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<p>Professor(a) Esp. Caroline Rodrigues Lyra</p><p>ORTOPEDIA E</p><p>TRAUMATOLOGIA FUNCIONAL</p><p>REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira</p><p>DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença</p><p>DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima</p><p>DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto</p><p>DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini</p><p>DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel</p><p>COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes</p><p>COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo</p><p>COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes</p><p>COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá</p><p>COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal</p><p>COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento</p><p>COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco</p><p>COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas</p><p>REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling</p><p>Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante</p><p>Caroline da Silva Marques</p><p>Eduardo Alves de Oliveira</p><p>Jéssica Eugênio Azevedo</p><p>Marcelino Fernando Rodrigues Santos</p><p>PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos</p><p>Hugo Batalhoti Morangueira</p><p>Vitor Amaral Poltronieri</p><p>ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz</p><p>DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira</p><p>Carlos Henrique Moraes dos Anjos</p><p>Kauê Berto</p><p>Pedro Vinícius de Lima Machado</p><p>Thassiane da Silva Jacinto</p><p>FICHA CATALOGRÁFICA</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP</p><p>L992o Lyra, Caroline Rodrigues</p><p>Ortopedia e traumatologia funcional / Caroline Rodrigues</p><p>Lyra. Paranavaí: EduFatecie, 2024.</p><p>84 p.: il. Color.</p><p>1. Ortopedia. 2. Traumatologia. 3. Fraturas. 4. Coluna</p><p>vertebral . I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de</p><p>Educação a Distância. III. Título. .</p><p>CDD: 23. ed. 616.7</p><p>Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577</p><p>As imagens utilizadas neste material didático</p><p>são oriundas do banco de imagens</p><p>Shutterstock .</p><p>2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie.</p><p>O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva</p><p>dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da</p><p>obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la</p><p>de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/</p><p>3</p><p>Professor(a) Esp. Caroline Rodrigues Lyra</p><p>• Mestranda em Promoção da Saúde no Envelhecimento.</p><p>• Especialista em Saúde da Família e Atenção Básica em Saúde.</p><p>• Professora EAD da UniFatecie.</p><p>• Servidora Pública atuante na área de fisioterapia.</p><p>• Experiência clínica com o Pilates.</p><p>• Membro do Grupo de Pesquisa em Gerontologia Interdisciplinar (GPEGI).</p><p>Experiência em Projeto de Pesquisa e Extensão na Avaliação Funcional, Biome-</p><p>cânica, Ortopédica de bebês prematuros, como também de Crianças e Adolescentes com</p><p>Obesidade.</p><p>CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/1622807915198661</p><p>AUTOR</p><p>http://lattes.cnpq.br/1622807915198661</p><p>4</p><p>Olá, Aluno(a), seja bem-vindo(a) !</p><p>Mais uma etapa se inicia e com ela mais um sonho e uma nova chance de aprendi-</p><p>zagem. Esta disciplina te trará a oportunidade de novos conhecimentos, em uma área tão</p><p>fundamental que é a ortopedia e traumatologia. Aqui, veremos a atuação fisioterapêutica</p><p>que transforma vidas, que cuida e que auxilia os pacientes para uma melhora contínua.</p><p>Vamos juntos se desenvolver como excelentes profissionais, sempre atentos à atualização</p><p>da prática clínica e primordialmente ao cuidado dos pacientes.</p><p>Na unidade I, vamos iniciar nossa jornada aprendendo sobre as principais dis-</p><p>funções das curvaturas da coluna vertebral e sobre a dor lombar, como avaliar de forma</p><p>adequada e suas formas de tratamento.</p><p>Já na unidade II, você irá saber mais sobre as principais alterações patológicas</p><p>ligadas aos membros superiores e suas formas de tratamento, abordando o ombro com a</p><p>Síndrome do Manguito Rotador, cotovelo com a epicondilite lateral e medial e punho com a</p><p>Síndrome do Túnel do Carpo.</p><p>Na sequência, na unidade III, falaremos a respeito das alterações relacionadas</p><p>aos membros inferiores, referente a artroplastia de quadril, lesão de ligamento cruzado</p><p>anterior e fasceíte plantar e suas formas de tratamento.</p><p>Em nossa unidade IV, vamos finalizar o conteúdo dessa disciplina conhecendo um</p><p>pouco mais sobre o mundo das fraturas, sua importância clínica, principais tipos e formas</p><p>de tratamento.</p><p>Bons Estudos e Vamos lá!</p><p>APRESENTAÇÃO DO MATERIAL</p><p>5</p><p>UNIDADE 4</p><p>Fraturas</p><p>Alterações Relacionadas aos Membros</p><p>Inferiores</p><p>UNIDADE 3</p><p>Alterações Patológicas dos Membros</p><p>Superiores</p><p>UNIDADE 2</p><p>Disfunções Relacionadas a Coluna</p><p>Vertebral</p><p>UNIDADE 1</p><p>SUMÁRIO</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>Plano de Estudos</p><p>• Alterações Relacionadas às Curvaturas da Coluna Vertebral;</p><p>• Escoliose Vertebral;</p><p>• Lombalgia.</p><p>Objetivos da Aprendizagem</p><p>• Compreender as disfunções da coluna vertebral;</p><p>• Apontar as formas de avaliação;</p><p>• Sintetizar os tipos de tratamento.</p><p>Professor(a) Esp. Caroline Rodrigues Lyra</p><p>DISFUNÇÕES DISFUNÇÕES</p><p>RELACIONADAS A RELACIONADAS A</p><p>COLUNA VERTEBRALCOLUNA VERTEBRAL1UNIDADEUNIDADE</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>7DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>Olá, como estão as coisas por aí? Está animado(a) para começar a primeira uni-</p><p>dade? Seja bem-vindo(a). Acho que nós dois estamos ansiosos(as) para aprendermos um</p><p>pouco mais sobre a ortopedia e traumatologia. Agora, procure um lugar cômodo para você</p><p>iniciar os estudos, vamos lá.</p><p>Nesta unidade vamos abordar um pouco mais a respeito das disfunções da coluna</p><p>vertebral. As patologias que serão apresentadas são umas das principais demandas encon-</p><p>tradas no atendimento clínico, então se faz necessário compreendermos melhor.</p><p>Com base nisso, o primeiro tópico voltará sua atenção para as alterações anormais</p><p>das curvaturas da coluna vertebral, ou seja, hipercifose torácica, hiperlordose cervical e</p><p>lombar, formas de avaliação e tratamento.</p><p>Nosso segundo tópico vamos esclarecer mais sobre a escoliose vertebral, como</p><p>nomeá-la, avaliá-la e tratá-la. O terceiro e último tópico vamos estudar um pouco mais</p><p>sobre a lombalgia, suas causas, medidas de avaliação e tratamento.</p><p>Assim</p><p>indispensável para profissionais</p><p>que desejam aprimorar suas habilidades e conhecimentos neste</p><p>campo especializado.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>Plano de Estudos</p><p>• Artroplastia de Quadril;</p><p>• Ligamento Cruzado Anterior;</p><p>• Fascite Plantar.</p><p>Objetivos da Aprendizagem</p><p>• Compreender as origens e transformações resultantes de</p><p>patologias no membro inferior;</p><p>• Identificar métodos de avaliação;</p><p>• Esclarecer as opções de tratamento.</p><p>Professor(a) Esp. Caroline Rodrigues Lyra</p><p>ALTERAÇÕES ALTERAÇÕES</p><p>RELACIONADAS RELACIONADAS</p><p>AOS MEMBROS AOS MEMBROS</p><p>INFERIORESINFERIORES</p><p>UNIDADEUNIDADE3</p><p>46ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Olá, aluno(a)! Como estão as coisas? Está animado(a) para começarmos mais</p><p>uma etapa? Seja muito bem-vindo(a)! Estou confiante de que ambos estamos entusiasma-</p><p>dos para expandir nossos conhecimentos. Que tal encontrar um lugar aconchegante para</p><p>mergulharmos nos estudos? Estamos prontos para embarcar nessa jornada juntos.</p><p>Nesta unidade, vamos explorar detalhadamente as alterações patológicas dos</p><p>membros inferiores. Aprofundar nosso entendimento sobre essas patologias é crucial para</p><p>compreendê-las melhor. Estou certo de que, ao final desta jornada, teremos adquirido um</p><p>conhecimento valioso e detalhado sobre esse tema tão importante.</p><p>Diante disso, vamos iniciar nossa jornada explorando o primeiro tópico: a artro-</p><p>plastia de quadril. Vamos analisar cuidadosamente suas origens, tipos, riscos e as diversas</p><p>alternativas de tratamento disponíveis. Nosso objetivo é mergulhar profundamente neste</p><p>assunto para alcançar uma compreensão abrangente.</p><p>Em nosso segundo tópico, iremos aprofundar nosso conhecimento sobre o liga-</p><p>mento cruzado anterior, investigando sua função crucial no corpo, analisando as lesões</p><p>que podem ocorrer, compreendendo os sinais e sintomas associados, discutindo métodos</p><p>de avaliação avançados e explorando uma variedade de opções de tratamento disponíveis.</p><p>No terceiro e último tópico, vamos realizar uma análise detalhada da fascite plantar,</p><p>investigando suas origens, métodos de avaliação e as diversas abordagens terapêuticas</p><p>atualmente disponíveis.</p><p>Assim, encerramos a primeira unidade com um vasto conhecimento e aprendizado</p><p>essencial que nos ajudarão a desenvolver um raciocínio clínico robusto, fundamental para</p><p>oferecer um atendimento de qualidade superior. Estamos prontos para aplicar essas habi-</p><p>lidades no contexto clínico e prosseguir com confiança em nossa jornada de aprendizado.</p><p>Estou animado com o progresso que fizemos até agora e ansioso para as descobertas que</p><p>ainda estão por vir em nossa jornada educacional. Vamos continuar avançando!</p><p>Boa aula!</p><p>ALTERAÇÕES</p><p>RELACIONADAS AOS</p><p>MEMBROS INFERIORES1</p><p>TÓPICO</p><p>47ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>O membro inferior é a parte do corpo humano que inclui a região da coxa, perna,</p><p>tornozelo e pé. Ele desempenha um papel fundamental na locomoção, suporte do peso</p><p>corporal e equilíbrio. Possui função de locomoção, suporte de peso, equilíbrio e propulsão.</p><p>O membro inferior é uma estrutura complexa e altamente funcional do corpo</p><p>humano, crucial para a mobilidade e a qualidade de vida. A sua saúde e funcionamento</p><p>adequado são fundamentais para a realização das atividades diárias e para a participação</p><p>em atividades físicas.</p><p>1.1 Quadril</p><p>O quadril é uma das articulações mais importantes do corpo humano e tem uma</p><p>série de funções cruciais para o movimento e a estabilidade. O quadril é uma articulação</p><p>sinovial do tipo bola e soquete (esferóide), formada pela cabeça do fêmur (osso da coxa)</p><p>e pela cavidade acetabular da pelve. A articulação é revestida por cartilagem articular, que</p><p>ajuda a reduzir o atrito durante o movimento (HALL., 2016).</p><p>Os ligamentos extremamente fortes iliofemoral ou em Y e pubofemoral (anterior-</p><p>mente), isquiofemoral (posterior) e dentro da cavidade articular, o ligamento redondo faz a</p><p>fixação direta do anel do acetábulo à cabeça do fêmur (HALL., 2016).</p><p>O fêmur, o maior osso do corpo humano, desempenha um papel vital como princi-</p><p>pal suporte de carga. Uma característica notável é o colo femoral, sua parte mais delicada,</p><p>48ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>apresenta um diâmetro menor do que o restante do osso. Internamente, o colo femoral é</p><p>mais frágil devido à sua composição predominantemente trabecular (HALL., 2016).</p><p>O quadril possui várias funções, como suporte de peso corporal, estabilidade e</p><p>mobilidade, o qual permite uma ampla gama de movimentos, incluindo flexão (0-125º),</p><p>extensão (0-10º), abdução (0-45º), adução (0-15º), rotação interna (0-45) e externa (0-45º)</p><p>(MARQUES., 1997).</p><p>O quadril pode apresentar alguns problemas, como a artrite: Inflamação da articu-</p><p>lação do quadril, bursite: Inflamação das bolsas sinoviais ao redor da articulação, fraturas:</p><p>geralmente devido a quedas ou impactos, tendinite: Inflamação dos tendões ao redor do</p><p>quadril, coxartrose ou osteoartrose de quadril: desgaste ósseo da articulação (HALL., 2016).</p><p>1.2 Artroplastia de quadril</p><p>A artroplastia é o procedimento cirúrgico no qual a articulação afetada é substituída</p><p>por uma prótese feita de materiais artificiais, como metal, cerâmica, titânio e polietileno.</p><p>Essa substituição pode ser total ou parcial. Na artroplastia parcial, apenas o componente</p><p>femoral é substituído, preservando-se o acetábulo. Por outro lado, na artroplastia total, tanto</p><p>o componente femoral quanto o acetabular são substituídos (DUTTON, 2010). A figura 1</p><p>apresenta protetização parcial e a figura 2, uma protetização total.</p><p>FIGURA 1. ARTROPLASTIA PARCIAL</p><p>Fonte: NELSON, P. Artroplastia Total do Quadril. Blog Professor Nelson, 2010. Disponível em: https://profnelsonmrj.</p><p>blogspot.com/2010/03/artroplastia-total-do-quadril.html Acesso em: 25 out. 2023.</p><p>49ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>FIGURA 2. ARTROPLASTIA TOTAL</p><p>Fonte: NELSON, P. Artroplastia Total do Quadril. Blog Professor Nelson, 2010. Disponível em: https://profnelsonmrj.</p><p>blogspot.com/2010/03/artroplastia-total-do-quadril.html Acesso em: 25 out. 2023.</p><p>Existem três tipos e modelos de próteses disponíveis. Portanto, a escolha de um</p><p>determinado tipo de prótese leva em consideração a condição específica que afeta o qua-</p><p>dril, a idade e as atividades diárias do paciente, além da experiência e preferência pessoal</p><p>do cirurgião. Os três tipos são apresentados a seguir:</p><p>A prótese de quadril cimentada usa-se cimento ortopédico para fixar os compo-</p><p>nentes acetabular e femoral. O acetábulo é confeccionado com polietileno (tipo especial</p><p>de plástico) e a parte femoral é feita de metal ou titânio. Essa categoria de prótese geral-</p><p>mente é empregada em pacientes de idade mais avançada. Os componentes cimentados</p><p>da prótese são capazes de suportar o peso corporal imediatamente após o procedimento</p><p>cirúrgico, o que facilita a reabilitação, dependendo da tolerância do paciente e prescrição</p><p>médica, ou a descarga parcial geralmente é mantida até a sexta semana, até a descarga</p><p>total (DUTTON., 2010).</p><p>A prótese não-cimentada é aquela que fixa o acetábulo e componente femoral</p><p>diretamente na superfície</p><p>óssea, por meio de por meio de parafusos, impacção, roscas</p><p>ou expansão, sem utilização de cimento. Indicado para pessoas mais jovens, com boa</p><p>qualidade óssea, porém a reabilitação é mais tardia (DUTTON., 2010).</p><p>50ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>A prótese híbrida, consiste na combinação da prótese cimentada com a não-ci-</p><p>mentada, em que o componente acetabular é fixado à bacia por parafusos, rosqueado ou</p><p>impactado, e componente femoral fixado com cimento ao fêmur (DUTTON., 2010).</p><p>A artroplastia é usada nos casos de lesões articulares graves resultantes de os-</p><p>teoartrite, artrite reumatoide, necrose avascular e traumas diretos. O qual o diagnóstico</p><p>por imagem apresenta coaptação óssea (aproximação). Em geral, após a cirurgia, muitos</p><p>pacientes conseguem retomar atividades que eram extremamente dolorosas antes do</p><p>procedimento (HALL., 2016).</p><p>As principais indicações para substituição se relacionam com a presença constante</p><p>de dor em movimento ou repouso, que não melhora com fisioterapia, anti-inflamatório ou</p><p>muletas. Limitação de mobilidade e das funções, devido à presença de rigidez ou deformi-</p><p>dade articular, leva a restrições subsequentes. E para pacientes de 50 a 80 anos, devido ao</p><p>tempo de vida útil das próteses (DUTTON., 2010).</p><p>Este procedimento cirúrgico também apresenta seus riscos, incluindo perda sig-</p><p>nificativa de sangue, possivelmente exigindo transfusão sanguínea; trombose sanguínea,</p><p>caracterizada pela formação de coágulos nas veias que podem interferir na circulação san-</p><p>guínea, ou trombose gordurosa, com formação de trombos de gordura, aumentando o risco</p><p>de embolia pulmonar; reações à anestesia; infecção pós-operatória; luxação da prótese,</p><p>em que a cabeça da prótese sai de dentro da cavidade acetabular, necessitando de uma</p><p>redução articular; fratura periprotética, ao redor da prótese; ossificação heterotópica que é</p><p>a presença de tecido ósseo em locais onde normalmente não existe e lesão neurovascular,</p><p>envolvimento da divisão fibular do nervo isquiático (DUTTON., 2010).</p><p>Na fase pós-operatória, é crucial adotar precauções específicas para evitar compli-</p><p>cações. Evitar movimentos que ultrapassem os 90º de flexão, adução, circundução, rotação</p><p>interna ou externa de quadril, pois isso pode aumentar o risco de luxação. Evitar dormir sobre</p><p>o lado da prótese, em vez disso, dormir do lado oposto e usar um travesseiro entre as pernas</p><p>para evitar adução excessiva. Ao sentar, optar por cadeiras altas, evitando assentos que</p><p>fiquem abaixo da altura dos joelhos. Não cruzar as pernas e manter os membros inferiores</p><p>separados. Evitar inclinar-se para frente e, ao levantar, sempre usar o membro inferior não</p><p>operado como apoio. Não erguer o joelho acima do quadril quando estiver sentado e evitar</p><p>colocar o pé sobre mesas ou bancos baixos. Evitar inclinar-se para apanhar objetos em</p><p>superfícies baixas e não permanecer sentado por mais de uma hora nas primeiras semanas.</p><p>Não andar de bicicleta sem a aprovação médica. Ao subir escadas, iniciar o movimento com</p><p>a perna não operada para reduzir a pressão sobre a prótese (DUTTON., 2010).</p><p>https://www.bing.com/ck/a?!&&p=8714ef79c95250dbJmltdHM9MTY5ODk2OTYwMCZpZ3VpZD0zYjIwZDgzYS0yODhiLTY0MzctMzVmNi1jYmI1MjlmMjY1OGImaW5zaWQ9NTc4Mw&ptn=3&hsh=3&fclid=3b20d83a-288b-6437-35f6-cbb529f2658b&psq=ossifica%c3%a7%c3%a3o+heterot%c3%b3pica&u=a1aHR0cHM6Ly9zcGllZ2F0by5jb20vcHQvby1xdWUtZS1vc3NpZmljYWNhby1oZXRlcm90b3BpY2E&ntb=1</p><p>51ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>Na fase pré-operatória, a fisioterapia desempenha um papel fundamental ao realizar</p><p>exercícios específicos para restaurar a amplitude de movimento, preservar a força muscu-</p><p>lar e, sempre que possível, orientar o treinamento de marcha com o uso de dispositivos</p><p>auxiliares de locomoção. Além disso, oferece orientações essenciais sobre os cuidados</p><p>necessários após a cirurgia (DUTTON., 2010).</p><p>Durante o período hospitalar, os objetivos da fisioterapia são voltados para a pre-</p><p>venção de complicações pós-cirúrgicas, incluindo trombose venosa profunda, infecções</p><p>pós-operatórias, os efeitos adversos da imobilização e embolia pulmonar.</p><p>No primeiro dia pós-cirurgia, um coxim é posicionado entre as pernas para evitar</p><p>que o paciente feche ou cruze a perna operada. O fisioterapeuta inicia um programa de</p><p>exercícios realizados no próprio leito, respeitando os limites dos movimentos a serem evi-</p><p>tados. Estes incluem mobilização passiva ou exercícios ativos em articulações adjacentes,</p><p>como tornozelo e joelho (DUTTON., 2010).</p><p>Além disso, são realizadas massagens na área da cicatriz para estimular a cicatriza-</p><p>ção, técnicas de analgesia e desenvolvimento da independência funcional para transferên-</p><p>cias de posturas. A força isométrica do quadríceps é trabalhada com o paciente em decúbito</p><p>dorsal, pedindo-lhe para manter a perna esticada e contrair a coxa, como se estivesse em-</p><p>purrando os calcanhares para baixo. Exercícios isométricos para os glúteos e isquiotibiais</p><p>da perna afetada também são incorporados ao programa de reabilitação (DUTTON., 2010).</p><p>No segundo e terceiro dia após a cirurgia, o paciente pode sentar-se com as pernas</p><p>fora do leito. Se as condições clínicas permitirem, ele pode começar a ficar em pé e andar,</p><p>inicialmente com descarga de peso parcial e usando dispositivos de assistência, como</p><p>muletas para pacientes mais jovens e ativos, ou um andador para indivíduos mais idosos.</p><p>Durante essa fase, são realizados exercícios de abdução ativa e isométrica do quadril na</p><p>perna operada, bem como flexão ativo assistida do quadril e do joelho, com movimentos</p><p>controlados como deslizamentos do calcanhar no leito, respeitando as diretrizes de angu-</p><p>lação estabelecidas. A descarga de peso total é permitida somente após autorização do</p><p>médico (DUTTON., 2010).</p><p>No quarto e quinto dia, é comum que o paciente receba alta hospitalar. Após a</p><p>saída do hospital e a remoção dos pontos (suturas), o tratamento fisioterapêutico continua</p><p>em regime ambulatorial, com uma duração que varia de 2 a 8 semanas. O principal objetivo</p><p>é alcançar uma Amplitude de Movimento (ADM) do quadril entre 70 e 90° de flexão, desen-</p><p>volver força muscular na extremidade inferior afetada, conquistar independência em todas</p><p>as transferências e estabelecer um padrão de marcha normal com o auxílio de dispositivos</p><p>como bengalas, sendo esta usada no membro oposto ao que foi operado. Durante esta</p><p>52ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>fase, técnicas de eletroterapia e terapia manual podem ser aplicadas para proporcionar</p><p>alívio da dor e mobilização dos tecidos (DUTTON., 2010).</p><p>Os exercícios de flexibilidade devem ser realizados dentro dos limites das restrições</p><p>do quadril e focados nos seguintes grupos musculares: iliopsoas, quadríceps, gastrocnêmio,</p><p>sóleo e isquiotibiais. Para fortalecer as extremidades inferiores, são implementados exer-</p><p>cícios como deslizamentos do calcanhar, abdução do quadril em posição supina, elevação</p><p>da perna reta e agachamentos de arco curto. Além disso, são incluídos exercícios com</p><p>sustentação e transferência de peso, agachamentos modificados contra a parede com apro-</p><p>ximadamente 45° de flexão do quadril, bem como subidas e descidas de escadas. Atividades</p><p>de alcance também são incorporadas para melhorar o equilíbrio (DUTTON., 2010).</p><p>Na fase final da fisioterapia, que se inicia a partir da nona semana, os objetivos</p><p>são estabelecer uma Amplitude de Movimento (ADM) do quadril a partir de 90° de flexão,</p><p>alcançar independência na locomoção sem disfunção na marcha, desenvolver equilíbrio</p><p>e propriocepção, obter autonomia para subir escadas sem depender de dispositivos au-</p><p>xiliares, atingir independência funcional nas Atividades de Vida Diária (AVDs), trabalho de</p><p>equilíbrio e propriocepção. É importante notar que a fraqueza nos músculos do quadril pode</p><p>persistir por até dois anos após a cirurgia (DUTTON., 2010).</p><p>LIGAMENTO</p><p>CRUZADO</p><p>ANTERIOR2</p><p>TÓPICO</p><p>53ALTERAÇÕES</p><p>RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>O nome cruzado anterior (LCA) deriva do fato de que esse ligamento se cruza sobre</p><p>o outro ligamento, e anterior se refere à sua inserção na tíbia. O ligamento cruzado anterior se</p><p>estende a partir da região anterior e inferior da tíbia, em uma direção superior e posterior ao</p><p>côndilo lateral do fêmur (HALL., 2016). A figura 3, apresenta lesão no ligamento cruzado anterior.</p><p>FIGURA 3. LESÃO NO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR</p><p>Fonte: LYRA, C. Lesão no ligamento cruzado anterior. Bing, 2023.</p><p>Esse ligamento limita o deslizamento anterior da tíbia sobre o fêmur, ou seja, a</p><p>translação anterior da tíbia, como também auxilia durante a flexão e a extensão ou a hipe-</p><p>rextensão do joelho. Durante a flexão suas fibras permanecem tensas, absorvendo cerca</p><p>de 90% de toda carga e na extensão suas fibras são alongadas. Como ocorre com todos os</p><p>54ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>ligamentos, o LCA comporta-se como uma estrutura viscoelástica, permitindo a dissipação</p><p>da energia, ajuste de seu comprimento e a distribuição de carga interna. O LCA mantém a</p><p>tíbia posteriormente, assim como os isquiotibiais (HALL., 2016).</p><p>A maioria das lesões do LCA se relacionam à prática desportiva. O mecanismo de</p><p>lesão pode ser relacionado a traumas diretos, que levam a posteriorização da tíbia, latera-</p><p>lização (valgo excessivo), hiperextensão forçada e acidente automobilístico, ou mecanismo</p><p>sem contato direto, quando o indivíduo acaba levando o travamento do pé no solo, o qual</p><p>gera a rotação interna do fêmur e rotação externa da tíbia (valgo dinâmico), principalmente</p><p>quando o membro inferior se mantém em hiperextensão. Acabam apresentando sintomas</p><p>de instabilidade, estalido e edema imediato, sem travamento articular (DUTTON., 2010).</p><p>A ruptura do LCA pode levar a 20 a 50% dos casos a osteoartrose de joelho em até</p><p>10 anos após a lesão, como também ao desenvolvimento de lesões meniscais. A má reabi-</p><p>litação pode levar à ruptura do LCA do membro contralateral. Os maiores riscos para lesão</p><p>são lesões prévias, fadiga muscular, idade entre 20 e 30 anos (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>O diagnóstico é realizado por meio do histórico clínico, com presença de estalido</p><p>audível, incapacidade de retornar ao gesto esportivo, sensação de instabilidade e edema.</p><p>O raio-x é utilizado somente para descartar fraturas e a ressonância magnética irá observar</p><p>as lesões do ligamento e demais lesões associadas. A investigação específica da lesão do</p><p>ligamento cruzado anterior se faz, tradicionalmente, utilizando manobras específicas, como</p><p>os testes de lachman, gaveta anterior, pivot shift e jerk test (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>O teste de Lachman é o mais sensível para avaliar a integridade do ligamento cruza-</p><p>do anterior, o paciente em decúbito dorsal mantém a flexão de joelho há 30º, para relaxar os</p><p>isquiotibiais, com o terapeuta realizando uma pressão anterior da tíbia, ou seja, para frente,</p><p>positivo se observar um deslocamento anterior da tíbia, o teste deve ser realizado na perna</p><p>contralateral para comparação (COHEN, 2006). A figura 4 apresenta a realização do teste.</p><p>FIGURA 4. TESTE DE LACHMAN.</p><p>Fonte: Cohen (p. 54, 2006).</p><p>55ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>Teste de gaveta anterior, também utilizado como forma de avaliação da integridade</p><p>ligamentar do LCA, o paciente fica em decúbito dorsal, com 90º de flexão de joelho, o tera-</p><p>peuta realiza uma pressão anterior da tíbia, se observar a translação da tíbia anteriormente</p><p>o teste é positivo, o teste deve ser realizado na perna contralateral para comparação. A</p><p>desvantagem desse exame na fase aguda está em necessitar da flexão do joelho para sua</p><p>execução, que muitas vezes o paciente não consegue realizar (COHEN., 2006). A figura 5</p><p>apresenta a realização do teste.</p><p>FIGURA 5. TESTE DE GAVETA ANTERIOR.</p><p>Fonte: Cohen (p. 54, 2006).</p><p>O teste de pivot shift reproduz a subluxação do platô tibial em relação ao côndilo</p><p>femoral lateral, é realizado com o paciente em decúbito dorsal, o terapeuta realiza uma</p><p>rotação rotação interna de membro inferior, saindo da extensão para flexão de joelho si-</p><p>multaneamente (movimentos do mecanismo de lesão), com o teste deve observar o jogo</p><p>articular, ou seja, o platô tibial (COHEN., 2006). A figura 6 apresenta a realização do teste.</p><p>FIGURA 6. TESTE DE PIVOT SHIFT.</p><p>Fonte: Cohen (p. 55, 2006).</p><p>56ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>O teste de Jerk é igualmente realizado ao pivot shift, porém ao invés o movimento é</p><p>observado da flexão para extensão de joelho, mantendo rotação interna de fêmur e rotação</p><p>externa de tíbia (COHEN., 2006).</p><p>O tratamento da lesão de LCA é cirúrgico ou conservador. A escolha do tratamento,</p><p>deve-se levar em consideração fatores relativos ao paciente, como sexo, idade, ocupação, ní-</p><p>vel de participação esportiva, lesões intra-articulares associadas, grau de frouxidão do joelho e</p><p>expectativas para o futuro. O tratamento cirúrgico ou artroscopia, visa restaurar a estabilidade,</p><p>substituindo a função do ligamento rompido, é realizado a sutura ou enxerto com alguns dos</p><p>tendões quadricipital, isquiotibiais e patelar. O tratamento conservador visa melhorar a força</p><p>da musculatura ao redor, substituindo a função do ligamento lesionado (MONK et al., 2016).</p><p>O processo cirúrgico do enxerto se caracteriza por fases de cicatrização: 1º necro-</p><p>se, 2° revascularização, 3° proliferação celular, 4º estruturação da matriz extracelular, 5º</p><p>sinovialização (líquido sinovial). E possui níveis de resistência do enxerto:</p><p>Até o 3º mês = 45%.</p><p>3º ao 6º mês =53%.</p><p>6º ao 9º mês = 81%.</p><p>12 meses= 90%.</p><p>A fisioterapia pré-operatória também deve ser aplicada para reduzir a inibição</p><p>muscular artrogênica pós-anestesia, ou seja, diminuir a perda do recrutamento das fibras</p><p>musculares, o que dificulta ainda mais o processo de reabilitação. Focando no treino de</p><p>força muscular de isquiotibiais, principalmente, glúteo médio, quadríceps e CORE, evitando</p><p>corrida e salto (DUTTON., 2010).</p><p>Após a cirurgia pode haver algumas complicações como artrofibrose, patela baixa</p><p>(quando o enxerto é patelar), restrição de ADM por mau posicionamento do enxerto, ruptura</p><p>recidivante, frouxidão ligamentar, infecção e dor (DUTTON., 2010).</p><p>A fase de reabilitação pode ser usada para ambas as opções de tratamento. Sendo</p><p>dividida em três etapas:</p><p>- Estágio agudo: função de resolver o processo inflamatório e ganho de amplitude</p><p>de movimento;</p><p>- Estágio de recuperação: (3 a 6 semanas) com objetivo de ganho de força e</p><p>estabilidade;</p><p>- Estágio funcional: (6 meses em diante) retorno às atividades;</p><p>57ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>A reabilitação deve ser lenta o suficiente para evitar danos nos tecidos em cicatri-</p><p>zação, mas rápido o bastante para não causar limitações da ADM.</p><p>A reabilitação do PO imediato de LCA, o paciente deve manter o membro inferior em</p><p>extensão e elevação, realizar exercícios metabólicos, exercício isométrico de quadríceps,</p><p>crioterapia a cada 2 horas, por 20 minutos.</p><p>Na primeira semana de reabilitação realiza a aplicação de eletroestimulação de</p><p>quadríceps (ganho de força) + contração isométrica, exercícios passivos para manter ou</p><p>ganhar 90º de ADM de flexão de joelho até o final da primeira semana, mobilização patelar</p><p>e treino de marcha leve com duas muletas axilares ou canadenses.</p><p>A segunda semana de reabilitação é composta por exercícios de força de ‘SLR’</p><p>(elevação da perna estendida), ganho de ADM para flexão de joelho entre 110º a 120º,</p><p>fortalecimento de plantiflexores e CORE, maior descarga de peso e retirada de uma muleta.</p><p>A terceira semana o ganho de ADM deve ser progressivo até 140º, fortalecimento</p><p>de CORE e trabalho de extensão final de joelho em cadeia cinética fechada, marcha retró-</p><p>grada (para trás) em casos de déficit de extensão, mini agachamento na parede de 0º a 40º,</p><p>trabalho na bicicleta sem carga e com banco alto, início do treino sensório motor em solo</p><p>estável bipodal e unipodal.</p><p>Entre a quarta e nona semana de reabilitação, deve-se intensificar o treino sensório</p><p>motor unipodal em solo instável, aumentar e dificultar os exercícios de fortalecimento de</p><p>CORE. Na décima a décima segunda semana realizar exercícios mais complexos em cama</p><p>elástica, balancinho, balance disc, trote em esteira. Ainda evitar exercícios de rotação, mu-</p><p>danças de direção, aceleração e desaceleração bruscas.</p><p>Ao quarto e quinto mês, continuar com o fortalecimento de CORE, indicar treino de</p><p>gesto esportivo, treino pliométrico, exercícios excêntricos em cadeia cinética aberta, treino sen-</p><p>sório motor com mudanças de direção e liberação para o esporte sem contato ao quinto mês.</p><p>No sexto mês deve-se ter a recuperação total do trofismo muscular, treino sensório</p><p>motor enfatizando as mudanças de direção, intensificar a pliometria no solo unipodal, treino</p><p>do gesto esportivo e retorno ao esporte de contato. Paciente deve continuar a reabilitação</p><p>até o nono mês, pois diminui as chances de ruptura do tendão. Os sujeitos que apre-</p><p>sentarem déficit de força dos músculos abdutores e rotadores externos do quadril tiveram</p><p>aumento da probabilidade de romperem o LCA durante a temporada de 3% para 7%, como</p><p>também chances de ruptura da perna contralateral. É necessário que o indivíduo mantenha</p><p>um estilo de vida saudável para evitar a necessidade de uma nova cirurgia.</p><p>FASCITE PLANTAR3</p><p>TÓPICO</p><p>58ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>A fáscia plantar é uma aponeurose que fornece suporte ao arco longitudinal do pé,</p><p>evitando seu colapso, é encontrada na região plantar do pé, origina-se da base do calcâneo e</p><p>estende-se distalmente às falanges. A figura abaixo apresenta a fáscia plantar (COHEN., 2006).</p><p>FIGURA 7. FÁSCIA PLANTAR.</p><p>Fonte: PRUNA, E. F. Fáscia Plantar. Blog Ilustra Ciência, 2016. Disponível em: http://www.blog.illustraciencia.</p><p>info/2016/03/fascia-plantar-eugenio-fernandez-pruna.html Acesso em: 10 out. 2023.</p><p>59ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>A terminologia “fascite” implica na inflamação da fáscia plantar, decorrente de mi-</p><p>crolesões na fáscia originadas por traumas repetitivos. Essas lesões desencadeiam uma</p><p>degeneração progressiva do colágeno, resultando na condição conhecida como tendinose,</p><p>degeneração fascial e necrose (COHEN., 2006).</p><p>Os fatores predisponentes podem ser divididos em causas intrínsecas e extrínse-</p><p>cas. Os fatores intrínsecos como pé cavo ou plano, pronação excessiva do pé, fraqueza</p><p>dos flexores plantares e diminuição da flexibilidade dos músculos flexores plantares, já</p><p>os fatores extrínsecos se ligam ao uso de calçados inadequados, sobrecargas posturais</p><p>e treinos irregulares. Como também podem estar associadas a outras alterações como</p><p>esporão de calcâneo, fratura por estresse do calcâneo, diminuição do coxim gorduroso</p><p>plantar (absorção choque) e sobrepeso (COHEN., 2006).</p><p>Os sintomas são dor intensa principalmente pela manhã, ao apoiar os pés no solo,</p><p>que diminui após os primeiros passos, dor após um período de inatividade física, posição</p><p>em pé por muito tempo, e atividades ou exercícios prolongados, ao final do dia, a dor torna-</p><p>-se mais intensa e é aliviada pelo repouso do pé. Movimentos como a dorsiflexão forçada</p><p>ou se manter nas pontas dos pés, a dor também está presente. Parestesia ou dor noturna</p><p>não são frequentes. Quando a dor se torna intensa, o paciente não consegue apoiar o peso</p><p>do próprio corpo nos calcanhares (COHEN., 2006).</p><p>A dor, originada no primeiro ramo do nervo plantar lateral, também pode estar</p><p>presente, que é responsável pelo músculo abdutor do quinto dedo, irradia-se tanto para</p><p>regiões proximais quanto distais ao longo do pé, seguindo o curso do nervo. A palpação</p><p>da fáscia plantar é essencial para identificar a área específica de dor e verificar a possível</p><p>presença de nodulações (COHEN., 2006).</p><p>O teste diagnóstico é conhecido como Windlass, o qual gera um encurtamento da</p><p>fáscia plantar com a manobra de estresse. Para realização do teste, paciente permanece</p><p>com pé em apoio no solo e terapeuta realiza extensão passiva de hálux, é positivo quando</p><p>paciente refere dor (COHEN., 2006). A figura 8 apresenta o teste.</p><p>FIGURA 8. WINDLASS TEST</p><p>Fonte: TESTE De Molinete. OrtoFixar, 2023. Disponível em: https://orthofixar.com/special-test/windlass-test/</p><p>Acesso em: 10 out. 2023.</p><p>https://orthofixar.com/special-test/windlass-test/</p><p>60ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>O diagnóstico pode ser realizado através de exames radiológicos. O raio-x indica</p><p>a presença ou ausência de esporão do calcâneo, enquanto a ultrassonografia revela pos-</p><p>síveis comprometimentos na fáscia plantar. Além disso, a eletroneuromiografia do músculo</p><p>abdutor do quinto dedo pode auxiliar no diagnóstico diferencial. A ressonância nuclear</p><p>magnética raramente é indicada para este propósito (DÍAZ; GUZMÁN., 2014).</p><p>A primeira escolha de tratamento é conservador, acompanhamento com ortopedista</p><p>e fisioterapeuta, focado primeiramente na analgesia e resolução da causalidade, com apli-</p><p>cação de alongamento da fáscia (dorsiflexão) e panturrilha, US terapêutico, laser, acupun-</p><p>tura, eletroestimulação neuromuscular transcutânea (TENS), terapias manuais, terapia por</p><p>ondas de choque, crioterapia, uso de palmilhas, bandagens e força muscular de flexores</p><p>plantares (movimento de garra com os dedos) e panturrilha (DÍAZ; GUZMÁN., 2014).</p><p>61ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>Para determinar o tratamento mais adequado para o paciente, é essencial considerar a singularidade e a</p><p>integralidade de cada indivíduo. Além disso, é fundamental consultar bases de dados atualizadas que ofe-</p><p>reçam informações sobre os tratamentos mais recentes. Uma plataforma valiosa nesse contexto é o PEDro,</p><p>uma base de dados gratuita que tem sido uma referência na área da fisioterapia por mais de 23 anos.</p><p>O PEDro contém mais de 59.000 ensaios clínicos, revisões sistemáticas e diretrizes de prática clínica, ofe-</p><p>recendo uma ampla gama de intervenções de fisioterapia para avaliação. Utilizar essa ferramenta permite</p><p>não apenas encontrar respostas para suas perguntas, mas também explorar as pesquisas mais recentes em</p><p>sua área de interesse. Além disso, proporciona uma oportunidade de aprofundar o conhecimento sobre</p><p>prática baseada em evidências, fornecendo acesso a recursos úteis e possibilitando uma compreensão</p><p>mais profunda desse recurso globalmente valioso</p><p>Para saber mais acesse: https://pedro.org.au/portuguese/#:~:text=O%20PEDro%20%C3%A9%20uma%20</p><p>base%20de%20dados%20gratuita,de%20pr%C3%A1tica%20cl%C3%ADnica%20para%20avaliar%20inter-</p><p>ven%C3%A7%C3%B5es%20de%20fisioterapia.</p><p>“O mundo como o criamos é um processo do nosso pensamento. Não pode ser mudado sem mudar nosso</p><p>pensamento.” -</p><p>Albert Einstein</p><p>https://pedro.org.au/portuguese/#:~:text=O PEDro %C3%A9 uma base de dados gratuita,de pr%C3%A1tica cl%C3%ADnica para avaliar interven%C3%A7%C3%B5es de fisioterapia</p><p>https://pedro.org.au/portuguese/#:~:text=O PEDro %C3%A9 uma base de dados gratuita,de pr%C3%A1tica cl%C3%ADnica para avaliar interven%C3%A7%C3%B5es de fisioterapia</p><p>https://pedro.org.au/portuguese/#:~:text=O PEDro %C3%A9 uma base de dados gratuita,de pr%C3%A1tica cl%C3%ADnica para avaliar interven%C3%A7%C3%B5es de fisioterapia</p><p>62ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>Chegamos ao final da nossa terceira unidade. Juntos, exploramos extensivamente</p><p>técnicas, definições, causas e sintomas. É agora o momento de solidificar o conhecimento</p><p>adquirido e continuar sua jornada de aprendizado.</p><p>Nesta unidade, você adquiriu conhecimentos essenciais sobre as principais disfunções</p><p>dos membros inferiores encontradas na prática clínica. Exploramos a artroplastia de quadril,</p><p>lesões no ligamento cruzado anterior e a fascite plantar, detalhando as principais musculaturas</p><p>afetadas, sintomas, testes diagnósticos e tratamentos fisioterapêuticos disponíveis.</p><p>É crucial reforçar a importância da prevenção e tratamento</p><p>dessas condições,</p><p>as quais representam desafios significativos no contexto clínico. Continuem o excelente</p><p>trabalho e estejam preparados para aplicar esses conhecimentos no ambiente prático da</p><p>fisioterapia. Parabéns por todo o progresso até agora e que sua jornada de aprendizado</p><p>continue sendo enriquecedora!</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>63ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>Fisioterapia no pós-operatório de artroplastia de quadril: uma revisão siste-</p><p>mática</p><p>À medida que a sociedade envelhece, as incidências de doenças do quadril au-</p><p>mentam a cada ano e a artroplastia do quadril é reconhecida como método cirúrgico mais</p><p>eficaz, necessitando de intervenção fisioterapêutica no período pós-operatório. Os resul-</p><p>tados apresentados nesta revisão demonstram os efeitos positivos da fisioterapia iniciada</p><p>precocemente após a cirurgia de artroplastia de quadril, sendo perceptível que a reabilitação</p><p>fisioterapêutica imediata através de exercícios iniciados ainda no ambiente hospitalar pode</p><p>ser benéfica para melhora da mobilidade, funcionalidade e qualidade de vida dos pacientes.</p><p>Fonte: MATOS, L. R. R. S et al. Fisioterapia no pós-operatório de artroplastia de quadril: uma</p><p>revisão sistemática. Fisioter. Bras, p. 609-618, 2021. Disponível em: https://convergenceseditorial.com.br/</p><p>index.php/fisioterapiabrasil/article/view/4162/pdf_1 Acesso em: 25 out. 2023.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>https://convergenceseditorial.com.br/index.php/fisioterapiabrasil/article/view/4162/pdf_1</p><p>https://convergenceseditorial.com.br/index.php/fisioterapiabrasil/article/view/4162/pdf_1</p><p>64ALTERAÇÕES RELACIONADAS AOS MEMBROS INFERIORESUNIDADE 3</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Título: Movimentos PROIBIDOS para quem fez prótese de Qua-</p><p>dril! Saiba os movimentos a serem evitados.</p><p>• Ano: 2020</p><p>• Sinopse: Apresenta os movimentos que devem ser evitados pós</p><p>artroplastia de quadril.</p><p>• Link do vídeo: https://youtu.be/f42znBTMnbM?si=GikOPzWTVK4ONh0w</p><p>LIVRO</p><p>• Título: Tratado de Ortopedia</p><p>• Autor: Moisés Cohen.</p><p>• Editora: ROCA.</p><p>• Sinopse: O conteúdo é amplo, abordando temas que são desen-</p><p>volvidos de forma objetiva e bem ilustrada. Os primeiros capítulos</p><p>abordam a ciência básica e a anatomia e são seguidos por outros</p><p>que desenvolvem temas de ortopedia das diversas articulações,</p><p>aspectos de traumatologia e, por fim, atualidades na área de tera-</p><p>pia gênica em ortopedia.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>Plano de Estudos</p><p>• Fraturas.</p><p>Objetivos da Aprendizagem</p><p>• Conceituar e contextualizar as fraturas;</p><p>• Compreender os tipos de fratura e fixação óssea;</p><p>• Estabelecer a importância do tratamento fisioterapêutico;</p><p>Professor(a) Esp. Caroline Rodrigues Lyra</p><p>FRATURASFRATURAS</p><p>UNIDADEUNIDADE4</p><p>66FRATURASUNIDADE 4</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Olá, aluno(a)! Como você está? Estão empolgados para iniciar a última etapa da</p><p>nossa jornada educacional? Sejam todos muito bem-vindos(a)! Tenho total confiança de</p><p>que compartilhamos o entusiasmo de expandir nossos conhecimentos juntos(as).</p><p>Nesta unidade, vamos mergulhar profundamente no fascinante mundo das fraturas.</p><p>Aprofundar nosso entendimento sobre essas condições é essencial para uma compreensão</p><p>completa. Tenho certeza de que, ao final desta etapa, teremos adquirido um conhecimento</p><p>valioso e detalhado sobre esse tema vital.</p><p>Para começar, vamos explorar minuciosamente a definição de fraturas. Vamos</p><p>analisar com cuidado os diferentes tipos de fraturas e os riscos associados. Nosso objetivo</p><p>é imergir profundamente nesse assunto para alcançar uma compreensão abrangente.</p><p>No segundo tópico, vamos aprofundar nosso conhecimento sobre os métodos de</p><p>fixação e consolidação óssea, compreendendo detalhadamente os sinais associados a</p><p>esses processos vitais de cura.</p><p>Por fim, no terceiro e último tópico, vamos realizar uma análise minuciosa dos tipos</p><p>de tratamento disponíveis, métodos de avaliação e as diversas abordagens terapêuticas</p><p>atualmente em uso. Estaremos armados com um vasto conhecimento e aprendizado essen-</p><p>cial ao término desta unidade. Esse conhecimento será fundamental para desenvolvermos</p><p>um raciocínio clínico robusto, essencial para fornecer um atendimento de qualidade superior.</p><p>Boa aula!</p><p>FRATURAS1</p><p>TÓPICO</p><p>67FRATURASUNIDADE 4</p><p>As fraturas podem ser definidas como a perda da continuidade óssea, ou da solução</p><p>de continuidade óssea. A lesão é causada por um trauma único com uma quantidade de</p><p>energia que ultrapassa a capacidade de resistência do osso e seus mecanismos naturais</p><p>de absorção de energia, ou alternativamente, ela pode ocorrer devido a traumas repetidos</p><p>ao longo do tempo, resultando em danos progressivos ao osso (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>As fraturas podem ser descritas de várias maneiras, apresentadas a seguir:</p><p>- Por seu contato com o meio, dividida em fratura fechada e aberta (MOTTA; BAR-</p><p>ROS., 2018):</p><p>A fratura fechada: não existe contato da fratura com o meio externo.</p><p>A fratura exposta ou aberta: quando existe contato da fratura com o meio exterior,</p><p>agravando o prognóstico. A figura 1 apresenta os dois tipos de fratura.</p><p>FIGURA 1. FRATURA FECHADA E ABERTA</p><p>Fonte: FISIOTERAPIA após fraturas e cirurgias - I. Questões de fisioterapia comentadas, 2021. Disponível em: https://</p><p>questoesdefisiocomentadas.wordpress.com/2021/12/12/fisioterapia-apos-fraturas-e-cirurgias-i/ Acesso em: 10 out. 2023.</p><p>68FRATURASUNIDADE 4</p><p>- Por sua localização anatômica (MOTTA; BARROS., 2018):</p><p>Região epifisária: ocorre ao nível da epífise.</p><p>Região fisária: atinge a cartilagem de crescimento.</p><p>Região metafisária: atinge a região metafisária do osso.</p><p>Região diafisária: localiza-se na diáfise do osso, ou ainda pode ser considerada</p><p>em terços proximal, médio e distal da diáfise.</p><p>Região subtrocantérica, supracondiliana, de colo, dentre outras. A figura 2,</p><p>apresenta as regiões anatômicas das fraturas.</p><p>FIGURA 2. REGIÕES ANATÔMICAS DAS FRATURAS</p><p>Fonte: CRESCER normal e baixa estatura/etiologia e diagnóstico diferencial/fisiologia da placa de crescer. Blog</p><p>Crescimento Infantil, 2016. Disponível em: https://crescendoinfantil.wordpress.com/2016/04/13/crescer-normal-e-</p><p>baixa-estaturaetiologia-e-diagnostico-diferencialfisiologia-da-placa-de-crescer-2/ Acesso em: 10 out. 2023.</p><p>- Pela direção do traço de fratura (MOTTA; BARROS., 2018):</p><p>Transversa: em que sofre uma fratura horizontal na estrutura óssea;</p><p>Longitudinal: em que sofre uma fratura vertical na estrutura óssea;</p><p>Oblíqua: o osso se rompe em um ângulo oblíquo;</p><p>Espiral: mecanismo rotatório;</p><p>Simples: pequena fratura lateral;</p><p>Galho verde: são fraturas da infância;</p><p>Cominutiva: em que o osso se quebra em vários (> 2) segmentos irregulares;</p><p>Segmentar: em que duas linhas de fratura isolam um segmento distinto do osso;</p><p>69FRATURASUNIDADE 4</p><p>Avulsão: ruptura de um pedaço do osso ao qual estão fixados, como resultado do</p><p>estiramento repentino de tendões ou ligamentos;</p><p>Impactada: o osso se quebra em vários fragmentos que são direcionados/impacta-</p><p>dos uns para com os outros;</p><p>Deformidade ou compactada: o osso sofre grande impacto em sentido perpen-</p><p>dicular e, durante a fratura, um fragmento ósseo se funde ao outro, gerando deformidade</p><p>e perda de comprimento ósseo. A figura 3 e 4,</p><p>mostra a direção de todas as fraturas</p><p>apresentadas anteriormente.</p><p>FIGURA 3. DIREÇÃO DAS FRATURAS.</p><p>Fonte: FISIOTERAPIA após fraturas e cirurgias - I. Questões de fisioterapia comentadas, 2021. Disponível em: https://</p><p>questoesdefisiocomentadas.wordpress.com/2021/12/12/fisioterapia-apos-fraturas-e-cirurgias-i/</p><p>FIGURA 4. DIREÇÃO DAS FRATURAS</p><p>Fonte: TIPOS comuns de linhas de fraturas. Manual MSD - versão para profissionais de Saúde, 2023. Disponível em:</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/multimedia/table/tipos-comuns-de-linhas-de-fraturas</p><p>- Quanto ao tipo de desvio: posterior, anterior, lateral, medial, varo, valgo, rotatório:</p><p>quando existir torção do eixo dos fragmentos ósseos fraturados. A figura 5, apresenta desvio</p><p>anterior e posterior (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>70FRATURASUNIDADE 4</p><p>FIGURA 5. DESVIO POSTERIOR (A) E DESVIO ANTERIOR (B) DAS FRATURAS</p><p>Fonte: Ruaro (p. 50, 2004).</p><p>O mecanismo da fratura ou fator causal pode ser: traumático direto e indireto ou</p><p>patológico. O fator patológico é em decorrência do enfraquecimento da estrutura óssea, por</p><p>uma doença preexistente, tal como tumor, infecção, osteoporose, dentre outras afecções</p><p>(MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>Traumatismo Indireto: neste caso, o agente da lesão causa a fratura de forma indi-</p><p>reta. O trauma ocorre em um ponto específico, mas a lesão se manifesta em outro local do</p><p>corpo. O traumatismo indireto pode ocorrer de várias maneiras, tais como: por compressão,</p><p>principalmente em ossos esponjosos. Por flexão: principalmente em ossos longos, a fratura</p><p>ocorre quando eles são forçados no sentido da flexão. Por torção: quando há torção interna</p><p>ou externa do membro. O traumatismo direto: neste caso, o agente da lesão colide direta-</p><p>mente com uma parte específica do corpo, resultando na fratura (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>Em muitos casos, o diagnóstico de fratura é evidente, especialmente quando se</p><p>trata de fraturas desviadas. No entanto, em outras situações, as fraturas podem não ser</p><p>tão óbvias e, portanto, é necessário suspeitar delas e conduzir uma investigação adequa-</p><p>da. O estudo radiológico desempenha um papel crucial na confirmação do diagnóstico e</p><p>na caracterização do tipo de fratura em suas diversas formas. A ressonância magnética</p><p>desempenha um papel fundamental ao identificar o envolvimento das partes moles, como</p><p>lesões medulares, cauda equina e nervos espinhais (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>As fraturas podem ter várias consequências ou manifestações, que variam de acor-</p><p>do com a gravidade da lesão, a localização da fratura e a eficácia do tratamento. Algumas</p><p>das consequências comuns de uma fratura incluem (MOTTA; BARROS., 2018):</p><p>Dor: Fraturas geralmente causam dor intensa na área afetada. A dor pode ser agu-</p><p>da durante o incidente da lesão e continuar durante o processo de cicatrização.</p><p>Edemas e Hematomas: A área ao redor da fratura geralmente incha devido ao</p><p>acúmulo de fluido e sangue. Isso pode ser acompanhado por hematomas, que são man-</p><p>chas roxas ou azuis na pele causadas por pequenos vasos sanguíneos rompidos.</p><p>71FRATURASUNIDADE 4</p><p>Perda de Função e Mobilidade: Dependendo da gravidade da fratura, pode haver</p><p>perda temporária ou permanente de função e mobilidade na área afetada. Isso pode inter-</p><p>ferir nas atividades diárias normais.</p><p>Deformidade: Em casos de fraturas graves ou deslocadas, pode haver deformida-</p><p>de visível na área afetada.</p><p>Complicações Vasculares e Nervosas: Fraturas podem danificar vasos sanguí-</p><p>neos e nervos próximos, levando a complicações como diminuição da circulação sanguínea</p><p>ou perda de sensação na área afetada, ou hipersensibilidade.</p><p>Artrite Pós-Traumática: Algumas fraturas podem aumentar o risco de desenvolver</p><p>artrite na articulação afetada, especialmente se a fratura envolve uma articulação.</p><p>Impacto Emocional e Psicológico: Fraturas graves ou de longo prazo podem ter</p><p>um impacto emocional e psicológico significativo, levando a sentimentos de ansiedade,</p><p>depressão e estresse pós-traumático.</p><p>1.1 Consolidação Óssea</p><p>O osso possui uma notável capacidade de autorreparação utilizando seu próprio</p><p>tecido, esse processo é chamado de consolidação óssea. A consolidação de uma fratura</p><p>ocorre sempre que as condições biológicas e mecânicas são favoráveis, incluindo a manu-</p><p>tenção da vascularização dos fragmentos ósseos (COHEN., 2006).</p><p>A consolidação é um processo inflamatório que visa restabelecer a circulação san-</p><p>guínea, a integridade estrutural, capacidade de transmissão de carga e movimentos. Há</p><p>dois tipos de consolidação: por segunda intenção e por primeira intenção (COHEN., 2006).</p><p>A consolidação óssea primária ocorre quando os fragmentos de osso são colocados</p><p>em contato direto, sem a formação de um calo ósseo visível. Normalmente, esse tipo de con-</p><p>solidação ocorre quando a fratura é tratada cirurgicamente e os fragmentos são realinhados</p><p>e fixados com placas, parafusos ou outros dispositivos de fixação. A imobilização adequada</p><p>ajuda a manter a estabilidade dos fragmentos. As células ósseas, principalmente os osteoblas-</p><p>tos, começam a produzir uma matriz óssea diretamente na área da fratura, sem a formação</p><p>de um calo ósseo cartilaginoso. A consolidação óssea primária geralmente tem uma taxa de</p><p>cicatrização mais rápida devido ao contato direto entre os fragmentos (COHEN., 2006).</p><p>A consolidação de segunda intenção é a natural, ocorre quando há formação de um</p><p>calo ósseo (calo fibroso ou cartilaginoso) entre os fragmentos de osso quebrado antes da</p><p>formação do osso sólido. Após a fratura, um hematoma é formado. Células inflamatórias e</p><p>células osteoprogenitoras migram para o local da fratura e formam um calo ósseo temporário,</p><p>72FRATURASUNIDADE 4</p><p>que serve como um modelo para a formação do osso sólido posteriormente. Gradualmente,</p><p>o calo ósseo passa por um processo de maturação e é gradualmente substituído por osso</p><p>lamelar maduro, devolvendo a força e a estrutura normais ao osso fraturado. A consolidação</p><p>óssea secundária pode levar mais tempo para cicatrizar completamente, especialmente se a</p><p>fratura for complexa ou se houver lacunas significativas entre os fragmentos (COHEN., 2006).</p><p>Independente da maneira da consolidação, as mesmas passam por quatro estágios</p><p>bem definidos, a saber, a fase de resposta inflamatória inicial, reparação tecidual, por fim,</p><p>a remodelação óssea:</p><p>Fase inflamatória: compreende o período de 24 horas após o trauma e está completa</p><p>no sétimo dia. A formação do hematoma após uma fratura desencadeia uma resposta infla-</p><p>matória no corpo. Durante essa fase inicial, células inflamatórias são recrutadas, e ocorre o</p><p>processo de angiogênese, que é a formação de novos vasos sanguíneos (COHEN., 2006).</p><p>Reparação tecidual: As células chamadas osteoblastos começam a formar novo</p><p>osso. Essas células produzem uma matriz óssea que se mineraliza gradualmente, forta-</p><p>lecendo a fratura. Essa fase leva semanas ou meses para se completar (COHEN., 2006).</p><p>Remodelação óssea: O osso continua a ser remodelado. O osso é reestruturado</p><p>para se adaptar ao estresse e à carga aplicada a ele. O excesso de osso formado é removi-</p><p>do pelos osteoclastos, e a estrutura do osso é ajustada para retornar à sua forma e função</p><p>normais. Essa fase pode levar meses a anos para se completar (COHEN., 2006).</p><p>Quase todas as fraturas se consolidam no período de 3 a 4 meses após a lesão.</p><p>Mas cada fratura possui um tempo de consolidação, assim o médico pode avaliar adequa-</p><p>damente a progressão (COHEN., 2006).</p><p>O retardo da consolidação, normalmente, varia de 6 a 8 meses. Entretanto, é im-</p><p>portante notar que esse período pode variar de acordo com a região anatômica, o padrão</p><p>da fratura e o método de tratamento empregado. O termo pseudo artrose é quando a fratura</p><p>apresenta uma evolução de mais de 9 meses do trauma inicial sem evolução do processo</p><p>de consolidação óssea. Essas evidências são tipicamente identificadas por sinais radio-</p><p>gráficos característicos, como esclerose nos bordos da fratura e um espaço sinovial visível</p><p>entre eles (COHEN., 2006).</p><p>1.2 Tratamento</p><p>O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico. O tratamento conservador pode,</p><p>ou não, necessitar de redução óssea, ou seja, a manipulação de um osso fraturado para</p><p>73FRATURASUNIDADE 4</p><p>ajustar as partes quebradas de volta em sua posição anatômica normal. O tratamento</p><p>conservador sem redução é quando os fragmentos fraturados encontram-se em posição</p><p>anatomicamente aceitável, e envolve exclusivamente a imobilização do membro fraturado</p><p>usando gesso ou outro dispositivo especializado, até sua consolidação (HOPPENFELD;</p><p>MURTHY., 2001).</p><p>A escolha do tratamento cirúrgico para fraturas ósseas ou osteossíntese, deve ser</p><p>individualizada para cada paciente, cada fratura, condições de infraestrutura hospitalar e</p><p>experiência da equipe médica. O qual visa restabelecer o alinhamento, ter uma fixação</p><p>estável, preservação do suprimento sanguíneo e mobilização precoce (HOPPENFELD;</p><p>MURTHY., 2001).</p><p>1.3 Formas de Fixação</p><p>Muitos tipos de dispositivos são usados para fixação de fraturas. A biomecânica da</p><p>fixação ortopédica envolve dispositivos projetados para compartilhar ou proteger contra o</p><p>estresse de cargas nas fraturas (RUARO., 2004).</p><p>O compartilhamento de estresse visa distribuir as cargas uniformemente no local</p><p>da fratura, permitindo micromovimentos que levam à consolidação óssea secundária e à</p><p>formação do calo ósseo. Dispositivos como gesso (permite suportar o peso precocemente),</p><p>hastes fresadas ou não (suporte de peso precoce), e fios de aço, parafusos ou pinos intra-</p><p>medulares (suporte de peso lento) e fixadores externos, quando associados a lesões de</p><p>tecidos moles (suporte de peso precoce), ambos os dispositivos permitem a consolidação</p><p>rápida (RUARO., 2004).</p><p>Por outro lado, dispositivos de proteção contra o estresse transferem a carga para</p><p>o próprio dispositivo, não sendo bem distribuídas, mantendo as extremidades ósseas sob</p><p>compressão e impedindo qualquer movimento. Isso resulta na consolidação óssea primária,</p><p>sem a formação do calo ósseo. Um exemplo desses dispositivos são as placas de compres-</p><p>são, que promovem uma consolidação mais lenta e há necessidade de não sustentação de</p><p>peso por 3 meses (RUARO., 2004).</p><p>Esses diferentes métodos de fixação são escolhidos com base na natureza da</p><p>fratura, na necessidade de suportar peso e na velocidade desejada para a consolidação</p><p>óssea. Cada abordagem tem suas vantagens e é selecionada de acordo com as caracterís-</p><p>ticas específicas da lesão e o plano de tratamento definido pelo ortopedista.</p><p>Hastes e Pinos Intramedulares:</p><p>74FRATURASUNIDADE 4</p><p>Hastes ou pinos intramedulares são dispositivos essenciais que possibilitam a mobi-</p><p>lização precoce das articulações acima e abaixo da fratura. São frequentemente empregados</p><p>em fraturas de diáfise de ossos importantes, como fêmur, tíbia e úmero (RUARO., 2004).</p><p>Sua rigidez inibe tanto o encurtamento quanto a rotação na área fraturada. As</p><p>hastes são divididas em fresadas e não fresadas. As hastes não fresadas, embora menos</p><p>fortes que suas contrapartes fresadas, têm uma vantagem significativa: mantêm uma melhor</p><p>irrigação sanguínea, o que facilita o processo de consolidação. Estas são especialmente</p><p>utilizadas em casos de fraturas expostas, onde a manutenção da vascularização é crucial</p><p>para uma recuperação bem-sucedida (RUARO., 2004). A figura 6, apresenta uma haste</p><p>intramedular parafusada.</p><p>FIGURA 6. HASTE INTRAMEDULAR PARAFUSADA</p><p>Fonte: Ruaro (p. 51, 2004).</p><p>Placas de Compressão:</p><p>As placas de compressão são dispositivos metálicos retangulares e estreitos que</p><p>se encaixam na superfície do osso e são fixados por meio de parafusos. São comumen-</p><p>te aplicadas em ossos dos membros superiores, como rádio e ulna. Devido à sua rígida</p><p>fixação, promovem uma consolidação óssea primária. Entretanto, devido a essa firmeza,</p><p>a carga de peso total sobre o osso é gradualmente reintroduzida, um processo que pode</p><p>levar cerca de três meses para ser completado (RUARO., 2004). A figura 7, mostra a placa</p><p>de compressão.</p><p>75FRATURASUNIDADE 4</p><p>FIGURA 7. PLACA DE COMPRESSÃO</p><p>Fonte: Ruaro (p. 51, 2004).</p><p>Pinos, fios e parafusos: Pinos, fios de Kirschner e parafusos são dispositivos me-</p><p>tálicos importantes na ortopedia, oferecendo posicionamento e uma imobilização parcial no</p><p>local da fratura. Podem ser aplicados individualmente ou em conjunto com outros métodos de</p><p>fixação. Comumente, esses dispositivos são removidos após o processo de consolidação. Os</p><p>parafusos quando são apertados fazem com que os fragmentos da fratura sejam reunidos/</p><p>comprimidos (RUARO., 2004).</p><p>Os fios de Kirschner são especialmente úteis em casos de fraturas metacarpianas</p><p>e do olécrano, proporcionando suporte e estabilidade necessários para uma recuperação</p><p>eficaz. Uma das principais complicações do fio de Kirschner, é a infecção, pois muitas</p><p>vezes ele fica para fora da pele e o furo pode servir de entrada para bactérias (RUARO.,</p><p>2004). A figura 8, mostra o fio de Kirschner em uma fratura de rádio distal.</p><p>FIGURA 8. FIO DE KIRSCHNER</p><p>Fonte: FIO de Kirschner: cuidados essenciais que você deve ter. Blog Ortopedia e Trauma, 2022. Disponível em:</p><p>https://medicinaortopedica.com/2022/12/12/fio-de-kirschner-cuidados-essenciais-que-voce-deve-ter/</p><p>76FRATURASUNIDADE 4</p><p>Fixador externo:</p><p>O fixador externo ortopédico é um dispositivo que mantém o alinhamento adequado</p><p>do osso enquanto ainda permite alguma mobilidade, e é minimamente invasivo, e usado</p><p>em casos de urgência e emergência. Pinos são inseridos tanto proximalmente quanto dis-</p><p>talmente à fratura e são conectados externamente para estabilizar a área fraturada. Este</p><p>método é frequentemente adotado em casos de fraturas expostas associadas a lesões de</p><p>tecidos moles, pois facilita um cuidado mais acessível, usado por curto período de tempo</p><p>(RUARO., 2004).</p><p>Uma vantagem importante é a ausência da necessidade de inserção de metal dire-</p><p>tamente no osso, o que minimiza o trauma adicional. No entanto, é crucial ter cuidado, pois</p><p>os movimentos dos tecidos moles podem causar afrouxamento dos pinos ou, inversamente,</p><p>os pinos podem levar à imobilidade articular se não forem adequadamente monitorados e</p><p>ajustados (RUARO., 2004).</p><p>Os fixadores externos, quando utilizados por longos períodos, apresentam altos</p><p>índices de infecção nos trajetos dos pinos e retardo de consolidação, necessitando de</p><p>enxerto. A figura 9, apresenta um modelo de fixador externo em punho (RUARO., 2004).</p><p>FIGURA 9. FIXADOR EXTERNO</p><p>Fonte: Ruaro (p. 52, 2004).</p><p>1.2 Tratamento Fisioterapêutico</p><p>A fisioterapia pós-fratura desempenha um papel crucial no processo de recupe-</p><p>ração, ajudando os pacientes a restaurar a função normal do membro afetado, em sua</p><p>amplitude de movimento, força muscular, resistência muscular e melhorar a qualidade de</p><p>vida (HOPPENFELD; MURTHY., 2001). A musculatura perde sua capacidade até 8% por</p><p>semana. Os principais objetivos da fisioterapia após uma fratura incluem:</p><p>77FRATURASUNIDADE 4</p><p>Na fase aguda o foco é a redução da dor e do processo inflamatório: com terapia ma-</p><p>nual em pontos gatilhos e massagem pericicatricial, crioterapia, TENS, laser, US terapêutico. A</p><p>restauração de amplitude de movimento (ADM), inicialmente de articulações adjacentes até a</p><p>retirada do imobilizador, logo pode-se usar o calor para promover relaxamento e ganho de ADM,</p><p>como também mobilização dos tecidos e alongamento (HOPPENFELD; MURTHY., 2001).</p><p>A técnica de energia muscular (TEM), ou contrai-relaxa, comumente é utilizada com</p><p>o objetivo de promover relaxamento muscular, melhorar a mobilidade articular e restaurar</p><p>o equilíbrio muscular. Usa contrações isométricas para aliviar a imobilidade e aumentar a</p><p>força muscular. Essa técnica envolve uma contração isométrica dos músculos que estão</p><p>limitados, que é mantida por 6 a 10 segundos, seguida de ganhar lentamente o movimento</p><p>que desejo. Esse método leva a reprogramação dos fusos musculares, resultando em um</p><p>aumento da flexibilidade muscular.</p><p>Um exemplo</p><p>da TEM, paciente com déficit para flexão de cotovelo, levo a articula-</p><p>ção até o bloqueio do movimento, até onde está limitado e peço a ativação da musculatura</p><p>do próprio músculo (bíceps braquial) que causa o bloqueio, com uma resistência manual</p><p>contra esse movimento (flexão de cotovelo), por 6 a 10 segundos em isometria, eu posso</p><p>pedir de 3 a 10 contrações e depois ganhar o movimento (levar a articulação até a flexão</p><p>máxima), observando se a articulação já cedeu, se já ganhou mais amplitude de movimento.</p><p>Nunca passar do limite da dor do seu paciente (HOPPENFELD; MURTHY., 2001).</p><p>O trabalho de força muscular em uma fase mais tardia também deve ser priorizado,</p><p>inicialmente com exercícios isométricos em cadeia cinética fechada, seguidos de isotôni-</p><p>cos e isocinéticos em cadeia cinética aberta. Exercícios proprioceptivos, de equilíbrio, de</p><p>condicionamento físico, pliométricos e funcionais também devem ser abordados, em uma</p><p>fase mais avançada. A associação da corrente FES e Russa sobre a musculatura, também</p><p>auxilia no ganho de força e funcionalidade (HOPPENFELD; MURTHY., 2001).</p><p>Cada tipo e local de fratura deve respeitar o nível de consolidação óssea e fixação</p><p>óssea, para descarga de peso de acordo com a liberação médica. Fraturas com uso de</p><p>haste intramedular, gesso e fixador externo permite mais liberdade de movimento, como</p><p>também a liberação para descarga de peso mais cedo. Já o uso da placa de compressão</p><p>é mais rígido, permite pouca liberdade de movimento e por isso sua descarga de peso é</p><p>tardia (HOPPENFELD; MURTHY., 2001).</p><p>78FRATURASUNIDADE 4</p><p>‘Em todas as coisas o sucesso depende de uma preparação prévia, e sem tal preparação o falhanço é certo.’</p><p>Confúcio.</p><p>A importância da individualidade e integralidade do indivíduo na saúde é fundamental para proporcio-</p><p>nar cuidados de saúde eficazes e personalizados. Cada pessoa é única, com suas próprias características</p><p>biológicas, emocionais, sociais e culturais. Portanto, é crucial reconhecer e respeitar essas diferenças para</p><p>promover uma abordagem holística e centrada no paciente no campo da saúde.</p><p>Considerar fatores como histórico familiar, condições médicas pré-existentes e estilo de vida ajuda os pro-</p><p>fissionais de saúde a adaptar os tratamentos e intervenções de maneira adequada, aumentando assim a</p><p>eficácia dos cuidados.</p><p>Uma abordagem centrada no paciente incentiva a participação ativa do indivíduo em seu próprio cuidado.</p><p>Isso envolve fornecer informações claras, envolver o paciente nas decisões relacionadas ao tratamento, e</p><p>apoiar escolhas saudáveis.</p><p>Fonte: NUNES, M.; VIDAL, S. Os diversos aspectos da integralidade em saúde. Revista de Medicina de</p><p>Família e Saúde Mental, v. 1, n. 1, 2019.</p><p>79FRATURASUNIDADE 4</p><p>Chegamos ao término da nossa última unidade de estudo. Juntos, mergulhamos</p><p>profundamente nas definições, causas, sintomas e tratamentos relacionados a essas con-</p><p>dições. Agora é o momento de consolidar o conhecimento adquirido e avançar em sua</p><p>jornada educacional.</p><p>Fratura é uma lesão traumática que resulta na quebra de um osso, geralmente</p><p>causada por um impacto físico ou estresse excessivo sobre o osso. O tratamento fisiotera-</p><p>pêutico desempenha um papel fundamental na recuperação de fraturas, ajudando os pa-</p><p>cientes a restaurar a função e a mobilidade do membro afetado. É importante destacar que</p><p>o tratamento fisioterapêutico é altamente personalizado, adaptado à natureza da fratura e</p><p>às necessidades específicas do paciente. Uma abordagem cuidadosa e consistente, aliada</p><p>à motivação e colaboração do paciente, é essencial para uma recuperação bem-sucedida.</p><p>É imperativo destacar a relevância da prevenção e do tratamento dessas condições,</p><p>que representam desafios significativos no cenário clínico. Continuem com o excelente</p><p>trabalho e estejam preparados para aplicar esses conhecimentos no contexto prático da</p><p>fisioterapia. Parabenizo a todos pelo progresso notável até aqui e desejo que suas futuras</p><p>experiências de aprendizado sejam igualmente enriquecedoras e repletas de sucesso!</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>80FRATURASUNIDADE 4</p><p>Produção de uma tecnologia educativa voltada a pacientes em reabilitação de</p><p>fraturas no tornozelo</p><p>As tecnologias educacionais são ferramentas importantes na promoção da edu-</p><p>cação em saúde e na continuidade do cuidado ao paciente. O objetivo deste artigo foi</p><p>criar uma cartilha educativa voltada para pacientes em reabilitação de fraturas de tornozelo</p><p>tratadas cirurgicamente.</p><p>A cartilha criada foi intitulada “Diretrizes para reabilitação de fraturas de tornozelo”,</p><p>composta por oito tópicos específicos de reabilitação, utilizando linguagem acessível ao</p><p>público-alvo, de acordo com o índice de legibilidade de Flesch. Dessa forma, as cartilhas</p><p>educativas podem ser importantes mecanismos de divulgação de informações científicas,</p><p>quando bem elaboradas e visualmente agradáveis. Dadas as diversas formas de aplicação,</p><p>esta cartilha pode auxiliar no processo de reabilitação de pacientes em tratamento de fra-</p><p>turas de tornozelo.</p><p>Fonte: DA COSTA ALEXANDRINO, Thiago et al. Produção de uma tecnologia educativa voltada</p><p>a pacientes em reabilitação de fraturas no tornozelo. Research, Society and Development, v. 11, n. 15, p.</p><p>e572111537563-e572111537563, 2022.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>81FRATURASUNIDADE 4</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Título: Fratura óssea/ Podcast Por Que dói?</p><p>• Ano: 2021.</p><p>• Sinopse: Comentário sobre o que é fraturas, sinais e sintomas,</p><p>tempo de consolidação, consequências, riscos, cuidados e trata-</p><p>mento.</p><p>• Link do vídeo: https://youtu.be/mXe0JzkW5Ak?si=aSlXDlwTfQ_RYWVi</p><p>LIVRO</p><p>• Título: Ortopedia e Traumatologia: Temas Fundamentais e a</p><p>Reabilitação.</p><p>• Autor: Antônio Francisco Ruaro.</p><p>• Editora: do Autor, 2004.</p><p>• Sinopse: Esse livro, pela exposição das ideias, tem a pretensão</p><p>de ser didático e objetivar aprendizado crescente ao estudante</p><p>de fisioterapia e medicina, bem como, contribuir modestamente,</p><p>devido à experiência acumulada ao longo dos anos, aos afeitos</p><p>com a especialidade de Ortopedia e Traumatologia.</p><p>82</p><p>Prezado(a) aluno(a),</p><p>A disciplina de Ortopedia e Traumatologia desempenha um papel fundamental</p><p>na graduação em Fisioterapia, devido à sua relevância na formação do profissional. Essa</p><p>formação é centrada na compreensão dos distúrbios ortopédicos apresentados pelos pa-</p><p>cientes, orientando as ações de tratamento em direção a movimentos eficazes e exercícios</p><p>terapêuticos.</p><p>Durante o curso, foram abordados diversos formatos de avaliação, destacando-se</p><p>a aplicação de testes específicos para diagnóstico funcional, com enfoque em testes rela-</p><p>cionados à coluna vertebral, membros superiores e inferiores. Diversas patologias foram</p><p>apresentadas, suas disfunções, sinais, sintomas, quadro clínico e formas de tratamento.</p><p>Portanto, a compreensão da importância desse conteúdo é essencial para o</p><p>desenvolvimento das habilidades avaliativas, curativas e reabilitativas do fisioterapeuta.</p><p>Encorajamos você a seguir na direção do seu objetivo final de se tornar um fisioterapeuta,</p><p>utilizando esses conhecimentos como alicerces para uma prática clínica sólida e eficaz.</p><p>A partir de agora acreditamos que você já está preparado para seguir em frente,</p><p>desenvolvendo ainda mais suas habilidades para criar e desenvolver produtos e marcas de</p><p>sucesso no mercado e realizar bons negócios.</p><p>Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!</p><p>CONCLUSÃO GERAL</p><p>83</p><p>ANDRADE, R. P.; CORREA, M. R. C.; QUEIROZ, B. C. Lesões do manguito rotador. Rev.</p><p>bras. ortop. p. 621-636, 2004.</p><p>COHEN, M. et al. Tratado de Ortopedia. SBOT. Roca. 2006.</p><p>DÍAZ, A. M. L; GUZMÁN, C. P. Efectividad de distintas terapias físicas en el tratamiento con-</p><p>servador de la fascitis plantar: revisión sistemática. Revista Española de Salud Pública,</p><p>v. 88, n. 1, p. 157-178, 2014.</p><p>DUTTON, N. Fisioterapia Ortopédica: exame, avaliação e intervenção. 2.ed. Porto Alegre.</p><p>Artmed. 2010.</p><p>FRASSON, V. B. Uso Racional de Medicamentos: fundamentação em condutas</p><p>terapêu-</p><p>ticas e nos macroprocessos da Assistência Farmacêutica. OPAS/OMS – Representação</p><p>Brasil, Brasília, v. 1, n. 9, p.1-10, jun. 2016.</p><p>FUKUDA, H. Partial-thickness rotator cuff tears: a modern view on Codman’s classic. J</p><p>Shoulder Elbow Surg 9: 163-168, 2000.</p><p>GALLAGHER, B. P. et al. Early versus delayed rehabilitation following arthroscopic rotator</p><p>cuff repair: a systematic review. The Physician and sportsmedicine, v. 43, n. 2, p. 178-</p><p>187, 2015.</p><p>GREENE, W. B. Netter Ortopedia. Rio de Janeiro. Elsevier. 2006.</p><p>HALL, S. J. Biomecânica Básica. 7.ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan. 2016.</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>84</p><p>HOPPENFELD, S.; MURTHY, V. L. Tratamento e Reabilitação de Fraturas. 1.ed. Manole,</p><p>2001.</p><p>MARQUES, A. P. Manual de goniometria. Editora Manole, 1997.</p><p>MONK, A. Paul et al. Surgical versus conservative interventions for treating anterior cruciate</p><p>ligament injuries. Cochrane Database of Systematic Reviews, n. 4, 2016.</p><p>MOTTA, G; BARROS, T. Ortopedia e Traumatologia. 1. ed. Rio de Janeiro. Elsevier. 2018.</p><p>RUARO, A. F. Ortopedia e Traumatologia: temas fundamentais e a reabilitação. Antonio</p><p>Francisco Ruaro. Umuarama: Ed. do Autor, 2004.</p><p>ENDEREÇO MEGAPOLO SEDE</p><p>Praça Brasil , 250 - Centro</p><p>CEP 87702 - 320</p><p>Paranavaí - PR - Brasil</p><p>TELEFONE (44) 3045 - 9898</p><p>Shutterstock</p><p>Site UniFatecie 3:</p><p>encerramos a primeira unidade com muita aprendizagem e conhecimento da</p><p>prática de raciocínio clínico, para um atendimento de qualidade.</p><p>Vamos lá!</p><p>Bons Estudos!</p><p>DISFUNÇÕES</p><p>RELACIONADAS A</p><p>COLUNA VERTEBRAL1</p><p>TÓPICO</p><p>8DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>A coluna vertebral é composta por 33 vértebras, sendo 7 cervicais, 12 torácicas, 5</p><p>vértebras sacrais fundidas e 4 coccígeas. A coluna tem uma conexão direta com membros</p><p>superiores, inferiores e crânio. Seus movimentos básicos são a flexão-extensão, rotação,</p><p>flexão lateral ou inclinação lateral e dependem da ação coordenada de nervos e músculos,</p><p>sofrendo influência do gradil costal e pelve (HALL., 2016).</p><p>Sua função mecânica fornece proteção, sustentação e mobilidade. O que traz</p><p>para nós um paradoxo, pois para haver proteção eu necessito de pouco movimento, para</p><p>ter sustentação eu preciso de rigidez, mas para haver mobilidade preciso de flexibilidade</p><p>e movimento, o que torna a coluna vertebral complexa e de grande significância para o</p><p>entendimento (GREENE, 2006).</p><p>As curvaturas fisiológicas da coluna vertebral são a lordose cervical, cifose torácica</p><p>ou dorsal e lordose lombar, as quais são responsáveis pela distribuição das cargas. As vér-</p><p>tebras se mantêm em extensão na lordose e em flexão na cifose. Ambas curvaturas podem</p><p>ser observadas no plano sagital, o qual divide o corpo em direita e esquerda (HALL, 2016).</p><p>As curvaturas ainda se dividem em primárias e secundárias. As primárias são as</p><p>curvaturas que estão presentes desde o nascimento, devido à posição fetal que se encontra,</p><p>elas são côncavas anteriormente (torácica e sacral), ou seja, é a cifose. As secundárias são</p><p>desenvolvidas nas posições sentada e ereta, por meio da sustentação do peso corporal a</p><p>partir do nascimento, são côncavas posteriormente (lombar e cervical), ou seja, é a lordose</p><p>(MOTTA; BARROS., 2018). A figura 1, apresenta as curvaturas fisiológicas da coluna vertebral.</p><p>9DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>FIGURA 1: COLUNA VERTEBRAL</p><p>Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/vertebral-column-human-body-anatomy-infograpic-703328689</p><p>1.1 Hiperlordose</p><p>A hiperlordose é um aumento exacerbado da lordose fisiológica, que pode ser ob-</p><p>servada tanto na coluna cervical quanto na coluna lombar, o qual mantém as vértebras em</p><p>maior extensão, gerando uma força de compressão, causando dor, desconforto e limitação</p><p>de movimento, variando de acordo com o local ao qual se apresenta (HALL., 2016). A figura</p><p>2, apresenta uma hiperlordose lombar.</p><p>O diagnóstico é feito a partir da avaliação física e pedido de exame, como raio-x,</p><p>para avaliar a gravidade da hiperlordose e assim estabelecer o tratamento mais adequado.</p><p>Os valores normais de angulação apresentados pela literatura referente à lordose lombar</p><p>são entre 30º e 60º (GREENE., 2006).</p><p>A forma de identificação, é feita pela avaliação postural, em uma vista lateral (plano</p><p>sagital) na posição bípede, o qual na lombar podemos encontrar o aumento da curvatura</p><p>e anteversão pélvica, a impressão que gera é do ‘bumbum arrebitado’ e abdômen mais</p><p>protuso, ou seja, para frente. Já na cervical podemos observar a anteriorização cervical ou</p><p>cabeça, como se o queixo estivesse sendo projetado para frente (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>Tais características se dão principalmente pelo enfraquecimento da musculatura</p><p>abdominal e glúteo máximo em uma hiperlordose lombar e de flexores cervicais em uma</p><p>hiperlordose cervical. Os músculos tensos ou encurtados, principalmente os flexores do</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/vertebral-column-human-body-anatomy-infograpic-703328689</p><p>10DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>quadril, extensores lombares ou cervicais, além disso a má postura ou atividades que re-</p><p>querem muito a extensão da coluna vertebral de forma repetitiva, obesidade, sedentarismo</p><p>ou ser uma alteração congênita, quando já nasce com o indivíduo podem ser consideradas</p><p>como causas (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>O tratamento fisioterapêutico se volta para o fortalecimento e resistência da muscu-</p><p>latura enfraquecida já citados e musculatura do CORE, que são músculos estabilizadores</p><p>centrais, como reto abdominal, oblíquo interno, transverso do abdômen, glúteo máximo e</p><p>médio. Exercícios como a prancha lateral, frontal estática ou dinâmica, prancha na parede,</p><p>prancha invertida, abdominal supra e infra devem ser considerados. A força da musculatura</p><p>dos flexores profundos cervicais também devem ser trabalhados (DUTTON, 2010).</p><p>Mobilidade articular, estabilidade e flexibilidade muscular devem ser pautados du-</p><p>rante o tratamento, como exercícios do método Pilates, assim como autoconsciência para</p><p>correção postural se faz necessária.</p><p>FIGURA 2: HIPERLORDOSE LOMBAR</p><p>Fonte: Shutterstock l ID:1337099104</p><p>1.2 Hipercifose</p><p>A hipercifose é o aumento acentuado da cifose torácica, o que aumenta a flexão</p><p>das vértebras torácicas, dessa forma faz com que a coluna pareça mais arredondada. Esta</p><p>condição também é conhecida popularmente como ‘corcunda’ (HALL., 2016). A figura 3,</p><p>mostra uma hipercifose torácica.</p><p>As causas podem incluir postura habitual inadequada, envelhecimento, devido à</p><p>desidratação dos discos intervertebrais, degeneração ligamentar e óssea, osteoporose,</p><p>doença de Scheuermann, espondilite anquilosante, doenças congênitas, traumas ou lesões</p><p>e timidez (HALL., 2016).</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/woman-lordosis-normal-curvature-against-gray-1542442055</p><p>11DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>Os sinais apresentados são a hipomobilidade em extensão da coluna vertebral,</p><p>fraqueza muscular posterior e encurtamento de cadeia anterior, pode afetar diretamente</p><p>na mobilidade glenoumeral e de cintura escapular, como também na curvatura lombar e</p><p>cervical. Na avaliação postural observa-se aumento da cifose, anteriorização cervical e</p><p>aumento da lordose lombar por compensação postural e protrusão dos ombros. Os sin-</p><p>tomas comumente relatados pelos pacientes podem variar de acordo com a gravidade,</p><p>apresentando dor, dificuldade respiratória e má postura (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>A observação acontece a partir do plano sagital em ortostatismo, em uma vista</p><p>lateral ou pode ser avaliada ainda por meio do diagnóstico por imagem, no caso o raio-x.</p><p>A coluna torácica apresenta normalmente uma cifose compreendida entre 20º e 40º (men-</p><p>suração radiológica de T5 a T12), curvatura acima de 50º são consideradas anormais.</p><p>Quando o paciente é colocado em decúbito dorsal, a hipercifose postural se corrige, mas</p><p>persiste na doença de Scheuermann (GREENE., 2006).</p><p>O tratamento para os casos posturais leves consiste em exercícios para fortalecer</p><p>os músculos dorsais posteriores, exercícios de mobilidade vertebral, alongamento de ca-</p><p>deia anterior, com movimentos de abertura de peitoral e exercícios respiratórios, o método</p><p>Pilates e RPG também são indicados, embora órteses e correção cirúrgica sejam utilizadas</p><p>em casos mais graves (DUTTON., 2010).</p><p>FIGURA 3:HIPERCIFOSE TORÁCICA</p><p>Fonte: Shutterstock l ID: 265889168</p><p>1.3 Retificação</p><p>A retificação da curvatura fisiológica refere-se a perda ou diminuição das curvaturas,</p><p>que podem ocorrer em qualquer região da coluna vertebral, porém na cervical e lombar são os</p><p>locais mais característicos (HALL., 2016). A figura 4, expõe uma retificação da coluna vertebral.</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/woman-impaired-posture-position-defect-scoliosis-265889168</p><p>12DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>A curvatura retificada é causada por meio de posturas viciosas, encurtamento mus-</p><p>cular, rigidez, hipomobilidade articular e espondilite anquilosante. Essa alteração acaba</p><p>não dissipando as cargas sobrepostas a coluna diariamente, levando a uma sobrecarga de</p><p>energia sobre a região lombar e gerando dor (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>Na avaliação postural, essa alteração é observada dentro do plano sagital (vista la-</p><p>teral),</p><p>resultando em uma aparência mais reta da coluna vertebral. Na cervical identificamos</p><p>o queixo para dentro. Na lombar normalmente ocorre uma retroversão pélvica, como se a</p><p>região glútea estivesse para dentro, mostrando o encurtamento da musculatura abdominal,</p><p>glúteo máximo e isquiotibiais e fraqueza de extensores da coluna e iliopsoas. Ainda podemos</p><p>encontrar limitação de movimento dentro do quadro clínico do paciente. O diagnóstico é feito</p><p>por exame de imagem, como o raio-x e avaliação física (DUTTON., 2010).</p><p>O tratamento se volta com foco na mobilidade de toda coluna vertebral, como o</p><p>movimento do SIM com a cervical em decúbito dorsal, exercício do gato (Cat Stretch) para</p><p>região torácica, exercício de báscula lombar e fortalecimento de musculatura estabilizadora</p><p>de CORE e músculos enfraquecidos supracitados (DUTTON., 2010).</p><p>FIGURA 4: RETIFICAÇÃO LOMBAR E TORÁCICA.</p><p>Fonte: Fisioterapia: A reabilitação da vida: Coluna Vertebral (biafisio.blogspot.com)</p><p>http://biafisio.blogspot.com/2011/07/coluna-vertebral.html</p><p>ESCOLIOSE</p><p>VERTEBRAL2</p><p>TÓPICO</p><p>13DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>A escoliose é uma deformidade tridimensional, afetando simultaneamente os três</p><p>planos anatômicos, devido a alterações nos movimentos de flexão, inclinação e rotação das</p><p>vértebras. No entanto, é frequentemente identificada por meio de um desvio lateral no plano</p><p>coronal (anteroposterior), ou seja, causando um desalinhamento da coluna em relação à</p><p>sua linha média (COHEN et al., 2006).</p><p>A deformidade pode assumir a forma de uma curva em ‘C’ (única curvatura) ou ‘S’</p><p>(duas curvaturas). A maneira pela qual nomeamos essa curvatura é determinada por sua</p><p>convexidade, e, adicionalmente, sua classificação pode variar de acordo com a localização</p><p>em que se encontra, exemplo:</p><p>NÍVEL VERTEBRAL CLASSIFICAÇÃO</p><p>C2-C6 Escoliose cervical</p><p>C7-T1 Escoliose cervicotorácica</p><p>T2-T11 Escoliose torácica</p><p>T12-L1 Escoliose toracolombar</p><p>L2-L4 Escoliose Lombar</p><p>L5-S1 Escoliose lombossacra</p><p>Na figura 5, são apresentados exemplos de diferentes localizações da escoliose.</p><p>Ao observar da esquerda para direita, podemos notar o seguinte:</p><p>• Indivíduo 1: Ausência de alterações na coluna.</p><p>• Indivíduo 2: Escoliose torácica à esquerda.</p><p>• Indivíduo 3: Escoliose lombar à esquerda.</p><p>• Indivíduo 4: Escoliose toracolombar à esquerda.</p><p>• Indivíduo 5: Escoliose em S, com porção torácica à esquerda e lombar à direita.</p><p>14DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>FIGURA 05: DIFERENTES LOCALIZAÇÕES DA ESCOLIOSE</p><p>Fonte: https://www.shutterstock.com/image-vector/types-scoliosis-medical-anatomical-vector-illustration-1082209535</p><p>Dentro da literatura, encontramos diversos tipos ou causas da escoliose. A escoliose</p><p>congênita é uma condição em que o indivíduo já nasce com essa deformidade, devido a</p><p>anormalidades na formação óssea. A escoliose neuromuscular está relacionada a problemas</p><p>neurológicos que afetam a musculatura, como a paralisia cerebral ou a distrofia muscular,</p><p>deve-se pesquisar a interferência da deformidade na marcha, na posição sentada e nas ativi-</p><p>dades diárias. Por sua vez, a escoliose idiopática é a forma mais comum de escoliose e, como</p><p>o próprio nome sugere, não possui uma causa específica identificada (COHEN et al., 2006).</p><p>A reversão da escoliose após seu estabelecimento, especialmente após o período</p><p>de crescimento, pode ser desafiadora. Identificar e tratar a condição em uma idade mais</p><p>jovem aumenta significativamente as chances de alcançar um resultado mais próximo da</p><p>normalidade. Muitas vezes o tratamento se volta à não progressão da patologia e diminui-</p><p>ção da sintomatologia (COHEN et al., 2006).</p><p>Os sintomas relacionados à escoliose podem variar de acordo com a gravidade</p><p>da condição, podendo ser assintomáticos, causar desconforto e dor, e até mesmo levar a</p><p>complicações como dificuldade na expansão torácica e insuficiência na ventilação pulmonar</p><p>(COHEN et al., 2006).</p><p>O exame físico é conduzido com o paciente em posição ortostática, permitindo</p><p>observações essenciais em uma vista anteroposterior. Nesse contexto, podemos identificar</p><p>assimetrias nos ombros, onde o lado mais elevado corresponderá à área de convexidade da</p><p>curva. É possível notar assimetrias nas espinhas ilíacas ântero superiores (EIAS) da pelve</p><p>ou cristas ilíacas, que podem indicar discrepância no comprimento dos membros inferiores.</p><p>É importante identificar se há limitação de movimento de tronco (COHEN et al., 2006).</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/types-scoliosis-medical-anatomical-vector-illustration-1082209535</p><p>https://www.shutterstock.com/image-vector/types-scoliosis-medical-anatomical-vector-illustration-1082209535</p><p>15DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>O Teste de Triângulo de Tales ou Talhe é outra técnica utilizada para identificar a</p><p>escoliose por meio da observação no plano coronal (anteroposterior). Nesse método, é ob-</p><p>servado o ângulo formado entre o lateral de tronco e o membro superior, sendo que o lado</p><p>menor indica a convexidade da curva e o lado maior representa a concavidade (MOTTA;</p><p>BARROS., 2018). A figura 6 apresenta o Triângulo de Tales, observa-se uma diminuição do</p><p>espaço entre o membro superior e o tronco do lado esquerdo (convexidade) e aumento do</p><p>lado direito (concavidade), o que indica uma escoliose à esquerda.</p><p>FIGURA 6: TRIÂNGULO DE TALES</p><p>Fonte: Shutterstock l ID: 2094831499</p><p>O Teste de Adams é um método de avaliação utilizado para identificar a presença</p><p>ou ausência de gibosidade, que se manifesta como uma elevação da musculatura para-</p><p>vertebral, assemelhando-se a uma ‘corcunda’. Isso é indicativo da rotação das vértebras</p><p>em direção ao lado convexo. Durante o teste, o indivíduo realiza uma flexão do tronco,</p><p>mantendo os joelhos estendidos, enquanto permanece em posição ortostática (COHEN</p><p>et al., 2006). A figura 7 apresenta o Teste de Adams, positivo com giba à direita, indicando</p><p>escoliose à direita.</p><p>FIGURA 7: TESTE DE ADAMS</p><p>Fonte: Shutterstock l ID: 2158125313</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/woman-scoliosis-spine-curved-womans-back-2094831499</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/spine-forward-head-posture-chest-xray-2158125313</p><p>16DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>Outro ponto relevante é a avaliação diagnóstica por imagem, que utiliza a mensura-</p><p>ção do ângulo de Cobb para quantificar a deformidade da coluna vertebral no plano coronal.</p><p>Esse ângulo é traçado a partir da primeira e última vértebra mais inclinada e desempenha</p><p>um papel crucial na determinação do tipo de tratamento necessário para o paciente. Um</p><p>ângulo considerado normal é de até 10º graus, enquanto curvaturas de até 8º graus podem</p><p>ser potencialmente revertidas com exercícios específicos. No entanto, um ângulo de desvio</p><p>entre 30º a 40º graus geralmente indica a necessidade de intervenção cirúrgica. Em ambos</p><p>os casos, o acompanhamento com fisioterapeuta é essencial para otimizar o tratamento</p><p>(COHEN et al., 2006)</p><p>O tratamento da escoliose requer um acompanhamento com ortopedista e fisiote-</p><p>rapeuta. O tratamento fisioterapêutico visa melhorar a mobilidade e flexibilidade da coluna</p><p>vertebral em seus três planos de movimento. Isso é alcançado através de uma abordagem</p><p>que visa manter alongada a musculatura que se encontra encurtada e forte do lado da</p><p>concavidade, e fortalecer a convexidade que se encontra normalmente fraca e alongada</p><p>(DUTTON., 2010). Vamos pensar em uma escoliose à direita, ou seja, seu lado convexo</p><p>está à direita, vamos pensar para o tratamento em movimentos com inclinação lateral de</p><p>tronco para direita, para abrir o lado côncavo, como também abertura do membro superior</p><p>esquerdo para abrir a concavidade que está à esquerda.</p><p>O objetivo principal é corrigir a postura através do crescimento axial e aumentar a</p><p>conscientização corporal por meio de um trabalho proprioceptivo, mantendo um alinhamento</p><p>adequado da coluna. Todos os exercícios devem envolver contrações lentas e controladas</p><p>juntamente com o controle da respiração (DUTTON., 2010).</p><p>Quando a escoliose assume uma forma de “S’’, o foco primário é no tratamento da</p><p>curva mais acentuada. No caso de escoliose lombar, são prescritos exercícios que incluem a</p><p>flexão do quadril do lado convexo e a extensão do quadril no lado côncavo (DUTTON., 2010).</p><p>Caso o paciente esteja usando o colete durante o curso do tratamento, é acon-</p><p>selhável que, durante as sessões de fisioterapia, os exercícios sejam preferencialmente</p><p>executados sem o colete. Isso ajudará a treinar a coluna a se fortalecer e manter-se estável</p><p>sem depender do colete de sustentação.</p><p>O tratamento deve envolver o fortalecimento central do corpo, que envolve exercí-</p><p>cios estabilizadores para o CORE. Exercícios aeróbicos com bola e cama elástica, também</p><p>podem ser incorporados para melhorar a função global do paciente. Além disso, o tratamen-</p><p>to inclui o trabalho respiratório para melhorar a capacidade pulmonar. O método do RPG e</p><p>Pilates são benéficos para o tratamento (DUTTON., 2010).</p><p>LOMBALGIA3</p><p>TÓPICO</p><p>17DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>O termo “lombalgia” é utilizado para descrever todas as condições de dor que</p><p>ocorrem na região lombar. A dor lombar é um dos problemas de saúde mais prevalentes</p><p>na população e representa uma das principais causas de afastamento do trabalho. Essa</p><p>condição constitui um desafio significativo para a saúde pública (COHEN et al., 2006)</p><p>A lombalgia pode ser classificada como aguda, com início súbito e inferior a 6 se-</p><p>manas, subaguda de 6 a 12 semanas e crônica superior a 12 semanas. Existem ainda dois</p><p>tipos principais de dor lombar: dor lombar específica e dor lombar não específica (COHEN</p><p>et al., 2006).</p><p>A primeira se refere a casos em que a dor tem uma causa identificável e geralmente</p><p>está associada a uma condição já instalada e mais grave, como a hérnia de disco: condição</p><p>em que o núcleo gelatinoso de um disco intervertebral se projeta para fora, pressionando os</p><p>nervos na região lombar. A Estenose Espinhal: estreitamento do canal espinhal que pode</p><p>comprimir os nervos e causar dor. Fraturas Vertebrais: fraturas nos ossos da coluna vertebral</p><p>devido a lesões ou osteoporose. Infecções: infecções na coluna vertebral, embora raras, po-</p><p>dem causar dor lombar. Doenças Inflamatórias: condições como a espondilite anquilosante,</p><p>que é uma forma de artrite que afeta a coluna vertebral, podem causar dor. Tumores: Tumores</p><p>na coluna vertebral podem ser uma causa rara, mas séria, de dor lombar (COHEN et al., 2006).</p><p>Já a dor lombar não específica é mais comum e representa a maioria dos casos</p><p>de dor lombar. Ela é chamada de “não específica” porque não pode ser atribuída a uma</p><p>causa única e identificável, como uma hérnia de disco ou fratura. Em vez disso, é resultado</p><p>de vários fatores complexos, como: a má postura; Sobrecarga e Tensão Muscular, pois</p><p>18DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>excesso de uso ou sobrecarga dos músculos vertebrais pode levar a dor; Envelhecimento:</p><p>à medida que envelhecemos, a degeneração natural da coluna vertebral pode causar dor;</p><p>Fatores Psicossociais: o estresse, a ansiedade e a depressão podem contribuir para a dor</p><p>lombar não específica; Sedentarismo: a falta de atividade física e o enfraquecimento dos</p><p>músculos podem aumentar o risco de dor lombar; Obesidade: o excesso de peso coloca</p><p>pressão adicional na coluna vertebral (COHEN et al., 2006).</p><p>É importante que os profissionais da saúde, durante o atendimento com queixas</p><p>de dor lombar, estejam atentos aos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes, pois</p><p>podem ser indicativos de Red Flags (bandeiras vermelhas) ou seja, sintomas de maior</p><p>gravidade e, possivelmente, maior morbidade. A presença de dor pode ser indicada nas</p><p>seguintes circunstâncias: faixa etária abaixo de 20 anos ou acima de 55 anos, evento</p><p>traumático recente, sintoma constante e em evolução que não apresenta melhora com</p><p>repouso, desconforto no tórax, histórico de neoplasia maligna, uso prolongado de corti-</p><p>costeroides, consumo excessivo de substâncias, perda de peso sem explicação aparente,</p><p>sinais neurológicos progressivamente adversos e presença de febrícula (FRASSON, 2016).</p><p>Os sintomas da lombalgia podem incluir dor localizada na parte inferior das costas,</p><p>rigidez muscular, dificuldade em se mover ou ficar em pé, e, em alguns casos, dor irradiada</p><p>para as pernas (ciática).</p><p>Uma das principais origens da dor na região lombar resulta da degeneração dos</p><p>discos intervertebrais, que pode ocorrer devido a lesões e ao processo natural de envelhe-</p><p>cimento. Esse processo leva a uma diminuição irreversível da capacidade de retenção de</p><p>água pelos discos, resultando na redução da capacidade de absorção de impacto. Como</p><p>também a espondilose vertebral, termo usado para descrever alterações degenerativas da</p><p>coluna (desgaste). Esses fenômenos podem afetar ligamentos, articulações e musculatura</p><p>lombar, e, eventualmente, ser a causa de dores lombares. Quando ocorre o contato me-</p><p>cânico entre o material do disco herniado e estruturas nervosas, é comum o início da dor</p><p>irradiada (DUTTON., 2010).</p><p>A radiculopatia ou dor irradiada é um outro tipo de causa, que pode apresentar</p><p>diminuição da sensibilidade, parestesia e diminuição da força muscular do dermátomo</p><p>correspondente de membros inferiores, ou seja, do nível medular atingido, acompanhados</p><p>de distúrbio da marcha ou disfunção vesical, que são sugestivos de mielopatia. Ao nível</p><p>lombar baixo, geralmente a dor estende-se até o pé, porém, no acometimento das raízes</p><p>proximais, na região inguinal (L1) e coxa anterior e medial (L2 e L3) (HALL., 2016).</p><p>Os períodos do dia o qual a dor se apresenta também é importante, normalmente</p><p>dores matutinas são as vinculadas a hérnia discal, dores características no final da tarde</p><p>19DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>são de patologia degenerativas e dores noturnas se relacionam com presença de tumores</p><p>(COHEN et al., 2006).</p><p>A relação entre o surgimento dos sintomas e os movimentos fornece informações</p><p>cruciais sobre a causa da doença. O aumento da dor durante a extensão da coluna vertebral</p><p>geralmente está associado a problemas nos elementos posteriores do segmento vertebral,</p><p>como artrose facetária, espondilólise ou espondilolistese. Por outro lado, a piora da dor</p><p>durante a flexão é característica de hérnias de disco, pois isso provoca maior protrusão</p><p>posterior do disco e contato com as estruturas nervosas (COHEN et al., 2006).</p><p>Tosse ou espirro podem aumentar a pressão dentro do canal vertebral, intensifi-</p><p>cando a dor relacionada à compressão das estruturas nervosas dentro do canal vertebral.</p><p>É relevante observar que dores na coluna vertebral não relacionadas a movimentos</p><p>específicos podem estar ligadas a condições como aneurisma da aorta, tumor de pulmão,</p><p>cálculos renais, dentre outras enfermidades graves. É importante lembrar que a avaliação</p><p>clínica individual é fundamental, e nem todas as situações se encaixam em padrões rígidos.</p><p>Durante o exame de palpação, buscamos identificar pontos dolorosos, presença de espas-</p><p>mos musculares e atrofias (COHEN et al., 2006).</p><p>É crucial uma boa avaliação, observando se o paciente apresenta posição antálgica,</p><p>ou seja, posição compensatória e protetiva para dor. Alinhamento de cristas ilíacas, pelve e</p><p>simetria corporal. Pedir os movimentos ativos dos vários segmentos da coluna lombar nos</p><p>três eixos de movimento (flexão 40º-60º e extensão 20º-35º, inclinação lateral 15º-20º e ro-</p><p>tação 3º-18º), observando as limitações de movimento e queixas álgicas (DUTTON., 2010).</p><p>A aplicação de testes específicos também é necessária para diagnosticar alterações:</p><p>O teste de Schober é uma ferramenta útil para identificar pacientes com limitação</p><p>do movimento de flexão da coluna lombar. Durante o teste, o paciente fica em posição or-</p><p>tostática, e um espaço de 10 cm é demarcado na região lombar do processo espinhoso de</p><p>L5. Assim,</p><p>pede-se a flexão máxima do tronco para o paciente. O resultado é considerado</p><p>positivo quando não ocorre um aumento de pelo menos 5 cm na amplitude de movimento</p><p>durante a flexão máxima (DUTTON., 2010).</p><p>O teste de Lasegue é considerado positivo quando há a presença de dor lombar</p><p>devido a uma disfunção no trajeto do nervo ciático, levando o paciente a relatar dor. Durante</p><p>o teste, o paciente encontra-se em posição de decúbito dorsal, e o terapeuta realiza a</p><p>flexão do quadril com extensão dos joelhos. O resultado é considerado positivo quando a</p><p>dor é relatada dentro da faixa de angulação de 30º a 70º. Vale ressaltar que acima dessa</p><p>angulação, a dor geralmente está associada ao encurtamento dos músculos isquiotibiais</p><p>(COHEN et al., 2006).</p><p>20DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>Testes de força para os músculos estabilizadores centrais (CORE) como prancha</p><p>frontal, lateral e de extensores vertebrais, valores normativos para quantificação são apre-</p><p>sentados por McGill (DUTTON., 2010).</p><p>Com o tratamento inicial é possível aliviar a dor por meio de abordagens tera-</p><p>pêuticas como a crioterapia, estimulação elétrica e exercícios leves de mobilidade. As</p><p>terapias térmicas, em particular o ultrassom terapêutico, podem ser aplicadas após 48 a 72</p><p>horas, devido à sua capacidade de penetração profunda. Nessa fase inicial, é fundamental</p><p>fornecer ao paciente informações educativas que desempenharam um papel crucial no</p><p>tratamento. Isso inclui orientações sobre atividades a serem evitadas e o estímulo à adoção</p><p>de posições confortáveis (DUTTON., 2010).</p><p>Durante esta fase inicial, as terapias manuais englobam técnicas como liberação</p><p>miofascial, mobilizações articulares de graus 1 e 2, massagem terapêutica e alongamentos</p><p>suaves. No caso de hérnia de disco intervertebral, a tração, seja manual ou mecânica, pode</p><p>ser considerada como parte do tratamento (MATTOS; BARROS., 2018).</p><p>É essencial levar em consideração as limitações do paciente. Se o paciente relatar</p><p>intensa dor durante a flexão do tronco, começaremos o protocolo com exercícios de exten-</p><p>são do tronco e, posteriormente, avançaremos gradualmente, essa abordagem é conhecida</p><p>como preferência direcional. O foco é sempre trabalhar dentro do limite de conforto do</p><p>paciente, respeitando sua dor e tolerância.</p><p>Uma vez que a dor e a inflamação estejam sob controle, a abordagem terapêutica</p><p>pode progredir para incluir a recuperação completa da força muscular, amplitude de movi-</p><p>mento (ADM) e postura normal (DUTTON., 2010).</p><p>Exercícios de estabilizadores de CORE devem ser priorizados, os principais mús-</p><p>culos a serem abordados são o reto/transverso abdominal, os isquiotibiais e a musculatura</p><p>paravertebral. Outros protocolos podem ser benéficos para o tratamento, como os exercí-</p><p>cios de flexão de Williams, de Mackenzie e mobilização neural de membros inferiores caso</p><p>o paciente relate irradiação (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>A prática de exercícios aeróbicos desempenha um papel significativo desenca-</p><p>deando a liberação de substâncias endógenas, como as endorfinas, que possuem efeito</p><p>analgésico. É importante destacar que atividades de baixo impacto são preferíveis nesse</p><p>contexto (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>O número de sessões de fisioterapia necessárias para aliviar a dor lombar varia consi-</p><p>deravelmente. Os fatores que explicam essa variação envolvem o diagnóstico médico, a duração</p><p>da queixa, a terapia anterior, a idade e o sexo do paciente (MATTOS; BARROS., 2018).</p><p>21DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>Lembre-se o primeiro passo é uma boa avaliação, seguido de um tratamento analgésico com técnicas e</p><p>aparelhos específicos para alívio da dor. Terceiro passo é trabalhar o ganho de amplitude de movimento</p><p>com exercícios para mobilidade e flexibilidade e o terceiro passo é o foco no fortalecimento e estabilidade</p><p>muscular.</p><p>Fonte: O autor (2023).</p><p>Para se tornar um profissional de excelência, é fundamental priorizar a habilidade de escutar atentamente</p><p>e cultivar a capacidade de observação. Somente assim será possível compreender integralmente as</p><p>preocupações de seu paciente e desenvolver um raciocínio clínico sólido.</p><p>Fonte: O autor (2023).</p><p>22DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>Chegamos ao término da primeira unidade, percorrendo um longo trajeto até aqui!</p><p>Espero que tenha aproveitado cada momento, mas é crucial lembrar que os estudos devem</p><p>prosseguir. Agora é a oportunidade de despertar sua curiosidade e buscar constantemente</p><p>novidades e atualizações para aprimorar o cuidado de seus pacientes.</p><p>Para concluirmos tudo o que foi visto até o momento é necessário retomarmos as</p><p>principais ideias expostas nesta unicidade, o qual aborda a anatomia e a função da coluna</p><p>vertebral, destacando suas curvaturas fisiológicas, a importância de sua mobilidade e com-</p><p>plexidade mecânica. Em resumo, a unidade trata das principais alterações das curvaturas</p><p>da coluna vertebral, sendo a hipercifose torácica, hiperlordose cervical e lombar, retificação</p><p>vertebral e escoliose.</p><p>Além disso, o texto discute a relevância clínica da dor lombar e destaca a impor-</p><p>tância da prevenção e tratamento dessa condição, que representa um grande problema de</p><p>saúde pública.</p><p>Dentro de todo o contexto definimos o que são as alterações, entendemos as cau-</p><p>sas multifatoriais, tipos de alteração, possíveis consequências, sinais e sintomas, métodos</p><p>diagnósticos e avaliativos e formas de tratamento descritos na literatura.</p><p>Obrigada por caminhar junto comigo!</p><p>Até a próxima!</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>23DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>Efeitos do Exercício nas Deformidades da Coluna Vertebral e na Qualidade de</p><p>Vida em Pacientes com Escoliose Idiopática do Adolescente.</p><p>Resenha: Esta revisão sistemática foi conduzida para examinar os efeitos do</p><p>exercício sobre as deformidades da coluna vertebral e a qualidade de vida em pacientes</p><p>com escoliose idiopática do adolescente. Os desfechos de interesse dos efeitos foram</p><p>sobre ângulo de Cobb, rotação de tronco, cifose torácica, cifose lombar, rotação vertebral e</p><p>qualidade de vida. Concluíram que um programa de exercícios supervisionados foi superior</p><p>aos grupos controles na redução das deformidades da coluna vertebral e na melhora da</p><p>qualidade de vida destes pacientes.</p><p>Fonte: ANWER, S et al. Effects of exercise on spinal deformities and quality of life</p><p>in patients with adolescent idiopathic scoliosis. BioMed research international, v.2, 2015.</p><p>Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4637024/#:~:text=Meta%-</p><p>2Danalysis%20revealed%20moderate%2Dquality%20evidence%20that%20exercise%20</p><p>interventions%20improve,life%20in%20patients%20with%20AIS. Acesso em: 10 jul. 2023.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4637024/#:~:text=Meta%2Danalysis revealed moderate%2Dquality evidence that exercise interventions improve,life in patients with AIS</p><p>https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4637024/#:~:text=Meta%2Danalysis revealed moderate%2Dquality evidence that exercise interventions improve,life in patients with AIS</p><p>https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4637024/#:~:text=Meta%2Danalysis revealed moderate%2Dquality evidence that exercise interventions improve,life in patients with AIS</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>24DISFUNÇÕES RELACIONADAS A COLUNA VERTEBRALUNIDADE 1</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Título: Na escoliose fisioterapia e colete trabalham juntos</p><p>• Ano: 2020.</p><p>• Sinopse: O Dr Diogo Roquette Osório fala da importância do</p><p>tratamento fisioterapêutico e ortésico trabalharem em conjunto no</p><p>tratamento da escoliose.</p><p>• Link do vídeo: https://escoliose.ensp.fiocruz.br/na-escoliose-fi-</p><p>sioterapia-e-colete-trabalham-juntos</p><p>LIVRO</p><p>• Título: Biomecânica Básica</p><p>• Autor: Susan J. Hall</p><p>• Editora: Guanabara Koogan LTDA.</p><p>• Sinopse: O livro aborda a definição de termos em biomecânica</p><p>e patologias, além de explicar de que maneira se relacionam com</p><p>a prática clínica. O livro é indicado para fisioterapeutas,</p><p>a fim de</p><p>aprimorar seus conhecimentos profissionais.</p><p>https://escoliose.ensp.fiocruz.br/na-escoliose-fisioterapia-e-colete-trabalham-juntos</p><p>https://escoliose.ensp.fiocruz.br/na-escoliose-fisioterapia-e-colete-trabalham-juntos</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>Plano de Estudos</p><p>• Síndrome do Manguito Rotador;</p><p>• Epicondilite Lateral;</p><p>• Síndrome do Túnel do Carpo.</p><p>Objetivos da Aprendizagem</p><p>• Compreender as causas e alterações provindas de patologias do</p><p>membro superior;</p><p>• Apontar as formas de avaliação;</p><p>• Sintetizar os tratamentos.</p><p>Professor(a) Esp. Caroline Rodrigues Lyra</p><p>ALTERAÇÕES ALTERAÇÕES</p><p>PATOLÓGICAS PATOLÓGICAS</p><p>DOS MEMBROS DOS MEMBROS</p><p>SUPERIORESSUPERIORES</p><p>UNIDADEUNIDADE2</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>26ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DOS MEMBROS SUPERIORESUNIDADE 2</p><p>Olá! Como estão as coisas do seu lado? Está empolgado(a) para iniciarmos mais</p><p>uma unidade? Seja muito bem-vindo(a)! Tenho certeza de que ambos estamos ansiosos</p><p>para aprofundar nossos conhecimentos. Que tal encontrar um lugar confortável para come-</p><p>çar os estudos? Estamos prontos para embarcar nessa jornada juntos. Vamos lá!</p><p>Nesta unidade, vamos explorar com mais detalhes as alterações patológicas</p><p>dos membros superiores. As condições que serão discutidas representam algumas das</p><p>principais preocupações encontradas no cenário clínico. É crucial aprofundarmos nosso</p><p>entendimento sobre essas patologias, para melhor compreendê-las.</p><p>Considerando isso, nosso primeiro tópico se concentrará na Síndrome do Manguito</p><p>Rotador, abordando sua definição, sinais e sintomas, métodos de avaliação e opções de</p><p>tratamento. Vamos explorar detalhadamente esse tema para uma compreensão completa.</p><p>Em nosso segundo tópico, vamos aprofundar nosso entendimento sobre a epicon-</p><p>dilite lateral e medial, explorando sua origem, sinais e sintomas, métodos de avaliação e</p><p>diversas opções de tratamento disponíveis.</p><p>No terceiro e último tópico, iremos examinar com mais detalhes a Síndrome do</p><p>Túnel do Carpo, investigando suas causas, métodos de avaliação e as várias abordagens</p><p>terapêuticas existentes. Vamos explorar esse tema de maneira abrangente para adquirir-</p><p>mos uma compreensão completa da condição em questão.</p><p>Dessa forma, concluímos a segunda unidade com uma riqueza de aprendizado</p><p>e conhecimento essencial para desenvolvermos um raciocínio clínico sólido, fundamental</p><p>para proporcionar um atendimento de alta qualidade. Estamos preparados para aplicar</p><p>essas habilidades no ambiente clínico e continuar nossa jornada de aprendizado.</p><p>Boa aula!</p><p>27ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DOS MEMBROS SUPERIORESUNIDADE 2</p><p>ALTERAÇÕES</p><p>PATOLÓGICAS DOS</p><p>MEMBROS SUPERIORES1</p><p>TÓPICO</p><p>O membro superior desempenha um papel crucial na realização das atividades diá-</p><p>rias, desde tarefas simples como escrever e pegar objetos até atividades mais complexas,</p><p>como tocar instrumentos musicais ou praticar esportes. A compreensão da sua anatomia e</p><p>função é fundamental para profissionais da saúde, terapeutas e qualquer pessoa interessa-</p><p>da em cuidar da saúde e do bem-estar do corpo humano (HALL.,2016).</p><p>É uma parte essencial do corpo humano, composta pelos ossos, articulações,</p><p>músculos, tendões e nervos que possibilitam uma ampla gama de movimentos e atividades</p><p>diárias. Aqui estão algumas informações essenciais sobre o membro superior:</p><p>Estrutura óssea:</p><p>• Ombro ou cintura escapular: inclui a clavícula e a escápula.</p><p>• Braço: o úmero.</p><p>• Antebraço: rádio e ulna.</p><p>• Mão: ossos do carpo (punho), metacarpo (palma da mão) e falanges (dedos);</p><p>Articulações Principais:</p><p>• Articulação do ombro: proporciona uma ampla variedade de movimentos. O</p><p>ombro inclui cinco articulações diferentes: glenoumeral, esternoclavicular, acro-</p><p>mioclavicular, coracoclavicular e escapulotorácica.</p><p>• Articulação do cotovelo: permite movimento de flexão e extensão de cotovelo e</p><p>pronação e supinação de antebraço. É composta pelas articulações úmero-ulnar,</p><p>úmero-radial e rádio-ulnar proximal.</p><p>28ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DOS MEMBROS SUPERIORESUNIDADE 2</p><p>• Articulação do punho e mão: rádio-ulnar distal, do carpo, metacarpofalângianas</p><p>e interfalangianas proximal, média e distal.</p><p>Sendo uma estrutura fundamental e com ampla funcionalidade é comum ocorrer</p><p>lesões, como, por exemplo, a Síndrome do Manguito Rotador, tendinites na região de coto-</p><p>velo e Síndrome do Túnel do Carpo (HALL., 2016).</p><p>1.1 Síndrome do Manguito Rotador</p><p>A articulação do ombro conta com estabilizadores estáticos (glenoide óssea, lábio</p><p>glenoidal, cápsula articular, ligamentos glenoumerais) e dinâmicos (músculos do manguito</p><p>rotador e escapuloumerais) para garantir seu funcionamento adequado. Isso se deve à sua</p><p>conformação óssea específica, a cavidade da glenóide é relativamente rasa e potencial-</p><p>mente instável. Esta estrutura proporciona uma notável amplitude de movimento ao ombro,</p><p>tornando-o a articulação mais flexível e versátil do corpo humano (HALL., 2016).</p><p>TABELA 01: MOVIMENTOS DA CINTURA ESCAPULAR E SUAS ANGULAÇÕES</p><p>MOVIMENTO ANGULAÇÃO</p><p>Abdução 0-120º</p><p>Adução 0-45º</p><p>Flexão 0-180º</p><p>Extensão 0-60º</p><p>Rotação interna 0-90º</p><p>Rotação externa 0-90º</p><p>Fonte: Manual de Goniometria: medição dos ângulos articulares (Ace Gestão em Saúde).</p><p>O manguito rotador (MR) é formado por quatro músculos (supra-espinhoso, infra-</p><p>-espinhoso, redondo menor e subescapular). Sua função é estabilizar a cabeça do úmero</p><p>na cavidade glenoide, comprimindo a cabeça umeral contra a glenoide (GREENE, 2006).</p><p>TABELA 02: A AÇÃO MUSCULAR E INERVAÇÃO DOS MÚSCULOS DO MANGUITO</p><p>Musculatura Ação muscular Inervação</p><p>Infra-espinhoso Rotação externa de ombro Supraescapular (C5-C6)</p><p>Redondo menor</p><p>Rotação externa e adução de</p><p>ombro</p><p>Axilar (C5-C6)</p><p>Subescapular Rotação interna de ombro</p><p>subescapular superior e inferior</p><p>(C5 - C6)</p><p>Supra-espinhoso abdução de ombro até 30º Nervo supraescapular (C5, C6)</p><p>Fonte: Anatomia de manguito rotador (Kenhub).</p><p>Outros músculos também são importantes para manter a sinergia e estabilidade</p><p>biomecânica do ombro, como o deltóide, que cria um efeito compressivo e estabilizador</p><p>29ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DOS MEMBROS SUPERIORESUNIDADE 2</p><p>com suas fibras nos movimentos de flexão e abdução de ombro. Músculos escapulares</p><p>como o serrátil anterior (movimenta a escápula ântero-lateralmente) que é um músculo de</p><p>alcance do membro superior, trapézio inferior (depressão e adução escapular) e rombóide</p><p>(adução escapular). Bíceps Braquial cabeça longa (flexão de ombro e cotovelo) pode estar</p><p>envolvido no impacto das estruturas do ombro, levando a tendinopatia (GREENE., 2006).</p><p>A Síndrome do Manguito Rotador é uma condição inflamatória, aguda ou crônica,</p><p>que afeta os tendões do manguito. Compreende uma ampla gama de distúrbios que variam</p><p>desde a bursite subacromial até uma ruptura parcial ou total dos tendões, e tendinopatia do</p><p>manguito rotador. Isso geralmente ocorre devido à compressão entre a bursa e o tendão</p><p>supraespinhoso, localizado entre a tuberosidade da cabeça do úmero e a parte inferior do</p><p>acrômio ou o arco coracoacromial. Esse atrito, especialmente quando o ombro está em</p><p>posição de flexão anterior e rotação interna, resulta em aumento da pressão. Isso, por sua</p><p>vez, diminui o fluxo sanguíneo para os tendões do manguito rotador, tornando-os</p><p>mais</p><p>propensos à degeneração (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>Além disso, a etiologia pode ser multifatorial, mas podem ser divididas em intrínsecas</p><p>e extrínsecas ou traumáticas. A primeira se relaciona ao envelhecimento dos tendões com</p><p>o passar dos anos (entesopatia), devido a mudanças no suprimento vascular, frouxidão da</p><p>cápsula anterior do labrum acetabular e contratura da cápsula posterior. A segunda resul-</p><p>tante de sobrecarga, excesso de uso, aumento da carga de trabalho, levando a impacto se-</p><p>cundário na região subacromial. Outro ponto são os tipos morfológicos de acrômio (planos,</p><p>curvos e ganchosos), o qual na presença de acrômios curvos e ganchosos, o impacto seria</p><p>maior. O impacto sobre as estruturas ligamentares acromioclaviculares, coracoacromial e</p><p>arco coracoacromial também ocorre (ANDRADE; FILHO; QUEIROZ., 2004).</p><p>Síndrome que engloba um conjunto de sinais e sintomas. A dor representa um dos</p><p>principais sintomas. Geralmente, manifesta-se na região ântero-lateral do ombro, com uma</p><p>intensidade que pode variar. Muitos pacientes relatam experienciar dor durante a noite e</p><p>encontram dificuldade ou incapacidade para deitar-se sobre o lado afetado. A presença de</p><p>crepitações (estalos) também é característica. Tais alterações apresentadas resultam em</p><p>fraqueza muscular, instabilidade articular, hipomobilidade, limitação de movimento e função</p><p>do ombro (GREENE, 2006).</p><p>Durante o exame físico, são avaliadas possíveis assimetrias de ombro, atrofias</p><p>musculares, indicativo de lesão nervosa. A mensuração das amplitudes ativas e passivas</p><p>dos ombros também se faz necessária, um arco doloroso de 60º a 120º de abdução no</p><p>plano da escápula é um sinal irritativo. A duração dos sintomas, suas características, a na-</p><p>tureza da ocupação profissional ou atividades esportivas, histórico de eventos traumáticos,</p><p>tratamentos prévios (como fisioterapia ou infiltrações), a dominância do membro afetado,</p><p>idade e sexo do paciente fornecem informações valiosas no diagnóstico e no planejamento</p><p>do tratamento (GREENE, 2006).</p><p>30ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DOS MEMBROS SUPERIORESUNIDADE 2</p><p>As lesões são avaliadas por meio de radiografias, artrografia, ultrassonografia e res-</p><p>sonância magnética. O diagnóstico por imagem desempenha um papel crucial no diagnósti-</p><p>co, tratamento e acompanhamento, proporcionando aos profissionais de saúde informações</p><p>detalhadas para oferecer cuidados de qualidade aos pacientes (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>A classificação das lesões do manguito rotador pode ser dividida em três estágios:</p><p>I = edema e hemorragia, idade típica 40 anos</p><p>Ou também podem ser classificadas em parciais e completas. A primeira, por seu</p><p>tamanho, pode ser caracterizada em (grau I = 25% ou até 3 mm; grau II = 50% ou de 3 a 6 mm;</p><p>e grau III = > 50% ou > 6 mm). A segunda, por seu tamanho, pode ser exemplificada (pequena,</p><p>30º 80º-120º</p><p>Décima segunda (12) >150º >30º >120º</p><p>Fonte: (GALLAGHER et al., 2015).</p><p>Na fase aguda o paciente que apresenta dor intensa e limitação funcional de 80 a</p><p>100% o foco terapêutico se volta para proporcionar analgesia, reduzir o processo inflama-</p><p>tório, facilitar e manter a ADM e orientar o paciente a se manter ativo o máximo possível. A</p><p>crioterapia pode ser aplicada na clínica por 20 minutos, ou em casa 10 minutos de aplica-</p><p>ção com 20 minutos de intervalo 3X ao dia. A liberação de pontos gatilhos na musculatura</p><p>afetada, normalmente os músculos que podem apresentar são o deltóide, bíceps braquial,</p><p>supra e infra espinhoso. Outra técnica é a mobilização articular de glenoumeral e escápula.</p><p>Alongamentos da musculatura de ombro e cervical devem ser abordados. No início priorize</p><p>exercícios de mobilidade, isométricos e em cadeia cinética fechada (DUTTON., 2010).</p><p>Em segundo plano focamos em exercícios isotônicos e cadeia cinética aberta,</p><p>exercícios pendulares, proprioceptivos e gesto desportivo. Principais músculos a serem for-</p><p>talecidos: trapézio inferior, serrátil, rotadores externos, bíceps braquial e flexores profundos</p><p>da cervical). Priorizar</p><p>o tratamento de rotadores externos (redondo menor e infra espinhal),</p><p>pois existe muito mais musculatura de rotação interna (subescapular, redondo maior, peito-</p><p>ral e grande dorsal). Alongar a musculatura de rotadores externos, peitoral menor, trapézio</p><p>superior e elevador da escápula (DUTTON., 2010).</p><p>O período de intervenção pode variar, com um total de 24 sessões encontramos</p><p>bons resultados. É recomendado nas primeiras 3 semanas a intervenção ser realizada</p><p>5 vezes na semana, 1 vez ao dia. Nas 3 semanas seguintes as intervenções devem ser</p><p>realizadas 3 vezes na semana, 1 vez ao dia. A recomendação não é uma lei, vai depender</p><p>das condições expostas, como disponibilidade do terapeuta e paciente.</p><p>34ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DOS MEMBROS SUPERIORESUNIDADE 2</p><p>EPICONDILITE</p><p>LATERAL2</p><p>TÓPICO</p><p>A epicondilite lateral, comumente referida como ‘cotovelo de tenista’, é conhecida por</p><p>sua prevalência entre praticantes de tênis, embora não esteja restrita a esse grupo. Profissões</p><p>que envolvem movimentos repetitivos ou sobrecarga na articulação do cotovelo, como cabe-</p><p>leireiros, dentistas, trabalhadores de escritório ou recepcionistas, também são suscetíveis a</p><p>essa condição, ou seja, atividades que resultam na extensão forçada de punho (HALL., 2016).</p><p>Além disso, a epicondilite lateral afeta a maioria das pessoas durante a terceira</p><p>e quinta décadas de vida, atingindo aproximadamente de 1% a 3% da população. A epi-</p><p>condilite lateral origina-se nos extensores de punho, principalmente o extensor radial curto</p><p>do carpo. Se dá a partir do epicôndilo lateral do úmero de onde se inserem os extensores</p><p>comuns do punho (GREENE., 2006).</p><p>A etiologia deste quadro está intimamente ligada à sobrecarga tendinosa, que resul-</p><p>ta na degradação do tecido e na desorganização das fibras de colágeno. A integridade do</p><p>tecido tendinoso é mantida por um delicado equilíbrio entre sua degradação e regeneração.</p><p>Quando esse equilíbrio é rompido devido a estresses desproporcionais, agravados pela</p><p>prática excessiva de atividade física, pode ocorrer a degradação do tendão. É caracterizada</p><p>como uma condição degenerativa e não puramente inflamatória devido às respostas fibro-</p><p>blásticas (DUTTON., 2010).</p><p>Esses pequenos danos nas fibras de colágeno são categorizados em quatro es-</p><p>tágios distintos. No estágio inicial, ocorre inflamação, que é reversível e não apresenta</p><p>alterações patológicas significativas. O segundo estágio é marcado pela degeneração an-</p><p>giofibroblástica. No terceiro estágio, há uma notável alteração estrutural, incluindo a ruptura</p><p>35ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DOS MEMBROS SUPERIORESUNIDADE 2</p><p>do tendão. No quarto e último estágio, além das mudanças observadas anteriormente,</p><p>também ocorre fibrose e calcificação do tecido afetado (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>A queixa predominante manifesta-se na forma de dor localizada na região do epi-</p><p>côndilo lateral, que se estende até o dorso do antebraço, acompanhada da incapacidade de</p><p>realizar atividades de vida diária. De maneira geral, a dor se intensifica durante atividades</p><p>que demandam a extensão ativa do punho (DUTTON., 2010).</p><p>Durante a palpação local, paciente relata dor. O teste clínico serve como forma de</p><p>diagnóstico patológico. O teste de Cozen, ele é realizado com o cotovelo flexionado a 90º</p><p>graus e o antebraço pronado, o paciente é solicitado a estender ativamente o punho, enquan-</p><p>to o examinador aplica resistência. O teste é considerado positivo se o paciente indicar dor</p><p>na área do epicôndilo lateral. A figura 6 apresenta a realização do teste (DUTTON., 2010).</p><p>FIGURA 6. TESTE DE COZEN</p><p>Fonte: Dutton (p. 65, 2010)</p><p>A ultrassonografia do cotovelo é um exame auxiliar utilizado para avaliar as partes</p><p>moles, permitindo identificar possíveis alterações. Por outro lado, a ressonância magnética</p><p>(RM) é um exame que desempenha um papel crucial ao descartar outras patologias, ofere-</p><p>cendo uma visão mais detalhada e abrangente das estruturas internas (GREENE., 2006).</p><p>O tratamento cirúrgico raramente é necessário. Na fisioterapia, o foco principal é</p><p>controlar a dor. O paciente começa com analgesia, seguida de sessões de alongamento</p><p>para aumentar a amplitude de movimento do punho e do cotovelo. Posteriormente, são</p><p>introduzidos exercícios isométricos e isocinéticos. Para alívio da dor, são empregados</p><p>métodos adjuvantes como anti-inflamatórios, crioterapia, ultrassom, laser e TENS. Além</p><p>disso, terapias manuais aplicadas localmente e em articulações adjacentes costumam</p><p>produzir resultados positivos. A mobilização e manipulação da articulação do cotovelo são</p><p>técnicas frequentemente utilizadas. Quando a dor está ausente, inicia-se o processo de</p><p>fortalecimento muscular tanto de extensores quanto de flexores (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>36ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DOS MEMBROS SUPERIORESUNIDADE 2</p><p>Geralmente, os alongamentos são realizados por 30 segundos, em 3 a 5 repetições,</p><p>pelo menos duas vezes ao dia. Os exercícios de fortalecimento envolvem três séries de 5 a</p><p>15 repetições, geralmente praticadas uma vez ao dia como parte da rotina diária do paciente.</p><p>2.1 Epicondilite Medial</p><p>A epicondilite medial, conhecida como ‘cotovelo de golfista’, é uma condição do-</p><p>lorosa que afeta a parte interna do cotovelo, onde os músculos e tendões do antebraço</p><p>se conectam ao epicôndilo medial, ou seja, a musculatura flexora e pronadora de punho</p><p>(pronador redondo) (GREENE., 2006).</p><p>FIGURA 7: LOCAL DA EPICONDILITE MEDIAL GOLFER’S ELBOW (COTOVELO DE GOLFISTA)</p><p>Fonte: Shutterstock l ID: 2247268965</p><p>Ela é causada principalmente por movimentos repetitivos do antebraço e punho,</p><p>especialmente quando há flexão e pronação do punho, em atividades manuais intensas</p><p>(GREENE., 2006).</p><p>Os sintomas da epicondilite medial incluem dor na parte interna do cotovelo, que</p><p>pode irradiar para o antebraço e punho. A área afetada também pode estar sensível à</p><p>palpação. Em casos mais graves, pode haver fraqueza na preensão manual (HALL., 2016).</p><p>Para diferenciação e diagnóstico solicita a flexão de punho de forma resistida, o</p><p>qual o paciente irá referenciar dor medial de cotovelo. O tratamento é semelhante ao da</p><p>epicondilite lateral (GREENE., 2006).</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/anatomy-common-radial-flexion-nerve-golfers-2247268965</p><p>37ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DOS MEMBROS SUPERIORESUNIDADE 2</p><p>SÍNDROME DO</p><p>TÚNEL DO CARPO3</p><p>TÓPICO</p><p>A síndrome do túnel do carpo (STC) é uma condição dolorosa e debilitante que afe-</p><p>ta o punho, resultando em dor crônica e limitação funcional da mão. Esta síndrome surge</p><p>devido à compressão do nervo mediano enquanto ele passa pelo túnel do carpo no punho.</p><p>Esta compressão ocorre devido ao aumento da pressão do líquido sinovial e à tensão</p><p>no tendão, levando a sintomas incapacitantes e desconforto persistente. Essa condição é</p><p>comum e se encontra normalmente na quarta e sexta década de vida (HALL., 2016).</p><p>O túnel do carpo serve como um canal de passagem para o nervo mediano e para</p><p>nove tendões flexores (quatro flexores superficiais dos dedos, quatro flexores profundos dos</p><p>dedos e flexor longo do polegar). Este canal é formado pelo retináculo dos flexores (ligamen-</p><p>to transverso do carpo) que é uma estrutura inelástica, o qual cobre a área entre o pisiforme,</p><p>o hamato, o escafóide e o trapézio, ou seja, dos ossos do carpo (DUTTON., 2010). A figura</p><p>8, apresenta a passagem do nervo mediano pelo retináculo (Aberdeen Hand Service 2021).</p><p>FIGURA 8 - A PASSAGEM DO NERVO MEDIANO PELO RETINÁCULO</p><p>Fonte: SÍNDROME do túnel carpal. Clínica virtual de mãos de Aberdeen, 2021.</p><p>38ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DOS MEMBROS SUPERIORESUNIDADE 2</p><p>A compressão do nervo mediano pode ocorrer devido a uma diversidade de fatores:</p><p>gravidez (retenção de líquido), disfunção renal, acromegalia (mãos, pés e outras regiões</p><p>aumentem de tamanho devido a uma alteração hormonal), artrites reumáticas, diabete,</p><p>hipotireoidismo, trauma repetitivo ou direto (a flexão e a extensão repetitivas do punho e a</p><p>contração forçada e repetitiva dos flexores dos</p><p>dedos, já que a demanda para a lubrificação</p><p>do dedo diminui produzindo a reação de inflamação) (HALL., 2016).</p><p>O nervo mediano próximo ao punho se subdivide em ramo motor, na ação muscular</p><p>e ramo sensorial, para ação sensitiva. O ramo sensorial (nervo cutâneo palmar) passa super-</p><p>ficialmente pelo retináculo flexor, esse nervo supre a pele na região central da palma, sobre</p><p>a eminência tenar (polegar) e região dorsal da falange distal do polegar, 2° dedo (indicador),</p><p>3° dedo (médio) e a metade radial do 4º dedo (anelar) (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>FIGURA 9 - INERVAÇÃO SENSORIAL DO NERVO MEDIANO EM LARANJA</p><p>Fonte: SÍNDROME do túnel carpal. Clínica virtual de mãos de Aberdeen, 2021. Disponível em:</p><p>https://aberdeenvirtualhandclinic.co.uk/carpal-tunnel-syndrome/ Acesso em: 10 set. 2023.</p><p>O ramo motor, vai para região tenar (polegar) onde, em geral, supre os músculos</p><p>abdutor curto do polegar, oponente do polegar, flexor curto do polegar, primeiro e segundo</p><p>músculos lumbricais. A pressão aumentada sobre o nervo mediano produz deficiências de</p><p>condução nervosa motora e sensorial crítica nos dedos polegar, indicador e dedo médio.</p><p>Assim, os principais sinais e sintomas encontrados incluem dormência, dor e parestesias</p><p>na distribuição do nervo mediano na mão, fraqueza e hipotrofia muscular podem ocorrer</p><p>em alguns casos. Os pacientes podem não apresentar dor ou limitação de movimento,</p><p>variando com a gravidade da lesão (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>Os métodos diagnósticos incluem uma boa anamnese e inspeção do paciente,</p><p>além de exames como a eletroneuromiografia (ENMG), estudo da condução nervosa, ca-</p><p>racterizando a disfunção nervosa e muscular em termos de gravidade, localização e tipo</p><p>de disfunção. O uso da ultrassonografia e ressonância magnética também são utilizados</p><p>(MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>39ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DOS MEMBROS SUPERIORESUNIDADE 2</p><p>Existem testes clínicos específicos para diagnóstico da Síndrome do Túnel do Car-</p><p>po, como o teste de Tinel, é realizada uma percussão/batida suave com o dedo do terapeuta</p><p>ou o martelo de reflexo, na região do nervo mediano sobre a superfície palmar do punho</p><p>(DUTTON., 2010). Se isso produzir formigamento na distribuição mediana, o teste é positivo.</p><p>FIGURA 10 - TESTE DE TINEL</p><p>Fonte: Dutton (p. 70, 2010)</p><p>O Teste de Phalen também é utilizado. Para esse teste, o paciente mantém os punhos</p><p>e cotovelos flexionados, como se estivesse com a mão em sinal de reza invertido. O teste é</p><p>positivo se ele sentir dor, dormência ou formigamento dentro de 1 minuto (DUTTON., 2010).</p><p>FIGURA 11 - TESTE DE PHALEN</p><p>Fonte: Dutton (p. 71, 2010)</p><p>O tratamento é conservador com uso de medicação e fisioterapia para liberação da</p><p>compressão nervosa e analgesia ou cirúrgico que é necessária em casos graves de atrofia</p><p>40ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DOS MEMBROS SUPERIORESUNIDADE 2</p><p>do músculo tenar, sensação diminuída e sintomas persistentes intoleráveis apesar da te-</p><p>rapia conservadora. Os métodos fisioterapêuticos incluem ultrassom, laser, ondas curtas,</p><p>estimulação elétrica transcutânea (TENS) e cinesioterapia (DUTTON., 2010).</p><p>As modificações ergonômicas podem ajudar a reduzir a incidência e aliviar os sin-</p><p>tomas. A educação em saúde é necessária, é importante informar para evitar movimentos</p><p>repetitivos do punho e as posições sustentadas de flexão total do punho e dedos. Os</p><p>exercícios podem ter efeito positivo ao facilitar o retorno venoso ou dispersão do edema no</p><p>nervo mediano (DUTTON., 2010).</p><p>O uso de técnicas miofasciais podem ser usadas para tratar, pois auxilia na abertura</p><p>do canal, como exercícios que incluem o deslizamento isolado do tendão dos flexores de</p><p>cada dedo, deslizamento central nos ossos carpais face palmar, liberação da musculatura</p><p>de polegar, como o abdutor curto (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>Alongamento também é necessário, realizando a hiperextensão do punho e dedos</p><p>(palma para frente), como também alongamento para o pronador redondo. O alongamento</p><p>é importante, pois a hiperextensão causa um afastamento distal do nervo em relação à</p><p>estrutura óssea ao redor (10 a 15 mm), diferente da flexão que gera uma ação proximal de</p><p>(4 mm), o que proporciona redução do edema, melhora do retorno venoso, reduz a pressão</p><p>dentro do canal (MOTTA; BARROS., 2018).</p><p>A mobilização do nervo mediano também pode ser realizada, com punho e dedos</p><p>estendidos e antebraço supinado, realizando movimentos curtos e precisos. Trabalho de</p><p>força de punho e dedos também devem ser priorizados (DUTTON., 2010).</p><p>41ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DOS MEMBROS SUPERIORESUNIDADE 2</p><p>O consenso Bern, publicado em 2022, serve como um guia para prevenção de lesões de ombro, principal-</p><p>mente voltadas aos atletas. Esta declaração de consenso fornece orientação com relação ao gerenciamento</p><p>de carga e risco, apoiar a reabilitação do ombro do atleta, e tomada de decisão durante o processo de</p><p>retorno ao esporte. Esta declaração foi elaborada para oferecer aos médicos a flexibilidade para aplicar</p><p>abordagens baseadas em princípios para gerenciar o processo de retorno ao esporte dentro de uma varie-</p><p>dade de origens esportivas.</p><p>Fonte: SCHWANK, A. et al. 2022 Bern consensus statement on shoulder injury prevention, rehabilitation,</p><p>and return to sport for athletes at all participation levels. journal of orthopaedic & sports physical therapy,</p><p>v. 52, n. 1, p. 11-28, 2022.</p><p>Ser profissional da saúde é estar aberto de corpo e alma para seu paciente. É aprender e inovar a cada dia,</p><p>buscando a excelência em cada toque e em cada movimento.</p><p>Fonte: Autor (2023).</p><p>42ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DOS MEMBROS SUPERIORESUNIDADE 2</p><p>Enfim, chegamos ao final da nossa segunda unidade. Já percorremos um longo</p><p>caminho até aqui. Muito conhecimento de técnicas, definições, causas e sintomatologia</p><p>foram descritas. Agora é o momento de você continuar aprimorando a sua aprendizagem.</p><p>Para finalizarmos esta unidade é essencial nos reiterarmos com o que foi exposto.</p><p>A unidade proporcionou a você o conhecimento sobre as principais disfunções do membro</p><p>superior abordadas na prática clínica.</p><p>Sendo assim, entendemos sobre a Síndrome do Manguito Rotador, epicondilite lateral</p><p>e medial e Síndrome do Túnel do Carpo, quais as principais musculaturas afetadas, sintoma-</p><p>tologia apresentada, testes e exames diagnósticos e formas de tratamento fisioterápico.</p><p>Concluímos enfatizando sobre a vital importância da prevenção e tratamento des-</p><p>sas condições, a qual representa um significativo desafio para o atendimento clínico.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>43ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DOS MEMBROS SUPERIORESUNIDADE 2</p><p>Revisão sistemática do tratamento não medicamentoso e não cirúrgico de</p><p>condições no ombro.</p><p>O objetivo desta revisão foi avaliar a efetividade de intervenções conservadoras</p><p>não medicamentosas e não cirúrgicas, isoladas ou combinadas, para as condições do</p><p>ombro. Os achados desta revisão de literatura podem ajudar a informar os profissionais</p><p>que usam métodos conservadores (por exemplo, médicos de quiropraxia, fisioterapeutas</p><p>e outros terapeutas manuais) sobre os níveis de evidência para modalidades usadas para</p><p>doenças comuns do ombro.</p><p>Fonte: HAWK, Cheryl et al. Systematic review of nondrug, nonsurgical treatment of shoulder condi-</p><p>tions. Journal of manipulative and physiological therapeutics, v. 40, n. 5, p. 293-319, 2017.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>44ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DOS MEMBROS SUPERIORESUNIDADE 2</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>Título: Músculos do membro superior: agora está fácil de aprender.</p><p>• Ano: 2020.</p><p>• Sinopse: Exemplifica todos os músculos presentes no membro</p><p>superior.</p><p>• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Z5p_vJR01sM</p><p>LIVRO</p><p>• Título: Ortopedia e Traumatologia.</p><p>• Autor: Geraldo Motta e Tarcísio Barros.</p><p>• Editora: Elsevier.</p><p>• Sinopse: Aborda de forma detalhada a definição dos termos</p><p>técnicos e oferece insights valiosos sobre os principais traumas</p><p>e patologias em ortopedia, este livro proporciona uma base sólida</p><p>para a prática clínica. É uma leitura</p>