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<p>1</p><p>2</p><p>ORGANIZADORES</p><p>André Mattos Benatti de Andrade</p><p>Carlos Eduardo Sampaio Verdiani</p><p>Cleber Mena Leão Junior</p><p>Cristiano dos Santos Araujo</p><p>Rene Santos do Vale</p><p>PRÁTICAS RECREATIVAS:</p><p>ENTENDENDO O UNIVERSO DO BRINCAR</p><p>Maringá, 2020</p><p>3</p><p>Copyright © 2020 by Editora Clube dos Recreadores</p><p>editora@clubedosrecreadores.com</p><p>Capa:</p><p>André Mattos Benatti de Andrade</p><p>Projeto Gráfico e Diagramação:</p><p>Editora Clube dos Recreadores</p><p>TODOS OS DIREITOS RESERVADOS</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste livro por quaisquer meios – eletrônicos, mecânicos,</p><p>fotocópias, fotográficos, etc. – sem a devida permissão do autor, a não ser em citações breves,</p><p>com indicação de fonte bibliográfica. Os infratores serão processados na forma da lei.</p><p>Este livro está de acordo com as mudanças propostas pelo novo acordo Ortográfico, que entrou</p><p>em vigor em 2009.</p><p>A revisão dos textos é de responsabilidade dos autores dos capítulos.</p><p>4</p><p>SUMÁRIO</p><p>APRESENTAÇÃO...............................................................................</p><p>05</p><p>O RECREADOR ENQUANTO FACILITADOR DO BRINCAR............ 06</p><p>Cristiano dos Santos Araujo</p><p>A TEORIA DO LAZER APLICADA A PRÁTICA DO BRINCAR.......... 22</p><p>André Mattos Benatti de Andrade</p><p>O RECREADOR E A BUSCA POR CONHECIMENTO...................... 44</p><p>Rene Santos do Vale e Carlos Eduardo Sampaio Verdiani</p><p>OS ORGANIZADORES...................................................................... 70</p><p>SOBRE A ABRE................................................................................. 71</p><p>5</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>A obra tem como objetivo trazer reflexões acerca do brincar, da</p><p>atuação de profissionais que atuam na mediação de brincadeiras no</p><p>cotidiano de crianças, jovens adultos e idosos. Apresentando conceitos como</p><p>lazer, recreação, atuação dos profissionais e buscando uma interlocução</p><p>também com todo e qualquer indivíduo que deseja partilhar momentos de</p><p>brincadeiras, seja no ambiente formal, não formal ou informal.</p><p>Trazemos por ela possibilidades práticas conectando assim, a teoria</p><p>com a prática, sendo essa junção na visão dos autores indispensáveis para</p><p>encontrar o melhor caminho para propiciar um brincar significativo, que gere</p><p>autonomia e permita a liberdade de escolha para quem brinca, sendo sempre</p><p>convidativo e não impositivo. Respeitando o tempo e o limite de cada um que</p><p>se predispõe a partilhar momentos de brincadeiras.</p><p>Seja bem-vindo a mais essa viagem ao universo do brincar que a</p><p>Associação Brasileira de Recreadores (ABRE), por intermédio de seus</p><p>diretores, lhe entrega em comemoração da Semana Mundial do Brincar.</p><p>Boa experiência!</p><p>Associação Brasileira de Recreadores</p><p>6</p><p>O RECREADOR ENQUANTO</p><p>FACILITADOR DO BRINCAR</p><p>Cristiano dos Santos Araujo</p><p>PONTO DE PARTIDA</p><p>Para que possamos iniciar o diálogo sobre o profissional que atua na</p><p>Recreação, faz se necessário compreender o que é Recreação e em quais</p><p>cenários podemos percebê-la. Não temos a ideia de esgotar as reflexões acerca</p><p>do tema, e sim termos um ponto de partida para um pensamento construtivo.</p><p>Barbanti (2003), conceitua recreação a partir da raiz latina (recreare), tendo</p><p>como significado restaurar, renovar, reanimar. Podendo ser percebida em</p><p>atividades de natureza diversas que proporciona prazer, divertimento e</p><p>entretenimento.</p><p>Já Silva e Gonçalves (2010), apontam a recreação como momento ou</p><p>situação que proporciona alegria e prazer, que busca satisfazer as vontades e os</p><p>desejos alcançados pelo lazer, sendo assim, uma possibilidade de lazer. Sendo</p><p>lazer um direito social definido pela Constituição Federal de 1988 em seu artigo 6º.</p><p>Corroborando Dumazedier (2000), aponta as três funções do lazer:</p><p>descansar, divertir e desenvolver. Assim o lazer se torna essencial e</p><p>fundamental para o desenvolvimento integral do sujeito a se viver de forma</p><p>lúdica e produtiva.</p><p>A partir das devidas citações, devemos ampliar o nosso olhar para as</p><p>diferentes possibilidades recreativas, entendendo que a recreação acontece em</p><p>7</p><p>diferentes lugares, locais e situações com a intenção de trazer o prazer, muitas</p><p>vezes de forma subjetiva para o sujeito, podendo ser mediada ou não.</p><p>Por ter diferentes possibilidades e espaços para acontecer a recreação,</p><p>temos um cenário profissional entendido como área de atuação, na qual acolhe</p><p>estudantes e profissionais com diversas formações técnicas, acadêmicas e pela</p><p>experiência adquirida, uma vez que não existe uma formação específica para tal</p><p>atuação. No entanto nota-se uma aproximação maior com áreas que possuem</p><p>maior carga horária de conhecimento acerca da recreação como Educação Física,</p><p>Lazer e Turismo, Pedagogia, Psicologia, Artes, entre outras.</p><p>Baseando-se em Silva e Pines Junior (2017), trago os diversos espaços e</p><p>áreas de atuação categorizadas em: clássicas - hotéis, festas, eventos, etc.;</p><p>educativas - escolas, acampamentos, etc.; e contemporâneas - igrejas, cruzeiros</p><p>marítimos, etc. A recreação recebe um número cada vez maior de estudantes e</p><p>profissionais, e entre eles os adolescentes, sendo por vezes para esses o primeiro</p><p>trabalho, e por outras encontramos espaços que buscam profissionais mais</p><p>capacitados e preparados para atuar com diferentes públicos e lugares, o que</p><p>acaba diferenciando e selecionando quase que naturalmente os profissionais na</p><p>área, pois muitos encaram a recreação enquanto área de atuação como um</p><p>passatempo, lugar para ganhar um dinheiro momentâneo o famoso “bico”, e outros</p><p>encontram nela uma área para se profissionalizar e seguir carreira. Um fato</p><p>indiscutível é, que para ter prosperidade profissional nessa grande área de</p><p>atuação, é preciso ter profissionalismo, ética e responsabilidade.</p><p>O QUE DIFERENCIA OS PROFISSIONAIS?</p><p>Compreender, entender, conhecer o público que atende em suas questões</p><p>físicas, sociais, psíquicas e ter uma formação acadêmica, faz com que</p><p>profissionais ao longo de sua carreira na área de recreação sejam escolhidos para</p><p>atuar em alguns cenários mais específicos, dois exemplos a serem mencionados,</p><p>8</p><p>são os acampamentos e o atendimento à terceira idade, por serem duas áreas que</p><p>buscam especificidades para quem pretende atuar e por vezes uma formação</p><p>acadêmica nas áreas já citadas.</p><p>Mas quais seriam essas especificidades que o Recreador precisa ter</p><p>enquanto competência para desenvolver um bom trabalho e ser de fato</p><p>considerado um profissional de Recreação?</p><p>Em pesquisa recente entre o diretório nacional da ABRE (Associação</p><p>Brasileira de Recreadores) levantamos essa questão e buscando referência no</p><p>livro Manual de Lazer e Recreação (2018) para ampliar a discussão sobre o tema,</p><p>chegamos a seguinte conclusão. Para que de fato seja considerado um</p><p>profissional de recreação o indivíduo deve ter conhecimentos sobre (ABRE, 2020):</p><p>- Apresentar repertório diversificado de jogos e brincadeiras.</p><p>- Buscar conhecimento teórico para desenvolver sua prática.</p><p>- Exercer a empatia, o respeito e valorizar as diferenças.</p><p>- Ser pontual, organizado e responsável.</p><p>- Ser um facilitador da transformação social positiva.</p><p>- Ter conhecimentos sobre o ser humano, suas especificidades e fases da</p><p>vida.</p><p>Com a intenção de contribuir ainda mais com o assunto, fizemos uma busca</p><p>específica e resgatamos as discussões do Encontro de Animadores apresentado</p><p>no ENAREL 2011, que por sua vez contou com a liderança de Tiago Aquino da</p><p>Costa e Silva (Paçoca) e Alipio Rodrigues Pines Junior, onde apresentaram dez</p><p>diretrizes para que o recreador atue de forma sustentável:</p><p>9</p><p>- Valorização profissional, com ações comprometidas em oferecer</p><p>qualidade na recreação e saber cobrar por tal;</p><p>- Multidisciplinaridade de conhecimentos, visando uma</p><p>apresentadas na</p><p>pesquisa.</p><p>“Não me lembro se vi algo específico sobre desenvolvimento infantil,</p><p>inovação na recreação e o trabalho específico com crianças de 3 a 6</p><p>anos em um só lugar” (A. C. Fernandes).</p><p>Chega-se à seguinte conclusão, que os participantes da pesquisa têm</p><p>percepções diversas do uso e interesse em ouvir o Podcast Recrecast -</p><p>Recreação, sendo majoritariamente compreendido como meio de formação, e,</p><p>indiferentemente da sua forma de uso, significativo impacto significativo e positivo</p><p>na prática recreativa.</p><p>52</p><p>Recreadores tem buscado cada vez mais, aprofundamento e entendimento</p><p>da sua prática recreativa, voltando os olhares ao indivíduo e seu modo de brincar,</p><p>respeitando suas exigências motoras, físicas, cognitivas e sociais. Assim como</p><p>também percebemos uma sociedade com pais mais preocupados com o tempo do</p><p>brincar dos filhos, pais que muitas vezes recorrem a canais de informação e</p><p>formação por práticas efetivas, brincadeiras, jogos, oficinas de artesanato ou</p><p>mesmo como organizar um ambiente que promova o brincar livre e convidativo.</p><p>Concluo lhe convidando a uma percepção pessoal durante o momento em</p><p>que está brincando, a primeiro analisar. Ao brincar você está de forma sincera?</p><p>Quando recebe o convite para a brincadeira aceita de forma voluntária, livre e sem</p><p>amarras ou preconceitos? Feito essa auto análise, você poderá perceber como o</p><p>outro se coloca e enxerga o brincar e assim traçar a melhor estratégia para o</p><p>convite e apresentação, entendendo a relação de cada um com a brincadeira ou</p><p>simplesmente, permitindo que o ser brincante, crie, imagine e brinque livremente,</p><p>respeitando assim o seu espaço e a forma que escolhe viver aquele momento.</p><p>REPERTÓRIO DE ATIVIDADES</p><p>31. GALINHA GORDA</p><p>Faixa etária sugerida: crianças de 3 a 12 anos.</p><p>Material: doces de vários tipos de tamanhos, salgadinhos pequenos, uma sacola</p><p>ou saco grande.</p><p>Desenvolvimento: uma atividade ideal para ser feita em festas infantis ou</p><p>comemorações com muitas crianças. A frente de todas as crianças e com a sacola</p><p>cheia de doces e salgadinhos um adulto dará o comando inicial em voz alta:</p><p>comando: “Galinha gorda!” – crianças: “Gorda é...” – comando: “Pra cima ou pra</p><p>53</p><p>baixo?” – crianças “Pra cimaaaaaa”. Nesse momento jogam-se vários doces da</p><p>sacola ao ar em direção das crianças. Estas devem correr para tentar pegar o</p><p>máximo possível até a próxima rodada. A brincadeira vai se desenrolando até</p><p>acabarem todos os doces da sacola. O ideal é jogar em várias direções, assim</p><p>todas as crianças têm chances de pegar bastante doce. Pode-se pensar em dar</p><p>um saquinho para cada criança para ajudar na captura dos doces, mas vai da</p><p>escolha não é item obrigatório.</p><p>32. QUEIMADA</p><p>Faixa etária sugerida: a partir dos 7 anos.</p><p>Material: uma bola (dependendo da variação).</p><p>Desenvolvimento: queimada é um dos jogos mais tradicionais, principalmente</p><p>quando falamos em jogos escolares. Existem diversos tipos de variações para</p><p>esse joga tão conhecido e vamos tratar de algumas delas.</p><p>Na queimada tradicional (1) temos uma quadra de jogo que deverá ser dividida</p><p>ao meio e com duas linhas de fundo demarcando a área do vigia e posteriormente</p><p>dos queimados. Os participantes devem ser divididos em duas equipes e decide-se</p><p>com qual equipe a bola irá começar e escolhe-se um dos participantes de cada</p><p>time para ser o primeiro vigia que ficará atrás da linha demarcada para sua área,</p><p>atrás da equipe adversária. A bola deve iniciar o jogo sempre com o vigia de uma</p><p>das equipes. O primeiro vigia não pode queimar ninguém e é o único que troca de</p><p>lugar após o primeiro da sua equipe ser queimado, voltando para a área de jogo. O</p><p>objetivo do jogo é tentar queimar o time adversário inteiro primeiro. Quem for</p><p>queimado, ganha a posse de bola e passa para a área dos queimados. Vence a</p><p>equipe que queimar o time adversário inteiro primeiro.</p><p>54</p><p>Na queimada dodgeboll (2) existe uma pequena variação sendo que, quem for</p><p>queimado deverá momentaneamente ficar fora do jogo até que a sua equipe</p><p>queime alguém da equipe adversária ou alguém da sua equipe consiga agarrar a</p><p>bola, sendo assim, quem estava de fora poderá voltar ao jogo obedecendo à</p><p>ordem de saída, mas se a equipe tiver três jogadores queimados e de fora do jogo</p><p>ela perderá a partida. Vence quem conseguir tirar do jogo três jogadores da equipe</p><p>adversária.</p><p>A queimada de três campos (3) é uma das variações desse jogo mais dinâmicas,</p><p>os participantes são divididos em três equipes e deve-se dividir o campo em três</p><p>partes. Antes do inicio do jogo deve-se decidir os campos que cada equipe iniciará,</p><p>sendo que a bola sempre deverá começar com a equipe que estiver no campo do</p><p>meio. Todos os participantes podem queimar todos os participantes das duas</p><p>outras equipes. Quem foi queimado deverá sair do jogo, pois esta variação não</p><p>possui a área de queimados. Vence a equipe que conseguir queimar o último</p><p>participante de uma das duas outras equipes. Terminando a rodada, as equipes</p><p>devem fazer um rodízio para que todas as três passem pelo campo do meio, o</p><p>mais atacado.</p><p>Na queimada do abraço (4) a organização deve ser como a queimada tradicional</p><p>e quando alguém for queimado deverá ficar sentado no chão no mesmo lugar que</p><p>foi queimado até que alguém da sua equipe lhe dê um abraço e este poderá voltar</p><p>para o jogo, nesse caso não haverá vencedores e o jogo vai até que haja</p><p>motivação dos participantes.</p><p>Existem ainda outros tipos de queimadas como: queimada poliesportiva, queimada</p><p>pino, queimada rodízio, queimada dos animais, queimada xadrez, queimada</p><p>invertida, queimada batalha naval, queimada do troca, queimada individual,</p><p>queimada ameba, entre muitas outras.</p><p>55</p><p>33. MÃE DA RUA</p><p>Faixa etária sugerida: a partir dos 4 anos.</p><p>Material: nenhum.</p><p>Desenvolvimento: Mãe da rua consiste em utilizar-se de um dos lados do espaço</p><p>como “calçada”, o outro lado igualmente e o meio desse espaço como “rua”. Será</p><p>escolhido um participante para que seja a “mãe da rua” enquanto todos os outros</p><p>serão os pedestres tentando atravessar essa rua de um lado para o outro,</p><p>enquanto isso a “mãe da rua” tentará pegar alguém no meio do seu caminho. A</p><p>logística a partir dai pode ser que, quem for pego troca de lugar virando “mãe da</p><p>rua” e quem era “mãe da rua” torna-se pedestre e a brincadeira vai até quando</p><p>houver motivação, ou ainda, quem for pego transforma-se em “mãe da rua” e ajuda</p><p>a pegar os outros pedestres, vencendo a brincadeira o último que sobrar sem ser</p><p>pego.</p><p>Uma variação muito usada chama-se “Quem tem medo do mico preto?” que</p><p>será escolhido uma criança para ser o mico preto que ficará no meio do espaço</p><p>que será uma floresta, enquanto todas as outras crianças permanecerão em um</p><p>dos lados do espaço até que o mico preto faça bem alto, a seguinte pergunta:</p><p>“Quem tem medo do mico preto?”, a resposta de todos deve ser “Ninguém!” e</p><p>nesse momento todos devem tentar atravessar a floresta chegando ao outro lado</p><p>em segurança, mas o mico preto deve tentar pegar alguém o transformando em</p><p>mico preto para que o ajude nas próximas rodadas, vencendo o último que sobrar</p><p>sem ser transformado em mico preto.</p><p>34. PEGA-PEGA</p><p>Faixa etária sugerida: a partir dos 4 anos.</p><p>56</p><p>Material: nenhum.</p><p>Desenvolvimento: uma das brincadeiras mais conhecidas e praticadas no meio da</p><p>criançada, o pega-pega possui muitos nomes e um número igual ou maior de</p><p>variações. Também conhecido como pique-tá, jogo do pega, pique-pega,</p><p>apanhada, apilhagem e muitos outros não querer nenhum material (dependendo</p><p>de sua variação) e pode ser brincado com um número “infinito” de participantes</p><p>com idades variadas.</p><p>No pega-pega tradicional (1) escolhe-se um pegador e este deverá pegar os</p><p>demais, quando alguém for pego torna-se pegador e o então pegador torna-se</p><p>fugitivo.</p><p>A primeira</p><p>variação desse pega-pega é conhecida como pega-pega ajuda-ajuda</p><p>(2) que ao invés de quem pegar torna-se fugitivo ele continua a pegar junto com</p><p>quem foi pego vencendo a brincadeira o último que conseguiu fugir de todos sem</p><p>ser pego.</p><p>Outras variações são o pega-pega americano (3) que aquele que for pego deverá</p><p>ficar parado no lugar com as pernas afastadas até que alguém passe por debaixo</p><p>de suas pernas e o livre para que possa voltar a fugir, podendo combinar que</p><p>quem for pego pela terceira vez deverá trocar de lugar com o pegador.</p><p>O pega-pega velinha ou pega-pega vela (4) é jogado como o americano com a</p><p>diferença que, quem for pego deverá ficar imóvel no lugar com as mãos unidas em</p><p>frente ao corpo ou acima da cabeça simbolizando a chama de uma vela acesa até</p><p>que alguém venha e assoprando apague essa vela e liberte-o para fugir</p><p>novamente.</p><p>Usando uma adaptação da série de sucesso de livros e filmes no pega-pega</p><p>Harry Potter (5) o pegado será o mago que deverá pegar os participantes e</p><p>transformá-los em algo tendo três opções disponíveis, a “árvore” onde quem foi</p><p>transformado deverá ficar no lugar, em pé, com os pés unidos e os braços abertos</p><p>57</p><p>e estendidos na altura do ombro simbolizando uma árvore até que alguém passe</p><p>por debaixo dos ganhos da árvore libertando-o; a “pedra" onde quem for</p><p>transformado deverá agachar no lugar até que alguém o destransforme passando</p><p>por cima da “pedra”, e ainda a “ponte” onde quem foi transformado deverá apoiar</p><p>os dois pés e as duas mãos no chão ficando em forma de ponte até que alguém</p><p>passe por baixo da ponte libertando-o.</p><p>Existem ainda incontáveis variações dessa atividade tão divertida para as crianças,</p><p>algumas delas são: pega-pega cola, pega-pega do abraço, pega-pega queimada,</p><p>pega-pega corrente, pega-pega tartaruga, pega-pega saci, pega-pega alto-chão, o</p><p>chão é lava, pega-pega agacha-agacha, pega-pega fruta, pega-pega elefante e por</p><p>ai vai...</p><p>35. TÁ PRONTO SEU LOBO?</p><p>Faixa etária sugerida: a partir dos 4 anos.</p><p>Material: nenhum.</p><p>Desenvolvimento: uma atividade muito divertida que lembra o tradicional pega-</p><p>pega e envolve a música que é muito importante para o desenvolvimento cognitivo</p><p>da criança. No sua maneira tradicional de se jogar, uma criança é escolhida para</p><p>ser o “seu lobo” que deverá se esconder pelo espaço sem que as outras crianças</p><p>vejam. Todas as crianças devem ou ficar em um lugar estabelecido anteriormente</p><p>ou ficarem andando pelo espaço e cantando “vamos passear na floresta, enquanto</p><p>seu lobo não vem. ESTÁ PRONTO SEU LOBO?”, e sempre que as crianças</p><p>fizerem essa pergunta o seu lobo poderá responder que está ocupado realizando</p><p>alguma tarefa, como por exemplo “ainda não, estou lavando as mãos!”, todos</p><p>devem repetir essa música e a pergunta enquanto “seu lobo” for dando desculpas</p><p>de estar cumprindo tarefas até que o “seu lobo” sem avisar, sai de onde ele está e</p><p>58</p><p>comece a correr atrás das outras crianças até que consiga pegar uma delas e</p><p>assim trocar de lugar com quem for pega.</p><p>Uma variação bem legal para se fazer dentro de casa e em família é quando, por</p><p>exemplo, a mamãe ficará no quarto cantando e perguntando enquanto o papai e o</p><p>filho ficam “escondidos” pela casa (fora do quarto) até que, se avisar, aparecem no</p><p>quarto e dão aquele susto na mamãe. Essa variação é muito legal para se fazer</p><p>com as crianças menores e curtir esses momentos mágicos em família.</p><p>36. AMARELINHA</p><p>Faixa etária sugerida: a partir dos 3 anos.</p><p>Material: giz e pedra.</p><p>Desenvolvimento: você sabia que a amarelinha é um jogo que em cada região do</p><p>nosso país e do mundo possui outros nomes? Por exemplo, amarelinha, cancão,</p><p>sapata, macaca, academia, jogo da pedrinha, boneca, pula-macaco entre muitos</p><p>outros nomes! E você sabia que esse jogo pode trabalhar com a crianças</p><p>conceitos de matemática trabalhando noções de números, contagem, quantidade,</p><p>medidas, geometria, sequencia numérica, reconhecimento da escrita dos</p><p>algarismos e algumas palavras, comparação de quantidades, maior e menor,</p><p>noções espaciais como avaliação de distância, atenção, coordenação motora,</p><p>equilíbrio estático e dinâmico, controle de força, controle corporal, ritmo,</p><p>coordenação óculo-manual, senso de prioridade e poderíamos seguir por muitos</p><p>outros trabalhos que podem ser explorados nesse jogo que, independente da</p><p>idade, todos amam.</p><p>Existem também, além dos nomes muitas maneiras diferentes de se desenhar o</p><p>diagrama da amarelinha (vamos chamar a nossa assim), o tradicional, ou pelo</p><p>menos o mais conhecido é quando desenhamos no chão quadrados ou retângulos</p><p>59</p><p>de um tamanho que caibam o pé do participante dentro em quantidade de dez,</p><p>sendo que devem ser numerados de 1 a 10 e o primeiro quadrado deve ser</p><p>desenhado sozinho, os segundo e terceiro devem ser desenhados encostados ao</p><p>primeiro e um do lado do outro e assim sucessivamente até que se complete os</p><p>dez quadrados. Antes do primeiro quadrado deve-se desenhar, encostado a ele</p><p>um círculo escrito dentro a palavra “terra” e após o quadrado de número 10 deve-</p><p>se fazer a mesma coisa mas escrever “céu”.</p><p>Aqui também temos muitas variações como “terra/céu”, “inferno/céu”, “casa/escola”</p><p>entre outras. O objetivo é completar o percurso de ida e volta sem errar.</p><p>O jogador da vez deve-se ficar dentro da “terra” e de posse de uma pedrinha atirá-</p><p>la afim de que pare no quadrado do número 1, feito isso, com um pé só deve-se</p><p>saltar por cima desse número que está à pedrinha caindo no próximo, sem tocar o</p><p>outro pé no chão e respeitando a ordem numérica ir até o “céu”, chegando deverá</p><p>voltar da mesma maneira só que deverá parar no número que vem depois daquele</p><p>que está a pedrinha – nesse caso o número 2 – abaixar-se, sem tocar no chão</p><p>com as mãos, pegar a pedrinha e saltando por cima da casa que a pedrinha estava</p><p>chegar novamente até a “terra”.</p><p>Se conseguir realizar esse percurso sem errar, sem pisar nas linhas ou fora dos</p><p>quadrados ele terá outra chance, mas agora deverá atirar a pedrinha no próximo</p><p>número que no exemplo, seria o número 2, fazendo o percurso novamente da</p><p>mesma maneira.</p><p>Se ele errar, dá-se o lugar da jogada ao próximo que deverá tentar a mesma coisa</p><p>e quando for novamente a vez dele, deverá recomeçar pelo mesmo número que</p><p>ele parou na rodada anterior. Vence quem conseguir primeiro ir do 1 ao 10</p><p>percorrendo todo o percurso sem erro.</p><p>60</p><p>37. VIVO-MORTO</p><p>Faixa etária sugerida: a partir dos 4 anos.</p><p>Material: nenhum.</p><p>Desenvolvimento: com as crianças em fila, à frente da pessoa que está</p><p>comandando a atividade, este deverá dar, em voz alta falar os comandos “vivo” ou</p><p>“morto”. Dito “morto”, as crianças devem agachar e dito “vivo” elas devem ficar em</p><p>pé, quem errar e fizer outro movimento a não ser o que foi comandado deverá sair</p><p>da brincadeira.</p><p>Uma variação muito legal dessa brincadeira é o que chamamos de cabelo</p><p>cabeludo. Nessa variação incluímos além de vivo e morto outros movimentos, tais</p><p>como: “cabelo” e “cabeludo”, onde as crianças devem no primeiro levar as mãos à</p><p>cabeça, e no segundo estender os braços acima da cabeça com as mãos</p><p>afastadas. Coloca-se também “barriga” e “barrigudo”, onde o primeiro as crianças</p><p>devem encostar as mãos na barriga e no segundo comando devem estender os</p><p>braços à frente como se mostrassem uma barriga grande. “Panela de pressão” e</p><p>“pipoca”, quando dito “panela de pressão” todos devem colocar um dedo</p><p>encostado em cima da cabeça e dar um giro fazendo o barulho de uma panela de</p><p>pressão “xiiiiiiiii”, e em “pipoca” todos devem dar um único salto abrindo os braços</p><p>e as pernas e gritando “pá”. “Saci Pererê” onde as crianças devem pular em uma</p><p>perna só imitando o personagem e “gelatina” onde devem balançar o corpo todo</p><p>imitando uma gelatina. E assim o comandante da brincadeira pode colocar</p><p>qualquer coisa que a sua imaginação mandar.</p><p>38. BALANÇA CAIXÃO</p><p>Faixa etária sugerida: a partir dos 5 anos.</p><p>61</p><p>Material: nenhum.</p><p>Desenvolvimento: balança caixão é uma variação do famoso esconde-esconde</p><p>onde todos estarão dispostos em fila e o primeiro dessa fila deverá estar virado ao</p><p>contrário de frente para todos. Esse mesmo primeiro sentará enquanto o segundo</p><p>deverá agachar-se debruçando sobre as suas pernas como em posição de bater</p><p>cara. O terceiro fará a mesma coisa, mas se apoiará nas costas do segundo e</p><p>assim sucessivamente até que todos estejam em posição e possamos dar início à</p><p>brincadeira. Para iniciar a brincadeira todos devem cantar “balança caixão, que</p><p>está balançando, encosta nas costas e vai se esconder”, cantando isso o último da</p><p>fila deverá correr e se esconder e todos repetirão a música até que fique apenas o</p><p>primeiro da fila que será o que irá procurar os demais. A partir daí funcionará</p><p>exatamente como um esconde-esconde normal. (Nota do autor: a música original</p><p>foi modificada por questões sociais).</p><p>39. BATATA QUENTE</p><p>Faixa etária sugerida: a partir dos 4 anos.</p><p>Material: uma bola ou de acordo com a variação.</p><p>Desenvolvimento: todas as crianças devem ficar sentadas, em círculo. Uma será</p><p>escolhida para se retirar do círculo e ficar de costas para o mesmo. Uma das</p><p>crianças do círculo ficará de posse de uma bola e a crianças que está fora do</p><p>círculo dirá “batata quente, quente, quente, quente, QUEIMOU!”, enquanto isso a</p><p>bola deverá ser passada de mão em mão entre as crianças que estão sentadas,</p><p>quando for dito “QUEIMOU!”, a criança que esta com a bola na mão ou deve</p><p>substituir a que está de fora ou deve pagar uma prova no meio do círculo.</p><p>Uma variação dessa brincadeira se chama medo de desafios onde à organização</p><p>será a mesma da batata quente, mas quem ficará de fora do círculo é um adulto</p><p>62</p><p>que antes da brincadeira começar deve tentar “colocar medo” nas crianças, pois, o</p><p>que será passado não será uma bola e sim uma caixa fechada e aquele que ficar</p><p>com a caixa na mão quando for dito “QUEMOU!” deverá abrir a caixa e cumprir o</p><p>desafio ou pagar a prova que está escrito em um papel dentro da caixa, mas</p><p>ninguém sabe que a caixa foi preparada previamente com um chocolate, um</p><p>bilhete e muito jornal dentro dela, e nesse bilhete está escrito assim “o seu desafio</p><p>é comer esse chocolate!”.</p><p>40. ESTÁTUA</p><p>Faixa etária sugerida: a partir dos 5 anos.</p><p>Material: nenhum.</p><p>Desenvolvimento: todas as crianças devem ficar dispersas pelo espaço, a frente de</p><p>um adulto que dará o comando “estátua!” assim todos devem parar na posição que</p><p>estejam até que o adulto percorra olhando atentamente para todas as estátuas e</p><p>qual se mexer, sai da brincadeira. Na brincadeira poderá ser usado um rádio</p><p>tocando músicas diversas para que as crianças dancem e parem em posições</p><p>engraçadas rendendo fotos muito legais.</p><p>Uma variação é chamada de corrida de estátuas onde as crianças ficarão uma ao</p><p>lado da outra de um lado do espaço e o comandante da brincadeira ficará a frente</p><p>das crianças. Enquanto o comandante estiver olhando para as crianças estas</p><p>devem permanecer na posição de estátua, sem se mexer, e quando o comandante</p><p>virar de costas as crianças devem correr para chegar do outro lado do espaço e o</p><p>primeiro que o fizer vencerá a brincadeira. Se na posição de estátua o comandante</p><p>ver alguma estátua se mexendo está deverá voltar atrás de todas as outras</p><p>crianças e esperar a próxima corrida.</p><p>63</p><p>41. ELÁSTICO</p><p>Faixa etária sugerida: a partir dos 7 anos.</p><p>Material: uma faixa de tecido.</p><p>Desenvolvimento: você deve providenciar uma faixa de tecido de pelo menos 4 ou</p><p>5 metros de comprimento, unindo as pontas com um nó formando um círculo. Essa</p><p>brincadeira deve ter no mínimo três participantes para que dois deles, um de frente</p><p>para o outro, a certa distância, coloquem ao redor das pernas que devem estar</p><p>ligeiramente afastadas a fita de tecido apoiando-as atrás dos tornozelos. A terceira</p><p>criança que irá pular o elástico nessa rodada deverá ficar ao lado do elástico e em</p><p>movimentos seguidos deve pular com um dos pés dentro do elástico, depois trocar</p><p>os pés pulando para o outro lado do elástico (ficando sempre com um dos pés</p><p>dentro), pular com os dois pés dentro, depois pular colocando os dois pés fora,</p><p>fazer meio giro e pular para longe do elástico. Conseguindo isso o elástico deve</p><p>subir, apoiando-o atrás dos joelhos, acima da coxa, na cintura, embaixo das axilas</p><p>e por último no pescoço. Em todas essas posições a coreografia do saltar é a</p><p>mesma. Se a criança que está pulando errar, trocar de lugar com alguma que está</p><p>segurando o elástico para que todas tenham a chance de pular, recomeçando</p><p>atrás dos tornozelos e tentando chegar ao pescoço. Passando a vez por todas,</p><p>quando a primeira retornar aos pulos o elástico deverá ser colocar na mesma</p><p>posição em que estava quando a criança errou e perdeu a chance na rodada.</p><p>Vence quem conseguir pular corretamente na maior altura.</p><p>42. BOLINHA DE SABÃO</p><p>Faixa etária sugerida: a partir dos 4 anos.</p><p>Material: recipiente com sabão e canudinho.</p><p>64</p><p>Desenvolvimento: antes da descrição da brincadeira, gostaria de ressaltar a</p><p>importância da segurança com as crianças nessa atividade por conter produtos</p><p>químicos (sabão) em relação à ingestão dos mesmos e em relação ao local da</p><p>brincadeira, pois as bolhas quando estouram no chão deixam um resíduo que</p><p>escorrega muito. Nos dias de hoje pode-se achar facilmente embalagens de bolhas</p><p>de sabão a venda em diversas lojas que já vem com o líquido preparado e com</p><p>uma peça de plástico propícia para fazer as bolhas, mas isso tudo podemos</p><p>aproveitar momentos em família e criar em casa. Para se fazer a bolhas você pode</p><p>utilizar de canudinhos de diversas espessuras, galhos de mamoeiro, pedaços de</p><p>mangueira de jardim ou qualquer outra coisa que seja em formato de tubo, ou</p><p>ainda se for partir para as bolhas gigantes, pode preparar duas varetas com dois</p><p>pedaços de barbante unindo-as. Você pode fazer seu líquido para bolhas</p><p>misturando em um recipiente um litro e meio de água, meio litro de detergente e</p><p>300 ml de glucose que você acha de diversas formas, líquida, mais grossa ou em</p><p>pós. Quando for realizar a mistura, dissolva primeiro a glucose na água e depois</p><p>coloque o detergente e mexa devagar, se fizer ao contrário ou mexer muito rápido</p><p>formará muita espuma e nesse caso a espuma atrapalha muito a formação das</p><p>bolhas. Feito isso deixe sua criatividade e principalmente das crianças fluírem.</p><p>Faça competições de quem faz a maior bolha, da bolha que fica mais tempo no ar,</p><p>da bolha que fica mais tempo sem estourar, na bolha que estoura na parede, de</p><p>quem estoura a bolha do outro primeiro, da bolha que sobe mais alto e brinque a</p><p>vontade!</p><p>43. DANÇA DA CADEIRA</p><p>Faixa etária sugerida: a partir dos 5 anos.</p><p>Material: uma cadeira a menos de acordo com o número de participantes, um rádio</p><p>com música.</p><p>65</p><p>Desenvolvimento: sucesso absoluto nas festinhas de aniversário a dança da</p><p>cadeira passou por transformações ao longo dos anos. Da maneira tradicional</p><p>deve-se fazer um círculo com as cadeiras com os assentos voltados para fora do</p><p>círculo em número de uma cadeira a menos que o número dos participantes.</p><p>Todos os participantes devem andar ao redor do círculo de cadeiras até que a</p><p>música pare. Parando a música todos devem tentar sentar em uma das cadeiras</p><p>sendo que um participante ficará sem cadeira para sentar e estará fora da</p><p>brincadeira e na próxima rodada deverá ser retirado uma cadeira do círculo,</p><p>diminuindo assim o número de cadeiras a cada rodada até que fique apenas uma</p><p>com dois participantes e aquele que conseguir sentar nesta cadeira será o</p><p>vencedor.</p><p>Existem algumas variações dessa brincadeira como a dança da cadeira</p><p>cooperativa que funcionará da mesma maneira que o modo tradicional, mas que</p><p>ao invés</p><p>de ir saindo às pessoas deve-se eliminar as cadeiras, fazendo assim com</p><p>que a cada rodada realizada as pessoas tentem dividir as cadeiras restantes.</p><p>Outra variação é a dança da cobra-cega na cadeira, sendo que o número de</p><p>cadeiras deve ser igual ao número de participantes e as cadeiras devem ficar</p><p>espalhadas pelo espaço e não mais em círculo. No assento de cada cadeira deve</p><p>ter uma bexiga cheia. Todos os participantes receberão uma venda e ficarão</p><p>vendados até o final da brincadeira. A música começa a tocar e todos devem</p><p>dançar no lugar em que estão. Quando a música parar de tocar todos devem</p><p>procurar, de olhos vendados, uma cadeira tentando sentar nela e estourando o</p><p>balão. Os participantes que não encontrarem uma cadeira vazia em um tempo pré-</p><p>determinado deverá sair da brincadeira e junto com ele suas respectivas cadeiras</p><p>para que recomece uma próxima rodada vencendo o último que sobrar com sua</p><p>cadeira.</p><p>Existe ainda a bagunça das cadeiras que na mesma disposição das cadeiras em</p><p>círculo, todas os participantes devem ficar sentados em suas cadeiras e um</p><p>escolhido nomeio da roda, alguém que comandará a brincadeira deve falar</p><p>66</p><p>“bagunça das cadeiras” e colocar uma música, nesse momento todos se</p><p>levantarão e ficarão fazendo bagunça dentro do círculo até que a música pare e</p><p>tentem sentar nas suas cadeiras ficando um sempre em pé. Este que sobrou pode</p><p>pagar uma prova ou não, apenas recomeçando outra rodada. Quem está</p><p>comandando a brincadeira ainda poderá dizer frases específicas como “só faz</p><p>bagunça quem estiver de óculos!”, nesse caso só quem tenha o que foi pedido que</p><p>deve levanta-se e sentar-se quando a música parar. Deve-se pedir sempre uma</p><p>característica do participante que está no meio do círculo e que mais pessoas a</p><p>tenham.</p><p>44. CORRE COTIA</p><p>Faixa etária sugerida: a partir dos 4 anos.</p><p>Material: um lenço.</p><p>Desenvolvimento: uma atividade em roda que envolve uma música que as crianças</p><p>adoram. As crianças devem ficar sentadas em círculo enquanto uma criança</p><p>escolhida deverá andar por for do círculo com o lenço na mão e todos cantando</p><p>“corre cotia na casa da tia, corre cipó na casa da vó, lencinho na mão caiu no</p><p>chão, moça bonita do meu coração.” A criança que está andando pergunta “Posso</p><p>jogar?”, todos respondem “Pode!”, o primeiro pergunta novamente “Em quem eu</p><p>quiser?”, todos respondem “É!”, e a criança que está andando fora da roda joga o</p><p>lenço atrás de quem ele escolher e corre e este deve que teve o lenço jogado</p><p>atrás, pega o lenço, levanta e tentar pegar o que jogou o lenço. Quem está fugindo</p><p>deve tentar sentar no lugar de quem levantou sem ser pego. Se conseguir fugir e</p><p>sentar, quem ficou em pé deve correr com o lenço na próxima rodada. Se não</p><p>conseguir pegar continua com a mesma criança a nova rodada.</p><p>Existe também uma variação chamada corre lenço que a única diferença é que</p><p>quem está andando com o lenço no início deve andar em sentido horário, e quem</p><p>67</p><p>levantar deve correr no sentido anti-horário para que eles tentem sentar no lugar</p><p>vazio e não mais pegar um ao outro.</p><p>E também existe o pato ganso onde você não vai usar um lenço, mas quem</p><p>estiver andando fora do círculo deverá ir tocando levemente a cabeça dos que</p><p>estão sentados e dizendo “pato, pato, pato, pato, pato, pato, GANSO!”, quando</p><p>disser ganso quem foi tocado nesse momento deve levantar e tentar pegar que o</p><p>tocou e este fugir tentando sentar no lugar que ficou vago.</p><p>45. JOQUEMPÔ</p><p>Faixa etária sugerida: a partir dos 4 anos.</p><p>Material: nenhum.</p><p>Desenvolvimento: essa brincadeira começa com algumas controvérsias na</p><p>maneira da escrita do seu nome, “joquempô”, “jo quei pô”, “jamqueipô”, entre</p><p>outras, mas todas se resumem em “pedra, papel e tesoura”. Consiste em duas</p><p>pessoas realizando um duelo de mãos, uma de frente para a outra podendo jogar</p><p>somente com os três itens “pedra”, “papel” e “tesoura”. Quando alguém coloca</p><p>“pedra” o movimento colocado deve ser de mão fecha, dando a alusão de uma</p><p>pedra. Quando alguém coloca “papel” o movimento é colocando a mão aberta,</p><p>dando a alusão ao uma folha de papel, e quando alguém coloca “tesoura” o</p><p>movimento deve ser de uma mão fechada com apenas os dedos indicador e médio</p><p>estendidos dando a alusão a uma tesoura. Mas quem vence de quem? A “pedra”</p><p>vence da “tesoura” porque consegue amassá-la. A “tesoura” vence do “papel”</p><p>porque consegue cortá-lo e o “papel” vence da “pedra” porque consegue embrulhá-</p><p>lo. As partidas serão disputadas até que alguém consiga vencer dez vezes. Tive a</p><p>oportunidade de conhecer outros itens que podem ser colocados nessa brincadeira</p><p>oriundos da grande criatividade infantil.</p><p>68</p><p>Além do modo tradicional de se brincar existe o joquempô gigante onde é feito</p><p>em duas equipes, e ao combinar entre “leão”, “caçador” e “espingarda” deve-se</p><p>formar uma fileira, um ao lado do outro da mesma equipe, e uma equipe de costas</p><p>para outra e quem está comandando a brincadeira no meio que deverá dizer</p><p>“joquemPô!” fazendo com que todos virem e façam os movimentos e sons</p><p>correspondentes.</p><p>E ainda temos a corrida pô quando os participantes são divididos em duas</p><p>equipes, uma de cada lado do espaço, em fila e ao sinal o primeiro de cada fila sai</p><p>correndo, e quando encontra o seu adversário no meio do espaço deve-se jogar</p><p>uma partida de joquempô, quem ganha continua correndo em direção à equipe</p><p>adversária e quem perde volta para o final da sua fila liberando o segundo que</p><p>corre em direção ao que ganhou jogando outra partida. Ganha o ponto quem</p><p>conseguir atravessar o campo primeiro e chegar até a fila da equipe adversária.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>AWAD, H. Z. A.; PIMENTEL, G. G. A. (Orgs.). Recreação total. 2. ed., ampl.</p><p>Várzea Paulista: Fontoura, 2019.</p><p>LEANDRO, M. Atividades recreativas de A a Z. São Paulo: Supimpa, 2019.</p><p>Podcast cresce 21% no Brasil e Spotify investe em criadores de conteúdo, 2019.</p><p>Dsponível em: . Acesso</p><p>em: 25 nov. 2019.</p><p>Podcast Industry Statistics, 2020. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 25</p><p>abr2020.</p><p>69</p><p>Podpesquisa, 2019. Disponível em: .</p><p>Acesso em: 24 abr. 2020.</p><p>RAMOS FORTUNA, V. Brincar é aprender, 2018. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 25 abr. 2020.</p><p>SILVA, D. A. M.. (et al.) Importância da recreação e do lazer. Brasília: Gráfica e</p><p>Editora Ideal, 2011. (Cadernos interativos – elementos para o desenvolvimento de</p><p>políticas, programas e projetos intersetoriais, enfatizando a relação lazer, escola e</p><p>processo educativo; 4).</p><p>VYGOTSKY, L. S.. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins</p><p>Fontes, 1998.</p><p>YAMAMOTO, M. E.; CARVALHO, A. M. A. Brincar para quê? Uma abordagem</p><p>etológica ao estudo da brincadeira. Estudos de Psicologia, v. 7, n. 1, p. 163-164,</p><p>2002. Disponível em: . Acesso</p><p>em: 2 mai 2013.</p><p>70</p><p>OS ORGANIZADORES</p><p>André Mattos Benatti de Andrade (ABRE 015/19/DN)</p><p>Mestre em Educação Física (UNIMEP). Especialista em Pedagogia do Esporte</p><p>(UNICAMP). Graduado em Licenciatura Plena em Educação Física (PUC-Campinas). É</p><p>docente do SENAC desde 2008. Coordenador do Grupo Licere.</p><p>Carlos Eduardo Sampaio Verdiani (ABRE 014-19/DN)</p><p>Mestrando em Docência na Educação Básica (UNESP). Graduado em Educação Física</p><p>(FunBBE). Graduado em em Pedagogia pela Universidade Nove de Julho (UNINOVE).</p><p>Especialista em Psicopedagogia Clínica Institucional (ISEED) e Educação Física Escolar</p><p>(UAB) e Fisiologia do Exercício (UVA). É licenciado pela ANDE-BRASIL (Associação</p><p>Nacional de Equoterapia). Atualmente é docente no curso de especialização e professor</p><p>da rede municipal de ensino.</p><p>Cleber Mena Leão Junior (ABRE 001/18-DN)</p><p>Mestre em Ensino (UNESPAR). Especialista em Educação: Métodos e Técnicas de</p><p>Ensino (UTFPR) e Educação Física Escolar (PUCPR). Graduação em Educação Física</p><p>(PUCRS) e Pedagogia (FAPAN). Fundador do Clube dos Recreadores e Criador da 1ª</p><p>Formação Online para o Recreador de Sucesso do Brasil®. CREF: 015556-G/PR.</p><p>Cristiano dos Santos Araujo (ABRE 008/19-DN)</p><p>Graduado em Educação Física (UNIP). Especialista em Educação Física Escolar (FMU) e</p><p>Psicopedagogia (UAM). Professor de Educação Física Infantil (Colégio Magno/ Mágico de</p><p>Oz). Autor dos livros Bora Brincar (Vozes). Manual de Atividades para Crianças Pequenas</p><p>(Phorte). Jogos do Mundo Todo e Práticas em Brincadeiras e Jogos (Supimpa). Diretor na</p><p>Página Brincadeiras e Jogos.</p><p>Rene Santos do Vale (ABRE 0006/19-DN)</p><p>Especialista em Recreação e Psicomotricidade. Graduado em Educação Física. Criador e</p><p>Host podcast Recrecast - Recreação. Embaixador Castbox Brasil. Coordenador da L.</p><p>Assessoria Esportiva e Recreação. Criador e Produtor de Conteúdo do site Educação</p><p>Lúdica. Docente de Inovação e Empreendedorismo. Palestrante Ikigai.</p><p>71</p><p>SOBRE A ABRE</p><p>A ABRE é uma associação sem fins lucrativos que busca</p><p>A VALORIZAÇÃO DO RECREADOR.</p><p>MISSÃO</p><p>- Reconhecer e afirmar a importância da atuação em diferentes segmentos da</p><p>área.</p><p>- Incentivar a aproximação mútua entre recreadores e empresas dos segmentos da</p><p>área.</p><p>- Oferecer conteúdo de valor de cunho pessoal e profissional.</p><p>- Apoiar eventos e ações onlines e presenciais, que são voltadas ao recreador e</p><p>empresas do segmento.</p><p>VISÃO</p><p>O QUE QUEREMOS SER? Referência Nacional e Internacional, com uma gestão</p><p>transparente, democrática e que valoriza a prática recreativa com suas</p><p>particularidades locais.</p><p>AONDE QUEREMOS CHEGAR? Atingir todos os estados do Brasil com Diretoria</p><p>efetiva e Associados ativos.</p><p>72</p><p>O QUE BUSCAMOS CONSTRUIR? Uma associação engajada nos desafios</p><p>contemporâneos da recreação, contribuindo para o crescimento da área de</p><p>atuação tornando-se referência para recreadores e empresas do segmento,</p><p>implantando uma cultura de excelência na busca da valorização.</p><p>VALORES</p><p>- Comprometimento</p><p>- Cooperação</p><p>- Crescimento Pessoal e Profissional</p><p>- Criatividade</p><p>- Empatia</p><p>- Ética</p><p>- Excelência</p><p>- Liderança</p><p>- Respeito</p><p>- Responsabilidade</p><p>- Seriedade</p><p>- Transparência</p><p>CARACTERÍSTICAS DO RECREADOR</p><p>- Apresentar repertório diversificado de jogos e brincadeiras</p><p>- Buscar conhecimento teórico para desenvolver sua prática</p><p>- Exercer a empatia, o respeito e valorizar as diferenças</p><p>- Ser pontual, organizado e responsável</p><p>- Ser um facilitador da transformação social positiva</p><p>- Ter conhecimentos sobre o ser humano, suas especificidades e fases da vida</p><p>ÁREAS DE ATUAÇÃO DO RECREADOR</p><p>- Recreador de Acampamento e Acantonamento</p><p>- Recreador de Festa Infantil e Buffets</p><p>- Recreador de Estudo do Meio</p><p>- Recreador de Hotel, SPA e Resorts</p><p>73</p><p>- Recreador de Navios de Cruzeiro</p><p>- Recreador de Clubes e Condomínios</p><p>- Recreador de Viagem de Formatura</p><p>- Recreador de Espaços Infantis</p><p>- Recreador de Festas e Eventos</p><p>- Recreador de Ônibus</p><p>- Recreador de Colônia de Férias</p><p>- Recreador de Associações, ONGs e Igrejas</p><p>- Recreador de Hospitais</p><p>- Recreador de Instituições de Ensino</p><p>- Recreador de Interação Online</p><p>PÚBLICO ALVO DO RECREADOR</p><p>- Crianças de 0 a 3 anos</p><p>- Crianças de 4 a 6 anos</p><p>- Crianças de 7 a 11 anos</p><p>- Adolescentes</p><p>- Jovens</p><p>- Adultos</p><p>- Idosos</p><p>PORQUE O TERMO "RECREADOR"?</p><p>Após diversas tentativas de elaboração de um conceito, chega-se a uma</p><p>conceituação que, apesar de parecer finita, ainda necessita de mais discussões</p><p>para melhor esclarecer a condição desse profissional.</p><p>Recreador: É aquele que interage com pessoas, sobretudo com grupos,</p><p>diretamente. Este traduz a cultura elaborada em atividades de recreação e lazer</p><p>capazes de atrair e mobilizar pessoas sob a forma de programações fixas,</p><p>regulares ou de eventos, dispondo para isso, da sua capacidade de sintonizar com</p><p>o gosto do público. Devem gostar de gente e de cultura e ainda, ter presente a</p><p>sensibilidade da ludicidade e a capacidade de interpretar as expectativas do grupo,</p><p>74</p><p>desenvolvendo na sua plenitude a ação pedagógica e didática do educador “não</p><p>formal” (ABRE, 2004).</p><p>NOTA</p><p>É importante salientar que para a ABRE é expressamente vedado tomar parte em</p><p>quaisquer manifestações de cunho político, religioso ou de classe, não podendo</p><p>ceder quaisquer de suas dependências para tais fins. A ABRE, por não ter</p><p>finalidade econômica, não distribuirá dividendo aos seus associados e os seus</p><p>conselheiros e diretores não receberão remuneração, sendo gratuito o exercício de</p><p>seus cargos, vedados à percepção de vantagens a qualquer título, e não</p><p>respondendo pelas obrigações assumidas pela entidade em virtude de ato regular</p><p>de gestão.</p><p>REFERÊNCIA</p><p>ABRE, Associação Brasileira de Recreadores. Sobre (2020). Disponível em:</p><p>. Acesso em: 17 mai. 2020.</p><p>75</p><p>Associação Brasileira de Recreadores</p><p>www.abrerecreadores.com.br</p><p>Em busca da valorização do Recreador</p><p>Editora Clube dos Recreadores</p><p>www.clubedosrecreadores.com.br</p><p>@sourecreador</p><p>formação holística</p><p>do animador;</p><p>- Aliar os conhecimentos teóricos dentro das vivências práticas,</p><p>promovendo uma atuação consistente do animador;</p><p>- Atuar com ética, responsabilidade, respeitando as limitações de suas</p><p>áreas de atuação;</p><p>- União, intercâmbio e troca de experiência entre os recreadores;</p><p>- Formação contínua dos profissionais;</p><p>- Fomento à produção de pesquisa-ação e publicações sobre a prática do</p><p>profissional, gerando discussões e enriquecendo o conhecimento da área;</p><p>- Participação em eventos, fóruns, debate, entre outros, via meios de</p><p>comunicação virtuais (e-mail, site, fórum);</p><p>- Ter visão empreendedora, buscando novos horizontes e possibilidades de</p><p>atuação no mercado de trabalho;</p><p>- Identificar, respeitar, vivenciar e aplicar o lúdico na sua integridade.</p><p>Percebemos a necessidade de uma formação continuada e que busque,</p><p>ainda que para indivíduos que vão trabalhar por um curto período de tempo,</p><p>desenvolvê-los como profissionais para atuarem com excelência enquanto</p><p>10</p><p>Recreador, valorizando o brincar, as relações humanas, cultura e a compreensão</p><p>de que o brincar é atemporal não sendo restringindo unicamente a crianças.</p><p>A união entre a prática e a teoria deve ser uma constante na vida profissional</p><p>dos Recreadores que vamos chama-la de PRÁXIS RECREATIVA, pois é pelo</p><p>intermédio desta combinação que conseguiremos a cada dia mais, o</p><p>reconhecimento e a valorização do profissional que atua na área de Recreação</p><p>sendo de fato o que diferencia os diversos profissionais que atuam nesta vasta</p><p>área de atuação.</p><p>FACILITADOR MAIS QUE UMA NOMENCLATURA,</p><p>UMA NOVA POSTURA</p><p>Percebemos em vários cenários e momentos de atuação dos profissionais</p><p>de Recreação uma constante valorização na brincadeira e não no protagonismo</p><p>infantil durante o brincar. Percebemos também uma constante necessidade do que</p><p>chamamos de propinas Recreativas (oferecimento de prêmios, brindes para</p><p>convencimento na participação da proposta), isso se reproduz em nosso</p><p>entendimento, pois boa parte dos profissionais que atuam na Recreação não tem o</p><p>conhecimento sobre as características e interesses do grupo com o qual vão atuar,</p><p>e por vezes, simplesmente por produzirem a prática de outros profissionais.</p><p>Acreditamos no brincar em sua essência, onde quem participa busca</p><p>satisfazer uma necessidade pessoal e não para conseguir algo em troca. Essas</p><p>necessidades podem ser físicas (pensando na necessidade de gasto energético),</p><p>sociais (referente ao encontro e troca com seus pares e pares de idade diferente,</p><p>criação de vínculo) e mentais (necessidade de descanso e relaxamento, mudança</p><p>de foco em meio a seus afazeres), não condizente com a necessidade de brindes</p><p>e prémios para convencimento.</p><p>11</p><p>Quando pensamos no recreador como alguém que reconhece a necessidade</p><p>do brincar para o indivíduo e não a necessidade de tê-lo na brincadeira, saímos da</p><p>condição de quem conduz e entramos na condição de quem Facilita mediando o</p><p>momento de brincar, o brincar passa a ser de protagonismo e não impositivo e que</p><p>por vezes não respeita o tempo de experiência de cada indivíduo.</p><p>Silva e Araújo (2018), entendem o brincar como: “Brincar é uma das formas</p><p>mais espontâneas e libertadoras do comportamento humano”. E salientam que na</p><p>infância é o período onde acontece o brincar com maior intensidade e o interesse</p><p>não está no resultado, mas sim na ação de brincar.</p><p>As crianças vivem seu próprio momento. Nas atividades com jogos e</p><p>brincadeiras o que vale é o prazer e a alegria é o desafio do momento. Na</p><p>perspectiva das crianças, não se joga para ficar mais inteligente; joga-se porque é</p><p>divertido, desafiador. Desperta-se assim o espírito lúdico que é a relação do sujeito</p><p>comum a tarefa, atividade ou pessoa pelo prazer funcional que é despertado</p><p>(SILVA; ARAÚJO, 2018, p. 24).</p><p>Tendo como base as colocações dos autores supracitados, trazermos a</p><p>necessidade de ter uma postura diferente por parte dos profissionais que atuam</p><p>com recreação, salientando a necessidade de um olhar para o protagonismo e</p><p>respeito ao tempo e espaço de brincar, ocupando a postura de Facilitador.</p><p>Segundo Brown (1994), o facilitador deve criar um ambiente para o jogo,</p><p>deve acender o fogo. O autor ainda as seguintes características se referindo ao</p><p>Facilitador:</p><p>- Comunicativo: mais do que explicar o jogo, o facilitador precisa dar</p><p>sentido à prática proposta, a fim de transmitir valores e estímulos, criando um</p><p>ambiente agradável e significativo.</p><p>12</p><p>- Amável-amigo: corresponde a um contexto de união e solidariedade. O</p><p>facilitador também é amigo e companheiro, indo além da necessidade de diversão</p><p>e mediação.</p><p>- Criativo: o facilitador deverá ter a competência de criar e recriar as práticas</p><p>propostas, entre elas o jogo.</p><p>- Flexível: trata-se da capacidade de mudar, iniciar e até mesmo suspender</p><p>a prática, caso ocorra um imprevisto.</p><p>- Alegre: o facilitador ser alegre e capaz de transformar esse estado de</p><p>espírito em empatia e motivação.</p><p>- Sensível: deve ser sensível para entender e compreender as necessidades</p><p>das pessoas e do processo.</p><p>- Paciente: pois é fundamental entender o ritmo e as necessidades de cada</p><p>criança e garantir a evolução de todos na prática.</p><p>- Sensorial: estar atento a todos os sentidos das pessoas que participam</p><p>das expressões lúdicas, como alegria, tristeza, prazer, entre outras.</p><p>Portanto para além de uma nomenclatura que queremos que seja utilizada,</p><p>temos como interesse trazer uma reflexão sobre a prática dos profissionais, não</p><p>temos aqui a intenção de criticar ou ainda condenar práticas que ainda hoje</p><p>percebemos, mas apresentar um outro olhar, um outro caminho. Acreditando que</p><p>somos seres em evolução e em constante aprendizagem e que por este motivo</p><p>devemos olhar e perceber a necessidade de mudança em nossa prática, buscando</p><p>novas referências na busca da valorização não apenas profissional, mas do tempo</p><p>e relação com os seres brincantes que vão passar em nossa jornada</p><p>RECREATIVA.</p><p>13</p><p>Para maior assimilação e com a intenção de fortalecer o conteúdo</p><p>apresentado, a seguir vamos disponibilizar algumas possibilidades práticas, com a</p><p>intenção de promover o brincar e auxiliar os diferentes agentes de brincar, seja ele:</p><p>profissional da Recreação e Lazer, Pai, Mãe, Avós, Tios, irmãos mais velhos ou</p><p>qualquer pessoa que acredita no brincar e no vínculo que pode ser criado por seu</p><p>intermédio, se ao ser oferecido, for respeitado o protagonismo, tempo de</p><p>experiência e voluntariedade de todos.</p><p>REPERTÓRIO DE ATIVIDADES</p><p>1. METEORO</p><p>Faixa etária sugerida: 07 a 12 anos e adolescentes.</p><p>Materiais: cadeiras e fitinhas coloridas – vermelha e azul.</p><p>Desenvolvimento: o educador irá dispor as cadeiras em roda e cada criança</p><p>sentada na cadeira. No meio da roda ficará dois jogadores sem cadeira. O</p><p>educador separará o grupo em duplas (um com a marcação vermelha e outro</p><p>azul). Cada criança estará conectada (mãos dadas) com o jogador do seu lado</p><p>direito, formando assim uma dupla. Os dois jogadores centrais darão início do jogo</p><p>com os seguintes comandos: Sol: todos os jogadores de cor azul vão trocar de</p><p>lugar, e assim os jogadores centrais deverão conquistar cadeiras vazias, sobrando</p><p>assim dois outros jogadores ao centro que não conseguiram ocupar outro lugar.</p><p>Lua: todos os jogadores com a marcação azul realizarão a mesma ação do grupo</p><p>vermelho (acima já descrito). Eclipse Total: bagunça geral, todos os jogadores</p><p>trocarão de lugar, e os jogadores centrais buscarão novas ocupações, sobrando</p><p>assim outros jogadores que darão reinício do jogo. Meteoro: essa parte é uma das</p><p>mais divertidas deste jogo, as duplas trocarão de lugar de mãos dadas. Aquela</p><p>dupla que “sobrar” dará continuidade como jogadores centrais. O jogo</p><p>permanecerá em ação até quando houver motivação por parte dos participantes.</p><p>14</p><p>2. A TRILHA</p><p>Faixa etária sugerida: a partir de 03.</p><p>Materiais: tapetes pequenos ou peças de EVA.</p><p>Desenvolvimento: o educador deverá distribuir no espaço de jogo tapetes</p><p>pequenos ou peças de EVA formando assim uma trilha. A crianças então deverão</p><p>cair somente sobre as peças lançadas. Para deixar a brincadeira mais divertida,</p><p>dando “ar mais simbólico” na qual o caminho é uma ponte e as crianças não</p><p>poderão pisar fora dela, que seria o lago.</p><p>3. EM QUE FORMA VAI À FORMA</p><p>Faixa etária sugerida: 03 a 06 anos.</p><p>Materiais: fita crepe, giz de lousa, e diversas formas geométricas.</p><p>Desenvolvimento: os jogadores estarão dispostos em roda e cada na sua casa</p><p>(cadeira ou bambolê). O educador deve desenhar, previamente, no chão da área</p><p>de jogo, diferentes formas geométricas, de diversos tamanhos. Em outro espaço</p><p>serão espalhadas as mesmas figuras geométricas, entretanto em papel impresso.</p><p>As crianças, enfim, deverão encaixar a figura impressa com a mesma desenhada</p><p>ao chão!</p><p>4. CAIXAS SURPRESAS 21</p><p>Faixa etária sugerida: 07 a 12 anos e adolescentes.</p><p>Materiais: caixa de papelão decorada, folhas de papel sulfite, caneta e objetos para</p><p>desafios.</p><p>15</p><p>Desenvolvimento: os participantes serão divididos em duas equipes com o mesmo</p><p>número de pessoas. O educador deverá, previamente, preparar filipetas de papel</p><p>com diversos desafios. Um jogador de cada equipe deverá retirar uma filipeta, e ao</p><p>ler, toda a sua respectiva equipe deverá cumprir com a tarefa e assim</p><p>sucessivamente. Cada desafio terá uma pontuação diferente, a equipe que alcança</p><p>21 pontos será declarada vencedora.</p><p>5. A BATATINHA FRITA 1, 2, 3</p><p>Faixa etária sugerida: 03 a 06 anos, e 07 a 12 anos.</p><p>Materiais: nenhum.</p><p>Desenvolvimento: um participante será considerado o líder e ficará “de costas”</p><p>para o grupo. Traça-se uma linha e todo grupo se coloca atrás dela. O líder</p><p>entoará “Batatinha frita 1, 2, 3!” e vira-se rapidamente. Enquanto o líder está de</p><p>costas dizendo o refrão, o grupo avança sem fazer barulho e deverá parar</p><p>rapidamente antes que o jogador se vire. Quem for pego andando volta para trás</p><p>da linha. O vencedor será quem chegar junto do líder sem ser percebido.</p><p>6. ENCONTRE UM PAR</p><p>Faixa etária sugerida: 05 anos até terceira idade.</p><p>Material: bola e aparelho de som.</p><p>Desenvolvimento: O educador na posição de facilitador deve previamente</p><p>selecionar uma música. Os demais participantes devem formar duplas, as duplas</p><p>devem dançar seguindo o ritmo da música tocada. No centro fica alguém sobre</p><p>16</p><p>posse de uma bola que estará sem dupla, em dado momento, deve lançar a bola</p><p>para cima e quando isso for feito, todos devem trocar de duplas, a pessoa que está</p><p>no centro deve então ir à busca de uma pessoa para formar dupla. Quem ficar sem</p><p>dupla ocupa a posição central sobre posse da bola. O jogo deve durar enquanto a</p><p>música estiver rolando.</p><p>7. JOGO DAS PROFISSÕES</p><p>Faixa etária sugerida: 08 anos até terceira idade.</p><p>Materiais: etiqueta e caneta.</p><p>Desenvolvimento: Cada brincante deve receber uma etiqueta e nela escrever uma</p><p>profissão. Ao sinal do facilitador, que pode ser uma palma. Todos devem caminhar</p><p>pelo espaço, mas não devem se afastar um dos outros. Após algum tempo o</p><p>facilitador deve dar um novo sinal que pode ser duas palmas. Neste momento</p><p>todos devem para e colar a etiqueta com uma profissão escrita nas costas de</p><p>quem estiver mais próximo. Um novo sinal por parte do facilitador (uma palma) e</p><p>todos devem voltar a se deslocar pelo espaço. Depois de certo tempo duas palmas</p><p>e agora devem se encontrar e um dos brincantes deve tentar através de gestos</p><p>sem sons, fazer com que a pessoa descubra qual a profissão está em suas costas,</p><p>uma vez que descobriu as posições devem ser invertidas. Depois que a maioria</p><p>descobriu, o facilitador deve reiniciar o jogo e novas duplas devem ser formadas.</p><p>8. MEU AMIGO, MINHA OBRA PRIMA</p><p>Faixa etária sugerida: 05 anos até terceira idade.</p><p>Material: nenhum.</p><p>17</p><p>Desenvolvimento: O educador deve dividir o grupo em duplas, e em da dupla é</p><p>necessário que alguém comece na posição de escultura. O amigo deve esbanjar</p><p>de sua criatividade (sempre com muito respeito) para fazer uma linda obra de arte</p><p>em seu colega, depois de certo período as posições devem ser trocadas, o</p><p>escultor passa a ser escultura e a escultura passa a ser escultor. O educador deve,</p><p>durante a construção das esculturas, orientar e perceber se alguém está passando</p><p>do limite, e então conversa lembrando sobre a importância de respeitar o próximo.</p><p>Sempre que achar importante por tanto faz-se necessário que educador abra rodas</p><p>de conversa, não necessariamente esperar até o final do jogo para faze-la.</p><p>9. MBUBE MBUBE</p><p>Faixa etária sugerida: 05 anos até terceira idade.</p><p>Material: 2 vendas para olho.</p><p>Desenvolvimento: Jogo original de Gana Gana, esta atividade faz referência à caça</p><p>do leão, sendo que a palavra ‘Mbube’ significa leão em zulu. Este jogo ocorre em</p><p>roda, tendo dentro da roda dois jogadores, ambos vendados que será um leão</p><p>(pegador) e uma impala (a caça). Quando o jogo se inicia o leão deverá seguir as</p><p>dicas dos jogadores que estão formando a roda para conseguir pegar a impala,</p><p>que por sua vez, também através das dicas da roda tentará escapar do leão. A</p><p>roda ficará repetindo as palavras “Mbube Mbube” (pronuncia-se imbube imbube)</p><p>bem baixinho quando o leão estiver longe, começando a falar cada vez mais alto</p><p>conforme o leão vai se aproximando da impala. Quando o leão consegue caçar a</p><p>impala troca-se esses dois jogadores.</p><p>18</p><p>10. GAVIÕES E PASSARINHOS</p><p>Faixa etária sugerida: 04 a 10 anos.</p><p>Material: Giz para desenhar o chão.</p><p>Desenvolvimento: Para que a atividade aconteça é necessário que seja desenhado</p><p>no chão uma árvore, com vários galhos que na ponta tem um círculo uma para</p><p>cada passarinho. Sendo este o lugar onde os passarinhos iniciam. Na base da</p><p>árvore deve ser demarcado que vai representar o chão da floresta. Este será o</p><p>lugar de início do gavião. O facilitador deve dar um comando: Voa passarinho os</p><p>passarinhos. A partir deste comando os passarinhos devem trocar de lugar e neste</p><p>momento o Gavião sai para sua caça. Quem for pego, passa a ser gavião. O jogo</p><p>termina quando uma restar uma única criança e na próxima rodada a última</p><p>criança ocupará a posição de gavião.</p><p>11. PEGA-PEGA NOMES</p><p>Faixa etária sugerida: a partir de 06 anos.</p><p>Material: nenhum.</p><p>Desenvolvimento: Todos brincantes em um território estipulado pelo facilitador.</p><p>Uma criança deve ser escolhida para iniciar na função de pegador e os demais são</p><p>fugitivos. O pegador deve corre atrás de um brincante este ao perceber que é o</p><p>objetivo do pegador para não ser pego, deverá falar o nome de outro brincante.</p><p>Automaticamente o nome pronunciado será o pegador. Nota-se que todos devem</p><p>estar atentos pois é um jogo dinâmico, onde os pegadores trocam-se com</p><p>constância.</p><p>19</p><p>12. CORRIDA DA TARTARUGA</p><p>Faixa etária sugerida: a partir de 04 anos.</p><p>Material: almofada.</p><p>Desenvolvimento: Utilizando almofadas, instrui-se a crianças a ficar em posição de</p><p>quatro apoios, onde ela deve percorrer um determinado trajeto, com a almofada</p><p>sob as costas, sem deixar a almofada cair. Em caso da queda da almofada,</p><p>recoloca-se sob a criança e a mesma continua o trajeto. A atividade pode ser</p><p>realizada com várias crianças ao mesmo tempo.</p><p>13. MUSTAFÁ</p><p>Faixa etária sugerida: a partir de 03 anos.</p><p>Material: nenhum.</p><p>Desenvolvimento: O educador inicia contando a história das múmias do Egito e</p><p>deve enfatizar que todos agora estão no museu e que neste museu existe uma</p><p>múmia que é pegadora que se chama MUSTAFÁ. Depois de contada a história</p><p>deve escolher dentro do grupo alguém para ser o MUSTAFÁ, este por sua vez</p><p>deve ser colocado em uma das extremidades</p><p>do espaço destinado ao jogo. No</p><p>lado oposto ao Mustafá estarão as demais pessoas do grupo e logo devem gritar a</p><p>seguinte frase - “Mustafá quantos passos eu vou dá? Um, dois ou três.” Mustafá</p><p>então deve responder a quantidade de passos e atrelar ao movimento de algum</p><p>animal Exemplo: Dois passos de Elefante, Um passo de formiga etc. Quando achar</p><p>que as crianças já estão próximas, deve responder da seguinte maneira: “Nenhum</p><p>porque agora sou eu que vou pegar.” Dito isso deve sair em disparada para pegar,</p><p>quem for pego troca de lugar com o mustafá. O jogo deve continuar enquanto</p><p>houver interesse pelo grupo.</p><p>20</p><p>14. ROLANDO A BEXIGA</p><p>Faixa etária sugerida: a partir de 05 anos.</p><p>Material: 1 bexiga para cada criança.</p><p>Desenvolvimento: As crianças devem estar dispostas em roda. Inicialmente uma</p><p>criança terá bexiga e mesma deve passar na mão de todas as crianças. Todas as</p><p>vezes que a bexiga completa a roda passando por todas as crianças, outras</p><p>bexigas devem ser colocadas na roda e aumentar a velocidade.</p><p>O objetivo é não deixar as bexigas caírem e se isso acontecer deve parar a</p><p>brincadeira e reiniciar o giro. As crianças devem se organizar para que todas as</p><p>bexigas passem por todas as crianças da roda sem cair.</p><p>15. OS SUBMARINOS</p><p>Faixa etária sugerida: a partir de 04 anos.</p><p>Material: vendas para olhos, bolinha de papel.</p><p>Desenvolvimento: As crianças devem ser divididas em duplas e nas duplas se</p><p>organizarem uma em frente a outra, com as mãos nos ombros de quem estiver na</p><p>frente, esses serão o submarino. As crianças que estão atrás vão guiar os que</p><p>estão na frente que devem estar vendados, fazendo com que todas se as duplas</p><p>se aproximem. Quando estiverem relativamente perto, devem lançar a bolinha de</p><p>papel e tentar acertar outras crianças vendadas, um único arremesso. Depois de</p><p>todas terem lançado suas bolinhas, devem voltar ao início e reiniciar trocando a</p><p>posição entre as duplas.</p><p>21</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ABRE, Associação Brasileira de Recreadores. Sobre (2020). Disponível em:</p><p>. Acesso em: 17 mai. 2020.</p><p>ARAUJO, C. S.; SILVA, T. A. C. Jogos cooperativos: contemplando a sociedade</p><p>do século XXI. São Paulo: Editora Supimpa, 2019.</p><p>BRASIL. Art. 6º da Constituição Federal, 1988. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 10 mai. 2020.</p><p>KISHIMOTO, T. M. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 2003.</p><p>SILVA, T. A. C; ARAÚJO, C. S., Vamos brincar: dinâmicas que potencializam a</p><p>aprendizagem. 2º Ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2018.</p><p>SILVA, T. A. C.; PINES JUNIOR, A. R. Encontro de animadores socioculturais -</p><p>ENAREL 2011. Avaré/SP, 2011.</p><p>________ Lazer e recreação: conceitos e práticas culturais. Rio de Janeiro: Wak,</p><p>2018.</p><p>________ Brincar, jogar e aprender: práticas que inspiram o educador e facilitam</p><p>a aprendizagem. Rio de Janeiro: Vozes, 2020.</p><p>22</p><p>A TEORIA DO LAZER APLICADA</p><p>A PRÁTICA DO BRINCAR</p><p>André Mattos Benatti de Andrade</p><p>O assunto abordado neste capítulo, tem o objetivo de trazer reflexões sobre</p><p>discussões que permeiam os estudo do lazer no Brasil, desde a década de 1970,</p><p>mas que tomam corpo e chegam mais perto da sociedade a partir da década de</p><p>1990, com a ampliação de pesquisas e congressos dedicados ao tema.</p><p>Compreendendo o contexto que vivemos onde não mais podemos definir</p><p>nossas ações apenas pela prática das nossas atividades, nos apoiaremos na</p><p>teoria do lazer para entender e refletir sobre o brincar, sendo ele dirigido ou não,</p><p>mas sempre com o objetivo quanto a importância para o indivíduo que brinca e nos</p><p>diversos valores que ele o traz.</p><p>É interessante refletir sobre os momentos de lazer na sociedade. A</p><p>incompreensão quanto as possibilidades que o lazer gera para o indivíduo, bem</p><p>como a forma de sua participação, fazem com que o sujeito escolha as mesmas</p><p>atividades para vivenciar, sem nenhuma diversificação (MARCELLINO, 2002, p.</p><p>10).</p><p>Reforçando o desconhecimento da sociedade quanto aos momentos de</p><p>lazer, o mesmo autor sugere que:</p><p>o ideal seria que cada pessoa praticasse atividades que abrangessem os</p><p>vários grupos de interesse, procurando, dessa forma, exercitar, no tempo</p><p>disponível, o corpo, a imaginação, o raciocínio, a habilidade manual, o</p><p>relacionamento social, o intercâmbio cultural e a quebra da rotina, quando,</p><p>onde, com quem e da maneira que quisesse. No entanto, o que se verifica</p><p>é que as pessoas geralmente restringem suas atividades de lazer a um</p><p>campo específico de interesse. E geralmente o fazem não por opção, mas</p><p>por não terem tomado contato com outros conteúdos (MARCELLINO,</p><p>2002, p. 10).</p><p>23</p><p>Nesse sentido, observa-se que o indivíduo, mesmo que não tenha</p><p>conhecimento de outras opções de lazer (o que hoje pode se considerar algo em</p><p>menor escala), é ele quem escolhe a atividade a ser praticada, o que nos remete</p><p>ao conceito de lazer.</p><p>Um dos mais conhecidos conceitos para o entendimento do lazer foi</p><p>formulado pelo sociólogo francês Dumazedier (2008) e compreende o lazer com</p><p>base na atividade humana, quanto à forma e seu conteúdo, sendo ela realizada</p><p>após as obrigações, mas não de forma cronológica, como uma ocupação ou</p><p>atividade no tempo livre. Dumazedier foi um pesquisador chave para o início dos</p><p>estudos do lazer no Brasil na década de 1970, onde provocou diversas reflexões</p><p>importantes até hoje.</p><p>Dumazedier (2008) compreende o lazer como:</p><p>Um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre</p><p>vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se</p><p>ou ainda para desenvolver sua formação desinteressada, sua participação</p><p>social voluntária, ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou</p><p>desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais (2008,</p><p>p. 34).</p><p>Destaco no conceito acima que, talvez a palavra mais importante para o</p><p>entendimento de lazer seja a palavra após, pois ela divide o tempo do indivíduo</p><p>entre lazer e obrigações sem configurar as ações de forma cronológica. Ou seja,</p><p>livrar-se e desembaraçar-se, não significa que o indivíduo vivenciará o lazer em um</p><p>ou outro horário específico do seu dia, mas sim que ele acontecerá em um</p><p>momento diferente do tempo de obrigações, isto é, em seu tempo disponível.</p><p>A divisão do tempo é, sem dúvida, uma unanimidade para os teóricos e</p><p>pesquisadores do lazer no Brasil, onde compreendem que é no tempo disponível</p><p>que acontece os momentos de lazer.</p><p>24</p><p>Um outro conceito muito importante é o conceito de Marcellino, que entende</p><p>o lazer como:</p><p>Cultura – compreendida no seu sentido mais amplo – vivenciada (praticada</p><p>ou fruída), no “tempo disponível”. É fundamental como traço definidor, o</p><p>caráter “desinteressado” dessa vivência. Não se busca, pelo menos</p><p>basicamente, outra recompensa além da satisfação provocada pela</p><p>situação. A “disponibilidade de tempo” significa possibilidade de opção pela</p><p>atividade prática ou contemplativa (2007, p. 11).</p><p>Esse conceito traz interessantes reflexões para incentivadores, mediadores,</p><p>recreadores e facilitadores do brincar quanto a vivência da cultura dentro do tempo</p><p>disponível. Devemos ter o cuidado em relação as escolhas na prática do brincar,</p><p>levando em consideração o contexto cultural daquele grupo. Mas, caso haja</p><p>intencionalidade em proporcionar algo culturalmente diferente do contexto daquele</p><p>grupo, que seja bem elaborado, a ponto de transmitir ou até mesmo construir uma</p><p>nova prática cultural.</p><p>Tais reflexões auxiliam na compreensão da prática do brincar (no momento</p><p>de lazer), deixando de pensá-la como algo banalizado (em muitos casos),</p><p>passando a enxergá-la como algo construtivo e até mesmo pedagógico. Podemos</p><p>afirmar, portanto, que as vivências culturais experimentadas e/ou realizadas por</p><p>um indivíduo no tempo disponível, podem</p><p>ser consideradas lazer.</p><p>Valle conceitua a cultura como um “conjunto global de modos de fazer, ser,</p><p>interagir e representar que, produzidos socialmente envolvem simbolização e, por</p><p>sua vez, definem o modo pelo qual a vida social se desenvolve” (1982, p. 35).</p><p>A partir desse conceito é possível perceber a importância da vivência</p><p>atrelada ao sentido que ela deve trazer ao indivíduo. É muito comum ver grupos de</p><p>crianças brincando, de forma coletiva direcionada (ou não) e pensar que o que</p><p>está acontecendo naquele momento é algo obrigatório, desvinculando o contexto</p><p>de fazer, ser, interagir e representar, conceituado pelo autor supracitado acima,</p><p>como cultura. Ou seja, se aquele momento fez sentido e acontece dentro do tempo</p><p>25</p><p>disponível, uma opção que temos é de avaliar que esse pode ser um momento de</p><p>lazer e que as crianças estão brincando de forma desinteressada e voluntária.</p><p>Outra reflexão interessante a partir desse conceito é a questão da</p><p>recompensa. É muito fácil, nos dias de hoje, acreditarmos em recompensas físicas</p><p>ou até mesmo monetárias, mas talvez muito difícil entender a satisfação que é</p><p>gerada com a participação (prática ou contemplativa) de algum momento de lazer.</p><p>Isso porque subestimamos o valor do sorriso, do abraço, do brincar livre e</p><p>buscamos algo que traga algum benefício físico, palpável, financeiro, o que não</p><p>está errado, mas devemos incentivar algo que seja livre, despreocupado, leve,</p><p>como simplesmente a “satisfação provocada pela situação”.</p><p>O brincar de forma livre traz satisfação, pois faz sentido para o indivíduo,</p><p>bem como também faz sentido brincar com outro, em grupo, em família, com</p><p>amigos, até mesmo de forma dirigida, se estiver dentro dos princípios básicos dos</p><p>conceitos de lazer: tempo disponível, caráter desinteressado e atividade vivenciada</p><p>de forma prática ou contemplativa.</p><p>Ainda explorando os conceitos abordados acima, vivenciar algo dentro do</p><p>aspecto amplo de cultura, Marcellino (2007) diz que:</p><p>Quando me refiro à cultura, não estou reduzindo lazer a um único</p><p>conteúdo, vendo-o de uma perspectiva parcial, como geralmente ocorre</p><p>quando se utiliza a palavra cultura, quase sempre restringindo-a aos</p><p>conteúdos artísticos, mas aqui abordando os diversos conteúdos culturais.</p><p>(2007, p. 10).</p><p>Esse conceito pode nos lembrar de nomenclaturas de secretarias públicas</p><p>de municípios, estados e federação, pois é comum a palavra cultura estar</p><p>relacionada ao patrimônio cultural, administração de teatros, espaços públicos de</p><p>economia criativa, turismo entre outras possibilidades. Inclusive, anteriormente, até</p><p>1985, essa secretaria dentro do governo federal, ficava junto com o Ministério da</p><p>Educação, que até então era chamado de Ministério da Educação e Cultura. Nesse</p><p>momento, em 2020, a secretaria da Cultura está vinculada ao Ministério do</p><p>Turismo.</p><p>26</p><p>Porém, o entendimento de cultura, - compreendida no seu sentido mais</p><p>amplo - abordado no conceito de lazer, faz referência aos interesses culturais,</p><p>conhecidos também como conteúdos culturais do lazer.</p><p>O lazer vivenciado, refletindo em seus valores como possibilidade, foi</p><p>dividido em seis conteúdos por Dumazedier (1980) e completado por Camargo</p><p>(1986). Esses conteúdos podem ser somados em cada momento de lazer e podem</p><p>ser visíveis de acordo com a experiência vivida; são eles: os interesses artísticos,</p><p>os intelectuais, os físicos, os manuais, os sociais (cf. DUMAZEDIER, 1980) e os</p><p>turísticos (cf. CAMARGO, 1986).</p><p>Todas as manifestações de lazer enquadram-se em um ou mais conteúdos,</p><p>e o critério para distinção é a predominância de cada um.</p><p>Como exemplo, em um jogo de futebol, vivenciado no tempo de lazer, ele</p><p>pode ser considerado para alguns como conteúdo físico esportivo, porém, para</p><p>outros como conteúdo social, pois naquele momento o que gerou valor para a sua</p><p>participação foi estar com os amigos e não praticar o esporte.</p><p>Destrinchando um pouco mais os conteúdos culturais do lazer, entendemos</p><p>que:</p><p>- O conteúdo manual, é aquele que a capacidade de manipulação é</p><p>predominante. Exemplos no brincar: Artesanatos, oficinas manuais, origami etc.</p><p>- O conteúdo Intelectual, o que predomina é a busca de informações</p><p>objetivas. Exemplos no brincar: Caças, enigmas, desafios jogos de tabuleiro etc.</p><p>- O conteúdo social, ocorre quando se busca o relacionamento, o contato, ou</p><p>seja, estar junto com pessoas é prioridade. Exemplos no brincar: Atividades de</p><p>integração e quebra gelo.</p><p>27</p><p>- No conteúdo físico esportivo, o que prevalece é o movimento, a atividade</p><p>física, o esporte e o desporto. Exemplos no brincar: Jogos de quadra e campo,</p><p>jogos esportivos, grandes jogos, mega gincanas etc.</p><p>- O conteúdo Artístico abrange diversas manifestações artísticas. Exemplos</p><p>no brincar: Teatros, filmes, criação de brinquedos etc.</p><p>- Dentro do conteúdo Turístico, o que se busca, predominantemente é a</p><p>quebra de rotina temporal ou espacial, além do contato com novas paisagens e</p><p>culturas. Exemplos no brincar: Passeios, jogos onde outras culturas são</p><p>incentivadas, jogos de perguntas e respostas sobre países e culturas etc.</p><p>Ainda nesse sentido, não podemos deixar de lado a possibilidade do brincar</p><p>no ambiente virtual, onde os seis conteúdos de forma geral, podem ser explorados.</p><p>Gruber e Stoppa (2017), confirmam a importância e relevância do ambiente virtual,</p><p>afirmando que:</p><p>Além de ser um dos principais meios de comunicação, a internet possibilita</p><p>a comunicabilidade em tempo real para uma grande quantidade de</p><p>pessoas no mesmo instante. Quando relacionamos o uso dessas redes</p><p>com o lazer, é perceptível a importância desse meio no tempo de lazer e</p><p>de convívio, substituindo até a interação presencial para grande parte dos</p><p>brasileiros. (2017, p. 84).</p><p>Schwartz e Moreira (2007) ainda trazem uma importante reflexão quanto a</p><p>transmissão cultural que a internet, ou seja o ambiente virtual, traz para quem</p><p>busca opções de lazer, afirmando que “o ambiente virtual, utilizado no contexto do</p><p>lazer, também é apontado como uma nova maneira de transmissão cultural,</p><p>atendendo às expectativas atuais”.</p><p>Nesse contexto, com base nos conceitos trazidos nesse capítulo, é</p><p>importante relembrar que o brincar livre ou dirigido, que ocorre no tempo disponível</p><p>(tempo de lazer), independente do conteúdo cultural e do ambiente (presencial ou</p><p>28</p><p>virtual), deve ser estimulado sempre de forma coerente, buscando uma prática</p><p>focada no sujeito que brinca, sendo ele criança, ou não.</p><p>Nesse 2º momento, traremos atividades recreativas divididas pelos</p><p>conteúdos culturais. É importante destacar que um conteúdo não é mais</p><p>importante do que o outro, e que inclusive eles podem ser somados dentro da</p><p>mesma atividade. Porém, apenas segundo interpretação do indivíduo, é que um</p><p>conteúdo se torna mais relevante do que o outro.</p><p>As atividades sugeridas, a seguir, são para idades aleatórias, entendendo</p><p>que a diversidade do estímulo gerado pelo conteúdo cultural é mais importante do</p><p>que a faixa etária que ela é proposta (nesse momento), levando em consideração</p><p>também, que adaptações podem ser feitas, segundo o público, o ambiente, o</p><p>motivo da atividade etc.</p><p>REPERTÓRIO DE ATIVIDADES</p><p>CONTEÚDO CULTURAL MANUAL</p><p>16. ABRE E FECHA</p><p>Objetivo: Dizer o que a pessoa escolheu.</p><p>Faixa etária sugerida: A partir dos 4 anos.</p><p>Descrição: O participante fará uma dobradura e irá pedir para que o outro escolha</p><p>um número. Assim, essa pessoa vai escolher uma cor que vai lhe dar uma palavra.</p><p>29</p><p>Funcionamento: A dobradura se faz dessa forma:</p><p>Na figura 5, embaixo das abas, coloque adjetivos. Quando dobrados, pinte cada</p><p>parte de uma cor. Um participante pede para que o outro diga um número, ele abre</p><p>e fecha a dobradura até abrir o número escolhido. O participante escolhe a cor e</p><p>checa o adjetivo que caiu para ele.</p><p>Recursos Necessário: Papel e caneta (ou lápis).</p><p>Possibilidade de utilização: Pode-se utilizar frutas, cores, entre outros elementos.</p><p>Adaptações: Para ensinar línguas, pode-se utilizar palavras que estão sendo</p><p>estudadas.</p><p>17. CINCO MARIAS</p><p>Objetivo: Pegar as “Marias” do chão e a que foi jogada, com a mesma mão.</p><p>Faixa etária sugerida: A partir de 6 anos.</p><p>Descrição: O participante irá jogar uma “maria” para o alto e deverá pegar as que</p><p>estão no chão com a mesma mão, aumentando o número que deve pegar a cada</p><p>rodada, até que pegue todas.</p><p>30</p><p>Funcionamento: O participante irá jogar as “marias” (pedrinhas ou saquinhos</p><p>pequenos de arroz) para o alto e os deixar cair. Deve-se escolher uma dessas</p><p>“marias” que estão caídas e lançar novamente para o alto e pegar outra que está</p><p>no chão sem deixar a que foi jogada cair, utilizando a mesma mão. Na rodada</p><p>seguinte lança uma novamente, mas terá que pegar 2 “marias” do chão e assim</p><p>sucessivamente até que pegue todas as “marias”.</p><p>Recursos Necessário: Cinco pedras ou saquinhos de pano com arroz.</p><p>Possibilidade de utilização: Qualquer lugar.</p><p>Adaptações: Outra forma de brincar é usar uma bolinha de tênis, onde o</p><p>participante irá quicar ela (fazê-la pular) e ir recolhendo as “marias” do chão o mais</p><p>rápido possível. Pode-se variar a quantidade de “marias”.</p><p>CONTEÚDO CULTURAL INTELECTUAL</p><p>18. CAOS</p><p>Objetivo: Achar os números em um tabuleiro e realizar os desafios.</p><p>Faixa etária sugerida: A partir de 8 anos.</p><p>Descrição: Um jogo que usa um grande tabuleiro numérico 1 a 40. Cada número</p><p>tem uma ficha que deve ser escondida pelo espaço com uma palavra, ou seja, o</p><p>número e a palavra em cada papel (40 papéis).</p><p>Funcionamento: A criança ou equipe joga o dado e verifica o número no tabuleiro</p><p>que ele deve procurar escondido pelo espaço. No sinal do recreador, os grupos</p><p>saem a procura do número do tabuleiro e quando encontrarem decoram a palavra.</p><p>Retornam ao recreador que está com uma folha numerada e dizem a palavra. O</p><p>31</p><p>recreador confere se está exata a palavra e lança um desafio que está escrito na</p><p>“folha de respostas” do recreador. Cumprido o desafio, as crianças recebem o Ok</p><p>do recreador para jogar o dado e ir atrás do próximo número.</p><p>Recursos Necessário: Dado grande (de preferência), um tabuleiro feito para o jogo</p><p>caos. 40 fichas com palavras e 1 folha com 40 desafios simples para ficar com o</p><p>recreador.</p><p>Possibilidade de utilização: Pode ser usado com palavras segmentadas, frases,</p><p>exemplo, verbos ou termos de alguma disciplina da escola, ou com animais. O</p><p>espaço é importante, porém, a adaptação é bem fácil de ser realizada. Pode ser</p><p>feito dentro de uma sala pequena, sendo os papeis recortados menores e bem</p><p>escondidos, ou num grande espaço com papeis maiores e mais visíveis.</p><p>Adaptações: As divisões podem ser em grupos pequenos ou grandes, dependendo</p><p>das suas possibilidades e necessidades.</p><p>19. QUE PAÍS É ESSE?</p><p>Objetivo: Adivinhar a charada.</p><p>Faixa etária sugerida: A partir dos 9 anos.</p><p>Descrição: Adivinhar a charada ouvindo-a apenas 3 vezes.</p><p>Funcionamento: Divida os participantes em trios. O recreador falará a seguinte</p><p>charada “a letra L está oposta ao N e também está à esquerda do E e à direita do</p><p>A. O H está entre o N e o A. A letra M está oposta ao A e também está entre o E e</p><p>o A. Se você colocar as letras nos lugares indicados vai descobrir o nome de um</p><p>país. Qual?”. Os trios deverão adivinhar qual país é esse. O Recreador poderá</p><p>32</p><p>falar a charada somente mais 2 vezes e os participantes não podem escrever,</p><p>apenas usar o raciocínio.</p><p>Recursos Necessário: Papel charada e resposta apenas para o Recreador.</p><p>Organizar diversas charadas previamente.</p><p>Possibilidade de utilização: Qualquer lugar.</p><p>Adaptações: Pode-se criar outras charadas e outra divisão de equipes.</p><p>20. SIGA A SETA</p><p>Objetivo: Encontrar a equipe adversária em menor tempo através das pistas</p><p>deixadas.</p><p>Faixa etária sugerida: A partir de 5 anos.</p><p>Descrição: Após a divisão de equipes, definir quem primeiro irá se esconder, e o</p><p>tempo que terá para realizar isso. Antes do início da atividade, o recreador deverá</p><p>providenciar setas de diversas maneiras, direita, esquerda, para cima, para baixo e</p><p>o mais importante, uma seta com as quatro direções.</p><p>Funcionamento: A equipe que se esconderá, deverá deixar setas pelo caminho</p><p>que fará até o esconderijo. Não pode enganar colocando setas indicando locais</p><p>que a equipe não passou. Quando a equipe escolher o esconderijo, deverão</p><p>colocar a seta de 4 direções próximo do local. Por exemplo, se a equipe for se</p><p>esconder na quadra, a seta pode ser colocada na porta, isso indica que estão por</p><p>perto. Vencerá a equipe que encontrar a outra em menor tempo. Colocar um</p><p>monitor com cada equipe comandando.</p><p>33</p><p>Recursos Necessário: Setas, que podem ser de papel, confeccionada de forma</p><p>simples.</p><p>Possibilidade de utilização: Espaço com possibilidades de esconderijos.</p><p>Adaptações: As crianças podem andar de mãos dadas.</p><p>CONTEÚDO CULTURAL SOCIAL</p><p>21. JOGO DO PISCA</p><p>Objetivo: Não ser pego quando alguém piscar para você e/ou piscar para alguém e</p><p>conseguir tirá-lo do seu local sem o outro participante ser pego.</p><p>Faixa etária sugerida: A partir de 7 anos.</p><p>Descrição: Antes da atividade, preparar uma roda com cadeiras com a metade do</p><p>número de participantes. Um grupo ficará sentado e outro em pé atrás da cadeira</p><p>com as mãos para trás. Deixar uma cadeira vazia, com uma pessoa atrás dela.</p><p>Funcionamento: A pessoa que está em pé atrás da cadeira vazia deve piscar para</p><p>as pessoas que estão sentadas, que tentarão sair dos seus lugares e sentar no</p><p>lugar vazio. Mas, quem está atrás da cadeira, vai impedi-la tocando com a mão no</p><p>seu ombro. Caso o participante que estava sentado consiga sair, o participante que</p><p>está em pé (e agora com a cadeira vazia) deve continuar a brincadeira piscando</p><p>para outro participante sentado e assim continuará a atividade. Deixe claro para os</p><p>participantes que estão em pé, que estejam com as mãos para trás, e que o</p><p>“piscador” não demore muito para começar a piscar</p><p>Recursos Necessário: Cadeiras para a metade dos participantes.</p><p>34</p><p>Possibilidade de utilização: Atividade pode ser realizada em qualquer momento. É</p><p>uma boa opção para uma atividade de integração e quebra gelo.</p><p>Adaptações: Pode pedir para as pessoas sentarem no chão, os que ficam atrás,</p><p>fiquem de joelhos, porém dessa forma o jogo não fica tão dinâmico.</p><p>22. SIMON DIZ</p><p>Objetivo: Cumprir todas as ordens do Simon.</p><p>Faixa etária sugerida: A partir de 4 anos.</p><p>Descrição: Atividade na qual o recreador ou uma criança dará ordens a serem</p><p>seguidas.</p><p>Funcionamento: O recreador ou uma criança dará comandos a serem seguidos</p><p>pelos participantes que não podem hesitar. Por exemplo: Ele fará gesto que podem</p><p>ser pegadinhas. Os participantes que errarem saem do jogo. Os participantes só</p><p>podem seguir as ordens que vieram com a fala “Simon diz” antes. Ganha quem</p><p>ficar por último.</p><p>Recursos Necessário: Nenhum.</p><p>Possibilidade de utilização: Qualquer espaço.</p><p>Adaptações: Pode-se ampliar as regras de acordo com a criatividade.</p><p>35</p><p>23. STOP</p><p>Objetivo: Os participantes terão que responder todas os campos solicitados no</p><p>menor tempo possível.</p><p>Faixa etária sugerida: A partir de 8 anos.</p><p>Descrição: Atividade na qual os participantes terão que preencher todos os</p><p>campos solicitados no princípio do jogo a partir da letra escolhida do turno. Cada</p><p>acerto vale pontos, quem fizer maior número de pontos vence o jogo.</p><p>Funcionamento: Os participantes terão que fazer numa folha e papel, uma tabela</p><p>com as seguintes solicitações: Nome, objeto, Cor, FLV – fruta legume ou verdura,</p><p>FND – Filme novela ou desenho, CEP – cidade, estado ou país e Total.</p><p>O início do</p><p>jogo se dá quando um participante fala em voz alta uma letra A e continua baixinho</p><p>o alfabeto até que outro participante fale STOP, a letra que ele parar, será utilizada</p><p>para escrever as palavras em cada coluna da tabela. O primeiro participante que</p><p>preencher todas as colunas, diz STOP, os demais participantes não poderão mais</p><p>escrever. Todos leem em voz alta suas respostas. Cada resposta correta vale 10</p><p>pontos. Cada resposta correta e única marca 15 pontos. Quem pontuar mais,</p><p>vence o jogo.</p><p>Recursos Necessário: Folhas de papel e canetas. Pode usar também quadros de</p><p>flipchart e transformar um jogo de equipe.</p><p>Possibilidade de utilização: Jogo interessante para atividades de salão, mas pode</p><p>ser adaptado para outros ambientes também.</p><p>Adaptações: Podem ser colocadas outras pontuações e mudar a tabela ou quando</p><p>um participante colocar mesmas palavras diminuir a pontuação.</p><p>36</p><p>24. TRAVA-LÍNGUA</p><p>Objetivo: Falar o trava-línguas 3 vezes sem errar no tempo de 1 minuto.</p><p>Faixa etária sugerida: A partir de 8 anos.</p><p>Descrição: A equipe escolherá um participante que tentará falar o trava-línguas 3</p><p>vezes no período de 1 minuto.</p><p>Funcionamento: Divida os participantes em 2 equipes. A equipe escolhe um</p><p>participante e esse vai tentar dizer o trava-língua sem errar 3 vezes em 1 minuto.</p><p>Se errar, zera a contagem. Para cada trava-língua certo, 10 pontos. Ganha a</p><p>equipe que tiver mais pontos.</p><p>Exemplo: A Aranha e a Jarra</p><p>A Aranha arranha a jarra</p><p>A jarra arranha a aranha</p><p>Nem a aranha arranha a jarra</p><p>Nem a jarra arranha a aranha.</p><p>A liga</p><p>Se a liga me ligasse</p><p>Eu ligava a liga</p><p>Mas, como a liga não liga</p><p>Eu não ligo a liga</p><p>O Doce mais Doce</p><p>O doce perguntou para o doce</p><p>Qual é o doce mais doce</p><p>O doce respondeu para o doce</p><p>Que é o doce de batata-doce</p><p>37</p><p>Recursos Necessário: Apenas os trava-línguas.</p><p>Possibilidade de utilização: Em qualquer ambiente.</p><p>Adaptações: -----</p><p>CONTEÚDO CULTURAL ESPORTIVO</p><p>25. JOQUEMPÔ</p><p>Objetivo: Chegar na equipe adversária através do caminho estipulado, ganhando</p><p>no joquempô.</p><p>Faixa etária sugerida: A partir de 7 anos.</p><p>Descrição: Em uma quadra, colocar as equipes cada uma de um lado. Estipular um</p><p>caminho que elas devem seguir até chegar na equipe adversária (o caminho tem</p><p>que ser comum para as equipes).</p><p>Funcionamento: Ao comando do recreador, um integrante de cada equipe seguirá</p><p>pelo caminho até encontrar o adversário. No encontro, eles devem jogar joquempô</p><p>(pedra, papel e tesoura) e, aquele que ganhar o desafio, continua o caminho e</p><p>aquele que perdeu, volta para equipe e outra pessoa deverá começar o caminho</p><p>até encontrar o adversário e jogar novamente o joquempô. Marcará ponto a equipe</p><p>que chegar na equipe adversária. Atenção! Estipule um espaço pequeno, próximo</p><p>ao início das equipes, onde os adversários se enfrentarão apenas uma vez. Por</p><p>exemplo, a equipe A está próximo da equipe B, ao chegar no lugar estipulado, a</p><p>equipe A jogará apenas mais uma vez o joquempô.</p><p>Recursos Necessário: Algo que demarque o trajeto de uma equipe até a outra.</p><p>(Giz, marcas de uma quadra de esportes).</p><p>38</p><p>Possibilidade de utilização: Em locais abertos e fechados, de preferência uma</p><p>quadra.</p><p>Adaptações: Ao invés de joquempô, pode se usar outros jogos como par ou ímpar.</p><p>26. PEGA-PEGA CORAÇÃO</p><p>Objetivo: Salvar-se de ser pego abraçando um outro amigo. Pegar os outros</p><p>participantes.</p><p>Faixa etária sugerida: A partir de 4 anos.</p><p>Descrição: Uma criança inicia a brincadeira como pegador. Este deve estar com</p><p>um objeto pequeno, escolhido por ela própria, nas mãos. Para pegar uma criança</p><p>deve encostar esse objeto no peito da criança. Para que as crianças não sejam</p><p>pegas, elas deverão se abraçar (escondendo assim seu coração), podendo ficar</p><p>apenas 5 segundos abraçada com a mesma pessoa.</p><p>Funcionamento: O recreador deve sempre contar em voz alta até cinco, para</p><p>lembrar aos participantes dos 5 segundos de tolerância para ficar abraçado.</p><p>Recursos Necessário: Objetos para as crianças escolherem. Objeto pequeno sem</p><p>ponta.</p><p>Possibilidade de utilização: Espaço para correr.</p><p>Adaptações: É possível, antes do início da brincadeira, introduzir o tema de</p><p>afetividade/cidadania falando um pouco sobre amizade, da importância das</p><p>pessoas gostarem uma das outras e como e bom ter amigos e poder abraçá-los.</p><p>39</p><p>CONTEÚDO CULTURAL ARTÍSTICO</p><p>27. QUEM CONTA UM CONTO, AUMENTA UM PONTO</p><p>Objetivo: Recontar a história lembrando do máximo de detalhes.</p><p>Faixa etária sugerida: A partir de 12 anos.</p><p>Descrição: Os participantes devem recontar a história que foi ouvido.</p><p>Funcionamento: A sala deve estar vazia. O Recreador chama 1 participante e lê a</p><p>história. Depois de contada, o próximo participante entra e ouve a história do</p><p>anterior. Cada Participante poderá fazer 3 perguntas ao anterior para contar a</p><p>história para o próximo. O último participante contará a história modificada. O</p><p>recreador, no final lê a história original.</p><p>Recursos Necessário: Papel com a história.</p><p>Possibilidade de utilização: Melhor em locais fechados para ouvir bem a história.</p><p>Adaptações: Utilize histórias com nomes de pessoas, de ruas e com alguns termos</p><p>técnicos, deixa a atividade mais emocionante e engraçada.</p><p>28. CINEMA DE IMPROVISO</p><p>Objetivo: Executar uma cena do filme escolhido.</p><p>Faixa etária sugerida: A partir de 9 anos.</p><p>Descrição: A equipe terá que fazer a cena do filme que for sorteado.</p><p>40</p><p>Funcionamento: Cada equipe escolherá um número que vai corresponder a um</p><p>filme. A equipe terá que fazer uma cena desse filme. A melhor cena (votada por</p><p>jurados que não participam do jogo) ganha.</p><p>Recursos Necessário: Pode-se disponibilizar chapéus, tecidos e EVAs entre outros</p><p>acessórios para usar nas cenas.</p><p>Possibilidade de utilização: Local com espaço para a atividade.</p><p>Adaptações: ----</p><p>CONTEÚDO CULTURAL TURÍSTICO</p><p>29. SE VIRA NOS 30</p><p>Objetivo: Solucionar os problemas relativos a países no menor tempo possível.</p><p>Faixa etária sugerida: A partir de 8 anos.</p><p>Descrição: Desvendar o mistério dos países segundo as pistas.</p><p>Funcionamento: É dividido em duas equipes. O recreador deverá esconder as</p><p>pistas para as equipes acharem. Em cada pista estará escrito uma pergunta sobre</p><p>um país ou uma cultura do mesmo país, ou até mesmo fotos de um lugar turístico.</p><p>Os participantes terão que responder todos os desafios no menor tempo possível.</p><p>Cada resposta certa para o recreador, um novo número é falado por ele para que o</p><p>grupo procure no local determinado, até encerrarem todas as pistas.</p><p>Recursos Necessário: Pistas com charadas, mapa do local (não obrigatório) e folha</p><p>de resposta.</p><p>41</p><p>Possibilidade de utilização: Lugar com espaço para esconder as pistas.</p><p>Adaptações: Pode ser misturado com outros jogos, como scoteland Yard. Outra</p><p>regra que pode ser adicionada é que os participantes fiquem de mãos dadas.</p><p>30. PASSAPORTE</p><p>Objetivo: Os participantes terão que encontrar os países, na sequência.</p><p>Faixa etária sugerida: A partir de 7 anos.</p><p>Descrição: Atividade no qual os participantes terão que encontrar todas os países</p><p>na ordem em que foi determinada.</p><p>Funcionamento: O recreador após dividir os grupos (ou duplas), entregará para</p><p>cada grupo um papel com a ordem dos países e situações escritas. Cada grupo</p><p>fará uma ordem diferente, com o cuidado para não deixar uma equipe com</p><p>caminhos mais longos do que os outros. Em seguida, o recreador liberará os</p><p>grupos (que também podem ser duplas) para procurarem os países, cada um</p><p>segundo a sua ordem. Nesse momento aparece o personagem da alfândega, que</p><p>faz o papel de deixar ou não cada grupo entrar no país desejado, fazendo</p><p>perguntas sobre os países ou colocando tarefas que podem ser relacionadas a</p><p>esses países, ampliando a dificuldade</p><p>do jogo. A cada país conquistado, o grupo</p><p>segue em busca do próximo país da lista. O país, representado por um</p><p>personagem típico aprovará a sua entrada (fictícia) no país, com um carimbo.</p><p>Recursos Necessário: carimbos de aprovação de cada país, caracterização dos</p><p>personagens, papel e caneta para a confecção das ordens dos países. (Pode ser</p><p>digitado também).</p><p>42</p><p>Possibilidade de utilização: Áreas com espaço para correr e esconder os</p><p>personagens.</p><p>Adaptações: No caso de não ter todos os personagens (pessoas) pode-se</p><p>esconder também bandeiras de cada país no local. Os grupos devem procurar</p><p>essas bandeiras e “fugir” da alfândega para não perderem tempo.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ANDRADE, A. M. B.; Atividades recreativas. Licere Lazer e Recreação, 2020.</p><p>Disponível em: . Acesso em: 06 mai.</p><p>2020.</p><p>CAMARGO, L. O. L. O que é lazer. São Paulo: Brasiliense, 1986.</p><p>DUMAZEDIER, J. Lazer e cultura popular. Trad. Maria de Lourdes Santos</p><p>Machado. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2008.</p><p>DUMAZEDIER, J. Valores e conteúdos culturais do lazer. São Paulo: Sesc,</p><p>1980.</p><p>GRUBER, G. V.; STOPPA, E. A. O lazer do brasileiro: representações e</p><p>concretizações nos espaços e equipamentos. In: STOPPA, E. A.; ISAYAMA, H.</p><p>F. (Orgs.); Lazer no Brasil: representações e concretizações das vivências</p><p>cotidianas = Leisure in Brazil: representations and concretizations of everyday</p><p>experiences. Campinas, SP: Autores Associados, 2017. – (Coleção Educação</p><p>física e esportes).</p><p>MARCELLINO, N. C. (Org.). Repertório de atividades de recreação e lazer.</p><p>Campinas: Papirus, 2002.</p><p>43</p><p>MARCELLINO, N. C. (Org.). Lazer e cultura. Campinas: Alínea, 2007.</p><p>SCHWARTZ, G. M.; MOREIRA. J. C. C. O ambiente virtual e o lazer. In:</p><p>MERCELLIN, N. C. Lazer e cultura. Campinas: Alínea, 2007. p. 149-170.</p><p>VALLE, E.; QUEIROZ, J. (Orgs.). A cultura do povo. São Paulo: Educ, 1982.</p><p>44</p><p>O RECREADOR E A</p><p>BUSCA POR CONHECIMENTO</p><p>Rene Santos do Vale e Carlos Eduardo Sampaio Verdiani</p><p>Este capítulo, pioneiro e inovador para a recreação brasileira, inicia-se</p><p>explicando conceitos do brincar, de podcast e da recreação como prática e</p><p>estende-se por apresentar pesquisa qualitativa realizada pelo Podcast Recrecast-</p><p>Recreação realizada de forma online no ano de 2019, ano também em que o</p><p>Recrecast ganhou a Premiação Melhores do Ano - Empresas de Atrações de</p><p>Entretenimento na categoria Melhor Produção de Conteúdo e Influência Digital</p><p>realizado pelo Seminário Internacional de Entretenimento Infantil.</p><p>O Podcast Recrecast - Recreação, procura apresentar uma visão maior e</p><p>mais aprofundada da prática recreativa, levando ao público ouvinte, em sua</p><p>maioria recreadores e professores, a perceber o quão importantes são no processo</p><p>de desenvolvimento da criança. Levando conteúdo gratuito, livre e relevante</p><p>através de conversas descontraídas, leves e diretas. Sempre apresentando</p><p>teorias, estudos, práticas, conceitos e técnicas que possam auxiliar seus ouvintes</p><p>a desenvolverem um olhar crítico a respeito do brincar, do recrear e sobre o lazer.</p><p>O brincar possui algumas características como liberdade, gratuidade e</p><p>imprevisibilidade, características essas que distinguem o brincar de outras</p><p>atividades consideradas não-jogo. Entendemos assim, que para quem brinca,</p><p>brinca-se por brincar, e não para aprender ou desenvolver-se. Ainda nessa linha</p><p>seguimos com a visão de Fortuna a respeito do brincar.</p><p>Brincar é uma atividade fundamental no ser humano, a começar porque</p><p>funda o humano em nós: aquilo que o define – inteligência, criatividade,</p><p>simbolismo, emoção e imaginação, para listar apenas alguns de seus</p><p>atributos (RAMOS FORTUNA, 2018, p. 64).</p><p>45</p><p>Quero apresentar duas concepções do brincar sendo essas livre,</p><p>apresentada acima e o brincar conduzido. O brincar conduzido e convidativo, é</p><p>proposto por professores, recreadores e pais, na grande maioria dos casos com a</p><p>intenção de desenvolver competências e habilidades na criança ou no jovem, jogos</p><p>e brincadeiras em que o ser brincante brinca por brincar, por gostar, por aceitar o</p><p>convite a participar.</p><p>Para Vinicius Cavallari (2019) o brincar é sim espontâneo, simples mas em</p><p>alguns momentos a brincadeira pode não atender ou animar a todos os que</p><p>participam, daí a necessidade do profissional de recreação!</p><p>A infância é considerada como a fase de desenvolvimento mais crítica e</p><p>intensa do ciclo de vida do ser humano, durante a qual a criança constrói os seus</p><p>alicerces para o futuro, daí a importância do brincar bem conduzido e embasado,</p><p>ressalto também, que o brincar se faz necessário a todos os públicos e faixas de</p><p>idade, não sendo limitado ao público infantil. Por esses motivos, o recreador ou as</p><p>pessoas que trabalham nessa área de atuação buscam compreender mais a</p><p>respeito do brincar, das múltiplas linguagens, múltiplas exigências, sejam elas</p><p>psíquicas, cognitivas, físicas, sociais ou emocionais, que os diferentes públicos e</p><p>faixas de idade apresentam. Procuram diversos meios para aprender e entender</p><p>de que forma o brincar pode favorecer na melhor experiência e desenvolvimento</p><p>integral dos mesmos.</p><p>Está posto que, deve-se tratar todo e qualquer brincante como foco, papel</p><p>central da recreação e não a brincadeira ou jogo. No entanto daremos aqui ênfase</p><p>na infância, visto que por muitas vezes esse brincar focado no ser é negligenciado,</p><p>deixado em segundo plano, quando ela deve ser o protagonista da ação do</p><p>brincar. A partir desse contexto surgiu o podcast Recrecast, um podcast criado</p><p>com o intuito de fomentar um recrear mais científico, menos empírico e sempre</p><p>com a ideia de que o momento do brincar na infância, adolescência ou mesmo na</p><p>vida adulta deva ser um brincar por livre adesão, convidativo.</p><p>46</p><p>O QUE É PODCAST?</p><p>Podcasts são arquivos em áudio, transmitidos via feed RSS, encontrados em</p><p>aplicativos específicos para podcast, conhecidos como agregadores ou em</p><p>plataformas de serviços de Streaming, como Spotify e Deezer. Existem mais de 1</p><p>milhão de programas de podcast por todo mundo, com dezenas de milhões de</p><p>episódios (MYPODCASTREVIEW, 2020). São facilmente encontrados episódios</p><p>de todo e qualquer tema que você pesquise nos tocadores.</p><p>O podcast existe desde 2003 e no Brasil, passou por quatro grandes marcos,</p><p>o último deles em agosto de 2019 quando uma rede televisiva anunciou, em</p><p>horário nobre do domingo, seus programas em formato podcast, fazendo assim</p><p>que grande parte da população brasileira tivesse conhecimento dessa mídia. O</p><p>Brasil é o segundo país no mundo em crescimento de ouvintes, cerca de 21% ao</p><p>mês, sendo que 50 milhões de pessoas ouvem ou já ouviram podcast no Brasil</p><p>(TECHTUDO, 2019).</p><p>A IMPORTÂNCIA DE CONHECER OS BENEFÍCIOS DO BRINCAR</p><p>O brincar sempre esteve presente no cotidiano. O brincar é inerente ao ser</p><p>humano, assim como inúmeras outras ações. É através dele que desenvolvemos o</p><p>lado criativo, imaginativo e social. Esse ato que muitos acreditam ser uma</p><p>condição da infância, é considerado por estudiosos imprescindível ao ser.</p><p>Conhecer os benefícios que o brincar propicia a quem brinca é importantíssimo,</p><p>principalmente as pessoas que estão ligadas ao desenvolvimento de crianças,</p><p>jovens, adultos. Brincando nos expressamos, interagimos, aprendemos a lidar com</p><p>o mundo que nos cerca e nos ajuda na formação da personalidade.</p><p>Para entender melhor, vamos voltar nosso olhar para as crianças. Os</p><p>estudos de Vygotsky contribuíram muito para a construção de conhecimentos</p><p>acerca do desenvolvimento infantil e para as noções de brinquedo nesse</p><p>47</p><p>desenvolvimento, trabalhando com a noção de que o brincar satisfaz certas</p><p>necessidades da criança, necessidades essas imprescindíveis para seu</p><p>amadurecimento social, físico e cognitivo.</p><p>Imagine</p><p>que trabalhe com crianças entre 3 e 5 anos, você não tem ideia do</p><p>quão importante é o brincar nessa fase da vida, provavelmente ao desenvolver</p><p>atividades, não irá encarar o caráter lúdico como algo importante ou a</p><p>livre participação como algo possível, como resultado poderemos ter crianças mais</p><p>estressadas, por não se expressarem como desejam, crianças menos pró ativas</p><p>ou engessadas no processo de criação, por não se sentirem permitidas a</p><p>vivenciarem novas experiências, por não se aventurarem em conhecer coisas</p><p>novas SOZINHAS, claro sempre com supervisão, mas que tenha característica de</p><p>liberdade e que permita brincar, explorar, cair, levantar, criar. Agora um outro</p><p>cenário.</p><p>Você entende a importância do brincar para o Ser e ao montar atividades</p><p>para crianças na mesma faixa de idade, tem a preocupação e o cuidado</p><p>de propiciar que elas vivenciem, explorem e se sintam convidadas e não</p><p>obrigadas. Certamente teremos crianças mais sociáveis, ativas, imaginativas e</p><p>felizes, durante o momento de brincar.</p><p>Os dois exemplos foram utilizado para trazer clareza ao leitor, acerca da</p><p>necessidade de conhecer o brincar e sua importância e como esse conhecimento,</p><p>afeta diretamente no trabalho e no resultado obtido por ele.</p><p>A RECREAÇÃO COMO PRÁTICA DE LAZER</p><p>A recreação há muitos anos é entendida não como uma prática do lazer,</p><p>pois o lazer é entendido como algo livre, que parte do ser humano e a recreação</p><p>tem como característica a proposta, a condução de atividades, mas se pensarmos</p><p>que o indivíduo em seu momento de lazer escolhe de forma livre participar de</p><p>48</p><p>alguma atividade recreativa que esteja sendo realizada, então sim, acreditamos</p><p>que passa a ser, nesse contexto, uma prática de lazer. Nessa mesma linha</p><p>Pimentel (2019) diz que nem toda recreação acontece a rigor no lazer, mas não há</p><p>dúvidas que a recreação é importante para ajudar as pessoas na vivência do lazer.</p><p>“Nos dias de hoje, entende-se recreação muito devido à sua tradição</p><p>histórica e cultural em nossa sociedade, como a reprodução de jogos e</p><p>brincadeiras” (SILVA, et al., 2011, p. 12). Segundo Brêtas (1997), recreação pode</p><p>ser entendida como o criar, o recrear e o recriar-se, que está intimamente ligado à</p><p>ação do homem sobre o mundo. Constituindo assim, espaço privilegiado para a</p><p>construção coletiva de novos conhecimentos e a possibilidade de influenciar</p><p>educadores mais comprometidos com problemas contemporâneos.</p><p>Alguns teóricos como Brêtas, (1997) e Marcellino, (1987) têm expressado o</p><p>entendimento de que a recreação não pode mais ser pensada apenas como uma</p><p>atividade acrítica, e, sim, deve ser compreendida num sentido mais amplo, como</p><p>uma das possibilidades de lazer. A recreação pode muito bem ser compreendida</p><p>como maneira de reflexão e de interação consciente com a nossa realidade, o que</p><p>nos pode auxiliar no encaminhamento de mudanças. É nesse sentido que acredito</p><p>no trabalho com a “recreação”, compreendendo-a como a “recriação” que inclui o</p><p>divertimento, mas não de uma forma alienada e dominadora e sim numa</p><p>perspectiva de educação inovadora, que possibilite a criação, a recriação e,</p><p>também, o divertimento através do brincar.</p><p>A PESQUISA</p><p>No decorrer do processo de criação de conteúdo para o Podcast Recrecast</p><p>surgiu a necessidade de entender melhor o público que o ouvia, o que eles</p><p>buscavam, o que gostariam de ouvir e aprender por meio dessa plataforma. Desta</p><p>necessidade surgiu uma pesquisa qualitativa que tinha como principais objetivos:</p><p>Compreender a percepção da qualidade do conteúdo do Podcast Recrecast -</p><p>49</p><p>Recreação para recreadores ouvintes; Conhecer as demandas, desejos e</p><p>conteúdo de interesse do público ouvinte.</p><p>A pesquisa foi realizada entre os dias 21 de abril da 2019 a 05 de agosto de</p><p>2019 com utilização do Google Formulários e captou 478 respostas e</p><p>aqui apresentou-se as 100 primeiras, das quais foram captadas até o dia 29 de</p><p>maio e das quais tenho os dados todos concluídos. Duas das três perguntas eram</p><p>abertas, subjetivas e de cunho pessoal. Umas das perguntas realizadas oferecia</p><p>cinco alternativas. Lembrando que o público ouvinte que respondeu, representam</p><p>em sua maioria pais, mães, responsáveis, professores e recreadores.</p><p>Foi selecionado as cem primeiras respostas do formulário para apresentar os</p><p>números e conclusões. Houve a participação de 11 estados: Roraima, Rondônia,</p><p>Amazonas, Paraíba, Bahia, Ceará, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro,</p><p>Minas Gerais e Paraná. Percebemos uma amostragem de quatro regiões do</p><p>Brasil, havendo uma abrangência considerável de estados.</p><p>Para a pergunta “Avalie o conteúdo do RECRECAST – RECREAÇÃO” foram</p><p>apresentadas cinco alternativas de respostas: Excelente, Ótimo, Bom, Regular e</p><p>Ruim.</p><p>Excelente 64 respostas 64%</p><p>Ótimo 25 respostas 25%</p><p>Bom 11 respostas 11%</p><p>Regular 0 respostas 0%</p><p>Ruim 0 respostas 0%</p><p>TOTAL 100%</p><p>Nessa tabela identificamos que 89% dos ouvintes considera o conteúdo</p><p>entre ótimo e excelente e uma ampla percepção da qualidade do que está sendo</p><p>entregue. 11% identificaram como bom o conteúdo dos episódios e nenhuma</p><p>resposta com regular ou ruim.</p><p>50</p><p>Na pergunta “Qual o impacto do RECRECAST - RECREAÇÃO na sua vida</p><p>profissional?”, a qual foi respondida de forma aberta sem opções de respostas, o</p><p>ouvinte tinha total liberdade de colocar com suas palavras o impacto gerado. As</p><p>respostas foram organizadas em 7 grupos, pensando que elas coincidem na ideia</p><p>central.</p><p>Conhecer novas ideias, atualizar e reconhecer importância</p><p>da recreação.</p><p>41 respostas 41%</p><p>Refletir sobre o desempenho profissional 16 respostas 16%</p><p>Aprofundar conhecimento sobre teorias fundamentais 14 respostas 14%</p><p>Impactar, inspirar de forma positiva e motivar 13 respostas 13%</p><p>Complementar 9 respostas 9%</p><p>Agregar conhecimento geral 5 respostas 5%</p><p>Levar para discussão de equipe 2 respostas 2%</p><p>Total 100%</p><p>Quero destacar nessa tabela duas respostas de forma mais específica,</p><p>ambas que corroboram com a ideia de que o ouvinte deseja aprender, evoluir e</p><p>cada vez mais aplicar um brincar convidativo, sem amarras e aberto a</p><p>modificações de acordo com a vontade de quem brinca.</p><p>“Todo bom aprendizado nos leva a boas práticas. Além de ganhar</p><p>conteúdo enquanto profissional, eu ganho visão de mercado e estofo</p><p>para ser uma profissional melhor que está atento ao que as crianças</p><p>desejam brincar, fazer, jogar.” (C. Santos)</p><p>“Ter referências e inspirações como as apresentadas, propicia ao</p><p>profissional vislumbrar a evolução e permanência em sua trajetória</p><p>como recreador” (A. T. Figueiredo)</p><p>Nesta terceira e última pergunta “Você tem sugestões para nossos</p><p>episódios?”. As respostas foram organizadas em 9 grupos, pensando que elas</p><p>coincidem na ideia central.</p><p>51</p><p>Abordar áreas de atuação como recreador 27 respostas 27%</p><p>Entrevistas com teóricos e referências 21 respostas 21%</p><p>Desenvolvimento Infantil 16 respostas 16%</p><p>Primeira Infância 10 respostas 10%</p><p>Contação de História 6 respostas 6%</p><p>Jogos Cooperativos 6 respostas 6%</p><p>Recreação com adultos e melhor idade 5 respostas 5%</p><p>Ética na recreação 5 respostas 5%</p><p>História da Recreação no Brasil 4 respostas 4%</p><p>TOTAL 100%</p><p>Na tabela, nota-se uma procura por conteúdo dito como base da recreação,</p><p>áreas de atuação, conceitos e principais nomes no mercado. Informações essas</p><p>que estão disponíveis em canais de vídeo, artigos, pesquisas científicas e nos</p><p>livros, mas por estarem de forma dispersa e em alguns casos com vocabulário</p><p>muito complexo no caso das pesquisas e artigos científicos, ou mesmo, por não</p><p>serem tão difundidas em outros âmbitos, fora da academia de pesquisa, o</p><p>recreador não tem acesso.</p><p>O segundo ponto em evidência é o fato do público ouvinte se interessar por</p><p>compreender melhor as fases do desenvolvimento infantil, principalmente na</p><p>primeira infância e por isso, quero evidenciar uma das respostas</p>