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Arrendamento Mercantil Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitor de Administração Acadêmica Carlos de Oliveira Varella Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Emilio Antonio Francischetti Produção: Fábrica de Soluções Unigranrio Desenvolvimento do material: Dayse de Lima Passos Copyright © 2018, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Pró-Reitora de Ensino de Graduação Virginia Genelhu de Abreu Francischetti Pró-Reitora de Pós-Graduação Lato Sensu e Extensão Nara Pires Sumário Arrendamento Mercantil Objetivo .......................................................................................... 04 Introdução ........................................................................................ 05 1. Características Operacionais .................................................. 06 2. Regulamentação .................................................................. 11 3. Contabilização ..................................................................... 13 Síntese ........................................................................................... 24 Referências ...................................................................................... 25 4 Contabilidade das Instituições Financeiras Objetivo Analisar as características e regulamentos dos Arrendamentos Mercantis Introdução Nesta unidade, trataremos dos Arrendamentos Mercantis, também conhecidos como Leasings. Os arrendamentos mercantis apresentam características operacionais próprias. Eles podem ser na modalidade operacional ou financeiro. Conheceremos as regulamentações deste tipo de operação, que pode ser oferecida por Sociedades de Arrendamento Mercantil (SAM) ou Bancos Múltiplos que têm a devida carteira. Na última parte desta unidade, analisaremos as contabilizações pertinentes ao arrendamento mercantil, identificando as diferenças entre arrendamentos mercantis operacional e financeiro. 5Contabilidade das Instituições Financeiras 1. Características Operacionais O arrendamento mercantil também é conhecido como Leasing. O Arrendamento Mercantil ou Leasing é um contrato pelo qual o arrendador concede ao arrendatário, em troca de um aluguel, o direito de usar um ativo durante determinado período de tempo e com a opção de adquirir o título de propriedade do ativo, após o cumprimento das condições estabelecidas. Glossário: Leasing é uma palavra de origem inglesa, derivada do verbo to lease, que significa aluguel. (NEWLANDS JR., 2015, p.105) Arrendamento mercantil se trata da compra de bens (móveis ou imóveis) pelo arrendador (instituição financeira ou SAM) para utilização do arrendatário (pessoa física ou jurídica) que deseja fazer uso desse bem. Isso se dá mediante o contrato de arrendamento mercantil, que pode ser nas modalidades operacional ou financeiro. Segundo Niyama e Gomes (2012, p. 12), arrendamento mercantil pode ser objeto bens móveis, de produção nacional ou estrangeira, e bens imóveis, adquiridos pela entidade arrendadora, segundo especificações e para uso da arrendatária em sua atividade econômica. Arrendadora (instituição financeira – pessoa jurídica): aplica recursos na aquisição de bens escolhidos pela arrendatária e que serão objetos do contrato de arrendamento. Arrendatária (pessoa física ou jurídica): escolhe o bem (imóveis, automóveis, máquinas, equipamentos etc.) junto ao fornecedor (loja), que será pago pela arrendadora. Passa a fazer uso do bem, mediante o pagamento de contraprestações por um período determinado em contrato, para a arrendadora. Glossário Importante 6 Contabilidade das Instituições Financeiras De acordo com o Niyama e Gomes (2012, p. 35), as operações de leasing no Brasil apresentam características preponderantemente financeiras, em detrimento dos seguintes fatores: ▪ Transferências de todos os riscos e/ou benefícios decorrentes do uso do bem arrendado à arrendatária; ▪ Garantia do valor residual, ou seja, um preço mínimo que, contratualmente, deve ser pago pela arrendatária ao final do contrato; ▪ O valor residual, base para a opção de compra pela arrendatária, é significativamente inferior ao valor de mercado do bem, representando, usualmente, uma parcela simbólica. Dessa forma, na prática, a aquisição do bem pela arrendatária está assegurada desde o início da vigência contratual; ▪ Existência de cláusula de antecipação do valor residual garantido, que indica uma manifestação implícita da intenção de compra. Glossário: Contraprestação: valor pago periodicamente pela arrendatária à arrendadora, no O Leasing, do ponto de vista operacional, tem sido definido como uma alternativa de financiamento de curto prazo, que pode oferecer vantagens se comparado com o financiamento de bens. Vantagens para o arrendatário e para a empresa arrendadora, tais como: ▪ Para a Arrendadora: ▪ Aceleração da depreciação dos bens arrendados; ▪ Transfere todos os riscos e/ou benefícios de uso do bem ao arrendatário, quando arrendamento financeiro; ▪ Garantia de que o valor residual seja pago pelo arrendatário ao final do contrato, etc. Glossário 7Contabilidade das Instituições Financeiras ▪ Para o Arrendatário: ▪ Dedução fiscal das contraprestações, quando pessoa jurídica; ▪ Menor índice de endividamento por não ser registrado no passivo exigível; ▪ Representa uma opção de financiamento a curto, médio e longo prazo; ▪ Permite financiamento de 100% do valor do bem; ▪ Permite adequar prazo de financiamento com a vida útil e econômica do bem, etc. Como vimos, o arrendamento mercantil ou leasing classificam-se em: Financeiro ou Operacional. Características de um Leasing Financeiro: ▪ Não há possibilidade de rescisão unilateral; ▪ Os contratos são por tempo determinado; ▪ A manutenção do bem é por conta do arrendatário; ▪ Seus prazos contratuais são de médio e longo prazo (mínimo de 2 anos para bens com vida útil igual ou inferior a 5 anos e de 3 anos para os demais); ▪ Ao final do contrato, oferece a possibilidade do arrendatário adquirir o bem pelo Valor Residual Garantido (VRG), ou renovar por novo prazo e condições, ou ainda, devolver o bem sem nada dever ao arrendador no final do contrato, pela desistência de ficar com o bem. Características de um Leasing Operacional: ▪ É rescindível unilateralmente; ▪ O arrendador presta assistência técnica e/ou, manutenção; 8 Contabilidade das Instituições Financeiras ▪ Pode haver ou não opção de compra; ▪ Prazos contratuais de curta duração (mínimo de 90 dias); ▪ O risco de obsolescência do bem é do arrendador. O Leasing Operacional é, geralmente, praticado por empresas que locam seus equipamentos (computadores, copiadoras, tratores, equipamentos tecnológicos etc.). Uma vantagem tanto do arrendamento operacional quanto do financeiro é a possibilidade do arrendatário não desembolsar nenhum valor inicial (de entrada), como ocorre nos financiamentos. O valor do bem é 100% financiado. Segundo a legislação vigente, um bem arrendado pode ser depreciado com redução de até 30% de sua vida útil, somente pelo arrendador (instituição financeira ou SAM), portanto, um bem com vida útil estimada em 60 meses pode ser depreciado em 42 meses. Podem oferecer operações de arrendamento mercantil as Sociedades de Arrendamento Mercantil (SAM), que são equiparadas às instituições financeiras, ou os bancos múltiplos que tenham a carteira de arrendamento mercantil, conforme o artigo 7º do Regulamento Anexo I à Resolução 2.099, de 17 de agosto de 1994 (BCB, 1994, art. 7). Conforme Figura 1, pode ser visualizada a forma como funcionam as Sociedades de Arrendamento Mercantil. Produtor: Produz o beme vende para a sociedade de arrendamento Mercantil (SAM) SAM (Arrendador): Paga à vista pelo bem e o aluga para o arrendatário. Cliente (Arrendatário): É quem aluga o bem da “SAM”. Figura 1: Funcionamento das Sociedades de Arrendamento Mercantil (SAM). Fonte: Abreu e Silva (2017, p.129). As sociedades de arrendamento mercantil e os bancos múltiplos são passíveis de controle e fiscalização pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e Banco Central do Brasil (BCB), segundo o artigo 7º da Lei 6.099/74, a elas se aplicando, no que couber, as disposições da Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, e legislação posterior relativa ao Sistema Financeiro Nacional. 9Contabilidade das Instituições Financeiras Para saber mais sobre financiamento e os prazos de pagamento para quitação, assista ao vídeo de Gustavo Cerbasi, que traz algumas informações importantes a respeito de financiamentos. Muitos se perguntam qual é a diferença entre financiamento e arrendamento mercantil. Em se tratando do financiamento, a intenção de compra do bem é clara. O cliente escolhe o bem a ser adquirido e, por falta de parte do dinheiro necessário para a compra do bem, utiliza o crédito bancário para financiar o restante da compra do bem, entrando aí o contrato de alienação fiduciária. O fiduciante, que é o cliente da instituição financeira, deseja adquirir o bem e, então, aliena este bem como garantia do pagamento ao fiduciário (instituição financeira). Quando o fiduciante salda a dívida com o fiduciário, o bem passa a ser totalmente dele. O não pagamento da dívida pelo fiduciante permitirá que o fiduciário tome o bem do fiduciante. Nesses casos, ambos os lados têm benefícios com este tipo de contrato: Já em relação ao leasing, nem sempre a intenção do cliente (arrendatário) é a compra do bem, podendo, ao final do contrato, devolver o bem ou renovar o contrato por mais um período. Se ele tiver a intenção de compra, pode ficar com o bem mediante o pagamento do Valor Residual Garantido (VRG) ao término do contrato. Fiduciante – consegue melhores taxas de juros sobre o financiamento, por haver a figura do bem respaldando a operação. Fiduciário – está garantido que, mesmo não recebendo as prestações referentes aos pagamentos acordados com o fiduciante, poderá ficar com o bem; assim sendo, não terá prejuízo na operação. Figura 1: Diferenças e vantagens entre os tipos de financiamento. Fonte: Dreamstime. Saiba Mais Assista agora 10 Contabilidade das Instituições Financeiras https://www.youtube.com/watch?v=VTuUVO55gJk Muitas empresas que trabalham com bens tecnológicos não desejam adquirir tais bens, pelo fato de o mercado oferecer sempre maquinários mais avançados e atualizados. Para elas, não é interessante a aquisição do bem ao final do contrato, pois é desejável utilizar um novo maquinário, mais competitivo, com tecnologia avançada. No arrendamento mercantil operacional, existe essa possibilidade: o arrendatário paga as contraprestações mensais e utiliza o bem por um período acordado, como se fosse um aluguel. Ao final do contrato, ele termina de pagar as contraprestações e devolve o bem para o arrendador (instituição financeira ou SAM). 2. Regulamentação No Brasil, as operações de leasing foram regulamentadas pela Lei 6.099, de 1974, passando a denominar-se “arrendamento mercantil” e a serem controladas e fiscalizadas pelo CMN e BCB. A Lei 6.099, em seu art. 1º, parágrafo único, assim define (BRASIL, 1974, art.1): Considera-se arrendamento mercantil a operação realizada entre pessoas jurídicas que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos de terceiros pela arrendadora, para fins de uso próprio da arrendatária, e que atendam às especificações desta. As sociedades de arrendamento mercantil e bancos múltiplos devem seguir as normas e os procedimentos previstos no COSIF (Contabilidade das Instituições Financeiras). Nos contratos de arrendamento mercantil, devem constar, obrigatoriamente, alguns dados mínimos, tais como, segundo Niyama e Gomes (2012, p.13): ▪ Descrição dos bens que constituem o objeto do contrato, com todas as características que permitam sua perfeita identificação; ▪ Prazo de arrendamento; ▪ Valor das contraprestações ou fórmula de cálculo das contraprestações, bem como o critério para seu reajuste; 11Contabilidade das Instituições Financeiras ▪ Condições para o exercício, por parte da arrendatária, do direito de optar, depois de cumprido o prazo do arrendamento, pela renovação do contrato, pela devolução dos bens ou pela aquisição dos bens arrendados. As operações devem observar, obrigatoriamente, o prazo mínimo de 2 (dois) anos, quando se tratar de bens com vida útil igual ou inferior a 5 (cinco) anos, ou de 3 (três) anos, para o arrendamento de outros bens. A Portaria MF 140, que entrou em vigor em 28 de julho de 1984, consagrou a contabilização do leasing semelhantemente à do aluguel (locação), conforme os seguintes critérios, de acordo com Niyama e Gomes (2012, p.37): ▪ As contraprestações de arrendamento integram o lucro líquido da arrendatária e da arrendadora quando exigíveis. Equivale a dizer que a parcela dedutível na arrendatária é tributável na arrendadora no mesmo exercício fiscal; ▪ O bem arrendado integra o Ativo Permanente da arrendadora por seu custo de aquisição e as depreciações são registradas mês a mês, segundo a competência. Admite-se a redução de 30% no prazo de vida útil do bem arrendado; ▪ O contrato de arrendamento é classificado na arrendadora como Ativo Circulante/Realizável a Longo Prazo, com contraprestações a receber equivalentes às receitas de arrendamento a apropriar. Isso significa que o valor do ativo será́ sempre nulo se as contraprestações forem liquidadas pontualmente; ▪ O prejuízo na baixa do bem arrendado decorrente de opção de compra pela arrendatária continua a ser registrado em “Perdas em Arrendamento a Amortizar” no Ativo Diferido da arrendadora, para amortização em seu prazo remanescente de vida útil. O CMN e o BCB não recepcionaram o CPC 06 Arrendamento Mercantil para ser utilizado pelas instituições financeiras, ocorrendo a seguinte situação: Importante 12 Contabilidade das Instituições Financeiras ▪ Arrendamento mercantil operacional: na empresa (arrendatário), o bem não foi ativado (não foi registrado no ativo imobilizado); ▪ Arrendamento mercantil financeiro: na empresa (arrendatário), o bem foi ativado (registrado no ativo imobilizado); ▪ Arrendamento mercantil operacional e financeiro: no banco ou sociedade de arrendamento (arrendador), o bem foi ativado (registrado no ativo imobilizado – ativo permanente). Assim, no arrendamento mercantil financeiro haverá a ativação do bem tanto no arrendador quanto no arrendatário. Fique atento! 3. Contabilização A seguir, alguns exemplos práticos e de como proceder às devidas contabilizações. Veremos como se contabiliza um contrato de arrendamento mercantil operacional e na modalidade financeira (um sendo pago o valor residual garantido ao final do contrato e outro pagando o VRG ao longo do contrato, parcelado). Esquema Contábil de Contratos de Arrendamento Mercantil Hipótese 1: Um banco realiza um contrato a um consumidor (pessoa física ou jurídica) referente ao arrendamento de um veículo, nas seguintes condições (operacional – com devolução ao final do contrato): Valor do veículo R$ 68.000,00 Vida útil do veículo 5 anos (será utilizada a redução de 30%) Valor da contraprestação mensal R$ 1.700,00 Prazo do contrato 48 MESES A primeira ação que o banco faz é a compra do bem, para ser arrendado. Dessa forma, o banco desembolsa o dinheiro do seu caixa e registra o bem no seu Ativo (Balanço Patrimonial). 13Contabilidade das Instituições Financeiras a. Pela Aquisição do Bem pelo Banco (arrendadora): D 2.3.2.10.00.4 BENS ARRENDADOS– ARRENDAMENTO OPERACIONAL R$ 68.000,00 C 1.1.1.10.00.6 CAIXA R$ 68.000,00 Após a compra do bem, o banco fará o registro do contrato (arrendador x arrendatário). Para encontrarmos este valor, teremos que multiplicar o valor da contraprestação com o total de meses de vigência do contrato. A receita (renda) não pode ser reconhecida no início do contrato, por isso ficará registrada numa conta retificadora do ativo (Rendas a apropriar de arrendamento) e haverá a apropriação das receitas de acordo com a devida liquidação das contraprestações. b. Pela Contabilização do Contrato pelo Banco: D 1.7.1.10.00.0 ARRENDAMENTO OPERACIONAL A RECEBER R$ 81.600,00 C 1.7.1.97.00.9 (-) RENDAS A APROPRIAR DE ARRENDAMENTO R$ 81.600,00 Todos os meses haverá a contabilização, pelo banco, do recebimento das contraprestações. Então, o lançamento, a seguir, se repete todos os meses, quando houver o recebimento. c. Pelo Recebimento das Contraprestações pelo Banco: D 1.1.1.10.00.6 CAIXA R$ 1.700,00 C 1.7.1.10.00.0 ARRENDAMENTO OPERACIONAL A RECEBER R$ 1.700,00 Quando houver o recebimento da contraprestação pelo banco, ele automaticamente fará a contabilização a seguir, reconhecendo o valor da parcela como receita (apropriando na conta de receita). 14 Contabilidade das Instituições Financeiras d. Pela Contabilização da Receita: D 1.7.1.97.00.9 (-) RENDAS A APROPRIAR DE ARRENDAMENTO R$ 1.700,00 C 7.1.2.20.00.8 RENDAS DE ARRENDAMENTO OPERACIONAL R$ 1.700,00 A depreciação também é feita à sua apropriação mensalmente. Como a arrendadora tem o benefício de poder reduzir a depreciação em até 30%, teremos, primeiramente, que fazer a redução, para encontrarmos o montante de meses que se dará a depreciação desse bem. Este bem tem a vida útil de 5 anos, o equivalente a 60 meses. Se o banco utilizar o benefício máximo de tempo de redução da vida útil do bem, teremos que multiplicar 60 meses x 30% e diminuir dos 60 meses o resultado que encontrarmos. Então: Vida útil a ser utilizada = Vida útil normal (meses) – (Vida útil normal (meses) x 30%) Vida útil a ser utilizada = 60 – (60 x 30%) Vida útil a ser utilizada = 60 – 18 Vida útil a ser utilizada = 42 meses Agora, temos que achar o valor da depreciação: Depreciação mensal = Depreciação mensal = Depreciação mensal = 1.619,05 Já podemos fazer a contabilização a seguir. Valor do Bem Qtde. meses de vida útil 68.000 42 15Contabilidade das Instituições Financeiras e. Pela Contabilização da Depreciação Mensal: D 8.1.3.10.10.4 DESPESAS COM DEPRECIAÇÃO R$ 1.619,05 C 2.3.2.90.00.0 DEPRECIAÇÃO ACUMULADA R$ 1.619,05 Como estamos tratando de um arrendamento mercantil operacional, o arrendatário, ao final do contrato, devolverá o bem para o arrendador. Esse bem poderá ser vendido pelo arrendador ou poderá ser arrendado para o mesmo arrendatário, se o mesmo desejar, ou para outro arrendatário. A instituição financeira ainda obterá mais lucro sobre este mesmo bem, pois, como o bem não está valendo mais nada para o banco, porque já se deu toda a depreciação (42 meses), com a nova negociação, só haverá ganho para o banco. Um veículo, após 4 anos (48 meses de contrato) de uso, ainda tem um ótimo valor de mercado, não é mesmo? Então, agora veremos o exemplo de um arrendamento na modalidade financeiro e com pagamento do Valor Residual Garantido (VRG) ao final do contrato. Hipótese 2: Um banco realiza um contrato a um consumidor (pessoa física ou jurídica) referente ao arrendamento de uma empilhadeira, nas seguintes condições (financeiro – com opção de compra ao final do contrato pelo VRG): Valor do bem R$ 100.000,00 Vida útil do bem 5 ANOS (será utilizada a redução de 30%) Valor da prestação mensal R$ 2.650,00 Prazo do contrato 41 MESES A primeira ação que a instituição financeira faz é a compra do bem (igualmente realizada no arrendamento operacional), para o mesmo ser arrendado. Dessa forma o banco desembolsa o dinheiro do seu caixa e registra o bem no seu Ativo. 16 Contabilidade das Instituições Financeiras a. Pela Aquisição do Bem pelo Banco (Arrendadora): D 2.3.2.10.00.4 BENS ARRENDADOS – ARRENDAMENTOS FINANCEIROS R$ 100.000,00 C 1.1.1.10.00.6 CAIXA R$ 100.000,00 Após a compra do bem, o banco fará o registro do contrato (arrendador x arrendatário). Para encontrarmos este valor, teremos que multiplicar o valor da contraprestação pelo total de meses de vigência do contrato. A receita (renda) não pode ser reconhecida no início do contrato, por isso ficará registrada em uma conta retificadora do ativo (rendas a apropriar de arrendamento) e haverá a apropriação das receitas de acordo com a devida liquidação das contraprestações, como visto no exemplo anterior. b. Pela Contabilização do Contrato pelo Banco: D 1.7.1.10.00.0 ARRENDAMENTOS FINANCEIROS A RECEBER R$ 108.650,00 C 1.7.1.97.00.9 (-) RENDAS A APROPRIAR DE ARRENDAMENTO R$ 108.650,00 Todos os meses, haverá a contabilização, pelo banco, do recebimento das contraprestações. Então, o lançamento abaixo se repete todos os meses, quando houver o recebimento. c. Pelo Recebimento das Contraprestações pelo Banco: D 1.1.1.10.00.6 CAIXA R$ 2.650,00 C 1.7.1.10.00.0 ARRENDAMENTOS FINANCEIROS A RECEBER R$ 2.650,00 Quando houver o recebimento da contraprestação acima pelo banco, ele, automaticamente, fará a contabilização abaixo, reconhecendo o valor da parcela como receita (apropriando na conta de receita), igualmente realizado no exemplo anterior. 17Contabilidade das Instituições Financeiras d. Pela Contabilização da Receita: D 1.7.1.97.00.9 (-) RENDAS A APROPRIAR DE ARRENDAMENTO R$ 2.650,00 C 7.1.2.20.00.8 RENDAS DE ARRENDAMENTOS FINANCEIROS R$ 2.650,00 A depreciação também é feita à sua apropriação mensalmente, tanto na modalidade operacional, como vimos anteriormente, quanto na modalidade financeira. Lembrando que nas duas modalidades o bem foi ativado na instituição financeira e deve ser depreciado ao longo dos meses e isso ocorre porque as instituições financeiras não utilizam o CPC 06 (Arrendamento Mercantil) por determinação do CMN e BCB. Como a arrendadora tem o benefício de poder reduzir a depreciação em até 30%, teremos que, primeiramente, fazer a redução para encontrarmos o montante de meses em que se dará a depreciação desse bem. Sabemos que uma vida útil de 5 anos reduzida em 30%, como calculado anteriormente, haverá 42 meses de período de depreciação. Encontrando o valor da depreciação: Depreciação mensal = Depreciação mensal = Depreciação mensal = 2.380,95 e. Pela Contabilização da Depreciação Mensal: D 8.1.3.10.10.4 DESPESAS COM DEPRECIAÇÃO R$ 2.380,95 C 2.3.2.90.00.0 DEPRECIAÇÃO ACUMULADA R$ 2.380,95 Valor do Bem Qtde. meses de vida útil 100.000 42 18 Contabilidade das Instituições Financeiras Hipótese 2.1: Diferentemente do exemplo anterior, no arrendamento mercantil financeiro o arrendatário tem a opção de compra deste bem mediante o pagamento do Valor Residual Garantido (VRG), assim haverá a baixa do bem em duas etapas: 1. Baixa do bem através da depreciação acumulada; e 2. Baixa do bem através do recebimento do VRG. O contrato foi no período de 41 meses, dessa forma, a conta de depreciação acumulada tem um saldo de R$ 97.618,95 (R$ 2.380,95 x 41 meses) ao final do contrato. Então, esse valor será baixado contra a conta de Bens Arrendados – Arrendamentos Financeiros para baixar parcialmente este bem, conforme contabilização abaixo. a. Pela Baixa do Bem Parcialmente através da Depreciação Acumulada: D 2.3.2.90.00.0 DEPRECIAÇÃO ACUMULADA R$ 97.618,95 C 2.3.2.10.00.4 BENS ARRENDADOS – ARRENDAMENTOS FINANCEIROS R$ 97.618,95 Agora, temos que encontrar o Valor Residual Garantido que nada mais é que: Valor Residual Garantido = Valor do Bem (-) Depreciação Acumulada Aplicando a fórmula: Valor Residual Garantido= R$ 100.000,00 - R$ 97.618,95 Valor Residual Garantido = R$ 2.381,05 O valor de R$ 2.381,05, o arrendatário deverá desembolsar, pagando ao banco para ficar definitivamente com o bem arrendado. Dessa forma, ocorre o lançamento abaixo, pelo recebimento do VRG e terminando de baixar o bem no Ativo do Banco. 19Contabilidade das Instituições Financeiras b. Pelo Recebimento do VRG pelo Banco: D 1.1.1.10.00.6 CAIXA R$ 2.381,05 C 2.3.2.10.00.4 BENS ARRENDADOS – ARRENDAMENTOS FINANCEIROS R$ 2.381,05 Veremos mais um exemplo de arrendamento mercantil financeiro, mas agora com antecipações mensais do Valor Residual Garantido. Hipótese 3: Um banco realiza um contrato a um consumidor (pessoa física ou jurídica) referente ao arrendamento de uma empilhadeira, nas seguintes condições (financeiro – com opção de compra ao final do contrato pelo VRG e com antecipações mensais do VRG): Iremos utilizar os mesmos valores do exemplo anterior, para que você possa analisar melhor a incidência das antecipações mensais do VRG, nesta situação. Valor do bem R$ 100.000,00 Vida útil do bem 5 ANOS (30% de redução) Valor da prestação mensal R$ 2.650,00 Fundo para VRG (mensal) R$ 55,00 Prazo do contrato 41 MESES As primeiras contabilizações serão idênticas ao exemplo anterior, tendo uma diferença no momento de iniciar os recebimentos mensais. a. Pela Aquisição do Bem pelo Banco (arrendadora): D 2.3.2.10.00.4 BENS ARRENDADOS – ARRENDAMENTOS FINANCEIROS R$ 100.000,00 C 1.1.1.10.00.6 CAIXA R$ 100.000,00 20 Contabilidade das Instituições Financeiras b. Pela Contabilização do Contrato pelo Banco: D 1.7.1.10.00.0 ARRENDAMENTOS FINANCEIROS A RECEBER R$ 108.650,00 C 1.7.1.97.00.9 (-) RENDAS A APROPRIAR DE ARRENDAMENTO R$ 108.650,00 Observe que o valor de R$ 55,00 que serão pagos mensalmente não compôs o valor do contrato. O valor do contrato permanece sendo o valor da contraprestação multiplicada a quantidade de meses de contrato. c. Pelo Recebimento das Contraprestações pelo Banco: D 1.1.1.10.00.6 CAIXA R$ 2.650,00 C 1.7.1.10.00.0 ARRENDAMENTOS FINANCEIROS A RECEBER R$ 2.650,00 Além do valor recebido acima pela contraprestação, haverá o recebimento de R$ 55,00 a título de antecipação para o VRG, conforme abaixo. Esse valor será acumulado mensalmente, em uma conta do Passivo, para ser utilizado ao final do contrato, também para a baixa do bem. d. Pelo Recebimento da Parcela do VRG (Antecipação): D 1.1.1.10.00.6 CAIXA R$ 55,00 C 4.9.9.08.00.8 CREDORES POR ANTECIPAÇÃO DE VALOR RESIDUAL R$ 55,00 Os próximos lançamentos de apropriação de receita e depreciação serão os mesmos vistos anteriormente, havendo diferença no momento da baixa do bem, ao final. e. Pela Contabilização da Receita: D 1.7.1.97.00.9 (-) RENDAS A APROPRIAR DE ARRENDAMENTO R$ 2.650,00 C 7.1.2.20.00.8 RENDAS DE ARRENDAMENTOS FINANCEIROS R$ 2.650,00 21Contabilidade das Instituições Financeiras f. Pela Contabilização da Depreciação Mensal: D 8.1.3.10.10.4 DESPESAS COM DEPRECIAÇÃO R$ 2.380,95 C 2.3.2.90.00.0 DEPRECIAÇÃO ACUMULADA R$ 2.380,95 No arrendamento mercantil financeiro com antecipações mensais do Valor Residual Garantido (VRG), a baixa do bem se dará em três etapas: 1. Baixa do bem através da depreciação acumulada; 2. Baixa do bem pela utilização do saldo que foi recebido durante todos os meses de contrato a título de antecipação do VRG; e 3. Baixa do bem pelo recebimento do saldo do VRG. g. Pela Baixa do Bem Parcialmente através da Depreciação Acumulada: D 2.3.2.90.00.0 DEPRECIAÇÃO ACUMULADA R$ 97.618,95 C 2.3.2.10.00.4 BENS ARRENDADOS – ARRENDAMENTOS FINANCEIROS R$ 97.618,95 Como foi recebido mensalmente o valor de R$ 55,00 pela antecipação do valor residual, temos na conta o saldo de R$ 2.255,00 (R$ 55,00 x 41 meses), para ser utilizado na baixa parcial do bem abaixo. h. Pela Baixa do Bem Parcialmente Através da Utilização dos Valores Recebidos Mensalmente em Antecipação para o VRG: D 4.9.9.08.00.8 CREDORES POR ANTECIPAÇÃO DE VALOR RESIDUAL R$ 2.255,00 C 2.3.2.10.00.4 BENS ARRENDADOS – ARRENDAMENTOS FINANCEIROS R$ 2.255,00 Para finalizarmos a baixa, devemos averiguar se existe ainda algum valor a ser pago pelo arrendatário (saldo de valor residual garantido). 22 Contabilidade das Instituições Financeiras Para isso, usaremos a seguinte fórmula: Valor Residual Garantido = Valor do Bem (-) Depreciação Acumulada (-) Antecipações Aplicando a fórmula: Valor Residual Garantido = R$ 100.000,00 - R$ 97.618,95 – R$ 2.255,00 Valor Residual Garantido = R$ 126,05 O valor de R$ 126,05, o arrendatário deverá desembolsar, pagando ao banco para ficar definitivamente com o bem arrendado. Dessa forma ocorre o lançamento abaixo, pelo recebimento do saldo do VRG e terminando de baixar o bem no Ativo do Banco. i. Pelo Recebimento do Saldo do VRG, Terminando de Baixar o Bem: D 1.1.1.10.00.6 CAIXA R$ 126,05 C 2.3.2.10.00.4 BENS ARRENDADOS – ARRENDAMENTOS FINANCEIROS R$ 126,05 Após conhecer todos os procedimentos e contas envolvendo os arrendamentos mercantis, é importante também saber identificar o seu perfil financeiro como potencial investidor, para isso assista ao vídeo indicado. Viu como é fácil? Agora faça e refaça os exemplos acima, para praticar e memorizar as contas e os procedimentos utilizados nas contabilizações dos arrendamentos mercantis. Saiba Mais Assista agora 23Contabilidade das Instituições Financeiras https://www.youtube.com/watch?v=XrPY109cp7c Síntese Nesta unidade, estudamos como funciona o arrendamento mercantil. Assim, você verificou que o arrendador (SAM ou banco) adquire o bem para poder ofertar a operação de arrendamento mercantil para o arrendatário, que pode ser pessoa jurídica ou pessoa física. Na modalidade operacional de arrendamento mercantil, você pôde observar que há um cunho de aluguel; assim, o arrendatário utiliza o bem arrendado por um tempo e, após esse período, ele devolve o bem ao banco. Por fim, entendemos que, em se tratando da modalidade financeira, o arrendatário, tendo a intenção de comprar o bem, ao final do contrato, ele tem a opção de compra pelo pagamento do Valor Residual Garantido. Vimos também que o Valor Residual Garantido pode ser antecipado mensalmente, diluído pelos meses de contrato, gerando, assim, um desembolso menor do VRG quando o contrato findar. 24 Contabilidade das Instituições Financeiras Referências ABREU, Edgar Gomes de; SILVA, Lucas. Sistema financeiro nacional. 1 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo, Método, 2017. BCB – Banco Central do Brasil. Portaria MF nº 140, de 27 de julho de 1984. Disponível em: . Acesso em: 07 set. 2018. ______. Resolução nº 2.099, de 17 de agosto de 1994. Disponível em: . Acesso em: 07 set. 2018. BRASIL. Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Disponível em: . Acesso em: 07 set. 2018. ______. Lei nº 6.099, de 12 de setembro de 1974. Disponível em: . Acesso em: 07 set. 2018. NEWLANDS JUNIOR, Carlos Arthur. Sistema financeiro e bancário. 5 ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2015. NIYAMA, Jorge Katsumi. GOMES, Amaro L. Oliveira. Contabilidade das instituições financeiras. 4 ed. reimp. São Paulo: Atlas, 2012. GUSTAVO CERBASI. Quitar financiamento antes do prazo é bom negócio? Disponível em: . Acesso em: 12 set. 2018. ______. Você sabe qual é o seu perfil financeiro? Disponível em: . Acesso em: 12 set. 2018. 25Contabilidade das Instituições Financeiras https://www.youtube.com/watch?v=VTuUVO55gJk https://www.youtube.com/watch?v=XrPY109cp7c https://www.youtube.com/watch?v=XrPY109cp7cTítulo da Unidade Objetivos Introdução 1. Arquitetura no Brasil _r2otau6fahzb Instituições Financeiras Objetivo Introdução 1. Instituições Financeiras Públicas 2. Instituições Financeiras Privadas 3. Bancos Múltiplos Síntese Referências _hauglzyx8m1j _xuykbvddzns0 _fr91l6dj2yoy Plano Contábil das Instituições Financeiras - COSIF Objetivo Introdução 1. Objetivos, Estrutura e Característica Básica 2. Contabilização 3. Operações de Crédito Síntese Referências Operações Financeiras Objetivo Introdução 1. Classificação, Tipos, Limites Operacionais 2. Crédito de Curso Anormal 3. Operações Ativas e Passivas Síntese Referências Arrendamento Mercantil Objetivo Introdução 1. Características Operacionais 2. Regulamentação 3. Contabilização Síntese Referências