seguido pela empresa, com vistas a obter um nível de otimização na relação da empresa com</p><p>seu ambiente”.</p><p>Para Hamel e Prahalad (2005, p. 88): “a essência da estratégia está em criar as vantagens competitivas</p><p>de amanhã mais depressa do que as rivais possam imitar as vantagens que você possui hoje”.</p><p>A formulação de um planejamento que aponte os caminhos pelos quais a sua empresa deve seguir é</p><p>um dos primeiros fatores a serem levados em conta pelo produtor rural. A falta de planos, estratégicos e</p><p>operacionais, é um dos principais motivos das empresas fecharem as suas portas antes de completarem</p><p>um ano de atividade, ou seja, podemos dizer que é uma questão</p><p>de sobrevivência.</p><p>Quando se planeja, é fundamental:</p><p>• clarificar os objetivos do que se pretende;</p><p>• entender seus significados dentro da instituição;</p><p>• perceber como fazer para alcançá‑los;</p><p>• quantificar em que tempo é possível obter resultados;</p><p>• apreender qual o impacto esperado;</p><p>• calcular o custo de adiar;</p><p>103</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>• identificar as dificuldades esperadas;</p><p>• estimar a experiência exigida.</p><p>Mas engana‑se quem acredita que um bom planejamento é feito apenas para definir objetivos e</p><p>metas iniciais do negócio: ele auxilia no estabelecimento de uma visão futura, garantindo a perenidade</p><p>da empresa ao longo dos anos.</p><p>Para isso, deve ser revisitado, tendo em vista identificar cenários e tendências, para que possa planejar</p><p>as mudanças e novos posicionamentos.</p><p>Além disso, a formulação de estratégias de forma planejada e disciplinada permite o aumento da</p><p>competitividade no longo prazo e ainda colabora com a colaboração dos funcionários, que passam a</p><p>contribuir de forma mais efetiva.</p><p>Ao construir o planejamento, é fundamental a criação de indicadores que permitem avaliar e</p><p>mensurar se a empresa tem alcançado suas estratégias.</p><p>Cada indicador deve ter uma meta que possibilita medir e acompanhar a evolução dos resultados</p><p>esperados e necessários, para que os objetivos sejam alcançados. Os planos, indicadores e objetivos</p><p>devem ainda ser comunicados a todos os colaboradores, o que é vital para o engajamento das pessoas</p><p>na causa comum.</p><p>8.1 Plano de ação</p><p>O sistema de produção requer a obtenção e utilização dos recursos produtivos que incluem mão de</p><p>obra, materiais, edifícios, equipamentos e capital. A comercialização exige a interação a outras atividades,</p><p>tais como pesquisa de mercado, promoção, vendas, distribuição e pós‑vendas.</p><p>O plano de ação é elaborado para planejar as ações que são necessárias para que determinado</p><p>objetivo seja alcançado. Para elaborá‑lo deve‑se levar em conta a missão da empresa e relacioná‑la com</p><p>as atividades principais naquele ano, considerando os resultados esperados.</p><p>Como o nome já diz, o plano de ação é concebido para desencadear uma ação, é um planejamento</p><p>para uma determinada atividade. Para isso, um plano de ação deve conter os seguintes tópicos:</p><p>• Objetivo (o que fazer?) – compreende aquilo que você deseja alcançar. Meta, por sua vez, tanto é</p><p>o tempo estipulado como os meios que utilizarei para atingir este objetivo.</p><p>• Estratégia (como fazer?) – ao elaborar a estratégia, você deve fazer com que ela seja</p><p>flexível. Os problemas são inevitáveis e deve‑se estar preparado para lidar com imprevistos.</p><p>Para tanto, é necessário que se desenvolva uma política de orientação. Quando dificuldades</p><p>surgirem, essa conduta irá determinar qual a decisão mais apropriada para resolver os</p><p>problemas. Mesmo com boas estratégias, equipes podem confundir‑se e cometer atitudes</p><p>104</p><p>Unidade II</p><p>incoerentes. Essas ações não são necessariamente erradas, mas quando uma decisão se</p><p>choca com outra, é necessário que o conjunto de ações que os membros da equipe realizam</p><p>seja coordenado. A coerência dentro da estratégia é a sustentação para que esse plano não</p><p>se autodestrua. Antes de elaborar qualquer tática, é necessário que você saiba exatamente</p><p>o porquê da estratégia. Qual é o desafio que a empresa enfrenta que torna necessárias essas</p><p>ações? Qual é o resultado desejado? Apenas identificar essas respostas não é suficiente,</p><p>você deve entendê‑las.</p><p>• Cronograma (quando fazer?) – um cronograma é uma ferramenta para gerenciamento do tempo.</p><p>Sua essência é a composição de uma lista de atividades interligadas por relações de dependência</p><p>(obrigatórias, arbitrárias e externas) que, aplicadas sobre um calendário (datas, feriados) e após a</p><p>análise da disponibilidade de recursos humanos/materiais (nivelamento de recursos), possibilita a</p><p>identificação e controle da data de realização de atividades.</p><p>• Responsável (quem irá fazer?) – é preciso identificar os responsáveis para cada ação necessária.</p><p>Não é porque você está no comando que deve tomar todo o crédito pelo trabalho feito. Sua</p><p>equipe é responsável pelo resultado alcançado. Você é o líder de uma equipe que realizará o</p><p>trabalho, tendo como função assegurar que tudo seja feito segundo a qualidade exigida. Mesmo</p><p>que sua equipe tome uma decisão equivocada ou resolva um problema de um modo que você não</p><p>faria, não critique e nem desvalorize. Pelo contrário: use esses momentos como oportunidades de</p><p>melhoria. Ouça as razões para a ação tomada – na maioria das vezes, dentro do contexto, há uma</p><p>lógica para o que foi feito.</p><p>• Recursos necessários (o que é preciso para fazer?) – deve estar prevista a capacidade de</p><p>dimensionar, captar e garantir os recursos exigidos (a capacidade de conseguir os recursos</p><p>materiais, financeiros ou humanos necessários) em todas as fases necessárias para se</p><p>atingir os objetivos.</p><p>As principais características dos objetivos e desafios devem ser resumidas na necessidade de serem</p><p>consistentes, claros, comunicados, desmembrados e motivadores, além de baseados na premissa de que</p><p>são frutos de estratégias que trazem resultados positivos à empresa.</p><p>8.2 Controle</p><p>Segundo Oliveira (2008, p. 253), podemos definir controle como:</p><p>[...] uma função do processo administrativo que, mediante a comparação</p><p>com padrões previamente estabelecidos, procura medir e avaliar o</p><p>desempenho e o resultado das ações, com a finalidade de realimentar</p><p>os tomadores de decisões de forma que possam corrigir ou reforçar</p><p>esse desempenho ou interferir em funções do processo administrativo,</p><p>para assegurar que os resultados satisfaçam às metas, aos desafios e aos</p><p>objetivos estabelecidos.</p><p>105</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>8.3 Etapas básicas do planejamento</p><p>A primeira etapa do planejamento estratégico é identificar as condições atuais, externas e internas</p><p>da organização. Divide‑se então a análise da situação atual em duas partes, a análise do ambiente</p><p>externo e a análise interna.</p><p>8.3.1 Análise do ambiente externo</p><p>Maximiano (2006, p. 32) diz que “a análise do ambiente externo é um dos pilares do planejamento</p><p>estratégico. Quanto mais competitivo, instável e complexo o ambiente, maior a necessidade de analisá‑lo”.</p><p>Assim que assumimos as organizações como sistemas abertos, ou conjunto de partes interdependentes</p><p>entre si, que sofrem influência do meio externo, no processo de planejamento estratégico, a primeira etapa</p><p>compreenderá a identificação dos fatores ambientais que influenciam o desempenho da organização.</p><p>8.3.2 Análise do ambiente interno</p><p>Maximiano (2000, p. 197) cita que “o planejamento tático é elaborado para possibilitar a realização</p><p>dos planos estratégicos. O plano tático abrange áreas de atividades especializadas na empresa”.</p><p>O autor (2002, p. 406) descreve as seguintes áreas funcionais como sendo as principais:</p><p>• Marketing: administra as relações da empresa com o mercado.</p><p>• Produção: administra o fornecimento dos produtos e serviços da empresa a seus clientes ou usuários.</p><p>• Desenvolvimento de produtos: administra a produção de modificações e inovações nos produtos</p><p>e serviços da empresa.</p><p>• Finanças: administra o dinheiro da empresa.</p><p>• Recursos humanos: administra as relações da empresa com seus empregados.</p><p>Definindo a análise interna, o autor afirma que “a identificação de pontos fortes e fracos dentro da</p><p>organização anda em paralelo com a análise do ambiente”.</p><p>Os estudos dos pontos fortes e fracos da organização são realizados por meio da análise das áreas</p><p>funcionais de uma organização (produção, marketing, recursos humanos e finanças), e a comparação do</p><p>desempenho destas áreas com empresas de destaque (prática conhecida como benchmarking, técnica</p><p>por meio da qual a organização compara seu desempenho com o de outra).</p><p>A análise SWOT, sigla dos termos ingleses strengths (forças), weaknesses (fraquezas), opportunities</p><p>(oportunidades) e threats (ameaças), elaborada pelo estadunidense Albert Humphrey, é uma ferramenta</p><p>estrutural utilizada na análise</p><p>do ambiente interno, para a formulação de estratégias. Permitem‑se</p><p>identificar as forças e fraquezas da empresa, extrapolando então oportunidades e ameaças externas</p><p>para ela.</p><p>106</p><p>Unidade II</p><p>8.4 Planejamento das unidades de produção</p><p>O estudo e a descrição dos principais elementos constitutivos das unidades de produção agrícola</p><p>(UPA), no Brasil, remontam ao período colonial e pós‑colonial. Com a abordagem sistêmica, incorpora‑se</p><p>a noção de que a UPA pode apresentar, além da função de produção de produtos agrícolas, outras</p><p>funções combinadas: comercialização, serviços, conservação do espaço etc.</p><p>A gestão de uma UPA passa a ser considerada como sendo a gestão articulada de atividades</p><p>produtivas de bens (produção) e de serviços agrícolas (beneficiamento) e não agrícolas, como o turismo</p><p>rural, por exemplo.</p><p>Nas décadas de 1960 e 1970, a Revolução Verde, que permitia um vasto aumento na produção</p><p>agrícola em países menos desenvolvidos, causou equívocos consideráveis no que diz respeito à gestão e</p><p>ao planejamento das UPA, e mesmo às previsões de evolução da agricultura.</p><p>Estudos e pesquisas realizados neste período em universidades e centros de pesquisa brasileiros</p><p>chegaram a concluir que as formas de produção não empresariais seriam inviáveis do ponto de vista</p><p>econômico e que, portanto, tenderiam a desaparecer a curto e a médio prazos.</p><p>Divulgava‑se que a modernização da agricultura levaria à hegemonia e ao predomínio da agricultura</p><p>de tipo empresarial. Muitos desses estudos e pesquisas fizeram com que o poder público e as instituições</p><p>de fomento e apoio à agricultura implementassem programas e ações de desenvolvimento rural com o</p><p>único objetivo de qualificar os agricultores e produtores rurais para implantarem em suas UPA métodos e</p><p>procedimentos de gestão e planejamento fundamentados na visão empresarial.</p><p>Nas últimas décadas, esta visão uniformizada da realidade da agricultura foi superada pela</p><p>constatação da existência de múltiplas formas e tipos de agricultura, materializados em uma infinidade</p><p>de tipos de UPA.</p><p>Na atual conjuntura da agricultura brasileira, podem‑se classificar os diferentes perfis de UPA em</p><p>quatro grandes tipos “ideais”:</p><p>• familiar; capital imobilizado (terra, instalações, equipamentos, animais etc.): é baixo ou médio</p><p>enquanto destino da produção agrícola, sendo voltado para o mercado e autoconsumo.</p><p>• patronal; capital imobilizado: é médio ou alto enquanto destino da produção agrícola, sendo</p><p>voltado para o mercado e autoconsumo.</p><p>• empresa rural; capital imobilizado: é médio ou alto enquanto destino da produção agrícola, sendo</p><p>voltado apenas para o mercado.</p><p>• grande propriedade, capital imobilizado: é alto enquanto destino da produção agrícola, sendo</p><p>voltado apenas para o mercado.</p><p>107</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>8.4.1 Importância do planejamento</p><p>O agronegócio é um dos segmentos mais importantes do país, conhecido como uma das principais</p><p>atividades econômicas do Brasil, e nos últimos anos tem favorecido o avanço da economia brasileira</p><p>em nível mundial, colocando o Brasil como um dos maiores produtores e exportadores do mundo, em</p><p>especial na produção e exportação de alimentos.</p><p>De acordo com os dados do PIB e do saldo da balança comercial, o agronegócio é caracterizado</p><p>como uma das principais atividades econômicas do país.</p><p>Em virtude da chamada “globalização”, em praticamente todos os negócios do país e do mundo</p><p>as margens de lucro têm ficado cada vez menores. Se no campo os produtores e demais profissionais</p><p>rurais gerenciam a eficiência operacional de suas respectivas propriedades, ainda é necessário gerenciar</p><p>o impossível, ou seja, temperatura, chuva, granizo, geada, seca, entre outros problemas que são</p><p>considerados naturais, além dos obstáculos que influenciam o sucesso do agronegócio, como a</p><p>ineficiência dos serviços públicos, que reduz a eficiência operacional e aumenta o custo relacionado</p><p>à falta de infraestrutura, das dificuldades de mão de obra e dos gargalos que afetam a produtividade da</p><p>indústria e dos serviços, fatores estes que independem da empresa, seja rural, comercial ou industrial.</p><p>O planejamento é um processo que apresenta os caminhos que a empresa deve seguir, de modo mais eficiente,</p><p>eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços e recursos, sejam financeiros, materiais ou humanos.</p><p>Planejar, então, é decidir com antecipação o que fazer, de que maneira fazer, quando fazer e quem</p><p>deve fazer, para o alcance de um objetivo desejado. É considerado um gargalo na obtenção de resultados.</p><p>Observação</p><p>Eficiente é aquele que chega ao resultado.</p><p>Eficácia é atingir o objetivo proposto.</p><p>Eficiência é fazer sem perdas ou desperdícios.</p><p>Efetividade é a qualidade do que atinge seu objetivo.</p><p>O planejamento estratégico é uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser</p><p>seguida pela organização, visando a um maior grau de interação com o ambiente. Trata‑se de um processo</p><p>contínuo, em que é definida e revisada a missão da organização, a visão de futuro, os objetivos e os</p><p>projetos que visam a mudança ou aperfeiçoamento desejado. Permite que todos os esforços realizados</p><p>pela organização sejam coerentes e focados na obtenção de melhores resultados. Essa metodologia</p><p>possui em seu escopo três principais vertentes, sendo elas a missão, a visão e os valores.</p><p>• missão: a razão da existência da organização. A divulgação da missão cria comprometimento na</p><p>equipe de funcionários e serve para auxiliar na tomada de decisões diárias e para definir objetivos.</p><p>108</p><p>Unidade II</p><p>• visão: a visão de futuro define o que a empresa pretende daqui a alguns anos. Ela representa as</p><p>ambições e desejos da organização, além de descrever o quadro futuro que se quer atingir em um</p><p>determinado período, seja um ou cinco anos. Estas ambições e desejos são concluídos a partir da</p><p>definição de metas.</p><p>Segundo William Edwards Deming (1990), as metas e a melhoria contínua são os grandes segredos</p><p>da obtenção de resultados.</p><p>As organizações geralmente possuem visões e, a partir delas, é elaborada uma série de planos de</p><p>ação para o alcance de cada meta.</p><p>• valores: representam as convicções dominantes, as crenças básicas, aquilo em que as pessoas</p><p>da organização acreditam. Uma empresa, seja ela rural ou urbana, necessita de pessoas. Essas</p><p>mesmas pessoas de uma determinada organização possuem criações distintas, expectativas</p><p>diferentes umas das outras e perfis também não muito semelhantes. Na construção de uma bela</p><p>equipe de trabalho, é necessária a contratação de pessoas que possuem valores semelhantes e que</p><p>acreditam no negócio em que estão ingressando.</p><p>O planejamento estratégico cria condições para a transformação de ideias em realidade, de</p><p>amadorismo em profissionalismo e de ineficiência em eficácia. O agronegócio vive atualmente uma fase</p><p>em que apenas produtores e profissionais do campo eficazes e estrategistas destacam‑se e conseguem</p><p>bons retornos.</p><p>Resumo</p><p>Foram vistas nesta unidade as teorias e custos de produção, as definições</p><p>da economia e termos financeiros, como as mercadorias e mercados, o</p><p>necessário retorno de investimento feito nas atividades do agronegócio,</p><p>os planos de produção, seus modos de produção e a função da produção,</p><p>tanto em longo como em curto prazo.</p><p>Também vimos o capital com suas definições e classificações, a</p><p>diferenciação de custos econômicos e contábeis, qual a função do custo e</p><p>sua divisão em custos fixos e variáveis, os custos de produção, incluindo os</p><p>custos de armazenagem e estoque.</p><p>Acompanhamos ainda as Teorias da Firma, da Produção e dos Custos,</p><p>buscando entender as medidas do resultado econômico como o lucro real</p><p>e o lucro presumido ou arbitrado, além das receitas da venda dos produtos</p><p>da agropecuária, pela classificação contábil das culturas agrícolas, e os</p><p>impostos incidentes nas operações de compra e venda.</p><p>Pudemos ainda verificar o que é renda monetária e não monetária e os</p><p>principais indicadores econômicos utilizados no Brasil. Foi possível ressaltar</p><p>109</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>a importância do planejamento da produção e seu plano de ação, assim</p><p>como os controles existentes, abordando as etapas básicas do planejamento,</p><p>como a análise do ambiente externo e interno.</p><p>Exercícios</p><p>Questão 1. (Enade 2009) A Gatos e Cães S.A. analisa o projeto de um novo tipo de ração para</p><p>cachorros. O gerente financeiro responsável estimou o seguinte gráfico para o valor presente (VP) das</p><p>saídas de caixa e o valor presente de entradas de caixa em função do custo de capital.</p><p>5.000</p><p>0% 10% 20% 30% 40%</p><p>Custo de capital</p><p>VP saídas de caixa VP entradas de caixa</p><p>50% 60% 70%</p><p>10.000</p><p>15.000</p><p>20.000</p><p>25.000</p><p>30.000</p><p>35.000</p><p>40.000</p><p>45.000</p><p>50.000</p><p>R$</p><p>Figura 12</p><p>Com base nesse gráfico, qual é a decisão que o gerente financeiro deve tomar em relação ao projeto</p><p>da nova ração?</p><p>A) Abandonar o projeto, se o custo de capital for igual a 30%.</p><p>B) Abandonar o projeto, se o custo de capital for menor que 10%.</p><p>C) Investir no projeto, se o custo de capital for igual a 20%.</p><p>D) Investir no projeto, se o custo de capital for maior ou igual a 40%.</p><p>E) Investir no projeto, se o custo de capital for menor que 50%.</p><p>Resposta correta: alternativa C.</p><p>110</p><p>Unidade II</p><p>Análise das alternativas</p><p>A) Alternativa incorreta.</p><p>Justificativa: nessa situação, a leitura do gráfico mostra que as entradas de caixa serão superiores</p><p>às saídas (aproximadamente R$ 22.000,00 contra R$ 20.000,00, respectivamente). Não há motivo,</p><p>portanto, para que se abandone o projeto.</p><p>B) Alternativa incorreta.</p><p>Justificativa: nessa situação, a leitura do gráfico mostra que as entradas de caixa serão superiores</p><p>às saídas (R$ 50.000,00 contra R$ 35.000,00, respectivamente). É a melhor situação possível para as</p><p>informações dadas. Não tem sentido abandonar o projeto.</p><p>C) Alternativa correta.</p><p>Justificativa: quando o custo do capital for igual a 20%, as entradas de caixa serão de R$ 35.000,00</p><p>e as saídas, de R$ 27.000,00, respectivamente. É, portanto, uma situação favorável.</p><p>D) Alternativa incorreta.</p><p>Justificativa: para um custo de capital maior ou igual a 40%, as entradas de caixa são inferiores às</p><p>saídas. Para um custo de capital de 40%, as entradas de caixa são da ordem de R$ 12.000,00 e as saídas,</p><p>de R$ 15.000. Essa diferença aumenta de modo diretamente proporcional ao aumento da taxa: se os</p><p>custos de capital são iguais ou acima de 40%, o investimento no projeto não é recomendável.</p><p>E) Alternativa incorreta.</p><p>Justificativa: o ponto de equilíbrio entre entradas e saídas de caixa ocorre para a taxa de,</p><p>aproximadamente, 32%. Em conclusão, qualquer taxa acima desse valor não recomenda que se invista</p><p>no projeto.</p><p>Questão 2. (Enade 2006) A Cia. Laranja Paulista, seguindo seu planejamento estratégico, terceiriza</p><p>os serviços de limpeza e segurança de suas unidades administrativas e comerciais. No início do ano,</p><p>após minuciosa cotação de preços e realização de um empréstimo bancário, contrata a empresa</p><p>Serviços Fazenda Segura Ltda., por 3 anos, pagando, na ocasião da assinatura do contrato, o valor de</p><p>R$ 1.200.000,00 correspondente ao montante total dos serviços contratados.</p><p>Na empresa prestadora de serviços, no momento da assinatura e recebimento total do contrato, qual</p><p>o procedimento contábil para o registro dessa operação?</p><p>A) Reconhecer como Receita Operacional do período o valor total recebido.</p><p>B) Registrar como conta de Passivo o valor contratado.</p><p>111</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>C) Lançar o valor do contrato em conta do Ativo Diferido.</p><p>D) Registrar o total contratado como Resultado de Exercícios Futuros.</p><p>E) Contabilizar o valor total contratado como Receita Não Operacional.</p><p>Resposta correta: alternativa B.</p><p>Análise das alternativas</p><p>Justificativa geral: os valores totais, relativos aos direitos pela prestação de serviços que ainda</p><p>precisam ser realizados, representam um passivo da empresa, não podendo, no ato da assinatura do</p><p>contrato, ser considerados como receitas (operacionais ou não operacionais).</p><p>Igualmente, não são justificados os lançamentos como ativo diferido e relativos a exercícios futuros.</p><p>112</p><p>FIGURAS E ILUSTRAÇÕES</p><p>Figura 2</p><p>INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Censo demográfico. 2015. Disponível em:</p><p>http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/popul/default.asp?t=3&z=t&o=25&u1=1&u2=1&u3=1&u4=1&u5</p><p>=1&u6=1. Acesso em: 19 nov. 2015.</p><p>Figura 3</p><p>765936.JPG. Disponível em: http://www.morguefile.com/archive/display/765936. Acesso em: 24 nov. 2015</p><p>Figura 4</p><p>APLICACAO_HERBICIDAS_ARROZ.JPG. Disponível em: http://www.epagri.sc.gov.br/wp‑content/</p><p>uploads/2013/10/aplicacao_herbicidas_arroz.jpg. Acesso em: 24 nov. 2015.</p><p>Figura 5</p><p>954971.JPG. Disponível em: http://www.morguefile.com/archive/display/954971. Acesso em: 24 nov. 2015.</p><p>Figura 6</p><p>930430.JPG. Disponível em: http://www.morguefile.com/archive/display/930430. Acesso em: 24 nov. 2015.</p><p>Figura 7</p><p>612204.JPG. Disponível em: http://www.morguefile.com/archive/display/612204. Acesso em: 24 nov. 2015.</p><p>Figura 8</p><p>44.JPG. Disponível em: http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_2198/44.jpg. Acesso</p><p>em: 23 nov. 2015.</p><p>Figura 9</p><p>114.JPG. Disponível em: http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_8572/_114.jpg.</p><p>Acesso em: 23 nov. 2015.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>Audiovisuais</p><p>AGRICULTURA moderna. Dir. John Deere. Brasil: Greenstar Lightbar, 2009. 9 min. Disponível em: http://</p><p>meioambiente.culturamix.com/agricultura/agricultura‑moderna. Acesso em: 19 nov. 2015.</p><p>113</p><p>Textuais</p><p>ABNT NBR 9834. Norma Brasileira 9843 de 2004. Agrotóxico e afins – Armazenamento, movimentação</p><p>e gerenciamento em armazéns, depósitos e laboratórios, 2004. Disponível em: http://www.ecoagencia.</p><p>com.br/?open=abrir_arquivo&id_documento=41. Acesso em: 19 nov. 2015.</p><p>ADMINISTRAÇÃO. In: FERREIRA, A. B. de H. Minidicionário da Língua Portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro.</p><p>Nova Fronteira. 1993, p. 12.</p><p>ANTUNES, L. M. Manual de administração rural: custos de produção. 3. ed. Guaíba: Agropecuária, 1999.</p><p>ARAÚJO, M. J. 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Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5889.htm. Acesso em: 19 nov. 2015.</p><p>114</p><p>BRASIL. Lei nº 6.746, 10 de dezembro de 1979. Altera o disposto nos arts. 49 e 50 da Lei nº 4.504, de</p><p>30 de novembro de 1964 (Estatuto</p><p>da Terra), e dá outras providências. Brasília: 1979. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970‑1979/L6746.htm. Acesso em: 19 nov. 2015.</p><p>BRASIL. Lei nº 7.802 de 11 de julho de 1989. Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a</p><p>embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a</p><p>utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação,</p><p>o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.</p><p>Brasília: 1989. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7802.htm. Acesso em: 19 nov. 2015.</p><p>BRASIL. 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Acesso em: 11 dez. 2015.</p><p>Unidade II – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO</p><p>TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2009: Administração.</p><p>Questão 27. Disponível em: http://public.inep.gov.br/enade2009/ADMINISTRACAO.pdf. Acesso em: 11</p><p>dez. 2015.</p><p>Unidade II – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO</p><p>TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2006: Ciências Contábeis.</p><p>Questão 27. Disponível em: http://download.inep.gov.br/download/enade/2006/Provas/PROVA_DE_</p><p>CIENCIAS_CONTABEIS.pdf. Acesso em: 11 dez. 2015.</p><p>119</p><p>120</p><p>Informações:</p><p>www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000</p><p>A Filosofia, desde a Antiguidade, influenciou toda a Administração. Podemos citar:</p><p>• Sócrates (470 a.C.–399 a.C.) – considera a administração como uma habilidade pessoal separada</p><p>do conhecimento técnico.</p><p>• Platão (429 a.C.–347 a.C.) – em sua obra A República, expõe a forma democrática de governo e de</p><p>administração dos negócios públicos.</p><p>• Aristóteles (384 a.C.–322 a.C.) – estuda a organização do Estado.</p><p>• René Descartes (1596–1650) – fundador da Filosofia moderna, criador das coordenadas cartesianas,</p><p>influenciou em vários princípios da moderna administração, como os da divisão do trabalho, da</p><p>ordem, do controle, entre outros.</p><p>Adiante, serão expostas as principais teorias de administração desenvolvidas a partir do século XX.</p><p>1.1 Teoria da Administração Científica – Taylor e Gilbreth (1903)</p><p>O movimento de administração científica surgiu como uma resposta eficiente à questão da existência</p><p>de uma força de trabalho desqualificada e barata. Frederick Winslow Taylor escreveu o livro The Principles</p><p>of Scientific Management (Os Princípios da Gestão Científica), publicado em 1911, quando elaborou as</p><p>primeiras perspectivas dos problemas da administração, estudando o sistema de incentivos para que o</p><p>trabalhador executasse sua função de forma eficiente e dedicada, assegurando a sua remuneração. Na</p><p>segunda fase, trabalha a seleção e o treinamento de pessoal, identifica a melhor maneira de executar</p><p>tarefas, além de propor a cooperação entre administração e trabalhadores. Na terceira, Taylor desenvolve</p><p>uma ciência para cada método do trabalho, buscando selecionar cientificamente e depois treinar,</p><p>instruir e desenvolver os operários, com a divisão de trabalho e responsabilidades entre administração</p><p>e trabalhadores.</p><p>Dessa forma, o taylorismo formou parceria com a notável expansão da indústria e com a inovação</p><p>da linha de montagem. Henry Ford foi um dos pioneiros na utilização dos conceitos de Taylor para</p><p>repensar a forma de produzir automóveis.</p><p>Foi a escola pioneira de pensamento administrativo que buscou sintetizar um conjunto de princípios</p><p>de gestão eficiente dos processos operacionais de trabalho, tendo por base a crença de que existe uma</p><p>única maneira certa de desempenhar cada tarefa.</p><p>12</p><p>Unidade I</p><p>Frank Bunker Gilbreth foi um dos fundadores do taylorismo e um pioneiro dos estudos de tempos e</p><p>movimentos. Ele buscou compreender os hábitos de trabalho de empregados de indústrias e encontrar</p><p>meios de aumentar a produção deles, ensinando aos gestores que todos os aspectos do local de trabalho</p><p>devem ser constantemente questionados, para serem adotadas melhorias constantemente.</p><p>1.2 Teoria da Burocracia – Weber (1909)</p><p>Karl Emil Maximilian Weber integrou o estudo das organizações ao desenvolvimento histórico-social.</p><p>De acordo com Chiavenato (2003, p. 254-255), na Teoria da Administração, a abordagem estruturalista</p><p>surgiu com o crescimento das burocracias, em uma perspectiva de análise que vai além dos fenômenos</p><p>internos da organização, visão pela qual as escolas de até então se restringiam.</p><p>Como Chiavenato (2003), Max Weber foi o primeiro teórico a afirmar que a burocracia era a</p><p>organização por excelência.</p><p>A burocracia, segundo Weber (apud CHIAVENATO, 2003, p. 266-267), traz consigo diversas vantagens.</p><p>Sobretudo, a sua racionalidade, o que significa dizer que procura os meios mais eficientes para atingir</p><p>as metas da organização. A precisão com que cada cargo é definido proporciona o conhecimento exato</p><p>de cada responsabilidade. Como as atividades são organizadas em rotinas e realizadas metodicamente,</p><p>tornam-se, consequentemente, previsíveis, o que aumenta a sua confiabilidade.</p><p>1.3 Escola dos Princípios de Administração – Fayol (1916)</p><p>Jules Henri Fayol, um engenheiro de minas nascido na França e um dos grandes teóricos clássicos</p><p>da ciência da Administração, autor do livro Administration Industrielle et Générale – Prévoyance</p><p>Organisation – Commandement, Coordination – Controle (Administração Industrial e Geral), editado</p><p>em 1916, sendo considerado o fundador da Teoria Clássica da Administração. Ele identificou catorze</p><p>princípios para que a administração seja eficaz. Ei-los:</p><p>• Divisão do trabalho: dividir o trabalho em tarefas especializadas e destinar responsabilidades a</p><p>indivíduos específicos.</p><p>• Autoridade e responsabilidade: a autoridade sendo o poder de dar ordens e fazer-se obedecer.</p><p>Estatutária (normas legais) e pessoal (projeção das qualidades do chefe). Responsabilidade</p><p>resumindo na obrigação de prestar contas, ambas sendo delegadas mutuamente.</p><p>• Disciplina: tornar as expectativas claras e punir as violações.</p><p>• Unidade de comando: cada agente, para cada ação, só deve receber ordens (ou seja, reportar-se)</p><p>a um único chefe/gerente.</p><p>• Unidade de direção: os esforços dos empregados devem centrar-se no atingimento dos</p><p>objetivos organizacionais.</p><p>13</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>• Subordinação: prevalência dos interesses gerais da organização.</p><p>• Remuneração do pessoal: recompensar sistematicamente os esforços que sustentam a direção da</p><p>organização de forma justa.</p><p>• Centralização: um único núcleo de comando centralizado, atuando de forma similar ao cérebro, que</p><p>comanda o organismo. Considera que centralizar é aumentar a importância da carga de trabalho do</p><p>chefe e que descentralizar é distribuir de forma mais homogênea as atribuições e tarefas.</p><p>• Hierarquia: cadeia de comando (cadeia escalar), que recomenda uma comunicação horizontal,</p><p>embriã do mecanismo de coordenação.</p><p>• Ordem: ordenar as tarefas e os materiais para que possam auxiliar a direção da organização.</p><p>• Equidade: disciplina e ordem justas melhoram o comportamento dos empregados.</p><p>• Estabilidade do pessoal: promover a lealdade e a longevidade do empregado. Segurança no</p><p>emprego, as organizações devem buscar reter seus funcionários, evitando prejuízos/custos</p><p>decorrentes de novos processos de seleção, treinamento e adaptações.</p><p>• Iniciativa: estimular, em seus liderados, a iniciativa para a solução dos problemas.</p><p>• Espírito de equipe (união): cultiva o espírito de corpo, a harmonia e o entendimento entre os</p><p>membros de uma organização. Consciência da identidade de objetivos e esforços.</p><p>Além disso, Fayol atribuiu cinco funções ao administrador, chamadas de PO3C:</p><p>• prever e planejar: visualizar o futuro e traçar o programa de ação;</p><p>• organizar: constituir o duplo organismo material e social da empresa;</p><p>• comandar: dirigir e orientar a organização;</p><p>• coordenar: unir e harmonizar os atos e esforços coletivos;</p><p>• controlar: verificar se as normas e regras estão sendo seguidas.</p><p>1.4 Escola das Relações Humanas – Mayo e Lewin (1932)</p><p>Você pode estar se questionando: mas humanos não são máquinas, tampouco estão restritos</p><p>a sistemas produtivos engessados. Verdade, e é com esse pano de fundo que Kurt Lewin, psicólogo</p><p>germano-americano, escreveu, em 1935, o livro A Dynamic Theory of Personality (Teoria Dinâmica</p><p>da Personalidade), em que o comportamento de alguém é relacionado às características pessoais do</p><p>indivíduo e à situação social na qual se situa.</p><p>14</p><p>Unidade I</p><p>Georges Elton Mayo, cientista social, chefiou uma experiência em uma fábrica da Western Eletric</p><p>Company, situada em Chicago, no bairro de Hawthorne. Essa experiência caracterizou-se como</p><p>um movimento de resposta contrária à abordagem clássica da administração, considerada pelos</p><p>trabalhadores e sindicatos como uma forma de explorar o trabalho dos operários para benefício do</p><p>patronato. À época, a necessidade de humanizar-se e democratizar a administração nas frentes de</p><p>trabalho das indústrias, aliada ao desenvolvimento das ciências humanas e às conclusões da experiência</p><p>de Hawthorne, fez brotar a Teoria das Relações Humanas. A teoria desloca o foco da administração</p><p>para os grupos informais e suas inter-relações, por entender que o ser humano não pode ser reduzido a</p><p>esquemas mecanicistas. A Escola das Relações Humanas depositou na motivação a expectativa de levar</p><p>o indivíduo a trabalhar para atingir os objetivos</p><p>da organização. Defende a participação do trabalhador</p><p>nas decisões que envolvessem a tarefa, porém essa participação sofre restrições e deve estar de acordo</p><p>com o padrão de liderança adotado.</p><p>1.5 Teoria das Decisões – Simon (1947)</p><p>Herbert Alexander Simon foi um economista estadunidense. Em sua obra The New Science of</p><p>Management Decision (A Nova Ciência da Gestão da Decisão), de 1960, o modelo de tomada de decisão</p><p>considera a dificuldade do indivíduo em realizar decisões puramente racionais e ótimas. Formulou a</p><p>teoria de que a tomada de decisão é dividida em três fases:</p><p>• reconhecimento/inteligência – identificação de um problema ou oportunidade;</p><p>• concepção/projeto/design – estudo de alternativas;</p><p>• escolha – avalia e seleciona a melhor alternativa.</p><p>1.6 Teoria dos Sistemas – Bertalanffy (1951)</p><p>Karl Ludwig von Bertalanffy foi um biólogo austríaco, criador da Teoria Geral dos Sistemas. Escreveu</p><p>o livro A Pioneer of General Systems Theory (A Pioneira Teoria Geral dos Sistemas), que concebeu o</p><p>modelo do sistema aberto, entendido como complexo de elementos em interação e em intercâmbio</p><p>contínuo com o ambiente.</p><p>1.7 Teoria Neoclássica da Administração – Drucker (1954)</p><p>Também chamada de Escola Operacional ou Escola do Processo Administrativo, a Teoria Neoclássica</p><p>enfatiza os objetivos e resultados, pois as organizações existem para alcançar objetivos e produzir</p><p>resultados; em função deles, a organização deve ser dimensionada, estruturada e orientada, ou seja,</p><p>a Teoria Neoclássica considera os meios na busca da eficiência, mas enfatiza fortemente os fins e</p><p>resultados, na busca da eficiência.</p><p>Peter Ferdinand Drucker, de origem austríaca, é considerado o pai da Administração moderna, sendo</p><p>o mais reconhecido dos pensadores do fenômeno dos efeitos da globalização na economia em geral,</p><p>escreveu muitos artigos e mais de 30 livros. Salienta que o mais interessante, em administração, é</p><p>15</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>valorizar a relação entre o capital e a tecnologia, destacando a parceria que a empresa com capital</p><p>poderia fazer com a que dispõe de boa tecnologia.</p><p>1.8 Escola Comportamental da Administração – McGregor (1957)</p><p>Douglas McGregor foi economista e professor universitário estadunidense, um dos pensadores</p><p>mais influentes na área das relações humanas. A Teoria Comportamental (ou Teoria Behaviorista)</p><p>da Administração significou uma nova direção e um novo enfoque dentro da teorização</p><p>administrativa: a abordagem das ciências do comportamento, com ênfase nas pessoas, mas em</p><p>contexto organizacional. Douglas McGregor, na década de 1960, em seu livro The Human Side</p><p>of Enterprise (O Lado Humano da Empresa), escreve uma conhecida teoria na área de gestão de</p><p>recursos humanos: Teoria X e Y.</p><p>• A Teoria X, chamada de “Hipótese da mediocridade das massas”, diz que os funcionários abominam</p><p>o trabalho, encarando-o como um mal necessário à sobrevivência – mecanismos como punição,</p><p>coação, elogios e dinheiro seriam necessários, pois o funcionário evitaria responsabilidades,</p><p>quereria ser dirigido, contando com estabilidade e segurança no emprego.</p><p>• A Teoria Y diz que os funcionários encarariam o trabalho como uma atividade de lazer.</p><p>Partindo do pressuposto de que o ser humano não seria indolente, a empresa teria de</p><p>oferecer totalmente as condições de trabalho ao funcionário – as pessoas seriam criativas,</p><p>gostariam de assumir responsabilidades, possuiriam autogestão e teriam suas recompensas</p><p>não baseadas somente no dinheiro, mas no reconhecimento e na possibilidade de ascensão</p><p>dentro da empresa.</p><p>Outro representante dessas teorias é Abraham Maslow, um psicólogo estadunidense, responsável</p><p>pela proposta Hierarquia de Necessidades de Maslow, também conhecida como pirâmide de Maslow.</p><p>Fisiológicas</p><p>Segurança</p><p>Efetivo social</p><p>Autoestima</p><p>Autorrealização</p><p>Figura 1 – Pirâmide de Maslow</p><p>16</p><p>Unidade I</p><p>A pirâmide de Maslow é uma divisão hierárquica proposta por ele, em que as necessidades de nível</p><p>inferior devem ser satisfeitas antes das de nível superior. Cada um tem de subir a hierarquia de necessidades</p><p>para atingir sua autorrealização. Ele define um conjunto de cinco necessidades descritas na pirâmide:</p><p>• Fisiológicas (básicas), tais como a fome, a sede, o sono, o sexo, a excreção, o abrigo.</p><p>• Relativas à segurança, que vão de uma casa em salvaguarda até a formas mais elaboradas de</p><p>segurança, como um emprego estável, um plano de saúde ou um seguro de vida.</p><p>• Afetivas sociais e sentimentos, tais como as de pertencer a um grupo ou fazer parte de um clube.</p><p>• De autoestima, que passam por duas tendências: o reconhecimento das nossas capacidades</p><p>pessoais e o dos outros face à nossa capacidade de adequação às funções que desempenhamos.</p><p>• De autorrealização, em que o indivíduo procura tornar-se aquilo que deseja ser.</p><p>Outro representante dessa escola é Frederick Irving Herzberg, autor da Teoria dos Dois Fatores.</p><p>Ela explica o comportamento das pessoas em situação de trabalho. Para ele, existem dois fatores que</p><p>orientariam o comportamento das pessoas:</p><p>• Fatores higiênicos ou extrínsecos – estão localizados no ambiente em que as pessoas desempenham</p><p>seu trabalho e abrangem as condições em que elas desempenham suas funções. Os principais</p><p>fatores higiênicos são: salário, benefícios sociais, tipos de chefia ou condições físicas e ambientais</p><p>de trabalho, políticas da organização, clima organizacional, oportunidades de crescimento. As</p><p>pesquisas de Herzberg revelaram que, quando os fatores higiênicos são ótimos, eles apenas evitam</p><p>a insatisfação dos empregados; se elevam a satisfação, não conseguem sustentá-la por muito</p><p>tempo. Quando os fatores higiênicos estão ausentes, a consequência será a desmotivação, mas a</p><p>presença deles não motiva. São chamados fatores conhecidos como extrínsecos ou ambientais.</p><p>• Fatores motivacionais ou intrínsecos – estão relacionados às atividades do cargo em si. Incluem</p><p>liberdade de decidir como executar o trabalho, uso de habilidades pessoais, responsabilidade pelo</p><p>trabalho, definição de metas e objetivos relacionados ao trabalho, autoavaliação de desempenho</p><p>e com as tarefas que a pessoa executa. Os fatores motivacionais estão sob o controle do indivíduo,</p><p>pois estão relacionados com aquilo que ele desempenha. Envolvem sentimentos de crescimento</p><p>individual, reconhecimento profissional e autorrealização em seu trabalho. O efeito dos fatores</p><p>motivacionais sobre as pessoas é profundo e estável. Quando os fatores motivacionais estão</p><p>presentes, eles produzem motivação, e sua ausência não produz satisfação.</p><p>1.9 Teoria da Contingência – Woodward, Laurence e Lorsch (1972)</p><p>Na Teoria da Contingência, as condições de ambiente explicam o fenômeno organizacional. Há quem</p><p>negue essa influência total do ambiente sobre a organização. Poderíamos dizer que uma corrente de</p><p>pensamento considera o ambiente total vital para a organização, e outra o considera de forma parcial.</p><p>De qualquer maneira, seria o ambiente aquele que conduz a vida da organização. Paul R. Lawrence e</p><p>17</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Jay William Lorsch escreveram o livro Organization and Environment: Managing Differentiation and</p><p>Integration (As Empresas e o Ambiente: Diferenciação e Integração Administrativas). Já Joan Woodward</p><p>foi uma socióloga industrial inglesa, que atingiu a fama ao organizar uma pesquisa para saber se os</p><p>princípios de administração propostos pelas teorias administrativas relacionavam-se ao sucesso do</p><p>negócio quando colocados em prática. As conclusões de Joan Woodward são as seguintes:</p><p>• O desenho organizacional é afetado pela tecnologia usada pela organização: as firmas de</p><p>produção em massa bem-sucedidas tendiam a ser organizadas em linhas clássicas, com deveres</p><p>e responsabilidades claramente definidos, unidade de comando, clara distinção entre linhas</p><p>e o conjunto das pessoas que compõem o quadro de uma instituição e estreita amplitude de</p><p>controle (cinco a seis subordinados para cada executivo). Na tecnologia de produção em massa,</p><p>a forma</p><p>burocrática de organização mostra-se associada ao sucesso. Porém, nos outros tipos de</p><p>tecnologias – produção unitária e produção contínua –, a forma organizacional mais viável nada</p><p>tem que ver com os princípios clássicos.</p><p>• Há uma forte correlação entre estrutura organizacional e previsibilidade das técnicas de produção</p><p>– a previsão de resultados é alta para a produção por processamento contínuo e baixa para a</p><p>produção unitária (oficina). A previsibilidade dos resultados afeta o número de níveis hierárquicos</p><p>da organização, fazendo com que haja forte correlação entre ambas as variáveis: quanto menor</p><p>a previsibilidade dos resultados, menor necessidade de aumentar os níveis hierárquicos, e quanto</p><p>maior a previsibilidade, maior o número de níveis hierárquicos da organização.</p><p>• As empresas com operações estáveis necessitam de estruturas diferentes das organizações com</p><p>tecnologia mutável – organizações estruturadas e burocráticas com um sistema mecanístico</p><p>de administração são mais apropriadas para operações estáveis, já a organização inovativa com</p><p>tecnologia mutável requer um sistema “orgânico” e adaptativo.</p><p>• Predominam as funções na empresa – a importância de cada função, como vendas, produção e</p><p>engenharia (ou pesquisa e desenvolvimento – P&D) na empresa depende da tecnologia utilizada.</p><p>De acordo com Alketa Peci e Filipe Sobral, no livro Administração: Teoria e Prática no Contexto</p><p>Brasileiro, de 2013, as organizações são grupos estruturados de pessoas que se juntam para alcançar</p><p>objetivos comuns. E todas as organizações podem ser organizações formais, como no caso de um exército</p><p>ou de uma empresa, ou informais, como um grupo de amigos que se junta para jogar vôlei na praia</p><p>– eles sempre têm um propósito ou uma finalidade –, e sobretudo, todas elas são compostas por pessoas.</p><p>Segundo Maximiano (1992, p. 112):</p><p>Uma organização é uma combinação de esforços individuais que tem</p><p>por finalidade realizar propósitos coletivos. Por meio de uma organização</p><p>torna-se possível perseguir e alcançar objetivos que seriam inatingíveis para</p><p>uma pessoa. Uma grande empresa ou uma pequena oficina, um laboratório</p><p>ou o corpo de bombeiros, um hospital, um formigueiro, um time de futebol</p><p>ou uma escola são todos exemplos de organizações.</p><p>18</p><p>Unidade I</p><p>Dessa feita, uma organização deve ser entendida como o quadro estrutural das pessoas e seus</p><p>cargos, definidos por seus títulos, responsabilidades, relações formais, nível de autoridades, atribuições</p><p>básicas, máquinas e equipamentos, recursos financeiros e outros.</p><p>A organização então é o resultado da combinação de todos esses elementos orientados a um</p><p>objetivo comum.</p><p>2 O ADMINISTRADOR</p><p>Stoner e Freeman (1985, p. 5) assim definem o desempenho do administrador e da organização:</p><p>Para uma organização ser bem-sucedida em alcançar seus objetivos,</p><p>satisfazer suas responsabilidades sociais, ou ambas as coisas, ela depende</p><p>dos administradores. Se os administradores fazem bem seu trabalho, a</p><p>organização provavelmente atingirá suas metas. E se as grandes organizações</p><p>de uma nação realizam seus objetivos, a nação como um todo irá prosperar.</p><p>O sucesso econômico do Japão é uma evidência clara deste fato. A aplicação</p><p>do trabalho dos administradores (do desempenho gerencial) e do desempenho</p><p>organizacional (o trabalho das organizações) é tema de muitos debates,</p><p>análises e confusão nos Estados Unidos e em outros países. Assim, discutiremos</p><p>muitos critérios e concepções diferentes para avaliar os administradores e as</p><p>organizações. Servindo de base a muitas dessas discussões estão dois conceitos</p><p>sugeridos por Peter Drucker, um dos mais respeitados autores que escrevem</p><p>sobre administração: eficiência e eficácia. Ele define eficiência como “fazer</p><p>certo as coisas”, e eficácia como “fazer a coisa certa”.</p><p>O administrador é a pessoa que organiza, planeja e orienta o uso dos recursos financeiros, físicos,</p><p>tecnológicos e humanos das empresas, buscando soluções para todo tipo de problema administrativo.</p><p>As organizações necessitam da ajuda de gestores para realizar o processo de administrar e ser eficaz.</p><p>“O principal motivo para a existência das organizações é o fato de que certos objetivos só podem ser</p><p>alcançados por meio da ação coordenada de grupos de pessoas” (MAXIMIANO, 2002, p. 28).</p><p>2.1 Funções básicas da administração</p><p>A administração tem como funções básicas:</p><p>• Planejamento: decidir antecipadamente o que deve ser feito, levando-se em conta as condições</p><p>da organização.</p><p>• Implementação: baseia-se em colocar um determinado plano em ação. Envolve a organização</p><p>dos recursos da empresa, sejam humanos ou físicos, e a forma como se põe em prática sobre as</p><p>pessoas, envolvendo motivação, comunicação e liderança.</p><p>19</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>• Controle: consiste em verificar se as ações estão sendo desempenhadas em conformidade e se os</p><p>objetivos estão sendo atingidos.</p><p>Lembrete</p><p>As três funções básicas da administração consistem em planejamento,</p><p>implementação e controle.</p><p>2.2 Classificação dos imóveis rurais</p><p>Agora que você já viu as escolas da administração, antes de entrarmos na administração rural, cabe</p><p>aqui esclarecermos alguns conceitos definidos em lei, sobre a classificação dos imóveis rurais de acordo</p><p>com o Código Agrário Brasileiro, Estatuto da Terra, Lei nº 4.504/64, de 30 de novembro de 1964:</p><p>Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se:</p><p>I – “Imóvel Rural”, o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a</p><p>sua localização que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou</p><p>agroindustrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através</p><p>de iniciativa privada;</p><p>II – “Propriedade Familiar”, o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo</p><p>agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a</p><p>subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada</p><p>região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros;</p><p>III – “Módulo Rural”, a área fixada nos termos do inciso anterior;</p><p>IV – “Minifúndio”, o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da</p><p>propriedade familiar;</p><p>V – “Latifúndio”, o imóvel rural que:</p><p>a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea</p><p>b, desta Lei, tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas</p><p>regionais e o fim a que se destine;</p><p>b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual</p><p>ou superior à dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido</p><p>inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do</p><p>meio, com fins especulativos, ou seja, deficiente ou inadequadamente</p><p>explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural</p><p>(BRASIL, 1964).</p><p>20</p><p>Unidade I</p><p>De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra:</p><p>Em relação ao tamanho da área, os imóveis rurais são classificados em:</p><p>Minifúndio – é o imóvel rural com área inferior a 1 (um) módulo fiscal;</p><p>Pequena propriedade – o imóvel de área compreendida entre 1 (um) e 4</p><p>(quatro) módulos fiscais;</p><p>Média propriedade – o imóvel rural de área superior a 4 (quatro) e até 15</p><p>(quinze) módulos fiscais;</p><p>Grande propriedade – o imóvel rural de área superior 15 (quinze) módulos fiscais.</p><p>A classificação é definida pela Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e leva</p><p>em conta o módulo fiscal (e não apenas a metragem), que varia de acordo</p><p>com cada município (BRASIL, 1993).</p><p>Com um exemplo, segundo o próprio Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra,</p><p>a cidade de Sorriso, situada no Estado de Mato Grosso, que é o local onde mais se produz soja no Brasil,</p><p>tem como módulo fiscal 90 hectares, num total de 2.375 propriedades, totalizando 1.364.565,5 hectares.</p><p>No mesmo estado, o município de Lucas do Rio Verde, também um grande produtor de soja, tem como</p><p>módulo fiscal 100 hectares, num total de 1.306 propriedades, totalizando 358.295,9 hectares.</p><p>Por que mencionamos os módulos fiscais? Porque o módulo fiscal</p><p>é uma unidade de medida agrária</p><p>usada no Brasil, instituída pela Lei nº 6.746, de 10 de dezembro 1979. É expressa em hectares e é variável,</p><p>sendo fixada para cada município, que leva em conta tipo de exploração predominante no município;</p><p>a renda obtida com a exploração predominante; outras explorações existentes no município que,</p><p>embora não predominantes, sejam expressivas em função da renda ou da área utilizada; e o conceito de</p><p>propriedade familiar.</p><p>É importante atentar-se para não confundir o módulo rural com o módulo fiscal. O módulo rural é</p><p>calculado para cada imóvel rural em separado, e sua área reflete o tipo de exploração predominante no</p><p>imóvel, segundo sua região de localização. Enquanto o módulo fiscal é estabelecido para cada município,</p><p>e procura refletir a área mediana dos módulos rurais dos imóveis rurais do município.</p><p>O módulo fiscal, então, corresponde à área mínima necessária a uma propriedade rural para que sua</p><p>exploração seja economicamente viável. A depender do município, um módulo fiscal varia de 5 a 110</p><p>hectares. Nas regiões metropolitanas, a extensão do módulo rural é geralmente bem menor do que nas</p><p>regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos.</p><p>Para fins do Código Florestal (Lei nº 12.651/12 de 25 de maio de 2012), o módulo fiscal é fundamental</p><p>na determinação da área passível de exploração dentro de Áreas de Preservação Permanente – APP, além</p><p>da eventual responsabilidade pela recomposição da vegetação.</p><p>21</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Conforme a Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006:</p><p>Art. 3º – Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e</p><p>empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural,</p><p>atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:</p><p>I – não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;</p><p>II – utilize predominantemente mão de obra da própria família nas atividades</p><p>econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;</p><p>III – tenha renda familiar predominantemente originada de atividades</p><p>econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento;</p><p>III – tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades</p><p>econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida</p><p>pelo Poder Executivo; (Redação dada pela Lei nº 12.512, de 2011)</p><p>IV – dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.</p><p>(BRASIL, 2006a).</p><p>Estes esclarecimentos são necessários para que o futuro gestor considere a forma e suas</p><p>possibilidades de administrar as propriedades rurais; afinal, a implantação da gestão administrativa é</p><p>necessária durante a transição da propriedade rural tradicional para uma empresa rural competitiva,</p><p>isto é, as transformações devem iniciar-se pela mudança de postura e mentalidade do produtor e do</p><p>gestor rural. O que irá determinar a passagem de um sistema de produção tradicional para um sistema</p><p>moderno, operando de forma estratégica, são as atitudes e comportamentos tanto do produtor rural</p><p>quanto do gestor.</p><p>Uma boa administração de propriedade rural, independente de seu tamanho e da complexidade</p><p>de suas atividades desenvolvidas na propriedade. A função de toda e qualquer empresa – e estamos</p><p>tratando de propriedades rurais – é ter lucro.</p><p>Por quê? Pois só assim gera empregos, paga salários, recolhe impostos e contribui para o</p><p>progresso do país. A imagem que se faz nos centros urbanos sobre agropecuária é irreal. Desde o</p><p>primeiro dia de existência deste país, a atividade carrega o fardo do preconceito, que se iniciou</p><p>com Pero Vaz de Caminha, em cuja carta ao rei de Portugal, referindo-se à terra recém descoberta,</p><p>escreveu: “Em se plantando, tudo dá”. É como se a agricultura não necessitasse da intervenção</p><p>humana, nem de muito suor.</p><p>Para Crepaldi (1998, p. 23), considerando a definição de administração de Stoner, “A administração</p><p>rural é, portanto, o conjunto de atividades que facilita aos produtores rurais a tomada de decisões ao</p><p>nível de sua unidade de produção, a empresa agrícola, com o fim de obter o melhor resultado econômico,</p><p>mantendo a produtividade da terra”.</p><p>22</p><p>Unidade I</p><p>Cabem aqui algumas outras definições sobre os componentes da administração rural:</p><p>Trabalhador Rural: A Convenção n.º 141 da Organização Internacional</p><p>do Trabalho – OIT, aprovada na 60ª reunião da Conferência Internacional do</p><p>Trabalho (Genebra, 1975), entrou em vigor no plano internacional em 24 de</p><p>novembro de 1977, em seu artigo 2º, definiu o que vem a ser trabalhador</p><p>rural, no seguintes termos:</p><p>Art. 2º – 1. Para efeito da presente Convenção, a expressão “trabalhadores rurais”</p><p>abrange todas as pessoas dedicadas, nas regiões rurais, a tarefas agrícolas ou</p><p>artesanais ou a ocupações similares ou conexas, tanto se se trata de assalariados</p><p>como, ressalvadas as disposições do parágrafo 2 deste artigo, de pessoas</p><p>que trabalhem por conta própria, como arrendatários, parceiros e pequenos</p><p>proprietários (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 1977).</p><p>2.3 Ambiente da empresa rural</p><p>O ambiente é o universo que envolve a face externa da empresa. As variáveis que compõem o</p><p>ambiente da empresa são dois: o macro e o microambiente.</p><p>O macroambiente empresarial reparte-se em 7 dimensões, a saber:</p><p>• Demográfica: estrutura da população, idade, movimentos migratórios, taxas de natalidade e mortalidade.</p><p>• Econômica: renda, evolução do PIB atual, inflação, política monetária e fiscal do Governo,</p><p>desemprego, taxa de juros, tipos de câmbio.</p><p>• Cultural e social: estilos de vida, grupos sociais, preocupações sociais, mudanças nos valores da</p><p>sociedade ou consumo de drogas, entre outros.</p><p>• Legal: barreiras de entrada e saída em um mercado, jurisprudência ou regulamentação de temas concretos.</p><p>• Política: divisão em províncias/estados, lobbies, sistema político, grupos com um grande poder no país.</p><p>• Meio ambiente: nível de degradação, preocupações sociais, zonas protegidas, legislação protetora.</p><p>• Tecnológica: infraestruturas, patentes e inovações, P&D ou produtividade das indústrias.</p><p>O microambiente empresarial é composto pelas forças e agentes que estão próximos à empresa e</p><p>muitas vezes alteram sua capacidade competitiva. Fazem parte do microambiente de uma organização:</p><p>• Política interna da empresa: o que a organização espera do uso dos recursos disponibilizados,</p><p>especificamente, de cada colaborador.</p><p>• Fornecedores: um elo importante no sistema geral de entrega de valor da empresa ao consumidor.</p><p>23</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Eles proveem os recursos necessários para a empresa produzir seus bens e serviços.</p><p>• Prestadores de serviço: têm sido entendidos como os que exercem uma atividade que não se</p><p>ajusta ao conceito legal do contrato de trabalho, tanto físico como jurídico.</p><p>• Clientes: quem tem acesso a um produto ou serviço mediante pagamento. A noção tende a ser associada</p><p>a quem recorrer ao produto ou serviço em questão com assiduidade, ainda que também existam os</p><p>clientes ocasionais (ou pontuais). A empresa pode ter cinco tipos de clientes: o mercado consumidor, o</p><p>mercado industrial, o mercado revendedor, o mercado governamental e o mercado internacional.</p><p>• Concorrentes: quem, entre os produtores, disputa um mesmo bem ou serviço, com vistas a angariar</p><p>a maior parcela do mercado possível.</p><p>• Funcionários ou colaboradores: quem exerce uma função remunerada em estabelecimento público</p><p>ou particular, também chamado de empregado.</p><p>Note que além dos tópicos ligados ao macro e ao microambiente também há de se destacar</p><p>tópicos do ambiente operacional da empesa. Esse ambiente consiste naquilo que é necessário ao seu</p><p>funcionamento. O ambiente operacional da empresa é constituído por quatro setores principais:</p><p>• Consumidores: pessoas físicas ou jurídicas. Formam o mercado e possuem, normalmente, melhores</p><p>informações sobre os preços do que o produtor.</p><p>• Fornecedores: todas as instituições e empresas que fornecem recursos para a empresa, como</p><p>crédito (bancos, governo), mão de obra, insumos (fertilizantes, defensivos), assistência</p><p>técnica,</p><p>serviços em geral etc.</p><p>• Concorrentes: formados pelos outros empresários que concorrem tanto na venda de produtos</p><p>como na aquisição de insumos e serviços</p><p>• Regulamentadores: formados por órgãos do governo, associações e sindicatos que impõem</p><p>controles ou restrições às atividades da empresa, como normas para produção de leite, a legislação</p><p>trabalhista e a de crédito rural.</p><p>2.4 Áreas das empresas</p><p>As mencionadas a seguir são áreas observadas em qualquer tipo empresa e apresentam uma</p><p>inter-relação:</p><p>• Área de produção – relaciona-se com os recursos necessários à operação da empresa.</p><p>Existem quatro pontos relacionados à área de produção:</p><p>— quantidade produzida;</p><p>— produtividade (exemplos: kg por hectare, litro de leite por vaca, litros de leite por ano);</p><p>24</p><p>Unidade I</p><p>— qualidade;</p><p>— custos.</p><p>• Área de recursos humanos – essa área está relacionada às pessoas que fazem a empresa funcionar,</p><p>independentemente de suas posições, seus cargos ou tarefas. Alguns recursos podem ser usados</p><p>para aumentar a produtividade do trabalho, como a capacitação do empregado rural, estímulos</p><p>via benefícios ou prêmios ao trabalhador.</p><p>• Área de finanças – referente às receitas, despesas, investimentos e financiamentos para o alcance</p><p>dos objetivos da empresa rural.</p><p>• Área de comercialização e marketing – esta área é também muito importante, pois estabelece conexões</p><p>entre a empresa e seu ambiente. O empresário ou gestor deve ter a preocupação de saber onde e</p><p>como devem ser colocados os produtos e escolher quais são os melhores canais de comercialização.</p><p>Além disto, devem-se buscar ininterruptamente informações sobre os preços de produtos (da sua</p><p>produção) e insumos (que adquire), e isto poderá aumentar seu poder de barganha. Deve, também,</p><p>participar de algum tipo de associação, seja ela formal, como as cooperativas, ou informal, como</p><p>grupos de compra e venda, que possam facilitar seu desempenho comercial.</p><p>2.5 A administração rural</p><p>Você pode estar se perguntando: o que tudo isso tem que ver com agronegócio? Por que tantas</p><p>informações sobre teorias e a evolução da Administração?</p><p>Oras, se a Administração é o processo de planejamento, organização, direção e controle utilizado para</p><p>alcançar objetivos a partir da utilização eficiente e eficaz de recursos, sejam eles humanos, tecnológicos,</p><p>físicos e/ou financeiros, coordenados ao longo do tempo, é necessário você conhecer um pouco dessa</p><p>evolução, porque ninguém chegou até aqui do nada.</p><p>O agropecuarista necessita saber, por exemplo, a época correta de plantar (sazonalidade de safras,</p><p>adaptação ao clima), a época correta de vender o boi e o leite e também do cruzamento dos animais.</p><p>Os princípios de racionalização do trabalho, por meio do estudo dos tempos e movimentos elaborados</p><p>por Taylor, estão aí para que seja racional a operação de plantio, colheita e armazenamento.</p><p>Desta feita, empresário é a pessoa que exerce profissionalmente a atividade econômica organizada,</p><p>para a produção ou a circulação de bens ou serviços, e o empresário rural é aquele cuja atividade rural</p><p>constitua sua principal profissão.</p><p>Já o conjunto das ações para decidir o quê (qual produto), quanto (quantidade necessária ou</p><p>econômica) e como (de que forma) produzir, controlar o trabalho executado e avaliar os resultados</p><p>alcançados constitui o campo de ação da administração rural.</p><p>25</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>Antunes (1999, p. 55) comenta sobre a importância da administração rural, afirmando que “a correta</p><p>administração das atividades rurais é fundamental para a sobrevivência na realidade atual do mundo</p><p>competitivo em que vivemos”.</p><p>“O conhecimento das condições de mercado e dos recursos naturais dá ao produtor rural os</p><p>elementos básicos para o desenvolvimento de sua atividade econômica” (CREPALDI, 1998, p. 22). Esse</p><p>mesmo autor afirma ainda que o administrador rural com foco em agronegócio deve executar as</p><p>seguintes tarefas:</p><p>• Tomar decisões sobre o que produzir, baseando-se nas condições de mercado e dos recursos</p><p>naturais de seu estabelecimento rural.</p><p>• Decidir sobre o quanto produzir, levando em consideração fundamentalmente a quantidade de</p><p>terra de que dispõe, além do capital e da mão de obra que pode empregar.</p><p>• Estabelecer o modo como vai produzir, a tecnologia que vai empregar, ou seja, se vai mecanizar</p><p>ou não a lavoura, o tipo de adubo a ser aplicado, a forma de combater as pragas e doenças etc.</p><p>• Controlar a ação desenvolvida, verificando se as práticas agrícolas recomendadas estão sendo</p><p>aplicadas corretamente e no tempo devido.</p><p>• Avaliar os resultados obtidos na safra medindo os lucros ou prejuízos e analisando quais razões</p><p>fizeram com que o resultado alcançado fosse diferente do previsto ao inicio de seu trabalho</p><p>(CREPALDI, 1998, p. 23).</p><p>Ele ainda afirma que:</p><p>A necessidade de atualização dos meios de gerenciamento nas empresas</p><p>rurais é, hoje, uma realidade fundamental para alcançar resultados de</p><p>produção e produtividade que garantam o sucesso do empreendimento. Por</p><p>meio de tecnologias que permitem interligar criações, pode ser possível obter</p><p>rendimentos adicionais, diluir custos e economizar insumos. Uma empresa rural</p><p>existe para aumentar a riqueza de seus proprietários (CREPALDI, 1998, p. 53).</p><p>Para Crepaldi (1998, p. 25), o empresário rural deve preocupar-se com dois aspectos principais:</p><p>1. A organização compreende a combinação das atividades desenvolvidas</p><p>em função dos fatores de produção disponíveis, ou seja, todas as</p><p>culturas e criações devem ser exploradas de modo a aproveitar da</p><p>melhor maneira possível todos os fatores de produção envolvidos.</p><p>2. O manejo consiste no conjunto de medidas que o administrador deve</p><p>tomar para que todas as práticas agropecuárias sejam realizadas a</p><p>tempo e de maneira eficiente, ou seja, as máquinas e implementos</p><p>devem estar em boas condições para o trabalho sempre que forem</p><p>26</p><p>Unidade I</p><p>utilizadas, os insumos devem estar disponíveis no tempo certo e o</p><p>serviço dos trabalhadores deve ser monitorado para impedir que</p><p>práticas mal executadas causem prejuízo.</p><p>Para que tudo o que foi descrito possa acontecer, o empresário rural deve dispor de fatores de</p><p>produção. Os fatores de produção são variados e podem estar presentes em diferentes combinações,</p><p>dependendo do setor produtivo. Na atividade do agronegócio, são estes os fatores de produção:</p><p>• Terra: é o fator de maior importância, pois nela serão aplicados os dois outros fatores; por isso, o</p><p>produtor deve sempre preocupar-se em manter sua capacidade produtiva.</p><p>• Capital: representa os bens que serão usados sobre a terra para ser alcançada a produtividade e</p><p>ainda melhorar a qualidade do trabalho humano. Pode ser:</p><p>— capital circulante: o consumido dentro do ano agrícola, como sementes, defensivos, vacinas,</p><p>sais minerais etc.;</p><p>— capital fixo: o que permanece vários anos na empresa, como galpões, aramados, animais de</p><p>produção ou de serviço, máquinas etc.</p><p>• Trabalho: trata-se do desempenho do homem ou o conjunto de atividades desenvolvidas pelo homem.</p><p>• Tecnologia: é o emprego de técnicas produtivas mais avançadas, em que o uso de alguns</p><p>equipamentos e máquinas podem ser realizados a partir de operações com certa autonomia do</p><p>maquinário empregado na produção.</p><p>Agora que você já entendeu os conceitos do agronegócio e sua administração, veja quais são as</p><p>especificidades da produção agropecuária:</p><p>• Sazonalidade da produção: as várias condições climáticas de cada região, que variam safras e</p><p>entressafras, sujeitas ainda à lei da oferta e da procura. É a característica mais marcante, pois</p><p>o clima condiciona a maioria das explorações agropecuárias, determinando épocas de plantio,</p><p>tratos culturais, colheitas, escolhas de variedades e espécies (vegetais e animais). Por ser um setor</p><p>produtivo que pode ser fortemente afetado pela sazonalidade, temos que levar em conta alguns</p><p>pressupostos, quais sejam:</p><p>• Preços: serão mais elevados em períodos de entressafra e mais baixos em períodos de maior</p><p>abundância; pela intempestividade</p><p>da natureza é fundamental ter, em alguns casos, estrutura</p><p>para estocagem e conservação dos materiais; em alguns momentos será exigida maior utilização</p><p>de insumos e de fatores de produção; características próprias de processamento e transformação</p><p>da matéria-prima; além de ser exigido um processo logístico muito eficiente e eficaz.</p><p>• Influência de fatores biológicos (pragas e doenças): são as condições que determinam o ciclo</p><p>produtivo na agropecuária, inclusive sua irreversibilidade, ou seja, a impossibilidade da sequência de</p><p>produção, apesar dos avanços nas pesquisas, o que pode ocasionar elevação dos custos de produção</p><p>27</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>e consequentemente redução nos lucros da atividade; riscos para os operadores e para o meio</p><p>ambiente. Há também possibilidade de contaminação de resíduos tóxicos nos produtos que serão</p><p>levados até os consumidores, por isso são necessárias pesquisas específicas para o desenvolvimento</p><p>de produtos de controle de pragas, além de máquinas e equipamentos apropriados.</p><p>• Perecibilidade rápida: como a vida útil desses produtos tende a ser diminuída de forma acelerada,</p><p>sem cuidados específicos, esses produtos, após colhidos, podem durar poucas horas, dias ou semanas.</p><p>• Não correlação entre os tempos de produção e de trabalho: em algumas das suas fases, o processo</p><p>produtivo agropecuário desenvolve-se mesmo sem o trabalho físico imediato do homem. Esse é</p><p>um fator favorável, visto que, em setores como a indústria, o tempo para se chegar ao produto</p><p>final é sempre igual ao tempo de trabalho consumido na produção do bem.</p><p>• Terra como participante da produção: no setor rural, a terra participa diretamente do ciclo</p><p>produtivo (e não como um suporte para estabelecer suas atividades). É fundamental analisá-la e</p><p>conhecer suas condições químicas, físicas, biológicas e topográficas etc.</p><p>• Estacionalidade da produção: as atividades agropecuárias estão dispersas por toda a empresa</p><p>(área de produção da área rural) e podem ocorrer em locais distintos, pois não existe um fluxo</p><p>contínuo de produção como na indústria e uma tarefa pode não depender da outra.</p><p>• Incidência de riscos: toda a atividade econômica é sujeita a riscos. Os riscos são maiores no setor</p><p>agropecuário, devido à dependência de fatores climáticos (seca, geada, granizo etc.), pelo ataque</p><p>de pragas e moléstias e pelas flutuações dos preços de seus produtos no mercado.</p><p>• Sistema de competição econômica: devido ao grande número de produtores e consumidores,</p><p>produtos com pouca diferenciação entre si (são homogêneos) e entrada e saída no negócio sem</p><p>grandes alterações na oferta total, o empresário rural não consegue controlar sozinho o preço de</p><p>seus produtos, que é ditado pelo mercado.</p><p>• Produtos não uniformes: ao contrário da indústria, na agropecuária dificilmente se consegue</p><p>obter produtos uniformes quanto à forma, tamanho e qualidade. Isso resulta em custos adicionais</p><p>de classificação e padronização, e receitas mais baixas devido à venda de produtos com padrão de</p><p>qualidade inferior.</p><p>• Alto custo de saída e/ou entrada: no setor rural, algumas culturas exigem altos investimentos em</p><p>benfeitorias e máquinas, o que somado a condições adversas de preço e mercado pode exigir um</p><p>bom capital, especialmente as culturas anuais, como milho e soja.</p><p>3 VISÃO SISTÊMICA DO AGRONEGÓCIO</p><p>O conceito de agronegócio foi desenvolvido pelos pesquisadores da Universidade de Harvard</p><p>John Davis e Ray Goldberg. Utilizando fundamentos de teoria econômica sobre as cadeias integradas,</p><p>construíram uma metodologia para estudo da cadeia agro alimentar e cunharam o termo agribusiness,</p><p>que sintetizava sua nova visão. O agronegócio, que nasceu com a expressão agribusiness, nos EUA, em</p><p>1955, pode ser definido como:</p><p>28</p><p>Unidade I</p><p>[...] a soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos</p><p>agrícolas; as operações de produção nas unidades agrícolas; e o</p><p>armazenamento, processamento e distribuição de produtos agrícolas e itens</p><p>produzidos a partir deles (DAVIS; GOLDBERG, 1957).</p><p>Na década de 1960, surge na França, mais precisamente na Escola Francesa de Organização Industrial,</p><p>o conceito de filiere (fileira = cadeia) aplicado ao agronegócio.</p><p>Morvan (1985, p. 244) define filiere como:</p><p>[...] uma sequencia de operações que conduzem à produção de bens, cuja</p><p>articulação é amplamente influenciada pelas possibilidades tecnológicas</p><p>e definida pelas estratégias dos agentes. Estes possuem relações</p><p>interdependentes e complementares, determinados pelas forças hierárquicas.</p><p>E assim foi formulado o conceito de cadeia produtiva:</p><p>[...] uma sequência de operações interdependentes que têm por objetivo</p><p>produzir, modificar e distribuir um produto. Ações correlatas às da cadeia</p><p>do produto, tais como pesquisa, serviços financeiros, serviços de transporte</p><p>e de informação, são também importantes para o estudo (ZYLBERSZTAJN;</p><p>FARINA; SANTOS, 1993, p. 27).</p><p>Dessa forma, o agronegócio, pode ser entendido como um sistema integrado, uma cadeia de</p><p>negócios, pesquisa, estudos, ciência, tecnologia etc., desde a origem vegetal/animal até produtos finais</p><p>com valor agregado, no setor de alimentos, fibras, energia, têxtil, bebidas, couro e outros.</p><p>Conforme Araújo (2007, p. 22):</p><p>A compreensão do agronegócio como sistema apresenta as vantagens</p><p>seguintes:</p><p>– Compreensão melhor do funcionamento da atividade agropecuária;</p><p>– Aplicação imediata para a formulação de estratégias corporativas,</p><p>vez que a operacionalização é simples e pode resultar em utilização</p><p>imediata pelas corporações e governos;</p><p>– Precisão com que as tendências são antecipadas;</p><p>– Importância significativa e crescente do agronegócio, enquanto há</p><p>declínio da participação relativa do produto agrícola comparado ao</p><p>produto total.</p><p>O sistema do agronegócio é dividido em segmentos antes da porteira, segmentos dentro da porteira</p><p>e segmentos depois da porteira.</p><p>29</p><p>ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS</p><p>4 CARACTERIZAÇÃO DAS UNIDADES DE PRODUÇÃO AGRÍCOLAS</p><p>Não se deve pensar que o agronegócio é algo apenas para os grandes produtores rurais. Ele inclui</p><p>também os agricultores familiares. A principal diferença está, é claro, na escala de produção.</p><p>É evidente que os pequenos agricultores só sobreviverão caso participem ativamente do processo</p><p>de cooperação entre diversos atores que formam a cadeia produtiva, principalmente entre os próprios</p><p>agricultores familiares.</p><p>4.1 Perfil dos pequenos produtores rurais</p><p>Os pequenos produtores rurais, por vezes, são pessoas que não fazem um bom gerenciamento do</p><p>seu negócio, muitas vezes pela falta de conhecimento das ferramentas para uma gestão eficiente.</p><p>Uma forte influência neste tipo de atitude está no pouco estudo, um fator determinante para</p><p>não exercer uma administração de qualidade no seu negócio, o que compromete o desenvolvimento</p><p>do empreendimento, colocando em risco suas atividades e diminuindo as chances de se tornar mais</p><p>competitivo no mercado.</p><p>A baixa renda da propriedade também é um dos fatores que desmotiva o produtor rural na execução</p><p>de suas atividades, tornando o prejuízo ainda maior, pois a motivação no trabalho é o que faz toda</p><p>diferença em qualquer empresa. Aqui, leitor, você pode resgatar conceitos visos na pirâmide de Maslow.</p><p>Muitas vezes, a administração da propriedade é feita pela família, esposa e filhos, e a maioria dos</p><p>produtores tem uma média de 30 anos de idade.</p><p>Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010):</p><p>• A população ocupada na agricultura era de 29.821.150, sendo 15.691.314 homens e 14.129.837</p><p>mulheres, sem discriminar a faixa etária.</p><p>• No Brasil, o montante de pessoas pertencentes à população rural com 25 anos ou mais, sem</p><p>instrução e com Ensino Fundamental incompleto, do sexo masculino e com responsabilidade</p><p>compartilhada (com cônjuge ou filhos) era de 1.337.702 pessoas.</p><p>• Nas mesmas condições, com Ensino Fundamental completo e Médio incompleto, totalizavam</p><p>147.437 pessoas, enquanto 115.551 pessoas apresentavam nível de</p>

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