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Aula_8_-_Direito_Empresarial_I_-_2012.1

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José Carlos H Silva
Aula 8
José Carlos H Silva
Aula 8
	
 Direito Empresarial I
"A empresa continua sendo um fenômeno desafiante para o Direito, não obstante já tenham decorrido tantos anos desde o seu primeiro aparecimento na legislação através do Código Napoleônico." Bulgarelli.
Unidade 8 – Contratos Empresariais
Formação e Extinção
Contratos Empresariais em Espécies
Compra e Venda Mercantil
Cartão de Crédito
Arrendamento Mercantil
Franquia
Contratos
Um contrato é um vínculo jurídico entre dois ou mais sujeitos de direito correspondido pela vontade, da responsabilidade do ato firmado, resguardado pela segurança jurídica em seu equilíbrio social, ou seja, é um negócio jurídico bilateral ou plurilateral. É o acordo de vontades, capaz de criar, modificar ou extinguir direitos.
As cláusulas contratuais criam lei entre as partes, porém são subordinados ao Direito Positivo. As cláusulas contratuais não podem estar em desconformidade com o Direito Positivo sob pena de serem nulas.
No Brasil, cláusulas consideradas abusivas ou fraudulentas podem ser invalidadas pelo juiz, sem que o contrato inteiro seja invalidado. Trata-se da cláusula geral rebus sic stantibus (que se explica pela teoria da imprevisão, que em uma tradução aberta seria "permanecem as coisas como estavam antes" caso venha ocorrer fato imprevisto e imprevisível à época da contratação, possibilitando a revisão judicial do contrato), que objetiva flexibilizar o princípio da pacta sunt servanda (força obrigatória dos contratos), preponderando, assim, a vontade contratual atendendo à Teoria da Vontade.
De um modo mais simples, contrato, como diz o nome, derivado do latim “contractu”, é um acordo entre duas ou mais pessoas.
Condições de Validade
Ordem Geral - São comuns a todos os atos e negócios jurídicos:
Capacidade das partes; 
Objeto lícito, possível e determinado ou determinável; 
Forma prescrita ou não defesa em lei. 
Ordem Especial - Deve haver consentimento entre as partes contratantes, e tem que haver aceitação dos dois lados quanto do contratante como do contratado.
Invalidade
Quando ocorre defeito de um ou mais elementos do negócio jurídico, resulta a invalidade jurídica do contrato. Divide-se em nulidade absoluta ou nulidade relativa (anulabilidade).
Nulidade Absoluta
São considerados nulos os negócios que por vício grave não tenham eficácia jurídica e não permitem ratificação. No Direito brasileiro são nulos os negócios jurídicos se (Art. 166 CC).
A manifestação de vontade for manifestada por agente absolutamente incapaz; 
O objeto for ilícito, impossível, indeterminado ou indeterminável; 
A forma for defesa (proibida) ou não for prescrita em lei; 
Tiverem como objetivo fraudar a lei; 
A lei declará-los nulos expressamente; 
Negócio jurídico simulado, embora subsista o que se dissimulou se for válido na substância e na forma. (Art. 167 CC) 
Nulidade relativa ou Anulabilidade
São considerados negócios anuláveis os praticados por relativamente incapazes, ou que possuam os chamados vícios do consentimento - erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou pelo vício social, apesar de no código ser tido como vício de consentimento, fraude contra credores (Art.171 do Código Civil de 2002). A legitimidade para pedir a anulação, diferente do caso de nulidade absoluta, está restrita aos interessados (partes prejudicadas), de acordo com o Art.177 do CC de 2002. Decaído o prazo para entrar com a ação anulatória o contrato se ratifica entre as partes não tendo mais vício algum.
Função econômica dos contratos
Estima-se que o contrato de compra e venda corresponde entre sessenta e setenta porcento de todos os contratos realizados pela população mundial. Os contratos, num modo geral, representam formas de transferência de património. Como por exemplo: doação, mútuo, compra e venda, dentre outros. Essas sao as formalidades previstas em lei para realizaçao de um contrato solene e ou formal.
Classificação dos contratos
I - contratos unilaterais, bilaterais (sinalagmáticos) e plurilaterais:
Nos contratos unilaterais, somente um é o credor, sendo o outro o devedor. Este ocorre na doação pura, no depósito e no comodato.
Nos bilaterais ou sinalagmáticos, os dois contratantes têm responsabilidades um com o outro, sendo esses reciprocamente devedores e credores um do outro. Nesta espécie de contrato não pode um dos lados antes de cumprir suas obrigações, exigir o cumprimento do outro. O nome provém do grego antigo synallagma, que significa "acordo mútuo".
Exemplo: na compra de um produto, o contratante (consumidor) e o contratado (vendedor) combinam de acertar a quantia em dinheiro somente no término do serviço do contratado (entrega do produto); o contratado só pode cobrar após entregar o produto e o contratante só o paga ao receber o objecto negociado.
Os contratos plurilaterais são aqueles que apresentam mais de duas partes, como nos contratos de consórcio e de sociedade.
II – Onerosos e Gratuitos:
Os contratos onerosos são aqueles que as duas partes levam vantagem – sendo estes bilaterais - como exemplo, a locação de um imóvel; o locatário paga ao locador para poder usar o bem, e o locador entrega o que lhe pertence para receber o pagamento. Nos contratos gratuitos, somente umas das partes obtém proveito, como na doação pura, uma vez que o objeto do contrato nao obriga a outra parte a uma contraprestação.
III – Comutativos e Aleatórios:
O contrato comutativo é o que, uma das partes, além de receber prestação equivalente a sua, pode apreciar imediatamente essa equivalência, como na compra e venda. Nos aleatórios, as partes se arriscam a uma prestação inexistente ou desproporcional, como exemplos, seguros, empréstimos. Simplificando, é o contrato de decisões futuras, em que uma parte é responsável por elas acontecerem ou não.
IV – Consensuais ou Reais:
Consensuais são os que se consideram formados pela simples proposta e aceitação. Os reais são os que se forma com a entrega efectiva do produto, a entrega deste não é decidida no contrato, mas somente as causas do que irá acontecer depois dessa entrega. Os contratos reais são em geral unilaterais, sendo que se limita a restituir a coisa entregue. Ou bilaterais, sendo que enquanto não se entrega o produto, não há obrigação gerada.
V – Contratos Nominados e Inominados:
Contratos nominados são os regulamentados por lei, o código civil rege são compra e venda troca, doação, locação, empréstimo, depósito, mandato, gestão, edição, representação dramática, sociedade, parceria rural, constituição de renda, seguro, jogo e aposta, e fiança. Os inominados são contrários aos nominados, não necessitando de uma acção legal, pois estas não estão definidas em lei, precisando apenas do básico dos contratos (que as partes sejam livres, que os produtos sejam lícitos e etc.).
VI – Solenes e Não Solenes:
Os solenes são os contratos que necessitam de formalidades nas execuções após serem concordadas por ambas as partes, dando a elas segurança e algumas formalidades da lei, como na compra de um imóvel, sendo necessário um registro em cartório para que este seja válido. Os nãos solenes são aqueles que não precisam dessas formalidades, necessitando apenas da aceitação de ambas as partes.
VII – Principais e Acessórios:
Os principais são os que existem por si só, sendo independente de outros. Os acessórios são emendas do contrato principal, sendo que estes necessitam do outro para existirem.
VIII – Paritários ou Por Adesão:
Os contratos paritários são os que realmente são negociados pelas partes, discutindo e montando-o dentro das formalidades da lei. Já os por adesão, se caracterizam por serem prontos por um a das partes e aceitos pelas outras, sendo um pouco inflexíveis por excluir o debate ou discussão de seus termos.
Vícios Redibitórios
São defeitos ocultos no objeto do contrato que tornam a coisa imprestável ou lhes diminui o valor econômico. Para que se caracterize o vício redibitório é necessário que o defeito esteja presente no momento da celebração do contrato.Verificada a existência do vício, o adquirente tem duas opções: 
a) Por meio de ação redibitória rescindir o contrato e reaver o preço pago, inclusive com perdas e danos; ou 
b) Conservar o contrato e ajuizar ação estimatória para obter abatimento no preço da coisa.
Segundo o Código Civil Brasileiro, os vícios redibitórios somente se aplicam nos contratos comutativos ou de doação com encargo.
1. Formação e Extinção
Formação 
Os contratos consensuais formam-se com a proposta e a aceitação, os reais com a entrega da coisa e os formais com a realização da solenidade. O proponente ou policitante propõe e o aceitante ou oblato aceita, de modo expresso ou tácito.
Diz-se expressa quando a manifestação da vontade se revela através de propósito deliberado de uma das partes, de externar o seu pensamento em determinado sentido. Pode se revelar através da palavra escrita ou verbal, por meio de gestos, etc.
Diz-se tácita quando o consentimento provém de ato do agente, incompatíveis com a decisão contrária. Correspondem a manifestações indiretas da vontade. Contrato entre presentes é aquele em que a proposta ou oferta é feita e a aceitação é imediata.
Considera-se também entre presentes o contrato celebrado por meio telefônico, e os contratos celebrados em salas de Chat, na Internet. Contratos entre ausentes é aquele em que a parte a quem é dirigida a proposta não manifesta imediatamente a sua vontade, declarando se aceita ou se a recusa.
Na hipótese de formação de contratos entre ausentes, reputa-se constituído o contrato no momento em que o oblato (a parte que recebeu a proposta) manifesta através da expedição de correspondência, aceitando o contrato proposto sem condição nem reservas.
O aceitante poderá, após o envio da aceitação, retratar-se, desde que a retratação chegue ao proponente antes ou conjuntamente com a aceitação. Os contratos celebrados por meio de fax, e-mail ou outro meio similar, são contratos celebrados entre ausentes. Consenso significa dizer, um acordo entre as partes.
Dissenso significa dizer, divergências ou não ajuste perfeito entre as partes. Contraproposta significa dizer, que o aceitante introduz alterações na proposta, fazendo adições ou restrições; neste caso o aceitante passa a ser proponente e vice versa.
Retratação será uma declaração lícita do policitante para obstar os efeitos da proposta. Somente se torna eficaz chegando ao conhecimento do aceitante antes ou juntamente com a proposta. Ou, será uma declaração lícita do aceitante, para obstar os efeitos da aceitação. Somente se torna eficaz chegando ao conhecimento do proponente antes ou juntamente com a aceitação.
A oferta ao público equivale à proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato. A proposta pode não ser dirigida a uma pessoa determinada, mas sim a toda uma coletividade, no sentido de contratar.
Seria a hipótese de anúncios pagos na televisão, em jornais, em revistas, nos sites da Internet, onde o proponente fornece número de telefone para que o pedido seja feito ou fornece cupom no próprio anúncio ou oferta na tela do computador.
Esse “pedido” tem a natureza jurídica de aceitação à proposta feita por meio do anúncio e como tal deve ser tratada. Assim, se forem preenchidos os requisitos essenciais ao contrato, isto é, caso alguém manifeste sua vontade no sentido de contratar antes da proposta feita ao público ser retirado, o proponente ficará vinculado juridicamente aos termos da sua proposta. Portanto, se o contrato for consensual, ele estará perfeito no momento em que ocorrer a remessa da aceitação. Uma vez formulada a oferta ao público, o anunciante fica vinculado à sua proposta. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar onde foi proposto.
Defeitos na Formação do Contrato
Nos contratos, o consentimento deve ser voluntário, isto é, desprovido de qualquer ato que se venha interpretar de forma negativa como ameaça, medo, violência, fraude, dolo, etc.
Na formação dos contratos podem surgir vícios que o tornem nulo ou anulável. Nulo é o contrato que atenta contra norma de ordem pública ou que não tenha os pressupostos e requisitos de validade do negócio jurídico, A nulidade pode limitar se apenas a uma cláusula se não contaminar as demais.
Anulável é o contrato celebrado por pessoa relativamente incapaz, ou viciado por erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. O ato nulo (nulidade absoluta) não pode ser convalidado nem ratificado, podendo a nulidade ser argüida a qualquer tempo, por qualquer pessoa.
O ato anulável (nulidade relativa), ao contrário, pode ser ratificado pelas partes. Só os interessados diretos podem alegar a nulidade relativa, enquanto não ocorrer à decadência.
Os vícios que invalidam o consentimento são: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores. Erro é a falsa noção ou falsa idéia. Provém do não conhecimento da verdadeira natureza do objeto; a vontade se desvia ou não é real.
Dolo, dolus (latim) astúcia, engano, ardil, esperteza, manha. Assenta-se na má fé e na indução ao erro.
Ações dolosas objetivam o não cumprimento da promessa. O agente quer o resultado ilícito, contrário ao direito. O objetivo da conduta é conduzir em erro a parte contrária.
Coação, coactio, cogere (latim) constranger, forçar, impor, obrigar, violentar, restringir a liberdade do querer.
Qualquer emprego de forma física ou simples ameaça de mal físico, material ou moral para que alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa. Para anular o ato é necessário que a coação seja injusta. Viciado o consentimento pela coação, nulo é o contrato.
Estado de perigo é quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Lesão ocorre quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
Fraude contra credores, fraudare (latim), falsear ou ocultar a verdade com intenção de prejudicar ou enganar. É o artifício, a manobra com objetivo de fraudar terceiros. Fraude à lei o chamado “jeitinho brasileiro” com o intuito de fugir à incidência da lei e seus efeitos.
Fraude contra credores é o artifício malicioso empregado para prejudicar terceiros despidos de quaisquer garantias reais. Para caracterizar a fraude basta que o devedor tenha consciência de que seu ato irá prejudicar ou trazer prejuízos a terceiros.
Os atos viciados por fraude são anuláveis por meio da Ação Pauliana, onde os bens transferidos fraudulentamente retornam ao patrimônio do credor.
Extinção dos Contratos
O contrato extingue-se normalmente pela sua execução com o cumprimento. Assim como eles nascem, também se extinguem.
Há várias formas pelas quais os contratos se extinguem. A forma normal de extinção do contrato é pelo cumprimento das obrigações por eles geradas.
O credor atestará o pagamento por meio de quitação regular. A quitação vale qualquer que seja a forma do contrato. Se determinado ato foi através de escritura pública, vale a quitação por instrumento particular.
O distrato é feito pelo mútuo acordo e deve ter a mesma forma do contrato celebrado. É o acordo entre as partes, a fim de extinguir vínculo contratual anteriormente estabelecido. É um novo contrato com a finalidade de dissolver o anterior.
O distrato somente produz efeitos para o futuro, não retroage aos efeitos anteriores, isto é, o distrato equivale a uma revenda, uma transferência da propriedade. Seu efeito é ex nunc, somente para a frente.
A denúncia unilateral ocorre nos contratos por tempo indeterminado, pois não se admite contratos perpétuos.
Nos contratos indeterminados as partes não estipulam sua duração. A extinção pode se dar a qualquer tempo, por iniciativa de uma das partes. Em alguns contratos por tempo indeterminado, a extinção pela vontade de uma das partes deve ser precedida de notificação, chamada “aviso prévio”, dada com certa antecedência.
Se, porém, dadaa natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
No inadimplemento o prejudicado pode pleitear a resolução do contrato em juízo. Nos contratos bilaterais está sempre implícita uma cláusula resolutiva em caso de inadimplemento.
A parte lesada pelo inadimplemento pode requerer a rescisão do contrato com perdas e danos se não preferir exigir-lhe o cumprimento. Ocorre a inexecução involuntária quando o descumprimento do contrato é advindo de dificuldade fora do comum, como caso fortuito ou força maior. O inadimplente responderá também por perdas e danos.
A exceção do contrato não cumprido é aquela onde nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, poderá exigir o implemento do outro. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.
Resolução por onerosidade excessiva ocorre quando a prestação de uma das partes se tornarem excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, podendo o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou que seja alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.
2. Contratos Empresariais em Espécies
Fontes do Direito Comercial
A Constituição Federal; 
As leis; 
Atos do poder Executivo (o antigo Decreto-lei, que passou a se chamar medida provisória); 
Os contratos (acordo bilateral entre partes); 
Os usos e costumes, a analogia e os princípios gerais do direito. 
3. Compra e Venda Mercantil
3.1 - CONTRATOS MERCANTIS
Dependendo dos sujeitos que celebrarem o negócio jurídico, estes podem assumir contornos de natureza jurídica administrativa, trabalhista, consumerista ou cível, assim:
“Se o empresário contrata com o Poder Público ou Concessionária de Serviço Público, o contrato é administrativo (por exemplo, se o fabricante de móveis vence licitação promovida por Prefeitura, para substituir o mobiliário de uma repartição, o contrato que vier a assinar será desta espécie). Se o outro contratante é empregado, na acepção legal do termo (CLT, art. 3º.), o contrato é do trabalho. Se consumidor (ou empresário em situação análoga à de consumidor), a relação contratual está sujeita ao Código de Defesa do Consumidor. Nas demais hipóteses, o contrato é cível, e está regido pelo Código Civil ou por legislação especial.”
Quanto aos contratos mercantis, os sujeitos serão empresários, atingindo uma natureza hibrida entre os contratos cíveis e os provenientes das relações de consumo, que é distinguida por Fábio Ulhoa Coelho da seguinte forma:
“Se os empresários são iguais, sob o ponto de vista de sua condição econômica (quer dizer, ambos podem contratar advogados e outros profissionais antes de assinarem o instrumento contratual, de forma que, ao fazê-lo, estão plenamente informados sobre a extensão dos direitos e obrigações contratados), o contrato é cível; se desiguais (ou seja, um deles está em situação de vulnerabilidade econômica frente ao outro), o contrato será regido pelo CDC. Quando o banco contrata com a construtora a edificação de sua sede, o contrato é mercantil cível, porque ambos os empresários negociam em pé de igualdade. Mas, quando o mesmo banco concede empréstimo a microempresário, o contrato mercantil está sujeito à legislação consumerista, já que este último se encontra em situação análoga à de consumidor”.
O mais adequado seria uma reforma legislativa que disciplinasse especificamente os contratos mercantis (entre empresários), classificando-os de acordo com as condições dos contratantes (iguais e desiguais) e reservando a cada tipo disciplina compatível com a tutela dos interesses objeto de contrato.
Enquanto esta reforma não se realiza, aplica-se o Código Civil (ou legislação especial) aos contratos mercantis cíveis e o Código de Defesa do Consumidor aos mercantis sujeitos a este regime.
Desse modo, a natureza jurídica dos contratos mercantis se delimitará face às condições de seus contratantes, no que tange a (des) igualdade material entre os mesmos.
3.2 COMPRA E VENDA MERCANTIL
Os contratos de compra e venda regem-se, em geral, pela regra do art. 481 do Código Civil (CC/02), dispondo que em tal relação “um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro”.
Assim, as disposições do Diploma Civilista, no que tange aos negócios obrigacionais de compra e venda, também atingem os contratos mercantis dessa natureza, os quais se configuram quando comprador e vendedor são empresários, entretanto, insta ressaltar o que lembra Coelho:
“Eventualmente, pode-se configurar, na relação contratual entre empresário-comprador e empresário-vendedor, uma compra e venda sujeita ao CDC. Será este o caso se o empresário-comprador for consumidor, na acepção legal do termo (destinatário final da mercadoria ou serviço oferecido pelo outro — ver Cap. 8, item 3), ou estiver em condição análoga à de consumidor (vulnerável).”
Observe-se, portanto, que os contratos mercantis de compra e venda reger-se-ão pelas regras do CC/02 (art. 481 ss.) e pela legislação especial, bem como pelo Código de Defesa do Consumidor, quando se verificar a existência de relação de consumo ou hipossuficiência entre os empresários contratantes.
Tais contratos são a base das atividades empresariais, uma vez que os atos de comprar e vender se constituem no sentido máximo dessas relações, visando a obtenção do lucro e a retroalimentação do sistema econômico.
3.3 Formação do Contrato de Compra e Venda Mercantil
Os requisitos essenciais para a formação dos contratos de compra e venda mercantis são o consentimento das partes, a coisa e o preço.
No tocante ao consentimento, ressalte-se que, como os negócios jurídicos de compra e venda em geral, há a necessidade da comunhão de vontades entre comprador e vendedor para que se constitua o vínculo contratual, conforme anteriormente expresso.
Entretanto, para o aperfeiçoamento e a obrigatoriedade do contrato é necessário que se especifique o seu objeto e o preço, conforme reza o art. 485, CC/02, sendo que o primeiro deve ser lícito, possível, determinado ou determinável, não podendo ser estabelecido como tal um bem considerado fora do comércio, enquanto o segundo deve ser  fixado por ambas as partes, do contrário tal contrato será considerado nulo, em moeda nacional, ressalvadas as operações de importação e exportação, não sendo admissível a contratação de pagamento em bens, pois se configuraria contrato de troca.
3.4. Responsabilidade das Partes
Os contratos de compra e venda mercantil geram obrigações recíprocas entre as partes contratantes. Para o vendedor, observa-se o dever de entregar o bem, transferindo-se o domínio do objeto avençado, e para o comprador, o de pagar o preço pela coisa adquirida.
Ressalte-se, ainda, que o vendedor tem responsabilidade pelos vícios redibitórios e pela evicção que envolver o bem, objeto do negócio jurídico, entendo-se que:
“O primeiro se verifica quando o bem entregue não corresponde às especificações acordadas entre as partes, no sentido de se revelar impróprio ao uso a que se destina ou de reduzido valor. Por evicção se entende o dever de defender em juízo a venda perante terceiros reivindicantes da coisa objeto do contrato. Tal dever inexiste se o comprador tinha ciência da reivindicação e assumira o risco correspondente.”
Se ocomprador não paga o preço acordado no contrato, responde pelo valor devido, acrescido das perdas e danos ou da pena compensatória e demais encargos assumidos. Entretanto, se é o devedor o sujeito inadimplente da relação, não cumprindo o seu dever de entregar a coisa, o comprador poderá optar pela resolução do contrato, ou pela execução específica da obrigação, mediante seu cumprimento, cabendo, em ambos os casos, pagamento de indenização por perdas e danos (art. 475, CC/02).
As despesas pela escrituração ficam a cargo do comprador, e as decorrentes da tradição, ficam a cargo do vendedor, salvo estipulação contratual diversa. Assim, deverá o vendedor arcar com as despesas e riscos decorrentes do transporte e da entrega do bem, enquanto o comprador com aquelas provenientes da transferência de domínio na esfera legal.
3.5 Especificidade da Compra e Venda Mercantil
Nas relações de compra e venda civil, estando o comprador em situação de insolvência, o vendedor pode exigir uma caução, para só assim proceder à entrega do objeto avençado, conforme disposição do art. 495, do CC/02.
Entretanto, observando-se que as circunstâncias que envolvem uma relação de compra e venda mercantil atingem proporções maiores e, consequentemente, de interesse de uma coletividade, o vendedor, uma vez verificado situação de falência do comprador, ou de insolvência (quando esse não é empresário ou sociedade empresária), não pode simplesmente condicionar a entrega da coisa vendida à prestação de uma caução, já que tal relação, visando proteger a atividade econômica, é regida por lei específica, qual seja a Lei de Falências.
4. Cartão de Crédito
4.1 Contratos de Cartão de Crédito e Minuta
É possível esclarecer que no sistema de cartão de crédito há uma relação jurídica trilateral, pois abrange três contratos, conforme explica Waldo Fázzio Júnior.
Não é da técnica jurídica, para este caso, dizer que é uma relação jurídica trilateral, pois, consoante o instituto das obrigações, previstas em nosso Direito Civil, o vocábulo em expressão indica a presença de três obrigações, e não de três contratos. Acreditamos ser mais técnico dizer que o sistema de cartão de credito é uma relação jurídica polilateral, pois se estabelecem várias obrigações com a conclusão de três contratos. Um contrato entre o titular do cartão de crédito e a empresa emissora, um contrato entre a empresa emissora e o fornecedor e um contrato entre o fornecedor e o usuário.
O documento assinado pelo titular no momento da solicitação do cartão de crédito é apenas uma minuta do contrato. O contrato completo, com todas as condições, fica registrado no Cartório de Registro de Títulos e Documentos, geralmente na cidade da sede da matriz da administradora, sendo apenas referido nas últimas cláusulas do contrato de solicitação.
O artigo 46, do Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.070/90, garante que: "Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada à oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance".
A orientação mais honesta seria que a administradora, espontaneamente, fornecesse uma cópia do contrato registrado em cartório no momento da assinatura da solicitação do cartão. 
Há até julgados dizendo que a declaração de conhecimento do contrato completo dispensa a assinatura da solicitação: “Embargos do devedor. Cartão de crédito. A declaração de ter recebido cópia do contrato registrado em cartório público, cujos termos o embargante aceitou e ratifica, dispensa a assinatura no contrato padrão, onde estão estabelecidas as condições de funcionamento do sistema, às quais fica sujeito o aderente”.(TARGS, Apelação 189044837, 1989, 5ª Câmara Cível. In: Informa Jurídico)
Na prática, na maioria das vezes, o titular não tem acesso ao contrato completo, e, quando o solicita, encontra severos óbices na sua obtenção. Nos dias atuais, o cartão de crédito é muito importante, posto que incentiva a circulação da moeda, impulsiona o comércio e o desenvolvimento econômico, não exige provisão de fundos, o financiamento é facilitado, dispensa a necessidade de prévia habilitação do cliente perante uma instituição financeira antes de cada compra, possibilita saques de emergência e tem ampla aceitação no comércio, facilitando inclusive em compras no exterior. O cartão de crédito é um documento que atesta a existência de um crédito em favor de seu portador.
4.2 Contrato entre o Titular e o Emissor
A administradora emissora abre, em prol do titular do cartão, um crédito pessoal, até certo valor limite ou sem valor limite, para ser utilizado na rede afiliada durante um mês. Ao fim do mês, o titular deve saldar a parcela gasta deste crédito, e o crédito retorna ao valor limite. Desta forma, o pagamento efetivo pelo titular do cartão pode ser feito, dependendo do caso, até 30 dias após a compra, sem juros. O titular pode optar também pelo crédito rotativo, pagando apenas uma parcela do débito e financiando o restante com juros.
Trata-se, de um característico contrato de serviço de crédito, conforme disposto no artigo 3º, §2º, do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, pois este contrato é considerado relação de consumo.
É também um contrato de adesão típico, tal como descreve o Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 54, pois as cláusulas são impostas unilateralmente pela administradora, sem que o titular possa influir substancialmente em seu conteúdo. Portanto, suas cláusulas devem ser interpretadas restringindo-se o princípio da autonomia da vontade, no sentido de reequilibrar a hipossuficiência do titular.
O contrato entre titular e administradora pode ser cancelado em várias situações, a pedido de qualquer das partes. O titular pode pedir o cancelamento quando lhe aprouver e a administradora, pelo inadimplemento do titular, ou caso seja ultrapassado o limite mensal de crédito. O cartão deve ser cancelado também em caso de extravio ou de falsificação. Em todos os casos, o cancelamento é informado através de um boletim, distribuído pela administradora às afiliadas. Modernamente, a tradicional lista negra vem sendo substituída por um aparelho eletrônico, interligado à rede de computadores da administradora, que informa imediatamente se o cartão está em plena validade naquele momento.
4.3 Contrato entre o Emissor e o Fornecedor
No contrato entre o emissor e o fornecedor, temos as seguintes relações:
a) o fornecedor terá que pagar uma taxa de filiação ao emissor; 
b) o emissor deverá pagar ao fornecedor o valor da fatura; 
c) o fornecedor é obrigado a dar quitação ao titular do cartão assim que ele assinar a nota fiscal; 
d) o fornecedor deverá pagar ao emissor uma comissão que variada sobre o valor da fatura; 
e) o fornecedor se compromete perante o emissor a comunicar se o valor da despesa é maior do que o limite do crédito e também a autenticidade da assinatura.
No contrato entre o emissor e o fornecedor, a administradora se obriga a pagar ao fornecedor as despesas efetuadas pelo portador, até um determinado limite, independente de falta de provisão, insolvência ou oposição do titular do cartão.
De outro lado, o fornecedor se obriga a aceitar os cartões, fazendo as vendas ou prestações de serviços, sem qualquer acréscimo nos preços, dando quitação ao titular do cartão, no ato em que este assina a nota de venda ou serviço.
Muito se tem discutido na doutrina acerca da natureza jurídica deste contrato. Para uns, é promessa de fato de terceiro; para outros, estipulação em favor de terceiro. Alguns o vêem como uma sub-rogação convencional, outros ainda como uma comissão mercantil. Há ainda aqueles que o classificam como contrato de mandato em nome do titular. Se enganam, pois a dívida paga pela administradora é própria, materialmente diferente daquela contraída pelo titular junto à administradora. Prova disto é que suas condições de pagamentoe até seu valor podem ser diferentes dos originais.
Também não se trata de contrato de abertura de crédito, como outros erroneamente dizem. Tal é entre titular e administradora, mas não entre esta e a afiliada.
Outros dizem ser o contrato uma assunção de dívida, também chamada expromissão, em que o titular (devedor) transfere sua dívida à administradora (expromitente) independentemente da anuência da afiliada (credor).
Na verdade, a administradora paga uma dívida própria, assumida no contrato com o titular, e não uma dívida cedida pela afiliada. A administradora não assume a posição do titular, nem da afiliada, mas se submete a um regime peculiar, em virtude dos contratos assumidos com o titular e suas afiliadas.
4.4 Contrato entre o Fornecedor e o Titular.
Entre o fornecedor e o titular do cartão, temos as seguintes relações: 
a) o fornecedor não pode recusar-se a receber o pagamento com o cartão; e 
b) quem irá responder pelos vícios do produto ou pela qualidade do serviço será o fornecedor.
Podemos dizer que se trata de um contrato pelo qual a afiliada entrega um bem ou presta um serviço ao titular, que promete, em troca, adimplir suas obrigações para com a administradora, para que esta pague o preço à afiliada.
Somente em caso de cancelamento do contrato entre administradora e titular, este se torna diretamente obrigado perante a afiliada. Assim, se a administradora recusa o pagamento pela dívida contraída pelo titular junto à afiliada, devido ao fato de esta não ter verificado no momento da compra que o cartão estava cancelado, resta à afiliada a cobrança direta ao titular, como em um contrato de compra e venda.
Por outro lado, se a afiliada não entrega o bem, ou este é defeituoso, o titular deve cobrar diretamente daquela. Nos contratos, deve-se constar cláusula de irresponsabilidade da emissora pela qualidade, quantidade e preços dos bens ou serviços.
4.5 Furtos do Cartão de Crédito
No caso de furto de cartão de crédito, o entendimento moderno é o da teoria do risco do empreendimento, pelo qual o empreendedor responde pelos riscos gerados por seus atos. Se a administradora aufere gigantescos lucros de sua atividade, deve sofrer as pesadas obrigações decorrentes dos riscos da operação, independentemente de culpa.
Se o cartão tem ínsito o "defeito" de possibilitar o roubo ou fraude, a administradora é responsável por este risco, e cabe a ela zelar para que não se concretize.
O empreendedor só se libera dos riscos se provar a ocorrência das hipóteses do §3º, do artigo 14, da Lei nº 8.078/90, Código de Defesa do Consumidor, a saber: “O fornecedor de serviços responde”, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
No caso em tela, se provar que o furto não existiu ou que houve culpa exclusiva do titular no furto. A afiliada também assume os riscos a que der causa. Ao tempo em que se beneficia do agenciamento de clientes, sofre diversos ônus, como o de afixar cartazes anunciando a aceitação do cartão de crédito, manter os preços pelo cartão iguais ao preço à vista etc. É de se esperar que tenha também a obrigação de verificar a autenticidade da assinatura e a validade do cartão de crédito.
Se a afiliada sofre prejuízo porque não atentou para a falsificação grosseira da assinatura, ou sequer pediu documentos para conferir se o comprador era realmente o titular do cartão, não lhe cabe qualquer ação contra o titular. Já que não cumpriu com seu dever objetivo, assume os riscos e os prejuízos deles oriundos.
4.6 Cartão de Crédito não Solicitado
Como parte da estratégia agressiva de marketing adotada pelas administradoras de cartões de crédito, estas costumam enviar, pelos correios, cartões de crédito a pessoas que constem em cadastros de mala direta, sem que haja qualquer solicitação para tanto.
Não há contrato no simples recebimento ou mesmo na abertura da carta que contém o cartão de crédito, nem deste ato nasce qualquer obrigação para o destinatário.
O artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/90, em especial o seu inciso III e parágrafo único, é incisivo na condenação desta prática. O envio do cartão pela administradora é uma declaração reptícia de vontade, só se aperfeiçoando o contrato por ato manifesto de aceitação pelo destinatário.
Se o destinatário não aceita nem usa o cartão, inutilizando-o ou o guardando sem usar, nenhuma obrigação surge para este. Não se pode deste exigir sequer a obrigação de entrar em contato com a administradora para declarar sua não aceitação. Esta é presumida do simples silêncio do destinatário. Nem há como "cancelar o cartão", se nunca houve qualquer vínculo obrigacional para sua aceitação.
Se, porém, praticar qualquer ato de aceitação tácita, utilizando o cartão para qualquer fim, caracteriza-se um liame obrigacional pela sua declaração de vontade, ainda que tácita.
Como se trata de contrato realizado fora das dependências do estabelecimento comercial aplica-se o artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor, que permite a desistência no prazo de 7 (sete) dias, a contar do primeiro ato de aceitação. Assim, o desistente só fica obrigado pelos contratos que tiver realizado com as afiliadas com o uso do cartão, mas não tem qualquer obrigação para com a administradora.
Recentemente, foi editada uma norma do Banco Central, proibindo expressamente o envio de cartões de crédito pelos correios, a fim de coibir abusos.
5. Arrendamento Mercantil
Arrendamento mercantil, também conhecido pelo termo em inglês leasing, é um contrato através do qual a arrendadora ou locadora (a empresa que se dedica à exploração de leasing) adquire um bem escolhido por seu cliente (o arrendatário, ou locatário) para, em seguida, alugá-lo a este último, por um prazo determinado. Ao término do contrato o arrendatário pode optar por renová-lo por mais um período, por devolver o bem arrendado à arrendadora (que pode exigir do arrendatário, no contrato, a garantia de um valor residual) ou dela adquirir o bem, pelo valor de mercado ou por um valor residual previamente definido no contrato.
O cliente deste tipo de crédito, é, tipicamente, uma empresa, podendo, no entanto, ser, também, contratado por pessoa física.
O leasing é um contrato denominado na legislação brasileira como “arrendamento mercantil”. As partes desse contrato são denominadas “arrendador” e “arrendatário”, conforme sejam, de um lado, um banco ou sociedade de arrendamento mercantil e, de outro, o cliente. O objeto do contrato é a aquisição, por parte do arrendador, de bem escolhido pelo arrendatário para sua utilização. O arrendador é, portanto, o proprietário do bem, sendo que a posse e o usufruto, durante a vigência do contrato, são do arrendatário. O contrato de arrendamento mercantil pode prever ou não a opção de compra, pelo arrendatário, do bem de propriedade do arrendador.
Formas de leasing
Existem 3 formas de leasing:
Financeiro; 
Operacional; 
Leasing back. 
Requisitos fundamentais para formação dos contratos – Art. 104 Código Civil Brasileiro.
“Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei.”
No leasing operacional, existe uma cláusula de prestação de serviços (assistência técnica, treinamento especializado, etc.), ligada à locação dos bens. As despesas oriundas desta prestação de serviços tanto podem ser de responsabilidade da arrendadora quanto da arrendatária. O prazo mínimo para esse tipo de leasing é de 90 dias.
O leasing financeiro se diferencia do operacional por inexistência de cláusula de prestação de serviços. É uma espécie de locação com a opção de devolução ou compra do bem, bem como de renovação do contrato ao fim dele. Caso a arrendatária resolva comprar o bem, pagará um valor residual preestabelecido no contrato.
O leasing back, ou leasing deretorno, é a modalidade na qual a arrendatária, sendo proprietária de um bem, vende-o à arrendadora e esta o aluga àquela. Geralmente ocorre quando uma empresa necessita de capital de giro. Ela vende seus bens a uma empresa que aluga de volta os mesmos.Essa modalidade está disponivel apenas para arrendatários pessoas jurídicas .
6. Franquia
Franquia ou Franchising é uma estratégia utilizada em administração que tem como propósito um sistema de venda de licença, onde o franqueador (detentor da marca) cede ao franqueado (autorizado a explorar a marca) o direito de uso da sua marca ou patente, infraestrutura, know-how e direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços. O franqueado, por sua vez, investe e trabalha na franquia e paga parte do faturamento ao franqueador sob a forma de royalties. Eventualmente, o franqueador também cede ao franqueado o direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistemas desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem ficar caracterizado vínculo empregatício.
É obrigatória a apresentação de uma circular de franquia pelo franqueador, indicando as condições gerais do negócio jurídico. Embora possibilite retorno mais rápido, a compra de uma franquia geralmente exige um investimento inicial alto, pois é preciso prever custos com local de instalação, equipamentos e pessoal.
As técnicas, ferramentas e instrumentos utilizados nas melhores redes de franquias vêm sendo utilizados para aperfeiçoar o desempenho de outros tipos de canais de vendas, como redes de revendas, de representantes comerciais, de assistências técnicas, de distribuidores e outros. 
A primeira empresa a programar o sistema de franchising no Brasil foi o Yázigi Internexus, em 1950.
Tipos
Podemos considerar três tipos de franchising:
Franchising de distribuição 
O franchisado comercializa um produto fabricado pelo franchisador, sob a marca do qual é titular o último, beneficiando da assistência técnica e comercial.
Franchising de serviços 
O franchisado presta um serviço, através de uma marca ou nome comercial licenciado pelo franchisador, com base nas diretrizes estipuladas pelo último.
Franchising de indústria 
O franchisado fabrica ele próprio o produto a comercializar, sob uma marca ou nome comercial, segundo as indicações do franchisador.
Vantagens da implementação
Possibilidade de abertura de negócio sem necessidade experiência empresarial do sector considerável; 
Redução do risco envolvido, face à utilização de conceito de negócio já experimentado e com sucesso; 
Beneficio e aproveitamento de marca já com notoriedade no mercado; 
Formação inicial e de forma contínua; 
Existência de ferramentas de gestão, informação disponível sobre volume de vendas, número de clientes, percentagem de lucros obtida, percepção das preferências, e hábitos de consumo, gestão do ciclo de rotação dos stocks, e das necessidades de reposição; 
Aproveitamento dos canais de distribuição e logística existentes, permitindo a adopção de preços competitivos, e com efeitos de escala nas encomendas; 
Os estudos de mercado elaborados são partilhados na rede existente, permitindo investimentos em publicidade financeiramente sustentáveis; 
Melhor acesso na compra, ou aluguer de espaço, em resultado da existência de marca reconhecida; 
Apoio técnico, administrativo e de gestão, inclusive na selecção do espaço, de acordo com critérios de área e de localização e de acessibilidades; 
Sinergias na resolução de problemas que em outras unidades da rede já tenham ocorrido; 
Aproveitamento no nível do recrutamento de recursos humanos, pois é mais acessível trabalhar em rede conhecido, do que em unidade do mesmo ramo, mas com pouca notoriedade; 
Benefícios para o franqueador
O franqueado financia grande parte da expansão, não necessitando o franqueador de capital avultado; 
Concentra-se na produção e desenvolvimento de novos produtos e serviços; 
Os franqueados atingem resultados superiores aos obtidos por unidade própria, sendo parceiros altamente moralizados e motivados; 
Existe a criação de um canal de distribuição fluido, eficiente e diferenciado; 
A imagem da marca sai cada vez mais reforçada, pois é associada ao Know-How, à força do trabalho e aos relacionamentos locais do franqueado; 
Existe uma descentralização da estrutura, gerando benefícios em termos de custos fixos menores do que com unidades próprias; 
Possibilita ganhos acrescidos em economias de escala; 
O sistema possibilita expansão de mercado de forma rápida, pois a abertura de novos espaços é célere; 
Viabiliza acções de promoção e de marketing de forma conjunta e coordenada. 
Legislação
LEI No 8.955, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1994, Dispõe sobre o contrato de franquia empresarial (franchising) e dá outras providências.
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